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Energéticos
Uma comparação das visões hinduístas, tibetana e taoísta.
2018
Dedicado aos buscadores da verdade e a todos os seres sencientes.
1ª edição
Nota sobre o Projeto Luz do Oriente
21 de dezembro de 2017:
O Projeto Luz do Oriente visa difundir a sabedoria oriental no Brasil por meio da
produção de PDFs em alta qualidade, com tradução e revisão de textos, clássicos e
modernos, fundamentados, de alguma forma, na sabedoria oriental. Contudo, não
significa, que vez ou outra, venha a se produzir algo baseado na sabedoria ocidental.
O projeto surgiu após, ao buscar pela obra Tratado do Vazio Perfeito de Lie-Tzu
(uma das principais obras da tradição Taoísta), perceber-se a escassez de livros e
traduções bem-feitas e fidedignas sobre tais temas. Assim, a primeira produção foi o PDF
“Chong Xu Zhen Ching - Tratado do Vazio Perfeito - Lie-Tzu”
Existem diversos estudos sobre o tema que conduzem a uma série de divergências
representativas dos chakras, tais como as cores, as posições e o número de pétalas de cada
um. O motivo mais provável é que tais representações sejam apenas metáforas criadas
por diferentes culturas e mestres no intuito de representar esses centros sutis. Desse modo,
assim como tudo na vida, a verdade só pode ser verificada por meio da experiência
própria. Os chakras realmente existem? Onde estão localizados? De que cor são?
Realmente possuem pétalas? Só a experiência própria poderá responder.
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Chakras
O corpo físico necessita de três fontes de energia básica para o seu sustento:
comida, ar e energia vital (chi, para os chineses; ki, para os japoneses; prana, para os
indianos; ou lung, para os tibetanos). Na dimensão física existe uma extensão invisível
do corpo físico, um corpo sutil ou etérico (chamado duplo etérico por Leadbeater). Esse
é o veículo pelo o qual fluem as correntes vitais que mantêm o corpo vivo, servindo de
intermédio na transferência de ondas do pensamento e a emoção do corpo astral ao corpo
físico denso. [1]
A palavra sânscrita chakra pode ser traduzida por círculo, roda ou padma (lótus).
Essa palavra é utilizada para se referir a uma série de vórtices energéticos que existem na
superfície do corpo etérico. Esses centros de força se projetam ligeiramente além do corpo
denso e são pontos de conexão entre as dimensões física e astral. Dessa forma, os chakras
não são entidades físicas no sentido comum. Pessoas com um ligeiro grau de clarividência
são capazes de vê-los no corpo etérico. [1] [4]
2
centros, que não os superiores, também estão relacionadas a faculdades além do mundo
material. Essa é apenas uma interpretação ocidentalizada do assunto e pode não ser a
melhor. Nenhum centro é mais importante que o outro, todos funcionam com um único
propósito, num único conjunto. A separação não passa de ilusão e afasta o homem da
integralidade. [10]
Cada poça de energia tem um propósito e pode ser bloqueada por uma marca
emocional específica. Abrir os chakras é uma experiência intensa e uma vez iniciado o
processo, pode ser que não seja possível o deter, até que os sete estejam abertos. [8]
4
Principais Elementos de Cada Chakra
Na visão tântrica hindu, os chakras são centros sutis localizados na medula espinal
e não nos densos plexos nervosos, que estão fora da coluna vertebral. Os cindo elementos
(akasha, ar, fogo, água e terra) surgem a partir dos cinco tanmatras: som (shabda), olfato
(gandha), paladar (rasa), forma (rupa) e tato (sparsha). Tanmatra, literalmente, significa
“apenas isso” (tan: isso, matra: apenas), são puras frequências ou essências. Isto foi
afirmado: “O som cria o vazio (akasha), como o olfato cria a terra, o paladar cria a água;
a forma cria o fogo e o tato cria o ar” (gunankam akasham shabda). A partir dos tanmatras
se desenvolvem os elementos (mahabhutas) e dos mahabhutas se desenvolvem os órgãos
dos sentidos e os órgãos de ação (indriyas). Embora sejam sutis, eles têm uma relação
precisa com o campo material concreto do corpo e suas funções. Cada um dos cinco
primeiros chakras está associado com um elemento específico e cada um dos tanmatras
está relacionado com um princípio dos sentidos, de modo que cada chakra também está
conectado com um órgão especifico dos sentidos. [3]
Bija mantra: Som semente que estimula o chakra. Esse som atua na raiz ou centro dos
chakras, fazendo-os vibrar. O ocultismo ocidental utiliza muito dessa prática. [4] No áudio
disponível no Youtube (link: https://www.youtube.com/watch?v=6Gau0ekStqU&t)
Harish Johari explica cada um dos chakras e reproduz os seus respectivos Bija mantras,
assim é possível ter uma ideia do som de cada um.
Bijas menores: Correspondem a uma série de bijas mantra inscritos nas pétalas dos
chakras. Cada fonema estimula uma pétala específica de um chakra. Devido a força dos
mesmo em estimular poderosamente os chakras e elevar coluna vertebral (meru) acima a
energia Kundalini, esses sons são considerados secretos por praticantes tântricos
adiantados. Todos os estudos e práticas dos bijas vêm das escolas tântricas, e estão na
língua sagrada sânscrita. No Tibet, por exemplo, utilizam de outros sons e mantras, além
de trabalharem apenas com cinco chakras. [4]
Os bija mantras são frequências de som usadas para invocar a energia divina dentro do
corpo. Esse poder latente da divindade é despertado pela produção do som em uma
maneira apropriada. Só se pode aprender o processo de produzir som de modo correto
diretamente de um guru. Quando o discípulo aprende a produzir o som de modo correto,
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rapidamente produz o efeito desejado de invocar a energia divina. O aspecto sonoro do
mantra assume a forma da divindade conectada com o mantra e conduz o discípulo ao
estado de profunda e ininterrupta concentração. [3]
Deidade: é uma Shakti (energia transpessoal e física) que é um poder específico de cada
um, além de uma energia que pode ser chamada de divindade regente. São símbolos das
propensões e latências samsaricas associadas a cada centro. Esses símbolos falam
diretamente à mente subconsciente, não precisam ser interpretados. Apenas se deve
observá-los e as emoções que despertam. [3]
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1° Chakra: Muladhara
Aqueles que são dominados por este chakra, em geral, dormem entre dez a doze
horas por noite, de barriga para baixo, comem mais, falam menos, são descuidados ou
distraídos, não vivem de acordo com as leis naturais e não se alimentam de maneira
saudável. Como crianças, precisam de orientação. [3]
Ao energizar este chakra, sentirás uma profunda conexão com a Terra, a natureza
e suas criaturas, uma força vital límpida, o corpo se encherá de vitalidade, saúde,
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desenvolvendo imunidade às doenças. Já um desequilíbrio poderá lhe tornar agressivo,
instintivo, apegado aos bens materiais e as questões do corpo. Além disso, poderá
conduzir a insegurança, dificuldades em desenvolver a sensibilidade e perceber as
sutilizas da vida.
“O que mais temes? Deixa que seus temores fiquem claros. Sua visão não é real,
estás preocupado com a sobrevivência, mas deves entregar-se a esses medos. Deixa que
que os temores fluam riacho abaixo...”
“O primeiro chakra, chamado Muladhara é belo como um rubi; medita sobre ele,
com o olhar fixo na ponta do nariz, e liberte-se de seus medos.”
Tattva (Elemento): Terra, o mais denso de todos os elementos. Esse elemento provê estabilidade,
segurança e condições para a completude humana em todos os níveis.
Triângulo Invertido: também conhecido como tripura (tri: três, pura: mundos), ele representa os três
aspectos da consciência: cognição, conação, volição; os três aspectos de experiência: conhecer, fazer e
sentir; e as três divindades: Brahma, Vishnu e Shiva.
Funções: é o chakra onde nasce e reside a energia Kundalini que se movimenta em espiral, pelos Nadis Ida
e Pingala, distribuindo, por todo o corpo, o impulso de vida. É também um dos centros eróticos do ser,
principalmente do homem.
Disfunções: doenças do sangue; anemia; distúrbios do reto, ânus e uretra; problemas de músculos, ossos e
articulações.
Nota Musical: Dó
Localização: Plexo pélvico, região entre o ânus e as genitais, base da espinha dorsal; as três primeiras
vértebras.
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Plexo correspondente: Nervoso Autônomo Coccíneo
Número de pétalas: 4 (representam: o estado da máxima alegria; estado de prazer natural; o deleite no
controle das paixões; e a felicidade suprema na concentração)
Bloqueio: medo
Som do Bija (Mantra): LAM. É produzida colocando os lábios em forma de um quadrado e empurrando
a língua em formato quadrado contra o palato. O som faz vibrar o palato, o cérebro e o topo do crânio. A
repetição desse bija mantra aprofunda a concentração, propiciando atenção plena e força interior.
