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RESUMO
Em meio a diversos escândalos de corrupção e fraudes em organizações no Brasil e em
outros países do mundo, a auditoria externa tem se tornado uma poderosa ferramenta de
combate a este tipo de crime visando dar maior credibilidade as demonstrações contábeis das
organizações para investidores, credores, aos órgãos fiscalizadores e demais interessados. A
partir deste contexto, o objetivo do presente estudo foi à realização de uma auditoria nas
demonstrações contábeis de uma organização do ramo de comércio de combustíveis, a fim de
verificar se as respectivas demonstrações apresentam adequadamente a situação patrimonial
da organização. O trabalho de auditoria foi realizado por meio da identificação dos controles
internos da organização, da elaboração de um programa de auditoria, que evidencia os
procedimentos e objetivos de averiguação, juntamente com a aplicação dos papeis de
trabalho. Por fim elaborou-se um relatório evidenciando os resultados encontrados.
Constatou-se que mesmo em empresas que não tem a obrigatoriedade da auditoria externa, a
mesma pode contribuir para a melhoria dos controles internos e assegurar a legitimidade e
confiabilidade nos resultados apresentados por meio das demonstrações contábeis.
Palavras-chave: Auditoria Contábil. Demonstrações Contábeis. Controles Internos.
1 INTRODUÇÃO
O presente artigo apresenta uma pesquisa cujo tema foi auditoria contábil que se
delimitou em auditar as demonstrações contábeis do exercício de 2015, de uma empresa de
médio porte do ramo de combustíveis.
A Lei 10.406 de 2002/2003 estabeleceu o Novo Código Civil Brasileiro e, em seu
artigo 1.179 determina que empresários e sociedades empresárias são obrigados a apresentar
contabilidade regular, um balanço patrimonial e uma demonstração do resultado do exercício
anual independentemente de sua forma jurídica. Portanto, existe a obrigatoriedade da
escrituração contábil das empresas. É do conhecimento do profissional contador que as
demonstrações contábeis devem ser elaboradas suportadas por registros contábeis dos atos e
fatos ocorridos na organização durante o período que antecede a demonstração. Assim, o
profissional estará cumprindo a legislação e as normas contábeis evitando possíveis punições
tanto pelos órgãos reguladores da classe como pela justiça.
Além disso, para maior segurança da veracidade das demonstrações contábeis, alguns
mecanismos de controle se fazem necessários e, neste sentido, surge à auditoria, como forma
de minimizar os riscos de erros e fraudes nas demonstrações contábeis das organizações.
Também é importante destacar que a atividade de auditoria não é uma prerrogativa somente
das organizações de grande porte. Ela é importante para qualquer tipo de organização.
Principalmente para assegurar a legitimidade das informações contidas nas demonstrações
contábeis, e proporcionar maior confiança aos investidores na eficiência da gestão da
organização. A auditoria é um mecanismo de controle da governança das organizações.
A organização objeto deste estudo é uma sociedade empresária limitada que está
localizada no Estado do Rio Grande do Sul. Tem como atividade principal comércio varejista
de combustíveis para veículos automotores, com um faturamento anual superior a R$
6.000.000,00, é tributada pelo lucro real trimestral e conta com uma equipe de 26
colaboradores.
Dessa forma, para validar a importância da auditoria das demonstrações contábeis
como mecanismo de controle da governança e forma de minimizar erros e fraudes em
qualquer tipo e tamanho de organização, essa pesquisa traçou como objetivo auditar as
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2 REVISÃO DA LITERATURA
No sentido literal a palavra auditoria vem do latim audire (ouvir) e foi utilizada
inicialmente pelos ingleses (auditing) para significar o conjunto de procedimentos técnicos
para a revisão da contabilidade (PEREZ JUNIOR, 2012). A auditoria é uma técnica da ciência
contábil que está inserida na governança corporativa das organizações, acredita-se que surgiu
na Itália no século XIV com a evolução da contabilidade e do sistema capitalista na Inglaterra,
onde, em 1314 foi criado o cargo de Auditor do Tesouro (ATTIE, 2011). Todavia para alguns
autores, (CREPALDI, 2013; PEREZ JUNIOR, 2012) a data de origem da auditoria é
desconhecida. Porém, como todos os campos do conhecimento, vem se desenvolvendo ao
longo dos anos.
