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1.

GESTÃO DE RESÍDUOS NA CONSTRUÇÃO CIVIL


Por
Rodrigo Soares De Miranda
03/10/2018

MIRANDA, Rodrigo Soares [1], FEITOSA, Wesley Gomes [2]

MIRANDA, Rodrigo Soares. FEITOSA, Wesley Gomes. Gestão de resíduos na


construção civil. Revista Científica Multidisciplinar Núcleo do Conhecimento. Ano 03,
Ed. 09, Vol. 12, pp. 05- 39 Setembro de 2018. ISSN:2448-0959

 RESUMO
 INTRODUÇÃO
 1.1 OBJETIVOS
 1.1.1 OBJETIVO GERAL
 1.1.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS
 1.2 PROCEDIMENTOS (MATERIAIS E MÉTODOS)
 2. REVISÃO DE LITERATURA
 COLETA DE RESÍDUOS NA FONTE
 PROCESSO DE TRANSFORMAÇÃO DOS RESÍDUOS EM MATÉRIA PRIMA
 PROCESSAMENTO DOS RESÍDUOS NA FONTE DE SUA GERAÇÃO
 PROCESSAMENTO DOS RESÍDUOS FORA DA SUA FONTE DE GERAÇÃO
 FABRICAÇÃO DE PRODUTOS
 3. GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS DA CONSTRUÇÃO CIVIL
 3.1 DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL
 3.2 DESAFIOS PARA A CONSTRUÇÃO CIVIL
 4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
 5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
RESUMO

Resíduos são inerentes às realizações da humanidade, especialmente àquelas que são


intimamente referentes as atividades da área de construção civil – que por vezes trabalha
com processo de demolição e um grande descarte de diferentes tipos de produtos. A
grande problemática evidenciada sobre os resíduos que são resultantes das atividades
da construção civil é referente a como corroborar e colaborar de forma potencialmente
benéfica em meio às realizações de coleta, descarte ou tratamento dos resíduos, dentre
outras realizações específicas, de forma ambientalmente precisa e correta, ou seja, o
problema central é dimensionar um efetivo e eficaz planejamento de gestão de tais
resíduos. De forma central, este estudo buscou pela realização de uma análise crítica e
teórica a respeito do planejamento da gestão de resíduos no âmbito da construção civil,
pontuando e esclarecendo seus principais processos, além de dimensionar a
imprescindibilidade de proporcionar organizacionalmente tal procedimento de
gerenciamento, especialmente voltando compreensões para a área de construção civil.
Para o atendimento destes objetivos essenciais, foi conduzida uma pesquisa de caráter
descritivo fundamentado essencialmente em artigos científicos, obras completas e
demais produções científico-acadêmicas referentes à literatura científica específica que
se mostrem úteis e pertinentes à pesquisa em tela.

Palavras-Chave: Gerenciamento, Resíduos, Processos, Planejamento, Construção Civil

INTRODUÇÃO

Percebe-se como considerável o impacto potencial da Engenharia Civil no meio


ambiente, consoante a Cerqueira (2007), não somente pelos pontos mais diretamente
prejudiciais e que dizem respeito à própria construção em si, como por exemplo a
utilização de recursos naturais e a modificação nas estruturas de paisagem, como
também por outros elementos que só recentemente tem sido enfatizados no
entendimento da sociedade como um todo.
Como exemplos, podem-se citar desmatamentos, mobilidade de vastíssimas
quantidades de terra nas construções e alterações na forma como escoam os rios e
outros recursos hídricos. Ainda, a construção civil, por trabalhar com diversas subáreas,
como edificações e rodovias, ainda pode vir a, ainda que indiretamente pois não há uma
relação de causa-efeito óbvia, estimular a poluição advinda dos gases dos automóveis.

Conforme os postulados da contemporaneidade, não há possibilidades mais em apartar


a construção civil das suas consequências como impactos ambientais mais imediatos, e
desta forma as consequências socioeconômicas e políticas.

É necessário que a produtividade demandada da construção civil não seja negligenciada,


mas também não se pode em nome da funcionalidade e do lucro tornar-se irresponsável
e negligente em relação ao meio ambiente, desconsiderando pressupostos básicos como
a reciclagem.

Esta lógica de pensamento de difícil solução e aplicação, contemplando a produtividade


responsável e também o desenvolvimento sustentável acompanhado de um
planejamento adequado, vem sendo progressivamente mais evidenciada, considerando
as políticas governamentais que tratam do assunto.

1.1 OBJETIVOS
1.1.1 OBJETIVO GERAL

Realizar um estudo crítico e teórico acerca do planejamento da gestão de resíduos no


âmbito da construção civil.

1.1.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

Promover uma classificação e quantificação dos resíduos com vistas ao estabelecimento


de estratégias de reciclagem ou reaproveitamento para cada tipo;
Identificar as melhores estratégias e procedimentos para a gestão sustentável de
resíduos no âmbito da construção civil;

Analisar a importância do desenvolvimento sustentável e da gestão de resíduos sólidos


no setor construtivo;

Propor e promover melhorias no que tange à gestão de resíduos no âmbito da construção


civil.

1.2 PROCEDIMENTOS (MATERIAIS E MÉTODOS)

Devido à natureza da proposta que ora se apresenta, recorrer-se-á metodologicamente


à revisão bibliográfica para a promoção de um estudo descritivo fundamentado em
artigos científicos, obras completas e demais produções científico-acadêmicas que se
mostrem úteis e pertinentes à pesquisa em tela.

Almeja-se com o presente trabalho ajudar a preencher lacunas teóricas no entendimento


acerca da gestão de resíduos na construção civil, através do fornecimento de conclusões
fáticas que, além de seu interesse geral e específico no âmbito da engenharia, podem
servir de base para futuros trabalhos.

2. REVISÃO DE LITERATURA

Resíduo é, tal como qualquer outra disciplina do âmbito acadêmico-científico, um


conceito multilateral e interdisciplinar, envolvendo assim a correlação de diversas visões
complementares e/ou contrastantes. É importante mencionar que, seja qual for a área
em que a idéia de resíduo apareça, sua vinculação às consequências imediatas é muito
provável, geralmente em afetação ao meio ambiente (HEMPEL, 1966; TOULMIN, 1953).

Neste sentido, é muito improvável falar-se de resíduo por resíduo, sendo na grande
maioria das vezes o seu impacto no meio ambiente que o eleva ao status de tópico
presente em tantas áreas científicas, desde as ciências ambientais até a engenharia e
muitas ciências humanas.

De acordo com Love (2012), é crucial integrar teorias de outros campos de


conhecimento, assim como a clarificação de definições de conceitos fundamentais e o
mapeamento de questões-chave, como os domínios, epistemologias e ontologias. No
estágio presente de desenvolvimento da teoria de gestão de resíduos, as definições
científicas de conceitos foram oferecidas, e sua evolução sob o paradigma da Ecologia
Industrial está progredindo.

A função da ciência é construir sistemas de técnicas explanatórias, uma variedade de


aparelhos representativos, incluindo modelos, diagramas e teorias, segundo Toulmin
(1953). Teorias podem ser consideradas marcos de avanço científico e são normalmente
introduzidas quando o estudo prévio de uma classe de fenômenos revelou um sistema
de uniformidades. Assim, Hempel (1966) diz que a proposta da teoria é explicar esse
sistema de regularidades que não pode ser explicado com as leis científicas.

Formalmente, uma teoria científica pode ser considerada como um conjunto de


sentenças expressas em termos de um vocabulário específico, e a teoria sempre será
considerada formulada dentro de uma rede linguística de uma estrutura lógica
claramente especificada, o que determina, em particular, as regras da inferência
dedutiva.

Isto dito, emerge a importante questão da definição de resíduo. A Comissão Européia e


os países participantes reuniram-se para oficinas e seminários em Leipzig, em fevereiro
de 2004, para discutir a classificação de operações de tratamento e da definição de
resíduo.

