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1 - Objetivos
4- Bibliografia complementar
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1. AVALIAÇÃO DA APRENDIZAGEM DO ALUNO COM DEFICIÊNCIA.
Dessa forma, é possível descobrir quais são suas habilidades e dificuldades e definir se os
instrumentos que usados estão de acordo com as respostas que o aluno pode dar.
Não esqueça de considerar as aquisições do aluno e o quanto ele conseguiu avançar nas
disciplinas: verifique como ele lida com cálculos, desenho e escrita, por exemplo. A produção
escolar, cadernos e exercícios também devem ser levados em conta.
Sabemos que existe preconceito quanto ao deficiente, seja qual for o problema ou o grau de
deficiência apresentado. É longa a história de sua marginalização em nossa cultura.
Felizmente, hoje, tenta-se minimizar os efeitos de tantos anos de exclusão. Alguma
evolução se percebe a partir da compreensão do que é a "deficiência". Substituir "deficiente"
por "especial" modifica um pouco a situação da criança, pois altera a nossa atitude quando
compreendemos que existem necessidades especiais. Pensando assim, a criança portadora
de necessidades especiais em uma sala de aula normal tem a chance de se sentir
reconhecida. Um reconhecimento que humaniza.
Há quinze anos, quando ainda não se ouvia falar na pedagogia da inclusão, tive a
oportunidade de iniciar minha atividade como psicóloga na Escola Carlos Saloni, em São
José dos Campos. Nesse período, com total apoio da Direção da escola, sem o qual nada
teria sido possível, fui, aos poucos, introduzindo, nas salas de aula, crianças com algum tipo
de deficiência. No início, esbarramos no preconceito de alguns pais, mas com o irrestrito
apoio dos professores, que se esforçaram em compreender a criança especial e buscaram
respostas e métodos para poder dar o melhor de si, conseguimos bons resultados e isso
nos encorajou a abrir espaço para outras crianças, com os mais diferentes problemas.
Para citar como exemplo, tínhamos desde uma disfunção neurológica leve, até paralisia
cerebral com grave comprometimento motor. Cada uma dessas crianças, na particularidade
da sua deficiência, nos ensinou muito. Melhoramos como profissionais e como seres
humanos. Por isso afirmo que a diferença só acrescenta. A criança especial na escola
modificou toda uma conduta que se projetou nos alunos. A solidariedade entre eles foi o que
mais nos chamou a atenção. Ofereciam-se para ajudar, para empurrar a cadeira de rodas,
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para acompanhar ao banheiro e chegavam a fazer revezamento na hora de auxiliar o colega
a copiar as tarefas do quadro negro. Até hoje é assim. Todo esse trabalho foi desenvolvido
aos poucos. Não existe fórmula ou receita para isso. Aprendemos a fazer, fazendo.
Costumamos trabalhar com o apoio dos profissionais que acompanham essas crianças, em
geral, da área de reabilitação, como a terapia ocupacional, a fonoaudiologia, a fisioterapia e
a neurologia. O trabalho conjunto com esses terapeutas foi e é de primordial importância
para a compreensão da limitação de cada aluno e para sabermos até onde podemos ir,
sempre adequando nossa intervenção pedagógica. A escola, nesse aspecto, é também
terapêutica. Outro ponto delicado é o atendimento aos pais. Toda família com uma criança
especial desenvolve uma dinâmica particular. Em geral, eles chegam até nós, para a
entrevista, receosos, preocupados e ansiosos, pois temem a discriminação. Quando a
família se sente apoiada pela escola, esse sentimento se reflete também sobre a criança,
criando um clima favorável ao trabalho. Os pais precisam se sentir tão incluídos quanto seus
filhos.
Este novo olhar da escola implica na busca de alternativas que garantam o acesso e a
permanência de todas as crianças e adolescentes no seu interior. Assim, o que se deseja é
a construção de uma sociedade inclusiva compromissada com as minorias, cujo grupo inclui
os portadores de necessidades educacionais especiais. O espaço escolar, hoje, tem de ser
visto como espaço de todos e para todos.
Este tema foi escolhido porque muito se falam, discutem sobre a educação inclusiva; e
a Proposta de Educação Inclusiva (1996) recomenda que todos os indivíduos com
necessidades especiais sejam matriculados em turma regular, baseando-se no princípio de
educação para todos.
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Dessa forma, pretendeu-se enfatizar a educação inclusiva, e a problemática sobre os
alunos com necessidades especiais dentro do contexto social da escola, verificando a atual
realidade, fazendo um paralelo entre a teoria e a prática, isto é, a legislação vigente, os
referenciais teóricos e o cotidiano dos alunos inclusos no ensino regular.
2 Desenvolvimento
A escola inclusiva com equidade é um desafio que implica e rever alguns aspectos,
que envolvem desde o setor administrativo até o pedagógico. As Unidades Escolares de
Ensino Regular devem oferecer vagas e matricular todos os alunos, organizando-se para o
atendimento com equidade aos educandos com necessidades educacionais especiais e
assegurar-lhes condições necessárias para a permanência e aprendizagem.