No Brasil a auditoria é considerada uma atividade relativamente nova (CREPALDI,
2013). Somente foi reconhecida e regulamentada em 1976 com a criação da Lei 6.385, que
criou a Comissão de Valores Mobiliários - CVM (BRASIL, 1976a) e a Lei 6.404, de 15 de
dezembro de 1976 que trata das Sociedades por Ações – SA (BRASIL, 1976b) que em seu
Art. 177 determinou que as demonstrações contábeis das companhias abertas fossem
obrigatoriamente auditadas por auditores independentes registrados na CVM.
Em 2007, com a adequação das Normas Brasileiras de Contabilidade (NBC) às
Normas Internacionais de Contabilidade (International Financial Reporting Standards -
IFRS), todas as empresas de grande porte passaram a ser obrigadas a ter suas demonstrações
contábeis auditadas. A Lei 11.638 (BRASIL, 2007) no art. 3º assevera que: “Aplicam-se às
sociedades de grande porte, ainda que não constituídas sob a forma de sociedades por ações,
as disposições da Lei nº 6.404, de 15 de dezembro de 1976, sobre escrituração e elaboração de
demonstrações financeiras e a obrigatoriedade de auditoria independente por auditor
registrado na CVM”.
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fundamentar e a emitir sua opinião sobre o objeto de estudo (MARION, 2012; PEREZ
JUNIOR, 2012).
Para se realizar o trabalho de auditoria, o auditor além de ter capacitação técnica deve
planejar seu trabalho. O planejamento de auditoria consiste em definir como será executado o
trabalho dentro da organização. Ele deve ser elaborado a fim de obter informações sobre a
organização que será auditada, os objetivos que deverão ser atingidos durante a sua
realização, qual o período de tempo necessário, a quantidade de pessoal, os riscos de auditoria
e qual a distribuição dos serviços entre o pessoal envolvido, tudo de acordo com as Normas
Brasileiras de Contabilidade. (OLIVEIRA, et al., 2008).
O Planejamento da Auditoria é a etapa do trabalho na qual o auditor independente
estabelece a estratégia geral dos trabalhos a executar na entidade a ser auditada, elaborando-o
a partir da contratação dos serviços, estabelecendo a natureza, a oportunidade e a extensão dos
exames, de modo que possa atingir os objetivos da auditoria. O planejamento de auditoria se
converte em programa de auditoria onde são estabelecidos os procedimentos que serão
utilizados para a execução dos trabalhos (ATTIE, 2011; CFC, 2009; CREPALDI, 2013;
OLIVEIRA, et al., 2008).
Os programas de auditoria são partes integrantes do planejamento de auditoria,
enquanto o planejamento abrange o trabalho de auditoria num todo. Os programas são
voltados para cada área especifica das organizações. Eles devem ser elaborados com a
finalidade de facilitar os entendimentos dos procedimentos de auditoria que serão realizados,
para que, os executores do trabalho de auditoria possam se guiar. (ALMEIDA, 2010;
CREPALDI, 2013; PEREZ JUNIOR, 2012).
Dentro de um processo de auditoria existem inúmeros procedimentos que podem ser
utilizados pelos auditores. Estes procedimentos englobam técnicas e testes de auditoria que
permitem ao auditor formar opinião sobre as demonstrações contábeis examinadas e que lhe
forneçam base para emitir seu parecer fundamentado. O auditor deve aplicar os
procedimentos adequados a cada caso, na extensão e profundidade necessárias, até obter
provas materiais ou informações persuasivas que comprovem o fato investigado (ATTIE,
2011; CREPALDI, 2013; PEREZ JUNIOR, 2012).