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2° Chakra: Svadhishthana
Como pode ser observado, a Lua influência nas marés do oceano, desse modo, tal
vórtice está fortemente associado à Lua, a qual desempenha uma grande influência na
vida das pessoas e as faz passarem por diversas flutuações emocionais durante as fases
de mudança da Lua, principalmente as mulheres, que, normalmente, o tem como o chakra
mais forte. Por isso, a menstruação e o ciclo lunar são extremamente importantes para o
controle e domínio deste chakra nas mulheres.
Aqueles que são dominados por este chakra, em geral, dormem de oito a dez horas
por noite em uma posição fetal. Assumem um comportamento semelhante à uma
borboleta: apreciando a beleza de cada flor, flertando, voando, esquecendo. Também são
propícios a desenvolver o hábito de enxergar o mundo como um obstáculo, as leis sociais
como restrições e a disciplina como um controle indesejado. Nada entusiasma, nada
agrada, o pessimismo toma conta e tendências suicidas se desenvolvem. Inveja e ciúme
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surgem do desejo de possuir o tempo ou a qualidade de outras pessoas. Isso resulta num
estado de inquietude, ansiedade e destrutividade. Dessa maneira, costumam inventar
histórias e mentiras para chamar a atenção.[3] Sendo assim, este chakra é bloqueado pelo
sentimento de culpa.
Por meio da alimentação, do sono e do ato sexual bem regulados, pode-se obter o
controle deste chakra, garantindo equilíbrio emocional, flexibilidade, criatividade, a boa
circulação do sangue e equilíbrio de todos os outros fluidos corporais, melhorando a saúde
do corpo e aumentando a longevidade. Já um desequilíbrio poderá o tornar
emocionalmente instável, apático pela vida, e pouco criativo. Poderá também conduzir a
um estado de vício por aquilo que te dá prazer, seja comida, sexo, ou a alguém (apego e
ciúmes excessivo).
“Observa toda a culpa que atormenta a alma. Pelo o que te culpas? Aceita a
realidade e o que aconteceu, não deixa que o passado obscureça e envenene sua energia.
Perdoe-se...”
Significado do nome: “fundamento de si próprio”, morada do ser, morada da vida, morada própria (indica
que a morada original da Kundalini era neste chakra)
Outros nomes: Chakra Sacral, Chakra Umbilical, Chakra Esplênico, Adhisththana, Shaddala.
Tattva (Elemento): Água. Representa a vitalidade e essência da vida. O elemento água se desenvolve a
partir de rasa tanmatra (princípio do paladar), motivo pelo qual a língua é o órgão sensorial.
Forma do Yantra: Círculo com crescente (círculo representa o elemento água e a crescente dentro do
círculo é associado com a Lua)
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Cor vibracional: Laranja (288Hz/417 Hz)
Nota musical: Ré
Bloqueio: culpa
Som do Bija (Mantra): VAM. Para produzir esse som, os lábios fazem a forma de um círculo e o ar é
empurrado através dos lábios com o som ressoando como se estivessem vindo de um tubo. Sons de água
intensificam o poder dessa sílaba seminal: quando o bija mantra é repetido na presença do elemento água,
ele intensifica a produção de fluidos no corpo.
Plano (Loka): Plano Astral (Bhuvar Loka, espaço entre o céu e a terra)
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3° Chakra: Manipura
O terceiro é o chakra do fogo, que representa o fogo interior do corpo. Possui dez
pétalas e cor vibracional amarela. Localizado no centro do abdômen (na altura do
estômago), é o responsável pela força de vontade, auto controle e liberdade. É bloqueado
pela vergonha e pela angústia.
Este chakra é o centro de compensação dos outros chakras. É regido pelo Sol e
funciona como um receptor e emissor de energias, por isso plexo solar. Desse modo, é a
chave para se proteger de espíritos, pessoas e ambientes carregados com energias densas,
bem como influenciar energeticamente espíritos, pessoas e ambientes.
Aqueles que são dominados por este chakra, em geral, dormem entre seis a oito
horas por noite, de costas. O ego é o principal problema relacionado a este chakra. Desse
modo, essas pessoas são motivadas pelos desejos de identificação, reconhecimento, poder
e melhores condições de vida. A ambição e o orgulho nas realizações ocupam uma grande
parte da consciência das pessoas do terceiro chakra.
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O equilíbrio desse chakra pode ser conseguido pelo serviço abnegado, ou seja,
servir sem o desejo de recompensa. Assim, obtêm-se uma excelente defesa psíquica,
impedindo o esgotamento energético. Um desequilíbrio, no entanto, o tornará susceptível
a influências externas que podem o conduzir, constantemente, ao cansaço e esgotamento
energético.
“De que mais tens vergonha? Qual é o maior desapontamento que carregas?
Nunca encontrarás o equilíbrio se negar alguma parte de sua vida...”
“O terceiro chakra, chamado Manipura, é como o sol nascente; medita sobre ele
e liberte-se da vergonha e da angústia.”
Tattva (Elemento): Fogo, é tanto calor como energia luminosa, mas o calor é dominante. Está relacionado
ao Sol, o planeta regente desse chakra. O Sol é a fonte de vida no sistema solar e o umbigo representa a
fonte da vida no corpo. Uma criança no útero está conectada com sua mãe através do cordão umbilical que,
quando cortado, torna-se o umbigo. A mãe é a fonte de nutrição e energia para o feto em desenvolvimento.
O fogo na região do umbigo ajuda na digestão e absorção do alimento, o que supre o corpo todo com a
energia vital necessária para a sobrevivência.
Forma do Yantra: Triângulo invertido (símbolo do elemento fogo e sugere o movimento da energia
descendente. Ele obstrui o movimento ascendente da Kundalini até ser penetrado, Brahma Granthi)
Aspectos: poder pessoal, emotividade, afetividade pessoal, estímulo intelectual, raiva, impulsividade,
vergonha e angústia.
Nota musical: Mi
Pedra: topázio
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Órgão sensorial: olhos
Número de pétalas: 10 (representam a localização das dez modificações mentais: ignorância espiritual,
sede, ciúme, traição, vergonha, medo, desgosto, ilusão, insensatez, tristeza. Também representam os dez
pranas: prana, apana, samana, vyana, udana, naga, dhananjaya, devadatta, kurma e krikilla)
Som do Bija (Mantra): RAM. Esse som é produzido fazendo-se uma forma triangular com os lábios e
empurrando a língua contra o palato. O som se origina a partir do umbigo quando repetido de maneira
adequada.
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4° Chakra: Anahata
O quarto chakra a ser aberto é o chakra do elemento ar. Possui doze pétalas e a
cor vibracional verde. Localizado no coração, este é o chakra que estabelece a conexão
entre o corpo físico e cósmico.
Este chakra é relacionado ao sentimento de amor e, por isso, está bloqueado pela
mágoa, rancor e ódio. Para energizá-lo, deves desenvolver a compaixão, a aceitação e o
desapego. Dessa maneira, serás capaz de se harmonizar e encontrar Atman (o verdadeiro
eu), o mais elevado princípio humano, a essência divina, sem forma e indivisível.
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visto fluindo constantemente de seus olhos, contato, gestos e mãos, ou seja, da pessoa
inteira. Dormem de quatro a seis horas por noite, em seu lado esquerdo.
“Derrame toda a sua amargura diante de ti, mesmo que tenhas sofrido uma
grande perda. O amor, por ser uma forma de energia, está em todo nosso redor. Aquele
amor que lhe deixaram ainda permanece neste mundo. Encontre-o dentro do seu coração
e permita que ele renasça na forma de um novo amor. Deixe a mágoa fluir para longe...”
Significado do Nome: Intocado, Invicto, Inviolado, “som não produzido” (batidas do coração)
Tattva (Elemento): Ar, elemento que não possui forma, cheiro e gosto.
Forma do Yantra: Hexagrama, ou estrela de seis pontas (símbolo do elemento Ar). A estrela é composta
por dois triângulos que se cruzam e se sobrepõem. Um aponta para cima e simboliza Shiva, o princípio
masculino. O outro triângulo aponta para baixo e simboliza Shakti, o princípio feminino. Assim, a estrela
representa o equilíbrio que é atingido quando esses dois princípios se unem em harmonia. Também
simboliza o equilíbrio da energia no chakra do coração, entre os três chakras acima e os três chakras abaixo
dele.
Aspectos: amor, compaixão, perdão, fé, devoção, equilíbrio, harmonia interior, verdade, gratidão,
ressentimento e mágoa.
Funções: intermedia os chakras superiores e inferiores, impulso de se ligar à verdade, ao amor, reequilíbrio,
altruísmo, compaixão. Este chakra se expande em todas as direções e dimensões, como uma estrela de seis
pontas.
