Académique Documents
Professionnel Documents
Culture Documents
MINAS GERAIS
Módulo Específico
Apostila 8 – O Letramento na contemporaneidade
Coordenação Pedagógica – IPEMIG
Em parceria com a FACEL
NTRODUÇÃO ........................................................................................................... 03
1 O LETRAMENTO E AS TIC ................................................................................... 05
1.1 As TIC e as transformações na Escola ............................................................... 05
1.2 Letramento: epistemologia e conceitos ............................................................... 07
1.3 Um Novo Letramento .......................................................................................... 11
1.4 O Letramento Digital .......................................................................................... 14
2 LER E ESCREVER NA CULTURA DIGITAL sob a égide de RAMAL ................. 17
2.1 A cibercultura ...................................................................................................... 21
2.2 O hipertexto como subversão da escola linear.................................................... 22
3 OS GÊNEROS DIGITAIS E OS DESAFIOS DE ALFABETIZAR LETRANDO ..... 27
3.1 Letramento digital: possibilidades para um ensino crítico ................................... 29
3.2 Os gêneros digitais no processo de letramento das crianças em fase de
alfabetização ............................................................................................................. 31
3.2.1 Escrevendo os endereços eletrônicos .............................................................. 33
3.2.2 Trocando cartões digitais ................................................................................. 34
3.3 Tudo isso é positivo, mas... ................................................................................. 38
4 ARTIGO: SOFTWARE PARA AUXÍLIO À PRÉ-ALFABETIZAÇÃO INFANTIL
BASEADO EM RECONHECIMENTO INTELIGENTE DE CARACTERES
MANUSCRITOS ........................................................................................................ 41
4.1 Introdução ........................................................................................................... 41
4.2 Softwares Educacionais ...................................................................................... 42
4.3 Redes Neurais Artificiais Aplicadas no Reconhecimento de Caracteres ............. 43
4.3.1 Multi Layer Perceptron ..................................................................................... 43
4.3.2 Algoritmo Backpropagation .............................................................................. 44
4.3.3 Reconhecimento de Caracteres ....................................................................... 44
4.4 Metodologia de Desenvolvimento do Software ................................................... 45
4.4.1 Pré-processamento .......................................................................................... 47
4.4.2 Características da RNA proposta ..................................................................... 48
4.5 Resultados Experimentais ................................................................................... 48
4.6 Conclusão ........................................................................................................... 50
5 A MESA EDUCACIONAL ALFABETO ................................................................. 52
5.1 Aprender a ler e escrever participando ............................................................... 54
5.1.1 Na prática ......................................................................................................... 55
REFERÊNCIAS UTILIZADAS E CONSULTADAS ................................................... 59
ANEXOS ................................................................................................................... 65
AVALIAÇÃO ............................................................................................................. 71
3
INTRODUÇÃO
Não faz muito tempo que ainda permanecia entre nós a ideia de que
alfabetizar seria ensinar a decodificação das letras. Partindo dos pressupostos da
teoria de Letramento essa ideia é completamente sem sentido. A leitura não é um
mero mecanismo de decodificação, um meio de estudar, de chegar aos
conhecimentos, mas é um processo de inter-relação, de leitura e compreensão do
mundo.
Um olhar sobre a produção de Xavier (2002) bem como de outros autores que
versam sobre o tema sustenta a ideia de que as novas tecnologias, principalmente o
mundo do computador tem-se revelado uma grande possibilidade de avanço ao
mundo da leitura e de acesso à cultura em geral.
1 O LETRAMENTO E AS TIC
Isto porque, com o advento dessas tecnologias, foi vista, nas tecnologias
digitais de informação e comunicação, uma grande oportunidade de melhorias no
meio educacional. Mas, para isso, vemos alguns obstáculos, como a cultura
tradicional das escolas, e, sobretudo, a falta de orçamento e de interesse por parte
do governo e até de alguns de nós mesmos, professores. Contudo, é necessário
mudarmos tais valores, senão o âmbito educacional ficará a desejar. Assim, as TIC
precisam ser vistas como um sistema de ajuda para nós, professores, para que
possam melhor realizar nossos trabalhos e, até mesmo, com um pouco menos de
sofrimento.
