Vous êtes sur la page 1sur 361

FOTO

Matheus Amaral Rocha

O autor do caderno de estudos é o professor Matheus Amaral Rocha, brasileiro,


natural de Itaperuna/RJ, Bacharel em Engenharia Civil com ênfase em Cálculo Estrutural pela
Universidade Federal Fluminense (UFF) em 2013, Especialista em Engenharia de Segurança
do Trabalho pela Universidade Cândido Mendes (UCAM, 2017) e pós-graduado em Docência
do Ensino Superior (UniRedentor; 2018).
É professor do Centro Universitário UniRedentor desde 2016, nos cursos de,
Arquitetura e Urbanismo, Engenharia Civil, Engenharia Mecânica, Engenharia Elétrica e no
Curso Técnico de Edificações, ministrando as disciplinas de Modelagem de Estruturas,
Estruturas de Concreto, Pontes, Estruturas de Aço, Materiais de Construção, Técnicas das
Construções, Patologias e Recuperação de Estruturas, Fundações, Mecânica dos Solos,
Planejamento de Obras, Mecânica Geral, Sistemas Estruturais I e II e Desenho Técnico. É
autor do caderno de Pontes e Estradas II, ministrado no curso de Engenharia Civil, entre
outros, permitindo, assim, redigir este caderno.
Atua como Coordenador de Engenharia na Secretaria de Planejamento da Prefeitura
Municipal de Itaperuna/RJ e como construtor civil de edificações e obras de infraestrutura.

1
Apresentação
OLÁ ALUNO (A), SEJA BEM VINDO (A)!

Toda edificação tem por finalidade propiciar aos seus ocupantes resistência
às intempéries da natureza e proteção contra invasores. Desta forma, seus materiais
constituintes devem permitir a vedação, bem como sua sustentação. Com este
conceito em vista, podemos classificar os elementos construtivos como os
responsáveis pela estabilidade da construção, que serão chamados de elementos
estruturais, ou simplesmente de a estrutura da edificação, e os elementos
responsáveis pela vedação, de alvenaria.

Sendo assim, a disciplina tem por finalidade entender como reage uma
edificação às diferentes ações que esta será imposta, como o peso próprio de sua
estrutura, elementos de vedação e revestimentos, e também às cargas de utilização,
como sua mobília e seus ocupantes.

Um bom projeto arquitetônico deve prever seus elementos estruturais, para


evitar interferências não previstas, como pilares acentuando-se em um cômodo,
forçando o posicionamento de armários embutidos, tentando escondê-los, vigas com
elevada altura sem paredes embaixo, que precisarão ser disfarçadas com detalhes
em gesso, ou vagas de garagem que precisam de um manual para podermos
estacionar.

Este caderno está dividido em três partes, sendo a primeira parte iniciando na
aula 01 e indo até a aula 05, correspondendo à contextualização do aluno quanto aos
conceitos de edificações, principais métodos e materiais construtivos e sistemas
estruturais usuais.

A segunda parte prevê a apresentação de conceitos físicos e matemáticos


aos alunos, visando justificar os conhecimentos adquiridos na primeira etapa. Estão
programadas para este grupo da aula 07 à aula 10.

2
A terceira e última parte consiste da trecho aplicável e prático de nosso
caderno, que irá comunicar-se com as demais disciplinas do curso, gerando insumos
e abordagens essenciais para a continuidade do arquiteto no estudo do cálculo
estrutural de uma edificação.

Para o aluno que pretende aprofundar-se na carreira de projetista, a boa


compreensão destes fundamentos será essencial.

BONS ESTUDOS!

3
Objetivos
A disciplina tem por finalidade entender como uma edificação reage às
diferentes ações que esta será imposta na natureza, como os pesos próprios da sua
estrutura, dos elementos de vedação e dos revestimentos, e as cargas de utilização,
como sua mobília e seus ocupantes, conhecendo os elementos constituintes da
estrutura, suas funções primárias e posicionamento dentro do projeto.

Este caderno de estudos tem como objetivos:

➢ Contextualizar a evolução das edificações;


➢ Entender as diferentes ações que a edificação está imposta;
➢ Classificar os materiais constituintes da edificação quanto à sua
função;
➢ Classificar os elementos estruturais quanto a sua finalidade;
➢ Pré-dimensionar os elementos estruturais;
➢ Compatibilizar os elementos estruturais ao projeto arquitetônico.

4
Sumário

5
Iconografia

6
AULA 1
EVOLUÇÃO HISTÓRICA DAS EDIFICAÇÕES

APRESENTAÇÃO DA AULA
Desde que as primeiras civilizações abandonaram o nomadismo, a busca por
moradias artificiais tem motivado o desenvolvimento das edificações. Neste contexto,
esta aula visa apresentar ao aluno a evolução histórica das edificações e sua intuitiva
preocupação com segurança, resistência e estabilidade.

OBJETIVOS DA AULA

Esperamos que, após o estudo do conteúdo deste módulo, você seja capaz
de:
➢ Compreender a evolução histórica das edificações, quanto à sua
motivação e finalidade;
➢ Classificar os elementos construtivos quanto à sua função: estrutura e
vedação.

7
Olá aluno!
Seja bem-vindo à disciplina de Modelagem de Estruturas do curso
de Arquitetura e Urbanismo do Centro Universitário UniRedentor!

Desde que as primeiras civilizações abandonaram o nomadismo para se


estabelecerem em regiões como a Mesopotâmia, Babilônia, Síria e Egito, houve a
necessidade do indivíduo de proteger-se dos fenômenos naturais exteriores, como
chuva, vento, calor e frio, além de refugiar-se de ataques de animais selvagens e
outros humanos, demandando a busca por moradias e abrigos permanentes, como
esboçado pela Figura 1.

Figura 1 - Civilizações nômades estabelecendo as primeiras moradias

Inicialmente, utilizavam-se formações naturais, como cavernas e grutas,


conforme representadas pela Figura 2, para suprimir as demandas de uma residência,
porém, estes tipos de habitação tendem a caracterizar-se como abrigos temporários,
uma vez que não proporcionam iluminação e ventilação adequadas, não propiciam
sua expansão e não necessariamente estavam localizadas próximas fontes de água
potável. Neste sentido, a construção de edificações, como residências unifamiliares e
multifamiliares, ocorreu de forma natural e cultural dentro das diferentes sociedades,
tendo seu início pautado pela observação dos elementos da natureza, como será visto
na Aula 2.

8
Figura 2 - Abrigos Naturais, como cavernas, foram as primeiras residências coletivas

Para a construção dos primeiros abrigos a utilização dos materiais facilmente


encontrados na natureza era primordial, como terra, pedra, madeira e fibra vegetal.
Intuitivamente, o empilhar de rochas se mostrou a forma mais rápida para proporcionar
a proteção almejada. Se você tem mais de 30 anos com certeza a imagem
apresentada pela Figura 3, lhe remete um sentimento nostálgico.

Figura 3 - Edificação pré-histórica em rocha caricaturada por desenho dos anos 60

Claro que a solução de moradia apresentada pelo desenho Os Flintstones, da


produtora Hanna Barbera, é caricaturada, porém, foi muito utilizada na pré-história,
como podemos perceber através da observação de ruínas e parques arqueológicos,
como as da Figura 4, abaixo.

9
Figura 4 - Ruínas de abrigo em pedra datado do período pré-histórico

Percebendo que blocos de rocha, devido à seu imenso peso, são de difícil
trabalhabilidade, fibras vegetais, como a palha de gramíneas e cerais, foram e ainda
são amplamente utilizadas como solução de cobertura, tendo sua ocorrência em
diversas populações indígenas ao longo do mundo, porém, com maior recorrência em
regiões tropicais, como o Brasil, conforme demonstrado pela Figura 5, por permitirem
a passagem parcial do ar, favorecendo a climatização interior.

Figura 5 - Oca indígena típica encontrada na floresta amazônica

Em regiões temperadas, visando o isolamento térmico, principalmente em


locais de clima frio, as primeiras construções indígenas foram edificadas utilizando
pele curtida de animais, similar ao couro, uma vez que garantia maior retenção do
calor, boa estanqueidade e permitia a utilização interna de pequenas fogueiras.

10
Figura 6 - Tenda indígena típica apache

Porém estas soluções protegiam quanto às intempéries da natureza, como


chuva, sol e vento, porém não traziam segurança contra invasores ou animais
selvagens de grande porte. Para tal, alternativas foram implementadas ao longo da
antiguidade visando atender a este objetivo primordial, como, por exemplo, escavar
buracos no solo, em áreas elevadas, e cobri-los com fibra vegetal, como praticado
pelos índios guaranis, conforme exemplificado pela Figura 7.

Figura 7 - Casas semi-subterrâneas dos kaingangs e xockengs utilizadas antes dos europeus chegarem
ao Brasil. Croqui do arquiteto L. F. M. Pomier

11
Nesta fase, regiões de grande oferta de madeira, o homem começou a
manejar o material, desenvolvendo as primeiras habitações com troncos justapostos
amarrados por cipós, como demonstrado pela Figura 8. Porém as irregularidades dos
troncos permitiam frestas que possibilitavam a passagem do vento, chuva, insetos e
animais de pequeno porte.

Figura 8 - Abrigos de Troncos são utilizados até hoje em situações de sobrevivência

A necessidade de abrigos de maior durabilidade e conforto proporcionou um


cenário atrativo ao surgimento de edificações mais robustas, através do uso de terra
como vedação. O primeiro material utilizado para este tipo de construção foi um tipo
de argila, abundante na região do crescente fértil do Antigo Egito e Mesopotâmia,
denominado adobe. Esta argila é considerada um dos antecedentes históricos do tijolo
de barro e seu processo construtivo é uma forma rudimentar de tijolos de terra crua,
água e palha e algumas vezes outras fibras naturais, moldados por processo
artesanal. A Figura 9 e Figura 10 nos exemplifica construções rudimentares feitas com
esta técnica.

12
Figura 9 - Casas de barro em Kandahar, no Afeganistão

Figura 10 - Outros exemplos simbólicos são as casas ‘colmeia’ em Harran, na Turquia

O uso generalizado de barro como elemento de vedação é uma técnica


construtiva antiga, que consistia no entrelaçamento de madeiras verticais fixadas no
solo, com vigas horizontais, geralmente de bambu, amarradas entre si por cipós,
dando origem a um grande painel perfurado que, após ter os vãos preenchidos com
barro, transformava-se em parede. Podia receber acabamento alisado ou não,
permanecendo rústica, ou ainda receber pintura de caiação. Este modelo foi
amplamente difundido, e recebe diversos nomes ao longo dos países, sendo no Brasil
mais conhecido como pau-a-pique, como mostrado pela Figura 11.

13
Figura 11 - Modelo de casa de pau-a-pique

O desenvolvimento do conceito de moradia, diferenciando-se do simples


conceito de abrigo, se dá pelo modo como esta foi vista dentro da comunidade recém
estabelecida, atuando como propriedade, estabelecendo as relações entre os
indivíduos e entre grupos sociais e demonstrando a hierarquia de poderes, onde as
melhores construções eram destinadas aos indivíduos de maior status dentro de uma
comunidade, como pode ser percebido pelas representações da Figura 12, que
remontam às primeiras civilizações, que mesclavam o uso de pedras talhadas em
blocos, madeira e adobe.

Figura 12 - Primeiras Civilizações

14
Tal ideia foi consolidada através da democracia grega de tal forma que a
cidade greco-romana clássica, representada na Figura 13, estabelece modelos de
urbanização e de relações entre as edificações que permanecem presentes na
sociedade contemporânea até os dias de hoje, como arruamentos, espaços públicos
como praças e jardins e divisão interna das edificações.

Figura 13 - Representação da disposição das edificações na Grécia antiga

Na comunidade greco-romana, verificavam-se dois modelos de edificações


bastante difundidos: os domus, residências de maior porte, unifamiliares e destinadas
às camadas mais ricas e as insulas, caracterizadas como edifícios de múltiplos
andares, conforme esboçado na Figura 14, normalmente mistos entre pequenos
comércios e residências, destinados às camadas populares.

Figura 14 - Domus e Insulas gregas


15
Desta forma, habitações que demandavam maior robustez ainda eram
executadas em blocos de rocha, como templos e fortes, porém, sem prover qualquer
ligação entre os blocos, tornando-os sensíveis ao efeito de abalos sísmicos, como
pode ser observado pela Figura 15.

Figura 15 - Ruínas de Templo na Grécia

Era habitual à época a adição de cal, extraído diretamente de rochas calcárias,


ao barro, visando aumentar a aglutinação e a viscosidade da composição, porém, o
grande salto na construção de habitações ocorreu quando passou-se a utilizar cinzas
vulcânicas à misturas de barro, que transforma-se em uma massa trabalhável, porém
quando seca, de grande resistência à compressão. À esta cinza, foi dado o nome de
cimento pozolânico, por ser encontrada majoritariamente na região de Pozzuoli, na
Itália. Esta receita foi a precursora do concreto como conhecemos hoje e será debatida
em nossa aula de Materiais de Construção.

Devido à falta de saneamento básico, os dejetos e esgoto sanitário


acumulavam-se nos pontos baixos das cidades, ocasionando uma valorização
imobiliária nos pontos mais altos, inclusive destinando este espaço à templos
religiosos, uma vez que se acreditava que quanto mais alto fosse sua moradia, maior
seria a proximidade da família com os deuses.

Constituindo-se de uma sociedade essencialmente urbana, porém, os


romanos desenvolveram um modelo inovador de edificação rural, a qual ficou
16
conhecida como villa. A espécie de fazenda, que está esboçada na Figura 16
caracterizava-se como uma grande propriedade, rodeada de pomares, jardins, fontes
e outros elementos paisagísticos. Este modelo foi de tal forma presente na arquitetura
romana que ele foi mais tarde adaptado às residências de veraneio das elites.

Figura 16 - Villa

Já se conhecia a técnica, de empilhar blocos ou tijolos sempre projetando o


bloco acima, desde que mantido pelo menos metade do bloco apoiado no debaixo,
como meio de propiciar aberturas e vãos, como demonstrado pela Figura 17.

Figura 17 - Aprimoramento da técnica de empilhamento de tijolos e blocos resultou na formulação dos


arcos

Porém, esta técnica ganhou efetividade com o domínio, durante o império


greco-romano, do uso do arco, que foi predominante para obter-se vãos livres

17
maiores. Através do conceito de cúpula, o arco em três dimensões, como
demonstrado pela Figura 18, grandes construções mantêm-se como símbolo de
rigidez.

Figura 18 - O Panteão romano com seu átrio em forma de cúpula demonstra a eficiência do uso do arco

Podemos conceituar vão ou vão livre como a distância entre os elementos de


suporte de uma cobertura, sendo geralmente medidos de pilar a pilar. Esta distância
é a responsável por definir a sensação de espaço livre em ambientes internos, pois
permite a criação de cômodos amplos.

A grande inovação do arco foi possibilitar o uso de pedras para cobrir grandes
ambientes sem a necessidade de material aglutinante entre os blocos, chamados de
aduelas. Isso se dava devido ao formato trapezoidal de cada elemento, que impedia
que deslizasse devido a seu peso, como podemos observar pela Figura 19. Até que o
último bloco fosse assentado, conhecido como ‘pedra de fecho’, o conjunto deveria
estar escorado.

18
Figura 19 - Arco romano com aduelas trapezoidais

Durante a Idade Média, visando proporcionar abrigo à todos cidadãos de um


mesmo feudo ou reino, a configuração das edificações variava em tamanho de acordo
com a camada social, embora a construção mais comum fosse aquela constituída de
um único cômodo, composto por poucas peças de mobiliário (como alguns assentos
e baús) e principalmente por uma lareira (ou mesmo uma fogueira), geralmente
localizada em seu centro, a fim de se evitarem incêndios, como pode ser visto na
Figura 20.

Figura 20 - Edificação Medieval

19
Todas as atividades eram realizadas e compartilhadas neste recinto único
(alimentar-se, dormir, trabalhar, entre outros). As casas rurais eram geralmente
executadas em madeira, sendo composta basicamente por troncos, ou frações
destes, mas a superposição de funções dentro de um mesmo cômodo era comum.

Figura 21 - Casa de Troncos de Madeira

Assim como na antiguidade, as construções de defesa eram edificadas com


pedras, garantindo-lhes a resistência e durabilidade desejada, como fortes e castelos,
como ilustrado pela Figura 22.

Figura 22 - Castelo Novo de Manzanares el Real

A Idade Moderna iniciou-se em 1453, com suas edificações tornando-se mais


complexas, propiciando a divisão interna em vários cômodos, como as residências do
período colonial, conforme apresentada na Figura 23, e recorrentemente tendo suas
áreas úteis agrupadas em três categorias: espaços sociais, íntimos e de serviços.

20
Figura 23 - Construção Clássica do período Colonial e das Navegações, com divisão interna de cômodos

Os espaços sociais são aqueles reservados à recepção de convidados e


cumprimento das atividades de lazer, como salas de estar e jantar, varandas, terraços
e jardins. Por serem espaços amplos, como demonstrado na Figura 24, são
posicionados em locais de fácil acesso na edificação, por habitualmente receberem
convidados externos.

Figura 24 - A Sala de Estar é um espaço social

Já os espaços íntimos são aqueles reservados aos moradores e funcionários


da edificação, tendo o seu acesso restrito. Estes cômodos, como quartos, banheiros,
closets e escritórios, como exemplificado na Figura 25, costumam ser alocados em
posições mais distantes do acesso da edificação e, de preferência, em locais mais
silenciosos, garantindo, assim, maior privacidade.

21
Figura 25 - Quartos são exemplos de espaços íntimos

Por último, os espaços de serviços, que geralmente são reconhecidos por


atuarem servindo aos com demais cômodos, tendo como função principal prover
recursos para a utilização da edificação. Os cômodos mais recorrentes deste grupo
são as cozinhas, áreas de serviços, conforme ilustra a Figura 26, lavanderias,
depósitos e despensas.

Figura 26 - As lavanderias são espaços de serviço, pois assessoram a vivência dentro do espaço
confinado

Durante a Idade Contemporânea, com o aprimoramento das técnicas de


construção através da utilização de novos materiais como aço, madeira e concreto,
com os edifícios atingindo grandes alturas a partir do século 19, como ilustrado pela
Figura 27, tornou-se inevitável a preocupação com a resistência da construção. Desta

22
forma, os projetos de edificações passaram a ser planejados para aliar sofisticação e
inovação à necessidade e durabilidade e estabilidade.

Figura 27 - Com os edifícios atingindo maiores alturas, a preocupação com sua resistência e estabilidade
torna-se inevitável

Atualmente, as edificações assumem um papel não apenas funcional, como


também artístico, como ilustrado na Figura 28, com projetos arrojados e desafiadores,
fazendo com que seus idealizadores não apenas preocupem-se com a arquitetura da
edificação, mas também com o impacto dos elementos construtivos necessários à sua
estabilidade em seu interior e fachadas.

23
Figura 28 - Edificações cumprindo sua função social e arquitetônica

De forma intuitiva, o estudo sobre as edificações iniciou-se pelo entendimento


das diversas ações do meio ambiente que incidem sobre construção, sendo, em muito
dos casos, a principal destas a gravidade, que age sobre os elementos construtivos
permanentes da edificação, e sobre sua mobília e ocupantes. Outras ações, que por
sua menor magnitude, eram negligenciadas, como a variação de temperatura, que faz
com que a edificação varie seu tamanho, e carregamentos de vento, passaram a ser
relevantes na análise do comportamento da edificação.

A Figura 29, abaixo, ajuda a ilustrar as diferentes cargas que agem sobre um
corpo e serão debatidas ao longo desta disciplina.

24
Figura 29 - Ações atuantes sobre a edificação

As primeiras edificações utilizavam elementos construtivos fixos que


forneciam, em simultaneidade, estabilidade e vedação à edificação, como blocos de
pedras ou tijolos maciços, que conforme aprenderemos posteriormente, receberão o
nome de alvenaria estrutural.

Porém, este tipo de solução construtiva não permite sua alteração ou remoção
parcial sem que a integridade da edificação seja posta à prova, como podemos
perceber pela Figura 30. A necessidade de adaptação e ampliação das edificações,
através de sua alteração de leiaute e reformas, fez-se necessário o desenvolvimento
e aprimoramento de novos sistemas estruturais.

25
Figura 30 - Edificações em que os elementos construtivos são responsáveis em simultaneidade pela
vedação e estabilidade são de difícil reforma ou ampliação

Este novo sistema deveria conjugar a utilização de elementos de construção


em duas categorias: a primeira, com o objetivo de sustentar e propiciar estabilidade à
edificação, conhecida como ESTRUTURA, e a segunda, com o objetivo de proteger e
isolar a edificação das intempéries da natureza e ameaças externas, conhecida como
VEDAÇÃO, conforme pode ser observado pela Figura 31, e ambas serão debatidas
nos próximos capítulos.

Figura 31 - Elementos estruturais e de vedação

26
Nesta disciplina, estudaremos os efeitos das diferentes ações sob a estrutura
das edificações e como devemos projetar elementos que resistam à essas ações,
mantendo a estrutura estabilizada, tendo o menor impacto possível na arquitetura
planejada.

Nas próximas aulas aprenderemos quem são estes elementos estruturais e


de vedação, compreendendo sua função dentro da estrutura.

Até a próxima aula!

27
/
Resumo
Nesta aula abordamos:

➢ A evolução histórica das edificações;


➢ As ações sobre uma edificação;
➢ Os elementos construtivos e suas funções;
➢ Os espaços internos de uma edificação.

28
Complementar
Assista ao vídeo produzido pelo grupo The Atlantics sobre a evolução das casas nos
últimos 27 mil anos! Muito interessante! https://youtu.be/GoCZnboThfk

Quais os diferentes tipos de casas que existem? Vejamos no vídeo abaixo através do link
https://youtu.be/7pbqkm8QGUM

Como sugestão de leitura:


“Tudo sobre a casa” da autora Anatxu Zabalbeascoa

29
Referências Bibliográficas

• A concepção Estrutural e a Arquitetura de Yopanan Rebello


• Estruturas Arquitetônicas – Composição e Modelagem de Liliana Fay
• BENEVOLO, L. História da Arquitetura Moderna.
• MITCHELL, W. J. A lógica da arquitetura: projeto, computação e cognição.
• Análise Estrutural Para Engenharia Civil e Arquitetura de Moacir Kripka
• Modelagem de Estruturas de Pedro Colmar Gonçalves da Silva Vellasco
• Fundamentos de Estruturas de Aluizio Fontana Margarido
• Análise das Estruturas de R. C. Hibbeler
• HENGEL, H. Sistemas de estruturas. Editorial Gustavo Gili, 2001. 352 p.
ISBN: 8425218004.
• SILVA, D. M. e SOUTO, A. K. Estruturas: uma abordagem arquitetônica.
Editora Ritter dos Reis, 2002. 150p. ISBN: 8524105623.
• REBELLO, Y. C. P. “A Concepção Estrutural e a Arquitetura”. Editora
Zigurate, 2000. ISBN: 8585570032
• ANELLI, R.; GUERRA A. e KON, N. Rino Levi, arquitetura e cidade. Editora
Romano Guerra, 2001. ISBN: 8588585014.
• BELLEI, I. H. Edifícios industriais em aço: projeto e cálculo. Pini, 2003. 508p.
ISBN 8572661441.
• BOTELHO, M. H. C. e MARCHETTI, O. Concreto Armado, eu te amo. Editora
Edgard Blücher Ltda, 2002. ISBN: 8521203071
• COUTINHO, E. O espaço da arquitetura. Perspectiva, 1998. 239p. ISBN
8527301660.
• CUNHA, A. J. P.; LIMA, N. A.; SOUZA, V. C. M. Acidentes Estruturais na
Construção Civil. Volume 1. PINI, 1996. ISBN: 8572660615.
• CUNHA, A. J. P.; LIMA, N. A.; SOUZA, V. C. M. Acidentes Estruturais na
Construção Civil. Volume 2. PINI, 1996. ISBN: 857266100x
• DIAS, L. A. M. Estruturas de aço: conceitos, técnicas e linguagem. Editora
Zigurate, 1997. 178 p. ISBN: 8585570024.
• “Edificações de Aço no Brasil”. Zigurate. São Paulo, 1993. ISBN: 8585570016.
• FRAMPTON, K. e BLASER, P. Santiago Calatrava. Editora Gustavo Gili,
1989. ISBN: 8881185261.
• HANAI, J. B. Construções de argamassa armada: fundamentos tecnológicos
para projeto e execução. Pini, 1999. 192p. ISBN 8572660038.
• MARGARIDO A. F. Fundamentos de Estruturas. Editora Zigurate, 2001. 334
p. ISBN: 8585570059.
• MEYER, K. F. Construções com Tubos. Karl Fritz Meyer, 2002. 224 p.
• MUNARI, B. Das coisas nascem coisas. Martins Fontes, 2000. 386p. ISBN:
8533608756
• NIEMEYER, CORBUSIER, TANGI e outros. Exemplos de arquitetura.
Coleção Enciclopédica da Construção. Hemus. 500p. ISBN: 8528902587.
30
• OTTO, F. Tensile structures: design, structure and calculation.
• RAMALHO, M. A. e CORRÊA M. R. S. Projeto de edifícios de alvenaria
estrutural. Pini, 2003. 188p. ISBN: 8572661476.
• REBELLO Y. C. P. A concepção estrutural e a arquitetura. Editora Zigurate,
2000. 271 p. ISBN: 8585570032.
• RICHARD, W. Materials, form and arquitecture. Editora Laurence King, 2003.
240p. ISBN: 1856692957.
• SCHROEDER, R. Novas tecnologias Egc arquitetura. Ateliê, 2003. 44p. ISBN:
8574802204.
• SILVA, G. G. Arquitetura do ferro no Brasil. Nobel, 1987. 248p. ISBN:
8521304641.
• SILVA, S. F. Zanine, Sentir e Fazer. Agir, 1995.ISBN: 8522003777.
• SOLOT, D.C. Paulo Mendes da Rocha: estrutura - o êxito da forma. Editora
Viana & Mosley, 2004. 124 p. ISBN: 8588721163.
• TOSCANO, J. W. João Walter Toscano. Editora Unesp, 2002. 186 p. ISBN:
8571394091.
• VASCONCELOS A. C. Estruturas da natureza um estudo da interlace entre
biologia e engenharia. Studio Nobel, São Paulo, 2000. 312 p. ISBN
8585445866.
• VASCONCELOS, A. C. Estruturas Arquitetônica: Apreciação intuitiva das
formas estruturais. Studio Nobel, 1991, 115 p.
• YAZIGI, W. A técnica de edificar. Pini, 2003. 670p. ISBN: 8572661468.
• ZANETTINI, S. Arquitetura, razão, sensibilidade. Editora da USP, 2002. 472p.
ISBN: 853140729x.
• ZANI, A. C. Arquitetura em madeira. Imprensa Oficial SP, 2003. 397p. ISBN:
8570601891.

31
Exercícios
Responda as questões discursivas abaixo, sobre o que acabamos de ver:

1. O que motivou as primeiras civilizações a erguer moradias fixas?


2. Quais foram os tipos de edificações que primeiro foram construídas?
3. Inicialmente, os materiais de construção tinham a dupla função de resistir às
ações do meio ambiente e sustentar a edificação. Quando se faz necessário
utilizar materiais que não tem função estrutural?
4. Quais ações podem incidir sobre uma construção?
5. Podemos classificar os cômodos internos de uma edificação por sua função.
Explicite os tipos de cômodos e dê um exemplo de cada.
6. Faça um paralelo entre os motivos que justificaram cada inovação tecnológica
na construção de edificações.
7. O que é a estrutura de uma edificação?

