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I SIMPÓSIO NACIONAL DE

GEOGRAFIA E GESTÃO
TERRITORIAL
&
XXXIV SEMANA DE GEOGRAFIA
DA UEL

CARACTERIZAÇÃO AMBIENTAL DE MICROBACIAS A


PARTIR DE PONTOS AMOSTRAIS NA REGIÃO DO
PONTAL DO PARANAPANEMA, SÃO PAULO, BRASIL.

Envorimental characterization of wathersheds from sampling points in


the region of Pontal do Paranapanema, São Paulo, Brazil.

Alisson Rodrigues Santori1

José Mariano Caccia Gouveia2

Graduado, Geografia, FCT/UNESP


Doutor, Geografia Física, FFLCH/USP

Resumo: O presente trabalho teve como objetivo principal a busca pela maior
compreensão dos processos socioambientais e os fatores econômicos ligados a
eles, que se desenvolvem na região do Pontal do Paranapanema, por meio da
delimitação e análise das caracteristicas locais e regionais de uso e ocupação da
terra e seus efeitos diretos e indiretos na qualidade ambiental, os avanços
conquistados a partir da caracterização e diagnostico ambiental de áreas pré-
determinadas formaram o principal eixo de orientação dos estudos e da
produção de resultados com vistas a criar um panorama geral da situação
ambiental de corpos hídricos e dos remanescentes de fragmentos florestais. A
discussão voltada para correlação entre os dados e as informações coletadas
nesse tempo de execução da pesquisa proporcionou a visão integrada da
dinâmica homem/natureza e do processo de avanço das atividades antrópicas
dentro das unidades de paisagem dos ecossistemas presente na região de
estudo, estes dados contribuíram diretamente para mensurar, quantificar e
posteriormente refletir sobre como em que medida as possíveis pressões e
impactos ambientais se desenvolvem e de que modo isto oferece risco ao
equilibro ecossistêmico e a qualidade ambiental, entendendo como efeito

1
Faculdade de Ciências e Tecnologia - UNESP, estudante, graduado em geografia,
rodriguessantori@hotmail.com.
2

1
Alisson Rodrigues Santori; José Mariano Caccia Gouveia

causal, a homegeinização da paisagem e o manejo inadequado de determinadas


atividades agrícolas.

Palavras-Chave: Biogeografia; qualidade ambiental; recursos naturais.

Abstract: The present work had as its main objective the search for greater
understanding of environmental processes and the economic factors linked to
them, that develop in the region of Pontal do Paranapanema, through the
delimitation and analysis of local and regional characteristics of the use and
occupation of the land and its direct and indirect effects on environmental
quality, the advances gained from the environmental characterization and
diagnosis of pre-determined areas formed the main axis orientation of the
studies and the production of results with a view to create an overview of the
environmental situation of water bodies and of the remaining forest fragments.
The discussion focused for correlation between the data and the information
collected in this time of implementation of the research provided an integrated
vision of man/nature and dynamics of the process of advancement of anthropic
activities within the landscape units of ecosystems present in the study region,
these data have directly contributed to quantify and then reflect on how the
possible environmental pressures and impacts develop and how this poses a risk
to the ecosystem balance and environmental quality, understanding as a causal
effect the homogenization of the landscape and the inadequate management of
certain activities.

Key words: Biogeographic; environmental quality; natural resources.

INTRODUÇÃO

Este trabalho foi desenvolvido de forma gradual com a missão de


efetuar uma análise qualitativa/quantitativa, caracterização e diagnóstico
ambiental, a partir do levantamento e organização de informações sobre
as formas de ocupação da terra no meio rural e correlacionar essa
configuração da paisagem com os processos e padrões de conservação ou
degradação ambiental que se desenvolvem, tendo como base para essa
avalição um conjunto de pontos amostrais de qualidade da agua e
sedimentos em setores de oito bacias hidrográficas na região do pontal do
Paranapanema, São Paulo.

A necessidade de avaliar qualitativamente as condições ambientais


da região serviram como eixo norteador para o desenvolvimento deste
estudo, que tentou buscar de forma tecncia e pratica formas de mensurar
tambem quantitativament o valor das pressões e derivações das

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Caracterização ambiental de microbacias a partir de pontos amostrais na região
do Pontal do Paranapanema, São Paulo.

atividades humanas e a intensidade delas nas áreas preservadas e nos


recursos hidricos que compoem a paisagem regional. O objetivo principal
foi atribuir um perfil de qualidade ambiental e ecossistêmica para as
áreas pesquisadas na região do Pontal com base nos padrões legais
observados.

