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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA

Licenciatura em

Matemática
GEOMETRIA I
Gina Maria Bachmann
Marli Terezinha Van Kan
Paulo Sérgio Schelesky

pONTA gROSSA - PARANÁ


2009
CRÉDITOS

João Carlos Gomes


Reitor

Carlos Luciano Sant’ana Vargas


Vice-Reitor

Pró-Reitoria de Assuntos Administrativos Colaboradores em EAD


Ariangelo Hauer Dias - Pró-Reitor Dênia Falcão de Bittencourt
Jucimara Roesler
Pró-Reitoria de Graduação
Graciete Tozetto Góes - Pró-Reitor Colaboradores de Informática
Carlos Alberto Volpi
Divisão de Educação a Distância e de Programas Especiais Carmen Silvia Simão Carneiro
Maria Etelvina Madalozzo Ramos - Chefe Adilson de Oliveira Pimenta Júnior
Juscelino Izidoro de Oliveira Júnior
Núcleo de Tecnologia e Educação Aberta e a Distância Osvaldo Reis Júnior
Leide Mara Schmidt - Coordenadora Geral Kin Henrique Kurek
Cleide Aparecida Faria Rodrigues - Coordenadora Pedagógica Thiago Luiz Dimbarre
Thiago Nobuaki Sugahara
Sistema Universidade Aberta do Brasil
Hermínia Regina Bugeste Marinho - Coordenadora Geral Colaboradores de Publicação
Cleide Aparecida Faria Rodrigues - Coordenadora Adjunta Elisabete Ferreira Silva - Revisão
José Trobia - Coordenador de Curso Luan Dione Rein - Diagramação
Mary Ângela Teixeira Brandalise - Coordenadora de Tutoria Paulo Sérgio Schelesky - Ilustração

Colaborador Financeiro Colaboradores Operacionais


Luiz Antonio Martins Wosiak Edson Luis Marchinski
Joanice Kuster de Azevedo
Colaboradora de Planejamento João Márcio Duran Inglêz
Silviane Buss Tupich Kelly Regina Camargo
Mariná Holzmann Ribas
Projeto Gráfico
Anselmo Rodrigues de Andrade Júnior

Todos os direitos reservados ao Ministério da Educação


Sistema Universidade Aberta do Brasil
Ficha catalográfica elaborada pelo Setor de Processos Técnicos BICEN/UEPG.

B174g Bachmann, Gina Maria


Geometria I./ Gina Maria Bachmann, Marli Terezinha Van
Kan e Paulo Sérgio Schelesky. Ponta Grossa : UEPG/
NUTEAD, 2009.
154p. il.

Licenciatura em Matemática - Educação a Distância.

1. Geometria - noções fundamentais. 2. Triângulos.


3. Quadriláteros. I. Van Kan, Marli Terezinha. II. Schelesky,
Paulo Sérgio. III. T.

CDD : 516.3
UNIVERSIDADE ESTADUAL DE PONTA GROSSA
Núcleo de Tecnologia e Educação Aberta e a Distância - NUTEAD
Av. Gal. Carlos Cavalcanti, 4748 - CEP 84030-900 - Ponta Grossa - PR
Tel.: (42) 3220-3163
www.nutead.uepg.br
2009
APRESENTAÇÃO INSTITUCIONAL
Prezado estudante

Inicialmente queremos dar-lhe as boas-vindas à nossa instituição e ao curso


que escolheu.
Agora, você é um acadêmico da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG),
uma renomada instituição de ensino superior que tem mais de cinqüenta anos de história
no Estado do Paraná, e participa de um amplo sistema de formação superior criado pelo
Ministério da Educação (MEC) em 2005, denominado Universidade Aberta do Brasil
(UAB).

O Sistema Universidade Aberta do Brasil (UAB) não propõe a criação de uma


nova instituição de ensino superior, mas sim, a articulação das instituições
públicas já existentes, possibilitando levar ensino superior público de qualidade
aos municípios brasileiros que não possuem cursos de formação superior ou
cujos cursos ofertados não são suficientes para atender a todos os cidadãos.

Sensível à necessidade de democratizar, com qualidade, os cursos superiores em


nosso país, a Universidade Estadual de Ponta Grossa participou do Edital de Seleção UAB
nº 01/2006-SEED/MEC/2006/2007 e foi contempladas para desenvolver seis cursos de
graduação e quatro cursos de pós-graduação na modalidade a distância.
Isso se tornou possível graças à parceria estabelecida entre o MEC, a CAPES e
as universidades brasileiras, bem como porque a UEPG, ao longo de sua trajetória, vem
acumulando uma rica tradição de ensino, pesquisa e extensão e se destacando também
na educação a distância,
A UEPG é credenciada pelo MEC, conforme Portaria nº 652, de 16 de março
de 2004, para ministrar cursos superiores (de graduação, seqüenciais, extensão e pós-
graduação lato sensu) na modalidade a distância.
Os nossos programas e cursos de EaD, apresentam elevado padrão de qualidade e
têm contribuído, efetivamente, para a democratização do saber universitário, destacando-
se o trabalho que desenvolvemos na formação inicial e continuada de professores. Este
curso não será diferente dos demais, pois a qualidade é um compromisso da Instituição
em todas as suas iniciativas.
Os cursos que ofertamos, no Sistema UAB, utilizam metodologias, materiais e
mídias próprios da educação a distância que, além de facilitarem o aprendizado, permitirão
constante interação entre alunos, tutores, professores e coordenação.
Este curso foi elaborado pensando na formação de um professor competente, no
seu saber, no seu saber fazer e no seu fazer saber. Também foram contemplados aspectos
éticos e políticos essenciais à formação dos profissionais da educação.
Esperamos que você aproveite todos os recursos que oferecemos para facilitar o
seu processo de aprendizagem e que tenha muito sucesso na trajetória que ora inicia.
Mas, lembre-se: você não está sozinho nessa jornada, pois fará parte de uma
ampla rede colaborativa e poderá interagir conosco sempre que desejar, acessando
nossa Plataforma Virtual de Aprendizagem (MOODLE) ou utilizando as demais mídias
disponíveis para nossos alunos e professores.
Nossa equipe terá o maior prazer em atendê-lo, pois a sua aprendizagem é o nosso
principal objetivo.

EQUIPE DA UAB/ UEPG
SUMÁRIO

■■ PALAVRAS DOS PROFESSORES 9


■■ OBJETIVOS & ementa 11

NOÇÕES FUNDAMENTAIS
■■ SEÇÃO 1- Entes geométricos primitivos 
11
13
■■ SEÇÃO 2- Segmento de reta e semi-reta 20
■■ SEÇÃO 3- Ângulos 26
■■ SEÇÃO 4- Paralelismo e perpendicularidade 50

TRIÂNGULOS 
■■ SEÇÃO 1- Caracterização de triângulos
71
74
■■ SEÇÃO 2- Congruência e pontos notáveis em triângulos 78
■■ SEÇÃO 3- Semelhança em triângulos  104
■■ SEÇÃO 4- Relações métricas em triângulos retângulos  111
■■ SEÇÃO 5- Relações métricas em triângulos quaisquer  115

QUADRILÁTEROS
■■ SEÇÃO 1- Quadriláteros notáveis
129
131
■■ SEÇÃO 2- Propriedades dos quadriláteros  137

■■ PALAVRAS FINAIS 149


■■ REFERÊNCIAS  151
■■ NOTAS SOBRE OS AUTORES 153
PALAVRAS DOS(AS) PROFESSORES(AS)

“ Jamais considere os seus estudos como uma obrigação, mas


como uma oportunidade invejável  para aprender a conhecer
a influência libertadora da beleza do reino do espírito, para
seu  próprio prazer pessoal e para proveito da comunidade à
qual o seu futuro trabalho pertencer. “ 
Albert Einstein

Prezado(a) estudante

A inclusão da geometria no currículo do Curso de Licenciatura em Matemática


já no começo do Ensino Fundamental reflete um progresso considerável, pois é
consenso que ela deve ocupar um lugar fundamental no currículo de matemática
desde as séries iniciais. Mas, além da recomendação feita nos Parâmetros Curriculares
Nacionais (PCN) – de que a geometria deve contemplar a visualização de objetos
geométricos, a manipulação dessas representações, a criação de novos objetos, a
sua aplicação a problemas da vida real, a sua ligação à arte, permitindo interpretar e
intervir no espaço em que vivemos –, essa ciência pode apresentar outras perspectivas
ao ser ensinada como um tema unificador que estabelece a conexão entre as várias
formas do pensamento matemático.
Na história do pensamento matemático, não são poucos os exemplos de idéias
matemáticas que surgiram ao se tentar resolver problemas geométricos e problemas
não geométricos que são resolvidos por métodos geométricos.
Sendo as geometrias também teorias matemáticas com estruturas lógicas
– axiomas, teoremas e demonstrações − é importante que se formalizem com os
processos dedutivos e demonstrativos próprios delas, para que fique mais completo
o conhecimento do patrimônio cultural que é a matemática.
Os objetos geométricos (pontos, retas, planos, polígonos, circunferências,
círculos, etc.) não são importantes por si só, mas são instrumentos indispensáveis para
representarmos os objetos geométricos em suas formas, garantindo suas propriedades.
Também são utilizados como meios para aprimorar a qualidade dos pensamentos
matemáticos a serem desenvolvidos, pois, como afirma Goldemberg, não é possível
“ensinar a pensar” sem ter qualquer coisa sobre a qual valha a pena pensar. O autor
também afirma que, ao testar alguns materiais, a experiência revelou que, quando as
idéias matemáticas se tornam os veículos pelos quais os alunos compreendem que
podem pensar bem e podem reinventar as idéias sempre que precisarem delas, os
conteúdos veiculados para apreensão das mesmas são menos esquecidos.
Idealizamos a disciplina de Geometria I pensando sempre em quais conteúdos
são desejáveis para promover a estruturação do indivíduo no campo do pensamento e
efetivamente desenvolver competências que o levem à reflexão em torno das grandes
finalidades para o ensino da geometria.
Assim, você estudará a parte inicial de Geometria Euclidiana Plana e as
Construções Geométricas pertinentes a esses conteúdos, de forma a não desvincular
o traçado geométrico de suas propriedades justificando os procedimentos utilizados.
Dessa forma, procura-se aliar os conhecimentos de desenho geométrico com o estudo
dos principais temas da geometria plana e sua tão desejada formalização para este
grau de ensino.
A geometria euclidiana estabelece como elementos básicos os pontos, as retas,
os planos e o espaço. Estuda as diferentes figuras que se podem construir com esses
elementos, com parte deles e com outras curvas como elipses e hipérboles, assim
como, com partes da reta, constroem-se ângulos, polígonos e poliedros.
A partir deste momento você está convidado a revisar conosco alguns tópicos
fundamentais que embasam tanto a geometria euclidiana como a formalização de
tais conhecimentos matemáticos.
Bons estudos!

Gina Maria Bachmann

Marli Terezinha Van Kan

Paulo Sérgio Schelesky


OBJETIVOS & ementa

Objetivos Gerais
■■ Dominar as técnicas das construções geométricas elementares, através da
resolução de problemas, para encadear raciocínio lógico e sistemático.
■■ Visualizar os conteúdos da geometria dos currículos do ensino fundamental e
médio, dentro de uma perspectiva que enfoque aspectos de história e filosofia
da matemática.
■■ Desenvolver habilidades conceituais e procedimentais à construção
geométrica de figuras planas em situação de demonstração geométrica.
■■ Fundamentar suas construções geométricas utilizando a linguagem
matemática e o método lógico dedutivo, e exercitando o método axiomático.
■■ Validar conjecturas elaborando raciocínios demonstrativos e usando métodos
adequados.

Ementa
■■ Axiomática da geometria euclidiana. Ângulos. Paralelismo e
perpendicularidade. Triângulos. Construções geométricas elementares.
Quadriláteros.
Universidade Aberta do Brasil

Sugestão para sua dedicação aos estudos


■■ Para um aproveitamento efetivo de seus esforços, procure ler com atenção o
texto, anotando as idéias centrais. Acompanhe atentamente o desenvolvimento
dos exemplos e resolva as atividades propostas. Procure sanar suas dúvidas
antes de seguir em frente.

SEMANA UNIDADE
1ª Semana Unidade I
2ª Semana Unidade II
3ª Semana Unidades II e III

10
unidade 1
Geometria I
Noções Fundamentais

UNIDADE I
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
■■ Reconhecer os entes geométricos ponto, reta e plano e seus subconjuntos
presentes na construção do conhecimento geométrico.
■■ Identificar reta e seus subconjuntos: semi-reta e segmento de reta.
■■ Diferenciar as posições relativas no plano entre segmentos, semi-retas e retas.
■■ Desenvolver procedimentos operatórios envolvendo ângulos.
■■ Identificar as condições que definem as posições de paralelismo e
perpendicularidade de entes geométricos no plano.

ROTEIRO DE ESTUDOS
■■ SEÇÃO 1 - Entes geométricos primitivos

■■ SEÇÃO 2 - Segmento de reta e semi-reta

■■ SEÇÃO 3 - Ângulos

■■ SEÇÃO 4 - Paralelismo e perpendicularidade

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unidade 1
Universidade Aberta do Brasil

PARA INÍCIO DE CONVERSA


O ensino da geometria tem passado por inúmeros percalços nas últimas
décadas e, como conseqüência disso, pode-se constatar que o despreparo de alunos
e professores para o ensino e a aprendizagem da geometria vem ocasionando falhas
reconhecidamente graves na sua formação, as quais merecem medidas urgentes de
reparação.
Uma preparação adequada para o exercício do magistério deve oferecer
aos licenciandos em Matemática um pouco de história da geometria (desde a sua
origem com os babilônios), acompanhar seu desenvolvimento e sistematização por
Euclides, perpassando as discussões posteriores sobre o postulado das paralelas até
o descobrimento das geometrias não euclidianas no século XIX. Deve-se incluir
nesse estudo a congruência e semelhança de triângulos, circunferências e suas
propriedades, ângulos inscritos, áreas e volumes elementares que são indispensáveis
na resolução de inúmeros e variados problemas.
O conhecimento das transformações geométricas e suas propriedades é,
sem dúvida, fundamental. A Geometria I é a primeira disciplina a proporcionar
esse conhecimento no âmbito da licenciatura, e você contará ainda com mais duas
disciplinas ao longo dos próximos semestres: Geometria II e Geometria III.
Sendo este um estudo extenso e detalhado, é pretensioso afirmarmos que os
seus conteúdos serão totalmente explorados. Esperamos que, com as reflexões ora
propostas, você se sinta motivado(a) para consultar outras fontes de estudo durante
sua formação continuada.
Para iniciar esta jornada de estudo, comece conhecendo os elementos
fundamentais, convencionando a notação matemática que utilizaremos no
desenvolvimento das disciplinas e pontuando as definições básicas.

12
unidade 1
Geometria I
seção 1
Entes geométricos primitivos

Até bem pouco tempo, para se executar uma construção em Desenho


Geométrico eram necessários alguns instrumentos como lápis ou lapiseira, papel,
régua graduada, par de esquadros, borracha, compasso e transferidor. Mas,
atualmente, com o advento do computador e dos softwares de geometria dinâmica, é
possível executá-la apenas com o mouse.
Como a modalidade de ensino que você escolheu - educação a distância - usa
uma metodologia que inclui o domínio do computador, nada mais coerente do que
fazer uso desses novos recursos tecnológicos para realizar as tarefas desta disciplina,
não é mesmo? O software que vamos utilizar para as construções geométricas é o
C.a.R., que está disponível no endereço eletrônico:
http://www.professores.uff.br/hjbortol/car/index.html
Faça o download e instale esse software no computador que irá utilizar para
os seus estudos. Mas nada impede que você execute as construções também com
os instrumentos convencionais, paralelamente. Será um bom exercício, pois afinal
de contas eles farão parte do seu dia a dia como acadêmico (e, mais tarde, como
professor de matemática).
As construções que você irá executar ao longo deste curso são atos puramente
práticos, sendo necessário desenvolver os aspectos que embasam teoricamente esses
procedimentos e que são muito importantes a um futuro professor de matemática.
Por isso providenciamos algumas demonstrações com as construções geométricas. É
importante que você as acompanhe com cuidado, refaça cada passo com atenção, até
dominar completamente o processo. Caso perdure alguma dúvida, recorra ao tutor
on-line (a distância) para esclarecê-la.
De acordo com Leonard Mlodinow, em sua obra A janela de Euclides (2005),
encarar a geometria da maneira como geralmente é apresentada significa transformar
uma mente jovem em pedra. Daí a necessidade de tentar deixá-la mais atraente, mais
interessante. Mas o mencionado autor destaca a importância da geometria euclidiana,
pois a compara a uma janela aberta através da qual a natureza do Universo se revela.
As revoluções passadas pela geometria desde a época de Euclides abalaram crenças
dos teólogos, destruíram preciosas visões de mundo dos filósofos e conduziram o
homem a repensar seu lugar no cosmos. Embora Euclides não tenha descoberto uma
só lei da geometria, quando se fala nela é o primeiro nome que vem à nossa mente,
pois é através da janela aberta por ele que contemplamos a geometria pela primeira
vez.

13
unidade 1
Universidade Aberta do Brasil

Pouco se sabe sobre Euclides, apenas


que foi professor na Academia de
Alexandria, que teve alunos ilustres e
escreveu duas obras importantíssimas,

Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Euklid2.jpg
cujos originais não sobreviveram.
A primeira delas foi sobre as curvas
cônicas e inspirou Apolônio em seu
importante tratado sobre essas curvas,
responsável pelo impulso imprimido à
navegação e astronomia da época.
A segunda obra, escrita por volta do
ano 300 a.C. e conhecida apenas através
de cópias posteriores, não é um livro,
mas uma coleção de 13 pergaminhos
denominados Os Elementos, que apenas
relatam de forma abrangente a natureza
do espaço bidimensional, usando o
raciocínio lógico.

Para conhecer melhor a obra de Euclides de Alexandria (330-260a.C.), acesse:


http://www.ime.usp.br/~leo/imatica/historia/euclides.html

A segunda obra de Euclides, Os Elementos, foi considerada durante vários


séculos um modelo de livro didático para o estudo da geometria. As regras da
geometria são dadas pelos chamados postulados ou axiomas e, com o uso da lógica
dedutiva, são provadas as proposições e os teoremas que vão estabelecendo as
propriedades das figuras geométricas que utilizamos freqüentemente. Esse conjunto
de entes e objetos geométricos forma o edifício lógico dedutivo da geometria.
A lógica dedutiva parte de uma ou mais proposições ou premissas (hipóteses) e

14
unidade 1
Geometria I
leva a uma nova proposição (conclusão) que decorre necessariamente das proposições
iniciais. O raciocínio lógico parte de algo conhecido para chegar ao desconhecido
através da argumentação. Essa argumentação consiste num conjunto de afirmações
articuladas de uma forma coerente e lógica.
Por exemplo, se quiser pedir um aumento de salário ao seu chefe, você pode
argumentar: “Os preços dos produtos no supermercado subiram; eu sou chefe de
uma família e sustento quatro pessoas, como eu compro no supermercado o alimento
para minha família, as despesas aumentaram. Portanto, preciso de um aumento de
salário”.
Temos aqui um argumento, cuja conclusão é “preciso de um aumento de
salário”.
E como você justifica essa conclusão? Com a subida dos preços no supermercado
e com o fato de ter uma família para sustentar. Sendo essas as premissas do seu
argumento, são as razões utilizadas para defender a conclusão.
Esse exemplo permite-nos esclarecer outro aspecto dos argumentos, que é
o seguinte: embora um argumento seja um conjunto de proposições, nem todos os
conjuntos de proposições são argumentos. Por exemplo, o seguinte conjunto de
proposições não constitui um argumento:
Eu faço compras no supermercado, mas o José não.
A Maria come sanduíches no Mac Donald’s.
O Anselmo foi ao teatro.
Neste caso, não temos um argumento, porque as afirmativas não estão
relacionadas entre si. Nada se pode concluir com base nelas. Há apenas uma seqüência
de afirmações. E um argumento é, como já vimos, um conjunto de proposições em
que se pretende que uma delas seja sustentada ou justificada pelas outras, o que não
acontece no exemplo anterior.
Nas formas de argumentar pode-se ter uma ou mais premissas, mas só uma
conclusão.
Para provar um teorema você precisa saber distinguir:

• a hipótese - fato que estamos admitindo como ponto de partida;


• a tese - conclusão à qual queremos chegar;
• a demonstração - desenvolvimento lógico da argumentação que nos permite
chegar à conclusão do raciocínio.

15
unidade 1
Universidade Aberta do Brasil

Sendo que
• a hipótese, também conhecida como motivo, argumento ou justificativa, é
acompanhada muitas vezes de expressões como: porque, pois, já que, uma vez que,
visto que, porquanto, dado que e se;
• a tese, também conhecida como afirmação central, predicado principal ou
conclusão, é geralmente acompanhada por expressões como: logo, portanto, por isso,
por conseguinte, conseqüentemente, disso segue-se que, então, disso concluímos
que;
• a demonstração, também conhecida como dedução, é constituída pelas
diversas proposições, já conhecidas como verdadeiras, as quais estão de tal modo
relacionadas com a conclusão que não é possível ter a conclusão falsa se as premissas
forem verdadeiras.
Exemplos:
a) Um quadrado é um retângulo.
Hipótese: um quadrado
Tese ou conclusão: é um retângulo
b) Todos os ângulos retos são congruentes.
Hipótese: todos os ângulos retos
Tese ou conclusão: são congruentes
c) Um polígono eqüilátero e eqüiângulo é um polígono regular.
Hipótese: se o polígono é eqüilátero e eqüiângulo
Tese ou conclusão: então ele é um polígono regular
d) Se a soma das medidas de dois ângulos é 90º, então eles são
complementares.
Hipótese: se a soma das medidas de dois ângulos é 90º
Tese ou conclusão: então eles são complementares

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unidade 1
Geometria I
Note que quando a proposição é verdadeira, nem sempre a sua recíproca é
verdadeira.
Na proposição: “Se o polígono é um quadrado, então ele é um retângulo”, a
proposição original é verdadeira, pois o polígono para ser quadrado necessita ter os
ângulos internos congruentes – que é a condição para ser retângulo.
Já a recíproca: “Se o polígono é um retângulo, então ele é um quadrado”
não é verdadeira, pois só tendo os ângulos internos congruentes – condição para
ser retângulo – não garante que as medidas dos lados também sejam, e sem esta
condição o polígono não é quadrado.

