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Acta Scientiarum, Maringá, 23(1):79-86, 2001.

ISSN 1415-6814.

Ficção brasileira contemporânea: ainda a censura?

Tânia Pellegrini
Departamento de Letras, Universidade Federal de São Carlos, São Carlos, São Paulo, Brasil.

RESUMO. O texto analisa duas formas distintas de atuação da censura à produção e à


circulação da literatura, durante o regime militar e depois dele. Trata-se de dois momentos
diversos, porém complementares, que correspondem, respectivamente, a uma censura
política, durante os anos 70, seguida do que chamamos censura econômica, a partir dos anos
80, francamente orientada pelos ditames do mercado editorial, consolidado durante a década
anterior, a reboque do projeto de modernização conservadora da ditadura.
Palavras-chave: cultura, literatura, ficção, censura, mercado editorial.

ABSTRACT. Brazilian contemporary fiction: still censorship? This article deals with
two distinct forms of censorship to the production and circulation of Brazilian Literature, in
the period of military dictatorship and beyond it. Those two moments are diverse but
complementary and correspond to a political censorship in the seventies and an economic
censorship, visible since the eighties. The latter was clearly marked by the consolidation of a
publishing market since the seventies, as a result of the authoritarian project of conservative
modernization.
Key words: culture, literature, ficction, censorship, editorial market.

A censura posta em questão conseguiu vir à luz já conteria, inscrita em sua


forma, elementos que visavam burlar a percepção do
A questão da censura à produção cultural
censor, tais como alusões, elipses, signos e alegorias,
brasileira durante a ditadura militar vem, aos poucos,
numa espécie de código cifrado que só aos iniciados
cristalizando-se em matéria histórica que tem
seria dado deslindar.
encontrado analistas e intérpretes interessados em
Pesquisando alguns jornais e revistas de grande
decifrar o seu peso, significado e importância, em
circulação na época - termômetros sensíveis das
inúmeros ensaios, artigos e também trabalhos de
mudanças culturais - deparamo-nos com duas
maior fôlego, publicados desde meados da década de
expressões emblemáticas que povoam as seções dos
80, justamente quando se encerra o período em
periódicos destinadas à análise da cultura, bem como
questão. 1
artigos e ensaios sobre o tema: “vazio cultural” e
De modo geral, a visão mais linear sobre a
“geléia geral”, indicando um forte sentimento de que
produção cultural dos anos 70 - justamente aqueles
nada se estava produzindo ou de que aquilo que se
em que a censura atuou com maior peso - tende a
produzia não correspondia mais a padrões
encará-la como reflexo puro e simples dos efeitos
reconhecíveis. Apostava-se, inclusive, que, quando
dessa censura instituída, que efetivamente impôs
finalmente o período negro terminasse e se abrissem
seus “padrões de criação”, cortando, apagando,
as “gavetas” dos censores, elas estariam
proibindo ou engavetando incontáveis peças, filmes,
irremediavelmente vazias. Ou seja, acreditava-se no
canções, novelas de TV, artigos de jornal, romances
poder monolítico da censura, que estaria
e contos. Por esse foco, toda a produção que
extinguindo, com tesoura e tinta vermelha, a já tão
combalida e influenciável cultura brasileira.2
1
Destaquem-se Dalcastagné, Regina. O espaço da dor - O Vista de hoje, já com suficiente distanciamento
regime de 64 no romance brasileiro. Brasília: EdUnB, 1996; histórico, a questão evidencia mais nuances, matizes
Franco, Renato. Itinerário político do romance pós-64. São
Paulo: Edunesp, 1998; Silverman, Malcom. Protesto e o novo que não se resumem ao branco e preto ou ao sim e
romance brasileiro. São Carlos: Edufscar,1995. Nos EUA,
Baden, Nancy. The Muffled Cries:The Writer and Literature in
2
Authoritarian Brazil, 1964-1985. University Press of America, Pellegrini, Tânia. Gavetas vazias - Ficção e política nos anos 70.
1999. Campinas/São Carlos: Mercado de Letras/Edufscar, 1996.
80 Pellegrini