O mapeamento em SIG e a mensuração de dados realizados a partir


da base de informações construída, foi sempre ao encontro de projetar
visualmente a tendência de organização da paisagem, dentro das áreas
delimitadas para cada um dos pontos de coleta, e demonstrar em que
medida de valor as diferentes atividades econômicas (pastagem e cultura
canavieira) estão oferecendo condições de interferir e predominar sob as
áreas consideradas “naturais” assim, afetando diretamente ou
indiretamente a manutenção e/ou ampliação da biodiversidade ambiental
e da própria proteção dos recursos existentes.

MATERIAIS E MÉTODOS

Pressuposto teórico-metodológico

Partindo do levantamento bibliográfico realizado esse estudo teve


como base teórico-metodológica observar a relação entre os conceitos da
ecodinâmica e a própria ideia de ecossistema, que está integrado a
paisagem para elaborar-se uma ideia de como o avanço das atividades
agrícolas, especialmente a cultura canavieira, influenciam e de que
formas ocorrem essas influências na qualidade da água e na quantidade
em área (km²) de remanescentes florestais em geral, mesmo que estejam
em diferentes etapas de sucessão ecológica. Para a compreensão desse
processo mencionado, é necessario ter como ideia a dinâmica dos
ecótopos ou ecodinâmica que é apresentada por Tricart (1997) quando
explica: “Baseia-se no instrumento ecológico de sistema, e enfoca as
relações mutuas entre os diversos componentes da dinâmica e os fluxos
de energia matéria no meio ambiente.” (TRICART, 1977, p. 32).

Essa ideia da relação homem-natureza dentro da paisagem e do


próprio ecossistema ainda pode ser pensada levando em consideração a

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Alisson Rodrigues Santori; José Mariano Caccia Gouveia

ideia de paisagem como um conjunto heterogêneo de formas (unidades)


diferentes, discutido por Ross (2006, apud Santos, 1996), nesse sentido,
os elementos da paisagem formam esse sistema fluido e dinâmico do qual
de certa forma mesmo alguns sendo chamados de “naturais” ainda
recebem relativas influências da atividade humana em seu ambiente. Ou
seja, as participações humanas, quer sejam no meio urbano ou no rural,
que é o discutido, influenciam nessa ecodinâmica, do qual Ross (2006)
apud Tricart (1977) explicam: “O homem participa dos ecossistemas em
que vive. Ele os modifica e, por sua vez, os ecossistemas reagem
determinando algumas adaptações do homem as interações são
permanentes e intensas, qualquer que seja o nível de desenvolvimento
técnico da sociedade humana.” (ROSS, 2009, p. 40, apud TRICART, 1977).

A partir desta relação dinâmica da natureza é necessário refletir


sobre quais das paisagens realmente ditas naturais, não sofrem de forma
alguma impactos da atividade humana sobre o espaço, para ter essa
certeza é preciso pensar em vários fatores, entre eles, que a extensão
dessas áreas seja suficientemente grande para que as suas relações
internas não sejam, ou sejam minimamente afetadas pelas práticas
humanas no exterior. Com isso, a base conceitual desse trabalho,
ofereceu a tentativa de fornecer uma discussão, mesmo que geral, da
forma com que as diferentes atividades econômicas humanas, no caso, a
agricultura de cana de açúcar e atividade agropastoril, interferem nos
demais elementos da paisagem que os rodeiam e como novas formas de
pensar planejamento ambiental podem colaborar para conservação da
biodiversidade regional.

Discussão prática

Para dar base as atividades e discussões práticas, o processo de


pesquisa foi divido em duas etapas, a primeira consistiu no recolhimento
de dados da região dos dez pontos de coleta de agua e sedimentos
fixados, portanto, foram recolhidas informações de textos, imagens de
mapas e arquivos shapefile, boa parte deste material foi pesquisado junto

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Caracterização ambiental de microbacias a partir de pontos amostrais na região
do Pontal do Paranapanema, São Paulo.

ao Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), ao Sistema


Ambiental Paulista e a Unidade de Gestão dos Recursos Hídricos do
Pontal do Paranapanema (UGRHI 22) com informações das condições
ambientais mais recentes para a região do pontal do Paranapanema, São
Paulo. Foram coletadas informações sobre o relevo, a pedologia, a
geomorfologia, os recursos hídricos e o até mais recente levantamento de
uso e ocupação da terra para a região.