Ainda segundo Soares (2004), em meados dos anos de 1980 ―se dá,
simultaneamente, a invenção do letramento no Brasil, do illettrisme, na França, da
literacia, em Portugal, para nomear fenômenos distintos daquele denominado
alfabetização‖.
Já Tfouni (1988, p. 16), em obra que foi uma das primeiras a não só utilizar,
mas também a definir o termo letramento, conceitua-o em confronto com
alfabetização, conceito que reafirma em obra posterior: ―Enquanto a alfabetização
ocupa-se da aquisição da escrita por um indivíduo, ou grupo de indivíduos, o
letramento focaliza os aspectos sócio-históricos da aquisição de um sistema escrito
por uma sociedade‖ (TFOUNI, 1995, p. 20). A autora reafirma essa diferença entre
alfabetização e letramento insistindo no caráter individual daquela e social deste:
Tfouni (1995), também revela que a alfabetização, às vezes, está sendo mal
entendida; ela se ocupa da aquisição da escrita por um indivíduo, ou grupo.
Enquanto o letramento ―focaliza os aspectos sócio-históricos da aquisição de um
sistema escrito por uma sociedade‖ (Tfouni, 1995, p. 12), e, segundo Soares (2003),
é o estado ou condição de quem não apenas sabe ler e escrever, mas e exerce
habitualmente práticas sociais de leitura e escrita.
Mortatti (2004) explica que o fato de uma pessoa ser alfabetizada não garante
que ela seja letrada, viver numa sociedade letrada não faz dela uma pessoa letrada
ou que todos tenham oportunidades iguais na cultura escrita.
Pode-se concluir que não é só este novo espaço de escrita que é a tela que
gera um novo letramento, para isso também contribuem os mecanismos de
produção, reprodução e difusão da escrita e da leitura.
compõem palavras que se conectam a outros textos, por meio de hipertextos e links;
elementos pictóricos e sonoros. Ele precisa também ter capacidade para localizar,
filtrar e avaliar criticamente informação disponibilizada eletronicamente, e ter
familiaridade com as normas que regem a comunicação com outras pessoas através
dos sistemas computacionais.
Segundo Barton (1998 apud Xavier, 2007) como existem vários tipos de
letramento, o letramento digital seria um tipo e não um novo letramento imposto à
sociedade moderna pelas novas tecnologias. Para ele, os tipos de letramento
mudam porque são situados na história e acompanham a mudança de cada
contexto tecnológico, social, político, econômico ou cultural numa sociedade. O
letramento, também, pode ser transformado pelas instituições sociais, que estão em
constante relação de luta pelo poder e acabam por influenciar, a comunidade, a
aprender o tipo de letramento que lhe é dado como oficial e que, portanto, deve ser
assimilado.
dos signos, para as intenções dos falantes. Daí o predomínio das linguagens
matemáticas ou ―exatas‖, que não se prestam à polissemia; pois, como aconselhava
Francis Bacon, é mais seguro ―...imitar a sabedoria dos matemáticos, estabelecendo
desde o início as definições de nossas palavras e termos, para que outros possam
saber como os aceitamos e entendemos, e decidir se concordam ou não conosco‖
(apud Hacking, 1999).
Visões similares ainda existem hoje, embora menos explícitas, por exemplo,
em alguns povos da África, nos quais vêm sendo estabelecidos alfabetos para
representar línguas orais, trazendo aos aprendizes não apenas uma técnica de
escrita, mas também ―todos os diferentes conteúdos e conceitos que uma cultura
letrada elabora com a própria força da escrita, e que neste caso é, além do mais,
Mas não é preciso ir tão longe: no Brasil conhecemos uma realidade análoga,
quando na educação das crianças são impostas as normas da língua ―culta‖,
desprezando os saberes que elas trazem do próprio meio cultural – fenômeno que
tem repercussões mais graves nos alunos provenientes do interior, ou de classes
sociais injustiçadas. Estas crianças ingressam num mundo todo feito contra elas, ao
qual, naturalmente, têm dificuldades para se adaptar.
