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O CUSTO DE MANUTENÇÃO DO REGISTRO DE COMPANHIA ABERTA NA

FORMAÇÃO DO RESULTADO: UM CASO NO SETOR TÊXTIL

Ana Carolina Coutinho de Oliveira1

Eduardo Duarte Horta2

Anderson Rocha Valverde3

Resumo
Devido a existência de várias obrigações e custos vinculados à manutenção do registro de
Companhia Aberta essa pesquisa analisa qual o impacto desses custos e obrigações na
formação do resultado de uma empresa com essa característica. O objetivo geral deste estudo
é medir a relação entre os custos obrigatórios para manutenção do registro de companhia
aberta e os principais medidores de performance da empresa: a receita líquida e o lucro.
Através de uma pesquisa documental e bibliográfica este estudo delimita todos os custos
obrigatórios imputados às companhias abertas e por meio de um estudo de caso em uma
companhia aberta do setor têxtil este estudo demonstra qual a aplicação desses custos na
empresa, como ele se detalha e qual o percentual de participação desses custos na formação
do resultado desta companhia. Para a empresa objeto do estudo de caso, os gastos mais
relevantes entre os obrigatórios ficaram com a manutenção do conselho de administração e
contratação de auditoria contábil independente. O total de custos perante a Receita Líquida
ficou em 0,63% do total. Considerando a hipótese de ausência de benefícios pela falta de
atividade na bolsa de valores, um possível fechamento de capital poderia representar uma
melhoria de 11,77% no resultado líquido da empresa, considerando o histórico dos últimos 5
anos tomados para análise.
Palavras chave: Companhia Aberta, Custo de manutenção, Bolsa de Valores.

1
OLIVEIRA, Ana Carolina Coutinho. Especialista em Contabilidade e Auditoria pela UFJF. 2 HORTA, Eduardo
Duarte. Mestre em Engenharia de Produção. Docente do Curso de Ciências Contábeis da UFJF. 3 VALVERDE,
Anderson Rocha. Mestre em Administração, Docente dos Cursos de Administração e Engenharia de Produção da
UNIVERSO – JF.
2
OLIVEIRA, Ana Carolina Coutinho. Especialista em Contabilidade e Auditoria pela UFJF. 2 HORTA, Eduardo
Duarte. Mestre em Engenharia de Produção. Docente do Curso de Ciências Contábeis da UFJF. 3 VALVERDE,
Anderson Rocha. Mestre em Administração, Docente dos Cursos de Administração e Engenharia de Produção da
UNIVERSO – JF.
3
OLIVEIRA, Ana Carolina Coutinho. Especialista em Contabilidade e Auditoria pela UFJF. 2 HORTA, Eduardo
Duarte. Mestre em Engenharia de Produção. Docente do Curso de Ciências Contábeis da UFJF. 3 VALVERDE,
Anderson Rocha. Mestre em Administração, Docente dos Cursos de Administração e Engenharia de Produção da
UNIVERSO – JF.
1 Introdução
O mercado de capitais, na forma da Bolsa de Valores, é de grande importância para
empresas de grande porte que desejam obter novas formas de financiamento para suas
atividades. Os benefícios são muitos, atrelados não só a captação de recursos, mas, também, à
estrutura que é formada para atender as necessidades desse mercado.
Podem operar nesse mercado para negociar seus títulos empresas constituídas sob a
forma de sociedade anônima, que a partir de seu registro e oferta inicial tomam a condição de
companhia aberta.
Todavia, tomada essa condição de companhia aberta a empresa também entra num
mundo específico de cumprimento das exigências legais (legislação societária), regulatórias
(CPCs), fiscais (IR) e de custos que existem para manter a confiança do mercado sobre suas
ações e manter a transparência e a tranquilidade para o investidor.
Esses custos podem ser expressivos, passando por gastos elevados com auditoria
independente, publicações de demonstrações financeiras, manutenção de departamento de
Relação com Investidores, gastos com conselho administrativo, entre outros.
A existência de tantas obrigações vinculadas à manutenção de uma companhia aberta
nos leva a levantar a seguinte questão: qual o impacto dos custos obrigatórios de manutenção
do registro de companhia aberta no resultado da empresa?
A análise do impacto dos custos obrigatórios de manutenção do registro de companhia
aberta se justifica pelo relevante número de obrigações existentes para as companhias abertas
e pelo fato de muitos desses custos serem expressivos, podendo em alguns casos serem
determinantes para manutenção ou não do capital aberto.
O objetivo geral desse estudo é medir a relação existente entre os custos obrigatórios
de manutenção do registro de companhia aberta e os principais medidores de performance da
empresa: a receita líquida e o lucro líquido. Especificamente objetiva-se: delimitar os custos
obrigatórios existentes e a sua origem na legislação; explorar a aplicação e a composição
dessas obrigações em uma companhia aberta do setor têxtil, por meio de um estudo de caso; e
medir o impacto desses custos na formação do resultado da empresa objeto do estudo.
Como aspecto metodológico optou-se por uma pesquisa documental e bibliográfica,
com a utilização de fontes secundárias como livros, legislação e outras publicações
relacionadas ao tema. Tais fontes foram trabalhadas dando origem ao referencial teórico e
servindo como base para apresentação e discussão dos resultados. Os resultados foram obtidos
através de um estudo de caso dos custos obrigatórios existentes para uma companhia aberta
do setor têxtil.

