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29/06/18
Índice
Conteúdo
Introdução ..................................................................................................................................... 3
Contexto Histórico: O Romantismo .............................................................................................. 4
Música de Câmara: História e Contexto ........................................................................................ 6
Contexto biográfico: ...................................................................................................................... 8
Análise da Obra ............................................................................................................................. 9
Conclusão .................................................................................................................................... 16
Bibliografia: ................................................................................................................................. 17
Anexo .......................................................................................................................................... 18
Introdução
As lágrimas mais amargas derramadas sobre os túmulos são pelas palavras que não
foram ditas e coisas que não foram feitas.
Na sua ops.66, David Popper compõem uma peça para três violoncelos e para a
orquestra, titulada “Requiem”, uma homenagem a um amigo seu. Nesta obra, Popper
explora uma formação de música de câmara que raramente é usada obtendo assim,
considerada por muitos, o seu trabalho mais comovente. Desta maneira, iremos analisar
a obra em si, tentando realçar o que mais se sobressai na sua escrita, analisar também o
contexto da época e biográfico de maneira a conseguimos perceber na totalidade o que
Popper pretendia com a composição desta peça.
Ainda achamos este trabalho pertinente pois achamos que este compositor e, em
especial, esta obra, são pouco vistos a nível de reportório de violoncelo. Desta maneira,
ao se fazer conhecer e a estudar esta obra, será possível reconhecer e perceber a obra de
arte produzida por este compositor checo.
Contexto Histórico: O Romantismo
David Popper nasceu em Praga, no ano de 1843, determinada como a era romântica. A
era romântica musical é
caracterizada pela maior
flexibilidade das formas musicais e
procura focar mais o sentimento
transmitido pela música do que
propriamente a estética formal, ao
E foi no século XVIII, que tomou o sentido atual, após passar pelas formas de "romance
de cavalaria, romance sentimental, romance pastoral", na Europa. O romance pode ser
considerado o sucessor da epopeia.
Apesar de o Requiem ser uma obra de música de câmara da época romântica, é importante
perceber a evolução deste estilo musical de forma a conseguirmos compreender de forma
completa esta obra. Desta maneira, será feita de forma sucinta um resumo da evolução da
música de câmara até este ponto e depois irá se encaixar a peça nesta evolução.
Para melhor resumir toda a História da música de câmara, será de maior interesse começar
na época barroca: nesta época, o estilo ainda não está muito bem definido, pois peças
compostas deste estilo eram interpretadas por vários ensembles, até sendo a estrutura
algumas vezes trocada. É aqui que surge o trio sonata, que é um estilo de composição
característico de há uma linha de baixo continuo, que suporta a linha melódica, podendo
assim dar uma nova liberdade artística á melodia. Os instrumentos que fazem esta linha
continua normalmente são instrumentos com registos graves, muitas vezes com um apoio
de um instrumento de tecla, que na altura só tinha registo dos acordes e inversões da peça,
obrigando o instrumentalista a improvisar no momento.
O Requiem de David Popper encaixa-se num romantismo tardio, ora pelas inúmeras
sonoridades exploradas, tanto na estrutura do ensemble como na própria peça, ora pelas
rápidas e constantes mudanças de harmonia, que cria um ambiente único. Além disso, é
importante realçar que esta obra encaixa nos critérios da forma cíclica, porque, apesar de
só existir um andamento, é feito retornos de temas anteriores num contexto ou harmonia
diferente. Nesta peça podemos comparar os três violoncelos a um quinteto sem o segundo
violino: primeiro violoncelo é comparado a um violino, o segundo a uma viola e os
restantes instrumentos a eles próprios (terceiro violoncelo a um violoncelo e piano a
piano).
Contexto biográfico:
David Popper foi um violoncelista e compositor romântico que nasceu em 1843 em
Praga e faleceu em 1913. Estudou música no Conservatório de Praga e as suas
capacidades no violoncelo foram desenvolvidas com a ajuda do seu professor Julius
Goltermann e a sua primeira tournée realizou-se em 1863. Na Alemanha, Popper era
muito admirado por Hans von Bülow, filho de Franz Liszt, que o recomendou como
Chamber Virtuoso na corte do Príncipe von Hohenzollern-Hechingen. Em 1864, teve a
honra de ser escolhido como solista na primeira apresentação do Concerto em lá menor,
Op. 33, de Robert Volkmann. A sua primeira aparição foi em 1867 em Viena e nesse
ano tornou-se primeiro violoncelo na Hofoper e, mais tarde, tornara-se membro do
Quarteto Hellmesberger. Em 1872 casou com Sophie Menter, aluna de Liszt. No ano
seguinte, Popper saiu do Quarteto onde estava e prosseguiu as suas tournées por toda a
Europa, juntamente com a sua mulher.