Os pontos adotados para esta pesquisa foram pré-determinados a


partir das atividades de coleta e análise da qualidade dos sedimentos e da
água realizadas pelo laboratório de geologia, geomorfologia e recursos
hídricos da Faculdade de Ciências e Tecnologia, Universidade Estadual
Paulista – FCT/UNESP. As coletas de dados realizadas nestes pontos pré-
determinados contribuíram diretamente para a avaliação das
caracteristicas ambientais realizadas em campo, que juntamente com os
dados coletados em gabinete, ajudaram a orientar as análises e
correlações feitas no Centro de Análises das Transformações Ambientais
por Indução Antrópica (BC-CATAIA) e com a colaboração do Centro de
Estudos do Trabalho, Ambiente e Saúde (CETAS).

Para colaborar com uma melhor compreensão ambiental da área e o


aprimoramento da discussão futura, foram selecionadas as oito
microbacias dos respectivos mananciais da região que entregam rios e
bacias hidrográficas superiores, e onde os pontos estão localizados. Foi
ainda nesta etapa, feita a seleção de imagens de satélites para posterior
mapeamento e produção dos resultados, lembrando que as imagens
foram selecionadas para datas próximas a realização das idas a campo,
que neste caso ocorreram nos dias 03 e 04 de maio de 2016.

Os pontos de número 2 a 8 mais os pontos 11 e 12 estão


localizados em oito cursos d’agua diferentes (Figura 1), sendo eles em
ordem, o Ribeirão da Estação, Ribeirão Bonito, Ribeirão Cuiabá, Ribeirão
Vai-e-Vem, Rio Pirapozinho, Córrego Anhumas, Ribeirão Laranja Doce e
Córrego do Burrinho e distribuídos nos municípios de Teodoro Sampaio,

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Alisson Rodrigues Santori; José Mariano Caccia Gouveia

Marabá Paulista, Sandovalina, Regente Feijó e Santo Anastácio, no estado


de São Paulo.

Figura 1 – Mapa de localização dos pontos de coleta da água e


sedimentos.

Fonte: Datacetas, 2016

Para o levantamento de dados in loco foi utilizado um grupo de


diretrizes apresentadas pela resolução nº 1 estabelecida em 31 de janeiro
de 1994, pelo Conselho Nacional de Meio Ambiente (CONAMA 01/1994),
dispondo de uma relação de critérios para o estabelecimento de estágios
de sucessão ecológica em diferentes localidades, neste caso, foi feito o
uso de seus critérios para avaliar pontualmente os padrões legais que
definem os estágios de sucessão ecológica para a Mata Atlântica, e mais
especificamente, para as fisionomias de Floresta Estacional Semi
Decidual, que compunham a vegetação nativa da região em estudo. Entre
os principais critérios de avaliação dos estágios utilizados neste estudo,
destacam-se as caracteristicas observadas para a fisionomia vegetal,
diversidade biológica, produto e estranho lenhoso, presença ou ausência
de epífitas, trepadeiras e serrapilheira, além de outros critérios de
observação secundários. Nas avaliações de campo, também foram
registradas fotografias (Figuras 2 e 3) e os dados de localização a partir
das coordenadas obtidas em GPS.

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Caracterização ambiental de microbacias a partir de pontos amostrais na região
do Pontal do Paranapanema, São Paulo.

Para cada um dos 10 pontos de coleta foi elaborada e preenchida


uma ficha de campo com toda a relação de informações acima citadas,
sejam elas informações gerais de identificação do curso, coordenadas,
relevo ou mais especificas como os critérios acima citados. Toda a
atividade de observação e analise de campo foi realizada para um raio de
50 metros a partir do ponto de coleta fixado. Posteriormente, esses dados
pontuais serviram de base para as correlações e a discussão da qualidade
e conservação ambiental da área na escala da microbacia.

A necessidade de verificar os estágios de sucessão ecológica dos


pontos foi essencial para embasar a discussão sobre a conservação das
áreas que legalmente deveriam compor fragmentos vegetais arbóreos,
considerando que os pontos de coleta foram feitos em mananciais que
técnica e legalmente tem a obrigatoriedade de estar com suas respectivas
áreas de preservação permanente integras e favorecendo a
biodiversidade. Os pontos e as áreas no entorno apresentaram certa
variedade de composições entre eles, no entanto, ainda é nítido um
padrão da paisagem que reflete em grande medida o que pode ser
observado na escala da microbacia e na escala regional.

Figura 2 – Registro fotográfico local de um dos pontos de coleta de água


e sedimentos.

Fonte: Pimenta, J. P. 2016

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Alisson Rodrigues Santori; José Mariano Caccia Gouveia

Figura 3 – Registro fotográfico da cobertura do entorno de um dos


pontos de coleta.