não. Por conseguinte, pensar que a crescente penetração, em nossa economia, de capitais
institucionalização da censura ceifou a maior parte externos associados às empresas nacionais.
da produção artística do período, escondendo-a nas Passávamos a fazer parte de uma nova fase do
gavetas oficiais ou no âmago de seus criadores, é capitalismo internacional, o capitalismo
apontar unicamente para um lado da questão. monopolista, que exigia a transferência das unidades
Assumir integralmente as “gavetas vazias” é industriais do centro para a periferia. Nesse
contentar-se com uma simplificação, pois as relações contexto, a cultura vai gradativamente se adequando
entre cultura e ditadura foram muito mais a essa “modernização”, desenvolvendo-se como uma
complexas; sabe-se hoje que havia muita coisa sob o poderosa e sofisticada indústria, capaz de gerar
pretenso “vazio cultural”, não resumida apenas à lucros e benefícios... para poucos.
chamada “cultura de resistência” - efetivamente um No percurso, em 1975, cria-se a Política
filão que alimentou grande parte da produção do Nacional de Cultura, uma tentativa de controlar e
período, muitas vezes como um “espaço da dor“, administrar formalmente esse “campo minado”, de
“lugar onde a memória é resguardada para exemplo e contornos tão fluidos e inapreensíveis. Tratava-se de
vergonha das gerações futuras”.3 uma lei bastante contraditória, pois ao mesmo tempo
que proibia com a censura, incentivava com
A indústria da cultura subvenções, reforçando a necessidade de organização
empresarial, em que a profissionalização e o
Na verdade, um dos aspectos mais importantes
mercado eram pontos cruciais.
para uma visão ampliada do problema aqui posto
Assim, o produto cultural foi acentuando cada
refere-se à consolidação dos esquemas mercantis de
vez mais seu caráter de mercadoria, a ponto de se
produção cultural e literária, ou seja, à consolidação
tornar lugar-comum dizer que o Estado tornou-se,
de uma indústria cultural brasileira. Assim, parece
então, o grande mecenas da cultura, aquele que paga,
claro que reduzir essa produção, durante os anos 70,
mas exige fidelidade em troca4. Em suma: os
à influência exclusiva da censura é deixar de lado o
interesses gerais do Estado e dos novos empresários
formidável processo de gradativa transformação nos
da cultura passam a ser os mesmos; a questão da
modos de produção cultural como determinante, em
censura é conjuntural, enquanto a formação e o
última instância, das novas tendências que se
fortalecimento de um mercado integrado - que
gestavam à sua sombra, e que, a partir da década de
inclui os bens culturais - entra como peça da nova
80, revelaram-se extremamente fortes e atuantes.
estrutura econômica que se desenvolve no país.
Esse processo iniciou-se nos anos 60,
Desse modo, pode-se afirmar que a “estrutura
coincidindo com a elevação do padrão de vida das
profunda” da censura é mais essencial e atuante que
camadas médias, que aos poucos foi se constituindo
a aparente: enquanto esta se preocupa com cortes e
num público novo e ampliado para os novos bens
vetos a obras específicas, aquela busca uma espécie
culturais. Acentuou-se durante o “milagre
de regulamentação do controle estatal sobre todo o
econômico”, do início dos anos 70, e, nesse
processo cultural, de maneira a eliminar aos poucos
contexto, a censura funcionou como uma espécie de
os resquícios de formas de produção artesanais ou
expressão ideológica de um tipo de orientação que o
alternativas, lembranças de um Brasil considerado
Estado pretendia imprimir à cultura. Nessa linha, ele
“pré-moderno” e que se quer superar. Nas palavras
utilizou a censura de modo bipolar, mas
de Renato Franco:
essencialmente político: impedia um tipo de
orientação, a de conteúdo político de esquerda, ou (A censura) acabou por verdadeiramente fustigar, com
aquilo que assim lhe parecesse, mas incentivava suas ondas de mudanças, as ramagens mais viçosas da
outro, aquele que pregava a Pátria, Deus, a moral, as produção cultural - além de devastar a paisagem
tradições e os bons costumes. tradicional da literatura, que foi então obrigada a
enfrentar, como ponto avançado desse tipo de
Assim, textos específicos foram censurados, mas
modernização, o vendaval provocado pela expansão e
não a sua produção geral, que cresceu e se firmou, consolidação da Indústria Cultural.5
amparada pelo “projeto modernizador” do governo
militar. Esse projeto, extremamente conservador,
pois não visava beneficiar o conjunto da população,
incluía a consolidação de um setor industrial
“moderno” no país, de fato iniciado nos anos
anteriores, do governo Juscelino, que incluía a 4
Holanda, Heloísa B. e Gonçalves, Marcos A. Política e
literatura:a ficção da realidade brasileira - anos 70. Rio de
Janeiro: Europa, 1980.
3 5
Dalcastagnè, R. Op. cit., p.25. Op. cit., p.25.
Ficção brasileira contemporânea: ainda a censura? 81