Assim, o trabalho com a educação inclusiva nas Unidades Escolares tem que ser
direcionado a partir do seu contexto real, analisando as condições em que a escola recebe
os alunos com necessidades especiais e como assegura aprendizagem, possibilitando a
integração entre educação regular e especial.
Ainda nos dias atuais a inclusão é vista como um desafio, causando angústias e
expectativas em grande parte dos profissionais da educação. Porém, mais amenas que em
tempos passados, pelo fato de que, ao ser devidamente aceita pela escola, desencadeia um
compromisso com as práticas pedagógicas que favorecem todos os alunos, ou seja, uma
verdadeira mudança na concepção de ensino, visando uma aprendizagem significativa,
inclusiva e de qualidade.
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Não há mais sentido em preservar modelos de ensino tradicional, desrespeitar as
diferenças, mantendo uma escola excludente. O artigo 208 Constituição Federal, § 1º reza
que “O acesso ao ensino obrigatório e gratuito é direito público e subjetivo”. Ainda no artigo
208 descreve que o atendimento educacional especializado aos portadores de deficiência,
deve ser preferencialmente na rede regular de ensino.
E já no século XXI, a escola que se tem, que se precisa é aquele que tem
compromisso com a formação integral do cidadão, de um cidadão crítico, participativo e
criativo, que atenda as demandas e a competitividade do mundo atual, com as rápidas e
complexas mudanças da sociedade moderna. Assim, a educação escolar no exercício da
cidadania implica na efetiva participação da pessoa na vida social, cabendo-lhe o respeito e
a solidariedade, poupada a sua dignidade, a igualdade de direitos e repelido quaisquer
forma de discriminação.
- Colocando como eixo das escolas que toda criança é capaz de aprender;
- Garantido tempo e condições para que todos possam aprender de acordo com as
possibilidades de cada um;
Para Delours (1998), a igualdade não está em desacordo com o respeito às diferenças
entre as pessoas, mas sim na valorização na capacidade de cada ser humano em suas
realizações. Assim quando se trata de proporcionar oportunidades iguais e justas para
todos, tem-se muito ainda por fazer nas escolas para corresponder ao princípio segundo o
qual os seres humanos têm direito à dignidade, sejam quais forem as suas capacidades ou
realizações. A observância deste princípio é limitada por predisposições que nos levam a
responder situações ou a outras pessoas de modo desfavorável, tendo em vista um dado
valor. No caso da igualdade entre pessoas, as barreiras se materializam na recusa em
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reconhecer e defender este valor, por meio de comportamentos, reações, emoções e
palavras.
Segundo Machado (2001) ainda existem diretores, professores e pais que apresentam
uma certa “ignorância” em aceitar que o perfil dos alunos mudou que as crianças e
adolescentes de hoje não são mais os mesmos que tiveram acesso à escola do passado. O
preconceito é destacado quando se trata do aluno com dificuldades para aprender por ser
ou por estar deficiente, do ponto de vista intelectual, social, afetivo, emocional, físico,
cultural e outros. Existem também preconceitos de alunos de raça negra, de famílias de
religiões populares, filhos de famílias desestruturadas, de mães solteiras e pais omissos,
drogados e marginalizados.
Nesse sentido, ressalta-se que apesar da escola não ser capaz de sozinha efetuar
transformações sociais, é ela quem pode estabelecer os primeiros princípios de uma
inclusão escolar. Portanto, a escola como espaço inclusivo, deve considerar como seu
principal desafio, o sucesso de todos os alunos, sem nenhuma exceção.
A criança, como todo ser humano, é um sujeito social e histórico e faz parte de uma
organização familiar que está inserida em uma sociedade, com uma determinada cultura.
Assim, a qualidade da estimulação no lar e a interação dos pais com a criança se associam
ao desenvolvimento e a aprendizagem de crianças com necessidades educacionais
especiais
2.4 Estudo de caso com alunos com necessidades especiais no ensino regular
2.1.1 Metodologia
Após a pesquisa bibliográfica partiu-se para a parte prática através do estudo de caso,
que foi realizado em uma Unidade Escolar Pública de Ensino Regular, sendo que a
população analisada foram três alunos de inclusão do 6º ano do Ensino Fundamental –
Ciclo II, com necessidades especiais e características semelhantes, atendidos na referida
instituição. Esses alunos foram recebidos de uma escola municipal da cidade que
encaminhou as fichas individuais para a atual escola, o que facilitou as observações,
análises e acompanhamento pedagógico pela equipe escolar da atual Unidade.
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2.4.2 Estudo de Caso
Partindo da queixa apresentada pela escola, começamos a ter contato com a sala de
aula e diálogo com a professora sobre as dificuldades que enfrentava na sala de aula.
Observando a sala de aula do 6º anos do Ensino Fundamental, Ciclo II e os alunos dessa
sala, analisamos que os alunos apresentam dificuldades de atenção e concentração,
dificuldades de leitura e escrita, problemas de comportamento e até de agressividade.
Através da observação dos três alunos na sala de aula, foi possível analisar que os
mesmos são inquietos, dispersos e não demonstram interesse pelas atividades. Isso vem
acarretando problemas que geram indisciplina, afetando o bom andamento das atividades e
consequentemente o desenvolvimento e aprendizagem dos alunos.
