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Metas da Aula:
dos materiais.
Objetivos:
Espera-se que após estudar essa aula, você seja capaz de:
formas de preveni-la;
- Utilizar o conhecimento obtido nas aulas anteriores para discutir problemas reais;
O percurso dos metais: da obtenção à deterioração.
Nas duas últimas aulas aprendemos bastante sobre reações de oxirredução e processos
sistemas reais. Você pode entender essa aula 5 como uma discussão estendida de dois grandes
Uma das coisas interessantes sobre a corrosão de metais e a obtenção dos mesmos, é a forma
como os dois processos se relacionam. Alguns metais podem ser encontrados na natureza
como metais nativos, ou seja, em sua forma elementar. No entanto, muitos dos metais só
podem ser encontrados como espécies oxidadas, mais comumente sob a forma de sulfetos ou
óxidos. Essa matéria-prima bruta da qual os metais são extraídos é comumente chamada de
minério. Para obter o metal a partir desses compostos, uma série de etapas é necessária,
dentre as quais alguma irá envolver a redução do metal ao número de oxidação igual a zero. A
corrosão dos metais envolve justamente o processo inverso, ou seja, a oxidação das formas
extração e processamento de metais. Na primeira parte dessa aula, iremos discutir um pouco
sobre os processos de obtenção de alguns metais importantes, mas sem entrar em detalhes
em todas as etapas dos processos. Para isso seria necessário um curso inteiro de metalurgia!
Em particular, iremos nos concentrar nas etapas envolvendo a redução dos metais.
Embora o nosso foco sejam os metais puros, é importante ter em mente que boa parte dos
materiais de origem metálica utilizados no dia a dia são constituídos da mistura de um metal
com outros elementos (em geral outros metais ou carbono). Esses materiais são chamados de
ligas metálicas ou simplesmente ligas, e apresentam uma gama de combinações de
Vamos discutir a produção de três dos metais mais importantes para a vida moderna. Durante
a nossa discussão desses processos, iremos ter contato com alguns termos e conceitos que são
particulares da metalurgia.
Obtenção do cobre
O cobre tem uma presença permanente em nosso cotidiano, muitas vezes escondido das
nossas vistas. A fiação elétrica que conecta aparelhos eletrônicos e eletrodomésticos a rede
elétrica é, em boa parte dos casos, feita com cobre, que também é o material que constitui
cobre, aliada a sua resistência à corrosão e sua ductilidade o tornam particularmente útil para
essas aplicações.
O cobre pode ser encontrado em diversas formas na natureza, comumente sob a forma de
sais, óxidos e sulfetos ou mesmo como cobre nativo. O processo de obtenção do cobre
Após ser extraído da terra, o minério é moído junto com água, formando uma lama. Como o
CuFeS2. As impurezas que são separadas do minério nesse processo inicial são chamadas de
ganga.
O SO2 é um gás tóxico e poluente. Ao invés de ser lançado na atmosfera, o gás é transferido
para outra unidade de processamento, onde é utilizado para a produção de ácido sulfúrico.
encontre o valor do potencial padrão que corresponde a essa reação de oxidação. Proponha
uma meia-reação de redução que possa ser combinada a essa meia-reação de oxidação para
que o processo seja espontâneo. Verifique se a sua proposta gera algum subproduto
indesejado. Dica: qual é o óxido que, dissolvido em água, forma ácido sulfúrico?
