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John Huss

John Hus nasceu por volta do ano 1370, na Boêmia - região que,
no mapa geopolítico mundial, é ocupada, hoje, pela República
Tcheca, país do Leste Europeu. Em 1400, foi ordenado sacerdote e,
desde o início de seu ministério, quando assumiu o púlpito da Capela
de Belém, em Praga, tomou-se um estorvo, um incômodo para
alguns de seus colegas. Pregava insistentemente contra os privilégios
do clero, e defendia a necessidade urgente de uma reforma religiosa.
A eloqüência de suas pregações fez com que, rapidamente, boa parte
da população o seguisse.

A nobreza também se rendeu ao seu discurso reformista e, há muito


tempo, tentava encontrar uma forma de limitar o poder eclesiástico.
Calcula-se que, na época, metade do território nacional boêmio
pertencia à Igreja Católica, enquanto à Coroa cabia apenas a sexta
parte. No mesmo período, com o apoio das autoridades, Hus traduziu
o Novo Testamento para a língua boêmia e tornou-se um impatizante
das obras de John Wycliff (1329-1384), um reformador inglês.
Impedido de pregar - Influenciado por algumas das doutrinas
wiclifistas, Hus pregava, dentre outros pontos, a autoridade suprema
da Bíblia e a predestinação - doutrinas negadas, até hoje, pela Igreja
Católica. Era a época em que existiam três papas comandando a
Igreja, e ninguém sabia ao certo quem era o legítimo. Feito reitor da
Universidade de Praga, Hus apoiava Alexandre V, eleito no Concílio de
Pisa. No entanto, o arcebispo local era fiel a um outro papa - Gregório
XII - e, por causa da disputa política, o arcebispo fez com que Hus
fosse impedido de pregar.

Hus - que significa ganso na língua boêmia - não obedeceu à


proibição e, por isso, foi excomungado em 1411. Entretanto, seu pior
ato de insubordinação, e o que gerou sua condenação à morte, foi a
crítica feroz a uma atitude do terceiro papa, João XXIII. Em guerra
contra o rei de Nápoles, aquele papa decidiu financiar o conflito com
a venda de indulgências (remissão de pecados mediante pagamento
à Igreja com determinada quantia em dinheiro). Os vendedores
chegaram à Boêmia, tentando usar todo tipo de método para
persuadir seus "fregueses". Hus, imediatamente, protestou e afirmou
que só Deus poderia conceder indulgências e ninguém jamais poderia
vender algo que procede somente de Deus.

Seu discurso movimentou o país e até passeatas de protesto foram


organizadas. Hus foi excomungado pela segunda vez, e mudou-se de
Praga para o Sul da Boêmia, a pedido do imperador. Ele permaneceu
lá, até que, em 1414, ficou sabendo da realização do concílio da
igreja católico-romana de Constança, na Alemanha. O evento, que
contaria com a presença de vários reformadores de renome, prometia
inaugurar uma nova era na vida da Igreja, pois seria decidido quem
era o papa legítimo. Hus foi convidado a expor seu caso e aceitou
comparecer. Poucos dias após sua chegada a Constança, foi
convidado pelo Papa João XXIII para uma assembléia composta
apenas de cardeais. Hus insistiu que estava ali para defender suas
idéias diante do concílio e não em uma reunião tão restrita. Antes não
tivesse ido.

O boêmio saiu daquela assembléia acusado de heresia e, a partir de


então, passou a ser tratado como prisioneiro. Em junho de 1415,
finalmente foi julgado pelo concilio. Por aquela época, João XXIII já
fora deposto, mas isso não melhorou a situação de Hus. O concilio lhe
atribuía uma série de heresias, as quais ele teria de admitir ser o
autor. No entanto, em momento algum, a direção do concilio se
dispôs a ouvi-lo sobre quais seriam, de fato, suas doutrinas. Hus,
obviamente, recusou-se a retratar-se de doutrinas que não havia
propagado e, assim, foi condenado à fogueira.

No dia 6 de julho, ele foi levado até a Catedral de Constança para


ouvir um sermão sobre a teimosia dos hereges. Em seguida, teve
seus cabelos cortados, uma cruz foi desenhada em sua cabeça, e
recebeu uma coroa de papel decorada com desenhos de diabinhos.
Mais uma vez, exigiram que Hus se retratasse, mas ele não voltou
atrás. Atribui-se a Hus as seguintes palavras:

"Estou preparado para morrer na Verdade do Evangelho que ensinei e


escrevi". Hus morreu cantando os Salmos, e sua morte deflagrou
uma verdadeira revolução contra a Igreja na Boêmia.