Fonte: Pimenta, J. P. 2016

A metodologia adotada para mensuração dos dados e o


mapeamento dos aspectos ambientais das áreas será discutida e
explicada com detalhes no tópico a seguir, mas a princípio é necessario
destacar que o processo de produção cartográfica desta pesquisa ocorreu
durante todo o seu período de desenvolvimento, sendo revisto e
reorganizado por diversas vezes para se obter a maior precisão possível
na representação dos dados trabalhados.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Processamento dos dados para obtenção dos resultados

A atividade de mapeamento foi o processo central para a obtenção


dos produtos finais desta pesquisa, através dela foi possível delimitar os
setores de bacia hidrográfica a montante dos pontos de coleta para cada
manancial, e calcular suas respectivas áreas totais. Tendo como
referencias esses limites gerais das microbacias, e utilizando software de
mapeamento livre Quantum GIS 2.14 ®, foram obtidas imagens de
satélite do Google®, através do complemento Open Layers Plugin, estas
imagens foram comparadas com outros satélites como Landsat 7®, para
a avaliação de eventuais diferenças nas composições dos usos da terra.

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Caracterização ambiental de microbacias a partir de pontos amostrais na região
do Pontal do Paranapanema, São Paulo.

Em seguida, com as imagens tratadas e com a área de trabalho


delimitada deu-se inicio a identificação manual de cada uma das
fisionomias vegetais ou não que recobriam a terra, para isso, além do
conhecimento das caracteristicas vegetais de cada cultura agrícola, a fim
de facilitar a identificação, também foi necessário observar as tendências
de organização espacial da atividade canavieira e pastoril, com intuito de
minimizar as possíveis imprecisões durante a delimitação dos usos.

O processo de delimitação dos usos ocorreu através da criação de


polígonos recobrindo cada diferente tipo de ocupação encontrada, a
referência espacial adotada para o mapeamento foi o Datum SIRGAS
2000, no sistema de coordenadas UTM 22 S, portanto, todos os arquivos
exportados e importados foram atribuídos neste sistema de referência,
que é o mais adequado para a região em estudo. Através desse processo,
nas oito microbacias delimitadas foram identificadas ao todo e de forma
geral seis tipos de ocupação da terra, entre elas, assentamentos de
reforma agrária, cursos d’agua e área de várzea, áreas florestadas e em
reflorestamento, área urbana e estradas, pastagens e áreas de culturas
temporárias identificadas como cultivos de cana de açúcar em diferentes
estágios de produção.

Apresentação das análises e produtos cartográficos

O primeiro ponto de coleta começou com o número 3, localizado na


microbacia do Ribeirão Bonito, tributário da bacia do baixo
Paranapanema, o ponto está inserido a oeste do município de Teodoro
Sampaio, nas proximidades da rodovia estadual SP-613, coordenadas lat.
0360312 e long. 7509834, a uma altitude de 283 metros em relação ao
nível do mar.

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Alisson Rodrigues Santori; José Mariano Caccia Gouveia

Para a área ao redor do ponto (50m) a forma de uso mais recorrente


foi a vegetação arbórea em diferentes estágios de sucessão ecológica,
sendo que grande parte pertence a área Parque Estadual do Morro do
Diabo (PEMD), margem direita do curso, o relevo predominante não
somente para este ponto, mas para todos os pontos aqui apresentados foi
de uma variação entre fundos de vales com terraços/planícies fluviais e
colinas com topos amplos, verificou-se como impacto principal a própria
presença da rodovia. Em relação a vegetação da App de forma especifica,
a fisionomia atribuída ao ponto foi de florestal fechada e florestal alta,
com grande produto lenhoso, presença de trepadeiras e fino material de
serrapilheira com aproximadamente 2 cm, a diversidade biológica foi
considerada alta e a presença de espécies como cactáceas e bromélias.

O Ribeirão Bonito, teve todo seu setor ao norte mapeado e


delimitado (Figura 4), apresentando uma área de aproximadamente
77.115 km², onde foram identificados quatro tipos de ocupação da terra,
sendo eles app’s e área de várzea, pastagens, plantios de cana de açúcar
e fragmentos florestais de grande porte, é importante destacar que esta
área integra o já citado PEMD, uma unidade de conservação estadual
gerenciada pela fundação florestal, devido à presença desta UC em
grande parte da microbacia do Ribeirão Bonito o valor de ocupação mais
alto foi atribuído para a vegetação florestal que compõe 62% da área
total, seguido da área do assentamento de reforma agrária que leva o
mesmo nome do curso d’agua, este compondo 20,5% da área total, em
seguida as plantações de cana de açúcar mais concentradas nos limites
ao norte da bacia apresentaram 14,5% da área total e por fim foi
atribuído uma ocupação de 3,5% para o curso d’agua principal e suas
áreas de várzea e algumas espécies exóticas como o mamoeiro além de
alguns indícios de presença de fauna.