Uma das observações, feita por Love (2012) com base nesta perspectiva, foi que a
definição de resíduo é uma tarefa complicada especialmente ao determinar quando um
produto passa ser um resíduo e quando deixa de ser.
Na primeira situação estão, entre outros, o posicionamento da reutilização e a aplicação
da definição de resíduo para o fim da vida útil de veículos (LOVE, 2012).

Na segunda estão, por exemplo, os resíduos de construção civil e demolição (2012). A


proposta básica da teoria de gestão de resíduos de acordo com as disposições e
classificações da CONAMA (2015) é a capacidade de definir esse conceito sem
ambiguidade e, neste sentido, quatro classes de resíduos foram definidas:

Classe 1: Coisas indesejadas, não intencionalmente geradas, sem um propósito definido;

Classe 2: Coisas com um propósito finito, destinadas a inutilidade após completá-lo;

Classe 3: Coisas com propósito bem definido, mas cujo desempenho deixou de ser
aceitável devido a falhas em sua estrutura ou estado;

Classe 4: Coisas com um propósito bem definido e desempenho aceitável, mas cujos
usuários falharam em usá-las para seu propósito pretendido.

Essa lista foi formulada usando uma linguagem de modelagem orientada aos objetos,
baseada no comprometimento ontológico de que todas as coisas reais podem ser
formalizadas como um objetivo possuindo quatro atributos: propósito, estrutura, estado
e desempenho, segundo Pohjola e Tanskanen (2008).

Usando a taxonomia dessa lista, todas as áreas problemáticas de definição de resíduos


no seminário de Leipzig foram possíveis de identificar:

– A reutilização acontece quando uma coisa que acabou de desempenhar seu propósito
e momentaneamente não possui um novo propósito designado. Isso geralmente se
aplica a resíduos de classe 2. Uma coisa que completou seu propósito não é
necessariamente inútil, mas porque a utilidade é definida por estrutura e estado,
enquanto a reutilização está sujeita ao propósito. Enquanto a estrutura e o estado
permitam um desempenho relacionado ao propósito atribuído, coisas reutilizáveis não
devem ser consideradas lixo. Uma garrafa vazia cuja estrutura não esteja danificada é,
assim, um não-resíduo útil.

– Veículos no fim da vida representam resíduos de classe 3, pois são coisas agregadas
compostas de diversas partes estruturais. A perda de desempenho pode ser atribuível a
inabilidade de uma ou algumas das muitas partes estruturais em desempenhar seu
propósito. Consertar ou alterar essas partes pode prolongar a vida útil. Em caso de
abandono pelo dono apesar do desempenho aceitável, o carro representa resíduo de
classe 4 a não ser que não tenha atingido as expectativas de desempenho, normalmente
atribuíveis a veículos mais novos. Por outro lado, encontrar um novo dono disposto a
tolerar as desvantagens de um carro usado pode mudar sua classificação para um não-
resíduo.

– Os resíduos de demolição podem ser incluídos na classe 2, como coisas que


concluíram seu propósito. Quando um objeto estruturalmente intacto, como uma telha ou
um azulejo, é separado do objeto agregado dos resíduos da demolição, pode ser
atribuído a um novo propósito e, assim, não será mais considerado um resíduo.

No que se refere à tecnologia, por exemplo, o século XX, que testemunhou uma taxa de
desenvolvimento tecnológico sem precedentes, demonstra que os aparelhos eletrônicos
passaram de itens de luxo acessíveis a apenas uma parcela seleta da população a
milhões de toneladas de lixo desperdiçados universalmente, surpreendendo nações
inteiras e alertando autoridades legislativas e ambientais.

Neste campo, há uma clara desconsideração dos avisos da ciência ambiental: produtos
e tecnologias foram desenvolvidos continuamente sem levar em conta os recursos
materiais para a recuperação.

Isto motivou, nas últimas décadas, o desenvolvimento de iniciativas legais que objetivam
interromper ou minimizar os danos ambientais causados pelo despejo desenfreado de
lixo. Nesta mesma esteira, a construção civil viu emergirem novos paradigmas
relacionados à gestão de resíduos, conforme Fishbein (1998), consoante à tendência
protecionista e intervencionista em relação ao meio ambiente, o maior afetado pela ação
humana e que precisa de políticas públicas de reação e conscientização com vistas a
minimizar os danos causados

É preciso ainda observar alguns princípios ecológicos, conforme o autor Fishbein (1998),
entre os quais devem ser citados:

– Cada molécula que entra em um processo específico de manufatura deve sair como
parte de um produto rentável

– Cada produção de energia usada na manufatura deve produzir a transformação


material desejada

– Indústrias devem fazer uso mínimo de material e energia em produtos, processos e


serviços

– Indústrias devem escolher materiais abundantes e não-tóxicos ao fabricar produtos

– Cada processo e produto devem ser planejados para preservar a utilidade embutida
dos materiais utilizados. Um modo eficiente de alcançar esse objetivo é o design de
equipamento modular e remanufaturação

– Indústrias devem aproveitar o máximo possível dos materiais através de correntes de


reciclagem (próprias ou não) em vez de extração de matéria-prima, mesmo no caso de
materiais comuns

– Cada produto deve ser designado para que possa ser usado para criar outros produtos
úteis ao fim de sua vida

– Todos os locais de produção industriais devem ser desenvolvidos, construídos ou


modificados atentando a manutenção ou melhoria da diversidade de espécies local, e à
minimização de impactos nos recursos locais ou regionais
– Interações íntimas devem ser desenvolvidas com fornecedores de materiais,
consumidores e representantes de outras indústrias, com o objetivo de desenvolver
maneiras cooperativas de minimizar o empacotamento e/ou reciclagem de reutilização
de materiais

Se for aceito que a redução de resíduos e otimização de recursos é o objetivo mais


importante da gestão de resíduos, é essencial que ela seja considerada junto com os
princípios da ecologia industrial, já que as considerações sobre os usos de recursos
ultrapassam o escopo tradicional de gestão de resíduos, de acordo com Pongrácz
(2012). Há uma sobreposição considerável entre as metas de ambos, onde o foco é
minimizar os resíduos.

A teoria da gestão de resíduos é construída sob a égide da ecologia industrial que,


quando aplicada na manufatura, envolve o design de processos industriais das
perspectivas dialógicas de competitividade do produto e interações ambientais.

Uma visão orientada em sistemas, construída no princípio de que o design industrial e


os processos de manufatura devem ser considerados em parceria com o ambiental é no
que a gestão sustentável de resíduos precisa se transformar. Ao orientar-se pelos
princípios de ecologia industrial, a gestão de resíduos será instrumental em otimizar o
uso de recursos, segundo Graedel & Allenby (2015).

A gestão de resíduos está posicionada entre outras teorias relacionadas, e diversas


ferramentas devem ser utilizadas para atingir suas metas, como a ecoeficiência,
engenharia “verde” e avaliação do clico de vida dos produtos. No nível da gestão, a teoria
procura otimizar o uso de recursos a partir da matéria-prima até o descarte.

Como diz Prongrácz (op. cit.), os objetivos e valores para essa optimização originam-se
do paradigma da ecologia industrial, e precisam ser adaptados para a gestão de resíduos
para traduzir suas próprias metas, para que sejam aplicáveis à unidade industrial.
A maioria das ferramentas adaptáveis para a gestão de resíduos origina-se na ecologia
industrial. Aspectos sociais também são levados em consideração, e princípios como a
suficiência, moral e responsabilidades deverão ser introduzidos nas metas e valores que
precisam ser seguidos.

Do mundo real que cerca o domínio da gestão de resíduos, as necessidades e


expectativas humanas também afetam os objetivos definidos. Finalmente, a teoria está
em desenvolvimento contínuo e é atualizada com base nos fatos, regularidades e
observações, assim como o processo de explicar as observações e responder a
consultas específicas de certos domínios.

