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Publicado em Anais do I Congresso Iteano de Iniciação Científca

Instituição Toledo de Ensino, Bauru, 27 a 29 de abril de 2004.

FRATURAS DA URBANIZAÇÃO

Geise Brizotti Pasquotto 1.1


Prof. Dr. Antônio C. de Oliveira 1.2

RESUMO: Esse trabalho é um estudo de caso sobre o processo da urbanização


brasileira. Tomando como recorte uma cidade de porte médio no interior do estado
de São Paulo (Bauru), busca-se identificar as “fraturas da urbanização” baseados na
bibliografia fundamental que estão apontadas no corpo do texto, nos dados
demográficos e sociais fornecidos pelos institutos oficiais e na verificação “in loco” da
realidade urbana. Tem por objetivo possibilitar ao estudante compreender a
dinâmica, nem sempre clara, dos processos sociais que resultam em fatos urbanos.

PALAVRAS- CHAVE: planejamento urbano, cidade, habitação.

INTRODUÇÃO:

“Vista assim do alto


Mais parece um céu no chão
Sei lá
Em Mangueira a poesia
Feito um mar se alastrou...” (1.3)

Com perdão da licença poética, a imagem vale mais que palavras, nesse nosso
caso para falar de urbanismo. Ao que parece, na verdade, o que se alastrou de
modo imensurável foi a ocupação urbana, aqui no caso a imagem é da cidade do
Rio de Janeiro, mas que pode ser estendida a cidade de São Paulo ou qualquer
1.1 Arquitetura e urbanismo, 3º ano, Universidade Estadual Paulista.
1.2 Arquitetura e Urbanismo, Doutor pela Universidade de São Paulo, Professor e Chefe do Departamento de
Arquitetura, Urbanismo e Paisagismoda Universidade Estadual Paulista, Universidade de Guarulhos.
1.3 Sei Lá, Mangueira – Música de Paulinho da Viola e Hermínio Bello de Carvalho.
outra capital brasileira. Feita essa primeira aproximação com o nosso objeto de
estudo, vamos tratar nesse trabalho da derrota do urbanismo tradicional, no trato das
questões urbanas. Em que pese os avanços teóricos sobre a questão do urbanismo,
o “urbanismo real” se impôs de tal forma violentamente, que hoje seguramente nada
mais resta fazer. Nossas cidades sucumbiram diante dele, nada restando,
principalmente ao poder público, para tornar nossas cidades em um ambiente
urbano positivo. Atitudes quixotescas de urbanização de tais espaços assemelham-
se a postura da confecção voluntária de casaquinhos de lã em épocas de inverno,
para populações carentes.
Abordar essa temática sob o ponto de vista apontado acima implica em
assumir posturas que vão e ou estão de encontro, em sentido contrário, a
abordagem comumente aceita de que há muito que fazer. Nesse sentido, não temos
a pretensão de sermos uma voz contrária e solitária, apenas, que um outro viés
sobre o tema – urbanismo - é necessário, até mesmo, para que ao final tenhamos
nossa hipótese submetida ao crivo da própria investigação ao longo do trabalho.
Como fulcro da nossa pesquisa temos um dado que por si só a justificaria, e
está a justificar várias abordagens do tema, que é o fato concreto de que temos
cerca de 80% da população brasileira vivendo em cidades, ou seja, temos uma das
maiores populações urbanas do planeta e por conseguinte, toda sorte de mazelas
que atingem essas populações.
O fato de termos um grande contingente da população urbana, por si não seria
realmente motivo de grande preocupação, no entanto, em se tratando de um país
como o nosso, capitalista periférico dependente, as condições de vida a que essa
grande parcela da população está submetida faz com que nós busquemos apontar
as causas da ineficiência do urbanismo.
Os objetivos desse projeto de pesquisa em iniciação científica são ao menos
dois. O primeiro é permitir ao aluno desenvolver sua visão dos problemas urbanos a
partir de uma abordagem crítica e o segundo, de natureza operacional, é
desenvolver habilidades nos levantamentos e tratamento dos dados adquiridos no
decorrer da pesquisa.
Quanto ao primeiro, pretendemos que o aluno apreenda através da análise
bibliográfica produzida por diversos autores, em que esses apontam ou fornecem o
embasamento teórico e conceitual da disciplina, apontados na bibliografia desse
plano e considerados como referência fundamental para o que se pretende.
Sobre o segundo objetivo, de natureza operacional, busca-se permitir que o
aluno desse projeto possa deter o controle da metodologia, em outros termos,
significa dizer, orientar o aluno no sentido de que este detenha com segurança o
conhecimento das etapas e ações a serem feitas. Assim, caberá ao aluno desse
projeto, identificar e definir as “fraturas da urbanização’ à luz da referência
bibliográfica e, no contexto das áreas estudadas.
Para a realização desse projeto de pesquisa teremos como área de recorte a
cidade de Bauru, por duas razões que consideramos principais. A primeira é
estratégica, pois diz respeito a própria localização da estudante na cidade de Bauru,
o que facilita a visita nos locais para uma melhor elaboração da análise da realidade
do local. A outra razão, é que mesmo estando em outra escala, a cidade de Bauru,
no geral, demonstra os mesmos “problemas urbanos” que ocorrem em outras
cidades maiores e/ou metrópoles brasileiras.

