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Estudos

Bíblicos APRESENTAÇÃO

ALUNO A Igreja de Cristo no Bra-


sil (ICB) aprovou quatorze itens
que compõem as Bases de Fé e
Doutrina Bíblica no Concílio
Nacional, até então, hoje Conse-
lho Nacional, realizado em 1978
em Mossoró – RN; tendo como
presidente o pastor João Vicente
de Queiroz e Secretário o pastor
Gidel Dantas Queiroz.

O irmão Adalto Pinho
Faria (SP) em 1997 elaborou
toda a base de fé e doutrina bí-
blica da Igreja de Cristo no Bra-
sil em um compêndio. Todo este
conteúdo foi revisado pelo pas-
tor Djalma Pereira (SP) e pelo
presbítero Davis de Queiroz
Pereira (SP) que depois foi resu-
mido em 13 estudos bíblicos que
apresentamos regionalmente de
uma forma de resgate.

“Querendo o aperfeiçoamen-
to dos santos, para a obra do
ministério, para edificação do
corpo de Cristo;” (Efésios 4.12)

Igreja de Cristo – Cidade Verde


– Parnamirim – RN
16 de agosto de 2012

Otoniel Marcelino de Medeiros

Estudos Bíblicos 1
Estudos
Bíblicos

RESUMO HISTÓRICO DA ORGANIZAÇÃO DA IGREJA


DE CRISTO NO BRASIL

A IGREJA DE CRISTO NO BRASIL teve início no Nordeste,


na cidade de Mossoró - RN. Sua organização ocorreu em 13 de
dezembro 1932 por membros oriundos da Assembléia de Deus
naquela mesma localidade, os quais, voluntariamente, entrega-
ram suas credenciais de Ministros àquela Igreja irmã, motivados
por divergências doutrinárias fundamentais.

Seus líderes, por ocasião da organização, foram os seguintes:

• Pastores: Manoel Higino de Souza, João Vicente de Queiroz,


Gumercindo Medeiros e Eustáquio Lopes da Silva
• Presbíteros: Cândido Barreto e Tomaz Benvindo
• Evangelistas: João Morais,Domingos Barreto e Francisco Alves

DOUTRINAS QUE MOTIVARAM A ORGANIZAÇÃO DA
IGREJA DE CRISTO NO BRASIL

Salvação Eterna do Crente Genuíno:

Os pioneiros compreenderam, pela meditação, oração e estudo


da Palavra de Deus, que a salvação eterna do crente genuíno
é concedida pela Graça de DEUS, sem levar em conta méritos
pessoais. Ef.2:8-10; Rm.5:1-2; 8:1-2, 31-39.

Estudos Bíblicos 2
Estudos
Bíblicos
Comentário: Pr. Otoniel Marcelino ALUNO

Índice

Apresentação,.................................................................... 1
Resumo histórico e expressão de fé da ICB,............... 2
Estudo 1 – Bases de fé e doutrina da ICB,................... 9
Estudo 2 – Como Cremos,............................................... 15
Estudo 3 – Um só Deus,.................................................... 23
Estudo 4 – O pecado,....................................................... 31
Estudo 5 – A justificação pela fé,............................... 37
Estudo 6 - Jesus o único redentor,.............................. 43
Estudo 7 – Jesus ressurreto,......................................... 51
Estudo 8 – O Espírito Santo,......................................... 61
Estudo 9 – Uma única igreja,........................................ 67
Estudo 10 – Os dons espirituais,.................................. 75
Estudo 11 – Governo teocrático e congregacional
da igreja............................................................................ 85
Estudo 12 – A soberania de Deus,................................ 93
Estudo 13 – A segunda vinda do Senhor Jesus,......... 99

Estudos Bíblicos 3
Estudos
Bíblicos
Em entrevista do Pr.João Vicente de Queiroz, concedida ao Pr.David Marroque Tei-
xeira, editada no Boletim Informativo da Região Oeste - RN., nº 09 de fevereiro de 1985, ele
afirmou que houve uma divergência doutrinária entre dois Missionários da Assembléia de
Deus no Nordeste: Samuel Nysrtron e Gunnar Vingren, com respeito a salvação de graça por
meio da fé, sem o concurso dos méritos próprios, e a segurança eterna do crente genuíno;
mencionando em seu testemunho: “...vindo, posteriormente, a se separarem, indo Gunnar
Vingren morar em Petrópolis - RJ., e lá fundou o jornal Som Alegre e um hinário com o
nome de Saltério. A partir daí, então, passou a existir dois jornais e dois hinários, sendo: no
Rio de Janeiro, o jornal Som Alegre e o hinário Saltério; no Nordeste, o jornal Boa Semente
e o hinário a Harpa Cristã.”

Dando continuidade a sua entrevista, o Pr.João Vicente de Queiroz afirmou: ...”Nós


aqui no Nordeste cantávamos no Saltério e na Harpa Cristã e líamos o jornal Boa Semente e
Som Alegre, sem nada percebermos, pois para nós não havia nenhuma divergência, devido
o assunto ainda estar encoberto”.

Na convenção das Assembléia de Deus, realizada em Natal-RN no início da déca-


da de 30, foi dado o primeiro passo histórico que evidenciou a divergência doutrinária já
existente. Nas palavras do Pr.João Queiroz: “...tentando acabar essa questão...”, até então não
claramente percebida pelos demais irmãos.

No entanto, após esta convenção desapareceram os jornais Boa Semente, Som Ale-
gre e o hinário Saltério, continuando a ser usado a Harpa Cristã e o jornal Mensageiro de
Paz, que, posteriormente, passou a ser chamado de Mensageiro da Paz, permanecendo com
esta denominação até hoje.

Aconteceu que, em certa ocasião, saíram no referido jornal (“Mensageiro de Paz” –


1ª Edição) duas publicações absolutamente contraditórias: “A primeira (continua o Pr.João
Queiroz) bastante inspirada do irmão JOSÉ BEZERRA DE MENEZES que defendia com
base na Bíblia, a doutrina da justificação pela fé e a salvação eterna do crente genuíno, ci-
tando Ef.2:8-9, que diz: “de graça sois salvos mediante a fé, isto não vem de vós, é dom de
Deus, não vem das obras para que ninguém se glorie”. A segunda, de autoria do missionário
Nils Kastberg, que em contradição disse: “Que os irmãos trouxessem os dízimos ao tesouro
da Igreja, porque é um dever de cada crente, e tomassem cuidado, porque muitos crentes
já estavam no inferno, por não pagarem os dízimos do Senhor”. Sendo assim, segundo Nils
Kastberg, a salvação estaria condicionada até mesmo ao dízimo !!

Este fato, conforme testifica o Pr.João Queiroz, ocasionou um grande impacto entre
os irmãos pioneiros que já possuíam a convicção na doutrina da salvação eterna do crente
genuíno, pela graça, mediante a fé justificadora, em Jesus Cristo (Rm. 3:21-28; 5:1-2; Gl.2:16).

Estudos Bíblicos 4
Foi, então, que aquele grupo de irmãos passou a se reunir com frequência, para se
dedicar à oração e ao estudo da Palavra, buscando conhecer a Vontade de Deus sobre o ocor-
rido. Desta forma, DEUS mostrou-lhes, através de sua Palavra, que uma vez salvo, salvo para
sempre, e quem é filho de Deus é para sempre filho e morre como filho de Deus. (Jo.1:11-13;
10:27-29; Rm.8:1-2; 31-39).

Em outro episódio semelhante, ocorreu a mesma contradição doutrinária, eviden-


ciada na própria Harpa Cristã, em sua 4ª edição de janeiro de 1932, entre
os hinos 138 e 418, a saber:

Hino 138 - Autor: José Felinto - Neste hino está claro a salvação eterna do crente
genuíno em Jesus Cristo, vejamos:

1ª Estrofe Coro
“Do céu à terra veio Jesus, Não é condenado quem nele crer
Em meu lugar morrer na cruz; A morte eterna não irá sofrer;
Tudo sofreu para me salvar; Já livre pode cantar o louvor;
Junto a Ele quero estar. A Jesus, seu Salvador;

Hino 418 - Autor: John Sorheim - Neste hino, na última estrofe, fica admitida a possibili-
dade de se perder a salvação, contrariando a mensagem expressa no hino anterior, acerca
da segurança eterna. vejamos:

“ Oh! Aleluia! Já está perto;


O dia da restauração.
Alerta, Alerta, irmãos queridos,
P’ra não perderdes a salvação
Jesus nas nuvens voltará
E para Si nos levará”.

“Isto causou um grande choque entre os irmãos que pediram uma explicação...” (Pr.João
Queiroz).

Por causa destes acontecimentos, um grupo de irmãos liderados pelos obreiros e


membros pioneiros da IGREJA DE CRISTO NO BRASIL decidiu encaminhar uma carta ao
missionário Nils Kastberg, pedindo-lhe para marcar uma convenção, em local de sua pre-
ferência, a fim de que, de acordo com as palavras do saudoso Pr.João Queiroz, “estudassem
esses pontos doutrinários, para que nenhum crente nosso viesse a errar quanto a essa doutri-
na.”

Elegeram à frente do movimento o Pr.Manoel Higino de Souza. Ele era líder re-
conhecido pela própria Assembléia de Deus, que em sua 1ª Convenção Nacional, realizada
em Natal-RN, de 05 a 10 de setembro de 1930, o elegera para o cargo de Secretário da Mesa
Diretora — conforme publicação recente no Órgão de divulgação da Assembléia de Deus
“Bom Semeador”, Ano XIX - nº 01 Fev./Abril –1997, Natal-RN).

Enviaram, então, a carta solicitando a realização da referida convenção, mas a res-

Estudos Bíblicos 5
posta, que demorou cerca de 6 meses a chegar, foi negativa. Todos os irmãos que aguardavam
aquela resposta e comungavam de uma mesma convicção doutrinária, permaneceram estu-
dando o assunto nas Escrituras Sagradas, com jejuns e orações, desde o dia 20 de maio até 13
de dezembro de 1932, aguardando uma resposta no Senhor.

Nesta última data, chegou a resposta da carta negando a realização da pleiteada


convenção. Contrariando a expectativa de todos, o missionário Nils Kastberg disse, confor-
me testemunho ocular do Pr.João Queiroz: “...estar de acordo com os ensinos da salvação
condicional, e quem estivesse aborrecido que saíssem para onde quisesse...” .

Diante desse impasse e por não ter outra alternativa, todos os líderes acima men-
cionados, devolveram voluntariamente suas credenciais de Obreiros — de Pastores, Presbíte-
ros e Evangelistas, respectivamente — à liderança da Assembléia de Deus.

Assim sendo, no dia 13 de dezembro de 1932, tomaram a decisão histórica de defi-


nitivamente organizarem o trabalho da Igreja de Cristo, na cidade de Mossoró-RN. Conforme
citação do Pr. João Queiroz, “...um dos irmãos (pioneiros), mesmo na ausência de todos, para
juntar e combinar, ele colocou o nome na casa de oração de Assembléia de Cristo”. Porém,
com base mais precisa na doutrina pura do Evangelho, orando e estudando os textos bíblicos
de Mt.16:17,18; Mc 17:11; At.4:11; Sl 122:1; Rm.9:33; 16:16; 1Cor.3:11, compreenderam que o
único nome a ser colocado nos templos era: “Casa de Oração”, seguido, da expressão “Igreja
de Cristo”, indicando assim, como fundador da igreja, nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo.
Em seu testemunho, declarou o Pr.João Queiroz: “...pois quando fizemos o primeiro templo
(cerca de 2 anos após — grifo nosso), que foi inaugurado no dia 24 de janeiro de 1934, foi
colocado na frente do prédio a inscrição de “Casa de Oração da Igreja de Cristo...”.

Deste modo, para não confundir a Igreja de Cristo, que é o Seu corpo e templo
do Espírito Santo, com o prédio e a organização institucional (conforme Mc.11:17a; Is.56:7;
At.17:24b), por revelação da Palavra de Deus, decidiram transcrever, à frente dos prédios nos
locais onde se reúnem os irmãos de cada Igreja local, a expressão: “CASA DE ORAÇÃO DA
IGREJA DE CRISTO”, em obediência ao que está expresso na Palavra de Deus, como ensi-
nou Jesus: “E os ensinava dizendo: Não esta escrito? A minha Casa será chamada por todas
as nações CASA DE ORAÇÀO?”.

Fica evidente que os irmãos pioneiros obtiveram de DEUS uma revelação, estu-
dando a Palavra, pois como disse Jesus: “Não foi a carne nem o sangue que to revelou, mas
MEU PAI que está no céu” (Mt.16:16-18).

IGREJA DE CRISTO NO BRASIL


EXPRESSÃO DE FÉ

01-Doutrina da justificação pela fé, salvação eterna do crente , sem concurso do mérito pró-
prio. A justificação do pecador é somente pela graça de Deus, na suficiência do sangue remi-
dor de Jesus Cristo, com eterna segurança. Jo 10:27-29; Rm 8:1-2, v.31-39 e Ef 2:1-9.

02-Governo Congregacional-Teocrático, o governo que emana de Deus, sendo Cristo a cabe-

Estudos Bíblicos 6
ça soberana da Sua Igreja que é o Seu Corpo, e de todo principado e potestade, porque é tudo
em todos, para que tudo tenha a preeminência. Cl 1:16-20; Ef 2:20-22; Ef 4:11-16, 5:23-24; I
Co 3:11, 12:12-31 e I Pe 2:6.

03-A existência de um só Deus Trino, Pai, Filho e Espírito Santo, Um em essência e Triuno
em Pessoa. Mt 28:19; Jo 14:8-11, v.16-17, 16:13-15 e I Jo 5:5-8.

04-A suficiência inspiração divina, veracidade e integridade da Bíblia, tal como foi original-
mente, com sua suprema autoridade em matéria de fé e conduta prática. Mt 24:35 e Hb 4:12.

05-Pecaminosidade universal e a culpabilidade de todos homens, desde a queda de Adão,


inicio da ira de Deus e a condenação de todos os homens. Gn 2:16-17, 3:1-24; Rm 3:9-23,
5:12-21, 6:23 e Hb 9:27.

06-A redenção da culpa, pena, domínio e presença do pecado, somente por meio da morte
expiatória do Senhor Jesus Cristo, no sangue do Unigênito Filho encarnado de Deus, nosso
representante e substituto. Rm 3:24, 4:25, 5:6-10; I Co 1:30 e 15:50-57.

07-A ressurreição corporal do Senhor Jesus Cristo e Sua gloriosa ascensão à direita de Deus
Pai. Jo 20:1-29; At 1:9-11 e Rm 4:25.

08-A missão soberana e pessoal do Espírito Santo, no arrependimento, na regeneração e na


santificação dos genuínos cristãos. Jo 3:3-7, 16:7-11; II Co 5:17; Ef 1:13-14 e Tt 3:5.

09-A intercessão de Jesus Cristo, como único mediador e Salvador entre Deus e os homens.
Jo 14:6-13; I Tm 2:5 e At 4:11-12.

10-Uma única Igreja de Cristo, invisível, santa e universal, que é o Corpo de Cristo, à qual
pertencem todos os cristãos, que serão ressuscitados, transformados, trasladados e arrebata-
dos, na vinda de Jesus, com IGREJA TRIUNFANTE, e que na terra se manifesta nas Igrejas
locais, como IGREJAS MILITANTES. Mt 16:18; I Co 12:12-13; Ef 4:1-16; Cl 4:15; Rm 16:4-
5,16; Ap 2:1,8,12,18 e 3:1,7,14.

11-A soberania de Deus na criação, revelação, redenção, governos e nos grandes julgamen-
tos:
a) Dos crentes no Tribunal de Cristo, para receber os galardões, após o arrebata-
mento. I Co 3:11-15; II Co 5:10; Rm 14:10 e Ap 22:12.
b) Das nações vivas na Sua vinda gloriosa. Mt 25:31-46 e Ap 1:7.
c) Dos incrédulos e condenados no juízo final após o Milênio. Ap 20:11-15, 21:8;
Mt 16:16b e Hb 9:27.

12-A certeza da segunda vinda do Senhor Jesus Cristo em corpo glorificado, juntamente
com os cristãos ressuscitados, após o arrebatamento de SUA IGREJA TRIUNFANTE, e a
consumação do Seu reino milenar após a grande tribulação. Ap 20:1-6; Mt 24,25; Mc 13; Lc
21:5-36; I Ts 4:13-18 e 5:1-11.

Estudos Bíblicos 7
13-A ressurreição dos mortos, a vida eterna dos salvos e a condenação eterna dos injustos
que não aceitaram Cristo Jesus como Salvador. Dn 12:2; Jo 5:28-29; At 17:31, 24:15; Hb 9:27-
28 e Ap 20:11-15.

14-Vigência no exercício dos Dons Ministeriais, do Dom e Dons do Espírito Santo, tal qual
se encontram na Palavra de Deus. Mc 16:17-20; At 2:1-13, v.38-39, 10:44-47; Rm 12:3-8; I
Co 13, 14 e Ef 4:11.

Desde seu início a IGREJA DE CRISTO tem estado à disposição do SENHOR


da Igreja, trabalhando ininterruptamente na propagação do Evangelho de JESUS CRISTO,
levando assim milhares de almas ao arrependimento e a fé no FILHO DE DEUS.

A IGREJA DE CRISTO NO BRASIL é uma obra genuinamente brasileira. Nossos


vínculos eclesiásticos fora e dentro do Brasil, são apenas de ordem espiritual com todas as
demais Igrejas reconhecidamente evangélicas.

Ministérios Reconhecidos e Adotados Pela Igreja de Cristo no Brasil:

• PASTOR - Pastoreia uma ou mais Igrejas locais;


• PRESBÍTERO - Administra os negócios da Igreja local e se dedica ao ensino da
Palavra de Deus.
• EVANGELISTA -Trabalha na evangelização local e extra-local da Igreja.
• DIÁCONO/DIACONISA - Cuida, principalmente, da ação social da Igreja e
participa da ministração da Ceia do Senhor.
• MISSIONÁRIO - No campo missionário trabalha na implantação de novas Igrejas.

Estudos Bíblicos 8
Estudo 01
BASES DE FÉ
E DOUTRINA
DA ICB
Texto Áureo: “Se alguém ensina ou-
tra doutrina, e não concorda com a sã
doutrina de nosso Senhor Jesus Cristo
e com o ensino que é segundo a pieda-
de, é orgulhoso e nada entende”
(I Tm.6:3, 4a).

Meditando Diariamente
na Palavra:

Segunda-feira - Dt.6:1-9; Mt.28:16-20


Terça-feira - Rm.16:17-20
Quarta-feira - Cl.2:4-8
Quinta-feira - I Tm.4:1-16
Sexta-feira - 2 Tm.4:1-5
Sábado - Tt.2:1,7,8

Estudos Bíblicos 9
I – INTRODUÇÃO: das confissões doutrinárias, como expres-
são formal daquilo que já estava presente
Iniciaremos, neste trimestre, o impor- nos corações dos apóstolos e discípulos do
tante estudo das bases de fé e doutrina da Senhor Jesus. Exemplos:
Igreja de Cristo no Brasil. Isso se torna es- 1. O Senhor Jesus ensinou a necessidade
pecialmente relevante, quando se sabe que da confissão de fé: Mt.10:32,33; 16:13-16.
vivemos em uma época, na qual o mundo Todos nós somos chamados a confessar
tem rejeitado a noção de verdade absoluta, quem Ele é, o que Ele representa para nós,
preferindo acreditar no “relativismo”, ou à luz da Revelação de Deus.
em diversas “verdades” condicionadas à
2. Nos escritos dos apóstolos encontra-
sua própria subjetividade, ao pragmatis-
mos o mesmo princípio: Em Rm.10:9,10
mo e à conveniência do homem moderno.
o apóstolo Paulo enfatiza a necessidade
Assim sendo, têm surgido várias formu- da confissão. Judas, nos versos 3 e 20, fala
lações doutrinárias equivocadas, contrá- da fé que permanece inabalável diante das
rias às Sagradas Escrituras. Cremos que ameaças heréticas dos falsos mestres, o
se ficarmos alheios e indiferentes a estes que pressupõe a existência de um corpo
conceitos anti-bíblicos, correremos o ris- de doutrinas cridas e confessadas pelos
co de assistirmos o surgimento de uma cristãos naquela época. Vemos o mesmo
nova geração, que estará completamente princípio em ITm.1:3; 6:3. Paulo exorta a
descompromissada com a verdade e, por Timóteo (e a Tito) para a guarda da “sã
conseguinte, será facilmente conduzida ao doutrina” (ITm.1:10; 4:6; 2Tm.4:3; Tt.2:1),
engano. que ele devia ensinar (2Tm.4:2,3), e pela
Faz-se necessário, portanto, reafirmar- qual deveria zelar (ITm.4:16; 6:1). A pre-
mos, com toda a clareza possível, a sã dou- gação da “palavra fiel” deve ser “segundo
trina que temos recebido, crido, confessa- a doutrina” (Tt.1:9), e a doutrina deve
do e ensinado, conforme está baseada nas ser “ornada” pela santa conduta cristã
Sagradas Escrituras, para que a Igreja de (Tt.2:10).
Cristo, na sua inteireza, não venha a ficar 3. Formas sucintas de doutrinas funda-
à mercê de todo o “vento de doutrina” que -mentais no Novo Testamento: Textos
Surja (Ef.4:14,15). como: Rm.1:3-5; 8:34; ICo.8:6; ITm.3:16;
6:13,14; IPe.3:18-22, são alguns pontos
II – ORIGEM NAS ESCRITURAS DAS essenciais da doutrina cristã expostos
BASES DE FÉ E DOUTRINA DA IGRE- suscintamente. Paulo afirma isso e utili-
JA: za outros sinônimos para “doutrina”, em
passagens como: Gl.1:23; Fp.1:27; Cl.2:7;
A confissão é um elemento essencial da 1Tm.1:19,20; Tt.1:13; usa a palavra “tradi-
fé. Philip Melanchton, um dos mais desta- ção”, significando a verdade que permane-
cados líderes da “Reforma Protestante”, foi ce (ICo.11:2,23; 15:3; IITs.2:15); a expres-
quem disse: “Nenhuma fé é firme se não é são “padrão das sãs palavras” (2Tm.1:13);
mostrada em confissão. Uma fé sem dog- do “bom depósito” (ITm.6:20; 2Tm.1:14).
ma, sem confissão, está continuamente em Escrevendo aos Hebreus, fala dos “prin-
perigo de não saber no que realmente crê e, cípios elementares da doutrina de Cristo”
portanto, em perigo de se tornar uma mera (Hb.6:1-3), e expressa a sua preocupação
religiosidade...”. com a entrada de “doutrinas várias e es-
Nas páginas do Novo Testamento en- tranhas” nas igrejas (Hb.13:9). O apóstolo
contra-se o início das formulações escritas João fala da importância de permanece-

Estudos Bíblicos 10
rem na doutrina ensinada pelo Senhor Je- Santo, tanto mais ficará demonstrada sua
sus Cristo (2 Jo.8-11). sólida posição no decorrer da história.
3. A Chamada Reforma Protestante e
III – ORIGEM HISTÓRICA DAS BASES as Confissões de Fé: Somente bem mais
DE FÉ E DOUTRINA NA IGREJA: tarde na história da Igreja, a partir do séc.
XVI, no período da reforma protestante -
1. Definição: Uma confissão ou regra devido ao claro desvio da Igreja Católica
de fé e doutrina é uma afirmação concisa Romana dos fundamentos doutrinários da
daquilo em que se crê como verdade abso- Palavra de Deus, enfatizando mais a tradi-
luta, subordinada à Palavra de Deus. Uma ção do que a bíblia - é que surgiram, em
confissão de fé procura apresentar seus meio às crises sociais e religiosas do final
conceitos doutrinários de forma elaborada da Idade Média, as seguintes principais
e sistematizada. confissões de fé e doutrina:
2. Importância e Origem Histórica: As na Alemanha, Martinho Lutero afixou
confissões têm servido à Igreja de Cristo na porta da catedral da Igreja em Wit-
desde o seu início. Para a Igreja dos pri- tenberg, “As 95 Teses”, de 1517, que fo-
meiros séculos, os credos e confissões de ram mais uma denúncia contra a prática
fé foram absolutamente necessários para da venda de indulgências, como meio de
a defesa da doutrina e da prática de uma penitência e salvação dos mortos, do que
vida cristã separada do mundo. Os credos propriamente uma confissão de fé. Mas,
e as confissões foram resultado direto das em 1529, publicou seu “Catecismo Menor”,
controvérsias vigentes àquela época, pos- destacando os princípios fundamentais da
suindo, assim, raízes históricas. O primei- chamada “Reforma Protestante”;
ro credo conhecido na história da Igreja na Suíça, Ulrich Zuínglio, a partir de
foi o chamado “Credo dos Apóstolos” (séc. 1523, supervisionou a publicação de qua-
II d.C.) muito utilizado pela Igreja antiga tro documentos de confissão doutrinária,
para o ensino aos novos convertidos e as- dos quais o mais importante foi a “Confis-
pirantes ao batismo. Depois, no ano 325, são de Augsburgo”, de 1530, de tradição da
cerca de 300 bispos formularam o “Credo Igreja Luterana;
de Nicéia”, na Ásia Menor, que tratou das
na Suíça, Heinrich Bullinger - com a
controvérsias cristológicas relacionadas à
posterior anuência de João Calvino - ela-
doutrina da trindade, condenando as he-
borou a “Confissão Helvética”, de 1534
resias de Ário. Um terceiro credo surgiu
(oficialmente aceita em 1566), sendo con-
em 381 d.C., chamado de “Credo de Cons-
siderada a primeira “de cunho calvinista”;
tantinopla”, elaborado por 150 bispos, rea-
firmando o que o concílio de Nicéia havia na Escócia, a “Confissão Escocesa”, de
dito, porém acentuando a plena divindade 1560, também calvinista; e
do Espírito Santo. O quarto credo foi o de na Inglaterra, a “Confissão de Fé de
Calcedônia (451 d.C.), que tratou particu- Westminster”, de 1646, considerada a últi-
larmente das duas naturezas existentes em ma das grandes confissões e, certamente,
Cristo Jesus: a divina e a humana. a que veio apresentar as definições mais
A confissão de fé e doutrina deve ser a precisas da doutrina reformada.
expressão exterior daquilo em que se crê 4. Breve Histórico das Bases de Fé da
interiormente, no coração. Assim sendo, Igreja de Cristo no Brasil:
quanto mais rica for a expressão dessa fé Evidentemente, a Igreja de Cristo no
e doutrina, sob a orientação do Espírito Brasil, como Igreja Militante, surgiu muito

Estudos Bíblicos 11
tempo depois desses acontecimentos. Ela (RN), de 6 a 8 de janeiro de 1978, presidido
foi organizada e reconhecida estatutária pelo pastor João Vicente de Queiroz, tendo
e juridicamente, na forma da lei, em 13 como 1º Secretário o pastor Gidel Dantas
de dezembro de 1932, em Mossoró-RN. Queiroz, foi publicada no Diário Oficial do
Historicamente, é uma Igreja de origem Estado, datado de 24 de julho de 1978, em
pentecostal, vinda da Assembléia de Deus, Fortaleza (CE).
tendo como princípios fundamentais dou- Essa última reforma (mais extensa) teve
trinários a “justificação pela fé, salvação o seu início no Concílio realizado em Na-
eterna do crente genuíno, sem o concurso tal (RN), de 9 a 11 de janeiro de 1976. Por
do mérito próprio e do governo Teocrá- proposta de iniciativa do presbítero Gidel
tico Congregacional” - conforme consta Dantas Queiroz (hoje pastor), aceita pelo
do registro oficial dos Estatutos da Igreja plenário, foi eleita uma comissão para tra-
de Cristo no Brasil, no Capítulo I, Art. 1º, tar do assunto, composta, na ocasião, pelos
parágrafo primeiro - juntamente com a pastores: José Dantas Filho, José Jerônimo
menção feita no Capítulo VII, Art. 35, dos e Antônio Andrade; pelos presbíteros: Gi-
mesmos Estatutos, das “...normas básicas, del Dantas Queiroz e Walfredo Ferreira
as quais serão observadas como princípio de Medeiros; e pelos evangelistas Djalma
de fé e doutrina em que se apóia a Igreja de Pereira e Gineton Dantas Queiroz. Após 2
Cristo, no Brasil, como Igreja Militante...”, anos de trabalhos, a comissão concluiu sua
que serão objeto do nosso estudo na EBD, tarefa e a reforma dos Estatutos da Igreja
ao longo das próximas lições. de Cristo no Brasil foi aprovada. Conforme
É bom que se saiba que os Estatutos da relatou um dos membros daquela comis-
Igreja de Cristo no Brasil, em sua forma são, o agora pastor Djalma Pereira, “...as
original, foram registrados em Órgão Ofi- Bases de Fé e Doutrina da Igreja de Cristo
cial no Estado do Rio Grande do Norte, em têm conceitos doutrinários peculiares, mas
6 de fevereiro de 1937, na cidade de Natal seguem de perto os princípios fundamen-
(RN). Entretanto, verificou-se, posterior- tais da Confissão de Fé de Westminster”,
mente, a necessidade de serem melhor fazendo referência à assembléia que reuniu
esclarecidos alguns pontos doutrinários 121 ministros da Igreja na Inglaterra, em
fundamentais da Igreja, bem como serem 1646, para tratar das doutrinas e teologia
feitas melhorias técnicas na exposição do reformadas.
texto, os quais levaram a Igreja a realizar,
ainda, duas reformas em seus Estatutos: IV – A IMPORTÂNCIA DAS BASES DE
A primeira, aprovada em “Assembléia FÉ PARA A IGREJA DE CRISTO:
Geral das Igrejas de Cristo” realizada na
cidade de Natal (RN), tendo sido publi- A história eclesiástica recente, depois da
cada no Diário Oficial do Estado, em 31 Reforma, mostrou que as igrejas têm bus-
de outubro de 1951. O pastor Eustáquio cado estabelecer uma “identidade” doutri-
Lopes da Silva presidiu aquela assembléia, nária e teológica, por algumas razões, tais
sendo o pastor João Vicente de Queiroz o como:
vice-presidente - ambos pioneiros da Obra 1. Devido à própria natureza da Igreja,
e que já se encontram na glória com o Se- que deve ser caracterizada por sua UNI-
nhor Jesus; e DADE constituída por Deus, conforme
A Segunda, aprovada pelo “Concílio das Ef.4:1-16, e não parecer ser uma “colcha de
Igrejas de Cristo”, reunido em Mossoró retalhos”, sem um claro posicionamento

Estudos Bíblicos 12
doutrinário comprometido com a Palavra mento entre ambas:
de Deus. Considerar que a primeira é tão (ou
2. Tendo em vista o ataque dos falsos en- mais) importante que a Segunda - como
sinos e doutrinas. Onde quer que a Igreja defende a Igreja Católica Romana que
do Senhor Jesus Cristo tem professado a reivindica “infabilidade” às suas decisões
sã doutrina, ela tem encontrado oposição. conciliares e pronunciamentos papais (di-
Quanto mais definida em sua doutrina, tos “ex cátedra”), e coloca a tradição “dog-
mais oposição ela sofre. A Igreja do Se- mática” como revelação direta de Deus à
nhor tem que possuir firmeza na verda- Igreja, podendo ser considerada igual (ou
de, não podendo permanecer neutra em até acima) da própria Palavra de Deus.
questões doutrinárias, espirituais, éticas e Este conceito errôneo tem conduzido a
morais, mas combatendo e condenando Igreja de Roma (e não de Cristo) a toda
todo ensino e doutrina falsos, “destruí- espécie de erro doutrinário, heresias e, por
mos argumentos e toda pretensão que se que não dizer, de blasfêmias contra Deus!
levanta contra o conhecimento de Deus, (b) Considerar que a primeira deve ser
e levamos cativo todo pensamento, para aceita e observada pela Igreja, na medida
torná-lo obediente a Cristo...” (2 Co.10:5). em que ela se conforma com a Segunda
3. Por causa da apostasia e do espírito da - como fazem as Igrejas de Cristo (ditas
nova era. Vivemos na época do ecumenis- protestantes) que, embora reconheçam o
mo e sincretismo religioso, que tenta cons- Credo dos Apóstolos e decisões concilia-
truir um “ambiente teológico” pluralista e res da Igreja Primitiva, submete a todos ao
tolerante, no qual as pessoas não contes- crivo da Palavra de Deus, que sempre, em
tam, nem reivindicam suas posições dou- todo e qualquer caso, prevalecerá sobre os
trinárias, mas, pelo contrário, fogem da demais.
verdade absoluta afirmada objetivamente. As Bases de Fé podem sofrer alterações?
As Escrituras são tratadas e interpretadas Qual o critério a ser usado?
por óticas diferentes, sendo chamadas de
Sim, podem sofrer alterações, uma vez
“cosmovisões” diversas da bíblia, que oca-
que os dogmas e as confissões de fé e dou-
sionam entendimentos bastante diferentes
trina sempre devem permanecer sujeitos
entre si e, não raro, em frontal desacordo
às Sagradas Escrituras, e quando isto não
com a totalidade das Escrituras Sagradas.
ocorrer, em um ou outro ponto, ou se sua
Não há, portanto, paradigmas confiáveis e
interpretação doutrinária não estiver em
absolutos. O resultado lastimável disso é
consonância com a totalidade das Escri-
que as igrejas evangélicas no mundo têm
turas, faz-se necessária a sua correção
se tornado uma “babel” de doutrinas di-
- quando o erro for doutrinário - ou atu-
vergentes, que confundem as pessoas, di-
alização - quando o erro for de deficiên-
ficultando o conhecimento de Deus, pela
cia e falta de clareza na interpretação da
vivência da sã doutrina.
doutrina.

V – DUAS CONSIDERAÇÕES FINAIS


V – CONCLUSÃO:
IMPORTANTES:
Atualmente, temos presenciado uma
1. A relação entre as Bases de Fé e Dou-
queda acentuada no nível de comprome-
trina da Igreja e a própria Palavra de Deus.
timento com Deus e com sua Palavra,
Há pelo menos dois modos de relaciona-

Estudos Bíblicos 13
por grande parte do cristianismo. Mui- ________________________________
tos “cristãos” e “ministros da Palavra” ________________________________
prometem, verbalmente, fidelidade aos ________________________________
padrões doutrinários bíblicos, mas logo ________________________________
se afastam deles por razões convenientes ________________________________
a eles mesmos ou ao grupo a que estão ________________________________
vinculados. Ao mesmo tempo, prolifera ________________________________
no mundo um número cada vez maior ________________________________
de opções doutrinárias falsas, capaz de ________________________________
atender aos mais variados anseios, os ________________________________
quais têm levado as pessoas que não es- ________________________________
tão firmadas na Palavra, a terem sérias ________________________________
dificuldades em permanecerem fiéis à sã ________________________________
doutrina, sendo levadas, e deixando-se ________________________________
levar, por todo tipo de ensinamento. ________________________________
No entanto, o Espírito Santo tem cum- ________________________________
prido a sua missão de guiar a Igreja de ________________________________
Cristo a toda verdade, conforme se en- ________________________________
contra na Palavra de Deus (Jo.14:16,17; ________________________________
16:13). Devemos, portanto, ser fiéis à ________________________________
doutrina santa do evangelho, tal qual se ________________________________
encontra exposta nas Sagradas Escritu- ________________________________
ras. ________________________________
________________________________
A partir da nossa próxima lição, es-
________________________________
tudaremos cada um dos pontos funda-
________________________________
mentais das Bases de Fé e Doutrina da
________________________________
Igreja de Cristo no Brasil. Rogamos ao
________________________________
Senhor nosso Deus que nos dirija nesta
________________________________
desafiante e frutífera tarefa. A Ele toda
________________________________
glória! Amém.
________________________________
________________________________
________________________________ ________________________________
________________________________ ________________________________
________________________________ ________________________________
________________________________ ________________________________
________________________________ ________________________________
________________________________ ________________________________
________________________________ ________________________________
________________________________ ________________________________
________________________________ ________________________________
________________________________ ________________________________
________________________________ ________________________________
________________________________ ________________________________
________________________________

Estudos Bíblicos 14
Estudo 02
COMO
CREMOS
Texto Áureo: “Toda Escritura é ins-
pirada por Deus e útil para o ensi-
no, para a repreensão, para a corre-
ção e para a instrução na justiça” (2
Tm.3:16).