Para ser capaz de planejar e adotar o sistema mais apropriado para a gestão de
resíduos, um plano de fundo teórico adequado deve ser estabelecido. Pode-se afirmar
que quando há a procura para a sistematização científica que busca, em última análise,
estabelecer uma ordem explanatória e previsível entre os problemas de domínio e de
gestão de resíduos, uma teoria é necessária.

Já foi dito que a teoria de gestão de resíduos deve ser construída sob o paradigma da
ecologia, e seu avanço lado a lado pode contribuir amplamente para o desenvolvimento
de metas sustentáveis.

Essa teoria é baseada nas considerações de que a gestão deve prevenir a produção de
resíduos que afetam a saúde humana e o ambiente, e a aplicação dessa gestão leva a
conservação de recursos. Contudo, a ecologia combina com sucesso a redução de
resíduos e medidas de otimização para o seu uso, e garante que circulem efetivamente
dentro dos ecossistemas.

A gestão de resíduos constitui o corpo de conhecimento unificado sobre os resíduos e


seu gerenciamento, um esforço para organizar diversas variáveis do sistema como existe
atualmente. Essa teoria é considerada lado a lado com outras disciplinas relevantes.
Há uma série de medidas para minimizar os resíduos e os seus malefícios, entre as quais
devem ser citadas: A prevenção da criação de resíduos na fonte; – Redução dos resíduos
pela aplicação de tecnologias de produção mais eficientes;- Melhoria orientada pela fonte
de qualidade de resíduos, por exemplo, substituição de substâncias perigosas ou
reutilização de produtos ou de suas partes; – Desmonte de produtos complexos e
reutilização de seus componentes; – Reciclagem interna de resíduos de produção; –
Reciclagem externa

A prevenção da criação de resíduos é a prioridade da gestão de resíduos, que


corresponde também ao seu principal objetivo: conservação de recursos. A inclinação
para minimizar os resíduos requer o compromisso das firmas em aumentar a proporção
de não-resíduos que resultam do processo.

A preservação ambiental é hoje uma preocupação mundial conforma Pongrácz (2012).


A humanidade, através dos séculos, vem conquistando espaços quase sempre em
detrimento de uma contínua e crescente pressão sobre os recursos naturais. A
construção civil não é diferente.

Apesar de seus reconhecidos impactos socioeconômicos para o país, como alta geração
de empregos, renda, viabilização de moradias, infraestrutura, estradas e outros, ela
ainda carece de uma firma política para a destinação de seus resíduos sólidos,
principalmente nos centros urbanos. Mas, felizmente, esta realidade começa a mudar.

Aos poucos, conforme o autor, a tomada da consciência ambiental se estende às


empresas do setor, que vêm demonstrando preocupação em resolver os transtornos
causados pela disposição irregular desses resíduos. Neste contexto, a união entre
empresariado, a sociedade civil e a gestão pública são extremamente relevantes para a
minimização dos problemas relativos ao meio ambiente.

Com a entrada em vigor da Resolução nº 307/2002 do Conselho Nacional do Meio


Ambiente (CONAMA), o setor da construção civil começa a integrar as discussões a
respeito do controle e da responsabilidade pela destinação de seus resíduos sólidos.
A citada resolução define, portanto, responsabilidades e deveres, inclusive da
necessidade de cada município licenciar as áreas para disposição final, fiscalizar o setor
em todo o processo e implementar o Plano Integrado de Gerenciamento de Resíduos da
Construção Civil. Com isso, ela abre cominho para que os setores público e privado
possam, juntos, prover os meios adequados para o manejo e disposição desses
resíduos.

O gerenciamento adequado dos resíduos produzidos por suas empresas, incluindo a sua
redução, reutilização e reciclagem, tornará o processo construtivo mais rentável e
competitivo, além de mais saudável. Só assim, poderemos realmente acreditar que o
desenvolvimento sustentável fará parte de nossas vidas em um futuro muito breve.

A posição do Brasil, de acordo com a Associação Brasileira de Empresas de Limpeza


Pública e Resíduos Especiais (ABRELPE), no que se refere à produção de resíduos
sólidos da construção civil (RSCC), é inferior a de nações tais quais os Estados Unidos,
produtor de 136 milhões de toneladas/ano, do Japão, produtor de 99 milhões de
toneladas/ano, da Alemanha, produtora de 79 milhões de toneladas/ano, e da Itália,
produtora de 35 milhões de toneladas ano, gerando cerca de 31 milhões de toneladas
por ano.

Apesar de a produção de resíduos brasileira não se encontrar no topo da lista, o mercado


que se ocupa do correto gerenciamento e descarte dos mesmos expande-se
rapidamente no país, movimentando bilhões de reais, principalmente com a Política
Nacional dos Resíduos Sólidos.

Os RSCC são produzidos principalmente em processos de demolição e construção, nos


mais variados tipos de obras, e suas possíveis técnicas de tratamento podem abranger
as diferentes etapas do seu ciclo de vida. É de extrema importância que, no momento de
sua produção, o resíduo sofra um processo de coleta seletiva, para que um tipo de
resíduo não se misture a outro, dificultando seu correto processamento e descarte.
Após a coleta, os resíduos serão tratados e recondicionados ao estado de matéria prima,
o que geralmente ocorre em uma usina de reciclagem ou mesmo na fonte em que foram
gerados. Em seguida, já em uma terceira etapa, o material processado torna a ser
material de fabricação de produtos necessários à construção civil, como cimento, tijolos,
dentre outros.

É imprescindível que um Plano de Negócios seja feito para que a exequibilidade


econômica do processo seja assegurada. Esse plano não deverá desconsiderar as
idiossincrasias regionais e os valores mercadológicos para que os produtos a serem
feitos sejam estabelecidos.

COLETA DE RESÍDUOS NA FONTE

A maneira de transporte deve se adequar ao tipo de resíduo produzido, e nem sempre


as empresas que atuam na área possuem veículos apropriados para os mesmos, o que
leva, com frequência, à sua locação. Uma vez determinado o tipo de transporte, é
necessário estabelecer para onde conduzir o resíduo, uma vez que um destino
inadequado pode gerar multas ou até mesmo a perda da autorização concedida para a
realização de trabalhos no ramo da construção civil (KARPINSK et al., 2009).

Ao realizar a coleta seletiva no local da produção do resíduo, o serviço de transporte


pode ser provido pela própria usina de reciclagem, através da disponibilização do veículo
para transporte apropriado ao resíduo em questão, tal como estabelece Souza (2004).

Com esse tipo de coleta, a usina de reciclagem é capaz de maximizar a pureza dos
resíduos que serão posteriormente processados, o que também maximiza seu valor
agregado e minimiza os gastos com materiais, equipamentos e máquinas que realizam
a separação de maneira automática (SOUZA, 2004).

A elaboração do plano de gerenciamento dos resíduos sólidos da construção civil os


quantifica e identifica, de modo a permitir um planejamento mais eficiente tanto no
aspecto quantitativo quanto no qualitativo da reciclagem, da redução e da reutilização
desses materiais, bem como um estabelecimento do seu destino definitivo adequado
(CONAMA, 2015).

PROCESSO DE TRANSFORMAÇÃO DOS RESÍDUOS EM MATÉRIA PRIMA

Ainda que exista uma coleta seletiva eficiente dos resíduos, algumas impurezas podem
estar assomadas a eles, de modo que os mesmos devem ser submetidos a um controle
de qualidade para que elas sejam extraídas. Essas impurezas nada mais são do que
elementos que, do volume total dos resíduos coletados, apresentem um percentual
inferior aos 20%. Se os 20% forem extrapolados, os resíduos serão entendidos como
mistura, e não mais como separados e selecionados. Livres das impurezas, para que
possam ser processados da maneira mais apropriada possível, as naturezas físicas e
químicas dos resíduos serão investigadas (SOUZA, 2004).