2 Metodologia
A pesquisa será desenvolvida como pesquisa exploratória, para melhor caracterização
do problema. De acordo com Cervo, Bervian e Silva (apud LOPES, FIGUEIREDO e BUOSI,
2014, p. 16):
A pesquisa exploratória realiza descrições precisas da situação e quer
descobrir as relações existentes entre seus elementos componentes.
Esse tipo de pesquisa requer um planejamento bastante flexível para
possibilitar a consideração dos mais diversos aspectos de um
problema ou de uma situação.

Utiliza-se também a pesquisa bibliográfica, examinando a literatura sobre o tema. De


acordo com Lakatos (apud MARTINEZ, 2001, p. 9):

A bibliografia pertinente oferece meios para definir, resolver, não


somente problemas conhecidos, como também explorar novas áreas
onde os problemas não se cristalizaram suficientemente, e tem por
objetivo permitir aos cientistas em esforço paralelo na análise de suas
pesquisas ou manipulações de suas informações.

Além da pesquisa bibliográfica, utiliza-se também uma pesquisa documental, visto que
servem como base para essa pesquisa os dados dos registros contábeis da empresa objeto do
estudo. De acordo com Gil (2012, p. 45):

A pesquisa documental assemelha-se muito à pesquisa bibliográfica.


A diferença essencial entre ambas está na natureza das fontes.
Enquanto a pesquisa bibliográfica se utiliza fundamentalmente das
contribuições dos diversos autores sobre determinado assunto, a
pesquisa documental vale-se de materiais que não recebem ainda um
tratamento analítico, ou que ainda podem ser reelaborados de acordo
com os objetos da pesquisa.
Por fim, será realizado um estudo de caso, utilizando-se uma companhia aberta do
setor têxtil para análise dos custos atrelados ao registro e manutenção de empresa como
companhia aberta. De acordo com Gil (2012), o estudo de caso é uma modalidade de pesquisa
amplamente utilizada nas ciências sociais, e que consiste no estudo profundo e exaustivo de
um ou poucos objetos, de maneira que permita amplo e detalhado conhecimento.

3 Desenvolvimento
O capítulo ora exposto tem como finalidade apresentar os conceitos necessários para
compreensão e análise do estudo desenvolvido. Para melhor visualização ele foi dividido em
subcapítulos: o mercado de valores mobiliários; a Comissão de Valores Mobiliários; os
benefícios da abertura de capital; os custos para se manter como companhia aberta no Brasil.