Nota musical: Fá
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Localização: No centro do tórax, entre os pulmões e na linha do coração
Som do Bija (Mantra): YAM. A sílaba seminal do elemnto ar é produzida com a língua imóvel no ar,
dentro da boca, depois de tocar o palato. Quando esse som é produzido de modo adeuqado, o corção
espiritual vibra e quaisquer bloqueios na região cardíaca são abertos. O verdadeiro conhecimento se
manifesta na consciência e o segundo nó, o Vishnu Granthi, é defeito, permitindo qua a energia comece a
fluir para cima, desobstruída no caminho Sushumna. Esse bija mantra propicia o controle sobre o ar, o prana
e a respiração. Ele ajuda na suspensão automática da respiração por períodos maiores de tempo.
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5° Chakra: Vishuddha
Aqueles que são dominados por este chakra, em geral, dormem entre quatro a seis
horas por noite, trocando de lado. O principal obstáculo relacionado a esse centro é a
dúvida ou o intelecto negativo (falsas verdades). Desse modo, o buscador do quinto
chakra deve procurar o conhecimento verdadeiro, além das limitações do tempo e do
condicionamento cultural.
“Não deves mentir sobre tua própria natureza, mas sim, aceita-la...”
Tattva (Elemento): Akasha ou éter (o vazio ou espaço). É o elemento sustentador de toda a existência.
Assim como todos os elementos se dissolvem no akasha puro e de luz própria, toda a condição mundana se
dissolve na presença de uma pessoa dominada pelo quinto chakra, porque as distrações criadas pelos
sentidos e pela mente deixam de ser um problema. Há cinco tipos de akasha: abhrakasha, o vazio
atmosférico; jalakasha, o vazio na água; ghatakasha, o vazio em um vaso; patakasha, o vazio em relação a
uma superfície; mahakasha, o supremo vazio no qual apenas o nada (shunya) existe. Segundo Buddha, esse
vazio (shunya) é a realidade última.
Forma do Yantra: Círculo (representa o mais puro de todos os elementos: akasha, o vazio)
Localização: garganta
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Órgão motor: boca
Número de pétalas: 16 (representam dezesseis qualidades específicas. A maior parte relacionada ao som
musical, frequências em uma escala harmônica e mantras usados para a invocação de divindades dentro do
corpo.)
Bloqueio: mentiras
Som do Bija (Mantra): HAM. É produzido fazendo-se com os lábios uma forma oval e empurrando o ar
para fora a partir da garganta. A concentração é centrada na curva oca da parte inferior do pescoço. Quando
esse som é produzido de maneira adequada, ele faz com que o cérebro vibre e com que o fluido
cerebrospinal circule mais livremente na região da garganta, trazendo qualidades doces e melodiosas à voz.
Plano (Loka): Plano Humano (Jana Loka) onde a grande escuridão espiritual termina.
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6° Chakra: Ajna
O sexto centro de energia é o chakra da luz. Possui duas pétalas e cor vibracional
índigo. Localizado no centro da testa (praticamente entre as sobrancelhas), onde os três
nadis principais (Ida, Pingala e Sushumna) se fundem para formar uma única passagem
de energia vital, que continua a subir até o chakra Sahasrara. Este é o chakra diretamente
relacionado a terceira visão, pela qual é possível enxergar além do mundo material. É
considerado a porta da alma, responsável pelo discernimento, pela intuição e percepção.
Está bloqueado pela ilusão.
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(não dualidade realizada) durante todas as ações. Tudo o que deseja se concretiza. Além
disso, o controle desse chakra permitirá estabelecer comunicações telepáticas, podendo,
então, enxergar o plano espiritual e as nuanças da vida. Por outro lado, o desequilíbrio
poderá acarretar em constante confusão mental e dores de cabeça.
“O sexto chakra, chamado Ajna, é como uma pérola que habita o ponto entre as
sobrancelhas; medita sobre ele e enxergue além da ilusão. Observador e observado são,
de fato, um só.”
Outros nomes: Chakra Frontal, Terceiro Olho, Bhru Madhya, Dvidala Padma
Tattva (Elemento): Mahat ou mahatattva (supremo ou grande elemento), no qual todos os os cinco
elementos (akasha, ar, fogo, água e terra) estão presentes em sua pura essência.
Forma do Yantra: Círculo com duas pétalas, que representam o pedúnculo da glândula pineal.
Aspectos: a intuição, forças espirituais superiores, conhecimento, falta de discernimento, visão interior,
consciência; capacidade de observar sem julgar.
Nota musical: Lá
Sentido predominante:
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Órgão sensorial:
Órgão motor:
Número de pétalas: 2
Bloqueio: ilusão
Som do Bija (Mantra): AUM. Fonte de todos os sons, está conectado como o anahata; nada, o som
cósmico primordial. Dessa maneira, ele cria a unidade e a consciência não dual. É a união de todos os
elementos.
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7° Chakra: Sahasrara
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nada a ser conhecido, tudo se torna unificado e liberado. Este é o mais elevado estado da
existência.
“Medite sobre o que te prende a este mundo. Deixe que todos esses apegos se
esvaem, deixe que fluam abaixo no rio, esqueça-os... Aprenda a deixá-los ir, ou a energia
cósmica não poderá fluir do universo. Para controlar atingir o estado de iluminado,
deves energizar todos os chakras. Renda-se a si mesmo. Pense nos seus apegos e os
deixem ir. Permita que a energia cósmica possa fluir.”
Significado do nome: Com Mil Pétalas, Vazio, Morada Sem Suporte (niramlamba – sem suporte, puri –
morada)
Outros nomes: Chakra Coronário, Chakra Shunya (vazio, vácuo), Chakra Niralambapuri (moradia sem
apoio), A Flor de Mil Pétalas
Nota musical: Si
Plexo correspondente: Esse chakra não está relacionado com nenhum plexo simpático do corpo físico,
mas o está com a glândula pineal e o corpo pituitário.
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Sentido predominante:
Órgão sensorial:
Órgão motor:
Bloqueio: apego
Som do Bija (Mantra): SHAM (várias referências não atribuem um Bija para esse chakra)
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Figura 3 – Os Sete Chakras no Corpo Humano
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Bindu Visargha
Por não ser exatamente um chakra, o Bindu não é representado por um lótus ou
por divindades residentes. Seu símbolo é uma lua cheia – representa o pondo onde começa
a individualização – e também uma lua crescente, indicando o fato de que apenas uma
parte da totalidade infinita existente no Sahasrara se manifesta. [2]
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Os Nadis
Satyananda afirma que embora a palavra “nadi” seja frequentemente traduzida por
“nervo”, ela deriva da raiz nad, que significa movimento, fluxo, corrente. Portanto,
deveria ser interpretada como o fluxo de consciência psíquica e não simplesmente como
um conduto físico para esse fluxo. [2] Assim, nadis são canais de energia que percorrem o
corpo sutil (ou etérico) distribuindo prana (energia vital, ou, literalmente, “aquilo que
flui”) por todo o corpo e vivificando o invólucro físico. [5] Por enquanto, não há consenso
sobre o verdadeiro número de nadis existentes. Alguns ensinamentos falam num total de
72 mil, enquanto outros dizem que existem por volta de 34 mil. Contudo, todos os
ensinamentos viáveis citam 10 ou 14 nadis como os mais importantes. [2]
No corpo etérico existem três canais principais pelos quais fluem o prana, são
chamados de Ida, Pingala e Sushumna. Deles, se origina uma circulação que do canal
central se distribui por todo o corpo. Essas três nadis originam-se no Muladhara, na base
da espinha. O Ida sai à esquerda do Sushumna, e o Pingala à direita (bem entendia, à
esquerda e à direita do homem e não no espectador; mas na mulher estão invertidas estas
posições). [1] Subindo pela espinha, num movimento espiral, Ida e Pingala entrecruzam-
se na altura de cada chakra. [2] Essas duas nadis simbolizam a polaridade do homem, e é
no Ajna Chakra onde Ida e Pingala (o primeiro chega pela esquerda e o segundo pela
[5]
direita) concluem a sua jornada, que a visão da Unidade inicia sua manifestação.
Sushumna sobe reto pela espinha, do chakra Muladhara até o chakra Sahasrara.
Ida: é a nadi da polaridade lunar. [...] Sua energia é passiva, mental, feminina,
negativa, fria, lua, interna, intuitiva, subjetiva, mente subconsciente e ativa o sistema
[5]
nervoso parassimpático e o hemisfério direito do cérebro. Assim, nutre e purifica o
corpo e mente. Possui cor branca e fica mais energizada durante o ciclo lunar ascendente
(da lua nova até a lua cheia), assim, Ida é dominante por nove dias em uma quinzena, na
hora do nascer do sol e do pôr do sol. [3]
Pingala: é a nadi da polaridade solar. [...] Sua energia é ativa, vital, masculina,
positiva, quente, sol, externa, lógica, objetiva, mente consciente e ativa o sistema nervoso
simpático e o hemisfério esquerdo do cérebro. Essa nadi é mais ativa durante o ciclo lunar
descendente (da lua cheia para a lua nova) e opera por nove dias em uma quinzena, na
hora do nascer do sol e do pôr do sol. [5]
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Sushumna: é o canal central que emerge desde a base da coluna vertebral (meru)
até o topo da cabeça e desemboca no Sahasrara. É considerado o canal que corresponde
ao sistema nervoso central. Na maioria dos seres humanos, este canal central se encontra
adormecido. É por ele que flui a essência espiritual do ser, a Kundalini. Quando a
Kundalini desperta, ascende pelo Sushumna, que se eleva até o Brahma-randhra (o
décimo portal através do qual a Kundalini ascende à sua morada final no chakra Soma,
dentro do chakra Sahasrara), despertando, assim, a consciência suprafísica. A estrutura
interna desta nadi comporta mais três nadis muito sutis, que são: Nadi Vajrini, Nadi Chitra
e, o mais sutil delas, Nadi Brahma. Este último é a nadi por onde, realmente, a Kundalini
ascende, e, então, experiências transcendentais podem ocorrer. [5] Sushumna é vermelho
cor de fogo e fica mais energizado ao amanhecer e no pôr do sol. [3]
Figura 5 – Corte em secção das três nadis principais: Ida, Pingala e Sushumna.
