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ORIGEM E DESENVOLVIMENTO*
Resumo: este artigo tem por objetivo mostrar o que é a Teologia da Libertação, qual a sua
origem e como ela se desenvolveu. Para isso utilizo épocas históriasque foram definidas por
RosinoGibellini e porLeonardoBoff. Neste texto estão contidos também os fundamentos da
T.d.L e o seu verdadeiro significado.
A
Teologia da Libertação é sem dúvida alguma a maior expressão de sensibilida-
de que surgiu nos últimos trinta anos na história da teologia. Ela rompe com
conceitos tradicionais da Igreja institucional introduzindo na história da Igreja
ideias de igualdade social e direitos humanos, reivindicando para si como herança os lemas:
liberdade, igualdade e fraternidade advindos da Revolução Francesa.
Citarei logo a seguir alguns dos protagonistas de sua história. São eles: Hugo Ass-
man, Frei Betto, Maria Clara Luucchetti Bingemer, Clodovis Boff, Leonardo Boff, Jose Mí-
gez Bonino, Pedro Casaldáliga, Enrique Dussel, Ignacio Ellacuría, Ivone Gebara, Gustavo
Gutiérrez, Franz Hinkelammert, María Pilar Aquino, Pablo Richard, Oscar Arnulfo Rome-
ro, Samuel Ruiz García, Juan Luis Segundo, Jon Sobrino, Paulo Suess, Elsa Tamez, Ana Maria
Tepedino e Aiban Wagua.
Sabemos que “ a teologia da libertação é um corpo de textos produzidos a partir de
1970” (LÖWY, 2000, p. 56). Mas ela também é feita pelo povo e tem como base a fé que
transforma a história. Ela está “intimamente ligada à própria existência do povo- à sua fé e
** Graduanda em Direito na Pontifícia Universidade Católica de Goiás. Bolsista de Iniciação Científica do CNPq. E-mail:
cejanauiara@gmail.com
A preocupação com o pobre foi uma tradição da Igreja por quase dois milênios que
remonta à origens evangélicas do cristianismo. Os teólogos latino-americanos se colo-
cam como continuadores dessa tradição que lhes dá tanto referência quanto inspiração
(LÖWY, 2000, p. 123).
Desenvolvimento Histórico
O Concílio Vaticano II pode ser visto como ponto de chegada de um longo processo, em
que a fé procurava dar respostas aos desafios da época moderna.[...].Na América Latina,
o Concílio não funcionou apenas como ponto de chegada, mas também como ponto
de partida de uma nova consciência de ser Igreja. De acordo com esta análise, a Igreja
latino-americana realizou uma “recepção criativa” do Concílio à luz da realidade latino-
-americana, na perspectiva dos pobres a solidariedade como o homem de hoje torna-se
solidariedade com os pobres, e a teologia que acompanha com reflexão este caminho é
a teologia da libertação (GIBELLINI, 1998, p. 369-70).
Foi assim – por caminhos desconcertantes e por meio de muitas dificuldades e sobres-
saltos- que a Igreja a América-Latina se torna consciente de que a luta pela justiça e a
defesa dos pobres e excluídos era parte integrante de sua missão evangelizadora, porque
inerente ao próprio Evangelho (SUSIN, 2000, p. 56).
Na América Latina, nos últimos quinze anos, houve um processo ligado aos cristãos
de base e à Tdl que está elaborando e difundindo a Teologia feminista da Libertação.
Começou-se a descobrir a mulher como sujeito histórico oprimido e discriminado, do-
minado pelo machismo, pela cultura patriarcal e também pelo colonialismo capitalista
ocidental (BOFF, 1996, p. 66).
A teologia indígena deu o seu pontapé inicial através do reconhecimento dos po-
vos indígenas “como sujeitos da vida social e política e também da vida e da organização da
Igreja, da leitura da Biblía, do diálogo que prepara o anúncio do Evangelho, etc” (BOFF,
1996, p. 73). É importante entendermos que “a teologia é uma reflexão crítica sobre a ex-
periência com Deus e do mundo, vivida pelas comunidades e pelos indivíduos animados na
fé” (BOFF, 1996, p. 73). Cada cultura tem uma maneira particular de manifestar a fé, pre-
cisamos reconhecer e aceitar as diferenças de cada um. Boff declara que é necessário “pedir
perdão aos indígenas por todos os séculos de evangelização colonizadora e conquistadora”
(BOFF, 1996, p. 73).
Os afros-americanos também são povos que vivem em uma condição peculiar me-
recedora de atenção, por causa do racismo resultado da escravidão sofrida por eles. Os negros
foram tirados da África e foram submetidos a uma situação de escravidão, levados para vários
países, inclusive o Brasil para o trabalho forçado. Eles eram tratados como mercadoria pois
ficavam sujeitos a um senhor que detinha o poder sobre suas vidas.(BOFF,1996, p. 76).