Os procedimentos mais utilizados são descritos no quadro 01:
Quadro 01: Procedimentos de auditoria
Procedimento Descrição
Exame e Consiste em identificar fisicamente o bem declarado nas demonstrações contábeis. O
Contagem auditor deve examinar in loco se o bem realmente existe. Esse procedimento compreende
física contagem, identificação, verificação de pleno uso e qualidade do bem.
Circularização Utilizado para confirmar, através de cartas, bens de propriedade da empresa em poder de
terceiros, direitos a receber e obrigações.
Conferência de Utilizado para constatar a adequação das operações aritméticas. É uma técnica amplamente
cálculos usada em virtude da quase totalidade das operações dentro da companhia estarem voltadas
para o processo contábil.
Inspeção de Voltado para a comprovação das transações que por questões legais, comerciais ou de
documentos controle são evidenciadas por documentos comprobatórios da efetividade dessas transações.
Esses documentos representam os comprovantes que suportam os registros contábeis.
Averiguação Consiste em fazer perguntas e obter respostas, aos funcionários da empresa-cliente
favoráveis a elucidação de certas questões, que podem conduzir a um incremento na
profundidade dos exames ou, em sentido oposto, a não realização de determinado teste de
auditoria.
Correlação É o relacionamento harmônico do sistema contábil de partidas dobradas. Á medida que for
sendo observado o relacionamento entre as áreas, o auditor estará efetuando a correlação
das informações obtidas.
Testes de São empregados a fim de determinar se cumprem os procedimentos de controle interno,
Aderência ou estabelecidos pelo sistema da empresa. Seu objetivo é proporcionar segurança de que os
Observância controles internos estão sendo executados na forma prescrita.
Testes Tem a finalidade de obter provas suficientes e convincentes sobre as transações, saldo e
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Substantivos divulgações nas demonstrações contábeis, que lhe proporcionem fundamentação razoável
para a emissão do relatório.
Testes para Procedimento em que o auditor parte do valor registrado no livro razão geral para o
Superavaliação documento que suporta a transação. O objetivo é detectar superavaliação de débitos.
Testes para Procedimento em que se parte do documento para o livro razão geral, agindo de forma
Subavaliação contrária à do teste de superavaliação. O objetivo é identificar subavaliação de créditos.
Fonte:Adaptado de Crepaldi, 2013.
Caixa - DFC; Demonstração do Valor Adicionado - DVA (se companhia aberta). Além de
elaborar as demonstrações contábeis, têm-se as notas explicativas, que são complementos as
demonstrações, pois existem informações que se tornam difíceis de serem indicadas por não
envolverem dados financeiros e contábeis, mas sim práticas contábeis, métodos e critérios de
avaliação, portanto devem ser evidenciadas nas notas explicativas. Há ainda demonstrações
contábeis que não são obrigatórias, mas que são fundamentais nas tomadas de decisões, como
por exemplo: Demonstração das Origens e Aplicações de Recursos - DOAR, Demonstração
do Resultado Abrangente - DRA e Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido -
DMPL que pode substituir a DLPA (MARION, 2012). Em sendo assim, todas essas
demonstrações são passíveis de auditoria.
O BP é a principal demonstração a ser auditada (ALMEIDA, 2010; MARION, 2012).
O auditor conhecendo a estrutura do BP deverá incluir no seu planejamento de auditoria,
programas de trabalho específicos para cada grupo de contas, onde especificará os
procedimentos que serão utilizados, os objetivos, métodos de avaliação, controle, existência e
classificação contábil. (CREPALDI, 2013). A profundidade e a extensão de cada trabalho nas
contas patrimoniais podem variar de acordo com o tipo de organização, os riscos envolvidos e
as provas do que se quer obter, segundo os reflexos que cada conta tenha em relação aos
demonstrativos da empresa. (ATTIE, 2011, p. 327).