Um Requiem é uma missa da Igreja Católica oferecida para o repouso da alma, muitas
vezes praticada nos funerais. No contexto musical, originalmente um requiem é suposto
ser tocado para serviços litúrgicos com uma voz monofónica. Porém, com a evolução do
caracter dramático, o Requiem passou a ser um género musical, sendo agora mais
música de concerto do que litúrgico.
O Requiem de David Popper é talvez o seu trabalho mais comovente. Foi composto em
1892 e dedicado à memória de seu bom amigo e seu primeiro editor, Daniel Rahter de
Hamburgo. Este lindo trabalho é tanto elegante quanto melancólico. Altamente
expressivo, o material é dividido entre os três violoncelos, sendo que cada um deles
recebe solos.
Análise da Obra
Análise formal da obra Compassos
Tema A1 1-10
Tema A2 10-16
Transição 1 16-24
Tema B1 24-42
Transição 2 43-47
Tema B2 47-56
Transição 3 58-61
Tema B3 62-73
Tema C1 74-81
Tema C2 81-91
Transição 4 92-99
Reexposição (Tema A1) 100-105
Reexposição (Tema B1) 109-113
Coda 114-131
De relance, vemos que a peça se encontra em Fá # menor, com um tema apresentado pelo
primeiro e segundo violoncelo, juntando-se depois o terceiro violoncelo.
Afim de poupar trabalho da análise propriamente dita, já que David Popper utiliza a
mesma célula para compor maior parte dos temas, iremos analisar a célula original e
depois irá se focar nas diferenças entre as varias alterações ao tema. Para a célula original,
é preciso verificar o ritmo, pois é este que nos permite identificar que parte da célula é
usada. Como podemos observar, a primeira célula temos o seguinte ritmo: uma colcheia
com dois pontos e uma fusa, seguida de uma semicolcheia com ponto e uma fusa, ritmo
este que é constantemente repetido ao longo de toda a peça. Na segunda célula temos as
tercinas, que serão a figura mais relevante no segundo tema. Estas são seguidas por um
conjunto de 4 semicolcheias, que, por analise posterior, não são estritamente necessárias
no tema, sendo estas mais tarde substituídas por outros ritmos, enquanto que as outras
duas figuras rítmicas continuam presentes em todos os temas. Para simplificar, a primeira,
segunda e terceira células serão designadas como Célula 1, 2 e 3, respetivamente.
Figura 3-Célula 2
Figura 2-Célula 1 Figura 1-Célula 3
Quando é iniciado o próximo tema (A2), o piano entra na peça, começando por dar apoio
harmónico á peça. Neste tema, invés de o tema ser tocado pelos três violoncelos, existe
uma rotatividade de temas, iniciando-se uns atrás dos outros (fazendo assim lembrar um
canon). O tema (célula 1) começa a ser tocado no segundo violoncelo, depois passa para
o primeiro, depois terceiro e finalmente acaba no piano, no compasso 14. No compasso
15, existe parte da célula 1, mas acaba rapidamente num acorde de Do # Maior, no
compasso 16. A partir deste compasso, a peça entre numa espécie de preparação de
transição, passando agora a trabalhar a célula 3,
fazendo primeiramente uma canon com o piano
e depois, mantendo o piano um suporte
harmónico, é feito pelos violoncelos uma
Figura 4-Transição para Lá Maior espécie de V-I em volta de Do# M. No
compasso 22 existe de facto uma verdadeira
transição, que, através de cromatismos, é introduzida de facto a tonalidade de Lá Maior.
Na relativa maior, é nos apresentado outro tema (B1), porém inspirado nas células
originais:
David Popper, apesar de ser conhecido pelos seus estudos de violoncelo, é de prezar a
escrita desta obra, sendo esta realmente uma verdadeira obra de arte. É de realçar ainda
que a obra é digna do próprio compositor, que sempre teve talento e um percurso de luxo
também. As linhas melódicas representam bem o romantismo, assim como o tema da peça
(Requiem).
Bibliografia:
• https://www.britannica.com/art/chamber-music (27/06/2018)
• https://en.wikipedia.org/wiki/Chamber_music (27/06/2018)
• http://chrgasa.org/wp-content/uploads/2015/12/Neil-Thompson-Shade-Origins-
of-Chamber-Music-Paper.pdf (27/06/2018)
• Christina Bashford, "The string quartet and society" in Stowell (2003), p 4.