PROCESSAMENTO DOS RESÍDUOS NA FONTE DE SUA GERAÇÃO

Existem máquinas móveis que possuem a capacidade de maximizar o processamento


dos RSCC em sua própria fonte de geração, principalmente em obras, sejam demolições
ou construções, em que foi produzida uma quantidade massiva dos mesmos. Essas
máquinas podem necessitar de eventuais manutenções, para que possam processar
eficientemente resíduos tanto de classe B quanto A (KARPINSK et al., 2009).

Como, grosso modo, o tratamento dos resíduos se dá através de atrito, que pode gastar
as peças com o uso continuado, é necessário que uma comunicação direta com o
fabricante seja estabelecida, a fim de que a reposição de peças, quando necessário, seja
rápida e eficiente (KARPINSK et al., 2009).

A mobilidade dos recicladores, tal como depreende Zordan (2007), é importante, uma
vez que a montagem das centrais de reciclagem nos locais de produção de resíduos
representa a agilidade e a flexibilidade desse modelo de negócio, que pode ser visto com
frequência em diversos países, como a Alemanha, por exemplo.
Embora a montagem dessas usinas seja mais cara do que a de uma fixa em um local,
as vantagens proporcionadas pelo corte de gastos com transporte dos resíduos são
muito grandes, além de a mobilidade tornar o reciclador sobremaneira competitivo
(ZORDAN, 2007). Assim, devem ser analisados duas técnicas para tal modelo de
negócio:

c.1) Usinas Fixas

Com instalação de cerca de trinta dias, são economicamente vantajosas, contudo menos
competitivas no mercado. O local de instalação deverá ter um fundamento preparado.

c.2) Usinas sobre rodas

Com instalação que dura cerca de uma semana e sem necessidade de que um
fundamento seja preparado, esse tipo de usina pode ser considerado de estágio
intermediário entre a usina fixa e a móvel.

PROCESSAMENTO DOS RESÍDUOS FORA DA SUA FONTE DE GERAÇÃO

Aconselhável para aqueles modelos de negócio que gozam de contratos de longa


duração e que possam adquirir matéria prima durante um grande período de tempo em
regiões próximas, esse é o tipo de reciclagem que pode ser visto mais comumente no
Brasil.

Embora possa atuar em um campo mais restrito do que atuaria o modelo móvel, seu
investimento de capital financeiro também é mais baixo. A logística representa um
aspecto importante na geração de custo desse modelo, o que reflete no preço final dos
produtos que se comercializarão.
FABRICAÇÃO DE PRODUTOS

Também é interessante que se faça uma análise da demanda de produtos da região em


que se encontra a usina de reciclagem, para que produtos específicos sejam fabricados
a partir dos resíduos, como telhas, cimento, etc., e, posteriormente, vendidos. Verificar
se na região será erigida uma grande obra é um meio interessante de observar se haverá
bastante matéria prima disponível para a confecção desses produtos.

3. GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS DA CONSTRUÇÃO CIVIL

É sabido que o impacto potencial da Construção Civil no meio ambiente é


consideravelmente alto, não apenas pelos aspectos mais evidentes e inerentes à própria
atividade, como o uso de recursos naturais e a promoção de alterações paisagísticas,
mas também por outros aspectos que apenas nas últimas décadas temos visto
evidenciarem-se como relevantes no entendimento da comunidade científica e de toda
a sociedade, como a geração de resíduos.

Na esteira da contemporaneidade, como Pongrácz (2012), não é mais possível


desvincular a engenharia civil das suas implicações ambientais imediatas, e
consequentemente suas implicações sociais, econômicas e políticas a curto, médio e
longo prazo.

É preciso que a produtividade esperada da construção civil não se perca ao ponto de


prejudicar seus resultados funcionais e tampouco se faça de maneira irresponsável e
desconsiderando aspectos fundamentais como a gestão responsável de resíduos.

Esta equação de difícil equilíbrio (produtividade responsável como um resultado da


consideração simultânea dos requisitos da sustentabilidade e do planejamento técnico)
tem sido posta cada vez mais em evidência, se forem observadas as últimas iniciativas
públicas e privadas acerca do tema.
Como exemplo, devem ser citados aqui o Comitê de Meio Ambiente do Sindicato da
Indústria da Construção Civil do Estado de São Paulo (2005) e os eventos por ele
realizados, contando ainda com o Conselho Nacional do Meio Ambiente – CONAMA – e
com a Câmara Brasileira da Indústria da Construção Civil – CBIC.

Conforme se pode ver no Manual de Orientação da Caixa para o Manejo e Gestão de


Resíduos da Construção Civil (2015, p. 21), o projeto deve demonstrar ser viável em sua
execução, apresentando os elementos destinados à análise técnica de engenharia, a
saber: plantas, memorial descritivo, previsão de orçamento, ROE (Relatório do Objetivo
do Empreendimento) etc.

Entretanto, outros aspectos também devem ser contemplados pelo projeto, entre os
quais, consoante à proposta deste trabalho, tem-se: “área de triagem, unidade de
reciclagem, serviço de coleta etc., o tratamento adequado de eventuais impactos
ambientais” (ibidem, loc. cit.).

É possível ainda que seja necessária a demonstração da adequação do projeto à


conjuntura social, cultural, histórica e econômica da população residente na área da
atividade, demonstrando que a interligação engenharia civil e sociedade tem se tornado
cada vez mais importante à própria execução das construções na atualidade.

A construção civil é um dos principais ramos que contribuem para o desenvolvimento


das nações, provendo a infraestrutura necessária e as estruturas físicas para atividades
como comércio e serviços. A industria gera uma oferta de empregos e injeta dinheiro na
economia nacional através da criação de oportunidades de investimentos locais e
estrangeiros, segundo Agung (2009).

Contudo, apesar dessas contribuições, a construção civil também tem sido estreitamente
conectada a problemas ambientes como o aquecimento global, poluição e degradação,
conforme Jones e Greenwood (op. cit.).
A geração de resíduos da construção e o uso insustentável de recursos naturais não
renováveis como materiais de construção também estão ligados aos impactos
ambientais adversos dessa indústria. Globalmente, é estimado que até 30% dos resíduos
descartados são originados de atividades de construção e demolição, como afirma
Fishbein (2008).

Segundo Begum (2009), em vários países, os resíduos de construção são os de número


mais elevado e, apesar de iniciativas de políticas do governo para lidar com essa
questão, a gestão sustentável de recursos e resíduos permanece uma prioridade baixa
para a maioria das construtoras.

É importante, desta forma, explorar a perspectiva das construtoras em relação a gestão


de resíduos e a sustentabilidade de recursos e, em particular, a aplicação de uma rede
de gestão mais estruturada, baseado na abordagem do plano de gestão de resíduos no
local.

Além disso, também cumpre examinar a intenção de adoção dessa proposta para
explorar o nível de consciência e comprometimento das empresas para a gestão
sustentável de resíduos, para identificar os obstáculos correntes e sugerir futuras
recomendações para uma estratégia de implementação.

Um planejamento do gerenciamento de resíduos sólidos na construção civil cria uma


rede que pode ajudar as construtoras ou administradores de projeto a prever e
documentar a quantidade e o tipo de resíduos de construção que serão provavelmente
produzidos em um projeto, assim como auxiliar no estabelecimento de ações de gestão
apropriadas que reduzam a quantidade de resíduos descartados no aterro.

Esse planejamento pretende melhorar a eficiência de recursos materiais pela


implementação de reuso, recuperação e reciclagem e minimizar questões como descarte
ilegal com a documentação apropriada de processos de remoção de resíduos, conforme
Defra (2009).
Em vários países desenvolvidos, como os Estados Unidos, a Inglaterra e a Austrália, o
planejamento de gestão de resíduos de construção tem ganhado popularidade como
uma ferramenta importante para minimizar os impactos adversos da construção em
relação não somente ao ambiente, mas também à economia das nações.