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Na experiência da vida comum, Ida e Pingala se encontram ativos e o prana flui
alternando-se por eles ao longo das 24 horas. Está escrito no Hatha Yoga Pradipika, II. 4:
“O prana não pode passar pelo canal central porque as nadis estão cheios de impurezas.
Como pode o estado de unanime florescer e o praticante atingir a perfeição ou o
siddhis?” [5]
No intuito de fazer fluir o prana pelo canal central, o Tantra Yoga trabalha com a
energia dinâmica do prana que o organismo recebe por meio da respiração nasal. De
acordo com os ensinamentos tântricos, as nadis partem do chakra fundamental. Ida e
Pingala terminam nas narinas esquerda e direita respectivamente, e a Sushumna continua
para cima até o chakra Sahasrara. Desse modo a nadi Ida é ativa pela respiração por meio
da narina esquerda, enquanto a Pingala é ativada pela respiração da narina direita. Quando
ambas as narinas operam ao mesmo tempo, a nadi principal, Sushumna é energizada,
criando coordenação entre os lados direito e esquerdo do corpo. [3]
Em geral, um ser humano respira, aproximadamente 900 vezes por hora. Destas,
apenas dez respirações por hora são feitas com ambas as narinas, ativando a nadi
Sushumna. Entretanto, o uso de técnicas respiratórias alternativas ensinadas pelo Yoga
possibilita que um aspirante ative a nadi principal à vontade. Os centros sutis de energia
dos chakras estão situados na nadi Sushumna, e operam com a energia dinâmica de prana
que está em constante movimento na esfera de ação das nadis. [3]
Quando o fogo serpentino surge de seu foco e, entrando pelo chakra fundamental,
flui para cima pelos três canais principais mencionados, observa-se que a energia
ascendente por Pingala é quase toda masculina, enquanto que a que sobe por Ida é quase
inteiramente feminina. A corrente caudalosa que passa por Sushumna acima, parece
conservar suas proporções originárias. [1]
Como dito acima, dentro da nadi Sushumna há uma nadi mais delicada chamada
Brahma, que é a portadora de energia espiritual. A operação conjunta das narinas direita
e esquerda que ocorre naturalmente a cada hora, estimula a nadi Sushumna, mas não
estimula a nadi Brahma. Essa nadi é influenciada apenas quando são realizados exercícios
de pranayama (controle consciente da respiração). Então, a energia espiritual que está
dormente na Kundalini adormecida é despertada para mover-se de modo ascendente por
intermédio da nadi Brahma. Quando a energia espiritual dormente é ativada, o
funcionamento da energia fisioquímica para e o corpo fica calmo e imóvel. O prana
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dinâmico é absorvido pela energia Kundalini desperta. O metabolismo diminui e as
funções vitais no corpo param. No final, o sistema sensorial para de funcionar. A
Kundalini se move pela via oca dentro da coluna vertebral, passando pelos chakras, os
centros de transformação. Penetrando todos os chakras inferiores, ela finalmente alcança
o chakra Sahasrara, onde se une com o seu amado Shiva. [3]
Depois dessa união, a Kundalini volta para seu lugar no chakra Muladhara, na
base da coluna. Durante a sua descida, os poderes e operações dos chakras são
restaurados. [3]
Além dessas três nadis já explicados, o tratado tântrico Shiva Samhita identifica
outros onze nadis principais: Gandhari, Hastajihva, Yashasvini, Pusha, Alambusha,
Kuhu, Shankhini, Sarasvati, Payasvini, Varuni e Vishvodara. [3]
33
Os Dez Portões
34
Kundalini, O Fogo Serpentino
Seu objetivo é alcançar o ápice, ascendendo chakra por chakra, até chegar ao
chakra coronário, ou lótus Sahasrara, onde goza da beatífica união com seu senhor
35
Paramabhiva; e, ao retornar pelo seu caminho, devolve a cada chakra, muito
intensificadas, as suas faculdades específicas. [2]
A devi Shudha atravessa os três lingas (nadis) e depois de passar por todos os
lótus, brilha neles na plenitude de seu fulgor. Por fim, volta ao seu estado sutil, brilhante
como relâmpago e delicado como a fibra de lótus. Ascende a suprema bem-aventurança,
e de súbito determina a felicidade da libertação. [2]
Com a ativação e o despertar dos chakras pelos meios corretos, uma pessoa pode
evoluir e desfrutar das esferas superiores do ser. A tantra yoga oferece métodos
sistemáticos para despertar adequadamente esses chakras, sem qualquer perigo. [2]
“Uma pedra preciosa, quando polida, reflete com muito brilho sua verdadeira cor. Assim
é a alma que se liberta, pois o despertar da Kundalini está para ser exaltado, livre de
todos os complementos.” – Gorokshashatakam
36
atmosfera, circundando a cabeça. Nessa etapa, não há nenhum efeito físico danoso, exceto
uma pequena perda de consciência temporário e um leve cansaço. [2]
Uma vez ativado, o fogo serpentino deve ser controlado cuidadosamente. Este
poder precisa ser dirigido de forma eficaz, em direção aos diversos chakras e dentro de
um padrão adequado. Normalmente, o adepto concentra-se num determinando chakra,
ativando-o através da infusão de prana; então, a Kundalini se eleva e é dirigida para lá.
Como os métodos melhores diferem de pessoa para pessoa – pois existem diferenças na
37
constituição, personalidade e fatores kármicos – novamente, é indispensável a supervisão
rigorosa de um mestre. [2]
Como dito, a da Deusa Kundalini Shakti dorme, enrolada três voltas e meia ao
redor do chakra básico. Quando despertada, sobe pela coluna e atravessa e energizando
cada um dos chakras, um de cada vez. Procurando seu divino companheiro: Shiva, o qual
a espera em estado de consciência plena. [9]
[nota 1]
Um yogue experiente é capaz de, conscientemente, deixar seu corpo físico e transportar-se para locais
distantes através da dimensão astral. Esse fenômeno denomina-se projeção ou desdobramento astral.
Contudo, em pessoas cuja Kundalini ainda está dormente, os sonhos podem agir como um veículo para a
viagem astral. Por exemplo, uma pessoa que sonha muitas vezes que está voando, pode realmente estar
viajando através da dimensão astral; porém, como seus chakras ainda não estão completamente
energizados, esta experiência acontece apenas em sonhos.
38
Finalmente, a energização do sétimo centro, Sahasrara, revitaliza a Kundalini,
facilitando sua passagem por todos os centros anteriores. Totalmente completo da base à
cabeça, o sétimo chakra pode agora florescer como o lótus de mil pétalas da consciência
infinita que emana sem dimensões da consciência interior. Essa é a consciência, desperta,
consciente, inteligente, divina. Sempre se desdobrando na consciência infinita, a natureza
da consciência não tem limites. Aqui, a mente do praticante aquieta-se, nas pétalas
interiores que se desdobram. Testemunha as faíscas de iluminação que se desdobram, à
medida que a Kundalini se encontra com seu companheiro divino Shiva, aquele que dá
vida às estrelas e eleva o praticante para além do plano inferior, numa viajem no coração
do cosmos, para a própria inteligência da criação, o reino da mente divina. A consciência
universal que é a fonte de tudo. [9]
39
Resumindo, quando a Kundalini se desenrola de sua morada e chega ao segundo
chakra (Svadhishthana), a pessoa é capaz de viajar no mundo astral num ligeiro estado de
consciência. Ao atingir o terceiro chakra (Manipura), desperta-se gradativamente a
percepção no corpo astral. Atingindo o nível do chakra Anahata, o despertar da Kundalini
capacita o indivíduo a compreender e a se corresponder com outras entidades astrais.