_____________________________________________________
_____________________________________________________
_____________________________________________________
_____________________________________________________
_____________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________

32
AULA 2
MATERIAIS DE CONSTRUÇÃO

APRESENTAÇÃO DA AULA
A célebre frase de Heródoto, pensador grego, “Entender o passado para
compreender o presente” norteou nossos estudos da primeira aula. Tendo, portanto,
compreendido como se deu a evolução das edificações ao longo da história,
contextualizemos agora a evolução dos materiais de construção disponíveis à mão do
homem ao longo da história e os principais elementos construtivos que impactam na
modelagem da estrutura de uma edificação.

OBJETIVOS DA AULA

Esperamos que, após o estudo do conteúdo deste módulo, você seja capaz
de:
➢ Compreender a evolução histórica dos materiais de construção;
➢ Perceber e dialogar sobre a fabricação do cimento;
➢ Entender que a utilização de agregados é uma forma de economia de
aglomerante;
➢ Aprender que os materiais de construção utilizados possuem diferentes
pesos sobre a estrutura;

33
Olá aluno!
Para projetarmos uma edificação aplicável, devemos nos ater à
disponibilidade do material em seu local de implantação. Hoje
veremos os principais materiais de construção disponíveis para a
construção civil no Brasil.

Para iniciarmos nosso estudo, primeiro devemos conceituar o termo ‘materiais de


construção’. De modo geral, podemos defini-lo como o conjunto de insumos utilizados
na construção e reforma de edificações, como casas e prédios, conforme ilustrado
pela Figura 32.

Figura 32 - Os materiais de construção são manufaturados pelos funcionários, transformando-se em


edificações

Estes materiais podem ser obtidos de forma direta da natureza, como a areia,
demonstrada pela Figura 33, pedra e água, ou serem obtidos por processos industriais
físicos ou processos químicos, como o cimento, tábuas de madeira, pisos e aços.

34
Figura 33 - Dragagem de rio para retirada de areia

Os materiais de construção podem ser estudados quanto a diferentes classificações,


porém a de maior utilização é quanto a sua função. Para tal, o material é agrupado de
acordo com sua finalidade, como por exemplo, podemos definir um material como de
vedação, se este possuir o objetivo de vedar e fechar ambientes, como os tijolos, as
portas e as janelas, demonstrados na Figura 34, ou podemos classificar com a função
de proteger e garantir a durabilidade da construção, como é o caso dos pisos e
revestimentos.

Figura 34 - Alvenaria de Tijolos com presença de esquadrias de alumínio e vidro: Elementos de Vedação

Porém o grupo que temos especial interesse é composto pelos materiais responsáveis
por suportar as cargas da edificação e transferi-las seguramente para o solo. Estes
são chamados de materiais estruturais e são compostos pelas armações de aço,
cimento, areia, brita, perfis metálicos, blocos estruturais e fôrmas de madeira. Alguns
destes materiais podem ser vistos na Figura 35.

35
Figura 35 - Materiais de Construção necessários para o preparo das estruturas de uma edificação:
cimento, brita, areia peneirada e ferramentas

Para entendermos o mecanismo de equilíbrio de uma edificação, é preciso conhecer


sobre os materiais de construção, e a seguir discutiremos os principais materiais
utilizado em edificações civis.

Aos elementos que dividem internamente uma edificação em cômodos e ambientes


utilizáveis, bem como isola os ocupantes do meio exterior dá se o nome de alvenaria.
Inicialmente, conforme visto na Aula 01, um dos primeiros elementos a cumprir esta
função, foi a rocha, sendo utilizada até hoje por demonstrar grande estabilidade,
durabilidade e isolamento acústico e térmico. As pedras podem ser talhadas, tendo
seu encaixe manual, sem o uso de elemento aglomerante, como era executado desde
os antigos povos, como em Machu Picchu pelos Incas, conforme demonstrado pela
Figura 36.

Figura 36 - Rochas talhadas e encaixadas sem a utilização de rejunte

36
Porém, estes blocos apenas apoiados, uns sobre os outros, são instáveis, e não
geram a estabilidade necessária para uma edificação de grande porte. Portanto, faz-
se necessário o desenvolvimento de um elemento colante, aqui denominado
aglomerante, que unisse e fixasse um bloco ao outro, na posição desejada.

Desde a Pérsia antiga, já se conheciam as propriedades da moagem de pedras


calcárias, e posterior aquecimento e trituração, como o elemento colante CaO, vindo
a ser denominado cal, conforme é ilustrado pela Figura 37. Era utilizado através de
mistura com areia, palha, argila ou mesmo gesso no assentamento dos blocos.

Figura 37 - Cal

Através do desenvolvimento do produto argamassa, como aglomerante para os blocos


de rocha, possibilitou-se também sua aplicação ao barro, que posteriormente foi
moldado em blocos em forma de paralelepípedo, e cozido para ganhar
transportabilidade e resistência. A este elemento denominou-se tijolo cerâmico, sendo
os maciços, utilizados inicialmente, com a indústria da construção civil,
posteriormente, adotando o tijolo furado, por gerar significativa economia de material
em sua fabricação, conforme demonstrado pela Figura 38.

37
Figura 38 - Tijolos Cerâmicos: maciço e furado

Estes tijolos podem ser fabricados para serem exclusivamente utilizados como
elementos de vedação, ou também possuírem função estrutural, sustentando toda a
edificação, assim, denominando-se alvenaria estrutural.

Porém o uso da cal era limitado, devido à grande taxa de impurezas presentes, que
variavam a qualidade do produto, rebaixando sua resistência final e principalmente a
sua reação alérgica ao homem, causando irritação severa quando inalada, ingerida,
ou em contato com os olhos. Também era recorrente a perda da capacidade de
aglutinação dos grãos devido o contato da cal com a umidade do ar, dificultando seu
transporte e armazenamento.

Desta forma, um material construtivo mais eficiente se fez necessário. Desde sua
redescoberta, é o material predominantemente utilizado na construção civil, sendo o
segundo material mais utilizado pelo homem no mundo, ficando apenas atrás da água:
o cimento Portland, apresentado na Figura 39.

38
Figura 39 - O segundo material mais utilizado do mundo é o cimento Portland

Desde a antiguidade o homem persegue a fórmula da pedra líquida, um meio de


derreter a rocha, transportá-la em um recipiente menor e novamente moldá-la um novo
formato, tão dura quanto era originalmente. Muitos alquimistas buscaram esta receita
mágica, e durante o império romano, moradores do entorno do vulcão Vesúvio, na
região de Pozzuoli, próximo à Napoli, na Itália, perceberam que as cinzas do vulcão
quando em contato com a água da chuva, e após seu ressecamento natural, endurecia
e formava pequenos grãos rígidos, similares aos apresentados pela Figura 40.

Figura 40 - Grãos aglutinados de cinzas por água da chuva

Logo foi realizada a experiência de testar esta mistura em maior volume e concluíram
que, mantendo-se uma faixa de dosagem de água para uma mesma quantidade de
cinzas, o liquido assumia a consistência de uma pasta, como demonstrado pela Figura
41, e endurecia novamente após cerca de três horas, obtendo inclusive resistências
similares à rocha original depois de totalmente seco. A este material foi dado o nome
de cæmentum, o nosso cimento em português.
39
Figura 41 - Pasta de Cimento e Água

A invenção era inovadora e revolucionária, porém havia baixa oferta do produto, pois
não se sabia, até então, como produzir as cinzas a não ser através da coleta manual
e periódica junto ao vulcão, que era de difícil acesso, como podemos perceber pela
representação contida na Figura 42, assim, inviabilizando a construção de grandes
edificações ou seu uso em larga escala na construção civil e militar da época.

Figura 42 - Vulcão Vesúvio, na Itália, rico em sílica e material calcário

Foi experimentado, então, o uso deste novo produto como aglomerante de blocos de
rocha, unindo pedras em uma nova estrutura monolítica, obtendo, então, grande
sucesso e extraordinária economia de cimento. Desta forma, o cimento ganhou fama
como aglomerante e chamou a atenção para sua ampla aplicação, inicialmente
utilizando-se blocos irregulares de pedra, como demonstrado pela Figura 43, para
construções como estradas, muros e fortificações.

40
Figura 43 - Muro de Rochas aglomeradas com cimento pozolânico.

Durante a dominação romana na península itálica, diversos outros locais próximos à


vulcões tentaram a mesma experiência, porém sem o mesmo êxito. Algumas outras
regiões, como a ilha de Santorini, conseguiram reproduzir os feitos do cimento
produzido na região de Pozzuoli, que acabou recebendo o nome cimento pozolânico.
Hoje sabemos que as cinzas que proporcionaram reação aglomerante eram de
originadas de rochas vulcânicas ricas em calcário e sílica.

Este material teve o auge de sua utilização durante o império romano, sendo
amplamente aplicado na construção de edificações de grande porte e em pontes, uma
vez que dispensava o alto consumo de material trazido pelo formato de arco para a
obtenção de grandes vãos, conforme veremos em outras aulas. Com os construtores
da época dominando a técnica de utilização do cimento com pedras talhadas,
proporcionaram às edificações não só disporem de elevada resistência mas também
melhor estética, trazida pelo acabamento fino obtido. Algumas destas construções,
devido à sua relevância e imponência, se tornaram patrimônio da humanidade, como
o Coliseu, conforme exemplificado pela Figura 44.

41
Figura 44 - Coliseu em Roma

Porém devido à ruralização da Europa durante a transição da Idade Antiga para a


Idade Média, a receita e a prática do uso deste material aglutinante se perdeu e ficou
apenas nos escritos. Porém, durante o início do século XIX, diversos pesquisadores
buscaram reproduzir a antiga fórmula de pedra líquida, já dominada anteriormente
pelos romanos, até que em 1824, na ilha britânica de Portland, um químico chamado
Joseph Aspdin, reproduziu, com sucesso um aglomerante hidráulico ativo.

Ao aquecer calcário e argila até que se torna-se incandescente, estes elementos se


aglutinaram, formando pequenas esferas, que receberam o nome de clínquer,
conforme Figura 45. Joseph realizou a trituração destas esferas, e obteve-se um pó
fino, e percebeu que quando misturado à água, transformava-se em uma pasta
semelhante à descrita pelos romanos, e quando totalmente seco, apresentava
elevada rigidez, ou seja, eram capazes de absorver as ações externas sem apresentar
grandes deslocamentos que comprometam sua funcionalidade.

Figura 45 - Clínquer resultado do aquecimento de calcário e solo argiloso


42
Pronto, estava redescoberta a técnica de recomposição de rochas, através de um
material transportável, como podemos perceber pela Figura 46, resistente e que se
moldava a qualquer molde a ele imposto, devido à sua alta fluidez quando misturado
à água. Após diversas experiências, Joseph percebeu que havia uma quantidade
mínima de água a ser misturada ao cimento para houvesse a perfeita hidratação de
todos os grãos, logo, havendo desperdício de cimento. Da mesma forma, apurou que
havia um limite máximo de adição de água à mistura, pois esta, ao secar, poderia se
tornar extremamente porosa, reduzindo sua resistência.

Figura 46 - Cimento Portland a granel

Portanto, o químico percebeu que existia uma relação exata de água que reagiria com
cada grão de cimento inserido na mistura e que água em quantidade inferior, resultaria
em grãos de cimento sem estarem ativados e que água em quantidade superior,
resultaria em água a ser evaporada, que recebe o nome de água de exsudação.
Joseph, então, estimou a relação do dobro de peso de cimento com relação à água
em uma mistura, como a que retornava resultados economicamente viáveis para a
ampla utilização do cimento, como a que está sendo preparada na Figura 47.

Figura 47 - Preparação de Pasta de Cimento e Água

43
Porém, para sua fabricação, é necessário a existência de jazida de calcário e de argila
próximas à fábrica, forno especial, denominado alto-forno, mecanismo de trituração e
armazenagem e distribuição adequada, evitando contato com umidade e água. Este
processo é industrial, e como pode ser observado pela Figura 48, possui valor
agregado, onerando o custo do produto final: o cimento.

Figura 48 - Fábrica de Cimento da Votorantim

Afim de viabilizar o transporte do cimento e consequente armazenagem, o meio de


envelopamento mais comum é através de sacos de papel Kraft, no volume suficiente
para 50kg de cimento, conforme demonstrado pela Figura 49.

Figura 49 - Sacos de Cimento de 50 kg empilhados

Portanto, concluímos que a pasta de cimento é um produto caro, e desta forma,


diversos construtores e pesquisadores buscaram soluções que barateassem a
mistura, diminuindo a proporção de cimento presente com elementos facilmente
44
encontrados na natureza. A primeira solução e mais intuitiva foi inserir elementos
minerais que possuíssem resistência superior à mistura final, uma vez que o cimento
é aglomerante.

A escolha intuitiva e já realizada pelos romanos foi a de se misturar pedaços de rocha


britados à pasta, como os apresentados pela Figura 50. Estes pedaços britados
receberam o nome de ‘brita’ e por ser uma adição à mistura de cimento e água, é
tratado como um agregado. Estas britas são obtidas através da fragmentação
mecânica de rochas como basalto, granito, gnaisse e calcário, até que adquiram
diferentes granulometrias, classificadas em pedra brita nº 0 até nº 5, de acordo com
seu diâmetro médio, em centímetros.

Figura 50 – Brita de Basalto utilizada na construção civil

Porém a pedra britada ainda demanda extração e processo de trituração, resultando


também em um material fabril, aumentando o tempo necessário para preparação da
mistura e respectivo custo final. Visando impor à mistura a maior economia possível,
procurou-se utilizar agregados com granulometrias menores, tendo sido encontrado
bons resultados com a utilização de areia lavada de rios, devido a ser facilmente
encontrada na natureza e de fácil transporte, como pode ser observado pela Figura
51.

45
Figura 51 - Areia lavada de rios sendo transportada internamente em uma construção

A areia, portanto, foi classificada como agregado miúdo, uma vez que a pedra britada
passou a receber o nome de agregado graúdo. Esta areia possui como origem mineral
o basalto, quartzo, sílica, calcário, granito e gnaisse, possuindo diferentes
granulometrias e sendo classificada em areia fina, média ou grossa. Quando a areia
é adicionada à pasta de cimento, a mistura passa a receber o nome de argamassa e
pode ser visualizada na Figura 52.

Figura 52 - Mistura de Cimento e Areia para preparação de argamassa

Quando se adiciona a pedra britada à argamassa, dizemos que nossa mistura está
completa e fabricamos o concreto, que pode ser observado pela Figura 53. Este
concreto pode possuir outros elementos adicionais que lhe concederão propriedades
especiais, seja na massa fresca, seja no produto final, e estes elementos receberão o
nome de aditivos e podem alterar a fluidez das massas, o tempo de cura e a
impermeabilidade por exemplo. A NBR 6118 estabelece como 20 MPa a resistência
mínima para este concreto.

46
Figura 53 - Concreto composto por cimento, areia, brita e água, sendo lançado

O concreto pode ser misturado no local de sua aplicação, podendo ser de modo
manual, através de masseira e ferramentas apropriadas, ou misturado
mecanicamente, através do uso de betoneira, que estão ilustradas através da Figura
54.

Após seu lançamento, deve ser vibrado ou remoído com auxílio de vara de ferro, afim
de se retirar as eventuais bolhas de ar que tenham permanecido dentro da massa.

Figura 54 - Mistura de concreto através de betoneira e masseira, respectivamente

Para estruturas de grande porte, que consomem altos volumes de concreto, o seu
lançamento pode ultrapassar o tempo de início da reação de endurecimento, ou seja,
o tempo de ‘pega’. Neste caso, faz-se interessante o uso de concreto misturado em
usina específica, denominada concreteira, conforme representado pela Figura 55, que
garantirá, inclusive, maior controle de qualidade, devido a precisão da dosagem dos
componentes do concreto.

47
Figura 55 - Usina de Concreto modelo

Como a mistura do concreto permanece fluida até o início de seu endurecimento, é


necessário para sua execução que este seja lançado em um molde, que definirá o
formato final da peça de concreto, denominado fôrma, e que este molde esteja já em
sua posição definitiva, requerendo escoramentos à estes moldes, como demonstrado
pela Figura 56, até que obtenha a resistência projetada, que ocorre em torno do
vigésimo oitavo dia.

Figura 56 - Vigas baldrame recém concretadas, ainda com fôrmas de madeira

Os elementos de concreto também podem ser adquiridos pré-fabricados, como


demonstrado pela Figura 57, ou pré-moldados, como também são conhecidos, sendo
apenas sua instalação feita no local da construção.

48
Figura 57 - Peça pré-moldada de concreto sendo instalada

Em consonância com o concreto, outro elemento de elevada resistência e também


amplamente utilizado na construção civil é o aço, uma liga metálica composta
principalmente por ferro e no máximo 2% de carbono. Como todo material metálico,
deve receber proteção e recorrente manutenção preventiva contra os efeitos da
corrosão.

Figura 58 - Barras de Aço para a construção civil

Resistindo cerca de 20 vezes mais que o concreto para ser puxado e 200 vezes mais
para se apertado, ele é utilizado como peças pré-moldadas, denominadas perfis,
conforme exemplificado pela Figura 59, que demandam mão de obra especializada
para sua instalação.

49
Figura 59 - Viga I de Aço 6 x 3,33 152,4 x 84,6mm

O aço também pode ser utilizado conjugado com o concreto, através da montagem
de armaduras, ou seja, esqueletos de barras de aço, de acordo o dimensionamento
realizado pelo calculista. Esta conjugação é habitualmente chamada de concreto
armado e pode ser observada pela Figura 60.

Figura 60 - Laje em concreto armado

Estas barras de aço são comercializadas com nervuras, afim de ampliar seu contato
com o concreto, e em diâmetros padronizados, sendo os mais usuais de 5.0, 6.3, 8.0,
10.0, 12.5, e 16.0 milímetros.

Com o advento e domínio do cimento, possibilitou-se o desenvolvimento de tijolos


feitos com esta matéria prima, que receberam o nome blocos de concreto. Estes
blocos também possuem formato de paralelepípedo e porém com apenas dois furos
grandes na vertical, conforme pode ser observado pela Figura 61. Eles também são
utilizados na construção de paredes e muros. São utilizados recorrentemente na
alvenaria estrutural por apresentarem resistência superior ao tijolos cerâmicos.

50
Figura 61 - Blocos de Concreto

A madeira é um material construtivo que remonta às primeiras habitações, devido a


sua farta disponibilidade e seu fácil manuseio e até hoje é utilizado em construções
como matéria prima para vedação e sustentação, principalmente em habitações de
pequeno porte, como casas, chalés e sobrados, como exemplificado pela Figura 62.

Podemos defini-la como um composto de celulose, hemicelulose e lignina, produzida


por plantas lenhosas que comumente chamamos de árvores.

Figura 62 - Casa de Madeira

Peças de madeira, como as exibidas pela Figura 63, são utilizadas em diversas etapas
da construção de uma edificação, principalmente, as tábuas e sarrafos para as fôrmas
do concreto e os pontaletes como escoras de lajes.

51
Figura 63 - Peças de Madeira utilizadas na construção civil

Existem diversos outros materiais de construção, que terão sua devida atenção nas
próximas disciplinas, principalmente a de Materiais e Técnicas, porém devemos ter
em mente que sua escolha impacta na durabilidade dos elementos estruturais, bem
como, pode aumentar ou diminuir o peso de uma edificação. Alguns destes elementos,
serão debatidos a seguir.

As telhas são as peças utilizadas conjuntamente na cobertura dos telhados das casas,
edifícios e barracões, como demonstrado pela Figura 64. São utilizadas em todos os
tipos de telhados, expostos ou embutidos e são responsáveis pela cobertura, proteção
e conforto térmico das construções.

Figura 64 - Telhado colonial de uma residência

Os revestimentos que serão aplicados às alvenarias e pisos afim de promover


estética, proteção e impermeabilização também devem ser estudados, uma vez que
adicionam peso à estrutura, como pode ser percebido pela Figura 65.
52
Figura 65 - Assentamento de piso cerâmico

Por último, devemos também nos atentar às esquadrias, que são majoritariamente
compostas pelas portas e janelas, como podemos perceber pela Figura 66. Estas são
as peças que abrem e fecham entradas e saídas dos cômodos, bem como controlam
a entrada e saída da ventilação e iluminação natural. Sua localização dentro do projeto
será observada ao longo de nossos estudos, uma vez que não possuem função de
sustentação da edificação.

Figura 66 - Esquadrias de alumínio, vidro e madeira

Hoje em dia temos materiais inovadores à nossa disposição, como o dry-wall, que são
chapas de gesso fabricadas industrialmente entre duas lâminas de papel-cartão, como
exibida pela Figura 67. Seu contato com a água deve ser evitado e, portanto é
majoritariamente utilizado nos ambientes internos das edificações, principalmente
para áreas comerciais. As paredes de gesso dry-wall permitem instalações elétricas e
hidráulicas embutidas e adaptam-se a qualquer estrutura, como aço, concreto ou
madeira.

53
Figura 67 - Montadores de dry-wall fixando as placas de gesso nos perfis metálicos

Desta forma, concluímos a apresentação dos principais materiais de construção das


nossas estruturas. No próximo capítulo, iremos evoluir em conjunto com os antigos
arquitetos, onde, através da observação dos elementos da natureza, entenderemos
como agem as forças gravitacionais e como estes elementos trabalharão e resistirão
a estes esforços!

Dúvidas? Entre em contato com o professor da disciplina ou envie um e-mail ao autor


deste caderno, através do endereço mathrocha@hotmail.com. Até a próxima aula!

54
/
Resumo
Nesta aula compreendemos a evolução histórica dos materiais de
construção, passando pelos blocos de pedra, tijolos cerâmicos, descoberta do
cimento, desenvolvimento da argamassa e do concreto armado.

Percebemos como se dá o processo de fabricação do cimento, e como este foi


redescoberto, de modo que propiciasse a sua comercialização. Entendemos também
que a utilização de agregados é uma forma de economia de aglomerante, devido ao
preço agregado do cimento.

Por último, aprender que existem diferentes materiais de construção, e que devemos
ter o cuidado de considerar seu peso na análise da estabilidade da estrutura;

55
Complementar
Quer tornar mais interativa o entendimento deste texto? Que tal uma apresentação
Prezi? Segue o link: https://prezi.com/1qfspgjpzinb/a-evolucao-dos-materiais-de-
construcao-ao-longo-dos-tempos/

Há vários blogs voltados para a construção civil que apresentam artigos sobre os
principais materiais de construção. Um dos mais diretos e bem ilustrado é o blog Pra
Construir que pode ser acessado pelo link https://www.praconstruir.com.br/materiais-
de-construcao.

Para um aprofundamento no tema, o Instituto Federal Sul-Rio-Grandense disponibiliza


sua apostila denominada “Materiais de Construção Básicos”, que pode ser acessada pelo
link http://tics.ifsul.edu.br/matriz/conteudo/disciplinas/_pdf/apostila_mcb.pdf

O Archdaily preparou um post intitulado “16 materiais que todo arquiteto precisa
conhecer”. Vale a leitura em https://www.archdaily.com.br/br/802303/16-materiais-que-
todo-arquiteto-precisa-conhecer.

56
Referências Bibliográficas

• A concepção Estrutural e a Arquitetura de Yopanan Rebello


• Estruturas Arquitetônicas – Composição e Modelagem de Liliana Fay
• BENEVOLO, L. História da Arquitetura Moderna.
• MITCHELL, W. J. A lógica da arquitetura: projeto, computação e cognição.
• Análise Estrutural Para Engenharia Civil e Arquitetura de Moacir Kripka
• Modelagem de Estruturas de Pedro Colmar Gonçalves da Silva Vellasco
• Fundamentos de Estruturas de Aluizio Fontana Margarido
• Análise das Estruturas de R. C. Hibbeler
• HENGEL, H. Sistemas de estruturas. Editorial Gustavo Gili, 2001. 352 p.
ISBN: 8425218004.
• SILVA, D. M. e SOUTO, A. K. Estruturas: uma abordagem arquitetônica.
Editora Ritter dos Reis, 2002. 150p. ISBN: 8524105623.
• REBELLO, Y. C. P. “A Concepção Estrutural e a Arquitetura”. Editora
Zigurate, 2000. ISBN: 8585570032
• ANELLI, R.; GUERRA A. e KON, N. Rino Levi, arquitetura e cidade. Editora
Romano Guerra, 2001. ISBN: 8588585014.
• BELLEI, I. H. Edifícios industriais em aço: projeto e cálculo. Pini, 2003. 508p.
ISBN 8572661441.
• BOTELHO, M. H. C. e MARCHETTI, O. Concreto Armado, eu te amo. Editora
Edgard Blücher Ltda, 2002. ISBN: 8521203071
• COUTINHO, E. O espaço da arquitetura. Perspectiva, 1998. 239p. ISBN
8527301660.
• CUNHA, A. J. P.; LIMA, N. A.; SOUZA, V. C. M. Acidentes Estruturais na
Construção Civil. Volume 1. PINI, 1996. ISBN: 8572660615.
• CUNHA, A. J. P.; LIMA, N. A.; SOUZA, V. C. M. Acidentes Estruturais na
Construção Civil. Volume 2. PINI, 1996. ISBN: 857266100x
• DIAS, L. A. M. Estruturas de aço: conceitos, técnicas e linguagem. Editora
Zigurate, 1997. 178 p. ISBN: 8585570024.
• “Edificações de Aço no Brasil”. Zigurate. São Paulo, 1993. ISBN: 8585570016.
• FRAMPTON, K. e BLASER, P. Santiago Calatrava. Editora Gustavo Gili,
1989. ISBN: 8881185261.
• HANAI, J. B. Construções de argamassa armada: fundamentos tecnológicos
para projeto e execução. Pini, 1999. 192p. ISBN 8572660038.
• MARGARIDO A. F. Fundamentos de Estruturas. Editora Zigurate, 2001. 334
p. ISBN: 8585570059.
• MEYER, K. F. Construções com Tubos. Karl Fritz Meyer, 2002. 224 p.
• MUNARI, B. Das coisas nascem coisas. Martins Fontes, 2000. 386p. ISBN:
8533608756

57
• NIEMEYER, CORBUSIER, TANGI e outros. Exemplos de arquitetura.
Coleção Enciclopédica da Construção. Hemus. 500p. ISBN: 8528902587.
• OTTO, F. Tensile structures: design, structure and calculation.
• RAMALHO, M. A. e CORRÊA M. R. S. Projeto de edifícios de alvenaria
estrutural. Pini, 2003. 188p. ISBN: 8572661476.
• REBELLO Y. C. P. A concepção estrutural e a arquitetura. Editora Zigurate,
2000. 271 p. ISBN: 8585570032.
• RICHARD, W. Materials, form and arquitecture. Editora Laurence King, 2003.
240p. ISBN: 1856692957.
• SCHROEDER, R. Novas tecnologias Egc arquitetura. Ateliê, 2003. 44p. ISBN:
8574802204.
• SILVA, G. G. Arquitetura do ferro no Brasil. Nobel, 1987. 248p. ISBN:
8521304641.
• SILVA, S. F. Zanine, Sentir e Fazer. Agir, 1995.ISBN: 8522003777.
• SOLOT, D.C. Paulo Mendes da Rocha: estrutura - o êxito da forma. Editora
Viana & Mosley, 2004. 124 p. ISBN: 8588721163.
• TOSCANO, J. W. João Walter Toscano. Editora Unesp, 2002. 186 p. ISBN:
8571394091.
• VASCONCELOS A. C. Estruturas da natureza um estudo da interlace entre
biologia e engenharia. Studio Nobel, São Paulo, 2000. 312 p. ISBN
8585445866.
• VASCONCELOS, A. C. Estruturas Arquitetônica: Apreciação intuitiva das
formas estruturais. Studio Nobel, 1991, 115 p.
• YAZIGI, W. A técnica de edificar. Pini, 2003. 670p. ISBN: 8572661468.
• ZANETTINI, S. Arquitetura, razão, sensibilidade. Editora da USP, 2002. 472p.
ISBN: 853140729x.
• ZANI, A. C. Arquitetura em madeira. Imprensa Oficial SP, 2003. 397p. ISBN:
8570601891.