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Caracterização ambiental de microbacias a partir de pontos amostrais na região
do Pontal do Paranapanema, São Paulo.

Figura 4 – Mapa de uso e ocupação da terra em setor montante da


microbacia do Rib. Bonito

Fonte: Autores.

O ponto de coleta de água e sedimentos número 3, está localizado


na microbacia do Córrego do Engano ou Evaristo, também tributária da
bacia do baixo Paranapanema, o ponto está inserido no município de
Teodoro Sampaio, nas proximidades da rodovia estadual SP-613,
coordenadas lat. 0352611 e long. 7510541, a uma altitude de 304 metros.

Para a área ao redor do ponto (50m) foram definidos como usos


predominantes, pastagens e cana de açúcar, à primeira vista verificou-se
como impactos um leve assoreamento do leito do curso e alguns pontos
de erosão por ravinamento, desencadeadas pelo pisoteio do gado. Em
relação a vegetação da App de forma especifica, a fisionomia atribuída ao
ponto foi de florestal fechada, com grande produto lenhoso, presença de
trepadeiras e fino material de serrapilheira com aproximadamente 2 cm,
a diversidade biológica foi considerada alta e a presença de espécies
como bromélias, ingás, leiteiros e embaúbas foi identificada.

Na apresentação e discussão do ponto 3 da microbacia do Ribeirão


da Estação (Figura 5), é importante destacar que este e por consequência
a própria área delimitada, estão muito próximas ao ponto anterior, sendo

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Alisson Rodrigues Santori; José Mariano Caccia Gouveia

necessário avançar apenas alguns quilômetros na direção oeste pela


estrada. Para o ribeirão da Estação foi delimitada uma área total de
64.038 km², portanto, com um tamanho próximo ao da apresentada
anteriormente.

Foram observados e delimitados 4 tipos de ocupação da terra, os


valores de área calculados para cada tipo de ocupação foram muito
aproximados, o que demonstra um relativo equilíbrio e heterogeneidade
entre as diferentes formas da paisagem que compõem este ponto, o maior
percentual de ocupação ficou para cultura canavieira, ainda sendo
predominante com 41,7% calculado, alguns pastos isolados obtiveram o
valor de 32,8% da área, em seguida, a vegetação florestal somando 24,3%
de ocupação, também se apresentou muito significativa, devido
principalmente a presença de uma outra importante UC da região, a
Estação Ecológica Mico Leão Preto, além de um pequeno corredor
ecológico que se conecta a ela, e por fim as faixas de curso d’agua e
várzea representaram algo em torno de 1,2% do total do setor mapeado.

Figura 5 – Mapa uso e ocupação da terra em setor montante da


microbacia do Cor. do Evaristo

Fonte: Autores.

Os pontos 4 e 5 pertencem a microbacia do Ribeirão Cuiabá, um


pouco a leste e nordeste em relação aos pontos anteriores, este curso

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Caracterização ambiental de microbacias a partir de pontos amostrais na região
do Pontal do Paranapanema, São Paulo.

d’agua também é tributário direto do Rio Paranapanema, o ponto 4 está


mais ao sul da microbacia também próximo a mesma rodovia, nas
coordenadas lat. 0381993 e lat. 7510015 com altitude de 268 metros,
enquanto o ponto 5 esta a montante e mais próximo a duas nascentes,
nas coordenadas long. 0368536 e lat. 7524325 sob a altitude de 336
metros, este ponto também é próximo a uma estrada vicinal menor
identificada como VSP-037.

Para a área ao redor do ponto 4 a forma de uso mais recorrente foi


pastagem e cana de açúcar, além da própria estrada também foi
observado impactos de pequenas erosões e até o descarte da carcaça de
um boi recém abatido. A fisionomia vegetal se restringiu a arbustiva
aberta, com produto lenhoso ausente, sem a presença de trepadeiras e
serrapilheira, portanto com diversidade biológica muito baixa.

Já para o ponto 5 a paisagem do entorno se restringiu a pastagem e


a erosão ficou com principal impacto pontual. A fisionomia identificada
variou entre arbustiva fechada e savânica, produto lenhoso quase
ausente, e trepadeiras e serrapilheira ausentes, a diversidade biológica
ficou baixa se restringindo a uma mata ciliar em desenvolvimento inicial
com a presença de heliófitas.