Quando essa energia chega ao quinto chakra (Vishuddha), a pessoa desenvolve o poder
de ouvir no plano astral. Com o despertar do sexto chakra, Ajna, surge o poder de nítida
visão astral. Ao chegar da Kundalini no Sahasrara, o sétimo chakra, o praticante adquire
completo conhecimento da vida astral, dotando-se com a perfeição de todas faculdades
astrais. [2]
40
Ainda segundo Motoyana, caso alguém tente despertar o fogo serpentino antes de
atender a esses critérios, poderá depara-se com os seguintes perigos:
1 – Uma vez ativado, o poder serpentino é incontrolável. Isso tende a causar uma
dor torturante que afeta todo o sistema somático, podendo provocar a morte. Em
alguns casos, é possível que ocorram danos irreversíveis em dimensões mais
elevadas do que a física.
Por fim, em contrapartida, Harish Jorahi ressalta em seu livro que alguns
professores e guias espirituais, agentes de cura e pensadores ocidentais dizem que lidar
com “coisas de chakras” é perigoso e que o despertar súbito da Kundalini sem preparação
adequada pode criar problemas. Eles assustam muitas pessoas sem necessidade. O
despertar da Kundalini é a ativação de uma energia ascendente. É verdade que a ascensão
da Kundalini está associada com a retirada do prana e a suspensão da respiração, que pode
ser conseguida com a prática de pranayama. Entretanto, a menos que sejam empregadas
outras práticas yogues, essa suspensão da respiração é temporária, terminando com a
inalação seguinte. Aqueles que desejam trabalhar com meditação nos chakras não
deveriam se preocupar; a energia da Kundalini não é despertada apenas pela meditação.
Mesmo se for despertada, sua ascensão não porá em risco o organismo vivo. É importante
notar também que uma intensa alegria ou pesar pode acontecer com qualquer pessoa a
qualquer momento. [3]
[nota 2]
Verificar a seção adiante: Chakras Superiores e Inferiores
41
Figura 8 – Desenho da Kundalini e os Sete Chakras
42
Movimentos da Kundalini
Movimento do sapo: quando o elemento água (apah) é dominante, ocorre uma sensação
de palpitação na coluna: ora forte, ora fraca. Parece também que salta e para, e salta
novamente.
43
Os Granthis
44
Brahma Granthi
45
e samprajnata samādhi), sem os quais a união com a verdade suprema (asamprajnata
samādhi) não é possível. [3]
Mesmo depois de todos esses passos, pode não ser possível atingir o estado mais
elevado sem um ambiente natural adequado e a presença de um guru gentil, amoroso e
experiente. O guru deve ser alguém que tenha sido iniciado de maneira adequada no
Kundalini-Yoga. Sua presença irá produzir calma e uma mente aquietada. A fé no guru e
na graça da Kundalini Shakthi pode produzir efeitos milagrosos e o nó pode ser desatado.
O aspirante se torna centrado e calmo e as imagens vindas do mundo dos nomes e das
formas não interrompem a meditação. A diversidade se torna unidade e todos os objetos
se tornam divinos. [3]
Vishnu Granthi
O aspirante tem que desatar esse nó, que cria laços emocionais com tradições e
idealismo, desse modo aprisionando a energia no Chakra do Coração. Pela verdadeira
discriminação, é preciso perceber o propósito por trás do cosmos, o plano divino, e
libertar-se do apego ao fazer, à preservação. O mundo é ilusão; assim, o sofrimento e a
dor desse mundo não pode ser real. Uma pessoa compassiva é consciente da unidade na
diversidade, mas por causa desse nó, ela permanece presa na diversidade. Embora a mente
46
de uma pessoa assim esteja sob controle, centrada, focada (ekagra), ela se torna inquieta
(vyagra) e não atinge o estado niruddha, no qual fica esvaziada de pensamento. [3]
Rudra Granthi
O Rudra Granthi está localizado na área do chakra Ajna, a área do terceiro olho.
Rudra é o destruidor, do mesmo modo que o verdadeiro conhecimento (jnana). Não há
nada para destruir, exceto a ilusão que é o ego. Com o desatamento do Brahma Granthi,
o mundo ilusório de nomes e formas é aniquilado e com o desatamento do Vishnu
Granthi, o apego aos frutos das ações termina. Finalmente, deve-se ir além do apego e o
ego, que obstrui o caminho da Kundalini em seu trajeto para o chakra Soma, onde a
verdade suprema é realizada e a consciência não dual é atingida. O ego é como a “gota
da consciência” e a verdade é o oceano da pura consciência. A gota e o oceano são um
só, mas o ego a mantém s gota separada. Enquanto essa consciência permanecer, a pessoa
permanece no ciclo de vida e morte. Ela torna o infinito finito e limitado pelo tempo. Essa
ilusão deve ser destruída. [3]
O aspirante que alcançou o chakra Ajna foi além dos elementos que mudam
continuamente a constituição do corpo físico e causa flutuações emocionais e apegos na
consciência individual. Assim, no chakra Ajna, o yogue é capaz de estabelecer a si
mesmo(a) no infinito e então o Rudra Granthi desata a si mesmo. A passagem para o
Sushumna fica desimpedida e a Kundalini alcança o chakra soma. O yogue transcende os
três gunas (sattva, rajas e tamas) e se torna gunatita (além dos três gunas) e a consciência
é estabelecida na eterna bem aventurança, a completa união por meio da consciência não
dual. [3]
Os Dez Sons
Segundo Harish Johari, durante o processo de lidar com os nós, o yogue ouve os
dez tipos de sons que ajudam a atingir um estado de profunda meditação:
48
A Kundalini e os Três Primeiros Chakras
Em muitos casos, quando o shakti alcança o chakra Manipura, ele começa a descer
de volta para o Muladhara. Muitas vezes, o praticante tem a sensação de que a energia
sobe até o alto da cabeça, porém na maioria das vezes apenas uma pequena quantidade
de shakti é capaz de ultrapassar o Manipura. É necessário tentar repetidas vezes para que
a Kundalini se leve mais além. Segundo Satyananda, uma vez ultrapassado o Manipura,
não se encontra mais nenhum obstáculo sério. Porém, surgem muitos problemas durante
o estágio em que a Kundalini ativa apenas os chakras Muladhara e Svadhishthana. [2]
49
Por conta disso, dizem que o Muladhara se associa com o reino físico; o
Svadhishthana com o reino intermediário, entre a dimensão física e a espiritual; e o
Manipura com o mundo espiritual. [2]
Por meio do método interno, a Kundalini é despertada com práticas como a Yoga,
entonação de mantras, Karatê-do, Tai-chi, Qi Gon, Kung-fu, Iai-dô, Aikido e outras artes
marciais que envolvam paz e meditação. Na contemporaneidade existem muitas escolas
e professores que estimulam o ego de seus alunos por meio de competição que levam a
agressão e violência, ao sentimento de superioridade, isso nada traz de útil ao praticante,
pelo contrário, desequilibra todos os chakras do mesmo. [4] Além disso, dão ênfase a parte
física e superficial dessas práticas, pouco se atendo a essência desses ensinamentos.
Adentrando mais a respeito das técnicas de yoga, cada uma das principais escolas
de yoga indiana possui seus próprios métodos para despertar tais centros. A raja yoga
enfatiza a concentração e a meditação sobre os chakras; em karma yoga, dá-se ênfase à
dissolução do karma; em jnana yoga, a pessoa procura desenvolver o prajna, ou a
sabedoria; em laya yoga, o praticante empenha-se em adquirir habilidade paranormais e
em desenvolver uma interação com seres divinos; em bhakti yoga, a prática está centrada
na auto redenção, no amor e na devoção ao supremo; e, finalmente, em mantra yoga,
pratica-se a entoação de mantras. [2]
50
entre eles o esforço da vontade, maneira de respirar, mantras e várias atitudes e
movimentos. [2]
Ainda no âmbito da Yoga, segundo Johari, nosso corpo existe em dois níveis. O
nível denso material é composto de sete dhatus (carne, ossos, tecido reprodutivo, sangue,
gordura, medula, fluidos) e dos cinco elementos (terra, água, fogo, ar e akasha – o éter).
O nível sutil é composto da força vital (prana), mente (manas), intelecto (buddhu), ego
(ahamkara) e a consciência distintiva (chita). Prana é o meio pelo qual o sutil e o denso
no organismo humano são conectados. Ele é distribuído por todo o corpo através das
nadis, e assim, ativa todos os sistemas no corpo e os ajuda a funcionarem conjuntamente
de maneira adequada. [3]
51
espiritual dormente, a Kundalini. Assim, o Tantra-Yoga (combinação da Mantra-Yoga,
Hatha-Yoga, Laya-Yoga e Raja-Yoga) acredita que o prana é a chave de todas as
experiências espirituais. [3]
“Aquele que conhece os segredos das nadis (a sua operação e feitos), do prana e do
Sushumna, liberta-se do ciclo da vida e da morte, ficando totalmente iluminado.” – Shiva
Svarodaya
Para purificar a mente, todas as linhas e escolas de Yoga prescrevem uma fórmula
de oito passos, conhecida como Ashtanga Yoga (ashta: oito, anga: membros ou partes,
yoga: união com a verdadeiro essência). Os oito membros são: (1) Yama (processo
mediante o qual as ações do corpo e as funções da mente são controladas por meio da
vontade), (2) Niyama (regras de ouro de conduta), (3) Asana (posturas que conduzem a
estabilidade e controle do corpo aquietando, então, a mente), (4) Pranayama (o controle
da respiração), (5) Pratyahara (recolhimento das percepções sensoriais em relação aos
objetos que naturalmente os atrai, levando ao rompimento da conexão com o mundo
externo), (6) Dharana (concentração nos seis centros sutis de cada um dos sete chakras,
um após o outro, e no poder enrolado da Kundalini), (7) Dhyana (meditação na qual nem
aquele que medita nem a consciência da meditação existem, levando a revelação da
consciência pura)[nota 3], (8) Samadhi (um estado de completo equilíbrio no qual e o
praticante atinge a consciência pura, livre da consciência de si mesmo, do tempo e do
[3]
espaço). No livro de Johari, cada um desses passos são descritos mais detalhadamente.