A recíproca da proposição: “Todos os ângulos retos são congruentes” é


verdadeira ou falsa?

Em lógica e em geometria, com freqüência é importante determinar se as


condições na hipótese de uma afirmação são necessárias ou suficientes para justificar
a conclusão. Isto é feito, certificando-se da veracidade ou falsidade da afirmação e de
sua recíproca, segundo alguns princípios.

Procure na biblioteca da disciplina, no AVA, o texto do livro Geometria


Plana, de Barnett Rich, que fala sobre Aperfeiçoamento do Raciocínio.

A geometria apresentada na forma de um sistema dedutivo inspirou estudiosos


das mais diversas ciências a apresentarem suas idéias nessa forma. Podemos citar as
obras “Principia”, de Sir Isaac Newton, e “Ética”, do filósofo Spinoza.
Essa arquitetura de apresentação dos conteúdos foi inaugurada por Euclides e
denominada estrutura lógico dedutiva, o que foi o maior mérito do referido professor
e autor, garantindo seu passaporte para a posteridade, já que sua obra constituiu-se
best-seller por 2000 anos.

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unidade 1
Universidade Aberta do Brasil

Quem são os entes geométricos primitivos?


Como você já estudou, a janela que Euclides descortina para que se vislumbre
a geometria está assentada em noções primitivas como o ponto, a reta e o plano, o que
revela um conhecimento intuitivo desses entes geométricos, baseado na experiência
e na observação.
É usual aceitar o ponto como aquele ente que não tem dimensão,
representando-o por letra maiúscula do alfabeto latino ( A, B, C , … ) ; a reta por
uma trajetória descrita por um ponto que mantém a mesma direção e que se representa
por letra minúscula do alfabeto latino ( r, s, t, … ); e o plano por letra minúscula do
alfabeto grego (α, β, γ , …) .
Essa notação será adotada como convenção a partir de agora, certo?
A seguir, veja os axiomas que estabelecem as relações iniciais entre os entes
geométricos fundamentais.

Os axiomas de incidência e ordem


Os três primeiros axiomas são conhecidos como axiomas de incidência.
Eles estabelecem as regras de como ocorrem os fatos entre os entes geométricos
fundamentais.

Axioma 1: Dados dois pontos distintos A e B, existe uma e somente uma reta passando

por A e B e indicada por AB .

Axioma 2: Em qualquer reta estão no mínimo dois pontos distintos.

Axioma 3: Existem três pontos distintos não colineares. Três pontos não colineares
determinam um único plano que passa por eles.
A figura indica uma reta r:
A, B e P estão em r;
A ∈ r , B ∈ r , P ∈ r; M ∉ r , R ∉ r , S ∉ r;
S e Q são coincidentes ( S ≡ Q ) ;
R e M são distintos ( R ≠ M ) ;
A, B e P são colineares; R, M e P não são colineares.

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unidade 1
Geometria I
Baseado nos axiomas vistos, você seria capaz de apontar a afirmativa falsa?
a) Por um ponto passam infinitas retas.
b) Por dois pontos distintos passa uma reta.
c) Uma reta contém dois pontos distintos.
d) Dois pontos distintos determinam uma e uma só reta.
e) Por três pontos dados passa uma só reta.

Para três pontos colineares distintos dois a dois, existe uma ordem entre eles
que obedece aos seguintes axiomas, denominados axiomas de ordem. Assim:

Axioma 1: Se (ABC) implica (CBA) e A ≠ B , B ≠ C e C ≠ A , isto é,


se B está entre A e C, B está entre C e A, então A, B e C são distintos.


Axioma 2: Se A ≠ B , existe um ponto C na reta AB tal que (ABC).

Axioma 3: Se (ABC) não pode valer nem (ACB) nem (BAC), isto é, dados três pontos
de uma reta, no máximo um deles está entre os dois.

Axioma 4: Sejam A, B e C três pontos não alinhados, e uma reta r que não passa
nem por A, nem por B, nem por C. Se a reta r contém um ponto do segmento AB ,
ela contém também um ponto do segmento AC ou do segmento BC . (Axioma de
Pasch).
Veja as conseqüências que podem ser obtidas com os axiomas anteriores:
a) os pontos de uma reta podem ser ordenados linearmente, existindo uma
correspondência biunívoca entre os pontos da reta e os números reais – régua
infinita;

b) entre dois pontos distintos A e B, existem infinitos pontos na reta AB .

19
unidade 1
Universidade Aberta do Brasil

Considerando os axiomas já enunciados, reflita sobre as questões:


• Por quatro pontos, todos distintos, sendo três deles colineares, quantas
retas podemos construir?
• Quantos pontos de intersecção pode ter um conjunto de três retas distintas
do plano?

seção 2
Segmento de reta e semi-reta

Quando construímos polígonos, figuras geométricas tão comuns do nosso


cotidiano, utilizamos segmentos de reta. Você será capaz de definir um segmento de
reta e uma semi-reta?
Então acompanhe com atenção as definições seguintes:

Segmento de reta: sejam dois pontos distintos A e B, a reunião do conjunto


desses dois pontos com o conjunto dos pontos entre os dois é um segmento de reta.
Os pontos A e B são extremidades, e os pontos entre A e B são pontos internos do
segmento. Se A coincidir com B, o segmento AB é o segmento nulo.
Podemos escrever ainda:

Semi-reta: sejam dois pontos distintos A e B, a reunião do segmento de reta



AB com o conjunto dos pontos X tais que B está entre A e X é a semi-reta AB . O
  
ponto A é a origem da semi-reta AB . Se B está entre A e X, as semi-retas BA e BX
são opostas. Veja como podemos definir a semi-reta:

Com estes dois entes geométricos - o segmento de reta e a semi-reta - muito


se faz em geometria, como construir linhas poligonais, polígonos e ângulos, por
exemplo.
É importante saber que, conforme a posição que dois segmentos ocupam no

20
unidade 1
Geometria I
plano, eles recebem denominações especiais. E essas denominações aparecem em
algumas definições posteriores, por isso é bom que você conheça o significado de:

• Segmentos consecutivos: dois segmentos de reta são consecutivos se


uma extremidade de um coincide com uma extremidade do outro.

• Segmentos colineares: dois segmentos de reta são colineares se estão


numa mesma reta.

• Segmentos adjacentes: dois segmentos de reta consecutivos e colineares


são adjacentes se possuem em comum apenas uma extremidade.


Para verificar se você realmente captou o sentido das definições dadas acima,
analise as afirmativas a seguir e classifique em verdadeiras ou falsas:

“Se dois segmentos são consecutivos, então eles são colineares”.


Para que dois segmentos sejam consecutivos, eles necessitam de apenas uma
extremidade em comum e isso não os obriga a estarem situados sobre uma mesma
reta. Portanto, a afirmativa é falsa.

“Se dois segmentos são adjacentes, então eles são consecutivos”.


Para que dois segmentos sejam adjacentes, é necessário, conforme a

21
unidade 1
Universidade Aberta do Brasil

definição, que eles sejam prioritariamente consecutivos e colineares, então isso já


garante a veracidade da afirmação. Acompanhe o exemplo seguinte.

Considerando os pontos M, N e P, dados na figura abaixo:

Determine:
a) Um par de segmentos colineares.
b) Um par de segmentos consecutivos.
c) Um par de segmentos adjacentes.
d) O número de semi-retas que têm origem no ponto N.
e) Quantos segmentos há que unem os pontos distintos M e P? Quantos há
com extremidades M e P?
f) Quantas semi-retas há na reta que contém os pontos dados, com origem
nos três pontos M, N e P, da reta?

Resolução:
a) Os segmentos MN , NP e MP são colineares, dado que suas extremidades
se encontram sobre uma reta.
b) Os segmentos MN e NP têm a extremidade do ponto N comum e NP e PM
possuem a extremidade do ponto P comum.
c) Os segmentos MN e NP são adjacentes.
 
d) Só duas semi-retas têm origem no ponto N : NM e NP .
e) Podem-se traçar infinitos segmentos passando ou incluindo os pontos M e
P, mas somente um segmento com extremidades nesses pontos.
f) Há seis semi-retas.

Você marcaria alguma das afirmativas abaixo como verdadeira?


a) Se dois segmentos são colineares, então eles são consecutivos.
b) Se dois segmentos são adjacentes, então eles são colineares.
c) Se dois segmentos são colineares, então eles são adjacentes.
d) Se dois segmentos são consecutivos, então eles são adjacentes.

22
unidade 1
Geometria I
Na geometria concebida pelos gregos, os cálculos matemáticos eram
representados com figuras geométricas e dados em termos de proporções, pois
naquela época não existiam fórmulas. A partir disso, quando havia necessidade de
se comparar quantidades, efetuar operações com elas, se fazia uso de segmentos e
áreas para representar essas quantidades, e as operações necessárias eram efetuadas
com esses objetos matemáticos. Mas, na época de Euclides, essas operações eram
efetuadas com régua sem graduação e compasso. Assim, torna-se necessário enunciar
algumas regras que permitam transportar, somar e efetuar algumas operações com
segmentos.
Observe o axioma enunciado a seguir, que garante a construção de segmentos
congruentes.

Axioma de congruência de segmentos ou axioma do transporte de segmento:


dados um segmento AB e uma semi-reta de origem A’, existe sobre esta semi-reta
um único ponto B’ tal que A ' B ' seja congruente a AB .

Para que você visualize melhor como se operacionaliza a construção de


segmentos congruentes, efetue a construção que segue.

Use a régua e o compasso para se convencer da validade do axioma de


congruência.
Trace o segmento AB e uma semi-reta de origem A’.
Coloque a ponta seca do compasso em A’ e abertura AB e descreva um arco de
circunferência, obtendo B’.
Assim, obtém-se A ' B ' ≡ AB .

23
unidade 1
Universidade Aberta do Brasil

A congruência de segmentos satisfaz as seguintes propriedades:


a) Reflexiva: todo segmento é congruente a si mesmo AB ≡ AB .
b) Simétrica: se AB ≡ CD, então CD ≡ AB .
c) Transitiva: se AB ≡ CD e CD ≡ EF então AB ≡ EF .

Comparação de segmentos: dados três segmentos CD de medidas diferentes


e um segmento AB


Pelo axioma do transporte podemos obter na semi-reta AB um ponto P, tal
que AP ≡ CD . Temos três hipóteses:
Se P está entre A e B, então AB é maior que CD .

Se P coincide com B, então AB é congruente a CD .

Se B está entre A e P, então AB é menor que CD .

Adição de segmentos: para efetuar a adição de dois segmentos, você deverá


traçar dois segmentos AB e CD de medidas diferentes e uma semi-reta de origem
R. Pelo transporte de segmentos, RS ≡ AB e ST ≡ CD , o segmento RT é a soma
de AB com CD .

Dado um segmento AB , e um ponto M situado entre A e B, se AM ≡ MB ,


então M é chamado de ponto médio do segmento AB .

24
unidade 1
Geometria I
Medida de um segmento (comprimento): a medida de um segmento AB ,
indicada por m( AB ) , é um número real positivo associado ao segmento de forma
que:
• segmentos congruentes têm medidas iguais e, reciprocamente, segmentos
que têm medidas iguais são congruentes,

ou AB ≡ CD ⇔ m( AB ) ≡ m(CD) ;

• se um segmento é maior que outro, sua medida é maior que a desse outro,

ou AB > CD ⇔ m( AB ) > m(CD) ;

• a um segmento soma está associada uma medida que é a soma das medidas

dos segmentos parcelas,

ou RT = AB + CD ⇒ m( RT ) = m( AB ) + m(CD) ;

Em geral, associa-se um número (medida) a um segmento estabelecendo a razão


entre esse segmento e outro segmento tomado como unidade de comprimento.
Dados dois segmentos, existe sempre um múltiplo de um deles que supera o
outro. Este é o axioma de Eudóxio-Arquimedes que permite estabelecer a razão entre
dois segmentos quaisquer.

Dado um segmento cuja medida de comprimento é igual a 1 metro, qual a


medida do seu comprimento em decímetros?
Observe que a unidade de medida que se deve utilizar para medir o segmento
é o decímetro. Sabe-se que cada decímetro contém 10 cm. Então a questão é calcular
quantos 10 cm existem em um metro.

25
unidade 1
Universidade Aberta do Brasil

Distância entre dois pontos: pode ser a distância geométrica e a distância


métrica.
• A distância geométrica entre dois pontos distintos A e B é o segmento AB
ou qualquer segmento congruente a AB .
• A distância métrica entre dois pontos A e B é a medida do segmento AB .
Se A e B coincidem, a distância geométrica entre A e B é nula, e a distância
métrica é igual a zero.

Dado o segmento AB , cuja medida é igual a 6 cm, a que distância o ponto


médio M de AB está situado das extremidades do segmento?

Sabendo que o segmento PR mede 21 cm, determine o valor de x:

PR=PQ-RQ , então

x 5
 3 x  ( x  5)  21
P R Q
3 x  x  5  21


 2 x  21  5
3x
x  13

seção 3
Ângulos

A noção de ângulo acompanha o homem desde muito tempo. O ângulo é


utilizado na edificação de moradias, na medição de distâncias, na confecção de
ornamentos em cerâmicas, entre outras situações. Você sabe que o GPS, aquele
aparelhinho usado para fornecer a localização de qualquer ponto sobre a superfície
da Terra, fornece os resultados em ângulos que significam a latitude e longitude
em que o ponto se encontra. Portanto, a noção de ângulo é muito útil a qualquer
cidadão.
Você seria capaz de definir ângulo? A coisa não é tão simples assim. Para
elaborar uma definição formal, você precisa que alguns conceitos básicos sejam
revistos. Então veja!

26
unidade 1
Geometria I
Região convexa – um conjunto de pontos E é convexo se, e somente se,
dois pontos quaisquer A e B e distintos pertencentes a E são extremidades de um
segmento AB contido em E, ou se E é unitário ou se E é vazio.
Exemplos:
a) uma reta r é um conjunto de pontos convexos:

b) um plano α é uma região convexa, sendo A e B pontos distintos de α ,


então AB está contido em α :

c) um segmento de reta também é uma figura convexa:

d) figuras ainda não definidas que são convexas:

e) se uma região não é convexa, ela é côncava:

27
unidade 1
Universidade Aberta do Brasil

Postulado da separação dos pontos de um plano


Uma reta r de um plano α separa esse plano em dois conjuntos de pontos α 1
e α 2 tais que:

a) α 1 ∩ α 2 = ∅

b) α 1 e α 2 são convexos

c) A ∈ α 1 e B ∈ α 2 ⇒ AB ∩ r ≠ ∅

Os pontos de α que não pertencem à reta r formam dois conjuntos tais que:
• cada um dos conjuntos é convexo;
• se A pertence a um deles e B pertence ao outro, então o segmento AB
intercepta a reta r.

Semi-plano - cada um dos dois conjuntos α 1 e α 2 é chamado de semi-plano


aberto. Os conjuntos r ∪ α 1 e r ∪ α 2 são semi-planos. A reta r é a origem de cada
um dos semi-planos, e α 1 e α 2 são semi-planos opostos.

Ângulo - um ângulo é a reunião de duas semi-retas de mesma origem, mas


não contidas numa mesma reta.

28
unidade 1
Geometria I
São vários os exemplos onde os ângulos são utilizados em criações do homem,
baseados em exemplos da natureza:

ˆ é a interseção de dois semi-planos abertos: α com


Interior do ângulo AOB
  1
origem na reta OA e que contém o ponto B, e β1 com origem na reta OB e que
contém o ponto A.
ˆ = α ∩ β . O interior de um ângulo é convexo. A reunião de
Interior de AOB 1 1

um ângulo com seu interior é um setor angular ou ângulo convexo.

Exterior do ângulo AOB ˆ é o conjunto dos pontos que não pertencem nem
ao ângulo AOBˆ e nem ao seu interior. O exterior de AOB
ˆ é a reunião de dois semi-

planos abertos: α 2 com origem na reta OA e que não contém o ponto B, e β 2 com

origem na reta OB e que não contém o ponto A. Exterior de AOB ˆ = α ∪β . O
2 2

exterior de um ângulo é uma região côncava. A reunião do ângulo com seu exterior
é um ângulo côncavo.

29
unidade 1
Universidade Aberta do Brasil

Assim como os segmentos, dois ou mais ângulos podem ocupar posições


especiais, que são denominadas por termos específicos. Como essas terminologias
aparecem em muitas definições, é necessário que você as conheça.

• Ângulos consecutivos: dois ângulos são consecutivos se, e somente se,


um lado de um deles coincide com um lado do outro.

• Ângulos adjacentes: dois ângulos consecutivos são adjacentes se não


têm pontos internos comuns.

• Ângulos opostos pelo vértice (o.p.v.): dois ângulos são opostos pelo
vértice se os lados de um são as respectivas semi-retas opostas aos lados
do outro.

 ≡ COD
Obs: ângulos opostos pelo vértice são congruentes: AOB 

30
unidade 1
Geometria I
Postulados de congruência: a congruência entre ângulos satisfaz aos seguintes
propriedades:

∧ ∧
a) reflexiva – todo ângulo é congruente a si mesmo: ab ≡ ab ;

∧ ∧ ∧ ∧
b) simétrica – se ab ≡ cd , então cd ≡ ab ;

∧ ∧ ∧ ∧ ∧ ∧
c) transitiva – se ab ≡ cd e cd ≡ ef então ab ≡ ef ;

Postulado do transporte de ângulos – dado um ângulo AOBˆ e uma semi-


 
reta O ' A ' de um plano, existe sobre este plano e num dos semi-planos que O ' A '
 
permite determinar uma única semi-reta O ' B ' que forma com O ' A ' um ângulo
A ' Oˆ ' B ' congruente ao ângulo AOB
ˆ .

Veja em seguida como se constroem ângulos congruentes.

Construir graficamente um ângulo A ' Oˆ ' B ' congruente a um ângulo dado AOB
ˆ .
• Então, construa um ângulo qualquer de vértice O.

• Coloque a ponta seca no ponto O e trace um arco de raio qualquer, obtendo


A e B.

31
unidade 1
Universidade Aberta do Brasil


• Trace a semi-reta O ' r .

• Com centro em O’ e mesmo raio, trace um arco onde A’ é o ponto de



interseção do arco com a semi-reta O ' r .

• Abra o compasso de A até B, coloque a ponta seca em A’ e trace um arco


que corte o arco anterior no ponto B’.


• Trace a semi-reta O ' B ' . Assim, A ' Oˆ ' B ' ≡ AOB
ˆ .

As comparações entre grandezas envolvendo as relações maior que, menor


que, ou igual a são sempre muito utilizadas em matemática. Essas comparações são
realizadas com facilidade quando se trata de grandezas que podem ser expressas
numericamente.
Você saberia operacionalizá-las em termos geométricos?
Para elucidar tal questão, você verá alguns procedimentos que permitem essa
comparação em termos de ângulos. Acompanhe com atenção.

32
unidade 1
Geometria I
Comparação de ângulos – Dados os ângulos AOB ˆ e CPD ˆ , pelo transporte

de ângulos pode-se obter no semi-plano com origem em O ' A ' e que contém B’, uma

semi-reta OD ' . São três as hipóteses:

Outra questão importante é efetuar operações como adição ou divisão em


termos geométricos. Para questões numéricas há algoritmos que aprendemos desde
as séries iniciais, mas em termos geométricos não estamos tão habituados assim.
Portanto, acompanhe alguns dos procedimentos que permitem efetuar
operações com ângulos.

ˆ , que é a soma
Adição de ângulos: a semi-reta OB é interna ao ângulo AOC
ˆ e BOC
dos ângulos AOB ˆ , isto é: AOCˆ = AOBˆ + BOCˆ .

33
unidade 1
Universidade Aberta do Brasil

Adição gráfica de ângulos


Construa graficamente um ângulo cuja medida seja a soma das medidas dos
ˆ e COD
ângulos AOB ˆ .
• Então, construa com a régua esses dois ângulos.


• Trace uma semi-reta O ' r .

ˆ e, em seguida, o ângulo COD


Transporte o ângulo AOB ˆ , de modo que fiquem
adjacentes.
Assim:

34
unidade 1
Geometria I

Bissetriz de um ângulo: uma semi-reta OC interna a um ângulo AOB ˆ é
ˆ ≡ COˆ B . A bissetriz de um ângulo é
bissetriz desse ângulo se, e somente se, AOC
uma semi-reta interna ao ângulo, com origem no vértice do ângulo e que o divide em
dois ângulos congruentes.

Observe que, ao construir a bissetriz de um ângulo, você está efetuando uma


divisão por dois, isto é, cada ângulo obtido é o resultado da divisão do ângulo dado
pela metade.

Traçado da bissetriz de um ângulo: para construir a bissetriz de um ângulo dado


há duas possibilidades a considerar.

1o caso: O vértice do ângulo é acessível.


• Construa com a régua um ângulo qualquer de vértice O.

• Com centro em O e raio qualquer, descreva um arco determinando os


pontos A e B.

