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UM TRIBUNAL É FORMADO POR JUÍZES

O luto pela morte do ministro Teori Zavascki não havia sequer


começado e já se especulava quem seria seu sucessor.

A mídia passou a divulgar alguns nomes, de ministros a afilhados de


políticos envolvidos em ações em trâmite no próprio STF, enquanto
grupos lançavam candidaturas próprias, alguns nomes de conhecidos
adeptos de teses absurdas.

Essa corrida pela vaga ao Supremo mostra de forma clara que,


enquanto a população anseia por um julgador imparcial, certos setores
estão ensandecidos na tentativa de garantir um ministro que lhes
preste favores.

Essa perversa tentativa de transformar um tribunal em banca não


pode ser aceita passivamente pelo brasileiro. O dever maior de um
juiz, e um ministro não passa de um juiz, é aplicar a lei com foco no
interesse da sociedade, sem preferências.

É equivocada a ideia de pretender que se torne ministro qualquer


profissional do direito que construiu sua carreira atuando em favor de
empresas e/ou partidos, que possui vínculos políticos ou defenda teses
que só interessam a determinados setores, ainda que possua o que
chamam de “curriculum invejável”.

Para a defesa de interesses particulares já existem os advogados, cuja


função é atuar junto aos tribunais. Ao ministro, como a qualquer juiz,
cabe o dever inafastável da imparcialidade.

Nessa linha de pensamento, a ASMEGO e outras associações de


magistrados têm se manifestado pela escolha de um juiz de carreira
para compor o Supremo Tribunal Federal.

O juiz de carreira é aquele aprovado em concurso público que começa


sua atividade no interior do país e vai progredindo até as maiores
cidades, o que costuma levar às vezes décadas.

A aprovação em concurso público garante que o magistrado chegou ao


cargo por seu próprio esforço, sem favores ou interferência política.

Logo no início da profissão, o juiz começa a aprimorar sua serenidade,


a conhecer as demandas do povo, a ouvir e ponderar os fatos que são
trazidos ao seu conhecimento para só então proferir uma decisão
objetivando a justiça.
Ao longo de sua vida, os juízes de carreira se submetem a privações
diversas, mantendo um isolamento necessário para a garantia de sua
independência. Não participam de reuniões políticas, nem podem, por
lei, se filiarem a qualquer partido.

Em razão de sua independência e imparcialidade, os juízes são alvos


de ameaças e tentativas de pressão política e/ou econômica, tudo
buscando influenciar o seu julgamento.

E é justamente essa prática que forja um juiz sereno e corajoso, hábil


a enxergar no processo seus dramas e peculiaridades à luz da lei, e
não com olhos voltados para favorecer este ou aquele lado.

Ë consequência lógica que um tribunal seja formado por juízes, em


razão dessa longa experiência no exercício do julgamento imparcial,
sem demérito de outras profissões jurídicas, cujas práticas são
diversas da atividade de julgar.

Num momento de instabilidade institucional, em que toda a nação se


volta para o Judiciário em busca de respostas, e que magistrados de
primeiro e segundo grau estão mostrando a importância de julgadores
imparciais e que decidem conforme a lei, e não conforme a política, é
imperativo que ao Supremo Tribunal Federal venha se somar um
magistrado de carreira, com histórico ilibado, que não possua ou tenha
possuído tendências ou vinculações a políticos ou partidos, nem
defenda, ou tenha defendido, teses absurdas dissociadas da realidade,
um juiz que saiba se portar com discrição, preocupando-se mais em
falar através de suas decisões do que nos jornais.

Enfim, o Brasil precisa de julgadores serenos, seguros, discretos e,


acima de tudo, imparciais. É disso que depende o futuro do país, um
Tribunal que faça Justiça, não política.

Wilton Muller Salomão


Presidente da Associação dos Magistrados do Estado de Goiás
(ASMEGO)

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