Literatura sob pressão referência, mesmo que indireta ou camuflada, numa


linguagem cheia de alusões e subterfúgios, com o
No contexto acima explicitado, a literatura
fim precípuo de “driblar a censura”.
funciona como uma antena de longo alcance, pois,
Mas ao lado dessa tendência geral, que
embora tida como “criação de espírito”, atividade
corresponde à necessidade de usar a literatura como
eletiva e elitizada, não consegue permanecer imune
veículo direto de uma realidade escamoteada,
aos avanços do mercado. O que as ondas captadas
surgem outras nuances menos explícitas na sua
por tal antena sinalizam é uma situação bastante
resistência e mais preocupadas com soluções
específica: o que houve, ao longo da década de 70,
estéticas e experimentais, tais como as encontradas
foi a impressão do selo do mercado à criação literária,
por Carlos Sussekind, em Armadilha para Lamartine;
substituindo um ritmo lento, que caracterizava a
por Renato Pompeu, em Quatro Olhos; por Ignácio
incipiente produção editorial brasileira de décadas
de Loyola Brandão, em Zero; por Ivan Ângelo, em A
anteriores, ainda com muito de precário e artesanal,
Festa; por Raduan Nassar, em Um copo de cólera; etc.,
por uma grande pressa editorial, como estratégia
textos que já se tornaram os “clássicos” desses
para competir com o crescimento dos meios de
tempos.
comunicação de massa, principalmente a televisão,
Tem-se, portanto, uma pluralidade de soluções
no atendimento e formação de públicos interessados.
que refletem, na filigrana do texto, esses anos de
O mercado, então, passa a ser um elemento constitutivo
mudanças tecnológicas, terror ideológico e
da produção literária e evolui consideravelmente em
desamparo político. No seu desenvolvimento e
número de edições, de títulos e de exemplares
transformação, os gêneros ficcionais incorporam
publicados. O setor do livro, inclusive, beneficia-se
novas técnicas, novas linguagens e novos temas,
bastante das políticas de incentivo cultural do
gestados nas novas estruturas de produção cultural.
regime, que, no caso, estimula a produção de papel e
Surgem textos indefiníveis, segundo os padrões
barateia seu custo, além de subvencionar a
convencionais, romances que parecem reportagens,
importação de máquinas mais modernas.
contos que parecem crônicas, narrações que são
O autor nacional, nesse período, começa a
cenas teatrais, fragmentações, colagens e montagens
aprender a adequar sua produção aos novos
que incluem uma ousadia antes pouco tentada. É
parâmetros, por dois motivos: tem que competir
como se a percepção da intensidade da crise política
num mercado inflado por produtos estrangeiros
e social suprimisse, enquanto solução estilística, a
(cresce muito o número de best-sellers traduzidos),
representação tradicional do espaço/tempo histórico,
bem adequados ao gosto do novo público já formado
como linear, contínuo e progressivo.
basicamente pela TV, e, ao mesmo tempo, enganar a
A narrativa recebe o impacto do
censura, para não ter que compactuar com ela. Isso
desenvolvimento dos jornais mais modernos, do
terá uma profunda implicação na forma e no
incrível aumento do número de revistas, da
conteúdo dos textos do período, elementos que aqui
propaganda, dos quadrinhos, da televisão, em suma,
não dispõem de espaço para análise. Às voltas com a
da produção industrial da cultura, além de acolher os
nova situação, os autores adotam atitudes e
estímulos das vanguardas poéticas7. Vista de hoje,
produzem textos que, grande parte das vezes, são
essa transformação nos gêneros, que inclui a mistura
respostas pessoais inseridas num campo de forças
de técnicas verbais e visuais, como a do cinema e a
francamente estabelecido de fora do plano estético,
da TV (embora ecoando antigas conquistas
com pressões e limites bem determinados.
modernistas), já é índice da emergência do pós-
De modo geral, tomando-se a década em bloco,
modernismo no Brasil.8
no diálogo que a ficção - a vertente mais popular da
Nos termos em que esta análise se propõe, a
literatura, digamos - estabelece com a censura, esta
década de 70 deve ser vista, portanto, como o fim de
representa o pólo mais forte da comunicação. O
um período marcado por modos de produção
traço predominante, à primeira vista, parece ser a
cultural e literária mais artesanais e o início de outro,
referencialidade, o que inclui todas as formas de
em que se consolidam a lógica da mercadoria e a
realismo: fantástico, alegórico, jornalístico, etc. De
primazia da mídia como fatores principais. A
fato, proliferam os “romances-reportagem”, as
biografias, os depoimentos, as memórias, a chamada de reis barbudos; a alegoria, em Zero, de Ignácio de Loyola
“literatura-verdade”.6 Sempre a realidade como Brandão; os seis volumes das memórias de Pedro Nava, etc.
7
A respeito do desenvolvimento do mercado editorial como um
todo, ver Ortiz, Renato. A moderna tradição brasileira. São
6
Vejam-se, por exemplo, os livros de José Louzeiro e Aguinaldo Paulo: Brasiliense, 1988.
8
Silva, que ficcionalizavam fatos policiais, cujos autores, hoje, são Com relação a esse aspecto, ver Pellegrini, Tânia. A imagem e a
roteiristas de novelas na Rede Globo; o fantástico de Érico letra - Aspectos da ficção brasileira contemporânea. Campinas:
Veríssimo, em Incidente em Antares, e J.J.Veiga, em Sombras Mercado de Letras/Fapesp, 1999.
82 Pellegrini