3.1 Mercado de Valores Mobiliários


O Sistema Financeiro Nacional rege o ambiente onde poupadores e tomadores se
reúnem para troca de recursos financeiros. Esse sistema é responsável pela regulação e
operacionalização do fluxo financeiro necessário para o giro da economia do país
(GALLAGHER apud LOPES, FIGUEIREDO e BUOSI, 2014, p. 18).
O mercado de valores mobiliários, ou, mercado de capitais, é parte do Sistema
Financeiro Nacional. A maioria das operações realizadas no mercado de capitais são de longo
prazo. A operação mais conhecida é utilizada para a compra de ações de empresas podendo
ser realizada por pessoas físicas ou jurídicas. Os principais títulos negociados no mercado de
capitais são: ações, debêntures conversíveis, bônus de subscrição, entre outros (LOPES,
FIGUEIREDO e BUOSI, 2014, p. 25).
A Lei 6.404/76, que rege as sociedades anônimas no Brasil, define em seu artigo 4º
que “a companhia é aberta ou fechada conforme os valores mobiliários de sua emissão
estejam ou não admitidos à negociação no mercado de valores mobiliários” (BRASIL, 1976).
Quando uma empresa decide operar no mercado de capitais ela estará abrindo suas
possibilidades de captação de recursos. De acordo com Lopes, Figueiredo e Buosi (2014,
p.25):

[...] as empresas de capital aberto atuantes dentro do mercado de


capitais utilizam esse mercado como uma forma estratégica para
captar recursos financeiros, estando constantemente ligada ao
crescimento da empresa e ao ciclo de vida da mesma. O mercado de
capitais pode adequar algumas vantagens e desvantagens sobre os
meios tradicionais de captação de recursos financeiros.

3.2 Comissão de Valores Mobiliários


Com a função de fiscalizar e disciplinar o mercado de valores mobiliários, foi criada a
Comissão de Valores Mobiliários – CVM. O artigo 5º da Lei 6.385/76 assim a define:

[...] entidade autárquica em regime especial, vinculada ao Ministério


da Fazenda, com personalidade jurídica e patrimônio próprios, dotada
de autoridade administrativa independente, ausência de subordinação
hierárquica, mandato fixo e estabilidade de seus dirigentes, e
autonomia financeira e orçamentária (BRASIL, 1976).

A Lei 6.385/76 esclarece que é de competência da CVM regulamentar, com


observância da política definida pelo Conselho Monetário Nacional, as matérias
expressamente previstas nesta Lei (relativas ao mercado de valores mobiliários) e na lei de
sociedades por ações. Entre outras atividades, também são de competência da CVM: a
administração de registros, a fiscalização permanente das atividades e dos serviços do
mercado de valores mobiliários e a fiscalização e inspeção das companhias abertas, dada
prioridade às que não apresentem lucro em balanço ou às que deixem de pagar o dividendo
mínimo obrigatório (BRASIL, 1976).
De acordo com Lopes, Figueiredo e Buosi (2014), é papel da Comissão de Valores
Mobiliários supervisionar, desenvolver, regular e fiscalizar todos os aspectos que envolvam
operações estruturadas no mercado de capitais e que possuam alto risco, quando realizadas
por empresas de capital aberto.

3.3 Os Benefícios da Abertura de Capital


A maioria das empresas que optam pela abertura de capital estão procurando uma
nova forma de captação de recursos no mercado. Cavalcanti e Misumi (2001, apud BONFIM,
SANTOS e PIMENTA JÚNIOR, 2006) citam que a captação de recursos via mercado de
capitais é uma alternativa aos financiamentos bancários, viabilizando o acesso a investidores
potenciais. Os recursos podem ser destinados às diversas necessidades de financiamento das
empresas.
Bonfim, Santos e Pimenta Júnior (2006) afirmam que a abertura de capital pode ser a
solução para questões de reestruturação societária, decorrentes de processos sucessórios,
estratégia empresarial ou saída de um dos principais acionistas.
A abertura de capital facilita não só a captação via mercado de capitais, mas também
no mercado financeiro e de crédito. De acordo com os autores:

O detalhamento e a confiabilidade das informações, exigências da


CVM para as empresas de capital aberto, tendem a fazer com que o
mercado perceba maior transparência na gestão dessas organizações, o
que pode facilitar a realização de negócios, operações financeiras e de
crédito, e a ampliação do prestígio no mercado. Além disso, a
companhia aberta tende a ter um diferencial competitivo e melhoria de
imagem institucional. Quando recorre ao endividamento bancário, por
exemplo, seu custo financeiro é, em geral, inferior ao de uma
companhia fechada (BONFIM, SANTOS e PIMENTA JUNIOR,
2006, p. 6).

