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Universidade Federal de Uberlândia

Faculdade de Engenharia Elétrica


Curso de Engenharia Elétrica

NESTOR JOSÉ PIMENTA NEVES JUNIOR

ANÁLISE DO COMPORTAMENTO DE MÁQUINAS DE INDUÇÃO


SUBMETIDAS A DISTÚRBIOS DE QUALIDADE DA ENERGIA
ELÉTRICA

Uberlândia
2013
ii

NESTOR JOSÉ PIMENTA NEVES JÚNIOR

ANÁLISE DO COMPORTAMENTO DE MÁQUINAS DE INDUÇÃO


SUBMETIDAS A DISTÚRBIOS DE QUALIDADE DA ENERGIA
ELÉTRICA

Trabalho apresentado como requisito parcial de


avaliação na disciplina Trabalho de Conclusão de
Curso 2 do Curso de Engenharia Elétrica da
Universidade Federal de Uberlândia.

Orientador: Kleiber David Rodrigues

_____________________________________
Assinatura do Orientador

Uberlândia
2013
iii

Dedico este trabalho ao meu irmão,

Leonardo Oliveira Neves.


iv

AGRADECIMENTOS

Agradeço aos meus pais, Nestor José Pimenta Neves e Vera Lúcia de
Oliveira, pela confiança depositada sob o caráter das minhas decisões.

Ao meu professor orientador Kleiber David Rodrigues, pela atenção e


compreensão, mas principalmente pelo acolhimento da proposta de trabalho.

Ao professor Marcelo Lynce Ribeiro Chaves pelos esclarecimentos sobre a


relação entre os transitórios eletromagnéticos e a lógica de processamento
computacional do ATP.

À todos os meus amigos que, de alguma forma, compartilham meu apreço


pela engenharia.
v

RESUMO

O presente trabalho apresenta um estudo do comportamento do motor de


indução trifásico com rotor em gaiola de esquilo submetido a condições não ideais
de suprimento de tensão. As condições não ideais referem-se aos afundamentos,
variações de frequência, desequilíbrios e distorções harmônicas da tensão,
avaliados sob a perspectiva dos índices de conformidade previstos no Módulo 8
dos Procedimentos de Distribuição de Energia Elétrica no Sistema Elétrico
Nacional - PRODIST. O software de simulação ATP (Alternative Transients
Program) é utilizado para a implementação e análise de desempenho de um motor
de indução trifásico 5 cv, em regime transitório e em regime permanente de
operação. Enquanto que, a plataforma MODELS possibilita não somente a
modelagem das fontes geradoras dos distúrbios de qualidade da energia elétrica,
mas também a de medidores de desempenho da máquina. Contudo, apresentam-
se procedimentos de validação dos modelos empregados e uma avaliação dos
resultados de simulação referentes aos fenômenos físicos vinculados às
perturbações nos parâmetros elétricos, mecânicos e térmicos dos motores de
indução, quando conectados à rede de distribuição de energia elétrica.

Palavras-chave: Motor de indução trifásico, qualidade da energia elétrica,


distúrbios de tensão, modelagem, ATP.
vi

ABSTRACT

This paper presents a study focused on squirrel cage induction motor’s


behavior under non ideal supply conditions. The non-ideal conditions refers to
voltage sags, frequency fluctuations, unbalances and harmonics evaluated under
conception of PRODIST - Module 8 quality parameters. The ATP (Alternative
Transients Program) provides the modeling and analysis performance of 5 hp three-
phase induction motor by transients and permanent operating conditions. Besides,
the MODEL environment is able to modeling not only the power quality disturbance
sources but also the machine performance meters. However, there are objects
validation procedures and evaluation of simulation results relating to physical
phenomena linked to disturbances of induction motor's electrical, mechanical and
thermal parameters, when connected to the power distribution network.

Keywords: Three-phase induction motor, power quality, voltage disturbances,


modeling, ATP.
vii

LISTA DE FIGURAS

Figura 1.1 – Consumo de energia elétrica no setor industrial .....................................2


Figura 2.1 – Motor de indução em gaiola de esquilo....................................................7
Figura 2.2 – Diagrama fasorial das correntes .............................................................9
Figura 2.3 – Diagrama fasorial das componentes simétricas ....................................11
Figura 2.4 – Circuito simplificado do rotor e diagrama fasorial .................................13
Figura 2.5 – Circuito equivalente por fase do motor de indução ...............................15
Figura 2.6 – Circuito equivalente simplificado por fase do motor de indução............15
Figura 2.7 – Balanço de potência no interior do MIT..................................................16
Figura 2.8 – Conjugado eletromagnético em função do escorregamento ( )....18
Figura 2.9 – Alimentação do MIT com tensões e correntes senoidais
balanceadas.............................................................................................................. 22
Figura 2.10 – Triângulo de potências do MIT.............................................................23
Figura 2.11 – Esboço da transformação de coordenadas de “abc” para “dq0” ........25
Figura 3.1 – Representação do motor de indução trifásico........................................26
Figura 3.2 – Circuito equivalente ao sistema mecânico.............................................31
Figura 3.3 – Curva de carga constante ( ).......................................................32
Figura 3.4 – Fonte de corrente contínua no ATPDraw...............................................32
Figura 3.5 – Curva de carga linear ( ).............................................................33
Figura 3.6 – Curva de carga quadrático ( ) ....................................................33
Figura 3.7 – Modelagem de carga quadrática na TACS............................................34
Figura 3.8 – Ajuste de saída do torque quadrático....................................................34
Figura 3.9 – Modelagem de partida direta..................................................................35
Figura 3.10 – Tensões trifásicas de alimentação.......................................................35
Figura 3.11 – Corrente elétrica na partida direta........................................................35
Figura 3.12 – Conjugado eletromagnético ( ) e conjugado de carga ( ) ..............36
Figura 3.13 – Velocidade do rotor ( )......................................................................36
Figura 3.14 – Corrente de regime permanente .........................................................37
Figura 4.1 – Representação do gerador de VTCD.....................................................40
Figura 4.3 – Fonte de sinal trifásico com variação de frequência..............................41
Figura 4.4 – Representação do gerador de desequilíbrio..........................................43
viii

Figura 4.5 – Fonte de tensão com distorções harmônicas.........................................47


Figura 5.1 – Medidor de desempenho em regime transitório ....................................49
Figura 5.2 – Medidor de desempenho em regime permanente.................................51
Figura 5.3 – Medidor de fator de desequilíbrio percentual.........................................53
Figura 6.1 – Montagem para análise de afundamento de tensão .............................55
Figura 6.2. Tensão de suprimento, com afundamento a 0,5 p.u. ..............................56
Figura 6.3 – Corrente elétrica durante o afundamento a 0,5 p.u. .............................56
Figura 6.4 – Potência instantânea trifásica de entrada..............................................56
Figura 6.5 – Conjugado eletromagnético ( ) e conjugado de carga constante
( ).............................................................................................................................57
Figura 6.6 – Velocidade do rotor ( ) .......................................................................57
Figura 6.7 – Escorregamento em p.u. da velocidade síncrona .................................58
Figura 6.8 – Montagem para análise de variação de frequência...............................60
Figura 6.9 – Tensão de suprimento, com elevação de frequência............................60
Figura 6.10 – Velocidade síncrona ( ) com elevação de frequência ......................61
Figura 6.11 – Corrente elétrica com variação de frequência......................................61
Figura 6.12 – Potência instantânea trifásica de entrada............................................61
Figura 6.13 – Conjugado eletromagnético ( ) e conjugado de carga constante
( ).............................................................................................................................62
Figura 6.14 – Velocidade do rotor ( ) .....................................................................62
Figura 6.15 – Escorregamento em p.u. da velocidade síncrona................................63
Figura 6.16 – Tensão de suprimento, com redução de frequência............................63
Figura 6.17 – Velocidade síncrona ( ) com redução de frequência........................64
Figura 6.18 – Corrente elétrica com variação de frequência......................................64
Figura 6.19 – Potência instantânea trifásica de entrada............................................64
Figura 6.20 – Conjugado eletromagnético ( ) e conjugado de carga constante
( ).............................................................................................................................65
Figura 6.21 – Velocidade do rotor ( )......................................................................65
Figura 6.22 – Escorregamento em p.u. da velocidade síncrona................................65
Figura 6.23 – Montagem para análise de desequilíbrio de tensão............................66
Figura 6.24 – Tensão de suprimento com fator de desequilíbrio de 2%....................67
Figura 6.25 – Fator de desequilíbrio percentual da tensão........................................67
ix

Figura 6.26 – Corrente elétrica desequilibrada..........................................................67


Figura 6.27 – Fator de desequilíbrio percentual das correntes..................................68
Figura 6.28 – Velocidade do rotor ( )......................................................................68
Figura 6.29 – Potência instantânea trifásica de entrada............................................69
Figura 6.30 – Conjugado eletromagnético ( ) e conjugado de carga
constante ( ).............................................................................................................69
Figura 6.31 – Montagem para análise de distorções harmônicas..............................71
Figura 6.32 – Tensão de suprimento com componentes de 3ª e 5ª ordem...............72
Figura 6.33 – Corrente elétrica com 5ª harmônico.....................................................72
Figura 6.34 – Espectro de frequências da corrente com componente de 5ª
harmônica...................................................................................................................73
Figura 6.35– Conjugado eletromagnético ( ) e conjugado de carga constante
( ).............................................................................................................................73
Figura 6.36 – Velocidade do rotor ( )......................................................................73
Figura 6.37 – Tensão de suprimento com componentes de 5ª e 7ª ordem
harmônica...................................................................................................................74
Figura 6.38 – Corrente elétrica com distorções de 5ª e 7ª harmônica.......................75
Figura 6.39 – Espectro de frequências da corrente...................................................75
Figura 6.40– Conjugado eletromagnético ( ) e conjugado de carga constante
( ).............................................................................................................................75
Figura 6.41 – Velocidade do rotor ( )......................................................................76
Figura 6.42 – Tensão de suprimento com componentes de 7ª e 11ª ordem
harmônica...................................................................................................................76
Figura 6.43 – Corrente elétrica com distorções de 7ª e 11ª harmônica.................... 77
Figura 6.39 – Espectro de frequências da corrente...................................................77
Figura 6.40– Conjugado eletromagnético ( ) e conjugado de carga constante
( ).............................................................................................................................78
Figura 6.41 – Velocidade do rotor ( )......................................................................78
Figura 6.42 – Montagem para análise de variação de frequência com carga
linear...........................................................................................................................79
Figura 6.43 – Tensão de suprimento, com elevação de frequência..........................79
Figura 6.44 – Corrente elétrica com variação de frequência..................................... 80
Figura 6.45 – Potência instantânea trifásica de entrada............................................80
x

Figura 6.46 – Conjugado eletromagnético ( ) e conjugado de carga linear


( ).............................................................................................................................80
Figura 6.47 – Velocidade do rotor ( )......................................................................80
Figura 6.48 – Escorregamento em p.u. da velocidade síncrona................................81
xi

LISTA DE TABELAS

Tabela 1.1 – Composição Setorial do Consumo de Eletricidade.................................1


Tabela 1.2 – Equipamentos e Sistemas de Uso Final da Força Motriz........................3
Tabela 2.1 – Principais tipos de cargas mecânicas industriais..................................20
Tabela 3.1 – Dados de placa do motor de indução escolhido...................................27
Tabela 3.2 – Parâmetros da aba General inseridos no modelo.................................29
Tabela 3.3 – Parâmetros da aba Magnet. inseridos no modelo.................................30
Tabela 3.4 – Parâmetros da aba Stator inseridos no modelo....................................30
Tabela 3.5 – Parâmetros da aba Rotor inseridos no modelo.....................................30
Tabela 3.6 – Analogia eletromecânica no ATP..........................................................30
Tabela 3.7 – Comparação entre valores nominais e valores de simulação do MIT...37
Tabela 4.1 – Classificação das Variações de Tensão de Curta Duração..................39
Tabela 4.2 – Dados de entrada do ficheiro “VSAG3F.sup”........................................40
Tabela 4.3 – Dados de entrada do ficheiro “VARf.sup”..............................................42
Tabela 4.4 – Dados de entrada do ficheiro “UNB.sup”...............................................44
Tabela 4.5 – Terminologia de distorções harmônicas................................................45
Tabela 4.6 – Valores de referência globais para distorções harmônicas totais.........45
Tabela 4.7 – Níveis de referência para as distorções harmônicas individuais de
tensão.........................................................................................................................46
Tabela 4.8 – Classificação das harmônicas quanto à ordem, frequência e sequência
de fases......................................................................................................................46
Tabela 4.9 – Dados de entrada do ficheiro “HARM.sup”........................................... 47
Tabela 5.1 – Dados de entrada do ficheiro “MITt.sup”.............................................. 50
Tabela 5.2 – Parâmetros de saída do medidor “MITt.mod”....................................... 50
Tabela 5.3 – Dados de entrada do ficheiro “PMIT.sup”............................................. 51
Tabela 5.4 – Parâmetros de saída do medidor “PMIT.mod”..................................... 52
Tabela 5.5 – Parâmetros de saída do medidor “FD.mod”......................................... 53
Tabela 6.1 – Transitório do motor submetido a afundamentos de tensão de 100
ms.............................................................................................................................. 58
Tabela 6.2 – Transitório do motor submetido a afundamentos de tensão de 200
ms...............................................................................................................................59
xii

Tabela 6.3 – Transitório do motor submetido a variação de frequência durante 1


segundo.................................................................................................................. 66
Tabela 6.4 – Desempenho do motor de indução submetido a desequilíbrios de
tensão......................................................................................................................70
Tabela 6.5 – Transitórios de variação de frequência para diferentes tipos de
carga........................................................................................................................81
xiii

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

QEE – Qualidade da Energia Elétrica


MIT – Motor de Indução Trifásico
PRODIST - Procedimentos de Distribuição de Energia Elétrica no Sistema Elétrico
Nacional
BEN – Balanço Energético Nacional
EPE – Empresa de Pesquisa Energética
MME – Ministério de Minas e Energia
BEU – Balanço de Energia Útil
ATP – Alternative Transient Program
EMTP – Electromagnetic Transients Program
ANEEL – Agência Nacional de Energia Elétrica
VTCD – Variação de Tensão de Curta Duração
IEEE – Institute of Electrical and Electronics Engineers
IEC – International Electrotechnical Commission
xiv

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................................ 1
1.1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS .............................................................................................................. 1
1.2 APROVEITAMENTO DE ENERGIA ELÉTRICA NO SETOR INDUSTRIAL ................................................... 2
1.3 ESTRUTURA INTERNA DO TRABALHO .............................................................................................. 3

2 MÁQUINA DE INDUÇÃO TRIFÁSICA COM ROTOR EM GAIOLA DE ESQUILO..................... 6


2.1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS .............................................................................................................. 6
2.2 CARACTERÍSTICAS CONSTRUTIVAS ................................................................................................ 7
2.3 CAMPOS M AGNÉTICOS GIRANTES .................................................................................................. 8
2.3.1 SISTEMAS TRIFÁSICOS BALANCEADOS ........................................................................................ 8
2.3.2 SISTEMAS TRIFÁSICOS DESBALANCEADOS ................................................................................ 10
2.4 PRINCÍPIO DE FUNCIONAMENTO.................................................................................................... 12
2.5 MODELAGEM M ATEMÁTICA NO DOMÍNIO DA FREQUÊNCIA ............................................................. 14
2.6 DISTRIBUIÇÃO DE POTÊNCIAS NO DOMÍNIO DA FREQUÊNCIA .......................................................... 16
2.7 ESTIMATIVA DO CONJUGADO ELETROMAGNÉTICO ( ).................................................................. 18
2.8 ACOPLAMENTO DE CARGA MECÂNICA NO EIXO ............................................................................ 19
2.9 DEFINIÇÕES DE POTÊNCIA NO DOMÍNIO DO TEMPO........................................................................ 20
2.9.1 POTÊNCIA ELÉTRICA INSTANTÂNEA .......................................................................................... 20
2.9.2 POTÊNCIA ATIVA TRIFÁSICA...................................................................................................... 23
2.9.3 POTÊNCIA DE PERDAS POR EFEITO JOULE NO ESTATOR............................................................. 24

3 MODELAGEM COMPUTACIONAL DO MOTOR DE INDUÇÃO .............................................. 26


3.1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS ............................................................................................................ 26
3.2 ESTIMATIVA DOS PARÂMETROS DO MODELO ................................................................................ 27
3.3 SISTEMA MECÂNICO .................................................................................................................... 30
3.3.1 CONJUGADO DE CARGA CONSTANTE ........................................................................................ 32
3.3.2 CONJUGADO DE CARGA LINEAR................................................................................................ 32
3.3.3 CONJUGADO DE CARGA QUADRÁTICO ....................................................................................... 33
3.4 VALIDAÇÃO DO MODELO - SIMULAÇÃO DE PARTIDA DIRETA .......................................................... 35

4 DISTÚRBIOS DE QUALIDADE DA ENERGIA ELÉTRICA ...................................................... 38


4.1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS ............................................................................................................ 38
4.2 VARIAÇÕES DE TENSÃO DE CURTA DURAÇÃO (VTCD) ................................................................. 39
4.2.1 MODELAGEM COMPUTACIONAL ................................................................................................ 40
4.3 VARIAÇÕES DE FREQUÊNCIA ........................................................................................................ 40
4.3.1 MODELAGEM COMPUTACIONAL ................................................................................................ 41
4.4 DESEQUILÍBRIOS DE TENSÃO ....................................................................................................... 42
xv

4.4.1 MODELAGEM COMPUTACIONAL ................................................................................................ 43


4.5 DISTORÇÕES HARMÔNICAS .......................................................................................................... 44
4.5.1 MODELAGEM COMPUTACIONAL ................................................................................................ 46

5 MODELAGEM COMPUTACIONAL DE MEDIDORES DE DESEMPENHO DO MOTOR DE


INDUÇÃO .............................................................................................................................................. 49
5.1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS ............................................................................................................ 49
5.2 MEDIDOR PARA ANÁLISE DE REGIME TRANSITÓRIO....................................................................... 49
5.3 MEDIDOR PARA ANÁLISE DE REGIME PERMANENTE ...................................................................... 51
5.4 MEDIDOR DE FATORES DE DESEQUILÍBRIO.................................................................................... 53

6 SIMULAÇÃO E ANÁLISE DE RESULTADOS ......................................................................... 55


6.1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS ............................................................................................................ 55
6.2 AFUNDAMENTOS DE TENSÃO ....................................................................................................... 55
6.3 VARIAÇÕES DE FREQUÊNCIA ........................................................................................................ 60
6.3.1 ELEVAÇÃO DE FREQUÊNCIA – 66 HZ ........................................................................................ 60
6.3.2 REDUÇÃO DE FREQUÊNCIA – 56,5 HZ ....................................................................................... 63
6.4 DESEQUILÍBRIOS DE TENSÃO ....................................................................................................... 66
6.5 DISTORÇÕES HARMÔNICAS .......................................................................................................... 71
6.5.1 COMPONENTES HARMÔNICAS: 3ª E 5ª ORDEM ........................................................................... 72
6.5.2 COMPONENTES HARMÔNICAS: 5ª E 7ª ORDEM ........................................................................... 74
6.5.3 COMPONENTES HARMÔNICAS: 7ª E 11ª ORDEM ......................................................................... 76
6.6 INFLUÊNCIA DA CARGA MECÂNICA ............................................................................................... 78
6.6.1 VARIAÇÃO DE FREQUÊNCIA ...................................................................................................... 79

7 CONCLUSÕES ......................................................................................................................... 82
7.1 SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS..................................................................................... 84
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..................................................................................................... 85
APÊNDICE I: MODELO COMPUTACIONAL DO GERADOR DE VARIAÇÕES DE TENSÃO DE CURTA DURAÇÃO
(VTCD) TRIFÁSICAS ................................................................................................................................ 87
APÊNDICE II: MODELO COMPUTACIONAL DA FONTE DE TENSÃO TRIFÁSICA COSSENOIDAL COM VARIAÇÃO
DE FREQUÊNCIA ...................................................................................................................................... 88

APÊNDICE III: MODELO COMPUTACIONAL DO GERADOR DE DESEQUILÍBRIOS DE TENSÃO A PARTIR DE


VARIAÇÕES DE AMPLITUDE DOS SINAIS POR FASE .................................................................................... 90
APÊNDICE IV: MODELO COMPUTACIONAL DA FONTE DE SINAL TRIFÁSICO SENOIDAL COM DISTORÇÕES
HARMÔNICAS DE ORDEM H E HI ............................................................................................................... 92
APÊNDICE V: MODELO COMPUTACIONAL DO MEDIDOR DE DESEMPENHO DO MOTOR DE INDUÇÃO
TRIFÁSICO EM REGIME TRANSITÓRIO........................................................................................................ 95
APÊNDICE VI: MODELO COMPUTACIONAL DO MEDIDOR DE DESEMPENHO DO MOTOR DE INDUÇÃO
TRIFÁSICO EM REGIME PERMANENTE ....................................................................................................... 97
APÊNDICE VII: MODELO COMPUTACIONAL DO MEDIDOR DE DESEQUILÍBRIO DAS TENSÕES E CORRENTES
DE LINHA............................................................................................................................................... 101
1

1 INTRODUÇÃO

1.1. Considerações Iniciais


Os distúrbios de Qualidade da Energia Elétrica (QEE) podem ser definidos
como qualquer desvio que ocorra na magnitude, forma de onda ou frequência da
tensão e/ou corrente elétrica quando comparado com uma referência ideal, na qual
a forma de onda é perfeitamente senoidal, com amplitude e frequência constantes.
As perturbações na rede de alimentação, verificadas nos sistemas de transmissão
e distribuição, submetem as cargas terminais a condições não ideais de suprimento
de energia elétrica.
A contabilidade relativa à oferta e ao consumo de energia no Brasil é
divulgada anualmente pelo Balanço Energético Nacional – BEN. Este documento é
elaborado através de extensa pesquisa efetuada pela Empresa de Pesquisa
Energética – EPE e representa o mais tradicional relatório do setor energético
brasileiro, sendo reconhecido pelo Ministério de Minas e Energia - MME. A Tabela
1.1, retirada da mais recente edição do estudo, o BEN 2012, apresenta a
composição setorial do consumo de eletricidade no país de 2002 a 2011, onde 1
tep (tonelada equivalente de petróleo) equivale a, aproximadamente, 11,630 MWh
de energia.

