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A LEITURA E A FORMAÇÃO DE LEITORES NO PROCESSO DE ENSINO E

APRENDIZAGEM DAS SÉRIES INICIAIS

Ieda Pertuzatti1
Rudinei Aldini Frese2
Ivo Dickmann3

Resumo

Esta pesquisa investiga a leitura e a formação de leitores no processo de ensino e aprendizagem das
séries iniciais. O objetivo é investigar a leitura e a formação de leitores no processo de ensino e
aprendizagem das séries iniciais do ensino fundamental. Os assuntos abordados são a formação de
leitores no processo de ensino e aprendizagem, os principais benefícios que a leitura apresenta na
formação de leitores e as melhores estratégias para esta formação. É utilizado o método dialético,
bibliográfico e experimental, com aplicação de questionário e avaliação dos resultados de forma
qualitativa e quantitativa. Foram investigados cinco professores da rede municipal de ensino, do ciclo
de alfabetização, através de entrevistas descritivas. Os resultados mostram que existe uma
preocupação na formação de leitores por parte dos docentes, um cuidado para que as metodologias
e as didáticas aplicadas em sala de aula possam resultar na construção de um leitor capaz de refletir,
analisar, criticar, construir e modificar os conceitos e a sociedade, formador de opinião e preocupado
com a sociedade. É possível perceber que, ao longo da construção histórica da formação de leitores,
muitas mudanças aconteceram, evoluções e reconstruções de conceitos. Atualmente, existe uma
preocupação muito grande com o processo de formação de leitores, pois é desta formação que
resultam os indivíduos atuantes na sociedade. Tem-se ainda muito que avançar para se ter um
processo mais efetivo, justo e igualitário, que atenda as necessidades sociais, mas o caminho está
sendo construído, de forma sólida, responsável e dinâmica.
Palavras-chave: Leitura. Formação de leitores. Processo de ensino e aprendizagem.

1 INTRODUÇÃO

A leitura e a formação de leitores se faz necessária em todas as fases do


ensino fundamental, por se tornar um recurso de aprendizagem importante para o
aluno. No meio escolar o professor trabalha de diferentes maneiras, às vezes na
melhor das intenções, mas acaba pecando no intuito de fazer com que o educando
leia a qualquer custo, obrigando-o a realizar leituras pouco prazerosas, deixando de
lado a interpretação de obras, que se fossem bem trabalhadas, tornar-se-iam de
grande valia para o desenvolvimento do hábito de leitura em cada educando. Desta
forma, é preciso que o leitor saiba interpretar o texto nas entrelinhas, descortinando
o que está por trás de cada leitura e que, principalmente, desperte o prazer pela

1
Mestranda em Educação PPGE – Unochapecó – Pedagoga – Professora na rede municipal de
Ensino de Nova Erechim. E-mail: ieda.pertuzatti@gmail.com
2
Docente da Celer Faculdades. Servidor Público. Graduado em Letras, Mestre em Língua Inglesa e
Literatura Correspondente. E-mail: rudineifrese@gmail.com
3
Docente do Mestrado em Educação da Unochapecó. Graduado em Filosofia, Mestre e Doutor em
Educação. E-mail: educador.ivo@unochapeco.edu.br

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leitura, formando-se como leitor. Contudo, é imprescindível que se tenha um
ambiente aprazível e que não somente a escola incentive, mas também a família.
Antigamente o acesso à leitura era mais restrito, o contato com jornais,
revistas, livros, obras e demais meios textuais e literários era algo mais distante do
dia-a-dia das pessoas. Nos grandes centros era possível encontrar bibliotecas,
bancas de jornais e revistas, mas apenas uma pequena parte da população possuía
condições financeiras e culturais voltadas ao interesse pela leitura. Em
contrapartida, nas cidades menores, o acesso ao mundo letrado era mais difícil, o
único livro que a maioria das famílias possuíam em casa era a Bíblia. O ato de ler
era virtude de poucos, a própria divulgação e produção de materiais impressos para
leitura era controlado, não era interessante para os governantes que a população
lesse, desenvolvesse a própria opinião. As gráficas eram restritas ao comando de
poucos e a quantidade de material impresso controlada (ARANHA, 2006).
Por outro lado, atualmente, o acesso à leitura é bem mais facilitado, aparelhos
modernos de celulares, iPod, smartphone, entre outros que possibilitam o acesso
rápido e em qualquer lugar, via internet, de livros, revistas, jornais eletrônicos, que
deixam a possibilidade de leitura mais dinâmica e acessível. O acesso e a oferta de
bibliotecas públicas em todos os cantos do país e até bibliotecas online, até de
outros países, todas bem recheadas de material para leitura impressa ou virtual. O
fácil acesso está ajudando, mais ainda não é o suficiente para a leitura tornar-se
fator efetivamente presente no cotidiano das pessoas, muitas ainda não se deixaram
levar pela vivência que a leitura pode proporcionar. Projetos escolares e culturais
também têm contribuído nesta transição cultural pela leitura.
Entretanto, o cenário da leitura é um problema cultural, que sutilmente se
inicia na família e tem continuidade no ambiente escolar, e é resultado de um
sistema que não valorizava a leitura individual como forma de desenvolver o
cognitivo ou como busca por informações ou somente como forma de divertimento,
uma viagem pela imaginação e tantas outras sensações que a leitura proporciona.
Se os avós, pais, tios, não tiveram a oportunidade de desenvolver e se aproximar do
hábito e do gosto da leitura não tem como repassarem estes valores, claro que
existem pessoas que reconhecem o valor que a leitura representa e tentam
desenvolver esta rotina em casa, mas ainda é uma situação esporádica e restrita a

