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Submetralhadoras Thompson
Numa fria e chuvosa noite de outono na Chicago de 1928, confluências da Washington Boulevard
com a Green Street, o restaurante de Joe Leoni estava quase vazio; nem meia dúzia de clientes se
espalhavam pelas mesas. Um Mercury coupé preto estaciona defronte ao local e tres homens
desembarcam. Em pouco menos de um minuto, o cenário do restaurante se transforma em um mar
de sangue. O Mercury arranca em disparada, quase deixando um dos homens para trás, ainda
tentando fechar a porta traseira. Dois desses tres homens exibiam a silhueta de uma arma com uma
característica inconfundível, uma espécie de “panela” redonda, montada sob o cano; tratava‑se da
“Tommy Gun”, “Chicago Piano” ou “Trench Sweeper”, seja lá mais quantos apelidos ela recebeu.
Cenas como essa se repetiram durante os
anos da era da “Proibição”, a Lei Seca
nos Estados Unidos, a também chamada
Noble Experiment que vigorou no país
de 1920 a 1933, com o governo
controlando a fabricação, transporte e
comercialização de bebidas alcoólicas.
Ao lado, cena bastante comum, presente nos
filmes sobre a “Lei Seca”; um gangster com
sua “Tommy Gun”
O brigadeiro general Thompson tinha sido, na época em que era coronel, figura importante na área
de armamentos militares, pois foi um dos coordenadores e chefe do Depto. de Ordenança do
Governo dos Estados Unidos, responsável pelo famoso teste de 1907, objeto de um artigo aqui, no
nosso site, que definiu a adoção da pistola Colt modelo 1911 como arma regulamentar do Exército
dos USA.
Apesar de que há controvérsias sobre John Thompson ter sido ou não, somente ele, o projetista da
Apesar de que há controvérsias sobre John Thompson ter sido ou não, somente ele, o projetista da
arma, o fato é que foi ele, provavelmente, o criador do termo “sub‑machine gun“, até então nunca
utilizado em uma arma de fogo.
Controvérsias à parte, o fato é que essa arma, em seu início de carreira, não
fez sucesso comercial e nem militar. Diga‑se de passagem, quando
começou a se tornar popular foi da forma mais estranha, pois se tornou
durante os anos 20 e 30 um verdadeiro ícone nas mãos de contraventores e
“gangsters” americanos.
O “lado da lei” em Chicago – policial treina com a Thompson modelo 1921
Nem mesmo as vendas efetuadas para várias unidades policiais civis e do
FBI foram suficientes para alavancar o sucesso da arma. Só com a chegada
da II Guerra Mundial que a produção das Thompson atingiu patamates
lucrativos. Em 1928 morre Thomas Ryan e John Thompson deixa a Auto
Ordnance, vindo a falecer em 1940, com 80 anos de idade. A empresa
passou então para Russell Maguire que a manteve em mãos até 1951,
quando George Numrich Jr. a adquiriu para incorporá‑la à sua Numrich
Arms Corporation.
PROTÓTIPOS
Depois de uma tentativa frustrada de desenvolver um fuzil semi‑automático em calibre .30, a equipe
de Thompson resolveu se dedicar a uma arma de fogo automático, utilizando uma munição menos
potente e conseguindo assim uma arma mais leve, sem as complicações inerentes à munição de alta
pressão, como culatras trancadas e dispositivos de captação de gases no cano, o que aumentaria o
peso e comprometeria a meta principal: a maneabilidade e a portabilidade, principalmente em
trincheiras.
O primeiro modelo
desenvolvido era uma arma
de aparência estranha,
alimentada por uma fita de
cartuchos, aos moldes das
metralhadoras Browning cal.
30. Porém, o cartucho a ser
empregado seria o existente
.45 ACP, desenvolvido para
ser usado na recém adotada
pistola Colt mod. 1911, pelo
Exército.
Os primeiros testes com a arma indicaram uma cadência de tiro muito elevada, algo em torno de
Os primeiros testes com a arma indicaram uma cadência de tiro muito elevada, algo em torno de
1.000 tiros por minuto, o que foi julgado inaceitável.Este protótipo ainda não tinha coronha e nem
opção de montá‑la; ao invés disso, possuía dois punhos‑pistola.