Tabela 1.1 – Composição Setorial do Consumo de Eletricidade

Fonte: Balanço Energético Nacional 2012: Ano base 2011. Brasília: MME, 2012.
2

A análise da tabela em questão permite observar que o maior percentual de


consumo de energia elétrica no Brasil foi registrado, sucessiva e repetidamente, no
setor industrial, chegando a representar 43,6% da eletricidade total disponível para
o ano de 2011. Contudo, torna-se relevante identificar qual é a principal carga
elétrica industrial e averiguar as causas e efeitos das perturbações na rede de
fornecimento de energia sob estes pontos de entrega.

1.2. Aproveitamento de Energia Elétrica no Setor Industrial


Uma estimativa da energia destinada aos Usos Finais Força Motriz, Calor de
Processo, Aquecimento Direto, Iluminação, Eletroquímica e Outros Usos no setor
industrial são contempladas pelo estudo do Balanço de Energia Útil (BEU),
apresentado no relatório da EPE. A Figura 1.1, resultado do processamento das
informações setoriais do BEN, mostra que mais de 60% da energia elétrica
consumida no setor secundário é destinada a chamada força motriz, ou melhor, à
energia mecânica gerada por máquinas elétricas rotativas.
Outros
Eletroquímica 1%
Iluminação 10%
3%
Aquecimento
Direto
16%
Força Motriz
68%
Calor de
Processo
2%

Figura 1.1 – Consumo de energia elétrica no setor industrial


Fonte: Adaptado de Balanço Energético Nacional 2012; Anexo IV.- Balanço de Energia Útil:
Ano base 2011. Brasília: MME, 2012.

O uso final da eletricidade como força motriz representa, no interior dessa


conjuntura, o aproveitamento da energia útil responsável pela movimentação de
diversas cargas, através de equipamentos e sistemas mecânicos. A Tabela 1.2
identifica, sucintamente, algumas aplicações industriais. E, não obstante, os
motores de indução com rotor em gaiola destacam-se no âmbito do acionamento
de cargas mecânicas industriais, não somente pelo elevado número em operação,
mas principalmente pelo significativo percentual de consumo de energia.
3

Tabela 1.2 – Equipamentos e Sistemas de Uso Final da Força Motriz


Bombas Movimentação de líquidos
Ventiladores Movimentação forçada de ar
Compressores de ar Compressão de ar para uso em diversas aplicações
Refrigeração Equipamentos de refrigeração e condicionamento ambiental
Manuseio Equipamentos para transporte e adequação de produto ou
material
Processamento Equipamentos que modificam, de alguma forma, o produto ou
material processado
Fonte: Plano Nacional de Energia 2030 / MME; Colaboração EPE, 2007.

Portanto, torna-se relevante elaborar um estudo referente ao comportamento


dos motores de indução trifásicos com rotor em gaiola de esquilo quando
submetidos a distúrbios da tensão de suprimento da rede elétrica. De modo a
perscrutar uma análise da influência dos índices de qualidade do produto,
normatizados pela Agência Nacional de Energia Elétrica – ANEEL, sob a perspectiva
da máquina elétrica rotativa.

1.3. Estrutura Interna do Trabalho


O presente trabalho está direcionado para a descrição, modelagem,
implementação computacional e avaliação do desempenho de máquinas de indução
trifásicas sujeitas a perturbações na tensão de suprimento. Contudo, o estudo
proposto encontra-se estruturado nas seguintes seções:

SEÇÃO 2: MÁQUINA DE INDUÇÃO TRIFÁSICA COM ROTOR EM GAIOLA DE


ESQUILO
Esta seção constitui-se em uma revisão da literatura e estado da arte acerca
do motor de indução trifásico com rotor em gaiola de esquilo. Inicialmente,
apresentam-se as características construtivas e operacionais do dispositivo, no
intuito de lançar as bases científicas responsáveis pela sua ampla aceitação nos
sistemas industriais. Além do que, colocam-se em evidencia as estratégias de
modelagem matemática da máquina que auxiliam na representação dos parâmetros
elétricos, mecânicos e térmicos envolvidos na análise de engenharia.
4

SEÇÃO 3: MODELAGEM COMPUTACIONAL DO MOTOR DE INDUÇÃO


COM ROTOR EM GAIOLA DE ESQUILO
Esta seção apresenta o software de simulação de transitórios
eletromagnéticos ATP (Alternative Transients Program) utilizado como ferramenta
principal de análise no presente trabalho. O motor de indução escolhido e suas
respectivas conexões são modelados na plataforma do ATPDraw a partir de
estimativas dos parâmetros do circuito equivalente. E os principais tipos de cargas
mecânicas acoplados ao eixo são representados por analogia de circuitos elétricos.
Contudo, faz-se o teste de validação do modelo da máquina no interior do programa.

SEÇÃO 4: DISTÚRBIOS DE QUALIDADE DA ENERGIA ELÉTRICA


Os índices de conformidade da tensão, estabelecidos pelo Módulo 8 dos
Procedimentos de Distribuição de Energia Elétrica no Sistema Elétrico Nacional –
PRODIST, são especificados para os distúrbios de qualidade em análise, a saber:
variações de tensão de curta duração (VTCD), variações de frequência,
desequilíbrios de tensão e distorções harmônicas. Não obstante, a plataforma
MODELS do ATP é introduzida, no intuito de sustentar o procedimento de
modelagem computacional das fontes geradoras de perturbação da tensão de
suprimento dos motores.

SEÇÃO 5: MODELAGEM COMPUTACIONAL DE MEDIDORES DE


DESEMPENHO DO MOTOR DE INDUÇÃO
Esta seção trata da modelagem computacional na plataforma MODELS de
três medidores de desempenho do motor de indução, os quais serão utilizados na
avaliação de funcionamento em regime transitório e em regime permanente.

SEÇÃO 6: SIMULAÇÃO E ANÁLISE DE RESULTADOS


Esta seção apresenta as montagens completas no ATPDraw, constituídas de
motor de indução, sistema mecânico acoplado ao eixo, modelo de gerador de
distúrbio de qualidade da tensão e modelo de medidores de desempenho. Os
resultados de simulação são então obtidos e avaliados sob o ponto de vista do
comportamento dinâmico da máquina assíncrona.
5

SEÇÃO 7: CONCLUSÕES
Finalmente, esta seção destina-se à apresentação das conclusões gerais e
discussões acerca das relações estabelecidas entre a máquina de indução, a rede
elétrica e os valores de referência dos distúrbios de qualidade da energia elétrica.
Além de apontar algumas sugestões de estudos e modelagens para trabalhos
futuros.
6

2 MÁQUINA DE INDUÇÃO TRIFÁSICA COM ROTOR EM


GAIOLA DE ESQUILO

2.1. Considerações Iniciais


A máquina de indução trifásica com rotor em gaiola de esquilo em operação
como motor, o qual será referido pela sigla MIT, constitui-se no foco principal de
análise do presente trabalho e ocupa uma posição de destaque no setor industrial.
Estima-se que mais de 80% das cargas mecânicas industriais são acionadas por
motores assíncronos com rotor em gaiola.
A ampla aceitação do MIT deve-se a uma série de fatores, entre os quais se
pode citar:
 Alimentação em corrente alternada, disponibilizada pela grande maioria dos
sistemas de distribuição de energia elétrica;
 Simplicidade construtiva;
 Robustez;
 Baixos custos de aquisição e manutenção;
 Elevado rendimento à plena carga; etc.

No interior dessa conjuntura, torna-se evidente a necessidade de direcionar


esforços no sentido de aprimorar as características de operação destes dispositivos,
traduzindo ainda a preocupação do setor elétrico nacional quanto à racionalização e
otimização do aproveitamento da energia elétrica disponível. Contudo, esta seção
tratar-se-á de uma revisão da literatura e estado da arte acerca das características
construtivas e operacionais da máquina, no intuito de resgatar os conceitos e
definições vinculados ao dispositivo em análise. Bem como, apresentar os modelos
matemáticos que contribuirão para a validação da simulação no software
ATP/EMTP, mais especificamente, na plataforma do ATPDraw.
7

2.2. Características Construtivas


A Figura 2.1 mostra os principais componentes de um motor de indução com
rotor em gaiola de esquilo.

Figura 2.1 – Motor de indução em gaiola de esquilo

O estator compreende o circuito magnético estático da máquina, constituído


basicamente dos seguintes elementos:
 Carcaça: estrutura de construção robusta, fabricada em ferro fundido,
aço ou alumínio injetado, resistente à corrosão e com aletas
superficiais para a refrigeração. Tem como principal função suportar o
núcleo do estator, oferecendo apoio para o rotor e o eixo, e é o ponto
de união normal entre o motor e a sua base.
 Núcleo: constituído de chapas ferromagnéticas delgadas empilhadas e
isoladas entre si nas quais os enrolamentos do estator encontram-se
dispostos. O núcleo do estator reforça o campo magnético produzido
pelos enrolamentos do estator.
 Enrolamentos: formados por bobinas dimensionadas em material
condutor isolado, localizadas em ranhuras do estator e alimentados por
um sistema de tensões trifásicas. Os enrolamentos do estator
responsabilizam-se pela criação dos campos eletromagnéticos girantes
da máquina.
 Camisa dos mancais: trata-se de placas metálicas localizadas em cada
extremidade do motor. A camisa dos mancais abriga os mancais do
eixo e mantém o rotor na posição correta dentro do estator.
8

O rotor é apoiado na cavidade cilíndrica do estator e transmite à carga a


energia mecânica produzida. A estrutura do rotor é constituída pelos seguintes
elementos:
 Eixo: localizado no centro do rotor, se estende além do núcleo do rotor
para fora da carcaça do estator, onde fica apoiado por mancais nas
camisas dos mancais.
 Núcleo: reforça o campo eletromagnético gerado pelos enrolamentos
do rotor. O núcleo do rotor consiste em camadas (laminações) de
chapas de aço ajustadas ao eixo do rotor. As laminações possuem
fendas de forma a permitir que os enrolamentos do rotor se encaixem
com segurança em volta do núcleo.
 Enrolamentos: formados por barras sólidas, geralmente de cobre ou
alumínio, sendo curto-circuitadas por anéis de fechamento do rotor.
Estas barras são fundidas nas fendas dentro do núcleo do rotor
formando a estrutura em gaiola de esquilo.
 Ventilador: acoplado a uma das extremidades do rotor, faz o ar circular
pelos enrolamentos do estator e pelo rotor, destinando-se à
refrigeração.

Não obstante, vale ressaltar ainda a presença da caixa de ligação, onde se


encontra os terminais metálicos que recebem os condutores de alimentação do
motor. Bem como os rolamentos sobre os quais está fixado o eixo do rotor.

2.3. Campos Magnéticos Girantes

2.3.1. Sistemas trifásicos balanceados


Os enrolamentos do estator compreendem um conjunto de três bobinas
independentes, alocadas em ranhuras e defasadas de 120º no espaço. Sendo que,
em condições ideais de operação, faz-se circular por estas bobinas correntes
trifásicas defasadas de 120º no tempo. Considerando a sequência de fases ABC,
as correntes em questão podem ser representadas por:
9

( ) ( ) (2.1)
( ) ( ) (2.2)

( ) ( ) (2.3)

Onde:
– valor de amplitude da corrente [A];
– velocidade angular da onda periódica, dada por [rad/s];
– frequência das correntes injetadas do estator [Hz].

Figura 2.2 – Diagrama fasorial das correntes

A circulação das correntes alternadas nas bobinas produz campos


magnéticos cujas forças magnetomotrizes ( ) por fase são pulsantes no espaço.
Indicando o ângulo espacial ( ) de acordo com o posicionamento dos eixos
magnéticos dos enrolamentos de espiras e considerando a fase A na referência,
tem-se:
( ) ( ) ( ) (2.4)
( ) ( ) ( ) (2.5)
( ) ( ) ( ) (2.6)

Considerando que a permeabilidade magnética do núcleo é significativamente


maior que a permeabilidade do entreferro ( ) e que a espessura do entreferro
é constante, pode-se determinar a onda de força magnetomotriz resultante de
estator ( ) no entreferro fazendo o somatório das das três fases:
( ) [ ( ) ( )
( ) ( ) ( ) ( )] (2.7)
Aplicando a identidade trigonométrica para os produtos de cosseno:
( ) ( ) ⁄ [ ( ) ( )] (2.8)
10

Após o desenvolvimento trigonométrico, tem-se:


( ) ( ⁄ ) [ ( )
( ) ( ) ( )] (2.9)

O somatório dos 3 primeiros membros no interior dos colchetes é nulo por


simetria e, portanto, a onda de força magnetomotriz ( ) estabelece um campo
magnético girante de amplitude constante no entreferro, sendo definida para a
sequência de fases ABC de um sistema trifásico equilibrado como:
(2.10)
( ) ( )

A velocidade do campo girante é função da freqüência das correntes de


alimentação e do número de pólos da máquina, sendo calculada pela expressão:
(2.11)

Onde:
– velocidade síncrona [rpm];
– freqüência da tensão de alimentação [Hz];
– número de pólos do motor.

2.3.2. Sistemas trifásicos desbalanceados


A alimentação do estator da máquina de indução com correntes trifásicas
desbalanceadas traz a necessidade de decomposição das mesmas em
componentes simétricas. Neste, caso tem-se a composição de três sistemas
balanceados de correntes, a saber: componentes de sequência positiva (índice 1),
componentes de sequência negativa (índice 2) e componentes de sequência zero
(índice 0). As correntes de alimentação dos enrolamentos do estator são expressas
a partir de suas componentes, sendo:
( ) ( ) ( ) ( ) (2.12)
( ) ( ) ( ) ( ) (2.13)

( ) ( ) ( ) ( ) (2.14)
11

Figura 2.3 – Diagrama fasorial das componentes simétricas

Sequência 0
As componentes de sequência 0 estão em fase, podendo ser representadas
por:
( ) ( ) ( ) ( ) (2.15)

A força magnetomotriz resultante de sequência 0 ( ) é calculada


seguindo a mesma linha de raciocínio utilizada para os sistemas balanceados na
seção anterior:
( ) ( ) [ ( ) ( ) ( )] (2.16)

( )

O somatório entre colchetes é nulo por simetria e, portanto, conclui-se que as


componentes de sequência 0 das correntes não produz campo girante no entreferro
da máquina.

Sequência positiva
As componentes de sequência positiva apresentam a mesma sequência de
fase do sistema original, no presente trabalho considera-se a sequência ABC,
utilizada para análise no sistema equilibrado:
( ) ( ) (2.17)

( ) ( ) (2.18)
(2.19)
( ) ( )
12

A força magnetomotriz resultante de sequência positiva ( ) é calculada a


partir de um desenvolvimento análogo ao da seção anterior, resultanto em:
(2.20)
( ) ( )

Portanto, as componentes de sequência positiva das correntes produz campo


girante no entreferro da máquina no mesmo sentido daquele campo estabelecido
pela circulação de correntes trifásicas equilibradas.

Sequência negativa
As componentes de sequência negativa apresentam sequência de fase
oposta a do sistema original, ou seja, sequência CBA, para a qual os ângulos de
desfasamento das correntes resultam :
( ) ( ) (2.21)

( ) ( ) (2.22)
(2.23)
( ) ( )

A força magnetomotriz resultante de sequência negativa ( ) é então


definida por:
(2.24)
( ) ( )

Observando a mudança de sinal do produto na expressão, conclui-se que


o campo magnético girante produzido pela onda de força magnetomotriz de
sequência negativa tem sentido oposto àquele estabelecido pela componente de
sequência positiva.

2.4. Princípio de Funcionamento


O campo girante estabelecido no estator da máquina em condições ideias de
alimentação, ao atravessar o rotor, provoca uma variação de fluxo magnético nos
condutores da gaiola de esquilo, gerando forças eletromotrizes induzidas ( )
13

em circuitos fechados no rotor; de acordo com a Lei de Faraday e Lenz1. A


circulação de correntes no rotor cria uma onda de força magnetomotriz ( )
girando no entreferro à velocidade síncrona ( ), cujo valor máximo apresenta
defasagem de em relação ao valor máximo da onda de força
magnetomotriz de estator ( ). O ângulo corresponde à defasagem elétrica
entre a tensão induzida fasorial ̇ e a corrente ̇ do circuito simplificado do rotor.