Recentemente, o Papa João Paulo II reconheceu o erro de seus


"infalíveis" antecessores. Em dezembro de 1999, o líder católico pediu
desculpas - embora demasiadamente tardias - pela morte de Hus. Na
ocasião, falando sobre o reformador tcheco em um simpósio
internacional promovido pelo Vaticano, João Paulo II afirmou: "Hoje,
às vésperas do Grande Jubileu, sinto a necessidade de expressar
profundo arrependimento pela morte cruel infligida a John Hus e
pelas conseqüentes marcas de conflito e divisão deixadas nas mentes
e nos corações do povo boêmio".
João Wycliffe

João Wycliffe

O Dr. William P. Grady, erudito bíblico americano, traça


um perfil maravilhoso do grande reformador John Wycliff, em seu
livro "Final Authority". Vejamos o que ele diz:
Biografia: Nascido de sangue saxônico, perto da Vila de Wycliff, em
Yorkshire, John Wycliff tornou-se o principal porta voz dos patriotas
ingleses, através do período de emancipação política do seu país. Sua
escalada a um lugar de erudita eminência foi rápida. Brilhando em
Oxford, ele foi nomeado capelão do rei em 1366, enquanto recebia o
seu doutorado, em 1374. Contudo, bem depressa voltou suas armas
intelectuais contra Roma, conforme Schaff declara:
Em sermões, folhetos e escritos mais extensos, Wycliff apresentou a
Escritura e o senso comum como testemunhas. Sua pregação era tão
cortante como a "Espada de Damocles". Ele nunca hesitava em usar a
ironia e a invectiva, nas quais era mestre; a objetividade e a
pertinência de seus apelos traziam tudo facilmente à compreensão da
mente popular.
Em sua condenação do abuso doutrinário, Wycliff condenava a
complacência dos últimos reformadores contra os prelados imorais,
excesso de posses territoriais, extorsão religiosa, e heresias tais
como o purgatório, a transubstanciação, o sacerdócio e a confissão
auricular. Poucos eram poupados da "Espada de Damocles". Ele
acusava o papa de ser o Anticristo, o orgulhoso sacerdote universal
de Roma e o mais amaldiçoado dos tosquiadores e caçadores níqueis.
Como os frades de seu tempo eram conhecidos pelo seu apego "à boa
comida e às mulheres" Wycliff depreciava os seus mosteiros,
chamando-os de covis de ladrões, ninhos de serpentes, casas de
habitação de demônios vivos, etc.
Numa linguagem que iria rivalizar com a de Lutero, ele escreveu que
os padres: Roubam o sustento dos pobres, os quais não podem se
opor à opressão; cobram mais alto por um tostão furado do que pelo
sangue precioso de Cristo; rezam apenas para se mostrar e coletam
taxas por qualquer serviço religioso que oficiam; vivem na luxúria,
cavalgando gordos cavalos forrados de prata e ouro; são
roubadores... raposas maliciosas... lobos vorazes... glutões...
demônios... chimpanzés.
Como nenhum país pode crescer além da moral de suas mulheres,
uma narrativa da época demonstra as baixas marcas no barômetro
de todas as mulheres importantes em matéria de pureza (como no
caso de Alexandria): Naqueles dias havia um grande rumor e clamor
entre o povo de que, sempre que havia uma competição, ali
acontecia uma grande afluência de mulheres da mais alta vaidade e
beleza, porém não as melhores do reino; algumas em número de
quarenta ou cinqüenta, como se fizessem parte dos torneios, vestidas
de roupagens masculinas diversas e maravilhosas, com túnicas
ostentando as cores do partido, usando pequenos bonés atados às
suas cabeças, cintos bordados de ouro e prata e adagas em bolsinhas
penduradas ao corpo, com palavreado grosseiro, que o rumor popular
escutava em toda parte; e desse modo, elas nem só deixavam de
temer a Deus como não ligavam para a voz do povo.
Entende-se que esse declínio moral assegurava à Inglaterra, pelo
menos, uma queda em seu horizonte. O Dr. Green resume: Era um
tempo de vergonha e sofrimento, como a Inglaterra jamais havia
conhecido. Suas conquistas foram perdidas, suas fronteiras
insultadas, suas frotas aniquiladas, seu comércio varrido do mar