De modo geral, a maioria das crianças dessa sala apresenta algum problema sócio-
afetivo. Pode-se constatar também um desconhecimento e negação pelas necessidades
especiais desses alunos por parte de alguns colegas da sala, que acabam se afastando e
rotulando esses alunos em estudo.
Diante da situação os alunos de inclusão ficam a maior parte do tempo sem participar
das atividades. Apenas observando, como se não fizessem parte do ambiente, tornando-se
irritados, agressivos e se negando em permanecer na sala de aula. A Lei de Diretrizes e
Bases da Educação Nacional estabelece o direito à educação para todos, e a Constituição
Federal em seu art. 206 destaca os princípios eminentemente democráticos, cujo sentido é
nortear a educação, com igualdade de condições não só para o acesso, mas também, para
a permanência na escola e a liberdade de aprender e ensinar. De acordo com a legislação
todos têm direitos de educação de qualidade, porém os alunos de inclusão, ao invés de se
sentirem iguais, estão se isolando pela falta de integração educacional, afetiva e social com
os demais alunos.
O que vem acontecendo com esses alunos é totalmente contrário ao que diz Sassaki
(1997), pois para o autor uma educação comprometida com a cidadania e com a formação
de uma sociedade democrática e não-excludente deve promover o convívio com a
diversidade, pois ela é uma característica da vida social brasileira; e para isso a escola deve
ser inclusiva, tendo como meta uma educação comprometida com todos os cidadãos,
almejando o fortalecimento de uma sociedade democrática, justa e solidária.
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Baseado em teorias e legislações referentes aos assuntos relacionados à inclusão,
começamos a observar a prática docente e o acolhimento por parte da escola. Notamos que
a professora preocupa-se muito com o conteúdo programado, conteúdo esse que não
atende todas as diversidades e necessidades dos alunos, desconsiderando a interação
entre os alunos, principalmente para os alunos de inclusão. O ambiente escolar que deve
ser acolhedor, que deve ser um espaço inclusivo, acaba se tornando um espaço de
diferenças.
Acreditando nesta interelação, não podemos tratar isoladamente cada parte deste
processo do crescimento infantil, pois o cognitivo depende do afetivo, que influi no
psicológico, que está relacionado ao psicomotor, ao físico, ao emocional. Portanto é
fundamental que haja preocupação com todos os aspectos do desenvolvimento infantil, pois
todos são igualmente importantes, e se processam simultaneamente.
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Na área cultural, constatou-se na sala de aula uma barreira entre os alunos de inclusão
com os demais alunos da sala, não socialização, e um distanciamento entre os mesmos,
que são agrupados de acordo com suas qualificações e dificuldades.
Portanto, a escola como espaço inclusivo deve considerar como seu principal desafio,
o sucesso de todos os alunos, sem nenhuma exceção.
A forma como o problema é abordado pelo autor, baseia-se naquilo a que o próprio
chama de “... uma segunda leitura de Marx." no que respeita ao problema da "Indústria em
larga escala" e a "Reconstituição de uma 'superpopulação' relativa...". (idem., ibidem.: 193)
Em 1961 neste ano foi instituída a primeira Lei de Diretrizes de Base (LDB) brasileira
(Lei n.º 4.024/61). Antes, o ensino era baseado na Reforma Capanema, pensada ainda na
Era Vargas, em 1942. A mudança tirou o latim do currículo das escolas, apesar de ainda
manter francês e inglês como línguas estrangeiras.
O sistema educacional era dividido em escola primária - com duração entre quatro e
seis anos e obrigatório para crianças a partir de sete anos - e ensino médio, com três
possibilidades, conforme a opção do aluno: clássico, normal (voltado para formação de
educadores) ou técnico (com cursos profissionalizantes). Para ingressar no ensino médio, o
aluno deveria ter 11 anos completos (ou completá-los durante o primeiro ano do curso) e
prestar um exame de admissão. Ao obter a aprovação, o aluno iniciava o ginásio, que
durava quatro anos. Após esse período, havia o colegial, com tempo de formação mínimo de
três anos e que direcionava o aluno conforme a opção dele para o ensino médio.
Dez anos após a primeira LDB, a segunda versão da lei foi promulgada no Brasil (Lei
n.º 5.692/71). A principal mudança foi a unificação da escola primária e do ginásio, que
formaram, a partir disso, o ensino de primeiro grau, com oito anos de duração. (A lei) tentou
dar uma unidade da primeira à oitava série, mas não conseguiu. As séries iniciais
continuaram a ser mais polivalentes, com um único professor dando as aulas. Depois,
continuou a ser disciplinar, analisa a vice-presidente da Associação Nacional de Pesquisa e
Pós-Graduação em Educação (ANPEd), Leda Scheibe. Para ingressar no 1º grau, a criança
deveria ter no mínimo sete anos. Já o ensino de segundo grau substituiu o colegial e tinha
duração de três ou quatro anos, conforme a habilitação.
Em 2006, a Lei n.º 11.274 estendeu o ensino fundamental para nove anos, com
matrícula obrigatória a partir dos seis anos. O prazo final para a adaptação dos
estabelecimentos de ensino era 2010.