58
Exercícios
Responda as questões discursivas abaixo, sobre o que acabamos de ver:

1. Quais são os principais materiais de construção


2. Dê exemplos de materiais que possuem a função de vedar
3. Pisos e revestimentos são materiais de construção que possuem qual
função?
4. Como é chamado os elementos que possuem a função de vedar o interior de
uma habitação do meio externo?
5. E se este elemento de vedação também possuir a função de sustentação,
recebe algum nome especial? Se sim, qual?
6. Dê dois exemplos de argamassas utilizadas ao longo da história
7. Como era obtido o cimento durante o império romano
8. Diferencie cal, cimento e calcário
9. Qual a função de inserir areia e brita na mistura de cimento e água?
10. Se a mistura de concreto é fluida, quanto tempo até iniciar o processo de
endurecimento? E quantos dias para que este processo atinja a resistência
calculada?

_____________________________________________________
_____________________________________________________
_____________________________________________________
_____________________________________________________
_____________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________

59
AULA 3
SISTEMAS CONSTRUTIVOS

APRESENTAÇÃO DA AULA
Visando atender ao cliente e desenvolver um projeto aplicável, devemos
primeiro buscar os materiais disponíveis no local de aplicação do nosso projeto.

Tendo estes materiais pesquisados, quais as maneiras de se construir


possíveis com este material?

Nesta aula aprenderemos sobre os diferentes sistemas construtivos presentes


em nosso país, discutindo sua importância, benefícios e desvantagens perante o
mercado da construção civil.

OBJETIVOS DA AULA

Esperamos que, após o estudo do conteúdo deste módulo, você seja capaz
de:
➢ Compreender que diferentes materiais restringem diferentes sistemas
construtivos;
➢ As vantagens e desvantagens dos diferentes sistemas construtivos.

60
Olá aluno!
Tendo contextualizado os principais materiais de construção
disponíveis atualmente, nesta aula trataremos dos principais
sistemas de construção que vigoram em nosso país. Boa aula!

Na construção civil existem diversos métodos de construção, que recebem o nome


técnico de sistemas construtivos, para a execução de uma edificação. Entre os
diversos sistemas construtivos existentes, neste capítulo abordaremos os seguintes
métodos, nesta ordem: estrutura em concreto armado moldado in loco, estrutura de
concreto armado pré-moldado, estruturas metálicas, alvenaria estrutural, steel frame,
estruturas em madeira, wood frame e paredes de concreto. Há também soluções que
são adotadas única e exclusivamente pela estética, devido ao seu alto custo de
execução, como residências de pedras, por exemplo.

O primeiro método construtivo que abordaremos é o mais utilizado no Brasil, que se


trata de estrutura de concreto armado com vedação em alvenaria de tijolos, porém
novas tecnologias surgem a todo momento e o arquiteto deve estar antenado.

Edificações de concreto armado moldado in-loco, com alvenaria de vedação, como a


exemplificada pela Figura 68, compõem-se executar elementos fundamentais à
sustentação da estrutura de concreto armado, moldados e concretados na própria
obra, posicionando os moldes de madeira já na posição definitiva dos elementos. A
alvenaria de tijolos cerâmicos possui a função única e exclusiva de vedar e separar
internamente ambientes.

61
Figura 68 - Edifício em Concreto Armado moldado in loco

Este método construtivo consiste de dividir os níveis da edificação com elementos


planos em formato de placa ou lâminas, denominados lajes, podendo ser apoiadas ou
não por elementos de barra na horizontal, denominados vigas, suspensa por também
elementos de barra, porém na vertical, denominados pilares. Este modelo será
abordado em momento posterior com maiores detalhes.

Há diversos tipos de lajes moldadas in loco, sendo a mais comum a laje maciça, que
é a forma tradicional de uma placa apoiada sobre vigas, conforme demonstra a Figura
69; a laje lisa, quando o elemento de placa se apoia diretamente sobre os pilares, sem
o uso de vigas no interior da edificação; e nervurada, com uma malha quadriculada
de vigas. Estes elementos serão melhor detalhados na próxima aula.

Figura 69 - Laje maciça é o tipo predominante na construção civil leve

62
Este sistema construtivo é o mais utilizado em países em desenvolvimento devido ao
fato de que dispensa a necessidade de mão de obra qualificada e especializada.
Porém este método consome maior tempo para sua execução e gera uma alta
quantidade de resíduos.

Este método executivo apresenta algumas vantagens como tolerar grandes vãos
(posteriormente definiremos vãos como a distância entre cada pilar), possuir grande
disponibilidade de mão de obra e materiais, sem distinção da região do país, e
propiciar futuras reformas e mudanças no projeto. Como desvantagens, observamos
seu maior custo, quando comparado à métodos construtivos semelhantes.
O termo ‘in loco’, que significa ‘no local’, é dado a este sistema uma vez que o concreto
armado é fabricado no local, com necessidade de montagem de fôrmas, geralmente
de madeira ou aço, para trabalharem como moldes dos elementos estruturais. Após,
insere-se a armadura de aço na fôrma e assim o concreto é preparado e lançado nos
moldes. Até que sua resistência mínima seja obtida, estas fôrmas devem ficar
escoradas, conforme demonstra a Figura 70.

Figura 70 - Exemplo genérico de fôrma de viga, travada e escorada

Uma alternativa à estrutura de concreto armado moldado in loco, é a estrutura pré-


moldada, onde todos ou parte dos elementos construtivos são pré-fabricados, como
podemos observar pela Figura 71. Este método possui a principal vantagem de
acelerar a construção de edifícios de grande porte e por propiciar a verificação do
estado e qualidade da peça antes de sua instalação. Por possuir dimensões

63
comerciais pré-determinadas, seu uso é recorrente na construção de galpões,
indústrias e edificações de serviços, como shoppings e escolas.

Figura 71 - Shopping sendo executado em estrutura de concreto pré-moldado

Visando economia, a laje pré-moldada é utilizada de forma recorrente, mesmo que os


demais elementos, como vigas e pilares, sejam moldados in loco, tendo em vista a
economia com fôrmas de madeira ou de chapas metálicas como fundo para lajes.

Quando se dispensa a possibilidade de reformas e alterações de projeto após a


construção, uma solução viável é edificar a habitação apenas com blocos, cerâmicos
ou de concreto, onde estes assumem, concomitantemente, o papel de estrutura e
vedação. Conforme discutido anteriormente, a este sistema construtivo denominamos
Alvenaria Estrutural, e está apresentado na Figura 72.

Figura 72 - Prédio em alvenaria estrutural

64
O projeto de alvenaria estrutural deve ser muito bem detalhado e estar
compatibilizados com os projetos elétrico e hidrossanitário. As dimensões dos
cômodos internos da edificação devem respeitar a modulação do bloco que será
utilizado, para que não haja quebra de blocos.

A alvenaria estrutural necessita de mão de obra mais especializada, pois se as


paredes não ficarem niveladas e no prumo, podem ocorrer acidentes, já que as
paredes sustentam a edificação. Para edificações com mais de quatro pavimentos,
deve-se utilizar barras de aço juntamente com os blocos de alvenaria estrutural.

Este método apresenta algumas vantagens, como a rapidez e facilidade de


construção, uma vez que os elementos estruturais, que demoram para serem
preparados, já estão pré-fabricados, através dos blocos. Outra vantagem relevante é
a redução da mão de obra, devido pois dispensa-se grandes equipes de carpintaria,
central de concreto e armadores.

Desta forma, traz habitualmente maior economia aos construtores, por minimizar o
desperdício de materiais.

Este sistema também limita a possibilidade de reforma após a construção do imóvel,


uma vez que as paredes não poderão ser removidas sem que haja um reforço,
acompanhado pelo calculista na estrutura existente e devido ao fato da laje estar
apoiada diretamente sobre os blocos da alvenaria, todos os vãos deverão ser
vencidos por ela.

Deve-se atentar que todas as paredes devem estar alinhadas, do térreo ao último
pavimento. Sendo assim, esta solução construtiva limita criativamente o projetista,
devendo o arquiteto estar atento a isso.

Os métodos construtivos industrializados, que possuem elementos pré-fabricados de


dimensões padronizadas, visando a redução dos custos de fabricação e a aceleração
da montagem, são conhecidos como métodos construtivos racionalizados.

65
O sistema construtivo em estrutura metálica é executado em elementos estruturais
pré-fabricados em indústrias siderúrgicas, denominados perfis, compostos
exclusivamente por metais, principalmente de aço. Um edifício em construção através
deste método construtivo pode ser observado pela Figura 73.

Figura 73 - Edifício em estrutura metálica sendo executado com auxílio de grua

Os perfis são conectados uns aos outros através de ligações, e nestas serão utilizados
solda ou parafusos, como exemplificado pela Figura 74. Diferentemente do concreto
armado moldado in loco, as vigas e pilares metálicos não necessitam de
escoramentos por longos períodos, mas é sempre recomendado estabilizar as peças
até que fiquem adequadamente ligadas e em suas posições definitivas, através de
equipamentos de içamento como gruas. Neste momento devemos perceber que para
a construção através deste método, não apenas a mão de obra especializada é
necessária, mas também disponibilidade de equipamentos e ferramentas específicas
também.

66
Figura 74 - Conexão entre peças metálicos por parafusos

Devido a maior resistência do aço quando comparado ao concreto, e a sua produção


em indústria, o que garante maior controle, confiabilidade e padrão nas propriedades
de cada peça, a estrutura metálica pode ser projetada com elementos de menor porte,
melhorando o uso do espaço na edificação e reduzindo a carga sobre fundações,
podendo gerar, inclusive, economia na construção.

A concepção do projeto arquitetônico deve prever as condições e locais onde haverá


peças aparentes, visando seu tratamento preventivo, quando exposto às intempéries
da natureza.

Não se deve confundir uma estrutura metálica com barras de aço utilizadas em
estruturas de concreto armado, pois possuem propriedades e comportamentos
distintos.

O steel frame, que é exemplificado pela Figura 75, possui estrutura formada por perfis
de aço galvanizado e seu fechamento é feito por meio de placas cimentícias, de
madeira ou mesmo dry-wall. A principal diferença deste método para os outros
sistemas é a limpeza do canteiro de obras, pois a geração de resíduos é mínima e
não há necessidade do uso de água para fabricação dos elementos construtivos.

67
Figura 75 - Casa em Steel Frame

Suas principais vantagens são a agilidade na construção, a redução do peso da


estrutura, maior precisão na execução e melhor isolamento térmico e acústico, porém
não permite a execução de múltiplos pavimentos. Quando o local de sua implantação
dispõe de mão de obra especializada para sua utilização, geralmente retorna menor
custo final.

Uma alternativa similar à utilização de perfis de aço, é o método de construção


conhecido como wood frame, porém com a mesma limitação do número de
pavimentos. A principal diferença é que ao invés de utilizar perfis de aço galvanizado
são utilizados perfis de madeira maciça tratada contra cupins e umidade,
preferencialmente oriundos de reflorestamento, como o pinus, conforme demonstrado
pela Figura 76. Este sistema construtivo utiliza chapas de OSB para vedação entre os
perfis e por isto propicia grande agilidade na construção.

Figura 76 - Casa em Wood Frame

68
Conforme acontece com o steel frame, o wood frame também permite um canteiro de
obras organizado e limpo, pois trabalha como construção racionalizada, reduzindo a
geração de resíduos. Possui menor impacto ambiental dentre os métodos construtivos
vigentes, uma vez que utiliza a única matéria prima renovável da construção civil, a
madeira de reflorestamento, sem abrir mão do baixo custo final.

Utilizando-se mão de obra especializada, e grande acuidade na impermeabilização e


calafetação das placas, consegue-se obter excelente desempenho acústico e térmico
quando comparado à outras soluções construtivas.

Atualmente voltando a ser muito utilizada, principalmente pela grande velocidade que
impõe a obra, as paredes de concreto consistem em um sistema construtivo em
paredes estruturais maciças de concreto armado, moldadas através de fôrmas de
madeira ou metálica, como demonstrada pela Figura 77. Mesmo possuindo baixo
isolamento acústico e térmico, possuem alta resistência ao fogo.

Por toda parede possuir também função estrutural, este método é limitado quanto a
reformas e demolições.

Figura 77 - Sistema construtivo em parede de concreto

As instalações hidráulicas e elétricas são embutidas, então não há quebra de paredes


e retrabalhos. Este sistema é viável para construções de larga escala, onde as fôrmas
serão reutilizadas várias vezes, pois o custo das mesmas é alto.
69
A construção com container é considera um sistema construtivo ecologicamente
correto, pois é simplesmente o reaproveitamento de containers que perderam sua
utilidade no transporte de mercadorias por portos, ferrovias e rodovias, como o
container contido na Figura 78.

Figura 78 - Construções em container têm menor impacto ao meio ambiente

O modelo de construção é visto principalmente em países desenvolvidos em


residências, comércio, projetos sociais e hotéis. Atualmente está sendo empregado
em nosso país principalmente em ambientes comerciais, pela sua rápida entrega,
contudo, o seu baixo custo construtivo tem incentivado empresas a construir
residências de baixo a alto padrão.

Sua principal vantagem é a rápida construção, já que o container tem sua estrutura
pré-fabricada, com consequente, fácil instalação, transporte e manutenção.

Devido tanto à sua origem para transporte em navios, os containers têm estruturas
sólidas e resistentes às ações do tempo, quanto à sua linguagem ecológica, que cativa
os jovens projetistas, este método construtivo possibilita criar modelos arquitetônicos
modernos e atuais em aço

Para fins residenciais, demandam isolamento acústicos, e principalmente em regiões


tropicais ensolaradas, como majoritariamente de nosso país, deve-se ter em mente o
acréscimo de custos oriundos do isolamento térmico necessário.
70
Estes são alguns tipos de sistemas construtivos mais usados em nosso país, tanto
para aplicação em casas, sobrados ou no comércio, mas caberá a você avaliar qual
encaixará melhor em sua edificação ou projeto.

Através do desenvolvimento de novas tecnologias, a construção civil caminha rumo a


industrialização e melhoria dos sistemas construtivos. Métodos tradicionais já se
mostram menos produtivos e com menor qualidade de acabamento quando
comparados aos sistemas industrializados, ou seja, racionalizados.

Para encontrar o melhor e mais adequado sistema construtivo para cada edificação,
deve-se analisar o desempenho de cada um, a mão de obra disponível na região, a
durabilidade, a disponibilidade de material e a função da construção.

Até a próxima aula!

71
Resumo
Nesta aula aprendemos que, utilizando-se os diferentes materiais
de construção, vistos na aula anterior, podemos construir de
diversas formas, ou seja, em diversos sistemas construtivos.

Abordamos concreto armado moldado in loco e pré moldado, estrutura metálica,


steel frame, wood frame e container, que respondem pela maioria das edificações
com elementos estruturais em nosso país.

Agora que tomamos a decisão arquitetônica de como construir, tendo decidido o


método construtivo de nossa edificação.

Um exemplo, você é contratado para construir uma residência de veraneio em uma


fazenda. Primeiro, verifica a disponibilidade de material no local, afinal, seu projeto
deve ser aplicável. Após, decide como vai construir, o sistema construtivo, tendo em
vista os materiais pesquisados. Após, configura os estudos arquitetônicos que são
possibilitados com as restrições locais.

Até a próxima aula!

72
Complementar
Vamos entender melhor do que se trata uma construção racionalizada?

https://www.abcp.org.br/cms/imprensa/noticias/sistemas-construtivos-
racionalizados-permitem-obras-mais-rapidas-e-eficientes/

http://www.metalica.com.br/pg_dinamica/bin/pg_dinamica.php?id_pag=1519

http://www.cimentoitambe.com.br/industrializacao-dos-sistemas-construtivos/

http://contrateumarquiteto.blogspot.com/2009/06/um-pouco-sobre-construcao-
racionalizada.html

Se interessou por steel frame? Confere aqui: https://youtu.be/MSMXtLFRzUU

Vamos ler por outro ângulo este assunto?


https://www.homify.com.br/livros_de_ideias/6075735/7-sistemas-construtivos-que-voce-
precisa-conhecer-para-construir-uma-casa

Como escolher o melhor?


https://sistemamyway.com.br/como-escolher-o-melhor-tipo-de-estrutura-para-projetos-
de-arquitetura/

73
Referências Bibliográficas

• A concepção Estrutural e a Arquitetura de Yopanan Rebello


• Estruturas Arquitetônicas – Composição e Modelagem de Liliana Fay
• BENEVOLO, L. História da Arquitetura Moderna.
• MITCHELL, W. J. A lógica da arquitetura: projeto, computação e cognição.
• Análise Estrutural Para Engenharia Civil e Arquitetura de Moacir Kripka
• Modelagem de Estruturas de Pedro Colmar Gonçalves da Silva Vellasco
• Fundamentos de Estruturas de Aluizio Fontana Margarido
• Análise das Estruturas de R. C. Hibbeler
• HENGEL, H. Sistemas de estruturas. Editorial Gustavo Gili, 2001. 352 p.
ISBN: 8425218004.
• SILVA, D. M. e SOUTO, A. K. Estruturas: uma abordagem arquitetônica.
Editora Ritter dos Reis, 2002. 150p. ISBN: 8524105623.
• REBELLO, Y. C. P. “A Concepção Estrutural e a Arquitetura”. Editora
Zigurate, 2000. ISBN: 8585570032
• ANELLI, R.; GUERRA A. e KON, N. Rino Levi, arquitetura e cidade. Editora
Romano Guerra, 2001. ISBN: 8588585014.
• BELLEI, I. H. Edifícios industriais em aço: projeto e cálculo. Pini, 2003. 508p.
ISBN 8572661441.
• BOTELHO, M. H. C. e MARCHETTI, O. Concreto Armado, eu te amo. Editora
Edgard Blücher Ltda, 2002. ISBN: 8521203071
• COUTINHO, E. O espaço da arquitetura. Perspectiva, 1998. 239p. ISBN
8527301660.
• CUNHA, A. J. P.; LIMA, N. A.; SOUZA, V. C. M. Acidentes Estruturais na
Construção Civil. Volume 1. PINI, 1996. ISBN: 8572660615.
• CUNHA, A. J. P.; LIMA, N. A.; SOUZA, V. C. M. Acidentes Estruturais na
Construção Civil. Volume 2. PINI, 1996. ISBN: 857266100x
• DIAS, L. A. M. Estruturas de aço: conceitos, técnicas e linguagem. Editora
Zigurate, 1997. 178 p. ISBN: 8585570024.
• “Edificações de Aço no Brasil”. Zigurate. São Paulo, 1993. ISBN: 8585570016.
• FRAMPTON, K. e BLASER, P. Santiago Calatrava. Editora Gustavo Gili,
1989. ISBN: 8881185261.
• HANAI, J. B. Construções de argamassa armada: fundamentos tecnológicos
para projeto e execução. Pini, 1999. 192p. ISBN 8572660038.
• MARGARIDO A. F. Fundamentos de Estruturas. Editora Zigurate, 2001. 334
p. ISBN: 8585570059.
• MEYER, K. F. Construções com Tubos. Karl Fritz Meyer, 2002. 224 p.
• MUNARI, B. Das coisas nascem coisas. Martins Fontes, 2000. 386p. ISBN:
8533608756

74
• NIEMEYER, CORBUSIER, TANGI e outros. Exemplos de arquitetura.
Coleção Enciclopédica da Construção. Hemus. 500p. ISBN: 8528902587.
• OTTO, F. Tensile structures: design, structure and calculation.
• RAMALHO, M. A. e CORRÊA M. R. S. Projeto de edifícios de alvenaria
estrutural. Pini, 2003. 188p. ISBN: 8572661476.
• REBELLO Y. C. P. A concepção estrutural e a arquitetura. Editora Zigurate,
2000. 271 p. ISBN: 8585570032.
• RICHARD, W. Materials, form and arquitecture. Editora Laurence King, 2003.
240p. ISBN: 1856692957.
• SCHROEDER, R. Novas tecnologias Egc arquitetura. Ateliê, 2003. 44p. ISBN:
8574802204.
• SILVA, G. G. Arquitetura do ferro no Brasil. Nobel, 1987. 248p. ISBN:
8521304641.
• SILVA, S. F. Zanine, Sentir e Fazer. Agir, 1995.ISBN: 8522003777.
• SOLOT, D.C. Paulo Mendes da Rocha: estrutura - o êxito da forma. Editora
Viana & Mosley, 2004. 124 p. ISBN: 8588721163.
• TOSCANO, J. W. João Walter Toscano. Editora Unesp, 2002. 186 p. ISBN:
8571394091.
• VASCONCELOS A. C. Estruturas da natureza um estudo da interlace entre
biologia e engenharia. Studio Nobel, São Paulo, 2000. 312 p. ISBN
8585445866.
• VASCONCELOS, A. C. Estruturas Arquitetônica: Apreciação intuitiva das
formas estruturais. Studio Nobel, 1991, 115 p.
• YAZIGI, W. A técnica de edificar. Pini, 2003. 670p. ISBN: 8572661468.
• ZANETTINI, S. Arquitetura, razão, sensibilidade. Editora da USP, 2002. 472p.
ISBN: 853140729x.
• ZANI, A. C. Arquitetura em madeira. Imprensa Oficial SP, 2003. 397p. ISBN:
8570601891.

• PEREIRA, Caio. Principais tipos de sistemas construtivos utilizados na
construção civil. Escola Engenharia, 2018. Disponível em:
https://www.escolaengenharia.com.br/tipos-de-sistemas-construtivos/. Acesso
em: 14 de janeiro de 2019.

75
Exercícios
Responda as questões discursivas abaixo, sobre o que acabamos de ver:

1) Você passou em um concurso público para Arquiteto do Ministério do


Planejamento, e como tal, lhe foram designadas as tarefas abaixo, onde cabe
a você sugerir o material de construção e o sistema construtivo que melhor se
adequaria à realidade do local informado. Note a responsabilidade de cada
escolha.

a. Alojamento do Exército em Bairro Novo, Lábrea - AM, 69830-000


(https://goo.gl/maps/gqBnwnouEx82)

b. Museu da Pinacoteca do Estado de São Paulo, em Bom Retiro, São


Paulo – SP (https://goo.gl/maps/dYzDuuNDfz72)

c. Residência unifamiliar em Itaperuna, Rio de Janeiro, 28300-000


(https://goo.gl/maps/8DMa77cv9Qr)
d. Um hotel em Mar do Norte, Boa Vista, Rio das Ostras - RJ, 28890-000
(https://goo.gl/maps/EprWazEPPf52)
e. Um chalé em Parque do Imbui Teresópolis – RJ
(https://goo.gl/maps/tcCqyAxYPb92)

_____________________________________________________
_____________________________________________________
_____________________________________________________
_____________________________________________________
_____________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________

76
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________

77
AULA 4
SISTEMAS ESTRUTURAIS – PARTE I

APRESENTAÇÃO DA AULA
Nesta aula aprenderemos sobre os diferentes sistemas estruturais, sendo
estes os pórticos, membranas, cascas, lâminas, folhas, cúpulas, entre outros, afim de
compreendermos a física por trás destes princípios.

OBJETIVOS DA AULA

Esperamos que, após o estudo do conteúdo deste módulo, você seja capaz
de:
➢ Compreender os diferentes sistemas estruturais existentes e suas
aplicações;
➢ Detalhar os elementos estruturais necessários para estabilização da
estrutura de uma edificação.

78
Olá alunos (a) !
Os sistemas estruturais possuem diferentes elementos constituintes.
Nesta aula, aprenderemos quais são estes elementos, nos
propiciando avançarmos em nossa disciplina, e entendermos como
os elementos funcionam e reagem as forças a eles impostas.

Devido a extensão deste tema, iremos dividir nossa narrativa em duas aulas. Para
iniciar esta aula, levantemos um questionamento:

Qual a função de uma edificação?

Há diversas respostas, porém todas convergindo para a mesma necessidade de criar-


se um espaço estável em que as pessoas exerçam suas mais diversas atividades
protegidas das ameaças externas.

A Figura 79 nos mostra o Centro de Artes de Singapura, onde sua edificação


proporciona proteção e segurança aos seus ocupantes, sem abrir mão da estética.

Figura 79 - Star Performing Arts Centre em Singapura

Afim de atender este conceito, faz-se necessário a execução de piso, paredes e


telhado, que não requerem estruturas complexas para sua estabilização. Quando se
79
dispensa a utilização da cobertura como piso para um próximo pavimento, servindo
realmente apenas de telhado, alguns modelos estruturais se fizeram úteis ao longo
das história.

O homem utilizou diversos materiais buscando cobrir sua edificação, e inicialmente,


através do estiramento de cipós trançados, experimentou um dos primeiros sistemas
estruturais, o cabo, conforme podemos ilustrar pela Figura 80.

Figura 80 - O modelo estrutural em cabo foi a primeira estrutura simplificada

Este sistema estrutural consiste basicamente de estirar fios ou o conjunto destes,


recebendo o nome de cabo, de modo que suporte o peso a ele apoiado, sem se
romper, como pode ser percebido pela Figura 81.

Figura 81 - Composição de um cabo formado por diversos fios

Quando se aplica apenas uma força, o cabo modifica seu formato para o funicular,
conforme podemos visualizar pela Figura 82.

80
Figura 82 - O caminho que as forças percorrem ao longo do cabo até chegarem aos seus apoios é o
formato funicular

Este princípio foi amplamente utilizado em pequenas pontes para travessia de


pedestres sobre rios e evoluírem, até os dias de hoje, para estruturas modernas, como
podemos observar pela Figura 83.

Figura 83 - A ponte pênsil utiliza o sistema de cabos, devido sua grande resistência à tração, como
veremos nos próximos capítulos

Tão intuitivo quanto, o uso de tábuas de madeira, lascas de pedra e toras, cumpriam
o papel de cobertura plana, como elemento único, em formato de placa, conhecido
tecnicamente como ‘lâmina’.

Este formato é identificado como um elemento em que uma das suas dimensões,
denominada espessura, é muito menor do que as outras duas, que serão sua base,
como podemos observar pela Figura 84. Esta espessura é a principal responsável
pela resistência da peça.