Além das escolas de yoga, existem diversas escolas iniciáticas as quais possuem
seus próprios métodos de despertar a Kundalini. Alguns desses métodos utilizam de
diversos tipos de drogas, plantas, ervas, chás e magia sexual.
[nota 3]
Dhyana é a raiz do Ch’an e do Zen.
52
No livro Aleister Crowley e o Deus Oculto, o ocultista Kenneth Grant descreve
um método que é puramente meditativo e relativamente seguro de erguer o poder da
Serpente de Fogo e que não envolve nenhum ato sexual propriamente dito. Essa técnica
envolve apenas a Vontade e a Imaginação dinamizadas pela energia psicossexual. [6]
O processo é mais facilmente realizado pela mulher do que pelo homem, pela
simples razão de que para ela o Poder da Serpente ou Serpente de Fogo pode ser mais
facilmente imaginado em forma fálica. A adepta visualiza a imagem na zona sexual
(Muladhara Chakra) e se inflama até o orgasmo por força da imaginação controlada, ou
“amor sob vontade”. Antes que o orgasmo seja atingido, ela deve mover a imagem pelo
poder de sua mente e transferi-la para o centro da vontade, o Ajna Chakra, representado
pelo terceiro olho na região cerebral. Se ela for altamente habilidosa, terá transferido o
poder primordial para esse centro em um estágio anterior do rito; se não, ela deve proceder
com essa transferência imediatamente antes que o orgasmo ocorra, mantendo em mente
o filho mágico, até que ocorra a consumação. [6]
53
Meditação nos Chakras
Os chakras não trabalham todos juntos; eles operam de acordo com seu elemento
relacionado. A meditação feita sem o elemento relacionado demandará mais energia
porque ela não será ajudada pelo elemento. Contudo, mesmo assim, essa meditação irá
influenciar o padrão respiratório e acalmar a mente.
[nota 4]
Provavelmente, isso ocorre porque a meditação no chakra Ajna dissolve a ilusão do tempo.
54
exercícios de controle de respiração (pranayama e a visualização). A visualização deve
ser praticada apenas quando a respiração não interromper a concentração.
Segundo Johari, a seguinte ordem deve ser usada para colorir os chakras:
1. As pétalas do chakra
2. O yantra do chakra
3. O animal que porta a sílaba seminal (bija mantra)
4. A sílaba seminal
5. A Shakti do chakra
6. A divindade do chakra
55
Mudras para os Chakras
Mudra (Sânscrito, मद्रु ा) é um termo que possui muitos significados, tais como:
gesto, posição mística das mãos, selo ou símbolo. No entanto, existem posições dos olhos,
posturas do corpo e técnicas de respiração que são chamadas de mudras. Essas posturas
simbólicas de dedos, olhos e corpo podem descrever vividamente certos estados ou
processos da consciência. Por outro lado, posições especificas também podem conduzir
aos estados de consciência que simbolizam. [17]
[nota 5]
Na medicina tradicional chinesa também é estudada essa relação.
56
57
58
Os Chakras Superiores e Inferiores
59
Atala Chakra: “sem filho”, roda da região das nádegas (quadris). Morada do medo e da
luxúria;
Vitala Chakra: “tristeza”, roda da região das coxas (quadríceps). É a morada da raiva;
Sutala Chakra: “abandonado”, grande abismo. Morada da inveja, localizada nos joelhos.
Talatala Chakra: “escuridão”, reino dos pensamentos confusos. Localizado nas batatas
das pernas (panturrilhas).
Rasatala Chakra: “expelido”, roda subterrânea, reino do egoísmo. É localizado nos
tornozelos. Rasa, significa “terra, solo, humidade”.
Mahatala Chakra: “leproso”, roda da região muito baixa. Reino da falta de consciência.
Região dos pés, dorso do pé. A intensidade do “inferno” começa neste profundo nível.
Patala Chakra: “veneno negro”, roda do nível dos caídos ou pecaminosos. Reino da
maldade. Região das solas dos pés.
60
De acordo com a tradição tântrica tibetana, acima do Sahasrara existe uma outra
série de sete chakras (ver figura 13) que corresponde à evolução dos seres divinos. Por
tanto, assim como o Muladhara é considerado o mais elevado chakra nos animais e o mais
baixo nos humanos, o Sahasrara pode ser visto como ponto de transposição entre a
evolução humana e a evolução divina. [2]
61
A Visão Tibetana dos Chakras
A Yoga Tibetana é conhecida também como yantra yoga ou Trul-kor. Assim como
a Yoga Védica, o objetivo de tal prática é promover a integração do praticante com o
cosmos. Para isso, utiliza de técnicas específicas que envolvem exercícios respiratórios e
posturas físicas para limpar os canais direito e esquerdo (equivalente à Pingala e à Ida),
provocando a movimentação “ventos sutis” ou, em tibetano lung ou rlung (རླུང) para o
Os Canais
Na tradição tibetana também é dito que existem três canais principais pelos quais
os ventos podem fluir. Um deles é o canal central que atravessa todos os khor-lo. Esse
canal é azul claro e possui quatro atributos: (1) é muito reto, como o tronco de uma
bananeira; (2) por dentro, é de uma cor vermelha oleosa, como o sangue; (3) é bastante
claro e transparente, como a chama de uma vela; (4) é muito macio e flexível, como a
pétala de um lótus. [11]
De cada lado do canal central, sem espaço interveniente, estão os canais direito e
esquerdo. O canal direito é vermelho, enquanto o esquerdo é branco. Os canais direito e
esquerdo começam na ponta da narina direita esquerda, respectivamente. De lá, ambos
ascendem em arco na direção da coroa da cabeça, uma de cada lado do canal central. Da
coroa da cabeça, os três canais descem, adjacentes um aos outros, até o umbigo. A medida
62
que o canal esquerdo continua abaixo do umbigo, ele se curva um pouco para a direita,
separando-se ligeiramente do canal central e reencontrando-o na ponta do órgão sexual.
Lá funciona para segurar e liberar o esperma, o sangue e a urina. O canal direito também
continua abaixo do umbigo, curvando-se um pouco para a esquerda e terminando na
extremidade do ânus, onde atua na retenção e liberação das fezes. [11]
O canal direito também possui outros nomes como: “O Canal Solar”, “O Canal da
Fala” e “O Canal do Suporte Subjetivo”. Esse último nome indica que os ventos sopram
através desse canal e provocam a formação de conceitos desenvolvidos nos termos da
mente subjetiva. Outros nomes para o canal esquerdo são: “O Canal Lunar” e “O Canal
do Objeto Retido”. O último nome indica que os ventos que sopram através desse canal
provocam a formação de conceitos desenvolvidos em termos do objeto (da matéria). [11]
Desse modo, fica clara a complementariedade desses dois canais.
No corpo de uma pessoa comum, os ventos sopram pela maioria dos vários canais
sutis do corpo, exceto no canal central. Quando os ventos são impuros, as várias mentes
que sustentam também são impuras. Desse modo, enquanto tais ventos continuarem a
fluir pelos canais periféricos, continuarão a apoiar as várias concepções negativas que nos
mantêm presos no samsara. No entanto, através da força da meditação, esses ventos
podem ser trazidos para o canal central, onde não são mais capazes de apoiar o
desenvolvimento de conceitos grosseiros de aparência dualista. Com uma mente livre de
aparências dualistas, o homem torna-se capaz de obter uma percepção direta da verdade
última, do vazio. [11]
Khor-los
63
Os quatro pontos onde ocorrem esses nós, formam quatro das seis rodas principais,
[11]
ou khor-lo (འཁོར་ལོ) – palavra tibetana utilizada que significa o mesmo que chakra:
roda. [10] Cada um desses centros possui um número específico de raios ou pétalas, além
de se ramificarem do canal central. [11]
Por existir mais de uma escola no Tibet, há divergência nas nomenclaturas, desse
modo, serão apresentadas apenas algumas. O primeiro khor-lo possui 32 pétalas brancas.
