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Pluris2006
RESUMO
1 INTRODUÇÃO
Para efetivação dessa política de revitalização da área central de Bauru, algumas medidas
já foram implementadas, entre elas a Lei Municipal 4951/02 (Bauru, 2002), que determina
a renovação das fachadas comerciais da área central, a partir da despoluição visual e
valorização do patrimônio arquitetônico, tais como a limitação de painéis publicitários,
pintura do estabelecimento comercial, padronização dos toldos, entre outras (Ananian,
2005). Entretanto, questões relevantes não foram inseridas dentro do processo de
revitalização, mas se tornaram evidentes a partir dos primeiros resultados da aplicação da
referida lei, tais como a necessidade de uma nova proposta para a coberturas/pórticos para
suprir problemas de falta de sombreamento e proteção contra chuva, entre outros.
Com o objetivo de contribuir para esse processo de revitalização, este trabalho buscou
avaliar as características de uso e ocupação das sete quadras que compõem o calçadão, a
quantificação do mobiliário, seu estado de conservação e do piso, além das questões
relacionadas com a preservação do patrimônio arquitetônico, acessibilidade aos portadores
de necessidades especiais e com aspectos que comprometem a qualidade física e estética
do calçadão como um todo. Para isso, foram feitos registros fotográficos e aplicados
questionários juntos aos usuários (comerciantes, comerciários e transeuntes), com a
finalidade de obter informações sobre a percepção e o perfil dos usuários. Para as questões
levantadas foram atribuídas escalas de valores, que permitiram visualizar, em ordem
prioritária, os principais problemas destacados em cada segmento de usuários.
2 METODOLOGIA
Para atingir os objetivos do trabalho, foi realizada uma Avaliação Pós-Ocupação (Ornstein,
1992) no calçadão da rua Batista de Carvalho, em Bauru-SP, de acordo com ênfase nos
aspectos físicos, funcionais e comportamentais, que segue as seguintes etapas
metodológicas:
O calçadão da Rua Batista de Carvalho (Figura 1) está situado na área central da cidade de
Bauru – SP (Brasil), ele é composto por sete quadras, próximas, cortadas por ruas
transversais. A primeira quadra (QD1) é a mais próxima do ponto B, da figura, que
corresponde a Praça Machado de Melo e a última quadra (QD7) fica próxima a Praça Rui
Barbosa (ponto D). Essa rua tem uma importância histórica significativa, pois já foi o
portão de entrada, da cidade, dos passageiros que desembarcavam na “Estação Ferroviária
Noroeste do Brasil”, um grande entroncamento ferroviário. Mesmo com a decadência
desse tipo de transporte, o calçadão, que liga a Praça Machado de Melo a Praça Rui
Barbosa, se tornou um pólo de atração do comércio da cidade e da região de Bauru.
A D
B
C
E
Fig. 1 Implantação esquemática do calçadão da Rua Batista de Carvalho
Fonte: Ananian (2005)
Tipo QD 1 QD 2 QD 3 QD 4 QD 5 QD 6 QD 7 Total
Lixeira 6 8 8 6 6 8 7 49
Jardineiras 8 8 8 8 8 8 8 56
Bancos concreto 1 3 2 1 5 5 5 22
Bancos madeira 2 2 2 2 2 2 2 14
Orelhões 1 1 1 - 2 1 1 7
Luminárias 4 4 4 4 4 4 4 28
Postes (altos) 4 4 4 4 4 5 5 30
Semáforo (pedestres) 2 4 4 4 4 4 2 24
Caixas de Correio 1 - 1 - - - - 2
Quiosque telefônico - - - 1 1 - 1 3
Cobertura/pórtico 2 2 2 2 2 2 2 14
Pórticos sem cobertura 4 4 4 4 4 4 4 28
Ainda de acordo com a tabela 2, pode-se perceber uma homogeneidade de distribuição de
lixeiras, jardineiras, bancos de madeira e luminárias, ao longo de todas as quadras. Já a
distribuição dos bancos de concreto não é uniforme, e variam de 1 a 5, em cada quadra.