81
Figura 84 – Elemento em formato de Placa ou Lâmina

Outra solução ,visando adaptar os materiais disponíveis em cada local, é a


composição de duas ou mais lâminas, recebendo o nome de folha, como podemos
perceber pela ilustração da Figura 85. Devido às dobras da estrutura, possui maior
resistência que a placa nivelada.,

Figura 85 - Estrutura em Folha

Algumas coberturas de rodoviárias no Brasil, possuem estrutura de cobertura


semelhante, feita de módulos de concreto armado pré-moldado, como pode ser
visualizado pela Figura 86.

82
Figura 86 - A rodoviária de Itaperuna possui cobertura em folha, favorecendo o escoamento da água e
aumentando sua resistência

Continuando nosso estudo dos sistemas estruturais, percebemos que através da


grande inovação trazida pelo uso do arco, demonstrado pela Figura 87, estruturas de
cobertura como a cúpula, tornaram-se de grande utilidade, por propiciarem grandes
vão livres.

Figura 87 - Modelo construtivo em arco abatido

O arco pode ser pleno, quando for um semicírculo perfeito, ou seja, quando possuir
altura idêntica à metade do vão livre ou também pode ser executado como arco
abatido, quando possuir altura inferior à metade do vão livre. Estes conceitos voltarão
a ser pauta de nossos estudos quando alcançarmos as próximas aulas.

83
Porém, algumas consequências indesejáveis apresentaram-se durante o uso do arco
como sistema construtivo, como o elevado consumo de material, que demandava um
assentamento artesanal, bloco a bloco.

O elevado peso de material sobre a estrutura das paredes, uma vez que eram
utilizados blocos de rocha ou de argila e cal e necessidade de escoramento de toda a
cobertura, até que todo teto estivesse concluído tornavam a execução por este
método onerosa.

O arco tem sua grande funcionalidade ao propiciar a utilização de elementos rígidos


de pequeno porte, como blocos de rocha ou tijolos cerâmicos, mais fáceis de
transportar e manusear do que os elementos inteiriços. Para serem classificados
como blocos, devem possuir as três dimensões em tamanhos similares, como pode
ser observado pela Figura 88.

Figura 88 - O elemento de bloco possui as três dimensões com tamanhos similares

Para dar a forma final de arco, cada elemento, chamado de aduela, era talhado em
formato trapezoidal, que impedia que o bloco deslizasse devido a seu peso, como
podemos visualizar pela Figura 89.

84
Figura 89 - Modelo de arco pleno, com formato semicircular

Desta forma, o arco possibilitou grandes ambientes sem a necessidade de material


aglutinante entre os blocos e tornando desnecessário pilares internos.

Portanto, podemos entender a cúpula como um arco rotacionado, em três dimensões,


gerando uma lâmina que possui formato curvo, funcionando como uma casca,
conforme demonstrado pela ilustração da Figura 90.

Figura 90 - Cúpula formada pela rotação de um arco abatido

85
Quando esta casca é executada com material flexível, que só trabalhe estirado,
ou seja, esticado ou tracionado, receberá o nome de membrana, como exemplificado
pela ilustração da Figura 91.

Figura 91 - Lonas de circo e tendas militares são exemplos de membranas

Alguns exemplos históricos da utilização de membranas como solução de cobertura


são as tendas árabes e as lonas de circo, como observamos pela Figura 92.

Figura 92 - A lona de um circo é um exemplo de membrana

Esta membrana geralmente é suspensa por fios, ou conjunto destes, chamados de


cabos, que trabalham exclusivamente sendo puxados. Porém a fabricação, e
manutenção destes elementos, a baixo isolamento térmico e acústico, a instabilidade
perante ações horizontais, como vento, reduziram a aplicação desta solução às
edificações temporárias e assessórias.

86
A necessidade de uma cobertura que resistisse às intempéries da natureza, como o
calor, vento, chuva e neve, evitando, inclusive, o acúmulo de resíduos sobre ela,
através da utilização de uma superfície inclinada, aumentando sua estanqueidade,
ficou conhecida como telhado e foi amplamente reproduzida por diversas civilizações.

A abundância, durabilidade e fácil manuseio da madeira, propiciou-se o


desenvolvimento de um sistema estrutural composto por elementos horizontais em
formato de barras. Estes elementos são caracterizados por possuir uma dimensão, no
caso seu comprimento, muito maior que as demais dimensões, conforme estão
apresentados na Figura 93.

Figura 93 - Elementos de barra horizontais são conhecidos como vigas

Para obter o desejado formato de dois planos inclinados, as barras são conectadas
em formato triangular. Aumentar a estabilidade do sistema, cada barra externa é
contraventada, ou seja, interligada por barras intermediárias. Esta estrutura possui
grande resistência e rigidez, desde que todas os pesos de telhas e outros elementos
estejam aplicados apenas nas conexões entre barras, conhecidas como nós. Este
mecanismo está simplificado pela Figura 94.

Figura 94 - Treliça metálica utilizada na sustentação do telhado de uma edificação


87
As treliças podem ser utilizadas apenas em dois planos, como as tesouras dos
telhados, apoiando um sistema de folhas, contendo dois planos inclinados,
denominados águas do telhado, ou podem ser utilizadas conectadas em três
dimensões, e serão conhecidas como treliças espaciais, como demonstrado pela
Figura 95.

Figura 95 - Treliça espacial de cobertura utilizada geralmente em ginásios esportivos

Podemos, inclusive, unir dois sistemas estruturais, como a membrana e treliça


espacial, conforme podemos visualizar pela Figura 96.

Figura 96 - Estrutura espacial reticulada com membrana

Através da valorização imobiliária surgida nas cidades, foram necessários múltiplos


níveis de utilização em uma mesma edificação, espaçados entorno de três metros,
utilizando-se estruturas que trabalhassem concomitantemente como cobertura de um
pavimento e como piso nivelado para o superior. Porém, apenas em 1880, a
civilização moderna conseguiu desenvolver seu primeiro protótipo de cobertura e piso
feito de concreto armado. A estas estruturas planas, em formato de placa ou lâminas,
88
que podiam se repetir a cada pavimento, batizou-se de laje, como podemos observar
pela Figura 97.

Figura 97 - É sob a laje que a habitação propicia sua principal função, fornece abrigo e proteção.

Deve ser implantada uma laje, conforme a altura prevista em projeto para cada
pavimento. Mas para que esta permaneça na posição desejada, deverá estar apoiada
por suportes, que inicialmente, eram utilizadas as próprias alvenarias, funcionando,
portanto, como alvenarias estruturais, como exemplificado pela Figura 98.

Figura 98 - As paredes de alvenaria funcionavam como suporte para as lajes

Devido ao seu peso distribuído, as alvenarias tinham apenas sua base reforçada com
entulho, pedras, concreto ou outros tijolos, através da técnica conhecida como
baldrame ou eram simplesmente apoiadas sobre uma placa de concreto armado,
denominada radier, como podemos observar pela Figura 99.
89
Figura 99 - Placa de concreto servindo como base para construção de uma edificação

Porém, logo foi percebido que quanto maior o ambiente interno a ser coberto pela laje,
ou seja, quanto maior era a distância entre os suportes da laje, maior a espessura de
laje necessária, para que esta se mantivesse estável e segura para um próximo
pavimento acima ser utilizado, até tal ponto que o sistema já não suportava seu próprio
peso e ruía.

Logo, esta solução de cobertura aumentava, consideravelmente, a quantidade de


suportes necessários à estabilidade da laje, uma vez que apenas tolerava pequenos
vãos. Desta forma, aumentando, também, o consumo de material e
consequentemente do custo final da obra.

Portanto, esta solução ficou restrita às edículas e casas de pequeno porte, sendo
composta majoritariamente pelas casas unifamiliares, feitas apenas alvenaria de
tijolos cerâmicos comuns, com a laje apoiada diretamente sobre estes.

Outro fator que limitou este método é a impossibilidade de alteração de layout, ou


reforma posterior, uma vez que as paredes não podiam ser alteradas de lugar.

Deste modo desenvolveu-se a necessidade de elementos fixos, inalteráveis, que


teriam a responsabilidade exclusiva de sustentar a edificação, denominados estrutura,
ou elementos estruturais.

90
Estes elementos deveriam possibilitar que todas demais alvenarias fossem
unicamente de vedação, podendo, assim, serem modificadas sem maiores prejuízos.
Logo, demandou-se elementos horizontais em formato de barras para a sustentação
das lajes, em substituição às paredes de alvenaria. Estes elementos ficaram
conhecidos como vigas e podem ser visualizados pela Figura 100.

Figura 100 - Vigas de concreto permitem apoiar a laje sem a necessidade de alvenarias embaixo

As vigas, pela facilidade de construção, quando são fabricadas na obra, através da


confecção das fôrmas, montagem do aço e lançamento do concreto, possuem formato
retangular, com larguras e alturas constantes, como já podemos perceber.

Quando são utilizadas vigas pré-moldadas, outros formatos, mais eficientes, são
preferíveis, como os demonstrados pela Figura 101. O grande empecilho da utilização
em pequenas obras é a necessidade de padronização do tamanho de cada elemento,
dificultando a aplicabilidade dos projetos, bem como a logística de transporte e
entrega das vigas no local da obra, uma vez que são transportadas inteiriças. Imagine
a entrega de oito vigas de 10 metros de comprimento, cada, no centro histórico de
Ouro Preto, MG. Inviável, uma vez que a largura das ruas impediria qualquer veículo
de acessar o local da obra, tendo em vista as manobras necessárias.

91
Figura 101 - Vigas pré-moldadas propiciam a utilização de formatos mais eficientes que o retangular

Inicialmente as vigas apoiavam-se diretamente sobre as paredes, porém, logo foi


percebido que de forma consecutiva, quando a parede em que a viga estava apoiada
precisa-se ser alterada, inviabilizava novamente a reforma. Outra desvantagem era a
carga concentrada aplicada à parede, que de modo recorrente, apresentava fissuras
e trincas próximas a este apoio, demonstrando frequente instabilidade.

Desta forma, afim de sustentar estas vigas e mantê-las estáveis em suas posições, a
utilização de elementos em barras verticais, conforme demonstrado pela Figura 102,
denominados pilares, se fizeram necessário para apoiá-las.

Figura 102 - Elementos de barra verticais que suportam vigas e/ou lajes são chamados de pilares

92
Neste momento, pode-se diferenciar os elementos chamados de pilares para os
elementos que recebem o nome coloquial de ‘coluna’. Pilar é o elemento em barra que
possui como única função transmitir verticalmente o peso do edifício. Possui, portanto,
com objetivo exclusivamente estrutural, porém, em circunstâncias específicas, pode
contem também uma função estética, porém secundária.

Já a coluna, ela é um elemento, é o inverso do pilar. Mesmo também se tratando de


um emento em barra, posicionado na vertical, possui a função primária de atender a
uma necessidade estética e composição arquitetônica, podendo, inclusive, sequer
possuir função estrutural. Pode possuir o formato similar ao de um pilar, com seções
quadradas e retangulares, ou mesmo formas diferenciadas, como circulares. Os
templos gregos são os melhores exemplos de utilização de colunas, com a função
estética e estrutural concomitante, como podemos perceber pela Figura 103.

Figura 103 - As colunas dos templos gregos possuíam função concomitante de sustentar a cobertura e
produzir ornamento estético

Com certeza você já ouviu estes dois termos, pilar e coluna, mas uma terceira palavra,
às vezes é escutada no canteiro de obras: a pilastra. Mas o que seria este elemento?

Trata-se de uma estrutura aderida à fachada da edificação, ornada geralmente com


rochas talhadas, visando propiciar o aspecto de portal à entrada da edificação,
servindo como pilar decorativo. Quando o pilar está saliente e protuberante na parede,
é comum a utilização destes elementos estéticos, como podemos notar pela Figura
104.
93
Figura 104 - A pilastra é uma espécie de pilar decorativo, vertical, pouco saliente do paramento da
parede, à qual se liga por uma de suas faces

Percebeu-se que os pilares em contato com o solo, muita das vezes cravava a terra
em que estavam apoiados, com um movimento análogo ao de uma faca entrando no
solo, devido à grande carga que concentravam e a pequena área de contato destes
com solo. Para evitar este problema, ampliou-se a base dos pilares, aumentando seus
pés, através de elementos de blocos e compondo as fundações.

Este é o sistema estrutural utilizado na maioria das edificações atualmente, com a


tríplice laje-viga-pilar, denominado pórtico, seja sua estrutura em concreto armado,
concreto protendido, metálica ou de madeira, como podemos exemplificar através da
Figura 105. Neste modelo, as vigas se entrelaçam, em formato de malha, que recebe
o nome técnico de grelha, que aumenta consideravelmente sua rigidez.

94
Figura 105 - Estruturas em pórtico possuem elevada rigidez e propiciam a demolição e construção de
alvenaria sem impactar na estabilidade da construção

Na próxima aula continuaremos nossa narrativa a respeito dos sistemas estruturais.


Nesta aula, abordamos os diversos sistemas e elementos estruturais, concluindo a
explanação acerca do sistema de pórtico. Daremos continuidade na próxima aula,
tratando dos elementos construtivos que se aplicam a este método, e discutindo mais
a fundo o conceito de fundação. Até lá!

95
/
Resumo
Nesta aula, compreendemos os diferentes sistemas estruturais por
trás da construção das edificações.

Definimos o sistema estrutural como a metodologia de sustentação da edificação,


diferenciando-o do sistema construtivo, que se trata da forma de se edificar a
modelagem antes proposta.

Abordamos os sistemas de cabo, membrana, casca, arco, cúpula, treliças plana e


espacial, e pórtico, delineando o conceito de placas, barras horizontal e vertical e
blocos.

96
Complementar
Geometria dos elementos estruturais: Uma chave para a compreensão do
comportamento estrutural
http://wwwo.metalica.com.br/geometria-dos-elementos-estruturais

Elementos Estruturais
http://wwwp.feb.unesp.br/pbastos/concreto1/Elem.%20Estrut.pdf

Morfologia das Estruturas


https://webserver2.tecgraf.puc-rio.br/ftp_pub/lfm/CIV1111-SistemasEstruturais-
MorfologiaEstruturas.pdf

Elementos Estruturais - Relações Geométricas


http://www.einsteinlimeira.com.br/painel/uploads/01_03_2012__21_39_11slides_aul
a_1_-_resistencia_dos_materiais_ii.pdf

A Geometria dos Elementos Estruturais


http://www.ctec.ufal.br/professor/enl/mecsol2/2%20-
%20Introducao%20a%20Analise%20Estrutural.pdf

Tipos de sistemas estruturais


https://www.novesengenharia.com.br/tipos-de-sistemas-estruturais/

Arquitetura e Estrutura – Uma Introdução


https://pt.slideshare.net/williandesa35/1-arquitetura-e-estrutura-uma-introduo

Tipos de sistemas estruturais em arquitetura


https://www.ehow.com.br/tipos-sistemas-estuturais-arquitetura-info_41925/

E leitura bônus, ‘Concepção Estrutural de Edifícios’:


http://www.lem.ep.usp.br/pef2303/pef2303_concepcao%20t.pdf

97
Referências Bibliográficas

• A concepção Estrutural e a Arquitetura de Yopanan Rebello


• Estruturas Arquitetônicas – Composição e Modelagem de Liliana Fay
• BENEVOLO, L. História da Arquitetura Moderna.
• MITCHELL, W. J. A lógica da arquitetura: projeto, computação e cognição.
• Análise Estrutural Para Engenharia Civil e Arquitetura de Moacir Kripka
• Modelagem de Estruturas de Pedro Colmar Gonçalves da Silva Vellasco
• Fundamentos de Estruturas de Aluizio Fontana Margarido
• Análise das Estruturas de R. C. Hibbeler
• AGUIAR, E. O.; BARBATO, R. L. A. Análise da estrutura de cabos da
cobertura do pavilhão da Feira Internacional de Indústria e Comércio – Rio de
Janeiro. Cadernos de Engenharia de Estruturas, São Carlos, n. 20, 2002.
/Disponível em http://www.set.eesc.usp.br/cadernos/artigos_det.php?id=81/
• Bibliografia
• OLIVEIRA, M. B. Estudo de cabos livremente suspensos. Dissertação
(Mestrado)-Escola de Engenharia de São Carlos, USP, 1995. /Disponível em
http://set.eesc.usp.br/pdf/download/1995ME_MariaBetaniaOliveira.pdf/
• REBELLO, Y.C.P. A Concepção Estrutural e a Arquitetura. Zigurate Editora,
2001.
• RODRIGUES, P.F.N. Modelagem dos Sistemas Estruturais: notas de aula.
DE/FAU/UFRJ, 2008.
• SÁLES, J.J. et al . Sistemas Estruturais: teoria e exemplos. São Carlos:
SET/EESC/USP, 2005. ISBN: 85-85205-54-7.
• SALVADORI, M. Por que os edifícios ficam de pé. Ed. Martins Fontes, 2006.
ISBN: 97-88533622-97-5.

98
Exercícios

Iniciaremos com um exercícios diferente, através de uma experiência prática.

De posse de uma folha de papel A4, estique seus braços para frente, afastados
cerca de um palmo (23 cm) e apoie a folha sobre eles, como estivesse fazendo
uma ponte, de modo que o papel esteja na posição horizontal (paisagem) para
você.

Perceba que logo após soltar a folha, ela se torna instável, não suporta seu
próprio peso, e vai ao chão.

Agora façamos esta experiência de outra forma, dobre o papel


longitudinalmente, por pelo menos três vezes, como uma sanfona, conforme
demonstrado pela Figura 106. Após, repita o processo de esticar os braços e
apoiar a folha sobre eles.

Figura 106 - As dobras do papel aumentam sua rigidez

Note que desta vez a folha se manteve em sua posição. Apenas aumentando
a altura útil do elemento, sem adicionar ou retirar massa, houve um ganho
exponencial de resistência. Ao longo das próximas aulas iremos entender como
isto funciona.

99
Agora vamos treinar nossa percepção e análise crítica, classificando as imagens de
acordo com seu sistema estrutural

________________________
________________________
________________________
________________________
________________________
________________________
________________________
________________________
________________________
________________________
________________________
________________________
________________________
________________________
________________________
________________________
________________________
________________________
________________________
________________________
________________________
________________________
________________________
________________________
________________________
________________________
________________________
________________________

100
________________________
________________________
________________________
________________________
________________________
________________________
________________________
________________________
________________________
________________________
________________________
________________________
________________________
________________________
________________________
________________________
________________________

101
AULA 5
SISTEMAS ESTRUTURAIS – PARTE II

APRESENTAÇÃO DA AULA
Tendo compreendido com o que construir, que foram os materiais de
construção e como construir, onde estudamos os sistemas construtivos, na última aula
compreendemos os diferentes modelos de estruturas, visando a estabilidade da
construção pretendida.

Nesta aula continuaremos a tratar dos diferentes sistemas estruturais, porém


com foco nas estruturas aporticadas e suas fundações, e nas estruturas de placas..

Boa aula!
.

OBJETIVOS DA AULA

Esperamos que, após o estudo do conteúdo deste módulo, você seja capaz
de:
➢ Compreender os diferentes sistemas estruturais existentes e suas
aplicações;
➢ Detalhar os elementos estruturais necessários para estabilização da
estrutura de uma edificação.

102
Olá aluno!
Retornando ao estudo do sistema estrutural em pórtico
interrompemos a aula passada discutindo a dissipação das cargas
dos pilares no solo através de mecanismos chamados de fundação.

Inicialmente estas fundações eram executadas nas camadas superficiais do solo, com
até dois metros de profundidade, através de escavação manual, mediante a execução
dos blocos, sendo conhecido como fundação rasa.

Com o advento das técnicas construtivas e do cálculo estrutural, deduziu-se que


estruturas trapezoidais retornavam estabilização com o solo semelhante, porém com
significativa redução de consumo de material. À estas estruturas, nomeou-se de
sapatas, e estão exibidas pela Figura 107.

Figura 107 - Fundações Rasas ou Superficiais

Nesta etapa, é importante entender que o solo, como resultado da deterioração de


rochas, à medida que aumenta sua profundidade, tem uma tendência natural de
aumentar sua resistência, até momento em que encontramos rochas originais,
denominadas rochas sãs, como podemos visualizar pelo perfil esquemático presente
na Figura 108, que pode ser conhecido através de uma sondagem do terreno.

103
Figura 108 - Perfil esquemático do solo

Com o aprimoramento das técnicas construtivas, os edifícios atingiram elevadas


alturas, e consequentemente, seu peso sobre os pilares foi se tornando tão intenso
que as camadas superficiais do solo já não resistiam mais, sendo necessário alcançar
camadas mais profundas.

Quando a profundidade excedia três metros, a escavação manual ou mesmo


mecanizada torna-se inviável, sendo necessário outras técnicas para prolongar o pilar
até que este alcance a rocha sã ou resistência suficiente para sua estabilidade. A este
tipo de prolongamento, dá-se o nome de fundação profunda.

Existem diversos tipos de fundações profundas, com cada região adotando a mais
aplicável a seu solo, porém as principais são as estacas, e estas se dividirão também
em duas classes, assim como os demais elementos de concreto, sendo moldadas in
loco ou pré moldadas.

Para as moldadas na própria obra, as mais usuais são a própria estaca escavada
mecanicamente, a hélice contínua, demonstrada pela Figura 109 e os tubulões
(escavados à mão).
104
Figura 109 - Esquema de execução de Estaca Hélice Contínua

Já para as estacas pré-moldadas, as mais usuais são as estacas de concreto, de aço


e de madeira, conforme exemplificado pela Figura 110.

Figura 110 - Estacas metálicas são majoritariamente perfis robustos de aço. Em alguns casos de menor
porte, trilhos de trem em desuso podem ser reaproveitados

Para garantir a conexão do pilar com a estaca, um elemento estrutural chamado de


bloco de coroamento é necessário. Ele possui a função de ser formalizar o
engastamento e a perfeita transmissão das cargas entre os pilares e as estacas.

105
O bloco pode conter uma ou mais estacas por pilar, uma vez que, quando o peso
transferido do pilar para o solo é relevante, é possível que apenas uma estaca por
pilar não seja suficiente para sua estabilidade, como podemos observar pela Figura
111.

Figura 111 - Um bloco de coroamento pode conter uma ou mais estacas

Assim, conforme iniciamos na última aula, podemos definir o mecanismo de suporte


da estrutura aporticada, como a laje, divisora de pavimentos, apoiada diretamente por
vigas. Consequentemente, estas vigas são suportadas pelos pilares da edificação,
que, em sua base, possuem fundações que equilibram o peso da edificação com o
solo, conforme compilado pela ilustração da Figura 112.

106
Figura 112 - No sistema estrutural em pórtico predomina o aparecimento da tríade laje-viga-pilar

Há diversos tipos de lajes, porém dividindo-se em dois principais grupos de acordo


com seu local de fabricação. Se as peças forem elaboradas na própria obra, receberão
o nome de moldadas in loco e se forem pré-fabricadas e forem transportadas para a
obra já prontas, receberão o nome de pré-moldadas, conforme já foi visto neste
caderno.

Do primeiro grupo, das moldadas no local da obra, a mais recorrente em nosso país
é a laje maciça, que é o método tradicional de um elemento de placa apoiado sobre
vigas, conforme demonstra a ilustração Figura 113.

107
Figura 113 - Laje maciça é o sistema estrutural mais utilizado no Brasil por dispensar o uso de mão de
obra especializada

Na construção deste tipo de laje, primeiro prepara-se os moldes de fundo e lateral das
vigas e laje, podendo estar apoiada por vigas em qualquer dos quatro lados. Após
instala-se a armadura de aço na viga e nas lajes, e lança-se o concreto, conforme
observamos pela Figura 114.

Figura 114 - Lançamento de concreto em uma laje maciça

Neste modelo estrutural, as vigas podem se apoiar diretamente em pilares ou, quando
dimensionadas para tal, apoiar-se em outras vigas, como sugerido pela Figura 115.

108
Figura 115 - Modelo Esquemático representando vigas apoiadas em pilares e em outras vigas

Importante neste momento preservar que todas as barras de aço estejam cobertas de
concreto com uma espessura mínima, geralmente de 2 a 3 centímetros, denominado
cobrimento, afim de se evitar a corrosão das barras, de acordo com o que podemos
perceber através da Figura 116.

Figura 116 - Patologias no concreto armado devido ao pequeno cobrimento, que acarretou a corrosão do
aço e consequente desplacamento do concreto

109
Quando desejamos suprimir a utilização de vigas internas, devido à limitação do pé
direito de projeto, ou visando a facilidade construtiva, adota-se o sistema estrutural de
placa, conforme observado pela Figura 117.

Figura 117 - Sistema Estrutural em Placa, os pilares sustentam a laje, e tem o benefício da padronização
da altura de fôrma e escoramento

O primeiro tipo que veremos deste sistema é a solução em laje lisa, que permite o
apoio da laje diretamente sobre os pilares, como demonstrado pela Figura 118. É
utilizada em construções horizontais, geralmente para lajes de maior porte, uma vez
que facilitam as instalações elétricas, hidráulicas e sanitárias.

Figura 118 - O sistema de laje lisa dispensa o uso de vigas, porém aumenta o consumo de concreto e aço
na edificação

Este método demonstra uma sensível economia de mão de obra de carpinteiro e


quantidade de madeira gasta com fôrmas, uma vez que não há o recorte das vigas,
acelerando a montagem da estrutura. Porém, o vão deve ser vencido única e

110
exclusivamente pela laje, fazendo com que esta possua espessuras maiores que as
lajes maciças, aumentando consideravelmente o consumo de concreto e aço na obra.

As lajes lisas, quando bem empregadas, possuem grande apelo arquitetônico, pois
permitem a utilização do concreto aparente, tornando desnecessária a utilização de
forros, como podemos perceber pela Figura 119.

Figura 119 - A diferença entre colunas e pilares está em sua função estética

Deve se atentar para não exceder o peso máximo projetado para esta laje, pois
quando optarmos por este sistema, uma vez que o elemento de placa se apoia
diretamente sobre os pilares, surge uma tendência de rasgamento da laje ao redor do
pilar, chamada de punção, conforme pode ser percebido pela Figura 120.

Figura 120 - O efeito de punção é a tendência de rasgamento da laje junto ao pilar pelo excesso de cargas
verticais
111
Para evitar este efeito, reforços podem ser colocados próximos aos pilares da
edificação, como a execução de blocos no encontro do pilar com a laje, chamados de
capitel, conforme demonstrado pela Figura 121.

Figura 121 - O capitel trabalha para distribuir as cargas da laje no pilar, evitando o aparecimento de
punção

É o mesmo efeito de pressionarmos uma caneta contra uma folha de papel esticada
no ar. Até certa intensidade de aplicação de força com a ponta da caneta, a folha de
papel apenas se curva, mas enquanto aumentarmos a força, em um determinado
momento a ponta da caneta furará a folha, que consequentemente inicia seu processo
de rasgamento. A Figura 122 ilustra melhor a diferença entre lajes lisas e lajes
cogumelos.

112
Figura 122 - A principal diferença entre lajes lisas e cogumelos está na junção da laje com o pilar

Outro sistema construtivo que utiliza o mesmo princípio do sistema estrutural em


placas é a laje nervurada, que por mais que pareçam uma malha quadriculada de
vigas, formando uma grelha, com uma laje apoiada sobre elas, não é desta forma que
a estrutura se comporta.

Este sistema possui a característica da laje trabalhar em conjunto com as vigotas,


compondo um único elemento, a laje nervurada, com demonstrado pela ilustração da
Figura 123.

