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17/08/2018 ASN - ‘Ouro Branco’ resgata cultura e representa alternativa de renda

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Sertão alagoano é a grande alavanca para discussão sobre o


plantio e melhor aproveitamento do algodão mocó
AL
15/04/03 às 00:00 - Por: Clarice Maia

Seu Zeca Queiroz, como é conhecido José Souza Irmão, chega contente no estúdio da rádio, em Delmiro
Gouveia. Com ajuda ele carrega o motivo dos sorrisos: 47 pacotes cheios de sementes do chamado
‘algodão do sertão’ ou ‘algodão arbóreo’. Ali mesmo, no auditório, um grupo aguarda ansioso para
começar a conversar.

Ele é filho da cidade, diz com orgulho que é “alagoano e delmirense”. Com 58 anos, conta que é
aposentado. Formado em magistério, trabalhou 36 anos na Fábrica da Pedra – a fábrica têxtil da cidade
que produz linha e tecido, uma das maiores do Nordeste – sendo que durante 27 anos foi técnico de
fiação.

Dono de uma propriedade de 96 hectares, adquiriu o gosto pela agricultura com o pai “um grande
especialista em algodão mocó”. Na época em que Seu Zeca era ainda menino, a cotonicultura – cultura do
algodão – era o que garantia a sobrevivência, após a safra de feijão e milho. Hoje ele não planta mais e é
dono de um pequeno comércio de produtos agropecuários.

Conta que a produção em sequeiro começou a acabar por causa da concorrência, “a agricultura
mecanizada na Bahia e em Minas Gerais, o uso de fertilizantes e as pragas inviabilizaram o negócio", diz.
"Ainda teve produtor que tentou plantar o algodão herbáceo, o que chamam de mata, mas aos poucos as
plantações foram substituídas pela criação de animais”.

Os pequenos agricultores comentam que era uma tentativa desesperada, uma vez que produziam de 300 a
500 Kg/ha e a concorrência 3mil/ha. A alternativa de criar animais, logo se transformou em um fardo
maior. Não havia alternativa de renda e muito menos para compra de ração. A miséria chegou e começou
a tomar conta da situação. Até hoje, muitos se lamentam de terem se tornado dependentes da “esmola”
em forma de vales e cestas, distribuídos pelos governos federal e estadual.

O chão cada vez mais desprotegido e a crença no bicudo – praga que ajudou a acabar com a maioria das
plantações – transformaram os produtores em sonhadores ou descrentes. Ali no auditório da rádio,
representantes de associações rurais e outros agricultores aguardavam o Professor Sebastião Pinheiro, que
no estúdio chegava a “um número cada vez maior de produtores rurais”, comenta Seu Zeca.

Ele vem do Rio Grande do Sul, da Fundação Juquira Candiru. É um estudioso e defensor da agricultura
agroecológica - sem aditivos, sem complementos químicos e sustentável. Logo a reunião ou ‘conversa’
começa.

Tião, como é comumente chamado, explica que antigamente o tratamento das sementes começava “no
pavio da lamparina ou do candeeiro - como quiserem chamar - feito de algodão. A semente espremida
servia para fazer o óleo e com a sobra o produtor fazia a torta para dar comida ao gado. Cada quilo de
torta significava dois litros de leite”. Os olhos dos produtores brilham.

Do outro lado da roda, Seu Pedro de Almeida, analfabeto de 82 anos, concorda com tudo. "Minha mãe
fiava, fazia o pavio, pisava a mamona e colocava o óleo na lamparina. Não entendo, porque terra pior do
que a nossa eu encontrei no Ceará e apanhava o algodão no mato. Aqui o que falta é entendimento”.

O Nordeste é um bom local para a cotonicultura, devido a fatores naturais como a baixa umidade no ar - o
algodoeiro não agüenta solos encharcados - luminosidade, solo poroso e rico em potássio. Onde o regime
de chuva é ainda mais escasso, o arbóreo se desenvolve bem. As únicas carências são a melhoria na
colheita e no ensacamento.

Segundo Sebastião Pinheiro, o algodão arbóreo representa uma facilidade de participação e sobrevivência
econômica para pequenos produtores, devido ao baixo custo de plantio e manutenção. Atualmente o

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herbáceo, junto com a soja, representa um forte contribuinte do Produto Interno Bruto (PIB).

