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Nutrição Oral - Data de Publicação: 27/09/2007 (Quinta-Feira)

Caro(a) leitor(a), veja as novidades desta semana do NUTRITOTAL

SOJA: Alternativa para reposição hormonal na menopausa?

Isoflavonas são fitoestrogênios isolados a partir da soja que, além de seu poder antioxidante, exercem efeitos hormonais e
não-hormonais pela capacidade de se ligar a receptores de estrógeno (1). Esses efeitos estão associados a potenciais
benefícios para saúde, especialmente em mulheres na menopausa ou pós-menopausa.

A maior motivação para suplementação de fitoestrogênios da soja na menopausa ou pós-menopausa reside na redução da
freqüência e gravidade das ondas súbitas de calor que acometem essa população de mulheres. Essa diminuição foi
observada em estudo prospectivo conduzido em japonesas (2) que consumiam soja ou isoflavona isolada da soja e
confirmada por outros estudos controlados utilizando soja (3), isolado de proteína de soja (4,5) e extratos de soja (6-8),
oferecendo 30 a 104 mg/dia de isoflavonas. Apesar de alguns estudos não confirmarem esse benefício (9-12), as evidências
científicas descritas (2-8) sugerem que o consumo de pequenas quantidades de isoflavonas (30 mg/dia) intactas na proteína
de soja ou como extrato semipurificado pode reduzir em 30 a 50% as ondas súbitas de calor típicas da menopausa. Os dados
contraditórios parecem estar associados à quantidade e apresentação do fitoestrógeno, bem como à condição de saúde da
população estudada. Nesse sentido, o desenvolvimento de novas pesquisas para a padronização dessas variáveis é de
grande interesse científico.

Além de atenuar os sintomas físicos da menopausa, fitoestrogênios da soja podem auxiliar na prevenção do desenvolvimento
de distúrbios silenciosos e progressivos da saúde ligados à diminuição dos níveis orgânicos de estrógeno freqüente nessa
fase da vida da mulher, como hipercolesterolemia e redução da massa óssea (13).

Após a consideração de numerosos estudos — incluindo meta-análise (14) envolvendo 38 trabalhos, que mostrou que a
ingestão de 47 g/dia de proteína de soja resultava na diminuição de colesterol total (9%) e de LDL-colesterol (lipoproteína de
baixa densidade, 13%) e apresentava uma tendência em aumentar HDL (lipoproteína de alta densidade, 14%) —, o Food and
Drug Administration norte-americano (FDA) reconheceu a relação entre o consumo de proteína de soja e baixos níveis de
colesterol e estabeleceu que “dietas pobres em gorduras saturadas e colesterol que incluem 25 g de proteína de soja por dia
podem reduzir o risco de doenças cardíacas” (15). Porém, paralelamente, estudos utilizando extratos de isoflavona purificados
derivados de soja não encontraram esses mesmos efeitos no perfil lipídico do sangue (14). Essa observação sugere que
isoflavonas da soja reduzem LDL e provavelmente aumentam HDL, mas necessitam ser consumidas intactas, na proteína da
soja.

Evidências científicas do benefício do consumo de isoflavonas da soja na saúde dos ossos são menos expressivas que
aquelas relacionadas com saúde cardiovascular e sintomas físicos da menopausa. Experimentalmente, foi bem demonstrado
que isoflavonas melhoram a densidade mineral (16-18) e o turnover de ossos, mas existem poucos estudos em humanos
nessa área. No entanto, dois trabalhos intervencionistas adequadamente controlados, conduzidos em curto período de tempo,
sugerem que 80 a 90 mg/dia de isoflavonas da proteína da soja podem atenuar perda óssea e melhorar o conteúdo mineral
da coluna vertebral em mulheres na menopausa ou na pós-menopausa (19,20).

Adicionalmente, estudos epidemiológicos vêm sugerindo uma associação inversa entre ingestão de isoflavona da soja e
câncer de mama. Para se observar o efeito protetor da isoflavona no desenvolvimento de câncer de mama, o período de vida
em que o indivíduo é exposto a esses fitoestrogênios e a presença ou não de risco de desenvolver essa neoplasia parecem
ser essenciais (21,22). Dados de estudo conduzido na China mostraram que a ingestão de alimentos ricos em soja na
adolescência tem associação inversa com incidência de câncer de mama na fase adulta (22). Esses resultados foram
significantes em mulheres nos períodos pré e pós-menopausal. Além disso, experimentalmente, o maior efeito preventivo de
câncer ocorre em animais expostos a isoflavonas da soja no início do desenvolvimento da mama, ocorrendo aumento da
carcinogênese mamária em animais tratados com esse fitoestrógeno em vigência do processo tumoral (23-26). Esta última
observação aponta a possibilidade de esses nutrientes estimularem o crescimento de células tumorais já estabelecidas.

De modo geral, isoflavonas da soja parecem exercer benefícios na menopausa, reduzindo seus sintomas vaso-motores.
Juntamente com a proteína da soja, esses nutrientes diminuem o mau colesterol (LDL) e aumentam o bom colesterol (HDL),
contribuindo para maior saúde cardiovascular, e trazem benefícios na saúde dos ossos, prevenindo perda óssea por curtos
períodos. Tomadas em conjunto, essas observações sugerem um benefício potencial do consumo de fitoestrogênios da soja
na menopausa, alternativamente à terapia hormonal, reduzindo seus sintomas e prevenindo o desenvolvimento de doenças a
ela associadas, sem os efeitos colaterais e conseqüências à saúde relacionados ao uso de hormônios em longo prazo.

No entanto, no Brasil, o Departamento de Endocrinologia Feminina da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia


(SBEM) considera as evidências científicas encontradas ainda insuficientes para justificar o uso de fitoestrogênios ou
alimentação rica em soja como alternativa para terapia de reposição hormonal da menopausa (TRHM) e aponta a
necessidade de se desenvolverem novos estudos clínicos bem estruturados, em longo prazo, utilizando fitoestrogênios da
soja isoladamente contra placebo e também em associação com estradiol. Apesar dessas observações, a SBEM indica o
consumo moderado de alimentos ricos em fitoestrogênios, como a soja, como um hábito de vida saudável e benéfico,
potencializando os efeitos da TRHM.

Finalmente, cabe ressaltar que efeitos no risco de câncer de mama e consumo desses nutrientes são complexos. Apesar de
os dados obtidos até o momento sugerirem que fitoestrogênios de soja poderiam teoricamente prevenir câncer de mama,
particularmente quando ingeridos nas primeiras fases da vida, novos estudos são necessários para sua indicação específica a
mulheres com alto risco de desenvolver essa neoplasia.

Raquel Susana Torrinhas


Bióloga-chefe da Equipe de Metabologia e Nutrição em Cirurgia do Laboratório de Fisiologia e Distúrbios Esfincterianos (LIM
35) da Disciplina de Cirurgia do Aparelho Digestivo do Departamento de Gastroenterologia do Hospital das Clínicas da
Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. Mestre em Ciências pela Faculdade de Medicina da Universidade de
São Paulo.
Referências:

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3. Brzezinski A, Adlercreutz H, Shaoul R, Rösler A, Shmueli A, Tanos V, Schenker JG. Short-term effects of phytoestrogen-rich
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