Figura 2.4 – Circuito simplificado do rotor e diagrama fasorial

Em se tratando da operação como motor, pode-se afirmar que o campo


magnético girante do estator encontra-se a frente do campo gerado o rotor, sendo
esse arrastado por aquele. O rotor se movimenta devido à produção de conjugado
eletromagnético ( ), o qual surge da tendência de alinhamento entre os eixos
magnéticos dos campos girantes de estator e rotor. O conjugado eletromagnético
existe para todas as velocidades do rotor diferentes da velocidade síncrona. Desse
modo, conclui-se que a velocidade de rotação do rotor não deveria atingir a
velocidade síncrona, pois não haveria movimento relativo entre a onda de fluxo do
estator e os condutores do rotor e, portanto, nenhuma corrente seria induzida no
rotor e não haveria produção de conjugado.
A diferença entre a velocidade síncrona e a velocidade do rotor é definida
como o escorregamento ( ) e dada em fração da velocidade síncrona:
(2.25)

( ) (2.26)

1 Em todos os casos de indução eletromagnética, uma fem induzida fará com que a corrente circule
em um circuito fechado, em um sentido tal que seu efeito magnético se oponha à variação que a
produziu:
14

( ) (2.27)

Em que e referem-se à velocidade angular síncrona e rotórica em [ ],


enquanto que e representam as mesmas grandezas em [ ].
Na partida, situação em que o rotor está em repouso ( ), o
escorregamento é unitário ( ) e a frequência das tensões induzidas no rotor é
equivalente à frequência da tensão de suprimento da rede ( ). A medida que o
rotor se acelera ( ), a velocidade relativa entre o campo magnético girante
e os condutores da gaiola é reduzida, o que diminui gradativamente a frequência
até a situação em que , para a qual não ocorre indução eletromagnética.
Portanto, a frequência das tensões induzidas no rotor pode ser expressa em função
do escorregamento, sendo comumente chamada de frequência de escorregamento:
(2.28)

Os condutores do rotor têm uma resistência e uma reatância que é


função direta da frequência de escorregamento, como pode ser visto no circuito da
Figura 5. Portanto, torna-se relevante ressaltar que a uma velocidade constante do
rotor, o ângulo permanece constante e a defasagem entre os valores máximos
dos campos magnéticos do estator e rotor não se altera. Desse modo, tem-se a
operação do motor de indução em regime permanente, onde a interação entre os
campos estacionários entre si produzem conjugado constante.

2.5. Modelagem Matemática no Domínio da Frequência


A representação da máquina de indução através de modelos matemáticos
possibilita uma análise dos fenômenos físicos envolvidos no processo de conversão
eletromecânica de energia. Não obstante, a modelagem do circuito equivalente será
utilizada para relacionar as grandezas elétricas e mecânicas quando da operação
em regime permanente, de modo a auxiliar na análise das respostas do motor em
condições ideais de suprimento de tensão.
O circuito equivalente por fase do motor de indução é construído de forma
análoga a modelagem de um transformador, entretanto deve-se observar uma
diferenciação devido a presença do entreferro e da resistência variável no
secundário. As grandezas do rotor são referidas ao estator e as perdas no ferro
15

serão consideradas em conjunto com a parcela de perdas mecânicas do eixo da


máquina.

Figura 2.5 – Circuito equivalente por fase do motor de indução


Onde:
̇ – tensão de fase terminal do estator;
– resistência por fase do estator;
– reatância de dispersão por fase do estator;
– reatância de magnetização;
– reatância de dispersão de rotor bloqueado referida ao estator;
– resistência do rotor referida ao estator;
̇ – corrente do estator;
̇ – corrente de magnetização;
̇ – tensão na reatância de magnetização;
̇ – corrente do rotor referida ao estator.

A diferença entre o valor da tensão nos terminais do estator ( ̇ ) e o valor da


tensão na reatância de magnetização ( ̇ ) corresponde à queda de tensão na
impedância dos enrolamentos do estator, devido às correntes ̇ e ̇ . Sabe-se que a
queda de tensão devido a passagem da corrente de magnetização ̇ é
significativamente menor que aquela oriunda da componente de carga e, portanto,
pode ser considerada desprezível, condição bastante aceitável do ponto de vista da
análise em engenharia. Contudo, o circuito equivalente é simplificado, de acordo
com a Figura 2.6.

Figura 2.6 – Circuito equivalente simplificado por fase do motor de indução


16

A partir da teoria de circuitos elétricos, o valor eficaz da corrente ̇ pode ser


determinado pela expressão:
(2.29)

√( ) ( )

2.6. Distribuição de Potências no Domínio da Frequência


O esquema da Figura 2.7 mostra o balanço de potência no interior do motor
de indução trifásico, desde a entrada de potência ativa ( ) no estator até a saída
de potência mecânica útil ( ) disponível no eixo.

Figura 2.7 – Balanço de potência no interior do MIT

A potência de perdas no ferro ( ), devido ao fenômeno da histerese e


correntes de Foucault, é independente da velocidade do rotor e determinada, por
conveniência, juntamente com a potência de perdas mecânicas ( ), oriunda do
atrito entre o eixo e os mancais, bem como do sistema de refrigeração por
ventilador.
As definições de potência serão desenvolvidas para o sistema trifásico
balanceado de alimentação do motor, para o qual se torna relevante considerar
operação em regime permanente, distribuição senoidal de fluxo magnético no
entreferro e efeitos de saturação do núcleo magnético desprezíveis. Logo, as
seguintes relações podem ser estabelecidas:
(2.30)
(2.31)
(2.32)
17

A potência ativa trifásica de entrada é definida pela expressão (2.33), onde


e são os valores eficazes da tensão e corrente de fase do motor, respectivamente,
e e os correspondentes valores eficazes de linha.
√ (2.33)

 Potência de perdas por efeito Joule nos enrolamentos do estator:

(2.34)

Da análise do circuito equivalente da máquina, verifica-se que a potência de


entreferro pode ainda ser definida por:
(2.35)

 Potência de perdas por efeito Joule nos enrolamentos do rotor:

(2.36)

Substituindo (2.36) em (2.35), obtém-se a expressão das perdas ôhmicas no


rotor em função do escorregamento:
(2.37)

Substituindo (2.35) e (2.36) em (2.31), tem-se o cálculo da potência


desenvolvida pelo rotor:
(2.38)
( )

( ) (2.39)

A potência de perdas mecânicas ( ) é função de parâmetros, tais como o


coeficiente de atrito viscoso nos mancais e a capacidade de dissipação de calor do
ventilador, cuja mensuração distancia-se do escopo deste trabalho. Entretanto, essa
parcela de perdas pode ser facilmente calculada quando conhecemos a potência
mecânica útil de saída da máquina, dado de placa especificado pelo fabricante como
potência nominal.
18

2.7. Estimativa do Conjugado Eletromagnético ( )


Sabendo-se que a potência desenvolvida pelo rotor ( ) pode ser aproximada
pela diferença entre a potência fornecida ao rotor ( ) e a potência dissipada nos
enrolamentos do próprio rotor ( ), tem-se a seguinte expressão para o cálculo do
conjugado eletromagnético ( ) desenvolvido pelo motor de indução:
(2.40)

(2.41)

Substituindo a corrente do rotor , expressão (2.29), e a velocidade do rotor


, expressão (2.27), em (2.41), encontramos a expressão do torque ( ) em função
da tensão no estator ( ) e do escorregamento ( ):

(2.42)
[( ) ( ) ]

Dessa forma, pode-se obter o comportamento em regime permanente da


máquina assíncrona, através da variação do escorregamento dentro de uma ampla
faixa de operação. A Figura 2.8 apresenta um esboço do comportamento do
conjugado eletromagnético, quando o escorregamento é variado de –1 a 2. Observa-
se que a máquina pode operar como: motor ( ), como gerador
( ) ou como freio ( ).

Figura 2.8 – Conjugado eletromagnético em função do escorregamento ( )


19

Nota-se que quando o motor parte com tensão nominal no estator ( ),


experimenta um conjugado de partida ( ) que cresce à medida que o
escorregamento diminui, até que se atinja um valor de escorregamento
correspondente ao torque máximo ( ). A partir daí, em plena carga, o torque
decresce e se estabiliza em um ponto de conjugado nominal ( ), onde o
escorregamento tem de 0,02 a 0,1 p.u, na maioria dos motores em gaiola de esquilo.

2.8. Acoplamento de Carga Mecânica no Eixo


A operação do motor de indução em regime permanente, para o qual a
velocidade angular do rotor ( ) é constante, torna-se possível se, e somente se, o
conjugado resistente ( ) da carga mecânica acoplada ao eixo se equilibrar com o
conjugado eletromagnético ( ) produzido pela máquina. O comportamento dinâmico
do conjunto motor-carga pode ser representado pela equação diferencial do torque
acelerante ( ) dada por:
(2.43)

Onde:
– torque de aceleração do motor [N.m];
– conjugado eletromagnético [N.m];
– conjugado de carga ou resistente [N.m];
– momento de inércia das massas girantes [kg.m2];
– velocidade angular do rotor [rad/s];
– coeficiente de atrito viscoso [N.m.s].

Percebe-se que a taxa de variação da velocidade do rotor no tempo torna-se


diferente de zero quando existe um desequilíbrio entre o conjugado do motor e o
conjugado de carga. Entretanto, quando a velocidade do rotor é constante, a
potência requerida pela carga ( ) é equivalente à potência desenvolvida pelo motor
e pode ser expressa em:
(2.44)

As cargas mecânicas são divididas de acordo com suas características de


conjugado em função da velocidade de rotação. No presente trabalho, tratar-se-á da
20

modelagem dos 3 tipos de cargas mais encontrados nos parques industriais, cujas
aplicações são exemplificadas na tabela 2.1.

Tabela 2.1 – Principais tipos de cargas mecânicas industriais


Característica da carga Exemplos de aplicação
mecânica
Constante Tapetes, esteiras, guinchos e guindastes
Linear Bombas de pistão, plainas e serras de madeira
Quadrática Bombas centrífugas, ventiladores e compressores

2.9. Definições de Potência no Domínio do Tempo


A representação de grandezas eletromecânicas do domínio do tempo
possibilita o estudo dos fenômenos físicos associados ao comportamento do motor
de indução quando da operação em regime transitório e em regime permanente.
Inicialmente, torna-se importante conceituar o chamado valor eficaz ou valor RMS
(Root Mean Square) de uma função continua ( ) com período :

√ ∫ [ ( )] (2.45)

2.9.1. Potência elétrica instantânea


Caso monofásico senoidal
Considerando a tensão e corrente monofásica senoidal:
( ) ( ) √ ( ) (2.46)

( ) ( ) ( ) (2.47)

Cujos fasores no plano complexo podem ser representados por:


̇ (2.48)
̇ (2.49)

A potência elétrica instantânea seria calculada pelo produto:


( ) ( ) ( ) ( ) ( ) (2.50)
21

Aplicando a identidade trigonométrica para os produtos de seno


( ) ( ) ⁄ [ ( ) ( )], para e , tem-se:
( ) ⁄ [ ( ) ( )] (2.51)

Em termos de valores eficazes:


( ) ( ) ( ) (2.52)

Desenvolvendo o termo em cosseno do segundo membro como:


( ) ( ) ( ) ( ) ( ) (2.53)

Obtêm-se a expressão da potência instantânea monofásica:


( ) [ ( ) ( ) ( ) ( ) ( )] (2.54)
( ) ̅ ̃

Percebe-se da expressão (2.54), que a potência elétrica instantânea contém


uma parcela constante ( ̅ ), que define a potência média ou potência ativa ( ):
̅ ( ) (2.55)

Calculada no domínio do tempo pela integral:

∫ ( ) ( )
(2.56)

E, não obstante, contém ainda 2 parcelas que oscilam em quadratura,


definidas por ( ̃) : uma parcela que oscila com ( ) e vale ( )
e a outra parcela que oscila com ( ) e vale ( ). Sendo essa
segunda parcela, a qual oscila em quadratura com a potência ativa ( ), definida
como potência reativa ( ):
( ) (2.57)

Portanto, em termos das potências ativa e reativa, a potência elétrica


instantânea para o caso monofásico pode ser expressa como:
( ) ( ) (2.58)
22

Caso trifásico senoidal


Considerando as tensões e correntes trifásicas senoidais perfeitamente
equilibradas no suprimento de um motor de indução:

Figura 2.9 – Alimentação do MIT com tensões e correntes senoidais balanceadas

Onde:
( ) ( ) (2.59)
( ) ( ) (2.60)

( ) ( ) (2.61)

( ) ( ) (2.62)
( ) ( ) (2.63)

( ) ( ) (2.64)

A potência elétrica trifásica instantânea de entrada é calculada pela soma das


potências instantâneas das fases A, B e C:
( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) (2.65)

Um desenvolvimento análogo ao caso monofásico possibilita a expressão da


soma como sendo:
( ) {[( )] [( ( ))] [( ( ))]} (2.66)
[ ( ) ( )]

Ou melhor:
( ) {[( )] [( ( ))] [( ( ))]} (2.67)
[ ( ) ( )]
23

A soma dos termos entre colchetes resulta em zero e a potência trifásica


instantânea para o caso trifásico senoidal equilibrado apresenta-se constante,
equivalente à potência ativa das 3 fases:
( ) (2.68)

Desse modo, pode-se concluir que a entrada de potência elétrica instantânea


constante no motor, quando do suprimento de tensões trifásicas balanceadas,
garante a produção de conjugado eletromagnético constante e a continua
conversão eletromecânica de energia ao longo do tempo.

2.9.2. Potência ativa trifásica


A potência ativa trifásica ( ) pode ser calculada a partir do somatório dos
valores médios das potências instantâneas de cada fase:
(2.69)
[∫ ∫ ∫ ]

O esboço do triângulo de potências tipicamente indutivo mostra a potência


ativa ( ) em quadratura com a potência reativa trifásica ( ) nos terminais de
entrada do motor de indução:

Figura 2.10 – Triângulo de potências do MIT

A potência aparente ( ) pode ser calculada a partir dos valores RMS de


tensão e corrente de cada fase:
(2.70)

O fator de potência trifásico ( ) do MIT é definido:


(2.71)
24

Aplicando o Teorema de Pitágoras no triângulo retângulo da Figura 2.10,


determina-se a potência reativa trifásica de entrada do MIT pela relação:
(2.72)

2.9.3. Potência de perdas por efeito Joule no estator


A potência trifásica de perdas por efeito Joule nos enrolamentos do estator
( ) pode ser calculada a partir do somatório das perdas ôhmicas na resistência das
bobinas de cada fase:
(2.73)
[∫ ∫ ∫ ]

As demais potências envolvidas na operação do MIT, a saber, a potência de


perdas por efeito Joule no rotor ( ), a potência de entreferro ( ), a potência

desenvolvida pelo rotor ( ), a potência de perdas mecânicas ( ) e a potência


mecânica de saída ( ), são calculadas da mesma forma explanada na subseção
2.6, acerca da distribuição de potências no domínio da frequência. Entretanto,
deve-se considerar o escorregamento ( ) em função da variação, no tempo, da
velocidade angular do rotor ( ):
( ) (2.74)
( )

2.10. Transformada de Park ou dq0


A transformada dq0 é uma transformação de coordenadas do sistema
estacionário trifásico (abc) para um sistema de coordenadas girantes (d-q). Não
obstante, esta modelagem dinâmica do motor de indução trifásico é realizada
através das transformadas de Clark e Park. A primeira transforma o sistema de
coordenadas “abc” para “αβ0”, estacionário. A segunda transforma o sistema de
coordenadas “αβ0” para “dq0”, girante a uma velocidade arbitrária , que pode
ser escolhida de forma propícia para se obter variáveis contínuas no tempo. A
Figura 2.11 ilustra tais transformações.
25

Figura 2.11 – Esboço da transformação de coordenadas de “abc” para “dq0”

No sistema trifásico equilibrado de coordenadas “abc” vale a relação:


̇ ̇ ̇ (2.75)
Sendo estes fasores mapeados em um vetor girante ̇ no plano
ortogonal d-q, aplicando-se a seguinte relação matemática de transformação:

̇
̇
[ ̇ ] [ ̇ ] (2.76)
√ √
̇
[ ]
26

3 MODELAGEM COMPUTACIONAL DO MOTOR DE


INDUÇÃO

3.1. Considerações Iniciais


O software ATP (Alternative Transients Program) compreende uma poderosa
ferramenta computacional gratuita capaz de efetuar modelagem e simulação de
sistemas elétricos submetidos à propagação de transitórios eletromagnéticos. Na
conjuntura do presente trabalho, será realizada uma análise transitória e de regime
permanente vinculados a distúrbios da tensão de suprimento de um motor de
indução trifásico.
Para a modelagem do motor de indução trifásico, utilizou-se o componente
‘Machines - UM3-Indution’ disponível na plataforma de simulação do ATPDraw.
Sabe-se que o ATP/EMTP, para descrever o comportamento dinâmico da máquina
de indução, efetua a Transformada dq0 nas grandezas de entrada do componente,
no intuito de reduzir o número de expressões matemáticas e, por conseguinte,
diminuir os esforços de processamento computacional. Nesse contexto, torna-se
pertinente ressaltar que um sistema de suprimento de tensões trifásicas equilibradas
ou a não conexão do neutro implica na eliminação da chamada fase “0”, resultando
em um sistema bifásico de coordenadas d e q. A imagem da Figura 3.1 mostra a
montagem padrão do MIT, com as suas conexões e partes constituintes
adequadamente identificadas.

Figura 3.1 – Representação do motor de indução trifásico


Onde:
(1) representam as fases ‘a’, ‘b’ e ‘c’ de alimentação do estator;
(2) é uma chave trifásica Switch time 3-ph (SWIT_3XT);
27

(3) é o modelo de motor de indução trifásico Machines - UM3-Indution;


(4) é um componente Branch linear – resistor de 1MΩ, utilizado para a conexão de
alta impedância do neutro da ligação estrela, de modo a garantir o comportamento
da máquina sem ligação de neutro.
(5) é um componente Branch linear – resistor de 1kΩ, utilizado para evitar
flutuações;
(6) é uma fonte monofásica sources- Ac1ph, Type 14 utilizada como fonte de
corrente com um pequeno valor (1x10-5A) a uma frequência próxima à zero (0.001
Hz), apenas para indicar uma magnetização prévia para inicialização do rotor.
(7) é um componente Branch linear – resistor representando as perdas mecânicas
rotacionais;
(8) é um componente Branch linear – capacitor representando a inércia do sistema;
(9) é o ponto de conexão da característica de carga mecânica acoplada ao eixo. A
modelagem para um conjugado de carga constante, em rampa e quadrático será
apresentada nas seções subsequentes.

3.2. Estimativa dos Parâmetros do Modelo


A estimativa dos parâmetros elétricos e mecânicos a ser inseridos no modelo
será efetuado a partir dos dados de placa e resultados de ensaio de resistência
elétrica do estator de um motor de indução de 5cv, 4 pólos, ligação estrela,
escolhido arbitrariamente para um estudo de caso. Os dados da Tabela 3.1 foram
retirados do catálogo de motores Weg W21 Alto Rendimento Plus.

Tabela 3.1 – Dados de placa do motor de indução escolhido


Potência nominal
Tensão nominal
Corrente nominal
Velocidade nominal
Fator de potência
Rendimento nominal
Fator de serviço
Corrente de partida ⁄
Momento de inércia
Conjugado nominal
Conjugado máximo ⁄
Conjugado de partida ⁄
Tempo máximo de rotor
bloqueado, a quente

As medidas de resistência dos enrolamentos do estator são fornecidas pelo


28

ensaio de resistência elétrica dos enrolamentos, fornecido pela WEG: ;


e .

(3.1)

(3.2)

Considerando que o motor em questão tem 4 pólos e opera com uma


frequência nominal de 60 Hz. Temos o cálculo do escorregamento para a condição
nominal:
(3.3)

 Estimativa da resistência por fase do estator:


(3.4)

Devido ao baixo valor de escorregamento na condição nominal de operação


do motor, o termo ⁄ torna-se muito maior que os demais parâmetros do rotor.
Desse modo, a estimativa da resistência por fase do rotor pode ser efetuada,
considerando o circuito do rotor puramente resistivo:
(3.5)
√ (3.6)

(3.7)

 Estimativa das indutâncias de dispersão do estator ( ) e do rotor ( ), a


partir do triangulo de impedâncias da máquina com rotor bloqueado:
(3.8)
√( ) ( )

29

√( ) ( )

(3.9)

Portanto: ( )⁄ (3.10)

 Estimativa dos parâmetros do ramo magnetizante:


( ) (3.11)
(3.12)


(3.13)

 Cálculo das perdas mecânicas ( ):


(3.14)

 Cálculo da resistência de perdas mecânicas (7), Figura 11:

( )
(3.15)

As Tabela 3.2, 3.3, 3.4 e 3.5 mostram os ajustes de coordenadas d-q para os
parâmetros estimados no modelo de motor de indução do ATPDraw, UM3-Indution.