O plano requer a cooperação entre todos os grupos envolvidos em um projeto de


construção, incluindo o cliente, construtor, designer, engenheiro, trabalhadores e até
mesmo os fornecedores. Ele é iniciado durante o estágio de pré-planejamento do projeto
e envolve atividades por toda a duração do projeto até sua conclusão para garantir a
efetividade e a eficiência do plano de gestão de resíduos.

Quadro 1. Políticas e diretrizes da gestão de resíduos

Novas diretrizes de
Políticas tradicionais
gerenciamento

Circunstâncias Piora na poluição devido aos Mudança de clima, matéria prima


da política resíduos e exaustão de combustível fóssil

Construir uma sociedade de


Objetivo Melhorar as condições de vida
reciclagem de recursos

– Consumo e produção efetivos


– Redução
– Reciclagem do material
Estratégia de – Reciclagem
implementação – Coleta de energia
– Tratamento e descarte
– Tratamento avançado

Volume-taxa do sistema de coleta Avaliação de reciclabilidade de


de lixo, política de recursos, certificação de qualidade
Objetivo principal
responsabilidade de produção do produto reciclado, tratamento em
estendido e locais de tratamento larga escala

Conceito básico Resíduo Recurso (reciclável/natural)

Fonte: adaptado de Defra (2009)


É importante utilizar um conjunto de padrões para a construção sustentável,
incorporando práticas para a gestão efetiva de resíduos nas atividades de construção.
Os projetos de construção tornam-se mais adequados quando aderem a requerimentos
sustentáveis.

Entre estas redes, temos, para construção e desenvolvimento sustentáveis, o sistema


de avaliação inglês, Building Research Establishment’s Environmental Assessment
Method (BREEAM), o Green Mark em Cingapura, o Green Star na Austrália e muitos
outros.

Recursos sustentáveis e gestão de resíduos são destacados em todas essas redes,


encorajando a adoção de uma forma de planejamento de gestão de resíduos sólidos de
construção para guiar o processo desde o design até a desativação do desenvolvimento.

Em muitos países, esses sistemas são voluntários. Entretanto, no fim da década de


2000, tornou-se obrigatório para projetos britânicos de alto valor, conforme dados do
Building Research Establishment (BRE, 2009). Essa abordagem é hoje apoiada e
incentivada com foco em conscientização e distribuição de informação para designers,
engenheiros, construtores e outros profissionais da indústria de construção.

Tipicamente, esse tipo de planejamento requer informação básica sobre o tipo, escala e
valor do projeto, identificação dos responsáveis envolvidos nos estágios do projeto
(empreiteira principal, engenheiro, cliente, designer, responsáveis envolvidos para a
gestão de resíduos etc.), um cronograma proposto e um programa de trabalho.

Os indicadores de performance para minimizar os resíduos e para a recuperação e


reciclagem de materiais por unidade de área, ou outros alvos relevantes devem ser
estabelecidos durante o estágio inicial. No estágio seguinte, a série de prevenção e
redução de resíduos e ações de gestão e recuperação de resíduos que serão realizadas
durante o design.
Quadro 2. Etapas do plano de gerenciamento de resíduos

Estágio do projeto Ações

Estabelecimento do
 Determinar os detalhes do projeto
projeto

Design do conceito  Documentar ações de prevenção de resíduos

Design dos detalhes  Prever os resíduos

 Especificar portadores de resíduos


 Planejar destino dos resíduos
Pré construção
 Documentar ações de gestão e recuperação dos
resíduos

 Determinar o crescimento real de atividades de

Construção redução, recuperação e gestão de resíduos


 Realizar o treinamento, monitoramento e
documentação

 Comparar atividades de gestão de resíduos reais

Pós construção contra a previsão


 Avaliar desempenho
 Sugerir melhoras para o próximo projeto
Fonte: adaptado de Begum (2009)

Estima-se que cerca de 25% de todos os resíduos sólidos municipais das grandes
cidades são provenientes da construção civil, segundo Jones (2013). Além da questão
do volume, como apontam Piasecki, Ray e Golden (2010) e Yost (2015), a natureza
tóxica de alguns desses materiais, como os adesivos e solventes, está levando a um
aumento na regulação do descarte de resíduos da construção civil, com algumas
autoridades banindo a construção civil de aterros e desenvolvendo locais separados para
tais materiais.

Adicionalmente, pesquisadores que examinaram a questão concluíram que a


regulamentação dos resíduos da construção civil será ainda mais rigorosa no futuro. Um
aspecto difícil da questão de resíduos da construção é que, com algumas notáveis
exceções, uns esforços coordenados para auxiliar a indústria de construção no
desenvolvimento de alternativas viáveis a aterros não são numerosos.

Governos federais, estaduais e locais não assumem um papel ativo da redução de


descarte nos aterros ou no impedimento de descartes ilegais de materiais através do
encorajamento da reciclagem e da conversão.

Uma melhor compreensão da composição dos resíduos da construção pode ser obtida
examinando suas características e classificações. Esses resíduos podem ser
classificados de acordo com suas três fontes: novas construções, reformas e demolições.
Embora os tipos de resíduos gerados nessas três áreas sejam semelhantes, as
quantidades produzidas são diferentes.

Esses resíduos podem ser classificados de acordo com suas três fontes: novas
construções, reformas e demolições. Embora os tipos de resíduos gerados nessas três
áreas sejam semelhantes, as quantidades produzidas são diferentes.

Os resíduos podem ser ainda classificados em materiais que podem ser reciclados,
resíduos perigosos ou materiais estáveis. Mas esse sistema de classificação pode não
ser tão direto e claro quanto parece. A placa de reboco, por exemplo, pode ser tanto
reciclável como potencialmente perigosa.

O perigo potencial se amplia por causa do sulfeto de hidrogênio que é produzido quando
o material se decompõe sob condições anaeróbicas, segundo Burger (2013). Isso levou
alguns países a banirem resíduos desta substância em aterros municipais, conforme
Musick (2012)
Um fator complicador para a análise dessa questão é a caracterização do resíduo. Em
algumas áreas, os resíduos de construção são caracterizados pelo peso, em outras, pelo
volume. Em ambos os esquemas de caracterização, a maior parte dos materiais tem
potencial de reciclagem, como a madeira, por exemplo.

A questão da redução e reciclagem dos resíduos da construção e demolição são


importantes por seus efeitos tanto no ambiente quanto no custo dos imóveis. Aspectos
ambientais são claros: espaço nos aterros está se tornando cada vez mais limitado;
aterros lotados poluem o ar, a terra e a água; e o descarte ilegal de resíduos tem
crescido.

Em relação aos preços dos imóveis, segundo Yost (op. cit.), construtores pagam duas
vezes mais por materiais que podem ser reciclados, mas acabam em aterros; o
pagamento é feito quando os materiais são comprados e as taxas são avaliadas quanto
os materiais são descartados. Esses custos são passados aos compradores em formas
de preços mais altos.

A principal desvantagem para a geração de grandes quantidades de resíduos está


relacionada a preocupações ambientais. Os espaços nos aterros têm se tornado mais
caros e menos disponíveis e a presença de resíduos pode, sob certas condições, resultar
na produção de gás de sulfeto de hidrogênio, que apresenta sério risco a saúde humana.

Na verdade, alguns aterros já se recusam a aceitar certos tipos de resíduos de


construção. Esses fatores mostram a importância de identificar métodos alternativos para
lidar com esses materiais.

A reciclagem parece a alternativa mais lógica. Algumas empresas atualmente processam


placas de gesso em novas instalações, mas muitas que investigaram a possibilidade
concluíram que embora tecnicamente possível, o custo baixo do gesso cru torna esse
procedimento inviável economicamente.
Uma alternativa examinada é a incineração, mas a preocupação em relação a poluição
do ar associada com essa abordagem torna-a indesejável. Um estudo de descarte de
gesso no oceano foi conduzido pelo governo canadense, e a conclusão, segundo Burger
(op. cit.), é de que devido à presença natural no oceano de materiais encontrados no
gesso, esse método de descarte poderia ser benigno ao ambiente. Contudo, o ponto de
vista analítico da sociedade acerca do descarte de resíduos sólidos no oceano limita a
utilidade dessa opção.