“literatura de resistência” foi conjuntural, apesar de sul do país. Esboça-se aí, então, um dos primeiros
seu valor moral e ético e a qualidade estética de aspectos constitutivos da censura econômica: por trás de
alguns de seus exemplos; ela perde seu impulso e todos os números aparentemente otimistas, o que se
sentido à medida que finda o regime militar. Assim, coloca é a lógica perversa do descompasso entre
a censura política, tida como co-autora todo-poderosa progresso e atraso, expressa em uma efetiva separação
de tantos textos, vem a ser apenas uma personagem a entre livro e leitor, entre a indústria do livro e o público
mais na narrativa maior da história do capital no potencial que ela poderia atingir, o que tem
Brasil. explicações bastante lógicas, como veremos.
A partir dos anos 80, a situação já é outra, O desapego crescente pela leitura é um
representando a definitiva consolidação de todo o fenômeno mundialmente reconhecido, pois ela
processo até aqui analisado. Com o fim da censura exige, além de tempo, concentração e esforço,
política, em 1979, e o fim do regime militar, em 1985, aptidões que, na vida contemporânea, estão cada vez
ganha força o que chamamos censura econômica, e mais voltadas apenas para a “produtividade”. O
outras serão as respostas dadas pela cultura e pela Brasil, marcado por tão profundas desigualdades
literatura, agora produzidas nos moldes de uma sociais, tem observado conseqüências no mínimo
sofisticada indústria. inquietantes desse fenômeno para o espectro
É importante lembrar, neste ponto, que os cultural.
esquemas da indústria cultural funcionam Analisando numericamente a questão do livro e
unicamente no sentido de padronizar e racionalizar da leitura no Brasil, portanto, encontram-se dados
as técnicas de produção e distribuição de “bens”, muito interessantes, porque contraditórios. Por
visando um rendimento ótimo, que aproxime de exemplo, apesar do crescente número de edições de
imediato consumidor e produto. Essa aproximação títulos novos, os exemplares para cada tiragem
tem como ponte o prazer do entretenimento, apelo continuam estacionados, há décadas, na casa dos 2
maior de um produto que se transforma em objeto ou 3 mil, isso sem levar em conta as exceções, como,
de desejo e é sentido como o provedor de uma por exemplo, Jorge Amado e o recordista Paulo
necessidade concreta ou abstrata, que exige satisfação Coelho. No entanto, já em 1972, um artigo da
urgente. Em outras palavras, a cultura, antes revista Veja10 afirmava que, em importância
entendida sobretudo como criação, agora é vista econômica, “a indústria do livro situava-se ao lado da
exclusivamente como produção. Eis aí, portanto, automobilística, naval e petroquímica”, liderando o
estabelecido, o primeiro patamar para o movimento editorial latino-americano. Segundo o
fortalecimento da censura econômica, aquela que veta mesmo artigo, o Brasil publicava “uma vez e meia
qualquer produto que não se enquadre nessas mais que o México e o dobro da Argentina em
expectativas preferenciais9. títulos e tiragens”. A opinião do articulista
enveredava por um prognóstico bastante alentador,
O mercado e a mídia bem sintonizado com o ufanismo dos tempos do
regime militar:
Uma das formas de compreender a extensão e os
efeitos desse processo, no Brasil, é analisar com mais Bastam dados estatísticos para revelar o tesouro de Ali
acuidade o funcionamento do nosso mercado Babá que aguarda os editores organizados
editorial, desde que, a partir de então, é ele quem modernamente: a população tem acesso crescente à
definitivamente vai determinar as coordenadas da educação; o Mobral já alfabetizou 2 milhões de
pessoas; as estradas rompem seculares isolamentos de
produção e consumo da literatura.
regiões imunes à cultura contemporânea e a classe
Esse funcionamento é cheio de paradoxos: sendo média cresce de poder aquisitivo de ano para ano.
um setor que sempre se diz “em crise”, os números Unanimemente os experts reconhecem em todo o
que ostenta, todavia, denotam um crescimento mundo a ação multiplicadora da educação e o
seguro ao longo das três últimas décadas, o qual, instrumento desse progresso ainda é o livro.
entretanto, não corresponde à duplicação da
Todavia, apenas três anos antes, em 1969, outro
população do país no mesmo período; além de o
artigo da mesma revista afirmava que “um milhão de
analfabetismo ter se mantido em níveis muito altos,
leitores novos passam pelas livrarias com água na
o desenvolvimento desigual concentra as riquezas no
boca, mas sem dinheiro no bolso para saciar sua
9
Esse processo não é novo, remonta aos primórdios da
Revolução Industrial, com o surgimento do folhetim, por
exemplo, mas sua colossal intensificação deu-se com o
surgimento da televisão, primeiro, e dos computadores, depois,
10
aparatos que ampliaram o raio de ação e a eficiência do S/a. A desordem do crescimento. Veja, São Paulo, 21
mercado. jun.1972.(Sobre a II Bienal Internacional do Livro).
Ficção brasileira contemporânea: ainda a censura? 83

