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Para saber usar a vírgula de forma correta, é preciso ter noção de alguns termos:
- núcleos de termos;
- aposto e vocativo;
- adjuntos adverbiais e adnominais;
- elipse (de verbos);
- expressões explicativas (isto é, por exemplo, quer dizer, etc.);
- sujeito e predicado;
- complementos verbais e nominais (objeto direto e objeto indireto);
- orações coordenadas e subordinadas.
OBSERVAÇÕES:
Até o século IV, a escrita era uma bagunça.
Até o referido século, os textos eram escritos sem pontuação. “Tinham que ser interpretados”, diz o
linguista Flávio Di Giorgi, da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. Não era fácil. No
Oráculo de Delfos (séc.VII a.C.), um dos lugares da Antiguidade onde se faziam profecias
consideradas divinas, ainda está escrito, em grego, “Ides voltarás não morrerás na guerra”. Quem lê
entende que irá para a guerra e voltará a salvo. Era o contrário. Na verdade, queria dizer, se as
vírgulas existissem: “Ides, voltarás não, morrerás na guerra”, ou seja, vais morrer.
Os primeiros sinais de pontuação surgiram no início do Império Bizantino (330 a 1453), mas sua
função era diferente das funções atuais. O que hoje é o ponto final servia para separar uma palavra
da outra. Os espaços brancos entre as palavras só apareceram no século VII, na Europa. Foi quando
o ponto passou a finalizar a frase. […] Os gráficos italianos também inventaram a vírgula e o ponto-
e-vírgula no século XV […]. Os dois-pontos surgiram no século XVI. O mais tardio foi a aspa, que
surgiu no século XVII. Tudo foi ficando mais claro com o aumento da importância da escrita.
(Revista Superinteressante, 1977)
Já morou em Santos, no Rio, em Belo Horizonte, em Recife. (em Santos, no Rio, em Belo
Horizonte, em Recife são locuções adverbiais)
OBSERVAÇÕES:
1o ) Caso as locuções estejam no final da frase, onde é o lugar delas, a vírgula só será usada se
quisermos dar ênfase a elas.
2o ) As mesmas regras se aplicam com as orações com funções adverbiais:
Quando foram me encontrar, sabia que eles iriam se perder.
Sabia que, quando foram me encontrar, eles iriam
Sabia que eles iriam se perder quando foram me encontrar.
3o ) Essas regras não se aplicam quando usarmos advérbios compostos de apenas uma palavra:
Certamente Maria não entendeu nada do que falei.
Maria não entendeu certamente nada do que falei.
Maria não entendeu nada do que falei certamente.
OBSERVAÇÃO: outras expressões comuns são A SABER, DIGO, QUER DIZER, ALIÁS, ALÉM
DISSO, COM EFEITO, POR EXEMPLO.
7) Separa, obrigatoriamente, duas orações coordenadas (que não dependem entre si, podem ser
separadas):
Chegou a sua casa, tomou banho, pegou um livro e foi ler na sala.
Entre, que a casa é sua!
OBSERVAÇÕES:
1o ) Será impossível a vírgula entre orações coordenadas com a conjunção E, salvo se os
sujeitos das orações forem diferentes ou a conjunção estiver repetida:
As pessoas virão amanhã e (as pessoas) resolverão todos os problemas que temos. (Os sujeitos são
os mesmos: As pessoas virão e as pessoas resolverão.)
As pessoas virão amanhã, e nós resolveremos todos os problemas que temos. (Os sujeitos das
orações são diferentes: As pessoas virão e nós resolveremos, desse modo a vírgula deve ser usada.)
2o ) Se as conjunções não estiverem no início da oração, a vírgula é obrigatória para demonstrar seu
deslocamento:
Fizemos nosso trabalho; merecemos, portanto, um bom descanso.
O mais comum seria: Fizemos nosso trabalho, portanto merecemos um bom descanso.