Defronte ao punho traseiro havia uma armação em metal onde se montava um alimentador para
comportar a cinta de cartuchos. O cano posuía uma espécie de manga externa, a qual era perfurada
na parte próxima à câmara para melhorar a refrigeração. As miras eram fixas, o que a bem da
verdade não tinham quase nenhuma utilidade. Com o ciclo de tiros alto, era uma arma virtualmente
incontrolável.
O sistema de ferrolho era bem simples, com percussor fixo e sistema de ferrolho aberto, “blow‑back“, o
que era, na verdade, o grande responsável pela alta velocidade dos diparos.
MODELO 1919
Em 1919 sai da prancheta um modelo para se tornar a primeira “Thompson” real. Ainda não
dispunha de miras nem de coronha, o que comprometia muito a precisão da arma. Os dois punhos
pistola foram mantidos e a princípio, manteve‑se a opção de utilizar a cinta de projéteis e um
magazine vertical do tipo “box”. Posteriormente, eliminou‑se definitivamente a utilização da cinta de
projéteis. Poucas unidades foram produzidas, sendo que as últimas incorporaram uma alça de mira e
opção de montagem de uma coronha de madeira.
O modelo 1919, denominada de Thompson Nº 1, com seu sistema de carregamento híbrido por magazine tipo
O modelo 1919, denominada de Thompson Nº 1, com seu sistema de carregamento híbrido por magazine tipo
box e por uma cinta de projéteis
O modelo 1919 foi o que incorporou, pela primeira vez, uma tentativa de baixar a alta cadência de
tiro. O Capitão John Blish, sócio de Thompson na empresa, havia patenteado alguns anos antes um
sistema que denominou de “hesitation lock system“. Através de uma peça de bronze em formato da
letra H, inserido num rasgo a ser feito no ferrolho, de forma inclinada, agia como um elemento de
fricção, o que retardava ligeiramente o movimento do ferrolho ao se fechar; pode ser considerado
como um sistema “delayed blow‑back” utilizado em algumas pistolas semi‑automáticas (veja mais
sobre isso em nosso artigo sobre sistema de culatras). Com o sistema de Blish, a arma baixou sua
cadência para cerca de 800 disparos por minuto, o que mudou substancialmente suas características.
Detalhe do ferrolho e a ranhura para a montagem da peça projetada por Blish, o “Hesitation Lock System”
A Thompson 1919 de Nº 8, uma configuração definitiva para o uso de carregadores “box” e os futuros tambores
de 50 e 100 cartuchos de capacidade
MODELO 1921
Em 1920, a Auto Ordnance resolve demonstrar seu produto para o Exército Americano, em Camp
Em 1920, a Auto Ordnance resolve demonstrar seu produto para o Exército Americano, em Camp
Perry, um campo de treinamento situado às margens do Lago Erie, em Ohio. Surpreendentemente o
resultado dos testes foi mais do que satisfatório deixando o pessoal técnico do Exército muito
animado. Como a Auto Ordnance não tinha alta capacidade de produção, ela sub‑contratou a Colt
Firearms para a produção de 15.000 dos agora chamados modelos 1921.
A Thompson modelo 1921 com magazine “box” montado, tambor para 50 cartuchos e a alça de mira da Lyman
Porém, o entusiasmo inicial não se manteve por muito tempo, e dessa produção inicial de 15.000
peças, várias delas foram aproveitadas para uso nos modelos futuros. A bem da verdade, esses
excedentes conseguiram suprir a Auto Ordnance por quase 20 anos! O modelo 1921 possuía uma alça
de mira da empresa Lyman, com graduações de 50 e 100 metros. Foi eliminado o sistema de cano
provido de uma manga de refrigeração em favor de um cano dotado de aletas circulares de
refrigeração, cujo diâmetro ia elegantemente diminuindo ao longo do cano, até desaparecerem.
Também agora, era oferecido como opção aos magazines tipo “box”, aqueles que viriam a se tornar a
“marca registrada” das Thompson: os carregadores de tambor, para 50 e 100 cartuchos, conhecidos
como “drum magazines“, popularmente conhecidos no Brasil como “latas de goiabada“.