fome de leitura”11. Corroborando esse dado, vinte de Desenvolvimento Social (BNDS) descobriu um
anos depois, em 1989, a revista Istoé 12 declarava que “mercado praticamente por criar”, pois o índice de
“a indústria editorial brasileira apresentou números leitura per capita no país é de apenas 0.9 de livro ao
animadores na Bienal do Livro, no Rio, mas ainda ano15; vale dizer, o brasileiro, em média, lê menos de
tem dificuldade em ampliar o público leitor”. um livro por ano, a despeito do número de
Na verdade, uma das causas apontadas para que exemplares vendidos, por volta de 300 milhões,
esse “público leitor” se mantenha tão arredio diz segundo a Câmara Brasileira do Livro16. De modo
respeito ao preço do livro no Brasil, ou seja, o livro geral, portanto, o Brasil não tem uma população
brasileiro vende pouco porque é muito caro. Já em leitora compatível com o número de habitantes.
1975, um artigo da revista Visão13 anunciava: Além do preço, a escassez de bibliotecas, a
concentração das editoras no centro-sul, a
Difícil de ser encontrado, mal amparado quanto à
divulgação, quase desconhecido pelos profissionais que precariedade da distribuição e a elitização cada vez
o vendem, o livro tem um desestímulo a mais para o maior da qualidade do ensino, sobretudo nas séries
leitor que pretenda, por meio dele, um acesso à iniciais, fazem do livro um objeto que atinge um
cultura: o preço. Custando em média 10% do salário público restrito, basicamente urbano, formado pelos
mínimo, uma grande parcela da população encontra- estratos mais escolarizados e/ou de maior poder
se automaticamente alijada de seu consumo. aquisitivo: estudantes, professores, jornalistas,
Invertendo os termos, pode-se dizer que, com artistas, profissionais liberais, etc.
efeito, até hoje, o livro brasileiro vende pouco Um outro elemento que ajuda a constituir a
porque é caro, mas é caro porque vende pouco. Isso censura econômica, pois interfere na formação de
se deve ao fato de que “editar livros no Brasil é um leitores e que, paradoxalmente, nas pesquisas a
grande negócio”, conforme aponta o Jornal da respeito de livros e hábitos de leitura em geral, não é
Tarde:14 Para o articulista do jornal, “é mentira a integralmente assumido pelos entrevistados, é o
velha história de que brasileiro não lê. Não lê (ou papel exercido por outras formas de entretenimento,
não compra) porque o livro é caro e a renda é baixa. principalmente as visuais, como televisão, vídeo e
Fosse o contrário, haveria leitores.” E continua, computadores. A predominância contemporânea de
apresentando argumentos que identificam a raiz do uma cultura visual, transmitida “democraticamente”
problema: sobretudo pela televisão, impõe, antes da alfabetização
pela letra, uma alfabetização pela imagem, o que acarreta
Nenhum editor tem prejuízo por menos que um livro conseqüências de fundo, observáveis e
venda, porque, outro segredo que ninguém conta, o
quantificáveis, entre outras coisas, na formação ou
livro custa às vezes um décimo, no mínimo um quinto
do que se cobra do leitor. Fazer livros custa barato. O
consolidação dos hábitos de leitura17. Nas palavras da
que sai caro é vendê-lo. E uma tiragem-padrão de 3 ensaísta argentina Beatriz Sarlo:
mil exemplares, tudo o que se vende a partir do 601o. (...) inclusive há uma relação tecnológica com as
exemplar é lucro. Eis aí um exemplo cabal do máquinas que é anterior à própria escola. Continuo
capitalismo sem risco. acreditando que a forma mais difícil de alfabetização
Como se vê, a consolidação da indústria cultural tem a ver não com os meios massivos, mas com a
leitura. Não conheço outra operação de tal
estabeleceu outros critérios para o mercado editorial,
complexidade semiótica (ainda que se diga que um
critérios agora estritamente econômicos, muito pouco comercial de televisão mistura diferentes tipos de
ligados à velha idéia de “produzir conhecimento e discursos e portanto obriga a operações com várias
cultura”, que continuam mantendo afastado o redes formais). Qualquer um pode ser bom espectador
suposto maior beneficiário de todo o processo: o de televisão; precisa-se de muito mais para ser um
leitor, ou melhor dizendo, o comprador ou consumidor, leitor de jornais.18
para usar o jargão adequado. Em recente pesquisa
No entanto, a preferência pela TV foi admitida
sobre a posição do livro no Brasil, o Banco Nacional
por apenas 1% do universo de entrevistados pelo
11
Datafolha, em janeiro de 1994. Segundo essa
S/a. Quem conhece um milhão de leitores novos?. Veja, São
Paulo, 16 maio 1969.
15
12
Marques, Carlos José. Muitos livros, poucos leitores. Istoé, São Acessocom. Internet, 04 fev. 2000.
16
Paulo, 13 set.1989. Dados de 1993.
13 17
S/a. O que acontece de errado com os livros ?. Visão, São Um dado inquietante, embora específico: apesar das políticas
Paulo,15 set.1975. educacionais, no ano de 1995, o Brasil tinha cerca de 700 mil
14
Emediato Luiz F. O preço do livro no Brasil. Jornal da Tarde, São jovens mulheres analfabetas, segundo dados do IBGE, agora
Paulo, 11 ago.1996. O artigo especifica os custos de uma publicados. S/a. IBGE revela perfil das analfabetas. O Estado de
edição: 20% de custos editoriais, gráficos e insumos; 10% para o S. Paulo, São Paulo, 11 jun. 2000.
18
autor; 15% para a editora; 15% para a distribuidora e 40% para a Entrevista com Beatriz Sarlo. Cult, no. 35. São Paulo, junho
livraria. 2000. p.4-9.
84 Pellegrini