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poucos. É interessante ressaltar que muitos pais não excluem a leitura do dia-a-dia
por vontade própria, mas por falta de conhecimento e intimidade da mesma.
Percebe-se, em sala de aula, que o tempo dos pais é um dos fatores
responsáveis pela carência na prática da leitura em família, muitos pais mal
enxergam os filhos durante a semana, e estes poucos momentos são utilizados com
outras atividades, como as refeições e cuidados pessoais. Enquanto escola,
incentiva-se e valoriza-se muito a utilização da leitura no cotidiano das pessoas, mas
muitas vezes o aluno se vê sozinho nesta caminhada, sem ajuda dos pais, em que a
criança está começando a se projetar para a leitura, a professora precisa que o
aluno pratique a leitura também em casa, mas por ser um processo que está em
construção o aluno não possui autonomia de realizar sozinho e acaba não
encontrando ajuda na família, ficando este processo por conta somente da escola.
Desta maneira, a criança acaba preferindo outras atividades que cativam mais
facilmente e rapidamente e as quais podem realizar sozinhos ou algumas vezes com
a ajuda ou consentimento dos pais, como jogos virtuais e programas de televisão.
Netas atividades a criança não se sente tão sozinha como na leitura, existe uma
certa interação alusiva entre equipamento e criança, em que muitos substituem a
atenção não recebida dos pais, pela adrenalina superficial encontrada nos jogos.
Deve-se lembrar que nesta situação o contato e a interação entre as próprias
crianças e destas com outras pessoas torna-se casa vez mais desnecessário
também, de forma que o mundo virtual ganha o espaço do mundo real e social.
Neste contexto, as questões a serem investigadas neste estudo são: 1) Como
é a leitura e a formação de leitores no processo de ensino e aprendizagem nas
séries iniciais do ensino fundamental? 2) Quais são os principais benefícios da
leitura e da formação de leitores no processo de ensino e aprendizagem nas séries
iniciais do ensino fundamental? 3) Quais são as melhores estratégias para a leitura e
a formação de leitores no processo de ensino e aprendizagem nas séries iniciais do
ensino fundamental?
O objetivo geral é investigar a leitura e a formação de leitores no processo de
ensino e aprendizagem das séries iniciais do ensino fundamental. Para responder
estas questões, foram organizados três objetivos específicos, que são: 1) Descrever
a leitura e a formação de leitores no processo de ensino e aprendizagem nas séries
iniciais do ensino fundamental? 2) Apresentar os principais benefícios da leitura e da

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formação de leitores no processo de ensino e aprendizagem nas séries iniciais do
ensino fundamental; 3) Analisar as melhores estratégias para a leitura e a formação
de leitores no processo de ensino e aprendizagem nas séries iniciais do ensino
fundamental?
Este estudo se justifica por diferentes motivos. Sente-se uma grande
necessidade de pesquisar e entender o que está acontecendo com o processo de
leitura na atualidade, entender as possibilidades que se tem enquanto educador e os
melhores caminhos que se pode seguir para ampliar ainda mais este processo nas
crianças. Lembra-se que num passado não muito distante, a infância não teve
grandes estímulos para a leitura, ganhar um livro dos pais era coisa para poucos,
aprender a ler com facilidade era para quem queria aprender a ler, era algo novo
que se podia fazer de forma independente, e isto motivava, o único contato que se
tinha com a leitura estava na biblioteca da escola, e isso encantava, tantas viagens
eram possíveis realizar com os livros, quantos lugares para conhecer, a leitura era a
porta que se abria para conhecer o mundo.
Entretanto, não se pode mais utilizar destas justificativas, o meio virtual vai
muito além nestas viagens, pode-se ver cidades distantes em tempo real com os
satélites interligados na internet, o que não deixa de ser interessante e fascinante na
questão geográfica, qualquer lugar distante não precisa mais ser imaginado pela
leitura. Muitas informações não precisam mais ser estudadas, aprendidas ou até
mesmo decoradas, pois pode-se encontrá-las quando se precisa, com facilidade e
rapidez. Portanto, como amarrar a leitura na era da informação e da conectividade
de maneira interessante e gostosa? Como disseminar a leitura como algo
interessante, prazeroso e necessário? Como justificar o lazer através da leitura? É
possível encontrar a leitura nos meios tecnológicos? Todas essas questões que
perturbam em sala de aula foram o gatilho para iniciar este estudo.

2 DESENVOLVIMENTO

2.1 REVISÃO DA LITERATURA

Esta pesquisa sobre a leitura e a formação de leitores no ensino das séries


iniciais do ensino fundamental utiliza como fundamentação teórica principal o

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conceito de leitura, segundo Leffa (1996), a descrição de aspectos relevantes sobre
o processo de leitura, de acordo com Silva (2010), a importância do ato de ler,
conforme as postulações de Freire (1989), bem com algumas dicas e orientações na
formação de leitores argumentadas por Reis (2012) e estratégias de leitura de Solé
(1998), conforme são apresentadas na sequência.
Leffa (2006), defende um conceito geral do processo de leitura, com a
finalidade de oferecer a essência do ato de ler, servindo este como base comum
para qualquer outra definição a ser dada para o processo de leitura. De acordo com
o autor, sobre o conceito de leitura, é possível dizer que trata-se de um processo
triangular, três lados, que juntos efetivam o ato de ler, quando um não aparece a
leitura não acontece, estes lados são compostos pelo objeto a ser lido, pela visão e
pela posição do leitor diante do texto a ser lido, quem lê vai refletir o que o objeto
para o qual se olha tenta transmitir, este processo de representação em que a leitura
é colocada, só é percebido na leitura visual, olhar para uma coisa e ver outra, o
resultado dessa leitura vai depender da posição que o leitor ocupa, diferentes
posições refletem diferentes segmentos da realidade, em algumas situações entre o
leitor e o que ele vê pela leitura mais de um interpretação pode estar presente.
Neste sentido, o conhecimento de mundo e a realidade em que está inserido
o sujeito leitor interferem também neste processo, a leitura não acontece somente
na palavra escrita, o próprio mundo que nos cerca é envolvido, ajudando a definir o
processo de leitura. A verdadeira leitura só vai ocorrer se existe por parte do leitor
um conhecimento prévio do mundo refletido no texto. Neste processo, dois paralelos
são vislumbrados, o ler para extrair um significado do texto, em que o texto está para
o leitor, e o ler para atribuir significado ao texto, em que o leitor impõe a direção para
o texto. Há ainda a situação quando o leitor afirma ter lido e não entendido, a
triangulação não se efetivou, ele não saiu do primeiro elemento da realidade, já nas
outras duas o leitor saiu da realidade, efetivou a leitura e construiu um novo conceito
ou conhecimento através disso, elaborando a opinião sobre o texto lido.
O autor explica que o leitor extrai significado do texto através do esforço e
persistência. O esforço e dedicação do leitor em manter uma leitura significativa
deve ser levado em consideração, a leitura deve ser compreendida como um todo,
mas levando em consideração que esta é realizada palavra por palavra, num
processo linear, em que o significado a ser extraído acumula-se à medida que as