35
unidade 1
Universidade Aberta do Brasil

• Com centro em A, depois B, e mesmo raio, trace arcos que se cruzam


determinando C.


• ˆ , pois
Trace a semi-reta OC , que é a bissetriz do ângulo AOB
AOCˆ ≡ COˆ B

2o caso: O vértice do ângulo é inacessível.


• Trace duas semi-retas r e s que formem um ângulo qualquer com o vértice
O desconhecido.

• Marque A sobre r e B sobre s. Em seguida, una A com B.

36
unidade 1
Geometria I
• Trace as bissetrizes dos ângulos, sendo os pontos C e D as interseções das
bissetrizes


• ˆ .
Trace a semi-reta CD , que é a bissetriz do ângulo AOB

Algumas denominações especiais para ângulo


O ângulo reto sempre foi um conceito básico para os geômetras primitivos.
Um dos exemplos mais elementares é a medição da altura de um objeto colocando
uma vara em posição vertical (em ângulo reto com o horizonte) e comparando as
sombras projetadas pelo objeto e pela vara.

37
unidade 1
Universidade Aberta do Brasil

Quando Tales de Mileto, cerca de seiscentos anos antes do nascimento de


Cristo, se encontrava no Egito, calculou, a pedido do faraó, a altura da pirâmide
Quéops. Segundo o relato de Hicrônimos, discípulo de Aristóteles, Tales apoiou
uma vara fincada perpendicularmente ao chão e esperou que a sombra tivesse
comprimento igual ao da vara. Então pediu a um servo que medisse o comprimento
da sombra. Em seguida adicionou a essa a medida da metade do lado da base da
pirâmide e forneceu a altura da pirâmide ao faraó.

As denominações ângulo agudo e ângulo obtuso são classificações feitas em


relação ao ângulo reto. Considerando sua importância, vamos defini-los a seguir.


• Ângulo suplementar adjacente: dado o ângulo AOB ˆ e a semi-reta OC ,
  
oposta à semi-reta OA . As semi-retas OC e OB determinam um ângulo
ˆ , chamado ângulo suplementar adjacente ou suplemento adjacente
BOC
ˆ .
de AOB

38
unidade 1
Geometria I
• Ângulos reto, agudo e obtuso
Ângulo reto é todo ângulo congruente a seu suplementar adjacente.
Ângulo agudo é um ângulo cuja medida é menor que um ângulo reto.
Ângulo obtuso é um ângulo cuja medida é maior que um ângulo reto.

Na figura temos: a é agudo, b é obtuso e c é raso


• Ângulo nulo e ângulo raso: pode-se estender o conceito de ângulo para
se ter o ângulo nulo, cujos lados são coincidentes, ou o ângulo raso, cujos
lados são semi-retas opostas.
Acompanhe agora como se constrói um ângulo reto.

Construção do ângulo reto: para construir um ângulo reto sobre uma semi-reta
dada, siga os seguintes passos:

• Trace uma semi-reta Or .

• Com centro em O e raio qualquer, descreva um arco obtendo o ponto A



sobre Or .

39
unidade 1
Universidade Aberta do Brasil

• Centro em A e mesmo raio descreva um arco, obtendo o ponto C; centro


em C, trace o arco para obter D.

Centro em C e em D descreva arcos que se cruzam em E.

ˆ é reto.
Una O com E, e veja que o ângulo AOE

ˆ é ângulo agudo e AOD


Esta construção fornece informações de que AOC ˆ é
ângulo obtuso.

Medida de um ângulo
ˆ , indicada por m( AOB
A medida de um ângulo AOB ˆ ) , é um número real
positivo associado ao ângulo, de forma tal que:
• Ângulos congruentes têm medidas iguais e, reciprocamente,
ângulos que têm medidas iguais são congruentes. Assim,
ˆ ≡ CPD
AOB ˆ ) ≡ m(CPˆ D) ;
ˆ ⇔ m( AOB

40
unidade 1
Geometria I
• Se um ângulo é maior que outro, sua medida é maior que a desse outro:
ˆ > CPD
AOB ˆ ⇔ m( AOB ˆ ) > m(CPˆ D) ;
• A um ângulo soma está associada uma medida
que é a soma das medidas dos ângulos parcelas:
A ' Oˆ ' B ' = AOB
ˆ + COD
ˆ ⇔ m( A ' Oˆ ' B ') = m( AOB
ˆ ) + m(COˆ D) .

Em geral, associa-se um número a um ângulo estabelecendo a razão entre esse


ângulo e outro tomado como unidade.

Unidades de medidas de ângulos


Normalmente a definição que os alunos nos dão quando perguntados sobre
o que é um ângulo reto é a seguinte: é aquele ângulo que mede 90 graus. Mas,
anteriormente, já vimos a definição de ângulo reto: é todo ângulo congruente a seu
suplementar adjacente. Então, por que há 90 graus num ângulo reto?

De acordo com Phillip Jones, não há nenhuma razão para isso a não ser
histórica. Tal fato remonta aos antigos babilônios (4000-3000a.C.) que, ocupados
com a Astronomia e suas conexões com as crenças religiosas, com seu calendário,
com as estações do ano e a época de plantio, desenvolveram um sistema numérico
de base sexagesimal, que utilizava a idéia de valor posicional para frações e para
números inteiros. Especula-se muito a respeito da opção pelos babilônios do uso
do 60. É possível que decorra da facilidade em dividir o círculo em seis partes
iguais utilizando a medida do raio. Ou ainda que sessenta seja o resultado da
divisão de 360 por 6, onde 360 é uma aproximação grosseira do número de dias
do ano. Assim, as justificativas para o surgimento do grau (unidade de medida de
ângulo) são apenas históricas, embora seja o mais popular e menos lógico sistema
de medida angular.

Para medir ângulos, muitos instrumentos são utilizados, dependendo do


caso: o transferidor para medir ângulos em desenhos na prancheta, o teodolito na
topografia e agrimensura e o sextante para medir ângulos na navegação.
Neste caso, interessa a utilização correta do transferidor para se obter êxito na
medição de ângulos.

41
unidade 1
Universidade Aberta do Brasil

Unidade de medida: grau


• Ângulo de um grau (1º) é o ângulo submúltiplo segundo 90 de um ângulo
reto:
ângulo reto
ângulo de um grau =
90

Um ângulo reto tem 90 graus (90º). A medida de um ângulo agudo é menor


que 90º, e a medida de um ângulo obtuso é maior que 90º.

• Ângulo de um minuto (1’) é o ângulo submúltiplo segundo 60 do ângulo


de um grau:

1' = . Um grau tem 60 minutos: 1° = 60' .
60

• Ângulo de um segundo (1’’) é o ângulo submúltiplo segundo 60 do

1'
ângulo de um minuto: 1" = . Um minuto tem 60 segundos: 1' = 60" .
60

Acompanhe algumas operações que se pode efetuar com medidas de ângulos


dadas em graus:
a) 47° 28’ + 37°25’43”= 84°53’43”
b) 53° 38’27” + 105°43’43”= 158°81’70”.
Veja que neste caso tanto os minutos quantos os segundos do valor obtido
como resultado final ultrapassam 60 unidades, então podemos reescrever a
resposta :

42
unidade 1
Geometria I
c)141°45’ - 93°15’ 56” = ?
Veja que neste caso a operação a realizar é a seguinte: 141° 45’ 00” - 93° 15’
56”, o que não permite efetuar a subtração dos segundos. Emprestando um minuto
e transformando-o em 60 segundos, ficamos com o seguinte: 141° 44’ 60” - 93° 15’
56”, sendo possível então efetuar a operação indicada, cujo resultado é 48°29’4’’.
d) 73° 59’ 56” x 2 = 146° 118’ 112”.
Neste resultado, os minutos e segundos ultrapassam as 60 unidades, o que
permite converter 60” dos 112” em 1’, que adicionado aos 118’ leva ao resultado
146° 119’ 52”; em seguida convertendo 60’ dos 119’em 1°, que adicionado aos 146°
resulta finalmente em 147° 59’ 52”.
e) 87°58’ 52’’ ÷ 2 = 87°÷ 2 = 43° e sobra 1° = 60’
Adicionamos esses 60’(resto da divisão dos graus) aos 58’ e temos 60’+58’=
118’, que dividido por 2 = 59’e resta zero dos minutos. Aí é só dividir 52” por 2 e
teremos 26”. Portanto, a resposta é 43° 59’ 26”.

O grau não é a única unidade de medida utilizada para medir ângulos, embora
seja a mais popular. Todos os outros sistemas de medida utilizados, como afirma
Phillip Jones, foram deliberadamente planejados como o grado e o radiano, divididos
decimalmente ou centesimalmente.

Unidade de medida: grado

Ângulo de um grado (1 gr) é o ângulo submúltiplo segundo 100 de um ângulo


ângulo reto
reto: ângulo de um grado = .
100

Submúltiplos do grado: centígrado ou minuto de grado (0,01 gr) e decimiligrado


ou segundo de grado (0,0001 gr).

Para transformar medida dada em graus para grados, e vice versa, é só utilizar regra de
três simples. Acompanhe o exemplo: qual é o equivalente em grados de 45 graus?
90 graus correspondem a 100 grados
45 graus correspondem a X grados; portanto 90 X = 100 x 45 → X = 4500 ÷ 90 = 50
grados.

43
unidade 1
Universidade Aberta do Brasil

Unidade de medida: radiano

Ângulo de um radiano (1rad) é o ângulo definido no centro de um círculo


por um arco de circunferência com o mesmo comprimento que o raio do círculo.

Lembre-se
que uma volta
completa na
circunferência
compreende um
ângulo de 2π rad.

O radiano é a unidade de medida do Sistema Internacional de Unidade para


ângulos planos.

Para converter a medida de um ângulo de uma unidade para outra basta aplicar
uma regra de três simples

Você consegue calcular a quantos grados corresponde um ângulo que mede 3π/2
radianos?

• Ângulos complementares – dois ângulos são complementares se, e


somente se, a soma de suas medidas é 90o. Um deles é o complemento
do outro.

• Ângulos suplementares – dois ângulos são suplementares se, e somente


se, a soma de suas medidas é 180o. Um deles é o suplemento do outro.

• Ângulos replementares – dois ângulos são replementares se, e somente


se, a soma de suas medidas é 360o. Um deles é o replemento do outro.

44
unidade 1
Geometria I
• Ângulos explementares - dois ângulos são explementares se, e somente
se, a diferença de suas medidas é 180o. Um deles é o explemento do
outro.

Observe a linguagem matemática utilizada na tabela a seguir. Ela é muito


importante na resolução de problemas.

Linguagem simbólica da
Linguagem corrente
matemática

um ângulo x

dobro de um ângulo 2.x

um ângulo aumentado de 200 x + 20°

x
a metade de um ângulo mais 100 + 10°
2

o complemento de um ângulo 90° − x

a quinta parte do suplemento de um 180° − x


ângulo 5

o suplemento da quinta parte de um x


180° −
ângulo 5

Determine um ângulo, sabendo que o seu suplemento excede o próprio


ângulo em 70º.
Considere o ângulo procurado x.
O seu suplemento (180º - x)
Se o suplemento excede o ângulo em 70º, para estabelecer a igualdade temos
que escrever: (180º - x) = x + 70º ; e resolvendo a equação temos: x = 55º .

45
unidade 1
Universidade Aberta do Brasil

Utilizando o transferidor – o transferidor é um instrumento utilizado em


construções geométricas manuais, para medir ângulos. Existem diferentes versões
para o transferidor; um dos modelos mais comuns é o mostrado a seguir.

Para medir o ângulo dado a seguir:

Coloca-se o círculo central do transferidor no vértice do ângulo, fazendo um


dos lados do ângulo coincidir com o marco zero do instrumento, como se vê:

46
unidade 1
Geometria I
A medida do ângulo é dada pela leitura do valor observado na graduação do
transferidor onde coincide o outro lado do ângulo.

Você pode divertir-se medindo ângulos ao visitar a página da web:


http://web.educom.pt/pr1305/mat_geometri_angulos.htm

Ainda sobre operações com ângulos – através do transporte de ângulos e


usando os postulados descritos, é possível efetuar operações de adição e subtração de
ângulos, como também construir ângulos cujas medidas sejam múltiplos ou divisores
da medida de um ângulo dado. Em seguida você vai acompanhar como se constroem
ângulos com régua e compasso, dada a sua medida.

Construção de alguns ângulos a partir de outros ângulos dados:


ˆ cuja medida é 60o e outro ângulo AOC
1)Ângulo AOB ˆ de medida 30o.

• Trace uma semirreta Or e com centro em O trace um arco qualquer
obtendo o ponto A.
• Com o mesmo raio e centro em A, trace outro arco que corte o primeiro
em B.

• Trace a semi-reta OB , determinando assim o ângulo de 60º.

• Trace a bissetriz do ângulo de 60º, encontrando o ângulo de 30º.

47
unidade 1
Universidade Aberta do Brasil

2) Ângulo AODˆ cuja medida é 90o , e outro, AOC


ˆ de medida 45o.

• Trace a semi-reta Or .
• Centro em O e raio qualquer, descreva um arco obtendo o ponto A.
• Centro em A e mesmo raio, descreva outro arco obtendo B. Centro em B e
mesmo raio, arco que dá C.
• Centro em B e em C, arcos que se cruzam em D, AOD ˆ é o ângulo reto.
• ˆ = 45o.
Trace a bissetriz do ângulo reto, encontrando o ângulo AOE

3) Divisão do ângulo reto em três ângulos congruentes


• Trace um ângulo reto AOEˆ .
• Trace dois ângulos de 60º, cada um deles a partir de um dos lados do
ângulo reto e situado no seu interior.
• Assim, cada um dos ângulos obtidos mede 30º,
ˆ ) = m( FOB
m( AOF ˆ ) = m( BOE
ˆ ) = 30° .

48
unidade 1
Geometria I
O problema da trissecção de um ângulo, isto é, da divisão de um ângulo
qualquer em três ângulos congruentes, é um problema clássico de solução impossível
apenas com régua e compasso, a não ser por processos aproximados. Você poderá
trissecionar um ângulo utilizando o seguinte processo:
4) Divisão de um ângulo qualquer em três ângulos aproximadamente
congruentes
• Trace um ângulo qualquer de vértice O.
• Centro em O e raio qualquer, descreva uma circunferência que corte os
dois lados do ângulo em A e B.
• Prolongue os lados AO e OB até a circunferência, para obter os pontos C
e D.
• ˆ que corta a circunferência no ponto F.
Trace a bissetriz do ângulo AOB
• Marque na bissetriz a medida OF igual ao raio, encontrando o ponto G.
• Ligue o ponto G a C e a D, encontrando os pontos H e I na
circunferência.
• ˆ em três ângulos
Trace OH e OI que dividem o ângulo qualquer AOB
ˆ e IOB
ˆ , HOI
aproximadamente congruentes: AOH ˆ .

Para fixar os conceitos tratados aqui, você pode visitar o seguinte endereço:
http://pessoal.sercomtel.com.br/matematica/fundam/geometria/geo-ang.htm, no qual
é possível acompanhar alguns exercícios resolvidos. São excelentes exemplos!!!!

49
unidade 1
Universidade Aberta do Brasil

seção 4
Paralelismo e perpendicularidade

Nesta seção, você terá a oportunidade de conhecer melhor o Postulado das


Paralelas. Esse postulado, também conhecido como V Postulado de Euclides, é
muito famoso, devido às inúmeras teorias polêmicas que o cercaram ao longo dos
séculos. Ainda nesta seção, você poderá associar a noção de ângulo reto com a noção
de retas perpendiculares.

Um pouco de história
Segundo Barbosa (2004), Euclides fundamentou a sua geometria em dez
axiomas separados em dois grupos: cinco foram classificados como “noções comuns”
ou axiomas e os outros cinco como postulados. A distinção entre eles não é de todo
clara. Mas Fetissov (1994) afirma que a maioria dos filósofos e matemáticos gregos
distinguia axioma de postulado da seguinte maneira: axioma é uma verdade evidente
por si mesma e comum a todos os campos de estudo; postulado é uma verdade
evidente por si mesma, mas específica de algum campo particular de estudo. Muito
provavelmente Euclides adotou esse pensamento para fundamentar a sua obra “Os
Elementos”. A seguir são apresentados todos eles, para seu conhecimento:
A1. Coisas iguais a uma mesma coisa são iguais entre si.
A2. Adicionando iguais a iguais, obtêm-se resultados iguais.
A3. Subtraindo iguais de iguais, obtêm-se resultados iguais.
A4. Coisas que se podem superpor uma à outra são iguais entre si.
A5. O todo é maior que a parte.
P1. De qualquer ponto pode-se conduzir uma reta a qualquer ponto dado.
P2. Toda reta limitada pode ser prolongada indefinidamente em linha reta.
P3. Com qualquer centro e qualquer raio pode-se descrever um círculo.
P4. Todos os ângulos retos são iguais.
P5. Se uma reta, cortando duas outras, forma ângulos interiores de um
mesmo lado menores que dois ângulos retos, então as duas retas, se prolongadas
indefinidamente, encontrar-se-ão na parte em que os ângulos são menores que dois
retos.

50
unidade 1
Geometria I
Como sabemos, a obra de Euclides se manteve em evidência por muitos
séculos e não escapou ao crivo de inúmeras e profundas análises críticas ao longo
do tempo. Sendo uma obra pioneira, essas análises iriam revelar uma série de falhas
lógicas, levando inúmeros estudiosos a se debruçarem sobre ela, tentando provar sua
inconsistência. O alvo preferido sempre foi o quinto postulado, também conhecido
como postulado das paralelas. Grandes discussões foram estabelecidas em torno
desse postulado, pois sua formulação é bem mais complexa que a dos demais e
seu entendimento não é de pronto que se estabelece, levando muitos matemáticos a
crer que se trata de um teorema demonstrável a partir dos quatro primeiros. Muito
empenho foi feito ao longo dos séculos para isso, mas o resultado obtido foi a
descoberta das geometrias não euclidianas.
A geometria estruturada por Euclides, que considera o ponto como “aquilo
que não tem partes” e a reta como “um comprimento sem largura”, apresenta
definições muito vagas. Mas, como para os gregos a geometria consistia num
estudo sistematizado do espaço material idealizado, as definições de ponto e reta
para Euclides exprimiam visões idealizadas de coisas materiais como um grão
de areia minúsculo e um fio esticado, caracterizando a axiomática usada por ele
como material. A retirada desse conteúdo intuitivo do discurso axiomático adotado
a partir da primeira metade do século XIX, com a descoberta das geometrias não
euclidianas, cria uma modalidade de discurso dito axiomático formal. Em tal linha,
a primeira sistematização formal da Geometria surgiu somente em 1899, na obra
magistral de David Hilbert (1862-1943): Fundamentos da Geometria. Nessa obra,
o autor apresenta formalmente um sistema geométrico euclidiano excessivamente
aprimorado. Hilbert partiu dos conceitos primitivos - ponto, reta e plano - e para
interligar esses elementos e alguns conceitos básicos estabeleceu as relações estar
em, entre e congruente. Também ampliou o conjunto de axiomas para 15, divididos
em cinco grupos: incidência, ordem, congruência, paralelismo e continuidade, como
se pode visualizar no esquema a seguir, preenchendo aceitavelmente todas as falhas
que porventura Euclides houvesse deixado.

51
unidade 1
Universidade Aberta do Brasil

Os axiomas da Geometria Euclidiana são divididos em cinco grupos:


I) Axiomas de incidência Ι 1 − Ι 3
II) Axiomas de ordem Ο 1 − Ο 4
III) Axiomas de congruência C1 - C5
IV) Axioma da paralela P
V) Axiomas de continuidade T1 - T2

Para que você tenha uma idéia geral sobre a estrutura que Hilbert imprimiu
à axiomática euclidiana, consulte o Capítulo 4 - Apêndice da obra de Ledergerber-
Ruoff, Isometrias e Ornamentos no plano euclidiano.
Dessa forma, encerra-se a polêmica em torno da inconsistência da geometria
euclidiana, aceitando-se a existência de outras geometrias distintas dela, que se
apóiam num outro conjunto de axiomas fixados, que são consistentes e suficientes,
garantindo a sua existência mesmo que não exprimam visões idealizadas de objetos
materiais.
Mas como o objeto do seu estudo é a geometria euclidiana, vamos prosseguir
colocando alguns conceitos básicos sobre posições de retas no plano até chegar à
questão do paralelismo e perpendicularidade entre retas.

Posições relativas de duas retas no plano


Duas retas distintas de um mesmo plano podem ser concorrentes ou podem
ser paralelas.
Retas concorrentes: duas retas são concorrentes se, e somente se, elas têm
um único ponto em comum.

52
unidade 1
Geometria I
Retas paralelas: duas retas são paralelas se, e somente se, são coincidentes ou
são coplanares e não têm ponto comum.

Reta transversal a duas retas dadas: se r e s são duas retas distintas, paralelas
ou não, e t uma reta concorrente com r e s, então t é chamada transversal a r e s.

Desse modo, a transversal t e as retas r e s determinam oito ângulos: a, b, c, d,


a’, b’, c’, d’, que recebem nomes especiais:
correspondentes: a e a’, b e b’, c e c’, d e d’;
colaterais internos: c e b’, d e a’;
colaterais externos: a e d’, b e c’;
alternos internos: c e a’, d e b’;
alternos externos: a e c’, b e d’.

Caso haja congruência de dois ângulos alternos externos de um dos pares, por
exemplo, a ≡ c ' , isto implica:
• congruência de todos os pares de ângulos alternos:
c ≡ a ', d ≡ b 'e b ≡ d ', a ≡ c′ ;
• congruência de todos os pares de ângulos correspondentes:
a ≡ a′, b ≡ b′, c ≡ c′, d ≡ d ′ ;
• suplementaridade de todos os pares de ângulos colaterais:
c + b ' = d + a ' = a + d ' = b + c ' = 180° .