pesquisa, metade dos habitantes da cidade de São conformando o gosto à crescente especialização do
Paulo, “a mais rica metrópole do país”, disse não ter mercado, que divide a classe média em rentáveis
lido nenhum livro nos últimos doze meses daquele fatias, etárias, profissionais, econômicas, de gênero,
ano, pelos mais diversos motivos: “falta de tempo” etc. Assim, cada leitor aprende aos poucos a se
(58%); “não gostar de ler” (24%); "não ter paciência inserir num universo de leitura, em que as
para ler” (13%)”; preços altos (9%); apenas 1% coordenadas de escolha e fruição não são
assumiu que preferia a TV como forma de lazer19. estabelecidas “por si”, mas por todo um jogo
Essas respostas, segundo os entrevistadores, deixam mercantil cujas regras ele não conhece e que está
entrever alguma distorção, pois percebe-se um certo bem distante das letras.
“constrangimento” em admitir o descaso ou a falta
de gosto por uma prática que, apesar de tudo, ainda Literatura e entretenimento
goza de grande prestígio social.
Por conseguinte, a definitiva mercantilização da
Nesse escasso universo de leitores, são poucos os
literatura, aqui representada pelo funcionamento do
que procuram “literatura”, ou seja, aqueles livros
mercado editorial, com sua estratégia de “vender
conhecidos como “romances” ou “contos”, não
livros como se vende sabonete”23, associada à prévia
importa se nacionais ou estrangeiros: apenas 10%. A
alfabetização pela imagem dos futuros leitores, foi
grande maioria deles consome livros didáticos, de
criando esse tipo de censura mais implícita, mais
leitura obrigatória, responsáveis por quase 60% da
sutil, mais ambígua que a política, mas não menos
produção editorial brasileira; outra fatia grande desse
corrosiva que ela, a censura econômica. Na verdade,
mercado, mais ou menos 20%, destina-se ao público
ambas estão profundamente imbricadas, pois a
infanto-juvenil, que também é estimulado a ler pelas
primeira já continha o embrião da segunda, que
escolas e/ou pela família. E os 10% restantes são
aflorou com toda força no contexto ideológico que
preenchidos por aqueles livros que se agrupam sob o
vem norteando a implantação do capitalismo tardio
rótulo de “outros”, entre os quais os esotéricos ou de
no Brasil e que se chama globalização.
“auto-ajuda” são os preferidos.20
Sob os efeitos da censura econômica, o próprio
A influência da TV ou de outras formas de
sentido e as formas de valoração da literatura estão
entretenimento visual no estilo dos textos literários,
em processo de mudança, desde que ela se insere
não só como um intercâmbio natural entre as
num contexto cercado por fronteiras que nada têm a
linguagens, que, afinal, ocorre desde o surgimento
ver com estética; misturados às pressões e limites
da fotografia, mas como tentativa de atrair para as
econômicos, existem também aqueles ligados a
letras leitores cada vez mais fascinados pela imagem
aspectos específicos da condição “espetacular’’ do
eletrônica, é muito clara, sobretudo na literatura
mundo contemporâneo, em que tudo pode se
infanto-juvenil, como constata a revista Veja21:
transformar num evento de mídia24.
Na verdade, a influência da TV é patente nos livros Todavia, comparada a outras formas culturais,
mais modernos. Textos curtos e ilustrações maiores e como a música ou as artes plásticas, por exemplo,
mais bem cuidadas criam uma nova dinâmica de que podem promover grandes shows ou exposições,
leitura22. Alguns livros permitem, inclusive, uma ou o cinema, que em si é uma “exposição”, a
leitura quadro a quadro de suas páginas, como se literatura presta-se pouco a esse tipo de “espetáculo”,
fossem cenas de um programa de TV ou telas de jogos
pois os escritores só podem aparecer em fotos, em
eletrônicos.
ilustrações de suas obras, em uma ou outra
Como se vê, a lógica do mercado e a competição entrevista por algum canal de televisão, suplemento
com os meios eletrônicos, além de estabelecer uma de jornal ou revista semanal. Mesmo assim, passam a
nova dinâmica da própria leitura, já mais afeita a fazer mais sucesso os mais fotogênicos ou de vida
imagens que a letras, foi criando setores específicos mais interessante, como atestam as palavras de
de público e adequando a eles novos produtos. Sérgio Machado, outro editor da Record: “Agora a
Então, também o público de literatura, como o de gente se preocupa também com o perfil
outros setores, educado cada vez mais na estética da mercadológico do escritor. Damos preferência a
imagem e do espetáculo, vai aos poucos gente que se sai bem em entrevistas, que diz coisas
19
S/a. Paulistanos dizem não ter o hábito de ler por falta de tempo.
Folha de S.Paulo, São Paulo, 02 jan. 1994.
20
A venda desses livros “cresce na medida do crescimento da
crise econômica”. S/a. Venda de livros de auto-ajuda dobra entre 23
Declaração atribuída a Renato Machado, editor da Record. In:
97-98. O Estado de S. Paulo. São Paulo,14 set. 1999. Muitos livros, poucos leitores, cit.
21
S/a. Sem fadas ou bruxas. Veja, São Paulo, 25 ago. 1982. 24
Debord, Guy. A sociedade do espetáculo. São Paulo:
22
O grifo é meu. Contraponto, 1997.
Ficção brasileira contemporânea: ainda a censura? 85