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palavras vão sendo compreendidas, por isso, o ato de adivinhação de palavras
novas dentro do contexto não deve ser realizado, quando na dúvida sobre o
significado de uma palavra, o dicionário deve ser consultado, para se ter uma
compreensão e não uma aproximação de significados. Desta forma, os olhos
possuem um papel de extrema importância, é como o significado chega ao leitor e é
através desta informação que o raciocínio é comandado.
Nesta perspectiva, o leitor precisa ter a intenção da leitura ou algo que o
motive a ler, como a necessidade, lazer ou busca por informações, a
intencionalidade é única e exclusiva do ser humano. A interação entre leitor e texto é
um processo complexo, que pode ocorrer através de diferentes processos de leitura,
que ocorrem simultaneamente ou sequencialmente, com diferentes níveis, o leitor
pode desenvolver uma leitura fluente com níveis baixos e altos, como também uma
leitura mecânica, nesse processo o leitor não realiza o processo de modo linear, da
esquerda para a direita, palavra por palavra, mas sim de modo simultâneo, fixando o
olhar em determinados segmentos do texto. Através de um processo de pirâmide o
leitor vai interagindo com o texto, utilizando o conhecimento prévio sobre as letras e
as conjugações, contribuindo para a leitura de forma subconsciente, juntando as
letras e formando as palavras, adquirindo as informações contidas no texto.
As pirâmides vão se encaixando das letras para as silabas, para as palavras
até concluir o texto lido. “Leitor e texto podem ser representados como duas
engrenagens. Quanto melhor o encaixe entre um e outro, melhor a compreensão do
texto” (LEFFA, 2006, p. 22). Esta engrenagem até pode ter algumas falhas, mas o
que importa é que ela continue trabalhando para que no final a compreensão do
texto lido ocorra. Por fim, sugere-se que o ato de ler é uma atividade complexa,
rodeada de inúmeros subprocessos que encadeados estabelecem canais de
comunicação, este fenômeno ocorre quando o leitor dotado de habilidades de alta
sofisticação entra em contato com o texto, as informações que percorrem neste
processo seguem por via dupla entre leitor e texto, e nesta interação entre ambos
acontece a compreensão, terceiro elemento da leitura.
Para Silva (2010), o processo de leitura é um fenômeno com vários sentidos,
por isso possui muitas explicações e teorias a respeito. Segundo a autora, a leitura é
um ato que corresponde na apreensão da realidade através da interpretação de
variados tipos de linguagem, não somente através da leitura de um texto. Quando

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fala-se em leitura tem-se a ligação da escrita e da oralidade, desde sempre a
oralidade esteve presente na sociedade humana, com as evoluções humanas a
oralidade aprendeu a conviver com a escrita, em muitos momentos esses aspectos
tiveram importâncias e compreensões diferentes, principalmente na escola, ora a
oralidade foi muito incentivada, com leituras em voz alta, cuidadosamente elaborada
e treinada com os detalhes na entonação correta e na acentuação tônica das
palavras, ora foi camuflada, deixada de lado, para não demonstrar as dificuldades e
erros da leitura apresentados pelos estudantes.
Nesse caso, a leitura silenciosa era incentivada, a escola sempre teve um
papel fundamental no processo da leitura, pois sempre leu aquilo que era do
interesse ou que era repassado pelos sistemas. Isso acontecia, pois a leitura tornou-
se um escudo para as classes sociais dominantes. As classes sociais foram se
proliferando, muita coisa mudou nesta cultura e hoje encontram-se na escola,
educandos pertencentes de todas as camadas e classes sociais, o que resulta em
uma grande variedade linguística, até pouco tempo atrás indiferente do
conhecimento e da linguagem que o professor possuía, era sempre esta que era
repassada para os alunos, como sendo a correta, embora nem sempre fosse, agora,
com tal diversidade, os professores deveriam trabalhar em sala de aula estas
diferenças, mas isso nem sempre ocorre, devido a formação dos professores e da
prática de reproduzir o que o sistema nocivo e preconceituoso adota como padrão.
Muitas vezes o professor acredita dominar tal padrão, impondo-o aos alunos e
causando sérios problemas, utilizando cópias na escrita e dificultando ainda mais a
aprendizagem da leitura. Para o processo de leitura o autor se apoia em alguns
conceitos e teorias, defendendo o desenvolvimento biológico como uma regra a ser
observada e respeitada. Por ser um processo muito complexo não poder ser
reduzido a formas de memorização e mecanização, e para explicar e descrever o
processo de leitura, que envolve muitas abordagens, o autor se refere a duas
especialmente, a teoria behaviorista e a psicolinguística; a primeira dá ênfase num
processo de leitura gerado através de situações de estímulo e resposta, adquirido
através de hábitos; a segunda confere a este aspecto como inadequado para
explicar o processo, pois o leitor é sujeito ativo, que através dos conhecimentos
prévios sobre o texto, reconstrói da melhor maneira possível o que lhe foi atribuído
através do texto.