A DRE é uma demonstração cujo objetivo principal é relatar se as organizações
tiveram lucro ou prejuízo em determinado exercício social. Conhecendo a estrutura e as
contas que compõem a DRE, o auditor deverá incluir no seu planejamento, todos os
programas de auditoria voltados para os grupos de contas dessa demonstração, principalmente
para as receitas, despesas e custos (ALMEIDA, 2012; CREPALDI, 2013; MARION, 2012;
PEREZ JÚNIOR, 2012).
A DFC é a demonstração que indica a origem de todos os recursos monetários que
entraram no caixa, bem como onde foram aplicados os recursos monetários que saíram do
caixa das organizações em determinado período. Assim como a DRE, a DFC também é uma
demonstração dinâmica que compõe o BP (MARION, 2012; REIS, 2009; SILVA, 2012).
Segundo Lins (2014) os objetivos e finalidades da auditoria da DFC consistem em verificar os
ajustes no lucro líquido dos valores que estão considerados dentro do lucro líquido e que não
afetam as disponibilidades e, em seguida, cruzar as variações nas contas patrimoniais que
afetam o caixa das demonstrações contábeis do ano em curso e do anterior. Também verificar
se sua estrutura e forma de apresentação estão de acordo com as normas.
A DLPA é a demonstração que evidencia o resultado do período, sua distribuição e a
movimentação ocorrida no saldo da conta de Lucros ou Prejuízos Acumulados (REIS, 2009;
SILVA, 2012). Assim como na auditoria da DFC, a auditoria da DLPA consistirá em verificar
se as contas apresentadas na mesma estão consistentes com as apresentadas no BP e na DRE,
pois esta demonstração é explicativa das contas dessas duas outras demonstrações (LINS,
2014).
A demonstração do Valor Adicionado é uma demonstração que evidencia o valor da
riqueza gerada, por determinada empresa, a um produto, e de que forma esse valor gerado foi
distribuído entre os fatores de produção. (REIS, 2009; SILVA, 2012). Também para essa
demonstração, assim como para a DFC, a auditoria consiste em relacionar seus números com
aqueles constantes na DRE e no BP. (LINS, 2014)
As Notas Explicativas são partes integrantes das demonstrações contábeis e devem
divulgar as informações necessárias à adequada compreensão dos respectivos demonstrativos.
São obrigatórias para todos os tipos de organizações, pois devem evidenciar as principais
práticas contábeis utilizadas na elaboração das demais demonstrações contábeis. (MARION,
2012; SILVA, 2012). As notas explicativas são auditadas para verificar se todos os
procedimentos contábeis que merecem ser destacados, pela relevância nos resultados das
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3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
Utilizando-se da tipologia de Vergara (2014), a classificação dessa pesquisa foi
caracterizada quanto aos fins e aos meios. Quanto aos fins a pesquisa foi: aplicada,
exploratória e descritiva. A pesquisa foi aplicada por que consistiu em auditar as
demonstrações contábeis de uma organização específica. Constituiu-se ainda como pesquisa
exploratória porque explorou os resultados contábeis demonstrados, com base na legislação
vigente, emitindo um parecer sobre as demonstrações contábeis. Caracterizou-se também
como pesquisa descritiva porque descreveu o programa de auditoria, os procedimentos de
auditoria, os documentos revisados, bem como as contas revisadas e os resultados
encontrados, se configurando como erro ou fraude, ou estando de acordo com o que preconiza
a legislação vigente.