Meditando Diariamente
na Palavra:

Segunda-feira - Sl.1:1-6; 19:7,8; 119:105;


Terça-feira - Is.8:20; Lc.16:19,31;
2Tm.3:15-17
Quarta-feira - Jo.16:13,14; 1 Co.2:10-12
Quinta-feira - 2Tm.3:16; 2 Pe.1:19-21;
Hb.4:12
Sexta-feira - Jo.6:45; Gl.1:8,9; 1
Co.11:13,14; 14:26,40
Sábado - Sl.119:130; At.15:15,16; 2
Pe.3:16

Estudos Bíblicos 15
I – INTRODUÇÃO: conceito bíblico de “Inspiração”, sem cair
num daqueles extremos?
Nessa lição estudaremos o item das Resposta: “Foi o processo misterioso
bases de fé e doutrina da Igreja de Cris- em que Deus manifestou-se a homens
to que trata das Escrituras Sagradas. escolhidos e, como resultado, eles escre-
Obviamente, não será abrangida toda a veram, exatamente, o que Deus queria;
bibliologia (parte da teologia que estuda nem mais, nem menos.” (Ted Limpic -
as Escrituras), mas somente os aspec- “De Onde Veio a Bíblia?”, p.9,10). Quase
tos explícitos naquele item. A palavra todos os cristãos concordam que a Bíblia
“bíblia” vem do grego “βιβλιa”, que quer é “inspirada” por Deus. Eles concordam,
dizer “livros”. O mais antigo uso cristão em sua maioria, que a Bíblia é a Palavra
dessa expressão na história da Igreja, se de Deus. Porém, há diferentes opiniões
encontra em 2 Clemente 2:14: “os livros quanto a maneira em que ela foi inspira-
(τa βιβλιa) e os apóstolos declaram que a da. A questão é: O que foi inspirado? O
Igreja...” (150 d.C.). Mas, qual é a grande coração? A mente? A memória? O voca-
importância da Bíblia? De fato é impossí- bulário usado? As traduções que temos
vel descrever a sua importância de modo hoje?
completo. No entanto, sabemos que ela
é a Palavra de Deus! Nela Deus se revela
1 . Conceitos Inadequados Sobre a Ins-
de um modo especial - sua natureza, seus
piração das Escrituras:
atributos, seu eterno propósito, seu rela-
cionamento com a criação, com o mundo
(a) Teoria Dinâmica - os escritores
visível e invisível, etc. Ela é sobrenatu-
teriam recebido “as ideias” do Espírito
ralmente inspirada por Deus, e em todo
Santo, mas seriam eles mesmos os res-
o processo de sua formação histórica,
ponsáveis pela produção do texto bíblico.
até à reunião de todos os seus 66 livros,
Isto explicaria os diversos estilos dife-
Deus esteve presente garantindo a sua
renciados entre os autores, as aparentes
integridade e infabilidade originais. Sem
contradições, as citações imprecisas do
ela seria impossível ao homem saber do
Antigo Testamento, etc. Entretanto, esta
plano de salvação, em Cristo; do mundo
teoria se apresenta inadequada por duas
vindouro; da história da redenção; do fim
razões principais: a linguística e a teológi-
de todas as coisas; enfim, sem ela o ho-
ca. Quanto à razão linguística, não pode
mem andaria “cego”, sem conhecimento
haver transmissão de “ideias”, sem sua
da verdade e sem esperança (Sl.119:105).
verbalização. O homem só compreende
e transmite um conceito, quando este é
II - A INSPIRAÇÃO DIVINA DA BÍ-
explicitado em palavras. Assim sendo, di-
BLIA:
zer-se que o Espírito concedeu “as ideias”
e que os escritores as vestiram com suas
Muitas pessoas pensam que a Bíblia é
palavras é bastante questionável. A se-
uma coletânea de livros concebidos pela
gunda razão, a teológica, é que o conceito
inteligência de homens especiais. Outros
de que a contribuição do Espírito Santo,
acreditam que ela foi ditada por Deus a
tenha sido reduzida à ideias transmitidas
alguns homens, os quais iam escrevendo
a homens, torna as Escrituras um livro
mecanicamente o que ouviam. Como,
eminentemente humano, sendo escon-
afinal, devemos definir adequadamente o
dido o seu caráter divino, para não dizer

Estudos Bíblicos 16
que ele é, de fato, negado. Mas esse con- da palavra grega “pleroma” - que quer di-
ceito é rejeitado pela própria Palavra de zer: plenitude, encher, completo - ou seja,
Deus, em 2 Pe.1:20,21. toda a Escritura é plenamente inspirada
(b) Teoria da Testemunha - Deus teria por Deus; e (3) Ela é verbal - novamente
agido, mas os homens é que fizeram suas do grego “logos”, que quer dizer: palavra
reflexões sobre a ação de Deus e as regis- dita ou escrita, mas traz consigo o sentido
traram nas Escrituras. Novamente, como metafísico (o Verbo) - Desta forma, todas
na teoria dinâmica, esta teoria torna a as palavras e relacionamentos sintáticos
Bíblia um livro essencialmente humano. utilizados original-mente são inspirados
Nem as ideias, nem as palavras são dadas por Deus. Nas palavras do teólogo Ian S.
ao Espírito Santo. Deus age, mas não fala. Rennie, a inspiração Plenário-Verbal é o
O homem é que interpreta as ações de “inexplicável poder - assim não pode ser
Deus. Deste modo, estaríamos diante de totalmente compreendida - que o Espí-
um livro, no qual não haveria garantias rito de Deus estendeu antigamente aos
de que as interpretações humanas fossem autores das Sagradas Escrituras - sendo,
infalíveis e, muito menos, que elas cor- portanto, limitada aos autores dos livros
responderiam ao verdadeiro intento de da Bíblia; excluindo-se todos os demais
Deus. livros (inclusive apócrifos); negando au-
toridade maior às tradições, aos concílios
(c) Teoria do Ditado - esta teoria afir-
da igreja, aos dogmas e credos; à lideran-
ma que os autores das Escrituras foram
ça eclesiástica; etc - para que fossem di-
meros instrumentos copistas, coagidos a
rigidos mesmo no emprego das palavras
servirem aos interesses de Deus. Sob este
que usaram, e para preservá-los de qual-
ponto de vista, o estilo literário é o do
quer engano ou omissão...”- isto é, o Es-
próprio Espírito Santo, com afirmações
pírito Santo supervisionou a seleção dos
de que até a gramática estaria livre de
materiais usados, as palavras empregadas
erros, por ser “a gramática de Deus”. En-
e escritas, preservando, ao mesmo tempo,
tretanto, isso é atribuir a Deus a violação
os autores de todos os erros e omissões.
da personalidade de cada um daqueles
Quando afirmamos que a Bíblia é a Pa-
servos de Deus, como vemos acontecer,
lavra de Deus, verbal e plenamente ins-
por exemplo, nos casos de “psicografia”
pirada pelo Espírito Santo, estamos afir-
no espiritismo, em que há a influência e
mando que tal inspiração alcança todas
violação das personalidades é efetuada
as partes da Bíblia, conforme foram es-
pela presença demoníaca.
critas nos seus autógrafos originais. Isso
3. A Inspiração das Escrituras é Ple- que dizer que as ideias a serem escritas
nário-Verbal - O versículo chave para a foram suscitadas pelo Espírito de Deus,
compreensão do conceito de Inspiração já verbalizadas no estilo e linguagem dos
da Bíblia, se encontra em 2 Tm.3:16, que próprios escritores. Para se evitar a ideia
nos apresenta três aspectos fundamentais: de “psicografia”, devemos reconhecer que
(1) ela é definida pela palavra grega “the- quando o Espírito ajudou os autores a
opneustos” (literalmente, “soprado para verbalizarem a Revelação de Deus, Ele
dentro por Deus”), cuja expressão indica respeitou a realidade e a vida dos mes-
que Deus agiu ativa, soberana e podero- mos (cultura, vocabulário, estilo literário,
samente na transmissão de Sua Palavra. etc). Mas, concomitantemente, o Espíri-
Esta expressão encontramos em Gn.2:7; to Santo os guardou de todo e qualquer
(2) Ela é plenária, expressão que nasce

Estudos Bíblicos 17
erro, ao mesmo tempo que lhes permitia rém mostrando a todo o homem como
as expressões individuais de suas perso- poderá alcançar sua reconciliação com
nalidades. Deus, por meio do Senhor e Salvador
4. Provas da Inspiração das Escri- Jesus Cristo. Como seria possível que
turas - John Caldwell Thiessen, em seu estes escritores dos livros da Bíblia, em
livro Introductory Lectures in Systematic diferentes épocas e circunstâncias, e de
Theology, aponta dois fundamentos so- modo tão coerente e perfeito, escreve-
bre os quais podemos basear o conceito rem os seus 66 livros, sem incorrerem
de Inspiração Plenário-Verbal das Escri- em qualquer tipo de engano, se não fosse
turas: a ação poderosa e inspiradora do Espí-
rito Santo de Deus sobre eles? A Bíblia
(a) A Natureza de Deus: Ele é um
demonstra UMA UNIDADE extraordi-
Deus pessoal, triúno, todo-poderoso,
nária que, na verdade, nos leva à conclu-
santo e amoroso. É de se esperar que
são de que o seu Autor é único, e é Deus!
Ele venha em socorro de Suas criaturas,
Como Moisés poderia ter escrito, por si
como fica evidenciado através de Sua
mesmo, sobre todo o sistema sacrificial
provisão das necessidades materiais e
e cerimonial da Lei, tão esplendidamen-
temporais de todo o ser vivo existente
te detalhado, sem conhecer todo o seu
no mundo. Mas o homem tem, também,
significado, ou a sua finalidade última,
necessidades espirituais e eternas. Ele
que foi revelada somente cerca de 1450
tem o problema do pecado e se sente sob
anos depois, nas páginas do Novo Testa-
condenação. Nada existe nele que o pos-
mento? A Lei e Graça estão presentes nas
sa livrar de sua situação. Desta forma,
páginas das Escrituras (VT e NT), mas
entende-se que Deus se deu a conhecer
quem as compreendeu no seu tempo e
ao homem, revelando-lhe Seus padrões
em sua inteireza? Quanto à doutrina da
divinos e Seu plano de salvação. Thiessen
justificação pela fé, Abraão teria com-
argumenta: “...e se os deu a conhecer (aos
preendido o Evangelho quando creu, tal
homens), será que Ele vai deixar tudo
qual o ensinou Paulo aos gálatas (Gl.3:8),
isso por conta do subjetivismo e de ex-
quando nem mesmo os próprios gálatas
pressões falhas e incertas deles?” E acres-
o compreendiam? A resposta é uma só:
centa: “Verdades tão profundas quanto a
uma só Mente está atuando em toda a
trindade, a encarnação, expiação vicária,
Bíblia. Que Unidade! Quão sabiamente
etc, requerem a supervisão e direção de
estão dispostas as doutrinas nela con-
um Espírito infalível para conseguir um
tidas! Em tudo há um Plano e um Pro-
enunciado que não dê margem a mal-
pósito eternos, que se complementam e
-entendidos...”
nunca se contradizem!
(b) A Natureza e Afirmações da Pró-
A Bíblia afirma ser a Palavra de Deus.
pria Bíblia: O segundo argumento é que
Encontramos nela expressões, tais como:
a Bíblia é superior a todos os outros li-
“Assim diz o Senhor”, “disse o Senhor
vros religiosos, quanto a tudo o que diz.
a...”, “veio a Palavra do Senhor a...”, etc.
Ela revela os mais altos conceitos éticos,
Vários escritos reivindicam perfeição
exige a mais absoluta obediência e fide-
e autoridade absoluta da lei e do teste-
lidade a Deus, da forma mais coerente
munho (Dt.27:26; 2 Re.17:13; Sl.19:7;
e pura possíveis, ao mesmo tempo em
33:4; 119:89; Is.8:20; Gl.3:10; 1 Pe.2:23).
que denuncia todo o tipo de pecado, po-

Estudos Bíblicos 18
Um livro reconhece que outro livro fala deve estar sempre acima de qualquer sus-
com absoluta verdade (Js.1:7,8; 8:31,32; peita. Dizer que a Bíblia contém a Palavra
Ed.3:2; Ne.8:1; Dn.9:1,2,11,13; Zc.7:12; de Deus não é a forma mais correta de se
Ml.4:4;At.1:16; 28:25; 1 Pe.1:10,11). O expressar, devemos dizer que “A Bíblia
apóstolo Pedro atribui às cartas de Pau- é a Palavra de DEUS”. Ela evidentemen-
lo a mesma autoridade das demais Es- te não é toda a Palavra de DEUS, mas
crituras (2 Pe.3:15,16 - compare com 2 toda ela é a Palavra de DEUS. Na Bíblia
Tm.3:16 e 2 Pe.1:20,21). Além disso, o Deus revelou o essencial para o homem
próprio Senhor Jesus afirmou que “a Es- (Dt.29:29; 1 Co.13:12). Paulo, escrevendo
critura é infalível” (Jo.10:34,35); que as a Tito (Tt.1:2), disse que “Deus não pode
Escrituras testificavam dEle (Lc.24:44); mentir”. Isto é uma promessa firme, por-
que Ele veio para cumpri-las (Mt.5:17); quanto descansa sobre a fidelidade abso-
fazendo referência a todo o Velho Testa- luta de Deus e, assim como ELE não pode
mento (Mt.7:12; 11:13; 22:40; Lc.16:16; deixar de cumprir com suas promessas,
Jo.1:45; At.13:15; Rm.3:21). O Senhor também não pode faltar com sua Palavra
Jesus indica o próprio conceito divino (Mt.24:35)!
de inspiração das Escrituras, quando de- A verdade bíblica existe independen-
clarou: “Até que o céu e a terra passem, -temente da mente humana e é superior
nem um i ou um til jamais passará da lei, a ela. Quando muito, a mente humana
até que tudo se cumpra” (Mt.5:18). As- a descobre. Em Is.40:8, lemos: “Seca-se a
sim, Ele demonstra a inspiração verbal erva e caem as flores, mas a Palavra de
da “Lei”. Afirma que as Escrituras ainda nosso Deus subsiste eternamente”. Isto
não estavam concluídas, mas que teriam revela a posição eterna, imutável e uni-
continuidade com os apóstolos e discípu- versal das verdades bíblicas, pois são elas
los (Lc.1:1-4; Jo.14:26; 16:12,13; 20:31,31; palavras do Deus eterno e imutável, “...
21:24; At.1:1; 9:15-17; 1 Co.2:10-13; em quem não há mudança, nem sobra de
Ap.1:1-3,19) e, assim, falaram sob Sua variação” (Tg.1:17).
influência e Autoridade (At.2:4; 4:8,31;
2. Sua Integridade: O que torna os
13:9; 1 Co.2:13; 14:37; Gl.1:1,12; 1
escritos da Bíblia íntegros, imparciais e
Ts.2:13; 4:2,8; 1 Pe.1:12; 1 Jo.5:10,11;
retos é o seu Autor. Homens ímpios ja-
Ap.21:5; 22:6,18,19).
mais iriam produzir um livro que sempre
os está condenando. Por outro lado, ho-
V - DIVINA DAS ESCRITURAS: – IM- mens religiosos, como os judeus, guardi-
PLICAÇÕES DA INSPIRAÇÃO ões da Bíblia, jamais poderiam ser os au-
tores da mesma, pois ela sempre condena
1. A Sua Veracidade - Em Dn.10:21, suas transgressões, pondo tudo a desco-
lemos: “Mas eu te declararei o que está berto. Sim, a Palavra de Deus é íntegra,
escrito na Escritura da verdade”. E, em fornecendo-nos inúmeros ensinamentos:
Jo.17:17, o Senhor Jesus afirmou: “Santi- (1) ensina-nos a fidelidade e a santifica-
fica-os na verdade; a tua Palavra é a ver- ção; (2) torna-nos valorosos em defesa da
dade.” A Bíblia é inteiramente verdadeira justiça, e nos fortalece nas adversidades
em tudo quanto afirma. Quando aplica- e aflições; (3) não há quem amplie mais
mos este substantivo (veracidade) às Sa- nossa visão, fortaleça nossa fé, eleve os
gradas Escrituras estamos fazendo justiça nossos pensamentos, corrija-nos do erro,
ao que ela é de fato. A Palavra de DEUS fortaleça-nos o caráter, do que a santa

Estudos Bíblicos 19
Palavra de Deus; (4) de todos os livros, tico”. O “cânon da verdade” significava o
nenhum contém lições tão instrutivas, ensino oficial da Igreja que está de acor-
preceitos tão puros, nem tão grandio- do com as Escrituras. A Igreja, “coluna e
sas promessas, quanto a Bíblia Sagrada baluarte da verdade” (1 Tm.3:15), ensi-
(Êx.34:7; Sl.119:9; Pv.30:5; Rm.2:11). nava uma doutrina viva, que era tanto o
3. Sua Suprema Autoridade: a nature- “cânon da verdade”, quanto doutrina que
za da autoridade bíblica é verificada pela está em total harmonia com as Escritu-
sua “inerrância” (sem erro, verdadeira) e ras, das quais foi tirada. Em Tertuliano
“infabilidade” (jamais falha). A própria (155-220 d.C.), a doutrina da Igreja “é a
Bíblia afirma ser infalível e inerrante: (1) regra de fé”, que estando em harmonia
Deus é o Seu Autor e, portanto, ela retra- com as Escrituras, é um resumo claro
ta o caráter infalível de Deus (Nm.23:19; daquilo que os cristãos devem crer. Ela
1 Sm.15:29; 2 Tm.3:16; Tt.1:2; Hb.6:18); ajuda na exegese correta das Escrituras e
(2) uma qualidade da mensagem divina no discernimento da sua unidade e con-
é a sua veracidade absoluta (Dt.13:1-5; sistência.”
18:20-22); (3) o Senhor Jesus deu tes-
temunho da autoridade das Escrituras VI – CONCLUSÃO:
(Mt.5:17-20; Jo.10:34,35).
4. Sua Suprema Autoridade em Ma- A palavra conduta vem do latim “com
téria de Fé e Conduta Prática: Embora ducere”, que significa “maneira de agir”,
esta afirmação, que está em nossa Base “de conduzir-se”. A conduta da vida
de Fé, tenha sido chamada de “o prin- cristã deve ser dirigida à obediência da
cípio formal da Reforma Protestante do Palavra de Deus. E assim, em sendo a
século XVI”, na verdade já se encontrava Bíblia o nosso “manual de conduta prá-
presente desde o século II d.C. Em latim, tica”, torna-se fundamental o seu conhe-
a expressão “sola scriptura” (pelas Escri- -cimento. Como posso embasar a minha
turas somente) usada por Lutero, Zuín- vida sobre princípios que eu desconhe-
glio, João Calvino e outros reformadores, ço? Nossa atitude para com ela, mostra
significava que a Bíblia era a única auto- a nossa atitude para com Deus. Certo
ridade, como Palavra infalível de Deus, à autor, declarou: “A Bíblia é Deus falando
qual os cristãos deveriam recorrer, acima ao homem; é Deus falando, através do
de toda opinião humana e tradição ecle- homem; é Deus falando com o homem;
siástica - alusão à igreja católica romana, é Deus falando a favor dos homens; mas
que ensinava que a tradição tinha tanta é sempre DEUS falando!”.
(ou mais) autoridade do que a Bíblia. O Senhor Jesus proferiu uma bem-
Eugene M. Osterhaven, professor de te- -aventurança sobre os que ouvem e guar-
ologia sistemática, em Michigan (USA), dam a Palavra de Deus (Lc.11:28; Ap.1:3).
escreveu sobre o significado histórico da Os bereanos foram louvados neste parti-
expressão “regra de fé e conduta prática”, cular (At.17:11), e Paulo recomendou a
o seguinte: “Esta expressão já era usada Timóteo que era necessário manejar bem
na teologia da Igreja no último quarto do a Palavra da verdade (2 Tm.2:15). Deve-
século II, e significava a doutrina segura mos ser praticantes da Palavra de Deus, e
da fé cristã. Expressões sinônimas eram não somente ouvintes dela (Tg.1:22-25).
“cânon da verdade”, “regra da verdade”, (1) Conheça o seu Autor. Ninguém pode
“o cânon da Igreja”, e o “o cânon eclesiás- explicar melhor um livro do que o seu

Estudos Bíblicos 20
próprio autor (I Co.2:10-13); (2) Leia a ________________________________
Bíblia diariamente (Dt.17:19). É dever ________________________________
dos pais, praticarem o “culto doméstico”, ________________________________
como sacerdotes do lar e chefes de suas
famílias (Dt.6:4-8); (3) leia a Bíblia em ________________________________
oração (Sl.119:18; Ef.1:16,17). Devemos ________________________________
orar pedindo esclarecimento espiritual ________________________________
para entendermos a Bíblia (Sl.119:18). ________________________________
Na presença do Senhor, em oração, mui-
________________________________
tos servos de Deus no passado encon-
traram respostas às suas mais profundas ________________________________
indagações da verdade; (4) leia a Bíblia, ________________________________
aplicando-a a si mesmo (Js.5:14ss); (5) ________________________________
leia a Bíblia toda (Dt.29:29). O estudo ________________________________
das Sagradas Escrituras deve ser de uma
________________________________
forma sistemática e gradativa. Consagre
ao Senhor um horário para a leitura da ________________________________
Palavra e oração. Pouco adiantará uma ________________________________
leitura apressada ou preguiçosa; (5) Se ________________________________
as Escrituras são usadas de todas estas ________________________________
maneiras, então se tornam “úteis para o
________________________________
ensino” - como fortaleza da sã doutrina -
“para a repreensão” - isto é, para refutar ________________________________
o erro, o engano e o pecado - “para a cor- ________________________________
reção” - isto é, para desviar os homens ________________________________
do seus maus caminhos, reconduzindo- ________________________________
-os para o caminho da verdade - “para
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a educação na justiça” - que significa o
crescimento integral do crente no co- ________________________________
nhecimento e prática de uma vida cristã ________________________________
autêntica - com o objetivo final de que ________________________________
“o homem de Deus seja perfeito e per- ________________________________
feitamente habilitado para toda a boa
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obra”. Este exercício espiritual na prática
constante da Palavra de Deus, tornará ________________________________
cada cristão perfeitamente adaptado ao ________________________________
cumprimento de suas responsabilidades ________________________________
na Igreja de Cristo e no mundo. ________________________________
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Estudos Bíblicos 21
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Estudos Bíblicos 22
Estudo 03

UM SÓ DEUS
VERSÍCULO BÁSICO: “Há um só
Espírito...um só Senhor...um só Deus
e Pai de todos, que é sobre todos, por
meio de todos e em todos” (Ef.4:4-6).

Meditando Diariamente
na Palavra:

Segunda-feira - Gn.1:1,26; 11:7; Gl.3:20


Terça-feira - Jo.1:1-3,14,18; 14:8-17
Quarta-feira - Mt.3:16,17; 28:19;
Rm.15:30
Quinta-feira - Dt.6:4; 1Co.8:6; Cl.2:9
Sexta-feira - Jo.16:13-15; 15:26; 17:1,5
Sábado - Hb.11:6; Tg.2:19; 1Jo.5:5-8

Estudos Bíblicos 23
I – INTRODUÇÃO: buscado a Deus, em todas as eras e cul-
turas, seja através da religião, seja por sua
Nessa lição estudaremos a Doutrina de filosofia e razão.
Deus, em relação a Sua Existência e a Sua A convicção da existência de Deus é,
Natureza (Essência e “Triunidade”). Deus igualmente, necessária, pois não se pode
existe e se Auto-revela em sua criação, negá-la sem que se prive a própria natu-
em Sua Palavra, mas, principalmente, reza do homem de sua intuição. Intuitiva-
por meio de Seu Filho encarnado: Jesus mente, qualquer homem “sabe” que Deus
Cristo. existe.
Deus se dá a conhecer na criação, mas (b ) Ela é Confirmada nas Escritu-
o homem não conseguiu se relacionar ras: É interessante observar que a Bíblia
com Ele por essa via (Rm.1:18-20). Deus, - que é a Palavra de Deus inspirada - não
então, enviou seu Filho Unigênito, o qual “tenta provar” a existência de Deus, pelo
se fez homem e O revelou aos que crê- simples fato de que o próprio Deus não
em nEle. Jesus Cristo é verdadeiro Deus, necessita provar Sua existência. Ele é o
verdadeiro homem; o Verbo eterno, a Pa- “Eu Sou” (Êx.3:14), eterno e imutável.
lavra viva, conforme dão testemunho as
A Bíblia, já em seu primeiro livro (Gê-
Santas Escrituras (2Co.4:4-6; Cl.2:2,3,9).
nesis), começa com a afirmação de que:
Ninguém conhece a Deus, a não o Seu “No princípio criou Deus...” e, até o fim,
Filho e aquele a quem Ele O quiser revelar afirma a Sua existência (Ap.22:16-21).
(Mt.11:27; Jo.1:18; 5:37-39; 6:46; 7:28,29; Entretanto, apesar disso, a verdade da
8:19; 10:15). Assim sendo, embora Deus existência de Deus só pode ser confirma-
tenha Se dado a conhecer ao homem, em da, plenamente, pela fé (Hb.11:6), e não
tudo o que fez e faz por meio do Seu Fi- pela razão humana (1Co.1:20,21).
lho, o homem, por sua vez, é incapaz de
conhecer a Deus, por si mesmo.
II - A DOUTRINA DA TRINDADE:

I – A EXISTÊNCIA DE DEUS: 1.Origem Histórica: Quase tão antiga


quanto o estabelecimento do cânon do
Não haverá sentido em tudo o que exis- Novo Testamento, esta doutrina só ficou
te (visível ou invisível), nem muito menos conhecida formalmente pela Igreja, no
em se falar do “conhecimento de Deus”, Concílio realizado em Constantinopla,
se não admitirmos que Deus existe. em 382 d.C. Até aquela data, surgiram
De fato, há um Deus pessoal, auto- muitos erros de interpretação a respei-
-consciente, auto-existente, que é a ori- to do que as Escrituras ensinam sobre a
gem de todas as coisas e que transcende Trindade Santa. Não havia uma doutrina
toda a criação, mas, ao mesmo tempo, é sistematizada sobre a Trindade, e quando
imanente em toda ela. Vejamos alguns alguns tentavam explicá-la racionalmen-
dos argumentos de Sua existência: te, incorriam em deficiências e imperfei-
(a ) Ela é Universal e Necessária: ções. A dificuldade de compreensão desta
Tanto as Escrituras quanto a própria doutrina decorre da limitação humana
história afirmam que é universal a con- em compreender a Natureza divina.
vicção de que Deus existe (Rm.1:19-21). A palavra “Trindade” nem sequer
A história do homem prova que ele tem aparece nas Escrituras, embora estives-

Estudos Bíblicos 24
se implícita em várias passagens, não só Surgiram, no entanto, os “arianos”
no Velho Testamento, mas, também, no - devido ao nome de Ário, que foi um
Novo. Não se encontra nos escritos dos notável defensor de uma heresia, no fi-
primeiros discípulos e cristãos do Sécu- nal do séc.III d.C.- os quais negavam a
lo I e início do Século II d.C. nenhuma divindade do Filho e do Espírito Santo,
menção à doutrina da Trindade. Somen- apresentando o Filho como primeiro ser
te na última década do segundo século, criado pelo Pai, e o Espírito Santo como
é que Tertuliano faz referência a ela e, o primeiro a ser criado pelo Filho. Desta
ao mesmo tempo, busca formular uma maneira, a consubstancialidade - ter uma
doutrina. Porém, é somente no Século IV só substância em comum - do Filho e do
d.C. que a igreja chega a uma formulação Espírito Santo com o Pai, ficou sacrifica-
doutrinária mais completa. Tal tem- da, preservando-se, apenas, sua unidade.
po de reflexão, entretanto, foi frutífero e O equívoco de interpretação agravou-se
necessário, uma vez que se trata de uma ainda mais, quando se afirmou que ha-
revelação de Deus em Sua Palavra, fun- via diferentes graus de dignidade entre
damental para uma melhor compreensão as três Pessoas da Divindade. Por outro
da natureza de Deus, de seu Ser em sua lado, também houve alguns que a tal
Essência e de suas formas de relacionar- ponto perderam de vista a unidade em
-se com toda a criação. Deus, que acabaram pregando o “triteís-
2.O Ponto de Vista Judaico: Os judeus mo”, afirmando que havia em Deus, não
no Antigo Testamento, e mesmo na era somente três Pessoas, mas, também, três
cristã, davam muita ênfase à unidade de essências distintas entre si, três substân-
Deus, isto é, eles viam apenas UMA PES- cias distintas, ou seja, três Deuses; o que,
SOA em Deus. O resultado foi que alguns obviamente, era (e é) uma heresia!
eliminaram completamente as distinções Além do arianismo, ainda surgiu uma
pessoais da Divindade, dando pouca im- outra corrente doutrinária denominada
portância à Segunda e Terceira Pessoas monarquianismo (ou sabelianismo), que
da Trindade Santa. de um lado (o chamado monarquismo
3. O Desenvolvimento Histórico da dinâmico), via Jesus apenas como ho-
Doutrina: Tertuliano (155-220 d.C.), mem e ao Espírito Santo como somen-
como mencionado a pouco, foi o primei- te uma “influência divina” presente na
ro a empregar a palavra “Trindade” e a criação, enquanto que, por outro lado (o
formular a doutrina, mas a sua formula- chamado monarquismo modalista), con-
ção foi deficiente, pois ele indicou haver siderava o Pai, o Filho e o Espírito Santo
uma certa subordinação hierárquica im- meramente como três modos sucessivos
plícita na própria Essência Divina e entre e distintos de manifestação do mesmo
as Pessoas da Trindade. Orígenes (185- Deus.
254 d.C.) foi mais longe e explícito ainda, A Igreja enfrentou essas e outras difi-
quando afirmou que “o Filho é subordi- culdades semelhantes, até encontrar uma
nado ao Pai quanto à essência, e que o doutrina baseada unicamente na revela-
Espírito Santo é subordinado até mesmo ção concedida por Deus, em sua Palavra.
ao Filho.” No decorrer dos anos, muitos O Concílio de Nicéia (325 d.C.) declarou
buscaram compreender, através das Es- que o Filho possui uma mesma essência
crituras, a interpretação doutrinária cor- com o Pai (co-essencial ao Pai), enquanto
reta da revelação de Deus de Si mesmo. que o Concílio de Constantinopla (381

Estudos Bíblicos 25
d.C.) afirmou a divindade do Espírito, no ficamos privados de dizer que haja três
entanto sem a mesma precisão com que Deuses ou Senhores. O Pai não foi feito
afirmara a do Filho. de coisa alguma, nem criado, nem gerado.
Finalmente, chegamos ao “Credo de O Filho procede do Pai somente, não foi
Atanásio” (296-373 d.C.) notável bispo feito, nem criado, mas gerado. O Espírito
da igreja em Alexandria, que comba- Santo procede do Pai e do Filho, não foi
teu com rigor o arianismo, tendo sido a feito, nem criado, nem gerado, mas pro-
sua intervenção na história considerada cedente. Há, portanto, um Pai, não três
como um marco fundamental para o Pais; um Filho, não três Filhos; um Espíri-
aprimora-mento da doutrina da trinda- to Santo, não três Espíritos Santos. E nesta
de, sem o qual “a Igreja provavelmente trindade não existe primeiro nem último;
teria caído nas mãos dos arianos” (Har- maior nem menor. Mas as três Pessoas co-
nack, em seu livro “History of Dogma”). eternas são iguais entre si mesmas; de sor-
Devido a sua importância, transcrevê-lo- te que por meio de todas, como acima foi
-emos, a seguir: dito, tanto a unidade na trindade como a
trindade na unidade devem ser adoradas.”
“A fé universal é esta: Adoramos um
Deus em trindade, e a trindade em uni-
dade. Não confundimos as Pessoas, nem 4. A Natureza de Deus: Sua Essência
separamos a substância. Pois a pessoa do
Pai é uma, a do Filho outra, e a do Espí- A expressão “essência” indica o aspec-
rito Santo, outra. Mas, no Pai, no Filho e to básico da natureza de Deus, ou seja,
no Espírito Santo há uma divindade, gló- se não houvesse essência, não poderia
ria igual e majestade coeterna. Tal qual haver atributos em Deus (Ele é Santo,
é o Pai, o mesmo são o Filho e o Espírito Justo, Eterno, etc), mas Ele seria apenas
Santo. O Pai é incriado, o Filho incriado, “uma ideia” ou “pensamento” humano.
o Espírito Santo incriado. O Pai é imen- Como, então, nos é revelada a essência de
surável, o Filho imensurável, o Espírito Deus? O teólogo escocês James Orr disse
Santo é imensurável. O Pai é eterno, o Fi- o seguinte, quanto a isso: “Não podemos
lho é eterno, o Espírito Santo é eterno. E, conhecer a Deus nas profundezas do Seu
não obstante, não há três eternos, mas sim Ser absoluto. Mas podemos, ao menos,
um eterno. Da mesma forma não há três conhecê-lo até onde Ele se revela em
incriados, nem três imensuráveis, mas um Sua relação conosco. A questão, portan-
incriado e um imensurável. Da mesma to, não é quanto à possibilidade de um
maneira o Pai é onipotente. No entanto, conhecimento de Deus na impenetrabi-
não há três seres onipotentes, mas sim um lidade do Seu Ser, mas é esta: Podemos
Onipotente. Assim, o Pai é Deus, o Filho conhecer a Deus procurando saber como
é Deus, e o Espírito Santo é Deus. No en- Ele revelou a Si próprio, supremamente,
tanto, não há três Deuses, mas um Deus. em Jesus Cristo...” (“O Conceito Cristão
Assim, o Pai é Senhor, o Filho é Senhor, de Deus e do Mundo”, p.11. 1893). O que
e o Espírito Santo é Senhor. Todavia, não encontramos, então, revelado nas Escri-
há três Senhores, mas um Senhor. Assim turas quanto a Essência de Deus?
como a veracidade cristã nos obriga a (a) Deus é Espírito: Deus não é, em
confessar cada Pessoa individualmente “essência”, qualquer substância material,
como sendo Deus e Senhor, assim também mas sim espiritual (Jo.4:24). Ele é Imate-

Estudos Bíblicos 26
rial e Incorpóreo (Lc.24:39). de nós, não está sujeito ao espaço-tempo
(b) Deus é Invisível: As Escrituras (para Ele tudo é um eterno agora), em-
afirmam isso, quando os israelitas não bora, ao mesmo tempo, Ele se relacione
viram “aparência nenhuma” do Senhor com toda a criação no espaço e no tempo
no monte Horebe (Dt.4:15-19). O pró- (passado, presente e futuro).
prio Deus o disse a Moisés (Êx.33:20); e (h) É Onipresente: Se Deus é infini-
os apóstolos João e Paulo o reafirmaram to, também está presente em toda parte
(Jo.1:18; Rm.1:20; Cl.1:15; 1Tm.1:17; (Sl.139:7-12; At.17:27,28).
6:16). (i) É Onisciente: Ele conhece a Si
(c) Ele é Vivo: Deus age, sente, traba- próprio, e apenas Ele conhece a Si mes-
lha, exerce Seu poder, ou seja, Ele não mo (1Co.2:11), mas também conhece
é algo “inanimado”, mas é vivo (Js.3:10; a todas as coisas, quer sejam reais ou
Sl.84:2), bem como é a fonte eterna de apenas “possíveis”, quer sejam passadas,
toda a vida (Jo.5:26; Sl.36:9). presentes ou futuras, e as conhece perfei-
(d) Possui Personalidade: As Escri- tamente e por toda a eternidade, de ma-
turas revelam que Ele tem Autoconsci- neira imediata, simultânea, completa e
-ência e Autodeterminação (Êx.3:14; verdadeira (Sl.19:1-6; 33:13-15; 139:1-10;
Is.45:5; Jo.23:13; Rm.9:11); Inteligência 147:5; Pv.15:3,11; Is.46:9,10; Jr.23:23-25;
(Gn.18:19; Êx.3:7; At.15:18); sensibi- Hb.4:13).
lidade (Gn.6:6; Sl.103:8-13); vontade (j) É Onipotente: Ele pode fazer o que
(Gn.3:15; Sl.115:3; Jo.6:38); Ele fala desejar, mas como Sua vontade é limita-
(Gn.1:3); vê (Sl.94:9); tem zelo (Êx.20:5); da por Sua natureza, isto significa que Ele
é compassivo (Sl.111:4); etc. não pode fazer algumas coisas: (1) as que
(e) É Auto-existente: Isto é Ele, em são contrárias à Sua natureza, como “ver
Sua própria natureza, existe em Si mes- o mal” (Hab.1:13; Tg.1:13); (2) negar-
mo, pois não depende de coisa alguma -se a Si mesmo (2 Tm.2:13); (3) mentir
fora de Si para existir (Êx.3:14). Assim (Hb.6:18). As Escrituras afirmam a Sua
sendo, Ele não tem origem em nada, e onipotência (Gn.17:1; Jó 42:2; Jr.32:17,27;
nunca deixará de Ser, isto é, nunca terá Mt.19:26; Lc.1:37).
fim. (k) É Imutável: Tudo o que muda,
(f) É Infinito: Deus não está limitado muda para melhor, ou para pior. Mas
por nada: nem pelo espaço, nem pelo Deus, não pode mudar para melhor,
tempo (1Re.8:27; 2Cr.2:6; Sl.139:7ss). porque é absolutamente perfeito; nem
Deus é imanente, ou seja, nada que existe para pior, pelo mesmo motivo. A Pa-
está separado de Sua presença. Por outro lavra de Deus revela a Sua imutabi-
lado, Ele é transcendente, isto é, não se lidade (Sl.102:26,27; Is.46:10; Ml.3:6;
confunde com universo criado (visível e Rm.4:20,21; 2Co.1:20; Tg.1:17).
invisível), mas está além dele, e sobre to- (l) É Santo: Denota a perfeição de
das as coisas exerce Seu domínio. Deus em tudo o que Ele é, e em tudo o
(g) É Eterno: Isto é, nunca teve início que Ele faz. É maravilhoso pensarmos
e jamais deixará de existir (Gn.21:33; que a própria vontade de Deus é a expres-
Sl.90:2; 102:27; 1Tm.1:17). Nesse sentido, são de Sua natureza, que é Santa! Deste
entendemos que Deus, diferentemente modo, “o bem” não existe porque Deus

Estudos Bíblicos 27
anteriormente desejou que ele existisse, mem, existe com infinita perfeição em
mas porque é um atributo necessário Deus. A grande diferença entre ambos
pertencente à Sua própria essência e na- é que o homem é um ser unipessoal,
tureza: Deus é Santo! Por isso deseja que enquanto Deus é tripessoal. Quando
sejamos santos, como Ele o é. A santida- meditamos na relação existente entre as
de de Deus é a base sobre a qual está es- três Pessoas da Trindade, quanto à Es-
tabelecido o Seu trono de glória (Sl.47:8; sência de Deus, concluímos que todo o
89:14; 97:2). As Escrituras exaltam este esforço de compreensão humana falha,
atributo de Deus (Lv.11:44,45; Js.2:19; e ficamos profundamente conscientes
1Sm.6:20; Sl.22:3; Is.40:23; Jo.17:11; de que a Trindade é um mistério que ul-
Hb.12:10; 1Pe.1:15,16; Ap.4:8). trapassa a nossa possibilidade de com-
(m) É Justo: É a retidão revelada em preensão.
Deus no Seu relacionamento com toda Cada uma das pessoas da trindade
a criação. Ele age com justiça, atribuin- divina, por serem uma só Essência, têm
do responsabilidades, castigando toda os mesmos atributos e características.
a desobediência e ação contrária à Sua Todas as Pessoas da Trindade são co-
santidade e natureza, estabelecendo -eternas, oniscientes, onipotentes, oni-
Sua Lei para ser cumprida, requeren- presentes, etc. Assim sendo, Eles tra-
do o castigo para a sua transgressão, ou balham em comum acordo, como UM
aceitando o sacrifício vicário de Cristo, SÓ, em tudo o que realizam (Lc.3:21,22;
como cumprimento de Sua justiça so- Jo.14:8-11). Não existe nenhuma pos-
bre o pecado (Sl.9:16; 11:7; 33:5; 119:75; sibilidade de uma ação isolada (sepa-
Is.42:1; Jr.33:16; Rm.1:16,17; 3:22; rada) de qualquer uma dessas Pessoas
5:16-18; 8:4; 2Co.5:21; 1Jo.2:29; 3:7,10; da Trindade. Resumidamente, com
Ap.19:8). base nas Escrituras, pode-se concluir
(n) É Bom: Nada há em Deus que não da doutrina da Trindade, os seguintes
expresse Sua bondade. Ela está presente pontos-chave:
em todos os Seus atributos (Sua santida- (a) Há, em Deus, apenas uma Es-
de, amor, verdade, misericórdia, graça, sência Indivisível. Deus é um em Seu
etc), pelos quais Se relaciona com toda a ser essencial, ou seja, em Sua natureza
criação. Nesse sentido, não há ninguém constitucional. Essa proposição doutri-
bom, senão Ele mesmo (Mc.10:18). O nária concernente à unidade de Deus
Senhor Jesus enfatizou este atributo de baseia-se em passagens como: (Dt.6:4;
Deus, em Mt.5:45-48). As demais Escri- Jo.10:30; 14:8-10; 17:21-23; Ef.4:6;
turas também o afirmam (Sl.25:8; 100:5; 1Tm.2:5; Tg.2:19). Toda a indivisível
145:9,15,16; Jo.3:16; At.14:17; Ef.2:4; essência de Deus pertence igualmente a
Tg.1:17; 1Pe.2:3). cada uma das três Pessoas. Quer dizer
que a essência não está dividida entre
5. A Natureza de Deus: Ele é Triúno: as três Pessoas. Ela (a essência Divina)
Pai, Filho e Espírito Santo. não tem existência à parte e fora das três
Pessoas.
A forma original da personalida- (b) Neste único Ser Divino há três
de não está no homem, mas em Deus. Pessoas individuais, o Pai e o Filho e
Aquilo que aparece imperfeito no ho- o Espírito Santo. Isto é ressaltado pelo

Estudos Bíblicos 28
fato de que as auto-distinções do Ser Di- III - CONCLUSÃO:
vino implicam em distinções de Pessoas
(“Eu”, “Ele”, “Tu” - Jo.17), que assumem A doutrina da Trindade é essencial-
relações pessoais uns para com os ou- mente uma revelação de Deus em Sua
tros (Mt.3:16; 4:1; Jo.1:18; 3:16; 5:20-22; Palavra, e não pode ser compreendida
Jo.14:26; 15:26; 16:13-15). inteiramente pela lógica racional huma-
(c) Não há subordinação de uma na.
Pessoa da Trindade a Outra, no que diz Sabemos, porém, que as Escrituras
respeito ao Ser Divino, e, portanto ne- ressaltam em Deus a Unidade da Es-
nhuma distinção de dignidade ou grau sência e Trindade das Pessoas; que cada
na divindade. “A única subordinação de uma dessas três Pessoas possui a Essên-
que podemos falar é uma subordinação cia toda e, nessa proporção, é idêntica a
quanto à ordem e ao relacionamento. cada uma das outras duas Pessoas; que
Quanto à subsistência pessoal o Pai é a uma Pessoa nunca está, e nunca pode
primeira pessoa, o Filho é a segunda, e estar, sem as Outras duas; que a Essência
o Espírito Santo é a terceira (Mt.28:19). divina pertence a cada uma das Pessoas,
O Pai não é gerado por nenhuma das em conformidade com o seguinte: o Pai
outras duas pessoas, nem delas procede; é o “gerador”, o Filho é “gerado”, e o Es-
o Filho é eternamente gerado pelo Pai pírito Santo é “procedente” do Pai e do
(Sl.2:7; Hb.1:5; 5:5), e o Espírito Santo Filho. Por fim, cabe ressaltar; que as três
procede do Pai e do Filho desde toda a Pessoas são iguais e co-eternas; que não
eternidade (Jo.14:16,17)”. há três Deuses, mas um só e único Deus
A Escritura indica claramente uma Santo, Vivo, Eterno, Imutável, Onipo-
ordem existente na Trindade essencial, tente, Onipresente, Onisciente, Justo,
relativa às obras externas ao Ser Essen- Verda-deiro, Criador e Sustentador de
cial, que se atribuem mais particular- todas as coisas, visíveis e invisíveis, que
mente a cada uma das pessoas. Ela (a é imanente e transcendente; que em Si
ordem) é mencionada para expressar a mesmo tem a vida, é auto-existente e
ideia de que todas as coisas provém do auto-suficiente, sendo a fonte de toda
Pai, mediante o Filho, e no Espírito San- a existência: de quem, através de quem
to...” (compare com: 1Co.8:6; Cl.1:15- e para quem são todas as coisas. “A Ele,
17; Hb.13:20,21; Mc.13:11; Lc.4:14, 18; pois, a glória eternamente. Amém.”
1Co.2:9-13; Fp.2:13). Há certos atribu- (Rm.11:36).
tos pessoais pelos quais se distinguem as
três pessoas: são operações pessoais, não
realizadas pelas três pessoas juntas, e são
incomunicáveis. A geração é um ato do
Pai; a filiação pertence exclusivamente
ao Filho; e a processão (procedência) só
pode ser atribuída ao Espírito Santo...O
ato da justificação é primariamente
do Pai; o da redenção do Filho; e o da
santificação do Espírito Santo...” (Louis
Berkhof).