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Percebe-se então a leitura como um processo ativo e complexo, que exige do
leitor uma amostragem, e que a partir do conhecimento de vocabulário e de mundo
aconteça a leitura, fenômeno duplo que engloba: um processo – o compreender – e
um produto – a compreensão. Nesta perspectiva o erro é um elemento que vai
ajudar o leitor, através de tentativas, e que deve ser levado em consideração por ser
tão importante quanto a produção de respostas corretas, os erros diminuem
conforme se avança no texto. O professor deve apresentar textos que contenham o
conhecimento de mundo do leitor ou então fazer esta ligação, outro fator importante
são as leituras individualizadas, que possuem papel decisivo, já que a visão de
mundo é individualizada, o que torna o conhecimento pessoal. O bom leitor deve ter
a capacidade de confrontar o conhecimento de mundo com as informações contidas
no texto, um leitor crítico, e não apenas reproduzir o que o autor diz no texto.
Segundo Freire (1989), a importância do ato de ler está relacionada com a
maneira de ver, interpretar e modificar o mundo em que vivemos. O autor mostra um
conceito bastante claro, em que o primeiro contato com a palavra, com a
comunicação, com o mundo, acontece dentro de casa, logo nos primeiros meses de
vida, e com o desenvolvimento biológico, avança-se o conhecimento da palavra,
com a ajuda dos pais e das pessoas que nos cercam, identificando-se o cantar dos
pássaros, o clima, estações do ano, o desenvolvimento dos frutos ainda na árvore,
as regras e normas de convivência, enfim, tudo o que nos cerca começa a ser
apresentado ainda na infância, então realiza-se a primeira leitura – a leitura de
mundo –, e com ela criam-se percepções, gostos, preferências, sensações e
expectativas.
Porém, neste âmbito, a primeira leitura, a de mundo, vem modelada com os
olhos, costumes, tradições, culturas, crenças, valores, medos e conceitos pré-
estabelecidos, só depois, conforme se amadurece, conhece-se a leitura da palavra,
e cria-se a própria leitura de mundo, os próprios conceitos, embora raízes do que se
aprende sempre resistam, a opinião sobre o mundo se modifica, amplia-se, renova-
se e se ajusta com as necessidades, conforme ampliam-se os conhecimentos e
experiências de vida. De início, o entendimento da palavra escrita acontece
conforme o conhecimento de mundo, e esta não conturba a leitura de mundo, mas

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sim ambas dialogam e ampliam conceitos, a leitura da “palavramundo4” então
começa a acontecer.
Freire ainda defende a qualidade da escrita e da leitura e não a quantidade,
não aconselha a cobrança em quantidades de leituras pelos professores, mas sim a
qualidade que esta leitura foi realizada, a compreensão que esta teve. O autor faz
observações quanto à necessidade de se ter leituras com prazer, por vontade, não
por obrigação, necessidade sim, enquanto educadores e educando, mas não que
seja esse um processo que desgaste e cause sofrimento, um processo que permite
criar boas lembranças, e que nestas o indivíduo possa, quando sentir necessidade,
viajar e recordá-las.
De acordo com Reis (2012), algumas dicas e orientações na formação de
leitores são pertinentes e fundamentais no trabalho final de interpretação e
compreensão do texto. A autora destaca o planejamento do professor para estes
momentos de leitura e com os objetivos que se quer de cada leitura, o ato de ler é
um processo que precisa ser ensinado e este deve ter como objetivo criar leitores
ativos, que busquem a compreensão do texto, enfatiza que deve acontecer um
diálogo entre os educandos durante o processo de ensino da leitura, em que estes,
através da multiplicidade de olhares, respeitando a opinião do outro, possam assim
se comunicar e ajudar no enriquecimento da compreensão do texto. Quando a
compreensão acontece, tem-se um significado, uma utilidade para tal leitura e a
aprendizagem significativa acontece.
Reis (2012) faz uma seleção de estratégias para realizar o processo de
ensino da leitura de forma mais conveniente. O primeiro ponto a ser observado pelo
professor é a faixa etária do texto adequada e condizente com a dos educandos,
buscando partir de temáticas que fazem parte do cotidiano e do interesse do
educando. A prática de leitura para os educandos deve ser uma rotina ou então
fazer com que eles leiam para o professor ou que leiam com ele, porém é importante
ler primeiro o livro em voz alta, a fim de treinar a entonação da voz, fazendo
mudanças conforme muda-se o personagem, dando vida à leitura. Este momento

4
“Fui alfabetizado no chão do quintal da minha casa, à sombra das mangueiras, com palavras do
meu mundo e não do mundo maior dos meus pais... Eunice continuou e aprofundou o trabalho de
meus pais. Com ela a leitura da palavra, da frase, da sentença, jamais significou uma ruptura com a
“leitura” do mundo. Com ela, a leitura da palavra foi a leitura da “palavramundo”.” – grifos do autor –
(FREIRE, 2009, p.11)

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pode ser ampliado com objetos que possuem relação com a história, personagens
por exemplo, uma atenção especial ao ambiente que é contado a história, é
importante que todos os alunos estejam bem acomodados, que seja um lugar
tranquilo.
Ainda, o professor deve ficar em uma posição em que todos possam vê-lo e
para aguçar ainda mais a curiosidade dos educandos, um ambiente pode ser criado,
como apagar as luzes, fazer suspense, antecipar parte da história ou música de
fundo. O professor pode se caracterizar com um chapéu, lenço ou peruca. Algumas
brincadeiras, como adivinhas e trava-línguas podem ser utilizadas para aproximar a
leitura do lúdico, Deve-se explorar a capa do livro, autor, editora, ilustração,
questionar o que o título está sugerindo, despertando a curiosidade pela história e a
criação de hipóteses, estimulando a imaginação, usar a dramatização ou
simplesmente contar a história, mas isso deve ser um reconto da história original,
por isso o professor precisa conhecê-la de cor, fazer pausas, questionamentos sobre
a história, novamente questionando sobre o que acham que vai acontecer.
Para tanto, as ilustrações podem ser mostradas conforme o professor for
lendo a história ou no final, pode-se contar a mesma história em outros dias, com o
auxílio dos educandos, fazendo recontagem ou falas dos personagens. Após a
leitura o professor pode conversar sobre a história, averiguando quais hipóteses se
confirmaram, se optar por contar a mesma história, iniciar fazendo questionamentos
sobre a mesma, verificar a memória dos educandos, eles podem até mesmo
recontá-la primeiramente, questionar, também é importante fazer opinar sobre a
história, argumentar, localizar informações relevantes no texto, ajudar os alunos na
sintetização do texto, sempre trabalhando primeiramente a expressão oral para
depois seguir para a produção textual. A leitura nas entrelinhas deve ser estimulada,
bem como a utilização do dicionário quando for necessário, ampliando o vocabulário
e sanando dúvidas em relação às palavras desconhecidas.
Finalmente, Solé (1998) apresenta algumas sugestões de estratégias de
leitura, as quais permitem a interpretação e compreensão dos textos escritos. A
autora descreve a leitura como um ato que praticamos com o objetivo de satisfação,
lemos com um propósito ou finalidade estipulados. A escola apresenta o papel
fundamental no processo de dominação da leitura, o objetivo desta é proporcionar o
aprendizado de uma leitura correta, indispensável na atuação autônoma do indivíduo

