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ARMAZÉM LITERÁRIO > O jornalismo como ponto de partida

Como criar leitores?


Por Mario Augusto Villas Boas em 12/01/2016 na edição 885
Má Conduta, de Matheus Lara, Arte Editora, 152 pp., R$ 35,00

Meu interesse por literatura começou quando li, por indicação de uma professora, um livro da
Agatha Christie. A narrativa eletrizante, o suspense, o mistério… Os elementos que me
prenderam ao livro são os que me motivaram a ir atrás de novas obras escritas. “Quero mais
histórias assim”, devo ter pensado. Era muito novo e não tenho uma lembrança exata daquele
sentimento. A verdade é que, depois de Agatha Christie, conheci Edgar Allan Poe e tudo foi
ficando ainda mais convidativo. Entre autores brasileiros, fui logo fisgado pelos livros
modernistas. Conheci a literatura brasileira na escola, mas logo que saí dela mantive minha
curiosidade, meu respeito e meu interesse pelos bons autores nacionais.

Má Conduta, recém-lançado pela Arte Editora, do autor


nacional Matheus Lara, tem potencial para criar leitores.
Uma linguagem simples – direto ao ponto (no que parece
ser uma herança da formação do autor, no jornalismo) se
mescla à narrativa visceral de seus seis contos do livro.
Assim como Agatha Christie, Matheus Lara narra as
histórias de forma eletrizante, traz elementos de suspense,
grandes viradas no tempo, flashbacks e uma pitada de
mistério. Ao leitor, gratas surpresas ao final da maioria dos
contos – e o sentimento de “quero mais” ao final do livro.

Que vivemos num país ágrafo e pouco letrado, não temos


dúvida. Mas nos traz otimismo ler Má Conduta e perceber o
potencial que o livro tem de deixar as pessoas ainda mais
curiosas por histórias como as narradas no livro. A
intenção do autor pode não ter sido exatamente essa – criar
leitores –, mas o faz sem querer e, de quebra, cria um Capa do livro Má Conduta / Foto
público próprio: bom para o autor, bom para os leitores. divulgação editora Arte

O autor surge como uma grande promessa para a literatura brasileira dos próximos anos. Má
Conduta, publicado de forma independente, vem sendo elogiado e tem potencial de boas vendas.
A distribuição limitada vem sendo compensada por um contato direto e honesto pela página do
Facebook – eu mesmo comprei o livro diretamente com o autor, pela página). Este é o segundo
livro do autor, que esteve entre os premiados no Festival Clube de Autores de Literatura
Contemporânea, em 2013, por seu romance A flor que não é sua, publicado em 2012.

Má Conduta é uma grande obra de estreia no gênero – contos. O livro não fica muito atrás de
livros de autores consagrados, como Lygia Fagundes Telles, Moacyr Scliar ou Dalton Trevisan
(paranaense, como Lara).

***

Mario Augusto Villas Boas é jornalista e crítico literário

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