Estudos Bíblicos 29
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Estudos Bíblicos 30
Estudo 04

O Pecado
VERSÍCULO BÁSICO: “Como está
escrito: Não há nenhum justo, nem
um sequer; pois todos pecaram e es-
tão destituídos da glória de Deus.”
(Rm.3:10,23).

Meditando Diariamente
na Palavra:

Segunda-feira - Gn.3:1,26-27
Terça-feira - Rm 3.9-23; 5.12-21; 6.23.
Quarta-feira - Mt.3:16,17; 28:19; Rm.15:30
Quinta-feira - Cl.2:9 ; Tg 1.12-16; 3.11-12.
Sexta-feira - Jo.15:26; 17:1,5; 1ª 1.5-9; 2.1-2.
Sábado - Pv 28.13; I Cor 5; 6.12-20;
7.1.

Estudos Bíblicos 31
I – INTRODUÇÃO: que nenhum outro ensino ou teoria lhe
fornece.
O homem ocupa um lugar importante
nas Escrituras, pois não é somente a “co- 2. A Natureza do Homem:
roa da criação”, mas também é objeto do
eterno amor de Deus. O estudo da dou-
Com as palavras ditas por Deus: “Faça-
trina do homem é geralmente colocado
mos o homem à nossa imagem, conforme
posteriormente ao estudo de Deus, dado
a nossa semelhança”, a bíblia demonstra a
que o conhecimento da Natureza divina é
condição original do homem, isto é, ele
pressuposto fundamental para a compre-
foi criado por um Ato direto de Deus, e
ensão das demais doutrinas bíblicas. Em
de maneira distinta dos outros seres vi-
nossa revista do estudo das Bases de Fé e
vos, os quais foram criados “cada um,
Doutrina da Igreja de Cristo, adotamos o
segundo a sua espécie” (Gn.1:12,21,25).
mesmo entendimento.
Em Gn.2:7, distinguem-se, claramente,
Assim sendo, nesta lição, que trata es-
os dois diferentes elementos da natureza
pecialmente da culpabilidade do homem
humana: material e espiritual, ou seja,
e de seu estado pecaminoso, veremos
corpo, alma e espírito. O corpo foi for-
como isso ocorreu e quais as suas conse-
mado “do pó da terra”, mas a alma pelo
quências, em relação a Deus e ao próprio
“sopro de Deus”. Compreendemos, deste
homem.
modo, que Deus utilizou material pree-
xistente na formação do corpo (o pó da
II – A ORIGEM DO HOMEM:
terra), mas na criação da alma e do espí-
rito, o Senhor Deus “lhe soprou nas nari-
Reconhecemos a veracidade e autori-
nas o fólego de vida, e o homem passou
dade das Escrituras como fonte singular
a ser alma vivente”. Outras passagens das
da verdade revelada por Deus, e não re-
Escrituras testificam desta dupla nature-
conhecemos outra proposta, dita “cien-
za do homem (Ec.12:7; Mt.10:28; Lc.8:55;
tífica”, que tenta explicar a origem e a
2Co.5:1-8; 1 Ts.5:23; Hb.4:12).
natureza do homem, sem a intervenção
direta de Deus, mas como obra do acaso, A importância desta dupla natureza no
tal como a “teoria da evolução” o faz. homem reside no fato de que ele, assim
1. O Relato Bíblico da Origem do Ho- como Deus é espírito, o homem é um ser
mem (Gn.1:26,27; 2:7,21-23): A Palavra espiritual, “alma vivente”. Os atributos es-
de Deus afirma que foi Ele mesmo quem senciais da alma são: capacidade de racio-
“criou” o homem (Gn.1:27;5:1,2;6:7; cínio (inteligência), consciência e vontade.
Dt.4:32; Sl.104:30; Is.45:12; 1Co.11:9); O homem, assim, difere de todos os outros
que, quanto à constituição corporal do seres vivos, possuindo a capacidade de
homem, Ele o “formou do pó da terra” governar (Gn.1:28), liberdade de escolha
(Gn.1:26; Sl.100:3; 103:14; 1Tm.2:13) e, consciente (Gn.2:15-17) e possibilidade de
quanto a sua natureza imaterial (espiri- se relacionar com Deus (Gn.3:8-11).
tual), o homem foi feito pelo “sopro de
Deus” (Gn.2:7; Jó 33:4,5; Ec.12:7). Este III – A DOUTRINA DO PECADO NAS
verdadeiro ensino da Palavra de Deus ESCRITURAS:
confere ao homem uma dignidade em
sua constituição e natureza espiritual, Pecar significa, literalmente, “errar o

Estudos Bíblicos 32
alvo”; “fracassar” (do grego “hamarthia”). disto, em Rm.2:12-16.
Pecar é afastar-se daquilo que Deus pla- Os altares banhados de sangue e as fre-
nejou para o homem, por meio da prática quentes confissões de agravo, feitas por
de ações contrárias à Sua natureza divina. pessoas que buscam se livrar do mal, apon-
O Novo Testamento descreve o pe- tam em conjunto para o conhecimento do
cado sob boa variedade de expressões, pecado e da gravidade do mesmo.
cada uma delas com significado peculiar: A universalidade do pecado está regis-
(a)“anomia” (I Jo.3:4) – desregramento, trada, entre muitas outras, nas seguintes
desvio da verdade conhecida, da retidão passagens da Bíblia: Gn.6:5; I Re.8:46;
moral; (b)”asebeia” (II Pe.2:6) – opo- Sl.51:5; 53:3; 143:2; Pv.20:9; Ec.7:20;
sição a Deus, em autêntica rebelião da Is.53:6; 64:6; Rm.3:9-12,19,20,23; 5:12-21.
alma; (c) “parabates” (Mt.6:14; Tg.2:11)
– transgressão contra princípios piedosos
reconhecidos; (d) “paranomia” (At.23:3; 2. Culpabilidade de Todos os
II Pe.2:16) – a quebra da lei, o afasta- Homens (Rm 3:9,23; 5:12):
mento da lei moral; “paraptoma” (Ef.2:1)
– passos em falso; desvio proposital pela Algumas pessoas acreditam que o con-
tangente; etc. Seja como for, seja qual for ceito de pecado é inerente a cada ser hu-
o termo usado, uma coisa é certa: “o pe- mano, ou seja, é relativo a cada indivíduo.
cado tem sempre relação com Deus”. A Cada um terá o seu próprio código de
expressão que melhor define o pecado é: conduta, uma espécie de “lista particular”
“desobediência ou rebelião contra Deus”. do que considera certo ou errado. Mas o
que a Palavra de Deus ensina a respeito
1. Pecaminosidade Universal do pecado? Vejamos:
a) A Origem do Pecado
Ainda que muitos tenham opiniões di- No ambiente do Jardim do Éden en-
ferentes quanto ao caráter do pecado e o contramos a figura da serpente, que é
modo como o mesmo se originou, bem Satanás, a qual enganou Eva com a sua
poucos se inclinam a negar o fato de que astúcia e a fez transgredir o mandamen-
o pecado é um tormento no coração do to de Deus. De onde se originou tanta
homem, em todos os quadrantes da terra. malignidade? Tanta mentira? Tamanha
A própria história das religiões pagãs tes- arrogância contra Deus? Encontramos
tifica a universalidade do pecado. A per- as respostas a essas questões na Palavra
gunta de Jó, escrita em Jó.25:4 - “Como de Deus. O pecado originou-se no mun-
seria justo o homem perante Deus, e do angelical, nas hostes celestiais. Em
como seria puro aquele que nasce de mu- Gn.1:1-31, lemos que Deus criou os céus
lher?” - é feita tanto por aqueles que co- e a terra e tudo o que neles há, e viu que
nhecem a revelação de Deus, quanto por tudo o que fizera era bom, mas quando
aqueles que a ignoram. lemos Is.14:12-20 e Ez.28:11-19 compre-
endemos que o mal se originou em Lúci-
A voz da consciência acusa o homem
fer, o querubim protetor, que é também a
diante do seu fracasso em alcançar o ideal
antiga serpente, o diabo e Satanás. A ter-
da vida perfeita, dizendo que ele está con-
ça parte dos anjos que o segui foi expulsa
denado aos olhos de alguém que possui
do “Monte Santo de Deus”, e habitaram
um poder superior. O apóstolo Paulo fala

Estudos Bíblicos 33
as regiões celestiais. Isso será assim, até re má”; ou será “filho de Deus”, ou “filho
aquele dia da grande batalha que será do diabo”. Não há um estado interme-
travada nos céus, conforme Ap.12:3-9. diário, um meio termo. Nesse aspecto,
Mas, em que momento ocorreu a rebe- não se pode dar “um jeitinho”. (Mt.3:10;
lião de Satanás? O momento exato não 7:17; 12:33; Lc.6:43; 11:23; 13:23-30;
está revelado nas Escrituras, mas o Se- Tg.3:11,12).
nhor Jesus nos diz, em Jo.8:44, que ele d) O Pecado Tem Caráter Absoluto:
peca desde o princípio.
Não há condição neutra entre o bem
b) A Origem do Pecado para o Homem: e o mal. As Escrituras não ensinam ne-
A narrativa de Gn.3 nos ensina que o nhuma posição de que o pecado pode
pecado surgiu para a humanidade pela conviver com a Santidade de Deus. Ou o
transgressão de Adão e Eva. Com seu ato homem será “árvore boa”, ou será “árvo-
de desobediência a Deus, o homem pas- re má”; ou será “filho de Deus”, ou “filho
sou a ser escravo do pecado e da morte, e do diabo”. Não há um estado interme-
“a morte passou a todos os homens, por diário, um meio termo. Nesse aspecto,
que todos pecaram” (Rm.5:12). Adão não se pode dar “um jeitinho”. (Mt.3:10;
pecou e como pai da raça humana tor- 7:17; 12:33; Lc.6:43; 11:23; 13:23-30;
nou-se seu representante, transmitindo Tg.3:11,12
a todos os seus descendentes a sua “na-
tureza pecaminosa” e, portanto, a culpa
3. Deus sabia que o homem haveria de
do pecado é contabilizada para todos
pecar?
os que descendem dele, estando todos
sujeitos à morte e escravizados pelo pe-
cado (Jo.8:32-36). Deus considera todos Evidentemente, Deus sabia que o ho-
os homens pecadores à semelhança de mem haveria de pecar, pois Ele é onis-
Adão e providenciou a salvação unica- ciente. Porém, isto não é a mesma coisa
mente por meio do Senhor Jesus Cristo que dizer que o homem foi abandonado
(Rm.3:10-18,23; 5:14-21). ao pecado por Deus. O pecado já existia
c) O Caráter Essencial do Pecado: antes mesmo da queda, e quando o ho-
mem o abraçou não o fez como se essa
A essência do pecado do homem está
fosse a única opção que tinha. Pecar, ou
no fato de que ele se colocou em oposi-
não pecar, era uma escolha do homem.
ção a Deus e O desobedeceu. Recusou-se
Toda a situação era favorável a Adão,
a se sujeitar à vontade de Deus de modo
mas, assim mesmo, ele desobedeceu ao
que Deus determinasse o curso da sua
Senhor.
vida, vivesse em inteira dependência de
Deus e nEle confiasse. No entanto, o ho- Deus não fez o homem para pecar.
mem creu na mentira de Satanás, deso- Porém, diferentemente dos animais, que
bedeceu a Deus e ensoberbeceu-se. seguem apenas seus instintos, Deus con-
cedeu ao homem a dádiva do livre arbí-
d) O Pecado Tem Caráter Absoluto:
trio, isto é, deu-lhe a capacidade de esco-
Não há condição neutra entre o bem lher entre o certo e o errado (Gn.1:26-30;
e o mal. As Escrituras não ensinam ne- 2:16,17), porque não pode existir criatu-
nhuma posição de que o pecado pode ra moral, sem capacidade de escolha. En-
conviver com a Santidade de Deus. Ou o tretanto, de modo algum Deus desejou
homem será “árvore boa”, ou será “árvo- que o homem pecasse, visto que “Deus

Estudos Bíblicos 34
não pode ser tentado pelo mal, e a nin- visível na mesma condição, conforme
guém tenta” (Tg.1:13-15). se pode perceber claramente na pará-
bola do rico e Lázaro (Lc.16:19-31).
4. Consequências do pecado:
6. A morte nas Escrituras:
O homem tornou-se escravo do pe-
cado. Ele não pode, pela sua própria Como vimos, a morte é a setença de
vontade, e contra o impulso firme de Deus contra o pecado. As Escrituras
sua natureza pecaminosa, obedecer destacam três aspectos para a morte:
a Deus em tudo, por que ele se tor- a) a morte espiritual, na qual o ho-
nou escravo do pecado (Jo.8:34,44; mem ainda vive fisicamente, mas está
Rm.3:23). separado (morto) de Deus (Rm.3:23;
Na verdade, o pecado está no ho- Ef.2:1; 1Tm.5:6);
mem, independentemente de sua b) a morte física, na qual há a se-
vontade própria. Ele já nasce pecador, paração da alma e espírito, do corpo
antes mesmo de praticar qualquer ação (Lc.16:22,23; 23:42-46; Hb.9:27);
(Sl.51:5). Por causa do ato de desobedi-
c) a morte eterna ou a segunda mor-
ência de Adão, é que todos os que nas-
te, na qual ocorre a separação eterna
ceram dele pecaram. É uma questão de
e definitiva de Deus. Então, no dia
natureza, e não de livre escolha.
do juízo final, diante do trono branco
Assim sendo, o caráter pecaminoso e do Juiz de toda a terra, aquele, cujo
no homem determina o seu destino: “a nome que não for achado escrito no
lei do pecado e da morte” (Rm.7:15-21; Livro da Vida, receberá a sentença da
8:2). segunda morte, que é a separação eter-
na de Deus. (Mt.25:41,46; Jo.5:28,29; 2
5. Haverá perdão após a morte? Ts.1:8,9; Ap.21:8).

Não haverá perdão após a morte, IV – O cristão e o pecado:


para o pecador que não creu em Je-
sus, como seu suficiente salvador. A 1. É possível o crente pecar? Mt.6:12;
Palavra de Deus afirma, em Jo.3:18: “... 14-15; 18:21-35; I Jo.1:8-2:2.
mas quem não crer já está condenado;
Para muitos crentes, a descoberta de
porquanto não creu no nome do Uni-
que, após terem aceitado a Jesus como
gênito Filho de Deus”. E, também, em
Salvador, ainda estavam sujeitos ao
Jo.3:36b:”... mas quem não crer no Fi-
pecado, foi tão extraordinária quanto
lho... a ira de Deus sobre ele permane-
o próprio fato de agora saberem que
ce”. Em Hb. 9:27, diz-se que: “...depois
eram novas criaturas.
da morte, segue-se o juízo”. E ainda, em
Mc. 16:l6: “...quem não crer será conde- Que é possível o crente pecar é as-
nado”. Assim, o pecador já está “morto sunto que se salienta em toda a Es-
em ofensas e pecados” e no momento critura. Só no Novo Testamento, há
da morte física ele entra no mundo in- capítulos inteiros, como por exemplo

Estudos Bíblicos 35
Romanos 7 e 8, que mostram o conflito nidade de blasfemar contra Deus (2
interior do crente entre a natureza divi- Sm.12:14);
na que nele habita, e a natureza humana, c) morte prematura (At.5:1-11; I
mostrando a possibilidade do crente vir Co.11:30; IJo.5:16);
a pecar. A diferença está em que o crente
d) causar escândalo e tropeço
recebe a remissão dos pecados, no San-
(Rm.14:13-21; ICo.8:9-13).
gue de Jesus, o qual é a “propiciação pe-
los nossos pecados”, diferentemente do 4. Como o crente deve tratar o pecado?
descrente. A bíblia recomenda que o crente deve
reconhecer o seu erro (Sl 51:3); evitá-lo
(ITm.5:22; II Co.6:14-18; 7:1); detestá-
2. Qual a causa do pecado do crente?
-lo (Jd23); resisti-lo (Tg.4:4-8); confes-
sá-lo (IJo.1:9; Tg. 5:16); abandoná-lo
A Palavra de Deus aponta algumas (Pv.28:13).
causas para que isso ocorra:
a) A presença do pecado em nosso V – CONCLUSÃO:
corpo mortal (Rm.7:14-25; Tg.1:12-16);
b) amar o sistema mundano, que está
Em Gn.2:16,17 encontramos a orde-
sob o domínio de Satanás (I Jo 2:15-17);
nança de Deus ao homem, cuja trans-
c) não andar segundo a Vontade gressão trouxe a entrada do pecado e
de Deus e direção do Espírito Santo da morte ao mundo. As Escrituras nos
(Gl.5:16-25); afirmam que Deus não pratica o erro
d) falta de oração, vigilância e obe- (Jó.34:10); que Deus é Santo (Is.6:3); que
diência à Palavra de Deus (Mt.26:41; não há nEle injustiça (Dt.32:4; Sl.89:14);
Jo.17:14-17); que Ele não pode ser tentado pelo mal,
e) falta da armadura de Deus (Ef.6:10-15). e a ninguém tenta (Tg.1:13); que Ele
aborrece o pecado (Dt.25:16; Sl.5:4;
O crente que relaxa o hábito da oração
11:5; Zc.8:17); e que o pecado é de intei-
e da leitura e estudo da Bíblia, está incor-
ra responsabilidade de quem o pratica
rendo em sérios riscos espirituais, po-
(Ez.18:20; Tg.1:14,15).
dendo se tornar presa fácil do adversário.
Entretanto, não podemos nos esquecer Quando Deus criou o homem, criou-
de que, ninguém que afirme ser cristão, -o conforme a Sua imagem e semelhan-
vive na prática do pecado (IJo.3:4-6). ça, sem pecado, para que ele vivesse para
a glória de Deus. Em Cristo Jesus, Deus
providenciou a restauração deste Seu
3. Quais as consequências do pecado plano original para os que crêem nEle,
na vida do crente? como o seu único e suficiente Senhor e
Dentre as muitas consequências do Salvador.
pecado na vida do crente, temos: Você já foi libertado de uma vida es-
a ) Perda da comunhão com Deus cravizada pelo pecado? Sua vida agora é
(I Jo 1:5-7); dedicada à glória de Deus?
b) os inimigos encontram oportu-

Estudos Bíblicos 36
Estudo 05
A
JUSTIFICAÇÃO
PELA FÉ
VERSÍCULO BÁSICO: “Tendo sido,
pois, justificados pela fé, temos paz
com Deus, por nosso Senhor Jesus
Cristo” (Rm.5:1).

Meditando Diariamente
na Palavra:

Segunda-feira -Is.53; 1 Pe.2:24


Terça-feira - Jó 25:4; Rm.3:24; 5:1,2,9,18-21
Quarta-feira - Sl.143:2; Rm.8:1,2,31-39
Quinta-feira - Sl.32:2; At.13:38,39
Sexta-feira - Jo.10:27-29; Ef.2:8,9,14-17
Sábado - Rm.4:6; 2 Co.5:19-21

Estudos Bíblicos 37
I – INTRODUÇÃO: Rm.5:1-2; 8:1-2, 31-39; 1Jo.5:1-13.
Não há como aceitar a perda da salva-
Estudaremos, a partir desta lição, uma ção, à luz das Escrituras. As decisões e pro-
das mais importantes doutrinas da Igre- pósitos divinos são imutáveis (Rm.11:29).
ja: a doutrina da salvação. Os teólogos a Deus não está sujeito às incertezas do pro-
chamam de “soteriologia”, que é a parte ceder humano, e tão pouco age diante de
da teologia que estuda a doutrina da sal- méritos humanos.
vação. A expressão soteriologia vem do
grego sõteria, que significa “salvar”; “salva- II – A DOUTRINA DA SALVAÇÃO:
dor” ou “libertador” encontrada em textos
como: Lc.2:11; Ef.1:13; Hb.7:25). Adotaremos aqui a mesma divisão uti-
Quase a totalidade dos grupos religio- lizada por Myer Pearlman, em seu livro
sos atuais, não pregam a certeza de sal- “Conhecendo as Doutrinas da Bíblia”, para
vação. Alguns sequer cogitam disso, nem o estudo da doutrina da salvação. Ela a
crêem na possibilidade da salvação, como subdividiu em três aspectos: justificação,
os espíritas, por exemplo. Já os católicos regeneração e santificação, como partes
romanos pensam que a salvação só é pos- integrantes e inseparáveis de uma mesma
sível com o concurso das obras, e ninguém verdade.
(senão Deus) pode saber quem é salvo, ou 1. Justificação - é o ato de Deus pelo
não. Por isso, praticam missas em sufrágio qual Ele declara justo aquele que crê em
das almas, acrescidas das indulgências, vo- Jesus Cristo. O homem, que era culpado
tos e penitências aos santos, na tentativa e condenado perante Deus, agora é absol-
de “colaborar com Deus” para a salvação vido e declarado justo pelo próprio Deus
de seus entes queridos falecidos. (justificado), por meio de Jesus Cristo
Entre os evangélicos, há os que defen- (Rm.5:1). Nos que estão em Cristo, a jus-
dem a predestinação determinista, isto é, tiça de Deus é manifestada (2Co.5:21) e
Deus já teria determinado os que serão por Ele obtemos o perdão dos pecados
salvos e perdidos, independetemente de (Ef.1:7).
qualquer atitude ou manifestação da von- 2. Regeneração e Adoção – regenerar
tade deles. Por outro lado, há quem ensine significa gerar de novo. O homem, morto
a perda da salvação, ou seja, a salvação es- em transgressões e ofensas, precisa de uma
taria condicionada a certos pré-requisitos nova vida em Cristo, sendo esta concedi-
que, se não cumpridos, sujeitaria ao trans- da pelo ato divino do novo nascimento
gressor à perda da salvação. Há, ainda, os (Jo.1:12,13; 3:3-5). Sugere uma cena fami-
que anunciam o evangelho da prosperi- liar. O crente é um com Cristo, em virtude
dade, do “aqui e agora” e, nem ao menos de sua morte expiatória e do Seu Espírito
falam em salvação, estando mais interes- vivificante. Nele somos feitos novas cria-
sados em lucros, domínio, posição eclesi- turas, com uma nova vida (2Co.5:17). O
ástica e outros assuntos. novo homem, em Cristo, torna-se her-
A Igreja de Cristo no Brasil crê, à seme- deiro de Deus e membro de Sua família
lhança de grande parte das igrejas evan- (Rm.8:14-17).
gélicas tradicionais, no que a Palavra de 3. Santificação – a salvação é um pro-
Deus ensina, a qual nos mostra, com ab- cesso que se inicia na conversão e termina
soluta clareza, que se alguém é salvo, está na ressurreição de nossos corpos, na dia
salvo para sempre, conforme Jo.10:27-30; da vinda do Senhor Jesus Cristo. Assim,

Estudos Bíblicos 38
a “santificação”, como parte da salvação, (Jo.8:21-24; Ap.20:11-15).
está relacionada à separação da proprie- A Bíblia é muito clara sobre este fato: O
dade exclusiva de Deus (que somos nós) homem está perdido e precisa ser achado
para uma vida que O glorifique (Rm.12:1- (Lc.19:10); está condenado e precisa de
2). Tendo paz com Deus, e tendo recebi- absolvição (Is.53:6); está espiritualmente
do uma nova vida, o novo homem, des- morto e precisa de vida (Ef.2:1); está em
sa hora em diante, dedica-se ao serviço trevas e necessita de luz (Jo.1:4,5,9); está
de Deus. Comprado por elevado preço doente e necessita de médico (Mt.9:12);
(1Pe.1:14-19), já não é dono de si mesmo; é culpado e necessita de justificação
não mais vive na prática do pecado, mas (Rm.3:21-23); é pecador e necessita de
serve a Deus de dia e de noite (Lc.2:37). perdão (Rm.5:12-19); é um escravo e
Tal pessoa é santificada por Deus e, por precisa de libertação (Jo.8:32); é abso-
sua própria vontade, entrega-se a Ele para lutamente incapaz de salvar a si mesmo
viver em santificação e em novidade de (Is.64:6).
vida. Somos santificados (1Co.1:2), e Ele
é feito para nós santificação (1Co.1:30). IV – SALVAÇÃO PROVIDENCIADA:
Ele é o autor da salvação eterna (Hb.12:2).
O homem salvo, portanto, é aquele cuja Deus tomou a iniciativa na salvação
vida foi harmonizada com Deus, foi ado- do pecador. Foi Ele quem providenciou o
tada na família divina, e agora dedica-se a meio para que o pecador se aproximasse
servi-Lo. Em outras palavras, sua experi- dele (Jo.3:16; 16:8; Rm.10:8-17; Ef.2:8,9);
ência da salvação, ou seu estado de graça, a Graça nos foi concedida pelo Senhor e
consiste em “justificação, regeneração, até a fé salvadora, vem pelo ouvir, o ou-
adoção e santificação. Sendo justificado, vir a Palavra de Deus (Jo.1:16-17; Ef. 4:7;
ele pertence aos justos; sendo regenerado, Rm.10:17).
ele é filho de Deus; sendo santificado, ele
é santo, literalmente uma pessoa santa” 1. Cristo veio para ser o salvador
Hb. 12:14. (Mt.1:21):
O Unigênito do Pai se fez carne a fim
III – SALVAÇÃO NECESSITADA: de providenciar a salvação da humanida-
de (Jo.1:1,14; 3:16,17).
Por que falamos de salvação? Será que 2. A vida, morte e ressurreição de
todo homem necessita de salvação? A ne- Cristo, satisfizeram plenamente todas
cessidade da salvação do homem vinda as exigências de Deus Pai (ICo.15:14;
da parte de Deus se deve a dois fatos que Rm.4:25).
cada pessoa tem que enfrentar: Deus demonstrou sua plena aceitação
do sacrifício de Cristo, pelo fato de res-
a) O fato da pecaminosidade do ho- suscitá-lo dentre os mortos e assentá-lo à
mem (Rm.3:23) - todo homem é pecador sua destra, acima de todo o poder e auto-
(Sl.51:5; 1Jo.1:8-10); ridade (At.5:31,32; Fp.2:8-11; Hb.1:3, 13;
b) Deus é justo e santo (Sl.89:14; 36:6) 8:1; 10:12; 12:12).
- Deus condena o pecado, sendo Ele mes- Quando Cristo, voluntariamente, foi a
mo Juiz contra todos aqueles que morrem cruz, morreu como sacrifício (oferta) de
em seus pecados (Jo.3:36); a sentença é substituição em favor dos pecadores. O
o afastamento eterno da sua presença castigo de Deus contra o pecado caiu so-

Estudos Bíblicos 39
bre Ele (Is.53; Rm.5:6-11; 1Pe.2:24), satis- em Jesus? Se alguém não crer nele, como
fazendo toda a justiça divina. Agora, Deus irá confessá-lo? Confessá-lo como úni-
Pai não aceita outro mediador, entre Ele e co e suficiente Salvador e Senhor de sua
os homens (At.4:12; ITm.2:5). vida, significa entregar-se totalmente a
Ele. Crer, neste caso, também é obedecer
O que deve fazer então o homem ago- (Mt.7:21-29; Lc.6:46; 1Jo.2:4; At.16:30,31).
ra? A resposta se encontra em At.16:30,31,
onde se pergunta: “o que devo fazer para VI – A CERTEZA DE SALVAÇÃO:
ser salvo”? Cuja resposta foi: “Crê no Se-
nhor Jesus Cristo e serás salvo...”! Como posso ter certeza de salvação?
Resposta: Deus o declarou expressamente
V – SALVAÇÃO ACEITA: pela Sua Palavra! Ele afirma clara e cate-
goricamente que toda pessoa que confia
Aceitar a salvação gratuita de Deus, o sua vida a Cristo, é perdoada e salva, rece-
favor imerecido, é preciso: be a vida eterna e está segura para sempre
1. Arrepender-se de seus pecados (Jo.3:16; 5:24; 10:27-30; Rm.8:1-2, 31-39;
(Mc.1:15; Lc.13:3; At.2:37,38). 10:9,10).
O arrependimento consiste em uma
mudança de direção, uma mudança de VII - SALVAÇÃO ETERNA:
atitude com relação ao pecado, mudança
de comportamento, mudança de coração A salvação do crente genuíno é um ato
e mente (2 Co.7:10). A indiferença do pe- irrevogável! uma vez salvo, salvo para
cador é substituída por um desejo sincero sempre! uma vez filho de Deus, é filho
de salvação; a sua auto-suficiência, por para sempre, e não bastardo (Jo.1:11-13;
uma franca confissão de incapacidade Rm.11:29; Hb.12:6-8; 1Jo.3:1,2).
espiritual; o seu orgulho, por humildade. A doutrina da salvação eterna do crente
genuíno tira o medo e a dúvida do coração
2. Crer em Jesus Cristo, como seu úni- do homem, infundindo nele a confiança e
co e suficiente Salvador (Ef.1:13;2:8-9; a esperança; elimina os nocivos “ventos
1Jo.5:9-12; Mc.1:15; 16:15,16). de doutrina”, fornecendo-lhe a segurança
Crer no testemunho de Deus com e fortaleza no conhecimento da verdade.
respeito à pessoa e obra de seu Filho Leiamos alguns textos bíblicos que nos
(1Jo.5:9-13). Sendo um pecador, culpa- ensinam a segurança eterna do cristão:
do e perdido, ele deve crer no fato de 1. “O qual também nos selou e nos deu
que Cristo morreu por ele, levou os seus como penhor o Espírito em nossos cora-
pecados, tomou o seu lugar na cruz, re- ções” (2Co.1:22). Deus, em Jesus Cristo,
alizou uma obra perfeita, fazendo tudo nos deu do seu Espírito (v.21). O ato de
o que era necessário para a sua salvação. selar é uma forma de segurança contra a
(Hb.10:10,14-20; 1Jo. 5:13). abertura de documentos. Assim, os que
estão em Cristo, têm este selo do Espírito
3. Confessar a Jesus Cristo como Se- Santo que garante a sua propriedade di-
nhor e Salvador de sua vida (Rm.10:9,10). vina. Seu destino final é a nossa morada
Este é um passo importante e decisi- nos céus (Dn.6:17; Ef.1:13-14). A palavra
vo, por que é um ato definido de vonta- “penhor” significa “garantia; segurança”
de. Como saber se alguém creu, ou não, (2 Co.5:5; Ef 1:14), isto é, garantia de tudo

Estudos Bíblicos 40
quanto está envolvido na salvação. Pelo ria de Cristo na cruz, trazendo a remissão
selo do Espírito Santo, no espírito e alma dos pecados; o Espírito Santo testifica do
do homem regenerado, há uma transfor- perdão concedido, em Cristo, e realiza o
mação interior, mudando-o “de um ímpio novo nascimento; a vida cristã é obediên-
pecador, em um santo adorador”. Ele ga- cia; e sua perfeição é o cumprimento da
rantiu possessão final e completa de tudo o lei da justiça, no homem nascido de Deus
que a vida eterna significa. (Rm.5:1,2).
2. “Porque eu sei em quem tenho crido
e estou bem certo de que é poderoso para Deus, através do Espírito Santo, forma
guardar o meu depósito até aquele dia”. 2 em nós a imagem de seu Filho (Rm.8:29).
Tm. 1:12. O apóstolo está convicto, não Toda essa realização está muito acima
tem dúvidas, não tem receio, tem fé! Sabe das possibilidades humanas. Tudo nos
que Ele é poderoso e tem toda autorida- vem pela graça e méritos de Jesus Cristo
de nos céus e na terra (Mt.28:18). A vida (Rm.3:23-28; 6:23; Ef.2:8-10). A Deus de-
que é entregue a Deus está segura em suas mos glória! Amém!
mãos. Deus é quem a está guardando e este
depósito, ninguém o pode confiscar. A ex- _______________________________
pressão “até aquele dia” é muito séria, e nos
faz lembrar das palavras de Jesus aos seus ________________________________
discípulos: “Mas não vos alegreis porque se ________________________________
vos sujeitem os espíritos; alegrai-vos antes _________________________________
por estarem os vossos nomes escritos nos ________________________________
céus” (Lc. 10:20). Alegrai-vos! é a ordem
________________________________
do Senhor! O que nos resta fazer? Exultar!
Portanto, exultem cidadãos do céu! No céu ________________________________
não tem borracha, nem apagadores, nem ________________________________
revisores de texto. Se o seu nome foi escrito _________________________________
no céu, no livro da vida do cordeiro (Ap. _________________________________
21:27), você já está relacionado como um
_________________________________
morador da Nova Jerusalém, e ninguém
pode mudar este fato! _________________________________
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VIII - CONCLUSÃO: _________________________________
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A salvação é um Dom de Deus (Ef.2:8)
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e nos vem pela graça divina. Em relação à
justificação, Deus é o Juiz e Cristo é o nos- _________________________________
so advogado de defesa; o pecado do ho- _________________________________
mem é sua frontal desobediência e agravo _________________________________
contra Deus, cuja penalidade é a morte; a _________________________________
expiação no sangue de Jesus é o cumpri-
________________________________
mento da exigência divina expressada em
sua Lei, reveladora de Sua justiça e santi- ________________________________
dade; o arrependimento e a fé representam ________________________________
a convicção e aceitação da Obra expiató- _________________________________

Estudos Bíblicos 41
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Estudos Bíblicos 42
Estudo 06
JESUS O ÚNICO
REDENTOR
VERSÍCULO BÁSICO: “Mas vós
sois dele, em Cristo Jesus, o qual se nos
tornou da parte de Deus sabedoria, e
justiça, e santificação, e redenção” (1
Co.1:30).