enquanto interiormente ela se exauria por causa de longas e custosas
guerras, bem como pela corrupção e pestilência.
Embora a pátria de Wycliff precisasse de arrependimento, seus
detratores religiosos de dura cerviz lhe apresentavam tremenda
oposição. À medida em que se intensificavam suas cáusticas
denúncias, assim também a ameaça de violência física. Para
contrabalançar este perigo o Senhor levantou-lhe um poderoso
protetor na pessoa de John de Gaunt, Duque de Lancaster (filho
predileto de Eduardo e irmão mais novo do melhor conhecido,
embora pouco lembrado, Príncipe Negro).
Quanto mais Wycliff laborava, mais convencido ficava de que sua
amada Inglaterra precisava de algo mais do que seus sermões e
folhetos. Precisava de uma Bíblia! Neste escrito intitulado "The
Wycket" (A Posição) ele exclama com emoção:
Se a Palavra de Deus é a vida do mundo e cada palavra de Deus é a
vida da alma humana, como pode qualquer Anticristo, para o horror
divino, tirá-la de nós, que somos cristãos, e desse modo levar o povo
a morrer de inanição, na heresia e na blasfêmia das leis dos homens,
que corrompem e assassinam a alma?
Por causa dessa necessidade, Wycliff dedicou o resto de sua vida a
completar a primeira tradução da Bíblia inteira para a língua inglesa.
Conhecendo bem o Grego e o Hebraico, primeiro ele embasou a sua
obra em manuscritos latinos. Embora a erudição moderna goste de
frisar a confiança de Wycliff na leitura da Vulgata, uma revisão
posterior da obra por John Purvey, que trouxe de volta a tradução de
acordo com Jerônimo, traz a evidência de que Wycliff teve acesso aos
manuscritos latinos. O abandono posterior de Purvey de Roma
acrescenta uma luz a este assunto.
Apesar da consistência latina, a nova Bíblia representava a primeira
em existência para o povo de língua inglesa. Como a imprensa ainda
não fora inventada, o manuscrito teve de ser copiado à mão, exigindo
um exorbitante custo diário. (Foram precisos quase dez meses de
trabalho árduo de um copista experiente). A taxa da mão de obra, de
uma hora apenas, com essa obra custava o mesmo que um
carregamento inteiro de feno). Enquanto isso, McClure nos conta que
o preço de compra se aproximava de "quatro marcos e quarenta
pences", o qual eqüivalia ao salário total anual de um clérigo.
A chegada da imprensa cumpriu a estranha profecia: "Esperemos que
o baixo custo da Bíblia jamais ocasione o baixo apreço pela mesma".
(Os crentes dos dias atuais, infelizmente, podem constatar o
cumprimento desta profecia).
Foxe nos informa: Tão escasso era o suprimento de Bíblias, nesses
tempos, que apenas uns poucos entre aqueles que suspiravam pelo
seu ensino podiam ter a esperança de possuir o volume sacro. Mas
essa escassez decorria parcialmente da firmeza daqueles, cujo
interesse fora despertado pela Bíblia. Se apenas uma simples cópia
era possuída na vizinhança, esses denodados trabalhadores e
artesãos seriam encontrados juntos, após um exaustivo dia de
trabalho, lendo em turnos e escutando as palavras da vida; e tão
doce era o frescor dos seus espíritos, que algumas vezes o romper da
manhã os surpreendia com a chamada para um novo dia de trabalho,
sem que tivessem pensado em dormir.
McClure cita um poema contemporâneo, que descreve esse espírito
de gloriosa libertação:
Mas para compensar todo o dano, o Livro Sagrado, em poeirento
esconderijo guardado tanto tempo, agora assume o falar de nossa
língua nativa. E o que dirige o arado, ou maneja o bordão, com
espírito de compreensão, pode agora olhar sobre o seu registro e
ouvir sua canção e examinar suas leis – mais querendo saber do que
errar qual a fé que tem mantido. E o céu pôde suportar calmamente
o transcendente favor! Mais nobre do que o rei terreno sempre
concedido para igualar e abençoar sob o peso da desgraça mortal.
Uma porção da Bíblia de Wycliff de João 17:1-3 diz: "Jesus falou
assim e, levantando seus olhos ao céu, disse: Pai, é chegada a hora;
glorifica a teu Filho, para que também o teu Filho te glorifique a ti;