Está localizado no topo da cabeça e é chamado de “O Centro da Bem-Aventurança” ou a
“Roda da Grande Bem-Aventurança Não Dual”. É através desse chakra que o homem
alcança a compreensão da não dualidade, encontrando a integralidade e atingindo um
estado de supraconsciência, vacuidade (vácuo de conceitos, ego, agitação, problemas e
64
dualidade) ou iluminação. Nesse nível, a existência transcende o patamar de relatividade
e ganha uma expressão de absoluto. [10]
[nota 6]
Dharmachakra, A Roda do Dharma é representada como uma roda de biga com oito raios e constitui
um símbolo comumente utilizado para representar o Budismo em geral. Cada um dos raios representa um
dos aspectos do Nobre Caminho Óctuplo ensinado por Buda. Desse modo, está, muito provavelmente,
relacionado ao Khor-lo do Coração.
65
Por ser um khor-lo associado ao fogo, esse centro se assemelha mais à descrição indiana
do chakra Manipura. Esse é o khor-lo da sede da força de vontade e da energia corporal,
manifestação de energia em vitalidade, por onde a energia de uma mentalização exala do
corpo em direção a uma manifestação. Para trabalhar esse khor-lo, era ensinado uma
técnica chamada de ciência solar que permitia o praticante, através da concentração
intensa e consistente, meditar no fogo interior (tummo) e direcionar os ventos para um
ponto específico desse khor-lo. Essa prática também utiliza de um mantra, um curto AH
(ou RAM, conforme a tradição védica) Assim, no Tibet, é comum a prática em que os
discípulos meditam fora do templo, na neve, coberto por um pano umedecido e, por meio
desse calor interior, o secam. Essa prática se dá por meio da concentração em um pequeno
vacúolo semelhante a uma pequena bolha de ar, dentro do canal central dessa roda. O
controle do lung (energia vital) e expansão do poder dessa roda proporciona o controle
da vida física e psíquica (atividades ditas paranormais). Esse é o Sol Secreto. [10] [11]
66
O quinto khor-lo, posicionado na base da coluna, é denominado “A Roda da
Sustentação do Êxtase”. Possui também outros nomes como “A Roda Secreta” e “A Roda
da Base”. Este é um centro importantíssimo, uma vez que os êxtases característicos às
outras rodas só podem ser experenciados plenamente a partir do momento em que esse
centro esteja equilibrado. Por isso, é da base da qual a energia parte e alimenta todo o
conjunto, o centro que sustenta o êxtase. [10]
Começa-se a respiração do vaso puxando uma porção dos ventos da parte inferior
do corpo para cima e juntando-os no pequeno vacúolo (dentro do mesmo está escrito um
mantra: um curto AH) localizado dentro da Roda da Manifestação da Energia. Esse
procedimento é feito utilizando o poder da mente e a imaginação através de visualizações.
Deve apenas sentir que está constringindo os músculos da parte inferior do corpo e, assim,
direcionando gentilmente os ventos para cima. Desse modo, os músculos que controlam
67
a retenção de urina e de excremento se contraem levemente, mas não na medida em que
as duas portas inferiores se fecham. Em seguida, pelas duas narinas, se inspira suave,
lenta e profundamente, e visualizando todos os ventos da parte superior do corpo fluindo
pelos canais direito e esquerdo. Quando alcançam o umbigo, entram no canal central e se
juntam logo acima do mencionado vacúolo. A terceira fase da respiração do vaso é, na
verdade, contrair os músculos do assoalho pélvico para que as duas portas inferiores, e
então se junte completamente todos os ventos da parte inferior do corpo. Esses ventos
então se unem com os ventos já reunidos logo abaixo do vacúolo. Então, suavemente se
engole alguma saliva sem fazer nenhum barulho. Isso pressiona um pouco os ventos
superiores e inferiores de maneira a unir-los. [11]
68
adequado para a prática atual. Ao fazer essa meditação, o praticante não deve deixar a
concentração dispersar do seu objeto, mesmo que momentaneamente, além de sempre
lembrar-se de que o curto AH é a natureza do calor ardente. É necessário repetir essa
prática de segurar a respiração do vaso quantas vezes puder até que o discípulo esteja
familiarizarmos completamente com ela. [11]
Mais detalhes sobre esse processo podem ser encontrados no livro Clear Light of
Bliss: Tantric Meditation Manual, por Geshe Kelsang Gyatso. [11]
69
Os Centros de Energia na Visão Taoísta
Lendas taoístas contam que, em todas as eras, alguns mestres taoístas foram
capazes de viver, durante meses ou mesmo anos, sem ingerir nenhum alimento e sem
perder peso, ao mesmo tempo em que mantinham e até melhoravam sua vitalidade. Hoje,
existem relatos de que algumas pessoas de diferentes formações em todo o mundo
(principalmente na Índia) estão apenas de água, chá ou suco de frutas. Essa prática pode
ser possível porque os praticantes fazem uso dessa energia cósmica, a fonte original da
vida humana e de todas as outras formas de ser: o Tao. [13]
A energia universal e telúrica, ou Chi, também tem sua gênese na energia original
do Tao. O Chi universal é a fonte de irradiação de todas as galáxias, estrelas e planetas
em todo o universo. Ela é a força ubíqua que sustenta a energia vital em todas as formas
da natureza. A força telúrica é a terceira força da natureza, que inclui todas as energias da
mae terra. Essa força é ativada pelo campo eletromagnético que se origina da rotação do
planeta Terra e também está incorporada em todos os aspectos da natureza terrestre. O
acesso à energia telúrica se faz por meio das solas dos pés, do períneo de dos órgãos
sexuais. É ela que nutre o corpo físico, suprindo-o, diariamente, de força vital. [13]
70
Figura 14 – Os Três Tan Tiens no Corpo Humano
O Tan Tien inferior, também chamado de fogo interior, está localizado atrás e,
aproximadamente, quatro dedos abaixo do umbigo. Ele se encontra no triângulo entre o
umbigo, o ponto central dos rins (na espinha dorsal entre a segunda e terceira vértebra da
71
região lobar, também chamado a de “porta da vida”) e o centro sexual. Para os homens,
o centro sexual é a glândula da próstata e, para as mulheres, se localiza no alto do colo do
útero, entre os ovários. [12]
O Tan Tian inferior tem uma forte polaridade porque governa, simultaneamente,
os cinco elementos do intestino delgado, a energia sexual e a renal (água). Ele é o centro
do corpo físico e da força física e contém uma frequência de energia densa (se comparada
as energias mais sutis dos outros dois Tan Tiens). Quando o Tan Tien inferior é forte, a
digestão é fácil, as emoções e experiências são transformadas com naturalidade e há muita
energia sexual. [13]
Esse domínio de energia é o mais utilizado nas práticas taoístas, como o Chi Kung
e as artes marciais. Principalmente nas artes marciais como o Kung Fu, o praticante
aprende a direcionar a energia localizada no Tan Tien Inferior para determinada parte do
corpo, tornando-o capaz de deferir ou suportar golpes extremamente fortes. No
documentário Awesome Chinese Martial Arts – Secrets of Shaolin é possível ver um
pouco dessa prática.
O Tan Tien inferior contém a centelha básica que foi criada quando o esperma
masculino penetrou o óvulo feminino. Se essa centelha continua ativa e forte, ela fornece
força vital aos bilhões de células do corpo. No intuito de aumentar o nível de energia
nesse centro é de fundamental importância o controle da energia sexual e a sua
transformação em energia vital. Para os homens isso implica em implica em preservar a
essência vital do esperma durante relações sexuais ou automasturbação. Pelo controle da
ejaculação, eles podem transformar a essência do esperma em Chi. Para as mulheres,
significa aprender a regular e controlar a menstruarão e, por meio disso, transformar o
sangue em Chi. As práticas de aperfeiçoamento da capacidade de controlar e transformar
a energia sexual são apresentadas nos dois primeiros capítulos de Taoist Cosmic Healing,
de Mantak Chia. O equilíbrio original entre amor e sexo, ou fogo e água, contém em si a
essência da cura e da criação. A autotransformação é uma pré-condição para poder ajudar
os outros no processo de transformar a energia sexual em energia espiritual. [13]
72
Uma vez que a energia no Tan Tien inferior se torna pura e forte pela
transformação sexual e das emoções negativas, ela vai naturalmente ascender para o
centro do coração, o Tan Tien médio. Desse modo, uma energia mais pura, de mais alta
frequência, surge e se irradia a partir do coração. A compaixão e o amor verdadeiros,
como um estado de energia mais elevada, são o fruto da transformação das energias dos
órgãos. Essa compaixão se desenvolve pelo cultivo de virtudes positivas e por boas ações
e fica armazenada na alma (corpo anímico). Não se deve confundir a verdadeira
compaixão com o amor dualista e sentimental que todos experimentam temporariamente
no auge das experiências amorosas algumas vezes na vida. [13]
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glândula, quando corretamente ativada, ajuda nas funções hormonais e glandulares. Os
níveis mais altos de refinamento de energia acontecem no Tan Tien superior. [12]
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Esse processo de transformação facilita o cultivo dos
três corpos (ilustração ao lado) e conduz: [13]
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Os Vasos ou Meridianos
Na medicina tradicional chinesa, os canais sutis pelos quais fluem o chi (a energia
vital) são chamados de meridianos ou vasos. São oito os principais: (1) Tu Mai, O Vaso
Govenador; (2) Jen Mai, O Vaso Concepção; (3) Ch’ong Mai, O Vaso do Despertar; (4)
Tai Mai; (5) Yang Ch’iao Mai; (6) Yin Ch’iao Mai; (7) Yang Wei Mai; e (8) Yin Wei
Mai. A seguir são ilustrados e descritos somente os três primeiros desses meridianos.