caso da obtenção de cobre, sílica (dióxido de silício, SiO2) é adicionada como fundente, e a
mistura é aquecida até temperaturas próximas de 1000oC, de modo que a mistura passe por
diferentemente do FeO, que sofre fusão somente após 1350oC. A sílica reage com o óxido de
ferro(II) gerando silicato de ferro, o FeSiO3 (comumente chamado nesse contexto de escória)
que é líquido a essa temperatura, com densidade menor que o CuS líquido. Como as
densidades dos dois líquidos são diferentes, a escória fica acima do sulfeto de enxofre e pode
ser removida por separação física. Usualmente, mesmo após todos esses processos, ainda
minério, mas numa quantidade significativamente menor. Uma coisa interessante é que a
reciclagem de cobre costuma ser feita adicionando o cobre a ser reciclado na fornalha de um
com o sulfeto de cobre, formando o cobre metálico. Nessa reação, o cobre e o oxigênio são
reduzidos, ao passo que o enxofre é oxidado. Mais uma vez SO2 é formado, e diferentes
destinos podem ser dados ao gás. A equação estequiométrica para a reação é mostrada
abaixo:
Essa não é a única reação que o mate de cobre pode sofrer na presença de oxigênio. Pode
O óxido de cobre formado fica incorporado ao cobre metálico produzido. Para eliminar o óxido
restante, o metal é novamente fundido, agora na presença de uma corrente de gás natural. O
para trás apenas o metal cobre, agora com pureza entre 98 e 99%. O cobre líquido é
Atividade 2 – Você deve se lembrar de ter aprendido sobre o gás natural nas suas aulas de
Química II. Escreva uma das reações que devem acontecer na combustão do gás natural com o
óxido de cobre. Calcule os números de oxidação de cada uma das espécies envolvidas,
É importante ter em mente que, no que se refere a metais, 1% de impureza pode modificar
que tenham persistido após os processos anteriores. Essa última etapa de purificação se utiliza
de um processo eletrolítico, usando a mesma idéia que discutimos na aula 4. Constrói-se uma
célula eletroquímica, com as placas de cobre geradas na etapa anterior fazendo o papel de
anodos e placas de cobre de alta pureza obtidas anteriormente como catodos. O anodo e o
catodo são mergulhados em uma solução ácida de sulfato de cobre e submetidos a uma
diferença de potencial baixa. Essa diferença de potencial faz com que a concentração dos íons
Cu2+ aumente nas regiões próximas ao catodo e diminua nas regiões próximas ao anodo. A
compensação desse desequilíbrio se dá pela oxidação do cobre no anodo (formando Cu2+) e a
redução de cobre no catodo (que converte os cátions Cu2+ de volta para cobre metálico). Todas
as impurezas com potencial de redução maior que o do cobre não sofrem oxidação e vão para
o fundo da célula eletrolítica. Exemplos comuns de impurezas desse tipo são ouro, prata,
níquel, selênio, telúrio e até platina. Como você já deve ter percebido, se algo pode dar
dinheiro, não é jogado fora; todas essas “impurezas” são recolhidas para serem utilizadas e
vendidas.
E as impurezas com potencial de redução menor do que o do cobre? Bom, essas também são
oxidadas. No entanto, como o cobre possui uma atividade muito maior do que essas outras
espécies em solução (pois sua concentração é muito maior), uma quantidade muito pequena
dessas impurezas é reduzida novamente no catodo. Após o processo, que pode levar mais de
duas semanas, o anodo foi praticamente todo consumido, com quase todo o cobre tendo sido
transferido para o catodo (com aproximadamente 99,9% de pureza), que é então removido
tradicionalmente usado até 2005. Desde então, muitas empresas passaram a utilizar um
processo diferente, chamado de fundição “flash”, que engloba algumas das etapas necessárias
para o processamento do cobre em uma única etapa. As técnicas de metalurgia são ainda uma
área de intensa pesquisa, com a busca de técnicas mais econômicas e menos poluentes.
Obtenção do alumínio
O alumínio é largamente utilizado no cotidiano, sendo o segundo metal mais presente na vida
domésticos e eletrônica. Algumas das principais vantagens do alumínio frente a outros metais
são a sua baixa densidade e a sua resistência a corrosão. O Brasil é um dos maiores produtores
de alumínio do mundo, contendo parte considerável das reservas mundiais de bauxita em seu
território.
encontrado na natureza sob a forma de óxidos e aluminossilicatos, embora também possa ser
extração de alumínio. Além de sílica e de óxidos de metais, como o titânio e o ferro, a bauxita é
extração do minério consiste da eliminação de boa parte dos outros constituintes da bauxita.