2.1 A cibercultura
O que é um hipertexto2? Como o próprio nome diz, é algo que está numa
posição superior à do texto, que vai além do texto. Dentro do hipertexto existem
vários links, que permitem tecer o caminho para outras janelas, conectando algumas
expressões com novos textos, fazendo com que estes se distanciem da linearidade
da página e se pareçam mais com uma rede. Na Internet, cada site é um hipertexto
– clicando em certas palavras vamos para novos trechos, e vamos construindo, nós
mesmos, uma espécie de texto. Na definição de Jay Bolter (1991): ―as partes de um
hipertexto podem ser agrupadas e reagrupadas pelo leitor‖.
Cada uma das páginas da rede é construída por vários autores: designers,
projetistas gráficos, programadores, autores do conteúdo do texto. Cada percurso
textual é tecido de maneira original e única pelo leitor cibernético. Não existe,
portanto, um único autor: seria mais adequado falar de um sujeito coletivo, uma
reunião e interação de consciências que produzem conhecimento e navegam juntas.
3
Desenvolvi estas ideias em outro artigo: RAMAL (1997).
IPEMIG - Instituto Pedagógico de Minas Gerais www.ipemig.com.br
(31) 3484-4334 - (31) 8642-1801 "IPEMIG – Conhecimento que transforma"
24
entre as pessoas. É neste sentido que Magda Soares (1998, p.47) explica que
―alfabetizar e letrar são duas ações distintas, mas inseparáveis, (pois) o ideal seria
alfabetizar letrando, ou seja: ensinar a ler e escrever no contexto das práticas sociais
da leitura e da escrita, de modo que o indivíduo se tornasse, ao mesmo tempo,
alfabetizado e letrado‖. Isso inclui, por exemplo, os usos de escrita que caracterizam
a entrada do computador conectado à Internet na vida das pessoas.
E o que essa discussão tem a ver com um artigo que deseja discutir sobre o
letramento digital? Tal como Freire, considero-a, no mínimo, relevante na medida em
que o acesso ao letramento digital, salvaguardando alguns casos, tem sido,
notadamente, oportunizado muito mais aos grupos sociais privilegiados do que aos
grupos menores, provocando o que pode ser entendido como exclusão digital. Ou
IPEMIG - Instituto Pedagógico de Minas Gerais www.ipemig.com.br
(31) 3484-4334 - (31) 8642-1801 "IPEMIG – Conhecimento que transforma"
30
Para Gramsci (1981, p.160), ―o núcleo sadio do senso comum poderia ser
chamado de bom senso, merecendo ser desenvolvido e transformado em algo
unitário e coerente‖. No meu entender, a escola, mesmo sendo um aparelho
ideológico do estado (ALTHUSSER, 1985), pode ser relevante nessa transformação,
se a ela forem dadas as condições para tanto. Na busca pelo ―novo intelectual‖, que
quebrará a hegemonia dos grupos fechados a escola surge como uma esperança de
ser ela mesma ―o espaço-tempo de tecer‖ a construção do bom senso (ARAÚJO;
DIEB, 2007, p.16). Para isso, a escola deve se revestir de uma pedagogia renovada,
entendendo que não basta apenas ao indivíduo saber ler pequenos textos para
garantir o exercício da cidadania, é preciso que ele vá além, pois a sociedade
letrada a que pertence elabora e exige usos sofisticados de conhecimentos relativos
à escrita e à leitura. Deste modo, conhecer o código relativo às modalidades escrita
e oral da língua caracteriza a alfabetização, mas aplicar com desenvoltura tal
conhecimento às mais variadas situações sociais caracteriza o letramento e é por
esta segunda parte que os grupos letrados se organizam, inclusive em práticas
letradas digitais. Neste sentido, como alerta Xavier (2005, p. 142), tais práticas só
passarão a ser realidade em nossas nas escolas, se a política de educação do
governo atual estimular e financiar a construção de telecentros públicos, equiparar
as escolas (...) com laboratórios de computação, capacitar em massa seus
professores, transformando-os em ‗letrados digitais‘, é bem provável que os gêneros
digitais como e-mail, chat, fórum eletrônico, lista de discussão (...) weblog,
hiperficções colaborativas serão cada vez mais trabalhados, aprendidos e utilizados
na escola e, principalmente, fora dela.