53
unidade 1
Universidade Aberta do Brasil

E é com base nestes ângulos especiais, formados por retas cortadas por transversal,
que se pode provar a existência da paralela.

Propriedade: duas retas paralelas cortadas por uma transversal determinam:


• ângulos correspondentes congruentes;
• ângulos alternos congruentes;
• ângulos colaterais suplementares.

Construção da paralela: para construir uma reta r paralela a uma reta s dada,
que passe por um ponto P fora de s, basta seguir as etapas seguintes:
• Trace a reta s e marque o ponto P fora dela.
• Centro em P, trace um arco de raio suficientemente grande que encontre
s no ponto A.

• Centro em A e mesmo raio, trace um arco que encontre s em B.


• Com abertura igual a BP e com centro em A, marque o ponto C sobre o
arco.
• Unindo C com P, r é paralela a s, pois o quadrilátero ABPC tem lados
opostos congruentes, sendo, portanto um paralelogramo.
O postulado seguinte vai nos dar a unicidade da reta paralela a uma reta dada,
passando por um ponto fora dela.

54
unidade 1
Geometria I
Eratóstenes foi o primeiro matemático da Antiguidade que encontrou a medida
da circunferência da Terra com valor mais próximo do atual. Em Matemática ele
é mais lembrado pelo chamado crivo de Eratóstenes, usado para encontrar todos
os números naturais primos menores que um certo número. Mas o maior destaque
entre as suas obras é o manuscrito Geografia, primeiro livro em que se tenta dar
a essa ciência uma base matemática. Você pode saber com detalhes o processo
utilizado por ele para medir a circunferência da Terra no endereço:
http://www.moderna.com.br/moderna/didaticos/ef2/matematica/erato/ , no qual se evidencia
a aplicação dos conhecimentos sobre retas paralelas.

Ângulos de lados paralelos

Propriedades
• Dois ângulos com lados paralelos e de mesmo sentido são congruentes.
   
OA / / O ' A ' e OB / / O ' B ' ⇒ AOˆ B ≡ A ' Oˆ ' B '
De fato, aˆ ≡ bˆ (ângulos correspondentes) e bˆ ≡ aˆ ' (ângulos
correspondentes) ⇒ aˆ ≡ aˆ ' (propriedade transitiva da igualdade),
portanto,
ˆ ≡ A ' Oˆ ' B ' .
AOB
B

a b
O
A
B’

a’
O’
A’

• Dois ângulos com lados paralelos e de sentidos opostos são congruentes.


A B’
O
a

a’
A’ O’ b
B

55
unidade 1
Universidade Aberta do Brasil

   


ˆ ≡ A ' Oˆ ' B '
OA / / O ' A ' e OB / / O ' B ' ⇒ AOB
De fato: bˆ ≡ aˆ ' (ângulos opostos pelo vértice)
aˆ ≡ bˆ (ângulos de lados paralelos de mesmo sentido)
aˆ ≡ aˆ ' (propriedade transitiva da igualdade), portanto,
ˆ ≡ A ' Oˆ ' B '
AOB .

• Dois ângulos, que têm dois lados paralelos e de mesmo sentido e os dois
outros lados paralelos e de sentidos opostos, são suplementares.

B B’

a’
a b
O A A’ O’

 
OB / / O ' B '  ˆ , A ' Oˆ ' B ' são suplementares.
   ⇒ AOB
OA / / O ' A ' 

De fato:
aˆ ≡ bˆ (ângulos de lados paralelos de mesmo sentido)
bˆ + aˆ ' = 180° (ângulos adjacentes e suplementares)
aˆ + aˆ ' = 180° , substituindo b̂ por â , portanto, ˆ e A ' Oˆ ' B '
AOB são
suplementares.

Postulado das paralelas de Euclides: por um ponto passa uma única reta
paralela a uma reta dada.
Este postulado, como você já teve a oportunidade de conhecer no, destaca-se
na lista entre os demais por apresentar um enunciado mais longo e um significado
não tão evidente quanto os outros postulados.
Especula-se que até Euclides relutou em utilizá-lo como postulado, na
esperança de demonstrá-lo a partir dos outros quatro primeiros postulados.

56
unidade 1
Geometria I
Muitos matemáticos ao longo dos séculos tentaram demonstrar o quinto
postulado de Euclides, mas não obtiveram êxito. Foi somente no século XIX que
Janos Bolyai (1802-1860) e Nikolai Lobachevsky (1793-1856), independentemente,
na tentativa de demonstrar o quinto postulado por redução ao absurdo, verificaram
que ao negá-lo se obtinha uma teoria consistente. Surgiu assim a possibilidade de
outra geometria, negando-se o quinto postulado de Euclides. Mais tarde, outras
geometrias surgiram. Somente com Beltrami (1868) provou-se que, se a geometria
euclidiana é consistente, então a geometria hiperbólica também o é, constatando-
se assim que era impossível demonstrar o quinto postulado já que não havia
contradição lógica quando se consideravam os quatro primeiros postulados e um
quinto que contraria o quinto postulado de Euclides..

Portanto, o recíproco do teorema da existência da paralela pode ser demonstrado


assim:
Teorema: se duas retas paralelas são cortadas por uma transversal, então os
ângulos alternos internos são congruentes.

t
t
x
P P
b r b r
b’

a a
s s

Se r e s são retas distintas e r // s, então â ≡ bˆ .


∧ ∧
De fato: suponhamos que os ângulos alternos internos a e b não sejam
congruentes.
Seja x uma reta que passa por P formando com s e t os ângulos alternos
internos aˆ e bˆ ' .
Pelo teorema da existência aˆ ≡ bˆ ' ⇒ x / / s . Por P teríamos duas retas distintas
x e r, ambas paralelas à reta s, o que contraria o postulado das paralelas. Logo,
â ≡ bˆ .

57
unidade 1
Universidade Aberta do Brasil

Uma condição necessária e suficiente para que duas retas distintas sejam
paralelas é formarem, com uma transversal, ângulos alternos ou correspondentes
congruentes.

Dadas duas retas paralelas r e s, determine os valores de x :

a)

b)

Perpendicularismo
• Retas perpendiculares – duas retas são perpendiculares se, e somente
se, são concorrentes e formam ângulos adjacentes suplementares
congruentes.
∧ ∧
r ⊥ s ⇔ r ∩ s = {P } e r1 Ps1 ≡ s1 Pr2 , onde
 
r1 e r2 são semi-retas opostas de r com origem
 
em P, e s1 e s 2 são semi-retas opostas de s com

origem em P.

∧ 
Um ângulo r1 Ps1 é reto se a semi-reta r1 é

perpendicular à semi-reta s1 .
58
unidade 1
Geometria I
Construção da perpendicular: agora, você irá construir uma reta perpendicular
por um ponto P não contido em uma reta r dada. Siga os passos para a construção:
● Trace uma reta r e marque um ponto P acima de r.
● Com centro em P e abertura qualquer do compasso, trace um arco de
circunferência que corta r em dois pontos A e B.
● Com centro em A e mesma abertura do compasso, trace um arco abaixo de
r e centro em B, corte o arco anterior obtendo o ponto Q.
● Ligue o ponto P ao ponto Q e a reta que passa pelos dois pontos é a
perpendicular pedida.

A B r

• Retas oblíquas – se duas retas são concorrentes e não são perpendiculares,


então elas são oblíquas.
Se r ∩ s = {P } e r não é perpendicular a s, então r e s são oblíquas.

59
unidade 1
Universidade Aberta do Brasil

Teorema: existência e unicidade da perpendicular


• Num plano, por um ponto P de uma reta r existe uma única reta s
perpendicular à reta dada r.

Demonstração:

Considere a reta r e o ponto P pertencente a r. Utilizando o postulado do

transporte de ângulos e sendo r1 uma das semi-retas de r, construímos o ângulo



r1 Ps1 congruente a um ângulo reto.

A reta s é perpendicular a r, pois r1 Ps1 é um ângulo reto.

Se duas retas distintas x e y, com x ≠ y , passando por P, fossem ambas

perpendiculares a r, teríamos:

x ⊥ r em P ⇒ r1 Px1 é congruente ao ângulo reto;

y ⊥ r em P ⇒ r1 Py1 é congruente ao ângulo reto.
 
Se Px1 é distinta de Py1 o resultado acima contradiz o postulado do transporte

de ângulos. Logo, a reta perpendicular à r por P é única.

Sabendo como se constrói uma perpendicular, você já pode aproveitar seus


conhecimentos para traçar a mediatriz de um segmento, lembrando que:

Mediatriz – a mediatriz de um segmento é a reta perpendicular ao segmento


pelo seu ponto médio.

60
unidade 1
Geometria I
Construção da mediatriz de um segmento: para construir a mediatriz de um
segmento dado, basta seguir as etapas seguintes:
• Trace um segmento de reta AB .

• Com centro em A e raio igual à medida de AB , trace dois arcos: um acima


e outro abaixo do segmento AB .

• Agora, com o mesmo raio e centro em B, corte os dois arcos obtendo os


pontos P e Q.

• Ligue os pontos P e Q obtendo a reta PQ , que é a mediatriz de AB .

Nesta unidade, você teve a oportunidade de conhecer um pouco mais sobre as


idéias de Euclides, de aprofundar seus conhecimentos a respeito dos entes geométricos
fundamentais da geometria euclidiana (como ponto, reta, segmento de reta, semi-reta,
ângulos), bem como de algumas propriedades que esses elementos podem apresentar
quando ocupam posições especiais, como paralelismo e perpendicularismo. Na
unidade II, você terá a oportunidade de revisar e complementar seus conhecimentos
sobre os triângulos.

61
unidade 1
Universidade Aberta do Brasil

• Leia o artigo Euclides, Geometria e Fundamentos, de Geraldo Ávila, em


Explorando o ensino da Matemática. Vol. I., Capítulo 4, p.199. Faça
o download gratuito do livro em http://www.dominiopublico.gov.br/
download/texto/me000544.pdf

• Leia os textos do professor Marco Braitt, da Universidade Federal de Santa


Catarina (UFSC), em http://www.mtm.ufsc.br/~msbraitt/capitulo_II.pdf

Lógica dedutiva e método axiomático
http://www.mtm.ufsc.br/~msbraitt/capitulo_III.pdf

Geometria de Incidência

• Se quiser saber mais sobre as tentativas dos matemáticos para demonstrar


o quinto postulado de Euclides, visite a página:
http://www.educ.fc.ul.pt/docentes/opombo/seminario/quintoposteucl/index.
htm e ficará impressionado(a) com o número delas.

1. Indique se as afirmativas são verdadeiras ou falsas:

a) Há infinitas retas no espaço. ( )


b) Três pontos distintos são sempre colineares. ( )
c) Quatro pontos, todos distintos, determinam duas retas. ( )
d) Por quatro pontos, todos distintos, pode passar uma só reta. ( )
e) Três pontos distintos são sempre coplanares. ( )
f) Dado um ponto, existe uma reta que o contém. ( )
g) Três pontos pertencentes a um plano são sempre colineares. ( )

62
unidade 1
Geometria I
2. Dê a recíproca de cada afirmação e indique seu valor lógico (verdadeira ou
falsa):

a) Um quadrado é um paralelogramo com um ângulo reto.


b) Um polígono eqüilátero é um polígono regular.
c) Dois ângulos retos são suplementares.
d) Uma pessoa nascida no Brasil é cidadã brasileira.
e) Um escultor é uma pessoa de talento.
f) Um triângulo é um polígono.
g) Um polígono é uma figura bidimensional.

3. Baseado nos axiomas vistos até aqui, argumente para justificar as seguintes
proposições:

a) Quaisquer que sejam os pontos A e B, se A é distinto de B, então existe


uma reta m tal que A∈m e B∈m.
b) Quaisquer que sejam os pontos P e Q e as retas r e s, se P é distinto de Q e
P e Q pertencem às retas r e s, então r ≡ s .
c) Duas retas distintas (não coincidentes) ou não se interceptam, ou se
interceptam em um único ponto.

4. Classifique em verdadeiro ou falso:


a) Se dois segmentos são consecutivos, então eles são colineares.
b) Se dois segmentos são colineares, então eles são consecutivos.
c) Se dois segmentos são adjacentes, então eles são colineares.
d) Se dois segmentos são colineares, então eles são adjacentes.
e) Se dois segmentos são adjacentes, então eles são consecutivos.
f) Se dois segmentos são consecutivos, então eles são adjacentes.

5. Se o segmento FG = 28cm
cm, calule x:

6. Determine PQ se FG = 28
28cm
cm

63
unidade 1
Universidade Aberta do Brasil

7. Se M é o ponto médio de FQ , determine a medida de FQ :

8. M, P e Q são três pontos distintos de uma reta. Se M está entre P e Q, que


relação deve ser válida entre os segmentos PM , QM e PQ ?

9. P, Q e R são três pontos distintos de uma reta. Se o segmento PQ é igual


ao triplo do segmento QR e o segmento PR mede 32 cm, determine as medidas
dos segmentos PQ e QR .

10. Complete o quadro abaixo, convertendo cada medida de ângulo dado, nas
outras duas unidades:

GRAUS GRADOS RADIANOS


3

1000
3


4

11. Efetue as operações indicadas com as medidas de ângulos:


a) 28º 48’25”+ 38º 25’38” =

b) 36º 23’17”- 12º 45’23” =

c) 28º 17’46” ⋅ 3 =

d) 19º 45’19” ÷ 3 =

12. A soma de dois ângulos adjacentes é 120°. Calcule a medida de cada ângulo,
sabendo que a medida de um deles é o triplo da medida do outro menos 40°.

64
unidade 1
Geometria I
13. As bissetrizes de dois ângulos consecutivos formam um ângulo de 80°.
Calcule esses dois ângulos, sabendo que a medida de um deles é igual a 3/5 da
medida do outro.

14. Dois ângulos estão na relação 4/9. Sendo 130° a sua soma, determine o
complemento do menor.

15. Determine as medidas de dois ângulos suplementares, sabendo que o dobro


de um deles, somado com a sétima parte do outro, resulta 100°.

16. Demonstre que as bissetrizes de dois ângulos adjacentes e suplementares


formam ângulo reto.

17. Determine o valor de a nos casos:

a) b)
30

a 45

c) d)

a
a

152 147

65
unidade 1
Universidade Aberta do Brasil

18. Considerando x//y, determine os valores de a e b:


a) b)

x 3a  10 x
a 115

55 b b 2a
y y

c) d)
7a  9
x x
120

a a y y
3 8a  9

RESPOSTAS Dos exercícios de aprendizagem

1.
a) V
b) F
c) F
d) V
e) V
f) V
g) F

2.
a) O paralelogramo com um ângulo reto é um quadrado. (F)
b) Um polígono regular é um polígono eqüilátero. (V)
c) Dois ângulos suplementares são retos. (F)
d) Uma pessoa cidadã brasileira é nascida no Brasil. (F)
e) Uma pessoa de talento é um escultor. (F)
f) Um polígono é um triângulo. (F)
g) Uma figura bidimensional é um polígono. (F)

66
unidade 1
Geometria I
3.
a) Pode-se justificar esta afirmativa com o axioma: “por dois pontos distintos
passa uma única reta”.
b) Se ambos os pontos distintos P e Q pertencem às retas r e s, elas só podem
ser coincidentes, pois dois pontos distintos definem uma única reta.
c) Se elas se interceptarem em dois pontos não serão retas distintas e sim
coincidentes.

4.
a) F
b) F
c) V
d) F
e) V
f) F

5. x=9

6. PQ = 29 cm

7. x = 12 e FQ = 24

8. PM + MQ = PQ
9. Há duas possibilidades:
• se Q está entre P e R, a solução é PQ = 24cm
cm e QR = 88cm
cm
• se R está entre P e Q, a solução é PQ = 48cm
cm e QR = 16
16cm
cm

67
unidade 1
Universidade Aberta do Brasil

10.

GRAUS GRADOS RADIANOS


120º 400/3 3

1000 25p
π
300º 3 3


135º 150º 4

11.
a) 66º 73’63”= 67º 14’3”

b) 36º 22’77”- 12º 45’23” = 35º 82’77”- 12º 45’23” = 23º 37’54”

c) 84º 51’138” = 84º 53’18”

d) 6º 35’ 6,33”

12. 80° e 40°


13. 60° e 100°
14. 50°
15. 40° e 140°.

x y
16. Se x + y = 180º , então + =?
2 2
É só dividir a primeira igualdade por 2 e teremos o valor de 90º.

17. a) a = 30º b) a = 135º c) a = 152º d) a = 33º.

18.
a) a = 125º e b = 65º
b) a = 20º e b = 50º
c) a = 45º
d) a = 12º

68
unidade 1
Geometria I

69
unidade 1
70
Universidade Aberta do Brasil

unidade 1
Geometria I
UNIDADE II
Triângulos

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
■■ Classificar triângulos.
■■ Diferenciar os pontos notáveis em triângulos e suas propriedades.
■■ Reconhecer triângulos congruentes e aplicar os casos de
congruência.
■■ Reconhecer triângulos semelhantes e aplicar os casos de
semelhança.
■■ Sintetizar as relações métricas em triângulos retângulos.
■■ Aplicar as relações métricas em triângulos quaisquer.

ROTEIRO DE ESTUDOS
■■ SEÇÃO 1 - Caracterização dos triângulos

■■ SEÇÃO 2 - Congruência e pontos notáveis em triângulos

■■ SEÇÃO 3 - Semelhança de triângulos

■■ Seção 4 - Relações métricas em triângulos retângulos

■■ Seção 5 - Relações métricas em triângulos quaisquer

71
unidade 2
1
Universidade Aberta do Brasil

PARA INÍCIO DE CONVERSA


No início do estudo dos polígonos será considerado o mais simples entre todos
e aquele que possui o menor número de lados: o triângulo. As formas triangulares são
muito utilizadas em estruturas de sustentação nos mais variados tipos de construção,
devido à estabilidade que conferem.
Uma aplicação magnífica das estruturas triangulares são os pavilhões
“Espaçonave Terra” e “Imaginação”, do parque temático Epcot Center. Você pode
observar que essas estruturas são totalmente concebidas com base em triângulos que
dão sustentação necessária à forma complexa dos pavilhões.

Retirado de http://pt.wikipedia.org/wiki/Epcot

Spaceship Earth (Espaçonave Terra) Imagination! (Imaginação)

O Epcot é um dos quatro parques temáticos do complexo Walt Disney World


em Lake Buena Vista, Flórida, nos Estados Unidos. Ele foi o segundo parque a ser
construído no complexo da Disney World, sendo inaugurado em 1982. Até 1994 foi
chamado de EPCOT Center, que significa Experimental Prototype Community
of Tomorrow (Protótipo de Comunidade Experimental do Amanhã), conceito
desenvolvido por Walt Disney perto do fim de sua vida. Era uma “comunidade do
futuro” que foi projetada para estimular corporações americanas a ter novas idéias
para a vida urbana. O EPCOT Center é dividido em duas partes: o World Showcase
(Mostruário do Mundo), em que países de diferentes regiões possuem pavilhões e é
possivel encontrar um ambiente típico de cada país, e o Future World (Mundo do
Futuro), onde o visual do parque é um agregado moderno, e as inovações tecnológicas
são as principais atrações. No Future World há vários pavilhões que examinam
aspectos inovativos e programas de tecnologia. Alguns desses pavilhões (atrações)

72
unidade 2
Geometria I
são distintamente marcados como parte do “Mundo do Futuro”. São eles:

Spaceship Earth (Espaçonave Terra)


Innoventions
Universe of Energy (Universo de Energia)
Mission: SPACE (Missão: Espaço)
Test Track (Pista de Teste)
The Seas with Nemo and Friends (Os Mares com Nemo e Amigos)
The Land (O Terreno)
Imagination! (Imaginação).

No exemplo apresentado você pode perceber a grandiosidade da estrutura


triangular e toda beleza que ela pode gerar, quando se usam de maneira inteligente
suas propriedades.
Nesta unidade, você entrará em contato com as estruturas triangulares e suas
principais propriedades e aplicações. Aproveite para conhecer melhor essas formas
que, apesar de tão simples, guardam importantes conclusões formalizadas pela
matemática.
Bons estudos!

73
unidade 2
Universidade Aberta do Brasil

seção 1
Caracterização de triângulos

Iniciamos este estudo definindo sistematicamente o triângulo, seus elementos


e classificação.
Definição: dados três pontos A, B e C, não alinhados, à reunião dos segmentos
AB , AC e BC chama-se triângulo ABC.
Indicação: triângulo ABC = ∆ ABC = AB ∪ AC ∪ BC

Elementos
Os pontos A, B e C são os vértices do ∆ ABC.
Os segmentos AB , de medida c; AC , de medida b; e BC , de medida a, são
os lados do triângulo.
Os ângulos BAC ˆ ou  , ABC ˆ ou Ĉ são os ângulos internos do
ˆ ou B̂ e ACB
triângulo.
Os lados AB , AC e BC e os ângulos Ĉ , B̂ e  são respectivamente
opostos.
Interior e exterior
O interior de um triângulo é uma região convexa. Os pontos do interior do
triângulo são os pontos internos ao triângulo.
O exterior de um triângulo é uma região côncava. Os pontos do exterior do
triângulo ABC são pontos externos ao ∆ ABC. A reunião do triângulo com seu interior
é uma superfície triangular ou superfície do triângulo.

Classificação
Os triângulos podem ser classificados quanto aos lados e quanto aos ângulos.
Considerando a medida dos seus lados, podem ser:
a) eqüilátero – quando têm os três lados congruentes;
b) isósceles – quando têm no mínimo dois lados congruentes, o terceiro lado
é chamado base;
c) escaleno – quando não têm lados congruentes.