Pois tive fome e me deste de comer. Tive sede e me deste de beber. Era forasteiro e me
acolheste. Estive nu e me vestiste doente e me visitaste, preso e vieste ver-me. Então os
justos lhe responderão: Senhor, quando foi que te vimos forasteiro e te recolhemos ou
nu e te vestimos? Quando foi que ti vimos doente ou preso e fomos te ver? Ao que lhes
responderá o rei: ‘Em verdade em verdade vos digo: cada vez que o fizeste a um desses
meus irmãos mais pequeninos, a mim o fizeste’.
A Teologia da Libertação percebe que amar a Deus não significa somente contem-
pla-ló. O amor a Deus é demonstrado através do serviço aos pobres. “O serviço solidário ao
oprimido significa então um ato de amor ao Cristo sofredor, uma liturgia que agrada a Deus”
(BOFF, 2010, p. 15). Este entendimento é extraído das próprias escrituras bíblicas, notamos
como o texto citado acima afirma esta colocação.
Segundo Gibellini (1998, p. 353), para Paulo Freire, que é uma figura de grande
expressão no campo pedagógico e que influenciou muito a prática pastoral da Teologia da
Libertação, a educação tem um papel superior ao da alfabetização. Este papel é o de promover
a libertação através do conhecimento, despertando a consciência das pessoas para a realidade
em que vivem.
FRAGMENTOS DE CULTURA, Goiânia, v. 22, n. 2, p. 185-191, jan./mar. 2012. 189
A forma mais adequada encontrada pela Teologia da Libertação de ajudar os opri-
midos é entende-lós como sujeitos ou agentes de sua própria libertação. Aqui o assistencia-
lismo é substituído pelo entendimento que o pobre tem força, consciência capacidade de
transformar as relações sócias, descobrindo as causas que geraram a situação opressora em que
se encontram. A articulação de movimentos que reivindicam melhores condições salariais
ou de moradia, são exemplos de como os pobres atuam promovendo sua própria libertação,
utilizado-se de instrumentos, como por exemplo os sindicatos.
CONCLUSÃO
A Teologia da Libertação tem como base o próprio evangelho, ela é fruto do con-
fronto existente entre a fé e a realidade de milhões de pessoas que vivem em uma situação de
miséria profunda. Ela é uma teologia popular, realizada a partir do povo e de sua realidade
190 FRAGMENTOS DE CULTURA, Goiânia, v. 22, n. 2, p. 185-191, jan./mar. 2012.
e suas necessidades. O seu grito por libertação de todo e qualquer tipo de opressão seja ela
racial que é a sofrida pelos negros, étnica que é sofrida pelos índios ou sexual que é a sofrida
pelas mulheres.
O Concílio Vaticano II é um marco para a Teologia da Libertação pois ele inau-
gurou um momento de abertura da consciência da Igreja, compreendendo melhor a realida-
de vivida pelos pobres. A mensagem difundida no Concílio foi fortalecida pelas Segunda e
Terceira Conferências do Episcopado- Latino Americano, pois essas alargaram ainda mais a
compreensão da Igreja a respeito dos pobres.
A Teologia da Libertação vê o pobre como sujeito de sua própria libertação, sabe
portanto que ele é capaz de se organizar e de lutar em busca de melhores condições de vida.
Ela entende também que estar ao lado dos pobres é solidarizar-se com ele, é então lutar sua
própria luta. Este é o seu significado e sua essência, estar com Deus é estra com os pobres.
A fé deve ser uma fé salvadora e libertadora, capaz de produzir mudança para aqueles que
precisam.
Abstract: this work aims show what is the theology of liberation, what is its origin and how it
developed. To use this season stories that have been defined by Rosino Gibellini and Leonardo Boff.
Contained in this text are also the foundations of liberation theology and its true meaning.
Referências
BOFF, Leonardo (Org). A Teologia da Libertação Balanços e Perspectivas. São Paulo: Ática,
1996.
BOFF, Leonardo; BOFF Clovis, Como fazer teologia da libertação. Petrópolis: Vozes, 2010.
GIBELLINI, Rosino. A Teologia no século XX. São Paulo: Loyola, 1988.
LÖWY, Michel. .A guerra dos deuses: religião e política na América Latina. Petrópolis: Vozes,
2000.
REIMER, Ivoni Richeter.Trabalhos acadêmicos: modelos, normas e conteúdos São Leopoldo:
Oikos, 2012.
SUSIN, Luiz Carlos (Org.). O mar se abriu. Trinta anos de teologia na América-Latina. São
Paulo: Soter; Loyola, 2000.