Os benefícios da abertura de capital são refletidos tanto na empresa, quanto na


sociedade econômica. As companhias abertas possibilitam a democratização do capital, pois,
uma vez que todos podem investir nessas empresas, elas conduzem a sociedade para a
democratização do seu capital e de seus frutos. Além disso, elas contribuem para o
desenvolvimento econômico por terem a capacidade de agregar poupanças de diferentes
fontes para seus investimentos (EID JUNIOR, 2012).

3.4 Os Custos para se manter como Companhia Aberta no Brasil


Um mercado tão oportuno como o de capitais não é barato. A empresa que opta pela
abertura de capital entra num mundo de obrigações e custos, desde o processo de registro,
passando pela oferta inicial, e que acompanham a empresa durante toda a sua manutenção
como companhia aberta.
A primeira etapa do processo de abertura de capital é o registro no órgão regulador do
mercado de capitais, a CVM. A Instrução CVM 480/2009, que dispõe sobre o registro de
emissores de valores mobiliários, assim estabelece em seu artigo 1º:
Art. 1º A negociação de valores mobiliários em mercados
regulamentados, no Brasil, depende de prévio registro do emissor na
CVM. § 1º O pedido de registro de que trata o caput pode ser
submetido independentemente do pedido de registro de oferta pública
de distribuição de valores mobiliários. § 2º O emissor de valores
mobiliários deve estar organizado sob a forma de sociedade anônima,
exceto quando esta Instrução dispuser de modo diverso [...]
(COMISSAO DE VALORES MOBILIÁRIOS, 2009).

O registro na CVM deve vir acompanhado do registro na Bolsa de Valores, e assim,


quando a empresa estiver pronta, poderá fazer sua oferta inicial de ações, conhecida como
IPO (Initial Public Offering). Nesse processo a empresa terá custos legais e institucionais,
custo de publicação, publicidade e marketing, custo de intermediação financeira, custos com
advogados e auditores, custos com consultores e custos internos da empresa
(BM&FBOVESPA; PWC, 2011).
Após consumado todo o processo de abertura do capital, surgem para a empresa as
obrigações de manutenção, vinculadas às regras da CVM e da própria Lei das Sociedades
Anônimas.
A companhia aberta está obrigada a manter o órgão Conselho de Administração,
conforme determina a Lei 6.404/76. A manutenção desse órgão para companhias fechadas é
facultativa. Dutra e Saito, assim dispõe sobre o órgão:

Trata-se de um órgão existente em todas as empresas de capital aberto,


de caráter deliberativo, e integrado por profissionais eleitos pelos
próprios acionistas. Suas atribuições estão apresentadas no art. 142 da
Lei das Sociedades Anônimas - Lei 6.404, de 15 de dezembro de
1976, que destaca, especificamente em relação às funções de controle,
a fiscalização da gestão dos diretores, o exame de livros e papéis da
companhia, dos contratos celebrados e quaisquer outros atos ligados à
administração da empresa (DUTRA e SAITO, 2002, p. 5).

Outra obrigação para as companhias abertas é a contratação de auditoria contábil


independente, conforme determina a Lei 6.404/76, artigo 177:
Art. 177 § 3o As demonstrações financeiras das companhias abertas
observarão, ainda, as normas expedidas pela Comissão de Valores
Mobiliários e serão obrigatoriamente submetidas a auditoria por
auditores independentes nela registrados (BRASIL, 1976).

