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FITRef

Faculdade Internacional de Teologia Reformada

Marco Antonio Ribeiro

PENA DE MORTE E SUAS IMPLICAÇÕES PARA O ATUAL


MOMENTO DA SOCIEDADE BRASILEIRA DOMINADA POR UMA
IDEOLOGIA MATERIALISTA E SECULARISTA.

Belo Horizonte
2018
FITRef
Faculdade Internacional de Teologia Reformada

Curso de Bacharel em Teologia

Marco Antonio Ribeiro

Trabalho apresentado à Faculdade


Internacional de Teologia Reformada
como parte dos requisitos da disciplina
de Ética Cristã ministrada pelo
professor Alan Rennê Alexandrino
Lima

Belo Horizonte
2018
“Se o ladrão for achado roubando, e for ferido, e morrer, o que o feriu não será
culpado do sangue”. (Êxodo 22:2 – ACF)
“Toda a alma esteja sujeita às potestades superiores; porque não há potestade
que não venha de Deus; e as potestades que há foram ordenadas por Deus.
Por isso quem resiste à potestade resiste à ordenação de Deus; e os que
resistem trarão sobre si mesmos a condenação.
Porque os magistrados não são terror para as boas obras, mas para as más.
Queres tu, pois, não temer a potestade? Faze o bem, e terás louvor dela.
Porque ela é ministro de Deus para teu bem. Mas, se fizeres o mal, teme, pois
não traz debalde a espada; porque é ministro de Deus, e vingador para castigar
o que faz o mal”. (Romanos 13:1-4 - ACF)
1. Definição

Pena de morte é um processo legal pelo qual uma pessoa é morta pelo
Estado como punição por um crime cometido. A decisão judicial que condena
alguém à morte é denominada sentença de morte, enquanto que o processo que
leva à morte é denominado execução. Atualmente, 22 países adotam a pena de
morte como punição para crimes que de acordo com a legislação local é
classificado como passível de morte.

O âmbito jurídico defino pena de morte como:

O conceito de pena tem origem do termo latim poenaque em sua


acepção básica significa: aflição, amargura, castigo, dor, pesar,
punição. Logo, dizemos que o termo pena, diz respeito à repressão
exercida pelo poder público, diante qualquer ato que viole de ordem
social. É a sanção imposta pelo Estado, valendo-se do devido
processo legal, ao autor de infração penal, como retribuição ao
delito perpetrado e prevenção de novos crimes.1

Uma vez definido o termo jurídico para pena de morte, pretende-se


apresentar um resumo sobre a pena de morte no decorrer da história e
posteriormente, no Brasil.

2. A pena de morte na história

1
NUCCI, Guiherme de Souza. 2014.Manual de Direito Penal - (e-book).Rio de Janeiro : Forense, 2014.
A prática da pena de morte, também chamada pena capital, é um
instrumento jurídico pelo qual um ser humano é morto como punição por um
crime cometido. Segundo estudiosos do assunto, os egípcios (3800 a.C.)
utilizavam a pena de morte para refrear os crimes hediondos. A pena capital é
vista também à época da Lei de Talião (2000 a.C.) que foi posta para trazer
ordem e equilíbrio a sociedade na Mesopotâmia que dizia: “que o mal causado
a alguém deve ser proporcional ao castigo imposto: para tal crime, tal e qual a
pena”. Neste sentido, esta lei consistia na justa reciprocidade do crime e da pena.

Foi reconhecida e registrada posteriormente no Código de Hamurabi


(1800 a.C.). Embora não apareça a expressão “lei de talião” na Bíblia, esse
conceito está presente na regra “olho por olho, dente por dente”, pois segundo a
Torah (1400 a.C.), o culpado deveria receber um castigo proporcional ao crime
que cometeu (Êx 21.23-25; Lv 24.19,20; Dt 19.21). No Código de Manu (1000
a.C.) encontrava-se a punição com pena capital para os crimes de injúria. O
Direito na Grécia antiga (500 a.C.) os crimes em sua maior parte eram punidos
com a morte, e em Roma A Lei das doze Tábuas (450 a.C.) também previa a
pena de morte como punição para conter a impunidade.

3. Pena de morte no Brasil

A pena de morte no Brasil tem por caso mais emblemático a execução


de Joaquim José da Silva Xavier, o Tiradentes, o único a admitir a participação
na Inconfidência Mineira. Essa sentença se celebrizou em nossa História como
bárbara, mas perante a Justiça da época o condenado veio a ser considerado
criminoso e passível de punição.

A pena de morte no Brasil foi aplicada para crimes civis pela última vez
em 1876 e não é utilizada oficialmente desde a Proclamação da República em
1889. Historicamente, o Brasil é o segundo país das Américas a abolir a pena de
morte como forma de punição para crimes comuns, precedido pela Costa Rica,
que aboliu a prática em 1859. No entanto, a pena capital por fuzilamento continua
prevista na legislação do país, podendo ser utilizada em caso de guerra, e o
Brasil é o único país de língua portuguesa que prevê a pena de morte em sua
Constituição.
Desde sua primeira Constituição Republicana não aplica mais a pena de
morte para crimes comuns no Brasil, reservando a punição somente para crimes
militares em caso de Guerra Declarada.

4. Pena de morte e o Cristianismo

As duas perícopes que abrem o presente trabalho apresentam textos


que devidamente colocados em seus contextos, fazem defesa ao uso letal de
força em uma determinada situação.