Figura 123 - Com o mesmo propósito de dissipar as cargas laje nos pilares e evitar a punção, no método
construtivo de lajes nervuradas é comum o uso de capitéis

Perceba que neste sistema construtivo, as vigotas não possuem fôrmas preparadas
individualmente, como as lajes maciças. Elas se formam devido ao preenchimento de
113
concreto entre os espaços de bacias posicionadas sobre um tabuleiro, como podemos
observar através da Figura 124.

Figura 124 - Lajes nervuradas são moldadas em função do tamanho de suas cubas

Continuando a analisar as lajes, outra alternativa estrutural é o uso de lajes pré-


fabricadas, também chamada de lajes pré-moldadas. Existem três principais modelos
de lajes pré-fabricadas, e primeiro estudaremos o tipo que vem ganhando maior
espaço em construções residenciais de pequeno porte e até mesmo em pequenos
edifícios, principalmente devido ao bom comportamento estrutural e facilidade de
execução, a laje pré-moldada do tipo treliçada.

Esta laje possui a armadura de aço em forma de uma treliça triangular espacial, e a
peça é pré-concretada até a altura suficiente para que suporte seu peso-próprio,
deixando exposta boa parte desta treliça, viabilizando seu transporte e manuseio,
devido à redução do peso.

Estas vigotas são posicionadas acima das vigas ou mesmo paredes de alvenaria,
sempre transversais à menor dimensão do cômodo, com um afastamento entre elas
que varia de 25cm a 125 cm. Para preencher o espaço entre estas vigotas, é comum
a utilização de tijolos cerâmicos ou blocos de isopor, conforme pode ser observado
pela Figura 125,

114
Figura 125 - As lajes pré-moldadas em treliça dão agilidade e velocidade a obra

Existem também as lajes pré-moldadas em forma de vigota “T”, onde as nervuras são
pré-fabricadas com aço protendido, ou seja, aço que foi esticado durante o processo
de cura do concreto, potencializando sua resistência e são posicionadas da mesma
forma que as vigas treliçadas, como exposto pela Figura 126

Figura 126 - Laje pré-moldada em vigotas tipo "T"

Por último, utilizada em construções de maior porte, como edifícios-garagem,


viadutos, shoppings centers e indústrias, as lajes alveolares, que se tratam de lajes
inteiriças, prontas, com vazios trechos vazados em seu interior visando diminuir o peso
próprio.

115
Assim encerramos os principais sistemas estruturais! Vamos revisar o que vimos até
agora? Iniciamos nosso curso discutindo a evolução das edificações ao longo da
história, e chegamos aos dias de hoje apresentando o cenário em que o aluno se
encontra para projetar. Para isto, apresentamos os materiais de construção
disponíveis e os métodos usuais de se construir com eles.

Nesta aula, compreendemos os diferentes sistemas estruturais por trás dos modelos
construtivos. O sistema estrutural é a metodologia de sustentação da edificação,
enquanto o sistema construtivo trata-se da forma de se edificar a modelagem
proposta.

Desta forma, encerramos a primeira parte de nossa disciplina, que correspondeu à


contextualização do aluno quanto aos conceitos de edificações, principais métodos e
materiais construtivos e sistemas estruturais usuais.

A segunda parte, que se iniciará em nossa próxima aula, prevê a apresentação de


conceitos físicos e matemáticos aos alunos, visando justificar os conhecimentos
adquiridos na primeira etapa.

Até a próxima aula!

116
/
Resumo
Nesta aula abordamos as fundações dos elementos estruturais
aporticados, bem como suas mais principais lajes, como maciça, lisa, cogumelo,
nervurada e pré-moldada.

117
Complementar
Sistemas Estruturais e concepção arquitetônica
http://www.forumdaconstrucao.com.br/conteudo.php?a=7&Cod=729

Sempre bom recomendar, este livro já esteve presente em algumas outras aulas:
https://www.ebah.com.br/content/ABAAAfEY0AH/apostila-sistemas-estruturais

Quer aprender esta e a última aula por outro ângulo?


http://www.fec.unicamp.br/~nilson/apostilas/sistemas_estruturais_grad.pdf

Estruturas usuais e suas denominações


https://www.academia.edu/34664815/ESTRUTURAS_E_SUAS_CLASSIFICA%C3%87
%C3%95ES_ESTRUTURAS_USUAIS_E_SUAS_DENOMINA%C3%87%C3%95ES

Tipos de Estruturas em Construção Civil


https://www.academia.edu/6919191/Tipos_de_Estruturas_em_Constru%C3%A7%C3%A
3o_Civil

Tipos de Estruturas
https://profmarcopadua.net/estruturas.pdf

118
Referências Bibliográficas

• A concepção Estrutural e a Arquitetura de Yopanan Rebello


• Estruturas Arquitetônicas – Composição e Modelagem de Liliana Fay
• BENEVOLO, L. História da Arquitetura Moderna.
• MITCHELL, W. J. A lógica da arquitetura: projeto, computação e cognição.
• Análise Estrutural Para Engenharia Civil e Arquitetura de Moacir Kripka
• Modelagem de Estruturas de Pedro Colmar Gonçalves da Silva Vellasco
• Fundamentos de Estruturas de Aluizio Fontana Margarido
• Análise das Estruturas de R. C. Hibbeler
• HENGEL, H. Sistemas de estruturas. Editorial Gustavo Gili, 2001. 352 p.
ISBN: 8425218004.
• SILVA, D. M. e SOUTO, A. K. Estruturas: uma abordagem arquitetônica.
Editora Ritter dos Reis, 2002. 150p. ISBN: 8524105623.
• REBELLO, Y. C. P. “A Concepção Estrutural e a Arquitetura”. Editora
Zigurate, 2000. ISBN: 8585570032
• ANELLI, R.; GUERRA A. e KON, N. Rino Levi, arquitetura e cidade. Editora
Romano Guerra, 2001. ISBN: 8588585014.
• BELLEI, I. H. Edifícios industriais em aço: projeto e cálculo. Pini, 2003. 508p.
ISBN 8572661441.
• BOTELHO, M. H. C. e MARCHETTI, O. Concreto Armado, eu te amo. Editora
Edgard Blücher Ltda, 2002. ISBN: 8521203071
• COUTINHO, E. O espaço da arquitetura. Perspectiva, 1998. 239p. ISBN
8527301660.
• CUNHA, A. J. P.; LIMA, N. A.; SOUZA, V. C. M. Acidentes Estruturais na
Construção Civil. Volume 1. PINI, 1996. ISBN: 8572660615.
• CUNHA, A. J. P.; LIMA, N. A.; SOUZA, V. C. M. Acidentes Estruturais na
Construção Civil. Volume 2. PINI, 1996. ISBN: 857266100x
• DIAS, L. A. M. Estruturas de aço: conceitos, técnicas e linguagem. Editora
Zigurate, 1997. 178 p. ISBN: 8585570024.
• “Edificações de Aço no Brasil”. Zigurate. São Paulo, 1993. ISBN: 8585570016.
• FRAMPTON, K. e BLASER, P. Santiago Calatrava. Editora Gustavo Gili,
1989. ISBN: 8881185261.
• HANAI, J. B. Construções de argamassa armada: fundamentos tecnológicos
para projeto e execução. Pini, 1999. 192p. ISBN 8572660038.
• MARGARIDO A. F. Fundamentos de Estruturas. Editora Zigurate, 2001. 334
p. ISBN: 8585570059.
• MEYER, K. F. Construções com Tubos. Karl Fritz Meyer, 2002. 224 p.
• MUNARI, B. Das coisas nascem coisas. Martins Fontes, 2000. 386p. ISBN:
8533608756

119
• NIEMEYER, CORBUSIER, TANGI e outros. Exemplos de arquitetura.
Coleção Enciclopédica da Construção. Hemus. 500p. ISBN: 8528902587.
• OTTO, F. Tensile structures: design, structure and calculation.
• RAMALHO, M. A. e CORRÊA M. R. S. Projeto de edifícios de alvenaria
estrutural. Pini, 2003. 188p. ISBN: 8572661476.
• REBELLO Y. C. P. A concepção estrutural e a arquitetura. Editora Zigurate,
2000. 271 p. ISBN: 8585570032.
• RICHARD, W. Materials, form and arquitecture. Editora Laurence King, 2003.
240p. ISBN: 1856692957.
• SCHROEDER, R. Novas tecnologias Egc arquitetura. Ateliê, 2003. 44p. ISBN:
8574802204.
• SILVA, G. G. Arquitetura do ferro no Brasil. Nobel, 1987. 248p. ISBN:
8521304641.
• SILVA, S. F. Zanine, Sentir e Fazer. Agir, 1995.ISBN: 8522003777.
• SOLOT, D.C. Paulo Mendes da Rocha: estrutura - o êxito da forma. Editora
Viana & Mosley, 2004. 124 p. ISBN: 8588721163.
• TOSCANO, J. W. João Walter Toscano. Editora Unesp, 2002. 186 p. ISBN:
8571394091.
• VASCONCELOS A. C. Estruturas da natureza um estudo da interlace entre
biologia e engenharia. Studio Nobel, São Paulo, 2000. 312 p. ISBN
8585445866.
• VASCONCELOS, A. C. Estruturas Arquitetônica: Apreciação intuitiva das
formas estruturais. Studio Nobel, 1991, 115 p.
• YAZIGI, W. A técnica de edificar. Pini, 2003. 670p. ISBN: 8572661468.
• ZANETTINI, S. Arquitetura, razão, sensibilidade. Editora da USP, 2002. 472p.
ISBN: 853140729x.
• ZANI, A. C. Arquitetura em madeira. Imprensa Oficial SP, 2003. 397p. ISBN:
8570601891.
• PEREIRA, Caio. Fundações Rasas ou Superficiais. Escola Engenharia, 2017.
Disponível em: https://www.escolaengenharia.com.br/fundacoes-rasas/.
Acesso em: 17 de janeiro de 2019.

120
Exercícios

Para esta aula, visando concluir esta primeira etapa de estudos, teremos um exercício
diferente.

Faça uma pesquisa e descubra qual foi a primeira edificação no Brasil a ser construída
com cada modelo estrutural indicado abaixo, evidenciando a data do término da
construção, quantos andares possuía o edifício e qual foi o principal material de
construção utilizado.

Após, faça uma pesquisa semelhante e descubra, agora, qual foi a primeira edificação
no mundo a ser construída com cada modelo estrutural indicado, evidenciando a data
do término da construção, o país de origem, quantos andares possuía o edifício, e
também qual foi o principal material de construção utilizado.

O objetivo desta atividade é, para cada sistema estrutural, o aluno prepare um


paralelo, analisando e justificando os fatores que levaram ao Brasil a ser o pioneiro e
recorrente quebrador de recordes em diversos sistemas estruturais.

Sistemas Estruturais:
Pórtico com Laje Maciça
Pórtico com Laje Lisa
Membrana
Cúpula
Bom trabalho!

_____________________________________________________
_____________________________________________________
_____________________________________________________
_____________________________________________________
_____________________________________________________

121
122
AULA 6
CONCEITOS FÍSICOS

APRESENTAÇÃO DA AULA

Entendemos como se deu a evolução das construções e como os materiais


de construção desenvolveram-se para os sistemas construtivos disponíveis
atualmente no mercado, e portanto, estamos enfim contextualizados e podemos
caminhar juntos para compreender como acontece modelagem de estruturas.

Nesta aula estudaremos as ações, cargas e carregamentos, diferenciando-os,


as quais uma edificação está imposta, bem como faremos uma revisão de física,
abordando temas como massa, força, peso e gravidade.

OBJETIVOS DA AULA

Esperamos que, após o estudo do conteúdo deste módulo, você seja capaz
de:
➢ Compreender quais a quais ações uma edificação está imposta;
➢ Entender o conceito de massa, força e gravidade sobre os elementos
construtivos.

123
Olá aluno!
Nas primeiras aulas definimos o conceito de edificações, e
delineamos que o termo ‘estrutura’ é conceituado como o conjunto
ou sistema composto de diversos elementos que se relacionam
para desempenhar a função específica de sustentação e
estabilidade à construção.

Em nossa aula anterior, nos perguntamos qual a função de uma edificação e


obtivemos como resposta que trataria de um espaço estável em que as pessoas
exerçam suas mais diversas atividades protegidas das ameaças externas.

É intuitivo perceber que para uma estrutura estar estável, esta deve estar em
equilíbrio, ou seja, todas as ações a qual a edificação está imposta não devem
ocasionar movimentação da construção.

Mas que ações são estas que podem agir em uma edificação?

Através de uma análise técnica, podemos conceituar a ação como toda modificação
externa aplicada à edificação que gera o surgimento de uma força e que
consequentemente, tende a tirar a estrutura de sua estabilidade (inércia). Um homem
ao tentar mover uma rocha, aplica a ela uma ação, conforme ilustrado pela Figura 127.

Figura 127 - Representação de um homem tentando tirar uma pedra de sua inércia

124
Conforme visto no final da primeira aula, estas ações, tem origens diversas, e serão
tratadas neste capítulo. Iniciaremos com as principais ações a que a edificação está
imposta, especificamente a que representa sua principal função: as cargas.

Antes faremos um pequeno passeio pela física. Todo objeto que possui massa, e no
que tange as edificações, todo objeto possui massa, a ele está atrelada uma tendência
de atrair outros objetos, que também possuam massa, direcionando-os a seu
centroide (centro do objeto), como demonstrado Figura 128.

Figura 128 - Atração exercida por objeto que possui massa, em direção a seu centroide

A intensidade desta atração é proporcional à massa do objeto gerador da atração e


quanto mais próximo do centro deste objeto, mais forte será o efeito desta tendência
de movimento. Á esta atração chamamos de gravidade.

Sim, isto mesmo que você pensou, por exemplo, a cadeira que você está sentado
exerce uma atração em você, da mesma forma que você exerce uma atração sobre
ela. Porém os objetos de nosso dia a dia possuem massas irrelevantes quando
comparadas a planetas e estrelas, desta forma, não percebemos a ação da gravidade
sobre os pequenos objetos, ou mesmo, outras pessoas.

Já em relação ao planeta que habitamos, que possui massa muito superior à nossa,
somos atraídos continuamente para seu centro, como demonstrado pela Figura 129,
da mesma forma que atraímos o planeta para o centro de nosso corpo. Óbvio que

125
nossa massa, praticamente desprezível, não altera o curso de translação da Terra,
porém sentimos como se uma espécie de imã nos puxasse para baixo.

Figura 129 - O planeta Terra atrai outros objetos que possuem massa para seu centro

Esta experiência é fácil de ser comprovada, apenas soltando qualquer objeto ao ar,
percebemos que este é imediatamente direcionado ao centro do planeta. Como a
superfície terrestre é extremamente ampla com relação ao nosso tamanho, nós,
humanos, como observadores, temos a impressão de que a direção tomada pelo
objeto esteja em um movimento perpendicular ao solo, ou seja, vertical para baixo.
Podemos imaginar este efeito visualizando paraquedistas em queda livre, como
demonstrado Figura 130.

Figura 130 - Paraquedistas em Queda Livre

126
Ainda através da mesma experiência, é possível perceber que quanto maior o tempo
de queda deste objeto, maior será a velocidade que este objeto atingirá antes de
alcançar o piso. Portanto, percebemos que a tendência de movimento causada pela
gravidade aumenta à medida que o objeto permanece em queda, aumentando sua
velocidade a cada instante.

Logo, definimos a gravidade causada por um objeto como um aumento de velocidade


a cada unidade de tempo, ou seja, como uma aceleração imposta sobre um objeto
que possua massa.

É comum quando referirmos à gravidade gerada pelo planeta Terra como apenas
‘gravidade’, uma vez que, para a física das edificações, é a ação de maior relevância,
devido à distância aos demais astros. Assumimos como fixo o valor de
9,81 metros/segundo a cada segundo ou, conforme notação condensada, 9,81 m/s²,
ao nível do mar. Note que a medida que nos afastamos do centro da Terra, como a
região montanhosa mostrada pela Figura 131, a intensidade da gravidade diminui
ligeiramente, porém para fins de cálculo, adotaremos como fixo este valor.

Figura 131 - Pontos mais distantes do centro da terra possuem gravidade menor que locais mais
próximos do nível do mar, porém com variação mínima e quase imperceptível

Note que em algumas outras áreas da arquitetura e engenharia, como a naval, a


influência da gravidade de outros corpos celestes, como a lua sobre o mar,
demonstrado pela Figura 132, não deve ser descartada, uma vez que é a responsável
pelas alterações de marés nos oceanos, por exemplo.

127
Figura 132 - A gravidade da Lua é a responsável pela variação de marés nos oceanos

Portanto, podemos concluir que todos os elementos do universo estão sujeitos à ação
da gravidade. Este princípio é o que mantém o planeta Terra em órbita com o Sol e
faz com que o cometa Halley passe próximo ao nosso planeta a cada 75 anos, como
pode ser percebido pela Figura 133.

Figura 133 - A grande massa do sol gera um enorme campo gravitacional, que mantém os planetas e
cometas em sua órbita

A todo objeto que possui massa e que sobre ele seja aplicado uma tendência de
movimento, podemos dizer que a ele foi aplicado uma força, como ilustrado pela
Figura 134. Logo, através da segunda lei de Newton, podemos inclusive, formular esta
postulação:

𝐹𝑜𝑟ç𝑎 = 𝑚𝑎𝑠𝑠𝑎 ∗ 𝑎𝑐𝑒𝑙𝑒𝑟𝑎çã𝑜


128
Figura 134 - Cebolinha e seus amigos possuem massa, e quando são empurrados pela Mônica sofrem
uma força que os retira do balanço

Como a aceleração é uma tendência de movimento, ela possui direção e sentido. Para
facilitar, ‘direção’ é para onde a aceleração está apontando, no caso da gravidade, na
direção vertical, e o ‘sentido’ se é para cima ou para baixo, para frente ou para traz.
Este raciocínio fica mais claro quando pensamos em rodovias, como demonstrado
pela Figura 135. Neste exemplo, podemos dizer que a BR-101 conecta os estados do
sul aos estados do norte do Brasil, esta é sua direção. Porém você pode estar indo
para Florianópolis ou indo para Maceió; este é o sentido.

Neste caso, dizemos que a aceleração é uma grandeza vetorial, vertical e para baixo.
Já massa, é uma propriedade do objeto, e não uma tendência de movimento, portanto,
dizemos ser uma grandeza escalar.

Figura 135 - Direção e sentido sendo apresentados pelo movimento de veículos em uma rodovia

129
Como demonstrar matematicamente, se um objeto está se deslocando no mesmo
sentido que outro? Para isto, um sistema de coordenadas se fez necessário, e um dos
principais matemáticos a concebê-lo foi René Descartes. Neste sistema, batizado
como eixos cartesianos, e exibido pela Figura 136, define-se dois eixos possíveis de
movimento, um horizontal e um vertical. Para deslocamentos verticais ascendentes,
ou seja, para cima, e para movimentos horizontais para a direita, arbitra-se como
positivos. Já para deslocamentos verticais descendentes, ou seja, para baixo, e para
movimentos horizontais para a esquerda, como negativos.

Figura 136 - Eixos cartesianos com valores positivos para cima e direita, e negativos para baixo e esquerda

Quando estivermos tratando especificamente da aceleração da gravidade sobre um


objeto, podemos dizer então que este se move devido à força da gravidade. Neste
caso específico, esta força recebe o nome de Força-Peso, ou simplesmente Peso, e
também pode ser expressa por meio de formulação como:

𝐹𝑜𝑟ç𝑎 𝑃𝑒𝑠𝑜 = 𝑚𝑎𝑠𝑠𝑎 ∗ 𝑔𝑟𝑎𝑣𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒

130
Sendo assim, a força adquire a direção e o sentido dado pela gravidade, concebendo-
se, portanto, também como uma grandeza vetorial. Os objetos que estiverem sobre
sua incidência, assumirão movimento com a mesma direção e sentido, conforme uma
maçã caindo de uma macieira, na célebre cena eternizada por Isaac Newton,
apresentada pela Figura 137.

Figura 137 - Cena representativa da concepção da teoria da gravidade

A diferença entre massa e peso fica mais evidente ilustrando por outra experiência:
segure seu celular sobre a palma de sua mão. Ele deve ter algo entorno de 0,120 kg.
Perceba que o celular exerce uma pressão sobre a palma de sua mão. Essa pressão
é a gravidade da Terra agindo sobre o celular, que é atraído para o chão, porém, como
sua mão está entre ele e o seu destino, é ela quem sofre essa força. Podemos calcular
a intensidade desta força como o produto da massa pela aceleração da gravidade, ou
seja, 0,120 kg x 9,81 m/s², resultando em 1,18 kg m/s².

Note que a unidade de força como kg m/s² é extensa e pouco usual. Desta forma, em
homenagem ao cientista que formatou este raciocínio, Isaac Newton, podemos
substituir esta notação pela unidade Newton (N).

Alguns países mantém a unidade quilograma-força, como substituição ao uso do


Newton, previsto Sistema Internacional. Para o uso desta unidade, ao invés de se
multiplicar pelo módulo da aceleração da gravidade, de 9,81 m/s², insere-se a letra “f”
após a unidade kg, indicando que àquela massa deverá ser multiplicado a aceleração
da gravidade.

131
Como exemplo, podemos dizer que 7 kg de massa, geram um peso de 7 kgf ou
68,67 N.

Agora se ponha em uma viagem imaginária à superfície lunar, que possui aceleração
da gravidade entorno de 1,6 m/s², cerca de seis vezes menor que a da Terra. E você
não poderia deixar de levar seu celular para tirar fotos deste momento. Ele continua
com os mesmos 0,120 kg de massa. Agora, observando as crateras, faça a mesma
experiência e coloque o celular sobre a palma de sua mão. Você irá notar que a
pressão sobre sua palma é bem menor, e que ao contrário da primeira etapa da
experiência, em solo terrestre, agora na Lua seu celular parece mais leve do que
antes. Assim como astronautas caminhando sobre a superfície lunar, conforme
demonstrado pela Figura 138.

Figura 138 - Astronautas caminhando sobre a superfície lunar possuem peso menor que
quando estão na Terra

Isto se deve à redução da aceleração da gravidade, pois é ela quem aplica a força
sobre a palma de sua mão. Seguindo o mesmo raciocínio, podemos calcular seu peso
como 0,120 kg x 1,6 m/s², resultando em 0,192 N.

Perceba que o celular está apoiado em sua mão, exercendo este peso por toda área
da palma em contato com ele. Quando uma força está sendo aplicada em uma área,
dizemos que esta causa uma pressão sobre esta área. No caso, o celular está
“pressionando” a palma de sua mão para baixo.

Esta pressão é obtida pela formulação deste conceito, de força sobre uma área.
132
𝐹𝑜𝑟ç𝑎
𝑃𝑟𝑒𝑠𝑠ã𝑜 =
Á𝑟𝑒𝑎

Desta forma, obtemos uma taxa que nos indica o quanto de força está indo para cada
unidade de área em contato com esta força. Isto é tensão e, em alguns casos, recebe
o nome de pressão, como veremos nos próximos capítulos.

Veremos nos próximos capítulos que este mecanismo é utilizado amplamente nas
construções, como o exemplo da Figura 139, dissipar o peso de uma ‘coluna’ no solo,
aumentando seus ‘pés’.

Figura 139 - Sapatas de Fundação para Pilares

Regressemos à nossa experiência. Você mede seu celular e descobre que este possui
0,07 m de largura por 0,14 m de altura, resultando em uma área de 0,0098 m².
Supondo que todo celular está apoiado sobre o solo da Terra, qual a pressão que ele
estaria causando sobre a superfície?

Lembremos que o peso dele, ainda em solo terrestre, é de 1,18 N. Como a área de
contato é 0,0098 m², podemos calcular 1,18 / 0,0089, resultando em 120,41 N / m².

133
Figura 140 - O celular apoiado no solo exerce uma
pressão, por seu peso estar totalmente apoiado

Novamente, em homenagem ao importante físico Blaise Pascal, suprimiu-se a


notação N / m² para uma mais usual, denominada Pascal (Pa).

Desta forma, podemos concluir que, se seu celular possui 120 g de massa, ele terá
1,18 N de peso e se este estiver totalmente apoiado sobre uma superfície, ele
exercerá 120,41 Pa de pressão.

Assim, encerramos a aula de hoje, relembrando princípios e fundamentos que serão


essenciais no trato das estruturas. Até a próxima aula!

134
Resumo
Nesta aula compreendemos quais a quais ações uma edificação
está imposta e entendemos o conceito de massa, força e
gravidade sobre os elementos construtivos.

Após, calculamos o peso de um objeto, conhecendo sua massa e


aceleração da gravidade imposta.

135
Complementar
Agora que estamos iniciando os estudos específicos de modelagem de estruturas,
que tal começarmos com uma leitura técnica?

