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Escola Superior de Hotelaria e Turismo do Estoril

A Influência do Turismo no Desenvolvimento de um País

Uma abordagem Sociológica

Direcção e Gestão Hoteleira

2.º ano – Tuma B

Sociologia do Turismo

Dra. Graça Joaquim

Mafalda Portugal Faria, nº 3851

Declaro que este trabalho é integralmente da minha autoria, estando devidamente referenciadas
as fontes e obras consultadas, bem como identificadas de modo claro as citações dessas obras.
Não contém, por isso, qualquer tipo de plágio quer de textos publicados, qualquer que seja o
meio dessa publicação, incluindo meios electrónicos, quer de trabalhos académicos

Junho de 2010
A Influência do Turismo no Desenvolvimento de um País – Uma Abordagem Sociológica

“(…) a sociologia é uma ciência com particular propensão para a


reflexividade – isto é, para examinar criticamente aquilo que ela própria faz
(as suas possibilidades, os seus limites, os seus procedimentos), para
ponderar as condições com que o faz e os efeitos da sua actividade (…)”

COSTA, António Firmino (2003) Sociologia, Quimera Editora, Lisboa

A citação acima descrita, do autor António Firmino da Costa, explícita o que é a


sociologia realçando a ideia da reflexividade. Na verdade, é na forma como
percepcionamos a realidade e sobre ela maturamos criticamente que obtemos respostas
a certos fenómenos sociológicos. Nesta lógica, associa a exemplos práticos de forma a
ser mais perceptível o desenrolar das ideias e o modo como a sociologia aborda os
fenómenos sociais. Partindo da citação, a sociologia reflecte criticamente a vida social e
até o que “ela própria faz”, “as condições com que o faz” e os “efeitos da sua
actividade”. Uma das finalidades do estudo sociológico é o de “procurar explicitar e
decifrar a gramática da vida social” (Costa, 2003: 17).

O ensaio que é elaborado tem por base o pensamento sociológico na medida que avalia
os fenómenos sociais em causa segundo a perspectiva da sociologia e estuda-os
procurando as condições com que são feitos e os efeitos que surgem da sua actividade.
São analisados dois fenómenos sociais sendo paralelamente comparados com o estudo
de Giddens (2010) sobre o mundo de hoje sob a influência da globalização. O primeiro
fenómeno tem como objecto de estudo demonstrar como a interacção entre cultura e
turismo pode levar a uma desvalorização das tradições da comunidade local,
anteriormente considerada isolada e primitiva. O segundo fenómeno tem como objecto
de estudo a análise da perspectiva Americana sobre o turismo Português.

O primeiro estudo de caso em análise reflecte sobre as consequências negativas da


comercialização turística da identidade local de um destino turístico. No caso de Nagda,
o destino turístico em análise, em que o turismo é considerado um instrumento de
riqueza e poder ao serviço do Governo. Ngadha é uma das ilhas da Indonésia que foi
considerada “distante” e “isolada” (Departement of Social Affairs 1994) devido à sua
distinta cultura a às suas práticas de subsistência que evidenciam um atraso e um défice
de desenvolvimento. É uma das áreas mais pobres da Indonésia, sendo o turismo
considerado a melhor opção para o progresso económico graças à sua localização.
Contudo, tal como também Cole (2007) afirma no seu texto, o turismo transforma a

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cultura numa “mercadoria”, num “pacote” para vender aos turistas, tendo como
resultado uma perda de autenticidade. Esta perda prende-se com o facto de os habitantes
de Ngadha personificarem as suas vidas, isto é, passam a representar como se de um
teatro se tratasse, os seus rituais, as suas casas, o seu quotidiano é condicionado pelos
turistas e pelo que querem ver. Os turistas deste tipo de turismo querem ver outra
realidade diferente da sua, querem ver os seus rituais, como vivem, as suas casas, a em
geral a sua cultura uma vez que são estas as provas de que a aldeia é primitiva, natural e
autêntica. Tendo em conta as características deste público-alvo, Ngadha para conseguir
manter a sua atractividade turística tem de manter os seus hábitos e costumes
primitivos, mesmo que implique não poder alterar a arquitectura das suas casas ou
continuar com o sacrifício dos animais em detrimento de recursos básicos. Por outras
palavras, Ngadha tem de permanecer aparentemente pobre para ir ao encontro dos
interesses dos turistas que visitam a ilha.

Face ao exposto, algumas perguntas acabam por surgir, nomeadamente: Que efeitos tem
o turismo na cultura? Quais são os efeitos a longo prazo do turismo no
desenvolvimento sociocultural? Como são manipulados e explorados a cultura, a
tradição e a etnicidade para atender às necessidades do turismo?