74
unidade 2
Geometria I
1) Construção do triângulo eqüilátero
Construir um triângulo eqüilátero sendo conhecida a medida l de seu lado.

• Trace uma semi-reta AX .
• Transporte a medida l do lado sobre ela, a partir de A, obtendo o ponto B.
• Com centro em B e mesmo raio l trace outro arco para obter o ponto C.
O triângulo ABC é eqüilátero de medida l, isto é: AB ≡ BC ≡ AC .

2) Construção do triângulo isósceles


Dados a base b e o lado l, construir um triângulo isósceles.

• Trace uma semi-reta AX .
• Transporte a medida da base b sobre ela, a partir de A, obtendo o ponto
B.
• Centro em A e em B, trace os arcos (A, l) e (B, l) que se cortam no ponto
C.
O triângulo ABC é isósceles de base b e lados l, ou AC ≡ BC .

75
unidade 2
Universidade Aberta do Brasil

3) Construção do triângulo escaleno


• Construir um triângulo sendo conhecidas as medidas de seus três lados.

• Trace uma semi-reta BX e transporte sobre ela a medida do lado a,
obtendo o ponto C.
• O vértice A é obtido pela interseção dos arcos (B, c) e (C, b).
O triângulo ABC é um triângulo escaleno e ele existe desde que cada um dos
lados seja menor que a soma dos outros dois.

Considerando a medida dos seus ângulos, os triângulos classificam-se em:


a) Retângulo – quando o triângulo apresenta um ângulo reto. O lado oposto
ao ângulo reto é sua hipotenusa, e os outros dois lados são os catetos do triângulo.
Pode-se afirmar também que os lados adjacentes ao ângulo reto são os catetos do
triângulo retângulo.
b) Acutângulo – quando o triângulo apresenta os três ângulos agudos.
c) Obtusângulo – quando o triângulo apresenta um ângulo obtuso.

76
unidade 2
Geometria I
1) Construção do triângulo retângulo.
Construir um triângulo retângulo em  dados os catetos b e c.

• Trace uma semi-reta AX .
• Transporte a medida de c sobre ela, obtendo o ponto B.
• Trace o ângulo reto na extremidade A.
• Transporte a medida de b sobre esta perpendicular, obtendo o ponto C.
• Ligue B e C e o triângulo ABC é retângulo.

2) Construção do triângulo acutângulo


Construir um triângulo acutângulo dados o lado de medida a e os ângulos
Bˆ = 60° e Cˆ = 45° .

• Trace uma semi-reta BX .
• Transporte sobre ela a medida do lado a, obtendo o ponto C.
• Construa em B o ângulo de 60º e em C o ângulo de 45º.
• A interseção dos lados dá origem ao vértice A.
Assim, o triângulo ABC é acutângulo.

77
unidade 2
Universidade Aberta do Brasil

3) Construção do triângulo obtusângulo


Construir um triângulo obtusângulo dado o ângulo Bˆ = 120° .
• Trace um segmento BC .
• Construa o ângulo de 120º em B, determinando o ponto A.
• Ligando A com C temos o triângulo ABC, que é obtusângulo.

Relembrado os principais elementos relativos aos triângulos, sua classificação


e construção, você verá a partir da próxima secção os seus pontos notáveis e a noção
de congruência tão importante para demonstrar os itens fundamentais da Geometria
Plana.

seção 2
Congruência e pontos notáveis em triângulos

Definição: um triângulo é congruente a outro se, e somente se, é possível


estabelecer uma correspondência entre seus vértices de modo que seus lados sejam
ordenadamente congruentes aos lados do outro e seus ângulos sejam ordenadamente
congruentes aos ângulos do outro.

78
unidade 2
Geometria I
Construa um triângulo ABC:
• Utilize o postulado do transporte de segmento.
• Construa outro triângulo A’B’C’ congruente ao triângulo ABC.

• Assim, definida a correspondência A ↔ A ' , B ↔ B ' e C ↔ C '


• Entre os triângulos ABC e A’B’C’, se Aˆ ≡ Aˆ ' , Bˆ ≡ Bˆ ' , Cˆ ≡ Cˆ ' , AB ≡ A ' B '
AC ≡ A ' C ' e BC ≡ B ' C ' , tem-se que os dois triângulos são congruentes,
denotando-se por ∆ABC ≡ ∆A ' B ' C ' .

Casos de congruência
Para verificar a congruência entre dois triângulos pela definição, seria preciso
verificar a igualdade entre as medidas dos seis elementos, isto é, se são iguais as
medidas entre os três lados e entre os três ângulos correspondentes. Mas nem sempre
é possível tal verificação, pois existem condições mínimas para que dois triângulos
sejam congruentes, que são os chamados casos ou critérios de congruência. Nesses
casos é estabelecido um número mínimo de elementos que, se verificados e constatados
que são congruentes, não há necessidade de verificar os demais. Normalmente são
apenas três elementos do par de triângulos necessários para determinar se ambos
os triângulos são congruentes. Mas não pense que são três elementos quaisquer
para se verificar e afirmar que os triângulos são congruentes. Fique atento aos casos
apresentados a seguir, pois em cada um deles são ditos quais os elementos que se
deve verificar para afirmar com segurança se a congruência entre eles existe.
Acompanhe com atenção cada caso e faça um resumo dos casos que estudar.

79
unidade 2
Universidade Aberta do Brasil

1o caso: (Axioma) se dois triângulos têm ordenadamente congruentes dois


lados e o ângulo compreendido entre eles, então eles são congruentes. Caso L.A.L.
(lado, ângulo, lado).

Veja uma aplicação deste caso.

Teorema do triângulo isósceles: “Se um triângulo tem dois lados congruentes,


então os ângulos opostos a esses lados são congruentes”.

Para demonstrar este teorema, considere os triângulos ABC e ACB, isto é, o


triângulo isósceles ABC considerado e o seu simétrico ACB, onde os pontos A, B e C
estão associados aos homólogos A, C e B.

Exemplo 1: observe os triângulos I, II e III a seguir.

80
unidade 2
Geometria I
Pode-se afirmar que os triângulos I e III são congruentes, pois ambos possuem
os lados 9 e 12 e o ângulo compreendido por eles, de medida 55º .

Exemplo 2: se o triângulo ABC é isósceles de base AC , determine o valor


de x.
Aˆ = 2 x − 20  Cˆ = x + 30  .

Solução: como o triângulo é isósceles, os ângulos da base são iguais. Então,


2 x - 20° = x + 30° ⇒ x = 50°

Uma aplicação importante do primeiro caso de congruência de triângulos


(LAL) é na demonstração do teorema do ângulo externo. Você já conhece os ângulos
internos de um triângulo e os ângulos externos são seus suplementares adjacentes.
Veja a figura: no triângulo ABC, prolongamos o lado BC passando pelo ponto D. O
ângulo DCA ˆ é o ângulo externo adjacente ao ângulo Ĉ . O ângulo ê é o suplementar
adjacente de Cˆ '

B C D

81
unidade 2
Universidade Aberta do Brasil

Teorema do ângulo externo: um ângulo externo de um triângulo é maior que


qualquer um dos ângulos internos não adjacentes.

A
R

B C Z

Hipotése Tese
(∆ABC onde ê externo adjacente a Cˆ ) ⇒ (eˆ > Aˆ e eˆ > Bˆ )

Para demonstrar este teorema considere o ponto M médio de AC e R



pertencente à semi-reta BM , tal que BM ≡ MR .
Pelo caso LAL, ∆BAM ≡ ∆RMC , temos BAM ˆ ≡ RCˆ M .
ˆ , vem que ê > RCM
Como R é interno ao ângulo ê = ACZ ˆ .
Assim, ê > Aˆ .
Procedendo de maneira análoga, considerando o ponto médio de BC e usando
os ângulos opostos pelo vértice, chegamos a ê > Bˆ .

2o caso: se dois triângulos têm ordenadamente congruentes um lado e os


dois ângulos a ele adjacentes, então esses triângulos são congruentes. Caso A.L.A.
(ângulo, lado, ângulo).

Hipótese Tese
∆ABC onde Bˆ ≡ Bˆ '; BC ≡ B ' C '; Cˆ ≡ Cˆ ' ⇒ ∆ABC ≡ ∆A′B′C ′

Vamos provar que AB ≡ A ' B ' , assim recai no primeiro caso LAL.

82
unidade 2
Geometria I

Utilizando o transporte de segmentos marcamos na semi-reta B ' A ' um ponto
Z, de forma que B ' Z ≡ BA :

BC ≡ B ' C ' 
 LAL ^ ^
Cˆ ≡ Cˆ '  ⇒ ∆ABC ≡ ∆ZB ' C ' ⇒ B C A ≡ B ' C ' Z

BA ≡ B´Z 

Pela hipótese, ˆ ≡ B ' Cˆ ' A '


BCA e como ˆ ≡ B ' Cˆ ' Z
BCA e
com o transporte de segmento garantimos que Z = A' interceptam-
se em um único ponto Z = A ' . Disto temos que B ' A ' ≡ BA . Assim
( )
LAL
BA ≡ B ' A ' ; Bˆ ≡ Bˆ ' ; BC ≡ B ' C ' ⇒ ∆ABC ≡ ∆A ' B ' C '
Utilizando o segundo caso ALA, é possível provar a recíproca do teorema
do triângulo isósceles (que se obtém trocando a hipótese pela tese), que pode ser
enunciado assim: “Se um triângulo possui dois ângulos congruentes, então esse
triângulo é isósceles”.

Tente provar o recíproco do teorema do triângulo isósceles. Para isso mostre


que AB = AC , use a hipótese, o caso de congruência de triângulos ALA e
compare o triângulo ABC com o triângulo ACB.

83
unidade 2
Universidade Aberta do Brasil

Verifique que, nos triângulos abaixo, embora todos tenham ângulos de medida
85° e 30° e um lado medindo 7 unidades, somente I e III são congruentes. Isto porque
o lado congruente (7) deve ser comum aos dois ângulos congruentes, caso contrário
não se encaixa no caso ALA.

3o caso: se dois triângulos têm ordenadamente congruentes os três lados, então


eles são congruentes. Caso: L.L.L. (lado, lado, lado)

Hipótese Tese
AB ≡ A ' B '; BC ≡ B ' C '; AC ≡ A ' C ' ⇒ ∆ABC ≡ ∆A ' B ' C '

Para demonstrar esse teorema vamos utilizar o transporte de segmentos e de


ângulos para obtermos um ponto Z, de forma que:
C’

A’ D B’

84
unidade 2
Geometria I
ZAˆ ' B ' ≡ CAB
ˆ e A ' Z ≡ AC sendo que Z está no semi-plano oposto ao

de C’ em relação à reta A ' B ' . Assim, como A ' Z ≡ AC e AC ≡ A ' C ' temos
A' Z ≡ A'C '

Sendo o ponto D a intersecção de C ' Z com reta A ' B ' .

AB ≡ A ' B ' 
 LAL
ZAˆ ' B ' ≡ CÂB  ⇒ ∆ABC ≡ ∆A ' B ' Z ⇒ ZB ' ≡ CB ⇒ ZB ' ≡ C ' B '

A ' Z ≡ AC 

A ' Z ≡ A ' C ' ⇒ ∆A ' C ' Z é isósceles de base C ' Z ⇒ A ' Cˆ ' Z ≡ A ' ZˆC '
ZB ' ≡ C ' B ' ⇒ ∆B ' C ' Z é isósceles de base C ' Z ⇒ B ' Cˆ ' Z ≡ B ' ZˆC '

Somando ou subtraindo A'Cˆ ' Z ≡ A ' ZC


ˆ ' e B'Cˆ ' Z ≡ B ' ZCˆ ' (conforme D seja
interno ou não ao segmento A ' B ' ) chega-se a A'Cˆ ' B ' ≡ A ' ZB
ˆ '.
E, finalmente, considerando os resultados:
A ' Z ≡ A ' C ' , A'Cˆ ' B ' ≡ A ' ZB
ˆ ' e ZB ' ≡ C ' B ' ⇒ ∆A ' B ' C ' ≡ ∆A ' B ' Z
e, por conseguinte, considerando ∆ABC ≡ ∆A ' B ' Z ⇒ ∆ABC ≡ ∆A ' B ' C '

Acompanhe o exemplo a seguir:

Dentre os triângulos dados, quais são os congruentes?


Resolução: o par de triângulos que pode ser considerado congruente é I e III,
pelo caso LAL, pois o ângulo que é congruente é adjacente aos lados congruentes. O
que não acontece no triângulo II.

85
unidade 2
Universidade Aberta do Brasil

4º caso: se dois triângulos têm ordenadamente congruentes um lado, um ângulo


adjacente e o ângulo oposto a esse lado, então esses triângulos são congruentes.
Caso: LAA0 (Lado, Ângulo e Ângulo oposto)

 BC ≡ B ' C '

Hipótese:  Bˆ ≡ Bˆ ' ⇒ Tese: ∆ABC ≡ ∆A ' B ' C '
 ˆ ˆ
 A ≡ A '

Demonstração
Há três possibilidades para AB e A ' B ' :
1a) AB ≡ A ' B ' 2a) AB < A ' B ' 3ª) AB > A ' B '

Se a 1a possibilidade se verifica, temos:


LAL
AB ≡ A ' B ', Bˆ ≡ Bˆ ', BC ≡ B ' C ' ⇒ ∆ABC ≡ ∆A ' B ' C '

Se a 2a se verificasse, tomando um ponto X na semi-reta BA tal que
BX = A ' B ' , teríamos:
LAL
XB ≡ A ' B ', Bˆ ≡ Bˆ ', BC ≡ B ' C ' ⇒ ∆ABC ≡ ∆A ' B ' C ' ⇒ Xˆ ≡ Aˆ ⇒ Aˆ ≡ Aˆ ' ,
o que é absurdo, de acordo com o teorema do ângulo externo no ∆AXC . Logo, a 2a
possibilidade não se verifica.
A 3a possibilidade também não se verifica, pelo mesmo motivo, com a diferença
que X estaria entre A e B.
Como só pode ocorrer a 1a possibilidade, temos: ∆ABC ≡ ∆A´B´C´ .

Algumas aplicações dos casos de congruência envolvem a verificação de


algumas propriedades dos triângulos. A seguir, apresentamos duas delas, enunciadas
na forma de teoremas:

Teorema 1: em todo triângulo, qualquer ângulo externo é igual à soma dos dois
ângulos internos não adjacentes a ele.

86
unidade 2
Geometria I
Demonstração:

A
E

x
y
B C D


Por C traçamos a reta CE paralela a AB , determinando os ângulos x̂ e ŷ .

Assim: CE / / AB ⇒ xˆ ≡ Aˆ (ângulos alternos)


CE / / AB ⇒ yˆ ≡ Bˆ (ângulos correspondentes)
Somando as duas relações, temos:
xˆ + yˆ = Aˆ + Bˆ ⇒ ACD
ˆ = Aˆ + Bˆ

Teorema 2: a soma das medidas dos ângulos internos de um triângulo é


igual a dois retos.
Demonstração: seja o ∆ABC , a reta r paralela ao lado BC e passando pelo
vértice A. Consideremos os ângulos aˆ , bˆ e cˆ , como aparecem na figura.
A
c r
b
a

B C

aˆ + bˆ + cˆ = 180°
Bˆ ≡ bˆ (ângulos alternos internos; r // BC e AB é transversal)
Cˆ ≡ cˆ (ângulos alternos internos; r // BC e AC é transversal)
Como Aˆ ≡ aˆ , temos: Aˆ + Bˆ + Cˆ = 180°

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unidade 2
Universidade Aberta do Brasil

Dado o triângulo isósceles ABC, de base BC , calcular o valor do ângulo do


vértice, sabendo que o ângulo da base excede em 15º o seu valor.
A

x  15 x  15
B C

Resolução: sabendo que os ângulos da base medem x+15º e que a soma dos
ângulos internos de um triângulo é 180º, temos:
( x + 15º ) + ( x + 15º ) + x = 180º
3 x + 30  = 180 
x = 50º .

Caso especial de congruência de triângulos retângulos: se dois triângulos


retângulos têm ordenadamente congruentes um cateto e a hipotenusa, então esses
triângulos são congruentes.
B B’

C A C’ A’ X

Hipótese Tese
Aˆ ≡ Aˆ ' (retos), AB ≡ A ' B ', BC ≡ B ' C ' ⇒ ∆ABC ≡ ∆A ' B ' C '

Para demonstrar este caso considere um ponto X na semi-reta oposta à semi-reta



A ' C ' , tal que A ' X ≡ AC .

LAL
AB ≡ A ' B ', Aˆ ≡ Aˆ ', AC ≡ A ' X ⇒ ∆ABC ≡ ∆A ' B ' C ' ⇒ BC ≡ B ' X e Cˆ ≡ Xˆ

Como BC ≡ B ' C ' e BC ≡ B ' X , então B ' C ' ≡ B ' X ⇒ ∆B ' C ' X é isósceles.

88
unidade 2
Geometria I
Como ∆B ' C ' X é um triângulo isósceles de base C ' X temos Cˆ ' ≡ Xˆ .
Sendo Cˆ ' ≡ Xˆ e Cˆ ≡ Xˆ ⇒ Cˆ ≡ Cˆ '
Considerando agora os triângulos ABC e A ' B ' C ' , temos:
LAA 0
BC ≡ B ' C ', Cˆ ≡ Cˆ ', Aˆ ≡ Aˆ ' ⇒ ∆ABC ≡ ∆A ' B ' C '

Nos triângulos abaixo, verificar quais os pares congruentes.

Observe que o par de triângulos congruentes é I e III, pelo caso especial de


congruência de triângulos retângulos. Note que os lados congruentes são um cateto
e a hipotenusa.

CASOS DE CONGRUÊNCIA DE TRIÂNGULOS


1º Caso: L.A.L. (lado, ângulo, lado)
2º Caso: A.L.A. (ângulo, lado, ângulo)
3º Caso: L.L.L. (lado, lado, lado)
4º Caso: L.A.Ao. (lado, ângulo e ângulo oposto)
Caso especial de congruência de triângulos retângulos

Desigualdades geométricas
Teorema 1: se dois lados de um triângulo não são congruentes, então os
ângulos opostos a esses lados não são congruentes, e o ângulo maior é oposto ao

89
unidade 2
Universidade Aberta do Brasil

maior lado.
Teorema 2: se dois ângulos de um triângulo não são congruentes, então
os lados opostos a eles não são congruentes, e o lado maior é o oposto ao ângulo
maior.
* Em todo triângulo retângulo cada cateto é menor que a hipotenusa.
Desigualdade triangular: em todo triângulo a medida de cada lado é menor
que a soma das medidas dos outros dois.
Demonstração: consideremos ABC um triângulo qualquer para mostrar que
BC < AB + AC .


Seja D um ponto da semi-reta oposta à semi-reta AC tal que AD ≡ AB .
DC = DA + AC ou DC = AB + AC .
ˆ ≡ ABˆ D , e como A está entre C e
O ∆ADB é então isósceles com base BD , e ADB
D, temos:
ˆ ≡ DBˆ A < DBC
BDC ˆ e no ∆DBC pelo teorema 1 temos BC < DC
Como DC = AB + AC , temos BC < AB + AC , e a afirmação se verifica.

Nota: Se a, b e c são as medidas dos lados de um triângulo, podemos ter três


condições:
a < b + c, b < a + c e c < a + b.

a <b+c 
 
Isto é: b < a +c ⇔ b−c < a   ⇔ b−c < a < b+c
c < a +b ⇔ c−b < a  ⇔ b−c < a 
  

Exemplo 1: é possível construir um triângulo que tenha como lados segmentos


de medida 9 cm, 4 cm e 17 cm?
Solução: a condição de existência de qualquer triângulo é que cada lado seja

90
unidade 2
Geometria I
menor que a soma dos outros dois. Então 17 < 9 + 4? Certamente esta afirmativa é
equivocada. Assim, concluímos que é impossível construir um triângulo com tais
medidas para os lados.

Exemplo 2: se dois lados de um triângulo medem respectivamente 7 cm e 23


cm, quanto poderá medir o terceiro lado, sabendo que é inteiro e múltiplo de 13?
Solução: considere que a medida do lado desconhecido é x. O
valor de x deve obedecer à condição de existência do triângulo, que é
23 − 7 < x < 23 + 7 ⇒ 16 < x < 30
Os inteiros compreendidos no intervalo de 17 a 29 inclusive, e ainda múltiplo
de 13 se resumem ao número 26.
Resposta: o terceiro lado do triângulo mede 26 cm.

Pontos notáveis no triângulo


Mediana de um triângulo é o segmento cujas extremidades são um vértice e
o ponto médio do lado oposto.

M1 é o ponto médio de BC ⇒ AM 1 é mediana;


M2 é o ponto médio de AC ⇒ BM 2 é mediana;
M3 é o ponto médio de AB ⇒ CM 3 é mediana.

Todo triângulo possui três medianas que se encontram num mesmo ponto G,
denominado baricentro ou centro de gravidade do triângulo.

Você pode fazer uma experiência num triângulo qualquer de papelão. Trace as
três medianas, obtendo o ponto de interseção ou baricentro. Em seguida, utilizando
este ponto de interseção, tente apoiá-lo na ponta de um lápis. Você percebe que ele
ficará em equilíbrio, o que não acontece ao tentar utilizando qualquer outro ponto
do triângulo. Por isso, baricentro é também conhecido como ponto de equilíbrio do
triângulo.