Uma alternativa favorável aos resíduos de construção é usá-los como emenda do solo.
Conforme Burger (op. cit.), aplicar resíduos de parede seca pulverizada ao solo teve um
efeito benéfico e não prejudicial e um impacto positivo na produção de milho.

O gesso tem uma composição de cerca de 80% de sulfato de cálcio para 20% de água;
esse cálcio e enxofre disponíveis enriquecem o solo sem a adição de metais pesados ao
ambiente.

Uma recomendação desse projeto foi de que um estudo semelhante devia ser conduzido
em uma ampla gama de tipos de solo para desenvolver uma base de dados sobre os
efeitos dos resíduos em diferentes solos.

De modo geral, descrevem-se os passos principais e fundamentais de gestão de


resíduos da mesma forma, independente de qual seja a sua proveniência ou a natureza.
Especial em países em desenvolvimento, o mau aproveitamento e gerenciamento de
resíduos prejudica sensivelmente o meio ambiente e, em sentido amplo, a qualidade de
vida de todas as pessoas.

É lícito, contudo, notar que nem todos os resíduos sólidos passam necessariamente
pelos mesmos passos. Embora muitos métodos de tratamento e descarte demandem
coleta dos resíduos, como no caso da construção civil, é possível perceber-se o descarte
irresponsável de resíduos em locais abertos, muitas vezes queimando-os,
impossibilitando a coleta, no caso de resíduos domésticos.
O modo de gerenciamento também está contemplado pela demonstração, elencando o
simples descarte, o uso de aterros, a incineração dos resíduos, o tratamento biológico e,
por fim, a reciclagem.

A figura abaixo demonstra o ciclo de produção e destino dos resíduos nos mais diversos
campos da existência: proveniente de residências da zona rural e da zona urbana,
colégios, prédios e edificações comerciais, instituições comerciais e governamentais,
minas de exploração e, é claro, indústrias e processos construtivos.

O modo de gerenciamento também está contemplado pela demonstração, elencando o


simples descarte, o uso de aterros, a incineração dos resíduos, o tratamento biológico e,
por fim, a reciclagem.

Figura 1: Produção, evolução e tratamentos possíveis dados aos resíduos

Fonte: Burger (2013).


A vida dos resíduos consiste em muitos passos. O primeiro é, sem dúvida, a geração.
Assim que o resíduo é gerado, é necessário lidar com ele de algum modo. A figura acima
sumariza os diferentes passos de gestão de resíduos.

A coleta de resíduos é o primeiro passo para a gestão. A eficiência é geralmente baixa


em países em desenvolvimento, como o Brasil, na maioria dos quais somente os
resíduos de áreas urbanas é coletado. Áreas rurais raramente são incluídas em qualquer
esquema de coleta e os gerenciamentos especializados, como o da construção civil,
ainda não estão amplamente aceitos.

Entretanto, isso não exclui as possibilidades de coletas alternativas em pequena escala.


Os métodos de coleta variam de um local para outro. Alguns exemplos são:

(a) coleta de casa a casa: o resíduo é coletado diretamente de casas individuais;

(b) coletas comunitárias: os geradores de resíduos organizam um ponto de coleta na


vizinhança. O resíduo sólido é então coletado municipalmente de acordo com uma
agenda;

(c) coleta na calçada: em dias específicos definidos por autoridades locais o resíduo
sólido é coletado na vizinhança. Os indivíduos que vivem no local dispõem os resíduos
diretamente do lado de fora de suas casas.

Inicialmente, sobre as compreensões de Ruben et al. (1996) e pontuando indicadores


teóricos a respeito da inter-relação de teorias de gestão de processos ligadas a ciência
da Administração e ainda relacionadas com demais conceitos já apresentados a respeito
da gestão de resíduos, tem-se:

O aumento da importância, ou a “descoberta” dos resíduos não se dá num processo


dissociado do sociohistórico. É mister lembrar que é num contexto de pós-modernidade
que a crise do paradigma fundador da teoria das organizações se apresenta e se amplia.
A produção teórica, em qualquer campo, é também um empreendimento social, portanto
sujeito aos cenários político e histórico das sociedades que a promovem.

Destaca-se que não é uma perspectiva fácil a de desenvolver as correlações existentes


entre as teorias gerais e mais essenciais da administração para com os pressupostos
necessários ao gerenciamento de resíduos sólidos.

A exemplo, tem-se o fato de que a teoria da abordagem da administração pública explica,


essencialmente, que existem relações e articulações necessárias que devem ser
estabelecidas entre o poder público e a sociedade para a efetivação pratica e real do
gerenciamento dos resíduos sólidos em meio a toda sociedade (RIBEIRO, PEREIRA,
2014).

Ademais, em conformidade com as perspectivas pontuadas por Pereira e Silva (2014),


é necessário destacar que cada uma das teorias clássicas da administração possui
características que condizem, diretamente, mesmo que não de maneira premeditada,
com a busca pelo desenvolvimento sustentável, a saber é necessário pontuar e
depreender, a exemplo, que:

>> Teoria Clássica da Administração, desenvolvida por Fayol: destaca-se que esta era
baseada na preocupação com a estrutura das organizações e não as tarefas, ademais,
buscavam por prelecionar direções a respeito da busca da ordem e da disciplina em meio
à organização, sendo esta perspectiva essenciais para o desenvolvimento sustentável,
sobretudo, quando esta perspectiva se encontre aplicada sobre o gerenciamento de
resíduos sólidos;

>> Processos referentes à Organização Racional do Trabalho, desenvolvida por Taylor:


visava, essencialmente, a melhoria da eficiência na execução das tarefas
organizacionais, a correlação possível desta teoria com os pressupostos inerentes à
gestão dos recursos sólidos de organizações de diversos tipos, se coloca sobre suas
características essenciais, como por exemplo: a supervisão (todas as tarefas deveriam,
necessariamente, ser supervisionadas); a padronização (deveria haver padrão em todas
as áreas organizacionais e sobre todas e cada uma das atividades a serem
desenvolvidas); melhores condições do local de trabalho (diz respeito à dimensão social
necessária em meio aos pressupostos de sustentabilidade), dentre outros
dimensionamentos possíveis.

Ademais, ainda é imprescindível e necessário desenvolver o entendimento de que o


gerenciamento de resíduos sólidos em meio à construção civil é diretamente
correlacionado com os chamados sistemas de qualidade, a exemplo do selo ISO 14000.

Assim, em conformidade com De Cicco (1994), cabe destacar que ISO 1400 constitui-se
enquanto sendo uma série de normas que determinam as diretrizes essenciais e
garantidoras de que uma determinada empresa (pública ou privada) pratique a gestão
ambiental sobre o dimensionamento dos cuidados com o gerenciamento da produção,
tratamento e descarte de resíduos sólidos.

Além disso, objetiva-se dimensionar que as anteriormente referidas normas são


conhecidas pelo Sistema de Gestão Ambiental (SGA), sendo este definido e disseminado
como prática necessária às organizações pela ISO (International Organization for
Standardization) (DE CICCO, 1994).

Desta maneira, compreende-se que as organizações da atualidade buscam, cada vez


mais, por adotar o SGA e, com base nesta perspectiva, Mazzer e Cavalcanti (2004)
determinam que o referido sistema é de extrema importância pois permite que a empresa
adotante possa controlar de forma permanente os efeitos ambientais de todo o seu
processo de produção, desde a escolha da matéria-prima até o destino final do produto
e dos resíduos líquidos, sólidos e gasosos, levando-a, assim, a operar da maneira mais
sustentável possível.

3.1 DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

Em 1972, mais de cem nações participaram da Conferência da Organização das Nações


Unidas – ONU – sobre o Meio Ambiente, que ocorreu na capital sueca Estocolmo.
Tratava-se do começo dos esforços coletivos e internacionais para lidar com os
problemas ambientais que são agravados pelas atitudes combinadas e individuais de
cada nação.