Para isso, a bauxita é quebrada até formação de um pó que é então lavado com uma solução
presentes na bauxita que não são de interesse não formam compostos solúveis em meio
sódio, NaAl(OH)4, que é solúvel nas condições do processo. A parte insolúvel é comumente
denominada de lama vermelha por causa da coloração avermelhada dada pelo hidróxido de
ferro(III), e é descartada. A parte solúvel, já livre de boa parte dos componentes indesejáveis é
vapor d’água:
bauxita é chamado de processo Bayer, e é utilizado desde o final do século XIX até os dias de
no processo de obtenção do cobre para tentar antecipar o que vem em seguida. Na obtenção
do cobre, uma vez que tínhamos o sulfeto de cobre, todas as etapas subsequentes tratavam de
reduzir o cobre. Isso sempre acontece quando estamos tentando obter um metal que não se
encontra em sua forma nativa. Em algum momento é preciso reduzir o metal. No caso
anterior, essa redução foi feita a partir da reação do sulfeto de cobre com o oxigênio. Nesse
processo, podia haver formação de uma pequena quantidade de óxido de cobre, lembra? Para
reduzir o cobre contido no óxido de cobre, gás natural foi queimado usando o óxido como
comburente. Poderíamos tentar fazer o mesmo aqui, mas existe um problema sério: o calor de
formação do óxido de alumínio (-1675,7 KJ/mol) é mais do que dez vezes maior do que o calor
quantidade muito grande para promover a combustão do gás natural usando o óxido de
A solução que foi encontrada há muito tempo, e que é utilizada até hoje, é encontrada no
processo Hall-Héroult. A idéia aqui é novamente lançar mão de um processo eletrolítico para
fornecer a energia necessária para a redução do alumínio do óxido a alumínio metálico. Vamos
Os processos eletrolíticos que estudamos na aula 4 foram todos feitos em solução aquosa.
Embora isso não seja obrigatório, é natural pensarmos antes em processos envolvendo água,
que é uma substância barata e abundante. O primeiro problema que surge é o fato da alumina
ser insolúvel em água, algo que poderia ser resolvido reagindo o óxido de alumínio com um
ácido, formando um sal solúvel. Por exemplo, a reação do óxido de alumínio com ácido
surge um problema:
Dê uma olhada nesses potenciais e veja se você consegue enxergar algum problema. Verificar
se você consegue utilizar o seu conhecimento para prever resultados práticos é um bom
de vista energético dentre as reações disponíveis no meio reacional. Perceba que até a
redução da água é mais favorável do ponto de vista energético do que a redução do alumínio!
Isso significa que antes da redução do alumínio iniciar, a água vai começar a ser reduzida a
hidrogênio, e energia estará sendo gasta num processo em que não se tem nenhum interesse.
Isso exclui a possibilidade de utilizar água, mas não significa que utilizar um processo
eletrolítico seja impossível. Uma alternativa comum é solubilizar o óxido em algum fundente. É
exatamente isso o que é feito no processo Hall-Héroult. Originalmente a eletrólise era feita
com o óxido de alumínio dissolvido na fase fundida de um mineral contendo alumínio e fluor, a
pode ser necessário obter o sal sinteticamente ou misturar criolita com outros compostos
contendo flúor, como a fluorita (CaF2) que é um mineral muito mais comum.
Como se dá o processo, no final das contas? A criolita é fundida num tanque industrial e o
óxido de alumínio é misturado ao sal fundido até que ele seja dissolvido. As paredes do tanque
alumínio se inicia no catodo, gerando alumínio metálico líquido, ao passo que no anodo ocorre
a oxidação do carbono a gás carbônico. O alumínio metálico vai para o fundo do tanque e é
removido conforme é formado, sendo levado para moldes onde é resfriado. Durante esse
transporte, busca-se evitar contato com oxigênio pois o alumínio fundido reage rapidamente
com oxigênio formando óxido de alumínio novamente. A mistura de óxido de alumínio com
alumínio que pode se formar durante essa etapa é chamada de borra branca. Essa mistura é
A quantidade de energia elétrica necessária para produzir alumínio é bastante grande e, por
essa razão, boa parte das plantas de processamento de alumina localizam-se próximo a usinas
Como vimos, a obtenção do alumínio gera uma quantidade grande de rejeitos poluentes.
energia necessária para o processo de obtenção da bauxita. Por essa razão, uma parte
importante da produção de alumínio no mundo hoje em dia resulta da reciclagem. Para que
esse processo seja eficiente, é importante que materiais constituídos de alumínio estejam
previamente separados de outro tipo de lixo. Essa é uma das razões que fazem a coleta
O ferro é o metal mais utilizado em nossa sociedade. Podemos encontra-lo como material em
peças para máquinas. As principais razões para o seu uso tão disseminado são as suas
especializadas. Boa parte do ferro em uso está sob a forma de aço ou alguma outra liga.
cujo principal componente é o óxido Fe3O4. O ferro raramente é encontrado sob a forma de
ferro nativo, embora seja possível encontrar pequenas quantidades no interior de meteoritos.