Quanto aos meios, a pesquisa foi classificada como: bibliográfica, investigação
documental e estudo de caso. Pesquisa bibliográfica, porque aprofundou os conhecimentos
teóricos sobre o tema explorado na prática. A coleta de dados foi feita em livros, revistas e
jornais especializados sobre o tema de pesquisa, legislações relativas à contabilidade, assim
como também foi utilizado todo e qualquer material disponível aos pesquisadores, que fosse
relevante para a pesquisa. A investigação também consistiu na auditoria de documentos
privados da organização objeto de estudo. Na pesquisa documental, a coleta de dados foi feita
em todas as demonstrações contábeis elaboradas pela organização, bem como nos
documentos que se configuram como prova dos atos e fatos contábeis registrados, que
resultaram nas demonstrações contábeis auditadas. Para o estudo de caso, utilizou-se a técnica
de observação não participante e entrevistas informais com a contadora, sócios e gerentes da
organização auditada, buscando avaliar a eficiência e eficácia dos controles internos e avaliar
a responsabilidade da organização e da contadora pela elaboração das demonstrações
contábeis para contribuir com a emissão do parecer de auditoria.
Os dados foram tratados de forma qualitativa e quantitativa. Na forma qualitativa foi
utilizada a técnica de análise de conteúdo (VERGARA, 2010) para interpretar a legislação
vigente e decidir se a organização está cumprindo o que preconiza. Na forma quantitativa,
foram revisados os valores resultantes das operações da organização, demonstrados nos
relatórios contábeis. Para tanto, utilizou-se de técnicas como cálculos e recálculos
matemáticos e de estatística descritiva (YAMAMOTO E AKAMINE, 2009) para confirmar
os valores demonstrados. A utilização dessas técnicas permitiu concluir os trabalhos de
auditoria das demonstrações contábeis e emitir o parecer de auditoria no final da pesquisa.
Etapas que são apresentadas na sequência.
4 RESULTADOS DA PESQUISA
Os primeiros passos dos trabalhos de auditoria devem ser voltados ao conhecimento da
organização auditada. Nesse sentido, se fez necessário analisar os processos contábeis e
avaliar os controles internos, principalmente relativos aos estoques. A organização não possui
um setor de contabilidade e tem sua escrituração contábil, fiscal e trabalhista terceirizada e
efetuada por um escritório contábil. O processo de escrituração começa quando o gerente
encaminha para o escritório os cartões pontos e demais documentos para elaboração das
folhas de pagamento, no dia 25 de cada mês. Até o dia 30 são geradas as folhas e são
calculados os encargos, impostos e contribuições sobre a folha de pagamento. Depois, a folha
e respectivas guias são enviadas ao gerente para conferência e, na sequência são entregues ao
responsável para que sejam efetuados os pagamentos.
Após a conclusão da folha de pagamento são enviados para o escritório os documentos
contábeis e fiscais, até o dia 05 de cada mês. Recepcionados os documentos é realizada a
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importação das notas fiscais eletrônicas e feita a conferência das mesmas repassando
eventuais dúvidas e divergências ao gerente para que sejam resolvidos os problemas.
Concluídos os lançamentos fiscais, geram-se os arquivos das obrigações acessórias como:
EFD ICMS/IPI, PIS/COFINS, DCTF e GIA para validação e posterior transmissão.
Concluído o processo fiscal, volta-se para a contabilidade, lançando extratos
bancários, despesas pagas por banco e por caixa, extratos de cartão de crédito, folha de
pagamento, impostos e depreciação. O custo das mercadorias vendidas, utilizando-se por base
o estoque fornecido mensalmente pela empresa, valendo-se do custo médio ponderado móvel.
Após os lançamentos é feita conferência minuciosa de todas as contas do balancete de
verificação. Findo isso se apuram os impostos IRPJ e CSLL e quando ocorre lucro, enviam-se
as guias para que se efetue o recolhimento dos respectivos tributos. Logo após são elaboradas
as demonstrações contábeis.