A lei do Antigo Testamento ordenava a pena de morte para vários atos:


assassinato (Êxodo 21:12), sequestro (Êxodo 21:16), deitar-se com animais
(Êxodo 22:19), adultério (Levítico 20:10), homossexualismo (Levítico 20:13), ser
um falso profeta (Deuteronômio 13:5), prostituição e estupro (Deuteronômio
22:4), e diversos outros crimes.

O Novo Testamento não apresenta muitos textos que defendem a pena


de morte, todavia, a sua defesa está baseada na imutabilidade do Deus que
instruiu seu povo no Antigo Testamento, sendo assim, uma vez que Deus não
pode mudar, a pena de morte continua tendo sua validade no Novo Testamento
que no caso específico da pena de morte, apresenta registros sobre o assunto
como Mateus 26.52 onde Jesus disse: "...todos os que lançarem mão da
espada, pela espada morrerão". Essa afirmação parece ser um reconhecimento
tácito da legitimidade de aplicação da pena capital, como justa punição aos que
vivem pela violência e desrespeito à vida.

Pode ser encontrado ainda o texto de João 19.11 "...nenhum poder terias
contra mim, se de cima te não fosse dado..". Jesus reconhece que o poder de
Pilatos de tirar a vida, vem do alto. Ele não contesta este poder, mas o considera
legitimo, ainda que aplicado ilegitimamente, no caso de Jesus, e possivelmente
fora da proporção dos parâmetros bíblicos, no caso de outras execuções.

E o próprio texto de Paulo à Igreja de Roma que abre o trabalho.


Especificamente neste texto, Paulo afirma categoricamente que a pena de morte
é instrumento do próprio Deus para punir aqueles que praticam o mal.

5. Pena de morte no Brasil e suas implicações


Uma pesquisa realizada pelo Datafolha em setembro de 2014 revelou
que 43% dos brasileiros é a favor da pena de morte, enquanto 52% se
posicionaram contra. Aqueles que concordam com a instituição da pena de morte
hoje, defendem que a pena de morte inibiria atos criminosos, principalmente no
Brasil, onde há muita impunidade. Além disso, estudiosos apontam que o Código
Penal brasileiro prevê punições muito brandas para os réus, resultando em
descontrole da criminalidade.

Em tese, aplicar a pena capital faria as pessoas pensarem bem antes de


cometerem delitos.

A execução feita dentro da lei respeita os direitos humanos e não pode


ser comparada com um assassinato. Fazendo uma analogia, seria o mesmo que
dizer que prender alguém equivale a sequestrá-lo. A pena também serviria para
negociar com o condenado: em troca de informações à polícia, poderia haver
redução para prisão perpétua, por exemplo.

Um outro argumento que é adotado para a instituição da pena de morte


no Brasil é o fato de embora obviamente não prepare o preso para retornar ao
convívio social, a pena capital dá uma chance ao condenado de refletir sobre os
atos cometidos. Isso pode ser interpretado como castigo ou como oportunidade
de arrependimento e paz interior (o que não deixaria de ser uma forma de
reabilitação).

Os que discordam dessa posição argumentam que o efeito inibitório da


pena seria limitado, pois só ocorreria para assassinatos premeditados. Punir com
morte, aliás, pode incitar o aumento da violência. Nas nações que adotam a pena
capital, os índices de criminalidade não mudaram muito e, em algumas delas, as
execuções são resultado de perseguição político-religiosa, além do mais, a
possibilidade de erros prejudica o equilíbrio entre justiça e punição. No Brasil,
como em muitos outros países, sobram notícias de pessoas inocentes
condenadas à prisão. Nos casos em que há execução de inocentes, o erro
jurídico é irreparável.

6. Conclusão
Embora a pena de morte seja biblicamente reconhecida como
instrumento de Deus para punir o malfeitor e que os argumentos a favor da
instituição da pena capital encontrem maior embasamento, acredita-se que a
pena de morte no Brasil seria danosa para a nação em diversos aspectos pelos
seguintes motivos;

• Reação popular contrária – Grande parte da sociedade (não a maioria,


mas ainda assim, grande parte) poderia promover ao longo dos anos,
movimentos de reação contrários à pena de morte gerando ainda mais a
divisão social, cultural, étnica e religiosa.
• Quem seria executado – Com todas as dificuldades que o sistema jurídico
e penal existentes no Brasil a pergunta a ser feita é: Quem seria punido?
Uma vez que bons advogados conseguem encontrar diversas brechas na
lei para impedir o efeito punitivo, não seria a justiça feita somente para
aqueles que não possuem condições financeiras?
• Morosidade do sistema judiciário e penal – A deficiência crônica do
sistema judiciário e penal existentes no Brasil dificultaria a execução da
pena de morte gerando enormes dificuldades e despesas ao erário
público.
• E se tratando de uma sociedade secularista e que prega o laicismo, não
há como determinar a pena de morte utilizando como base o texto bíblico,
portanto, invalida a questão de que a pena de morte é instrumento
legítimo de Deus para que sua lei seja cumprida no aspecto civil.

Sendo assim, a pena de morte instituída no Brasil que atravessa um período


dominado por uma ideologia materialista e secularista não se torna um
instrumento de justiça da parte de Deus, mas de vingança punitiva da parte dos
homens e isso se dá baseado na seletividade que o materialismo promoverá
diante de todas as dificuldades citadas sobre o atual sistema jurídico e penal.

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