Ferro pode ser obtido sob diferentes formas a partir dos processos metalúrgicos, raramente
sob a forma pura. De modo geral, o ferro produzido na indústria contém certa quantidade de
Quando o ferro contem até 2,11% de carbono ele é classificado como aço, enquanto ferro com
propriedades do metal, de modo que existem várias classificações para diferentes tipos de aço
e ferro fundido.
Qualquer que seja o percentual de carbono desejado no final do processo, quase toda a
produção industrial de ferro passa antes pela produção de ferro com alto teor de carbono
combustível utilizado é o coque, um material que pode ser obtido a partir da eliminação dos
produção de ferro é o carbonato de cálcio (CaCO3), que tem o papel de solubilizar algumas das
impurezas indesejadas presentes nos minérios, das quais a mais importante é o dióxido de
passo que um volume grande de ar previamente aquecido (com temperatura variando entre
900oC e 1250oC) é introduzido pela parte de baixo. Quando o ar quente encontra o minério e o
coque, uma série de reações químicas acontecem, liberando energia e aumentando ainda mais
Mais uma vez, a idéia do processo é promover a redução do metal que se deseja obter (no
caso, o ferro). Aqui o agente redutor é o monóxido de carbono, formado durante a combustão
do coque. A reação do monóxido de carbono com o óxido de ferro, no caso da hematita segue
a seguinte estequiometria:
Nas regiões mais quentes do alto-forno, a redução pode ser efetuada diretamente pelo
Como a redução do ferro ocorre na presença de uma grande quantidade de coque, parte do
E quanto à parte indesejada do minério? O dióxido de silício é mais uma vez o principal
constituinte indesejado, e a sua remoção envolve um processo químico em duas etapas que
ocorre dentro do alto-forno. Conforme o fundente CaCO3 desce pelo alto-forno, as elevadas
temperaturas são suficientes para promover a sua decomposição, formando óxido de cálcio e
gás carbônico:
O óxido de cálcio reage então com o dióxido de silício, formando o sal silicato de cálcio. Na
do processo:
Após percorrerem todo o alto-forno, a escória e o ferro líquido encontram o fundo, mas não se
misturam. O silicato de cálcio é menos denso do que o ferro líquido e pode ser separado por
matéria prima para a produção de cimento. O ferro-gusa, que assenta no fundo do alto-forno é
o ferro-gusa é muito quebradiço e duro, propriedades que o tornam inadequado para boa
parte das aplicações para as quais o ferro é utilizado. Existe uma série de processos diferentes
para transformar o ferro-gusa em materiais mais úteis, como o aço. Embora muitos desses
envolvam a adição de outros metais para formar ligas diferentes, todo processo para obtenção
de aço deve, antes de tudo passar por uma etapa para reduzir a quantidade de carbono no
ferro. O procedimento para efetuar essa diminuição da massa de carbono costuma envolver a
oxidação do carbono, que é eliminado sob a forma de CO2. Não entraremos em maiores
Agora que temos uma idéia sobre a dificuldade e o gasto de energia envolvido em todos esses
processos, vamos estudar um pouco sobre que precauções são necessárias para que esses
materiais possam ser aproveitados ao máximo. Veremos que uma boa parte dos metais pode
Mas afinal, o que é corrosão? Talvez uma das imagens mais comumente associadas aos
estrutura. Usualmente o termo é utilizado para materiais metálicos, mas é comum que o
significado do termo seja estendido para todos os tipos de materiais. Nessa aula, iremos
Você deve ter percebido na primeira parte dessa aula que a obtenção de materiais metálicos
costuma envolver uma quantidade grande de energia. Boa parte dessa energia envolve a
redução do metal que se encontra sob a forma de algum sal ou óxido. Esse gasto de energia
oxirredução que leva à redução de um metal como o ferro. Se a reação na direção de formação
do ferro metálico é não-espontânea, a reação inversa (ou seja, a reação de oxidação do ferro
metálico) será espontânea, certo? Isso significa que existe pelo menos uma reação química (a
reação inversa) capaz de, espontaneamente, desfazer boa parte do trabalho que tivemos para
obter o metal!