Por isso, uma das primeiras atividades realizadas foi investir no conhecimento
e na exploração dos periféricos que são acoplados ao computador. Um dos
periféricos mais importantes nesse processo foi o teclado porque as crianças, ao
manipulá-lo, perceberam que nele estão as letras do alfabeto, além de outros
signos. A materialização no teclado (ajudou-as) a representar o conjunto finito de
letras com as quais se trabalha e, além disso, (ajudou-as) a estabelecer relações
tipográficas. De fato, enquanto no teclado as letras estão representadas em caixa
alta, na tela aparecem em minúscula (...) e isto (colaborou) na construção de um
sistema de correspondências entre maiúsculas e minúsculas (TEBEROSKY;
COLOMER, 2003, p. 31).
O domínio do mouse pelas crianças foi outro desafio vencido, pois tal como
Teberosky & Colomer (2003, p.31), ―o que temos conseguido comprovar é que
quando os adultos estimulam o uso do computador, as crianças menores aprendem
rapidamente‖. O uso do mouse passou a ser importante para aperfeiçoar a
coordenação motora das crianças, exercício bem mais rico do que aqueles em que
elas são obrigadas cobrir linhas pontilhadas que simulam um caminho em curvas
IPEMIG - Instituto Pedagógico de Minas Gerais www.ipemig.com.br
(31) 3484-4334 - (31) 8642-1801 "IPEMIG – Conhecimento que transforma"
33
Tia, eu já li tudo o que escrevi, mas não encontro o erro? Por que não
entra o site da Mônica? <CR5>> (grifos meus).
Tia, por que não está entrando? Está tudo certo, já li! <CR4>> (grifos
meus).
Pronto, tia, eu já escrevi o site do rotimeio. Agora é só apertar o enter?
<CR7>> (grifos meus)
5
As atividades, acontecidas no laboratório da escola, eram sempre gravadas em K7 e, posteriormente,
transcritas a fim de flagrarmos nos comentários das crianças indícios de como elas estavam encarando
aquelas experiências.
IPEMIG - Instituto Pedagógico de Minas Gerais www.ipemig.com.br
(31) 3484-4334 - (31) 8642-1801 "IPEMIG – Conhecimento que transforma"
34
Os grifos feitos acima nas ―falas‖ das crianças apontam para a atividade de
leitura daquilo que elas mesmas haviam produzido. Enquanto expressões como li,
erro, escrevi mostram a apropriação do código escrito pelas crianças, outras como
não entra, site, rotimeio, enter realçam que elas começavam a compreender a
função social da escrita no gênero endereço eletrônico, que é a de permitir o acesso
aos sites. Pelo uso das últimas expressões, é possível destacar o fato de que as
crianças percebem que naquele espaço de escrita existem ―informações léxico-
neológicas, abertas no campo da Internet‖ (GALLI, 2004, p. 121) as quais precisam
ser conhecidas por elas. As atividades com os endereços eletrônicos despertaram
os sujeitos para outros gêneros, como e-mails e cartões digitais. É sobre os últimos
que comento na sequência.
6
Foi feito um acordo com os pais no sentido de que eles deveriam manter a cultura de escrever e
enviar e-mails e cartões para seus filhos que estavam na escola aprendendo a usar a escrita em tais
gêneros.