Alça de mira produzida pela Lyman, com graduações até 100 metros
Uma caixa para venda comercial do modelo 1921, contendo dois carregadores para 50 cartuchos – com a
remoção do adaptador que vemos à direita, um tambor para 100 cartuchos podia ser ali guardado
Mesmo com a redução do ciclo de disparos para cerca de 800 por minuto, a arma ainda era muito
difícil de se controlar e as vendas não foram animadoras. Apenas alguns pequenos contratos com
agências de segurança do governo e unidades policiais mantinham a linha de produção na ativa. O
modelo 1921 continuou sendo produzido até 1933 e várias outras opções de calibres começaram a ser
oferecidas para abrir mais o leque de compradores. Mesmo assim, com seu peso em torno de 4,400
Kg. e um comprimento total de 802 mm, a arma era muito desajeitada e continuou não fazendo o
sucesso esperado. Afinal, desembolsar na época cerca de US$ 200,00, isso em 1920, não era coisa que
se menosprezasse.
A Thompson mod. 1921 parcialmente desmontada onde se percebe as seguintes peças: acionador do ferrolho,
cano e armação, guias da mola recuperadora, ferrolho, mola recuperadora, o bloco em forma de H, a
empunhadura com o sistema de gatilho e a coronha destacável.
O modelo 1921 que chegou a ser fornecido em pequena escala ao Exército sofreu algumas
modificações, várias delas exigências do Depto. de Ordenança, tais como a troca do punho‑pistola
dianteiro por um fuste horizontal de madeira, anéis para a montagem de uma bandoleira, encaixe
dianteiro para uma baioneta de 16″ de comprimento (a mesma do fuzil Springfield 1903) e até uma
opção estranha: um silenciador desenvolvido pelo famoso projetista de metralhadoras pesadas, Sir
Hiram Maxim, norte‑americano de nascimento e posteriormente tornando‑se cidadão britânico.
A versão militar da 1921 com baioneta, bandoleira, fuste horizontal e carregador “box” para 20 cartuchos
Acessórios da 1921 versão militar: baioneta, bainha e silenciador tipo Maxim
MODELO 1923
O modelo 1923, que é o mais raro e tecnológicamente interessante modelo da Thompson, introduziu
o uso de um cartucho desenvolvido especificamente para a arma, em conjunto com a Remington: o
cartucho .45 Remington‑Thompson, destinado a suprir a sub‑metralhadora com um cartucho bem
superior em potência e velocidade do que o utilizado pela pistola Colt 1911.
Tratava‑se de um cartucho de diâmetro idêntico ao .45ACP, mas com um
comprimento de 26mm contra os 23mm do .45 ACP, com projétil de 250
grains e velocidade inicial de 1.450 pés/seg., uma enorme diferença quando
comparado aos 850 pés/seg. do seu concorrente. Um carregador especial
teve que ser desenvolvido para se utilizar este novo cartucho, comportando
18 deles ao invés dos 20 como os que utilizavam os cartuchos .45.
À esquerda,o cartucho .45ACP e o Remington‑Thompson .45
No início da década de 50, a Numrich Arms, proprietária da Auto Ordnance colocou em seus
catálogos a oferta da sub‑metralhadora em calibres 9mm Parabellum, 7,63mm Mauser e 7,65mm
Parabellum e é possível de que essas armas tenham sido originalmente produzidas com base no
modelo 1923.
MODELO 1927
O modelo 1927 foi outra tentativa de se aproveitar o estoque existente da 1921 e lançar uma versão
com tiro semi‑automático. O motivo pelo qual a Auto Ordnance imaginou que uma sub‑
metralhadora com tiro semi‑automático venderia mais, é um mistério. O fato é que, de acordo com
algumas leis de alguns estados, policiais eram impedidos de usar armas automáticas, o que em parte
explica o fato. As marcações externas da 1927 especificavam bem o funcionamento da arma: “Model
1927 – Thompson semi‑automatic carbine”. As alterações mecânicas não foram de grande monta, o
que permitia a conversão desse modelo para tiro automático com certa facilidade.
MODELO 1928
Em 1928, o Governo dos Estados Unidos, através do Departamento da Marinha, faz um pedido em
pequena quantidade de sub‑metralhadoras, para uso em caráter experimental pelos Fuzileiros Navais
em missão na Nicarágua. Este foi a primeira demonstração real da Thompson em combate, após os
testes feitos em Camp Perry.
Também baseada no modelo 1921, as armas destinadas ao Exército possuíam as mesmas
características, como o fuste horizontal no lugar do punho‑pistola dianteiro, encaixe para baioneta e
anilhos para bandoleiras. Com algumas sutís alterações no ferrolho e na mola, o ciclo de disparos
caiu de cerca de 800 tiros por minuto para 700. Uma das
principais inovações da 1928 foi a incorporação de um
dispositivo destinado a reduzir a tendência da arma em subir,
quando em fogo mais contínuo. Entra em cena um
compensador frontal, o chamado Cuീ�s Compensator,
desenvolvido e patenteado pelo Coronel Richard M. Cuീ�s.