A Lei das S.A. ainda coloca como obrigação para as companhias abertas a publicação
de suas demonstrações financeiras. Em seu artigo 289, a Lei 6.404/76, diz que as publicações
serão feitas no órgão oficial da União ou do Estado ou do Distrito Federal, conforme o lugar
em que esteja situada a sede da companhia, e em outro jornal de grande circulação editado na
localidade em que está situada a sede da companhia.
Além das demonstrações financeiras a companhia deverá publicar atas do conselho de
administração que contiverem deliberação destinada a produzir efeitos perante terceiros,
conforme § 1º do artigo 142 da lei 6.404/76. E, além das atas, a empresa incorrerá em gastos
para publicação de avisos aos acionistas e editais de convocação.
Junto às obrigações citadas a companhia também estará obrigada ao pagamento de
taxas específicas das companhias abertas, como a anuidade da Bovespa e as taxas de
fiscalização da CVM.

4 O Caso: uma Companhia Aberta do Setor Têxtil


Com base na revisão de literatura que nos permite conhecer os custos e obrigações das
companhias abertas, principalmente a legislação societária trazida pela Lei 6.404/76 e suas
alterações, foi realizado um estudo de caso numa companhia aberta do setor têxtil para
identificar os valores referentes a cada um dos custos citados, fazendo a coleta dos dados
referente a um período de cinco anos para ponderar a análise.

4.1 Conselho de Administração


O Conselho de Administração é órgão de existência obrigatória para as companhias
abertas, conforme determina o artigo 138 § 2 da Lei 6.404/76. Ao Conselho de Administração
é dado poder de deliberação sobre vários assuntos de grande importância para a companhia.
Os gastos com esse departamento tendem a ser relevantes no conjunto administrativo, devido
à importância de seus membros no processo de tomada de decisão estratégica.
A legislação societária dá diretrizes gerais a respeito da função do Conselho de
Administração, mas detalhes específicos de sua atuação podem ser encontrados no estatuto
social da companhia.
O estatuto social da companhia objeto do estudo versa sobre diversas atribuições dadas
a seu conselho de administração, dentre elas o número de membros do órgão, os cargos dos
membros do conselho, suas competências específicas de deliberação além das instituídas por
lei, a periodicidade de reuniões ordinárias, entre outras.
Através de dados coletados na contabilidade da empresa objeto do estudo, foi possível
delimitar os principais tipos de gastos relacionados à manutenção do Conselho de
Administração na companhia.
O gasto mais expressivo do Conselho de Administração da empresa foi com os
honorários e despesas trabalhistas dos membros do conselho. Esse gasto representou 66% do
total despendido com o Conselho de Administração no acumulado dos últimos cinco anos da
análise.
A Tabela 1 abaixo demonstra a natureza dos gastos com o Conselho de Administração
e suas quantias com um histórico de cinco anos para análise.
Tabela 1 – Gastos com Conselho de Administração em R$/mil

Tipo de Despesa 2010 2011 2012 2013 2014 TOTAL A.V.


Honorários e despesas trabalhistas 515 512 515 512 548 2.603 66%
Serviços Técnicos de Terceiros 67 125 188 356 135 871 22%
Despesa Viagem, Hospedagem e Alimentação 53 87 77 102 106 426 11%
Outros 12 9 14 18 16 68 2%
TOTAL 647 732 795 988 806 3.968 100%
Fonte: Elaborado pelos autores
Em segundo lugar foi mensurado com maior número os gastos com serviços técnicos
tomados pelo Conselho de Administração. O órgão necessitou de serviços técnicos de
terceiros para exercer sua função de deliberação e tomada de decisão estratégica. O principal
tipo de serviço técnico tomado foi o de consultoria, para assuntos nos quais eles se fizeram
necessários. O total gasto com serviços técnicos chegou a 22% do total gasto pelo
departamento no acumulado dos últimos cinco anos.
Devido ao número de reuniões que se fazem necessárias para o controle e deliberação
do órgão, existe um gasto específico com viagem, hospedagem e alimentação dos membros
do conselho, já que nem todos são da mesma cidade onde as reuniões precisam ser realizadas.
Essa despesa fecha a lista de gastos relevantes do órgão ficando em 11% do total acumulado
de gastos dos últimos cinco anos. Outros gastos do órgão totalizaram 2%.