Tabela 3.2 – Parâmetros da aba General inseridos no modelo


Parâmetros Gerais – ‘General’
Ligação do estator Y
Pares de pólos 2
30

Tabela 3.3 – Parâmetros da aba Magnet. inseridos no modelo


Parâmetros do Ramo de Magnetização –
‘Magnet.’
LMUD 40.69E-3
LMUQ 40.69E-3

Tabela 3.4 – Parâmetros da aba Stator inseridos no modelo


Parâmetros do Estator – ‘Stator’
R [ohm] L[H]
0 0 0
d 0.583 0.627E-3
q 0.583 0.627E-3

Tabela 3.5 – Parâmetros da aba Rotor inseridos no modelo


Parâmetros do Rotor – ‘Rotor’
R [ohm] L[H]
1 0.466 0.627E-3
2 0.466 0.627E-3

3.3. Sistema Mecânico


A Tabela 3.6 mostra as grandezas elétricas utilizadas no software ATP para
fazer a analogia dos sistemas mecânicos vinculados à operação do motor de
indução.
Tabela 3.6 – Analogia eletromecânica no ATP
Grandeza mecânica Grandeza elétrica
(Torque ou conjugado) (Corrente no nó)
(Velocidade angular) (Tensão no nó)
(Momento de inércia) (Capacitância para a terra)
(Amortecimento viscoso) ⁄ (Condutância)

O circuito elétrico equivalente à modelagem do sistema mecânico no


ATPDraw é representado na Figura 3.2. Onde a fonte de corrente representa o
31

conjugado eletromagnético ( ) fornecido na conexão de saída especificada para o


componente Machines - UM3-Indution.

Figura 3.2 – Circuito equivalente ao sistema mecânico

Aplicando a Lei de kirchhoff das correntes para o nó cuja tensão é :


(3.16)

Fazendo a analogia eletromecânica proposta na Tabela 3.6, chega-se a já


conhecida equação diferencial que rege o comportamento dinâmico do motor de
indução:
(3.17)

Portanto, verifica-se que a velocidade angular do rotor é representada pela


tensão no nó do sistema mecânico em [rad/s], E, não obstante, o conjugado de
carga ( ) deve ser modelado, quando conveniente, por fontes de corrente com
valor negativo, no intuito de contrabalançar a corrente injetada pelo modelo do
motor trifásico.
A inércia das massas rotativas ( ), compreendendo o conjunto motor-carga
mecânica acoplada ao eixo, é definida pela expressão (3.18). Sendo o cálculo da
inércia admissível para a carga ( ) retirado da norma NBR7094 – Máquinas
elétricas girantes – Motores de indução.
[ ( )] [ ] (3.18)
[ ] [ ]
32

Portanto, a modelagem do motor de indução no ATPDraw corresponde a um


estudo de caso no qual o momento de inércia do sistema é o máximo admissível
pela norma supracitada. O valor de ( ) deve ser ajustado para representar a
capacitância (8) da Figura 3.1, em [ ]:
(3.19)

3.3.1. Conjugado de carga constante


A carga constante caracteriza-se pela baixa ou nenhuma variação de
conjugado resistente com o aumento da velocidade.

Figura 3.3 – Curva de carga constante ( )

A expressão matemática da curva pode ser representada por:


( ) (3.20)

Onde é uma constante modelada através de uma fonte de corrente


contínua do tipo Source DC type 11:
I

Figura 3.4 – Fonte de corrente contínua no ATPDraw

Para a condição de carga nominal no eixo do motor, o ajuste da valor da


fonte pode ser calculado por:
(3.21)

3.3.2. Conjugado de carga linear


A carga linear apresenta uma variação linear de conjugado resistente com o
aumento da velocidade no eixo do motor.
33

Figura 3.5 – Curva de carga linear ( )

A expressão matemática da curva pode ser representada por:


( ) (3.22)

Onde é uma constante modelada através de uma resistência linear, para a


qual quando e [N.m] quando [rad/s], portanto:
(3.23)

3.3.3. Conjugado de carga quadrático


A carga quadrática caracteriza-se por um conjugado resistente que varia com
o quadrado da velocidade de rotação.

Figura 3.6 – Curva de carga quadrático ( )

A expressão matemática da curva pode ser representada por:


( ) (3.24)

Considerando o torque resistente inicial ( ) equivalente a 20% do conjugado


nominal do motor, tem-se:
(3.25)
34

( ) (3.26)
( ) (3.27)

A expressão do conjugado de carga quadrático resulta em:


( ) (3.28)

A modelagem dessa característica de carga foi implementada utilizando a


subrotina TACS (Transient Analysis of Control Systems) do ATP. O componente
Coupling to Circuit leva o sinal de tensão correspondente a para a TACS e o
componente Fortran Statements – General processa o sinal de acordo com a
expressão desejada, injetando o sinal resultante ( ) através da fonte de corrente
TACS Source tipo 60 para o sistema mecânico. Conforme pode ser visualizado na
montagem da Figura 3.7.

Figura 3.7 – Modelagem de carga quadrática na TACS

A Figura 3.8 mostra o ajuste da expressão ( ) no componente Fortran


Statements – General , onde a variável ‘W’ corresponde ao nome do nó de
acoplamento da velocidade do rotor .

Figura 3.8 – Ajuste de saída do torque quadrático


35

3.4. Validação do Modelo – Simulação de Partida Direta


A simulação de partida direta será efetuada para o motor de indução trifásico
com carga constante acoplada ao eixo.

I
U

Figura 3.9 – Modelagem de partida direta

Nessa circunstância, tem-se a alimentação do motor através de um sistema


de tensões trifásicas senoidais perfeitamente equilibradas, com 220 V eficazes entre
fases e frequência constante de 60 Hz.

Figura 3.10 – Tensões trifásicas de alimentação

A Figura 3.10 refere-se à tensão trifásica fase-neutro de suprimento do MIT,


cujo valor de amplitude é:
(3.24)

Figura 3.11 – Corrente elétrica na partida direta


36

A amplitude da corrente de partida foi de, aproximadamente, 157 A ou 111,02


A (rms). Sabendo-se que a corrente nominal no motor vale , tem-se:
(3.24)

Figura 3.12 – Conjugado eletromagnético ( ) e conjugado de carga ( )

Figura 3.13 – Velocidade do rotor ( )

Para um tempo de 6 segundos de simulação com carga constante


equivalente a carga nominal no eixo, verificou-se um tempo de partida
de, aproximadamente, 4 segundos. Desse modo, pode-se garantir a operação de
regime permanente a partir do instante . A velocidade do rotor estabiliza-se
em 180,47 rad/s (1718 rpm) e o conjugado eletromagnético atinge 20,52 N.m.
Vale ressaltar que a diferença , equivalente a 0,136 N.m corresponde a
parcela de conjugado resistente devido as perdas rotacionais em conjunto com as
perdas no ferro.
37

Figura 3.14 – Corrente de regime permanente

A operação em regime permanente do motor de indução com rotor em gaiola


de esquilo implica na manutenção de escorregamento ( ) constante e, por
conseguinte, a impedância e a potência de entrada do motor também se mantem
constantes. Contudo, verifica-se a solicitação de uma corrente de suprimento com
valor de amplitude de 19,05 A, ou 13,47 A (rms).

Tabela 3.7 – Comparação entre valores nominais e valores de simulação do MIT


Grandeza Valor nominal Simulação Erro (%)2
ATP
Tensão de suprimento [ ] 220,00 220,00 0,00
Corrente de partida [ ] 8,00 8,04 0,50
Corrente de regime permanente [ ] 13,80 13,47 2,39
Conjugado eletromagnético [ ] 20,38 20,52 0,07
Velocidade do rotor [ ] 180,12 180,47 0,19

A partir da análise da Tabela 3.7, verifica-se que a simulação do motor de


indução no ATPDraw garante uma boa aproximação com relação aos valores
nominais fornecidos pelo fabricante. E, portanto, conclui-se que a modelagem do
MIT é válida para o estudo de caso proposto.

2
O erro percentual é definido pela relação:
| |
( )
| |
38

4 DISTÚRBIOS DE QUALIDADE DA ENERGIA ELÉTRICA

4.1. Considerações Iniciais


A “Qualidade da Energia Elétrica” trata-se de um termo introduzido pela IEEE
(Institute of Electrical and Electronics Engineers), cuja definição é estabelecida como
“o conceito de fornecer energia elétrica e aterrar um equipamento sensível de forma
a que seja possível a operação deste de modo apropriado”. Enquanto que a IEC
(International Electrotechnical Commission) conceitua a qualidade da energia não
somente relacionada ao desempenho do equipamento, mas também com o
desempenho do sistema de energia, a partir do enunciado: “É a característica da
eletricidade em certo ponto do sistema elétrico confrontada com parâmetros técnicos
de referência”.
A ênfase dada para a qualidade da energia elétrica fornecida aos motores
será avaliada, no presente trabalho, sob a luz dos parâmetros elétricos relativos aos
índices de conformidade da tensão previstos no Módulo 8 dos Procedimentos de
Distribuição de Energia Elétrica no Sistema Elétrico Nacional - PRODIST. Desse
modo, o comportamento da máquina assíncrona com rotor em gaiola será avaliado
sob a influência dos seguintes distúrbios da tensão de suprimento:
 Variações de tensão de curta duração (VTCD);
 Variações de frequência;
 Desequilíbrios de tensão;
 Distorções harmônicas.

O software ATP (Alternative Transients Program) permite a simulação de


transitórios eletromagnéticos utilizando o método de integração trapezoidal para
valores discretos em passos de integração definidos pelo usuário como TIMESTEP.
Todavia, as fontes geradoras de perturbações da tensão de suprimento serão
implementadas na plataforma MODELS do ATP/EMTP, a qual possibilita a criação
de objetos modelo. A MODELS consiste em uma linguagem de descrição geral
suportada por um conjunto de ferramentas de simulação, visando o estudo e
representação de sistemas variáveis no tempo. Os arquivos associados à
modelagem no ATP são do tipo:
 “.adp”, criados e executáveis no ATPDraw;
39

 “.sup”, definidos para cada tipo de componente, contendo especificações de


entradas (Input) e saídas (Output) para todos os nós (Nodes), de dados
inseridos (Data) e de textos de ajuda (Help);
 “.mod”/”.lib”, arquivos MODEL e de especificações de usuário, contendo
informações adicionais dos objetos.

4.2. Variações de Tensão de Curta Duração (VTCD)


As variações de tensão de curta duração são definidas pelo Módulo 8 do
PRODIST como sendo desvios no valor eficaz da tensão em curtos intervalos de
tempo. A Tabela 4.1 indica a classificação de VTCD quanto ao tempo de duração e
valor eficaz da variação de tensão durante os distúrbios.

Tabela 4.1 – Classificação das Variações de Tensão de Curta Duração

Fonte: Módulo 8 – Qualidade da Energia Elétrica. PRODIST. ANEEL. 2012. Revisão 4.

Os afundamentos de tensão são usualmente causados por falha no sistema


elétrico de potência, bem como curto-circuito, partida de grandes motores e
energização de transformadores. No que tange ao emprego da máquina de
indução a nível industrial, verifica-se, com frequência, a ocorrência de interrupções
40

do processo produtivo e instabilidade causadas por distúrbios dessa natureza.


Portanto, a análise dos resultados de simulação referentes a VTCD são
direcionadas para o estudo do comportamento do MIT sujeito a afundamentos
momentâneos da tensão de suprimento.

4.2.1. Modelagem computacional


A variação de tensão trifásica foi implementada na plataforma MODELS e sua
representação no ATPDraw pode ser visualizada na Figura 4.1. As tensões
senoidais de entrada das 3 fases são submetidas à uma mesma variação na
amplitude e, consequentemente, à uma variação correspondente no valor eficaz,
sendo que a frequência e o ângulo de fase do sistema original permanecem
constantes. O código fonte do componente, cujo arquivo foi nomeado por
“VSAG3F.mod”, pode ser encontrado no Apêndice I.

Figura 4.1 – Representação do gerador de VTCD

Os ajustes necessários para a inserção de variação trifásica da tensão de


suprimento no ATPDraw são descritos na Tabela 4.2.

Tabela 4.2 – Dados de entrada do arquivo “VSAG3F.sup”


Nome do dado Descrição Unidade
Vsag Valor de amplitude da tensão trifásica durante o distúrbio p.u.
DUR Tempo de duração da VTCD segundos
Tin Instante de tempo inicial de ocorrência da VTCD segundos

4.3. Variações de Frequência


A frequência ( ) da tensão de suprimento é um parâmetro importante para a
operação do motor de indução, visto que a velocidade síncrona da máquina é
determinada por ⁄ [ ]. E, portanto, variações de frequência implicam
em variações correspondentes na velocidade do campo magnético girante.
As variações de frequência nos sistemas de energia elétrica estão
diretamente relacionadas à velocidade de rotação dos geradores, sendo causadas
41

quando há um desequilíbrio entre a potência solicitada pela carga e a geração. No


interior dessa conjuntura, vale ressaltar que variações de frequência fora dos
limites aceitáveis raramente acontecem devido ao elevado nível de sofisticação dos
sistemas de controle dos grandes centros geradores. Entretanto, variações mais
severas são comumente verificadas em sistemas isolados e, apesar dos esforços
de engenharia no aprimoramento da qualidade de fornecimento, de fato, todo
sistema é passível de falhas.
Para situações críticas, em que há a necessidade de corte de geração ou de
carga para o reestabelecimento do equilíbrio carga-geração, o PRODIST
estabelece índices de conformidade para o distúrbio no sistema de distribuição,
onde a frequência das tensões:
a) não pode exceder 66 Hz ou ser inferior a 56,5 Hz;
b) pode permanecer acima de 62 Hz por no máximo 30 segundos e acima de
63,5 Hz por no máximo 10 segundos;
c) pode permanecer abaixo de 58,5 Hz por no máximo 10 segundos e abaixo
de 57,5 Hz por no máximo 5 segundos.
Contudo, o estudo de variações de frequência no presente trabalho será
direcionado para as consequências dessas condições extremas de perturbações,
previstas pela norma, no comportamento transitório do motor de indução.

4.3.1. Modelagem computacional


A Figura 4.3 mostra a representação da fonte de sinal trifásico balanceado
com variação de frequência implementada na plataforma MODELS. Sendo que o
código fonte do componente, cujo arquivo foi nomeado por “VARf.mod”, pode ser
encontrado no Apêndice II.

Figura 4.3 – Fonte de sinal trifásico com variação de frequência

Os dados de entrada para parametrização da fonte de tensão com alteração


de frequência são descritos na Tabela 4.3.
42

Tabela 4.3 – Dados de entrada do arquivo “VARf.sup”


Nome do dado Descrição Unidade
Amp Valor de amplitude do sinal trifásico senoidal V
Freq Frequência nominal do sinal Hz
PHA Ângulo de fase do sinal na fase A graus
Tsta Instante de tempo inicial. Valor zero para T<Tsta. segundos
Tsto Instante de tempo final. Valor zero para T>Tsto. segundos
Fn Frequência durante a ocorrência do distúrbio Hz
Tin Instante de tempo inicial para alteração da frequência do segundos
sinal, de ‘Freq’ para ‘Fn’
DUR Tempo de duração do distúrbio de frequência segundos

Considerou-se a sequencia de fases ABC, sendo que a frequência de


distúrbio (Fn) definida para um intervalo Tin ≤ t < Tin+DUR, altera diretamente o
valor nominal de das expressões do sinal trifásico senoidal de saída
para . Em que os sinais de saída são definidos por:
( ) ( ) (4.1)
( ) ( ) (4.2)
( ) ( ) (4.3)

4.4. Desequilíbrios de Tensão


Os desequilíbrios de tensão são caracterizados pela alteração dos padrões
trifásicos do sistema de distribuição. Contudo, diz-se que um sistema de tensões
trifásicas é desequilibrado quando os valores eficazes das tensões de fase não são
iguais e/ou quando os defasamentos angulares sofrem alteração.
As causas de desequilíbrios residem, geralmente, nos próprios sistemas de
distribuição, os quais possuem cargas monofásicas ou bifásicas distribuídas
inadequadamente entre as 3 fases do sistema de suprimento trifásico. Desse
modo, correntes desequilibradas percorrem o circuito da concessionária para
atender às diferentes solicitações de carga e, devido às diferentes quedas de
tensão nos condutores, faz-se surgir tensões de seqüência negativa na rede.
Conhecendo-se os fasores das tensões trifásicas desequilibradas da rede
( ̇ ̇ ̇ ), pode-se determinar as componentes simétricas pela equação matricial:
43

̇ ̇
[ ̇ ] [ ] [ ̇ ] (4.4)
̇

O fator de desequilíbrio percentual ( ) das tensões pode ser calculado


pela razão entre o módulo da tensão de sequência negativa ( ) e o módulo da
tensão de sequência positiva ( ), de acordo com a expressão:
(4.5)

O Módulo 8 do PRODIST estabelece que o valor de referência para o fator de


desequilíbrio das tensões ( ) no sistema de distribuição deve ser igual ou
inferior a 2%. Contudo, este índice de conformidade da QEE será avaliado para a
condição de operação em regime permanente do motor de indução e, não
obstante, confrontado com valores mais severos de desequilíbrios frequentemente
identificados nos pontos de entrega de energia.

4.4.1. Modelagem computacional


O distúrbio de desequilíbrio da tensão de suprimento foi implementado na
plataforma MODELS e sua representação no ATPDraw pode ser visualizada na
Figura 4.4. As tensões trifásicas de entrada, perfeitamente senoidais e
equilibradas, podem ser submetidas somente a uma variação na amplitude de cada
fase, de modo a gerar um sinal desequilibrado na saída, mantendo-se então a
frequência e o ângulo de fase do sistema original constantes. O código fonte do
componente, cujo arquivo foi nomeado por “UNB.mod”, pode ser encontrado no
Apêndice III.

Figura 4.4 – Representação do gerador de desequilíbrio

Os ajustes de amplitude das fases da tensão de entrada são identificados na


Tabela 4.4, onde o usuário pode definir as entradas de dados na interface criada
pelo arquivo “UNB.sup” no ATPDraw.
44

Tabela 4.4 – Dados de entrada do arquivo “UNB.sup”


Nome do dado Descrição Unidade
VApu Valor do multiplicador de amplitude da tensão da fase A p.u.
DUR_A Duração do distúrbio na fase A segundos
Tin_A Instante inicial do distúrbio na fase A segundos
VBpu Valor do multiplicador de amplitude da tensão da fase B p.u.
DUR_B Duração do distúrbio na fase B segundos
Tin_B Instante inicial do distúrbio na fase B segundos
VCpu Valor do multiplicador de amplitude da tensão da fase C p.u.
DUR_C Duração do distúrbio na fase C segundos
Tin_C Instante inicial do distúrbio na fase C segundos

4.5. Distorções Harmônicas


As distorções harmônicas são definidas pelo Módulo 8 do PRODIST como
“fenômenos associados com deformações nas formas de onda das tensões e
correntes em relação à onda senoidal da frequência fundamental”. Não obstante,
uma harmônica pode ser entendida como a componente de uma onda periódica
cuja frequência é um múltiplo inteiro da frequência fundamental. Em se tratando do
padrão adotado para o sistema elétrico nacional, pode-se dizer que uma harmônica
de tensão tem uma frequência múltipla de 60 Hz.
As causas das distorções harmônicas estão intimamente relacionadas ao
emprego de cargas não lineares nos sistemas de energia. Nesse contexto, torna-se
pertinente ressaltar que a preocupação com relação aos efeitos indesejáveis das
distorções harmônicas em equipamentos, principalmente nos motores, aumentou
concomitantemente ao período de advento da eletrônica de potência. Contudo, é
de grande importância citar os diversos tipos de cargas não-lineares, que têm sido
implantadas em grande quantidade no sistema elétrico brasileiro e que contribuem
significativamente para a elevação do conteúdo harmônico:
 Circuitos de iluminação com lâmpadas de descarga;
 Computadores;
 Fornos a arco;
 Compensadores estáticos tipo reator saturado;
 Motores de indução controlados por inversores com comutação
forçada;
45

 Cargas de aquecimento controladas por tiristores;


 Eletrodomésticos com fontes chaveadas, etc.