A partir daí, conforme Ferreira (2008), assuntos como o impacto da ação humana no
ambiente, o crescimento demográfico e o progresso social e econômico dos países em
desenvolvimento entraram em pauta, tornando-se matérias da primeira ordem.

Associado a elas, debateu-se extensivamente sobre a ajuda a estes países por parte das
nações já desenvolvidas, o papel do Governo na garantia do progresso social e
econômico de sua jurisdição sem que para este intento ser concretizado seja preciso
afetar o ambiente.

Por fim, outro assunto vastamente tocado foi a contribuição que a tecnologia e a
educação possuem para contornar os danos ao meio ambiente.

Neste sentido, emerge o conceito de desenvolvimento sustentável.

Entrecruzando e integrando-o à engenharia civil, notam-se de imediato três formas


fundamentais de preocupações indispensáveis conforme o progresso segundo a autora:

 Sócio-cêntrica, isto é, que se relaciona aos desejos dos homens e aos seus
objetivos e expectativas;
 Tecno-cêntrica, que conjuga em si os sistemas técnicos e econômicos e as
capacidades profissionais requeridas dos engenheiros e sua progressiva
evolução;
 Eco-cêntrica, isto é, as atividades precisam ser sustentáveis de modo a
continuar viabilizando que o mundo “sustente” a vida, as coisas e os
acontecimentos. Neste sentido, é preciso possibilitar a satisfação das
necessidades materiais e também energéticas combinadas a um
gerenciamento, planejamento estratégico e controle individual dos Estados
em relação a problemas de emissões de gases e geração de resíduos.
O desenvolvimento sustentável constitui um processo em que os eixos socioeconômicos
e tecnocêntrico estão subordinados ao eco-cêntrico, em outras palavras, de modo que o
mundo possa sustentar.

As inovações tecnológicas, segundo Trigueiro (2013), não podem ser utilizadas como se
não implicassem em afetações mediatas no meio ambiente ou na sociedade.
Costumeiramente os engenheiros civis são responsáveis pelo processo de tomada de
decisões acerca da utilização de recursos materiais, hídricos, energéticos e
infraestruturais.

Precisam, assim, segundo o autor, ser as peças principais no desenvolvimento


sustentável e, agindo em consonância ao seu dever social de cidadão, demonstrarem-
se atuantes no progresso consciente da sociedade. Uma possibilidade problemática é
que o engenheiro pode ter de enfrentar responsabilidades com seu cliente que são
contrastantes com sua responsabilidade social, gerando assim um conflito potencial.

Nestes casos, é necessário conhecer e compreender os princípios de desenvolvimento


sustentável e as possibilidades alternativas para satisfazer as necessidades do cliente
de uma maneira que não seja agressiva ao meio ambiente e às demandas
socioeconômicas da atualidade.

Apesar da conscientização progressiva aceca da importância do desenvolvimento


sustentável para a garantia de boas condições de vida para as novas gerações, ainda é
tarefa dos engenheiros designar, construir e gerir sistemas complexos ou simples com
demandas complexas. Todavia, esta conjuntura profissional encontra-se redefinida a
partir da emergência de sustentabilidade.

Trata-se, assim, de um novo princípio de integração, não de um grupo de instrumentos


que pode ser acrescentado às habilidades dos engenheiros. Para que o desenvolvimento
sustentável seja atingido devidamente, o profissional de engenharia precisa possuir uma
abrangência intelectual, teórica e pragmática muito mais ampla que o desenvolvimento
de soluções práticas para problemas técnicos.
O desafio que os engenheiros encontram em relação ao desenvolvimento sustentável é
efetivar contribuições nos seguintes sentidos:

 Minimizar os danos causados por desenvolvimentos alheios à causa


ambiental;
 Maximizar a eficácia do desempenho ambiental;
 Contribuir para uma melhoria na qualidade de vida;
 Guiar a sociedade progressivamente em direção a uma forma de vida mais
sustentável;
 Promover garantias de que os produtos, serviços e elementos infraestruturais
sustentáveis tornem-se competitivos e idealmente ultrapassem os
concorrentes tradicionais.
Tal ofício é fundamental e urgente e requer inovação, criatividade e outras competências
clássicas da engenharia ao lado da habilidade de lidar com as diversas outras áreas
envolvidas. Também exige uma nova visão da sociedade e uma aceitação natural a
adotar novos métodos de trabalhar e analisar os impactos no futuro, não apenas os
negativos como também os positivos.

Requer-se mais planejamento previamente a implantação de um projeto, pois todos os


materiais utilizados e cada procedimento efetuado precisa ser considerado à luz da
conservação hídrica, energética e de recursos em geral, objetivando a melhoria do meio
ambiente e da qualidade de vida da sociedade, com minimização da poluição e do
impacto de resíduos.

A respeito do desenvolvimento sustentável a ser aplicado em organizações sobre os


pressupostos de efetivação da chamada responsabilidade (social, econômica e
ambiental) empresarial é necessário evidenciar entendimentos sobre o chamado tripé da
sustentabilidade de John Elkington, sendo este comumente reconhecido como triple
bottom line.

Sobre o triple bottom line, os autores Daniel e Aguiar (2014) depreendem que esta
nomenclatura exemplifica um dos possíveis conceitos de sustentabilidade empresarial –
que é representado em português pelo Tripé da Sustentabilidade – onde, numa
perspectiva ilustrativa, diz-se que a sustentabilidade é a intersecção do cenário
ambiental, do social e do econômico quando as organizações claramente funcionem em
equilíbrio com base no resultado destas e, sendo assim, buscar pelo desenvolvimento
organizacional sustentável é buscar, necessariamente, pelo sucesso empresarial.

Assim, segue abaixo a ilustração do Tripé da Sustentabilidade:

Figura 2: Tripé da Sustentabilidade

Fonte: DANIEL, AGUIAR (2014).

Ainda sobre a inter-relação entre os processos e práticas referentes à sustentabilidade


e ao desenvolvimento sustentável que devem ser aplicadas empresarialmente, cabe
destacar compreensões a respeito dos chamados créditos de carbono, mais uma
possibilidade evidenciada àquelas empresas que buscarem por se desenvolver de
maneira sustentável em todas as dimensões possíveis e viáveis.

Sobre os créditos de carbono é conveniente mencionar que a partir dos anos 2000,
passou a emergir e atuar um mercado diretamente voltado para a criação de projetos
que buscassem pela redução da emissão dos gases que aceleram o processo de
aquecimento do planeta, o referido mercado trata-se do mercado de créditos de carbono
– que são, a grosso modo, certificados que autorizam o direito de poluir às nações e
organizações empresariais –, surgidos a partir do Protocolo de Quioto (PORTAL BRASIL,
2012).

O referido direito de poluir, segundo Campos e Melo (2008), se dá em função do


chamado Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL) promulgado pelo referido
Protocolo, e que prevê a redução certificada das emissões, desta feita, uma vez que for
conquistada tal certificação, aqueles que promovem a redução da emissão de gases
poluentes passam a possuir direito a créditos de carbono e podem comercializá-los com
outros países que possuem metas (de redução da emissões) a cumprir, assim, ainda é
necessário dimensionar que “cada tonelada de CO2e (gás carbônico equivalente) não
emitida ou retirada da atmosfera por um país em desenvolvimento pode ser negociada
no mercado mundial” (PORTAL BRASIL, 2016).

E, assim, por intermédio do referido mercado criou-se uma política de compensações


entre os países que assinaram o Protocolo de Quioto, desta maneira, estratificou-se que
os países desenvolvidos deveriam reduzir, entre 2008 e 2012, suas emissões de Gases
de Efeito Estufa (GEE) em pelos menos 5,2%, sobretudo, por meio de suas
organizações, porém, com o andamento de tal “movimento” do mercado de créditos de
carbono passou a se disseminar para demais países nas organizações que ficaram
interessadas com as referidas compensações e os pedidos de cortes de emissões se
tornaram cada vez maiores (IPAM AMAZÔNIA, 2016).