4.2 Auditoria
Para garantir a integridade da informação contábil prestada, a legislação societária
determina que a companhia aberta submeta suas demonstrações à auditoria contábil
independente de empresa ou profissional registrados na CVM.
A relação de firmas de auditoria registradas na CVM é grande, passando de trezentos e
cinquenta firmas pessoa jurídica em consulta realizada no andamento dessa pesquisa. Todavia
a concentração dos trabalhos de auditoria está entre as quatro maiores empresas de auditoria
atuantes, conhecidas pelo termo Big Four.
A instrução CVM 308/99 em seu artigo 31, com o objetivo de inibir a não
independência das firmas de auditoria pelo elevado tempo de prestação do serviço,
estabeleceu que os serviços de auditoria não podem ser prestados para um mesmo cliente por
período superior a cinco anos, exigindo-se um intervalo mínimo de três anos para sua
recontratação. O prazo citado para troca pode ser de dez anos caso a empresa auditada possua
Comitê de Auditoria Estatutário e o auditor seja pessoa jurídica, mas para isso deve-se
proceder a rotação do responsável técnico ou gerente responsável pela companhia a ser
auditada.
A empresa objeto deste estudo contratou os trabalhos de duas firmas de auditoria das
quatro maiores do mercado (Big Four) nos últimos cinco anos da análise.
A Tabela 2 abaixo demonstra as despesas incorridas pela contratação dos serviços de
auditoria independente nos últimos cinco anos.
Tabela 2 – Gastos com Auditoria Contábil Independente em R$/mil

Tipo de Despesa 2010 2011 2012 2013 2014 TOTAL A.V.


Honorários dos serviços de auditoria 235 268 225 287 222 1.237 87%
Despesa com Viagem, Hospedagem e Alimentação 25 23 30 50 59 186 13%
TOTAL 260 291 256 336 281 1.424 100%
Fonte: Elaborado pelos autores
No contrato firmado entre a empresa e a firma de auditoria são estabelecidos os
valores referentes aos honorários cobrados pela auditoria das demonstrações financeiras
trimestrais e anuais do exercício. Do total gasto com auditoria independente nos últimos cinco
anos os valores referentes a honorários contratados e honorários extras requeridos pelo
andamento do trabalho totalizaram 87% do total gasto com auditoria independente.
Os outros 13% ficaram a cargo das despesas com viagem, hospedagem e alimentação
dos auditores durante suas visitas à empresa para realização dos trabalhos. Esses valores são
assumidos pelo cliente conforme acordado em contrato.
4.3 Publicação de Demonstrações Financeiras
Para tornar pública a situação patrimonial e o resultado da empresa, a legislação
societária determina que a companhia aberta faça publicações de suas demonstrações
contábeis, uma em jornal oficial da união ou do estado e outra em jornal de grande circulação
da localidade da sede da companhia.
A companhia objeto do estudo atende a primeira exigência através do Diário Oficial
do Estado de Minas Gerais, estado onde ela tem sua sede localizada. A segunda publicação é
feita através do Jornal Brasil Econômico, de grande circulação na localidade da sede da
empresa.

Tabela 3 – Gastos com publicação de demonstrações financeiras em R$/mil

Jornal 2010 2011 2012 2013 2014 TOTAL A.V.


Diário Oficial do Estado de Minas Gerais 38 74 74 71 67 323 62%
Jornal Brasil Econômico 32 45 46 44 29 196 38%
TOTAL 69 119 120 115 96 519 100%
Fonte: Elaborado pelos autores
Pela coleta dos dados é possível dizer que a publicação em jornal oficial é
expressivamente mais cara do que a do jornal de grande circulação escolhido, totalizando
62% do total gasto com publicação nos últimos cinco anos.