Os pontos inseridos na microbacia do Ribeirão Cuiabá, sendo o


primeiro mais a jusante e o segundo a montante tem uma relativa
distância entre ambos (Figura 6). A área de bacia delimitada para este
curso apresentou o total de 303.857 km², no entanto, também foi
realizada uma nova delimitação a partir do ponto 5 a montante, este
processo foi necessário para definir com mais clareza qual área acima
deste ponto e suas respectivas ocupações realmente exercem influência
na qualidade da água e nos elementos florestais naquele ponto.

Esta microbacia apresentou a ocupação de 5 diferentes tipos de


cobertura, sendo, curso d’agua e várzea, assentamentos de reforma
agrária, pastagens, plantações de cana de açúcar e área florestada.
Somando o total delimitado para os pontos 4 e 5, a área dos dois pontos

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Alisson Rodrigues Santori; José Mariano Caccia Gouveia

em porcentagem de ocupação ficaram definidas em, pastagens


representando 53,7%, a cultura canavieira também marcando forte
presença com 36,1% da área, seguidos dos demais tipos de ocupação com
valores aproximados, fragmentos vegetais em 5,2%, curso d’agua e
várzea tendo 3,6% e por fim uma pequena faixa de assentamento no
extremo sul da microbacia com 1,5% da área total.

Figura 6 – Mapa uso e ocupação da terra em setor montante da


microbacia do Rib. Cuiabá

Fonte: Autores.

O ponto de coleta de água e sedimentos número 6, está localizado


na microbacia do Ribeirão Vai-e-Vem, tributária da bacia do Rio
Pirapozinho, o ponto está inserido no município de Santo Anastácio, nas
coordenadas lat. 0430228 e long. 7563847, altitude de 331 metros.

Para a área ao redor do ponto a pastagem foi predominante, como


impactos pontuais novamente as erosões além da grande presença se lixo
e resíduos nas margens e em trechos do leito. Para a vegetação da App, a
principal fisionomia atribuída foi de florestal fechada, com grande
produto lenhoso, presença de trepadeiras e material de serrapilheira
indefinido, a diversidade biológica foi considerada alta a partir da
visualização de um sub-bosque denso, porém não foi possível acessa-lo
para obter informações precisas. É de grande importância ressaltar que

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Caracterização ambiental de microbacias a partir de pontos amostrais na região
do Pontal do Paranapanema, São Paulo.

um dos canais deste Ribeirão passa muito próximo a malha urbana o que
consequentemente oferece um impacto ainda maior a qualidade
ambiental do local.

Um dos casos extremos verificados nesta pesquisa é o do Ribeirão


Vai-e-Vem, segundo a legislação que regula a qualidade e as classes dos
corpos hídricos, o mesmo possui a classe 4, portanto, com grandes
restrições no uso de suas águas. A área total de bacia delimitada a
montante do ponto de coleta foi de 49.008 km², outra característica
importante desta microbacia é a presença grande de parte da malha
urbana do município de Santo Anastácio-SP (Figura 7). Destaque
também para um dos afluentes do Ribeirão Vai-e-Vem que passa pelas
proximidades do município, e durante a visitação de campo foi possível
perceber uma grande presença de lixo e demais resíduos no leito e nas
margens do curso d’agua.

Este ponto também pode ser considerado com caracteristicas


extremas devido ao seu padrão de uso da terra a montante, na escala da
microbacia foram identificadas 4 tipos de ocupação, a com maior
representatividade acabou sendo as áreas de pastagens com 77,2% do
valor total, entretanto, é importante destacar que algumas generalizações
foram realizadas para pastagem, havendo pequenos fragmentos de outras
culturas com pouca representatividade na área e na própria região, como,
eucaliptais, cafezais e pequenas plantações de milho, voltadas para
consumo local, a segunda maior ocupação registrada, foi atribuído a já
citada malha urbana de Santo Anastácio-SP, que predominou sob 11,3%
da microbacia, também foi identificada uma plantação de cana de açúcar
localizada precisamente em uma das cabeceiras de drenagem do ribeirão
com ocupação de 6,1%, a pouca presença dos cultivos canavieiros na área
pode ser explicada em grande parte pela dificuldade de produção
proporcionada pelo relevo mais dissecado com relativos desníveis
topográficos eu prejudicam a produção e colheita da cana de açúcar, por
fim a faixa do curso d’agua e suas várzeas alcançaram o valor de 4,9%,
infelizmente outra caracteristicas que denota a péssima preservação

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Alisson Rodrigues Santori; José Mariano Caccia Gouveia

desta área é a quase ausência ou presença incipiente de fragmentos


florestais que apenas chegaram a apresentar pouco menos de 0,1% de
ocupação.