91
unidade 2
Universidade Aberta do Brasil

Trace o triângulo ABC de lados AB = 8 u.m. , AC = 6, 5 u.m. e BC = 7 u.m. e


determine o seu baricentro.
• Trace com a régua os três segmentos. Agora, trace um segmento na
horizontal e transporte o segmento AB de 8 u.m. sobre esse segmento.
• Com abertura do compasso igual ao do segmento AC e com centro em
A, trace um arco; e com centro em B e abertura do compasso igual ao
segmento BC , trace outro arco que intercepta o primeiro resultando o
vértice C do triângulo.
• Em seguida, trace a mediatriz do lado AB , para determinar o ponto médio
M 1 , a mediatriz do lado AC para determinar o ponto médio M 2 , e do
lado BC para determinar o ponto médio M 3 .
• Ligue o vértice A ao ponto médio M 3 , o vértice B ao ponto médio M 2 e
o vértice C ao ponto médio M 1 . O segmento AM 3 é a mediana relativa
ao lado BC , assim como BM 2 é a mediana relativa ao lado AC e CM 1
é a mediana relativa ao lado AB .
O ponto de interseção G das três medianas é o baricentro do triângulo ABC.

Propriedade: em todo triângulo, o baricentro divide cada mediana em


segmentos que são proporcionais a 2 e 1. Isso equivale a dizer que o maior desses
segmentos é o dobro do menor.

92
unidade 2
Geometria I
Altura de um triângulo – Se de um vértice do triângulo, traçarmos
uma perpendicular ao lado oposto ou ao seu prolongamento, o segmento dessa
perpendicular, cujas extremidades são o vértice e a interseção da reta que contém o
lado oposto ou o seu prolongamento com a perpendicular, é a altura relativa a esse
lado.

AH 1 = perpendicular à reta BC ⇒ AH 1 = altura relativa ao lado BC .

Todo triângulo possui três alturas que se encontram num ponto H chamado
ortocentro.

Trace o triângulo ABC de lados AB = 10 u.m., BC = 8 u.m. e AC = 5 u.m. e


determine o seu ortocentro.
• Trace com a régua os três segmentos. Construa o triângulo de modo
análogo ao anterior.
• Trace o segmento AH 1 perpendicular ao lado BC , o segmento BH 2
perpendicular ao lado AC e o segmento CH 3 perpendicular ao lado AB
• O ponto de interseção H das três alturas é o ortocentro do triângulo ABC.

93
unidade 2
Universidade Aberta do Brasil

No triângulo acutângulo, o ortocentro será sempre um ponto situado no interior


do triângulo. Isto é uma regra que vale também para o triângulo obtusângulo e para
o triângulo retângulo? Execute a construção de cada caso no programa C.a.R., para
facilitar a visualização e verifique o que ocorre.

Bissetriz – se traçarmos a bissetriz de um ângulo de um triângulo, o segmento


dessa bissetriz, cujas extremidades são o vértice do ângulo e a interseção com o lado
oposto, é a bissetriz do ângulo desse triângulo.

AS 1 = bissetriz do ângulo  ⇒ AS 1 = bissetriz do ângulo  do ∆ABC .

Todo triângulo tem três bissetrizes que se encontram num ponto chamado
incentro. Este ponto fica eqüidistante (a igual distância) de todos os lados do
triângulo. É o centro da circunferência inscrita no triângulo.

94
unidade 2
Geometria I
Trace o triângulo ABC de lados AB = 5 u.m. , BC = 6 u.m. e AC = 5 u.m. e
determine o seu incentro.
• Trace com a régua os três segmentos. Agora, trace um segmento na
horizontal e transporte o segmento AB de 5 u.m. sobre este segmento.
• Com centro em A e abertura do compasso igual ao do segmento AC , trace
um arco; com centro em B e abertura do compasso igual ao segmento BC ,
trace outro arco que intercepta o primeiro no ponto C do triângulo.
• Em seguida, trace a bissetriz do ângulo A para obter o ponto B1 ,a bissetriz
do ângulo B para obter o ponto B 2 e a bissetriz do ângulo C para obter o
ponto B3 .
• Ligue o vértice A a B1 , o vértice B a B 2 e o vértice C a B3 .
O ponto de interseção I das três bissetrizes é o incentro do triângulo ABC.

Construa o triângulo ABC de lados AB= 6 u.m., BC= 7 u.m. e AC= 7 u.m. e
trace duas das mediatrizes referentes a dois lados do triângulo. A seguir, construa
uma circunferência com centro no ponto de interseção das duas mediatrizes e que
passe por um dos vértices do triângulo. O que você observa?

95
unidade 2
Universidade Aberta do Brasil

Se O é ponto de interseção das três mediatrizes dos lados do triângulo, O é o


circuncentro, então as distâncias de O aos vértices do triângulo são iguais.

TEOREMA DE TALES
Tales (  640-564  a.C.) iniciou sua vida como mercador.
Tornando-se rico o bastante para dedicar a parte final de sua
vida ao estudo e algumas viagens. Considerado um dos sete
sábios da Antiguidade, foi também introdutor da Geometria na
Grécia.
Viveu algum tempo no Egito despertando admiração por
calcular a altura de uma pirâmide por meio da sombra.

O Teorema de Tales utiliza alguns termos matemáticos peculiares, além


de lançar mão de algumas propriedades para sua demonstração. Para que você
possa compreendê-lo claramente, é necessário que se familiarize com os termos e
propriedades que aparecem ao longo das demonstrações.
Procure localizar no desenho ilustrativo e acompanhe as definições:
• Um conjunto de retas paralelas entre si e coplanares é dito feixe de retas
paralelas.
• Uma reta coplanar ao feixe e concorrente com todas as retas do feixe é
chamada de transversal do feixe de retas paralelas.
• Os pontos das transversais que estão numa mesma reta do feixe são
denominados pontos correspondentes de duas transversais.
• Os segmentos cujas extremidades são os respectivos pontos correspondentes
denominam-se segmentos correspondentes de duas transversais.

96
unidade 2
Geometria I
A e A’, B e B’, C e C’, D e D’ são pontos correspondentes; AB e A ' B ', CD e C ' D '
são segmentos correspondentes.

TEOREMA DE TALES
Se duas retas são transversais de um feixe de retas paralelas, então a razão
entre dois segmentos quaisquer de uma delas é igual à razão entre os respectivos
segmentos correspondentes da outra.

Hipótese Tese
AB e CD segmentos de uma transversal, AB A ' B '
⇒ =
e A ' B ' e C ' D ' são os correspondentes da outra CD C ' D '

Demonstração

Existe um segmento x que é submúltiplo de AB e de CD .

AB = px  ÷ AB p
⇒ = (1)
CD = qx  CD q

Conduzindo retas do feixe pelos pontos de divisão de AB e CD (vide figura)


e aplicando a propriedade anterior, vem:

A ' B ' = px '  ÷ A ' B ' p


⇒ = (2)
C ' D ' = qx '  C ' D ' q
AB A ' B '
Comparando (1) e (2), temos: = .
CD C ' D '

97
unidade 2
Universidade Aberta do Brasil

Se r, s e t são paralelas de um feixe, calcule o comprimento do segmento x:


r

x 18
s

7 10
x
8
10 x  18  7
7 t x  12, 6
10

Você consegue fazer cálculos algébricos com segmentos?


Esses cálculos já eram efetuados por Euclides. Como? Aplicando o teorema
de Tales.
Tais cálculos permitiam obter o produto e o quociente de dois segmentos,
o segmento médio proporcional entre dois segmentos, o inverso de um segmento
e a raiz quadrada de um segmento. Ficou curioso para saber como? Acompanhe o
aprenda a construir o que segue e veja como é legal operar com segmentos!

98
unidade 2
Geometria I
Dados os segmentos de medida a e de medida b, podemos construir o segmento
produto a.b. Então, o procedimento é o seguinte:
• Trace um segmento na horizontal e outro segmento de modo que forme
um ângulo de medida arbitrária.
• Transporte o segmento unidade determinando o ponto A; a partir de A
transporte o segmento a, obtendo o ponto B.
• Agora transporte o segmento b sobre o outro segmento, obtendo o ponto
C.
• Trace pelo ponto B, o segmento paralelo a AC , obtendo o ponto D. O
segmento CD = x é a solução, porque pelo Teorema de Tales temos
1 a
= ⇒ x = a.b .
b x
1 a b

1 A a B

99
unidade 2
Universidade Aberta do Brasil

Tomando por base a construção feita anteriormente, você seria capaz de elaborar
uma construção para obter o segmento quociente de dois segmentos dados?

TEOREMAS DAS BISSETRIZES

1. Teorema da bissetriz interna


Uma bissetriz interna de um triângulo divide o lado oposto em segmentos
(aditivos) proporcionais aos lados adjacentes.

Sendo ABC o triângulo de lados com medidas a, b e c, AD uma bissetriz

x y
interna DB = x e DC = y ⇒ =
c b

O lado BC = a é dividido em dois segmentos aditivos x + y = a.


Assim temos:
Hipótese Tese
x y
AD bissetriz interna do Aˆ ⇒ =
c b

100
unidade 2
Geometria I
Demonstração

E E

b b

A A

1 2

c b c b

4
x y
B D C B D C

Traçando por C uma paralela à bissetriz AD , obtendo um ponto E na reta


  
AB (CE // AD) .
Estabelecendo que BAD ˆ = 1,ˆ DACˆ = 2,
ˆ AEC
ˆ = 3ˆ , e ACˆ E = 4ˆ , temos:
 
CE // AD ⇒ 1ˆ ≡ 3ˆ (correspondentes)
 
CE // AD ⇒ 2ˆ ≡ 4ˆ (alternos internos)
De acordo com a hipótese 1ˆ ≡ 2ˆ , decorre que 3ˆ ≡ 4ˆ .
Se 3ˆ ≡ 4ˆ ⇒ ∆ACE é isósceles de base CE ⇒ AE ≡ AC ⇒ AE = b.

 
Considerando BC e BE como transversais do feixe de retas paralelas e
aplicando o teorema de Tales, vem:

x c x y
= ⇒ = .
y b c b

A bissetriz interna do ângulo A de um triângulo ABC divide o lado oposto em


dois segmentos BS = 9cm e SC = 16cm . Sabendo que AB = 18cm , calcule a medida
de AC . B
9
AC AB
S 
CS BS
18 AC 18

16 16 9
AC  32cm

C A 101
unidade 2
Universidade Aberta do Brasil

2. Teorema da bissetriz externa


Se a bissetriz de um ângulo externo de um triângulo intercepta a reta que
contém o lado oposto, então ela divide esse lado oposto externamente em segmentos
(subtrativos) proporcionais aos lados adjacentes.

Considerando ABC um triângulo de lados com medida a, b e c,



AD a bissetriz externa de  com D na reta BC
x y
DB = x e DC = y , teremos: = .
c b

O lado BC = a é dividido externamente em segmentos subtrativos :


x – y = a.
Hipótese Tese
x y
 Aˆ
AD bissetriz externa do ⇒ =
c b

Demonstração
F
A A
c 2 c
b 1 b
E 3 b E b
4

B C D B C D
y
x

Trace por C uma paralela à bissetriz AD ,


  
marcando um ponto E na reta AB (CE // AD) .
Fazendo CADˆ = 1ˆ, DAF
ˆ = 2ˆ , AECˆ = 3ˆ e ACE
ˆ = 4ˆ , temos:
 
CE // AD ⇒ 2ˆ ≡ 3ˆ (correspondentes)
 
CE // AD ⇒ 1ˆ ≡ 4ˆ (alternos internos)
Pela hipótese 1ˆ ≡ 2ˆ , então 3ˆ ≡ 4ˆ .

102
unidade 2
Geometria I
Se 3ˆ ≡ 4ˆ ⇒ ∆ACE é isósceles de base CE ⇒ AE ≡ AC ⇒ AE = b .
 
Considerando BC e BE como transversais do feixe de retas paralelas
e aplicando o teorema de Tales, vem:

x c x y
= , ou seja, = .
y b c b

Exemplo: os lados de um triângulo medem AC = 20cm, BC = 30cm e AB = 40cm.

Resolução:
A

B S x C y P

Sendo AS a bissetriz interna do ângulo A e AP a bissetriz externa do ângulo A,


calcule SP .
Aplicando o teorema da bissetriz interna temos:
x 30 − x
= ⇒ x = 10cm
20 40
Aplicando o teorema da bissetriz externa temos :
y 30 + y
= ⇒ y = 30cm
20 40
SP = x + y ⇒ SP = 10 + 30 ⇒ SP = 40cm

103
unidade 2
Universidade Aberta do Brasil

seção 3
Casos de semelhança de triângulos

A teoria da semelhança entre figuras constitui ferramenta importante na área


da Engenharia e Arquitetura, na ampliação e redução de plantas, mapas, fotografias
e maquetes. A precisão nas formas idênticas entre duas figuras deverá obedecer
à mesma proporção entre suas dimensões. Vamos introduzir alguns conceitos e
critérios para os casos de semelhança, principalmente quando se trata de triângulos.
Um conceito já apresentado foi o de congruência de triângulos. Mas qual a diferença
entre congruência e semelhança?

Definição: dois triângulos são semelhantes se, e somente se, possuem os três
ângulos correspondentes congruentes e os lados correspondentes proporcionais. Os
lados de dois triângulos são proporcionais quando a razão entre quaisquer dois lados
correspondentes é igual a uma mesma constante k. Os triângulos semelhantes têm a
mesma forma, mas não necessariamente o mesmo tamanho.

Considere os triângulos ABC e DEF:

∆ ABC ∼ ∆ DEF , com a correspondência que leva A em D, B em E e C em F.

AB BC CA
m( Aˆ ) = m( Dˆ ), m( Bˆ ) = m( Eˆ ), m(Cˆ ) = m( Fˆ ) e = = =k
DE EF FD

O quociente comum (k) entre as medidas dos lados correspondentes é chamado


de razão de proporcionalidade ou razão de semelhança entre os dois triângulos. Se
dois triângulos são congruentes, então são semelhantes com k=1.

104
unidade 2
Geometria I
Os triângulos ABC e DEF são semelhantes. Os lados do triângulo DEF
têm medidas DE= 3 cm, DF= 4 cm e EF= 5 cm, e o lado AB do triângulo ABC
tem medida de 6 cm. Vamos obter a razão de semelhança dos triângulos e os outros
dois lados de ABC.

D
b a
3 4

E 5 F

A 6 B

AB BC AC 6 a b
∆ABC ∼ ∆DEF ⇒ = = ⇒ = =
DE EF DF 3 4 5

A razão de semelhança é 2:

a b
= = 2 ; a= 8 e b= 10. Os outros dois lados são BC=a=8 cm e AC=b=10 cm.
4 5

O teorema seguinte é conhecido por teorema fundamental da semelhança de


triângulos.
Teorema: se uma reta é paralela a um dos lados de um triângulo e intercepta
os outros dois em pontos distintos, então o triângulo que ela determina é semelhante
ao primeiro.

Hipótese Tese

DE / / BC ⇒ ∆ADE ∼ ∆ABC

105
unidade 2
Universidade Aberta do Brasil

Demonstração: para provar a semelhança entre os triângulos ADE e ABC,


os ângulos terão que ser ordenadamente congruentes e os lados correspondentes
proporcionais.

Ângulos congruentes: DE / / BC ⇒ Dˆ ≡ Bˆ e Eˆ ≡ Cˆ (ângulos correspondentes)
e  ângulo comum.
AD AE
Lados proporcionais: pelo teorema de Tales, = .
AB AC

Pelo ponto E construir EF paralela a AB , com F em BC , resultando em um
paralelogramo BDEF, onde DE ≡ BF .
Pelo teorema de Tales:

AE DE AD AE DE
= , logo, = =
AC BC AB AC BC

Conclusão: como os ângulos são congruentes e os lados proporcionais,


∆ADE ∼ ∆ABC .
Vejamos agora que existem condições mínimas que garantem a semelhança
entre dois triângulos.
Caso 1: se dois triângulos possuem dois ângulos ordenadamente congruentes,
então eles são semelhantes.

Hipótese Tese
∆ABC ; ∆DEF ; Aˆ ≡ Dˆ ; Bˆ ≡ Eˆ ⇒ ∆ABC ∼ ∆DEF

106
unidade 2
Geometria I
Demonstração:
Vamos supor que os triângulos não são congruentes e que AB > DE . Seja G
um ponto de AB tal que AG ≡ DE e considere o triângulo AGH com Gˆ ≡ Eˆ e H no
lado AC .
Temos Aˆ ≡ Dˆ , AG ≡ DE , Gˆ ≡ Eˆ e pelo caso de congruência ALA, os
triângulos AGH e DEF são congruentes, portanto AH ≡ DF e GH ≡ EF .
Se Bˆ ≡ Eˆ e Eˆ ≡ Gˆ ⇒ Bˆ ≡ Gˆ e GH / / BC , pode-se aplicar o teorema de
Tales onde:
AB AC BC
= = ⇒ ∆ABC ∼ ∆AGH ⇒ ∆ABC ∼ ∆DEF .
AG AH GH

Nos triângulos I e II, Aˆ ≡ Dˆ e Bˆ ≡ Eˆ , determine a e b.

 Aˆ ≡ Dˆ

Pelo primeiro caso de semelhança  DE ≡ AB pode-se garantir que os
 ˆ ˆ
 B ≡ E
triângulos são semelhantes e determinar a razão de semelhança k por meio dos lados
10 6 8
BC e EF , ou seja, = 2, logo, = 2 ⇒ a = 3 e = 2 ⇒ b = 4.
5 a b

Caso 2: se existir uma proporção entre dois lados, e os ângulos formados


pelos lados forem congruentes, então os triângulos são semelhantes.

Hipótese Tese
AB AC
= = k e Aˆ ≡ Dˆ ⇒ ∆ABC ∼ ∆DEF 107
DE DF unidade 2
Universidade Aberta do Brasil

Demonstração: sejam G e H pontos de AB e AC tais que


AG ≡ DE e AH ≡ DF .
AB AC
Pelo teorema de Tales, temos = , GH e BC são paralelos e
AG AH
Bˆ ≡ Gˆ e Cˆ ≡ Hˆ porque são ângulos correspondentes.
Pelo caso de congruência LAL, os triângulos AGH e DEF são congruentes,

portanto, Gˆ ≡ Eˆ e Hˆ ≡ Fˆ . Então, Bˆ ≡ Eˆ e Cˆ ≡ Fˆ e ∆ABC ∼ ∆DEF .

Na figura AB é paralelo a DE , sendo AB=5, AC=6, BC=7 e DE=10.


Calcule CD .

ˆ e DCE
Os ângulos ACB ˆ são opostos pelo vértice, então ACB
ˆ ≡ DCE
ˆ .
Pelo segundo caso de semelhança, se a razão de semelhança entre os lados AB e
DE é k, então a razão entre os lados BC e CD e entre AC e CE também é k.
5 7 1 6 1
Fazendo CD = x, temos: = k e = ⇒ x = 14 e = ⇒ y = 12
10 x 2 y 2

Caso 3: se dois triângulos têm os lados correspondentes proporcionais, então


eles são semelhantes. A
D H

E F G

B C
Hipótese Tese
AB AC BC
= = =k ⇒ ∆ABC ∼ ∆DEF
DE DF EF
108
unidade 2
Geometria I
Demonstração:
Para provar a semelhança dos triângulos ABC e DEF devemos mostrar que
Aˆ ≡ Dˆ ; Bˆ ≡ Eˆ ; Cˆ ≡ Fˆ .
Seja o ∆GHI de tal forma construído que:
Aˆ ≡ Gˆ , DF ≡ GH e DE ≡ GI
Assim temos:
AB AC
= e como Aˆ ≡ Gˆ
GI GH

Pelo caso de semelhança de triângulos vem:


∆ABC  ∆GHI
E podemos escrever a proporção:
AB BC
=
GI HI

Da hipótese e como DF ≡ GH e DE ≡ GI temos:


AB AC BC BC
= = =
DE DF EF HI

Assim EF ≡ HI , pelo caso de congruência LLL vem:


∆DEF  ∆GHI
Sabemos que ∆ABC  ∆GHI , logo ∆ABC  ∆DEF .

Na figura, AB / / ED , AB ⊥ BD , ED ⊥ BD , DE = 4cm , CD = 2cm ,


BC = 6cm . Calcule a medida de AB = x . Verifique se os triângulos ABC e EDC são
semelhantes.

Pelo terceiro caso de semelhança, se a razão


de semelhança entre os lados AB e ED é k, então
a razão entre os lados BC e DC e entre AC e EC
também é k.

x 6
Logo, = ⇒ x = 12 cm e a razão é k = 3
4 2
.
Os triângulos ABC e EDC são semelhantes.

109
unidade 2
Universidade Aberta do Brasil

CASOS DE SEMELHANÇA DE TRIÂNGULOS

1º Caso: A.A. (ângulo, ângulo)

2º Caso: L. A. L (lado, ângulo, lado)

3º Caso: L. L. L. (lado, lado, lado)

Para construir um triângulo RST semelhante ao triângulo eqüilátero ABC, de


lado igual 3 u.m., de modo que a razão de semelhança seja
5
k = , você deve cumprir os passos seguintes:
3
• Trace um segmento AB de 3 u.m. de comprimento, com abertura do
compasso igual ao segmento AB e centro em A trace um arco; com centro
em B que corte o primeiro arco, resultando no vértice C do triângulo
ABC.
• Agora divida o lado AB em três partes congruentes, prolongue este lado
e marque mais duas partes determinando o ponto S.
• Trace uma paralela ao lado BC que passa pelo ponto S, obtendo o ponto
T.
• O vértice R é coincidente com o vértice A e o triângulo RST é semelhante
RS ST RT 5
ao triângulo ABC, pois = = = .
AB BC AC 3

110
unidade 2
Geometria I
seção 4
Relações métricas no triângulo retângulo

Os triângulos retângulos possuem outros segmentos, além da hipotenusa e dos


catetos, que você irá conhecer a partir de agora.