Figura 1 – Processo de Elaboração das Demonstrações Contábeis
18 - Compor o saldo das contas consideradas como outros ativos, confrontando os controles internos com o
livro razão contábil, constatando eventos subsequentes;
19 - Verificar a possível reclassificação dos ativos a curto e longo prazo, de acordo com a legislação vigente;
20 - Averiguar demais fatos, como, adiantamentos ou empréstimos, analisando origem, necessidade e correta
classificação;
CONTAS DO PASSIVO
Objetivos:
Verificar se os saldos, movimentos e procedimentos:
1 - Seguiram os princípios contábeis quanto ao aspecto de elaboração e escrituração;
2 - Representam a realidade das dívidas;
3 - Estão devidamente comprovados por documentos e circularização;
4 - Estão cruzados com a lista do livro de contas a pagar por ordem cronológica de vencimentos;
5 - Representam realmente as dívidas da empresa auditada;
6 - Estão devidamente separados por curto e longo prazo;
7 - Estão lançados de acordo com o regime de competência;
8 – Das obrigações fiscais, sociais e trabalhistas estão respaldados e cruzados pelas informações prestadas nas
guias (ICMS, livros de apuração, etc.);
9 – Das obrigações sociais reconhecem a forma de apuração correta do lucro real;
10 – Estão com os prazos de pagamento e recolhimento em dia;
11 - Determinam se os encargos sociais e trabalhistas são reais e efetivamente devidos pela empresa;
12 - Atendem as necessidades de guarda das obrigações sociais, fiscais e trabalhistas, dos principais itens dos
departamentos;
Procedimentos:
1 - Confrontar os saldos das contas dos principais credores, com extratos bancários e demais documentos, por
amostragem;
2 - Verificar se a escrituração está devidamente fundamentada em documentação idônea;
3 - Cruzar notas fiscais, por amostragem, lançadas em fornecedores com os lançamentos do livro de entradas e
registro em estoques;
4 - Determinar se os valores escriturados em fornecedores são reais, se são condizentes com a atividade da
empresa, analisando a efetiva compra através das notas fiscais de entrada (por amostragem);
5 –Solicitar circularização externa dos principais fornecedores;
6 - Averiguar a documentação de suporte dos lançamentos desses empréstimos e contratos, se estão em acordo
com a legislação fiscal e comercial vigentes, por amostragem;
7 - Verificar se não existem juros futuros nas despesas financeiras;
8 - Verificar se os valores de curto e longo prazo estão adequadamente reconhecidos no balanço.
9 - Verificar se os prazos de pagamento estão sendo cumpridos (por amostragem);
10 – Verificar se os códigos de recolhimento das obrigações fiscais, sociais e trabalhistas estão corretos;
11 - Verificar se as obrigações acessórias fiscais, sociais e trabalhistas estão todas de acordo e transmitidas;
12 – Correlacionar os valores apurados, das obrigações fiscais, sociais e trabalhistas com livros fiscais
existentes;
13 – Correlacionar os valores informados em GFIP com o livro razão contábil verificando se há divergências;
14 – Verificar os recibos de pagamentos dos beneficiários, das obrigações trabalhistas, por amostragem;
15 - Analisar os acordos constantes na convenção coletiva se estão sendo cumpridos;
16 - Verificar os lançamentos das provisões de férias e décimo terceiro salário, por amostragem;
17 – Verificar a guarda do Livro Registro de Empregados, recibos, guias, CTPS e se os funcionários estão
devidamente registrados no Ministério do Trabalho e Emprego.