4.4 Anuidades e Taxas


A condição de companhia aberta no Brasil está vinculada ao registro na bolsa de
valores em operação, a BM&FBovespa, e no órgão fiscalizador do mercado de valores
mobiliários, a CVM.
O Ofício Circular 077/2013-DP, assim define a obrigação com a bolsa de valores:

A Anuidade consiste em uma contribuição periódica devida pelas


companhias e pelos demais emissores em razão do tipo de sua
listagem na BM&FBovespa, possibilitando assim, a admissão de seus
valores mobiliários à negociação no mercado de bolsa ou MBO,
conforme o caso (BM&FBOVESPA, 2013).

A forma de cálculo da anuidade varia conforme o valor do capital social do emissor.


A lei 7.940/89 instituiu a taxa de fiscalização da CVM, obrigatória para as companhias
abertas e para outros agentes do sistema de distribuição de valores mobiliários.
A forma de cálculo da taxa de fiscalização varia conforme o patrimônio líquido da
companhia e é devida trimestralmente.
A empresa objeto do estudo registrou os seguintes valores para essas taxas nos cinco
anos da análise.

Tabela 4 – Gastos com anuidades e taxas em R$/mil

Tipo de despesa 2010 2011 2012 2013 2014 TOTAL A.V.


Anuidade BM&FBovespa 29 34 35 36 35 169 72%
Taxa Fiscalização CVM 13 13 13 13 13 66 28%
TOTAL 42 48 48 49 48 235 100%
Fonte: Elaborado pelos autores

4.5 Publicação de Editais Avisos e Atas


Conforme determina a Lei 6.404/76, a companhia aberta deve fazer a publicação em
jornal dos Editais de Convocação aos acionistas para Assembleia Geral, dos Avisos aos
Acionistas para assembleia geral ordinária e de todas as Atas de Assembleia Geral de
Acionistas.
Seguindo a mesma determinação dada à publicação de demonstrações financeiras, as
publicações de editais, avisos e atas devem ser feitas em jornal oficial da união ou estado e em
jornal de grande circulação da localidade da sede da companhia.
Tabela 5 – Gastos com publicação de editais, avisos e taxas em R$/mil

Tipo de despesa 2010 2011 2012 2013 2014 TOTAL


Editais de Convocação, Avisos aos acionistas e Atas 20 20 26 15 20 101
TOTAL 20 20 26 15 20 101
Fonte: Elaborado pelos autores
Os valores referentes à essas publicações se mostram menores do que o de publicações
de demonstrações financeiras devido ao menor tamanho que essas publicações ocupam nos
jornais, mesmo sendo feitas por mais vezes ao longo do ano.

