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Ivaiporã,
Agosto de 2018
1 – HITÓRIA E CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA
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https://cidades.ibge.gov.br/brasil/sp/jundiai/historico
As melhorias urbanas foram chegando aos poucos. Em 1881 veio o
abastecimento de água, já no início do século seguinte chegaram a energia elétrica
(1905) e o telefone (1916). Graças à sua localização estratégica em relação às vias
de circulação o processo de industrialização de Jundiaí se acelerou:
Sr Roberto Losque, proprietário da Chácara São Vicente (Vale das Frutas) e representante da 3ª
geração de italianos em São Paulo.
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https://www.circuitodasfrutas.com.br/municipios/jundiai
Segundo o Sr Roberto Losque, o Governo, percebendo que havia demanda
para o produto, importou 400 variedades de uvas americanas. Dentre elas vieram a
niágara branca e a isabel preta. De uma mutação provavelmente provocada por
abelhas nasceu a variedade niágara rosada, em um gralho de uma videira na
propriedade da família Carbonari. A partir daí o agricultor teria feito o enxerto e a
propagação da uva.
Hoje a uva mais consumida do Brasil, nascida em Jundiaí, a niágara rosada
rendeu a Jundiaí a denominação de “terra da uva”. Para tentar estimular ainda
mais os produtores, foi criada a Festa da Uva em 1934, idealizada por Antenor
Soares Gandra, com o apoio da Associação Agrícola de Jundiaí e Prefeitura. Com o
crescimento da produção de uva no município e nos arredores, outros cultivos de
frutas começaram a despontar, como: morango, pêssego, caqui, acerola, figo roxo e
goiaba.
Devido à excelente localização do município de Jundiaí, integrante da
Macrometrópole Paulista num espaço intermediário entre as Regiões
Metropolitanas de São Paulo, Campinas e o Aglomerado Urbano de Sorocaba, o
município experimentou um intenso processo de urbanização acompanhando a
tendência em nível nacional, especialmente no tocante às cidades médias. A
possibilidade de obtenção de rendas fundiárias diferencias em função da
localização faz do município de Jundiaí um espaço propício a especulação
imobiliária. O preço das terras reflete, em parte, a renda fundiária capitalizada.
Segundo dados do Censo Demográfico do IBGE de 2010 o município possui uma
taxa de urbanização de 95,70%.
Figura 1: Delimitação da Macrometrópole Paulista.
Fonte: FANELLI, Adriana Fornari Del Monte; SANTOS JUNIOR, Wilson Ribeiro dos. O Aglomerado
Urbano de Jundiaí (SP) e os desafios para a mobilidade metropolitana paulista. Cadernos
Metrópole., [S.l.], v. 15, n. 30, p. 461-487, dez. 2013. ISSN 2236-9996. Disponível em:
<https://revistas.pucsp.br/index.php/metropole/article/view/17491/13010>. Acesso em: 10 jul.
2018. doi:http://dx.doi.org/10.1590/17491.
Fonte: FANELLI, Adriana Fornari Del Monte; SANTOS JÚNIOR, Wilson Ribeiro dos. Jundiaí (SP):
transformações recentes na paisagem urbana. Paisagem e Ambiente, São Paulo, n. 33, p. 109-126,
june 2014. ISSN 2359-5361. Disponível em:
<http://www.revistas.usp.br/paam/article/view/90327>. Acesso em: 10 july 2018.
doi:http://dx.doi.org/10.11606/issn.2359-5361.v0i33p109-126.
Esse processo de aumento do preço das terras em função da pressão
imobiliária levou alguns agricultores a venderem as suas terras e se ocuparem de
outros negócios. Ao longo da sua exposição, o Sr Roberto Losque apontava a
presença da malha urbana nos arredores da sua chácara, situada à Rua Ordival
Righi, 880 – Corrupira. As imagens a seguir, que mostram uma tomada aérea da
Chácara São Vicente, foram retiradas do Google Maps e editadas por Matheus
Sampaio, um dos organizadores da disciplina.
Fonte: https://turismo.jundiai.sp.gov.br/atrativos/fazendas/sitio-sao-vicente/
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Segundo o Sr Roberto já está em desenvolvimento uma terceira poda da uva.