Dois anos depois, a Lei n.º 11.769/08 instituiu o ensino obrigatório de música na
educação básica. As escolas teriam três anos para a adaptação, mas Leda ressalta a falta
de professores formados como um entrave para que a legislação seja colocada na prática.
Nesse mesmo ano, a Lei n.º 11.684/08 tornou obrigatórias as disciplinas de filosofia e
sociologia no ensino médio.
A Lei de Diretrizes e Bases (Lei 9394/96) - LDB - é a lei orgânica e geral da educação
brasileira. Como o próprio nome diz, dita as diretrizes e as bases da organização do sistema
educacional. Segundo o ex-ministro Paulo Renato Souza - que ao lado do então presidente
Fernando Henrique Cardoso sancionou a LDB que vigora até hoje - "o mais interessante da
LDB é que ela foge do que é, infelizmente o mais comum na legislação brasileira: ser muito
detalhista. A LDB não é detalhista, ela dá muita liberdade para as escolas, para os sistemas
de ensino dos municípios e dos estados, fixando normas gerais. Acho que é realmente uma
lei exemplar."
“Art. 36 . ...
§ 1º. ...
O ensino médio configura-se, portanto, como educação básica, e, como tal, vincula-
se ao mundo do trabalho e à prática social.
Essa educação geral, que permite buscar e gerar informações, usá-las para
solucionar problemas concretos na produção do conhecimento, de bens ou na gestão e
prestação de serviços, é preparação básica para o trabalho. Na verdade, qualquer
competência requerida no exercício profissional, seja ela psicomotora, sócio-afetiva ou
cognitiva, é um afinamento de competências básicas ou é o emprego destas em um
contexto específico de produção. A educação geral permite, assim, a construção de
competências que se manifestarão em habilidades básicas, técnicas ou de gestão.
Há, ainda, elementos novos nessa concepção de educação profissional, tais como:
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autoritárias não se davam apenas o nível da repressão popular. Estavam pautadas no
exercício do poder. As primeiras diretrizes definidas no Governo Castello Branco visavam a
criação de instrumentos que permitissem o estabelecimento do controle, via disciplina, de
estudantes e operários. Dois eixos foram os condutores do processo de controle. No eixo
horizontal, foi desenvolvida uma política educacional em três níveis: o da legislação o do
planejamento e o da realidade educacional. No eixo vertical, estava exatamente a definição
clara do controle dos estudantes organizados na UNE e dos operários.
• Redução da taxa de analfabetismo dos adultos, no ano 2000, para metade do nível
de 1990. O grupo de idade adequado deve ser determinado em cada país e deve-se insistir
na alfabetização feminina para modificar a frequente desigualdade entre índices de
alfabetização de homens e mulheres.
As agendas nacionais para a educação são formadas mais no nível do regime do que
no nível estrutural; as “políticas educativas”, o processo de determinar o conteúdo e o
processo da educação são poderosamente moldados e limitados pelas “políticas
educativas”, pelo processo de determinação das funções a serem desempenhadas, pela
importância do consequente provimento dos seus recursos, pelo sistema educativo como
parte de um quadro nacional regulador mais amplo. De uma forma muito crítica, neste
contexto, todos os quadros regulatórios nacionais são agora, em maior ou menor medida,
moldados e delimitados por forças supranacionais, assim como por forças político-
econômicas nacionais. E é por estas vias indireta, através da influência sobre o estado e
sobre o modo de regulação, que a globalização tem os seus mais óbvios e importantes
efeitos sobre os sistemas educativos nacionais. (DALE, 2004, p.441)
Assim foram criadas Leis da Educação na Argentina (1993), Bolívia (1994), Colômbia
(1993 e 1994), Chile (1994 /1997), México (1993) e Brasil (1996); as Comissões de tipo
acadêmico, como o comitê de Sábios na Colômbia (1994), ou do tipo intersetorial, como a
Comissão Presidencial para a Modernização da Educação no Chile (1995). Mediante essas
medidas de gestão, as autoridades de Estado convocaram diferentes setores sociais para
que participassem na discussão e compromissos com a educação pública. (CASASSUS,
2001, p. 18-19) Após a Conferência de Jomtien, a prioridade do Brasil foi assegurar o
acesso e a permanência na escola através de inúmeros programas, alterações no processo
ensino- aprendizagem, reorganizando o tempo da escola. Dentre os dispositivos legais,
fundamentais para a reforma da educação Básica destacam-se as leis 9.394/96(LDBEN) e a
lei 9.424/96 (FUNDEF), esta última voltada para o plano do financiamento. A definição e
divulgação de documentos orientadores (Parâmetros Curriculares Nacionais), a instituições
de sistemas de avaliações e os programas de formação continuada de professores, também
afetaram sensivelmente este nível de ensino.
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8. A EDUCAÇÃO NO BRASIL: AVANÇOS E PROBLEMAS
Por: NERI DE PAULA CARNEIRO
Se fizéssemos um passeio pela história da educação, no Brasil, veríamos que muito
pouco mudou desde o início até os dias de hoje. O que ocorreu foi uma sucessão de
avanços e tropeços.