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dentro de uma sociedade letrada, embora não esteja sendo usado tanto quanto
deveria, não se lê o suficiente. Deve-se considerar, no ensino da leitura, que a
linguagem enquanto escrita requer uma instrução, já a linguagem na forma oral não
requer instrução.
Solé (1998), assim como Freire (1989), destacam a importância da leitura
inicial que ocorre na família, a leitura realizada por outros que, ao chegar à escola e
se deparar com a linguagem escrita, muitas vezes, encontra-se diante de algo já
conhecido. Estas experiências no seio da família são importantes na aquisição de
conhecimento, que vai além da leitura de livros, a conversa sobre eles, sobre
assuntos relacionados, faz o conhecimento das crianças aumentar
consideravelmente quando esta tiver acesso ao mesmo conteúdo impresso. Deve-se
mostrar para as crianças que ler é divertido, que escrever é apaixonante e que ela é
capaz de fazê-los. Na escola o ensinar a ler e escrever devem acontecer a partir dos
conhecimentos dos educandos, garantindo uma interação significativa e funcional da
criança com a língua escrita, ampliando os conhecimentos.
A autora lista estratégias como a motivação das crianças, que é ponto de
partida para o processo, sem motivação a criança não vai muito além de uma leitura
superficial. O professor também deve ajudar a criança a utilizar os conhecimentos
prévios sobre o assunto tratado no texto, colaborando com a compreensão, uma
maneira de isso acontecer, é ensinar a resumir o texto, saber retirar deste
informações consideradas essencial e o que pode ser considerado como
secundário, a criança também deve saber quais são as dificuldades que a está
impedindo de compreender o texto, bem como levantar a ideia principal do texto,
com estas habilidades adquiridas desde os primeiros anos de contato com o mundo
letrado, a criança torna-se um leitor completo, que lê, compreende, interpreta e tira
as conclusões, elaborando a própria opinião sobre o assunto.
Além disso, a presente investigação utiliza como argumento de
fundamentação teórica as diretrizes e orientações de acordo com o que determina a
Proposta Curricular de Santa Catarina (2014), no que é importante ressaltar que
esta faz uma menção clara sobre a necessidade de se trabalhar no cotidiano escolar
a constituição histórica da literatura como forma de expressão e que lugar esta
ocupa no mundo contemporâneo, investigando quais razões levaram o homem a
cultivá-la e fazer uso dela através dos tempos, uma vez que o mundo literário possui

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uma participação considerada em nossas vidas, não somente em formas de livros,
mas também em formas muitas vezes mais apreciadas, como o cinema, a televisão,
a música e o teatro.
Neste cenário, é importante a formação de leitores que consigam reconhecer
a literatura e o valor e função social que esta representa. O que se deve buscar é a
criação do leitor criador, recriador, crítico e contestador, não mais o leitor
decodificador. Deve-se buscar, então, um trabalho que forme um leitor crítico, que
converse com o texto, por meio da oferta de oportunidades para manter um contato
mais próximo, íntimo e prazeroso com as obras literárias. Além da função do leitor,
sugere-se atentar para as produções nas diferentes áreas do saber, inclusive como
uma forte aliada na aprendizagem de outros conteúdos, uma vez que compreender
a literatura é condicioná-la a toda produção escrita pelo ser humano, em um
determinado momento histórico, e que através deste, investigue-se e busque-se
ampliar conhecimentos mais complexos a respeito do assunto, pois deve-se ao leitor
a atribuição de sentido e significado ao texto (SARTRE, 1993).
Com igual importância, é relevante levar em consideração as orientações
pedagógicas e didáticas que norteiam o trabalho do professor conforme o projeto
pedagógico da escola investigada. Desta forma, são apresentadas as concepções
de aprendizagem previstas no projeto pedagógico, bem como as diretrizes para o
ensino de Língua Portuguesa. Em termos de concepções sobre o processo de
ensino e aprendizagem, é possível perceber no projeto pedagógico da escola que
existe uma grande preocupação da mesma com a formação social do educando,
buscando a formação de uma sociedade melhor e mais igualitária, para isso confia-
se e acredita-se na relação conjunta escola, família e sociedade, a formação da
coletividade, com respeito às diferenças, maturidade e companheirismo, definindo
linhas gerais de ação que servem para encaminhamentos nas especificidades, para
se ter um resgate da cidadania, construindo uma democracia.
A escola tem um papel na gestão democrática, assegurando um ensino de
qualidade, garantindo o acesso ao conhecimento cientifico e a permanência e
aprendizagem dos alunos na escola, buscando a formação de cidadãos críticos e
participantes, exercendo a sua função social, contribuindo assim para a formação de
uma sociedade melhor e garantindo a possibilidade do ser humano tornar-se livre,
consciente, responsável e mais humano. O ensino neste momento é compreendido