Meditando Diariamente
na Palavra:

Segunda-feira - Êx.13:2,11-16;
Rm.3:24,25;
Terça-feira - 1Co.6:20; 15:56,57
Quarta-feira - Lc.1:68; 2:38; 1Pe.1:18,19
Quinta-feira - Jo.3:14-16; 8:32-36
Sexta-feira - 1Tm.2:5,6; Hb.9:22-28
Sábado - At.2:24; Ap.1:5;5:2,9

Estudos Bíblicos 43
I – INTRODUÇÃO: um parente tinha o direito de redimir
(vingar) o sangue da vítima (Nm.5:8;
1Re.16:11).
Na lição anterior, iniciamos o estudo
da doutrina da salvação. Agora, iremos Um aspecto interessante do significado
considerar, mais detidamente, os aspec- destas palavras, está relacionado com o
tos da doutrina relacionados ao significa- ano do jubileu. Quando alguma família
do e à importância da redenção em Cris- perdesse o direito de usufruir de um ter-
to Jesus, segundo a revelação de Deus em reno, por causa de dívida, por exemplo,
sua Palavra. este lhe deveria ser devolvido no ano do
jubileu, a cada cinquenta anos (Lv.25:8-
17). Para isso, antes desse ano, um pa-
II – A DOUTRINA DA REDENÇÃO rente mais próximo tinha o direito e a
EM CRISTO: responsabilidade de remir a proprieda-
de, liquidando a dívida e restaurando-a
Definida pelo dicionário Aurélio, a pa- a seus donos originais (25:23ss). Noemi
lavra resgate é “o ato de livrar do cativeiro, chamou o filho nascido a Boaz e Rute de
ou de dívida, por meio de pagamento em Obede (redentor), porque a livrara do
dinheiro ou outro valor; remir; libertar”. Já opróbrio de não ter herdeiro masculino
a palavra redenção, é definida como sen- sobrevivente (Rt.4:14). Todos esses fatos
do “o ato capaz de livrar ou salvar alguém têm relação direta com o Senhor Jesus
de situação aflitiva ou perigosa; e, em sen- Cristo. Vejamos, agora, em que, estas ver-
tido religioso, é a salvação oferecida por Je- dades da Palavra de Deus, se aplicam aos
sus Cristo na cruz, com ênfase no aspecto que estão em Cristo:
da libertação da escravidão do pecado.”
De modo semelhante, a Palavra de 1. REDENÇÃO DA CULPA PELO
Deus nos revela o significado dessas pa- PECADO:
lavras, relacionando-as ao projeto eterno
de Deus, em Cristo Jesus. No Antigo Tes-
Todo pecado envolve culpa, porque,
tamento a palavra redimir é tradução de
em alguma medida, uma lei ou norma
duas palavras hebraicas. A primeira era
de conduta foi violada (Rm.2:11-15). Ser
usada para indicar o pagamento em di-
culpado equivale a merecer a justa puni-
nheiro, exigido por lei, para a redenção
ção pelos pecados cometidos (Rm.3:23).
dos primogênitos (Êx.13:2,11-16), ou
Em Lv.4:13; 5:2, lemos que a quebra de
seja, o resgate que isentava aos israelitas
qualquer dos mandamentos de Deus, in-
da obrigação de que cada primogênito,
corria em culpa. A passagem de Tg.2:10,
homem ou animal, fosse separado para
afirma que quebrar um só mandamento
Deus (Nm.3:46-49; 18:15ss). A segunda
da lei, apesar dos demais estarem sen-
era usada para indicar o livramento de
do obedecidos, resulta em culpa. Assim
pessoas da servidão (Êx.21:8; Lv.25:47-
sendo, o homem pecador necessita de
49). Indicava, ainda, a recuperação de
redenção e resgate, pois se encontra, por
propriedades que houvessem passado
sua própria culpa e pecado, submetido ao
para outras mãos (Lv.26:26; Rt.4:4ss),
poder do pecado e da morte.
bem como a comutação de um voto
(Lv.27:13,15,19,20), ou de um dízimo Os homens, de fato, são escravos do pe-
(Lv.27:31). Em um caso de homicídio, cado, e não podem ser livres, se não houver

Estudos Bíblicos 44
a interferência de alguém a seu favor, que ção da morte (pena), tornando-se assim
pague o preço de sua dívida pelo pecado, a minha salvação. O pecado que tem por
bem como lhe restitua aquilo que ele havia salário a morte, foi eliminado pela sua
perdido. A Palavra de Deus nos afirma que, própria morte. O julgamento foi sofrido
somente Jesus tem esse poder (Jo.8:32-36). por mim ali na cruz do calvário, quando
Aspecto da salvação da culpa do pe- eu fui “mergulhado” nele (Rm.6:3-6). A
cado: Deus interveio a favor dos homens vida eterna, não pode ser adquirida pelo
para a salvação, por meio de nosso Senhor esforço do homem, mas precisa ser re-
e Salvador Jesus Cristo (Jo.4:42; At.5:31; cebida pela fé no doador da vida, isto é,
Rm.1:16; Ef.1:13; 1Co.1:21; Fp.3:20; Jesus Cristo (Ef.2:8,9).
1Tm.1:15; Hb.2:10; 5:9; 7:25; 1Pe.1:15).
A obra redentora de Cristo Jesus, na cruz 3. REDENÇÃO DO DOMÍNIO DO PE-
do Calvário, é perfeita e eficaz, feita uma CADO:
só vez, para a purificação de nossos pe-
cados no seu sangue (1Co.6:20; 1Pe.1:18;
1Jo.1:7; Ap.1:5; 5:9). Desta forma, somos Após a experiência do novo nascimen-
libertos de uma consciência culpada to, tendo sido “mergulhado” (batizado)
diante de Deus, tendo livre acesso a sua em Cristo, em sua morte e ressurreição,
presença (Hb.10:10,14,18-23). tendo sido selado com o Espírito Santo,
o novo homem em Cristo passa a ser li-
vre do domínio do pecado em sua vida
2. REDENÇÃO DA PENA DO PECA- (Rm.6:12-18).
DO:
É na prática o domínio do novo
homem em Cristo sobre o velho homem
A morte expiatória de Cristo Jesus na adâmico. É a vivência prática, autêntica
cruz foi o preço pago pelos nossos peca- e verdadeira de um testemunho vivo
dos. Ele assumiu o castigo que deveria do novo nascimento, que se processou
cair sobre nós e nos reconciliou com Deus interiormente, e que se reflete na maneira
(Is,53:4-10; Rm.3:24-26; 4:25; 5:6-10; 8:1- comportamental de ser, da nova criatura
4; 1Co.6:20; Ef.1:7; Cl.1:14). Jesus Cristo, em Cristo, pelo poder do Espírito
nosso Senhor e Salvador, pagou um alto Santo e da Palavra de Deus, do interior
preço para a nossa redenção, quitando para o exterior do cristão genuíno
nossa dívida, diante de Deus (Hb.9:27,28). (Rm.6:1,2,17,18; Gl.2:20; 5:16,24).
O Deus Unigênito se fez carne, mor- A maneira de ser do novo homem em
reu e ressuscitou, vencendo a morte e Cristo, revela quem o domina: se a carne
ao império das trevas e a Satanás. Cristo ou o Espírito Santo; se o “eu” carnal, ou
venceu o pecado e a morte, sendo glo- Cristo. Certamente distingue o verdadei-
rificado à direta de Deus Pai (Rm.8:1-4; ro crente, do falso; o “nominal-teórico”,
Ap.1:17,18). E o que é a morte agora para do “genuíno-prático”. Isto só pode ser
o crente? A própria morte é nossa, diz o conhecido pelas nossas ações diárias. Se
apóstolo Paulo, como também nossa são somos luz e sal da terra, então, os homens
todas as coisas, em Cristo (1Co.3:21-23). “verão” as nossas boas obras e glorifica-
Devido ao Bendito Salvador, ter entrado rão a Deus (Mt.5:13-16). Sua vida reflete
por mim na morte, e também no julga- essa verdade bíblica, diante dos homens?
mento, ele se tornou para mim a reden- O apóstolo Paulo definiu o verda-

Estudos Bíblicos 45
deiro testemunho cristão, em Ef.4:24 e dão ao pecado, seu alcance é tão amplo
Rm.12:1-2. O crente fiel, que apresenta como o escopo do pecado e do mal a
o seu corpo em sacrifício vivo, santo ele inerente. Este livramento envolve,
e agradável a Deus, separando-se do também, a redenção da maldição da lei
mundo ímpio e corrompido pelo peca- (Gl.3:10-14), e da exigência da obediên-
do, ele, por inteiro, oferece-se em consa- cia à lei, como um meio de alcançar a
gração ao serviço do seu Senhor, como salvação (Gl.2:16-19; Fl.3:9).
ressurreto dentre os mortos, no altar da Observe atentamente o que isso signi-
graça (Cl.3:1-17). A vontade de Deus é fica, pois não está dito que “o crente não
que a imagem santa de seu Filho seja re- deve guardar a lei” - como muitos acre-
fletida em nossas vidas (2 Co.3:18). ditam e ensinam - mas que “ele não deve
obediência à lei, como meio de salvação”.
4. REDENÇÃO DA PRESENÇA DO Por acreditarem naquele ensino, muitos
PECADO: têm desprezado a Palavra de Deus, es-
pecialmente o Antigo Testamento, por
acreditarem que aqueles mandamentos
É chamada, também, de “redenção não se aplicam a eles, mas somente aos
final”, pois ocorrerá quando formos israelitas. Eis um grande equívoco, que
libertado da presença do pecado e necessita ser esclarecido. Que o Senhor
da morte física no nosso corpo, o nos ajude a amar a sua Palavra toda -
qual será transformado, glorificado e medite em todo o Sl.119; mas, agora,
imortalizado, à semelhança do corpo leia apenas os versículos 11, 97, 105 e
glorioso de nosso Senhor Jesus Cristo, 160 - nunca desprezando qualquer par-
quando de sua vinda para arrebatar te dela. Em relação a esta compreensão,
a sua Igreja Triunfante (Rm.8:19-25; muito nos auxiliará o estudo profundo
1Co.15:35-58; 1Ts.4:13-18; Fp.3:20,21; das epístolas aos Gálatas, Romanos, Co-
1Jo.3:1-3). Isso é realmente maravilhoso, lossenses e Hebreus.
por que seremos semelhantes ao
Jesus e a Lei (Mt.5:17-20) - De fato,
Senhor Jesus, pois não teremos mais a
as declarações de Jesus acerca da lei ul-
presença do pecado em nossos corpos,
trapassam em muito a teologia judaica
não mais morreremos e seremos
comum. Por exemplo: Jesus reconheceu
glorificados! Será assim mesmo,
a autoridade vigente da lei de Moisés
quando Deus transformará nossos
(Mt.5:17); mas, rejeitou a hipocrisia dos
corpos completamente, para nós nos
fariseus na observância da mesma lei
apresentaremos diante dele, com nossos
(Mt.23;23,25,26); recomendou às mul-
corpos transformados «santos e irre-
tidões que fizessem aquilo que era en-
preensíveis diante dele...”, e não nos en-
sinado pelos escribas e fariseus, embo-
vergonharmos dele na sua vinda. Leia
ra não devessem praticar as suas obras
1Ts.5:23 e 1Jo.2:28.
(Mt.23:1-3); Ele deu o sentido verdadei-
ro de interpretação da lei (Mt.5:21ss).
5. REDENÇÃO DA MALDIÇÃO DA A lei do sábado, para exemplificar,
LEI: ilustra esse ponto: Jesus fazia coisas,
nesse dia, que os fariseus condenavam
(Mc.2:23,24), pois sua visão era lega-
Visto que a redenção livra da servi-

Estudos Bíblicos 46
lista e orgulhosa, mas Jesus lhes trouxe O que a Palavra de Deus ensina é que,
o verdadeiro sentido do mandamento quem está na carne, não pode, jamais,
(2:25-28). Não havia nada de errado com cumprir a Lei, por causa do pecado;
o mandamento (como muitos pensam), pois a lei é santa, espiritual, justa e boa
mas a interpretação era carnal e pecami- (Rm.6:14,15), mas o homem sem Cristo
nosa. Quanto um certo indivíduo inda- é escravo do pecado. Porém, aquele que
gou o que teria de fazer, a fim de herdar está em Cristo, já não está mais na carne,
a vida eterna, Jesus lhe disse: “...guarde mas no Espírito (Rm.8:5-14) e alcançou
os mandamentos”! Essa é a verdade! Não maior justiça (que é a de Cristo), do que
há aqui nenhuma “segunda intenção” de a dos escribas e fariseus.
Jesus. Ele está sendo absolutamente sin- Agora, o novo homem em Cristo deve
cero, e fala exatamente do que sabe ser andar no Espírito (Gl.5:16), cumprindo
correto! O interessante no texto, é que o a Lei de Cristo (Gl.6:2), através do amor,
homem acredita que já pratica essa ver- que é, no final das contas, o próprio
dade! Porém, quando Jesus lhe mostra o cumprimento da Lei de Moisés e de toda
verdadeiro sentido da Lei, mandando-lhe a Escritura!!! (Rm.13:8-10; Gl.5:13-15).
vender tudo o que tivesse, para dá-lo aos Vemos, assim, que a lei se cumpre em
pobres, e depois vir a Jesus e segui-Lo, o nós, não para a salvação, mas porque so-
que aconteceu? Ele ficou extremamente mos salvos e amamos a Deus e guarda-
decepcionado consigo mesmo! Onde es- mos os seus mandamentos, por meio da-
tava o problema: na Lei, ou no homem quele que nos amou, o Senhor e Salvador
que quer agradar a Deus pela Lei? Jesus Cristo e da atuação poderosa de seu
Paulo e a Lei - Paulo ensina que a lei Espírito Santo, no homem interior!
é o “aio” (guia) que nos conduz a Cristo. O homem não deve, e não pode, bus-
A lei demonstra a justiça de Deus, sen- car estabelecer a sua justiça pelo cum-
do, portanto, santa, pura e perfeita. Mas, primento da lei, pois ele, fatalmente,
ao mesmo tempo, revela ao homem sua se colocará debaixo da maldição da lei
completa impossibilidade de alcançar (Gl.3:10-12). Então, o que era impossí-
aquele padrão divino de justiça, através vel a nós, Cristo fez nos libertando dessa
de seus méritos ou esforços pessoais. maldição (Gl.3:13,14). Então, o objetivo
A lei mostra ao homem a sua verda- da lei, que era o de servir de “mestre-
deira natureza pecaminosa, levando-o -guia” ou “aio”, até que Cristo viesse, foi
a buscar em Cristo, escape do juízo de cumprido (Gl.3:21-24). Uma vez unidos
Deus, porque somente Jesus cumpriu a Cristo, pelo novo nascimento, e sendo
toda a justiça da Lei, concedendo-a, participantes da justiça de Cristo, o ob-
gratuitamente, àqueles que nEle crêem. jetivo da lei é cumprido (Gl.3:26,27), e o
Ora, sermos livres do juízo de Deus homem é declarado justo, pela fé em Je-
por que haviamos transgredido a sua sus Cristo (Rm.10:1-11).
lei e a sua justiça - o qual foi derrama-
do sobre o justo Senhor e Salvador Jesus
REAFIRMANDO O ENSINO:
Cristo, não nos dá o direito de abusar-
mos da graça de Deus, ou de desprezar-
mos a sua Palavra, sob pretexto de ser- 1 - Paulo rejeitava qualquer possibili-
mos “livres da lei”. dade de que a salvação pudesse ser obti-
da mediante a guarda da lei, mas somen-

Estudos Bíblicos 47
te pela justificação pela fé, em Cristo III – A EXPIAÇÃO NO SANGUE DE
Jesus (Rm.3:20-28; 4:13; Gl.3:11). JESUS CRISTO:
2 - Não é por causa da lei que o ho-
mem não é salvo (Lv.18:5; Gl.3:12), mas Expiação significa, segundo o dicio-
porque o homem natural jamais pode- nário Aurélio: “remir (a culpa), cum-
rá cumpri-La, por causa de sua nature- prindo uma pena; purificar através de
za pecaminosa (Rm.3:20; 7:7,8). sacrifício; tornar puro, sofrendo as con-
3 - Isso conduz o homem a procurar sequências disto.” De fato, a obra reden-
outra solução, que se encontra na graça tora de Cristo está estreitamente ligada
divina, em Jesus Cristo (Gl.3:12; Rm.7:11). à expiação 1Jo.1:7. Sem ela, não haveria
4 - A própria lei é boa. Nada há de salvação! Ela é o único modo pelo qual
errado com a qualidade moral da lei Deus poderia perdoar o pecador e, ao
(Rm.7:12,14). Mas, apesar da lei mos- mesmo tempo, satisfazer a sua justiça.
trar o que é bom, e condenar o que é No latim, “expiação” é composta de
mau, ela não tem qualquer poder para duas palavras: “ex” (completamente)
ajudar o homem a seguir a bondade e e “piare” (aplacar; purificar). Segundo
evitar a maldade. O sétimo capítulo de Cl.1:20, a expiação produz paz com
Romanos demonstra isso claramente. Deus e reconciliação.
O principio do pecado inerente ao ho-
mem, é forte demais para ele. Se qui- REFERÊNCIAS BÍBLICAS DA
ser ser salvo, terá de socorrer-se em EXPIAÇÃO: A expiação é aplica-
Cristo e no poder do Espírito Santo da (Rm.5:8-11; 2 Co.5:18,19; Gl.1:4;
(Rm.7:24,25; 8:1ss). 1Jo.2:2; 4:10); foi preordenada por
5 – Entretanto, o plano de Deus é Deus (Gn.3:15; Rm 3:25; I Pe.1:11,20;
que a sua lei se cumpra em nós, que Ap.13:8); ela é universal - veja o pa-
temos sido alcançados pela sua graça rágrafo seguinte- porém, Deus exige
e misericórdia (Rm.8:3-17), enalte- que seja concedida somente a todo
cendo o papel singular operado pelo aquele que crê e for batizado em Jesus
Espírito Santo. (Mt.7:13,14; Mc.16:16; Lc.13:23,24;
6 - deste modo, o Espírito San- Jo.3:16-19;5:24-29; At.16:30,31;
to nos guia à vida de santificação 1Tm.2:4-6); foi predita (Sl.22; 69:20,21;
e à prática da Lei de Cristo: que é o Is.7:14; 53:4-12; Zc.13:1,7); foi efetuada
amor! Todas as obrigações morais da por CRISTO (Jo.1:29,36; At.4:10,12;
lei cumprem-se no amor ao próximo 1Ts.1:10; 1Tm.2:5,6; Hb.2:9; 1Pe.2:24);
(Rm.13:8ss). voluntariamente (Sl.40:6-8; Hb.10:5-9;
Jo.10:11-18); a Expiação exibe a gra-
7 - Paulo nunca ensinou que a lei dei-
ça e a misericórdia de Deus (Rm.8:32;
xou de existir, ou perdeu qualquer sig-
Ef.2:4-7; 1Tm.2:4; Hb.2:9); o amor de
nificado para nós (Rm.3:31). Mas, pelo
Deus Pai (Rm.5:8; 1Jo.4:9,10); o amor
contrário, vemos que o apóstolo ensina
de Jesus (Jo.15:13; Gl.2:20; Ef 5:2,25).
que ela tem seu cumprimento em nós,
no amor de Cristo (Rm.13:8-10), se- Em 1Jo.2:2 lemos: “Ele (Jesus) é a
guindo o exemplo do próprio Senhor propiciação pelos nossos pecados, e não
Jesus Cristo (Mt.5:17-20). Esse é o pro- somente pelos nossos, mas também pelos
pósito de Deus (Jr.31:31-34). pecados de todo o mundo”. Isto significa

Estudos Bíblicos 48
que o sacrifício de Jesus Cristo foi feito significa, finalmente, que participaremos
por todos, não, porém, que todos tenham plenamente da natureza divina, da mes-
sido salvos por ele (o sacrifício). Tanto ma maneira que Ele veio participar de
é verdade, que o próprio Senhor Jesus nossa natureza humana (2 Pe.1:4). Ele
previu a morte e condenação para mui- tornou-se o representante daquilo que os
tos. A extensão da expiação, da salvação, remidos haverão de ser, mediante a re-
das bênçãos espirituais, não é universal, denção e a transformação à sua imagem.
mas alcança somente aos que nascerem Por outro lado, Cristo é o representan-
de novo, tendo sido feitos filhos de Deus te de Deus Pai, entre os homens (Jo.1:16-
(Jo.1:12-14; 3:16-19; 5:24-29; 1Tm.2:4- 18; 8:28,29; 14:9).
6). O apóstolo Paulo confirma isto, em
Jesus é o nosso substituto. Nele foram
2 Ts.3:2b, dizendo: “...pois a fé não é de
satisfeitas as justas exigências de Deus
todos”. E, Jo.3:36b, diz: “...mas todo aquele
contra o pecado e, por conseguinte, em
que rejeita o Filho não verá a vida, pois
seu valor supremo, o Senhor Jesus cum-
sobre ele permanece a ira de Deus”.
priu toda a justiça de Deus. A “satisfação”
A expiação é um ato de Deus, pois dada a Deus pelo sangue de Jesus, se re-
Ele apresentou a Jesus para propiciação, veste de valor infinito e imutável. Jesus
pela fé, no seu sangue (Rm.3:25). E, mais nos substituiu na cruz do calvário, por-
adiante, afirma: “porque Cristo, quando tanto, sejamos gratos a Ele e aceitemos
nós ainda éramos fracos, morreu a seu todos, sem demora, esta maravilhosa
tempo pelos ímpios” (Rm.5:6). Lemos em manifestação do amor de Deus!
Ef.1:7: “no qual temos a redenção, pelo seu
sangue, a remissão dos pecados”; e, em
Ef.5:2: “Cristo vos amou, e se entregou a V. CONCLUSÃO:
si mesmo por nós como oferta e sacrifício
a Deus em aroma suave”. Citamos, ainda: Na redenção, Deus demonstra a sua
Ef.2:13,16; Cl.1:14,20,22; 1Tm.2:6; Tt.2:14; graça e o seu amor para conosco, tendo
Hb.9:27; 10:10; 1Pe.1:18,19; Ap.5:9). dado o seu próprio Filho como preço do
resgate de nossas vidas. Esse Plano de
IV–JESUS NOSSO REPRESENTANTE Deus é eterno e tem Cristo como centro
E SUBSTITUTO: (Ef.1:4,5; 1Tm.2:5). Ele é a Palavra Eterna,
a revelação de Deus para toda criação. Esta
revelação inclui a nossa redenção (Jo.1:1-
Jesus é o nosso substituto porque tomou 14; Ef.1:3-14); Ele como o único mediador
o nosso lugar, enquanto que, como repre- entre Deus e os homens (1Tm.2:5); único
sentante, Ele agiu (e age) em nosso favor, Salvador (Jo.3:16; At.4:12); o caminho, a
fazendo-se presente em nosso lugar diante verdade e a vida (João 14:6).
de Deus, visto que não poderíamos compa-
Liberdade! Esse é um dos resulta-
recer perante Ele, em defesa própria.
dos da redenção, em Cristo (Gl.5:1).
Cristo é o nosso representante diante Essa liberdade da escravidão do pecado
de Deus. Ele é o cabeça da geração eleita, (Rm.6), no entanto, não nos deve condu-
a geração dos remidos (Rm.5:12ss). É o zir ao pecado (Gl.5:13), mas à prática da
nosso irmão mais velho, em cuja imagem lei de Cristo, que é o amor (Rm.13:8-14;
moral e metafísica estamos sendo trans- 1Co.9:19-22; Gl.5:14-6:2).
formados (Rm.8:29 2Co.3:18). E isso

Estudos Bíblicos 49
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Estudos Bíblicos 50
Estudo 07
JESUS
RESSURRETO
VERSÍCULO BÁSICO: “Porque, se
com a tua boca confessares Jesus como
Senhor, e em teu coração creres que
Deus o ressuscitou dentre os mortos,
serás salvo” (Rm.10.9)

Meditando Diariamente
na Palavra:

Segunda-feira - Jo.14:6-13; 20:1-29


Terça-feira - At.1:9-11; 2:22-36
Quarta-feira - Rm.4:22-25; 10:9
Quinta-feira - 1Co.15
Sexta-feira - 2 Co.4:14; Ef.2:6; Hb.10:12
Sábado - I Tm 2:5; Ap.1:7,17,18

Estudos Bíblicos 51
I – INTRODUÇÃO: (1Co.15:14,17); da nossa ressurreição em
corpos gloriosos, tendo sido feitos parti-
cipantes da natureza divina (1Co.15:49-
A ressurreição de Jesus Cristo e a sua
57; 1Jo.3:2); para provar que Ele é o Filho
glorificação à direita de Deus Pai é o pon-
de Deus (Sl.2:7; At 13:33; Rm.1:4). Deus
to central da doutrina do evangelho. Ela
ressuscitou ao Senhor Jesus Cristo dentre
tem implicações eternas para a vida de
os mortos e O exaltou à Sua direita nos
milhões de pessoas que depositaram a sua
céus, para que Ele fosse o cabeça da Igre-
fé no Filho de Deus, e que aguardam nEle
ja (Ef.1:19-23); o Senhor de todas as coi-
a sua salvação eterna, pela transformação
sas, nos céus, na terra e debaixo da terra
de seus corpos mortais à semelhança do
(Fp.2:9-11); para conceder o Espírito San-
corpo imaculado do Senhor Jesus Cristo.
to aos que nEle cressem (Jo.1:33; 15:26;
Sem a ressurreição de Cristo, não haveria
16:7; At.2:32,33); a remissão dos pecados
nenhuma esperança para o homem.
(At.5:31); os dons ministeriais à Igreja
(Ef.4:8-13); Ele ressurgiu para que fôsse-
II – A IMPORTÂNCIA DA RESSUR- mos aperfeiçoados nEle para a salvação
REIÇÃO DE CRISTO: (Rm.5:8-10). Essa confissão não consiste
de mera aceitação do fato histórico da res-
surreição. Os soldados que estavam guar-
De acordo com as Escrituras, a fé na
dando o túmulo de Jesus creram nessa
ressurreição de Cristo é essencial para a
realidade - ainda que, mentindo, a negas-
salvação (Rm.10:9,10). a) É a doutrina
sem posteriormente - mas nem por isso se
fundamental do cristianismo (1 Co.15). O
converteram. É evidente, pois, que a salva-
apóstolo Paulo nos mostra que a pregação
ção nada tem a ver com formulas verbais
do evangelho depende da certeza desta
e doutrinárias. Ela vem da expressa con-
doutrina (v.14); sem ela a fé é vã (v.14);
fissão verbal de um coração sincero que
os apóstolos seriam falsas testemunhas
creu na mensagem do evangelho; c) para
(v.15); os cristãos permaneceriam em seus
os santos ela significa que eles são gerados
pecados (v.17); os que dormiram em Cris-
para uma viva esperança (1Pe.3:21); que
to pereceriam (v.18); os cristãos seriam os
desejam conhecer o seu poder (Fp.3:10);
mais infelizes de todos os homens (v.19).
que ressuscitarão à semelhança de Cristo
No livro de Atos dos Apóstolos encontra-
(Rm.6:5; 1Co.15:49; Fp.3:21); e que é o
mos relatos de pregações dos apóstolos e
emblema do novo nascimento (Rm.6:4;
discípulos do Senhor, os quais enfatizavam
Cl.2:12).
a importância da ressurreição (At.2:24,32;
3:15,26; 4:10; 10:40; 13:30-37; 17:31). Nas
epístolas também encontraremos a mes- III – A RESSURREIÇÃO FOI PREVIS-
ma ênfase (Rm.4:24,25; 6:4-7; 7:4; 8:11; TA NAS ESCRITURAS E COMPROVA-
10:9; I Co.6:14; II Co.4:14; Gl.1:1; Ef.1:20; DA PELA HISTÓRIA:
Cl.2:12; I Ts.1:10; II Tm.2:8; I Pe.1:21). b)
É fundamental para a salvação. Por causa
A ressurreição de Jesus Cristo é o gran-
do perdão dos pecados (1Co.15:17); da
de alicerce histórico da Igreja Cristã, sen-
justificação (Rm.4:25; 8:32-34); da nos-
do o elemento do qual se origina uma das
sa esperança (ICo.15:19); da eficácia da
principais diferenças da doutrina cristã,
pregação (1Co.15:14); da eficácia da fé
quando contrastada com outras religiões,

Estudos Bíblicos 52
cujos fundadores jamais puderam prever era possível que fosse retido por ela”. Era
quando morreriam e que ao terceiro dia impossível pelo fato de ser Ele o Filho de
ressuscitariam, nem puderam se apresen- Deus e, na qualidade de Filho do homem,
tar aos seus discípulos, como ressurretos foi-lhe outorgada a verdadeira imortalida-
dentre os mortos e, após inúmeras provas de por parte de Deus Pai (Jo.5:25-27; 6:57;
de suas ressurreições, serem glorificados 11:25,26). Eis a nossa esperança! O mes-
à direita de Deus, o qual testificasse desse mo tipo de vida é prometido a todos os
fato! O único foi o Senhor Jesus! que estão nEle. Por conseguinte, também
Os quatro evangelhos testificam desse é impossível que a morte possa reter qual-
fato (Mt.28; Mc.16; Lc.24; Jo.20). Paulo quer remido pelo sangue do Senhor Jesus,
afirma que mais de quinhentos irmãos ti- porquanto todos eles são verdadeiramente
nham visto Jesus, após a sua ressurreição filhos de Deus.
(I Co.15:6). Teria sido fácil verificar o tes- Também, era impossível essa retenção
temunho dessa gente, quando Paulo fez tal de Cristo pela morte, pois Ele era o Ver-
declaração. bo de Deus encarnado, Ele é o Príncipe da
As Escrituras, também, previram esse Vida, o Pai da Eternidade, razão pela qual
notável acontecimento: a) foi predito pelos a morte não poderia jamais caracterizá-lo
profetas (Sl.16:10; At.2:22-36;13:34,35). Foi (Is.9:6; Jo.1:1-5). Porquanto era da vontade
tipificada no sacrifício de Isaque (Gn.22:13; do Pai que Ele ressurgisse dentre os mortos,
Hb.11:19); em Jonas (Jn.2:10; Mt.12:40); como prova completa da autenticação de
b) prevista pelo próprio Senhor Jesus Sua Pessoa e de Sua missão divina, salien-
(Mt.20:17-19; Mc.9:9,10; 14:28; Jo.2:19- tando o fato de ser Ele as primícias dos que
22); c) O Senhor Jesus deu muitas provas dormem, mas que, finalmente, haverão de
infalíveis de sua ressurreição (Mt.28:110; ressuscitar triunfalmente (1Co.15:19-21).
Lc.24:35-43; Jo.20:20,27; 21:4-25; At.1:3,6- Jesus Cristo nunca pecou e, portanto,
11); d) A ressurreição foi confirmada pe- não podia ser retido pela morte, mas, pelo
los anjos (Mt.28:5-7; Lc.24:4-7, 23); pelos sacrifício de Si mesmo aniquilou o que ti-
apóstolos (At.1:22; 2:32; 3:15; 4:33); pelos nha o império da morte, isto é, o Diabo
seus inimigos (Mt.28:11-15); pelos após- (Hb.2:9-15; 4:14,15).
tolos (At.25:19; 26:23); e) ela foi efetuada
pelo poder de Deus (At.2:24; 3:15; Rm.8:11;
V – CONSEQUÊNCIAS TEOLÓGICAS
Ef.1:20); pelo Seu próprio poder (Jo.2:19-
DA DOUTRINA DA RESSURREIÇÃO:
21; 10:17,18; 11:25-26); pelo poder do Es-
pírito Santo (I Pe.3:18); no primeiro dia
da semana (Mc.16:9); no terceiro dia após 1) A ressurreição de Cristo o confirmou
a sua morte (Lc.24:46; At.10:40-41; I Co como o Senhor da vida. Ele é Aquele que
15:4). tem a vida em Si mesmo, e pode concedê-
-la a quem quer;
IV - A RESSURREIÇÃO NA PREGA- 2) A ressurreição de Cristo declarou a
ÇÃO DA IGREJA: sua divindade, conforme Rm.1:4;
3) A salvação em sua inteireza, do prin-
cípio ao fim, depende da ressurreição de
Em At.2:24, o apóstolo Pedro testifica,
Cristo. A justificação é garantida nela
dizendo: “ao qual (Jesus) Deus ressuscitou,
(Rm.4:25). Mas, agora, a vida depende
rompendo os grilhões da morte, pois não

Estudos Bíblicos 53
da «vida que nos foi dada, através da res- para a Galiléia;
surreição de Cristo». Podem os remidos, 4) Pedro e João, ao receberem a notícia,
compartilhar de sua vida eterna (Rm.5:10; vão ao túmulo e nada encontram, a não ser
1Co.15:12,17,20). os lençóis enrolados;
4) Fomos regenerados para uma viva es- 5) Pedro e João examinam o túmulo e
perança: a conversão original, a regenera- vão embora (Jo.20:11-18);
ção, a transformação progressiva segundo
6) Maria Madalena volta à cena da res-
a imagem de Cristo, haverão de ser com-
surreição, chorando, ainda duvidosa; então
partilhadas por nós, mediante a graça de
vê os dois anjos e o próprio Senhor Jesus
Deus em Cristo (Jo.5:25,26; 6:57; 2Co.4:14;
(Jo.20:11-18). Em seguida, Maria Mada-
1Pe.1:3,4).
lena vai contar tudo aos outros discípulos;
5) Devido a ressurreição de Cristo, O
7) Maria, mãe de Tiago, retornou com as
corpo dos remidos ressurrectos não se-
outras mulheres ao sepulcro; as mulheres
rão compostos dessa carne e sangue, visto
vêem os dois anjos (Lc.24:4,5; Mc.16:5), e
que “a carne e sangue não podem herdar
ao receberem a mensagem angelical saem
o reino de Deus” (ICo.15:50). Antes, será
à procura dos discípulos, mas ao encontro
semelhante ao corpo de Cristo (Fp.3:21;
delas sai o próprio Senhor Jesus (Mt.28:8-
1Jo.3:2).
10);
8) Jesus aparece aos dez apóstolos (Tomé
VI – A RESSURREIÇÃO DO SENHOR não estava) e aos discípulos, dentro da casa
JESUS CRISTO: onde eles estavam;
9) Jesus aparece aos dois discípulos no
Ladd, em Teologia do Novo Testamento, caminho de Emaús e entra em sua casa.
sugere a seguinte ordem dos acontecimen- Após dar graças pelo alimento, desaparece.
tos, baseando-se em Mt.28.1-20; Mc.16.1- Eles, deixando tudo, correm à Jerusalém
8; Lc.24.1-53; Jo.20.1-21.25: para avisá-los aos apóstolos
1) As mulheres: Maria Madalena, Maria 10) Oito dias depois, Jesus reaparece aos
mãe de Salomé, Maria mãe de Tiago, Joana discípulos, estando Tomé entre eles, que o
e “outra Maria” dirigiram-se ao sepulcro, adora como Deus e Senhor;
no domingo de madrugada, levando espe- 11) Jesus aparece aos apóstolos, junto ao
ciarias para ungir o corpo de Jesus; mar da Galiléia, em Tiberíades;
2) pouco antes, descera um anjo de Deus 12) A grande comissão;
(ou anjos) e removera a pedra do sepulcro,
13) a ascensão, próximo à Betânia.
causando grande temor entre os guardas,
que caem como mortos. Houve um terre-
moto e eles fugiram; As tradições que envolvem a ressurrei-
3) pouco depois disso, chegaram as mu- ção, até mesmo aquelas preservadas nos
lheres. Elas encontram a pedra revolvida. evangelhos sinópticos, diferem muito
Dois anjos falaram com elas a respeito quanto à ordem das manifestações e ao seu
da ressurreição de Jesus, e mandam-lhes número. Mas, são unânimes na narrativa
compartilhá-la com os apóstolos e discípu- do grande fato da ressurreição.
los, e dizer-lhes que Ele iria adiante deles

Estudos Bíblicos 54
VII – A ASCENSÃO DE CRISTO sua vida ressurrecta. Nele, fomos feitos par-
(AT.1:6-11): ticipantes de todas essas coisas e, finalmente,
iremos para onde ELE entrou como nosso
precursor. Participaremos da mesma trans-
Esta breve seção é a principal fonte in-
formação e da mesma vida que Ele desfruta
formativa sobre esse acontecimento funda-
atualmente. (Ef.1:19-23; 2Co.3:18; Cl.2:8,9).
mental da fé cristã. O evangelho de Lucas
encerra essa mesma narrativa, em forma Agora, Cristo está assentado à mão
abreviada (Lc.24:49-51). Mas, o que ela direita de Deus, até que todos os seus
representa? inimigos lhe fiquem sujeitos (Sl.110:1;
1Co.15:27,28; Fp.2:9-11). Ele está à direita
Como Filho do Homem, o Senhor Jesus
do Pai para, finalmente, dar entrada aos re-
Cristo venceu todas as coisas e assentou-
midos, por igual modo. Hb.2:12-13; 6:16-
-se à direita do Pai. Ninguém, senão Ele
20; 7:1-28.
só, tem esse direito. A maravilha está em
que Ele deseja compartilhar isto com seus
irmãos!. Somos feitos filhos de Deus, por VIII – JESUS CRISTO: O ÚNICO ME-
adoção, para que tenhamos acesso a esta DIADOR ENTRE DEUS E OS HOMENS:
graça. Brevemente, Ele virá nos arrebatar
para Si mesmo, a fim de que onde Ele este-
Jesus é o Sumo-Sacerdote, segundo a or-
ja, estejamos nós também (Jo.14:1-4).
dem de Melquisedeque (Hb.6:19,20), que
A ascensão significou para Cristo, como intercede pelos pecadores (Is.53:12); pela
Filho do homem, ser glorificado à direita Igreja (Jo.7:9; Rm.8:34; Hb.7:25).
do Pai (Jo.17:1-5), não somente no que
diz respeito à sua posição, acima de todo
principado e potestade (Ef.1:20-23), mas Nas passagens de Lv.9; Hb.5:1-4; 7:25
também no tocante à real transformação encontramos as principais características
de seu próprio ser, que nunca mais experi- do ofício sacerdotal, as quais destacamos
mentará a morte (Rm.6:9,10; Ap.1:17,18). a seguir:
A ascensão foi uma prova mais de suas
reivindicações messiânicas, porquanto so- a ) sacerdote é tomado dentre os
mente o grande Sumo-Sacerdote, que era homens para ser o seu representante;
o Logos eterno, poderia ter entrado assim b ) Ele é constituído por Deus, con-
até à própria presença de Deus Pai, tendo forme o versículo Hb.5:4;
ele recebido esta exaltação (Hb.7:21-8:2;
c ) Ele age como mediador entre
9:11-28).
Deus e os homens, buscando os interes-
A ascensão assinalou a inauguração do ses dos homens nas coisas pertencentes a
ofício de Cristo, como o único mediador, Deus;
entre Deus e os homens (Rm.8; 1Tm.2:5,6).
d ) Sua tarefa especial consiste em
A ascensão era necessária como condi- oferecer a Deus sacrifícios pelos pecados;
ção da descida do Espírito Santo para estar
e ) Ele fazia intercessão pelo povo e
na Igreja (Jo.16:7; At.1:4,8,9; 2:1-4).
os abençoava, conforme Lv.9:22.
A ascensão é a garantia de nossa participa-
ção na glória do Pai, tal como a Sua ressur-
reição é garantia de nossa participação em A Palavra de Deus, ainda no Velho Tes-