“Essa é uma cultura dominada pela Alemanha. Nos Estados Unidos, por exemplo, há preços
diferenciados para o herbáceo e o arbóreo, porque nós não temos? Estamos falando de um produto natural
e com uma fibra diferenciada, melhor”, argumenta.

O professor conta que cada pé tem grande duração. “Eu vi de 30 anos por aqui, mas eles podem chegar a
60. Ele ainda pode ficar adormecido durante até sete anos de seca, como acontece com a catingueira, mas
quando chove fica todo verdinho de novo”. O custo inicial de produção varia em torno de R$ 300 por
hectare, ao ano. Entretanto esse é o único gasto.

Bicudo é grande vilão

A cultura do algodão mocó ou arbóreo teve grande ápice na década de setenta. Em 77 a área plantada já
chegava a 2.562.190 hectares. Coincidência, ou não, a partir desse ano a produção natural começou a
declinar, no Nordeste. Em 85, o bicudo começou a colonizar o semi-árido e as plantações já representava
45% ou 1.163.880 hectares.

Daí em diante o chamado “ouro branco” do sertão começava a acabar. A situação virou um problema e
houve até campanhas pela não extinção do algodão mocó. Em 97 o plantio já estava em 34.786 hectares.
A Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) passou a trabalhar com produtores, através de
áreas zoneadas. Entretanto, a demarcação serve apenas ao plantio do herbáceo.

“Nós estamos em Delmiro Gouveia, a nossa cidade não está dentro do zoneamento. Água Branca, nossa
vizinha, e outras estão”, conta Antonio Santos Lima, presidente de Sindicato de Trabalhadores Rurais.

As sementes que Seu Zeca chegou carregando no auditório, foram distribuídas entre os produtores que
estavam ali. “A tecnologia de combate às pragas não tem mistério, é à base de biofertilizantes. O plantio
vem combinado, é um sistema consorciado com a cultura do milho, do feijão ou da macaxeira. Necessário
mesmo é acreditar”, argumenta Sebastião Pinheiro.

No povoado de Piau, em Piranhas (AL), mais 38 produtores, após encontros na sede do Sindicato dos
Trabalhadores Rurais, começam a discutir a questão e juntar as sementes.

Na Brígida, em Orocó (PE), há cerca de mil pés. Em Santa Maria da Boa Vista (PE) há um grande
número de produtores de assentamentos e já organizados em sindicato. “A proposta de restauração do
algodão arbóreo representa uma transformação nas comunidades sertanejas não pela inovação, mas por
tratar de um resgate associado a fatores multidisciplinares de ver e agir nos mesmos conceitos do modo
de cultivo que havia há mais de quarenta anos atrás, com uma simples diferença: conferindo valores
culturais, produtivos e sustentáveis”, conta Jailza Siqueira.

Ela é a responsável pelo projeto e pela discussão dentro do Projeto Sebrae Xingó, um arranjo regional do
Sebrae que trabalha em trinta cidades na área de influência das hidroelétricas de Xingó, Itaparica e Paulo
Afonso, entre os Estados de Alagoas, Sergipe, Pernambuco e Bahia.

A idéia de investir no resgate da cotonicultura partiu das prioridades identificadas pelo Fórum de
Desenvolvimento Local Integrado e Sustentável (DLIS) de Delmiro Gouveia. “Antes de tudo é preciso
deixar claro que quando a gente valoriza, o produtor valoriza e sabe que não é qualquer um e nem
qualquer bicudo que tira. A sabedoria existe porque senão não tinha ninguém sobrevivendo embaixo
desse sol do sertão. A estratégia agora é agregar a esse resgate o desenvolvimento social”, argumenta a
técnica.

Na região, a Fábrica da Pedra tem grande interesse e representa um grande poder de compra. Atualmente
importa sua matéria prima e com a alta do combustível, aumentaram os custos. Outras parcerias são com
o Instituto Xingó e o Governo do Estado.

Serviço:
Projeto Sebrae Xingó: (82) 6861190
sebraexingo@xingo.sebrae.com.br

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