Nos primeiros anos do nosso país a educação era aquela promovida pelos Jesuítas.
Alterou-se para pior com a expulsão da Companhia de Jesus, permanecendo inalterada até
a chegada da Família real, em 1808, e somente se incrementou e estruturou a partir da
década de 1960.
A preocupação dos jesuítas era a catequese dos índios e o ensino das
primeiras letras aos filhos dos colonos. A despreocupação com a escola se devia ao fato de
ser uma colônia rural em que se dependia apenas da força braçal. A escolarização era vista
como algo desnecessária, pois as atividades eram eminentemente braçais, para as quais o
saber ler e escrever consistia em um luxo, pois, pensava-se: para que um trabalhador da
roça precisa saber ler e escrever, se seu serviço é lavrar o chão. Talvez, por esse motivo,
quando a Companhia de Jesus foi expulsa do Brasil o processo escolar ficou adormecido.
Mesmo porque durante todo o período aos filhos das elites, quando isso parecia
conveniente, havia a possibilidade de estudar na Europa.
Com a chegada da família real as coisas não mudaram. A educação escolar
continuava sendo privilégio de alguns membros das elites. Com a diferença de que são
criados alguns cursos que poderiam ser considerados precursores das primeiras
faculdades. E assim se passaram os anos e chegamos ao início do século XX quando o
nível de escolarização da população brasileira ainda era baixíssimo.
Somente após a Primeira Guerra Mundial, com a chegada dos imigrantes e
o início da industrialização começou a aparecer uma maior preocupação com a escola.
Entretanto de forma mais concreta, somente a partir dos anos 60, do século XX, a partir de
movimentos populares, de mobilização sindical se concretizaram as primeiras experiências
de popularização da escola. Mas esse princípio de educação popular foi extinto com a
instalação do Governo Militar, a partir de 1964, a partir do qual foram estabelecidos os
acordos MEC-Usaid.
Durante o período militar nasceu a LDB 5.692/71 que, por muitos anos
norteou o ensino de primeiro e segundo graus, no país.
A LDB pode ser considerada, ao mesmo tempo, um avanço e um tropeço. Avanço
porque normatizou o sistema escolar nacional, que até esse momento não estava
completamente organizada. Foi um tropeço porque a escola nacional se tornou dependente
dos interesses norte-americanos, em razão dos acordos MEC-Usaid. E a proposta de
profissionalização não surtiu efeito, pois os cursos profissionalizantes não deram conta de
preparar os jovens para o mercado de trabalho. Seu efeito foi o de, por algum tempo,
diminuir a demanda por vagas nas portas das universidades.
Com o processo de abertura e redemocratização, a partir de meados da década de
1980, o sistema escolar se reorganizou e em 1996 foi publicada uma nova LDB, a qual
rege o sistema escolar brasileiro, na atualidade.
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Podemos dizer que, o grande avanço do sistema escolar brasileiro e da legislação
educacional foi a obrigatoriedade da gratuidade do ensino fundamental e médio a ser
oferecido pelos estados e municípios. A oferta e compromisso com a escolarização passou
a ser não só uma obrigação dos pais, por ser direito da criança e do jovem, como uma
obrigação e dever do Estado. Essa obrigatoriedade do Estado se manifesta como oferta de
condições de escolarização, de acesso à escola e de permanência nela. Entretanto isso
ainda não se tornou uma realidade para todos os estudantes. Nem todos têm condições de
acesso à escola e nem todos os que têm acesso permanecem nela. Além disso a escola
nos três níveis (fundamental, médio e superior), ainda não é uma expectativa e um objetivo
dos jovens em idade escolar.
Em todo esse período, talvez o que possamos apresentar como o grande
problema da educação nacional, tenha sido e continue sendo o da desvalorização do
profissional da educação. Desvalorização que se manifesta nos baixos salários, na
dificuldade de acesso a escolarização de nível superior, pois o filtro do vestibular impede
que a grande maioria dos jovens ingressem no ensino superior. Essa dificuldade de acesso
se deve tanto à deficiência na formação como na falta de vagas para todos. E com isso fica
comprometida a afirmação de que deve acontecer educação para todos com todos na
escola.
Recentemente foi aprovada a lei que estabelece um piso para os salários dos
professores. Entretanto até que isso se torne uma realidade pode demorar um tempo. Além
disso, estabelecer um piso sem oferecer maiores condições para que os professores se
aprimorem na sua qualificação pode não ser suficiente para melhorar nosso quadro escolar
que já foi pior, é verdade, mas ainda tem muito a melhorar até chegar ao ponto de se
equiparar ao dos países desenvolvidos.
Valorização dos profissionais da educação, ampliação das condições de
acesso e permanência na escola e ampliação da qualidade do ensino oferecido são alguns
dos desafios que se impõem a um ministro da Educação que, seriamente, deseje melhorar
o sistema escolar brasileiro.
Neri de Paula Carneiro – Mestre em Educação, Filósofo, Teólogo, Historiador.
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magistério, o professor, embora a nova legislação se pronuncie quanto à formação
continuada e em serviço, ainda detém um piso salarial baixo, sem contar que está
sobrecarregado, tendo ainda que planejar suas atividades em momentos que não fazem
parte da carga-horária docente, em seu domicílio, não sendo, muitas vezes, remunerado
por este trabalho.
