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A FIGUEIRA DO SEO JOÃO

PERSONAGENS

Alfredo Rosa
Pacheco Ana
Seo João Zuleica
Zeca Odete
Manuel Repórter
Maria Polícial

Ao centro do palco uma árvore, de longe João observa

Alfredo – O terreno é perfeito, Pacheco. Aqui esta o projeto. The Globe


center mall. O primeiro shopping circular da América Latina, com mais de
300 pontos de vendas, praça de alimentação, cinemas, salas de eventos,
restaurantes, magazines, supermercado, estacionamento com 1500 vagas e
3000 mil vagas de emprego. Em 10 anos este será o bairro mais valorizado
da cidade! E a escritura?
Pacheco - A escritura tá na mão. Um projeto desses não tinha erro, passou
por unanimidade na câmara. Pode começar a obra!
Alfredo - Hoje mesmo já vou mandar pessoal pra arrancar esse mato...
(saem conversando)
Zeca e Manuel entram com motoserra na mão, cordas, óculos de proteção e
protetor de ouvido, liga a motoserra. João se aproxima e defende a árvore
com o corpo, Zeca desliga a motossera)
Zeca – O que esse maluco tá fazendo aí ? Sai da frente!
Manuel -(gritando) Saaai dá frenteeeeee...
Seo João –Não saiooo. Ninguém põe a mão nesta figueira. Esta árvore é
sagrada, eu que cuido dela, foi plantada pelo meu avó há mais de 150 anos.
Quando meu avó chegou aqui, a cidade não tinha nada, só mato, foi meu avô
quem construiu a primeira casa do bairro. Aquela casa ali, tá vendo?
Zeca –Senhor, a gente só cumpre ordens.
Manuel – (impaciente) O senhor dá lincença? Vamos logo com isso aí, Zeca
(liga a motosserra novamente)
Seo João – Pois daqui eu não saio...
(Desliga a motosserra)
Rosa – (Se aproximando) Olha desculpa me meter, eu tava ouvindo a
conversa e eu acho que já demorou pra cortar essa árvore. Olha o tamanho
disso, deve tá podre por dentro, qualquer hora dá uma ventania, caí na cabeça
de alguém e aí eu quero ver quem que vai se responsabilizar...
Ana – Você viu na tv a quantidade de árvore que caiu no último vendaval?
Zeca – Tá vendo? Agora o senhor dá licença? (liga a motoserra)
João – (gritando) Assassinos! Assassinos! Não saio... Se quiserem cortar
está figueira vão ter que me cortar também...
Maria – (Chega correndo) João o que é que tá acontecendo ? Que você tá
fazendo aí, homem ?
João – Estão querendo cortar a figueira. Disseram que vão construir um
shopping center aqui na praça, Maria. Eu ouvi a conversa, parece que algum
empresário ganhou o terreno da prefeitura... (Abraça a árvore com força)
Maria (animada) – Um Shopping center no nosso bairro ? Que maravilha !
João - Ah Maria... até você!? Maravilha que nada... Estão querendo acabar
com a nossa história, com a nossa figueira. Depois vai virar só cimento,
carro, gente pra lá e pra cá, barulho e lixo no chão...
Rosa –Olha a sujeira que isso faz. Eu acho é bom acaba com tudo mesmo...
João –Daqui eu não saio! (sobe na árvore )
Ana- Meu Deus, ele vai cair dessa figueira!
Maria –Vamos pra casa, João... Tá escurecendo, homem...
João – Não vou.. enquanto eles não desistirem, eu vou ficar aqui..
Manuel – (à parte) Esse cara não vai aguentar ficar por muito tempo aí..
Zeca – Vamos embora, a gente volta amanhã cedinho e faz o serviço.
(Todos vão embora, João adormece agarrado a árvore. Pela manhã Zeca e
Manuel retornam, as pessoas começam a chegar. Entra Pacheco
acompanhado da advogada e do engenheiro)
Ana – Seo João eu trouxe um lanchinho, o senhor precisa se alimentar...
Maria – (irritada) João, desce!
Zuleica – ( Para Rosa) Eu ouvi dizer que ele tem uma filha que tá enterrada
aí, no pé da figueira. Uma filha do primeiro casamento. Falaram que a
menina foi enterrada viva pela madrasta.
Rosa – Credo em cruz, Zuleica!
Zuleica – Por isso que ele não quer que arranquem essa árvore daí...Eu
sempre desconfiei desse homem...
Pacheco – (chegando) Alguém pode me explicar o que está acontecendo ?
Manuel – Olha Dr. Pacheco, nós estamos tentando fazer o serviço, mas esse
maluco aí tá atrapalhando o meio de campo...Diz que árvore é do avô, umas
ideias de gente doida...
Alfredo – Chama a polícia! Quero ver se ele não saí...
Maria- (irritadíssima) João, chega! Vamos pra casa...
João – Não saio, Maria! Vão ter que me arrancar a força! Vão me prender
porquê? Porque estou defendendo um patrimônio desta cidade? Esse
shopping pode ser construído em qualquer outro lugar, porque precisa ser
aqui?
Pacheco – Porque eu tenho a cessão deste terreno e um projeto aprovado por
hunanimidade na câmara.
Odete – Dr. Alfredo, ele pode ter razão. Uma àrvore com mais de 120 anos
pode ser considerada como patrimônio cultural. Se ele entrar na justiça, não
vai ser tão fácil assim...
Pacheco– Ora, Odete... você é a advogada de quem?
(chega a imprensa- reporter e câmera)
Repórter – Um idoso de 78 anos está a mais de 48 horas em cima de uma
árvore. Ele protesta contra a derrubada da figueira que foi plantada por seu
avó há mais de 150 anos. O terreno que era uma praça no bairro da figueira
foi cedido para empresa que fará a construção de um shopping na cidade. A
polícia já foi acionada.
(Música – consfusão, todos tentam convencê-lo a descer, ele não aceita)
Odete – Seu João, o senhor está sendo egoísta, esse projeto vai gerar 3mil
empregos para cidade, vai aumentar a arrecadação, vai atrair empresas do
país inteiro,
Pacheco - Este bairro será valorizado, seu terreninho ali valerá muito daqui
uns anos...
João – Eu tô aqui desde que eu nasci, e aqui eu quero morrer. Ao lado da
herança que meu avô deixou, essa figueira. Os meus filhos e os meus netos
cresceram brincando aqui nesse campinho, subindo nessa árvore...Cuidar
desta figueira sempre foi a minha motivação. A praça não era assim, aqui
tinham flores de tudo que é jeito, pé de frutas, passarinhos, grilos. Ao
anoitecer a gente se encantava sentado na varanda vendo o pôr do sol,
ouvindo canto das cigarras e o brilho dos vagalumes. Agora já não tem mais
nada, só restou essa figueira. Ontem foram os ipês, hoje é a figueira, amanhã
vão jogar cimento nesse gramado aqui e depois?
Pacheco – (impaciente) Seo João, o que o senhor falou é muito bonito mas
me explica como é que eu vou construir um shopping com essa árvore no
meio ?
Alfredo – Dr. Pacheco até que não é uma má ideia. Podemos alterar o projeto
e manter a figueira centralizada, será um belo projeto paisagístico...
Pacheco – Podemos?
Alfredo – podemos!
Pacheco – Então tá resolvido, a figueira fica, seo João! E o senhor poderá
continuar cuidando dela... Aliás a figueira que o seu avó plantou vai ficar
conhecida por todos que aqui passarem, pois vamos fazer um memorial com
história desta árvore e do seu avó. Agora desça, por favor!
(Seo João desce – todos o aplaudem)

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