IPEMIG - Instituto Pedagógico de Minas Gerais www.ipemig.com.br
(31) 3484-4334 - (31) 8642-1801 "IPEMIG – Conhecimento que transforma"
35
artificialmente criada para o ensino de sílabas, por exemplo, a escrita dos cartões
aproximava as crianças de práticas letradas reais vividas por seus pais e familiares.
As falas das crianças são fortes indicativos de que elas não somente
internalizaram o processo de leitura e escrita, mas também adquiriram o hábito de
fazer uma releitura de suas produções escritas, essa se estendendo até a
observação crítica da escrita de seus parentes e amigos. Além disso, as crianças
não só se mostraram proficientes em relação ao conhecimento do código escrito,
como também entenderam que a escrita tem uma função social e, por isso, obedece
a regras que representam as convenções sociais do uso. Neste caso, temos
crianças em franco processo não só de alfabetização, mas também de letramento
digital.
comumente relacionado aos aspectos econômicos. Assim sendo, é inegável que não
dominar a escrita e a leitura já se configurava como uma exclusão em si para
aquelas crianças, mesmo vivendo em condições socioeconômicas um pouco mais
favoráveis. Se para Gramsci a exclusão mais séria é a cultural, imagine-se negar as
crianças o direito a conhecer e a usar a escrita em uma sociedade que a tem como
bem cultural maior, já que tudo se faz com e por ela. Se as crianças que podem
estudar em escolas particulares, pelo simples fato de não terem acesso ao sistema
de escrita, corriam sérios riscos de exclusão, o que pensar sobre aquelas que
frequentam as escolas públicas sucateadas e cujas famílias não contam com um
poder aquisitivo elevado?
Finalmente, para além de dizer que não é necessário, defendo que é preciso
pensar sobre o fato de as câmaras de vereadores, assembleias legislativas,
gabinetes de parlamentares ou de executivos serem muito bem equipados, com ar-
condicionado, com computadores de última geração conectados à Internet, com
cadeiras confortáveis. Se esses ambientes forem comparados às condições
Isso porque muitos analistas não têm prestado atenção para esta
característica (OLIVEIRA, 2004). Para o sucesso dos programas educacionais faz-se
necessário também, submetê-los à aprovação dos professores e outros profissionais
da educação que devem ser envolvidos nos projetos, do inicio ao fim, avaliando e
auxiliando na modelagem do sistema. A falta dessa interação é um problema muito
freqüente no desenvolvimento de softwares dessa natureza (FERNANDES, 2004).
As RNA‘s têm sido bastante utilizadas atualmente nas mais diversas áreas e
aplicações possíveis como matemática, estatística, física, computação, engenharia,
entre outras, sendo geralmente empregadas em reconhecimento de padrões,
percepção, controle motor, jogos, etc. Atualmente, existem vários modelos de
RNA‘s, cada um deles mais adequado para um determinado tipo de problema. Neste
trabalho, enfocaremos um modelo supervisionado bastante conhecido como Multi
Layer Perceptron (MLP) que é treinado com um algoritmo de retro-propagação de
erro denominado Backpropagation.
O MLP é caracterizado por possuir uma ou mais camadas ocultas, além das
camadas de entrada e saída, que possibilitam a rede mapear, com eficiência,
padrões de entrada com estruturas similares, para saídas diferentes. Para isso, as
os caracteres são comparados apenas pela sua similaridade. Já no ICR, existe uma
variação de amostras muito grande, pois dificilmente existem dois indivíduos com as
letras idênticas. São muitas as técnicas empregadas na tarefa de reconhecimento de
caracteres manuscritos. Nesse trabalho, como já mencionado, utilizamos uma Rede
Neural Artificial do tipo MLP treinada com o algoritmo backpropagation. Assim, a
neural compõe o ―núcleo‖ do software proposto.
Dado que o software para ser utilizado requer treinamento, coletamos 780
amostras de caracteres de trinta crianças distintas. O conjunto de treinamento foi
composto por 650 letras e o conjunto de testes constituído pelas 130 restantes.