Existe uma forma mais sistemática de analisarmos o problema. Vamos olhar de novo a nossa
Para que essa meia-reação ocorra, uma meia-reação de redução deve ser combinada a ela.
possuem potenciais padrão que, se somados com o potencial padrão da meia-reação acima
resultariam em um potencial positivo (Verifique essa afirmação!). Ou seja, pelo menos nas
condições padrão, todas as reações de redução acima do ferro podem, em princípio, promover
a oxidação do Fe a Fe2+. Note que, assim como no caso das reações para a obtenção de metais,
os processos corrosivos podem ocorrer com velocidades distintas, mesmo quando o processo
mais ou menos tempo. É por isso que os processos corrosivos não costumam ocorrer de uma
processo de formação de ferrugem, uma mistura de óxido e hidróxido de ferro que são os
ambiente úmido na presença de oxigênio (que, convenhamos, não é uma situação muito
Que, juntas, constituem uma primeira etapa possível no processo de corrosão do ferro.
Ou seja, basta que nos encontremos num clima úmido para que tenhamos todos os
H+, mesmo em baixa concentração, outras reações podem ocorrer, como por exemplo, a
Por sua vez, os íons Fe3+ podem formar hidróxidos de ferro, que desidratados forma óxido de
ferro. A constituição da ferrugem varia com a composição do meio em que a peça de metal se
consequências sérias para a durabilidade e tempo de uso dos materiais. Para evitar que esses
processos corrosivos podem acontecer, e de quais fatores eles dependem. Tendo esse
vai ser utilizado de modo a evitar, ou pelo menos reduzir a velocidade do processo de
corrosão.
Existem algumas maneiras distintas pelas quais processos de corrosão em metais podem
ocorrer, quase todas envolvendo algum processo de oxirredução. Vamos estudar em seguida
Na aula 3 vimos o que acontece quando um pedaço de ferro é mergulhado numa solução de
sulfato de cobre; o ferro começa a se oxidar ao passo que os íons cobre na solução se
reduzem. Isso já nos traz uma lição importante: se quisermos que o ferro mantenha as suas
propriedades, deve ser uma boa idéia mantê-lo distante de soluções de sulfato de cobre! Mas
não precisamos parar por aí. Checando uma tabela de potenciais de redução, podemos
rapidamente perceber que eletrólitos promovem a oxidação do ferro e quais não o fazem. Por
exemplo, na tabela de potenciais que apresentamos acima, podemos ver que, pelo menos nas
condições padrão, soluções ácidas ou soluções contendo cátions de estanho, cobre, prata ou
ouro devem ser evitadas, ao passo que soluções com cátions lítio, sódio, alumínio, manganês,
zinco ou cromo não devem trazer problemas (na verdade, veremos logo mais que soluções
salinas são quase sempre más notícias, mas por razões diferentes).
Percebeu uma coisa? Soluções contendo cátions de metais como a prata e o ouro possuem
alto potencial de redução e podem, por essa razão, representar um risco para metais com um
potencial de redução menor. Por outro lado, esses metais não são facilmente oxidados. Dos
agentes oxidantes na nossa tabela, só o gás flúor é capaz de oxidar o ouro, por exemplo.
No caso anterior, discutimos a situação em que uma reação direta entre o metal e algum
agente oxidante promove o processo de corrosão. Além de reações diretas, vimos na aula
galvânicas. Acontece que pilhas podem se formar nos lugares onde menos esperamos,
Anodo – que é o condutor onde acontece o processo de oxidação. No caso, o anodo será
Eletrólito – que permite o transporte de cargas(sob a forma de íons) entre os dois eletrodos;
Sempre que esses quatro elementos encontram-se presentes num sistema e o potencial do
eletrólito, o oxigênio presente no ar ou dissolvido na água costuma ser suficiente para iniciar
esses processos.