Figura 6: Processo de embalagem de siriguelas e câmara fria (ao fundo).
Fonte: Autor.
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Fonte: Autor.
Nas demais áreas do terreno destinadas a produção a organização é feita de
modo a permitir ganhos de produtividade, seja pela via da mecanização, seja pela
facilitação das atividades dos trabalhadores. O arruamento e o sistema de
condução via espaldeiras foram pensados para permitir o trabalho com máquinas,
bem como para facilitar o processo de colheita. Segundo o Sr Roberto:
Fonte: Autor.
Figura 9: Sistema de condução por espaldeiras e cobertura contra granizo.
Fonte: Autor.
Em relação ao manejo do solo o agricultor afirma que não existe solo ruim,
existe solo mal trabalhado. A adubação dos solos da sua propriedade é feira com o
que nasce da terra com a roçada. “Construímos nosso solo com palhada. Há 10
anos não uso adubação química. Retém chuva, ajuda na biodiversidade do solo.
Reduz a insolação. Assim você tem um solo melhor. Antes de ser produtor de fruta
eu sou produtor de solo de qualidade.”
“Em uma palavra, pode-se dizer que a década de 1990 iniciou-se sob a
marca da entrada da agricultura familiar no vocabulário científico,
enquanto a presente década iniciou-se com uma reavaliação do
significado do desenvolvimento rural. Reavaliação que aparece sob a
forma do debate acerca das relações entre o rural e o urbano e da
introdução da abordagem das dinâmicas territoriais nos processos de
desenvolvimento, e que revela uma profícua agenda de pesquisas, cujo
devido tratamento tem ainda um largo caminho pela frente. Na
passagem de um tema a outro há uma espécie de continuum, que é
dado pelo lugar que as formas familiares de produção ocupam ou
podem ocupar na configuração dessas dinâmicas. Como já foi dito,
os trabalhos de Veiga e Abramovay são marcos simplesmente
incontornáveis para ambos os debates”. Favaretto (2007, p. 18)
Segundo Abramovay (2007), no curso que a história teve nos países centrais, a
base individual da agricultura familiar tem existência coletiva. Sua criação e o seu
impulso foi fruto da ação deliberada do Estado, por uma questão clara: nesses países a
agricultura familiar foi tratada como política de estado decisiva no rebaixamento dos
preços alimentares, possibilitando a liberação do poder aquisitivo dos trabalhadores
urbanos e a formação de um mercado de consumo de massa para os novos produtos
industriais que surgiam, lançando as condições para um regime intensivo de acumulação
fordista. Segundo o autor, esse paradoxo é o cerne do processo de modernização da
agricultura capitalista nos países centrais, é a sua característica central:
Por essa razão, por não esta inteiramente subordinada aos ditames do mercado,
as políticas públicas para a agricultura capitalista nos países centrais pode incorporar
elementos que não são exclusivamente econômicos, como a preocupação com a
preservação ambiental, as migrações campo-cidade, a preservação do patrimônio
histórico, cultural e paisagístico, entre outras questões, e não meramente focar nos
volumes e nos gêneros produzidos. Ou seja: a agricultura deixa de ser vista como setor,
com foco na sua integração a cadeias produtivas, e o meio rural passa a ser encarado
como espaço, como território, como bem público.
Provavelmente, este “novo rural” vem aparecendo por pressão do mercado e não
é iniciativa das famílias rurais. Mas como será este novo arranjo do espaço rural pós-
mudanças mencionadas? Como o território absorverá as novas relações entre as pessoas
e os empreendimentos, visto que abraça uma sociedade organizada com vínculos e
raízes históricas? (ABRAMOVAY, 2003).
A visita de campo na chácara São Vicente nos fizeram pensar essas questões e
como a forma de gestão bem sucedida da propriedade do Sr Roberto Losque é uma
evidência a favor do incentivo à pequena propriedade, pela sua capacidade de empregar
mão de obra, produzir solo e água, preservar biodiversidade, garantir a produção de
alimentos saudáveis e equilibrar os níveis de desenvolvimento das regiões brasileiras.
Fonte: Autor.
Figura 12: Vista Panorâmica da Propriedade.
Fonte: Autor.
VI – BIBLIOGRAFIA