Figura 7 – Mapa uso e ocupação da terra em setor montante da


microbacia do Rib. Vai-e-Vem

Fonte: Autores.

A maior área analisada nesta pesquisa, trata-se da bacia do Rio


Pirapozinho, um grande e importante afluente que compõe a bacia
hidrográfica do baixo Paranapanema (Figura 8). Com uma área calculada
em aproximadamente 965.024 km², a bacia em questão apresentou a
maior variedade de formas de ocupação em seu território, sendo
identificados ao todo 6 tipos de uso da terra.

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Caracterização ambiental de microbacias a partir de pontos amostrais na região
do Pontal do Paranapanema, São Paulo.

É notável a grande fragmentação da paisagem rural, assim como


um forte avanço da cultura canavieira não apenas nesta área, mas
também nos territórios dos municípios do entorno. As porcentagens de
ocupação obtidas, ainda demonstraram predominância de extensas
pastagem para criação de gado de corte, esse tipo de uso ficou com
49,9% de ocupação, as plantações de cana de açúcar que também
possuem caráter extensivo somaram 31,5%, devido ao grande tamanho
da área todas as faixas de curso d’agua e suas várzeas somadas
obtiveram o valor de 7,7%, assim como em outras áreas já apresentadas,
a bacia do Rio Pirapozinho também indicou uma significativa presença de
assentamentos de reforma agrária com 5,7% de ocupação, devido à forte
presença dos movimentos socias de luta pela terra na região, como o
movimento dos trabalhadores sem-terra (MST), os fragmentos florestais
se mostraram presentes principalmente próximos ao curso d’agua
funcionando como “extensões” das faixas de App’s, essa ocupação
representou ao todo 5,0% da bacia, por fim, a presença de parte da malha
urbana do município de Mirante do Paranapanema-SP fechou o total de
ocupação da área com 0,2%.

Figura 8 – Mapa uso e ocupação da terra em setor montante da


microbacia do Rio Pirapozinho

Fonte: Autores.

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Alisson Rodrigues Santori; José Mariano Caccia Gouveia

Na sequência, o córrego Anhumas forneceu a mesma característica


do ribeirão Cuiabá, apresentado anteriormente, com a presença de dois
pontos de coleta em sua microbacia, um a jusante e outro a montante
(Figura). A diferença entre as duas áreas é o seu tamanho total, para o
córrego anhumas foi delimitado a extensão total de 83.399 km² com
pouca diversificação na ocupação dos usos da terra.

Nesta área foi também foi avaliada a predominância do cultivo


pastoril para gado de corte, demonstrando que pode ainda existir uma
certa resistência de alguns proprietários pelo arrendamento de suas
terras para a cultura canavieira, as pastagens somaram 70,5% da
ocupação, seguidos das plantações de cana de açúcar com 24,6%, assim
como no ribeirão Vai-e-Vem, a supressão vegetal nesta microbacia
também é intensa, a estreita e extremamente alterada área de curso
d’agua e várzeas somou 4,0%, estando em alguns pontos tomadas pelo
avanço principalmente das pastagens, essa tendência de conflitos de usos
entre a área destinada a App’s com formas de cultivo ao redor, também
são recorrentes em alguns dos outros pontos avaliados e em uma relativa
parte dos mananciais da região do Pontal, o principal fator que leva a
esse desrespeito e supressão da vegetação ciliar é a necessidade de
saciamento do gado usando os córregos que cortam as propriedades
rurais, os fragmentos vegetais são outro exemplo do desinteresse da
manutenção vegetal para fins de reprodução da biodiversidade, estes se
apresentarem minúsculos e isolados somando apenas o valor de 0,8% do
total de ocupação da microbacia

Figura 9 – Mapa uso e ocupação da terra em setor montante da


microbacia do Cor. Anhumas

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Caracterização ambiental de microbacias a partir de pontos amostrais na região
do Pontal do Paranapanema, São Paulo.

Fonte: Autores.

A área a seguir trata-se da microbacia de uma das nascentes do


ribeirão Laranja Doce, esta foi uma das menores bacias delimitadas e
mapeadas neste projeto, e de modo geral, apresentou muito pouca
diversidade nas formas de ocupação (Figura 10). Com aproximadamente
15.667 km² e com uma cobertura que variou entre três tipos, sendo
predominante uma grande parcela de assentamentos cercando uma
relativa quantidade de fragmentos florestais, além da faixa do curso
d’agua e suas várzeas.