assim como lhe deste poder sobre toda a carne, para que dê a vida
eterna a todos quantos lhe deste. E a vida eterna é esta: que te
conheçam a ti só, por único Deus verdadeiro, e a Jesus Cristo, a
quem enviaste". Claro que a reação católica foi de tremendo pânico!
Enquanto um padre se lamentava: "Agora a jóia do clero se tornou
um brinquedo do laicato", Henry Knighton elaborava:
Este mestre John Wycliff traduziu o Evangelho do Latim para o Inglês,
o qual Cristo havia confiado ao clero e aos doutores da Igreja, para
que o ministrassem ao laicato e aos menos afortunados, conforme a
declaração dos tempos e necessidades dos homens. Assim, por esse
meio, o evangelho se tornou vulgar e mais aberto ao laicato... do que
costumava ser para os mais letrados do clero e os de melhor
compreensão! E o que antes era dádiva principal do clero e doutores
da igreja, agora se torna para sempre comum ao laicato.
Como seria o caso de Martinho Lutero, Wycliff foi providencialmente
poupado do martírio na estaca, sofrendo um ataque, enquanto
oficiava na igreja, com a idade de sessenta e quatro anos, em 1384.
Seus inimigos ficaram extasiados, com o prelado Walsingham
"elogiando":
Na festa da Paixão de S. Tomás de Canterbury, John Wycliff – esse
órgão do diabo, inimigo da igreja, esse autor da confusão entre o
povo comum, esse ídolo de hereges, essa imagem dos hipócritas,
esse restaurador do cisma, esse armazenador de mentiras, esse poço
de lisonja – sendo abatido pelo terrível julgamento de Deus, foi
atacado de paralisia e continuou a viver nessa condição até o dia de
S. Silvestre, quando entregou o seu malicioso espírito nas regiões das
trevas.
Contudo, embora a história tinha esquecido o nome de Walsingham,
o nome de Chaucer tem sobrevivido, talvez em razão do seu
memorial a Wycliff:
Ele foi um grande homem da religião; Ele foi uma personalidade que
chamou a atenção de uma cidade. Mais rico ele foi de sagrado
pensamento e realização. Era também um homem letrado, um
funcionário que o evangelho de Cristo verdadeiramente quis pregar.
Este nobre exemplo às suas ovelhas ele deu de primeiro praticar para
depois ensinar. Um pastor melhor não existe em parte alguma. Ele
não gostava de pompa nem de reverência, nem jamais lisonjeou
qualquer consciência, mas pregou a Cristo e seus doze apóstolos. Ele
ensinou, mas primeiro ele mesmo praticou.
Como um interessante aparte, a influência de Wycliff pode ter sido
um fator na última renúncia de Chaucer das obras de sua vida – "The
Canterbury Tales, Troilus and Criseyde", e "The Book of the Duchess"
- como " vaidades do mundo" tendo expressado a preocupação de
que "eu devo ser um daqueles do tempo da condenação, que serão
salvos."
A ira dos nicolaítas explodiu em 1410, com o seguinte decreto sendo
levado ao Parlamento: Nosso soberano senhor, o Rei... pelo
consentimento dos estados e de outros homens discretos... reunidos
no Parlamento, tem concedido, estabelecido e ordenado que nenhum
dentro do... reino, ou de quaisquer outros domínios sujeitos a Sua
Majestade Real, presumirá pregar aberta ou secretamente, sem
primeiro procurar e obter a licença do diocesano local, sempre
excetuando os curas em suas próprias igrejas, pessoas que até agora
têm sido tão privilegiadas, e outras permitidas pela lei canônica; e
que, a partir de agora, ninguém, quer aberta ou secretamente, deve
pregar, manter, ensinar ou instruir ou produzir ou escrever qualquer
livro contrário à fé católica ou à determinação da Santa Igreja, nem
permitirá qualquer (Lolardo) seita organizar reuniões (ajuntamentos
desorganizados para adoração) em parte alguma, ou de qualquer
maneira conservar ou manter escolas com as suas malignas doutrinas
e opiniões; e também que, daqui para a frente, ninguém, de modo
algum, favoreça qualquer pessoa que pregue dessa maneira, informe
ou excite o povo... E se qualquer pessoa dentro do reino e domínio