Observa-se, que as quadras são equipadas com 1 orelhão, cada uma, exceto a quadra 4.
Percebe-se, ainda, que as caixas de correio não são bem distribuídas e a localização das
cabines de venda de cartões telefônicos está concentrada nas quadras 4, 5 e 7. As duas
primeiras (4 e 5) são caracterizadas por grande movimento, já a quadra 7 possui
pouquíssimo movimento. Vale ressaltar, que a localização das cabines constitui uma
barreira à passagem dos consumidores.
Lixeira
De metal azul e branco, em
bom estado
Bancos concreto
Alguns bancos são de concreto
e estão bem conservados
Outros bancos em madeira
Bancos madeira
foram projetados junto às
jardineiras e também estão bem
conservados
Caixas de Correio
Possuem projeto padronizado
dos correios
Quiosque
Constituem barreira à
telefônico
passagem de pedestres e são
poluídos visualmente
O prolongamento das
lanchonetes no calçadão
proporciona um ambiente
Particulares agradável para os
consumidores, entretanto
atrapalha a passagem dos
transeuntes
Facilitam a circulação de
Semáforo pedestre, que atravessam as
ruas transversais, onde o
trânsito é intenso
Alves e Soledade (2005) reforçam essa questão através de um estudo de caso, sobre a
acessibilidade em áreas centrais, que evidencia uma série de problemas, tais como:
travessia de ruas; a existência de degraus na entrada dos estabelecimentos comerciais;
pisos com buracos, mal assentados ou desnivelados; a presença de ambulantes ou mesas de
lanchonetes atrapalhando a passagem nas calçadas; guias de rebaixamento colocadas fora
da faixa de pedestres, ou com buracos na frente impedindo seu uso, entre outros. As
autoras ressaltam, ainda, que barreiras arquitetônicas, também são obstáculos para os
cidadãos ditos “normais”. Essas barreiras podem ser evitadas através da aplicação de
normas de acessibilidade, da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), como a
NBR 9050 (1994), que possui recomendações para garantir acessibilidade as edificações,
espaço urbano, mobiliário e equipamentos urbanos.
Outro problema identificado, mais em menor proporção é a poluição visual causada pelo
excesso de propaganda, pois mesmo com a redução da mesma, causada pela reforma das
fachadas, dentro do processo de revitalização da área, que limita o tamanho da placa com o
nome da loja, ainda se observa uma necessidade de alguns lojistas em expor cartazes na
tentativa de chamar a atenção dos consumidores.
Com a aplicação dos questionários, junto aos usuários do calçadão, foi possível identificar
o perfil dos diversos segmentos, que engloba os comerciantes, comerciários e transeuntes.
A Tabela 6 mostra as características quanto ao sexo, idade, escolaridade, renda mensal e
meio de transporte utilizado para acessar o calçadão. Pode-se observar que entre os
usuários-comerciantes, 63% são do sexo masculino, possuem uma renda mensal de
R$1000,00 a R$3000,00 mensais (48%) e utilizam carro particular (70%), como meio de
transporte. A maioria dos comerciários (77%) e os transeuntes (54%) são do sexo
feminino, e ganham em geral de R$500,00 a R$1000,00 mensais. Os comerciantes e
comerciários compreendem, em geral, uma faixa etária entre 21 a 40 anos e possuem na
maioria, o segundo grau completo. Já os transeuntes, possuem uma faixa etária menos
elevada (16 a 30 anos) e 29% deles possuem o segundo grau incompleto.
A Tabela 7 mostra o ponto de vista dos usuários em relação aos aspectos de segurança,
limpeza, calçamento, acessibilidade, sombreamento, aparência, entre outros. Para os
comerciantes, os aspectos mais favoráveis (bom, ótimo) foram: acessibilidade, calçamento,
conservação do mobiliário. Os comerciários apontaram a iluminação, conservação do
mobiliário e limpeza. Já os transeuntes ressaltaram o calçamento, a iluminação e a
segurança. Assim, pode-se constatar que o calçamento, a conservação do mobiliário e a
iluminação, são os aspectos que mais agradam os usuários do local. A acessibilidade
também foi lembrada pelos comerciantes, entretanto o que se observou in loco foi a
inexistência em quase todas as lojas de rampas de acessos para “portadores de
necessidades especiais”, além das condições precárias relacionadas ao espaço público.