Estudos Bíblicos 55
tamento, prediz e apresenta o Sacerdote 31.
Eterno e o Sacerdócio do Redentor que
haveria de vir. Há claras referências a isto
2) Possui Natureza Profética:
em Gn.14:18-20; Sl.110; Zc.6:13. Cristo
Jesus é o Sacerdote Eterno, segundo a or-
dem de Melquisedeque. Os sacrifícios ordenados por Deus ti-
No Novo Testamento, há várias pas- nham um caráter profético, e se destina-
sagens que se referem à Obra sacerdotal vam a prefigurar os sofrimentos vicários
de Cristo Jesus, mas somente na epístola do Senhor Jesus Cristo e a Sua morte ex-
aos Hebreus é que encontramos uma ex- piatória na cruz. No Salmo 40:6-8, o Mes-
posição mais clara e completa sobre este sias é apresentado como aquele que subs-
importantíssimo tema. Ele o nosso único, titui os sacrifícios previstos na Lei, pelo
verdadeiro, eterno e perfeito Sumo-Sacer- Seu próprio Sacrifício, conforme consta-
dote, constituído por Deus, que assumiu, tamos ao lermos Hb.10:5-10.
substitutivamente, o nosso lugar e, pelo Há claras indicações no Novo Testa-
sacrifício de Si mesmo, obteve uma perfei- mento de que os sacrifícios previstos na
ta redenção (Rm.3:24,25; 5:6-8; 1Co.5:7; Lei prefiguravam Cristo e Seu sacrifício
15:3; Ef.5:2; Hb.3:1; 4:14; 5:1-10; 6:19,20; vicário, como em Hb.9:19-24; 10:1; 13:10-
7:1-28; 8:1-13; 9:11-15, 24-28; 10:11-14; 13. Ele é o “Cordeiro de Deus, que tira o
I Jo.2:2; 4:10). pecado do mundo” (Jo.1:29), em cumpri-
mento a Êx.12 e Is.53; Ele é o “Cordeiro
sem defeito e sem mácula” (IPe.1:19); e
A OBRA SACRIFICIAL DE CRISTO JE-
“nosso Cordeiro Pascal”, que foi imolado
SUS TEM OS SEGUINTES ASPECTOS
por nós (I Co.5:7).
PRINCIPAIS:

3 ) Seu Propósito:
1) Possui natureza expiatória e substituti-
va:
Os sacrifícios previstos na Lei não po-
diam expiar os pecados, mas eram figuras
As Sagradas Escrituras testificam o fato
do verdadeiro sacrifício vicário de Cristo,
de que os sacrifícios de animais, insti-
ainda por vir (Hb.9:1-14). Em Hb.10, le-
tuídos na Lei dada a Moisés, como nas
mos que aqueles sacrifícios não podiam
ofertas pelo pecado e pelas transgressões,
aperfeiçoar o ofertante (v.1); não podiam
tinham o caráter expiatório (Lv.1:4; 4:29-
remover pecados (v.4). Na verdade, eles
35; 5:10): no ato da imposição de mãos
somente tinham significação real de sal-
que simbolizava a transferência do pe-
vação para Deus, quando realizados com
cado e da culpa, para a vítima, como em
verdadeira fé e arrependimento, na medi-
Lv.16:21,22; no derramamento e aspersão
da em que levavam a atenção do ofertante
do sangue sobre o Altar de Bronze (pelos
a fixar-se no Redentor vindouro e na Re-
sacerdotes levitas) e sobre o Propiciatório
denção prometida.
(pelo Sumo-Sacerdote uma vez ao ano, no
Dia da Expiação), como em Lv.16 e 17; no Importante é compreender que Cristo é
perdão das ofensas cometidas daquele que o Sumo Sacerdote, não somente terreno,
trazia sua oferta pelos pecados: Lv.4:26- mas também, e especialmente, celestial.
Ele é, mesmo quando assentado à destra

Estudos Bíblicos 56
de Deus, com majestade celeste, “minis- ao passo que, por outro lado, a Intercessão
tro do santuário e do verdadeiro taberná- é uma Intercessão judicial, representativa
culo que o Senhor erigiu, não o homem” e sacerdotal, e não uma mera influência
(Hb.8:2). a favor de alguém - porque é essencial que
Em Hb.8:5, lemos: “...como Moisés foi haja Expiação, ou seja, uma oblação subs-
divinamente avisado, estando já para aca- titutiva, feita uma vez por todas no Cal-
bar o tabernáculo; porque foi dito: Olha, vário, agora apresentada perpetuamente
faze tudo conforme o modelo que no monte e usufruindo perpétua aceitação no céu.”
se mostrou”. Ele é o Sacerdote verdadeiro Hb.10:9-14.
(o Sacerdote segundo a ordem de Melqui- Exatamente como o sumo sacerdo-
sedeque - Hb.5:1-11); o Sumo-Sacerdote te, no grande dia da Expiação, entrava
de fato e de direito, conforme o Decreto no lugar santíssimo, isto é, no Santo dos
irrevogável de Deus Pai (Sl.110:4); a servir Santos, com o sacrifício consumado, para
no verdadeiro santuário, do qual o taber- apresentá-lo a Deus, assim Jesus Cristo,
náculo de Israel era apenas uma sombra nosso Senhor e Salvador, entrou no Lugar
imperfeita (e transitória). Ele exerce o Su- Santíssimo, isto é, no Tabernáculo Celes-
mo-Sacerdócio diante do Trono de Deus, tial, pelo sacrifício de Si mesmo, santo,
no Tabernáculo não feito por mãos huma- perfeito, imaculado, insubstituível, único
nas, apresentando-se a Si Mesmo, pelos e imutável. Hb.9:24.
que nEle crêem, como Sacrifício Vivo e Há também um elemento judicial na in-
Eterno, ao PAI. Assim sendo, Ele é nosso tercessão, precisamente como na expiação.
intercessor junto ao Pai (Sl.110:5). Mediante a expiação, Cristo Jesus satisfez
Cristo, como o nosso Advogado, in- as justas exigências da lei, de modo que ne-
tercede por nós junto ao Pai e contra Sa- nhuma acusação legal pode, com justiça, ser
tanás, o nosso acusador - Hb.7:25; 1Jo.2:1; feita contra aqueles pelos quais Ele pagou o
Ap.12:10. Outros textos neotestamentários preço. Contudo, Satanás, o acusador, sem-
que falam da obra intercessória do Se- pre está a lançar acusações contra os eleitos
nhor Jesus Cristo acham-se em Rm.8:24; e remidos; mas o Senhor e Salvador Jesus
Hb.7:25; 9:24. Cristo nos justifica pela apresentação de Seu
próprio Sangue e Obra Expiatórios, diante
de Deus.
4 ) A natureza da Obra intercessória de
Cristo: O apóstolo Paulo, em Rm.8:33,34, afir-
ma: “Quem intentará acusação contra os
eleitos de Deus? É Deus quem os justifica.
É impossível dissociar a obra Quem os condenará? É Cristo Jesus quem
intercessória de Cristo de Seu sacrifício morreu, ou antes, quem ressuscitou, o qual
expiatório na cruz. Este é apenas um está à direita de Deus, e também interce-
aspecto da obra sacerdotal de Cristo. No de por nós”. Aí está o elemento judicial
entanto, como afirma L.Berkhof: presente claramente.
«A essência da Intercessão é a Expiação Um outro ponto relativo à Obra inter-
de Cristo. A Expiação é real - um sacrifício cessória de Cristo, é que ela está relacio-
e uma oferta reais, e não um mero sofri- nada com a nossa santificação completa,
mento passivo - porque, em sua própria na- integral (posicional, vivencial ou prática-
tureza, é uma intercessão ativa e infalível; -progressiva e final). Quando nos dirigi-

Estudos Bíblicos 57
mos ao Pai, em nome de Cristo (Mt.18:18- desta forma, mas como Aquele que está à
20; Jo.14:13), as nossas orações imperfeitas direita de Deus Pai, glorificado e que in-
são aperfeiçoadas nEle; os nossos pecados tercede por nós: “o Sumo Sacerdote dos
são perdoados por Ele; as nossas limitações bens futuros”. Leia-se, ainda, Jo.17:17,24;
humanas e materiais são plenamente su- Hb.4:14-16; 10:21,22; 1Pe.2:5.
plantadas e superadas pela Sua divindade A oração intercessória de Cristo é uma
eterna. Aleluia! Leia-se: Hb.2:17,18; 3:1-6; oração que nunca falha. Junto ao túmulo
4:15;1Pe.2:4,5. de Lázaro o Senhor Jesus expressou a cer-
teza de que o Pai sempre O ouve, Jo.11:42.
5 ) Por quem ele intercede? Suas orações intercessórias em favor do
Seu povo estão baseadas em Sua obra ex-
piatória. Os remidos de Deus podem au-
O Senhor Jesus Cristo intercede por to- ferir consolo e fortaleza do fato de contar
dos aqueles por quem Ele fez expiação, e com um intercessor tão eficaz junto ao Pai!
somente por estes. Pode-se inferir disto do
IX – JESUS CRISTO, HOMEM:
caráter limitado da expiação - somente os
que crêem, os que são nascidos de novo, é
A Encarnação do Filho de Deus já esta-
que são beneficiados por ela, embora o Sa-
va prevista nas Escrituras (Gn.3:15; Is.7:14;
crifício de Cristo tenha sido feito por todos
9:6,7; 11:1-5). Sob esse tema, vários pontos
(Mt.10:32,33; Mc.16:16; 1Jo.2:1,2).
merecem nossa atenção:
Em passagens como Rm.8:1,2,34;
Hb.7:25,26 e 9:24, a palavra “nós” se refere 1 ) Deus Filho se fez carne:
somente aos salvos. Além disso, na oração
sacerdotal registrada em Jo.17, o Senhor Não foi o Deus Triúno, mas a segunda
Jesus Cristo diz ao Pai que ora por Seus Pessoa da Trindade que assumiu a natureza
discípulos que ali estão e “por aqueles que humana. Desta forma, é melhor dizer que
vierem a crer em mim, por intermédio da “o Verbo se fez carne” (Jo.1:1-14; 6:38). Ao
sua palavra” (v.9,20). mesmo tempo, vemos que a Trindade agiu
No versículo 9, do mesmo capítulo, Ele faz na encarnação (Mt.1:20; Lc.1:35; Jo.1:14;
uma declaração sumária a respeito do caráter At.2:30; Rm.8:3; Gl.4:4); que Cristo Jesus
restritivo de Sua intercessão, quando diz: “É é verdadeiro Deus e verdadeiro Homem
por eles que Eu rogo; não rogo pelo mundo, (Fp.2:5-11; Cl.1:13-22; 2:9; Tt.2:13,14;
mas por aqueles que me deste”. E o versículo IJo.4:1-3).
20, nos ensina que Ele não intercede somente Para ser Mediador entre Deus e os ho-
pelos discípulos presentes, mas por todos os mens era absolutamente necessário que
que ainda haveriam de ser salvos. Jesus Cristo fosse feito homem, sem par-
Neste sentido, o Senhor Jesus Cristo está ticipar da natureza pecaminosa (Rm.8:3).
posto como Sumo Sacerdote dos que são Destacamos, a seguir, os aspectos humanos
declarados filhos de Deus, por meio dELE. encontrados nEle, necessários para a nossa
Não significa, no entanto, que Ele nunca redenção:
interceda pelos que não são salvos, como a ) nasceu de uma virgem e viveu
lemos em Lc.23:33, pois aqui o vemos sob o jugo da Lei (Gl.4:4,5);
como Filho do Homem, em seu estado de b ) cumpriu toda a Justiça, sendo
humilhação. Agora, porém, não O vemos obediente (Mt.3:13-15; Rm.5:18);

Estudos Bíblicos 58
c ) morreu por nossas transgressões carregam em si e em seus atos todos os que
para nos reconciliar com Deus (Rm.4:25; são nascidos deles.
5:10);
d ) ressurgiu para ser garantia da A missão do último Adão foi a de vencer
nossa ressurreição e redenção (I Co.15:17). a morte, trazendo a vida; condenar o peca-
do na carne (Rm.8:3); salvar os pecadores
2) Jesus Cristo: “o último adão”. (2Tm.1:9; Gl.4:4,5). Como vencer o pecado
pela humanidade se Ele mesmo não o ven-
Esta expressão encontramos somente cesse em Sua vida? Somente vencendo o
nas epístolas de Paulo. Em Rm.5:11-21, pecado pôde Ele comunicar aos que crêem
encontramos a origem do conceito bíblico: nEle a Sua própria Justiça! Jesus cumpriu
a ) Em Adão, o pecado gerou a mor- toda a lei (Gl.4:4,5. Mt.5:17,18), a si mes-
te e a justificação não se alcançou pelas mo se entregou (Hb.7:26,27), sacrificou-se
obras da Lei; por todos nós (1Co.15:3).
b ) Jesus Cristo, “o último adão”,
pelo Seu Ato de Justiça venceu o pecado e X – CONCLUSÃO:
a morte; a justificação veio pela fé; e a vida
eterna por meio dEle. Em Jesus Cristo, vemos revelados os pro-
pósitos de Deus para os santos. Ele tomou
Comparação quanto à origem (I sobre si mesmo a natureza humana, a fim
Co.15:45-49): de elevar-nos de nossa triste condição hu-
mana à condição de Filhos de Deus. Sua
vida tornou-se padrão da nossa, não só
moralmente, mas, também, no aspecto me-
Adão é: Cristo é:
tafísico, porquanto não só procuramos imi-
ser vivente
tar sua vida, mas, também, seremos um dia
homem terreno homem celestial
transformados segundo a Sua própria ima-
feito do pó da terra veio do céu
gem, assumindo a sua essência. Essa é a
mais alta promessa do Evangelho (Ef.1:23;
Trouxemos a imagem do primeiro, tra-
I Co 15:49; I Jo 3:3).
remos a imagem do último (v.49). Somos
participantes das primícias (Ef.2:6).
Cabe-nos, então, buscar, incessantemen-
te, crescermos na graça e no conhecimento
Quanto às consequências de seus Atos
do Senhor Jesus Cristo (2Pe.3:18). Consi-
(Rm.5:11-21):
deremos as palavras do apóstolo Pedro:
“Antes santificai a CRISTO em vossos cora-
Em Adão: Em Cristo:
ções, e estai sempre preparados, para respon-
o pecado trouxe o Ato Justo trouxe
der com mansidão e temor a qualquer que
a morte justiça e vida
vos pedir a razão da esperança que há em
a morte reinou quem O recebe reinará
vós” (1Pe.3:15).
em vida
sua desobediência Sua obediência gerou
gerou pecadores justos

Ambos são representantes e, portanto,

Estudos Bíblicos 59
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Estudos Bíblicos 60
Estudo 08
O ESPÍRITO
SANTO
VERSÍCULO BÁSICO: “Os que obe-
decem à sua natureza pecaminosa não
podem agradar a Deus. Porém, vós não
viveis como manda a carne, mas como
o Espírito de Deus quer, se é que de fato
o Espírito de Deus vive em vós. Quem
não tem o Espírito de Cristo não per-
tence a Ele” (Rm.8.8,9).

Meditando Diariamente
na Palavra:

Segunda-feira - Jo.3:3-7; 14:16,26; 16:5-11


Terça-feira - Jl.2:28-32; At.2:39; 4:31; 9:31
Quarta-feira - Rm.5:5; 8:9,14; 1Co.6:19
Quinta-feira - 2 Co.5:17 Ef.1:13,14; 2:18-22
Sexta-feira - Gl.5:22-25; 1Ts.4:7,8; Tt.3:5
Sábado - Hb.12:14; 1 Pe.1:14-17

Estudos Bíblicos 61
I – INTRODUÇÃO: da água da vida.
c) vento (Jo.3:8): Sua operação é
O Deus Espírito Santo, a terceira Pes- inacessível à lógica e padrões humanos.
soa da Trindade, tem importância cen- Aquele que é guiado por Ele não sabe,
tral na salvação do homem. Ele é quem por si mesmo, o que lhe espera, e cami-
realiza em nós essa salvação e, sem Ele, nha pela fé nEle; em Atos, vemos que a
nenhuma das Promessas de Deus pode- Igreja primitiva aprendeu cedo a depen-
ria ser realizada em nós. As Escrituras o der da direção e do poder do Espírito
apresentam através de símbolos, que nos Santo para fazer a Vontade de Deus.
ajudam na compreensão de suas realiza- d) fogo (Êx.25:31-40; Is.6:5-7; At 2:3;
ções, ainda que a compreendamos limita- Ap.3:1): Tipifica a presença maravilhosa
damente. Ele é apresentado como: da Glória de Deus, que consome toda
a) azeite (Êx.30:22-33): Sua impureza e santifica àqueles que são
composição: “pura mirra” ® uma espécie tocados por ele. Estava presente na Tenda
de resina aromática originária da haste e da Congregação, está na Igreja de Cristo
dos ramos de uma árvore baixa dos de- e está na Glória dos Céus, na presença de
sertos da Arábia e norte da África – fala Deus.
do caráter permanente do Espírito na- e) pomba (Mt.3:16): O Espírito age
quele sobre quem Ele é derramado – A com simplicidade como as pombas são
resina se assemelha à cera pegajosa; “ca- simples - Mt.10:16; bem como é muito
nela aromática” ® fala do doce aroma pro- sensível como fica expressamente de-
duzido, que é um tipo de Cristo e da nova monstrado no gemido delas. Compare
natureza santificada para Deus. Segundo com Rm.8:26,27.
Êx.40:9-15, era imprescindível para o f) selo (Ef.1:13): É o carimbo da pro-
exercício de todo o ofício sacerdotal na priedade e possessão de Deus. Ninguém
tenda da congregação, isto implica que, poderá tocar nela sem a Sua permissão.
sem a santa Unção do Espírito de Deus Deus é o seu remetente e o seu destino
é impossível servi-Lo na Sua Obra. Em também é seguro e certo: as moradas ce-
Sl.45:6-8, lemos que, por meio dEle, par- lestiais.
tilhamos do gozo do Espírito. Em Zc.4:2-
g) garantia (Ef.1:14): O Espírito San-
6, Ele fala da autoridade concedida pelo
to é Deus e Ele é quem garante a nossa
Espírito de Deus. Já em Jo.3:34, o Ungido
redenção e nos assegura uma eterna vida
de Deus, Cristo Jesus, recebeu o Espíri-
em Cristo Jesus.
to sem medida. E, em Hb.1:8,9, o vemos
como o óleo da alegria.
b) água (Sl.46:4): O Espírito é tipifi- II – MISSÃO SOBERANA DO ESPÍRI-
cado como as correntezas de um rio que TO SANTO
está na Cidade de Deus. Em Jo.7:37-39,
Ele aparece como um rio de águas vivas O Espírito Santo é aquele que convence
dentro do ser; em Jo.6:63; 13:10 e 15:3, o mundo do pecado, da justiça e do juízo
é tipificado como a Palavra de Deus que de Deus sobre todos. Ele controla o mal
nos purifica; em Tt.3:5,6, Ele está presen- que há no mundo e convence aos homens
te no batismo da regeneração e no novo do pecado, atuando sobre todos os ho-
nascimento; em Ap.22:1, como o rio puro mens, através de sua influência, persona-

Estudos Bíblicos 62
lidade e presença (Jo.16:7-11). Podemos a) O arrependimento nasce da prega-
supor que o mundo seria intoleravelmen- ção do Evangelho e da Palavra de Deus
te mau, não fora a influência do Espírito (Mc.1:15); b) por causa da paciência e
Santo, que constrange a iniquidade ine- longanimidade de Deus (2 Pe.3:9); c)
rente nos homens. pela manifestação da Glória de Deus
Por ser criador (Gn.1:1,2,26,27), o Es- (Jo.11:39-45; 12:9-11); d) através da ma-
pírito Santo também é capaz de realizar nifestação do juízo divino (Zc.12:10); e)
criações espirituais (2 Co.5:17) e, assim a tristeza segundo Deus conduz ao arre-
sendo, Ele produz transformação de vida pendimento (2 Co 7:9,10), bem como a
(Gl.5:22;23), a começar pela conversão Sua bondade (Rm.2:4-8); f) é ensinado
(Jo.3:3). Ele dirige ativamente os mi- por Deus (At.17:30,31; 2Tm.2:25); g)
nistros do evangelho e santifica àqueles foi ensinado por Cristo (Ap.2:5,16; 3:3);
que se convertem (At.13:1-4,16:6,7,10; h) é uma operação do Espírito Santo
Rm.15:16). Ele é o mestre supremo (Zc.12:10-13:2); i) é o começo do proces-
(Jo.14:26), glorifica ao SENHOR JESUS so da santificação (At.2:37-39).
CRITO e promove a sua causa, (Jo.15:16).
Ele habita nos santos (Ef.2:20), que são IV – O ESPÍRITO SANTO E A REGE-
propriedades de Deus (1Co.6:19,20). Ele NERAÇÃO:
nos ajuda em nossas fraquezas (Rm.8:26).

Segundo J.I.Packer, “a regeneração, ou


III – O ESPÍRITO SANTO E O ARRE- o novo nascimento, é uma nova criação
PENDIMENTO: interior, em lugar da natureza humana
caída, mediante a ação soberana graciosa
O verdadeiro arrependimento do pe- do Espírito Santo” (Jo.3.5-8).
cador precede a sua conversão. É um ato A natureza da regeneração, especifi-
ocorrido, inicialmente, em sua consciên- camente, é a seguinte: a) Ela começa na
cia, pela presença do Espírito Santo, que conversão (arrependimento e fé); b) en-
o convence do erro, condenando as ações contra fruição na santificação; c) e visto
erradas e pecaminosas (Jo.8:7-9). Faz que a glorificação é um processo eterno,
parte das atuações do Espírito Santo con- que vai aumentando sempre em poder
vencer os homens acerca do mal moral e e glória, os regenerados passarão de um
dos requisitos espirituais (Jo.16:8). estágio a outro de glória, até a estatura
A verdadeira conversão envolve a fé e completa de Cristo, a varão Perfeito (2
o arrependimento (At.3:19; 26:18). Um Co 3:18).
exemplo radical de conversão é o caso de O termo “regeneração” aparece ape-
Paulo (At 9:1-18). A conversão pode vir nas duas vezes no Novo Testamento
de súbito, mas, normalmente, tem um (Mt.19:28; Tt.3:5). No evangelho de Ma-
longo tempo de preparação. A conversão teus, tem um sentido escatológico, refe-
consiste no exercício do arrependimento rindo-se à restauração de todas as coisas.
e da fé. O arrependimento é uma mudan- Certamente a renovação do indivíduo faz
ça de mente, de coração e comportamen- parte da restauração universal. Na epís-
to para com Deus (Mt.5:13-16, 7:15-29; tola de Tito, tem um sentido individual
Tg.2:14-26). e fala da renovação de cada pessoa, bem
como da transformação da personalida-

Estudos Bíblicos 63
de humana. Porém, em ambos os casos o sido lavada, antes que a alma possa en-
agente dessa transformação, é o Espírito trar no reino de Deus. Posto que o novo
Santo. nascimento subtende a renovação da
Noutros trechos bíblicos, a ideia de alma inteira, em retidão e santidade au-
regeneração é expressa por palavras que têntica, não se trata de uma questão que
significam “gerar” ou “dar nascimen- possamos desprezar facilmente: o céu
to a”, como lemos em: Jo.1:12-13; 3:3-8; é um lugar de santidade, e nada que lhe
1Jo.2:29; 3:9-10; 4:7; 5:1,4,18 e 1Pe.1:23. seja diferente jamais poderá entrar ali”
A nova criação, que novamente expres- (grifo nosso).
sa a ideia de regeneração, pode ser vista A presença habitadora do Espírito San-
nas passagens de 2Co.5:17 e Gl.6:15. A to, nos genuínos crentes, é sempre contí-
expressão “novo homem, em Cristo”, que nua e perpétua (Jo.14:16). Essa presença
tem o mesmo sentido, pode ser vista em habitadora produz frutos no crente, se-
passagens como: Ef.2:15; 4:24. melhantes à natureza moral positiva de
O encontro de nosso Senhor Jesus Deus (Gl.5:22,23). O alvo da implanta-
Cristo com Nicodemos (Jo.3:1ss) pro- ção do fruto do Espírito, nos seus vários
porciona um excelente fundo histórico aspectos, bem como de todas as suas
para o estudo deste tópico. A declaração operações na alma, é o de transformar
de Jesus (v.3), apontou a necessidade os crentes segundo a imagem de Cristo,
mais profunda e universal de todos os nos termos mais literais possíveis, de tal
homens: a mudança radical e completa modo que estes venham a compartilhar
da natureza e caráter do homem, em sua da natureza moral e metafísica essencial
totalidade. de Cristo, conforme Rm.8:29; Ef.1:23;
2Co 3:18.
Toda natureza do homem ficou defor-
mada pelo pecado, a herança da queda.
Essa deformação moral se reflete em sua V – O ESPÍRITO SANTO E A SANTI-
conduta e em todas as suas relações. An- FICAÇÃO:
tes que o homem possa ter uma vida que
agrade a Deus, sua natureza precisa ser
A santificação é identificada com o
mudada (1Co.15:42-49; Cl.3:1-4).
processo que leva o cristão a ser trans-
Os meios por Deus empregados para efe- formado numa pessoa identificada com a
tivar o novo nascimento são: o Espírito San- natureza santa de Deus. Esse processo de
to (Jo.3:3-8) e a Palavra de Deus (Ef.1:12- santificação se inicia no novo nascimento
14; 1 Pe.1:23; Tg.1:18). Na regeneração, a e prossegue durante toda a vida do cris-
iniciativa é atribuída a Deus (Jo.1:13), sen- tão, até quando ele receber um corpo glo-
do proveniente do alto (Jo.3:3,7), e efetuada rificado à semelhante ao de Cristo.
pelo Espírito Santo (Jo.3:5,8).
Para uma melhor compreensão de
Adam Clarke, igualmente, acrescenta cada aspecto desse processo, dividiremos
que o novo nascimento “compreende não este tema em três aspectos: santificação
somente aquilo que se chama de justifica- posicional, vivencial ou Prática e Final.
ção ou perdão, mas também aquilo que
1) A santificação posicional:
se chama de santificação e consagração.
Portanto, o pecado deve ter sido perdo- É aquela que alcançamos diante de
ado, e a impureza desse coração deve ter Deus, mediante o valor eterno e imutável

Estudos Bíblicos 64
da obra redentora de Cristo Jesus na Espírito Santo e da Palavra de Deus.
Cruz do Calvário, isto é, a purificação Esta transformação visível surge ex-
dos nossos pecados no sangue de Jesus teriormente, a partir da transformação
(Hb.10:14,18; 1Jo.l:7; Ap.1:5; 5:9) - este é interior (Mt.5:3-16; Jo.3:1-21; 1Jo.1:5-
o aspecto da salvação da culpa do pecado 2:17). Este é o aspecto da salvação do
- siginifica a posição da santificação ab- domínio do pecado. Através dela, é ma-
soluta e eterna do crente genuíno diante nifestada a diferença entre o verdadeiro e
de Deus, através da redenção em Cris- o falso cristão; entre o “nominal-teórico”
to Jesus, feita de uma só vez por todas e o “verdadeiro-prático”; pois, como dis-
(1Co.1:2; 6:11; Hb.10:10,14). se Jesus, em Mt.7:15-27: “por seus frutos
Ao chamar os crentes em Corinto de os conhecereis”. Isto fica evidenciado nos
santificados, apesar de haverem conten- atos praticado diariamente, se somos (ou
das e pecados entre eles, o apóstolo Paulo não) luz e sal da terra, diante do mundo,
estava dando ênfase à posição em Cristo, através do nosso testemunho, o que já
em face da remissão dos pecados deles, somos, de fato e em verdade, em Cristo
mediante o valor do sangue de Jesus. (2Co.3:18; 5:14,15).
Foram justificados em Cristo Jesus. Por O novo homem interior é refletido na
conseguinte, foram comprados e separa- imagem exterior, em virtude de que uma
dos (santificados) para servirem a Deus. coisa está, necessária e intimamente, vin-
Esta santificação, diante de Deus, é o culada a outra, isto é, a causa da nossa
resultado da Obra salvadora de Cristo, santificação exterior - “em toda nossa
que nos comprou e nos separou para si maneira de viver” - é a nossa santificação
mesmo como sua propriedade exclusiva integral: espírito, alma e corpo (1Ts.5:23).
e povo santo, tirando-nos (airó) para fora A sua maneira de ser atesta, dá prova ca-
do sistema mundano de Satanás (kos- bal, de sua fé, através de seu testemunho
mos), e nos transportando para o “reino (Ez.23:25-30; At.1:8; Ap.19:8).
do Filho do seu amor” (Cl.1:13). Este é O apóstolo Paulo definiu o verdadei-
exatamente o significado da palavra Igre- ro testemunho, em Ef.4:24. Também
ja (ek+klesia – Igreja – literalmente: “a lemos, na carta de Paulo aos Romanos,
assembléia dos tirados para fora de”). a exortação do apóstolo a que apresen-
Aos olhos de Deus, já fomos separa- temos os nossos corpos em sacrifício
dos (santificados) eternamente, e somos vivo e santo, que é o nosso culto racio-
dEle por direito de compra, cujo preço nal, e que não nos conformemos - tomar
foi o sangue se Jesus Cristo (Ef.5:25,26; a mesma forma de; imitar; modelar-se
1Pe.1:18,19). a; identificar-se - com este mundo, mas
2) Santificação vivencial ou prática: transformemo-nos (dar nova forma),
pela renovação do nosso entendimento
É a vivência prática, autêntica e
(a mente de Cristo), para que experi-
verdadeira de um genuíno cristão, que
menteis (vivenciar na prática), qual seja
possui uma nova natureza em Cristo. É
a boa, agradável, e perfeita vontade Deus
o testemunho vivo do novo nascimento
(Rm.12:1-2).
que se processou interiormente no
cristão, e que se reflete exteriormente, A consequência natural dessa entrega
em seu comportamento e maneira de total ao poder do Espírito Santo, é a
viver, como nova criatura, pelo poder do libertação do domínio do pecado na vida

Estudos Bíblicos 65
diária (Rm.6:14-18, 22). A vontade de O apóstolo João afirma esta mesma
Deus é que se produza em nós, através verdade, em 1Jo.3:2-3. Em outras pala-
da santificação diária, a imagem santa vras, significa que seremos semelhantes
de seu Filho, como embaixadores do seu a Ele, pois não estaremos mais na pre-
reino santo. O Espírito Santo de Deus é sença do pecado, não mais morreremos
quem opera em nós, progressivamente, e os nossos corpos serão imortalizados e
aquela transformação à semelhança de glorificados.
Jesus Cristo, refletindo como luz num
espelho, a imagem do seu caráter santo,
VI – CONCLUSÃO:
em nossas vidas.
Por isso mesmo, está escrito em
Fp.2:12-15: «...assim também efetuais A santificação completa é operada pelo
a vossa salvação com temor e tremor... Espírito Santo no crente, em três aspec-
para que sejais irrepreensíveis e since- tos, abrangendo todo o seu ser: espírito,
ros, filhos de Deus inculpáveis no meio alma e corpo; de dentro para fora, diante
de uma geração corrompida e perversa, de Deus e dos homens, como luz e sal da
entre a qual resplandeceis como astros no terra, interagindo, no ser como um todo,
mundo». de maneira tal que possamos, como em-
baixadores do Rei e nosso Senhor Jesus
.3) A santificação final:
Cristo, refletirmos a Sua mesma imagem,
A santificação final se dará somente pura e santa, verdadeiramente, em toda
no dia da nossa redenção (na primeira a nossa maneira de viver; quer na Igreja,
ressurreição) quando formos libertados, quer perante o mundo.
definitivamente, da presença do pecado
Os meios e provisões para isto, já fo-
e da morte física do nosso corpo, o qual
ram providenciados por Deus, que são
será transformado, glorificado e imorta-
aqueles três: o sangue de Jesus, que nos
lizado, à semelhança do corpo glorioso
purifica de todo pecado; o Espírito Santo,
de nosso Senhor Jesus Cristo, na Sua vin-
que nos regenerou e nos guia, e a Pala-
da para arrebatar a Sua Igreja Triunfante
vra de Deus, que nos santifica e purifica,
(1Co.15:35-58; 1Ts.4:13-18; Fp.3:20-21).
lavando por dentro e por fora, operando
Este é o aspecto da salvação da presença
até a divisão da alma e do espirito.
do pecado.
Assim o cristão deve, naturalmente,
Trata-se da libertação total da presença
ser e viver como santo de acordo com a
do pecado, quando, através da ressurrei-
Palavra de Deus, como disse o apóstolo
ção, o nosso corpo será transformado,
Pedro: “como filhos obedientes, não vos
glorificado e imortalizado à semelhança
conformando com as concupiscências,
do de Cristo Jesus. ICo.15:51-54. É a re-
que antes havia em vossa ignorância;
moção total da presença do pecado do
mas, como é santo aquele que vos cha-
corpo do crente genuíno. Isto significa
mou, sede santos em toda vossa manei-
que fomos salvos da culpa e do domí-
ra de viver; porquanto, escrito está: sede
nio do pecado, na esperança de sermos
santos, porque eu sou santo” (1Pe.1.14-
salvos da presença do pecado, no dia da
16).
“manifestação da glória dos Filhos de
Deus”, na ressurreição dos nossos corpos.
(Rm 8:18-24).

Estudos Bíblicos 66
Estudo 09
UMAÚNICA
IGREJA
VERSÍCULO BÁSICO: “Cristo
amou a Igreja e a si mesmo se entre-
gou por ela, para que a santificasse,
tendo-a purificado por meio da la-
vagem de água pela Palavra, para
apresentar a si mesmo Igreja gloriosa,
sem mácula, sem ruga, nem coisa se-
melhante, porém santa e sem defeito”
(Ef.5:25b-27).