for condenada por sentença diante do diocesano local, ou dos seus
comissários, por essas mencionadas pregações malignas, doutrinas,
opiniões, escolas e instrução herética e errônea, ou se qualquer uma
delas, se recusar devidamente a abjurar a mesma... então o xerife do
condado... e o prefeito e os xerifes ou xerife, ou o prefeito e os
oficiais da cidade, cidadezinha ou condados agregados... mais
próximos do dito diocesano e seus comissários... receber, após terem
sido proclamadas essas sentenças, essas pessoas... isso poderá levá-
las a serem queimadas diante do povo em local de destaque, a fim de
que esse castigo possa desencadear o medo nas mentes dos demais,
para que nenhumas doutrinas malignas e heréticas e opiniões
errôneas contra a fé católica a lei cristã é a determinação da Santa
Igreja) nem os seus autores e favorecedores sejam mantidas... ou de
qualquer forma toleradas.
No ano de 1415, o Concílio de Constança determinou que os livros e
ossos de Wycliff fossem queimados e suas cinzas atiradas no rio
Severn (que desaguava em sua cidade). Thomas Fuller observa:
Desse modo, este pequeno arroio levou suas cinzas até Avon, de
Avon até Severn, de Severn até os estreitos mares e destes até o
mar aberto. E assim, as cinzas de Wycliff são o emblema de suas
doutrinas, que agora estão dispersas pelo mundo inteiro.
Por causa desses editos, muitos Lolardos piedosos não tiveram a
mesma sorte do seu afortunado pai. Os registros dos perseguidores
locais nos contam de grupos se reunindo, aqui e ali, para ler "num
grande livro de heresias, a noite inteira, certos capítulos dos
evangelistas em inglês".
Foxe acrescenta: Os Lolardos eram levados a locais ermos e não
freqüentados para se encontrar, muitas vezes sob as sombras da
noite, a fim de adorar a Deus. Vizinho era ordenado a espiar vizinho;
maridos e esposas; pais e filhos; irmãos e irmãs eram duramente
forçados a dar testemunho um contra o outro. A prisão dos Lolardos
também ecoou com o ranger das correntes; o cadafalso e estaca mais
uma vez calmavam por sua vítimas.
Para aumentar a culpa dos cristãos indiferentes de hoje, uma das
acusações comuns feitas contra aqueles crentes piedosos era, não
apenas o fato de possuírem a Bíblia de Wycliff, mas também a sua
habilidade de "repetir a mesma de cor".
Entre as muitas vítimas estavam: John Badby, alfaiate, (1410). Dois
comerciantes de Londres: Richard Turming e John Claydon, em
Smithfield, (1415). William Taylor, (1423). William White, (1428).
Richard Hoveden, (1430). Thomas Bagley, (1431) e Richard Wyche,
(1440). Joan Broughton foi a primeira mulher queimada na estaca, na
Inglaterra, perecendo em Smithfield com a filha, Lady Young, ao seu
lado.
A história da verdadeira Bíblia Inglesa é bem diferente da história da
New International Version e de outras falsificações construídas com a
preferência pelos Códices Alfa e B. É uma história banhada em
sangue.
Foxe prossegue: Um certo Christopher Shoemaker, que foi queimado
vivo em Newbury, foi acusado de ter ido à casa de John Say e "ler
para ele, em um livro, as palavras que Cristo falou aos seus
discípulos..." Em 1519, sete mártires forma jogados ao fogo em
Coventry, por terem ensinado a seus filhos e empregados a "Oração
do Senhor" e os "Dez Mandamentos" em Inglês... Jenkins Butler
acusou o seu próprio irmão de ler para ele um certo livro da Escritura
e de tê-lo persuadido a dar ouvidos ao mesmo. John Barret, joalheiro
de Londres, foi preso por ter recitado para sua esposa e criada a
epístola de São Tiago ... Thomas Phillip e Lawrence Taylor foram
presos porque leram a Epístola aos Romanos e o primeiro capítulo de
São Lucas, em inglês.
Em estranho cumprimento da analogia de Fuller, as cinzas de Wycliff
nem haviam chegado ainda à Bohêmia (atual Checoslováquia)
quando o piedoso inglês foi homenageado postumamente com o título
de "O Quinto Evangelista".
Exatamente treze anos antes que o cadáver do reformador fosse
profanado, John Hus (1372-1415) foi reconhecido como o apologista