Diante da temática sobre o novo perfil do educador e para análise da legislação
promulgada em 1996, optou-se pela revisão de literatura a partir de educadores
especialistas na área de formação de professores e legislação educacional, para
averiguarmos a situação do profissional da educação. Em trabalho de revisão de literatura,
conforme Lopes (2008) realiza-se uma síntese a partir de estudos primários que reúnem
grande quantidade de informações científicas. Além disso, trata-se de uma pesquisa
qualitativa, pois não tem a intenção de mensurar ou quantificar o objeto do estudo. Silva;
Menezes (2001) salientam que a pesquisa qualitativa objetiva interpretar o fenômeno
observado, não sendo possível haver quantificação ou mensuração.
O trabalho se justifica por contribuir com o entendimento sobre as concepções que
relacionam educação, sociedade, as práticas político-pedagógicas e as teorias que as
embasam. Trata-se de um assunto importante, pois procura-se compreender em que
circunstâncias se efetiva o processo de formação de professores, uma vez que a lei propõe
uma formação continuada e permanente, sugerindo, inclusive, que se desenvolva na
própria escola. Dessa forma, uma pesquisa que se preocupa em perceber as mudanças no
perfil do educador, um profissional atualizado, criativo e valorizado, é relevante, pois pode
apontar quais os caminhos que se deve percorrer doravante para que o profissional
melhore cada vez mais a sua prática pedagógica, inserindo-a na atualidade, na
solidariedade humana e no uso sustentável do meio ambiente.
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As articulações em torno do movimento educacional mundial consistem em adequá-
lo à reestruturação do modo de produção capitalista. No Brasil, tal movimento de inserção
no mundo globalizado determinou uma necessária reforma educacional. A reforma
conclamada instituía a ampliação de ofertas e de um padrão de qualidade em todos os
níveis de ensino, constituindo-se, pois, um modelo que implicasse um sistema educacional
organizado, estruturado e articulado em seus níveis e modalidades e entre os entes
federativos. A reforma, assim teria, em tese, características prepositivas e de mudanças
substanciais, assumindo um caráter transformador (SILVA, MARQUES) Na prática, porém,
a LDB apresentou limites decorrentes de seu próprio texto, que permite ampla margem de
entendimento e ação, e que resultaram em resoluções complementares, para delinear
melhor a sua aplicação. Não se pode negar, porém, as conquistas que a LDB 9394/96
trouxe para a educação, tais como, dentre outros, o compromisso com a avaliação como
parte central da organização da educação nacional e o direcionamento de investimentos
financeiros para valorização do magistério, sobretudo formação do professor e a
valorização do profissional de educação. Este é o ponto discutido neste trabalho. 2008,
p.52).
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Conforme estudos de Vieira e Gomide (2008), com a influência da família real no
Brasil, houve várias alterações no âmbito intelectual com a finalidade de unificar os
métodos de ensino. A partir de 1827 foi implantada a Lei Geral do Ensino que, de acordo
com Barbosa (2010), era constituída de ideias que entendiam a educação como dever do
Estado, bem como, a necessidade de distribuir escolas de diferentes graus em todo o
território nacional e de haver graduação do processo seletivo. Nesse contexto histórico,
surge em 1835, a primeira escola normal brasileira, com a finalidade de conhecer e
controlar o povo. Isto é, os professores formados precisariam limitar seu pensamento e se
ausentar de ideias reflexivas acerca do contexto político-social vigente. De acordo com
Barbosa (2010), com a Lei das Escolas de Primeiras Letras promulgada em 15 de outubro
de 1927, surge uma preocupação inicial com a necessidade da formação de professores. A
partir disso, utilizavam o “método mútuo” para preparar os profissionais da educação mais
com o intuito didático do que pedagógico (GADOTTI, 2006). Guerra as tentativas do
governo brasileiro em organizar uma política de formação de professores considerando sua
economia e sua inserção no desenvolvimento capitalista. Projetos políticos de valorização
humana visando a produção e a integração nacional ganharam destaque nesse período.
De acordo com Tardif (2007), ainda nos Somente após a Segundatempos atuais, a
formação dos professores é, sobretudo, embasada por conhecimentos disciplinares
advindo de um patamar dominante, sem que haja uma aproximação com a atuação
profissional concreta. Formam-se, assim, professores que não utilizam seus saberes
cotidianos e sua identidade para atuar em sala de aula.
Os professores, frutos dessas instituições, ainda hoje carregam marcas históricas
que interferem no desempenho profissional. Os mesmos mantêm na sua identidade
docente os baixos salários, a desvalorização e proletarização de um exercício
eminentemente feminino; e um comportamento passivo como meros executores de
decisões alheias, responsáveis apenas pela transmissão de conhecimentos.
(GUIMARÃES, 2001, p. 36 apud PIMENTA; ANASTASIOU, 2005, p. 117).