À esquerda, o Cuീ�s Compensator
O dispositivo era um prolongamento de aço, como um pequeno tubo sem raiamento, a ser encaixado
O dispositivo era um prolongamento de aço, como um pequeno tubo sem raiamento, a ser encaixado
na extremidade do cano, com um orifício que o trespassava de lado a lado para servir de alojamento a
um pino de retenção. O diâmetro interno deste tubo era pouco acima do calibre utilizado nos
projéteis. Na parte superior haviam quatro recortes usinados para permitirem que os gases por ali
escapassem, assim que o projétil atravessava o dispositivo. Com esse escape de gases direcionado
para cima, havia uma tendência da arma se manter na horizontal. Esses engenhosos e simples
dispositivos foram largamente usados posteriormente, e até hoje são montados em armas de
competição, como nas pistolas semi‑automáticas destinadas ao Tiro Prático.
A Thompson modelo 1928 com o Cuീ�s Compensator, duplo punho pistola e carregador “drum” para 50
cartuchos
Modelo 1928 mostrada aqui sem o carregador – nota‑se bem aqui as aletas de refrigeração do cano
MODELO 1928A1
A Cavalaria do Exército dos Estados Unidos resolve solicitar à Auto Ordnance o fornecimento de 400
sub‑metralhadoras, com mínimas alterações em relação às anteriormente fornecidas para a Marinha,
a fim de equipar a guarnição de seus veículos. Não foi uma grande demanda mas ajudou a aliviar
um pouco os estoques da empresa.
Desenho esquemático da Thompson modelo 1928A1 – nota‑se o reservatório no interior da coronha para alojar
uma lata de óleo lubrificante – clique na foto para maior ampliação.
Nesta oportunidade e sempre visando aumentar seu leque de ofertas para vender mais, a Auto
Ordnance lança um controverso cartucho, baseado no próprio .45ACP, sem projétil mas com um uma
cápsula plástica contendo alguns bagos de chumbo de caça. Claro que a intenção não era de caçar
pequenas aves, mas há de se convir que aumentava em quase tres vezes a eficácia da arma, pois após
serem disparados, as capsulas se rompiam e os bagos de chumbo se espalhavam de forma
desordenada. Não se sabe se em alguma ocasião chegou‑se a utilizar esse tipo de munição.
Uma Thompson 1928 com carregador “drum” de 100 cartuchos
Foi também nesta ocasião que decidiu‑se eliminar definitivamente a opção do carregador de tambor
para 100 cartuchos. Depois de muitas experiências e testes na utilização deles, afirmava‑se que não
eram confiáveis, provocando falhas de alimentação constantes, além de possuir um peso excessivo e
ser muito grande.
Detalhe superior da abertura e encaixe do carregador tipo tambpr para 50 cartuchos
O carregador tipo tambor sempre foi crítico em todas as armas onde foi utilizado, pois exigia um
cuidado especial durante a carga, com o correto alinhamento dos cartuchos. Tratava‑se de um
mecanismo sensível, por ação de mola e suscetível de falhar na medida em que fosse muito utilizado.
Instruções para seu carregamento eram impressas no próprio tambor, e requeriam uma operação
algo complexa. As munições tinham que ser encaixadas uma a uma, em pé, numa ordem sequencial
estabelecida, em grupos de 5 cartuchos, formando‑se 6 sub‑grupos de 15 cartuchos cada, sendo que o
último grupo ficava com somente 10 cartuchos. Após a tampa ser cuidadosamente fechada, dava‑se a
último grupo ficava com somente 10 cartuchos. Após a tampa ser cuidadosamente fechada, dava‑se a
corda no dispositivo, com exatamente nove voltas, por intermédio de sua chave. Em seguida,
deslizava‑se a parte superior do carregador na ranhura existente na armação da arma que ali se
encaixava por ação de uma mola.
Detalhe da lateral esquerda de uma 1928A1, onde se nota o seletor de tiro acima do gatilho, botão serrilhado
para extração do carregador, e seletor de segurança (fire e safe).