3.2 DESAFIOS PARA A CONSTRUÇÃO CIVIL

É necessário perceber que as cidades, não somente das regiões metropolitanas como
também diversas do interior, vêm passando por um grande crescimento, na maior parte
das vezes sem a regulamentação exigida pela legislação, falhando, portanto, em
planejamentos estratégicos para, entre outros objetivos, proteger o meio ambiente dos
danos causados pela engenharia civil e pelo aumento demográfico.

Diversas vezes, regiões não são contempladas por investimentos públicos em


infraestrutura adequada, fazendo com que, embora haja grande valorização e
urbanização, com uma representativa alta nos preços proveniente da especulação, a
região não apresente boa estrutura compatível com os avanços, conveniente aos
moradores cada vez mais numerosos. Este foi o caso, por exemplo, do bairro de
Jacarepaguá, no Rio de Janeiro, que desde o Plano Lúcio Costa do fim dos anos 60 viu
um grande aumento na construção civil e investimentos em infraestrutura.

Porém, os problemas não são exclusivos das implicações sociais e infraestruturais da


construção civil: existem uma série de sistemas inadequados ou até mesmo inexistente,
como esgoto, água e ocupação não planejada das encostas e morros, sofrendo chuvas
intensas e transbordamento dos rios. Desta forma, as regiões sofrem danos vindos de
muitos lados das ações humanas.

Este processo de urbanização fez com que o país já tenha tido a maioria de sua
população vivendo em zonas urbanas desde o virar do milênio, segundo o Ministério das
Cidades (2013), mudando o panorama paisagístico dos estados.

Segundo lembra Cerqueira (2007), diversas regiões passam por degradação em seu
meio ambiente, recursos naturais, rios, lagos, mares e oceanos e poluição após a
intensificação da construção civil, bem como outros processos construtivos, alterando
inclusive a qualidade de vida dos residentes da região no que tange ao consumo de água
e a outros pontos fundamentais da vida humana.

Ao lado desta falha de planejamento, tais regiões encontram-se em situações


problemáticas de investimento em indústria, comércios e construção civil, além de falta
de gestão adequada de recursos socioeconômicos.

Sobre isto, conforme Almeida (2007, p. 136) comenta sobre um caso específico em
Sepetiba, no Rio de Janeiro, diversas são as consequências do desenvolvimento das
indústrias e da construção civil sem planejamento:

Com o desenvolvimento industrial e adensamento dos núcleos urbanos, a Baía de


Sepetiba tornou-se o segundo principal corpo receptor de efluentes industriais do Estado,
já que nela encontramos as mais importantes fontes poluidoras: uma indústria
beneficiadora de zinco, uma siderúrgica de grande porte, dezenas de pequenas
metalúrgicas, uma usina termoelétrica, um grande aterro sanitário, esgoto urbano não
tratado, além de atividades portuárias.

Desde a fundação do Porto de Sepetiba, esta região passou a ser mais intensamente
habitada, alastrando-se o comércio, a oferta de serviços e indústrias, com centenas
sendo instaladas se na região e em funcionamento na virada do milênio, exigindo
constantes recursos construtivos.

Naturalmente, isto trouxe também a intensificação da construção civil, englobando assim


desmatamentos e falta de investimento de recursos no que diz respeito ao sistema de
esgoto adequado (como exemplo, veja-se que a fossa séptica estava em uso na maior
parte das residências ainda na década de 90, oferecendo perigo à preservação ambiental
e à saúde humana).

Teoricamente, é necessário entender que existem diversas possibilidades de unir


elementos animados e inanimados, formando o ecossistema segundo entende
Schumacher (2007), desde que estejam em condição de equilíbrio.

É importante notar que o ecossistema é composto de rios, lagos, oceanos e outros


recursos hídricos, ao lado de recursos terrestres como as florestas. Indispensável para
a manutenção adequada da vida, os ecossistemas consistem atualmente em uma
questão de grande interesse da gestão pública, sendo, portanto, um dos mais amplos
desafios para efetuar o desenvolvimento sustentável, particularmente no que tange à
construção civil.

Assim, transcende o interesse exclusivamente científico, atingindo também questões


interdisciplinares que dizem respeito à proteção ambiental e à preocupação com o
ecossistema, tomando assim uma implicação social, acadêmica e científica relativa a
diversas áreas do conhecimento.
Criam-se, então, leis e decretos para regulamentar a atividade, servindo de base para o
entendimento ao lado do aspecto científico e acadêmico.

A Comissão Mundial sobre o Meio Ambiente (1991) enfatiza a urgência de se proteger


os animais, plantas e outros seres vivos ao lado dos recursos inanimados do
ecossistema, desde os anos 90, estando presentes, portanto em sua pauta políticas
públicas.

Assim, o problema da sustentabilidade no que se refere à construção civil não se baseia


apenas em problemas técnicos, mas que interagem diretamente com outras áreas e com
a sociedade como um todo, segundo a interdisciplinaridade observada por Stake (2011,
p.9):

Para ser sustentável, o desenvolvimento precisa levar em consideração fatores sociais,


ecológicos, assim como econômicos; as bases dos recursos vivos e não vivos; as
vantagens e desvantagens de ações; alternativas a longo e curto prazos.

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Com este trabalho, foi propiciado à corporação uma nova forma de encarar seus
processos construtivos, no que se refere ao gerenciamento de resíduos sólidos da
construção civil. Considerando que muitas vezes as empresas não apresentam uma
estratégia de minimização de resíduos, é aconselhável a implementação de políticas de
reaproveitamento.

As empresas poderiam usufruir da mobilização de seus colaboradores, oferecendo


melhorias não apenas ao meio ambiente, como à sociedade como um todo, a partir de
seus âmbitos econômico e social. O reaproveitamento dos resíduos apresenta benefícios
diretos e indiretos ao meio ambiente.

Seria benéfico a comercialização dos resíduos como forma, inclusive, de trazer


benefícios aos colaboradores, que estariam mais inclinados a assumir estas novas
exigências da atualidade, reciclando, reaproveitando e exercendo seu papel integrado à
sociedade.

Deveria haver uma série de ações conjuntas para conscientizar os colaboradores,


incluindo palestras, treinamentos e cursos de atualização, participação e/ou
(co)organização de eventos etc.

A utilização destas estratégias alternativas de gestão ambientalmente consciente será


benéfica em diversos sentidos para as construtoras: em primeiro lugar, poderá fortalecer
a corporação frente à concorrência, sendo reconhecida em seu poder de
autossuficiência; em segundo, haverá contribuição para o recebimento de certificados de
qualidade; em terceiro, no âmbito econômico e financeiro, haverá economia a partir da
redução de material de construção total que será comprado.

5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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YOST, Peter. “Residential Construction Waste: From Disposal to Management,”


In: Blueprint, setembro: cover-19. 2015. [Tradução Livre].

[1] Graduando em Engenharia Civil. Centro Universitário do Norte UNINORTE (2018)


[2] Possui Mestrado Profissionalizante em Engenharia da Produção(UFAM), Possui
Graduação em Engenharia Civil (LAUREATE INTERNATIONAL
UNIVERSITIES/UNINORTE), Possui Licenciatura Plena em Matemática (MINISTÉRIO
DA DEFESA/CIESA).Atualmente é Doutorando em Educação pela Universidad
Columbia del Paraguay (UCP) e Especialização em Engenharia de Segurança do
Trabalho pela (LAUREATE INTERNATIONAL UNIVERSITIES/UNINORTE)

Recebido: Setembro, 2018

Aprovado: Setembro , 2018

https://www.nucleodoconhecimento.com.br/engenharia-de-producao/gestao-de-
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emaileengenhariadeproducao&utm_medium=email&utm_term=0_46b111d058-3f7aebfee1-
157094229

15.10.2018

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