Um exemplo simples é o caso de dois metais diferentes em contato entre si e com um mesmo
eletrólito, como água com algum sal dissolvido, por exemplo. Nesse caso, o metal com menor
potencial de redução faz o papel do anodo, enquanto o outro metal faz o papel de catodo. O
anodo é oxidado, sofrendo corrosão, ao mesmo tempo em que os elétrons são transportados
para o catodo, onde o agente oxidante (por exemplo, o oxigênio) captura os elétrons e é
reduzido.
Uma coisa interessante nesse caso é que, mesmo que o metal que constitui o catodo pudesse
em princípio, ser oxidado pelo agente oxidante, o anodo é que é oxidado preferencialmente.
Somente quando quase todo o anodo for consumido é que o catodo iniciará o processo de
corrosão. Essa propriedade de sistemas com essas características é muito explorada para
evitar a corrosão de peças metálicas. O que se faz é ligar ao metal que se deseja proteger
outro metal com potencial de redução menor, que fará o papel de anodo. O metal que é
colocado em contato com a peça que se deseja proteger é chamado por essa razão de anodo
de sacrifício. Como o anodo de sacrifico é corroído e consumido com o tempo, este precisa ser
trocado de tempos em tempos. Esse tipo de proteção contra corrosão é chamada de proteção
catódica.
Atividade 3 – Com o conhecimento que você obteve até esse ponto, que materiais você acha
que seriam bons anodos de sacrifício para proteger uma superfície de ferro?
Parece ser razoavelmente fácil evitar corrosão por eletrodos de metais diferentes, não é? Ao
que parece, se soubermos que vamos ter que utilizar dois metais diferentes numa aplicação,
corrosão deveriam ser bem menores. Infelizmente não é tão simples evitar a corrosão. Como
vimos nos processos de obtenção de metais, pode ser bastante difícil em alguns casos obter
metais com pureza elevada. Metais com impurezas metálicas podem sofrer problemas de
original da peça. Quando isso acontece, a impureza pode agir como catodo, fazendo com que a
Além disso, algum outro processo pode “gerar” um catodo onde antes não havia! Veja, por
exemplo, a reação de oxidação do ferro pelos íons Cu2+, que discutimos na seção anterior.
Nessa reação, a redução dos íons cobre pode formar placas de cobre metálico na superfície do
ferro que então, podem fazer o papel de catodo em uma pilha galvânica que promoverá
Mas e se tivermos metais puros o suficiente, isolados de outros metais, e nenhum contato com
cátions metálicos “problemáticos”? Será que, pelo menos nesses casos, estamos livres da
corrosão? Mais uma vez, a resposta é “não”! Para entendermos a razão disso, vamos olhar
Num sistema com dois eletrodos feitos de um mesmo material, em que a situação em que os
redução e de oxidação são reações inversas, o que significa que Eø é igual a zero, e as
concentrações dos íons e possíveis agentes oxidantes no sistema são iguais, fazendo com que
das espécies no meio são diferentes, como era o caso da pilha de concentração que discutimos
na aula anterior. O quociente reacional seria diferente de 1, fazendo com que o potencial da
reação nas condições do sistema fosse diferente de zero, constituindo uma pilha
eletroquímica. Para que você perceba quão difícil pode ser impedir que os processos
Considere, por exemplo, uma única peça de metal mergulhada em água contendo um
eletrólito que não é capaz de promover por si só, o processo de oxidação. Agora imagine que
essa peça é bem grande, de tal modo que parte dela encontra-se perto da superfície da água e
a outra parte encontra-se mais no fundo. Em condições normais, haverá uma maior
água. Isso significa que a atividade do O2 é diferente em cada uma das extremidades da peça,
oxigênio nas duas extremidades da peça. Portanto, a parte da peça próxima à superfície
funcionará como o catodo, ao passo que a parte da peça na região mais funda da água será o
chamado de pilha por aeração diferencial. Como os potenciais gerados pelas pilhas de aeração
diferencial costuma ser muito pequenos, elas só se formam, na prática, com metais com baixo
potencial de redução.
Figura 10 – Pilha de aeração diferencial.