A Tabela 4.5 sintetiza a terminologia utilizada pelo PRODIST para o cálculo


de valores de referência das distorções harmônicas de tensão:

Tabela 4.5 – Terminologia de distorções harmônicas


Identificação da grandeza Símbolo
Valor eficaz da tensão fundamental medida
Ordem harmônica
Tensão harmônica de ordem h
Distorção individual de tensão de ordem h
Distorção total de tensão

A distorção individual de tensão ( ) e a distorção total de tensão ( )


são calculadas por:

(4.6)

√∑
(4.7)

As Tabelas 4.6 e 4.7, retiradas do PRODIST, estabelecem os índices de


conformidade para distorção total de tensão e distorção individual de tensão nos
sistemas de distribuição de energia elétrica do país.

Tabela 4.6 – Valores de referência globais para distorções harmônicas totais

Fonte: Módulo 8 – Qualidade da Energia Elétrica. PRODIST. ANEEL. 2012. Revisão 4.


46

Tabela 4.7 – Níveis de referência para as distorções harmônicas individuais de tensão

Fonte: Módulo 8 – Qualidade da Energia Elétrica. PRODIST. ANEEL. 2012. Revisão 4.

Verifica-se que os valores de referência para as distorções individuais de


tensão são estabelecidos de acordo com a ordem de cada componente harmônica.
E, não obstante, do ponto de vista da operação do motor de indução submetido a
tais distorções, torna-se importante classificar as componentes harmônicas quanto
a sua sequência de fases. Uma vez que, componentes de sequência negativa
determinam a produção de conjugado contrário ao sentido de rotação do motor.

Tabela 4.8 – Classificação das harmônicas quanto à ordem, frequência e sequência de fases

Ordem Fund. 2º 3º 4º 5º 6º 7º 8º 9º 10º 11º


Freq.(Hz) 60 120 180 240 300 360 420 480 540 600 660
Sequência + - 0 + - 0 + - 0 + -

4.5.1. Modelagem computacional


A fonte de distorção harmônica foi implementada na plataforma MODELS e
sua representação no ATPDraw pode ser visualizada na Figura 4.5. O bloco
permite a inserção de um par harmônico, ou seja, uma componente harmônica de
ordem H e outra componente de ordem Hi, cujos valores de distorções individuais
47

são definidos pelo usuário como dado de entrada. Os intervalos de tempo de


atuação de cada componente harmônica podem ser diferentes e, portanto, a fonte
possibilita uma análise da inserção de perturbações da tensão de suprimento no
domínio do tempo. O código fonte do componente, cujo arquivo foi nomeado por
“HARM.mod”, pode ser encontrado no Apêndice IV.

Figura 4.5 – Fonte de tensão com distorções harmônicas

As características da onda de tensão trifásica de suprimento, antes e depois


da perturbação provocada pelas componentes harmônicas, são definidas pelo
usuário no ATPDraw, de acordo com a descrição da Tabela 4.9.

Tabela 4.9 – Dados de entrada do arquivo “HARM.sup”


Nome do dado Descrição Unidade
Vamp Valor de amplitude do sinal puramente senoidal, anterior à V
inserção da distorção
FREQ Frequência da componente fundamental Hz
PHA Ângulo de fase da componente fundamental graus
Tsta Instante de tempo inicial para a componente fundamental segundos
Tsto Instante de tempo final para a componente fundamental segundos
H Ordem harmônica. Número inteiro H>=2 Adimensional
DITh Distorção Individual para a componente de ordem H p.u.
Tstah Instante de tempo inicial para inserção da distorção harmônica segundos
de ordem H
Tstoh Instante de tempo final de atuação da distorção harmônica de segundos
ordem H
Hi Ordem harmônica. Número inteiro Hi>=2 Adimensional
DIThi Distorção Individual para a componente de ordem Hi p.u.
Tstahi Instante de tempo inicial para inserção da distorção harmônica segundos
de ordem Hi
Tstohi Instante de tempo final de atuação da distorção harmônica de segundos
ordem Hi

Para o estudo de caso proposto no presente trabalho, considerou-se que o


valor eficaz da tensão de suprimento não fosse alterado com a inserção das
48

componentes harmônicas de ordem H e Hi. Portanto, o valor de amplitude da


componente fundamental ( ) após a inserção do distúrbio é recalculado a partir

da expressão do valor RMS da onda com distorções harmônicas:


(4.8)

√( ) ( ) ( )
√ √ √ √

Entretanto, os valores de amplitude da componente de ordem H ( ) e de

ordem Hi ( ) são expressos em função da amplitude da fundamental e das

distorções individuais correspondentes, em [p.u.], resultando:


(4.9)
√ ( ) ( )


49

5 MODELAGEM COMPUTACIONAL DE MEDIDORES DE


DESEMPENHO DO MOTOR DE INDUÇÃO

5.1. Considerações Iniciais


A análise de regime transitório do motor de indução será efetuada no
ATPDraw a partir da simulação dos seguintes distúrbios de qualidade da energia
elétrica: afundamentos trifásicos e variações de frequência da tensão de
suprimento. Enquanto que, uma análise de operação em regime permanente torna-
se interessante quando o MIT estiver submetido à: desequilíbrios e distorções
harmônicas na forma de onda das tensões de alimentação.
No interior dessa proposta de simulação, as ferramentas disponíveis na
plataforma MODELS foram utilizadas, mais uma vez, para a modelagem de três
medidores de desempenho do motor de indução: um medidor para a análise de
regime transitório, arquivo “MITt.mod”; um medidor para a análise de regime
permanente, arquivo “PMIT.mod”; e um medidor do fator de desequilíbrio
percentual das tensões e correntes de suprimento, arquivo “FD.mod”. Esta seção
tratar-se-á das peculiaridades de cada objeto modelado quanto à captação dos
sinais de entrada (INPUTs) no circuito, ajuste dos dados de entrada (DATA) no
arquivo “.sup”, execução do programa (EXEC) de processamento dos sinais e
obtenção de parâmetros de desempenho tangíveis do ponto de vista da operação
do motor de indução.

5.2. Medidor para Análise de Regime Transitório


A representação do medidor de desempenho do motor de indução trifásico
em regime transitório no ATPDraw pode ser visualizado na Figura 5.1. Os sinais de
entrada (INPUTs) do bloco correspondem às tensões ( ( ) ( ) ( )) e
correntes ( ( ) ( ) ( )) de entrada e a velocidade angular do rotor ( ( )).

Figura 5.1 – Medidor de desempenho em regime transitório


50

Os dados de entrada (DATA) requeridos pelo medidor são descritos na


Tabela 5.1.
Tabela 5.1 – Dados de entrada do arquivo “MITt.sup”
Nome do Descrição Unidade
dado
P Número de pólos da máquina de indução Adimensional
Rs Resistência dos enrolamentos do estator, por fase
Rpm Resistência de perdas mecânicas conectada ao eixo da
máquina modelada

A manipulação dos sinais de entrada pode ser encontrada no Apêndice V, na


parte executável do código fonte do componente, cujo arquivo foi nomeado por
“MITt.mod”. Verifica-se que o modelo em questão efetua a medida da frequência das
tensões de alimentação de forma iterativa, atualizando seu valor a cada passagem
do sinal ( ) por zero. Desse modo, variações de frequência transitórias podem ser
identificadas e seus efeitos avaliados no domínio do tempo.
A Tabela 5.2 identifica os parâmetros de desempenho do motor calculados
pela Model e disponibilizados como funções de saída da simulação.

Tabela 5.2 – Parâmetros de saída do medidor “MITt.mod”


Nome do Descrição Unidade Método de obtenção
parâmetro
FREQ Frequência das tensões de Hz Registro dos instantes de
entrada da máquina passagem do sinal ( ) por
zero
ws Velocidade síncrona Rad/s ( )
( )

slip Escorregamento p.u. ( ) ( )


( )
( )
pinst Potência trifásica instantânea de W ( ) ( ) ( ) ( ) ( )

entrada da máquina ( ) ( )
51

5.3. Medidor para Análise de Regime Permanente


O medidor de desempenho para análise em regime permanente foi
implementado na plataforma MODELS com o intuito de efetuar o balanço de
potências do motor no domínio do tempo. Entretanto, os resultados de medição
são válidos para o MIT alimentado por tensões trifásicas balanceadas ou
desbalanceadas com formas de onda senoidais na frequência fundamental.
Portanto, o componente, cuja representação no ATPDraw pode ser visualizada na
Figura 5.2, torna-se útil para a análise do comportamento da máquina submetida à
desequilíbrios da tensão de suprimento.
Os sinais de entrada (INPUTs) do bloco correspondem às tensões
( ( ) ( ) ( )) e correntes ( ( ) ( ) ( )) de entrada e a velocidade
angular do rotor ( ( )).

Figura 5.2 – Medidor de desempenho em regime permanente

Os dados de entrada (DATA) requeridos pelo medidor são descritos na


Tabela 5.3.
Tabela 5.3 – Dados de entrada do arquivo “PMIT.sup”
Nome do Descrição Unidade
dado
FREQ Frequência da tensão de suprimento Hz
P Número de pólos da máquina de indução Adimensional
Rs Resistência dos enrolamentos do estator, por fase
Rpm Resistência de perdas mecânicas conectada ao eixo da
máquina modelada

O código fonte do componente, cujo arquivo foi nomeado por “PMIT.mod”,


pode ser encontrado no Apêndice VI, contendo a parte executável de
processamento dos sinais de entrada. Percebe-se que o modelo em questão utiliza
a frequência das tensões de suprimento como dado de entrada e, portanto,
considera a velocidade síncrona constante em todos os instantes da simulação em
52

análise.
A Tabela 5.4 identifica os parâmetros de desempenho do motor calculados
pela Model e disponibilizados como funções de saída da simulação.

Tabela 5.4 – Parâmetros de saída do medidor “PMIT.mod”


Nome do Descrição Unidade Método de obtenção
parâmetro
slip Escorregamento p.u. ( )
( )

pinst Potência trifásica instantânea W ( ) ( ) ( ) ( ) ( )

de entrada da máquina ( ) ( )

Pin Potência ativa trifásica de W


[∫ ∫
entrada da máquina
∫ ]

S Potência aparente trifásica VA

Q Potência reativa trifásica VAr


fp Fator de potência trifásico Adimensional

Pjs Potência de perdas por efeito W


[∫ ∫
Joule no estator
∫ ]

Pg Potência de entreferro ou W
potência fornecida ao rotor
Pjr Potência de perdas por efeito W ( )
Joule no rotor
Pd Potência mecânica W ( ( ))
desenvolvida pelo rotor
DPm Potência de perdas W ( )
mecânicas, determinada em
conjunto com as perdas no
ferro
Pout Potência mecânica de saída W
da máquina
53

Nome do Descrição Unidade Método de obtenção


parâmetro
DPtot Potência de perdas totais na W
máquina
Rend Rendimento da máquina de p.u.
indução

5.4. Medidor de Fatores de Desequilíbrio


O objeto representado na Figura 5.3 efetua o cálculo dos valores RMS e
fatores de desequilíbrio associados às tensões e correntes de linha em qualquer
ponto de um circuito trifásico modelado no ATPDraw. Os sinais de entrada
(INPUTs) do bloco correspondem às tensões ( ( ) ( ) ( )) e correntes
( ( ) ( ) ( )) de fase no ponto de medição considerado, para o caso deste
trabalho, os terminais de entrada do motor. E o único dado de entrada (DATA) do
arquivo “FD.sup” consiste na frequência (FREQ) da rede trifásica em análise,
ajustada para o valor default de 60 Hz.

Figura 5.3 – Medidor de fator de desequilíbrio percentual

O código fonte do componente, cujo arquivo foi nomeado por “FD.mod” pode
ser encontrado no Apêndice VII, no qual verifica-se os procedimentos adotados para
o cálculo do fator de desequilíbrio percentual das tensões de linha (FDv%) e das
correntes de linha (FDi%). A Tabela 5.5 reúne os parâmetros calculados pela Model
e disponibilizados como funções de saída da simulação.

Tabela 5.5 – Parâmetros de saída do medidor “FD.mod”


Nome do Descrição Unidade Método de obtenção
parâmetro
VabRMS Valor RMS da tensão vab V
√ ∫ [ ( ) ( )]
54

Nome do Descrição Unidade Método de obtenção


parâmetro
VbcRMS Valor RMS da tensão vbc V
√ ∫ [ ( ) ( )]

VcaRMS Valor RMS da tensão vca V.


√ ∫ [ ( ) ( )]

FDv Fator de desequilíbrio percentual % Método de Cigré


das tensões de linha
IaRMS Valor RMS da corrente na fase A A
√ ∫ [ ( )]

IbRMS Valor RMS da corrente na fase B A


√ ∫ [ ( )]

IcRMS Valor RMS da corrente na fase A


√ ∫ [ ( )]
C

FDi Fator de desequilíbrio percentual % Método de Cigré


das correntes de linha

O Método de Cigré é indicado pelo Módulo 8 do PRODIST para o cálculo do


fator de desequilíbrio percentual das tensões entre fases. Sendo obtido a partir de
uma grandeza adimensional, a saber:
(5.1)



Onde:
(5.2)
( )

O fator de desequilíbrio percentual das correntes é calculado de modo


análogo, substituindo-se os valores RMS das tensões de linha da expressão 5.2
pelos correspondentes valores eficazes das correntes de linha
( ).
55

6 SIMULAÇÃO E ANÁLISE DE RESULTADOS

6.1. Considerações Iniciais


O enfoque da análise de resultados de simulação será direcionado para as
alterações do comportamento do motor de indução em condições normais de
funcionamento. Sendo essas “condições normais” referentes à operação da
máquina em regime permanente desenvolvendo parâmetros nominais, de acordo
com os resultados de validação da modelagem apresentados na subseção 3.4.
Desse modo, vale ressaltar que os distúrbios de qualidade da tensão de
suprimento somente serão introduzidos após 5 segundos de simulação em partida
direta, a partir do qual o motor 5 cv já adquiriu a estabilidade de operação de
regime.
Os índices de conformidade da tensão previstos pelo Módulo 8 do PRODIST
serão avaliados a partir de simulações de distúrbios inseridos no motor com
característica de carga constante e nominal no eixo. E logo em seguida, efetua-se
uma análise comparativa da influência das diversas cargas mecânicas modeladas
sob o comportamento da máquina em regime transitório e em regime permanente
de operação.

6.2. Afundamentos de Tensão


A modelagem no ATPDraw para simulação do motor de indução trifásico 5cv,
4 pólos, ligado em estrela, submetido à afundamentos trifásicos da tensão de
suprimento é apresentada na Figura 6.1.

I U U

U
I

Figura 6.1 – Montagem para análise de afundamento de tensão


56

Um afundamento trifásico da tensão de suprimento com 0,5 p.u. de


magnitude foi inserido no instante de simulação, com duração de 100 ms,
tempo aproximado de abertura de um disjuntor em curto-circuito.

Figura 6.2. Tensão de suprimento, com afundamento a 0,5 p.u.

A Figura 6.3 mostra o transitório da corrente de entrada do motor durante o


afundamento e o restabelecimento da tensão de suprimento.

Figura 6.3 – Corrente elétrica durante o afundamento a 0,5 p.u.

Figura 6.4 – Potência instantânea trifásica de entrada


57

Verifica-se nos instantes imediatamente após o afundamento, uma inversão


no sentido das correntes e, consequentemente, uma inversão no sinal da potência
instantânea trifásica medida na entrada do motor. O maior valor de pico das
correntes foi de, aproximadamente, 57,11 A durante o afundamento de tensão. E a
potência instantânea, que antes registrava , apresentou um pico
negativo de aproximadamente -6839,10 W.

Figura 6.5 – Conjugado eletromagnético ( ) e conjugado de carga constante ( )

Figura 6.6 – Velocidade do rotor ( )

A Figura 6.5 mostra o comportamento do torque do motor com relação ao


conjugado de carga constante nominal no eixo durante o afundamento, onde
identifica-se um pico de conjugado eletromagnético ( ( ) ) no
sentido contrário ao da rotação.
58

Figura 6.7 – Escorregamento em p.u. da velocidade síncrona

A queda de velocidade do rotor determina o aumento de escorregamento


verificado na Figura 6.7, o qual atinge seu maior valor instantes após o
restabelecimento da tensão nominal. No instante considerado, pode-se dizer que o
termo ⁄ registra o seu menor valor e a impedância da máquina seria a mínima
verificada no período de simulação. Desse modo, a potência instantânea e a
corrente absorvida pelo motor apresentam os maiores valores de pico verificados
durante os transitórios provocados pelo afundamento momentâneo de tensão.
A Tabela 6.1 mostra os resultados de simulação para diversos valores de
amplitude da tensão de suprimento durante um afundamento de 100 ms.

Tabela 6.1 – Transitório do motor submetido a afundamentos de tensão de 100 ms


[ ] ( )[ ] ( )[ ] ( )[ ] ( )[ ]
0,9 Afundamento 23,78 552,17 3,15 -
Restabelecimento 32,93 7513,70 32,85 0,045
0,7 Afundamento 34,73 -4562,80 -32,11 -
Restabelecimento 60,36 14090,00 46,61 0,052
0.5 Afundamento 57,11 -6839,10 -67,92 -
Restabelecimento 87,17 20479,00 47,48 0,060
0,3 Afundamento 87,51 -6238,20 -105,00 -
Restabelecimento 113,25 26635,00 53,91 0,071
0,1 Afundamento 117,79 -2795,50 -142,88 -
Restabelecimento 138,51 32559,00 60,89 0,082
59

A partir da análise dos resultados de simulação da Tabela 6.1, pode-se


perceber que a redução dos níveis de tensão durante os afundamentos induzem
picos de corrente cada vez maiores. Desse modo, a máquina atua no sentido de
desenvolver conjugados de aceleração cada vez mais negativos, para que a
redução de velocidade no rotor permita a manutenção do conjugado de carga
constante. Entretanto, a potência elétrica instantânea de entrada é drasticamente
reduzida para afundamentos de tensão mais severos, de modo que o motor de
indução, projetado para desenvolver elevados rendimentos à velocidade nominal,
não adquire uma nova condição satisfatória de regime permanente, acarretando
perda de estabilidade e saída de operação.
Aumentando-se a duração do afundamento para 200 ms, tem-se os
resultados de simulação apresentados na Tabela 6.2.

Tabela 6.2 – Transitório do motor submetido a afundamentos de tensão de 200 ms


[ ] ( )[ ] ( )[ ] ( )[ ] ( )[ ]
0,9 Afundamento 23,77 551,08 3,15 -
Restabelecimento 33,39 7700,30 33,57 0,047
0,7 Afundamento 34,73 -4573,40 -32,11 -
Restabelecimento 61,53 14517,00 48,27 0,058
0.5 Afundamento 57,11 -6829,50 -68,04 -
Restabelecimento 85,60 21029,00 48,62 0,070
0,3 Afundamento 87,51 -6239,00 -105,01 -
Restabelecimento 114,56 27204,00 57,21 0,082
0,1 Afundamento 117,44 -2793,50 -142,84 -
Restabelecimento 139,25 33002,00 63,79 0,095

As pequenas alterações verificadas para alguns dos valores de pico dos


parâmetros do motor durante os afundamentos devem-se a erros de aferição no
software ATP, uma vez que as mesmas condições de regime permanente foram
simuladas. Não obstante, o aumento do tempo de duração do afundamento
provoca, de fato, um aumento considerável nos esforços dinâmicos do motor
durante o restabelecimento da tensão nominal de suprimento. O que pode ser
justificado pela constante de tempo mecânica da velocidade do rotor, responsável
pelo maior incremento de escorregamento durante a perturbação considerada.
60

6.3. Variações de Frequência


A montagem do sistema para análise do comportamento do motor de indução
trifásico 5cv, 4 pólos, ligado em estrela, submetido à variações de frequência pode
ser visualizada na Figura 6.8.