da "heresia Wyclifiana", na universidade de Praga. A difusão da
doutrina de Wycliff por Hus resultou em que a Bohêmia recebesse a
herança de "Berço da Reforma". Schaff escreve sobre Hus:
É fato bem conhecido que era a causa de Wycliff que ele estava
representando e as visões wyclifianas que ele estava defendendo, e
os escritos de Wycliff eram abertamente expostos aos olhos dos
membros das faculdades da Universidade. Ele não fazia segredo de
que seguia Wycliff e de que desejava morrer pelas visões que Wycliff
ensinava. Quando escreveu a Richard Wiche, ele se confessou grato
porque: "sob o poder de Jesus Cristo" a Bohêmia havia recebido tanto
bem da abençoada terra da Inglaterra.
Durante o Concílio de Constança, quando Hus foi traído e condenado
à morte, a sentença oficial também provou ter sido uma centelha
inglesa que acendeu as chamas da Reforma Européia: O Sagrado
Concílio, tendo somente Deus diante dos seus olhos, condena John
Hus por ter sido e ainda ser um verdadeiro, real e declarado herege,
discípulo, não de Cristo, mas de John Wycliff.
A influência do primeiro tradutor da Bíblia pode ser rastreada,
indiretamente, ao reformador florentino Savanarola (1452-1498).
Colocado aos pés de Lutero e ao lado de Wycliff e Hus, no
Monumento da Reforma, em Worms, o dominicano convertido foi
alcançado primeiramente através do ministério dos irmãos da
Bohêmia.
A preocupação de Wycliff na Escritura pode ser vista no desdém de
Savanarola pelos seus contemporâneos ignorantes, escrevendo: Os
teólogos do nosso tempo têm manchado todas as coisas com o seu
piche, através de suas incomparáveis disputas. Eles não conhecem o
mínimo de Bíblia, sim, eles nem sequer sabem os nomes dos seus
livros.
A coragem de Wycliff pode ser vista nos sermões de Savanarola
descritos por Schaff como "os raios de um coruscante e estrondoso
trovão".
Denunciando os abusos costumeiros do Catolicismo ele escreveu:
Começa em Roma, onde o clero zomba de Cristo e dos santos; sim,
eles são piores do que os turcos e mouros. Fazem o tráfico de
sacramentos. Vendem benefícios para quem paga mais. Os
sacerdotes de Roma não têm cortesãs, namorados, cavalos e
cachorros? Não têm palácios cheios de tapeçarias, de sedas, de
perfumes e parasitas? Esta parece ser a igreja de Deus?
Dois anos antes de incitar a multidão a levar Savanarola até a estaca,
o perverso Alexandre VI deu ao seu corretor de apostas um "chapéu
vermelho" (ofício de cardeal) pelo que este foi zombado pelo
reformador, declarando sua preferência por uma coroa de púrpura
"tinta de sangue".
Com tanta influência brotando de um solitário tradutor inglês durante
a época do primitivo manuscrito, a invenção do tipo móvel de
Gutenberg veio destinada a "arrebentar as portas" e com o primeiro
livro completo impresso, a Bíblia de Gutenberg, em 1456 (uma
Vulgata Latina que levou seis meses para ser impressa), a proverbial
"caligrafia" foi pendurada na parede. Enquanto Martinho Lutero
chamava a arte de imprimir "o último e melhor presente da
Providência" (54), o católico Howland Phillips, num sermão pregado
no "Saint Paul Cross", em Londres, no ano de 1535, observou
ameaçadoramente: "vamos destruir a imprensa para que a imprensa
não nos destrua".
A paranóia de Roma com o ressurgimento da Palavra de Deus
também se manifestou contra o estudo do Grego e do Hebraico
(vigorando desde a queda de Constantinopla em 1458, o que forçou
uma retirada ocidental dos manuscritos dos eruditos gregos). A
Universidade Conrad Hersbach de Colônia admoestou:
Eles descobriram uma língua chamada grego, contra a qual devemos
ter o cuidado de nos guardar. Ela é a mãe das heresias. Nas mãos de
muitas pessoas tenho visto um livro que chamam de Novo
Testamento. É um livro cheio de espinhos e veneno. Quanto ao
hebraico, meus irmãos, é certo que aqueles que o aprendem, mais
cedo ou mais tarde irão se tornar judeus.

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