interessantes, tem um bom comportamento na “rápidas”, convencionais, com as quais se gasta


TV.”25 “poucas horas de agradável leitura”27, geralmente
A maioria dos escritores parece adequar-se às paródias de gêneros tradicionais, crônicas leves,
regras desse jogo, pois, analisando mais atentamente textos de ação, ou divagações superficiais em
os textos de ficção - com as louváveis exceções de primeira pessoa, que se prestam exclusivamente à
sempre - podem-se perceber, como traços mais distração. Isso evidentemente não quer dizer que o
evidentes, a opção pelos chamados “gêneros de formato breve seja, em si, sinônimo de literatura light
massa” (romances policiais, históricos ou de ficção ou que esta se resuma a ele. Veja-se, como bom
científica), além da pressa na fatura, indicada por exemplo contrário, Resumo de Ana, de Modesto
uma escrita linear, solta, ligeira, às vezes entremeada Carone, cuja austeridade pungente e extrema
de leve ironia ou humor jocoso, diluindo de depuração do texto geram 114 páginas de rara
propósito qualquer densidade ou compromisso. densidade e beleza. Ou, no caso oposto, as alentadas
Aliada à preferência por temas de ocasião, escolhidos e bem urdidas tramas policiais de Jô Soares, Xangô de
dentre os que ocupam o interesse da mídia no Baker Street e O homem que matou Getúlio Vargas.
momento da escrita (a despeito da própria
importância político-social intrínseca de muitos Ainda a censura...
deles), a construção do universo ficcional limita-se a
Trata-se, portanto, de um contexto muito
esquematizar ações, a esboçar personagens sem
diferente daquele do período anterior, durante o
espessura envolvidas nas questões banais de um “eu”
qual, a despeito e inclusive por causa da censura
mínimo, que procura um lugar confortável no
política (e aqui retomo o pensamento de Leyla
interior de sua vida privada. São textos light26,
Perrone-Moisés)28, o escritor ainda buscava, na
escritos para serem consumidos rapidamente e
relação com os meios de comunicação de massa -
repostos com a mesma rapidez, como exige o tempo
como fecunda herança das propostas das vanguardas
do mercado, que não é o mesmo da criação estética.
- uma possibilidade estética de interação com a
Sem idéias novas, pois não há pausas para reflexão
linguagem verbal, que funcionasse como auxiliar na
ou maturação, muitos autores enveredam pelo
implantação das condições de um projeto
pastiche de estilos do passado ou imitam o estilo da
emancipador da sociedade. Ou seja, oculto sob a
mídia, montado em switchings nervosos, pisca-
censura política havia um projeto estético-político (que
piscando verbos e substantivos numa rápida
ela identificava e por isso reprimia), cujos traços
seqüência de ações, cujo único objetivo é o
eram a busca de uma nova forma de narrar para
entretenimento. É possível até afirmar que a censura
resistir; a experimentação de linguagens e gêneros
econômica faz com que o autor escreva tendo em
como alternativa de criação e não de simples produção;
mente a transposição direta de seus textos para as
a relação com a tradição como renovação necessária,
narrativas visuais da televisão ou do cinema, o que,
adequada ao presente, e não como simples recusa ou
de saída, já estabelece a forma e o conteúdo de cada
banalização; a busca de um padrão de qualidade com
um deles.
esperança de educar e não apenas com objetivo de
Percebe-se que existe um “teor de qualidade”
distrair; a convicção do poder da literatura sobre o
ligado sobretudo ao entretenimento, que estabelece
real como instrumento de defesa de um projeto
padrões de produção com fórmulas específicas
social específico, gerando a abertura do significado
ligando uma ficção ligeira a formatos breves, com
da ficção a múltiplos e renovados sentidos.
pouco mais de cem páginas, com custos baixos e
A adesão irrestrita às imposições da mídia e do
lucros altos para a editora, além de curtas horas de
mercado delimitou as opções da ficção de hoje.
dispêndio do precioso tempo do leitor. É o caso, por
Melhor dizendo, as alternativas que hoje para ela se
exemplo, da coleção Plenos Pecados, da Editora
colocam, sob os ditames da censura econômica, não
Objetiva, em que cada livro tem por assunto um dos
lhe permitem - ou o fazem com dificuldade - ser um
pecados capitais. Escritores de renome emprestaram
fator de descoberta e interpretação da realidade,
sua “aura” à coleção, entre eles João Ubaldo Ribeiro,
como sempre pretendeu; são avessas à função de
cujo bom texto sobre a luxúria foi campeão de
poderoso instrumento que ela sempre foi para
vendas de 1999, permanecendo semanas a fio nas
“listas dos mais vendidos”. Na maioria, são ficções 27
“As pessoas lêem em média 150 palavras por minuto e
demoram cerca de 120 segundos para concluir uma página de
um romance. Veja quanto tempo você levaria para ler cada livro
25
Carvalho, Bernardo. Editoras provocam alucinação no mercado. citado nesta reportagem”. Esse é o tom do artigo da revista Veja,
São Paulo, Folha de S. Paulo, 28/12/1993. referindo-se aos livros citados. Graieb, Carlos. Brigada ligeira.
26
Tomo de empréstimo o termo de Perrone-Moisés, Leyla. Altas Veja, São Paulo, 06 jan.1999.
28
literaturas. São Paulo: Companhia das Letras, 1998. p. 186. Op. cit.,p.187.
86 Pellegrini