Meditando Diariamente
na Palavra:

Segunda-feira - Mt.16:18; 18:20


Terça-feira - Rm.16:4,5,16
Quarta-feira - 1Co.12:12,13; 15:20,51,52
Quinta-feira - Ef.4:1-16; 5:25-32
Sexta-feira - Cl.4:15; 1Ts.4:15-17
Sábado - Ap.2:1,8,12,18; 3:1,7,14.9

Estudos Bíblicos 67
I – INTRODUÇÃO: A Igreja só pôde ser revelada quando o
Verbo de Deus (Logos) se fez carne e ha-
bitou entre nós, para poder morrer, derra-
A palavra Igreja apareceu pela primeira
mar seu sangue expiatório, redimindo-nos
vez no Novo Testamento, em Mt 16:18, e
de nossos pecados, ressuscitar gloriosa-
é tradução do termo grego ekklesia, que
mente e assentar-se à direita de Deus Pai
significa, literalmente: “assembléia dos
para nossa justificação (Jo.1:1,14; Hb.7:22-
que são chamados para fora”. No contex-
25; 9:22-28; 10:10,14; 1Pe.1:18,19; Ap.1:5;
to do Novo Testamento, significa os que
5:6-9).
foram chamados para deixarem o mundo
e a pertencerem a Deus, em Cristo Jesus Quando o próprio Senhor Jesus disse
(Mt.16:16-18; Jo.15:19; 17:14-16; At 15:14; (Mt.16.18) que iria edificar Sua Igreja so-
20:28; Gl.6:14). Indica, também, a união bre a (petra) “Rocha” principal de esquina,
no Corpo de Cristo de todos os cristãos, foi revelado, pela primeira vez na Bíblia,
em todas as épocas e lugares, que aceita- de quem era a Igreja, quem a edificaria,
ram a Cristo como seu Salvador e Senhor qual seria o nome da Igreja e qual o seu
de suas vidas. Esta igreja é considera- único fundamento. Esta revelação, dada
da como o organismo vivo e santo, que por Deus Pai a Simão Pedro, com relação
tem Cristo por cabeça e todos os filhos ao Seu Filho, é inédita, imutável, insubs-
de Deus, como seus membros (Rm.12:5; tituível, irrevogável e eterna, porque, sem
1Co.12:27). Cristo, não poderia existir a Sua Igreja (At
4:11; 20:28; Rm.16:16; 1Co.3:11).
A Igreja nunca deve servir como indi-
cação de templo ou edificação, onde acon- Portanto, esta única Igreja universal,
tecem as reuniões dos cristãos (“vamos não tem limite de tempo e espaço, e só
para a igreja”), nem tão pouco como pro- tem um único dono e Senhor, um único
priedade particular (“qual é a sua igreja?”, Esposo e nome, dado graciosamente, que
ou “a igreja de fulano é...”), como indica é o de Cristo. O apóstolo Paulo exortava
a Palavra de Deus (Mt.16:18; Rm 16:16; aos bispos da igreja em Eféso (At.20:17),
1Co.14:4,28,35). Nestes textos, quando se para pastorearem a Igreja que Cristo Jesus
faz referência à Igreja, não se está repor- tinha resgatado com seu próprio sangue.
tando ao prédio, mas sim, às pessoas que Fica claro quem é o dono e Senhor da igre-
oravam, ouviam as profecias, que, pelo ja, quando nos ordena a zelar e pastorear a
Espírito Santo, interpretavam as línguas propriedade (Igreja) do Senhor, e manter
e ensinavam a Palavra. Da mesma forma, o nome de Cristo, como uma expressão
em Mt.18:17-20, Jesus está se referindo visível da nossa aceitação. Isto se verifica,
aos seus discípulos na Igreja local, e não também, em Rm.16:16. Nosso dever é
ao prédio. E, para fazer essa distinção, é manter sempre o nome do legítimo dono
que Ele ensinou: “Não está escrito: “a mi- e Senhor da Igreja: Cristo.
nha casa será chamada, por todas as na- À esta única Igreja pertencem todos os
ções, casa de oração?” (Mc.11.17 – citação genuínos cristãos, salvos, sem limitação
a Is.56:7). de tempo ou espaço, todos quantos são
redimidos pelo sangue derramado na cruz
do calvário por Jesus Cristo, e nasceram
II – A IGREJA UNIVERSAL:
de novo (regeneração) pela operação do
Espírito Santo. Sem dúvida alguma, esta

Estudos Bíblicos 68
é a Igreja Universal, invisível, que estava nós, dois aspectos da Igreja claramente di-
oculta no coração de Deus e que foi ferentes: a Igreja e as Igrejas, a Igreja Uni-
revelada aos homens: o corpo de Cristo versal e as Igrejas locais. A Igreja é invisível;
(Jo.1:11-13; 3:1-7; Rm.5:1-2; Ef.1:12-14; as Igrejas (locais) são visíveis. A Igreja não
Tt.3:4,5; 1Co.12:12,13; 1Pe.1:18,19, 23). tem organização; as Igrejas são organiza-
das. A Igreja é espiritual; as Igrejas são es-
pirituais e, também, físicas. A Igreja é pura-
III – AS IGREJAS MILITANTES:
mente um organismo (o corpo místico de
Cristo); as Igrejas são um organismo, mas,
Como essa Igreja única, indivisível pas- ao mesmo tempo, são organizadas, o que se
sou a ser chamada de “Igrejas de Cristo” vê pelo fato de que os presbíteros e os di-
no plural (Rm.16.16)? A resposta simples áconos desempenham ofícios ali...todas as
é: porque aquela Igreja única, invisível, dificuldades da Igreja surgem em conexão
agora se manifesta visivelmente em cada com as Igrejas locais, não com a Igreja uni-
localidade, mesmo sendo com dois ou três, versal. Esta é invisível e espiritual, portanto,
reunidos no nome de Jesus (Mt.18:20). além do alcance humano, enquanto aquelas
Estas Igrejas tem a marca histórica do (locais) são visíveis e organizadas, portanto,
toque da mão humana, com todas as suas ainda sujeitas ao toque da mão humana...
virtudes e seus defeitos. É como Jesus ex- estando tão próximas de nós que, se sur-
plicou na parábola do “joio e do trigo”. Ele girem problemas, nós os sentimos aguda-
é quem vai fazer a limpeza e a separação mente” .
final naquele grande dia (Mt.13:40-43) O Senhor Jesus ensinou que os mem-
Convém observar que em Mt.16:18, a bros visíveis de Seu Corpo, a Igreja, quan-
Igreja é espiritual, invisível e única, porém, do congregados em qualquer lugar, até
em Mt.18:17, esta Igreja local trata de pro- mesmo numa casa familiar, seria a expres-
blemas, pode ser ouvida, tocada, exortada e são da vida, da glória e da santidade de Seu
disciplinada e, até mesmo, diferenciada de Corpo místico, em qualquer espaço físico
acordo com as suas peculiaridades e neces- (At.12:5,12; Rm.16:5; Cl.4:15; Fm.1:2).
sidades. Portanto, a Igreja universal é a esposa
Em Apocalipse 2 e 3, o Senhor Jesus do Cordeiro de Deus: Cristo (Ap.19:7-9;
se dirige a cada Igreja, através do anjo de 21:9-27), e será revelada somente após a
cada Igreja, sempre considerando a ne- primeira ressurreição, quando todos os
cessidade de cada localidade, e termina que fazem parte dela serão, ressuscitados,
advertindo-as que ouçam o que o Espírito transformados, e arrebatados na Segunda
diz as igrejas (no plural) – Ap.2:7, 11, 17, vinda de Jesus Cristo, como Igreja Triun-
29; 3:6, 13 e 22. Note-se que essa é a mes- fante (1Ts.4:13-18), e que na terra se mani-
ma expressão que Jesus usou na parábola festa visivelmente, como igrejas de Cristo
do joio e do trigo, em Mt.13:43b. Então, militantes, no processo de sua peregrina-
a exortação é feita às Igrejas no plural, e ção e história, expressando a imagem, a
não à Igreja no singular. Resta-nos ouvir glória e a vida do Filho de Deus, assim
o Espírito Santo, a Palavra de Deus, e por como Jesus expressou a imagem exata do
em prática. Pai celestial aqui na terra, como Filho do
Homem (Jo.14:8-9; Mt.5:13-16, 7:15-23;
Watchman Nee, em seu livro “A vida
2Co.3:18; Cl.1:15; Hb.1:3; Ap.22:17).
normal da igreja”, escreveu: “Temos entre

Estudos Bíblicos 69
têntica, para a obediência e entrega total
IV – O ARREBATAMENTO DA IGREJA ao senhorio de Cristo.
DE CRISTO:
2) Quando ele ocorrerá?
1) Seu significado para a Igreja: O Senhor Jesus nos ensinou o princípio
De acordo com 1Co.15:51,52, os que fo- que rege todo estudo da escatologia: “não
rem encontrados vivos receberão um cor- vos compete saber a ocasião ou o dia que
po incorruptível de glória, e não experi- o Pai marcou pela sua própria autoridade”
mentarão a morte física (1Co.15:20,35,40), (At.1:7). Então, permaneçamos somente
enquanto, os que morreram em Cristo naquilo que o próprio Senhor Deus nos
serão transformados primeiro, participan- revela em Sua Palavra. Por exemplo: a pas-
do da mesma dádiva divina dos demais sagem de 1Ts.4:15-17, nos indica que Pau-
(1Ts.4.13-18). lo esperava estar vivo para a vinda de Cris-
to, ressaltando, assim, a sua iminência.
Para todo cristão genuíno, isso signifi-
cará o recebimento da natureza de Cristo, A palavra utilizada no texto, traduzida
de maneira real e vital, pois receberemos do grego, pode significar “arrebatar, furtar,
um corpo ressurrecto, à semelhança do levar”. Deriva-se de “arparks”, isto é, “la-
Senhor Jesus Cristo; e, então, se cumprirá drão”, e descreve quão repentinamente se
a Palavra de Deus, prevista em 1Jo.3:1,2. dará o arrebatamento da Igreja, o qual virá
como um laço sobre os moradores da terra
O projeto de Deus em Cristo é ainda
(1Ts.5:1-3).
mais extraordinário, quando imaginamos
que a nenhum dos anjos Ele chamou de A bem aventurança futura implica tanto
“filho”, nem ao mais glorioso entre eles. a nossa reunião com Cristo, quanto, tam-
Mas a nós, menores do que eles em digni- bém, uns com os outros. Indica a conexão
dade e poder, anteriormente escravizados íntima entre a transformação dos crentes
pelo pecado e destinados à morte, sim, a vivos e a ressurreição dos crentes falecidos,
nós miseráveis homens, pelo glorioso sa- com bem pouco tempo intermediário, de
crifício de Cristo, nos tem prometido essas tal modo que ambos os acontecimentos são
coisas. reputados como virtualmente simultâneos.
Assim, se cumprirá a promessa feita pelo
Que gloriosa promessa! Os filhos de
próprio Senhor Jesus, em Jo.14:3 e 17:24.
Deus, transformados, na imagem de Cris-
Sim, ficaremos para sempre em companhia
to, serão elevados muito acima de todos
do Senhor, como indicação de que essa co-
os outros seres angelicais, pela imensa
munhão caracterizará o estado eterno da
graça de Deus e seu poder (Fp.3:20-21; 2
Igreja.
Pe.1.3,4).
Após o julgamento no Tribunal de Cris-
Essa é uma das mais profundas reve-
to (Rm.14:10; 1Co.3:11-15; 2Co.5:8-10),
lações do evangelho, mas que tem sido
os remidos entrarão na sua glória, sendo
objeto de descaso ou ignorância por parte
co-herdeiros com Cristo (Rm.8:17,30).
da igreja. A salvação tem sido reduzida ao
Não haverá mais despedidas, não haverá
mero perdão dos pecados e a uma futura
mais partidas (Ap.3:21).
“mudança de endereço para os céus”, e não
tem causado qualquer impacto de mudan-
ça de conduta e postura de vida cristã au- 3) Antes, ou depois, da tribulação?

Estudos Bíblicos 70
Esse é um ponto de difícil interpre- b) Natureza da Igreja:
tação, merecendo um estudo profundo, A Igreja não está destinada à ira
em várias partes das Escrituras, impossí- (Rm.5:9; 1Ts.1:9,10). Portanto, a Igreja
vel de ser contemplado aqui. Entretanto, não poderá entrar no grande dia da ira
nos restringiremos a apresentar a posição de Deus (Ap.6:17). A Igreja não será sur-
doutrinária da Igreja de Cristo, que crê no preendida pelo dia do Senhor, conforme
arrebatamento antes da tribulação (posi- 1Ts.5:1-9, o que inclui a tribulação.
ção “pré-tribulacionista”). Existem, ainda,
A possibilidade do crente escapar da
o “midi-tribulacionismo” (no meio da tri-
tribulação é mencionada em Lc.21:36. À
bulação) e o “pós-tribulacionismo” (após
Igreja em Filadélfia foi prometido livra-
a tribulação).
mento da “hora da provação que há de vir
Utiliza-se a expressão “a vinda de Cris- sobre o mundo inteiro, para experimentar
to” para designar o arrebatamento da os que habitam sobre a terra” (Ap.3:10).
Igreja, como um rapto, invisível para o
É uma das características da maneira
mundo, ao passo que a expressão “a vol-
divina de agir: livrar aos crentes antes de
ta de Cristo” é uniformemente usada em
qualquer juízo divino ser infligido contra
alusão ao retorno visível de Cristo à terra,
o mundo, conforme é ilustrado nos
a fim de estabelecer o seu reino milenar.
livramentos de Noé, Ló, Raabe, do povo
John F. Walvoord, presidente do Dallas de Israel no Egito, etc (2 Pe.2:6-9).
Theological Seminary, no Texas (USA),
Ao tempo do arrebatamento da Igreja,
defende o arrebatamento antes da tribula-
todos os crentes irão para a casa de Deus
ção, apontando os seguintes argumentos:
Pai (Jo.14:3), e não retornarão imediata-
mente à terra, após o encontro com Cristo
a) Natureza da grande tribulação: nos ares, conforme ensinam os pós-tribu-
A grande tribulação é o tempo de lacionistas.
preparo para a restauração da nação de As Escrituras ensinam claramente que
Israel (Dt.4:29,30; Jr.30:4-11). O propó- a Igreja inteira, e não apenas uma parte
sito da tribulação não é preparar a Igreja dela, será arrebatada quando da vinda de
para a glória. Nenhuma das passagens do Cristo para a sua Igreja (1Co.15:51,52).
AT sobre a tribulação menciona a Igreja Isto é para a Igreja Triunfante, composta
(Dn.9:24-27; 12:1,2) - observe-se, porém, de todos os genuínos filhos de Deus, em
que a Igreja, como vimos, era um misté- todo tempo e lugar, que será tirada, como
rio que somente foi revelado por Cristo, o trigo do meio do joio, de todas as Igre-
e não podia existir sem Cristo ter morri- jas Militante locais, na vinda de Jesus para
do, derramado seu sangue para expiação os seus santos (Lc.22:24-37; 1Ts.4:13-18;
do pecado, ressuscitado, subido à direita 5:1-11).
de Deus Pai, para interceder e nos jus-
tificar perante Ele (Rm.4:25; Ef.1.9-11;
c) Doutrina da iminência:
Cl.1:26,27; 2:2,3; 1Tm.2:5) - Igualmente,
nenhuma das passagens do NT sobre a A posição pré-tribulacional é o único
tribulação menciona a Igreja (MT.24:15- ponto de vista que ensina que o retorno
31; 2Ts.1:9,10; 5:4-9). de Cristo é realmente iminente. A exorta-
ção para nos consolarmos ante a vinda do
Senhor (1Ts.4:18), só é significativa para

Estudos Bíblicos 71
o ponto de vista pré-tribulacional, sendo apóstolos de Cristo, indica que o arrebata-
contradita especialmente pelo pós-tribu- mento da Igreja ocorrerá antes do início
lacionismo. da tribulação.
A exortação para esperarmos pela glo- A vinda de Cristo para buscar sua noi-
riosa manifestação de Cristo, em favor va deverá ter lugar antes da segunda vin-
dos que lhe pertencem (Tt.2:13), perde da de Cristo à terra, para a festa nupcial
sua significação se a tribulação deve ocor- (Ap.19:7-10).
rer antes disso. A exortação para nos pu-
rificarmos, em face do retorno do Senhor,
Se o arrebatamento tivesse lugar ao
se reveste de maior significação se a vinda
mesmo tempo que a segunda vinda de
de Cristo for iminente (1Jo.3:2,3).
Cristo à terra, não haveria nenhuma ne-
A Igreja é uniformemente exortada a cessidade de separar as ovelhas dos bodes,
esperar a vinda do Senhor, ao passo que como algo ocorrido em um julgamento
os crentes que estiverem vivos durante o subsequente, mas a separação teria lu-
período da tribulação se recomenda que gar no próprio ato do arrebatamento dos
aguardem sinais da volta de Cristo (Ap. crentes, antes de Cristo realmente estabe-
7:9-17; 14:1-5; 20:-4-6). lecer o seu trono à face da terra (Mt.25:31-
46). Além disso, não haveria tempo para
d) A obra do Espírito Santo: o Tribunal de Cristo, julgamento dos san-
tos, distribuição dos galardões, a fim de
Espírito Santo, na qualidade de “res-
que fossem distribuídas responsabilida-
tringidor do mal”, não poderá ser retirado
des no Reino milenial de Cristo.
do mundo a menos que a Igreja, na qual
habita o Espírito, for retirado ao mesmo
tempo. A tribulação não poderá começar 5) Contrastes entre o arrebatamento e a
enquanto essa restrição não for suspensa. segunda vinda de Cristo:
O Espírito Santo, na qualidade de “res- Ao tempo do arrebatamento, os santos
tringidor”, será retirado do mundo antes se encontrarão com Cristo nos ares, ao
de revelar-se o iníquo, que dominará o passo que, na segunda vinda, Cristo retor-
mundo durante o período da tribulação nará ao monte das Oliveiras, vindo assim
(2 Ts.2:1-8). ao encontro dos santos na terra.
Ao tempo do arrebatamento, o monte
4) A necessidade de um intervalo entre das Oliveiras ficará intocado, ao passo
o arrebatamento e a segunda vinda de que o tempo da segunda vinda será for-
Cristo: mado um grande vale a leste de Jerusalém
De acordo com 2 Co.5:10, todos os (Zc.14:4,5).
crentes da deverão comparecer perante Quando do arrebatamento, os santos
o tribunal de Cristo. Este evento, jamais vivos serão arrebatados, ao passo que ne-
é mencionado nas narrativas detalhadas nhum crente será arrebatado em conexão
concernentes à segunda vida de Cristo à com a segunda vinda de Cristo à terra.
terra. Ao tempo do arrebatamento, o mundo
A presença dos 24 anciãos glorificados continuará sem julgamento e prosseguirá
e coroados nos céus (Ap.4:1; 5:14), repre- em seus caminhos pecaminosos, ao passo
sentando os patriarcas de Israel e os doze que na segunda vinda de Cristo o mundo

Estudos Bíblicos 72
será julgado e a justiça será estabelecida por certos sinais:
neste mundo.
 Será nas nuvens (Mt.24:30).
O arrebatamento diz respeito exclusiva-
mente aos salvos, ao passo que a segunda  Na glória de Deus Pai
vinda de Cristo envolve tanto os salvos (Mt.16:27).
como os perdidos.  Na glória de CRISTO
Quando do arrebatamento, Satanás não (Mt.25:31).
será amarrado, ao passo que por ocasião
 Uma verdade literal (At.1:9-11).
da segunda vinda de Cristo, Satanás será
amarrado e lançado no abismo.  Acompanhando pelos anjos
(Mt.16:27).
6) A Parousia (1Ts.4:13-15):  Em companhia dos crentes (I
Ts.4:14)
A “parousia” ou segunda vida de Cristo,  Repentino (Mc.13:36).
será:
 Como se fora um ladrão que as-
a) Uma série de acontecimentos, come- salta à noite (I Ts.5:2).
çando com o Armagedon (Ap.16:15,16),  Será como um relâmpago
estendendo-se até à destruição final da (Mt.24:27).
velha terra (2Pe.3:4-12). O tempo do as-
pecto da parousia que acontecerá antes do
milênio é desconhecido (Mt.24:6); g) Seu propósito:
b) Um período de refrigério ou descan-  A glorificação dos santos
so, vindo da parte do Senhor (At.3:19); (2Ts.1:10).
c) significará a restauração de todas as  Não será para efeito de expiação
coisas (Ef 1:10). O “mistério da vontade (Hb.9:28; Rm.6:9,10).
de Des” será cumprido. O apóstolo Pedro
(2 Pe.3:4-13) nos mostra que até o julga-  Visará a própria glória de Cristo
mento final e a destruição do velho siste- (2Ts.1:10).
ma cósmico fazem parte da parousia, no
 Visará o julgamento das nações
seu sentido mais amplo;
vivas e as 12 tribos de Israel, tanto aos
d) consistirá da manifestação, apa- salvos quanto aos perdidos (Mt.19:27-28;
recimento e revelação de Jesus Cristo 25:31-46).
(1Pe.1:7,13). Será o dia de nosso grande
Deus e Salvador Jesus Cristo (1Co.1:8;
Tt.2:13; 2 Pe.3:12). h) Em relação aos crentes:
e) é um acontecimento predito nas pági-  Os crentes devem amar a vinda
nas do AT (Dn.7;13), e é muito frequente- do Senhor (2 Tm.4:8).
mente no NT (Jd.14; Mt.25:31; Jo.14:3; At
 Devem esperar por Ele (Fp.3:20;
3:20; 1Tm 6:14).
Tt.2:13).
f) esse acontecimento será precedido

Estudos Bíblicos 73
 Devem aguardar a Cristo __________________________________
(1Co.1:7; 1Ts.1:10). __________________________________
 Devem apressar a vinda de __________________________________
Cristo (2Pe.3:12). __________________________________
 Devem orar para o seu desenla- __________________________________
ce (Ap.22:20). __________________________________
 Devem estar preparados para __________________________________
esse dia (Mt.24:44; Lc.12:40). __________________________________
 Devem vigiar a respeito __________________________________
(Mt.24:42; 25:1-13; Lc.12:36-48). __________________________________
i) Em relação aos incrédulos: __________________________________
__________________________________
 A segunda vinda de Cristo é
__________________________________
motivo de zombaria (1Pe.3:3,4).
__________________________________
 Presumem de sua ocorrência
__________________________________
tardia (Mt.24:48).
__________________________________
 Serão surpreendidos por seu __________________________________
súbito desenlace (Mt.24:37-51).
__________________________________
 Serão castigados quando hou- __________________________________
ver tal ocorrência (2Ts.1:8,9). __________________________________
__________________________________
V – CONCLUSÃO: __________________________________
__________________________________
Reconhecemos que esse tema é de difí- __________________________________
cil interpretação, e foi nosso objetivo aqui __________________________________
apenas ressaltar alguns aspectos dele e __________________________________
despertar a todos para uma reflexão mais
__________________________________
profunda sobre o tema.
__________________________________
O Senhor Jesus, entretanto, exortou a
Igreja, por diversas vezes e ocasiões, à vi- __________________________________
gilância constante em relação à sua vinda __________________________________
(Mt.24.32,33). Devemos, portanto, aceitar __________________________________
a exortação do Senhor e estarmos desper- __________________________________
tados, alertas, preparados, ativos na Obra
__________________________________
do Senhor, para não sermos surpreendi-
dos por Sua vinda (1Jo.2:28). __________________________________
__________________________________
__________________________________
__________________________________

Estudos Bíblicos 74
Estudo 10
OS DONS
ESPIRITUAIS
TEXTO BÁSICO: Atos 08:01-17
VERSÍCULO BÁSICO: “Há dife-
rentes tipos de dons espirituais, mas
um mesmo Espírito; e há diferentes
tipos de ministérios, mas um mesmo
Senhor; e há diferentes tipos de opera-
ções, mas um mesmo Deus opera to-
das elas em todos” (1Co.12:4-6).

Meditando Diariamente
na Palavra:

Segunda-feira - Mc.16.17,18; At 2:1-13


Terça-feira - At.5.12-16; 10:44-47
Quarta-feira - Rm.12:3-8
Quinta-feira - 1Co.12 e 13
Sexta-feira - 1Co.14
Sábado - Ef 4:11-16

Estudos Bíblicos 75
I – INTRODUÇÃO: II – A NATUREZA DOS DONS ESPIRI-
TUAIS:
Frequentemente, o assunto dos dons
espirituais quase nunca é abordado nos 1 ) Quanto à sua origem:
trabalhos de teologia sistemática, nem Em 1 Co.12.4-6, o apóstolo Paulo ensi-
no capítulo que trata da Pneumatologia na que os dons e ministérios têm sua ori-
(estudo da doutrina do Espírito Santo), gem em Deus: Pai, Filho e Espírito Santo.
nem em Eclesiologia (estudo da doutri- À cada Pessoa da Trindade é atribuída a
na da Igreja). Entretanto, quando ele é concessão de dons específicos. Veremos,
abordado, o é de um modo “rápido” - adiante, a classificação desses dons.
dando a impressão de superficialidade
Devemos tomar o cuidado em reco-
- ou de forma “homogênea” - como se a
nhecer o princípio da Unidade na Trinda-
diversidade dos dons fosse uma expres-
de (Lição 3), isto é, apesar de haver dons
são múltipla de sinônimos, com pouco
específicos concedidos por cada Pessoa da
esclarecimento de suas peculiaridades -
Trindade, há uma única atividade de Deus
e “não prático” - como se, de fato, não
nesse processo. Assim é que, por exemplo,
houvesse qualquer vínculo com a vida
sem a participação do Deus Filho, não
da Igreja, ou, afinal, como se os dons
haveria a concessão do “Dom do Pai”: o
não fossem vigentes ou essenciais para
Espírito Santo; ou, sem a participação de
a Ela.
Deus Pai, não haveria o Dom da vida eter-
O ponto fundamental, quando se pro- na, em Cristo Jesus, etc.
cura a orientação da Palavra de Deus, é
que não se pode, nem se deve, negar a
vigência dos dons espirituais na Igre- 2 ) Quanto à sua durabilidade:
ja. Precisamos, por um lado, renunciar O apóstolo Paulo nos ensina, em sua
todo preconceito contra as legítimas carta aos Romanos, que “os dons e a voca-
manifestações do Espírito Santo, espe- ção de Deus são irrevogáveis” (Rm.11:29).
cialmente relacionadas com os dons da- Isso indica que ninguém recebe um dom
dos por Deus à Igreja, e, por outro lado, de Deus e, depois, o perde. O princípio
buscar o discernimento, fundamentado que norteia essa concessão divina é aquele
nas Escrituras, a fim de compreender- que se encontra em Ec.3:14, bem como na
mos melhor as diversas funções e pro- parábola dos talentos, em Mt.25; ou seja,
pósitos dos dons e ministérios, para o os dons são de Deus, concedidos gratui-
crescimento harmonioso e equilibrado tamente para o uso em favor dos interes-
da Igreja do Senhor Jesus Cristo. ses de Deus (e não particulares), porém,
Lembramo-nos, aqui, da exorta- permanecem com aqueles a quem Deus
ção do próprio Senhor, em Mt.22:29, os concedeu, até ao dia da prestação de
e da orientação do apóstolo Paulo, em contas.
1Ts.5.19-21, para reiterarmos o fato de Ora, se admitíssemos a possibilidade
que a Igreja não deve negar ou resistir às da perda dos dons, ou, como mais moder-
manifestações do poder de Deus, mas, namente pensam alguns, na possibilidade
pelo contrário, deve buscar exercê-los, de exercermos um dom num momento
segundo o soberano propósito de Deus e, posteriormente, deixarmos de exercê-
para a Igreja. -lo, para nos dedicarmos a outro dom,

Estudos Bíblicos 76
como se o dom fosse nosso, então, porque têm errado por falta de sabedoria; outros,
Deus pediria contas deles? Afinal, Deus por falta de humildade; outros, pela falta
concede um dom aleatoriamente, ou Ele de disciplina; outros, por causa da incre-
tem um propósito eterno com isso? Em dulidade; mas, quase, senão todos, pela
outras palavras, Deus sabe o que faz, ou falta de amor!
Ele não tem um objetivo claro definido, e É importante ressaltarmos o propósito
vai seguindo para onde as circunstâncias de Deus, que, acima de qualquer interesse
indicarem? (Rm 11:29) particular, pode ser traduzido nas
palavras do apóstolo Paulo: “visando a
3) Quanto ao exercício dos dons: um fim proveitoso” (v.7b); ou, “com vistas
ao aperfeiçoamento dos santos... para a
Encontramos em 1Co.12:1-14 e 14:40
edificação do Corpo de Cristo” (Ef.4.12).
o problema da natureza e da origem dos
dons e manifestações espirituais. Era
estranho o paradoxo que aquilo que os III – CLASSIFICAÇÃO GERAL DOS
crentes em Corinto imaginavam que os DONS:
distinguia, acima de tudo, como uma co-
munidade espiritual de elevada qualida-
Na Palavra de Deus encontramos os se-
de, era a sua abundante possessão e uso
guintes dons específicos:
dos dons espirituais. No entanto, é valen-
do-se justamente disso que Paulo mostra
a carnalidade deles, visto que abusavam 1) O Dom de Deus: – que é a vida eter-
dos seus poderes. na em, e através do, Filho de Deus en-
Myer Pearlman, em “Conhecendo carnado: Jesus Cristo, conforme: Jo.3:16;
as doutrinas da Bíblia”, escreveu a esse 4:10; 5:21, 26, 27; Rm.6:23. É o próprio
respeito: “Em 1Co.12, Paulo revelou os Filho de Deus, e aos que estão nEle, a vida
grandiosos recursos espirituais de poder eterna.
disponível para a Igreja. No capítulo 14, 2) Os Dons de Deus: São variados e
porém, ele mostra como este poder deve incontáveis e concedidos, indistintamen-
ser regulado para a edificação da Igreja, te, a todo homem. Assim, temos: “Toda a
em lugar de destruir a Igreja - e, entre criação”; “A terra, e tudo o que nela há”;
os dois capítulos (cap.13), ele mostra o “A vida a todos os animais e plantas”; “O
modo como isso deve ser praticado pela espírito e alma do homem”; etc (Gn.1:1-
Igreja: pelo amor! - A instrução era neces- 2-25; Sl.148:5; Is.40:26; Hb.11:3; Ap.4:11).
sária, pois uma leitura cuidadosa do con- Lemos, ainda: “A inteligência, sabedoria,
texto demonstrará que a desordem havia riquezas e honra” (2Cr.1:7-12; Jó 1:3, 9, 10;
reinado em algumas reuniões, devido à Sl.94:10; Tg.1:5); “o alimento, o trabalho e
falta de conhecimento das manifestações os benefícios provenientes dele” (Ec.3:13;
espirituais”. Mt.6:24-34); “diversos dons e operações
Essas palavras, ditas pelo servo de especiais (Êx.35:30-36:1; 2Re.4:1-7; 6:1-7;
Deus, nos parecem sábias. Acreditamos Dn.1:17; At.8:39,40; 17:24-29a; 1Co.12:6).
que muitos das atuações genuínas de 3) O Dom do Pai – é o Espírito Santo
Deus na Igreja, através das manifestações concedido, a pedido do Filho, para habi-
espirituais dos dons, têm sido mal com- tação eterna no crente nascido de novo
preendidas e mal administradas. Muitos (Lc.24:49; Jo.14:16-18; Rm.5:5; 8:9,14-16;

Estudos Bíblicos 77
1Co.6:19-20; Ef 1:13,14). Este fato, já se lho e estabelecer novas Igrejas locais.
cumpriu no dia de pentecostes. Além dos apóstolos de Cristo, outros
4) O Dom de Cristo – é o dom da missionários cristãos que levaram a men-
justiça e a graça salvadora, concedidas sagem para lugares que nunca a tinham
aos que crêem nEle - são declarados recebido, também foram reconhecidos
justificados diante de Deus, por meio da como apóstolos (Rm.16:7; I Co.15:5-7;
fé no sacrifício perfeito de Jesus Cristo na I Ts.2:6-7). Barnabé (At.14:14); Matias,
Cruz (Rm.5:15-17; 3:26; 5:1,2,2 2Co.5:21; escolhido para ocupar o lugar de Judas, o
Ef.2:8,9; Fp.3:9). traidor (At.1:26), etc.
5) Os Dons de Cristo – são os Dons Paulo dá a entender que aos vários
Ministeriais: Apóstolos (missionários), apóstolos foram determinadas áreas es-
profetas, evangelistas, pastores e mestres pecíficas de atuação. Tiago, Pedro e João
(Ef 4:11; I Co.12:28). Em Ef.4:11 é dito tinham um ministério entre os judeus,
que o Senhor Jesus, depois de sua as- e Paulo entre os gentios (2Tm.1:11). Os
censão aos céus, deu dons aos homens, doze foram removidos de Jerusalém devi-
concedendo-lhes ministérios específicos: do às perseguições e o alcance do minis-
apóstolos, profetas, evangelistas, pastores tério deles expandiu-se, por causa disso
e mestres. É interessante observar que to- (Gl.2:7-10; At.8:1;10:9-48;14:4,14).
dos esses ministérios foram atribuídos ao
próprio Senhor Jesus (Apóstolo: Jo.20:21;
b) Profetas: Jr.6:17; Ez.3:17; At.21:8-11;
Hb.3:1; Profeta: Dt.18:15,18; Lc.1:76; 7:16;
Ef.4:11.
Evangelista: Mt.4:23; Mc.1:15; Lc.4:17,18;
Pastor: Jo.10.11, 14; Hb.13:20; e Mestre: No Antigo Testamento, os profetas eram
Mt.23:8,10; Jo.13:13. Esses dons estavam os anunciadores das mensagens de Deus,
presentes na Igreja primitiva (At.11:22-28; por meio do Espírito Santo. No Novo Testa-
13:1,2; 16:6,7; Gl.1:1; entre outros). mento, a palavra “profeta” aparece em cen-
to e quarenta e nove vezes, com o mesmo
significado. Devido a sua importância para
a) Apóstolos: a Igreja, o apóstolo Paulo, em 1Co.14:1-
O termo apóstolo vem do grego “após- 3,24,25,29-32, faz recomendações solenes.
tolos”, cujo significado mais comum é Considere, ainda: At.11:27-28;15:31-32;
simplesmente delegado, enviado, mensa- 21:10-11; 2Pe.1:20,21.
geiro. “O verdadeiro apóstolo é sempre Porque razão seria esse dom consi-
aquele que recebe uma comissão, não me- derado o mais importante, depois dos
ramente o que vai, e, sim, o que é enviado” apóstolos (1Co.12:28)? Porque tem sido
(Donald Gee, “Os dons do ministério de tão perseguido e rejeitado? Por causa das
Cristo). falsas profecias e dos falsos profetas? Em
No Novo Testamento, primeiramente parte, talvez, mas não se deve rejeitar um
se refere à designação dos doze apósto- benefício, ordenado por Deus, por causa
los de Cristo (Lc.6:12-16; Jo.20:21). Eles de um malefício, induzido por Satanás.
foram constituídos pelo Senhor, como De qualquer modo, devemos submeter os
base de sustentação da Igreja (Ef.2:20). nossos posicionamentos pessoais, à luz da
Os apóstolos andavam em obediência à soberana vontade de Deus, revelada em
orientação divina (ver At.16:7,8). Seu ob- Sua Palavra.
jetivo principal era o de pregar o Evange-

Estudos Bíblicos 78
Algumas vezes, a profecia cumpre a É responsabilidade de todo cristão
importante função de predizer o futuro, evangelizar, mas o Senhor Jesus designou
como uma “visão estratégica” da Obra, “uns para evangelistas”, o que significa
dada por Deus aos seus servos, às vezes haver uma clara distinção desse ministério,
até contrária à lógica humana, como em com o da “grande comissão”, em Mc.16:15.
At.16:6,7. Veja, também At.11:27,28; 13:1- .
3; 20:22,23).
d) Pastores:
A profecia visa a edificação, a exorta-
No seu sentido literal, um pastor é al-
ção e a consolação da Igreja (1Co.14:3).
guém que cuida do rebanho de ovelhas.
Ela não suplanta ou supre a pregação ou
Os pastores alimentavam e protegiam os
o ensino das Escrituras, mas, pelo con-
rebanhos (Jr.31:10; Ez.34:2); procuravam
trário, deve estar de acordo com elas. En-
as ovelhas perdidas (Ez.34:12); livravam
tretanto, deve-se reconhecer que ela tem
as ovelhas dos animais ferozes (Am.3:12).
um aspecto sobrenatural diferenciado de
Jacó assim se dirigiu a Deus (Gn.49:24b),
outros ministérios, inclusive com a sur-
bem como Davi (Sl.23:1) e Asafe Sl.80:1).
preendente manifestação “das intenções
Deus foi descrito como “o Pastor que ali-
dos corações”, para um fim proveitoso
menta o povo de Israel” (Is.40:11); como
(1Co.14:24,25,31-33).
“o Pastor que protege ao seu rebanho”
O Senhor Deus é o mesmo e continua (Jr.31:10); e como “o Pastor que busca as
agindo da mesma maneira hoje. Sempre ovelhas de seu rebanho” (Ez.34:12).
que se fizer necessário, Ele se manifestará,
Por outro lado, a Palavra de Deus faz sé-
através de seus servos, os profetas. Isto é
rias advertências aos pastores que haviam
fato, e fato inquestionável nas Escrituras
desencaminhado o rebanho de Deus, ou
(Pv.29:18; Am.3:7,8; 1Co.14:6,39,40).
que haviam enganado as ovelhas (Jr.2:8;
10:21; 23:1ss.; Ez.34:2ss).
c) Evangelistas: As qualificações necessárias para o de-
Os evangelistas também têm uma visão sempenho desse importantíssimo minis-
extra-local, e efetuam a missão evangeli- tério, estão relacionadas em textos como:
zadora da Igreja, de lugar em lugar, esta- 1Tm.3:1-7; Tt.2:1,6,7-10; 1 Pe.5:1-4. O
belecendo novas congregações locais, em pastor recebeu do Senhor autoridade espi-
cooperação com os apóstolos (missio- ritual para apascentar o Seu rebanho, com
nários), conduzindo os homens à fé em todas as implicações desse termo. Ele deve
Cristo (At.8:1-14,26-40). ter, como um de seus principais alvos, o
Alguém já afirmou que “os evangelis- aperfeiçoamento dos santos (Ef.4:12),
tas lançam uma trilha que, em seguida, mostrando-se espiritualmente aler-
transforma-se em auto-estrada, mediante ta (Hb.13:17; 2Tm.4:5), sendo capaz de
o trabalho dos pastores e dos mestres”. exortar, advertir, consolar e orientar com
Eles são ministros especiais do evangelho, amor e autoridade (Jo.13:15; 1Co.4:14,15;
aos quais Deus tem dotado com poder 2Tm.2:23-26).
do Espírito e manifestações de milagres e
maravilhas. Como exemplos bíblicos, cita- Nenhuma ambição pessoal pode tomar
mos Filipe e Timóteo (At.21:8; 1Tm.4:14; o coração do pastor. É o Espírito San-
2Tm.1:6; 4:5). to que o torna “supervisor” (bispos) do

Estudos Bíblicos 79
rebanho de Deus (At.20:28), e é Deus localidade, mas o que aqui se enfatiza é
quem estabelece o governo na Igreja que os dons ministeriais não estão res-
(1Co.12:28). Por outro lado, Deus não tritos à localidade. Já as funções minis-
chama um homem a realizar uma tarefa, teriais de presbítero e diácono são de ca-
para a qual não o tenha dotado de dons ráter local, a serviço das igrejas locais, no
adequados, ou das necessárias qualifica- cuidado do governo, da administração e
ções (Mt.25:15; 1Tm.3:1-7; Tt.1:5-9). do serviço.
Na verdade, a palavra “presbítero”
e) Mestre (doutor): é uma transliteração da palavra grega
“presbyteros”, que significa “aquele que
Comparando-se At.13:1 com Rm.12:7;
preside, governa”, ou “ancião”. Por outro
2Tm.1:11 e Tg.3:1, percebemos que esse
lado, não existe, no texto bíblico original,
não costuma ser um dom isolado. Havia
a expressão “bispo”, que é uma tradução
na Igreja mestres que exerciam seu dom,
posterior da palavra “epískopos”, que sig-
juntamente com os apóstolos, profetas,
nifica: “guardião”; “vigia”; “supervisor”;
evangelistas e pastores. Em especial, o
“superintendente”; denotando mais uma
pastor deve possuir o dom de mestre. Daí
função ministerial, do que propriamente
a expressão de Paulo “pastores e mestres”
um título.
(Ef.4:11), correlacionando estes dois mi-
nistérios. Por exemplo: Quando o apóstolo Pau-
lo mandou chamar os “presbyteros” da
Na maioria das vezes, ensinavam em
Igreja em Éfeso (At.20:17), dirigiu-se a
congregações locais já estabelecidas.
eles como sobre quem o Espírito Santo
Dentro do círculo apostólico, o grande
os havia constituído “episkopoi” (20:28),
mestre dos gentios foi o apóstolo Paulo
enfatizando a função pastoral. Em outras
(1Tm.2:7). A tarefa dos mestres é a de
palavras, quando Paulo os chamou, o fez
transmitir o conhecimento espiritual,
referindo-se ao título ministerial, pelo
inspirar aos crentes com a verdade reve-
qual eram reconhecidos no governo das
lada nas Escrituras, e, através da instru-
igrejas locais, isto é, “presbyteros”, mas,
ção geral conferida à igreja, contribuir
quando lhes falou pessoalmente, enfan-
para levar aos crentes à varonilidade de
tizou-lhes o ministério pastoral, como
Cristo (1Co.1:25-29; 2:1-8; Ef.4:13,14).
“guardiães” responsáveis pelo cuidado
Ele deve se dedicar ao estudo e ao ensino
do rebanho de Deus.
(At.17:11; Rm.12:7; 2Tm.2:15 – note que
Timóteo era, ao mesmo tempo, evange- Precisamos reconhecer, entretanto,
lista e mestre). que, embora aqui os termos sejam in-
tercambiáveis, a história da Igreja dei-
e.1 – Algumas considerações impor-
xou evidências de que, já por volta do
tantes:
ano 100 d.C., começou-se associar o
Não devemos confundir os dons mi- dom ministerial com o título, surgindo
nisteriais de Cristo, com as funções mi- uma distinção entre o ofício ministerial
nisteriais de Presbítero e de Diácono, de presbítero e o de bispo (o “pastor”
nas igrejas locais. Aqueles primeiros são dos tempos modernos). Assim sendo, a
dons concedidos para o crescimento da Igreja primitiva reconhecia três ofícios
Igreja e, portanto, que possui uma ênfa- ministeriais, em seu governo nas igrejas
se e visão extra local. É óbvio que eles só locais: os “bispos” (pastores), “presbíte-
podem ser exercidos numa determinada

Estudos Bíblicos 80
ros” e “diáconos”. prática, isso frequentemente ocorre.
O apóstolo Pedro, quando falou a res- No decorrer da história da Igreja,
peito do Senhor Jesus Cristo, associa, cla- porém, começou-se a dar ênfase à hie-
ramente, a expressão “epíscopos” com a rarquia clerical, o que ocasionou uma
função pastoral, quando afirma que Jesus crescente adoção de títulos e cargos
é o “poiména” (“pastor”) e “epíscopos” eclesiásticos, atribuindo-se a eles a no-
(“guardião” – a melhor tradução – me- menclatura bíblica dos dons ministeriais,
lhor do que “bispo”, no sentido atual) “das gerando uma grande confusão.
vossas almas” (1Pe.2.25), o que reforça,
ainda mais, o que foi dito anteriormente.
6) O Dom do Espírito Santo – é o “re-
Nessa perspectiva bíblica, um presbí- vestimento de poder”, ou “batismo com
tero ou um diácono pode ser, ao mesmo o dom de línguas”, que só o crente genu-
tempo, um apóstolo, ou um evangelista, íno recebe, após a plenitude do Espírito
ou um profeta, ou um pastor e mestre, Santo (Mt.3:11; Lc.24:49; At.1:4-8; 2:1-4,
ou possuir todos os dons ministeriais. 38,39; 10:44-46; 19:5-7). Não deve ser
Pedro, quando escreve às diversas igre- confundido com a salvação, ou batismo
jas na Ásia Menor, se dirige a elas na no Espírito Santo, no momento em que
qualidade de “apóstolo de Jesus Cristo” cremos (1Co.12:13; Tt.3:5), do qual todo
(1Pe.1:1), mas quando fala, especifica- cristão genuíno participa, pois “se al-
mente, às lideranças locais, não se sente guém não tem o Espírito de Cristo, este
“constrangido” em dirigir-se a elas como tal não é dele” (Rm 8:9).
um “presbítero” (1Pe.5:1), simplesmente,
Citando o pastor Djalma Pereira: “Não
porque apóstolo não era um título ou
se deve confundir o Deus Espírito Santo,
cargo nas igrejas, mas uma função (dom)
que é uma Pessoa, com o dom do Espírito
ministerial, ligada à Obra extra local, po-
Santo, ou o dom de línguas, que é uma
rém, “presbítero” era, de fato, um título
dádiva do mesmo. Pois o que é “do”, é de
ministerial, ligado às igrejas locais.
alguém, e o que é “O”, é a própria pes-
Paulo nunca foi conhecido como um soa – o Espírito Santo – e que concede o
presbítero, ou “bispo”, ou diácono, porque dom. E só é concedido, após o crente pas-
dedicou toda a sua vida ao exercício de sar pela “plenitude” ou “enchimento” do
seus dons ministeriais de apóstolo, profe- Espírito Santo”. É o derramar do Espírito,
ta e mestre na Obra extra local (At.13.1; cujo sinal é dom de línguas, assim como,
2Tm.1:11). Porém, ele sabia da importân- o copo (vaso) já cheio d’água, se continu-
cia daqueles ministérios nas igrejas locais ar recebendo água, transborda ou der-
(At.14:23; 1Tm.3:1; 5:17; Tt.1:5,7). rama. Assim afirma a Palavra de Deus,
Portanto, um presbítero pode receber em At.2:4;10:44-45. Observe que todos
(ou não) do Senhor Jesus dons minis- já tinham o Espírito Santo, já eram sela-
teriais de apóstolo (missionário), pro- dos com o mesmo, inclusive os apósto-
feta, evangelista, pastor e mestre. De los, pois, todos já tinham crido em Jesus,
igual modo, um diácono, tal como Filipe mas só agora é que receberam o dom de
(At.6:5; 8:26-40; 21:8), por exemplo, pode línguas, que é o “dom do Espírito Santo”.
receber o dom ministerial de evangelista, No evangelho de Marcos (16:17), o Se-
sem deixar de ser diácono. Uma coisa não nhor Jesus afirmou, profeticamente: “Em
deve ser confundida com a outra, mas, na meu nome expulsarão os demônios; fa-

Estudos Bíblicos 81
larão novas linguas” (glossolalia). A pri- esteja incluso nesse dom da sabedoria.
meira e a mais clara manifestação desse “A palavra da sabedoria qualifica o pre-
dom, está em At.2:1-11, entre os aconte- gador, a palavra da ciência, o mestre. É
cimentos que assinalaram o dia de pen- o poder que torna o sermão em pregação
tecostes e a fundação virtual da igreja. inspirada, revestindo as palavras de irre-
É evidente que o dom de línguas, nessa sistível poder, capaz de quebrar as bar-
oportunidade, manifestou-se de maneira reiras de incredulidade no coração do
diferente daquilo que vemos em todas as pecador e levá-lo à regeneração.” (José
outras ocasiões em que ele é descrito ou Rego do Nascimento – Livro: Calvário
explicado. Paulo diz que aquele que fala de Pentecostes). É muito útil na evange-
em línguas “ninguém o entende, e em es- lização e no ministério da Palavra, e nos
pírito fala mistérios”, assim, não edifica a relacionamentos interpessoais, na Obra
Igreja (1Co.14:2). Por isso é que afirma: de Deus (Gn.41:38-39; 1Re.3:16-28;
“...porque o que profetiza é maior do que Mt.21:25; Lc.20:1-8,19-26; 21:15; At.6:8-
o que fala línguas estranhas (glossolalia), 10; 1Co.2:1-10; Ef 1:17-18).
a não ser que também interprete para
que a Igreja receba edificação” (vv.5,13).
 “A palavra da ciência” (v.8b):
Como se trata de um dom do Espírito
O conhecimento deve aplicar-se tanto
Santo, o mesmo contexto (v.13), ensina-
ao “acolhimento” como à “compreen-
-nos, dizendo: “...O que fala língua estra-
são” do que é dito e ensinado na igreja,
nha, ore para a que a possa interpretar”.
e, sobrenaturalmente, através do Espírito
Santo. Mas, igualmente, inclui a trans-
7) Os Dons do Espírito Santo: São missão desse conhecimento. O mestre se
para o aperfeiçoamento dos membros mostra supremamente dotado em ambas
do Corpo de Cristo, que é a Igreja (I Co essas categorias (aprender e ensinar). A
12:1-11). Podem ser classificados em: palavra da ciência qualifica o mestre,
para o conhecimento das verdades reve-
ladas por Deus na Sua Palavra. (Lc.2:46,
a ) Dons de “Inspiração” ou “sa-
47; At.13:1; Ef.3:1-8; 4:11; 1Tm.4:13-16;
ber sobrenaturalmente” (vv.7,8):
Tt.1:9; 2:1,7,8; 2 Pe.3:15,16).