4.6 Participação dos Custos na Composição do Resultado


Na empresa objeto do estudo a despesa mais representativa dentre as caracterizadas
como obrigatórias para companhias abertas é a manutenção do Conselho de Administração.
No acumulado dos últimos cinco anos, essa despesa representou 64% das despesas
obrigatórias totais. Logo após vem as despesas com auditoria contábil independente,
representando no acumulado dos últimos cinco anos 23% das despesas obrigatórias totais.
Essas são seguidas, em ordem decrescente, pelas despesas com publicações de demonstrações
financeiras, 8%, despesas com anuidades e taxas, 3%, e despesas com publicações de editais,
avisos e atas, 2%.
Para o caso da empresa estudada não foi considerado o custo com o cargo do Diretor
de Relações com Investidores, obrigatório para todas as companhias abertas, pois nela como
em muitas outras companhias, outro diretor assume essa função para cumprimento da
obrigação. No caso em estudo o cargo é ocupado pelo Diretor Presidente.
Tabela 6 – Total de despesas obrigatórias em R$/mil
Despesas 2010 2011 2012 2013 2014 Total A.V.
Conselho de Administração 647 732 795 988 806 3.968 64%
Auditoria 260 291 256 336 281 1.424 23%
Publicações de Demonstrações Financeiras 69 119 120 115 96 519 8%
Anuidades e Taxas 42 42 42 42 42 210 3%
Publicação de Editais, Avisos e Atas 20 20 26 15 20 101 2%
TOTAL 1.039 1.204 1.238 1.497 1.244 6.223 100%
Fonte: Elaborado pelos autores
A partir da coleta e organização dos dados, é possível medir o impacto dessas despesas
de manutenção de companhias abertas perante os principais medidores de performance da
empresa, a Receita líquida e o Lucro Líquido.
Nos últimos cinco anos a empresa objeto do estudo totalizou os seguintes números:
Tabela 7 – Receita líquida e lucro líquido em R$/mil
Medidor de Performance 2010 2011 2012 2013 2014 Total Média últimos 5 anos
Receita líquida 191.610 224.486 192.686 189.468 189.534 987.784 197.557
Lucro Líquido 14.657 14.435 5.173 7.068 11.526 52.859 10.572
Fonte: Elaborado pelos autores
Deste modo, pode-se medir a relação entre os números da seguinte forma:
Tabela 8 – Participação das despesas na composição do resultado
Despesas Média últimos 5 anos % s/ Receita % s/ Lucro
Conselho de Administração 794 0,40% 7,51%
Auditoria 285 0,14% 2,69%
Publicações de Demonstrações Financeiras 104 0,05% 0,98%
Anuidades e Taxas 42 0,02% 0,40%
Publicação de Editais, Avisos e Atas 20 0,01% 0,19%
TOTAL 1.245 0,63% 11,77%
Fonte: Elaborado pelos autores
O total médio dos últimos cinco anos das despesas obrigatórias representou 0,63% da
Receita líquida média do mesmo período. O valor mostrou-se consideravelmente baixo em
relação a receita. Todavia, na hipótese da ausência dos benefícios financeiros citados no
referencial teórico, a inexistência dessas despesas obtida pelo fechamento do capital poderia
proporcionar um aumento de 11,77% no lucro líquido da empresa, com base nos valores
históricos dos últimos cinco anos. Analisando por essa ótica, o impacto do custo de
manutenção alcança considerável relevância.

5 Conclusão
Com base nos resultados obtidos pela presente pesquisa foi possível verificar que
existem obrigações importantes para as companhias abertas cumprirem a fim de estarem
regulares para operar no mercado de capitais. A maior parte dessas obrigações visam a
transparência e a tranquilidade para o investidor desse mercado.
Foi possível também verificar por meio de um estudo de caso, como são quantificados
e em que se detalham cada um dos custos citados.
Para a empresa objeto do estudo de caso, o gasto mais relevante entre os obrigatórios é
o gasto para manutenção do Conselho de Administração, que representa na média dos últimos
cinco anos 64% do total gasto com obrigações inerentes à manutenção do registro de
companhia aberta. Logo após vem os gastos com auditoria contábil independente, que
representaram 23% do total. Os demais custos com publicações e pagamento de taxas, juntos,
ficaram em 13% do total.
Analisando o total de despesas perante os principais medidores de performance da
empresa, a Receita líquida e o Lucro Líquido, pode-se inferir que perante as receitas essas
despesas se diluem na formação do resultado representando apenas 0,63% de seu total.
Todavia analisando pela ótica de melhoria do resultado líquido, e considerando a hipótese de
ausência de benefícios pela falta de atividade na bolsa de valores, o fechamento do capital e
consequente eliminação dessas obrigações poderia aumentar o lucro líquido em 11,77%.
Essa pesquisa tem por limitação a quantificação dos benefícios que a empresa objeto
do estudo está tendo pela condição de companhia aberta. Pela falta de operação atual em bolsa
e sua condição de companhia aberta estar mais ligada a seu registro nessa categoria, os
benefícios que ela possui tem natureza mais subjetiva, como transparência e maior confiança
sobre suas demonstrações o que pode trazer maior credibilidade perante instituições
financeiras, o que não é facilmente quantificável.
Como toda pesquisa, esse estudo não tem por finalidade esgotar o assunto e por isso
sugere-se como continuidade dessa pesquisa que se aprofunde o estudo dos benefícios que a
empresa está tendo pela condição de companhia aberta e se possa assim sugerir ou não o
fechamento do capital pelo cruzamento de benefícios e custos.

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