I U

U
I

Figura 6.8 – Montagem para análise de variação de frequência

Os valores críticos de frequência estabelecidos pelo PRODIST, limite inferior


de 56,5 Hz e superior de 66 Hz, serão simulados para um intervalo de 1 segundo
de perturbação na tensão de suprimento da máquina.

6.3.1. Elevação de frequência – 66 Hz


A Figura 6.9 mostra a tensão fase-neutro de suprimento do motor com
elevação de frequência, de 60 para 66 Hz, inserida no instante de
simulação, com duração de 1 segundo.

Figura 6.9 – Tensão de suprimento, com elevação de frequência


61

Sabe-se que a velocidade síncrona para a frequência de 60 Hz vale 188,5


rad/s (1800 rpm). Entretanto, essa velocidade síncrona, corresponde à velocidade
do campo girante do motor, eleva-se com o aumento da frequência para 66 Hz.

Figura 6.10 – Velocidade síncrona ( ) com elevação de frequência

No intervalo , a velocidade síncrona assume:


(6.1)
( )

Figura 6.11 – Corrente elétrica com variação de frequência

Figura 6.12 – Potência instantânea trifásica de entrada


62

Verifica-se, nos instantes imediatamente após a elevação de frequência, o


maior valor de pico da corrente registrado durante a simulação do distúrbio, sendo
de, aproximadamente, 57,23 A. A potência instantânea de entrada apresentou um
pico de aproximadamente 15134 W, tendendo a acomodar-se em um valor acima da
potência absorvida para a frequência de 60 Hz, devido ao aumento de velocidade do
rotor e consequente elevação da potência mecânica desenvolvida no eixo.

Figura 6.13 – Conjugado eletromagnético ( ) e conjugado de carga constante ( )

Figura 6.14 – Velocidade do rotor ( )

A elevação transitória do conjugado eletromagnético, a partir de ,


produz torque acelerante na máquina e a velocidade do rotor eleva-se do valor de
regime, 180,47 rad/s (1718,87 rpm), para 195,80 rad/s (1869,75 rpm). No instante
, a frequência nominal é restabelecida e a máquina de indução trifásica é
submetida à um novo transitório eletromagnético.
63

Figura 6.15 – Escorregamento em p.u. da velocidade síncrona

A velocidade do rotor, devido à inércia das massas rotativas, torna-se


momentaneamente maior do que a velocidade do campo girante em ,
fazendo com que o escorregamento assuma valores negativos. A alteração da
velocidade relativa entre os condutores da gaiola e o fluxo magnético girante
inverte o sentido das tensões induzidas nas barras do rotor e, por conseguinte, a
onda de força magnetomotriz de rotor adianta-se em relação à onda de força
magnetomotriz de estator. Desse modo, tem-se a operação transitória da máquina
como gerador de indução, injetando potência elétrica na rede e produzindo um
conjugado eletromagnético no sentido contrário ao da rotação.

6.3.2. Redução de frequência – 56,5 Hz


A tensão trifásica fase-neutro de suprimento com redução de frequência, de
60 para 56,5 Hz, inserida no instante de simulação, com duração de 1
segundo, pode ser visualizada na Figura 6.16.

Figura 6.16 – Tensão de suprimento, com redução de frequência


64

A velocidade síncrona é reduzida de 188,5 rad/s (1800 rpm) para 177,5 rad/s
(1695 rpm) no intervalo da simulação, de acordo com o degrau negativo
da Figura 6.17.

Figura 6.17 – Velocidade síncrona ( ) com redução de frequência

Figura 6.18 – Corrente elétrica com variação de frequência

Figura 6.19 – Potência instantânea trifásica de entrada

O maior valor de pico da corrente foi registrado instantes após o


restabelecimento da frequência nominal, sendo de, aproximadamente, 42,42 A.
65

Figura 6.20 – Conjugado eletromagnético ( ) e conjugado de carga constante ( )

Figura 6.21 – Velocidade do rotor ( )

O conjugado eletromagnético, a partir de , traduz-se em torque frenante


na máquina e a velocidade do rotor é reduzida de 180,47 rad/s (1718,87 rpm) para
170,68 rad/s (1629,87 rpm). No instante , a frequência nominal é restabelecida
e a máquina de indução trifásica experimenta um pico de conjugado no mesmo
sentido da rotação.

Figura 6.22 – Escorregamento em p.u. da velocidade síncrona


66

A Tabela 6.3 reúne as respostas transitórias do motor 5cv para os distúrbios


de elevação e redução de frequência anteriormente simulados.

Tabela 6.3 – Transitório do motor submetido a variação de frequência durante 1 segundo


[ ] ( )[ ] ( )[ ] ( )[ ] ( )[ ]
66,0 Alteração 57,25 15134,00 55,53 0.128
Restabelecimento 36,05 -7025,00 -43,29 -0,037
56,5 Alteração 27,00 -3684,40 -23,48 -0,015
Restabelecimento 42,42 11076,00 48,66 0,093

Constata-se que o transitório de subida da frequência implica em maiores


valores de pico das correntes e elevação significativa da potência elétrica de
entrada do motor. Entretanto, o conjugado eletromagnético do motor atua no
sentido de favorecer a rotação no eixo. Enquanto que, a redução de frequência
leva a valores de escorregamento menores que zero, maiores esforços dinâmicos
no eixo do motor devido ao torque frenante e, contudo, a maiores oscilações de
potência elétrica na rede de suprimento.

6.4. Desequilíbrios de Tensão


A modelagem no ATPDraw para simulação do motor de indução trifásico 5cv,
4 pólos, ligado em estrela, submetido à desequilíbrios da tensão de suprimento é
apresentada na Figura 6.23.

I U U

U
I

Figura 6.23 – Montagem para análise de desequilíbrio de tensão


67

A Figura 6.24 mostra a inserção de desequilíbrio de tensão no instante


de simulação, onde a amplitude da fase A foi ajustada em 0,9412 p.u., sendo os
valores de amplitude das fases B e C mantidas em 1 p.u.. Desse modo, o motor de
indução está sujeito a desequilíbrio de 2% da tensão de suprimento, valor
estabelecido pelo PRODIST como índice de conformidade de Qualidade da
Energia Elétrica.

Figura 6.24 – Tensão de suprimento com fator de desequilíbrio de 2%

Figura 6.25 – Fator de desequilíbrio percentual da tensão

A Figura 6.26 mostra uma redução da amplitude da corrente na fase A e


elevação da amplitude das correntes nas fases B e C.

Figura 6.26 – Corrente elétrica desequilibrada


68

Figura 6.27 – Fator de desequilíbrio percentual das correntes

Figura 6.28 – Velocidade do rotor ( )

O fator de desequilíbrio percentual das correntes de entrada da máquina é de


19,47% e a sutil queda de velocidade do rotor, da ordem de -0,37 rad/s (-3,53 rpm),
mostra que uma nova condição de regime permanente é estabelecida para a
alimentação desbalanceada em . Desse modo, torna-se interessante proceder
a uma análise comparativa do motor submetido ao desequilíbrio em regime
permanente, bem como identificar as alterações na distribuição de potências no
interior do dispositivo.
Sabe-se que a potência instantânea trifásica resulta em um valor constante
para a alimentação balanceada, ou seja, para , e vale 4184,7 W,
correspondendo ainda à potência média ou potência ativa ( ) de entrada do motor.
Entretanto, a circulação das componentes de sequência negativa das correntes, a
partir de 5 segundos de simulação, faz com que a potência instantânea se torne
pulsante em torno de um novo valor médio.
69

Figura 6.29 – Potência instantânea trifásica de entrada

Figura 6.30 – Conjugado eletromagnético ( ) e conjugado de carga constante ( )

O suprimento de tensão trifásica desequilibrada em questão aumentou a


potência média de entrada do motor para, aproximadamente, 4209,6 W. E, não
obstante, pode-se verificar que a potência trifásica instantânea oscila em torno
desse valor médio com uma amplitude de 1089,9 W, podendo ser escrita na forma
. A Figura 6.30 coloca em evidencia uma consequência
direta desse distúrbio no comportamento do conjugado eletromagnético do motor, o
qual também torna-se pulsante em torno de um valor próximo ao conjugado nominal,
podendo ser expresso na forma . Este comportamento implica
em maiores desgastes mecânicos devido ao aumento das vibrações no eixo da
máquina, acompanhadas ainda de ruído característico.
A Tabela 6.4, construída com o auxílio do medidor de desempenho do motor
em regime permanente, trata-se de uma comparação das distribuições de potência
no MIT submetido a desequilíbrios da tensão de suprimento.
70

Tabela 6.4 – Desempenho do motor de indução submetido a desequilíbrios de tensão


Condição Desequilíbrio Desequilíbrio Desequilíbrio
nominal

Grandeza Tensão [p.u.] Tensão [p.u.] Tensão [p.u.] Tensão [p.u.]

A B C A B C A B C A B C
1,000 1,000 1,000 0,941 1,000 1,000 0,864 0,864 1,000 1,000 0,710 0,800

0 19,47 43,13 75,83


[ ] 4184,7 4209,6 4333,2 4684,6
[ ] 317,3 335,1 416,6 637,5

[ ] 3867,5 3876,2 3916,6 4047,2


[ ] 164,7 172,9 207,8 265,6

[ ] 3702,7 3703,3 3708,8 3781,5


[ ] 23,4 23,3 22,9 22,3
[ ] 3679,4 3680,0 3685,9 3759,2
[ ] 505,5 531,3 647,26 925,4
[ ] 0,88 0,87 0,85 0,80
0,82 0,82 0,82 0,78
[ ] 5132,7 5139,9 5278,3 5988,8
[ ] 2871,8 2946,9 3014,0 3731,1

Verifica-se que pequenos valores de desequilíbrios de tensão estão


vinculados a grandes valores de desequilíbrios de corrente, o que reflete a
tendência da máquina em solicitar maior potência das fases menos afetadas pela
redução de amplitude da tensão. Desse modo, a perturbação provoca uma
elevação no valor eficaz da corrente a níveis superiores aos nominais da máquina
e, por conseguinte, um sobreaquecimento dos enrolamentos. As perdas por efeito
Joule nominais ( ) podem ser determinadas pelo somatório:
(6.2)

Enquanto que as perdas devido ao desequilíbrio de 2% somam:


(6.3)

Nessa condição, a elevação de temperatura do motor ( ) com relação à


elevação de temperatura nominal ( ) pode ser calculada pela relação:
71

(6.4)

Portanto, pode-se concluir que um desequilíbrio de 2% na tensão de


suprimento provoca um sobreaquecimento de, aproximadamente, 5,4% no motor de
indução. Sendo que, em regime permanente de operação, a integridade do
isolamento não seria comprometida, uma vez que o fator de serviço fornecido pelo
fabricante admite 15% de sobreaquecimento sem redução de vida útil do motor.
Para um fator de desequilíbrio das tensões de 10%, cinco vezes maior que o
índice de conformidade estabelecido pelo PRODIST, o desequilíbrio das correntes
de alimentação do motor é da ordem de 75%. Nessas condições, as perdas por
efeito Joule no motor são praticamente dobradas em relação às perdas nominais e o
rendimento da máquina é reduzido em, aproximadamente, 8%. Além do que, o
aumento excessivo da absorção de reativos, chegando à faixa de 30% acima de seu
valor nominal, pode submeter à máquina aos efeitos indesejáveis da saturação
magnética do núcleo, repercutindo em novas perturbações na própria rede de
alimentação.

6.5. Distorções Harmônicas


A Figura 6.31 mostra a modelagem desenvolvida no ATPDraw para simulação
do motor de indução trifásico 5cv, 4 pólos, ligado em estrela, submetido à
distorções harmônicas de tensão.

I U

U
I

Figura 6.31 – Montagem para análise de distorções harmônicas

A análise do comportamento do MIT será avaliada a partir de simulações com


perturbações referentes a três pares de componentes harmônicas de tensão, a
saber: 3ª e 5ª; 5ª e 7ª ; e 7ª e 11ª ordens.
72

6.5.1. Componentes harmônicas: 3ª e 5ª ordem


Utilizando os valores de referência estabelecidos pelo Módulo 8 do PRODIST,
ajusta-se a componente de 3ª ordem com distorção individual de 6,5% e a
componente de 5ª ordem com 7,5%. Desse modo, a distorção total de tensão
aproxima-se do índice de conformidade para sistemas de distribuição abaixo de 1kV:
√ (6.5)

O par harmônico é inserido em de simulação e sua forma de onda


resultante pode ser visualizada na Figura 6.32.

Figura 6.32 – Tensão de suprimento com componentes de 3ª e 5ª ordem

Os enrolamentos do estator da máquina estão ligados em estrela sem


conexão de neutro. Dessa forma, a corrente de 3ª harmônico, a qual tem sequencia
de fases zero, não encontra um caminho fechado para fluir e, portanto, a forma de
onda da corrente de entrada inclui apenas a componente fundamental e o 5ª
harmônico. O que pode ser observado na análise de Fourier da Figura 6.34.

Figura 6.33 – Corrente elétrica com 5ª harmônico


73

Figura 6.34 – Espectro de frequências da corrente com componente de 5ª harmônica

A componente fundamental da corrente tem valor RMS , enquanto


que a componente de 5ª ordem tem valor RMS . O RMS da corrente
harmônica pode ser calculado pela expressão 6.6 e indica um valor acima do
nominal, evidenciando a elevação de perdas no cobre.
√ (6.6)

Figura 6.35– Conjugado eletromagnético ( ) e conjugado de carga constante ( )

Figura 6.36 – Velocidade do rotor ( )


74

A onda de força magnetomotriz de sequência negativa, produzida pela


circulação das correntes de 5ª harmônica, dá origem ao conjugado pulsante da
Figura 6.35. A amplitude de oscilação é de, aproximadamente, 6,86 N.m em torno do
valor médio representado pelo conjugado de carga nominal. E, em virtude, das
tensões de alta frequência induzidas no rotor, constata-se uma ligeira queda de
velocidade da ordem de ( ) devido à produção de uma
parcela de conjugado frenante.

6.5.2. Componentes harmônicas: 5ª e 7ª ordem


Os valores de referência do PRODIST indicam distorção individual de 7,5%
para a componente de 5ª ordem e 6,5% para a componente de 7ª ordem. Desse
modo, a distorção total de tensão não sofre alteração com relação à calculada na
simulação anterior:
√ (6.7)

O par harmônico é inserido em de simulação e sua forma de onda


resultante pode ser visualizada na Figura 6.37.

Figura 6.37 – Tensão de suprimento com componentes de 5ª e 7ª ordem harmônica

A corrente de 5ª harmônica apresenta sequencia de fases negativa e a de 7ª


harmônica, sequencia de fases positiva. Portanto, tem-se a contribuição simultânea
do par harmônico em análise para a forma de onda da Figura 6.38. Sendo sua
composição espectral apresentada na Figura 6.39.
75

Figura 6.38 – Corrente elétrica com distorções de 5ª e 7ª harmônica

Figura 6.39 – Espectro de frequências da corrente

A componente fundamental da corrente tem valor RMS , a


componente de 5ª ordem tem valor RMS e a componente de 7ª ordem
tem valor RMS . O RMS da corrente harmônica pode ser calculado pela
expressão 6.8 e indica um valor acima do nominal, evidenciando a elevação de
perdas no cobre.
√ (6.8)

Figura 6.40– Conjugado eletromagnético ( ) e conjugado de carga constante ( )


76

Figura 6.41 – Velocidade do rotor ( )

A onda de força magnetomotriz de sequência negativa, produzida pela


circulação das correntes de 5ª harmônica, dá origem ao conjugado pulsante da
Figura 6.35. A amplitude de oscilação é de, aproximadamente, 2,468 N.m em torno
do valor médio representado pelo conjugado de carga nominal. E a queda de
velocidade do rotor é bem pequena, da ordem de ( ).

6.5.3. Componentes harmônicas: 7ª e 11ª ordem


Os valores de referência do PRODIST indicam distorção individual de 6,5%
para a componente de 7ª ordem e 4,5% para a componente de 11ª ordem. Desse
modo, a distorção total de tensão sofre uma ligeira redução, devido a menor
amplitude da componente de 660 Hz:
√ (6.9)

O par harmônico é inserido em de simulação e a forma de onda da


tensão resultante pode ser visualizada na Figura 6.42.

Figura 6.42 – Tensão de suprimento com componentes de 7ª e 11ª ordem harmônica


77

A corrente de 7ª harmônica apresenta sequencia de fases positiva e a de 11ª


harmônica, sequencia de fases negativa. Portanto, tem-se a contribuição simultânea
do par harmônico em análise para a forma de onda da Figura 6.38. Sendo sua
composição espectral apresentada na Figura 6.43.

Figura 6.43 – Corrente elétrica com distorções de 7ª e 11ª harmônica

Figura 6.39 – Espectro de frequências da corrente

A componente fundamental da corrente tem valor RMS , a


componente de 7ª ordem tem valor RMS e a componente de 11ª ordem
tem valor RMS . O RMS da corrente harmônica pode ser calculado pela
expressão 6.10.
√ (6.10)
78

Figura 6.40– Conjugado eletromagnético ( ) e conjugado de carga constante ( )

Figura 6.41 – Velocidade do rotor ( )

A onda de força magnetomotriz de sequência negativa, produzida pela


circulação das correntes de 11ª harmônica, dá origem ao conjugado pulsante da
Figura 6.40. A amplitude de oscilação é de, aproximadamente, 5,51 N.m em torno do
valor médio representado pelo conjugado de carga nominal. E a queda de
velocidade do rotor é praticamente desprezível.

6.6. Influência da Carga Mecânica


Os três tipos de cargas mecânicas modelados no ATPDraw compreendem as
características de conjugado constante, linear e quadrático. Todavia, vale ressaltar
que variações significativas no valor do conjugado de carga linear e/ou quadrático
são relevantes para os distúrbios que implicam em maior tendência de alteração na
velocidade angular do rotor.
No interior dessa conjuntura, esta seção tratar-se-á de uma análise
comparativa da influência do torque resistente nos resultados transitórios de
variações de frequência no motor de indução em estudo. Uma vez que, sob a
79

perspectiva dos índices de qualidade do produto, somente os resultados


anteriormente obtidos para alterações na frequência do sistema de suprimento
conduziram a perturbações de desempenho mais contundentes em termos de
variações na velocidade da máquina.

6.6.1. Variação de frequência


A modelagem do motor de indução trifásico para análise de variação de
frequência, com carga linear acoplada ao eixo, é apresentada na Figura 6.42.

U
I

Figura 6.42 – Montagem para análise de variação de frequência com carga linear

A Figura 6.43 mostra a tensão fase-neutro de suprimento do motor com


elevação de frequência, de 60 para 66 Hz, inserida no instante de
simulação. Sendo que, um segundo depois, em , a frequência nominal é
restabelecida.

Figura 6.43 – Tensão de suprimento, com elevação de frequência

As Figuras 6.44, 6.45, 6.46 e 6.47 mostram, respectivamente, as respostas


transitórias da corrente, potência instantânea trifásica, conjugado e velocidade do
motor de indução submetido à perturbação.
80

Figura 6.44 – Corrente elétrica com variação de frequência

Figura 6.45 – Potência instantânea trifásica de entrada

Figura 6.46 – Conjugado eletromagnético ( ) e conjugado de carga linear ( )

Figura 6.47 – Velocidade do rotor ( )


81

Verifica-se um aumento do conjugado de carga ( ), de 20,42 N.m para 22,00


N.m, durante o intervalo em que velocidade eleva-se de 180,47 rad/s (1718,87 rpm)
para 194,60 rad/s (1869,75 rpm). No instante , a frequência nominal é
restabelecida e a máquina de indução trifásica é submetida à um novo transitório
eletromagnético.