 “a palavra a sabedoria”: Aqui é


 “Discernimento de espíritos”
focalizada a habilidade de compreender
(v.10): é o poder de distinguir entre as
e de transmitir o sentido mais profundo
operações do Espírito Santo e as opera-
de algo que o Espírito de Deus quer dar
ções de espíritos malignos e enganadores
a conhecer (Rm.11:33). É provável que
(1Tm.4:1; 1Jo.4:1).Muito útil para o alerta
também esteja em foco a aplicação da
contra a investida do inimigo - na maio-
sabedoria a circunstancias particulares,
ria das vezes “sorrateira” (Mt.16:21-23;
em que são resolvidos problemas difí-
Lc.6:6-11; At.5:1-11; 8:17-23; 16:16-18).
ceis, mediante a aplicação de sabedoria
espiritual. Nesse sentido, Salomão era
supremamente possuidor desse dom. b ) Dons de “Agir So-
Não há razão para pensarmos que o brenaturalmente” (v.9,10):
discernimento intuitivo, nos problemas  “A fé”: Muito útil na ocor-
da igreja e dos crentes individuais, não

Estudos Bíblicos 82
rência de provações, curas, milagres e beriam resolver com sucesso, mas que o
dificuldades. Esta é a chamada “fé de Espírito revela para não ser prejudicada
milagres”, para diferenciar da “fé salva- a Obra de Deus (Pv.29:18; At.5:1-11).
dora” (Mt.17:14-20; At.3:4-7; 27:20-25; Considerando-se o dom de profecia sob
Tg.5:15-18). esse prisma, esse é um dom altamente
desejável na igreja cristã moderna, ain-
da mais quando atentamos para o tes-
 “os Dons de curar”: Note-se
temunho que Deus dá dele (Am.3:7,8).
a forma no plural denotadora da multi-
plicidade das manifestações deste dom.
Deve ser executado em nome do Senhor  a variedade de linguas: o
Jesus (Mc.16:15-18; Lc.4:18,19; At.3:6-9; apóstolo Paulo possuia esse Dom
8:5-8, 9:32-35; Tg.5:13-16). (1Co.14:18), o qual está intimamente
ligado ao Dom do Espírito Santo, mas,
diferentemente deste, ele se caracteriza
 “Operação de Maravilhas”: é
pela “variedade de línguas”, indicando
um acontecimento extraordinário re-
uma concessão especial do Espírito
alizado por Deus, geralmente associa-
Santo no falar diretamente com Deus,
do à suplantação de toda expectativa e
em mistérios. Por isso Paulo agradece a
lógica humanas (Mt.9:18-26; 14:13-36;
Deus. Porém, reconhece que, na Igreja,
Lc.7:11-17; Jo.11:43, 44; At.5:12-16).
ele deve ser acompanhado do Dom de
interpretação de línguas (vv.12-19).
c ) Dons de “Falar sobrenaturalmen-
te”:
 e a interpretação de linguas»:
À primeira vista, a descrição do segundo
 “A profecia: Este é consi- capítulo de Atos parece não deixar mar-
derado pelo Apóstolo Paulo, como o gem a qualquer mal entendido. Todos os
principal dos dons do Espírito Santo crentes reunidos foram cheios do Espíri-
(1Co.14:1). Devida a sua importância, to Santo e começaram a falar, sobrenatu-
é o único sobre o qual se recomenda, ralmente, em outras línguas (glossolalia)
explicitamente, que deva ser imediata- que os discípulos nunca haviam estuda-
mente julgado pela Igreja presente (a do, embora compreensíveis para os pe-
profecia, não o profeta – 14:29; compare regrinos judeus, reunidos em multidão,
com Nm.23:19,20 e Dt.18:20-22). Deve- que tinham vindo de vários países, visi-
-se considerar, ainda, que nenhuma tar Jerusalém. Lemos no sexto versículo
profecia deverá exceder aos limites da daquele capítulo: “...cada um os ouvia
verdade revelada na Palavra de Deus, falar na sua própria língua”. Isto aconte-
principalmente contrariando a doutrina ceu porque foi concedido, também, pela
do Evangelho (1Jo.2:26,27; 2Jo.9,10). A primeira vez, o “Dom de interpretação
profecia é uma evidência da presença de de línguas” (1Co.14:5b,13, 26b).
Deus no meio do seu povo (14:24,25), d ) Outros Dons Comple-
além de abordar necessidades específi- mentares ao Ministério: (Rm.12:7,8;
cas na Obra de Deus (At.13:1,2), ou que 1Co.12:28).
envolvam questões de “pecado oculto”,
IV – CONCLUSÃO:
que pessoas, mesmo preparadas, não sa-

Estudos Bíblicos 83
Vimos como Deus supriu à Igreja de __________________________________
Cristo de todos os dons, cada qual em __________________________________
atendendo à necessidades específicas para
o crescimento harmonioso e equilibrado __________________________________
do Corpo de Cristo. __________________________________
Cabe-nos, zelosamente, buscarmos os __________________________________
melhores dons para o serviço mútuo, sob __________________________________
a poderosa soberania e presença de Deus.
__________________________________
A Igreja é o “Corpo de Cristo” e a “Casa __________________________________
espiritual, onde Deus habita”, sendo natu-
__________________________________
ral que haja nela as manifestações sobre-
naturais do poder de Deus. __________________________________
O caminho para o amadurecimento __________________________________
cristão, nessa área, não passa pelo comba- __________________________________
te às manifestações desses dons na Igreja __________________________________
hoje, mas pelo seu exercício, de forma __________________________________
equilibrada (sem priorizarmos uns, em
__________________________________
detrimento de outros), no poder do Espí-
rito Santo e no amor, que é o vínculo da __________________________________
perfeição. Amém. __________________________________
__________________________________
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Estudos Bíblicos 84
Estudo 11
O GOVERNO
TEOCRÁTICO E
CONGREGACIONAL
DA IGREJA
VERSÍCULO BÁSICO: “Deus sujei-
tou a Cristo todas as coisas, e sobre to-
das as coisas o constituiu como cabeça
da Igreja. Pois a Igreja é o corpo de
Cristo; a plenitude daquele que cum-
pre tudo em todos” (Ef.1:22,23).

Meditando Diariamente
na Palavra:

Segunda-feira - Mt.9:37,38;16:15-18; At.1:15-26


Terça-feira - At.13:1-4;14:23; Cl.1:16-20
Quarta-feira - Rm.12:4-8; Ef.4:11-16; 5:23,24
Quinta-feira - I Co.12:12-31; I Pe.2:6-9
Sexta-feira - I Tm 3:1-13, 5:17-18
Sábado - Tt.1:5-9; Ap.1:8,16-20.

Estudos Bíblicos 85
I – INTRODUÇÃO: te hierarquia clerical centralizada.
De uma forma geral, quando se pensa
A forma bíblica de governo na Igreja nessa Igreja, a primeira imagem que se
é a do governo “teocrático-congregacio- tem é a de uma pessoa, ou do nome de
nal”, tendo a Cristo como o único Senhor seu líder maior. Os membros da igreja
e Cabeça de Seu Corpo, que é a Igreja. não exercem, livremente, dons e minis-
Toda atividade realizada nela deve ser térios dados por Deus, mas suas partici-
exercida no nome de Jesus, pelos mem- pações são “monitoradas”, e se tornam,
bros do Corpo que têm o Espírito Santo, muitas vezes, apenas espectadores ou
aos quais Ele dotou de dons e ministérios, ouvintes, ao invés de instrumentos nas
tanto nas Igrejas militantes locais, quanto mãos de Deus, pelos quais Deus abenço-
na Obra Missionária, extra local. aria toda a Igreja.

II – FORMAS DE GOVERNO ECLESI- a ) Oligárquico: é o governo de


ÁSTICO: uma minoria, por meio da qual alguns
oficiais da igreja gerem tudo (ou qua-
se tudo) nela. À semelhança do sistema
Há, pelo menos, três formas de go- monárquico, o grau de autoridade da
verno eclesiástico, fruto de tradições, liderança é confundido com o título do
concepções e interpretações, ao longo da ofício ministerial recebido, ocorrendo,
história da Igreja: o monárquico, o oli- também, uma hierarquia clerical centra-
gárquico e o democrático. Porém, enten- lizada.
demos haver uma quarta forma possível
de governo, fundamentada na Palavra de
Deus, denominado “teocrático-congre- De uma forma geral, quando se pensa
gacional”. nessa igreja, a primeira imagem que vem
à nossa mente, é a de um grupo ministe-
Por razões de ética cristã, não men-
rial atuante, com o qual a igreja é confun-
cionaremos, a título de exemplificação,
dida e se identifica. Entretanto, aos mem-
o nome de instituições ecleciásticas, nas
bros da igreja é permitido o exercício de
quais essas formas de governo podem ser
“alguns” dons e ministérios, de acordo
encontradas. Não tencionamos julgar se
com critérios e conveniência da própria
“a” ou “b” está certo, ou errado, mas, ten-
liderança. A liderança não permitirá ser
tar descobrir, à luz da Palavra de Deus, o
questionada, ou perder o seu poder de
que ela nos ensina a respeito.
controle sobre a Igreja.

a ) Monárquico: é o governo de
b ) Democrático: por definição,
uma só pessoa, que centraliza toda a au-
este é “o governo que emana do povo, e
toridade sobre uma igreja, quer numa
em seu nome deve ser exercido”. Decide-
localidade, quer numa região, país ou
-se qualquer assunto em assembléia, pela
mesmo no plano internacional.
maioria dos votos. Há uma tendência à
descentralização, e a autoridade da lide-
O grau de autoridade da liderança na rança não está, unicamente, vinculada
Igreja é confundido com o título do ofício ao título ministerial, mas provém de sua
ministerial recebido, ocorrendo uma for- legitimidade e conduta à frente do reba-

Estudos Bíblicos 86
nho, de acordo com os modelos que a Em relação à Igreja, não é diferente.
própria igreja estabelece, formal ou in- Cristo é a Cabeça soberana da Igreja, que
formalmente. é o Seu corpo (Ef.1:22,23). A Igreja Lhe
Os membros da Igreja, reunidos em as- está sujeita e Lhe deve obediência e sub-
sembléia, detêm a autoridade para nome- missão irrestritas. Ele tem a primazia em
ar ou remover, por vontade da maioria, tudo, sendo o Senhor absoluto da Igre-
toda a liderança. ja (1Co.12:12-31; Ef.4:15,16). Portanto,
nenhuma atividade no corpo de Cristo
De uma forma geral, quando se pensa
poderá ser exercida sem o Seu consenti-
nessa Igreja, a primeira imagem que se
mento e aprovação, sob pena de ilegitimi-
tem é a da diversidade, às vezes contradi-
dade, nulidade e usurpação!
tória em si mesma. O critério de decisão
pelo voto, reflete o perfil da comunidade O propósito eterno de Deus é o de fa-
participante, entretanto, é preciso que se zer convergir em Cristo Jesus, todas as
reconheça, que “a voz do povo” não é “a coisas. Por meio do Senhor Jesus, Deus
voz de Deus”. “reconciliou consigo mesmo todas as
coisas, quer sobre a terra, quer nos céus”,
Há, ainda, uma tendência à relativiza-
indicando que não há qualquer poder
ção dos valores, à mutabilidade e multi-
capaz de impedi-Lo em Seu propósito.
plicidade das formas e relações, e à auto-
Jesus Cristo venceu, eficazmente, todos
nomia eclesiástica.
os principados e potestades espirituais
Antes de olharmos para o quarto do mal, tornando-os sujeitos a Si mesmo,
modelo de governo eclesiástico, isto é, debaixo do Seu poder (Cl.2:15). Todas
o governo “teocrático-congregacional”, as hostes espirituais da maldade, chefia-
precisamos enfatizar alguns conceitos das por Satanás, foram derrotadas por
importantes da Palavra de Deus: Cristo, através de Sua obra redentora na
cruz, por meio da qual desmascarou-as
1) O princípio da autoridade es- publicamente, e triunfou sobre elas em
piritual na Igreja: Si mesmo, revelando a todos o caráter re-
provável deles, por terem sido, anterior-
mente, usurpadores e rebeldes contra a
(a) Cristo é a Cabeça do Corpo (a Autoridade de Deus nos céus.
Igreja), acima de todo Principado e Po-
De que modo o Senhor Jesus agiu, a
testade:
fim de estabelecer a Sua vitória sobre Sa-
tanás e suas hostes do mal? Nos parece
Em Cl.1:16-20, aprendemos que tudo importante destacarmos dois aspectos
foi feito por meio de Cristo, para Ele, importantes ligados a Sua Obra redento-
depende Dele, e por Ele subsiste. Tudo, ra na cruz, que estão diretamente ligados
indica: todos os seres criados e o univer- ao governo de Deus na Igreja:
so. Isto é: Não há nada que esteja fora do
Seu poder e autoridade. Qualquer espécie
a) Jesus venceu o Diabo, os seus anjos
de reino, governo e potestade, nos céus e
e o sistema mundano, pela obediência e
na terra, está sujeito à autoridade do Se-
submissão incondicional ao Pai, em con-
nhor Jesus Cristo, porque Deus quis que
traposição à desobediência e rebeldia de
assim fosse (Mt.16:16-18; Mc.16:15,16;
Adão, incitada por Satanás (Rm.5:19;
Ef.1:22;4:15; 5:23; Cl.1:15-18; 2:10).

Estudos Bíblicos 87
Fp.2:5-11; Hb.5:8). Isto nos conduz a uma realize, é preciso que seja exercida a au-
reflexão séria se estamos, ou não, de fato, toridade da Cabeça no governo do corpo.
seguindo esse mesmo exemplo de Cristo, Todos os membros do corpo deveriam se
em relação às nossas atividades no Reino sujeitar uns aos outros. Quando isto acon-
de Deus; e, tece, o corpo é unido em si mesmo e com
a Cabeça. Quando a autoridade da Cabe-
ça prevalece, a vontade de Deus se realiza.
b) O Senhor Jesus nunca dependeu de
Assim, a igreja se torna o reino de Deus”.
Si mesmo, ou se apoiou em sua própria
natureza Divina, no cumprimento de sua O Senhor Jesus ensinou aos seus discí-
missão. Pelo contrário, sua inteira depen- pulos, em Mt.20:20-28, que o governo em
dência do Pai foi a marca do seu minis- Sua Igreja não deve ser caracterizado pela
tério (Jo.4:34; 5:19,30; 6:38; 7:16; 8:28,29). dominação ou posição hierárquica, mas
Isto nos leva à seguinte reflexão: A nos- pelo serviço e pela submissão. O maior é
sa conduta, motivação e propósitos, no o menor de todos, e quem governa o servo
exercício das funções eclesiásticas, têm de todos! O Senhor chamou-lhes a aten-
sido marcadas por esse mesmo paradig- ção para o Seu próprio exemplo e teste-
ma de Cristo? Temos buscado agirmos munho. Nesse mesmo sentido, o apóstolo
fundamentados em nós mesmos, ou no Pedro fala aos presbíteros das igrejas na
poder de Deus em nós, através da atuação Ásia (1Pe.5:1-4).
do Espírito Santo? Medite em Fp.2:12,13 Deus, sendo Ele mesmo Auto-suficien-
(à luz do contexto), e em: Rm.15:17-19; te e Todo-poderoso, poderia governar so-
2Co.1:9-12; 3:4,5; 10:4,5. zinho, mas não o faz! Nos céus e na terra
Na Igreja, é Deus: Pai, Filho e Espírito Ele estabeleceu tronos, dominações, prin-
Santo quem realiza, por meio dos dons cipados e potestades, e as hostes celestiais
espirituais e ministeriais dos membros participam do Seu governo (Gn.28:10-13;
do Corpo de Cristo, Sua Obra e Vonta- Mt.1:20-24; 4:11; Jo.1:51; At.10:1-7; 12:6-
de (Rm.12:6-8). Lendo-se outros textos, 12; Cl.1:16-20; Hb.1:6,7; Ap.2:1,8,12).
como: Mt.9:37,38; Lc.10:1,2; At.6:2-6; Por outro lado, Deus rejeitou àqueles
13:1-4; 14:23; 20:28; Ef.4:11; 1Tm.4:14; que foram insubordinados e rebeldes,
2Tm.1:6; Tt.1:5, percebe-se o mesmo ou tentaram exercer autoridade, sem se-
princípio: o governo é de Deus; o poder rem obedientes, submissos e tementes
é de Deus; as normas e leis emanam de à Sua Palavra e vontade (1Sm.13:13,14;
Deus; o ensino é de Deus; a doutrina é de Rm.16:17,18; 2Pe.2:4,10,11; 3Jo.9,10;
Deus e permanece para sempre. Quem se Jd.8,9).
atreveria a mudá-lo ou ignorá-lo?
IV– O GOVERNO TEOCRÁTICO-
2) O princípio da unidade pela -CONGREGACIONAL (TC):
obediência e submissão:
O governo eclesiástico, segundo os
Watchman Nee, em seu livro “Autori- princípios que vimos na Palavra de Deus,
dade Espiritual”, considera que não ha- está sujeito e ligado à Cabeça (Cristo),
verá unidade no corpo (de Cristo), sem a pela atuação de Deus: Pai, Filho e Espírito
obediência ao princípio da autoridade da Santo na distribuição de dons e ministé-
Cabeça. Disse ele: “Para que a unidade se rios aos membros do Corpo de Cristo.

Estudos Bíblicos 88
Nesse sentido, ele é um governo “teocrá- Igreja é a que o Espírito Santo chamou de
tico”, pois é Deus quem governa e age so- “Obra” (At.13:2). Ela atua na expansão e
beranamente. crescimento do Corpo, visando a implan-
Entretanto, esse mesmo governo tem a tação e edificação de novas igrejas (cap.13
participação ativa dos membros do Corpo, e 14). Nela, a Obra missionária tem um ca-
no exercício dos mesmos dons e ministé- ráter primordial, mas também estão pre-
rios concedidos por Deus e, nesse sentido, sentes e atuantes os ministérios profético,
ele é um governo “congregacional” (e não evangelístico, pastoral e do ensino.
“democrático”), pois a atuação é originária
em Deus (e não no povo), embora seja re- b ) A linha “das igrejas militantes
alizada por meio de cada membro do Cor- locais” que é composta pelos vocaciona-
po (1Co.10:31; Fp.2:13; Cl.3:17). dos e comissionados para o governo das
Assim, na Igreja do Senhor Jesus Cristo igrejas: São eles: Os pastores - recorde as
ninguém deve trabalhar para si mesmo, ou “considerações importantes” da lição an-
buscar os seus próprios interesses. Qual- terior, item III, alínea “e.1” - presbíteros
quer ato realizado nela que foge aos prin- e diáconos (At.14:23; 20:17,28; Fp.1:1;
cípios vistos anteriormente, não tem valor 1Tm.3:1,2; 5:17-20).
eterno. Será considerado como “palha,
feno ou madeira”, no Tribunal de Cristo
Nesta linha segunda de ação do gover-
(1Co.3:12-15; 2Co.5:10; Hb.13:8; Ap.2:1-
no TC, o Ministério está voltado especial-
3:22; 19:7,8).
mente para o governo das igrejas locais,
Como, então, o governo TC é exercido que já mencionamos acima (Fp.1:1; At.6:3-
na Igreja, segundo as Escrituras? Há duas 6; 14:23; 1Tm.3:1-13; 5:17-20; Tt.1:5-10).
linhas de atuação: uma local, ligada às
igrejas locais e a outra extra-local, ligada
à “Obra” de edificação, crescimento e ex- 2) O paralelismo existente entre
pansão do Corpo de Cristo. as duas linhas e o crescimento do Corpo:

1) Conceituando as duas linhas Pela Palavra de Deus, compreendemos


de atuação do governo TC: que as duas linhas não são convergentes,
nem se confundem, mas são paralelas e
unidas numa mesma direção.
Ressaltaremos, nesse ponto, as distin-
Para uma melhor compreensão desse
ções peculiares a cada uma das linhas.
aspecto, precisamos recorrer a duas “re-
velações” feitas por Deus: uma no An-
a ) A linha “extra local” que é tigo Testamento (dada a Jacó) e a outra
composta pelos vocacionados e co- no Novo Testamento (dada por Jesus).
missionados para a “Obra”: São os Trata-se da visão de uma “escada” ascen-
que receberam os dons ministeriais de dente até os céus, apoiada sobre o “Filho
Cristo, isto é: os apóstolos (missionários), do homem”, conforme a revelação de Jesus
profetas, evangelistas, pastores e mestres dada a Natanael (Jo.1:49-51) e a visão dada
(Ef.4:11). a Jacó (Gn.28:10-22) - note-se que Jacó
apoiou a sua cabeça (antítipo de Cristo)
sobre a Rocha (antítipo de Cristo).
Esta primeira linha do governo TC da

Estudos Bíblicos 89
O apóstolo Paulo reafirma o mes- como aconteceu na igreja em Jerusalém
mo princípio, quando nos ensina, em (At.6:1-6), e com as demais igrejas no
Ef.2:20-22, que a Igreja está sendo edifi- NT (At.16:11,12; compare com Fp.1:1;
cada sobre “o fundamento dos apóstolos e At.20:1-5,16 com At 14:23; 1Tm.1:1-3;
e profetas, do qual Cristo é a Rocha prin- 3:1,8; Tt.1:5);
cipal de esquina”. (d ) Devemos nos lembrar de que
Observando-se pelas Escrituras a a Igreja é o Corpo de Cristo, vivo e san-
atuação de Deus na Igreja - de acordo to. Portanto, Deus continua agindo nas
com Atos capítulos: 8, 10, 11, 12, 13 e novas igrejas, através de dons e ministé-
14; Ef.4:1-16; 1Co.3:4-16; 12:1-31, entre rios concedidos a qualquer membro do
outros - percebe-se que o seu crescimen- Corpo, segundo a Sua soberana vontade.
to e expansão se dão nessas duas linhas Essa fase de desenvolvimento e cresci-
paralelas bem definidas, ajustadas e liga- mento da igreja local prossegue até ao
das ao comando da Cabeça, que é Cris- ponto em que ela está preparada para
to, por meio do Espírito Santo. A seguir, enviar outros para a “Obra”.
um breve esboço desse desenvolvimento (e ) Quando a igreja se desenvolve
paralelo: espiritualmente, inicia-se a fase madu-
ra, e está pronta para que Deus chame e
(a ) O Espírito Santo chama, den- envie outros, a partir dela mesma, para
tre as igrejas locais, os que têm ministé- serem integrantes da “Obra”, reiniciando
rios de apóstolos (missionários), profe- o ciclo de crescimento do Corpo. Está
tas, evangelistas, pastores e mestres, e os última, é a fase do chamado e envio para
envia, a partir das próprias igrejas, para a “Obra”. Foi o que ocorreu com a Igreja
a “Obra” de implantação e edificação de de Cristo em Jerusalém, da qual mui-
novas igrejas (At.13:1-4); tos (inclusive os próprios 12 apóstolos)
foram enviados para a “Obra”; e, poste-
(b ) Durante essa fase de implan-
riormente, com a Igreja em Antioquia.
tação, há uma perfeita cooperação, coe-
xistência e unidade entre a “Obra” e as
“igrejas locais”. Este é o ponto em que ♦ Em resumo: Imaginando-se o
a linha da “Obra” tangencia a linha das perfil de uma figura da escada que se ele-
“igrejas militantes”, mas, na verdade, va até os céus (descrita anteriormente),
está agindo, paralelamente, na edifica- apoiada sobre o fundamento dos após-
ção e crescimento dessas novas igre- tolos e profetas, do qual Cristo é a Rocha
jas (At.8:5,14,25; 11:1-4,12-14,19-30; principal de esquina, temos:
12:24,25; 13:4,5,13,14,44,50,52; 14:1,6,
7,19-28);
1. Fase de implantação – é repre-
(c ) Terminada a fase de implan- sentada pelo vértice superior de cada de-
tação, as igrejas locais tornam-se “autô- grau da escada, os quais representam as
nomas”, buscando o seu próprio desen- novas “igrejas locais”, implantadas pelos
volvimento e crescimento, em direção à que estão na “Obra” (Ef.4:11,12);
varonilidade de Cristo. Nelas são eleitos
“presbíteros”, que cuidarão do reba-
nho de Deus e da administração ecle- 2. Fase de desenvolvimento e
siástica local, seguida pelos “diáconos”, crescimento – é representada pelo de-

Estudos Bíblicos 90
grau da escada, sobre o qual se apoiam os pelo Espírito Santo, tanto para a Obra
pés. Nessa fase a linha percorre o sentido quanto para o serviço das igrejas locais.
horizontal, a partir do vértice superior. A “Obra” edifica as igrejas, mas por
É a igreja em pleno crescimento, tanto elas é sustentada, assim como, na esca-
quantitativo quanto qualitativo, em dire- da, cada degrau se apoia no anterior. As
ção à varonilidade de Cristo. Deve haver “igrejas maduras” devem estar compro-
pleno uso de dons e ministérios, os quais metidas em custear, apoiar e suportar
Deus distribui a cada membro do Cor- todo o peso das novas igrejas irmãs,
po como Ele quer, e para o que for útil em fase de implantação, sempre depen-
(Ef.4:14-16). dendo e confiando no Senhor da Obra,
3. Fase madura – é representada que supre todas as nossas necessidades
pelo vértice inferior de cada degrau da (Fl.4:19). Caso contrário, a “Obra” se
escada. A igreja está pronta para apoiar o tornará grandemente prejudicada, e as
surgimento e crescimento de novas igre- igrejas não crescerão, ficando fadadas à
jas (Ef.4:13); estagnação, a uma religiosidade formal,
4. Fase do chamado de Deus e voltadas para dentro de si mesmas.
o envio para a “Obra” – é representada Nada está limitado para Deus. Ele
pela linha vertical, que sobe a partir do pode todas as coisas. Por isso, tanto os
vértice inferior da escada, ligando-se ao dons ministeriais, quanto os dons espi-
vértice superior do próximo degrau da rituais têm suas funções no âmbito da
escada. Representa o momento em que Igreja como um todo, pela atuação do
Deus envia alguns para a “Obra”, a partir Espírito Santo, tanto na “Obra” quanto
da igreja local, para a implantação de no- nas “igrejas locais”. No entanto, devemos
vas igrejas, reiniciando-se o ciclo de cres- compreender, pela graça de Deus, as fun-
cimento do Corpo (At.13:1-4); Aleluia! ções e aplicações dos diversos dons e mi-
5. A linha da “Obra” tangencia nistérios, para evitarmos distorções que
todos os vértices superiores da escada, ocorrem pela interferência humana na
que representam as igrejas em fase de resistência ao governo TC, que prejudica
implantação. A linha das “igrejas locais” o desenvolvimento do Corpo, segundo
é a união de todos os vértices inferiores os parâmetros da Palavra de Deus.
da escada, que representam as igrejas em O perfeito entrosamento entre essas
fase madura. Ambas as linhas andam duas linhas Ministeriais, com enten-
paralelamente entre si, estando unidas dimento, cooperação e submissão ao
numa mesma direção e, mutuamente, se Senhor, em amor, é que impulsiona e
complementam e interagem para o cres- sustenta o crescimento da Igreja como
cimento da Igreja. Corpo de Cristo, e promove a edificação
das Igrejas locais Militantes, como ex-
pressão visível desse mesmo Corpo invi-
V – CONSIDERAÇÕES FINAIS:
sível (At.9:31; 15:41). Veja o exemplo dos
apóstolos, Paulo e Barnabé, que quando
O crescimento e a expansão da Igreja terminaram a sua missão na Obra, retor-
depende, primordialmente, do coman- naram à igreja em Antioquia, a qual os
do a partir da Cabeça, que é Cristo, e da havia enviado, conforme ordenança do
obediente cooperação conjunta de seus Espírito Santo, prestando relatório de sua
ministros, ordenados e vocacionados missão à igreja, e todos se alegraram ven-

Estudos Bíblicos 91
do o que o Senhor havia feito (At.14:26-
28; 15:35).

VI – CONCLUSÃO:
_______________________________
________________________________
O governo da Igreja, por princípio e
revelação da Palavra de Deus, não pode ________________________________
ser norteado por modelos humanos, nem ________________________________
em princípios que governam este mundo ________________________________
(kosmos), cujo príncipe e usurpador é Sa- ________________________________
tanás, inimigo de Deus. São modelos ins-
________________________________
pirados em valores humanos seculares,
materiais, egoístas, injustos, soberbos, ________________________________
corruptos, imorais e idólatras. É impres- ________________________________
cindível, portanto, que a Igreja reconhe- ________________________________
ça, de forma pragmática, que o único que ________________________________
tem a legitimidade dessa autoridade e go-
verno é o Senhor Jesus Cristo (Jo.12:31; ________________________________
Ef.2:1-3; 1Jo.5:19; Ap.11:15-17), que o re- ________________________________
aliza por meio do Espírito Santo na Igreja. ________________________________
As decisões na Igreja, efetuadas por ________________________________
meio de eleição e votação, são legítimas, ________________________________
desde que estejam de acordo com o que ________________________________
ensinam as Sagradas Escrituras, e base-
________________________________
adas nos princípios da Palavra de Deus
e Sua vontade (At.1:20-26; 6:1-6; 14:23; ________________________________
Tt.1:5-9). Isso não tem nada haver com ________________________________
“democracia”, como alguns ensinam. Ob- ________________________________
serve que nestes textos, houve a concor- ________________________________
dância do Espírito Santo e a consulta das
________________________________
Escrituras e, portanto, não ferindo o prin-
cípio do governo TC, que emana de Deus. ________________________________
As igrejas locais são autônomas, sem ________________________________
a interferência de um governo clerical ________________________________
centralizado e hierarquizado. Cada con- ________________________________
gregação toma as suas decisões, traça seus ________________________________
planos, buscando, entretanto, deve bus-
________________________________
car, em tudo, preservar a unidade do Cor-
po de Cristo, na obediência ao princípio ________________________________
do governo teocrático-congregacional. ________________________________
________________________________
________________________________

Estudos Bíblicos 92
Estudo 12
A SOBERANIA
DE DEUS
VERSÍCULO BÁSICO: “Foi precisa-
mente para esse fim que Cristo mor-
reu e ressurgiu; para ser Senhor, tanto
de mortos como de vivos” (Rm.14:9).

Meditando Diariamente
na Palavra:

Segunda-feira - Mt.9:37,38;16:15-18; At.1:15-26


Terça-feira - At.13:1-4;14:23; Cl.1:16-20
Quarta-feira - Rm.12:4-8; Ef.4:11-16; 5:23,24
Quinta-feira - I Co.12:12-31; I Pe.2:6-9
Sexta-feira - I Tm 3:1-13, 5:17-18
Sábado - Tt.1:5-9; Ap.1:8,16-20.