18 - Obter a composição das contas consideradas outros passivos, confrontando os controles internos com o
livro razão contábil, por amostragem;
CONTAS DO PATRIMÔNIO LÍQUIDO
Objetivos:
Verificar se os saldos, movimentos e procedimentos:
1 - Seguiram os princípios contábeis quanto ao aspecto de elaboração e escrituração;
2 - Representam a realidade;
3 - Estão devidamente comprovados por documentos;
4 - Reconhecem o saldo de capital social de acordo com a última alteração/estatuto;
5 - Reconhecem a composição dos resultados acumulados e de que período foram constituídos;
Procedimentos:
1 - Constatar se a forma de constituição da empresa condiz com seu objeto social, verificando o registro nos
órgãos competentes;
2 - Verificar se a forma de distribuição dos dividendos está condizente com o contrato social;
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Na opinião dos auditores, o saldo de R$ 28,82 pode não representar o valor real da conta Antecipação de
Salários e Ordenados registrado no Balanço Patrimonial da organização. Conforme questionamentos e
verificação do antigo balancete esse valor não foi descontado do colaborador enquanto ele estava na
organização. Recomenda-se que seja transferido para despesas com salários.
EXECUTADO POR: Nome do auditor
LOCAL E DATA: RS, 03/06/2016
REVISADO PELO GERENTE DE AUDITORIA
LOCAL E DATA: RS, 04/06/2016
31/12/2014: R$ 826,74
31/12/2015 R$ 826,74 Não existente
NÃO FORAM LOCALIZADOS DOCUMENTOS;
CONSTATAÇÕES:
Durante a execução do trabalho não foram localizados documentos que dessem suporte a esse registro na conta
de créditos a receber da empresa. Conforme a contadora esse valor estava constando no balanço patrimonial de
2011 que foi efetuado por outro contador e não foi recuperado pela empresa até a data de encerramento do
balanço por não se ter conhecimento do que se trata.
CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES:
Na opinião dos auditores, o saldo de R$ 826,74 pode não representar o valor real da conta IRPJ a recuperar que
está registrado no Balanço Patrimonial da organização. Conforme questionamentos e verificação do antigo
balancete esse valor ainda não foi recuperado. Recomenda-se que seja revisto sobre o que é este valor e que
seja recuperado ou transferido para uma conta de despesa.
EXECUTADO POR: Nome do Auditor
LOCAL E DATA: RS, 04/06/2016
REVISADO PELO GERENTE DE AUDITORIA
LOCAL E DATA: RS, 05/06/2016
CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES:
Na opinião dos auditores e com base em certidões e livros auxiliares verificados a empresa está regular fiscal e
operacionalmente.
EXECUTADO POR: Nome do Auditor
LOCAL E DATA: RS, 29/06/2016
REVISADO PELO GERENTE DE AUDITORIA
LOCAL E DATA: RS, 30/06/2016
empresa. Uma auditoria inclui, também, a avaliação da adequação das práticas contábeis
utilizadas e a razoabilidade das estimativas contábeis feitas pela administração, bem como a
avaliação da apresentação das demonstrações contábeis tomadas em conjunto. Acreditamos
que a evidência de auditoria obtida é suficiente e apropriada para fundamentar nossa opinião
com ressalva.
Base para opinião com ressalva
1 – Na conta 984 (Sicredi) está registrado o valor de R$ 500,00 no entanto constatou-se que
essa conta refere-se a uma conta capital e por ser uma cooperativa de crédito este valor
deveria estar registrado em investimentos e sofrendo alterações com rendimentos todos os
meses, que não ocorreu. Desta forma, esta conta não está representada no seu valor real
impactando diretamente nas demonstrações contábeis.
2 – Nas contas de empréstimos e financiamentos não foram efetuadas as provisões dos juros
causando um impacto direto nas demonstrações contábeis, no entanto não foi possível
mensurar o valor a ser provisionado.
3 – De acordo com a legislação vigente a empresa está obrigada a apresentação e elaboração
da DFC (Demonstração dos Fluxos de caixa), no entanto a mesma não foi elaborada e não foi
evidenciada nas notas explicativas bem como a legislação que a empresa utilizou para
elaboração das demonstrações contábeis.