Não é correto afirmar, no entanto, que a variedade de formas de


produção nesta área seja pouco diversificada, pelo contrário, é comum
nos assentamentos da região do Pontal a opção pela produção de grãos,
frutas, hortaliças e legumes que não são produzidos em larga escala na
região e a própria tendência pela preservação da vegetação natural é
outra característica importante que os proprietários em assentamentos

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Alisson Rodrigues Santori; José Mariano Caccia Gouveia

possuem. Ao todo foi calculado o valor de 71,9% de ocupação com


assentamentos para essa área, como mencionado, a vegetação florestal
também somou forte presença sendo responsável por 26,9%, fechando a
soma a faixa de curso d’agua obteve pouco mais de 1,3%.

Figura 10 – Mapa uso e ocupação da terra em setor montante da


microbacia do Rib. Laranja Doce

Fonte: Autores.

A série de mapas produzidos encerra-se com a ultima microbacia


delimitada e caracterizada, está também se trata de um dos afluentes do
ribeirão Laranja Doce, estando um pouco mais ao sul em relação ao ponto
apresentado anteriormente, denominado córrego do Burrinho (Figura
11). Com aproximadamente 9.560 km², esta foi a menor microbacia
trabalhada neste estudo.

Dos 4 tipos de ocupação identificados a atividade pastoril foi


novamente predominante em grande parte da área totalizando a

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Caracterização ambiental de microbacias a partir de pontos amostrais na região
do Pontal do Paranapanema, São Paulo.

porcentagem de 72,2%, próximo a nascente foi identificado um plantio de


cana de açúcar com 15,8%, em seguida a faixa de curso d’agua e suas
várzeas se apresentaram significativas e com boa extensão próxima a
nascente somando 10,7%, por fim dois pequenos fragmentos fecham a
contagem representando apenas 1,4% da ocupação.

Figura 11 – Mapa uso e ocupação da terra em setor montante da


microbacia do Cor. Burrinho

Fonte: Autores.

Tabela 1 – Cálculo dos valores em Km² para as ocupações e a área


total de cada microbacia.

PONTO 2 3 4’ 5’ 6 7 8’’ 9’’ 11 12


AMOSTRAL

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Alisson Rodrigues Santori; José Mariano Caccia Gouveia

CULTURA 11.2 26.7 100.9 3.27 2.98 304.2 1.0 18.4 - 1.5
CANAVIEIRA 07 34 94 3 0 64 16 04 13

- 20.9 150.3 19.0 37.8 481.2 3.7 52.8 - 6.8


PASTAGEM 94 63 28 27 73 13 98 99

FRAGMENTOS 47.9 15.5 14.48 1.01 - 48.00 0.4 0.57 4.20 0.1
VEGETAIS 86 53 7 8 1 06 1 8 30

CURSO D’AGUA 2.71 0.78 10.01 0.88 2.39 74.57 0.1 3.04 0.19 1.0
E VÁRZEA 9 3 8 6 8 3 65 2 8 20

ASSENTAMENT 15.9 - 4.219 - - 55.02 - - 11.2 -


OS 51 4 71

ÁREA URBANA - - - - 5.55 1.925 - - - -


E ESTRADAS 6

ÁREA TOTAL 77.1 64.0 279.8 24.0 49.0 965.0 5.2 75.1 15.6 9.5
ANALISADA 55 38 02 55 08 24 63 36 67 60
(MICROBACIA
)

( ’ ) – Pontos 4 e 5 pertencem a mesma microbacia


( ’’ ) – Pontos 8 e 9 pertencem a mesma microbacia

Fonte: Autores.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

REFERÊNCIAS

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Caracterização ambiental de microbacias a partir de pontos amostrais na região
do Pontal do Paranapanema, São Paulo.

CONAMA - Resolução 01/1994. Disponível em: <


http://www.mma.gov.br/port/conama/res/res94/res0194.html >. Acesso
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Presidente Prudente/SP. Dissertação (Mestrado em Geografia) –
Faculdade de Ciências
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MATOS, R. J. Estudo biogeográfico do alto curso do rio Santo


Anastácio: Analise comparativa da qualidade da água em canais de
terceira ordem. 2014. 224 f. Dissertação (Mestrado em Geografia) –
Faculdade de Ciências e Tecnologia, Universidade Estadual Paulista,
Presidente Prudente, 2014.

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TRICART, J. Paisagem e ecologia. Inter-Fácies. São José do Rio Preto:


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