Os aspectos que receberam as piores atribuições conceituais (precário e péssimo) por parte
dos comerciantes foram: ruído, paisagismo, limpeza. Os comerciários apontaram a falta de
sombreamento, acessibilidade inadequada e problemas com o intenso barulho local. Já os
transeuntes, ressaltaram a falta de sombreamento, a acessibilidade deficiente e a carência
de um paisagismo mais eficiente. Outra forma de visualização desses resultados é a
aplicação do “Diagrama de Paretto”. A Figura 4 mostra uma aplicação do mesmo para o
segmento dos comerciários, onde se podem visualizar, na parte superior do eixo vertical, as
questões que receberam as piores atribuições, que foram: 14 (sombreamento), 13
(acessibilidade) e 19 (ruído). Com base nesses resultados, pode-se constatar que os
aspectos relacionados com paisagismo, sombreamento, acessibilidade e ruído necessitam
de ajustes para melhorar a qualidade do ambiente analisado e gerar satisfação dos usuários.
14
13
19
Questões
17
15
12
10
11
18
16
0 5 10
10- Segurança 11- Limpeza 12- Calçamento 13- Acessibilidade 14- Área Sombreada
Escala de 0 a 10 (5 média mínima aceita)
15- Aparência 16- Transporte 17 - conserva ção do Mobiliário 18- Iluminação 19- Paisagismo
Escala de 0 a 10 (5 mínima aceitável)
Aspectos Recomendações
Existe uma necessidade real de proposta de redesign das atuais
coberturas/pórticos locados ao longo do calçadão. Além de problemas
relacionado com a altura das mesmas, que são incompatíveis com as
Sombreamento exigências do corpo de bombeiros, elas estão degradadas e além disso, existe
uma demanda por áreas mais sombreadas e que protejam os transeuntes em
dias de chuva
Todas as lojas devem ter acesso aos portadores de necessidades especiais.
Aspecto que deve ser estendido aos espaço público. Sugere-se que o piso do
Acessibilidade calçadão seja nivelado nas passagens da ruas transversais. A colocação de um
e Calçamento piso táctil para facilitar o trânsito dos deficientes visuais, também é
recomendada. O novo piso deverá ter um bom escoamento de água pluviais.
Atualmente existem problemas de empossamento, quando chove.
Padronização do mobiliário existente, com o intuito de melhorar qualidade
estética, de manutenção e buscar uma identidade visual. Além disso, é
Mobiliário necessário que todo o mobiliário e equipamentos sejam locados em faixa
urbano única, para liberar fluxo de pedestres e acabar comas diversas barreiras aos
transeuntes.
O paisagismo deverá ser adequado a nova proposta de mobiliário urbano. Para
Tratamento melhorar questões de manutenção de mudas e linguagem visual, é necessário a
paisagístico escolha de espécies mais resistentes e adequadas ao clima de Bauru
Melhorar a iluminação no período noturno e instalação de um posto policial
Segurança móvel, em posição central. Contudo, a principal medida para o aumento de
segurança é o incentivo da habitação no centro.
Os problemas de ruído foram apontados pelos comerciários, por isso
Ruído recomenda-se estudos especializados nas lojas, que culminará em
recomendações específicas para cada caso
Canalização subterrânea da fiação, para melhorar aspecto de poluição visual
Aparência causada pelo excesso de fiação
5 CONCLUSÃO
6 REFERÊNCIAS
Nikolopoulou, M., Baker, N., Steemers, K (2001) Thermal comfort in outdoor spaces: the
humam parameter. Solar Energy, 70 (3).