Note que situações ainda mais comuns podem levar à formação de pilhas de aeração
suficiente para a formação da pilha, devido à diferença entre a atividade do oxigênio presente
Outro tipo de pilha que pode se formar já é conhecida nossa: a pilha de concentração. Para
que esse tipo de pilha se forma, basta que partes diferentes do metal estejam em contato com
concentração pode ser formada mesmo quando o catodo e o anodo estão mergulhados na
mesma solução. Um exemplo desse fenômeno pode ocorrer quando diferenças na estrutura
microscópica da superfície do metal facilitam a adsorção de íons em uma região mais do que
em outra. Mesmo diferenças de concentração bem pequenas como essa podem promover
processos corrosivos.
Existem vários outros fatores que podem ser responsáveis pelo início de processos corrosivos,
corrosão.
Prevenindo a corrosão
Como vimos nessa aula, a corrosão provoca a degradação dos materiais e altera as suas
propriedades, fazendo com que exista um grande interesse em evita-la. Uma das maneiras de
evitar a corrosão é o uso de anodos de sacrifício, uma prática muito comum na indústria naval
para proteger os cascos de barco, que se encontram sempre em contato com a água do mar.
Esse tipo de proteção catódica não é, no entanto, apropriada para todos os sistemas. Na
geral, não é prático evitar a presença de um oxidante, visto que existem várias substâncias
distintas que podem cumprir esse papel, e na grande maioria dos casos, os materiais tem
contato com o ar atmosférico. A principal forma de evitar a corrosão por formação de pilha
galvânica é “cortar” um dos outros três requisitos necessários para a formação da pilha: o
catodo, o contato com o eletrólito ou o contato entre o anodo e o catodo. Como o anodo é o
próprio material que sofre a corrosão, ele não pode ser eliminado, embora possa ser trocado
por outro material mais conveniente e menos sujeito a corrosão. Por essa razão, o primeiro
passo utilizado par prevenir a corrosão é compreender as condições em que o material será
materiais que coexistirão com o objeto em questão, é possível, em muitos casos, escolher um
material que atenda a todas as necessidades que o material deve preencher e que, ao mesmo
proteger metais da corrosão consiste em separá-lo do eletrólito usando uma camada de tinta
ou esmalte impermeável. É possível também revestir o metal com alguns tipos de polímeros
ou resinas de modo a dificultar o contato com o eletrólito, aumentando muito a vida útil do
material. Até mesmo alguns tipos de cimento podem constituir um material protetor.
Trabalhando ainda com a idéia de dificultar o contato do metal com o eletrólito, é possível, em
alguns casos, utilizar o próprio processo de oxidação do metal a nosso favor! Você já viu
principalmente ao lembrar que o potencial de redução do alumínio é baixo, menor até que o
do ferro, um metal que sofre facilmente processos de corrosão. A razão para essa resistência
do alumínio puro à corrosão tem relação com a forma que o óxido de alumínio toma quando o
alumínio é oxidado pelo oxigênio presente no ar: ao invés de formar massas irregulares ou se
materiais, o óxido de alumínio apresenta grande afinidade pelo alumínio e forma uma película
bem fina em torno do metal. Essa película dificulta o contato do eletrólito com o metal,
impedindo que a pilha seja formada. A esse processo, em que o material é protegido pelo
material que é protegido por passivação é o aço inoxidável. Esse tipo de aço é constituído de
uma liga de ferro, carbono e cromo, com uma proporção de pelo menos 10% de cromo.
Quando em contato com o oxigênio do ar, o cromo presente no aço inoxidável rapidamente se
oxida, formando uma película de óxido que apresenta alta afinidade com a superfície do aço.
meio contendo espécies com a capacidade de reagir com a camada de óxido, a passivação
atuar por meio de uma série de mecanismos. Alguns inibidores protegem diretamente o anodo
ao reagirem com o produto da sua oxidação, formando um filme que promove a passivação.
Uma idéia similar pode ser usada para impedir que o catodo entre em contato com a solução
eletrolítica. A única diferença é que o produto de redução do inibidor é que deve formar a
Nessa aula, vimos como a obtenção de metais e a sua deterioração são duas faces de uma
mesma moeda. Na aula 6, iremos voltar a nossa atenção para processos de transição de fase,
para entender como um material pode se transformar em outro apenas por um rearranjo de
Atividade Final – Utilize o conhecimento que você obteve até agora no curso para
explicar porque razões o alumínio é um material tão utilizado para compor a estrutura
de janelas.