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É verdade que a profissão de professor vem sendo muito desvalorizada, tanto social
quanto economicamente, interferindo na imMundial surgiram agem da profissão4 cujo
provimento é, em boa parte, responsabilidade dos governos. Na pesquisa da
Fundação Victor Civita (FVC) e da Fundação Carlos Chagas (FCC), apenas 2% dos
estudantes do terceiro ano do ensino médio, inscritos em vestibular ou processo
seletivo, apontaram a Pedagogia ou algum tipo de Licenciatura como primeira opção de
carreira. De acordo com o Censo da Educação Superior de 2009, Pedagogia,
Licenciaturas e outros cursos ligados à formação de professores têm uma relação
candidato/vaga bastante desfavorável (Revista NOVA ESCOLA, Fev 2010). Sobre a
Valorização do Magistério, destacamos que, se o FUNDEF instituiu uma obrigação, ao
menos em tese, de valorização do magistério, principalmente por meio de incrementos
de Planos de Carreira, isso não se consubstancia na prática, dada a evasão e a falta
de professores na rede. Em estimativa do MEC, em 2006, faltavam 719 mil
profissionais. Afinal, a valorização do magistério ultrapassa a delimitação de um Plano
de Carreira, devendo incluir, segundo o Plano Nacional de Educação (2001): a) uma
formação profissional sólida; b) um sistema de educação continuada; c) jornada de
trabalho que assegure a dedicação docente; e d) remuneração salarial digna (SILVA;
Na prática, os governos têm sido incapazes de garantir a valorização salarial dos
professores, levando a uma degradação social e econômica da profissão e a um
rebaixamento. MARQUES, 2008, p.52).
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A definição dos conhecimentos exigidos para a constituição de competências
deverá, além da formação específica relacionada às diferentes etapas da educação básica,
propiciar a inserção no debate contemporâneo mais amplo, envolvendo questões culturais,
sociais, econômicas e o conhecimento sobre o desenvolvimento humano e a própria
docência, contemplando:
I - cultura geral e II - conhecimentos sobre crianças, adolescentes, jovens e adultos,
aí incluídas as especificidades dos alunos com necessidades educacionais especiais e as
das comunidades III – conhecimento IV - conteúdos V – conhecimento pedagógico VI -
conhecimento advindo da experiência (BRASIL, 2002).
Ainda assim isso não resolveria de imediato, a situação do professor no Brasil. Seria
preciso nacionalizar suas regras, seus instrumentos e suas compensações. Além disso,
seria necessário que houvesse; 7
sobre dimensão cultural, social, política e econômica da educação; um padrão
mínimo, tanto na formação quanto para o salário e a avaliação da prática
docente. Conforme observações de Marques (2003, p. 51),; é preciso que os
processos de formação de professores sejam explícitos e formais “em que se condensem,
sistematizem e generalizem competências comunicativas e habilidades cognitivas e
instrumentais, desde a educação básica”.
Na visão do mesmo autor, há a necessidade de capacitar os profissionais da
educação em nível técnico-científico, considerando a interpretação e a vivência da tradição
cultural, juntamente à atividade de pesquisar e de repensar o exercício profissional como
instrumento social e político da educação infantil à universidade.
No entanto, grande parte das instituições de ensino não dispõe de recursos
pedagógicos, didáticos e estruturais necessários. Assim, limitam-se apenas à transmissão
de saberes com a aplicação de critérios de avaliação somativa e seletiva, praticando uma
“pedagogia frontal” (PARRENOUD; THURLER, 2007).
Marques (2003) diz que a LDB não garante uma base formadora para todas as
instâncias educacionais. Acrescenta a necessidade de uma organização curricular uniforme
embasada numa matriz epistemológica que considere a prática e a teoria como
indissociáveis.
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Embora a LDB faça algumas menções importantes para a valorização do professor,
como o aperfeiçoamento profissional continuado (Art. 67, II); o licenciamento periódico
remunerado (IBID); o período reservado a estudos, planejamento e avaliação, incluído na
carga de trabalho (Art.67, V); a inclusão da progressão funcional baseada na titulação ou
na habilitação e na avaliação de desempenho (DEMO, 1997), na prática 8 são usufruídos
por todos. Exemplo disso é o Piso Salarial Profissional Nacional5 Em 16 de julho de 2008
foi sancionada a Lei n° 11.738, que instituiu o piso salarial profissional nacional para os
profissionais do magistério público da educação básica. Essa Lei diz que o piso deve ser
reajustado anualmente, em janeiro, no mesmo percentual que o custo-aluno do FUNDEB -
Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos
Profissionais da Educação. Em 2009, esse reajuste foi de 19,2%, ou seja, o piso já deveria
ser R$ 1.132,40, e não mais em R$ 950,00. A questão é que na maioria dos municípios
nem o piso de R$ 950,00 foi implantado (SILVA, 2009).
O que se percebe é que a LDB/96, enquanto Lei merece todo louvor em certos
pontos; em outros, carece de maior esclarecimento. No entanto, no que se refere à
validação da Lei, na prática, poucas ações são de fato implementadas pelos
representantes legais. Cabe aos professores e toda a sociedade, organizar-se e fazer valer
os seus direitos.
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mundo, há de ser bem pesquisada e trazer aos alunos dados importantes para se refletir,
sobretudo, em torno da solidariedade e dignidade humana.
