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sacrílego como ir be- mais custa para desfazer-se na diz Viegas. «Não nos interessa- dicional papel bíblia dispensado terá exigido as peles de 300 ove-
ber às fontes, ao seu língua, carregado de visões fan- va publicar uma Bíblia strictu a favor de um com 100 gramas lhas. Mas decididamente mais re-
incontido vigor ori- tásticas e cruéis. Porque há sem- sensu, mas sim uma Bíblia co- (de resto, um dos melhores no levante, como faz notar o editor, é
ginal, subtraí-las aos pre um punhado de homens que, mentada, linguisticamente tra- mercado, o que conferirá a estes saber que houve muitos casos
trabalhos de oculta- independentemente da fé, gostam balhada por um especialista livros uma maior durabilidade). neste país de pessoas que foram
ção, sucessivos ajustes e refina- de se embrenhar em atmosferas como o Frederico», esclarece o Por outro lado, e dadas as eleva- perseguidas e mortas por terem
mento da fé, que opera muitas ve- turvas, e reforçam as suas convic- editor. E adianta: «era isso que das tiragens, que variam entre ousado ler a Bíblia. E Viegas re-
zes como uma força de erosão se- ções no gozo sábio com que os dog- ele queria fazer, seguindo o 10 e 15 mil exemplares, o preço corda ainda que foi apenas nos
letiva. Fossem outros os tempos e mas podem ser lidos a uma luz me- modelo do que foi feito em de capa de cada um dos volumes anos 30 do século passado que o
é certo que Frederico Lourenço se- nos restrita. Cambridge, Harvard, Oxford… é relativamente acessível se Vaticano finalmente assumiu que
ria visto como um heresiarca, al- Ainda que estes sejam já outros Uma edição da Bíblia grega, a comparado com os preços hoje não via mal nenhum em que os
guém a ser olhado com as maiores tempos, a tradução que a Quetzal ‘Septuaginta’». praticados pela maioria dos gran- fiéis pudessem ler as sagradas es-
suspeitas. E a sua tradução da Bí- tem vindo a editar mostrou-nos Tomando nas mãos qualquer des editores. crituras. Assim, e apesar das pon-
blia, ao demarcar-se por uma «cla- que este é ainda um terreno sen- dos volumes já publicados, não é tuais críticas ou reservas que me-
ra linha não confessional», aten- sível, e muitos pruridos ficaram difícil perceber como esta edição ÊLdX`[\`X\jklg\e[XË receu esta edição, Frei Bento Do-
dendo-se à «materialidade lin- à vista. Tratando-se de um em- terá representado a realização de Na entrevista que ocupa as pági- mingues frisou: «A Bíblia pode
guística do texto», vertido do preendimento monumental, a ini- um sonho tanto para o tradutor nas seguintes, Francisco José Vie- ser lida de muitas maneiras. A
grego antigo, talvez fosse preser- ciativa partiu do próprio tradu- como para o editor. Com o miolo gas alarga-se noutros aspetos da pior de todas é não ser lida».
vada por uns poucos como uma tor, que estava a avançar pelo impresso a duas cores, uma pagi- génese e receção desta edição, e Frederico Lourenço tem defen-
‘prodigiosa blasfémia’, circulan- Novo Testamento, quando pediu nação generosa, que dá folga à vis- vinca que publicar a Bíblia é o so- dido consistentemente a sua abor-
do na clandestinidade, as suas pá- ao seu agente – a Booktailors – ta, deixa o texto respirar, e não en- nho de qualquer editor histórico, dagem, lembrando que, «num
ginas separadas, lidas em segre- que colocasse a proposta de uma cavalita as notas, mas lhes confere lembrando que, originalmente, a mundo ideal todos nós lería-
do, decoradas aquelas passagens nova tradução da Bíblia, a partir um «espantoso protagonismo», tipografia foi inventada para a im- mos o Antigo Testamento em