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como a sistematização, instrumentalização e apropriação do saber sistematizado,
através da mediação professor/educando/objeto do conhecimento. O ensino é uma
prática complexa realizada por seres humanos com seres humanos. Os conteúdos
servem como base para oportunizar aos educandos a construção do conhecimento,
num processo dinâmico de ensinar e aprender, e a educação deve ser entendida e
trabalhada de forma interdisciplinar.
Além disso, para a escola, o ensino da língua deve ser concebido como uma
prática de leitura, da realidade, da produção, da escrita, da análise linguística,
aparecendo este processo como parte de todo processo de construção humana.
Portanto, quanto maior for a quantidade de conceitos, maior será a capacidade de
se estabelecer relações significativas, e com isso os educandos possuem a
oportunidade de se tornar sujeitos da aprendizagem, avançando na complexidade
dos conceitos, formulando hipóteses e sugestões para a possível mudança destes.
Na proposta da escola, os campos fundamentais da língua portuguesa: fala/escuta,
leitura/escritura, devem aparecer como referência, como elementos fundamentais
para tornar a ação comunicativa viva e eficiente. Para um processo de leitura é
necessário um processo de escritura, que é o ato de escrever.
Finalmente, para Freire (1994), com relação às três linhas de métodos de
alfabetização, sintético, analítico e eclético, pode-se perceber que, embora muitos
métodos se fizeram presentes na história da alfabetização brasileira, promovendo
influências nas escolas através dos ideais de professores, pesquisadores e
estudiosos, na busca de uma prática mais efetiva, mais eficiente, da maneira mais
correta de se ensinar a leitura e a escrita, a utilização destes métodos são alvos de
discussões e análises e a escola consolida-se como o lugar indicado para a
aquisição dos conhecimentos necessários para a aprendizagem da leitura e escrita.
Assim, com base nas postulações do autor, percebe-se que o método utilizado para
o trabalho da leitura e escrita não pode ser visto como uma variável isolada em
termos de eficácia no processo de solidificação da leitura e escrita, tendo em vista
que os três, sintético, analítico e eclético mostraram-se eficazes ao longo dos anos.

2.2 METODOLOGIA

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Esta investigação teve como alicerce de construção o método dialético. A
pesquisa foi realizada observando o processo de ensino e aprendizagem do ensino
fundamental, investigando o processo de ensino da leitura, bem como a formação de
leitores das séries iniciais do ensino fundamental, proposto pelos Parâmetros
Curriculares Nacionais, analisando os fatores históricos de construção, bem como as
implicações e contribuições sociais. O estudo é estruturado através do nível
descritivo e explicativo, procurando descrever o tema e problema e fazendo a
relação com dados teóricos e práticos. A pesquisa é do tipo aplicada, em que são
colhidas informações de professores atuantes nas séries inicias do ensino
fundamental, por professoras alfabetizadoras e atuantes no ensino da leitura e da
escrita. A coleta de dados é feita através de questionários e a análise dos resultados
é feita de forma qualitativa e quantitativa.
Os professores investigados são do quadro municipal do ensino fundamental,
professores do primeiro ciclo da alfabetização ou do primeiro ao quinto ano,
participantes do programa nacional todos pela educação, educação na idade certa, e
de cursos de capacitação realizados em parceria com o Ministério da Educação e
Cultura, através do Pacto Nacional da Educação. Os professores são dedicados,
empenhados e comprometidos com as funções escolares e com os educandos,
buscam a formação continuada, lutam pelos ideais, não medem esforços na prática
de uma educação com qualidade, preocupam-se com os diferentes modos de
aprender de cada educando, reconhecem a individualidade, procuram conhecer
cada um dos alunos, as capacidades e as dificuldades para então propor a melhor
maneira possível de se ensinar e promover ao máximo a aprendizagem e o
desenvolvimento do educando enquanto cidadão e ser social atuante.
Para a aplicação foram utilizados três instrumentos de coletas de dados. No
primeiro, cinco professoras foram questionadas com relação a leitura e a formação
de leitores, mediante o seguinte questionamento: Como é a leitura e a formação de
leitores no processo de ensino e aprendizagem nas séries iniciais do ensino
fundamental? Com tal pergunta as professoras entrevistadas foram instigadas a dar
exemplos e explicar quais eram estas dificuldades encontradas em sala de aula. Já
no segundo, as professoras responderam à seguinte pergunta: Quais são os
principais benefícios da leitura e da formação de leitores no processo de ensino e
aprendizagem nas séries iniciais do ensino fundamental? Por fim, as professoras

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foram indagadas sobre as práticas de sala de aula, com a pergunta: Quais são as
melhores estratégias para a leitura e formação de leitores no processo de ensino e
aprendizagem nas séries iniciais do ensino fundamental?

2.3 DISCUSSÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS

Na aplicação prática desta pesquisa, buscou-se respostas específicas para


questões relacionadas ao conceito de formação de leitores, benefícios da leitura
neste processo e sugestões de estratégias de leitura e a formação de leitores.
A primeira questão, sobre como é a leitura e a formação de leitores no
processo de ensino e aprendizagem nas séries iniciais do ensino fundamental, é
possível perceber que os entrevistados apresentam conceitos como, por exemplo,
que a leitura, em especial, a fase inicial, é certamente essencial e desafiadora, a
criança descobre que ao juntar letras temos palavras, e estas palavras possuem
significado. Ela junta letras formando sílabas, junta as sílabas formando palavras, e
percebe a palavra que essa espécie de quebra-cabeça forma, procurando interpretá-
la. Pode não parecer, mas é um processo complexo e cada criança aprende no
próprio tempo. A criança tem excelentes noções de sons, de letras e utilizar-se do
raciocínio linguístico para conseguir alcançar a fluência e o automatismo da leitura.
Os estímulos na proposição das atividades são imprescindíveis, bem como é
fundamental o esforço para que o processo de leitura se efetive de forma rápida.
De acordo com os entrevistados, alguns fatores são essenciais no processo
de aquisição e apropriação da leitura e formação de leitores, que são: o estímulo, a
observação, e a comunicação. Estimular sempre mostrando que o aluno consegue,
é algo primordial. A observação faz toda a diferença, em que se percebem as
respostas aos estímulos dados. A comunicação efetiva entre a escola e a família, é
importante para esclarecer dúvidas, dar dicas, auxiliar para que a apropriação da
leitura aconteça de forma natural e tranquila. Ainda, percebe-se uma grande
preocupação com a formação do cidadão crítico, reflexivo e participativo. A leitura é
um processo contínuo e de formação crítica, que deve ser trabalhada não apenas
em aulas específicas ou de forma descontextualizada da vivência do aluno. Não é
possível pensar em educação sem pensar em leitura. Quem lê escreve bem,
interpreta bem, raciocina bem, vive melhor e é mais feliz.