Estudos Bíblicos 93
I – INTRODUÇÃO: é arbitrária ou determinista. Pelo contrá-
rio, ela é caracterizada pelos demais atri-
butos de Deus, em Sua natureza divina,
Nas últimas duas lições, trataremos do
isto é, com a Sua justiça, santidade, amor,
estudo da “escatologia”, ou “doutrina das
misericórdia, etc. Desta maneira, Deus é
últimas coisas”. Nesta lição, veremos a
absolutamente capaz para usar os meios
doutrina da soberania de Deus sobre to-
humanos na história, a fim de realizar a
das as coisas, bem como, o arrebatamento
Sua soberana vontade e propósito, sem
da Igreja e os três grandes julgamentos de
coagir ou forçar o homem a fazer o que
Deus: (1) da Igreja, no tribunal de Cristo;
Ele quer. Como Deus faz isso, está além
(2) das nações, durante o milênio; e (3)
da nossa capacidade de compreensão
dos mortos, diante daquele que se assenta
(Gn.45:4-8; 50:19,20). O homem atua
no “grande trono branco”.
como um ser livre, mas sempre dentro
dos limites estabelecidos pela soberania
II – A SOBERANIA DE DEUS NA divina.
CRIAÇÃO, REVELAÇÃO, REDENÇÃO A soberania de Deus na Criação, enfati-
E GOVERNOS: za a Sua magnificência e o poder infinitos
(Sl.19:1-4; Rm.1:19,20). A Sua bondade e
A Palavra de Deus ensina que Ele é o fidelidade ficam demonstradas em todas
Senhor Soberano sobre todas as coisas, os seres criados, e o mais elevado Poder
tanto nos céus (Sl.103:19), quanto na terra do universo é, também, o mais misericor-
(1Cr.29:11; Dn.4:17,25,34,35; 5:21; 7:14). dioso e altruísta, pois o mesmo que criou
todas as coisas, é, também, Aquele que
Sua Soberania abrange tudo: a história,
“amou o mundo de tal maneira, que deu o
pois ele tem poder para intervir sobre as
Seu Filho unigênito, para que todo o que
nações (At.14:15-17; 17:24-28); abrange
nele crê não pereça, mas tenha a vida eter-
toda a criação, pois Ele fez os céus e a ter-
na” (Jo.3:16).
ra (Gn.1:1); tudo subsiste pelo Seu poder
(Cl.1:16,17), e nada é considerado difícil A história, também, manifesta a Sobe-
para Ele (Jr.32:17-23); abrange a Obra da rania de Deus. Não haveria fé salvadora
redenção (Ef.1:3-11). A própria crucifi- em Cristo, por exemplo, sem a existên-
cação de Cristo se encontrava debaixo da cia histórica de Jesus. “O Verbo se fez
Soberania de Deus (Jo.2:19-22; 10:17,18; carne”, significou o supremo ato revela-
19:10,11; At.2:22-24; 4:27,28; Ef.3:9-11). dor de Deus na história da humanidade
Para Deus, “tudo é possível” (Mc.10:27; (Gn.3:15; Rm.1:3,16; 1Co.15:1-4; Gl.4:4;
14:23; Lc.1:37). Hb.1:1,2; Ap.1:17,18a). A revelação de
Deus na história culmina em Jesus Cris-
Deus é dono absoluto de tudo!
to, mas prossegue até o tempo do fim
(1Cr.29:11). Engana-se aquele que pensa
(Ap.21:1-8).
que Ele é dono somente dos eleitos e es-
colhidos, e que as demais pessoas não são Finalmente, Deus é Soberano sobre
dele (Sl.24:1; Is.45:9; Ez.18:4). Entretanto, os que exercem autoridade e governam
é justamente pelo fato de que todos per- (Rm.13:1). Em Mt.28:18, lemos que todo
tencem a Ele, que terão de prestar contas o poder foi dado ao Senhor Jesus, não
a Deus de tudo o que fizeram. somente na terra, mas também nos céus.
Os poderes temporais derivam sua autori-
Por outro lado, a soberania de Deus não
dade de Deus, e estão sujeitos ao governo

Estudos Bíblicos 94
divino (Jo.19:11). Precisam ser reconhe- a ) “Todos nós compareceremos
cidos, mas quando saem da submissão a perante o tribunal de Cristo para que cada
Deus, são rejeitados (At.5:28,29). um receba, segundo o bem ou o mal que
O texto de 1Tm.2:1-4 recomenda que tiver feito por meio do corpo” . Isto sig-
oremos por todos os homens, especial- nifica que o Senhor Jesus fará uma justa
mente pelos governantes. Eles são “mi- avaliação de toda a nossa vida e ações. Ele
nistros enviados por Deus para castigo recompensará aos que Lhe foram fiéis com
dos malfeitores, e para louvor dos que galardões, enquanto aos infiéis restará a
fazem o bem” (1Pe.2:13,14). Sujeitos ao perda de parte, ou totalidade dos galar-
poder Soberano de Deus, eles precisam dões. Isto significa que o que fazemos nes-
de orientação da parte de Deus, a fim de ta vida tem implicações eternas muito sé-
que o evangelho seja anunciado por todo rias. Prestaremos contas de todas as nossas
o mundo, visto que Deus deseja que todos ações, o que nos conduz a um sentimento
os homens sejam salvos e cheguem ao ple- de “temor do Senhor”.
no conhecimento da verdade.
Por outro lado, as próprias autorida- b ) Todos os que estão diante do tri-
des civis devem reconhecer a origem de bunal de Cristo são salvos, cuja salvação
sua autoridade, em Deus, governando em não é proveniente das obras, mas da fé em
conformidade com a justiça, no temor do Jesus (Rm.8:1; Ef.2:8). Não há, no texto,
Senhor. Sabendo que, se assim não agi- distinção entre salvos e perdidos, mas en-
rem, sofrerão severo julgamento. tre os que têm edificado bem e os que têm
edificado mal sobre o único fundamento,
que é Cristo. (I Co 5:10).
III – A SOBERANIA DE DEUS NOS
TRÊS GRANDES JULGAMENTOS:
c ) Há uma variedade de tipos de
materiais sendo utilizados na construção
1) Dos crentes, no Tribunal de
do edifício. Qualquer construção que fos-
Cristo:
se levantada com materiais, como: “feno,
palha ou madeira”, seria extremamente
O julgamento dos crentes no Tribunal frágil, pobre e tenderia ao desmorona-
de Cristo se dará logo após o arrebatamen- mento. Por isso, diante do tribunal de
to da Igreja. A Igreja arrebatada estará nos Cristo, serão obras “queimadas” pelo rigor
céus com Cristo, enquanto na terra haverá do fogo do julgamento do Senhor Jesus. O
a Grande Tribulação e manifestação da ira objetivo é o da purificação, a fim de que
de Deus. Importa que o julgamento come- seja apresentado a Ele um perfeito edifí-
ce pela Casa de Deus (1Pe.4:17), e é, em cio, que O dignifique e O glorifique. Em
cumprimento dessa Palavra de Deus, que contraste, materiais como o “ouro, prata e
ele se dará antes de todos os outros julga- pedras preciosas”, formariam um edifício
mentos. belo e mais parecido com o seu “funda-
Quando lemos o relato bíblico, em tex- mento”, e, por esta razão, resistirão à prova
tos como: Rm.14:9,10; 1 Co.3:10-15; 2 do fogo, recebendo os seus galardões.
Co.5:10; 2Jo.8, e outros que estudaremos
mais adiante, devemos considerar que: d) O próprio Senhor Jesus estabe-
leceu o exemplo inigualável de vida santa

Estudos Bíblicos 95
e produtiva, como modelo a ser seguido, (1Co.9:27), a fim de cumprirem as suas
embora, devamos reconhecer, que nunca missões, dons e vocações no Reino de
poderá ser igualado, mas, somente, “imi- Deus. Aquele que não tiver uma vida san-
tado” (1Co.11:1; Ef.5:1). Seu exemplo foi ta, consagrada e exemplar no evangelho,
perfeito (Hb.7:26), e Ele nos convida a está reprovado para receber esta coroa.
segui-Lo (Mt.10:37-42; 11:29,30; 16:24-
27; Lc.14:25-35; Jo.12:23-26). A esse res-
 A coroa da justiça (2Tm.4:8). É
peito, o apóstolo Paulo nos dá excelentes
a recompensa para o servo que recebeu
orientações (Fp.3:7-21). Se seguirmos es-
talentos, dons e vocações ministeriais e
tes exemplos, seremos considerados fiéis
foi fiel (2Tm.4:7). Quem puser a mão no
naquele grande dia, e não sofreremos uma
arado e olhar para trás, não é apto para o
grande (senão a maior) vergonha de nos-
reino de Deus, isto é, não será coroado no
sas vidas, diante do nosso Senhor e Salva-
reino de Cristo (Lc.9:62).
dor Jesus Cristo, diante de toda a Igreja,
diante dos anjos fiéis e perante o próprio
Pai (1Jo.2:28).  A coroa da vida (Mt.5:10-12;
Tg.1:12; Ap.2:10). Esta coroa é para os
mártires fieis, que sacrificaram suas vidas,
e) Os galardões têm repercussões
não negaram o nome de Jesus, foram fiéis,
no Reino de Deus e do Senhor Jesus Cristo,
apesar de todas as ameaças e provações,
quanto ao recebimento de autoridade e de
tendo sido, por isso mesmo, mortos por
glória (Mt.25:14-30; 1Co.15:35,40,41,42;
amor ao Senhor Jesus.
Ap.2:26-29; 22:10-17).

 A coroa incorruptível de glória


f) A Palavra de Deus menciona
(I Pe.5:1-4) Esta coroa é para os ministros
alguns tipos de coroas e galardões. Não
fieis que apascentam o rebanho de Deus,
podemos restringi-los a apenas estes, que
conforme o padrão ensinado nas Escri-
mencionaremos a seguir, pois o próprio
turas. Os Pastores que só trabalham se
Senhor Jesus ensinou, em Mt.10:41,42,
houver bom salário, boa casa, bom carro,
que um simples copo com água, dado a
boa posição eclesiástica; ou for em uma
um profeta, na qualidade de profeta, gera
boa cidade, que tenha boas escolas para
“galardão de profeta”. Da mesma forma,
seus filhos, etc, não receberão esta coroa.
ocorre com o justo, gerando “galardão de
Mas, aqueles que deixaram tudo por amor
justo”, e assim sucessivamente. Portanto,
ao Senhor e ao rebanho, pregando o ver-
a pequena lista abaixo é, somente, exem-
dadeiro evangelho, estes receberão o seu
plificadora e restrita aos tipos de coroas
galardão (Mt.25:21-29).
mencionadas na Palavra de Deus.

Em Ap.3:11, o Senhor Jesus chama a
 A coroa incorruptível (I
atenção para a possibilidade de perda do
Co.9:25). Essa coroa é dada em recom-
galardão. Em seu livro “O Novo Testa-
pensa aos servos fieis que renunciaram
mento interpretado versículo por versícu-
tudo na vida presente, santificando-se
lo”, Russel Norman Champlin chega a afir-
e consagrando-se, negando-se a si mes-
mar o seguinte, a respeito daquele, diante
mo, tomando a cruz de Cristo cada dia
do Tribunal de Cristo: “Compreenderei,

Estudos Bíblicos 96
então, quão justo será o meu julgamento, (Mt.12:46-50); os que ouviam a Palavra de
e não poderei proferir uma única sílaba, Deus e a praticavam (Lc.8:19-21); os seus
em defesa própria. Talvez, então, eu pen- discípulos (Mt.28:10; Jo.20:17; Rm.8:29).
se: “Oxalá pudesse eu recuperar os anos Além disso, “as ovelhas” não são salvas
desperdiçados!”. Que Deus nos conceda porque trataram com compaixão e amor
a graça de cumprirmos, com amor e fi- aos “irmãos do Senhor”, mas porque a sua
delidade, a Sua soberana vontade para as fé é viva, e praticante de boas obras e do
nossas vidas. Amém. amor sacrificial. A base da salvação é a
mesma (somente pela fé), mas, a fé que
não é fé viva, mas morta, é inútil.
2) Das Nações Vivas (Mt.25:31-
46):
O texto não trata de salvação, pois in-
clusive a própria fé já deixou de ter a sua
Cristo situou esse julgamento no tem-
eficácia, uma vez que o Senhor está pre-
po de sua segunda vinda, isto é, no início
sente, e aquele que vê não necessita de
de Seu Reino milenial, após o período da
fé. O que o texto enfatiza é que a volta de
Grande Tribulação. Estudaremos, na pró-
Cristo para o Reino milenial e o Seu jul-
xima lição, os aspectos referentes ao Rei-
gamento das nações vivas marcará a justa
no milenial de Cristo, na qual falaremos
retribuição dos que, dizendo ser uma coi-
sobre a presença dessas “nações vivas”,
sa, na verdade são outra. Daí, a ênfase nas
durante o milênio. Por enquanto, focali-
obras. Tais “falsos cristãos”, “lobos disfar-
zaremos o episódio do julgamento em si.
çados de ovelhas”, serão desmascarados
Qual a razão desse grande julgamento?
diante do Senhor de toda glória.
O próprio texto indica que haverá uma
separação das “ovelhas” (os justos) dos
“cabritos” (os injustos). Não é a melhor 3) Dos incrédulos, diante do
interpretação, aquela que atribui aos que Grande Trono Branco (Ap.20:11-15):
são chamados de “meus irmãos” (25:40),
aos da própria nação de Israel. E inter- Após o milênio, haverá a ressurrei-
pretam, erroneamente, o texto, como se ção dos mortos para o julgamento final,
o julgamento fosse tratar do quão justo, diante do Grande Trono Branco. Este
ou injusto, foi o modo como as nações julgamento é absolutamente necessário e
trataram a nação de Israel. Isso tem o seu imprescindível.
“espaço” no justo julgamento divino, mas
Deus fará prevalecer a Sua justiça!
não é o que o texto ensina. Juntamente
Todos serão julgados, individualmente,
com esse erro de interpretação, está o
segundo as coisas que estiverem escritas
que ensina que a salvação aqui, vem pelas
“nos livros” (em memória), segundo as
obras de justiça que eles praticaram. Ora,
suas obras. Isto é, cada um receberá a gra-
isso seria negar a própria redenção pelo
duação da pena eterna segundo às suas
sacrifício de Cristo na cruz. Mas, então,
obras pecaminosas (vv.12,13).
como devemos interpretar o texto?
Todo homem irá colher o que semeou
Quanto a expressão “meus irmãos”, o
(Gl.6:7,8). Entretanto, como ele escapará
próprio Senhor Jesus afirmou que “eles”
das consequências dos seus pecados, sem
eram os que faziam a vontade do Pai
Cristo? É por essa razão que haverá um

Estudos Bíblicos 97
último (e desesperadamente terrível) ape- IV – CONCLUSÃO:
lo, para que seja aberto “o Livro da vida”
para que seja manifesto se o seu nome
Estamos todos descobertos diante do
está ali, ou não! Quão angustiante, diante
Senhor dos céus e da terra. Nosso senti-
de Deus, não será esse momento!
mento é, ao mesmo tempo, de temor e de
Deus ressuscita os mortos, que não confiança. De “temor”, porque Ele é ma-
foram incluídos na primeira ressur- ravilhosamente Santo e nada pode per-
reição, com seus corpos naturais (não manecer diante de Sua presença de forma
transformados), a fim de que sejam se- imperfeita, ou incompleta, ou indigna do
lados os seus destinos, apresentando-se Seu nome. Mas, também, de “confiança”
diante do Senhor dos céus e da terra. em Seu sublime eterno Amor, pelo qual
Muitos o negaram em vida. Agora, ele Ele nos chamou e vocacionou para ser-
os negará pela morte! Muitos amaram mos participantes do Corpo de Cristo, a
as suas próprias vidas, desprezando Igreja, a esposa do Cordeiro.
o evangelho santo e a cruz de Cristo.
Que as nossas vidas e toda o nosso ser,
Agora perderão tudo! Nada lhes resta-
alma e espírito, glorifiquem a Deus, por
rá, senão a agonia do “lago de fogo e
ações, intenções e pensamentos, do modo
enxofre, que é a segunda morte”.
mais puro e mais próximo possível, da-
Quão terrível é este lugar, “prepara- quilo o próprio Senhor Jesus praticou e
do para o Diabo e os seus anjos”. Lá já ensinou. A Ele toda glória! Amém!
foram lançados o anticristo e o falso
profeta (Ap.19:20);
Satanás, o príncipe das trevas e o en- _________________________________
ganador de todo o mundo (Ap.20:10); _________________________________
a morte e o Hades serão lançados no _________________________________
lago de fogo (Ap.20:14); e os homens
_________________________________
ímpios, que se recusarem ouvir a Pa-
lavra de Deus e o Seu testemunho, e _________________________________
não se arrependeram das suas obras _________________________________
(Ap.20:15). _________________________________
Na expressão do apóstolo João, o _________________________________
Trono é Grande, significando a gran- _________________________________
deza da glória de Deus e do Seu grande
_________________________________
poder em submeter a Si mesmo todas
as coisas. É, também, “branco”, indi- _________________________________
cando que Aquele que nele se assenta é _________________________________
absolutamente puro e santo, que reali- _________________________________
za a justiça, exerce o juízo, retribuindo _________________________________
a cada um o que fez, tanto aos homens,
_________________________________
quanto aos anjos que hão de ser julga-
dos, igualmente. Diante do Senhor, os _________________________________
céus e a terra fugirão da Sua presença! _________________________________
Aleluia! (2Pe.3:13 e Ap.21:1). _________________________________

Estudos Bíblicos 98
Estudo 13
A SEGUNDA
VINDA DO SENHOR
JESUS CRISTO
VERSÍCULO BÁSICO: “Bem-aven-
turado e santo é aquele que tem parte
na primeira ressurreição; sobre esses
a segunda morte não tem autoridade;
pelo contrário, serão sacerdotes de
Deus e de Cristo, e reinarão com ele
os mil anos” (Ap.20:6).

Meditando Diariamente
na Palavra:

Segunda-feira - Mt.19:27-30; 24:29-44


Terça-feira - Mt.25:21,23; Jo.14:1-3; At.1:9-11
Quarta-feira - 1Co.15:23-28; 1Ts.3:13
Quinta-feira - 1Ts.4:13-5:11
Sexta-feira - 2Ts.2:1-12; Hb.9:28
Sábado - Ap.1:5-7; 20:1-15

Estudos Bíblicos 99
I – INTRODUÇÃO: que aqueles primeiros cristãos tinham so-
bre a ordem escatológica dos acontecimen-
tos ligados à “parousia”:
Já iniciamos, na lição anterior, o estu-
do da escatologia, nos concentrando mais “Vigiem sobre a vida de vocês. Não dei-
nos três grandes julgamentos. Agora, ire- xem que suas lâmpadas se apaguem, nem
mos estudar, embora não de uma forma soltem o cinto dos rins. Fiquem prepara-
aprofundada, outros eventos importantes, dos, porque vocês não sabem a que hora o
como o arrebatamento da Igreja, o milênio Senhor nosso vai chegar. Reunam-se com
e o estado eterno dos que são salvos em frequência para procurarem o que convém
Cristo, e dos que não creram nem recebe- a vocês. Porque de nada lhes servirá todo o
ram a verdade, que está em Jesus. tempo que vocês viverem a fé, se no último
momento vocês não estiverem perfeitos.
De fato, nos últimos dias, os falsos profetas
II – A CERTEZA DA “PAROUSIA”: e os corruptores se multiplicarão, as
ovelhas se transformarão em lobos e o
Um dos termos mais frequentes no amor se transformará em ódio. Crescendo
NT, usados para indicar a vinda de Cris- a injustiça, os homens se odiarão, se
to, é a palavra grega ”parousia”, que possui perseguirão e se trairão mutuamente.
dois significados: “presença” (1Co.16:17; Então, aparecerá o sedutor do mundo,
2Co.10:10; Fp.2:12) e “vinda” (a mais co- como se fosse o Filho de Deus, e fará
mum no NT). sinais e prodígios. A terra será entregue
em suas mãos e cometerá crimes como
A primeira vinda de Cristo à terra vi-
jamais foram cometidos desde o começo
sou a redenção dos homens (Mc.10:45;
do mundo. Então, aparecerão os sinais da
Rm.8:3). Sua segunda vinda, porém, ob-
verdade. Primeiro, o sinal da abertura no
jetiva a implantação do Seu reino mile-
céu; depois, o sinal do toque da trombeta
nial, em glória, com os seus escolhidos
e, em terceiro lugar, a ressurreição dos
(Ap.20:6). Será a continuação da redenção
mortos.·Ressurreição sim, mas não de
de toda a criação, iniciada pela Igreja, e de-
todos”, conforme foi dito: “O Senhor virá,
pois continuada pela restauração da nação
e todos os santos estarão com ele” (Jd.14).
de Israel, bem como o reinado de Cristo
Então, o mundo verá o Senhor vindo sobre
sobre todas as demais nações (durante o
as nuvens do céu.”
milênio), tudo isso, em direção à restaura-
ção de todas as coisas, inclusive da própria Como vemos, a Igreja possuía uma fir-
criação, ao “Projeto, Plano e Vontade” de me doutrina sobre as últimas coisas e, em
Deus no princípio (Ef.1:9,10; Cl.1:16-19). linhas gerais, conhecia a ordem escatoló-
gica dos acontecimentos. Porém, Deus
concedeu à Igreja uma revelação adicio-
a ) A visão da Igreja, no século I nal, através do último dos apóstolos vivos:
d.C.: João. Vejamos:
O conhecido documento da Igreja (“Di-
daquê”), escrito no final do século I d.C.,
b ) A visão escatológica, em Apoca-
traz, de forma resumida, as principais dou-
lipse:
trinas dos apóstolos, traduzidas em 16 te-
mas de instrução. Destacamos, a seguir, o Devemos nos lembrar que o apóstolo
item XVI do documento, que traz a visão João recebeu a revelação dada por Deus,

Estudos Bíblicos 100


e escrita no livro do Apocalipse, enquanto o Senhor passaria a lhe mostrar, isto é,
estava exilado na ilha de Patmos, ao final capítulos 2 e 3, no qual fala às sete igre-
do século I d.C. Portanto, era necessário jas, que estavam na Ásia. Evidentemente,
que houvesse essa revelação, senão, Deus não cremos que a mensagem tenha se res-
não a teria dado aos seus servos. tringido ao ambiente vigente à época do
Para entendermos melhor a ordem es- apóstolo, tendo em vista o próprio propó-
catológica do livro de Apocalipse, é preciso sito escatológico de toda a Revelação. Por-
considerar a divisão que se encontra, em tanto, cremos que a visão das sete igrejas
Ap.1:19. corresponda a todo o período histórico da
Igreja militante ou à dispensação da graça
de Deus, a qual se iniciou no dia de Pente-
1) “As coisas que tens visto”: Alguns costes, e vai até ao arrebatamento da Igreja
comentaristas acreditam que isso faz refe- Triunfante (At.2:1-4; 1Ts.4:13-18).
rência direta ao evangelho de João, no qual
ele deixou registrado o seu testemunho do
que “viu”, em sua convivência com Jesus. 3) “As coisas que depois destas hão
Portanto, trataria do tempo que vai desde de acontecer”: Refere-se às revelações con-
o batismo de Jesus no rio Jordão, até a Sua tidas a partir do capítulo quatro (4:1ss), nos
ascensão aos céus (Jo.1:6,15ss; Jo.21:24,25; quais encontraremos a visão dos céus e,
At 1:10). Entretanto, há duas considera- posteriormente, a visão do que estará ocor-
ções importantes: (a) quanto a finalidade rendo na terra. Certamente que o arreba-
para a qual o livro foi escrito; e (b) a data tamento da Igreja, as bordas do Cordeiro,
em que foi escrito é anterior ao livro do a grande tribulação, o julgamento das na-
Apocalipse (escrito durante a perseguição ções, o milênio, o juízo do trono Branco, a
do imperador Domiciano, cerca do ano 96 recriação de todas coisas, a nova Jerusalém,
d.C.). Quanto a sua finalidade, sabemos e o dia da eternidade, são eventos relevan-
que o evangelho de João foi escrito para tes dessa revelação.
demonstrar aos seus leitores que Jesus era
o Cristo, “o Filho de Deus” (Jo.20:30,31), Na visão dada a João às sete igrejas, foi
especialmente devido à influência que o prometido aos vencedores que eles reina-
movimento gnóstico já apresentava na- riam com Cristo (Ap.1:6; 2:7,11,17,26-28;
quela ocasião, tentando negar a divindade 3:5,12,21; 20:6). Quando isso se dará? Du-
de Jesus e a encarnação do Logos eterno rante o milênio, os vencedores e fiéis re-
(Jo.1:1,14; 1Jo.4:1-3). Assim sendo, deve- ceberão autoridade dada pelo Senhor dos
mos encontrar no próprio texto de Apoca- senhores e Rei dos reis, Jesus Cristo. (1º.)
lipse, a resposta à nossa indagação: o que Autoridade para julgar (Ap.20:4); (2º.) au-
são “as coisas que tens visto”? Cremos que toridade para reinar (Ap.2:26,27). Os tre-
se refira ao próprio capítulo primeiro, no chos de Mt.20:22,23 e Lc.22:28-30, também
qual João vê ao Senhor Jesus no meio dos mostram que poderes mais elevados serão
sete candeeiros de ouro e recebe a ordem conferidos àqueles que tiverem sofrido por
para escrever a visão, bem como a sua in- amor a Cristo.
terpretação (v.19,20).

III–A ORDEM DOS ACONTECIMEN-
2) “As que são”: Compreende aque- TOS ESCATOLÓGICOS:
la revelação que, a partir desse momento,

Estudos Bíblicos 101


Para termos uma visão geral dos acon- 2. Jesus Cristo virá de modo ines-
tecimentos escatológicos, transcrevemos, a perado, posto que o momento exato não
seguir, um quadro-resumo concedido pela poderá ser calculado (Mt 24.36,42,44; 25.5-
ETADE aos seus alunos de teologia, encon- 7,13; Mc.13.22-37; Lc.12.35-46);
trada na Bíblia (versão pentecostal), que 3. Cristo virá arrebatar os crentes
estão de acordo com a doutrina ensinada genuínos que viverem na terra nessa oca-
pela Igreja de Cristo, no Brasil. sião (Is.26.19; Lc.21,36; Jo 14.3; 1Ts.1:10;
4.14-17; 2Ts.2.1; 1Co.15.51-57; Ap.3.10,11);
I – Sinais proféticos dos últimos dias – “o 4. Os crentes genuínos serão livra-
princípio de dores”: dos da ira vindoura (Lc.21.36; 1Ts.1.10;
1. Aumento dos falsos profetas 5.2-9; Ap.3.10);
e da transigência religiosa dentro das 5. Os crentes que morreram antes
Igrejas (Mt.24.4,5,10,11,24; Lc.18.8; 2 desse evento ressuscitarão e serão arre-
Ts.2.3;1Tm.4.1; 2Tm 3.1-7; 13; 4:3,4; batados com Cristo nas nuvens dos céus
2Pe.2.1-3; 3:3,4); (1Co.15.50-55; 1Ts.4.16.17);
2. Aumento do crime e desrespeito 6. Todos os crentes genuínos ar-
à Lei de Deus (Mt.24.12,37-39; Lc.17.26- rebatados serão julgados no tribunal de
30; 18.8; 1Tm.4:1; 2 Tm.3:1-8); Cristo segundo as suas obras (Jo 5.22;
3. Aumento de guerras, fomes e Rm.14.10,12; 1Co 3.12-15; 4.5; 2Co.5.10;
terremotes (Mt.24.6-8; Mc.13.7,8; Lc.21.9); Ef 6:8; Cl.3.23-25; 2Tm.4.8);
4. Diminuição do amor e da afeição 7. Os crentes arrebatados após se-
no lar (Mt.10.21; 24.12;Mc.13.12; 2Tm.3.1- rem julgados receberão seus galardões
3); segundo as suas obras (Ec.12.14; Mt 5.11-
12; 25.14-30; Lc.19.12-27; 1Co.3.10-15;
5. Perseguição mais severa ao povo
9.25-27; 2Co.5.10; 2Tm.4.7-8; I Pe.5.1-4;
de Deus (Mt.10.22,23; 24.9,10; Mc.13.13;
Ap.2.10; 14.13; 22.12);
Jo.15:19, 20; 16.33; At.14.22; Rm.5:3);
8. Os crentes não fieis não serão
6. Os salvos permanecerão firmes
condenados, porém não receberão galar-
(Mt.24.13; Mc.13.13);
dões (1Co.3:15; 2Co.5:10; 1Jo.2:28; 2Jo.8).
7. O evangelho será pregado a toda
nação (Mt.24:14; Mc.13:10);
III – A TRIBULAÇÃO:
8. O Espírito será derramado
sobre o povo de Deus (Jl.2.28-29; At 2.15-
21,38,39); 1. Os crentes fieis nas igrejas de
Cristo serão preservados do tempo da ira
vindora ou da tribulação (Lc.21:36; Jo.5:24;
II – O ARREBATAMENTO:
14.1-4; 2.Co.5:2,4; 1Ts.1:10; 4.16-18; 5.8-
10; Ap.3:10);
1. Os crentes devem estar prontos 2. Começará depois que O que o
e esperar constantemente por esse evento detém for removido do caminho (2Ts.2:6-
iminente (Mt 24.36-51; 25.1-13; Mc.13.33- 8);
37; Lc.12:35-48; 21.19,34-36; Rm.13.11-14;
3. Começará depois de intensi-
Fp.4.5; 1Ts.1.10; 4.16-18; 5.6-11; 2Tm 4.8;
ficar-se o poder secreto da iniquidade
Tt.2.13);

Estudos Bíblicos 102


(2Ts.2:7,8); 2. Começará com abominação de-
4. Começará depois de ocorrer uma soladora no lugar santo (templo em Jerusa-
grande rebelião contra a fé (2Ts.2:3) lém) - Dn.9.27; 12.11; Mt.24.15; Mc.13:14;
2Ts.2.4; Ap 13,14,15;
5. Anticristo (o homem da iniquida-
de) aparecerá (Dn.7:24-26; 9.26b,27; 12.11; 3. A atividade demoníaca aumenta-
Mt.24:15; 2Ts.2.3-10; Ap.11:7; 12:3,13-17; rá grandemente (2Ts.2.9-12; Ap 9.3-11; 14-
13:1-18; 16.2; 17.7-18; 19.19,20); 21; 13.5-8; 11-18; 16.12-14);
6. Começará com a abertura dos 7 4. A feitiçaria e a bruxaria aumenta-
selos (Ap.6:1); rão grandemente (1Tm.4.1; Ap.9:21; 18.23;
22.15);
7. Um tempo de aflição em escala
mundial (Mt.24:21,22; Ap.6-19); 5. Ocorrerão eventos cósmi-
cos relacionados com o sol, a lua e as es-
8. Durará sete anos (Dn.9.27;
trelas (Is.13.9-11; 24.20,23; Mt.24.29;
Ap.11.3; 12:6,14);
Mc.13.24,25; Lc.21.25; Ap.6.12-14; 8.10,12;
9. Falsos profetas realizarão gran- 9.2);
des sinais e maravilhas (Mt.24:24; 2Ts 2:8-
6. Engano religioso será generaliza-
10; Ap.13:13; 16:14; 19:20);
do (Mt.24.24; Mc.13.6,21,22; 2 Ts.2.9-11);
10. Evangelho será pregado por an-
7. Tempo de sofrimento terrí-
jos e judeus convertidos (Mt.24:14; Ap.7:1-
vel para os judeus (Jr.30.5-7; Dn.12:1, 7;
14; 11:3-13; 14:6,7);
Ap.11.2; 12.12-17);
11. Pessoas serão salvas durante
8. Período de aflição mundial mais
esses dias (Dt.4.29-31; Ap.7:9-17; 14:6,7;
terrível e mais intenso de toda a história
11:3,13);
universal (Dn.12.1; Mt 24.21; Mc13.15-19;
12. Muitos judeus se converterão a 2 Pe 3.7-12; Ap 6.9-17; 9.1-21; 16.1-21);
Cristo (Rm.11:25,26; Ap.7:1-8);
9. Deus derramará a sua ira sobre
13. Aqueles que tiveram oportuni- os ímpios (Is.26.20,21; 13.6-13; Jr.30.4-11;
dade de crer em Jesus e não creram, antes Dn.12.1; Zc.14.1-4; Ap.3.10; 6.17; 9.1-6,18-
creram na “operação do erro e na mentira e 21; 14.9-11; 19-15);
eficácia de Satanás”, não terão mais nenhu-
10. A igreja apóstata será destruída
ma oportunidade de salvação (Mt.25.1-12;
(Mt 24.9-13; 2Ts.2.3; I Tm 4.1; Ap 17.16-
Lc.12:45,46; 2Ts.2:9-12);
17);
14. Será um tempo de perseguição
11. Duas testemunhas que pregavam
para todos os fieis que creram em Jesus
o evangelho que foram mortas, ressuscita-
(Dn.12:10; Mt.24:15-22; Ap 6.9-11; 7.7-17;
ram (Ap.11:11,12);
12.12,17; 13.7,15-17; 14.6.13; 17.6; 18.24;
20.4); 12. Fim da grande tribulação po-
derá ser conhecido por sinais específicos
(Mt.24:15-29,32,33; Mc.13:38,39; Lc.22:28);
IV – A GRANDE TRIBULAÇÃO:
13. Terminará na ocasião da bata-
lha de Armagedom e da plena ira de Deus
1. Últimos três anos e meio de “A contra os ímpios (Jr.25:29-38; Ez.29:17-20;
Tribulação” (Dn.9.27; Ap 11,2; 12.6; 13.5- Jl.3.2,9-17; Sf.3.8; Zc.14.2-5; Ap.14.9-11,14-
7); 20; 16.12-21; 19.17,18);

Estudos Bíblicos 103


14. Cristo triunfará sobre o Anti- VI – O GLORIOSO APARECIMENTO
cristo e os seus exércitos (Mt.24.30,31; DE CRISTO NO CÉU PARA IMPLAN-
1Ts.1.7-10; 2.Ts.2.8; 2Pe.3.10-13; TAÇÃO DO SEU REINO:
Ap.19:11-21).
1. Cristo Jesus voltará com os
V – O ANTICRISTO: crentes glorificados e com os seus anjos
(Zc.14.5b; 2Ts.1.7-10; Jd.14,15; Ap 19.14);
1. Governa durante a tribulação, o 2. Cristo Jesus reunirá os santos
qual controlará o mundo inteiro (Dn.7.2- da tribulação (Mt.24.31; 25.31-40,46; Mc
7,24-27; 8.4; 11.36; Mt.24.15-22; Ap.13.1- 13.27; Ap 20.4);
18; 17.11-17); 3. Os incrédulos serão excluídos na
2. Uma pessoa incrivelmente ma- vinda de Jesus (Mt 24.38,39,43; Ap 20.5);
ligna, um “homem do pecado” e da ini- 4. Cristo julgará e separará as na-
quidade (Dn.9.27; 2Ts.2.3; Ap.13.12); ções vivas na terra (Mt.13.40,41,47-50;
3. Descrito como uma besta 25.31-46);
(Ap.13.1-18; 17.3,8,16; 19.19,20; 20.10); 5. As nações ficarão enfurecidas
4. Fará uma imagem no templo diante desse evento (Ap.11.17,18, 16.21);
e exigirá adoração (Dn.7.8,25; 11.31,36; 6. Os santos vitoriosos se regozija-
12.11; Mt.24.15; Mc.13.14; 2Ts.2,3,4; rão diante desse evento (Ap 19.1-9);
Ap.13.4,8,12,14, 15; 14.9; 16.2); 7. Cristo julgará e condenará os
5. Operará milagres mediante o ímpios, inclusive o Anticristo, o falso pro-
poder de Satanás (Mt.24:24; 2Ts.2.9,10; feta e Satanás (Is.13.6-12; Ez 20.34-38;Mt
Ap.13.3,12-14; 16.14; 16.14; 17.8); 13.41-50; 24.30; 25.41-46; Lc.19.11-17;
6. Terá a capacidade de enganar as 1Ts.5.1-11; 2Ts.2.7-10,12; Ap.6.16,17;
nações (2Ts.2.9,10; 1 Jo 2.18,19; Ap 20.3); 11.18; 17.14; 18.1-24; 19.11-20.3);
7. Será ajudado pelo falso profeta 8. Os mártires da tribulação rece-
(a besta que emergiu da terra) – Ap.13.11- berão galardões (Ap 20.4);
18; 16.13; 19.20; 20.10; 9. Os santos da tribulação com-
8. Matará as duas testemunhas partilharão da glória de Cristo e de Seu
que profetizarão por 1.260 dias (Ap.11.3- reino (Mt 25.31-40; Ap 20.4).
10);
9. Procurará matar todos aqueles VII – O MILÊNIO:
que não possuírem a marca da besta (666)
– Ap.6.9; 13.15-18; 14.12,13;
1. Satanás será marrado por mil
10. Acabará destruindo o sis- anos (Ap 20.2,3);
tema religioso com o qual se aliará
2. Os santos da tribulação ressus-
(Ap.17.16.17);
citarão dentre os mortos (Ap 20.4,5);
11. Será derrotado por Cristo
3. A igreja e todos os santos mar-
quando Ele voltar à terra para estabelecer
tirizados na tribulação reinarão com Cris-
seu reino (Dn.2.44,45; 7.26,27; 2Ts.2.8;
to (Ap.1.6; 2.26,27; 3.21; 5.9,10;11.15-18;
Ap.16.16; 19.15-21);
20.4-6);

Estudos Bíblicos 104


4. Cristo reinará na terra sobre os 1. Deus purificará a terra com fogo
santos da tribulação que estiverem vivos na e toda obra que o homem fez sob o peca-
Sua vinda (Is.9.6.7; Mq.4.1-8; Dn.2.44,45; do (Sl.102.25,26; Is 34.4; 51.6; Ag 2.6; Hb
Zc.14.6-9; Ap.5.10; 11.15-18; 20.4-6); 12.26-28; 2 Pe.3.7-12);
5. A duração o do reino será de mil 2. Deus criará novos céus e nova
anos (Ap.20.4-7); terra (Is.51,6; 65.17; 66.22; Rm.8.19-21; 2
6. Os filhos de Deus terão descanso Pe.3.10-13; Ap.21.1-22.6);
(2Ts.1.7; Ap.14.13); 3. Deus removerá todos os efeitos
7. A criação será restaurada à do pecado (2Pe.3.13; Ap 21.1-4; 22.3,15);
sua ordem e perfeição original (Sl.96.10- 4. A nova terra será o quartel-gene-
13; 98.7-9; Is.14.7,8; 35.1,2,6,7, 10; 51.3; ral de Deus (Ap.21.1-13).
55.12,13; Ez 34,25-27; Rm 8.18-23);
8. Satanás será solto por um breve IV – CONCLUSÃO:
tempo no fim do milênio e sairá a seduzir
as nações (Ap 20.7-9);
O estudo comparativo dos livros de Da-
9. Desceu fogo do céu e os consu-
niel, Apocalipse, Zacarias, Joel, ou de tex-
miu (Ap.20.9);
tos como: 1Ts.4:1-18; 5:1-10; 2Ts.2:1-1;
10. Diabo, o sedutor deles, foi lança- 2Pe.3:1-15, e capítulos 24 e 25 de Mateus,
do dentro do lago de fogo e enxofre, para Ezequiel 38 e 39, nos dão uma visão pano-
ser atormentado pelos séculos dos séculos râmica dos eventos que estão para aconte-
(Ap 20.10); cer, a partir do arrebatamento (“rapto”) da
11. Terminará quando Cristo, o Filho Igreja para o céu.
de Deus entregar o reino ao Pai (1Co.15.24- Não se pode ser dogmático nesse assun-
26). to, como donos exclusivos da verdade. Mui-
tas passagens escatológicas são de difícil
VIII – O JUÍZO FINAL: harmonia e interpretação, mesmo para os
mais abalizados no assunto.
O estudo aqui apresentado não é final,
1. Batalha final de Gogue e Mago-
nem completo no campo escatológico, pelas
gue (Ap 20.7-9);
razões acima expostas. Maiores estudos e
2. Todos os ímpios serão ressuscita- maior iluminação do Espírito Santo, através
dos dentre os mortos para enfrentar o juízo da palavra profética, adicionarão novos de-
final (Is.26.19-21; Dn 12.2; Jo 5.28,29; Ap talhes que enriquecerão tal conhecimento.
20.11-15);
Nossa intenção foi a de lançar o funda-
3. Julgamento do grande trono mento, com base na Palavra de Deus, e orar
branco (Ap.20.11-15); a Ele para que desperte em todos nós, não
4. Todos os inimigos de Deus serão somente o desejo de compreendermos a
condenados e lançados no lago de fogo e Sua Doutrina santa, mas também para que
enxofre, que é a segunda morte (2Ts.2.9; Ap a proclamemos aos que precisam conhecer
20.10,12-15; 21.8). ao Autor e Consumador da nossa fé: Jesus.
A Deus toda glória! Amém!
IX – OS NOVOS CÉUS E A NOVA TERRA:

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