Nossa primeira indicação será do mestre Yopanan Rebello em seu excelente trabalho
intitulado “A Concepção Estrutural e a Arquitetura”, que pode ser obtido através do
link: https://pt.slideshare.net/Lorenarq64/concepoestrutural-e-a-arquitetura-yopanan

Quer entender um pouco mais sobre a variação das marés devido à gravidade da Lua?
O Nexo nos ajuda com um vídeo explicativo: https://www.youtube.com/watch?v=sYss-
N7EnEw

136
Referências Bibliográficas

• A concepção Estrutural e a Arquitetura de Yopanan Rebello


• Estruturas Arquitetônicas – Composição e Modelagem de Liliana Fay
• BENEVOLO, L. História da Arquitetura Moderna.
• MITCHELL, W. J. A lógica da arquitetura: projeto, computação e cognição.
• Análise Estrutural Para Engenharia Civil e Arquitetura de Moacir Kripka
• Modelagem de Estruturas de Pedro Colmar Gonçalves da Silva Vellasco
• Fundamentos de Estruturas de Aluizio Fontana Margarido
• Análise das Estruturas de R. C. Hibbeler
• HENGEL, H. Sistemas de estruturas. Editorial Gustavo Gili, 2001. 352 p.
ISBN: 8425218004.
• SILVA, D. M. e SOUTO, A. K. Estruturas: uma abordagem arquitetônica.
Editora Ritter dos Reis, 2002. 150p. ISBN: 8524105623.
• REBELLO, Y. C. P. “A Concepção Estrutural e a Arquitetura”. Editora
Zigurate, 2000. ISBN: 8585570032
• ANELLI, R.; GUERRA A. e KON, N. Rino Levi, arquitetura e cidade. Editora
Romano Guerra, 2001. ISBN: 8588585014.
• BELLEI, I. H. Edifícios industriais em aço: projeto e cálculo. Pini, 2003. 508p.
ISBN 8572661441.
• BOTELHO, M. H. C. e MARCHETTI, O. Concreto Armado, eu te amo. Editora
Edgard Blücher Ltda, 2002. ISBN: 8521203071
• COUTINHO, E. O espaço da arquitetura. Perspectiva, 1998. 239p. ISBN
8527301660.
• CUNHA, A. J. P.; LIMA, N. A.; SOUZA, V. C. M. Acidentes Estruturais na
Construção Civil. Volume 1. PINI, 1996. ISBN: 8572660615.
• CUNHA, A. J. P.; LIMA, N. A.; SOUZA, V. C. M. Acidentes Estruturais na
Construção Civil. Volume 2. PINI, 1996. ISBN: 857266100x
• DIAS, L. A. M. Estruturas de aço: conceitos, técnicas e linguagem. Editora
Zigurate, 1997. 178 p. ISBN: 8585570024.
• “Edificações de Aço no Brasil”. Zigurate. São Paulo, 1993. ISBN: 8585570016.
• FRAMPTON, K. e BLASER, P. Santiago Calatrava. Editora Gustavo Gili,
1989. ISBN: 8881185261.
• HANAI, J. B. Construções de argamassa armada: fundamentos tecnológicos
para projeto e execução. Pini, 1999. 192p. ISBN 8572660038.
• MARGARIDO A. F. Fundamentos de Estruturas. Editora Zigurate, 2001. 334
p. ISBN: 8585570059.
• MEYER, K. F. Construções com Tubos. Karl Fritz Meyer, 2002. 224 p.
• MUNARI, B. Das coisas nascem coisas. Martins Fontes, 2000. 386p. ISBN:
8533608756
• NIEMEYER, CORBUSIER, TANGI e outros. Exemplos de arquitetura.
Coleção Enciclopédica da Construção. Hemus. 500p. ISBN: 8528902587.
137
• OTTO, F. Tensile structures: design, structure and calculation.
• RAMALHO, M. A. e CORRÊA M. R. S. Projeto de edifícios de alvenaria
estrutural. Pini, 2003. 188p. ISBN: 8572661476.
• REBELLO Y. C. P. A concepção estrutural e a arquitetura. Editora Zigurate,
2000. 271 p. ISBN: 8585570032.
• RICHARD, W. Materials, form and arquitecture. Editora Laurence King, 2003.
240p. ISBN: 1856692957.
• SCHROEDER, R. Novas tecnologias Egc arquitetura. Ateliê, 2003. 44p. ISBN:
8574802204.
• SILVA, G. G. Arquitetura do ferro no Brasil. Nobel, 1987. 248p. ISBN:
8521304641.
• SILVA, S. F. Zanine, Sentir e Fazer. Agir, 1995.ISBN: 8522003777.
• SOLOT, D.C. Paulo Mendes da Rocha: estrutura - o êxito da forma. Editora
Viana & Mosley, 2004. 124 p. ISBN: 8588721163.
• TOSCANO, J. W. João Walter Toscano. Editora Unesp, 2002. 186 p. ISBN:
8571394091.
• VASCONCELOS A. C. Estruturas da natureza um estudo da interlace entre
biologia e engenharia. Studio Nobel, São Paulo, 2000. 312 p. ISBN
8585445866.
• VASCONCELOS, A. C. Estruturas Arquitetônica: Apreciação intuitiva das
formas estruturais. Studio Nobel, 1991, 115 p.
• YAZIGI, W. A técnica de edificar. Pini, 2003. 670p. ISBN: 8572661468.
• ZANETTINI, S. Arquitetura, razão, sensibilidade. Editora da USP, 2002. 472p.
ISBN: 853140729x.
• ZANI, A. C. Arquitetura em madeira. Imprensa Oficial SP, 2003. 397p. ISBN:
8570601891.

138
Exercícios
Responda as questões discursivas abaixo, sobre o que acabamos de ver:

1) Qual a função de uma edificação?


2) Quais ações que podem agir sobre uma edificação?
3) Um objeto possui 200 g de massa.
a. Qual seu peso no planeta Terra?
b. Qual seu peso na Lua?
c. Por que ocorre esta diferença?
4) Um objeto possui 30 N de peso no planeta Terra.
a. Qual sua massa?
b. Qual seu peso na Lua?
5) Defina a gravidade, diferenciando os termos ‘aceleração da gravidade’ e
‘força da gravidade’.
6) O que é a força-peso? Qual a diferença entre força-peso e peso-próprio?
7) Se uma caixa cúbica de 2,00m de aresta está sobre um piso cerâmico, e está
totalmente cheia de isopor, que possui 40 kg/m³, responda o que se pede:
a. Qual a massa dessa caixa cheia de isopor?
b. Qual o peso dessa caixa cheia de isopor?
c. Qual a pressão que esta caixa está causando no piso cerâmico?

_____________________________________________________
_____________________________________________________
_____________________________________________________
_____________________________________________________
_____________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________

139
140
AULA 7
AÇÕES SOBRE A EDIFICAÇÃO

APRESENTAÇÃO DA AULA

Continuando nossa revisão de física, entenderemos agora como estas ações


físicas podem agir na edificação, classificando-as quanto à sua duração e ocorrência.

Iremos debater o conceito de peso-próprio, aprendendo a metodologia de


obtenção do peso de um elemento. Após discutiremos a ocupação de uma edificação
por mobília e pessoas, e como se obtém este valor.

OBJETIVOS DA AULA

Esperamos que, após o estudo do conteúdo deste módulo, você seja capaz
de:
➢ Classificar uma ação quanto a sua duração e ocorrência;
➢ Entender os impactos das ações sobre a estrutura
➢ Calcular o peso-próprio de um elemento;

141
Olá aluno!
Continuando nosso passeio pela física, faremos uma última
reflexão. Quando uma força está aplicada sobre um único ponto,
dizemos que se trata, consequentemente, de uma carga pontual.
Porém quando esta força estiver aplicada sobre uma área,
dizemos que se trata de uma força distribuída ou de superfície,
como exemplificado pela Figura 141.

Figura 141 - Cargas Distribuídas

Cargas distribuídas de superfície são fáceis de perceber, como o celular sobre nossa
mão, o revestimento cerâmico sobre a laje de piso de um apartamento, conforme
exemplificado pela Figura 142, ou mesmo a água sobre o fundo da piscina.

Figura 142 - O revestimento cerâmico sobre a laje de piso de um


apartamento é uma carga distribuída sobre a laje

142
Mas paremos para pensar, que tipo de força é esta, a pontual? Como se aplica uma
força sobre um ponto? E afinal, o que é um ponto?

Primeiro, definiremos ponto como uma posição no espaço. Na Geometria de base


cartesiana, como demonstrado pela Figura 143, pontos são localizações exatas e
precisas não possuem qualquer dimensão como volume, área ou comprimento.

Figura 143 - Ponto A localizado concomitantemente na posição 2 no eixo x e na posição 3 no eixo y

Se pressionarmos a ponta de um lápis afiado sobre a palma de nossa mão, isso é


uma carga pontual? Por mais ínfima que possa parecer, a ponta do grafite deste lápis
possui uma área, conforme podemos perceber pela Figura 144.

Figura 144 - Por mais afiado que esteja, a ponta de um lápis ainda sim possui uma superfície de contato,
e não um único ponto

143
Se a força que estamos exercendo ao lápis está sendo aplicada por sua ponta, que
possui, então, uma área, podemos então, conforme a definição acima estabelecida,
perceber que se trata de uma força de superfície.

Então, como podemos conceber forças pontuais? Única e exclusivamente por


aproximações, pois é impossível conseguirmos aplicar uma força em um único ponto.
Mesmo uma agulha estourando uma bexiga, possui uma área em sua ponta.

Desta forma, quando a área de contato entre a força e sua superfície for muito menor
a magnitude desta força, adotaremos esta aproximação e consideraremos como carga
pontual, como acontece em uma ponte de treliça, conforme o exemplo Figura 145

Figura 145 - Forças tratadas como pontuais

Alguns exemplos de cargas pontuais que podemos encontrar nas estruturas são as
cargas nos pilares, o peso de um cofre sobre um piso, os pés da cadeira sobre o chão
e um lustre preso ao teto, como demonstrado pela Figura 146.

144
Figura 146 - Um lustre no teto é um exemplo de carga pontual

Agora pense em um muro externo, feito de pedras, em uma propriedade rural, apoiado
diretamente sobre o solo, como o da Figura 147. Por mais que o muro tenha uma
espessura (largura) relevante, seu comprimento é muito superior.

Figura 147 - Muro rural antigo é um exemplo de carga distribuída linearmente

Quando encontrarmos tais situações, onde a extensão da carga é muito superior à


sua largura, podemos, com aproximação satisfatória, denominar como cargas
lineares, como sugeridas pela Figura 148.

145
Figura 148 - Cargas Lineares

Importante entendermos que as paredes de um edifício, apoiadas sobre uma laje,


como demonstrado pela Figura 149, ou mesmo um telhado apoiado diretamente sobre
paredes de adobe de uma pequena residência, serão exemplos de cargas lineares,
ou seja, distribuídas sobre um caminho, uma reta ou, como o próprio nome diz, sobre
uma linha.

Figura 149 - A alvenaria será tratada como carga linear

Encerrado nosso passeio, voltemos agora ao tema principal de nossa aula, a análise
das ações que incidem sobre a edificação. Toda construção é realizada através da
composição de materiais de construção, manejados e transformados por profissionais,
como demonstrado pela Figura 150. Como todo objeto físico, estes materiais possuem
massa, e, portanto, encontram-se sujeitos à ação da gravidade, gerando,
consequentemente, uma força aplicada verticalmente para baixo causada por seu
próprio peso. A esta força denomina-se peso-próprio dos materiais e são uma
propriedade invariável.

146
Figura 150 - A junção de diversos materiais de construção, manejados por profissionais competentes,
dão origem ao edifício

Na obtenção deste carregamento, devemos ter em mente que todos os elementos


construtivos de uma edificação possuem peso-próprio. A estrutura, a alvenaria de
vedação, o telhado, os revestimentos cerâmicos de pisos e paredes, as instalações
hidrossanitárias e elétricas, enfim, tudo que está fixado na edificação de forma
duradoura, como exibido pela Figura 151,sofrerá um carregamento constante oriundo
de seu peso. Dizemos então que este é um carregamento permanente.

Figura 151 - Elementos construtivos permanentes contribuem com o peso da edificação

Para ilustrar estas cargas, a Associação Brasileira de Normas Técnicas, através de


sua norma regulamentadora nº 6120, onde seu link de acesso encontra-se na Leitura
Complementar deste capítulo, nos informa que o tijolo possui uma taxa de 1300 kg a
cada volume igual à um metro cúbico de material e o concreto 2.500 kg, também a
cada metro cúbico.
147
Para a obtenção do peso de um objeto, devemos lançar mão de um conceito visto no
ensino médio, de densidade de um objeto, que aqui será chamada de massa
específica.

Este parâmetro consiste da relação da massa, em quilogramas, por unidade de


volume, em metros cúbicos, obtendo-se uma taxa de quanto pesa um objeto por seu
tamanho, e pode ser expressa pela equação:

𝑚
𝜌=
𝑉

Devemos relembrar que o volume de um objeto é o produto das suas dimensões


ortogonais, x, y e z. Logo podemos deduzir que:

𝑉 =𝑥∗𝑦∗𝑧

Podemos definir o Peso Específico de um elemento, análogo à forma que obtivemos


a massa específica, como a relação do peso deste elemento, agora em Newtons, por
unidade de volume, mantendo-se em metro cúbico, resultando na equação abaixo:

𝑃
𝛾=
𝑉

Para diversos materiais de construção, essa relação já está parametrizada, com


valores trazendo uma boa assertividade. Desta forma, apenas conhecendo o peso
específico de um material, pode-se obter seu peso apenas medindo seu tamanho.
148
Como nosso objetivo é encontrar o carregamento permanente oriundo do peso
próprios dos elementos construtivos, sendo estes estruturais ou não, portanto,
isolamos o peso na equação anterior, resultando em:

𝑃 = 𝛾∗𝑉

Note que, ao executarmos o produto do peso específico pelo volume da peça, iremos
obter a força peso pontual, localizada no centro de massa da peça.

Porém antes de continuarmos, façamos a seguinte reflexão:

Seja uma barra de concreto armado, que possui 2.500 kg/m³ de massa
específica, com as dimensões 15cm de espessura, 50cm de altura e 4,00 m de
comprimento.

Para calcularmos sua massa, primeiro devemos obter o volume da peça, neste
caso:
V = 0,15m * 0,50m * 4,00m = 0,30 m³

De posse da massa específica do elemento, calculamos, portanto, sua massa:

P= γ*V = 2500kg/m³ * 0,30m³ = 750 kg

E logo, com o peso específico do elemento, é possível obter o seu peso:


750 kg * 9,81 m/s² = 7.357,50 N.

Para fins de representação da força-peso, posicionamos uma força concentrada em


seu centro de gravidade, contudo, devemos perceber que o peso do elemento não
está realmente concentrado em um único ponto da peça, e sim trata-se de um
carregamento uniforme distribuído ao longo da peça.

Mas o que é o centro de massa de um objeto?

149
Em física, o centro de massas é o ponto hipotético onde toda a massa de um sistema
físico está concentrada e que se move como se todas as forças externas estivessem
sendo aplicadas nesse ponto.

Se o sistema for constituído por um corpo, o centro de massas pode ser considerado
como o ponto onde aplicada uma força o corpo se move sem rotacionar. O centro de
gravidade de algumas figuras geométricas pode ser observado pela Figura 152.

Figura 152 - Centro de Gravidade de formas geométricas usuais

Veremos nas próximas aulas que este conceito será replicado para todas as cargas
distribuídas, onde, poderemos substituí-las por cargas pontuais localizadas no centro
da aplicação da carga distribuída.

Alguns pesos específicos mais recorrentes também podem ser encontrados na


NBR 6120, para consulta e referência em cálculos, conforme podemos analisar pela
Tabela 1.

150
Tabela 1 - Peso específico dos materiais de construção

Portanto, para obter-se o peso de uma edificação, cada elemento deve ter seu
respectivo peso calculado, como ilustrado pela Figura 153.

151
Figura 153 - O peso de uma edificação é acumulativo, ficando os elementos
inferiores sujeitos à um maior carregamento

Cumprindo sua principal função, a moradia deve estar projetada


para sustentar, além de si mesma, a sua ocupação por mobília
e por pessoas. Esta ocupação temporária do espaço útil da
edificação, através de móveis como sofás, camas e guarda-
roupas, bem como habitada por pessoas, seja para fins
residenciais ou comerciais, exerce uma força sobre o piso de
uma edificação. A esta ação denominamos ‘carga de ocupação’.

Como a lotação de pessoas em um cômodo oscila ao longo de


um dia, bem como o tipo de mobília utilizado e sua localização
interna são variáveis, a intensidade destes pesos é considerada
como estivesse distribuída por toda área do cômodo. A estas
cargas denomina-se acidental, por ocorrerem sem de forma
esporádica, e pode ser percebida através da análise da Figura
154.

Figura 154 - Mobília e a ocupação de pessoas são cargas acidentais, por serem variáveis e temporárias

Novamente, força sobre uma área, sendo tratada, portanto, como uma carga
distribuída. A intensidade dessa força também está parametrizada pela NBR 6120
pela função de cada ambiente. Como exemplo, para quartos e salas, é prevista uma

152
carga 1.500 N/m² e para banheiros, 2.000 N/m². As garagens, estacionamentos,
depósitos e bibliotecas, por possuírem veículos e equipamentos de elevado peso
concentrado, devem receber atenção especial na obtenção de seu carregamento.

Perceba que para forças é comum representar a palavra “mil” pela letra “k”. Desta
forma, a carga anterior para banheiros, de 2.000 N/m², pode ser reescrita como
2 x 1000 x N/m², ou simplesmente 2 kN/m².

Neste momento deve-se observar a existência de mobília que possua um peso


concentrado maior que o aplicado aos demais cômodos, como um cofre em uma sala,
uma piscina em pavimento elevado, ou mesmo um piano de cauda em uma sala, pois
devem ser consideradas como carregamento permanente.

Figura 155 - Móveis pesados como pianos de cauda devem ser levados em conta na concepção da
estrutura.

Análogo aos pesos específicos de materiais de construção, a NBR 6120 também nos
disponibiliza as cargas acidentais de ocupação para os diversos tipos de edificações,
classificação por função ou cômodo, conforme pode ser percebido pela Tabela 2.

153
Tabela 2 - Valores mínimos das cargas verticais

Outras ações impactam em nossa edificação, como os raios solares, que durante o
dia, atingem as faces externas da construção, aquecendo as paredes e estruturas,
ocasionando sua dilatação térmica, ou seja, fazendo com que estes elementos
aumentem de tamanho apenas na parte voltada para o sol. Tal ação causa
deformações na edificação, e sua estrutura deve estar preparada para suportá-la.

Quando não são previstas, podem ocorrer doenças na edificação, que aqui serão
tratadas como patologias, como por exemplo, o desplacamento de pastilhas
cerâmicas de uma fachada, como ocorre na Figura 156.

154
Figura 156 - Desplacamento de pastilhas cerâmicas devido a dilatação térmica não prevista considerada
no edifício

Em edificações altas e principalmente em galpões e quadras esportivas, a ação do


vento sobre suas paredes externas e telhado possui cargas significantes e não devem
ser negligenciados, uma vez que causam deformações horizontais, inclusive, podendo
levar ao arrancamento de todo telhado, caso não seja considerado, como pode ser
observado pela Figura 157.

Figura 157 - Destelhamento de Galpão devido ao vento excessivo não considerado em projeto

Em locais onde o solo é instável ou muito poroso, e é sabível, através de ensaios de


campo e de laboratório, que o terreno poderá ceder ou apenas assentar (afundar)
155
após a construção da edificação, esta alteração de configuração do solo deverá ser
prevista pelo projetista, e esta ação de rebaixamento do solo é conhecida como
recalque, ou quando ocorrer em apenas uma parte do terreno, recalque diferencial.

Um dos exemplos mais famosos de recalque em edificações é a Torre de Pisa, na


Itália, exibida na Figura 158, que demonstra que a estrutura sendo resistente, o
recalque poderá ser suportado por ela.

Figura 158 - Torre de Pisa, na Itália, após a restauração.

A chuva, a alta umidade e eventual contato com elementos químicos devem ser
previstos uma vez que degradam os materiais de construção utilizados, possibilitando
a corrosão do aço, a perda de cálcio do concreto ou mesmo o apodrecimento da
madeira, reduzindo, assim, a vida útil da construção. Outras ações específicas que
devem ser observadas é a presença de chuva ácida, ou a forte incidência de areia,
poeira e insetos, que, lentamente, irão deteriorar a estrutura, reduzindo também sua
durabilidade.

Outras ações podem não trazer riscos à segurança de seus ocupantes, porém
poderão acarretar em desconforto aos seus usuários, como frestas e imperfeições que
permitam a passagem de luz ou mesmo materiais de construção que permitam a
passagem de ruído externo.
156
Por último, as cargas conhecidas como excepcionais, ou seja, que por mais que não
ocorram com frequência, a edificação está sujeita a sua ocorrência, como furacões,
terremotos ou tsunamis. Um exemplo é um farol militar de uma ilha no meio do oceano
atlântico. Este deve resistir, além das cargas tradicionais, à um eventual maremoto,
diferente de uma edificação continental. Alguns edifícios no Japão, por imposição do
governo, são dimensionados para resistirem à diferentes intensidades de terremotos
e possuem equipamentos amortecedores, como os que podem ser visualizado pela
Figura 159.

Figura 159 - Equipamento amortecedor de terremoto utilizado em edifícios no Japão

O arquiteto tem função essencial nas cargas permanentes que serão impostas à
estrutura. A escolha de telhados verdes para reduzir o impacto da edificação sobre o
meio ambiente, coletando a água das chuvas e contribuindo para a renovação do
oxigênio, implica em acréscimo peso de peso estrutura.

Assim concluímos nosso estudo sobre as ações que agem sobre uma edificação. Na
próxima aula, baseando-se na terceira lei de Newton, iremos entender que toda ação
gera uma reação. Até lá!

157
Resumo
Nesta aula compreendemos quais a quais ações uma edificação
está imposta e entendemos o conceito de massa, força e
gravidade sobre os elementos construtivos.

Após, classificamos as ações quanto a sua duração e ocorrência


e entendemos como os impactos das ações agem sobre a
estrutura.

158
Complementar
Conforme acordado no texto para consultas normativas, a NBR 6120, citada no texto,
pode ser visualizada através do link:
https://rotaacessivel.com.br/_files/200000332-9e3c79f36d/nbr6120.pdf

Falamos um pouco sobre recalque, vamos entender como ele funciona?


https://engcivil.maquinadeaprovacao.com/posts/artigo/recalque-diferencial-entenda-
este-fenomeno/43

Quer assistir o que falamos por outro ângulo? A AF2 Cursos disponibiliza em seu canal
no Youtube uma explicação um pouco mais técnica mas essencial para quem se interessa
no assunto de estruturas. Acesse https://www.youtube.com/watch?v=427ZpBxyNTU.

Quer ouvir a opinião de um Arquiteto sobre a concepção estrutural? A equipe do


Boranaobra nos ajuda. Entre aqui https://www.youtube.com/watch?v=XG0b8aJyPk0!

159
Referências Bibliográficas

• A concepção Estrutural e a Arquitetura de Yopanan Rebello


• Estruturas Arquitetônicas – Composição e Modelagem de Liliana Fay
• BENEVOLO, L. História da Arquitetura Moderna.
• MITCHELL, W. J. A lógica da arquitetura: projeto, computação e cognição.
• Análise Estrutural Para Engenharia Civil e Arquitetura de Moacir Kripka
• Modelagem de Estruturas de Pedro Colmar Gonçalves da Silva Vellasco
• Fundamentos de Estruturas de Aluizio Fontana Margarido
• Análise das Estruturas de R. C. Hibbeler
• HENGEL, H. Sistemas de estruturas. Editorial Gustavo Gili, 2001. 352 p.
ISBN: 8425218004.
• SILVA, D. M. e SOUTO, A. K. Estruturas: uma abordagem arquitetônica.
Editora Ritter dos Reis, 2002. 150p. ISBN: 8524105623.
• REBELLO, Y. C. P. “A Concepção Estrutural e a Arquitetura”. Editora
Zigurate, 2000. ISBN: 8585570032
• ANELLI, R.; GUERRA A. e KON, N. Rino Levi, arquitetura e cidade. Editora
Romano Guerra, 2001. ISBN: 8588585014.
• BELLEI, I. H. Edifícios industriais em aço: projeto e cálculo. Pini, 2003. 508p.
ISBN 8572661441.
• BOTELHO, M. H. C. e MARCHETTI, O. Concreto Armado, eu te amo. Editora
Edgard Blücher Ltda, 2002. ISBN: 8521203071
• COUTINHO, E. O espaço da arquitetura. Perspectiva, 1998. 239p. ISBN
8527301660.
• CUNHA, A. J. P.; LIMA, N. A.; SOUZA, V. C. M. Acidentes Estruturais na
Construção Civil. Volume 1. PINI, 1996. ISBN: 8572660615.
• CUNHA, A. J. P.; LIMA, N. A.; SOUZA, V. C. M. Acidentes Estruturais na
Construção Civil. Volume 2. PINI, 1996. ISBN: 857266100x
• DIAS, L. A. M. Estruturas de aço: conceitos, técnicas e linguagem. Editora
Zigurate, 1997. 178 p. ISBN: 8585570024.
• “Edificações de Aço no Brasil”. Zigurate. São Paulo, 1993. ISBN: 8585570016.
• FRAMPTON, K. e BLASER, P. Santiago Calatrava. Editora Gustavo Gili,
1989. ISBN: 8881185261.
• HANAI, J. B. Construções de argamassa armada: fundamentos tecnológicos
para projeto e execução. Pini, 1999. 192p. ISBN 8572660038.
• MARGARIDO A. F. Fundamentos de Estruturas. Editora Zigurate, 2001. 334
p. ISBN: 8585570059.
• MEYER, K. F. Construções com Tubos. Karl Fritz Meyer, 2002. 224 p.
• MUNARI, B. Das coisas nascem coisas. Martins Fontes, 2000. 386p. ISBN:
8533608756

160
• NIEMEYER, CORBUSIER, TANGI e outros. Exemplos de arquitetura.
Coleção Enciclopédica da Construção. Hemus. 500p. ISBN: 8528902587.
• OTTO, F. Tensile structures: design, structure and calculation.
• RAMALHO, M. A. e CORRÊA M. R. S. Projeto de edifícios de alvenaria
estrutural. Pini, 2003. 188p. ISBN: 8572661476.
• REBELLO Y. C. P. A concepção estrutural e a arquitetura. Editora Zigurate,
2000. 271 p. ISBN: 8585570032.
• RICHARD, W. Materials, form and arquitecture. Editora Laurence King, 2003.
240p. ISBN: 1856692957.
• SCHROEDER, R. Novas tecnologias Egc arquitetura. Ateliê, 2003. 44p. ISBN:
8574802204.
• SILVA, G. G. Arquitetura do ferro no Brasil. Nobel, 1987. 248p. ISBN:
8521304641.
• SILVA, S. F. Zanine, Sentir e Fazer. Agir, 1995.ISBN: 8522003777.
• SOLOT, D.C. Paulo Mendes da Rocha: estrutura - o êxito da forma. Editora
Viana & Mosley, 2004. 124 p. ISBN: 8588721163.
• TOSCANO, J. W. João Walter Toscano. Editora Unesp, 2002. 186 p. ISBN:
8571394091.
• VASCONCELOS A. C. Estruturas da natureza um estudo da interlace entre
biologia e engenharia. Studio Nobel, São Paulo, 2000. 312 p. ISBN
8585445866.
• VASCONCELOS, A. C. Estruturas Arquitetônica: Apreciação intuitiva das
formas estruturais. Studio Nobel, 1991, 115 p.
• YAZIGI, W. A técnica de edificar. Pini, 2003. 670p. ISBN: 8572661468.
• ZANETTINI, S. Arquitetura, razão, sensibilidade. Editora da USP, 2002. 472p.
ISBN: 853140729x.
• ZANI, A. C. Arquitetura em madeira. Imprensa Oficial SP, 2003. 397p. ISBN:
8570601891.

161
Exercícios
Responda as questões discursivas abaixo, sobre o que acabamos de ver:

1) Defina cargas acidentais, fornecendo pelo menos dois exemplos.


2) Defina cargas permanentes, fornecendo pelo menos dois exemplos.
3) Faça uma consulta à NBR 6120, que se encontra na Leitura Complementar
deste capítulo e retorne as informações que se pede:
a. Peso específico da Argamassa de cimento e areia e do Granito
b. Valores mínimos das cargas verticais, em kN/m², para salas de aula de
uma escola e para estacionamentos
4) Falamos de patologias das construções, exemplificando o desplacamento de
revestimento cerâmico da fachada. Faça uma pesquisa e enumere pelo
menos outras duas patologias que surgem na estrutura de concreto armado
devido:
a. Contato com água do mar;
b. Recalque diferencial
5) Calcule o peso de água que cabe dentro de uma piscina olímpica
6) Considerando uma edificação construída com estruturas de concreto armado,
dê pelo menos dois exemplos de cargas:
a. Pontuais
b. Lineares
c. Distribuídas em Superfície

_____________________________________________________
_____________________________________________________
_____________________________________________________
_____________________________________________________
_____________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________

162
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________

163
AULA 8
CONDIÇÕES DE EQUILÍBRIO

APRESENTAÇÃO DA AULA

Nesta aula entenderemos como os elementos construtivos se comportam


quando a eles forem aplicados uma força, e os critérios que determinarão sua
estabilidade, bem como o traçado do caminho das cargas.

Abordaremos o somatório de forças na horizontal e vertical, bem como


definiremos o conceito de momento e como agem em uma estrutura.

OBJETIVOS DA AULA

Esperamos que, após o estudo do conteúdo deste módulo, você seja capaz
de:
➢ Traçar o caminho das cargas
➢ As condições de equilíbrio
o Forças Horizontais
o Forças Verticais
o Momento (Rotação)

164
Olá aluno!
Tendo compreendido o que são ações externas e quais agem sobre
uma edificação, vamos aprender como a edificação reage à
imposição destas ações. Boa aula!