MATERIAL E MÉTODOS:

As etapas metodológicas propostas para esta pesquisa são:


FASE 1 - Revisão e atualização bibliográfica – onde poderão ser identificadas novas
fontes bibliográficas e atualizados os conhecimentos sobre urbanismo.
FASE 2 - Delimitação e levantamento das áreas de estudo, para que se possa
efetuar a quantificação das “áreas problemas”.
FASE 3 - Levantamento e análise do crescimento da população da favela, ou das
populações vivendo em áreas de risco.
FASE 4 - Levantamento do desenvolvimento da industria da construção civil setor
habitação dos programas governamentais de produção de moradias.
FASE 5 - Análise dos resultados alcançados e eventuais ajustes necessários. A
forma de análise é comparativa através de dados estatísticos, políticos, econômicos
e sociais.
FASE 6 - Discussões, conclusões e elaboração de um relatório final de pesquisa,
que permita documentar e divulgar o conhecimento adquirido.
CRONOGRAMA
Períodos ( meses )
Fases 1 2 2 3 4 5 6 7 8 9 1 1
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12
1
2
3
4
5
6

Analisaremos o texto Acumulação entravada no Brasil / E a crise dos anos 80,


onde DEÁK (1990), onde afirma que o processo capitalista no Brasil se deu de
modo entravado, ou seja, o seu desenvolvimento entre nós deu-se de modo peculiar
com as determinantes desse processo feitas a partir de uma sociedade local de elite,
diferentemente de uma sociedade burguesa, nos moldes tradicionais capitalista.
Complementando, estudaremos, como afirma MORI (1989) , as várias causas que
serviram para encobrir a natureza do processo de formação do espaço brasileiro,
desde seu ajuste inicial aos interesses da metrópole, com a Independência, aos
interesses de uma elite nacional. Assim, após identificarmos o desenvolvimento do
Brasil na sua origem, caminharemos para os dias atuais, onde pesquisaremos,
continuando a afirmação de Mori, as imagens através das quais esse alheamento da
sociedade brasileira da tarefa ( e mesmo da percepção da necessidade ) de
transformar seu espaço encontra sua expressão hoje, momento em que o país já
atingiu o limiar do esgotamento de um estágio de acumulação fundado no
crescimento extensivo do mercado. Também nos preocuparemos com a política
brasileira e com sua ineficiência em relação à cidade, pois como podemos identificar
no texto de VILLAÇA (1999) -Uma contribuição para a história do planejamento
urbano no Brasil - a política governamental se omitiu no planejamento das cidades,
fazendo com que os planos diretores fossem mero discurso.
Assim, desenvolveremos a idéia de “fraturas da urbanização”, levando em
consideração textos como o de FERREIRA (2000) que nos relata que no Brasil
existe um alto grau de pobreza, oriundo da natureza estruturalmente desequilibrada
da industrialização e da urbanização periféricas.
O impacto extremamente destrutivo da globalização sobre o parque industrial
brasileiro, ao ameaçar a continuidade do processo de industrialização, parece
relegar nossa burguesia a um papel de mera “compradora” dentro do sistema
capitalista mundial.
Também é um agravante a impossibilidade das cidades de reintegrar o
contingente excessivo de mão-de-obra nos grandes centros urbanos, o que agrava
inexoravelmente o quadro social.
Outro agravante é a situação das elites, que ao invés de perceber no
crescimento da pobreza a preocupante e inaceitável mudança do perfil sócio-
econômico geral dos habitantes, as elites apenas se preocupam com uma invasão
indesejada da “sua cidade”.
Assim, ao crescimento acelerado das periferias pobres e à presença de áreas
centrais abandonadas pelas elites, se contrapõem zonas de crescimento exclusivo
das classes dominantes, que conformam metrópoles divididas entre a cidade formal,
alvo de todos os investimentos imobiliários e da ação e investimentos do poder
público, e a informal, esquecida por ambos.
No caso das cidades brasileiras, assim como certamente em muitas metrópoles
subdesenvolvidas, podemos dizer que vivemos hoje uma situação limítrofe entre “a
Cidade e a Barbárie”. Torna-se um antagonismo, uma relação pela qual a
possibilidade de controle da sociedade sobre seu próprio destino não é mais
compatível com a manutenção de suas assimetrias sociais e sua posição subalterna
e dependente em relação à economia capitalista.
Ressaltaremos o tema que o urbanismo “fracassou” com o texto de ARANTES
(1998), que nos revela que houve uma época que para resistir à urbanização
demolidora praticada pelos modernos, pensou-se em “intervenções orientadas” por
princípios como consertar sem destruir, reciclar, restaurar, criar a partir do que está
dado, refazer sem desalojar. Mas o novo estilo “modesto” acabou convertendo os
centros restaurados num cenário para uma vida urbana impossível de ressuscitar.
Atualmente manifesta-se a ideologia do lugar público, que dispensando a
intervenção do Estado, o Capital em pessoa é o grande produtor dos novos espaços
urbanos, por ele inteiramente “requalificados”.
Mas todas essas ideologias são utópicas, pois no contexto calamitoso em que
o urbanismo chegou, onde a situação é de transição para o moderno abortada, de
instabilidade sem horizonte, nem recuo possível, talvez nada mais seja possível (e
isso já é muito) do que multiplicar medidas para a melhoria relativa de higiene,
habitação, alimentação, saúde – requalificação de vida contrária a qualquer
expectativa de mercado, pois concerne diretamente aos que foram expulsos dele.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