PORÉM: Ele, pessoa sonhadora, quer visitar a Europa. (A vírgula está correta, pois há um aposto
entre o sujeito e o predicado.)
A essas orações damos o nome de orações adjetivas. Elas podem ser de dois tipos: restritivas,
quando se referem a seres específicos, e explicativas, quando se referem a todos os seres, sem
exceção.
Restritivas: nunca podem vir separadas de seus antecedentes por vírgulas.
Explicativas: sempre devem vir separadas de seus antecedentes por vírgulas.
A determinação do uso da vírgula ou não vai depender do que se quer expressar. Na frase abaixo,
por exemplo, o usa vai variar, dependendo do sentido:
EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO
2) Dependendo do lugar em que esteja(m) a(s) vírgula(s) que está(ão) faltando na frase seguinte, seu
sentido muda. Explique de que maneira isso ocorre.
Ele estava partindo sem avisar ninguém, por isso, silenciosamente, despedia-se dos amigos do
bairro das casas das ruas.
d) Os bombeiros, que fizeram uma greve de advertência, foram atendidos em quase todas as suas
reivindicações.
Os bombeiros que fizeram uma greve de advertência foram atendidos em quase todas as suas
reivindicações.
5) A frase abaixo, por causa do uso das vírgulas, tornou-se ambígua. Explique essa ambiguidade e
explique como podemos desfazê-la.
“Mesmo tendo renunciado à vida sexual, aos 37 anos, Gandhi costumava compartilhar sua cama
com uma sobrinha de 19 anos.” (Folha de S. Paulo. 31/1/1998)
PONTO-E-VÍRGULA
Na escrita, pode indicar uma pausa mais longa que uma vírgula e mais breve que o ponto.
Definição muito vaga, por isso seu uso depende mais da organização sintática das frases e do estilo
que o emissor pretende dar a elas do que regras propriamente ditas, o que pode deixar o emissor
meio inseguro.
O uso do ponto-e-vírgula se limita a três casos apenas, a saber:
2o ) introduzir a fala de uma pessoa ou personagem e também uma citação (mais comum em teses
universitárias):
Ela sentou-se à mesa e disse:
– Não posso fazer mais isso!
PARÊNTESES
Servem para intercalar, na escrita, termos, palavras, expressões ou orações em uma frase.
Usamos os parênteses para:
1o ) introduzir indicações bibliográficas:
“Matamos o tempo; o tempo nos enterra.” (ASSIS, Machado de. “Memórias póstumas de Brás
Cubas” etc.)
2o ) nas indicações das cenas teatrais (nesse caso específico, podemos também usar as letras
maiúsculas):
“Camões. E não choro,não; não choro...não quero…
(Forçando por ser alegre) Vedes? Até rio!” (Machado de Assis)
3o ) incluir um pensamento do autor/emissor ou uma ideia acessória:
Levantou-se de um salto (com certeza não o queria de fato).
“(…) quando na manhã do terceiro dia (Vasconcelos já se levantava cedo) entrou-lhe no gabinete o
irmão, sempre com o ar selvagem de costume.” (Machado de Assis)
4o ) introduzir o adverbio latino SIC, que significa ASSIM, DESSE JEITO. Quando inserido em um
texto, indica que o erro, que está imediatamente antes, foi escrito daquela maneira pelo autor
original da escrita:
“Amanhã haverão (sic) duas corridas de cavalos.” (J.A. dos Santos Araújo)
Ele namora com (sic) o primo do seu primeiro amor.
COLCHETES
Os colchetes têm as mesmas finalidades dos parênteses, daí também serem chamados de parênteses
quadrados. Seu uso, atualmente, restringe-se a textos quase exclusivamente científicos, filosóficos
ou didáticos (dicionários).
RETICÊNCIAS
Indicam uma interrupção na sequência lógica da frase e são empregadas em quatro casos, a saber:
EXERCÍCIOS