O professor, assim, transforma-se em pesquisador agregando mais uma atribuição
trabalhosa, mesmo quando envolve o alunado na procura de informações. Como
pesquisador, o professor tem criado uma identidade de inovador, pois nem sempre os
dados que estão nos livros didáticos e apostilas são as últimas informações que estão na
internet, fazendo do docente um profissional versátil e atualizado (MARQUES, 2003).
Demo (2005) aponta que os educadores para fazer parte desses avanços e do
futuro da sociedade, devem “saber mudar naturalmente, no fluxo da história” (p.107). Ou
seja, na visão deste autor, o professor precisará estar atento a dois fatores. Primeiramente,
refere-se ao aprimoramento profissional através de cursos e estratégias para repensar sua
prática, com o que há de mais novo e inovador na área de aprendizagem. O outro fator é
caracterizado como “saber humanizar a mudança” (p.107). Isto é, mudar sim. Porém,
sempre com a finalidade de favorecer a aprendizagem do aluno; e não apenas acompanhar
as mudanças do mercado neoliberal com o objetivo meramente lucrativo.
Sendo assim, refere ser perceptível a necessidade de formar um novo perfil do
profissional da educação no século XXI. Isso envolveria debates políticos e, até mesmo
sindicais, para refletir sobre as finalidades dos programas escolares, da democratização da
cultura à gestão do sistema educacional. Ou seja, é preciso considerar que a prática
docente dependerá do vínculo entre a política, os recursos econômicos e os objetivos da
educação (PERRENOUD; THURLER, 2007).
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instrumento de reprodução de pensamentos dominantes. Pois, como afirma Tardif (2007), a
maioria dos cursos universitários de formação de professores permanece aplicando as
formas tradicionais de ensino, com currículos fragmentados, sem conexões importantes
entre a teoria e a prática profissional.
No entanto, o autor supracitado, aborda a questão do tempo restrito para que os
professores e os formadores universitários possam se dedicar ao crescimento profissional
e, muito menos, para discutirem os problemas do ensino. Assim, a tendência é continuarem
sendo individualistas e tradicionais.
Sabe-se que, a formação ideal de professores está articulada a algumas
contradições que fazem parte da realidade contemporânea e de mudanças futuras.
Perrenoud e Thurler (2007, p.14), apontam alguns desses pontos: “cidadania planetária e
identidade local, globalização econômica e fechamento político, liberdade e desigualdades,
tecnologia e humanismo”. Eles conduzem à necessidade de formar professores a partir da
construção de competências que possibilitem a compreensão dessa realidade. Isto é, a
ideia seria formar profissionais com uma imagem realista dos problemas que enfrentarão
no cotidiano de sua prática e com a capacidade de tomar decisões, bem como, de construir
e defender seus ideais.
Assim, além da qualificação técnica e científica, Severino (1994) refere-se à
necessidade de uma formação política com o desenvolvimento de uma consciência social.
Para tanto, os educadores devem dominar saberes e práticas que lhes possibilitem
compreender e agir de modo coerente com o meio em que realiza sua ação pedagógica.
Esse ideal apenas será possível considerando a educação em toda sua amplitude política.
Pois, a educação precisa ser entendida como uma das políticas mais basilares e de
referência essencial na formação de uma sociedade mais igualitária.
Para uma educação plena, o professor coloca o aluno frente a diferentes
abordagens do processo de ensino e de aprendizagem e seja capaz de descobrir suas
potencialidades e trabalhar suas limitações, para contribuir coletivamente na construção de
um Brasil sem miséria social, com dignidade humana e que valorize a natureza. Dessa
forma, aluno e professores adquirem a consciência de que nenhuma teoria esgota a
realidade e que o processo de conhecimento está em contínua construção.
Devemos elaborar, juntos, uma proposta pedagógica capaz de levar o aluno a
despertar sua consciência crítica e sua curiosidade científica. Deve-se monitorar o
progresso do ser humano aprendiz e despertar sua motivação e interesse rumo a
superação das dificuldades. Uma das contribuições mais importantes dessas reflexões é
que devemos auxiliar o educando a descobrir e buscar suas próprias maneiras e ideias ao
lidar com a aprendizagem escolar.
Uma formação com diálogo entre todos para que multiplique os conhecimentos e
universalize a qualidade em todas as disciplinas, pela interação crítica e integral entre
professores e alunos de modo a utilizar o novo perfil possível de professor empreendedor e
consiga mudar sua prática pedagógica de modo que os alunos se sintam motivados a
aprender.
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REFERÊNCIAS
BEYER, Hugo Otto. Avaliação e inclusão na escola: de alunos com necessidades
educacionais especiais. Porto Alegre: Mediação, 2005.
BRASIL. Parâmetros Curriculares Nacionais – Adaptações Curriculares:
estratégias para educação de alunos com necessidades educacionais especiais.
Brasília: MEC/SEESP,1999.
LACOMY, Ana Maria. Teorias cognitivas da aprendizagem. 2. ed. e rev. Curitiba:
Ibpex, 2008.
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_________. Plano Nacional de Educação. Brasília: MEC, 1996, p. 58.
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