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RIO DE JANEIRO
2018
“Do Not Abandon Me” por Louise Bourgeois
Intitulada de “Do Not Abandon Me”, a obra de Louise Bourgeois é uma peça
escultórica produzida em 1999. A escultura é composta por formas e planos um tanto
assimétricos que representam dois corpos, unidos por uma corda; peça essa que remete a
um parto, partindo da observação desses corpos desproporcionais entre si e maneira como
um corpo apresenta expelir o outro.
A escultura foi fabricada em tecido, com alguns recortes que parecem ser retalhos
que criam a assimetria das formas, unidos por uma costura grossa que gera textura na
obra, dando um peso. O tecido que parece ser grosso, se suaviza com o seu tom rosado,
que dá à composição essa forma monocromática.
Essas formas desiguais que compõe os corpos junto a costura robusta, me gera uma
sensação incômoda, de pouco cuidado e falsa falta de cautela; que ao mesmo tempo se
suaviza com a cor e chama atenção para a reflexão da peça, em meio a esse sentimento de
distorção.
Bem como foi apresentado, a obra tem como agentes principais esses dois corpos
assimétricos, onde um representa o corpo de uma mulher enquanto o outro representa o de
um bebê. As relações entre os dois agentes demonstram um enredo familiar presente na
obra, uma espécie de desabafo e ao mesmo tempo uma provocativa, entre a escolha de
gerar uma vida e a abandonar.
Seguindo a observação para a obra e em paralelo o seu título, “Do Not Abandon
Me”, a artista me parece retratar, sua aflição em torno de sua relação com os pais na
infância, o que essa relação resultou, tal como a sensação de abandono pós vida.
Por todos esses aspectos, ao meu ver a obra parece representar um conflito da
maternidade que remonta essa cena de parto, onde esse bebê sai desse corpo feminino
mas ainda se mantém unido ao mesmo por meio do cordão umbilical, demonstrando
claramente essa dependência, que levanta um enfrentamento a respeito do corpo que dá a
vida e essa vida que então precisa ser legitimada.
Os dois corpos que compõem o desenho são representados de maneiras semelhantes, sem
distinção de gênero, vestidos por um casaco e encapuzados com parte do rosto à mostra. O
rosto não é feito como em sua forma literal, com olhos, nariz e boca; o formato do rosto é
pintado, no que remete galáxia, apresentando assim os dois diferentes universos.
O objetivo do desenho é gerar uma provocativa que leve o espectador a reflexão no que diz
a respeito dessa interação, que por vezes é embarreirada devido aos diferentes “mundos”.
O título dado ao desenho “Dois universos, uma conexão” sintetiza bem a proposta da
temática, já direcionando a quem o observe aos questionamentos, logo, à suas próprias
conclusões.
Em paralelo com “Dois universos, uma conexão”, temos a obra de Louise
Bourgeois “Do Not Abandon Me” anteriormente apresentada. Em diferentes pontos as duas
artes se aproximam e se afastam, e assim verificaremos.
No que tange a temática, “Dois Universos, uma conexão” e “Do Not Abandon Me” entram
em afastamento. Enquanto Louise Bourgeois apresenta uma temática que volta para o
abandono parental, eu apresento em meu desenho o ponto de conexão e relação entre
pessoas de diferentes vivências.
Enquanto em “Do Not Abandon Me”, Louise Bourgeois evidência gêneros, aos menos de
um corpo ali representado; em “Dois Universos, uma conexão” os gêneros não são
evidenciados, ficando livre a determinação dos mesmos por conta de quem observa.
Um terceiro ponto que afasta os trabalhos são as cores, materiais e formas. A obra de
Louise Bourgeois é uma peça escultórica, totalmente monocromática, composta por tecido
grosso e costura.