Observe os triângulos. Se ABC é um triângulo retângulo em A e conduzindo


AD perpendicular a BC , com D em BC , você terá os seguintes elementos:
BC = a é a medida da hipotenusa,
AC = b e AB = c são as medidas dos catetos,
AD = h é a medida da altura relativa à hipotenusa,
BD = m é a medida da projeção do cateto c sobre a hipotenusa,
CD = n é a medida da projeção do cateto b sobre a hipotenusa.

Note que a altura AD divide o triângulo ABC em dois outros triângulos DBA
e DAC. Vamos provar que esses triângulos são semelhantes.

∆ABC ∼ ∆DBA , pois Aˆ ≡ Dˆ , ambos são ângulos retos e B é ângulo


comum.
∆ABC ∼ ∆DAC , pois Aˆ ≡ Dˆ , ambos são ângulos retos e C é ângulo comum;
logo, ∆ABC ∼ ∆DBA ∼ ∆DAC

A A A

c b c b
h h

B a C B m D D n C

111
unidade 2
Universidade Aberta do Brasil

Da semelhança desses triângulos vamos deduzir as relações métricas entre os


elementos do triângulo retângulo ABC.
∆ABC ∼ ∆DBA

a c a b b c
= ⇒ c 2 = am, = ⇒ bc = ah, = ⇒ ch = bm
c m c h h m

∆ABC ∼ ∆DAC

a b a c b c
= ⇒ b 2 = an, = ⇒ bc = ah, = ⇒ bh = cn
b n b h n h

∆DBA ∼ ∆DAC

h m c m c h
= ⇒ h 2 = mn, = ⇒ ch = bm, = ⇒ bh = cn
n h b h b n

Observe que as relações métricas encontradas são:


b 2 = an c 2 = am h 2 = mn bc = ah bh = cn ch = bm

Lembramos que a média proporcional de dois segmentos r e s é o segmento x


que, com os segmentos dados, forma as seguintes proporções:

r x x s
= ou = ⇒ x 2 = rs ou ainda x = rs
x s r x

A média proporcional de r e s coincide com a média geométrica de r e s.

Em qualquer triângulo retângulo:

Cada cateto é média proporcional entre as medidas da hipotenusa e de sua


projeção sobre ela.
b 2 = an c 2 = am

A medida da altura é média proporcional entre as medidas dos segmentos


que ela determina sobre a hipotenusa.
h 2 = mn

112
unidade 2
Geometria I
O produto das medidas dos catetos é igual ao produto da medida da hipotenusa
pela medida da altura a ela relativa.
bc = ah

O produto de um cateto pela altura relativa à hipotenusa é igual ao produto


do outro cateto pela projeção do primeiro sobre a hipotenusa.
bh = cn ch = bm

Demonstração do Teorema de Pitágoras

Existem muitas demonstrações para o Teorema de Pitágoras. Uma demonstração


simples, que decorre imediatamente dos resultados sobre semelhança de triângulos,
será agora apresentada.
Teorema de Pitágoras: o quadrado da medida da hipotenusa é igual a soma
dos quadrados das medidas dos catetos.

Hipótese Tese
22 2 2
∆ABC , Â = 90º ⇒ ( BC AC )+2 +AB
BC) = (AC ( AB) 2

Demonstração
Para provar essa relação, basta somar membro a membro b 2 = an e c 2 = am
e sendo m+n=a, temos:
b 2 + c 2 = an + am
b 2 + c 2 = a ( m + n)
2 2 2
b 2 + c 2 = a 2 ou a 2 = b 2 + c 2 ou ainda, BC = AC + AB

Esse é um dos resultados mais conhecidos da Geometria Plana.

Num triângulo retângulo, os catetos medem 5 e 2 5 cm.


Calcule: a) a hipotenusa; b) as projeções dos catetos; c) a altura relativa
à hipotenusa.
Resolução:

113
unidade 2
Universidade Aberta do Brasil

a) Calculamos a hipotenusa pelo teorema de Pitágoras.


a²=b²+c² ⇒ a 2 = ( 5) 2 + (2 5) 2 ⇒ a² = 5 + 4.5 ⇒ a² = 25 ⇒ a = 5cm

b) Já que a hipotenusa está determinada, podemos calcular m pela fórmula


c 2 = am
( 5) 2 = 5 ⋅ m m = 1cm

Como m+n= a, podemos calcular n: m+n= a ⇒ 1+n= 5 ⇒ n= 4cm

c) Por fim, podemos calcular h na relação h² = mn


h² = mn ⇒ h² = 1.4 ⇒ h = 2cm

Algumas aplicações do teorema de Pitágoras


Diagonal do quadrado: um quadrado de lado l é um paralelogramo em que a
diagonal d divide-o em dois triângulos retângulos de hipotenusa d e catetos iguais a
l. Pelo teorema de Pitágoras, d²=l²+l² e, portanto, d = l 2 .

Altura do triângulo eqüilátero: a altura h de um triângulo eqüilátero de lado l


coincide com a mediatriz do lado e divide-o em dois triângulos retângulos congruentes
de hipotenusa igual a l e catetos iguais a l/2 e h. Pelo teorema de Pitágoras:
2
l 3 2 3
l 2 = h2 +   h2 = l h= l
2 4 2

114
unidade 2
Geometria I
seção 5
Relações métricas em triângulos quaisquer

Você estudou vários tipos de triângulos, como eqüiláteros, retângulos, isósceles,


obtusângulos, além de outros. Verificou que os triângulos possuem propriedades e
relações especiais conforme sejam constituídos. Mas uma pergunta interessante a ser
lançada seria esta: quais relações utilizar para calcular os elementos de um triângulo,
se ele não apresenta nenhuma peculiaridade em especial? Existem relações métricas
para triângulos quaisquer?
Com certeza, a resposta é sim. E você vai conhecer algumas delas.
Acompanhe com atenção!

RELAÇÕES MÉTRICAS

Num triângulo qualquer, sendo conhecidas as medidas de dois lados e a


projeção de um sobre outro e que o ângulo formado por esses dois segmentos seja
agudo ou obtuso, pode-se estabelecer uma relação com a medida do terceiro lado:
a) se o ângulo for agudo: “o quadrado do lado oposto a esse ângulo é igual
a soma dos quadrados dos outros dois lados menos o dobro do produto de um dos
lados pela projeção do outro sobre ele”

Hipótese Tese
ˆ
Se A < 90° e m = proj de b sobre c ⇒ a = b + c 2 − 2 ⋅ cm
2 2

115
unidade 2
Universidade Aberta do Brasil

b) se o ângulo for obtuso: “o quadrado do lado oposto a esse ângulo é igual


a soma dos quadrados dos outros dois lados mais o dobro do produto de um dos
lados pela projeção do outro sobre ele”

Hipótese Tese
Aˆ > 90 0 e m = proj de b sobre c ⇒ a 2 = b 2 + c 2 + 2 ⋅ cm

Vamos demonstrar ambos os casos simultaneamente:

Conduzindo CD = hc = altura relativa ao lado c, vem :


a 2 = hc2 + ( c  m ) 
T . Pit 2
∆CDB → 2 2 2 2 2
T . Pit 2 2 2
 ⇒ a = b − m + c  2cm + m ⇒
∆CDA → hc = b − m 

a 2 = b 2 + c 2 − 2cm a 2 = b 2 + c 2 + 2cm
triângulo acutângulo triângulo obtusângulo

Determine o valor das incógnitas x e y nos exercícios abaixo:

116
unidade 2
Geometria I
25 2 = 12 2 + 17 2 + 2 ⋅ 12 ⋅ x
625 − 144 − 289
9 2 = 12 2 + 5 2 − 2.12.x =x
24
x=8
81 − 144 − 25 88
=x⇒ x=
−24 24
17 2 = y 2 + 8 2
11 y 2 = 289 − 64
x=
3 y = 15

Teorema dos Cossenos


Em qualquer triângulo, o quadrado de um lado é igual à soma dos quadrados
dos outros dois lados menos duas vezes o produto desses dois lados pelo cosseno do
ângulo por eles formado.

C
C

a a
b
b 180  A
m c
m cm D A B
A D B cm
c

No VABC : a 2 = b 2 + c 2 − 2cm (1) No VABC : a 2 = b 2 + c 2 + 2cm (2)


m m
No VCDA : cos A= ⇒ No VCDA : cos (180º −  A) = ⇒
b b

m = b.cos A substituindo m em (1) : 
m = b.(− cos A) substituindo m em (2) :
a 2 = b 2 + c 2 − 2c (b.cos 
A) a 2 = b 2 + c 2 − 2c (−b.cos 
A)

a 2 = b 2 + c 2 − 2bc.cos 
A

Para os dois casos:


Analogamente temos:
b 2 = a 2 + c 2 - 2ac.cos Bˆ
c 2 = a 2 + b 2 − 2ab.cos Cˆ

117
unidade 2
Universidade Aberta do Brasil

Reconhecimento da natureza de um triângulo


Conhecendo-se as medidas dos lados de um triângulo e chamando a maior
delas de a e as outras duas de b e c, lembrando que reconhecemos a natureza de um
triângulo com base nas equivalências abaixo:

a2 < b2 + c2 ⇒ triângulo acutângulo


2 2 2
a =b +c ⇒ triângulo retângulo
2 2 2
a >b +c ⇒ triângulo obtusângulo

As demonstrações imediatas dessas equivalências são decorrentes dos dois


itens anteriores.

Determine x nos triângulos quaisquer:

a) b)

3 2 x
3 x 5
45
7 7

a) Resolução: neste exemplo procura-se o valor do lado oposto ao ângulo


agudo sendo conhecidos os dois lados do ângulo conhecido. Pela lei dos
cossenos temos:
x 2 = (3 2) 2 + 7 2 − 2.3 2.7.cos 45 0
2
x 2 = 18 + 49 − 42 2.
2
x 2 = 67 − 42 ⇒ x = 25 ⇒ x = 5

b) Resolução: neste exemplo procura-se o valor de um ângulo sendo


conhecidos os três lados do triângulo. Primeiro verificamos qual a natureza
do triângulo.
7 2 > 5 2 + 3 2 obtusângulo.
7 2 = 5 2 + 3 2 − 2.5.3.cos x
49 − 34 15
cos x = − ⇒ cos x = −
30 30
1 0
Pela lei dos cossenos temos: cos x = − 2 ⇒ x = 120
118
unidade 2
Geometria I
Nesta unidade, você teve a oportunidade de se dedicar ao estudo dos
triângulos, acompanhando com detalhes a congruência de triângulos, que constitui
uma ferramenta necessária e amplamente utilizada em muitas demonstrações na
Geometria. Estudou também alguns elementos dos triângulos como bissetriz,
mediana, incentro. Além disso, usou o teorema de Tales para resolver problemas
que envolvem proporcionalidade de segmentos. Verificou ainda a semelhança de
triângulos, na qual uma figura possui a mesma forma, porém pode ter a medida dos
lados aumentada ou diminuída de acordo com uma proporção. E pôde concluir que
a congruência de triângulos pode ser vista como um caso particular de semelhança.
Também utilizou o teorema de Pitágoras em algumas situações-problema e verificou
que há relações que podem ser usadas em qualquer triângulo, diferentemente do
teorema de Pitágoras que é restrito para triângulos retângulos.

1) Classifique em verdadeira(V) ou falsa(F) as afirmativas:


a) Todo triângulo eqüilátero é isósceles.
b) Existe um triângulo eqüilátero que é obtusângulo.
c) Um triângulo retângulo pode ser escaleno.
d) Existe um triângulo retângulo que é obtusângulo.
e) Existe um triângulo isósceles que é escaleno.
f) Existe um triângulo obtusângulo que é isósceles.
g) Todo triângulo retângulo é escaleno.
h) Todo triângulo isósceles é acutângulo.

2) Determinar o perímetro do triângulo ABC nos casos:


a) Triângulo isósceles de base BC com AB = 2 x + 1, AC = 3 x − 3 e BC = x + 3
b) Triângulo eqüilátero de lados 2x+1, 3x-3 e y.

119
unidade 2
Universidade Aberta do Brasil

3) Dois lados de um triângulo isósceles medem 5 cm e 2 cm. Qual é o seu


perímetro?

4) M, N e P são os pontos médios dos lados do triângulo ABC. Demonstre que o


perímetro do triângulo MNP é a metade do perímetro do triângulo ABC.

5) Nas figuras abaixo o triângulo ABC é congruente com o triângulo DEC.


Determine o valor de x e y:
a) AC = x + 5, CD = 15, CB = 3 y − 2, CE = 2 y + 17

b) AB = 2 y + 8, AC = 3x + 8, CD = 32, ED = 36

120
unidade 2
Geometria I
6) Nas figuras a seguir, considere os lados com “marcas iguais” indicativo de medidas
iguais e aponte qual o caso que justifica a congruência entre eles:

7) Se dois lados de um triângulo medem 17 cm e 8 cm, qual será o maior valor inteiro
para a medida do terceiro lado?

8) Sendo G o baricentro do triângulo ABC, determine x, y e z da figura seguinte:

121
unidade 2
Universidade Aberta do Brasil

9) Um feixe de quatro paralelas determina, sobre uma transversal t, os segmentos de


2, 3 e 4 cm, e sobre uma transversal t’, os segmentos x, y e z, cuja soma das medidas
é 18 cm. Calcule as medidas dos segmentos determinados sobre t’.

10) Divida AB = 18 cm em partes proporcionais a 2, 3 e 5.

11) Um triângulo ABC, de perímetro igual a 40 cm, é semelhante a outro triângulo


DEF, cujas medidas dos lados são 5, 7 e 8 cm. Calcule as medidas dos lados do
triângulo ABC.

12) Determine o valor de x e y (segmentos das transversais a e b sabendo que


r//s//t:

13) Sendo BS a bissetriz interna do ângulo B̂ no triângulo ABC, calcule o valor de


x e y.

122
unidade 2
Geometria I
14) Na figura, AD é bissetriz externa de do ângulo  , calcule x

15)Num triângulo retângulo, as projeções dos catetos sobre a hipotenusa medem 2


cm e 3 cm. Calcule: a) a hipotenusa; b) os catetos; c) a altura relativa à hipotenusa.

16) ABC é um triângulo isósceles em que AB = AC = 10 e BC = 12. Qual é o


conhecimento matemático para calcular a altura relativa ao lado BC ? Calcule a
altura.

17) Num triângulo, a hipotenusa mede 10 cm e a altura relativa a ela 4,8 cm. Calcule
a medida dos catetos.

18) Escreva as relações métricas para o triângulo:

y
x r

m n
a
19) Calcule os valores de x e y na figura, considerando o triângulo qualquer:

123
unidade 2
Universidade Aberta do Brasil

20) Qual é a natureza do triângulo cujos lados medem 10, 15 e 18 cm?

21) Qual é a natureza do triângulo cujos lados são inversamente proporcionais a 2,


3 e 4?

22) Os lados de um triângulo qualquer medem 6 cm, 9 cm e 12 cm. Calcule o valor


dos ângulos internos do triângulo.

23) Determine o perímetro de um triângulo qualquer cujos lados são três números
consecutivos, e o ângulo formado pelos dois menores é 120º.

RESPOSTAS Dos exercícios de aprendizagem

1) Classifique em verdadeira(V) ou falsa(F) as afirmativas:


a) V
b) F
c) V
d) F
e) F
f) V
g) F
h) F

2)
a) O perímetro do triângulo isósceles de base BC é igual a 25.
b) O perímetro é igual a 27.
3) O perímetro do triângulo mede 12 cm.

a b c
4) MN = MP = NP =
2 2 2
a b c a+b+c
Logo, MN + MP + NP = + + ou MN + MP + NP =
2 2 2 2

124
unidade 2
Geometria I
5)
a) AC ≡ CD CB ≡ CE
x + 5 = 15 3 y − 2 = 2 y + 17
x = 10 y = 19

b) AC ≡ CD ED ≡ AB
2 y + 8 = 36 3 x + 8 = 32
y = 14 x=8

6)
a) LAA0 b) LAL

c) caso especial triângulo retângulo ou ALA d) ALA

7) 24 cm.

8) x = 8 y = 16 z=6

9) x = 4 cm, y = 6 cm e z = 8 cm.

10) 3,6; 5,4 e 9.

125
unidade 2
Universidade Aberta do Brasil

11)

Somando as medidas dos lados dos triângulos temos: a + b + c = 40 cm e 5 + 7

+ 8 =20 cm. Pelo teorema de Tales, os perímetros estão entre si como dois lados
a b c a + b + c 40 a
correspondentes quaisquer:= = = = =2=k e = 2 ⇒ a = 10
5 7 8 5 + 7 + 8 20 5
b c
e = 2 ⇒ 14 e = 2 ⇒ c = 16 . As medidas do triângulo ABC são 10, 14 e 16
7 8
cm.

12) a) x=15 e y=20 b) y=10

13) x=9 e y=6

14) x=12

15) a) Como são conhecidas as medidas das projeções m e n, a medida da


hipotenusa é a= m+ n e a= 2 + 3= 5 cm.
b) A medidas do cateto b e do cateto c são calculadas pelas fórmulas:
b 2 = an ⇒ b 2 = 5.3 ⇒ b = 15cm e c 2 = am ⇒ c 2 = 5.2 ⇒ c = 10cm
c) A altura h é calculada pela fórmula: h 2 = mn ⇒ h 2 = 2.3 ⇒ h = 6 cm.

16) Para resolver o problema utiliza-se o Teorema de Pitágoras no triângulo


retângulo onde a altura AH é o cateto maior do triângulo, portanto,
AC 2 = AH 2 + HC 2 ⇒ (10) 2 = AH 2 + 6 2 ⇒ AH 2 = 100 − 36 ⇒ AH = 8 .

126
unidade 2
Geometria I
b1 = 6cm b2 = 8cm
17) As soluções são: ou
c1 = 8cm c 2 = 6cm

18) As relações métricas são: a² = x² + y² ; y² = an; x² = am; r² = mn; xy = ar.

19) Resposta : x = 1 e y = 2 2

20) Acutângulo.

21) Obtusângulo.

22) Seus ângulos medem: 104,48º; 46,57º; 28,95º.

23)15/2

127
unidade 2
128
Universidade Aberta do Brasil

unidade 2
Geometria I
UNIDADE III
Quadriláteros

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
■■ Diferenciar as classes de quadriláteros convexos.

■■ Identificar as características das principais classes de quadriláteros

convexos.

■■ Aplicar as propriedades relativas aos quadriláteros em situações-

problema.

ROTEIRO DE ESTUDOS
■■ SEÇÃO 1 - Quadriláteros notáveis

■■ SEÇÃO 2 - Propriedades dos quadriláteros

129
unidade 3
Universidade Aberta do Brasil

PARA INÍCIO DE CONVERSA


As formas poligonais encontradas na natureza inspiraram muitas das criações
humanas. O filósofo Platão, ao elaborar as suas teorias a respeito da origem
do Universo, associou os cinco poliedros regulares convexos aos constituintes
fundamentais da natureza. Platão professava que Deus criou o mundo a partir de
quatro elementos básicos: a terra, o fogo, o ar e a água. Ele procurou, então, definir
as essências específicas desses elementos através de quatro objetos geométricos - os
poliedros convexos regulares - que representavam, aos olhos dos gregos, harmonia
e uma certa perfeição.
Outro exemplo a ser citado vem da Escola Pitagórica, que associava algumas
seqüências numéricas (números figurados) a formas poligonais, criando várias
famílias de números, como os números triangulares, os quadrados, os pentagonais,
etc., conferindo-lhes propriedades peculiares.
Atualmente destaca-se a utilização das formas poligonais na confecção de
embalagens, envolvendo demorados estudos sobre: o corte das chapas de matéria
prima, de forma a minimizar as perdas de material; a estética apresentada por
determinadas formas poligonais que atraem o público; sua praticidade em relação ao
objetivo a que se propõe; sua viabilidade de custeio, sem perder de vista sua eficácia
para o fim a que se destina.
Com esses exemplos pretendemos ilustrar a importância que as formas
geométricas têm em nosso cotidiano e o interesse que despertam por suas
características, ocupando um lugar de destaque ao longo da história e do
desenvolvimento humano.
Assim, convidamos você a utilizar um adereço interessante (“óculos
geométricos”) e aprimorar sua visão para “enxergar” a beleza geométrica que está
presente com toda sua plenitude à nossa volta, deixando-se tocar pela emoção de
reconhecer tanta perfeição e sabedoria à nossa disposição para serem admiradas.
Basta que se tenham olhos para vê-las.
Ressaltamos que essa é uma forma de conhecer um pouco da matemática que
está presente em alguns quadriláteros.
Bons estudos!

130
unidade 3
Geometria I
seção 1
Quadriláteros notáveis

Definição: sejam A, B, C e D quatro pontos distintos de um mesmo plano,


e três deles não colineares. Se os segmentos AB, BC , CD, DA interceptam-se nas
extremidades, a reunião desses quatro segmentos é um quadrilátero.

ABCD é convexo. ABCD é côncavo.

Quadrilátero ABCD = AB ∪ BC ∪ CD ∪ DA onde AB, BC , CD, DA são os


lados, AC e BD são as diagonais, Aˆ = DAB
ˆ , Bˆ = ABC
ˆ , Cˆ = BCD
ˆ , Dˆ = CDˆ A são os
ângulos. A soma dos ângulos internos é igual a 360º, pois todo quadrilátero convexo
pode ser particionado em dois triângulos.

A soma dos ângulos externos é igual a 360º.

131
unidade 3
Universidade Aberta do Brasil

Quadriláteros notáveis

Os quadriláteros notáveis são os paralelogramos e os trapézios chamados de


notáveis pelas inúmeras propriedades que apresentam. Conheça, a seguir, alguns
deles.