Opinião com ressalva
Em nossa opinião, exceto quanto ao mencionado no parágrafo Base para opinião com
ressalva, as demonstrações contábeis acima referidas, representam em seus aspectos
relevantes a posição patrimonial e financeira da Comercial de Combustíveis em 31 de
Dezembro de 2015, e estão elaboradas de acordo com as Normas e os Princípios
Fundamentais da Contabilidade.
Outros Assuntos
Não examinamos, nem foram examinadas por outros auditores independentes, as
demonstrações contábeis do exercício findo em 31 de Dezembro de 2014, cujos valores são
apresentados para fins comparativos e, consequentemente, não emitimos opinião sobre elas.
Local
Empresa de Auditoria
Nº de registro no CRC
Nome do auditor
Nº de Registro no CRC
Assinatura.
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Ao finalizar a pesquisa, constata-se e compreende-se que a contabilidade é
fundamental para qualquer empresa independentemente do seu ramo ou porte, bem como a
auditoria a fim de evitar possíveis erros, fraudes e punições sociais, fiscais, trabalhistas e
legais.
No desenvolvimento prático foram levantados todos os controles internos da
organização, e a partir da identificação deles mapearam-se os processos de elaboração das
demonstrações contábeis bem como a elaboração do programa de auditoria e posteriormente a
aplicação dos papeis de trabalho evidenciando os resultados encontrados no relatório dos
auditores independentes.
A empresa objeto deste estudo é uma empresa de médio porte, mas que não está
obrigada a auditoria independente e desde sua fundação nunca passou por um processo de
auditoria interna nem externa, e considerando-se o atual cenário político e econômico do país,
o presente estudo foi realizado em um momento oportuno e foi de significativa importância,
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pois com base nas irregularidades verificadas nos papeis de trabalho aplicados, ainda se faz
possível efetuar os ajustes e promover as alterações necessárias.
Dessa forma o presente trabalho respondeu à questão de pesquisa investigada: “As
demonstrações contábeis encerradas em 31/12/2015, da empresa Comercial de Combustíveis
LTDA, estão de acordo com as legislações que as regem e apresentam adequadamente a
situação patrimonial da organização”? Constatou-se que a empresa cumpre parcialmente com
as determinações das legislações comercial, fiscal, contábil e trabalhista e, portanto, não
apresenta adequadamente a sua situação econômica, financeira e patrimonial de acordo com
as normas e princípios de contabilidade. Algumas contas do disponível, de créditos a recolher
e ou a recuperar e despesas pagas antecipadamente, no ativo e empréstimos e financiamentos
no passivo apresentaram distorções nos seus resultados no final de 2015.
Por meio da realização deste trabalho, foi possível perceber na prática a importância
da auditoria externa nas empresas, assim como o leque de oportunidades e os caminhos que
ela pode abrir.
Salienta-se que a pesquisa apresentou algumas limitações. A organização objeto de
estudo não permitiu que fossem feitos contatos com terceiros, como fornecedores e clientes,
utilizando-se do procedimento de circularização. Também não foi realizada a contagem física
dos estoques porque a auditoria foi feita depois do final do ano. Essas limitações também
justificam a emissão do parecer com ressalvas, por outro lado, podem servir como estímulo
para futuras pesquisas onde os trabalhos práticos / técnicos de auditoria sejam realizados
tempestivamente e em organizações que permitam a execução da integralidade dos
procedimentos de auditoria. Esses trabalhos contribuirão com a literatura técnica e poderão
ser utilizados para a evolução do conhecimento nos cursos de graduação e de especialização
em auditoria, bem como para melhorias na regulamentação e fiscalização contábil.
REFERÊNCIAS
ALMEIDA, Marcelo Cavalcanti. Auditoria: Um curso moderno e completo. 8ª. Ed. São Paulo: Atlas S.A,
2012.
ATTIE, William. Auditoria: Conceitos e Aplicações. 6ª. Ed. São Paulo: Atlas S.A, 2011.
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6.385/76 e estende disposições relativas à elaboração e divulgação de demonstrações financeiras.
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