Figura 6.48 – Escorregamento em p.u. da velocidade síncrona

A Tabela 6.5 reúne as respostas transitórias do motor 5cv para o distúrbio de


elevação frequência de 60 para 66Hz para os três tipos de cargas mecânicas
modelados no ATPDraw.

Tabela 6.5 – Transitórios de variação de frequência para diferentes tipos de carga


Grandeza Carga constante Carga linear Carga quadrática

( )[ ] 57,25 36,05 57,27 35,31 57,27 34,92


( )[ ] 15134,00 -7025,00 15139,00 -6611,6 15141,00 -6358,50
( )[ ] 55,53 -43,29 55,55 -40,57 55,55 -38,98
( )[ ] 0,128 -0,037 0,128 -0,033 0,128 -0,030

Constata-se que o transitório de subida da frequência não se altera quando


consideramos o tipo de carga mecânica acoplada ao eixo, uma vez que a
velocidade do rotor não pode variar instantaneamente. Entretanto, a elevação do
conjugado de carga durante o intervalo de ocorrência do distúrbio faz com que a
taxa de variação da velocidade seja reduzida. Desse modo, a velocidade do rotor
torna-se ligeiramente menor ao final da perturbação, quando comparada com a
velocidade adquirida com carga constante no eixo, o que reduz sensivelmente os
valores de pico no transitório de restabelecimento da frequência nominal.
82

7 CONCLUSÕES

A modelagem do motor de indução escolhido no software ATP (Alternative


Transients Program) por meio do componente ‘Machines - UM3-Indution’, disponível
na plataforma de simulação do ATPDraw, apresentou boa precisão. No que se
refere aos parâmetros elétricos e mecânicos da máquina, para o teste de validação
em partida direta, obteve-se valores satisfatoriamente próximos dos valores
nominais fornecidos pelo fabricante. O erro relativo percentual calculado para a
corrente de partida, a corrente de regime permanente, o conjugado eletromagnético
e a velocidade angular do rotor foram inferiores a 2,5% em todos os casos.
A plataforma MODELS possibilitou a criação de objetos modelo para fontes
de distúrbios de qualidade da energia elétrica parametrizados pelo próprio usuário e,
por conseguinte, a avaliação da severidade de alguns dos principais índices de
conformidade da tensão de suprimento previstos pelo Módulo 8 do PRODIST sob a
perspectiva dos motores de indução. Os resultados obtidos referem-se a um motor
de indução trifásico com rotor em gaiola de esquilo, potência nominal de 5 cv, 4
pólos e ligação estrela nos enrolamentos do estator.
A resposta da máquina perante os afundamentos momentâneos da tensão
variam de acordo com a magnitude e a duração do afundamento. E, não obstante, o
fato de o sistema elétrico brasileiro ser interligado contribui para a imprevisibilidade
das características dessa perturbação, causadas normalmente por curto-circuitos em
redes paralelas ao sistema de suprimento das indústrias. A magnitude do
afundamento depende da distância elétrica em relação ao ponto de defeito e das
características das fontes supridoras da região, enquanto que a duração equivalente
está relacionada com o tempo de atuação dos equipamentos de proteção
sensibilizados pela falta.
Do ponto de vista térmico, as elevações de frequência da tensão conduzem o
motor de indução a condições de operação mais severas do que aquelas verificadas
para a redução da frequência, já que o aumento do valor eficaz das correntes de
entrada acima do valor nominal implica em elevação das perdas no cobre acima das
nominais. Além de o aumento da velocidade do rotor repercutir em maiores perdas
mecânicas devido às forças de atrito viscoso nos mancais. Entretanto, verifica-se
que as reduções transitórias no valor da frequência constituem-se em problemas
83

mais severos do ponto de vista da operação dinâmica do sistema carga-geração,


devido às bruscas oscilações de potência instantânea nos terminais de entrada da
máquina de indução.
No que tange à operação do motor sob condições de alimentação não ideais
em regime permanente, especialmente para os índices de conformidade de
desequilíbrios e distorções harmônicas da tensão simulados, torna-se relevante
mencionar que:
 Para um fator de desequilíbrio das tensões de 2% e para distorções
harmônicas totais de tensão inferiores a 10%, a variação de velocidade do
rotor não ultrapassou a faixa de 1 rad/s;
 Um fator de desequilíbrio percentual das tensões de 2% acarreta em um fator
de desequilíbrio percentual das correntes de 19,47%; já um valor de 5% para
aquele acarreta em 43,13% para este; e 10% para aquele em 75,83% para
este. Desse modo, pode-se observar a seguinte estimativa para os fatores de
desequilíbrio nos motores de indução:

(7.1)

Onde:
– Fator de desequilíbrio percentual das correntes;
– Fator de desequilíbrio percentual das tensões;
– Corrente de partida;
– Corrente nominal;
 Utilizando-se os pares harmônicos de 3ª e 5ª ordem com distorções
individuais e ou os pares de 7ª e 11ª ordem
com distorções individuais e , obtiveram-se
maiores valores de amplitude de oscilação de conjugado eletromagnético do
que aquela obtida para o desequilíbrio de 2% nas tensões. Contudo, pode-se
concluir que os valores de referência do PRODIST para as distorções
harmônicas podem ocasionar maiores desgastes mecânicos no motor de
indução, quando comparado com o nível de referência de desequilíbrio
proposto pela mesma norma.

Vale ressaltar ainda que o tipo de carga mecânica acoplada ao eixo do motor
influencia de forma significativa em seu comportamento somente para os distúrbios
84

que induzem maiores variações de velocidade do rotor. Para as perturbações na


frequência, avaliadas no trabalho, pode-se perceber que as características de
conjugado de carga linear e quadrático reduziram as solicitações dinâmicas da
máquina com relação àquelas verificadas para conjugado de carga constante no
eixo. Considerando as características de conjugado de carga crescentes em relação
a velocidade do rotor, torna-se possível inferir que quanto maior a variação do torque
resistente em relação a velocidade, menores são os tempos de acomodação do
motor quando submetido à variações de frequência das tensões de suprimento.

7.1. Sugestões para Trabalhos Futuros


Reconhecendo a importância do tema vinculado às causas e efeitos de
problemas de qualidade da energia elétrica em máquinas de indução, bem como as
potencialidades das ferramentas de simulação no software ATP/EMTP, podem ser
pontuadas algumas perspectivas de extensão dos estudos:
 Análise do comportamento transitório do motor de indução submetido à
sobretensões de origem de chaveamento e descargas atmosféricas;
 Modelagem de um medidor de balanço de potências do MIT submetido à
alimentação trifásica com formas de onda não-senoidais;
 Estimativa da redução de vida útil de motores de indução submetidos a
condições não-ideais de alimentação em regime permanente;
 Análise dos distúrbios transitórios nas redes de distribuição ocasionados por
condições não-ideias de operação dos motores de indução, considerando os
efeitos da saturação magnética no núcleo.
85

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

[1] BRASIL. Ministério das Minas e Energias. Agência Nacional de Energia


Elétrica. Procedimento de Distribuição de Energia Elétrica no Sistema
Elétrico Nacional – PRODIST: Módulo 8 – Qualidade da Energia Elétrica.
Disponível em: <http://www.aneel.gov.br/area.cfm?idArea=82>. Acesso em:
30 jan. 2013.

[2] BRASIL. Ministério das Minas e Energias. Empresa de Pesquisa Energética.


Balanço Energético Nacional 2012 – BEN; Anexo IV. - Balanço de Energia
Útil - BEU: Ano base 2011. Brasília: 2012. Disponível em:
<https://ben.epe.gov.br/BENRelatorioFinal2012.aspx>. Acesso em: 30 jan.
2013.

[3] BRASIL. Ministério das Minas e Energias. Empresa de Pesquisa Energética.


Plano Nacional de Energia 2030 - PNE. Colaboração EPE, 2007. Disponível
em: <http://www.epe.gov.br/PNE/Forms/Empreendimento.aspx>. Acesso
em: 30 jan. 2013.

[4] ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 7094 – Máquinas


elétricas girantes – Motores de indução – Especificação. – Rio de Janeiro.
Fevereiro 2003.

[5] SOUTO, OLÍVIO C. N.; Modelagem e Análise do Desempenho Térmico de


Motores de Indução sob Condições Não-Ideais de Alimentação.
Dissertação (Mestrado) - Universidade Federal de Uberlândia, Uberlândia,
Brasil, 2001.

[6] LLERENA, M. T. M.; Estimativa do Comportamento de Máquinas


Assíncronas Sujeitas a Afundamentos de Tensão. Dissertação (Mestrado)
- Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, Brasil, 2006.

[7] BONELLI, A. F.; Modelagem e Simulação de Unidade Eólica Para Estudos


de Indicadores de Qualidade da Energia Elétrica, 176 f. (Mestrado) -
Universidade Federal de Uberlândia, Uberlândia, Brasil, 2007.

[8] ZAPPELINI, A. B.; Análise de Eficiência Energética em Sistemas de Ar


Comprimido. (Mestrado) - Universidade Federal de Uberlândia, Uberlândia,
Brasil, 2008.

[8] GUIMARÃES, R.; Comportamento Elétrico, Mecânico e Hidráulico de um


Sistema de Bombeamento sob o Enfoque da Eficiência. (Mestrado) -
Universidade Federal de Uberlândia, Uberlândia, Brasil, 2008.

[9] DOMMEL, H. W. (19894), Electro Magnetic Transients Program - EMTP –


Rule Book, Oregon.
86

[10] FITZGERALD, A. E.; KINGSLEY Jr., C.; UMANS, S. D.; Máquinas Elétricas:
Com Introdução à Eletrônica de Potência. Tradução de Anatólio Laschuk.
6. Ed. Porto Alegre: Bookman. 2006. 648 p.. 25cm. ISBN 85-60031-04-9.

[11] E. Bim, Máquinas Elétricas e Acionamento, Campinas: Campus, 2009. 480


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[12] Z. CHEN, A. C. Williamson, Simulation Study of Multiple Three Phase


Electric Machine, Chinese International Conference On Electric Machine
CICEM'99, Xi'an, China, Agosto 1999, vol. 2. páginas 1014-1017.

[13] BOLLEN, M. H.; Understanding Power Quality Problems: Voltage Sags


and Interruptions. New York: IEEE Press. 2000.

[14] MURPHY, J. M. D., Turnbaull, F. G., Power Eletronic Control of AC Motors.


1st edition, New York, Edt. Peergamon Press, 1988.

[15] BOTÊGA Jr., Mário L., Controle Digital para Motor de Indução Trifásico
em aplicações de baixo Custo. , Eletricidade Moderna., No. 11, pp 166-176,
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[16] JUNICHI, A.; An induction machine model for an analog power system
simulator, IEEE Transactions on Power Systems, Vol.8, No.4, November
1993.

[17] R. KRISHNAN, Electric motor drives: modeling, analysis, and control.


Prentice Hall, 2001.
87

APÊNDICE I: Modelo Computacional do Gerador de


Variações de Tensão de Curta Duração (VTCD) Trifásicas

MODEL VSAG3F

INPUT -- grandezas de entrada


VA -- Tensão da fase A da fonte trifásica
VB -- Tensão da fase B da fonte trifásica
VC -- Tensão da fase C da fonte trifásica

OUTPUT -- Grandezas de saída para serem utilizadas na rede do ATP


VOA -- Sinal de saída da fase A
VOB -- Sinal de saída da fase B
VOC -- Sinal de saída da fase C

DATA -- dados de entrada


Vsag--Valor (em pu) da amplitude da tensão durante o distúrbio.
DUR -- Duração da VTCD (em segundos)
Tin -- Instante inicial da VTCD

VAR -- variáveis do programa


VOA
VOB
VOC

INIT -- condições iniciais das variáveis;


VOA:=0
VOB:=0
VOC:=0
ENDINIT

EXEC -- execução do programa


IF T>=Tin AND T<Tin+DUR THEN
VOA:=Vsag*VA
VOB:=Vsag*VB
VOC:=Vsag*VC
ELSE
VOA:=VA
VOB:=VB
VOC:=VC
ENDIF
ENDEXEC

ENDMODEL
88

APÊNDICE II: Modelo Computacional da Fonte de Tensão


Trifásica Cossenoidal com Variação de Frequência

MODEL VARf

OUTPUT -- Grandezas de saída para serem utilizadas na rede do ATP


Va -- tensão fase A
Vb -- tensão fase B
Vc -- tensão fase C

DATA -- dados de entrada


Amp -- Valor de amplitude do sinal trifásico senoidal;
Freq -- Frequência nominal do sinal em [Hz];
PHA -- Ângulo de fase do sinal na fase A, em graus;
Tsta--Instante de tempo inicial em [seg.]. Valor zero para T<Tsta;
Tsto--Instante de tempo final em [seg.]. Valor zero para T>Tsto;
Fn -- Frequência durante a ocorrência do distúrbio, em [Hz];
Tin-- Instante inicial para alteração da frequência [seg.];
DUR-- Tempo de duração do sinal com frequência Fn, em [seg.].

VAR -- variáveis do programa


Va -- Sinal de saída da fase A
Vb -- Sinal de saída da fase B
Vc -- Sinal de saída da fase C
omega -- Velocidade angular em [rad/s]

INIT -- condições iniciais das variáveis;


Va:=0
Vb:=0
Vc:=0
omega:=0
ENDINIT

EXEC -- execução do programa


IF t<Tsta THEN
Va:=0
Vb:=0
Vb:=0
ELSIF t>=Tsta AND t<Tsto THEN
omega:=2*PI*Freq

-- Cálculo da velocidade angular para a frequência de distúrbio


IF t>=Tin AND t<Tin+DUR THEN
omega:=2*PI*Fn
ENDIF
89

Va:=AMP*COS(omega*(t-Tsta) + (PHA*PI/180))
Vb:=AMP*COS(omega*(t-Tsta) + (PHA*PI/180)-(2*PI/3))
Vc:=AMP*COS(omega*(t-Tsta) + (PHA*PI/180)+(2*PI/3))
ELSE
Va:=0
Vb:=0
Vb:=0
ENDIF

ENDEXEC

ENDMODEL
90

APÊNDICE III: Modelo Computacional do Gerador de


Desequilíbrios de Tensão a partir de Variações de
Amplitude dos Sinais por Fase

MODEL UNB

INPUT -- grandezas de entrada


VA -- Tensão da fase A da fonte trifásica
VB -- Tensão da fase B da fonte trifásica
VC -- Tensão da fase C da fonte trifásica

OUTPUT -- Grandezas de saída para serem utilizadas na rede do ATP


VOA -- Sinal de tensão da saída A da model
VOB -- Sinal de tensão de saída B da model
VOC -- Sinal de tensão de saída C da model

DATA -- dados de entrada


VApu -- Valor de amplitude da tensão da fase A em [p.u.].
DUR_A -- Duração do distúrbio na fase A em [seg.].
Tin_A -- Instante inicial do distúrbio na fase A em [seg.].
VBpu -- Valor de amplitude da tensão da fase B em [p.u.].
DUR_B -- Duração do distúrbio na fase B em [seg.].
Tin_B -- Instante inicial do distúrbio na fase B em [seg.].
VCpu -- Valor de amplitude da tensão da fase C em [p.u.].
DUR_C -- Duração do distúrbio na fase C em [seg.].
Tin_C -- Instante inicial do distúrbio na fase C em [seg.].

VAR -- variáveis do programa


VOA
VOB
VOC

INIT -- condições iniciais das variáveis;


VOA:=0
VOB:=0
VOC:=0

ENDINIT

EXEC -- execução do programa


IF VApu>0 THEN
IF t>=Tin_A AND t<Tin_A+DUR_A THEN
VOA:=VApu*VA
ELSE
VOA:=VA
91

ENDIF
ELSE
VOA:=VA
ENDIF

IF VBpu>0 THEN
IF t>=Tin_B AND t<Tin_B+DUR_B THEN
VOB:=VBpu*VB
ELSE
VOB:=VB
ENDIF
ELSE
VOB:=VB
ENDIF

IF VCpu>0 THEN
IF t>=Tin_C AND t<Tin_C+DUR_C THEN
VOC:=VCpu*VC
ELSE
VOC:=VC
ENDIF
ELSE
VOC:=VC
ENDIF

ENDEXEC

ENDMODEL
92

APÊNDICE IV: Modelo Computacional da Fonte de Sinal


Trifásico Senoidal com Distorções Harmônicas de Ordem H
e Hi
MODEL HARM

OUTPUT -- Grandezas de saída para serem utilizadas na rede do ATP


Va -- tensão fase A
Vb -- tensão fase B
Vc -- tensão fase C
DATA -- dados de entrada
Vamp
FREQ
PHA
Tsta
Tsto
H
DITh
Tstah
Tstoh
Hi
DIThi
Tstahi
Tstohi
VAR -- variáveis do programa
Va
Vb
Vc
V1amp
omega
v1
vh
vhi
FREQh
FREQhi
PER
PERh
PERhi
v12
vh2
vhi2
iv12
ivh2
ivhi2
V1rms
Vhrms
Vhirms
Varms
DTT

TIMESTEP MIN: 1e-5

DELAY
CELLS(iv12):1/FREQ/TIMESTEP +1
CELLS(ivh2):1/(H*FREQ)/TIMESTEP +1
CELLS(ivhi2):1/(Hi*FREQ)/TIMESTEP +1
INIT -- condições iniciais das variáveis;
Va:=0
Vb:=0
Vc:=0
V1amp:=Vamp/sqrt(1+DITh**2+DIThi**2)
v1:=0
vh:=0
93

vhi:=0
FREQh:=H*FREQ
FREQhi:=Hi*FREQ
PER:=recip(FREQ)
PERh:=recip(FREQh)
PERhi:=recip(FREQhi)
integral(v12):=0
integral(vh2):=0
integral(vhi2):=0
histdef(iv12):=0
histdef(ivh2):=0
histdef(ivhi2):=0
histdef(integral(v12)):=0
histdef(integral(vh2)):=0
histdef(integral(vhi2)):=0
V1rms:=0
Vhrms:=0
Vhirms:=0
Varms:=0
omega:=2*PI*FREQ
DTT:=0

ENDINIT

EXEC -- execução do programa


IF t<Tsta THEN
Va:=0
Vb:=0
Vc:=0
ELSIF t>=Tsta AND t<Tsto THEN
IF t>=Tstah AND t<Tstoh THEN
IF t>=Tstahi AND t<Tstohi THEN
v1:=V1amp*sin(omega*(t-Tsta) + (PHA*PI/180))
vh:=DITh*V1amp*sin(H*omega*(t-Tstah) + H*(PHA*PI/180))
vhi:=DIThi*V1amp*sin(Hi*omega*(t-Tstahi)+Hi*(PHA*PI/180))

Va:=v1+vh+vhi
Vb:=V1amp*sin(omega*(t-Tsta) + (PHA*PI/180)-(2*PI/3))+
DITh*V1amp*sin(H*omega*(t-Tstah) +
H*((PHA*PI/180)-(2*PI/3)))+
DIThi*V1amp*sin(Hi*omega*(t-Tstahi) +
Hi*((PHA*PI/180)-(2*PI/3)))
Vc:=V1amp*sin(omega*(t-Tsta) + (PHA*PI/180)+(2*PI/3))+
DITh*V1amp*sin(H*omega*(t-Tstah) +
H*((PHA*PI/180)+(2*PI/3)))+
DIThi*V1amp*sin(Hi*omega*(t-Tstahi) +
Hi*((PHA*PI/180)+(2*PI/3)))

v12:=v1**2
vh2:=vh**2
vhi2:=vhi**2
iv12:=integral(v12)
ivh2:=integral(vh2)
ivhi2:=integral(vhi2)

v1rms:=sqrt((iv12-delay(iv12,PER))/PER)
vhrms:=sqrt((ivh2-delay(ivh2,PERh))/PERh)
vhirms:=sqrt((ivhi2-delay(ivhi2,PERhi))/PERhi)
IF t-Tstahi>PERh THEN
Varms:=sqrt(v1rms**2+vhrms**2+vhirms**2)
ENDIF