• Paralelogramo: um quadrilátero convexo é um paralelogramo se, e


somente se, possui os lados opostos paralelos.

ABCD é paralelogramo ⇔ AB / / CD, AD / / BC .

• Retângulo: um quadrilátero convexo é um retângulo se, e somente se,


possui os quatro ângulos congruentes.

ABCD é retângulo ⇔ Aˆ ≡ Bˆ ≡ Cˆ ≡ Dˆ .

Construir um retângulo conhecidos um de seus lados e a sua diagonal.


• Sejam AB e AC o lado e a diagonal do retângulo.
• Trace um a semi-reta e transporte o segmento AB sobre ela.
• Trace uma perpendicular a esse segmento pela extremidade A e outra
perpendicular pela extremidade B.
• Com centro em A e raio AC descreva um arco que cortará a perpendicular
no ponto C.

132
unidade 3
Geometria I
• Trace uma paralela a AB passando pelo ponto C para determinar o vértice
D do retângulo.
• Ligando esses vértices entre si, temos o retângulo pedido.

• Losango: um quadrilátero convexo é um losango se, e somente se, possui


os quatro lados congruentes.

ABCD é losango ⇔ AB ≡ BC ≡ CD ≡ AD

133
unidade 3
Universidade Aberta do Brasil

Construa um losango, dados uma diagonal e o lado.


Siga, então, as etapas:
• Trace uma reta e transporte o segmento diagonal AC sobre ele.
• Com abertura do compasso igual ao lado AB e centro em A, trace um arco
para cima e outro para baixo da diagonal AC .
• A partir de C, e mesmo raio, trace arcos que interceptam os arcos anteriores
nos pontos B e D.
• Unindo os pontos A, B, C e D, você obterá o losango pedido.

• Quadrado: um quadrilátero convexo é um quadrado se, e somente se,


possui os quatro ângulos congruentes e os quatro lados congruentes.

 é retângulo ⇔ Aˆ ≡ Bˆ ≡ Cˆ ≡ Dˆ
O quadrado ABCD  .
 é losango ⇔ AB ≡ BC ≡ CD ≡ AD

134
unidade 3
Geometria I
Construir um quadrado conhecendo-se a sua diagonal AB .
• Trace uma reta e marque sobre esta o segmento dado AC .
• Com centro em A e raio AC descreva dois arcos, um acima e outro abaixo
do segmento AC .
• Com centro em C e mesmo raio, descreva outros dois arcos que fazem
interseção com os dois traçados anteriormente, que são E e F.
• Trace uma reta que passa por E e F.

• Determine a interseção M da reta EF com o segmento AC .

• Com centro em M e raio MC descreva arcos que interceptam a reta EF
nos pontos B e D.
• Una os pontos A, B, C e D e terá o quadrado.

• Trapézio: um quadrilátero convexo é um trapézio se, e somente se, possui


apenas dois lados paralelos.

ABCD é trapézio ⇔ AB / / CD

135
unidade 3
Universidade Aberta do Brasil

Os lados paralelos são as bases do trapézio. Com os lados não paralelos,


temos:
- trapézio isósceles, se estes lados são congruentes;
- trapézio escaleno, se estes lados não são congruentes;
- trapézio retângulo, se possui dois ângulos retos.

Trapézio Trapézio Trapézio


isósceles escaleno retângulo

Construa um trapézio escaleno ABCD conhecendo-se os quatro lados:


AB = base maior = 6 u.m. , AD = lado maior = 4 u.m. , BC = lado menor = 3, 5 u.m.
e CD = base menor = 3u.m. Siga as etapas para a sua construção:
• Trace uma reta e transporte a base maior AB = 6 u.m. .
• A partir de A marque sobre AB a base menor CD , obtendo o ponto E.
• Com centro em E, abertura do compasso igual ao lado maior AD , trace
um arco.
• Com centro em B e abertura do compasso igual ao lado menor BC , trace
outro arco que intercepta o primeiro no ponto C.
• Trace agora uma paralela a AB por C e marque nesta a base menor
CD = 3u.m.
• ABCD é o trapézio escaleno.

136
unidade 3
Geometria I
seção 2
propriedades dos Quadriláteros

Pelas propriedades tão importantes que alguns quadriláteros apresentam é que


são conhecidos por quadriláteros notáveis. E são algumas dessas propriedades que
você irá conhecer agora.
Propriedades dos Paralelogramos
Em todo paralelogramo convexo valem as seguintes propriedades:
a) Em todo paralelogramo dois ângulos opostos quaisquer são congruentes.
∧ ∧ ∧ ∧
Seja ABCD o paralelogramo. Vamos provar que A ≡ C e B ≡ D .

Demonstração:
 AD / / BC ⇒ Aˆ + Dˆ = 180°
ABCD é paralelogramo  ⇒ Aˆ ≡ Cˆ
ˆ ˆ
 AB / / CD ⇒ B + C = 180°

Analogamente para Bˆ ≡ Dˆ .

b) Em todo paralelogramo dois lados opostos quaisquer são congruentes.


Seja o paralelogramo ABCD. Vamos provar que AB ≡ CD e AD ≡ BC .
D C

A B

Demonstração:  Bˆ ≡ Dˆ

ˆ ≡ DCA
ABCD é paralelogramo  AB / / CD ⇒ BAC ˆ

 AC comum
ˆ ≡ DCA
Por ser AC lado comum dos triângulos BAC e DCA, então: BAC ˆ e
Bˆ ≡ Dˆ .
Pelo caso de congruência L.A.A0., temos que: ∆ABC ≡ ∆CDA ⇒ AB ≡ CD
e BC ≡ AD .

137
unidade 3
Universidade Aberta do Brasil

c) Em todo paralelogramo as diagonais cortam-se ao meio.


Seja o paralelogramo ABCD, onde AC ∩ BD = {M }. Vamos provar que
AM ≡ MC e BM ≡ MD .

Demonstração:
Sendo ABCD um paralelogramo, então:
ˆ ≡ DCA
AB ≡ CD, AB / / CD ⇒ BAC ˆ , ABD
ˆ ≡ CDB
ˆ .

Pelo caso A.L.A. de congruência,


∆ABM ≡ ∆CDM ⇒ AM ≡ CM , BM ≡ DM .

Verifique nas afirmativas que seguem, qual delas é verdadeira.

a) Se dois lados de um quadrilátero são congruentes, então ele é um


paralelogramo.
b) Se dois lados opostos de um quadrilátero são congruentes, então ele é um
paralelogramo.
c) Se dois lados opostos de um quadrilátero são congruentes e paralelos, então
ele é um paralelogramo.

Resolução: a alternativa a é falsa, pois os lados congruentes podem ser dois lados
adjacentes e não garante o paralelismo dos seus lados. A alternativa b também é
falsa, pois também não garante o paralelismo dos seus lados, somente a congruência.
Portanto, a alternativa correta é a c.

Prove que “Se dois lados opostos de um quadrilátero são congruentes e


paralelos, então ele é um paralelogramo”.

138
unidade 3
Geometria I
As propriedades dos paralelogramos nos conduzem a duas conseqüências
importantes, que são enunciadas como teoremas:

Teorema da base média do triângulo


Se um segmento tem extremidades nos pontos médios de dois lados de um
triângulo, então este segmento é paralelo ao terceiro lado e é igual à metade do
terceiro lado.

Seja ABC um triângulo qualquer. Considerando que AM ≡ MB, AN ≡ NC . Vamos

BC
provar que MN / / BC e que MN = .
2
Conduzindo por C uma paralela ao lado AB e sendo D o ponto de interseção com a

reta MN , tem-se:

ˆ ≡ ACD
BAC ˆ ( alternos internos ) 

AN ≡ NC ( N é médio de BC )  pelo caso A.L.A ∆ANM ≡ ∆DNC

ANˆ M ≡ DNC
ˆ (o. p.v.)


Portanto,
CD ≡ AM e AM ≡ MB , portanto CD ≡ MB e pela propriedade dos paralelogramos
MBCD é paralelogramo
e sendo BC ≡ MD e MN ≡ ND
BC = MN + ND ,
assim BC = 2 MN
1
logo MN = BC
2

139
unidade 3
Universidade Aberta do Brasil

Teorema da base média do trapézio


Se um segmento tem extremidades nos pontos médios dos lados não paralelos
de um trapézio, então este segmento é paralelo às bases e é igual à semi-soma das
bases.

Seja ABCD um trapézio de bases AB e CD .

Considerando que AM ≡ DM , BN ≡ CN .

AB + CD
Vamos provar que MN / / AB / / CD e que MN = .
2

Demonstração:
 
Seja E o ponto de interseção das retas DN e AB .

ˆ ≡ ACB
CBE ˆ ( alternos internos ) 

AB  CD ⇒ BN ≡ CN ( N é médio de BC )  pelo caso A.L.A
ˆ ≡ BNˆ E (o.p.v.) 
DNC 

 EN ≡ DN
∆BEN ≡ ∆CDN 
 BE ≡ CD
No ∆ADE , M e N são pontos médios de AD e DE ,

140
unidade 3
Geometria I
AE AB + BE AB + CD
logo, MN / / AE ⇒ MN / / AB / / CD e MN = = ⇒ MN =
2 2 2

1) Determine a medida das bases menor e maior de um trapézio, sabendo


que a sua base média (Bm) vale 20 cm e a base maior é os 3/2 da base menor.

Resolução:

3 B+b 3 5
B= b ⇒ = Bm ⇒ b + b = 2.(20) ⇒ b = 40 ⇒ b = 16cm
2 2 2 2
3
B = b ⇒ B = 24cm R : as bases medem 16cm e 24cm
2

2) Considerando que os segmentos com “marcas iguais” são congruentes,


determine o valor de x:

Considerando que 2 x + 2 é a base média do trapézio e aplicando o teorema


vem:

( x + 3) + (4 x − 3)
2x + 2 =
2
4x + 4 = 5x O valor encontrado para x é 4.
x= 4

141
unidade 3
Universidade Aberta do Brasil

Propriedades do retângulo, do losango e do quadrado


• Propriedades
1) Em todo retângulo as diagonais são congruentes.
Seja o retângulo ABCD. Vamos provar que AC ≡ BD .

Demonstração:
ABCD é paralelogramo ⇒ BC ≡ AD, Bˆ ≡ Aˆ , AB é lado comum.
Pelo caso L.A.L. de congruência de triângulos, ∆ABC ≡ ∆BAD ⇒ AC ≡ BD

2) As diagonais de um losango são perpendiculares entre si.


Seja o losango ABCD. Vamos provar que AC ⊥ BD .

Demonstração:
ABCD é paralelogramo ⇒ AC ∩ BD = {M }.
Pelo caso L.L.L. de congruência de triângulos, temos:
∆AMB ≡ ∆AMD ≡ ∆CMB ≡ ∆CMD e os ângulos de vértice M são congruentes
e suplementares, logo: AC ⊥ BD .

142
unidade 3
Geometria I
3) Todo quadrado tem diagonais congruentes e perpendiculares.

ABCD é quadrado ⇒ ABCD é retângulo, então AC ≡ BD .


ABCD é quadrado ⇒ ABCD é losango, então AC ⊥ BD .

Propriedades dos trapézios

a) Em qualquer trapézio ABCD de bases


AB e CD temos: Aˆ + Dˆ = Bˆ + Cˆ = 180°

De fato:
  
AB  CD, AD transversal ⇒ Aˆ + Dˆ = 180°(colaterais internos)
  
AB  CD, BC transversal ⇒ Bˆ + Cˆ = 180°(colaterais internos)

Então: Aˆ + Dˆ = Bˆ + Cˆ = 180°

143
unidade 3
Universidade Aberta do Brasil

b) Num trapézio isósceles os ângulos da base são congruentes.

Projetando ortogonalmente os vértices A e B do trapézio sobre a base maior


CD , obtêm-se os pontos A’ e B’ e pode-se afirmar que AA ' = BB ' (distância entre
retas paralelas).
Os triângulos retângulos AA’D e BB’C são congruentes pelo caso especial
de congruência de triângulos retângulos, pois AA ' = BB ' (catetos) e AD ≡ BC
(hipotenusa), assim Cˆ ≡ Dˆ .

Sendo Aˆ e Bˆ suplementares de Dˆ e Cˆ respectivamente, concluímos que

Aˆ ≡ Bˆ

c) Num trapézio isósceles as diagonais são congruentes.


Esta demonstração fica para você fazer.

Dica: considere os triângulos ADC e BDC e mostre que são congruentes (deve
citar o caso).

144
unidade 3
Geometria I
resumo
Se um quadrilátero convexo possui diagonais:
que se cortam ao meio, então é um paralelogramo;
que se cortam ao meio e são congruentes, então é um retângulo;
que se cortam ao meio e são perpendiculares, então é um losango;
que se cortam ao meio, são congruentes e perpendiculares, então é um
quadrado.

Nesta unidade você teve a oportunidade de formalizar seus conhecimentos


a respeito de uma classe importante de quadriláteros: os quadriláteros notáveis.
Verificou as principais propriedades que eles apresentam e algumas aplicações dessas
propriedades. Você deve ter percebido que alguns quadriláteros são classificados em
mais de uma classe. Devido às suas propriedades o quadrado é classificado como
paralelogramo (pois possui lados opostos paralelos), como retângulo (possui os
quatro ângulos congruentes) e ainda como losango (pois é eqüilátero). Do mesmo
modo pode-se classificar o retângulo como paralelogramo, destacando-se o fato
de que também o losango é um paralelogramo. Dessa forma, pode-se afirmar que
todo quadrado é um retângulo, mas nem todo retângulo é um quadrado; ou que todo
losango é um paralelogramo, mas nem todo paralelogramo é um losango. Outras
afirmações envolvendo as propriedades dos quadriláteros notáveis podem também
ser refletidas e discutidas no decorrer da disciplina ora trabalhada.

145
unidade 3
Universidade Aberta do Brasil

1) Determine os ângulos do quadrilátero PQRS:

3x

2x

2 x  20

2) Se PI e PH são bissetrizes, determine x:

3) Se ABCD é um paralelogramo e Bˆ = 3x e Dˆ = 2 x + 50° , determine  .

146
unidade 3
Geometria I
4) Determine a base e a altura de um retângulo, sabendo que o perímetro vale 138 m
e que a base excede em 1 m o triplo da altura.

3
5) A soma de dois ângulos opostos de um paralelogramo é igual a da soma dos
outros dois ângulos opostos. Determine-os. 2

6) Em um trapézio retângulo, a bissetriz de um ângulo reto forma com a bissetriz


do ângulo agudo do trapézio um ângulo de 120º. Determine o maior ângulo do
trapézio.

7) A diagonal de um losango forma com um dos seus lados um ângulo igual a dois
terços de um reto. Determine os quatro ângulos do losango.

8) Se IFGH é um quadrado e HGM é triângulo eqüilátero, determine x.

9)Determine os valores de x e y nos casos, considerando congruentes os segmentos


com “marcas iguais”:

a) b)

57  y 2x  6
x

y
x

7 x  10

147
unidade 3
Universidade Aberta do Brasil

10) Em um trapézio são dadas as bases AB = 24 16cm


24 cm e CD = 16 cm. Considere os
pontos P e Q médios das diagonais AC e BD e, depois, os pontos R e S médios
dos lados BC e AD . Calcule os segmentos PR, RQ, RS.

RESPOSTAS Dos exercícios de aprendizagem

1) P̂ = 55º , Qˆ = 105º , Rˆ = 70º , Sˆ = 130º


2)x = 37, 5º
3) Bˆ = Dˆ = 150º e Aˆ = Cˆ = 30º
4)A base mede 17m e a altura 52m.
5)108º e 72º.
6)150º
7)120º, 120º, 60º e 60º
8) x = 75º
9) x = 2 b) x =20 e y=17
10) 12cm, 8cm e 20cm

148
unidade 3
Licenciatura em Matemática
PALAVRAS FINAIS

É com satisfação que o(a) cumprimentamos pelo término desta primeira


etapa de estudos em Geometria. Nela você aprendeu conceitos importantes que
o acompanharão enquanto acadêmico e depois como professor de matemática.
Acreditamos que o seu empenho nos estudos dos elementos da geometria plana
(pontos, retas, planos, axiomas e figuras geométricas) lhe dará condições para
compartilhar o conhecimento com seus futuros alunos.
Após estudar a geometria plana, você pode olhar ao seu redor e observar
relações antes desconhecidas e que agora podem ser vislumbradas pela janela que
Euclides nos abriu. E desejamos que essa janela continue aberta para você desvendar,
cada vez mais, a beleza da geometria.
Parabéns pela sua conquista e continue dedicado(a) aos estudos, pois os
ganhos são enormes!
Até breve!!!

Os autores Gina, Marli e Paulo Sérgio

149
PALAVRAS FINAIS
Licenciatura em Matemática
REFERÊNCIAS
ARAÚJO, P. V. Curso de geometria. 2. ed. Lisboa: Gradiva, 1999. 189p.

BARBOSA, J. L. M. Geometria euclidiana plana. Rio de Janeiro: SBM, 2004.


Coleção do Professor de Matemática. 222p.

BOYER, Caul B. História da matemática. São Paulo: Editora Edgard Blucher


Ltda., 1996.

CARVALHO, B de A. Desenho geométrico. Rio de Janeiro: Ao livro Técnico S.A.,


1985.

CASTRUCCI, Benedito. Fundamentos da geometria: estudo axiomático do plano


euclidiano. Rio de Janeiro: Livros Técnicos e Científicos, 1978. 196p.

DOLCE, Osvaldo & POMPEO, J.N. Fundamentos de Matemática Elementar 9:


geometria plana. 8. ed. São Paulo: Atual, 2005. 456p.

FETISSOV, A. I. A demonstração em geometria. Tradução DE Hygino Domingues.


São Paulo: Atual, 1994. Coleção Matemática: Aprendendo e Ensinando. 74p.

GIONGO, A. R. Curso de desenho geométrico. São Paulo: Nobel. 1974.

GOLDENBERG, P. E. “Hábitos de Pensamento”: um princípio organizador para o


currículo (II). Educação e Matemática, Lisboa, n.47, p.31 - 35, mar./abril 1998.

LEDERGERBER-RUOFF, E.B. Isometrias e ornamentos no plano euclidiano.


São Paulo: Atual, 1982. 191p.

MLODINOW, L. A janela de Euclides. Tradução de Enézio de Almeida. São Paulo:


Geração Editorial, 2005. 294p.

OLIVEIRA, A. J. F. Geometria euclidiana. Lisboa: Universidade Aberta, 1995.


242p.

REZENDE, E.Q.F., QUEIROZ, M.L.B. Geometria euclidiana plana e construções


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RICH, Barnett. Geometria plana. S.Paulo: Mc Graw Hill, 1972. 312p.

PAPPAS, Theony. Fascínios da matemática: a descoberta da matemática que nos


rodeia. Lisboa: Replicação, 2001. 240p.

TINOCO, L. A. A. Geometria euclidiana por meio da resolução de problemas.


Rio de Janeiro: UFRJ: Projeto Fundão, 1999. 176p.

151
REFERÊNCIAS
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http://www.professores.uff.br/hjbortol/index.html
http://www.stefanelli.eng.br/webpage/p_desen.html

Artigos:
SANT’ANNA, Anderson Souza. Profissionais mais competentes, politicas
e práticas de gestão mais avançadas?. RAE electron., Jun 2008, vol.7, n 1.
Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1676-
56482008000100002&lng=pt&nrm=iso
Licenciatura em Matemática
NOTAS SOBRE OS AUTORES

Gina Maria Bachmann


Graduada em Licenciatura em Matemática, pela Universidade
Estadual de Ponta Grossa (UEPG), Paraná, em 1976. Mestre em Ciências
– Programação Matemática pela Universidade Federal do Paraná,
em 2002. Professora na UEPG desde 1989, ministrando as disciplinas
Geometria Plana, Cálculo Vetorial e Geometria Analítica, Cálculo
Diferencial e Integral e Estatística para os cursos de Matemática,
Engenharia de Alimentos, Engenharia Civil, Física e Bacharelado em
Informática. Exerce a Coordenação do Campus Avançado da UEPG em
Telêmaco Borba e responde pela Coordenação Institucional do Programa
PROLICEN- UEPG em educação a distância. Atua como supervisora
no projeto denominado Núcleo Integrado de Educação Matemática
(NIEM), desde 1993, em atividades de extensão na área de Matemática
e Geometria.

Marli Terezinha Van Kan


Graduada em Licenciatura em Ciências – Habilitação em Matemática,
pela Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG), Paraná, em 1984.
Mestre em Ciências – Física Matemática pela Universidade Estadual de
Ponta Grossa, em 2008. Atualmente é doutoranda desse mesmo programa.
Professora na UEPG desde 1988, ministrando as disciplinas Geometria
Plana e Desenho Geométrico, Cálculo Diferencial e Integral para os
cursos de Matemática e Engenharia. Atuou no projeto denominado
Núcleo Integrado de Educação Matemática (NIEM), em atividades de
extensão.

153
AUTOR
Paulo Sergio Schelesky
Graduado em Licenciatura em Matemática, pela Universidade
Estadual de Ponta Grossa (UEPG), Paraná, em 2005. Especialista em
Ensino da Matemática pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná,
em 2007. Tem experiência em projetos de extensão voltados a professores
da Educação Básica e a acadêmicos do curso de Licenciatura em
Matemática em temas como Transformações Geométricas e Geometria
Dinâmica. Atuou no Estágio de Atualização e Aprendizagem Didática na
disciplina de Instrumentação para o Ensino de Matemática II, em 2007,
na UEPG. Atualmente participa da equipe multidisciplinar de Ensino a
Distância da Universidade Estadual de Ponta Grossa.

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