O Estado da Indonésia acaba por ser responsável pelo “museumizing” da aldeia, isto é,
torna os habitantes parte de um museu em que tudo está encenado, exposto e pré-
concebido para os turistas. Assim sendo, existe uma perda de autenticidade uma vez que
a cultura que Ngadha vende é um produto cultural recriado e encenado. De facto, o
turismo tem um efeito de “casaco de forças” para o desenvolvimento de Ngadha, uma
vez que esta está restrita a um nível de vida pobre e condicionado. É difícil prever os
efeitos a longo prazo do turismo nesta sociedade, contudo é válido apontar que é uma
sociedade que detém fortes vantagens com o desenvolvimento turismo e por isso
sacrifica o desenvolvimento sociocultural em prol do seu desenvolvimento económico.
Apesar de o turismo ser a causa de diversas mudanças e do desenvolvimento
económico, existem outros factores que podem estar na base deste desenvolvimento,
como por exemplo a globalização. A globalização promove um contacto regular com
outros que pensam de maneira diferente e que vivem de maneira diferente. Tal como
Giddens (2010) afirma em “O Mundo na Era da Globalização”, a globalização levou ao
reaparecimento das identidades culturais em diversas partes do mundo: criam-se novas
zonas económicas e culturais. Ngadha é um exemplo real deste facto uma vez que

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aproveita não só os traços culturais que a distingue dos outros mas também a
curiosidade dos turistas em visitá-la. Afirma-se culturalmente apresentando um produto
turístico étnico e diferenciado em que os turistas podem vivenciar a experiência turística
proposta. Este produto turístico é tão atractivo para as sociedades desenvolvidas devido
à riqueza de tradições e costumes que não são habituais nestas sociedades, constituindo
um grande instrumento da sua atractividade. Giddens (2010) elucida no seu livro que a
tradição é esvaziada de conteúdo e comercializada, compara-a a uma herança uma vez
que a herança é a tradição refeita em termos de espectáculo. É também comparada a um
“kitsch”, um berloque sem valor que se compra na loja do aeroporto. A tradução
inteiramente pura não existe uma vez que existem sempre alterações: evoluem com a
passagem do tempo, são inventadas ou reinventadas e as características que a definem
são o ritual e a repetição. Contextualizando este argumento no caso de Ngadha, o
governo ritualiza e repete as suas tradições (muitas delas reinventadas) para validar a
sua distinta cultura, para dar continuidade e forma à vida, pois o que torna qualquer
tradição diferente é o facto de ela definir uma espécie de verdade. Uma das tradições
dos habitantes de Ngadha é o sacrifício de animais em detrimento da utilização dos
animais como recursos básicos pois segundo os habitantes de Ngadha, era através deste
ritual que comunicavam com os seus antepassados. Apesar de ter sido comprovado que
o sacrifício dos animais não era economicamente vantajoso para a ilha, essa tradição
permanece como um espectáculo e é comercializada para os turistas uma vez que estes
rituais servem como prova da sua autenticidade. Outro argumento que comprova a
persistência do governo em demonstrar que a aldeia é “autêntica, é a limitação de acção
dos habitantes face às suas casas: tradicionalmente as casas não tinham janelas por isso
permanece-se com esta arquitectura tradicional. Esta restrição do governo faz com que
surjam duas perguntas: até que ponto pode o Governo interferir na vida dos habitantes
locais? E Quais são as limitações da democracia? Em primeiro lugar é importante
esclarecer que o governo de Ngadha não autoritário apesar de impor restrições quanto
à vida dos habitantes. De facto, segundo Giddens (2010), um governo autoritário torna-
se desadaptado para tratar de diversas situações, caracterizado pela falta de flexibilidade
e o dinamismo necessário para competir na economia global. Em resposta à primeira
pergunta colocada, o Governo pode intervir na vida dos habitantes locais desde que
estes reconheçam que são decisões acertadas e que visam a melhoria do sem bem-estar,
como realmente acontece. Assim, as limitações da democracia variam de governo para
governo tendo em consideração as condições socioeconómicas e culturais de cada um.

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Com base na descrição do estilo de vida dos habitantes de Ngadha, é notório que o risco
ao qual se comprometem é mínimo. Segundo Giddens (2010), “o risco é a dinâmica
estimuladora de uma sociedade empenhada na mudança, apostando em determinar o seu
próprio futuro, em vez de depender da religião, da tradição ou dos caprichos da
natureza”. Ngadha está a determinar o seu próprio futuro ao apostar no turismo como
instrumento para o seu progresso, contudo esta aposta é feita através da continuidade
das tradições. Como já foi referido anteriormente, os habitantes locais usam a tradição
para atrair mais turistas servindo-se dela para tornar mais natural e autêntica a aldeia.
Assim sendo, o risco é diminuto uma vez que as medidas utilizadas para desenvolver
Ngadha são precisamente iguais aos modos de vida que eram adoptados antes de o
turismo influenciar as decisões do Governo.