BATTAGLIA, Luisa (1995) Cadastros e Registros Fundiários. A


institucionalização do descontrole sobre o espaço no Brasil. Tese de Doutoramento,
Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo. São Paulo,
1995.
DEÁK, Csaba., Acumulação Entravada no Brasil/ E a crise dos anos 80.
Espaço & Debates, Revista de estudos Regionais e Urbanos. São Paulo, 1989, nº
28.
DEÁK, Csaba., Preliminares para uma política Urbana. Espaço & Debates,
Revista de estudos Regionais e Urbanos. São Paulo, 1988, nº 24.
FERNANDES, Florestan., Sociedade de classes e subdesenvolvimento. Zahar
Editores, 4ª Edição, Rio de Janeiro, 1981- Primeira parte.
FIORI, José Luís O Cosmopolitismo de Cócoras. Revista Estudos Avançados/
USP, nº 14 maio/agosto 2000. São Paulo
IANNI, Otávio, (1992): A Idéia de Brasil Moderno. Brasiliense, 2ª Edição ,São
Paulo, 1994.
MARX, Murillo de Azevedo – Cidade no Brasil Terra de Quem? Nobel / Editora
da Universidade de São Paulo, São Paulo, 1991.
MORI, Klára Kaiser - A ideologia na constituição do espaço brasileiro. Editora
da Universidade de São Paulo, São Paulo, 1989.
ROLNIK, Raquel (1997) – A cidade e a lei: legislação, política urbana e
territórios na cidade de São Paulo. Studio Nobel/ Fapesp, São Paulo, 1997.
VILLAÇA, Flávio – Uma contribuição para a história do planejamento urbano no
Brasil. Editora da Universidade de São Paulo, São Paulo, 1999.
FERREIRA, João Sette Whitaker – Globalização e Urbanização
subdesenvolvida. Revista Perspectiva, Revista da Fundação SEADE,janeiro 2001,
São Paulo, Vol.14, nº 4,out/dez 2000.
ARANTES, Otília B. Fiori – Urbanismo em Fim de linha e outros Estudos sobre
o colapso da Modernização Arquitetônica. 2ª ed. rev, Editora da Universidade de
São Paulo, São Paulo, 2001

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