Os pesos dos carregadores utilizados pelas Thompson 1928 e 1928A1 eram os seguintes:
a) para o tambor de 50 cartuchos, 1,420 Kg. vazio, 2,240 Kg. cheio.
b) para o tambor de 100 cartuchos, 1,940 Kg. vazio, 3,740 Kg. cheio.
Detalhe do carregador tipo tambor da Thompson 1921, para 100 cartuchos, abandonado posteriormente devido a
constantes enguiços e excesso de peso
II GUERRA MUNDIAL
Submetralhadora Auto‑Ordnance Thompson 1928A1 – (coleção particular)
O Governo Francês foi o primeiro a fazer um pedido de fornecimento dessas armas, e em 1939
encomendou 3.750 Thompson modelo 1928. Porém, durante a II Guerra, após a fatídica retirada de
Dunquerque, os militares britânicos repensaram na sua posição anterior de que “não apreciavam
armas usadas por gangsters, nas mãos de seus soldados”, e solicitaram com urgência à Auto
Ordnance o fornecimento de sub‑metralhadoras, na maior quantidade que poderiam produzir. Desde
1930, sempre passando por conturbados problemas financeiros, a Auto Ordnance já estava sob as
mãos de Russell Maguire, homem visionário mas que já antecipava os tempos difíceis que viriam em
breve, mas com boas perspectivas no ramo de armamento militar. Russell fez um convite à Colt para
participar de um incremento na produção das Thompson mas recebeu uma posição negativa .
Assim, após a encomenda do Governo Britânico, a empresa sub‑contratou outra grande fabricantes
de armas nos Estados Unidos, a Savage Arms Co., de Utica, NY. Esse contrato permaneceu até que o
Governo Americano assumiu a responsabilidade de fornecimento de armas ao Império Britânico em
1941, com o advento da chamada Lease Lend. A Savage e a Auto Ordnance continuaram fornecendo
as Thompson, agora sob contrato norte‑americano.
MODELO 1928A2
O projeto e processos de manufatura do modelo 1928A1 não eram, na verdade, indicados para uma
produção em massa, em tempos de guerra, pois requeriam inúmeras operações de usinagem e
acabamento manual. Assim sendo, a Auto Ordnance e a Savage se dedicaram a um minucioso estudo
de simplificação da arma. O resultado foi a chamada 1928A2 onde se eliminou o Cuീ�s Compensator,
as miras Lyman e as aletas de refrigeração do cano. Peças como a alavanca da trava de segurança
foram substituídas por processo de estamparia bem como mais algumas peças internas de menor
comprometimento. O acabamento geral foi muito simplificado, eliminando‑se caras operações de
polimento que só serviam para melhorar a aparência externa.
MODELO M1
O modelo M1, baseado na 1928A2, foi planejado especificamente para a produção em tempo de
O modelo M1, baseado na 1928A2, foi planejado especificamente para a produção em tempo de
guerra e suprir a alta demanda do Exército Norte Americano, agora às voltas com a guerra no
Pacífico. Neste tipo de cenário, as sub‑metralhadoras iriam se afirmar como armas ideais para o
combate corpo a corpo e no ambiente da selva, onde o alcance da munição utilizada não era uma
necessidade.
O modelo M1, com alavanca de ferrolho movida da parte de cima para a lateral direita, simplificação da alça de
mira, eliminação do compensador Cuീ�s, coronha fixa, dentre outras simplificações
Na M1 eliminou‑se a peça retardadora projetada por Blish, o que derrubou uma antiga crença de que
as Thompson não poderiam funcionar bem sem ela. Outra simplificação de processo foi a eliminação
do rasgo de encaixe existente na armação para a montagem dos carregadores de tambor. Doravante,
somente carregadores retilíneos de 20 e 30 cartuchos seriam montados na arma. Em 1942, um modelo
que foi muito pouco fabricado chegou a incorporar um percussor móvel ao invés do tradicionalmente
fixo dos modelos anteriores, na tentativa de baixar ainda mais a cadência de tiro. Foi denominada de
modelo 42M1 .
Detalhe da lateral esquerda da M1A1 onde se nota o retém do carregador, extendido até a empunhadura, seletor
de tiro automático (FULL AUTO) ou semi‑automático (SINGLE) e seletor de segurança com as posições SAFE
e FIRE.