Tanto no treinamento quanto na seção de testes, utilizamos quantidades iguais de
cada letra do alfabeto.
4.4.1 Pré-processamento
Figura 3.1 - Imagem do caractere em seu formato original (200 x 200 pixels).
Figura 3.2 – Imagem do caractere sem as partes inutilizadas da área de captura (122 x 122 pixels).
Observamos que uma das principais dificuldades da rede neural foi a extração
das características intrínsecas dos caracteres, uma vez que algumas letras distintas
IPEMIG - Instituto Pedagógico de Minas Gerais www.ipemig.com.br
(31) 3484-4334 - (31) 8642-1801 "IPEMIG – Conhecimento que transforma"
50
possuem partes muito semelhantes, o que confunde a rede. Podemos citar como
exemplo as letras ―h‖ e ―b‖, que possuem traços similares, como pode ser visto nas
Figuras 5.1 e 5.2. Esse mesmo problema pode ser percebido nas Figuras 5.7 e 5.8,
onde praticamente o que diferencia as letras ―e‖ e ―i‖ é uma maior abertura na parte
superior da letra ―e‖. No entanto, existem letras, tais como ―o‖ e ―c‖, que tem
características bastante particulares, como podemos observar nas Figuras 5.5 e 5.6.
4.6 Conclusão
Foi dentro desse conceito que foi criada a Mesa Educacional Alfabeto. Com
ela, os alunos se familiarizaram com a linguagem escrita, encaixando blocos
coloridos em um grande painel eletrônico. À medida que são encaixadas , as letras
são reconhecidas por um software especial e aparecem na tela do computador.
Dessa forma, as crianças participam de atividades interativas,aprendendo a
reconhecer o alfabeto, construir palavras,encontrar significados descobrir acentos e
interpretar textos. As mesas podem ser utilizadas por grupos de até seis estudantes
, que participam da aula de maneira colaborativa. Elas são indicadas para alunos da
educação infantil à 4a série do Ensino fundamental, para a Educação especial e
para a alfabetização de jovens e adultos.
Conteúdo
A Mesa Educacional Alfabeto possui mais de 1.800 vocábulos e 1.100
imagens. As atividades incluem fábulas, provérbios, cantigas de roda e trava-
línguas, entre outras.
O software
Composição
• módulo eletrônico;
• software;
• blocos com as letras do alfabeto e etiquetas em braile;
• três volumes do Aurelinho – Dicionário Infantil da Língua Portuguesa.
Aplicabilidade
• EI - Educação Infantil;
• EF1 - Ensino Fundamental;
• EE - Educação Especial;
• EJA - Educação Jovens e Adultos.
Além disso, a Mesa Educacional Alfabeto também pode ser usada no ensino
de jovens e adultos e de alunos com necessidades especiais — os blocos têm
legendas em braile e o software apresenta recursos sonoros para os deficientes
visuais e legendas e animações na Língua Brasileira de Sinais (Libras) para os
deficientes auditivos.
5.1.1 Na prática
Muitas prefeituras vem adotando a mesa alfabeto, como mais uma ferramenta
pedagógica, na luta pela melhoria da educação no Brasil.
8
No site: http://www.educacidade.com.br/sorocaba/MesaAlfabeto/default.php
BLOCOS: quadrados e
sestavados para
encaixe. Saco vermelho
cubos letras maiúsculos
e saco amarelo cubos
letras minúsculas e
maiúsculas.
BLOCOS: retangulares.
Saco vermelho cubos
letras maiúsculos e saco
amarelo cubos letras
minúsculas e
maiúsculas.
FONTE: Cabo de
energia ligado no
estabilizador
BOLTER, David Jay. Writing Space: The Computer, Hypertext, and the History of
Writing. New Jersey: Lawrence Earlbaum, 1991.
BOLTER, J. D. Writing space: the computer, hypertext, and the history of writing.
HILLSDALE, N. J.: L. Earlbaum, 1991.