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Como é possível observar, as professoras entrevistadas possuem um
conceito de leitura muito amplo, todas demonstram a preocupação que se deve ter
com a formação de leitores, para que sejam críticos, reflexivos, que se utilizem do
conhecimento para apresentar propostas de mudança, que não sejam pacatos mas
sim ativos, preocupados com a sociedade e com o meio em que vivem, bem como a
maneira em que vivem. Pode-se também destacar a importância levantada para os
estímulos que a criança precisa receber desde o início do processo de
aprendizagem da leitura e até mesmo antes, pois a família exerce grande influência
nessa construção. No processo propriamente dito, tem-se a observação quanto ao
conhecimento da criança dos sons e das letras, para então criar a aprendizagem da
leitura de códigos.
Desta forma, pode-se argumentar que a interpretação é ler o que está escrito
e o que não está escrito, leitor pensante que faz uso de conhecimentos para dialogar
com o texto, formando novos conceitos e uma opinião sobre. É necessário que a
leitura seja construída como algo prazeroso, que tem a importância na vida das
pessoas, mas que não deve ser utilizada como necessidade. Deve-se dar, enquanto
escola, continuidade àquela euforia que a criança apresenta enquanto está
aprendendo as primeiras palavras, apresentar a ela os diferentes gêneros textuais,
possibilitando que quando da necessidade, esta possa selecionar qual tipo de texto
melhor pode lhe ajudar. Partindo destes princípios, é possível estruturar a hipótese
de mostrar, sem limites, a positividade de uma leitura consciente, dinâmica e que
parta da vontade do leitor para se tornar significativa e eficaz em termos de
construção do conhecimento, especialmente nas etapas de alfabetização.
Na segunda questão, relacionada aos principais benefícios da leitura e da
formação de leitores no processo de ensino e aprendizagem nas séries iniciais do
ensino fundamental, pode-se afirmar que: a leitura é um ato imprescindível para a
aquisição da autonomia e da independência. Através dela toma-se conhecimento do
mundo e se dá possibilidades de transformação e aprimoramento. Possibilita a
inserção no mundo, contribuindo para a apropriação de diversas práticas de
letramento. A leitura beneficia a vida escolar, social, cultural, entre outros, como um
todo. Possibilita ampliar o vocabulário, facilitando nas interpretações. Ampliação dos
conhecimentos, facilitando a comunicação e a maior facilidade de compreender e
ser compreendido. A leitura é uma atividade indispensável para a formação do

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indivíduo, é fonte de informação, conhecimento e aprendizagem. A leitura auxilia na
formação cultural, é fonte de lazer, promove bem estar e saúde mental.
Ainda, a leitura estimula a criatividade, desenvolve a capacidade de
argumentar e amplia o vocabulário. A leitura melhora e estimula a memória e a
concentração, diminui o estresse. Ler vai além da decodificação de letras, palavras,
textos, mas a apreensão dos significados, aprender a ler o mundo e compreender o
contexto. Desperta a curiosidade em conhecer, divertir-se, viajar por lugares sem
sair do lugar, sonhar, imaginar, criar. Quem lê tem a oportunidade de resgatar a
cidadania, adquirir autoestima, desenvolver um olhar crítico, reflexivo, ampliar os
horizontes, integrar-se socialmente. A leitura possibilita a construção e o
fortalecimento de ideias, ações, atitudes, discussões e o diálogo. Através da leitura,
a criança sonha, estimula a fantasia, o mistério e a emoção. Todos estes benefícios
transformam a criança para um ser crítico e consciente, transformando a própria vida
e a do outro. Leitura é conhecimento, é aprender, é viver.
Novamente é possível analisar o pensamento das professoras e perceber o
quanto de benefícios a leitura oferece para os indivíduos, e que estão presentes no
trabalho destas professoras. Cabe então levantar questionamentos sobre a
importância que a leitura exerce na formação do indivíduo, pois é uma fonte de
informações, de conhecimento e geradora de aprendizado. Além da participação na
formação cultural e social, por possibilitar alternativas de mudanças. O individuo
leitor amplia a participação na sociedade, elabora conceitos, analisa ideias, participa
de discussões, possui a oportunidade de resgatar a cidadania, adquire autoestima,
desenvolve um olhar crítico e reflexivo, amplia horizontes, compreende melhor a
realidade. Amplia o vocabulário, auxilia na capacidade de argumentar e na
criatividade, melhora e estimula a memória, é fonte de lazer e diversão. Com ela
podemos viajar, conhecer lugares sem nem precisar sair de casa.
Por último, na terceira questão, sobre as melhores estratégias para a leitura e
a formação de leitores no processo de ensino e aprendizagem nas séries iniciais do
ensino fundamental, é importante destacar: a primeira grande estratégia, é dar o
exemplo, crianças aprendem muito pela imitação, se elas observam o adulto que lê,
irão seguir o exemplo. Ler muitas histórias, ter um cantinho próprio para a leitura,
que seja acolhedor, e que sempre que a criança tiver vontade possa ir até o local e
escolher uma leitura, o professor também pode utilizar este espaço na hora da