É intuitivo perceber que para um edifício estar estável, este não deve se mover,
estando parado, não importa quais ações a ele estejam sendo impostas e
independente de sua arquitetura, por mais arrojada que seja, como a demonstrada
pela Figura 160. À um corpo que se encontra nesta condição, dizemos que está em
equilíbrio.

Figura 160 - Estudo para construção de sede de prefeitura na região amazônica através da analogia com
uma oca

Mas o que seria este equilíbrio?

Você deve lembrar de nossa terceira aula, onde dissemos que, se um corpo se
encontra em movimento, necessariamente a ele foi aplicada uma força? Podemos
fazer o raciocínio inverso, e concluir também que se um corpo se encontra parado,
então este pode estar imposto à duas situações:

165
A primeira e mais óbvia é que, então, não estão ocorrendo ações sobre a estrutura.
Se não há ação, não há cargas, logo, não haverá movimento.

A segunda hipótese é que estão atuando diversas ações sobre estrutura, e de alguma
forma, todas em conjunto estão se anulando, mantendo o edifício estático, como por
exemplo, o empilhar de pedras, como exemplificado pela Figura 161.

Figura 161 - A arte de empilhar pedras consiste de buscar sempre o equilíbrio do sistema

Porém, como vimos na quarta aula, a edificação é composta por materiais, e que por
sua natureza, possuem massa. Se a edificação está exposta à gravidade, logo,
possuirá peso, que é uma ação permanente. Então podemos cravar que, sempre, no
mínimo a construção estará sendo imposta à pelo menos uma ação, a seu peso-
próprio.

Conseguimos perceber que o peso próprio da edificação aumenta à medida que a


construção deste avança, conforme exibido pela Figura 162.

166
Figura 162 - Um edifício em obras está continuamente sendo carregado por peso-próprio, até o momento
de sua ocupação onde atinge valores máximos

Então, chegamos à nossa primeira contradição, que logo desmitificaremos. Se uma


edificação possui uma força constante para baixo, oriunda de seu peso, por que sua
estrutura não se desloca nesta direção, afundando no solo que está apoiada?

Falamos em nossas aulas iniciais das duas primeiras leis de Newton, e agora quem
nos ajuda a responder esta pergunta, é justamente a sua terceira lei, conhecida como
Ação e Reação.

Nesta lei, Newton postula que, em um sistema em equilíbrio, para toda ação ocorrida
em um objeto, é gerada uma reação contrária, de igual intensidade. Vamos traduzir?

O que Newton quis dizer é que o edifício não se movimenta por que o solo devolve
uma força igual em intensidade, de baixo para cima, anulando seu movimento. Na
física do ensino médio aprendemos que esta força de reação à força peso recebe o
nome especial de força normal, ou, apenas normal. Esta afirmativa pode ser verificada
através de um simples exemplo, como uma pedra apoiada sobre o solo, conforme
Figura 163.

167
Figura 163 - Uma pedra apoiada sobre o solo exerce uma força sobre este que é rebatida por uma força
normal, mantendo a pedra em sua posição

Portanto, podemos concluir que para que um elemento esteja em equilíbrio, este não
se movimentar. Mas quais são os possíveis movimentos que podem ocorrer à uma
edificação?

Neste nosso exemplo anterior, aprendemos o primeiro movimento, que é o vertical,


concluindo que um edifício não deve afundar no solo. Então, definimos aqui nosso
primeiro critério de estabilidade: os edifícios não devem sofrer deslocamentos
verticais, ou seja, o somatório de forças que incidem verticalmente sobre o edifício
deve ser nulo. Podemos formular essa afirmação através da equação abaixo:

∑ 𝐹𝑦 = 0

Neste exemplo, a força normal, ofertada pelo solo à edificação, deve ser igual
ao peso aplicado pela edificação no solo. Quando as cargas verticais são
superiores à carga que o solo consegue resistir e consequentemente devolver
ao edifício como força normal, visando sua estabilidade, o solo colapsa e há o
recalque da edificação, ou seja, a edificação afunda parcialmente ou como um
todo no solo, como demonstrado pela Figura 164.

168
Veremos nas próximas aulas que, geralmente, quanto mais profundo apoiamos
nossa edificação no terreno, maior tende a ser a resistência deste solo.

Figura 164 - Quando o solo não suporta o carregamento a ele imposto, este colapsa

Outros esforços que também geram cargas verticais à edificação, além de seu
peso-próprio, são sua ocupação por pessoas, por mobília e por veículos, como
visto anteriormente.

O segundo tipo de movimento que analisaremos é o movimento horizontal.


Novamente quando imposto à edificação uma ação horizontal, esta não deve
sofrer deslocamentos horizontais. Traduzindo, todas as ações horizontais que
incidem concomitantemente na edificação, quando somadas, devem se anular,
análogo ao que acontece às cargas verticais. Logo, podemos também formular
esta afirmação, agora através da equação abaixo:

∑ 𝐹𝑥 = 0

Ok, mas que cargas horizontais poder ser estas? As principais são as cargas
de vento, que incidem lateralmente nas edificações e geram esforços, mas
também existem as cargas especiais.

169
Uma edificação que está apoiada em um talude, como exemplificado pela
Figura 165, sofre uma força do solo, como estivesse sendo continuamente
empurrado para o lado. À esta força denominamos empuxo do solo.

Figura 165 - Uma casa apoiada em uma encosta recebe um carregamento horizontal constante devido ao
empuxo do solo

Para o caso de estruturas como pontes e viadutos, ou edifícios-garagem e


estacionamentos elevados, a aceleração e frenagem dos veículos também gera
forças horizontais na edificação e não devem ser negligenciadas.

Da mesma forma que ocorre com as forças verticais, também cabe ao solo
resistir a estes esforços, afim de manter a estabilidade da estrutura.

E nosso terceiro e último critério de estabilização, a edificação não deve sofrer


qualquer tendência de giro ou rotação. Mas como uma força pode causar esse
efeito de torque em uma edificação?

Sempre que uma força for aplicada em um objeto num ponto diferente de seu
apoio, este sofrerá uma tendência de giro igual ao produto da intensidade desta
força pela distância perpendicular da força até apoio do objeto. Esta afirmação
pode ser equacionada pela fórmula abaixo e exemplificada pela Figura 166:

𝑀𝑜𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜 = 𝐹𝑜𝑟ç𝑎 ∗ 𝐷𝑖𝑠𝑡â𝑛𝑐𝑖𝑎

170
Figura 166 - Uma força aplicada em um elemento distante de seu
ponto de apoio gera uma tendência de rotação

Como a unidade da força é Newton e da distância em metros, a unidade


resultante do momento é Newton-metro, podendo ser abreviada para N.m.

Desta forma, encerramos nossa terceira e última condição para o equilíbrio, de


que a edificação não rotacione. Esta afirmação pode ser, portanto, é formulada
como o somatório dos momentos (tendências de giro aplicadas por uma força
distante do apoio) que incidem sobre uma edificação deve se anular, como
podemos observar pela equação abaixo:

∑𝑀 = 0

Exemplificando, quando houver a aplicação de mais de uma força ao sistema que gere
rotação, o sistema estará em equilíbrio quando o somatório destas rotações se
anularem, como demonstrado pelo clássico exemplo da gangorra, através da Figura
167.

171
Figura 167 - Equilíbrio mesmo sob a atuação de pesos diferentes a distâncias ao Centro de Giro (apoio)
diferentes.

Pela imagem acima, concluímos que o peso da menina multiplicado pela distância
dela até o apoio da gangorra é exatamente igual ao peso do menino multiplicado por
sua distância ao apoio.
Assim concluímos as três verificações que garantem o equilíbrio de uma peça,
garantindo que a peça não se desloque no eixo horizontal e nem no eixo vertical e que
também não rotacione.

Quer ver como você já sabia disto mas ainda não tinha parado para pensar?

Façamos a seguinte experiência: pegue uma peça de dominó, e posicione esta


na vertical em cima de uma mesa, conforme sugerido pela vista lateral
apresentada na Figura 168.

Figura 168 - Peça de dominó posta na vertical

A peça A possui peso, que força a peça para baixo e que é, consequentemente,
sustentada pela mesa, que mantém esta peça estável, gerando uma força
normal, como pode ser observado pela Figura 169.
172
Figura 169 - Peso da Peça A aplicado sobre a mesa

A peça se mantém parada, certo?

Pois não há incidência de forças horizontais e as forças verticais estão


estabilizadas. Como as forças peso e normal encontram-se aplicadas
diretamente no apoio, também não geram esforços de rotação na pesa.

Agora pegue duas peças de dominó e mantenha a Peça A, e a segunda


apoiada na horizontal sobre a primeira peça, de modo que fique centrada, e em
equilíbrio, que chamaremos de Peça B, sobre a mesma mesa nivelada,
conforme o sistema ilustrado pela Figura 170.

Figura 170 - Peça B apoiada horizontalmente sobre a peça A

173
Note que a peça B também possui peso e que também não se movimenta, o
que nos faz concluir que alguém anula este peso. Já podemos afirmar que a
peça A empurra a peça B para cima, com a mesma intensidade que seu peso
empurra a peça B para baixo, mantendo a peça na horizontal e estabilizada. Já
vimos que esta reação recebe o nome especial de normal, conforme
demonstrado pela Figura 171.

Figura 171 - A peça B faz peso sobre a Peça A

Portanto, se está em equilíbrio, deduzimos que o somatório de forças na vertical


é igual a zero, logo, podemos fazer duas importantes deduções. A primeira, que
as cargas possuem intensidades iguais e com direções opostas e a segunda
que se somarmos as forças, peso e normal, teremos sempre o valor zero, desde
que a peça não esteja se movimentando.

Então, nesta configuração de peças, não há tendência de giro sobre a Peça B,


pois ambas as forças, peso e normal, estão localizadas sobre o apoio da
peça B.

É intuitivo percebermos que se a peça B faz peso sobre peça A, e que se a


Peça A faz peso sobre a mesa, ambas as peças juntas, que compõe um
sistema, farão peso sobre a mesa, e que este peso será igual à soma dos pesos
das duas peças. Logo, a força normal rebatida pela mesa será igual a este
somatório, conforme podemos visualizar pela Figura 172.

174
Figura 172 - O caminho das forças da peça B, passando pela peça A, até alcançar o solo

Deduzimos então que o peso da peça B atravessa peça A até alcançar a mesa.
Esta passagem de uma carga de um elemento superior, para outro inferior, até
atingir seu apoio, no caso, a mesa, é denominado caminho das forças e sua
compreensão é essencial para prosseguirmos nesta disciplina.

Continuando a experiência, mova a peça B para a direita, de modo que seu


lado esquerdo faceie o lado esquerdo da peça A, conforme demonstrado pela
Figura 173.

Figura 173 - Segunda hipótese de posicionamento da peça B

175
Analisando apenas a peça B, o seu peso permanece localizado em seu centro
e com a alteração de sua posição, possui, agora, uma distância entre a sua
força peso e seu apoio, que está em sua extrema esquerda. Porém ao
analisarmos a aplicação da força-normal, oriunda da peça A, percebemos que
ela está localizada exatamente sobre o apoio, não ocasionando, a princípio,
qualquer tipo de giro, conforme conseguimos observar pela Figura 174

Figura 174 - O peso da peça B está descentralizado de seu apoio

Você irá perceber que assim que você largar a peça, a mesma irá girar,
perdendo seu equilíbrio, e consequentemente cairá no piso. Vamos analisar o
porquê de isto ocorrer.

A distância da aplicação da força-peso até o seu apoio causa uma tendência


de giro na peça B, como pode ser observado na Figura 175. A este movimento,
dá-se o nome de Momento e pode ser, portanto, equacionado pela fórmula
abaixo, conforme definido anteriormente:

𝑀 =𝐹∗𝑑

176
Figura 175 - A peça B tende a girar devido a distância entre a força-peso da peça B e seu apoio

Permitindo a aplicação desta rotação, a peça irá inevitavelmente perder sua


estabilidade, vindo a desmoronar-se, como podemos observar pela Figura 176.
Para configurações como esta denominamos de sistema hipostático, ou seja,
que possuem apoios ou vínculos insuficientes para garantir que permaneça
parado quando a ele for aplicada alguma ação.

Figura 176 - Como o sistema é instável, tende a ruir

Um carro em ponto morto possui quatro apoios hipostáticos sobre a rua, uma
vez que é possível empurrá-lo, logo, podendo mover-se nesta direção, como é
ilustrado pela Figura 177.

177
Figura 177 - Um carro em ponto morto é instável, pois pode ser movido com uma simples aplicação de
força horizontal

Estruturas hipostáticas são estruturas que não se encontram em equilíbrio estático e,


portanto não interessam ao universo das estruturas de edificações. São estruturas
que tendem a cair.

Agora retornando ao nosso exemplo dos dominós, supondo que queiramos manter a
peça B na horizontal, na exata posição da Figura 170. Uma primeira solução seria
acrescentar uma nova peça de dominó na vertical, uma peça C, conforme sugere a
Figura 178.

Figura 178 - Terceira configuração de peças, agora com dois apoios

178
Note que agora a peça B possui dois apoios, um do lado esquerdo e outro do lado
direito, e portanto, tenderá a girar para ambos os lados. Como a força peso da peça B
está localizada em seu centro, a distância “X” entre ela e cada apoio, representado
pela Figura 179 é exatamente igual, resultando em que metade do peso da peça B vá
para cada apoio.

Figura 179 - A força-peso está centralizada na peça B

Seguindo o mesmo raciocínio do caminho das forças, podemos deduzir o traçado,


conforme Figura 180.

179
Figura 180 - O caminho que o peso das peças A, B e C percorrem até serem rebatidas pela força normal
da mesa

Perceba que o somatório das forças que chegam à mesa deve ser sempre igual ao
peso somado das peças, conforme podemos equacionar esta afirmação como:
𝑃𝑒𝑠𝑜 𝑇𝑜𝑡𝑎𝑙 = (𝑃𝑒𝑠𝑜 𝐴) + (𝑃𝑒𝑠𝑜 𝐵) + (𝑃𝑒𝑠𝑜 𝐶)
= (𝑃𝑒𝑠𝑜 𝐴 + 𝐵/2) + (𝑃𝑒𝑠𝑜 𝐶 + 𝐵/2)

Novamente lembramos do conceito de momento, onde se há a aplicação de uma força


em uma peça, aplicada à uma distância de seu a apoio, gera uma rotação. Logo, o
peso distante da peça A gerará um Momento A e peso distante da peça C gerará um
Momento C, conforme podemos observar pela Figura 181.

180
Figura 181 - O peso da peça B gera uma rotação igual, porém de sentido contrário, em cada extremidade

A intensidade de cada momento pode ser obtida pela equação M = F * d, conforme


visto anteriormente. Se a força é a mesma para ambos os momentos gerados, que no
caso é o peso da peça B, e a distância deste peso até os apoios também o mesmo,
conforme discutido acima, podemos cravar que os momentos têm intensidades iguais.

Mas a peça B não está girando. Logo o somatório do Momento A com o Momento C
deve ser nulo, conforme o critério de estabilidade que definimos anteriormente.

Mas se estes momentos possuem igual intensidade, como podem se anular?

Essa pergunta é fácil de responder! Os momentos se anulam por que o sentido de


rotação dos momentos é opostos!

Para fins de aplicação matemática, definimos que rotações no sentido anti-horário


possuem valores positivos e rotações no sentido horário terão valores negativos.
Vamos então a montagem da equação de equilibro para momentos:

∑ 𝑀 = −𝑀𝐴 + 𝑀𝐶 = 0

181
Perceba que o Momento A foi inserido na fórmula com valores negativos, devido à
sua rotação horária. Assim, podemos dizer que não apenas a peça B está equilibrada,
mas como também todo o sistema composto pelas três peças.

Este exemplo do dominó é de fácil compreensão e simula o comportamento dos


elementos construtivos de uma edificação. De posse destes conceitos, podemos
delinear o caminho das forças dentro de uma edificação, conforme Figura 182.

Figura 182 - O caminho das forças dentro de uma edificação

Desta forma, podemos compilar estas informar em um desenho esquemático,


apresentado através da Figura 183, onde demonstra-se o caminho destas cargas na
edificação.

182
Figura 183 - Caminho das Cargas dentro de uma edificação

Assim encerramos aqui nosso conteúdo previsto para a primeira avaliação. Vamos
revisar o que aprendemos até aqui?

Em nossa Aula 1 discutimos a evolução histórica das edificações, e como o homem


trabalhou os mais diversos materiais e formas construtivas, até alcançarmos as
edificações atuais.
Em nossa Aula 2 tratamos dos mais diversos materiais de construção disponíveis no
mercado, discutindo, inclusive, a descoberta e evolução destes. Após, na Aula 3,
continuamos o tema da aula anterior, abordamos os sistemas construtivos existentes,
assim, encerrando a contextualização do aluno.

Enfim alcançamos nossos capítulos técnicos, introduzindo o conceito de sistemas


estruturais, onde delineamos, nas aulas 4 e 5, os elementos de acordo com sua
geometria e função dentro da estrutura de edificações.

Assim, através de uma rápida revisão física na aula 6, abrimos portas para
entendermos a quais ações estão sujeitas a edificação e como esta se comporta, na
aula 7.

183
Por último, nesta aula 8, discutimos as condições de equilíbrio dos elementos que
estejam, sobre eles, incidindo as mais diversas ações.

Próxima aula iniciaremos nosso conteúdo da segunda avaliação, iniciando já pelo


conceito de modelagem de estruturas.

Até a próxima aula!

184
/
Resumo
Nesta aula traçamos o caminho das cargas, definindo as condições
de equilíbrio de um sistema, através do entendimento das Forças Horizontais, Forças
Verticais e Momento, como tendência de Rotação.

185
Complementar
Quer antecipar um pouco do porquê de vermos isso tudo logo no primeiro período?
Assista esta aula de Concepção Estrutural e perceba o quanto é importante que os
fundamentos estejam compreendidos. Veja aqui:
https://www.youtube.com/watch?v=wlguEXGZiRY.

Vamos começar a conversar com outras disciplinas? A modelagem de estruturas


impactará diretamente na modelagem 3D de nosso projeto. Mas qual o melhor programa
para desenvolver nossas fachadas eletrônicas? O arquiteto Leandro Amaral nos ajuda
com sua opinião em https://www.youtube.com/watch?v=p3LEj6GzM7E.

O mestre Yopanan no mostra em modelos construtivos os efeitos destes esforços:


https://www.youtube.com/watch?v=5ZzYQ5WdD80&t=3s

186
Referências Bibliográficas

• A concepção Estrutural e a Arquitetura de Yopanan Rebello


• Estruturas Arquitetônicas – Composição e Modelagem de Liliana Fay
• BENEVOLO, L. História da Arquitetura Moderna.
• MITCHELL, W. J. A lógica da arquitetura: projeto, computação e cognição.
• Análise Estrutural Para Engenharia Civil e Arquitetura de Moacir Kripka
• Modelagem de Estruturas de Pedro Colmar Gonçalves da Silva Vellasco
• Fundamentos de Estruturas de Aluizio Fontana Margarido
• Análise das Estruturas de R. C. Hibbeler
• HENGEL, H. Sistemas de estruturas. Editorial Gustavo Gili, 2001. 352 p.
ISBN: 8425218004.
• SILVA, D. M. e SOUTO, A. K. Estruturas: uma abordagem arquitetônica.
Editora Ritter dos Reis, 2002. 150p. ISBN: 8524105623.
• REBELLO, Y. C. P. “A Concepção Estrutural e a Arquitetura”. Editora
Zigurate, 2000. ISBN: 8585570032
• ANELLI, R.; GUERRA A. e KON, N. Rino Levi, arquitetura e cidade. Editora
Romano Guerra, 2001. ISBN: 8588585014.
• BELLEI, I. H. Edifícios industriais em aço: projeto e cálculo. Pini, 2003. 508p.
ISBN 8572661441.
• BOTELHO, M. H. C. e MARCHETTI, O. Concreto Armado, eu te amo. Editora
Edgard Blücher Ltda, 2002. ISBN: 8521203071
• COUTINHO, E. O espaço da arquitetura. Perspectiva, 1998. 239p. ISBN
8527301660.
• CUNHA, A. J. P.; LIMA, N. A.; SOUZA, V. C. M. Acidentes Estruturais na
Construção Civil. Volume 1. PINI, 1996. ISBN: 8572660615.
• CUNHA, A. J. P.; LIMA, N. A.; SOUZA, V. C. M. Acidentes Estruturais na
Construção Civil. Volume 2. PINI, 1996. ISBN: 857266100x
• DIAS, L. A. M. Estruturas de aço: conceitos, técnicas e linguagem. Editora
Zigurate, 1997. 178 p. ISBN: 8585570024.
• “Edificações de Aço no Brasil”. Zigurate. São Paulo, 1993. ISBN: 8585570016.
• FRAMPTON, K. e BLASER, P. Santiago Calatrava. Editora Gustavo Gili,
1989. ISBN: 8881185261.
• HANAI, J. B. Construções de argamassa armada: fundamentos tecnológicos
para projeto e execução. Pini, 1999. 192p. ISBN 8572660038.
• MARGARIDO A. F. Fundamentos de Estruturas. Editora Zigurate, 2001. 334
p. ISBN: 8585570059.
• MEYER, K. F. Construções com Tubos. Karl Fritz Meyer, 2002. 224 p.
• MUNARI, B. Das coisas nascem coisas. Martins Fontes, 2000. 386p. ISBN:
8533608756

187
• NIEMEYER, CORBUSIER, TANGI e outros. Exemplos de arquitetura.
Coleção Enciclopédica da Construção. Hemus. 500p. ISBN: 8528902587.
• OTTO, F. Tensile structures: design, structure and calculation.
• RAMALHO, M. A. e CORRÊA M. R. S. Projeto de edifícios de alvenaria
estrutural. Pini, 2003. 188p. ISBN: 8572661476.
• REBELLO Y. C. P. A concepção estrutural e a arquitetura. Editora Zigurate,
2000. 271 p. ISBN: 8585570032.
• RICHARD, W. Materials, form and arquitecture. Editora Laurence King, 2003.
240p. ISBN: 1856692957.
• SCHROEDER, R. Novas tecnologias Egc arquitetura. Ateliê, 2003. 44p. ISBN:
8574802204.
• SILVA, G. G. Arquitetura do ferro no Brasil. Nobel, 1987. 248p. ISBN:
8521304641.
• SILVA, S. F. Zanine, Sentir e Fazer. Agir, 1995.ISBN: 8522003777.
• SOLOT, D.C. Paulo Mendes da Rocha: estrutura - o êxito da forma. Editora
Viana & Mosley, 2004. 124 p. ISBN: 8588721163.
• TOSCANO, J. W. João Walter Toscano. Editora Unesp, 2002. 186 p. ISBN:
8571394091.
• VASCONCELOS A. C. Estruturas da natureza um estudo da interlace entre
biologia e engenharia. Studio Nobel, São Paulo, 2000. 312 p. ISBN
8585445866.
• VASCONCELOS, A. C. Estruturas Arquitetônica: Apreciação intuitiva das
formas estruturais. Studio Nobel, 1991, 115 p.
• YAZIGI, W. A técnica de edificar. Pini, 2003. 670p. ISBN: 8572661468.
• ZANETTINI, S. Arquitetura, razão, sensibilidade. Editora da USP, 2002. 472p.
ISBN: 853140729x.
• ZANI, A. C. Arquitetura em madeira. Imprensa Oficial SP, 2003. 397p. ISBN:
8570601891.

188
Exercícios
Responda as questões discursivas abaixo, sobre o que acabamos de ver:

Hoje teremos uma aula prática e treinaremos os conceitos aprendidos aqui.

1) Quais os critérios para afirmarmos que um elemento se encontra em


equilíbrio?

2) Trace o caminho que o peso da barra A fará nas estruturas até ser
dissipado pelo solo:

a.

c.

b.

d.

189
e.

_____________________________________________________
_____________________________________________________
_____________________________________________________
_____________________________________________________
_____________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________

190
AULA 9
VÍNCULOS ESTRUTURAIS – PARTE I

APRESENTAÇÃO DA AULA
Percebemos então como agem as forças e como estas se movem do local de
sua aplicação até seu apoio, afim de se estabilizar.

Nesta aula, vamos entender como os diferentes elementos construtivos se


vinculam e interagem, servindo um de sustentação para o outro, ou seja, os tipos de
apoio.

Devido ao tema ser extenso, este será abordado em dois capítulos, ficando
reservado a este a primeira parte.

Boa aula!

OBJETIVOS DA AULA

Esperamos que, após o estudo do conteúdo deste módulo, você seja capaz
de:
➢ Compreenda o vínculo engaste e quais reações este impõe aos mais
diversos carregamentos
➢ Consiga desenvolver o modelo estrutural mais adequado para os
elementos esboçados

191
Olá aluno!
Os diferentes elementos estruturais se conectam através de
dispositivos de ligação denominados vínculos. Toda interação entre
os elementos que compõe a estrutura, como a ligação entre uma laje
e uma viga ou mesmo uma viga e um pilar são tratados como
vínculos e serão alvo de nossa aula!

São os vínculos que controlam, permitindo ou não, os possíveis movimentos entre os


elementos conectados. Lembra quais são os movimentos possíveis, e que foram alvo
de nossas condições de equilíbrio? Deslocamentos horizontais, verticais e rotações
(giros).

Voltemos a nosso exemplo dos dominós, onde analisaremos a peça B, que está
apoiada, respectivamente, nas peças A e C, conforme Figura 184, que também foi
utilizada em nossa última aula.

Figura 184 - A torre de dominós simula um sistema estrutural

As peças estão simplesmente apoiadas, sem qualquer tipo de vínculos entre elas,
certo? É possível verificarmos que sim, pois conseguimos empurrar qualquer peça
sem maiores esforços. Isto se dá por que as peças estão desconectadas.

192
Agora faremos algumas análises e nos postaremos a refletir sobre elas. Se pegarmos
uma cola e prendermos uma peça na outra, como demonstrado pela Figura 185, onde
esta cola está representada de vermelho, propiciaremos que os elementos tenham
comportamento único e inteiriço.

Figura 185 - A cola entre as peças propicia o engastamento

Á esta altura já conseguimos perceber que se dispende muito tempo representando


os elementos com seus formatos originais. Imagine toda vez que tivermos que nos
referir à estrutura de uma edificação, ou mesmo parte dela, tivermos que desenhar
viga por viga, pilar por pilar, laje por laje?

Para facilitar nosso trabalho, adotaremos aqui uma representação universal destes
elementos, chamada de modelo estrutural. Este conceito consiste de representarmos
os elementos por linhas, sem espessura, como demonstrado pela Figura 186, e iremos
tratar deste assunto ao longo desta e das próximas aulas.

193
Figura 186 - Modelagem Estrutural

O sistema de peças A, B e C de dominó, utilizados acima, podem ser representados


através da Figura 187.

Figura 187 - Modelo estrutural do pórtico formado pelo engastamento das peças

Diferencia-se de modelagem estrutural, por esta tratar da concepção da estrutural


atendendo a arquitetura. Já enfatizamos aqui, mas vale sempre ressaltar, a
necessidade da concepção viável pelo arquiteto, considerando os materiais e
sistemas construtivos disponíveis no local de implantação da edificação, bem como o
orçamento previsto.