pensar a História e a si mesma; são contrárias, PELLEGRINI, T. A imagem e a letra: aspectos da ficção
inclusive, até à sua potencialidade de ser um canal brasileira contemporânea. Campinas: Mercado de
privilegiado de contato, de difusão de idéias e de Letras/Fapesp, 1999.
informação sobre a conjuntura, o que ela ainda PERRONE-MOISÉS, L. Altas literaturas. São Paulo:
conseguiu ser, durante a vigência da censura política. Companhia das Letras, 1998.
O que se coloca, portanto, para a ficção de hoje, é SIILVERMAN, M. Protesto e o novo romance brasileiro. São
um problema político, ético e moral, que inclusive Carlos: Edufscar,1995.
ultrapassa questões especificamente estéticas: trata-se
de optar ou não por uma linguagem cujo “valor de Artigos em periódicos
conhecimento” possa levar à crítica negativa da
sociedade contemporânea, deixando de lado uma Jornais
outra, cujo “valor de ação”29 tem sido interpretado CARVALHO, B. Editoras provocam alucinação no
exclusivamente como experiência mimética mercado. Folha de S. Paulo, São Paulo, 28 dez.1993.
reduplicadora dessa sociedade. Felizmente, como EMEDIATO, L.F. O preço do livro no Brasil. Jornal da
nos ensinou nossa própria história, toda censura Tarde, São Paulo, 11 ago.1996.
pode ser burlada e, às vezes, funcionar à própria IBGE revela perfil das analfabetas. O Estado de S. Paulo,
revelia... São Paulo, 11 jun.2000.
PAULISTANOS dizem não ter o hábito de ler por falta de
Referências tempo. Folha de S. Paulo, São Paulo, 02 jan.1994.
Livros VENDA de livros de auto-ajuda dobra entre 97-98. O
Estado de São Paulo, São Paulo,14 jul.1999.
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ARRIGUCI Jr., D. Outros achados e perdidos. São Paulo: Revistas
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romance brasileiro. Brasília: EdUnB, 1996. GRAIEB, C. Brigada ligeira. Veja, São Paulo, 06 jan.1999.
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29
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e perdidos. São Paulo, Cia. das Letras, 1999. p. 108-109.

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