A Thompson M1A1, última série a ser fornecida para o Exército Americano durante a II Guerra Mundial
Sub metralhadora Thompson M1A1, modelo de produção durante a II Guerra
Detalhe da lateral direita da M1A1, mostrando o novo posicionamento da alavanca do ferrolho e a ausência das
ranhuras na armação, que aceitavam a entrada dos carregadores do tipo tambor.
O modelo final das Thompson foi o M1A1, com mínimas alterações em relação à antecessora, que
atingiu uma produção de 515.000 armas, antes de começar a ser gradualmente substituída pela sub‑
metralhadora M3, a conhecida “Grease Gun”. A partir daí, as Thompson passaram a receber um
status de “arma padrão limitada”, com sua distribuição às unidades em combate cada vez mais
escassa.
Sub‑metralhadora M3, a conhecida “Grase‑Gun” (Engraxadeira), projeto desenvolvido durante a II Guerra
destinada a suprir as tropas de forma rápida e barata com uma arma confiável
Cumpre citar aqui as Thompson que foram modificadas na Inglaterra, pela B.S.A. (Birmingham Small
Arms Company), tradicional fabricante de armas e de motocicletas. Essas modificações foram
efetuadas sobre o modelo 1921 para trabalhar com opções de tiro seletivo, ou seja, um dispositivo
que permitia selecionar entre tiro totalmente automático e tiro semi‑automático. O calibre das
Thompson modificadas na B.S.A era o
9mm Parabellum, o mesmo
empregado nas sub‑metralhadoras
Sten, que foram desenvolvidas na
Inglaterra alguns anos mais tarde.
Esses modelos tiveram o gatilho e o guarda‑mato movidos para a parte posterior da armação e a
coronha, similar aos do rifle S.M.L.E. Enfield, era montada diretamente na parte traseira da armação.
O fuste também foi alterado para um outro de dimensão maior do que os utilizados pelas Thompson
em uso Estados Unidos. Note que o modelo da foto possuía um compensador de recuo similar ao
Cuീ�s Compensator.
O APÓS GUERRA
Apesar do sucesso com as vendas para o governo entre 1940 e 1945, com o fim da II Guerra, os ativos
Apesar do sucesso com as vendas para o governo entre 1940 e 1945, com o fim da II Guerra, os ativos
da companhia acabaram passando às mãos de George Numrich, em 1951, presidente da Numrich
Arms Corp. de West Hurley, no estado de Nova York. A Numrich Arms se especializou na venda de
peças de armas principalmente oriundas de estoques remanescentes de empresas que faliram. Até
1961, a empresa dispunha de grande quantidade de componentes das Thompson para serem
montadas e vendidas à órgaos governamentais, quando então, sem mais peças, abandonou esse
mercado.
Em 1974, após obter aprovação do Treasury Department’s Bureau of Alcohol, Tobacco and Firearms, a
Numrich começou a fabricar as Thompson novamente, na versão semi‑automática e baseada no
modelo 1928. A maior parte dos componentes eram peças novas mas várias delas eram sobreviventes
pós guerra da linha de produção da Savage e da fábrica de West Hurley.
As submetralhadoras Thompson são, até hoje, objeto de desejo de diversos colecionadores de armas
militares, atingindo valores bem altos no mercado de coleção, principalmente os modelos da época
áurea, as 1921 e 1928 pré‑guerra.
Uma variedade de réplicas existem no mercado norte‑americano,
como também “originais” fabricadas pela firma Kahr Arms de
Blauvalt, N.Y., atual detentora dos direitos obtidos pela
negociação da Auto Ordnance pela Numrich. Algumas réplicas
são inoperantes e outras oferecidas somente com opção do tiro
semi‑automático.
Carabinas baseadas nas sub‑metralhadoras Thompson, produzidas pela
empresa Kahr Arms Co.
Uma coisa, porém, é inquestionável: poucas armas como as sub‑
metralhadoras Thompson sofreram tantos reveses comerciais e
conseguiram se erguer posteriormente, seja pela incansável insistência de seus fabricantes ou por
razões alheias ao mercado, como a eclosão de um conflito bélico a nível mundial.
De uma forma ou de outra, a Thompson foi uma dessas armas e que, com o passar do tempo, criou
para si mesma uma imagem mais digna do que possuía nos idos da Lei Seca; participou ativamente
de dois grandes conflitos, a II Guerra e a Guerra da Coréia, com alto índice de confiabilidade,
ajudando de alguma maneira a preservar a vida de muitos soldados.
Wriീ�en by Carlos F P Neto
04/05/2011 às 16:30