ESTRELA, M.T. (org) Viver e construir a profissão docente. Porto: Porto Editora,
1997
FOUCAULT, Michel. A ordem do discurso. 3 ed. São Paulo: Edições Loyola, 1996.
_____. O hipertexto como um novo espaço de escrita em sala de aula. In: IV Fórum
de estudos Lingüísticos, Língua portuguesa em debate: Conhecimento e
ensino.1999b, UFRJ, Rio de Janeiro.
ONG, W.J. Orality and literacy: the technologizing of the word. London: Methuen,
1982. (Trad. português: Oralidade e cultura escrita. Campinas: Papirus, 1998).
______. Ler e escrever na cultura digital. Porto Alegre: Revista Pátio, ano 4, no.
14, agosto-outubro 2000, p. 21-24.
RIBEIRO, Márcia Maria. Gêneros digitais na escola: uma experiência com crianças
em processo de alfabetização. Monografia (Especialização em Ensino de Língua
Portuguesa). Fortaleza: CH-UECE, 2005.
RIBEIRO, Márcia Maria; ARAÚJO, Júlio César. ―Pronto, tia, eu já escrevi o site do
‗rotimeio‘. Agora é só apertar o enter?‖ O endereço eletrônico na sala de aula. In.
ARAÚJO, Júlio César (Org.) Internet e ensino: novos gêneros, outros desafios. Rio
de Janeiro: Lucerna, 2007, pp.165-178.
SCHÖN, D. The reflective Practitioner. How professionals think in action. N.Y Basic
Books,n.1, 1983, p.13-40.
SILVA, Armindiara Braga Longo da ―e‖ CID, Lúcia Therezinha Ribeiro de Araujo.
―Projeto de Pesquisa: O projeto de leitura na sala de aula‖. Revista Inovação em
Processo, no. 13. Rio de Janeiro: Centro Pedagógico Pedro Arrupe, 1998.
SOARES, M. Letramento: como definir, como avaliar, como medir. In: SOARES, M.
Letramento: um tema em três gêneros. Belo Horizonte: Autêntica, 1998a, p. 61-125.
XAVIER, Antônio Carlos. Letramento digital e ensino. In. SANTOS, Carmi Ferraz;
MENDONÇA, Márcia (Orgs.). Alfabetização e letramento: conceitos e relações. Belo
Horizonte: Autêntica, 2005, pp.133-148.
ZAVAM, Aurea. E-zine: uma instância da voz dos e-xcluídos. In: ARAÚJO, Júlio
César (Org.) Internet e ensino: novos gêneros, outros desafios. Rio de Janeiro:
Lucerna, 2007, pp.93-112.
ANEXOS
Ficou muito legal! Adoramos o resultado. E agora, as nossas adivinhas fazem parte
do banco de textos da Mesa Alfabeto.
Sem Comentários
Artigos
Depois de colocadas as nossas fotos e ilustrações, o livrinho digital feito na Mesa Alfabeto ficou
assim:
Esse é o da Alana, mas cada um tem duas folhas: uma com a sua foto e a sua adivinha e a outra com
a resposta da adivinha e a ilustração. E tudo gravado com a nossa voz!
Sem Comentários
Artigos
Depois gravamos as adivinhas com as nossas vozes. Treinamos bastante. E às vezes precisamos
gravar até 3 vezes para ficar bom!
Sem Comentários
Artigos
Nosso livrinho digital foi feito na Mesa Alfabeto. Primeiro digitamos os textos no configurador:
Sem Comentários
Artigos
Com os flipcharts da Lousa interativa, socializamos nossas adivinhas e treinamos a leitura em voz
alta para depois gravar o livrinho digital.
Era bem legal, pois para as respostas aparecerem tínhamos que passar a borracha na lousa!
12 / 5 / 2011
As lousas digitais e a mesa alfabeto são algumas das novidades apresentadas na Interdidática,
Feira Internacional de Tecnologia Educacional. O evento foi aberto nesta terça-feira (10) e vai
até quinta (12) no Palácio das Convenções do Anhembi, em São Paulo, com cerca de 200
empresas expositoras, do Brasil e do exterior.