DTT:=100*sqrt(DITh**2+DIThi**2)
ELSE

v1:=V1amp*sin(omega*(t-Tsta) + (PHA*PI/180))
vh:=DITh*V1amp*sin(H*omega*(t-Tstah) + H*(PHA*PI/180))
94

Va:=v1+vh
Vb:=V1amp*sin(omega*(t-Tsta) + (PHA*PI/180)-(2*PI/3))+
DITh*V1amp*sin(H*omega*(t-Tstah) +
H*((PHA*PI/180)-(2*PI/3)))
Vc:=V1amp*sin(omega*(t-Tsta) + (PHA*PI/180)+(2*PI/3))+
DITh*V1amp*sin(H*omega*(t-Tstah) +
H*((PHA*PI/180)+(2*PI/3)))

v12:=v1**2
vh2:=vh**2
iv12:=integral(v12)
ivh2:=integral(vh2)

v1rms:=sqrt((iv12-delay(iv12,PER))/PER)
vhrms:=sqrt((ivh2-delay(ivh2,PERh))/PERh)

IF t-Tstah>PERh THEN
Varms:=sqrt(v1rms**2+vhrms**2)
ENDIF

DTT:=100*DITh
ENDIF
ELSE

v1:=Vamp*sin(omega*(t-Tsta) + (PHA*PI/180))
Va:=v1
Vb:=Vamp*sin(omega*(t-Tsta) + (PHA*PI/180)-(2*PI/3))
Vc:=Vamp*sin(omega*(t-Tsta) + (PHA*PI/180)+(2*PI/3))

v12:=v1**2
iv12:=integral(v12)

v1rms:=sqrt((iv12-delay(iv12,PER))/PER)
Varms:=V1rms
ENDIF
ELSE
Va:=0
Vb:=0
Vc:=0
ENDIF

ENDEXEC

ENDMODEL
95

APÊNDICE V: Modelo Computacional do Medidor de


Desempenho do Motor de Indução Trifásico em Regime
Transitório
MODEL MITt

COMMENT -- comentários
medidor de potência instantânea trifásica de entrada;
velocidade síncrona e escorregamento,
permitindo variação de frequência das tensões senoidais de
suprimento do estator.
ENDCOMMENT
INPUT -- grandezas de entrada
va -- Tensão fase-neutro A na entrada do motor;
vb -- Tensão fase-neutro B na entrada do motor;
vc -- Tensão fase-neutro C na entrada do motor;
ia -- corrente fase A na entrada do motor;
ib -- corrente fase B na entrada do motor;
ic -- corrente fase C na entrada do motor;
w -- Tensão representativa da velocidade do rotor;
DATA -- dados de entrada
P -- Número de pólos da máquina de indução;
Rs -- Resistência do enrolamento do estator, por fase;
Rpm -- Resistência de perdas mecânicas;

VAR
Vref -- Valor de referencia, indica o sinal da tensão va(t);
TESTE -- Valor de teste de passagem da tensão va(t) pelo zero;
t1-- Instante de tempo atualizado quando da passagem de va por zero;
t2 -- Armazena t1 para o cálculo iterativo do período;
CTRL -- Variável de controle;
PER -- periodo das tensões de suprimento;
FREQ -- frequência das tensões de suprimento;
ws -- velocidade síncrona [rad/s];
slip -- escorregamento;
pinst -- potência instantãnea trifásica [W];

DELAY
CELLS(TESTE): TIMESTEP + 1
CELLS(Vref): TIMESTEP + 1

INIT -- condições iniciais das variáveis;


Vref:=0
TESTE:=1
histdef(Vref):=0
histdef(TESTE):=1
t1:=0
t2:=0
CTRL:=0
FREQ:=60
PER:=recip(FREQ)
ws:=0
slip:=1
pinst:=0
ENDINIT

EXEC
-- ******************************************************
-- Cálculo da frequência das tensões de alimentação
-- ******************************************************

-- Considerando que as tensões de cada fase tem a mesma frequência, a


tensão da fase A (va)
96

-- foi escolhida como referência para o cálculo do período (PER)

IF va>0 THEN
Vref:=1
ENDIF

IF va<0 THEN
Vref:=-1
ENDIF

TESTE:=Vref+PREVVAL(Vref)

IF TESTE=0 THEN
IF t2>0 THEN
PER:=2*(t-t2)
FREQ:=recip(PER)
ENDIF
t1:=t
CTRL:=1
ENDIF

IF CTRL=1 THEN
t2:=t1
CTRL:=0
ENDIF

-- *********************************************
-- Cálculo da velocidade síncrona [rad/s]
-- *********************************************
ws:=(2*PI/60)*120*FREQ/P

-- *******************************
-- Cálculo do escorregamento
-- *******************************
slip:=(ws-w)/ws

-- ********************************************************
-- Potência instantânea trifásica na entrada do motor
-- ********************************************************
pinst:=va*ia+vb*ib+vc*ic

ENDEXEC
ENDMODEL

RECORD
MITt.FREQ as FREQ
MITt.ws as ws
MITt.slip as slip
MITt.pinst as pinst
97

APÊNDICE VI: Modelo Computacional do Medidor de


Desempenho do Motor de Indução Trifásico em Regime
Permanente

MODEL PMIT
COMMENT -- comentários
balanço de potência do MIT alimentado por tensões trifásicas
balanceadas ou desbalanceadas
com formas de onda senoidais na frequência fundamental
ENDCOMMENT
INPUT -- grandezas de entrada
va -- Tensão fase-neutro A na entrada do motor;
vb -- Tensão fase-neutro B na entrada do motor;
vc -- Tensão fase-neutro C na entrada do motor;
ia -- corrente fase A na entrada do motor;
ib -- corrente fase B na entrada do motor;
ic -- corrente fase C na entrada do motor;
w -- Tensão representativa da velocidade do rotor;
DATA -- dados de entrada
FREQ {DFLT: 60}
P -- Número de pólos do motor;
Rs -- Resistência do enrolamento do estator, por fase;
Rpm -- Resistência de perdas mecânicas;
VAR
S -- potência aparente [VA];
Pin -- potência ativa [W];
pinst -- potência instantãnea trifásica [W];
Q -- potência reativa [VAr];
Varms -- valor rms da tensão na fase A [V];
Vbrms -- valor rms da tensão na fase B [V];
Vcrms -- valor rms da tensão na fase C [V];
Iarms -- valor rms da corrente na fase A [A];
Ibrms -- valor rms da corrente na fase B [A];
Icrms -- valor rms da corrente na fase C [A];
fp -- fator de potência ;
va2 -- valor instantâneo da tensão de fase A ao quadrado;
vb2 -- valor instantâneo da tensão de fase B ao quadrado;
vc2 -- valor instantâneo da tensão de fase C ao quadrado;
ia2 -- valor instantâneo da corrente na fase A ao quadrado;
ib2 -- valor instantâneo da corrente na fase B ao quadrado;
ic2 -- valor instantâneo da corrente na fase C ao quadrado;
via -- potência aparente instatânea na fase A (va*ia);
vib -- potência aparente instatânea na fase B (vb*ib);
vic -- potência aparente instatânea na fase C (vc*ic);
iva2 -- integral de va2;
ivb2 -- integral de vb2;
ivc2 -- integral de vc2;
iia2 -- integral de ia2;
iib2 -- integral de ib2;
iic2 -- integral de ic2;
ivia -- integral de via;
ivib -- integral de vib;
ivic -- integral de vic;
PER -- periodo da onda de tensão [s];
ws -- velocidade síncrona [rad/s];
slip -- escorregamento;
Pjs -- Potência trifásica de perdas joulicas no estator [W];
Pg -- Potência de entreferro ou potência fornecida ao rotor [W];
Pjr -- Potência trifásica de perdas joulicas no rotor [W];
Pd -- Potência desenvolvida pelo rotor [W];
DPm -- Potência de perdas mecânicas [W];
98

Pout -- Potência mecânica no eixo [W];


DPtot -- Potência de perdas totais [W];
Rend -- Rendimento do motor;

TIMESTEP MIN: 1e-5

DELAY
CELLS(iva2):1/FREQ/TIMESTEP +1
CELLS(ivb2):1/FREQ/TIMESTEP +1
CELLS(ivc2):1/FREQ/TIMESTEP +1
CELLS(iia2):1/FREQ/TIMESTEP +1
CELLS(iib2):1/FREQ/TIMESTEP +1
CELLS(iic2):1/FREQ/TIMESTEP +1
CELLS(ivia):1/FREQ/TIMESTEP +1
CELLS(ivib):1/FREQ/TIMESTEP +1
CELLS(ivic):1/FREQ/TIMESTEP +1

INIT -- condições iniciais das variáveis;


S:=0
pinst:=0
Pin:=0
Q:=0
fp:=0
integral(va2):=0
integral(vb2):=0
integral(vc2):=0
integral(ia2):=0
integral(ib2):=0
integral(ic2):=0
integral(via):=0
integral(vib):=0
integral(vic):=0
histdef(iva2):=0
histdef(ivb2):=0
histdef(ivc2):=0
histdef(iia2):=0
histdef(iib2):=0
histdef(iic2):=0
histdef(ivia):=0
histdef(ivib):=0
histdef(ivic):=0
histdef(integral(va2)):=0
histdef(integral(vb2)):=0
histdef(integral(vc2)):=0
histdef(integral(ia2)):=0
histdef(integral(ib2)):=0
histdef(integral(ic2)):=0
histdef(integral(via)):=0
histdef(integral(vib)):=0
histdef(integral(vic)):=0
PER:=recip(FREQ)
ws:=(2*PI/60)*120*FREQ/P
slip:=1
Pjs:=0
Pg:=0
Pjr:=0
Pd:=0
DPm:=0
Pout:=0
DPtot:=0
Rend:=0
ENDINIT

EXEC
-- *************************
-- Cálculos iniciais
-- *************************
va2:=va**2
99

vb2:=vb**2
vc2:=vc**2
ia2:=ia**2
ib2:=ib**2
ic2:=ic**2
via:=va*ia
vib:=vb*ib
vic:=vc*ic
iva2:=integral(va2)
ivb2:=integral(vb2)
ivc2:=integral(vc2)
iia2:=integral(ia2)
iib2:=integral(ib2)
iic2:=integral(ic2)
ivia:=integral(via)
ivib:=integral(vib)
ivic:=integral(vic)

slip:=(ws-w)/ws

--*******************************************************************
-- Valor rms das tensões e correntes de fase na entrada do motor
--*******************************************************************
Varms:=sqrt((iva2-delay(iva2,PER))/PER)
Vbrms:=sqrt((ivb2-delay(ivb2,PER))/PER)
Vcrms:=sqrt((ivc2-delay(ivc2,PER))/PER)

Iarms:=sqrt((iia2-delay(iia2,PER))/PER)
Ibrms:=sqrt((iib2-delay(iib2,PER))/PER)
Icrms:=sqrt((iic2-delay(iic2,PER))/PER)

-- *********************************
-- Potência aparente trifásica
-- *********************************
S:=Varms*Iarms+Vbrms*Ibrms+Vcrms*Icrms

-- ********************************************************
-- Potência instantânea trifásica na entrada do motor
-- ********************************************************
pinst:=va*ia+vb*ib+vc*ic

-- ***************************************************
-- Potência ativa trifásica na entrada do motor
-- ***************************************************
Pin:=(1/PER)*((ivia-delay(ivia,PER))+
(ivib-delay(ivib,PER))+
(ivic-delay(ivic,PER)))

if Pin <= 0 then


Pin:=abs(Pin)
ENDIF

if Pin >= S then


Pin:=S
ENDIF

-- *********************************
-- Potência Reativa
-- *********************************
Q:= sqrt(S**2 - Pin**2)

-- *********************************
-- Fator de Potência
-- *********************************
fp:=Pin/S

-- *******************************************************
-- Potência trifásica de perdas joulicas no estator
-- *******************************************************
100

Pjs:=(1/PER)*Rs*((iia2-delay(iia2,PER))+
(iib2-delay(iib2,PER))+
(iic2-delay(iic2,PER)))

-- ****************************
-- Potência de entreferro
-- ****************************
Pg:=Pin-Pjs

-- *******************************************************
-- Potência trifásica de perdas joulicas no rotor
-- *******************************************************
Pjr:=slip*Pg

-- ***************************************
-- Potência desenvolvida pelo rotor
-- ***************************************
Pd:=(1-slip)*Pg

-- ***************************************
-- Potência de perdas mecânicas
-- ***************************************
DPm:=(w**2)/Rpm

-- *****************************
-- Potência mecânica útil
-- *****************************
Pout:=Pd-DPm

-- ********************************
-- Potência de perdas totais
-- ********************************
DPtot:=Pin-Pout

-- **************************
-- Rendimento do motor
-- **************************
Rend:=Pout/Pin

ENDEXEC

ENDMODEL

RECORD
PMIT.S as S
PMIT.Q as Q
PMIT.fp as fp
PMIT.Varms as Varms
PMIT.Vbrms as Vbrms
PMIT.Vcrms as Vcrms
PMIT.Iarms as Iarms
PMIT.Ibrms as Ibrms
PMIT.Icrms as Icrms
PMIT.slip as slip
PMIT.pinst as pinst
PMIT.Pin as Pin
PMIT.Pjs as Pjs
PMIT.Pg as Pg
PMIT.Pjr as Pjr
PMIT.Pd as Pd
PMIT.DPm as DPm
PMIT.Pout as Pout
PMIT.DPtot as DPtot
PMIT.Rend as Rend
101

APÊNDICE VII: Modelo Computacional do Medidor de


Desequilíbrio das Tensões e Correntes de Linha
MODEL FD

INPUT -- grandezas de entrada


va -- Tensão da fase A
vb -- Tensão da fase B
vc -- Tensão da fase C
ia -- Corrente da fase A
ib -- Corrente da fase B
ic -- Corrente da fase C

DATA -- dados de entrada


FREQ {DFLT: 60}

VAR -- variáveis do programa


vab-- Sinal de tensão senoidal entre as fases A e B.
vbc-- Sinal de tensão senoidal entre as fases B e C.
vca-- Sinal de tensão senoidal entre as fases C e A.
vab2 -- valor instantâneo da tensão de de linha vab(t) ao quadrado;
vbc2 -- valor instantâneo da tensão de de linha vbc(t) ao quadrado;
vca2 -- valor instantâneo da tensão de de linha vca(t) ao quadrado;
Ivab2 -- integral de vab2;
Ivbc2 -- integral de vbc2;
Ivca2 -- integral de vca2;
VabRMS-- valor rms da tensão vab em [V];
VbcRMS-- valor rms da tensão vbc em [V];
VcaRMS-- valor rms da tensão vca em [V];
BETAv -- Grandeza adimensional para o cálculo do fator de
desequilíbrio das tensões;
FDv -- Fator de desequilíbrio percentual das tensões de linha;
ia2 -- valor instantâneo da corrente na fase A ao quadrado;
ib2 -- valor instantâneo da corrente na fase B ao quadrado;
ic2 -- valor instantâneo da corrente na fase C ao quadrado;
Iia2 -- integral de ia2;
Iib2 -- integral de ib2;
Iic2 -- integral de ic2;
IaRMS -- valor rms da corrente na fase A [A];
IbRMS -- valor rms da corrente na fase B [A];
IcRMS -- valor rms da corrente na fase C [A];
BETAi -- Grandeza adimensional para o cálculo do fator de
desequilíbrio das correntes;
FDi -- Fator de desequilíbrio percentual das correntes de linha;
PER -- periodo da onda de tensão [s];

TIMESTEP MIN: 1E-5


DELAY
CELLS(Ivab2):1/FREQ/TIMESTEP +1
CELLS(Ivbc2):1/FREQ/TIMESTEP +1
CELLS(Ivca2):1/FREQ/TIMESTEP +1
CELLS(Iia2):1/FREQ/TIMESTEP +1
CELLS(Iib2):1/FREQ/TIMESTEP +1
CELLS(Iic2):1/FREQ/TIMESTEP +1

INIT -- condições iniciais das variáveis;


vab:=0
vbc:=0
vca:=0
vab2:=0
vbc2:=0
vca2:=0
Integral(Vab2):=0
Integral(Vbc2):=0
102

Integral(Vca2):=0
histdef(IVab2):=0
histdef(IVbc2):=0
histdef(IVca2):=0
histdef(integral(Vab2)):=0
histdef(integral(Vbc2)):=0
histdef(integral(Vca2)):=0
VabRMS:=0
VbcRMS:=0
VcaRMS:=0
BETAv:=0
FDv:=0
ia2:=0
ib2:=0
ic2:=0
Integral(ia2):=0
Integral(ib2):=0
Integral(ic2):=0
histdef(Iia2):=0
histdef(Iib2):=0
histdef(Iic2):=0
histdef(integral(ia2)):=0
histdef(integral(ib2)):=0
histdef(integral(ic2)):=0
IaRMS:=0
IbRMS:=0
IcRMS:=0
BETAi:=0
FDi:=0
PER:=recip(FREQ)

ENDINIT

EXEC -- execução do programa

-- ***************************************************
-- Cálculo do Valor Eficaz das Tensões de linha
-- ***************************************************
Vab:=va-vb
Vbc:=vb-vc
Vca:=vc-va

vab2:=vab**2
vbc2:=vbc**2
vca2:=vca**2

Ivab2:=integral(vab2)
Ivbc2:=integral(vbc2)
Ivca2:=integral(vca2)
VabRMS:=sqrt((IVab2-DELAY(IVab2,PER))/PER)
VbcRMS:=sqrt((IVbc2-DELAY(IVbc2,PER))/PER)
VcaRMS:=sqrt((IVca2-DELAY(IVca2,PER))/PER)

--*******************************************************************
-- Cálculo do Fator de Desequilíbrio percentual das tensões (FDv%)
-- Método de Cigré
--******************************************************************
IF T>PER THEN
BETAv:=(VabRMS**4+VbcRMS**4+VcaRMS**4)/(VabRMS**2+VbcRMS**2+VcaRMS**2)**2
FDv:=100*sqrt((1-sqrt(3-6*BETAv))/(1+sqrt(3-6*BETAv)))
ENDIF

-- ***************************************************
-- Cálculo do Valor Eficaz das correntes de linha
-- ***************************************************
103

ia2:=ia**2
ib2:=ib**2
ic2:=ic**2

Iia2:=integral(ia2)
Iib2:=integral(ib2)
Iic2:=integral(ic2)

IaRMS:=sqrt((Iia2-DELAY(Iia2,PER))/PER)
IbRMS:=sqrt((Iib2-DELAY(Iib2,PER))/PER)
IcRMS:=sqrt((Iic2-DELAY(Iic2,PER))/PER)

--******************************************************************
-- Cálculo do Fator de Desequilíbrio percentual das correntes (FDi%)
-- Método de Cigré
--******************************************************************
IF T>PER THEN
BETAi:=(IaRMS**4+IbRMS**4+IcRMS**4)/(IaRMS**2+IbRMS**2+IcRMS**2)**2
FDi:=100*sqrt((1-sqrt(3-6*BETAi))/(1+sqrt(3-6*BETAi)))
ENDIF

ENDEXEC
ENDMODEL

RECORD
FD.VabRMS as VabRMS
FD.VbcRMS as VbcRMS
FD.VcaRMS as VcaRMS
FD.FDv as FDv
FD.IaRMS as IaRMS
FD.IbRMS as IbRMS
FD.IcRMS as IcRMS
FD.FDi as FDi

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