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história. Proporcionar tempo para a leitura diariamente, tornando-a uma rotina.
Apresentar bons livros e caprichar na colocação da voz quando estiver contando as
histórias. Escolher livros de acordo com a idade e o momento das crianças.
Apresentar os diferentes gêneros textuais e explorá-los em sala de aula. Ir para a
biblioteca ler, escolher, e trocar os livros.
De forma complementar, trabalhar com rimas e cantigas, quanto mais a
criança brincar com as palavras, mais irá gostar delas. Através de cantigas e rimas é
possível trabalhar memorização e consciência fonológica. Prática diária da leitura é
importante, que pode ser oral, silenciosa, individual ou coletiva, o que importa é a
conversa entre leitor e texto. Oportunizar aos alunos a escolha de leituras. Dispor de
uma boa biblioteca na escola. O professor deve ter objetivos claros e gostar de ler,
aguçar a curiosidade do aluno, utilizar textos significativos, mostrar e trabalhar as
partes do texto, conhecer o autor, analisar a capa, identificar palavras
desconhecidas, assuntos presentes, e promover a reflexão e a discussão sobre o
texto. A intervenção em sala de aula durante o processo, criar e planejar uma
sequência didática organizada de maneira sistemática em torno de um gênero
textual é de igual maneira relevante.
Como é possível perceber, muitas são as possibilidades e estratégias
mencionadas para se trabalhar em sala de aula a leitura e a formação de leitores.
Neste escopo, este estudo argumenta que, indiferente da forma como a leitura se
desenvolve em sala, individual, coletiva, em grupos, silenciosa, o que realmente é
importante é que ocorra uma conversa, uma interação entre o leitor e o texto. Além
do estímulo, a oferta de material adequado, com atividades que proporcionem uma
leitura mais dinâmica, leve, com interação com as palavras de maneira tranquila e
não imposta, como leituras de textos e cantigas com rimas, que aproximem a
ludicidade da leitura, tornando o momento mais prazeroso, merecem atenção. A
escola deve dispor de uma boa biblioteca, de projetos que envolvam a comunidade
escolar, com espaço reservado para a ampliação e desenvolvimento da leitura.

3 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O presente estudo envolve considerações e apontamentos teórico e práticos


em termos de conceito, benefícios e estratégias de leitura e formação de leitores no

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processo de ensino e aprendizagem nas séries iniciais do ensino fundamental, que
são apresentados na sequência.
Sobre o conceito do processo, pode-se dizer que: existe a necessidade e a
preocupação de se formar leitores, críticos, reflexivos e atuantes; atribui-se uma
importância muito grande aos estímulos recebidos pela criança, desde o nascimento
junto à família, e estes podem ser positivos ou negativos na formação de leitores; é
preciso ofertar atividades que venham ao encontro do desenvolvimento e ampliação
da capacidade de interpretação e interação do sujeito com o texto, bem como na
capacidade de construir conceitos, conhecimentos e opiniões através da leitura;
trabalhar de forma efetiva os conceitos fonológicos no início do processo de
aquisição da leitura; criar a ideia de que a leitura é algo que deva ser realizado por
prazer e não como algo imposto e deva ser feito somente por necessidade; deixar
claro as positividades que a leitura pode oferecer; proporcionar o contato, o
conhecimento e as disparidades dos diferentes gêneros textuais.
Por outro lado, com relação aos benefícios, é possível ratificar que a leitura: é
importante e fundamental para a formação do indivíduo ético e social que se quer
formar; pode-se possibilitar alternativas de mudanças; existe a possibilidade de se
trabalhar a cultura, enquanto se trabalhar o conhecimento e o resgate da cidadania;
através da leitura é possível se compreender melhor a realidade a que se está
inserido, bem como a realidade do outro; amplia as possibilidades de relacionar-se
enquanto cidadão ético, reflexivo, e participativo e comprometido, enquanto tem-se
uma melhora na capacidade de argumentar, no vocabulário e na criatividade;
melhora e auxilia no desenvolvimento da memória e a concentração, diminuindo o
estresse, sendo também fonte de lazer, promovendo o bem estar e a saúde mental.
Por último, as seguintes estratégias podem ser consideradas relevantes na
leitura e na formação de leitores: crianças precisam de exemplos, pois aprendem
muito com a repetição, portanto, demonstrar - família e professores - o gosto e o
prazer em fazer leituras é o primeiro passo; respeitar a vontade, o tempo e a
necessidade da criança no sentido de quando ler, com quem ler, o que ler, o porquê
de ler, embora em algumas situações sejam necessárias a posição do professor;
promover a rotina diária de leituras em sala de aula, com diferentes formas de se
realizar esta leitura, silencioso, individual, no coletivo ou em grupos; ter um lugar
apropriado, aconchegante com o espaço adequado para as crianças chamarem de

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“cantinho da leitura”, e relacionar este espaço com um momento de leituras; ofertar
livros bons e de diferentes gêneros textuais e ter uma biblioteca adequada às
necessidades da escola; proporcionar atividades para o convívio com o texto.

READING AND THE FORMATION OF READERS IN THE PROCESS OF TEACHING AND


LEARNING IN ELEMENTARY SCHOOL

Abstract

This research investigates reading and the formation of readers in the process of teaching and
learning in elementary school. The aim is to investigate reading and the formation of readers in the
teaching and learning of early grades of elementary school. The issues are the formation of readers in
the process of teaching and learning, the main benefits that reading has in the formation of readers
and the best strategies for this formation. The dialectic, review of literature and experimental method is
used, with a questionnaire and evaluation of the results in a qualitative and quantitative way. Five
municipal schoolteachers from the literacy cycle were investigated, through descriptive interviews. The
results show that there is concern in the formation of readers by teachers, a care for the
methodologies and teaching applied in the classroom may result in building a capable reader to
reflect, analyze, criticize, construct and modify concepts and society, opinion leader and concerned
with society. It is possible to see that over the historical construction of the formation of readers, many
changes have taken place, developments and reconstructions concepts. Currently, there is a great
concern with the process of formation of readers, it is this training that results individuals active in
society. It has still a long way to go to have a more effective, fair and equitable process that meets
social needs, but the road is being built, solid, responsible and dynamic.
Keywords: Reading. Formation of readers. Teaching and learning process.

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