A lousa mostra como por exemplo o professor pode aplicar exercícios de geometria utilizando
compasso e transferidor digitais. A mesa alfabeto utiliza tecnologia em 3D que permitem às
crianças brincar.
A educadora Betina Von Staa explica que estudantes da rede pública já podem se servir da
tecnologia em vários municípios do país. ―As tecnologias podem ser aplicadas na educação
infantil, ensino fundamental, médio e nas universidades, explica.
Fonte: G1
Via: www.guiame.com.br
AVALIAÇÃO
a) De acordo com Tfouni (1988), o Letramento sugere a ideia de que a escrita traz
consequências sociais, culturais, políticas, econômicas e cognitivas, pois é o que
as pessoas fazem com as habilidades de leitura e de escrita, em um contexto
específico, e como essas habilidades se relacionam com as necessidades,
valores e práticas sociais.
b) De acordo com Magda Soares (2004), em meados dos anos de 1980 ―se dá,
simultaneamente, a invenção do letramento no Brasil, do illettrisme, na França,
da literacia, em Portugal, para nomear fenômenos distintos daquele denominado
alfabetização‖.
c) Segundo Mortatti (2004), ―podemos definir hoje o letramento como um conjunto
de práticas sociais que usam a escrita, enquanto sistema simbólico e enquanto
tecnologia, em contextos específicos, para objetivos específicos‖.
d) Já em obra que foi uma das primeiras a não só utilizar, mas também a definir o
termo letramento, Kleiman (1995) conceitua-o em confronto com alfabetização,
conceito que reafirma em obra posterior: ―Enquanto a alfabetização ocupa-se da
aquisição da escrita por um indivíduo, ou grupo de indivíduos, o letramento
focaliza os aspectos sócio-históricos da aquisição de um sistema escrito por uma
sociedade‖.
Embora a invenção da imprensa, e para isso alertou Chartier (1998, p. 7-9), não
tenha representado uma transformação tão radical como se costuma supor – ―um
livro manuscrito (sobretudo nos seus últimos séculos, XIV e XV) e um livro pós-
IPEMIG - Instituto Pedagógico de Minas Gerais www.ipemig.com.br
(31) 3484-4334 - (31) 8642-1801 "IPEMIG – Conhecimento que transforma"
73
A escola como a conhecemos até agora, enfim, tem muito mais de monologismo do
que de polifonia – estou me apropriando de conceitos do linguista russo Mikhail
Bakhtin.
10) A conexão simultânea dos atores da comunicação a uma mesma rede traz uma
relação totalmente nova com os conceitos de contexto, espaço e temporalidade. Do
horizonte do eterno retorno das narrativas, e da linearidade das culturas letradas,
passamos a uma percepção do tempo, mais do que como linhas, como pontos ou
segmentos da imensa rede pela qual nos movimentamos. Vivemos num ritmo de
velocidade pura; como afirma Lévy (1993), não há horizonte, nem ponto-limite, um
―fim‖ no término da linha. Ao contrário, vivemos uma fragmentação do tempo, numa
série de presentes ininterruptos, que não se sobrepõem uns aos outros, como
páginas de um livro, mas existem simultaneamente, em tempo real, com
intensidades múltiplas que variam de acordo com o momento. Enquanto na era da
escrita o mote é ―construir o futuro‖, hoje vale o que ocorre neste preciso momento.
Neste texto, Levy refere-se:
a) Ao ciberespaço
b) À cibercultura
c) Ao potencial da Internet
d) Ao hipertexto
GABARITO
Nome do aluno:_______________________________________
Matrícula:___________
Curso:_______________________________________________
Data do envio:____/____/_______.
Ass. do aluno: ______________________________________________
O LETRAMENTO NA
CONTEMPORANEIDADE
1)___ 2)___ 3)___ 4)___ 5)___