No segundo estudo de caso em análise a autora identifica características das narrativas


descritivas de Portugal e imagens marcantes do país, aos olhos dos media americanos.

Os jornais americanos que estiveram na base deste estudo foram o New York Time,
Washington Post, Los Angeles Times e USA Today. Através dos artigos publicados
nestes jornais, os escritores podem fazer uma reconstrução artificial dos destinos e
funcionam de acordo com paradigmas e regras previamente definidas pela sociedade.
Contudo, os media ao publicarem artigos de viagens não conseguem fazer a viagem
pelo turista, não substitui a visita ao local. A beleza dos destinos, das pessoas, o passado
e o presente, não conseguem ser traduzidos fielmente no papel apesar de os artigos de
jornais sobre viagens contribuírem para a definição da realidade social de um destino
turístico. Segundo Santos (2004), estes artigos são moldados pelo marketing tendo
como objectivo gerar audiências que são sustentadas por uma maior liberdade de
ignorar questões pertinentes às questões de desigualdades e injustiças presentes no
destino.

Os escritores esclarecem os leitores sobre os locais a visitar em Portugal, promovem um


Portugal urbano e falam sobre a preservação da cultura em Portugal. Em suma, retrata
Portugal como um destino onde as experiências pessoais assumem uma maior
importância. Segundo a autora, existem duas visões diferentes sobre Portugal: um
Portugal Tradicional e um Portugal Contemporâneo.

O Portugal Tradicional é caracterizado por ser medieval, antiquado, resistente à


modernização e parado no tempo uma vez que segundo o estudo de caso, a beleza da

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região reside no seu sistema de retenção, a hospitalidade, e a sensação de tempo parado.


Portugal continua a ser o país mais relutante na Europa quando se trata de adoptar a
modernização. Para este Portugal Tradicional a autenticidade só existe no passado,
assim preserva o antigo e tradicional e refuta a modernização. Ao persistir na
continuidade da autenticidade, Portugal determina o seu tipo turismo, tornando-o único
e diferenciado, mostrando traços que o caracterizam unicamente.

Por outro lado, o Portugal Contemporâneo é moderno, sofisticado, transformado e em


desenvolvimento. Os escritores retratam Portugal como sendo um país moderno e
desenvolvido, principalmente a partir de 1997 com a preparação da Expo 98. É
promovido o descanso e os tempos livres num destino urbano. A autora também refere
que apesar de, em Portugal, a actualidade ser considerada moderna, os escritores
defendem que a história passada está incluída nesta modernidade. De facto, Portugal
tende a modernizar-se, contudo sem nunca esquecer a sua história.

Depois de uma breve descrição sobre os dois pontos de vista acerca de Portugal,
conclui-se que apesar de serem contraditório é estabelecido um ponto em comum:
“tourists over here, hosts over there”. Ou seja, existe uma relação tradicional entre os
turistas e a população em que não existe qualquer tipo de contacto.

Em súmula, quando se fala no desenvolvimento de um país, o turismo pode ser


influenciado ou ter influência nesse desenvolvimento. No caso de Ngadha, estando esta
vila inserida num país em vias de desenvolvimento, o turismo influencia o seu
desenvolvimento tanto a nível económico como sociocultural. De facto, este estudo é
revelador de como os fins justificam os meios e em prol de um objectivo económico é
possível restringir e mudar a vida de uma população. No entanto, no caso de Portugal o
turismo não é fonte de influência mas sim influenciado pelo desenvolvimento do país: o
facto de este querer permanecer a sua autenticidade ou querer modernizar-se, influencia
o turismo e como Portugal é visto aos olhos dos turistas. O facto de haver um
distanciamento entre o turista e a população do destino turístico, comprova o quanto o
turismo pode ser influenciado pelos objectivos da sociedade: manter-se autêntica ou
modernizada.

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Referências Bibliográficas

COSTA, António Firmino (2003) Sociologia, Quimera Editora, Lisboa

COLE, Stroma (2007) «Beyond Authenticity and Commodification» Annals of Tourism


Research,vol.34, nº4, Pergamon, pp.943-960

GIDDENS, A. (2010) O Mundo na Era da Globalização, Editorial Presença, Lisboa.

SANTOS, Carla Almeida (2004) «Framing Portugal Representational Dynamics»,


Annals of Tourism Research, vol.31, nº1, pp.122-138.

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