Mais detalhes sobre os outros podem ser encontrados no livro Tao and Longevity de Nan
[14]
Huai-Chin. O vídeo Eight Extraordinary Meridian Meditation Method no Youtube
(link: https://www.youtube.com/watch?v=7UfaiOXv3tQ&list=PLxBJKrnwNTU_O7s-
76
um ponto que está no nível dos lóbulos das orelhas (4) e atinge o topo da cabeça (5). De
lá, ele desce para o meio da testa (6), em direção à ponta do nariz (7), e termina abaixo
do septo sob o lábio superior (8). [14]
A Jen Mai, o Vaso da Concepção, origina-se no períneo (1) e se move pela região
púbica (2), ascendendo ao longo da linha média do abdômen e do tórax (3). Em seguida,
ele se move para cima através do esterno, até um ponto acima da garganta (4). A partir de
então, sobe para um ponto logo abaixo do lábio inferior (5) e contorna a boca (6) antes
de terminar no centro das gengivas, logo abaixo do lábio do superior (7). [14]
Ch’ong Mai origina-se no cavidade pélvica e desce para o períneo, onde se divide
(1). Um segmento superficial ascende ao longo da coluna vertebral (2). O canal principal
segue no interior subindo no interior do abdómen (3). É disperso no tórax (4), mas depois
sobe para a garganta e circunda os lábios (5). [14]
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Segundo Nan Huai-Chin, Tu Mai (O Vaso Governador), Jen Mai (O Vaso da
Concepção) e Ch’ong Mai estão localizados; respectivamente, atrás, na frente, e no meio
do dorso. Desse modo, são os meridianos que mais se assemelham às nadis descritos pela
tradição Hindu. [14]
Do mesmo modo como as nadis, os meridianos são obstruídos por tensões físicas,
mentais e emocionais. Isso impede o fluxo de chi percorra seus caminhos naturais e
perturba o equilíbrio energético corporal do indivíduo. [14]
Órbita Microcósmica
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saúde, os tecidos danificados e maltratados, evitando várias doenças. [18]
Com o estabelecimento dessa órbita, cada vez mais, novas vias vão sendo
estabelecidas. Isso permite que o corpo absorva as forças naturais que fluem ao seu redor,
aumentando a vitalidade do corpo. Com todas essas rotas abertas, cada órgão pode receber
todo o seu suprimento de energia e permanecer em harmonia com o resto do sistema do
corporal. [18]
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Uma vez que todos os canais de energia estejam abertos, pode-se começar a
prática de misturar e transformar os poderes presentes nos vários centros de energia ou
chakras, um processo conhecido pelos taoístas como “alquimia interna”. Muitas fórmulas
são necessárias para produzir os efeitos propícios e harmonizar os vários sistemas de
energia do corpo com o sistema energético da natureza. À medida que mais poder se torna
disponível, tornar-se necessário abrir mais vias energéticas. [18]
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Abrindo Jen e Tu Mai, O Caminho do Dragão
Antes de meditar, é recomendável que se espere pelo menos uma hora depois de
comer. Evite comer alimentos frios, incluindo bebidas geladas e frutas refrigeradas. Eles
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são extremamente yin e tendem a desequilibrar o corpo energético. Evitando-os, o corpo
economiza energia por não ter que aquecer alimentos frios. [18]
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A meditação do Caminho do Dragão deve ser feita numa postura confortável e
com a coluna ereta, não importa se é sentado no chão, numa almofada, ou cadeira. Siga
as recomendações descritas acima, inclusive, se possível, a língua na posição da Piscina
Celestial. [19]
Posicione as mãos nos joelhos, com as palmas das mãos voltadas para cima, junte
os dedos polegares e indicadores, conforme a imagem do mudra ilustrado abaixo. [19]
Ao fazer uma inspiração, imagine o chi penetrando pelas narinas e descendo pelo
Vaso da Concepção até a cavidade pélvica, como se preenchesse um reservatório de
energia. Ao soltar o ar, mentalize o chi ascendendo pelo Vaso Governador, passando pelo
cérebro e saindo novamente pelo nariz. [19]
Com ajuda de um rosário (terço, japa-mala, nien-chu, nenju, juzu, odyuzu) conte
dezoito desses ciclos. Feitas as respirações, mantenha a posição meditativa por
aproximadamente cinco minutos de modo a relaxar, respirando tranquila e
harmoniosamente. Após isso, se desejar, encerre a meditação. Pratique o exercício todos
os dias. [19]
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Simbologia Relacionada aos Chakras
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Figura 27 – Pinha de Bronze no Vaticano Figura 28 – Corte da Pinha
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Figura 30 – Marduk, deus sumério, segurando uma pinha em uma das mãos.
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Figuras 32 e 33 – Imagens do deus grego Dionísio segurando um Tirso (bastão de hera e ramos de
videira com uma pinha no topo).
Do Egito antigo, é conhecido a imagem do olho de Hórus (o deus dos céus), a qual, se
colocada ao lado de da seção transversal de um cérebro, fica clara a semelhança.
Além disso Muitos hindus usam uma marca (chamada tilak ou pottu) de cor
vermelho-alaranjada ou açafrão nesse ponto entre as sobrancelhas para ativar seu terceiro
olho. Os dois olhos físicos veem o passado e o presente, ao passo que o terceiro olho
revela o futuro. Todas as experiências e ideias servem apenas para esclarecer as
percepções obtidas no chakra Ajna. [3]
Como já foi explicado, as três nadis principais (Ida, Pingala e Sushumna) partem
do chakra Muladhara e seguem atravessando chakra a chakra até se encontrarem no
Chakra Ajna. O encontro dessas três correntes no chakra Ajna é chamado de mukta
triveni. Um yogue que atravessou o chakra Vishuddha na garganta e chegou até o chakra
Ajna transcende os cinco elementos e se liberta (mukta) da servidão da consciência
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limitada pelo tempo. As escrituras tântricas dizem: “esta união é chamada triveni e quem
se banha nesse triveni alcança o grande mérito.” [3]
88
O Caduceu de Hermes
89
Figura 39 – Caduceu de Hermes e os Sete Chakras
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Referências Bibliográficas
[2] MOTOYAMA, H. Teoria dos Chakras. 1ª ed. Editora Pensamento. São Paulo, 1988.
[4] LEAL, O. Tantra, da sexualidade à iluminação. 1ª ed. Editora Alfabeto. São Paulo,
2016.
[5] PACKER, M. A Senda do Yoga. 8ª ed. Editora Nova Letra. Blumenau, 2009.
[6] GRANT, K. Aleister Crowley e o Deus Oculto. Editora Penumbra. São Paulo, 2017.
[7] DEL DÉBIBIO, M. O Grande Computador Celeste. 1ª ed. Editora π. São Paulo
2017
[8] EHASZ, A. et al. Avatar, a Lenda de Ang. Nickelodeon Animation Studios, Inc,
2005.
[9] JUDITH, A. The Illuminated Chakras – A Visionary Voyage Into Your Inner
Worlds. Sacred Centers, 2004.
[11] GYATSO, G. K. Clear Light of Bliss – A Tantric Meditation Manual. 2 edª. Tharpa
Publications London, 1992.
[13] CHIA, MANTAK. Cura Astral Taoísta – Práticas de Cura do Chi Kung pelo Uso
das energias Estelares e Planetárias. 9 ed. Editora Cultrix. São Paulo, 2004.
[14] HUAI-CHIN NA. Tao of Longevity. Editora Weiser Books. Boston, MA/York
Beach, ME; 1984.
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[15] SILVA, G. A. Os Caminhos do Taoísmo. 1° ed. Edição do autor, 2014.
[16] TENZIN WANGYAL RINPOCHE. Tibetan Yogas of Dream and Sleep. Snow Lion
Publications. Ithaca, NY; 1998.
[17] HIRSCHI, G. Mudras Yoga in Your Hands. 7ª ed. York Beach, Maine, 2000.
[18] CHIA, MANTAK. Awaken Healing Energy through the Tao. 10ª ed. Editora
Aurora Press. Thailand, 2002.
[20] PENUMBRA LIVROS. A Glândula Pineal e o Terceiro Olho. Disponível em: <
http://www.penumbralivros.com.br/2017/01/glandula-pineal-e-o-terceiro-olho/>
Acesso: 19/07/2018
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