Voltando ao nosso exemplo, reparem que, se tentarmos empurrar horizontalmente


apenas a peça B, ela estará presa tanto à peça A quanto à peça B, que impedirão
este deslocamento.

194
Perceba que, da mesma forma, se tentarmos erguer (levantar) peça B, na vertical,
perceberemos que também estará presa às peças A e C, impedindo este
deslocamento.

E por último, mesmo que tiremos a peça A ou a peça C do sistema, conforme sugerido
pela Figura 188, a peça B continuaria presa, sem sofrer qualquer tipo de giro ou
rotação.

Figura 188 - O engaste entre as peças A e B propicia a estabilização da peça B, mesmo se tirarmos a
peça C

A este tipo de vínculo entre dois elementos, onde está impedido os deslocamentos
horizontal e vertical, bem como sua rotação, dá-se o nome de ‘engaste’ e é
representado pela simbologia apresentada pela Figura 189. Algumas bibliografias
retratam este tipo de apoio como ‘terceiro gênero’, porém não utilizaremos esta
nomenclatura.

Figura 189 - Simbologia padrão para representação de um apoio do tipo engaste

Podemos dizer, portanto, que a peça B encontra-se engastada em A pela esquerda e


engastada em C pela direita.

195
Esta frase acima pode ser convertida em um modelo, onde, utilizamos a seguinte
simbologia, demonstrada pela Figura 190. Denominamos para elementos que
possuem dois apoios, o rótulo de biapoiados.

Figura 190 - Modelo estrutural da peça B engastada pela esquerda pela peça A e pela direita pela peça B

Na prática, podemos propiciar o engastamento de uma estrutura de concreto armado


em outra conectando as armaduras de aço e realizando a concretagem simultânea
destes elementos.

Já nas estruturas de aço, o engastamento é propiciado através de chapas metálicas


e soldas, como podemos visualizar pela Figura 191.

Figura 191 - Chapas metálicas propiciam o engastamento de uma peça metálica à outra

Analisaremos agora uma outra hipótese, apenas utilizando as peças A e B. Conforme


exemplo anterior, suponha que estas peças estão coladas, ou seja, engastadas,
conforme exibido pela Figura 192. Considere que a peça A está bem fixada na mesa,
e não corre o risco de mover-se.

196
Figura 192 - O sistema composto pelas peças A e B se mantém equilibrado, desde que a peça A esteja
bem fixada na mesa

Perceba que, conforme dito acima, gasta-se tempo para representar esta estrutura
em suas formas originais, e para tal, lançaremos mão da modelagem da estrutura,
obtendo o modelo apresentado abaixo pela Figura 193.

Figura 193 - Da mesma forma, podemos elaborar a modelagem estrutural do sistema composto apenas
pelas peças A e B

Se analisarmos apenas a peça B, que se encontra na horizontal, podemos dizer que


esta se encontra engastada na peça A e pode ser, portanto, modelada conforme a
Figura 194.

Figura 194 - Analisando apenas a peça B, podemos dizer que é um elemento fixado na horizontal,
engastado pela esquerda e livre na direita

197
Esta técnica pode ser reproduzida as demais peças de um sistema, onde
conseguimos perceber que a vinculação destes elementos nos retorna à correlação
apresentada pela Figura 195, onde a marquise está engastada no pilar da mesma
forma que os trechos superior e inferior do pilar se engastam. A este sistema,
denominamos pórtico.

Figura 195 - Pode-se decompor um sistema em pórtico e perceber que se trata de peças individuais
engastadas uma na outra

Quando o elemento está engastado apenas de um lado e livre na outra ponta, dizemos
que ele está em balanço. Esta técnica construtiva é utilizada de forma recorrente por
arquitetos é um dos principais desafios cálculo estrutural, como exemplificado pela
Figura 196.

Figura 196 - O Jockey Club do Rio de Janeiro detêve durante anos o recorde mundial de cobertura em
balanço

198
Para este vínculo faremos agora algumas experiências com forças. Seja a peça B, em
balanço, modelada através da Figura 197, conforme já demonstrado pela Figura 194:

Figura 197 - A peça B em modelagem estrutural

Se aplicarmos uma força horizontal para a esquerda sobre a peça, conforme ilustrado
pela Figura 198, como ela está presa pelo engaste, ela não se move. Para que ela
não se mova, outra força deve existir nos apoios, denominada reação, com a mesma
intensidade e sentido contrário, impedindo a atuação da força aplicada.

Apenas para ilustrarmos, iremos adotar a aplicação de uma força azul, de valor
genérico e as reações com cor marrom.

Figura 198 - A aplicação de uma força horizontal gera uma reação, também horizontal, porém em sentido
contrário

Isto significa que, se aplicarmos uma força de -30 N (perceba que é negativa pois está
apontando para a esquerda), a reação gerada também será de 30 N, só que positiva,
pois está apontando para a direita.

Perceba que se invertermos a aplicação da força, agora para a direita, conforme


demonstrado pela Figura 199, a reação também é automaticamente invertida, uma
vez que ela apenas existe para que o sistema se mantenha em equilíbrio. Lembra que
se um elemento está parado, o somatório de forças é igual à zero?

199
Figura 199 - Invertendo o sentido da aplicação da força, também inverte o sentido da reação

Da mesma forma, se aplicarmos uma força de 25 N para a direita (positiva), surgirá


uma reação de –25 N para a esquerda.

Neste momento, aproveitamos a oportunidade para entendermos o conceito de


somatório de forças. Se em uma barra estão aplicadas duas cargas, como
apresentado pela , sendo uma de 5 kN e outra de 10 kN, respectivamente, qual será
a reação horizontal a este carregamento?

Figura 200 - Duas cargas de mesmo sentido atuando concomitantemente em um elemento de barra

Como as cargas estão apontando para o mesmo sentido, no caso positivo, podemos
deduzir que a reação que irá surgir será para combater a atuação das duas cargas,
concomitantemente. Logo, a reação deverá ser de 15 kN, como demonstrado pela
Figura 201.

Figura 201 - A reação sempre ocorrerá para todas as cargas que estiverem atuando em simultâneidade.

De modo análogo, podemos fazer o mesmo experimento com forças em sentido


opostos, como sugere a Figura 202, onde temos uma carga para a esquerda
(negativa) de 8 kN e uma carga para a direita 15 kN. Qual a reação horizontal que irá
surgir no apoio de engaste?

200
Figura 202 - Elemento de barra, engastado, sofrendo a atuação de duas cargas opostas

Como temos uma carga de -8 kN e outra de 15 kN, podemos perceber que, para o
apoio, trata-se de uma força única, resultante da subtração destas forças, no valor de
7 kN, a qual o engaste deverá resistir.

Portanto, conforme observado pela Figura 203, a reação resultante será dos mesmos
7 kN. Lembre-se sempre que a reação terá o valor exato para que o sistema entre em
equilíbrio.

Figura 203 - Reação no apoio engastado devido a aplicação das duas cargas

Observe que empurrar ou puxar o elemento não gera uma tendência de rotação na
barra, uma vez não há distância entre o apoio e a linha de aplicação da força.

O mesmo raciocínio pode-se fazer para a aplicação de uma força vertical para baixo,
conforme a Figura 204.

Figura 204 - A aplicação de uma força vertical também gera uma reação contrária

201
Notem que, se uma força de -20 kN está aplicada à barra (negativo pois está para
baixo), uma reação de 20 kN irá surgir.

E também, para a aplicação de força no sentido contrário, para cima, resultando em


uma reação contrária, conforme Figura 205.

Figura 205 - Da mesma forma, invertendo a aplicação da força vertical, também se inverte a reação

Notem que as forças pontuais, conforme demonstrado nestes exemplos acima,


possuem como unidade de medida o Newton. Lembra o que é esta unidade? É um
quilograma acelerado por uma gravidade de 9,81 m/s².

Podemos analisar que sobre um elemento sempre haverá atuação de seu próprio
peso, que está presente de forma distribuída ao longo do elemento, exercendo sobre
o apoio engastado uma força vertical para baixo constante. Portanto, a partir de agora,
é intuitivo percebermos que, naturalmente, surgirá uma reação vertical para cima, nos
apoios, visando manter a estabilidade do sistema, oriunda do peso-próprio do
elemento, como podemos observar pela Figura 206.

Figura 206 - O peso-próprio é um carregamento distribuído ao longo do elemento

202
Na aula 7 iniciamos este entendimento, porém agora conseguimos abordá-lo
novamente, uma vez que evoluímos em nossa disciplina. Perceba que as forças
distribuídas terão a unidade Newton por metro, que pode ser suprimida para N/m. Isto
significa que é uma força aplicada linearmente, onde a cada um metro de comprimento
tem um newton de força.

Um exemplo, se dissermos que uma viga em balanço de três metros, encontra-se sob
a ação de uma carga de 2,00 kN/m, qual a carga total que ela estará fazendo sobre
seu apoio?

Se são 2 kN a cada metro e são 3 metros de comprimento, fica fácil de percebermos


que serão 2 kN/m x 3m = 6 kN. A este valor denominamos carga resultante, uma vez
que é o valor que descreve a carga total aplicada por um carregamento linear ao longo
de todo seu caminho. Esta carga fica localizada no centro da carga distribuída.

Portanto, qual a reação que o apoio deverá fornecer para manter o equilíbrio do
sistema? A força total que a ele está chegando, logo, os 6 kN!

Agora perceba que, pelo fato de a marquise estar presa apenas de um lado, uma força
vertical, aplicada em qualquer ponto da marquise, gera, inevitavelmente, uma
tendência de giro em torno de seu apoio, conforme exibido pela Figura 207.

203
Figura 207 - Conforme definido anteriormente, podemos dizer que se trata de uma rotação negativa, por
estar no sentido horário (o mesmo do relógio)

Assim, podemos perceber que, novamente, se o elemento está engastado, este


também não poderá sofrer rotações, logo, alguma reação contrária à rotação deve
existir no apoio, visando neutralizar a força atuante.

Se a reação para uma força é também uma força, é de fácil dedução que para a
aplicação de uma rotação, ou seja, de um momento, sua reação seja também uma
rotação, só que em sentido contrário, um momento de sentido contrário. Para o nosso
último exemplo, uma vez que a carga gera uma rotação no sentido horário, é natural
que a reação gere uma rotação no sentido anti-horário, de igual intensidade, visando
neutralizá-la.

Perceba que, para a ação vertical na marquise, duas reações apareceram, sendo a
primeira, também vertical, porém em sentido oposto, visando impedir o deslocamento
vertical, e uma reação de rotação, visando impedir a tendência de rotação gerada pela
aplicação da força.

204
Figura 208 - A aplicação de uma força vertical, gera, portanto, uma reação de rotação, além da reação ao
deslocamento vertical

Podemos, da mesma forma que fizemos com as cargas horizontal e vertical,


exemplificar numericamente o cálculo da reação de momento.

Seja uma barra engastada com setenta e cinco centímetros de comprimento, com uma
carga de 10 kN em sua extremidade direita, conforme apresentado pela Figura 209.
Qual será o valor das reações no apoio de engaste?

Figura 209 - Carga de 10 kN aplicada à uma barra engastada, a setenta e cinco centimetros de seu apoio

Conseguimos facilmente deduzir que deverá existir uma reação vertical impedindo o
movimento para baixo da barra, e que essa reação terá o valor da carga aplicada,
logo, também com o valor de 10 kN. Mas e o valor da reação ao momento? Também
será igual ao momento aplicado.

Vamos calcular este valor? Uma carga de 10 kN distando 0,75 metros do apoio,
segundo a equação:

𝑀 = 𝐹 ∗ 𝑑 = 10 ∗ 0,75 = 7,5 𝑘𝑁. 𝑚

205
Desta forma, nos resulta nas seguintes reações, conforme apresentado pela Figura
210.

Figura 210 - Reações a aplicação de uma carga de 10 kN aplicada à 75 cm em uma barra engastada

Desta forma podemos concluir que o apoio engastado, gera três possíveis reações à
aplicação de forças, conforme podemos observar pela Figura 211, restringindo, como
dito acima, o movimento horizontal, vertical, e de rotação, ou seja, gerando reações
como as cargas horizontal e vertical e momento.

Figura 211 - O apoio do tipo engaste impede os deslocamentos horizontal e vertical e a rotação, desta
forma gerando as três reações indicadas

Lembra dos critérios de equilíbrio? A peça estaria estática se exatamente atendesse


a estes critérios. Portanto, podemos concluir que o engaste é um apoio que por si
próprio já garante a estabilidade ao elemento, por restringir todos os três tipos
possíveis de movimento.

Então podemos voltar a nossa torre de dominó. Analisando apenas a peça B, como
está engastada, pela cola, nas peças A e C, podemos concluir que ela possui a

206
modelagem apresentada pela Figura 212, apresentando as respectivas possíveis
reações nos apoios.

Figura 212 - A peça B encontra-se engastada por ambos os lados, presa por seis reações

Se apenas um apoio de engaste já garantiria o atendimento às condições de equilíbrio


da peça, neste caso temos os dois lados do elemento, nos propiciando o dobro de
reações ao mínimo necessárias para a estabilidade da peça. Então, podemos retirar,
a qualquer momento, qualquer um dos apoios, que a peça B permanecerá em sua
posição.

Para este tipo de estruturas, que excedem a quantidade de reações mínimas


necessárias, recebem o nome de estruturas hiperestáticas. Observe que hiper é o
radical grego que significa quantidade acima da necessária.

Próxima aula continuaremos nosso estudo do comportamento das estruturas de


acordo com o seu tipo de vínculo. Até!

207
Resumo
Nesta aula compreendemos que os elementos se conectam pelos mais distintos
vínculos, e que de acordo com suas propriedades, irão restringir diferentes
movimentos.

Iniciamos, nesta aula, o estudo sobre o vínculo engaste.

208
Complementar
Para esta aula reservamos três vídeos, que irão auxiliá-los a entender melhor este
conceito.

Tipos de Apoios em Estruturas


https://www.youtube.com/watch?v=M-4pQ8c7CJA

Apoios Estruturais
https://www.youtube.com/watch?v=Tl20YErV8OU

Vínculos Estruturais
https://www.youtube.com/watch?v=n6qS-YKSkJI

Planos Cartesianos
https://youtu.be/stGz9jipoaw

Observação em Campo – Apoio Primeiro Gênero


https://www.youtube.com/watch?v=A0aGie821PM

209
Referências Bibliográficas

• A concepção Estrutural e a Arquitetura de Yopanan Rebello


• Estruturas Arquitetônicas – Composição e Modelagem de Liliana Fay
• BENEVOLO, L. História da Arquitetura Moderna.
• MITCHELL, W. J. A lógica da arquitetura: projeto, computação e cognição.
• Análise Estrutural Para Engenharia Civil e Arquitetura de Moacir Kripka
• Modelagem de Estruturas de Pedro Colmar Gonçalves da Silva Vellasco
• Fundamentos de Estruturas de Aluizio Fontana Margarido
• Análise das Estruturas de R. C. Hibbeler
• HENGEL, H. Sistemas de estruturas. Editorial Gustavo Gili, 2001. 352 p.
ISBN: 8425218004.
• SILVA, D. M. e SOUTO, A. K. Estruturas: uma abordagem arquitetônica.
Editora Ritter dos Reis, 2002. 150p. ISBN: 8524105623.
• REBELLO, Y. C. P. “A Concepção Estrutural e a Arquitetura”. Editora
Zigurate, 2000. ISBN: 8585570032
• ANELLI, R.; GUERRA A. e KON, N. Rino Levi, arquitetura e cidade. Editora
Romano Guerra, 2001. ISBN: 8588585014.
• BELLEI, I. H. Edifícios industriais em aço: projeto e cálculo. Pini, 2003. 508p.
ISBN 8572661441.
• BOTELHO, M. H. C. e MARCHETTI, O. Concreto Armado, eu te amo. Editora
Edgard Blücher Ltda, 2002. ISBN: 8521203071
• COUTINHO, E. O espaço da arquitetura. Perspectiva, 1998. 239p. ISBN
8527301660.
• CUNHA, A. J. P.; LIMA, N. A.; SOUZA, V. C. M. Acidentes Estruturais na
Construção Civil. Volume 1. PINI, 1996. ISBN: 8572660615.
• CUNHA, A. J. P.; LIMA, N. A.; SOUZA, V. C. M. Acidentes Estruturais na
Construção Civil. Volume 2. PINI, 1996. ISBN: 857266100x
• DIAS, L. A. M. Estruturas de aço: conceitos, técnicas e linguagem. Editora
Zigurate, 1997. 178 p. ISBN: 8585570024.
• “Edificações de Aço no Brasil”. Zigurate. São Paulo, 1993. ISBN: 8585570016.
• FRAMPTON, K. e BLASER, P. Santiago Calatrava. Editora Gustavo Gili,
1989. ISBN: 8881185261.
• HANAI, J. B. Construções de argamassa armada: fundamentos tecnológicos
para projeto e execução. Pini, 1999. 192p. ISBN 8572660038.
• MARGARIDO A. F. Fundamentos de Estruturas. Editora Zigurate, 2001. 334
p. ISBN: 8585570059.
• MEYER, K. F. Construções com Tubos. Karl Fritz Meyer, 2002. 224 p.
• MUNARI, B. Das coisas nascem coisas. Martins Fontes, 2000. 386p. ISBN:
8533608756
• NIEMEYER, CORBUSIER, TANGI e outros. Exemplos de arquitetura.
Coleção Enciclopédica da Construção. Hemus. 500p. ISBN: 8528902587.
210
• OTTO, F. Tensile structures: design, structure and calculation.
• RAMALHO, M. A. e CORRÊA M. R. S. Projeto de edifícios de alvenaria
estrutural. Pini, 2003. 188p. ISBN: 8572661476.
• REBELLO Y. C. P. A concepção estrutural e a arquitetura. Editora Zigurate,
2000. 271 p. ISBN: 8585570032.
• RICHARD, W. Materials, form and arquitecture. Editora Laurence King, 2003.
240p. ISBN: 1856692957.
• SCHROEDER, R. Novas tecnologias Egc arquitetura. Ateliê, 2003. 44p. ISBN:
8574802204.
• SILVA, G. G. Arquitetura do ferro no Brasil. Nobel, 1987. 248p. ISBN:
8521304641.
• SILVA, S. F. Zanine, Sentir e Fazer. Agir, 1995.ISBN: 8522003777.
• SOLOT, D.C. Paulo Mendes da Rocha: estrutura - o êxito da forma. Editora
Viana & Mosley, 2004. 124 p. ISBN: 8588721163.
• TOSCANO, J. W. João Walter Toscano. Editora Unesp, 2002. 186 p. ISBN:
8571394091.
• VASCONCELOS A. C. Estruturas da natureza um estudo da interlace entre
biologia e engenharia. Studio Nobel, São Paulo, 2000. 312 p. ISBN
8585445866.
• VASCONCELOS, A. C. Estruturas Arquitetônica: Apreciação intuitiva das
formas estruturais. Studio Nobel, 1991, 115 p.
• YAZIGI, W. A técnica de edificar. Pini, 2003. 670p. ISBN: 8572661468.
• ZANETTINI, S. Arquitetura, razão, sensibilidade. Editora da USP, 2002. 472p.
ISBN: 853140729x.
• ZANI, A. C. Arquitetura em madeira. Imprensa Oficial SP, 2003. 397p. ISBN:
8570601891.

211
Exercícios
Responda as questões discursivas abaixo, sobre o que acabamos de ver:

1) Desenvolva o modelo estrutural visando representar os elementos contidos no


esboço abaixo:

2) Demonstre as reações que serão geradas devido a aplicação das cargas em


cada elemento abaixo:

212
a.

b.

c.

d.

_____________________________________________________
_____________________________________________________
_____________________________________________________
_____________________________________________________
_____________________________________________________
___________________________________________________________________
213
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________

214
AULA 10
VÍNCULOS ESTRUTURAIS – PARTE II

APRESENTAÇÃO DA AULA
Iremos continuar nossos estudos nesta aula, visando a conclusão do tema de
vínculos estruturais.

Hoje abordaremos os vínculos fixos articulados e móveis articulados


(deslizantes).

Boa aula!
.

OBJETIVOS DA AULA

Esperamos que, após o estudo do conteúdo deste módulo, você seja capaz
de:
➢ Compreenda o vínculo fixo articulado e quais reações este impõe aos
mais diversos carregamentos;
➢ Compreenda o vínculo móvel articulado e quais reações este impõe
aos mais diversos carregamentos

215
Olá aluno!
Agora continuemos com nossas experiências de dominó. Aliás,
sugiro que você faça estas experiências em casa. Consiga algumas
peças e refaça as práticas descritas aqui. Tenho certeza que você
passará a compreender melhor estes mecanismos físicos.

Imagine agora uma segunda cena, ainda mantendo as peças A e B coladas, ou seja,
engastadas. E se agora, conectássemos as peças B e C através de um pino, ou como
aprenderemos, uma rótula, conforme demonstra a Figura 213

Figura 213 - A peça B conta agora com um apoio tipo engaste pela esquerda e um apoio articulado fixo
pela direita

Uma rótula é o mecanismo de ligação que propicia a livre rotação, porém sem permitir
o deslocamento, nem horizontal, nem vertical. Um pouco difícil de entender, certo?
Vejamos por exemplos.

Seja uma porta de madeira, conforme ilustrada pela Figura 214, igual à esta que está
em sua casa ou escritório, que se encontra fixada na aduela, ou diretamente na
parede, por dobradiças.

216
Figura 214 - A dobradiça das portas de madeira propicia um apoio do tipo fixo

Você consegue puxar esta porta para cima, tentando levantá-la? Difícil, não é mesmo?
Por que a dobradiça impede o deslocamento vertical.

Você consegue empurrar ou puxar a porta horizontalmente, tirando-a transportando-


a de um cômodo para outro com facilidade, sem tirar as dobradiças? Também acho
que bem difícil. Isto se deve pois a dobradiça impede também o deslocamento
horizontal.

Ok. Até aqui, igual, o mesmo roteiro do engaste. Mas agora, se empurrarmos a porta,
ela irá girar em torno do eixo onde estão as dobradiças. É desta maneira que
fechamos e abrimos as portas. Isto se deve ao fato de que as dobradiças permitem a
rotação ou giro, mesmo impedindo o deslocamento vertical e horizontal.

A este tipo de apoio nomeamos como apoio articulado fixo, ou apenas apoio fixo,
permitindo a rotulação e impedindo o deslocamento. Podemos encontrar o rótulo de
articulado para este apoio, tendo em vista a possibilidade de rotação deste. Da mesma
forma que o anterior, algumas bibliografias retratam este tipo de apoio como ‘segundo
gênero’.

Notem que este exemplo da porta é importante pois podemos observar a variação da
intensidade do momento. Faça a seguinte prática: com a ponta do dedo indicador,

217
você irá aplicar um empurrão curto em uma porta de madeira suspensa por
pelo menos duas dobradiças.

Primeiro faça a aplicação desta força na extremidade da porta, próximo à maçaneta.


Irá perceber que, praticamente consegue fechar a porta com um simples toque.

Refaça a experiência aplicando o mesmo toque, tentando ao máximo manter a mesma


intensidade no empurrão aplicado na primeira posição, no meio da porta. Tente evitar
variar a altura de aplicação.

Irá perceber que a porta fechou um pouco menos, ficando pelo caminho. Isso significa
que a rotação que você conseguiu infligir foi menor, ou seja, o momento foi menor.

Isto se deve ao fato de o momento ser o produto da intensidade da força pela distância
do apoio ao ponto de sua aplicação.

Lembra da equação?

𝑀 =𝐹∗𝑑

Como a primeira tentativa foi na extremidade da porta, e agora, esta segunda


tentativa, no meio da porta, você reduziu a distância de aplicação da força ao apoio
pela metade, logo, reduziu a intensidade do momento também pela metade, devido à
linearidade da equação.

Agora faremos uma terceira tentativa. Aplique a mesma força no início da porta, logo
após as dobradiças. Lembre-se de manter a mesma intensidade de aplicação da força
de quando executou a primeira aplicação, próximo à maçaneta.

Percebeu que, praticamente a porta não se mexeu? Vamos ver matematicamente o


porquê?

218
Se sua distância ao apoio é aproximadamente zero, pois você está aplicando rente às
dobradiças, não importa o valor da força, conforme a equação M = F * d, qualquer
valor de momento será sempre zero.

Com isto podemos fazer duas rápidas conclusões. Primeiro de que se eu aplicar uma
força centrada no apoio, o elemento não irá rotacionar, como ilustrado pela Figura
215.

Isto se deve por que se o apoio permite a rotação, o valor do momento sobre ele é
zero (nulo).

Figura 215 - Ao se equilibrar pedras, procura-se apoiar a peça de cima no centro da debaixo, afim de
evitar o surgimento de rotação

A segunda que quanto mais distante a força estiver do apoio, maior será a tendência
de giro aplicada por ela ao apoio, ou seja, maior será o seu momento aplicado.

Isto se deve ao mesmo motivo de quando você vai trocar a roda do carro, deve-se
segurar a chave de rodas em sua outra extremidade, para maximizar o torque, o giro,
a rotação ou, como tecnicamente acabamos de aprender, o momento, pois Quanto
mais distante do apoio maior sua intensidade, conforme demonstrado pela Figura 216.

219
Figura 216 - A chave de roda é um exemplo clássico para o entendimento dos esforços de momento

Este apoio é representado pela simbologia apresentada pela Figura 217.

Figura 217 - Simbologia padrão para representação de um apoio fixo

Como este tipo de apoio restringe os movimentos verticais e horizontais, porém


permite a rotação, podemos demonstrar suar possíveis reações através da Figura
218.

Figura 218 - O apoio do tipo fixo permite a rotação do elemento, impedindo os deslocamentos horizontal
e vertical

220
Este tipo de apoio pode ser encontrado em diversas estruturas, onde deseja-se
permitir a rotulação de elementos, afim de evitar esforços internos elevados, como
demonstrado pela Figura 219.

Figura 219 - Apoio articulado fixo de uma ponte. O apoio pode rotular livremente, porém seu
deslocamento está vedado.

Com isto conseguimos modelar este sistema através da Figura 220.

Figura 220 - Modelagem estrutural da peça B com o apoio da esquerda em engaste e o apoio da direita fixo

Analisemos agora as possíveis reações que este sistema pode nos retornar,
demonstrando pela Figura 221.

221
Figura 221 - Demonstração das possíveis reações existentes neste sistema

Percebemos que ainda temos cinco reações, sendo que apenas precisamos de três
reação para manter o equilíbrio, logo, esta também é uma estrutura hiperestática.

Se retirarmos o apoio da direita, o apoio fixo, a peça continua estabilizada, presa


apenas pelo engaste, por que só ele já fornece as três reações mínimas necessárias.

Mas se retirarmos o apoio da esquerda, de engaste, ficando presa apenas pelo apoio
da direita, no caso pelo apoio fixo, como demonstrado pela Figura 222, a peça também
mantém sua estabilidade?

Figura 222 - Estrutura insustentável devido ao não atendimento à quantidade mínima de reações
necessárias

Perceba que o apoio fixo, por si só, apenas fornece duas reações, sendo necessárias
três para manter a estabilidade. Assim, podemos perceber isto, por uma simples
análise da modelagem da estrutura, conforme indicado pela Figura 223. Como este
apoio permite a rotação, a peça B não se sustentaria em sua posição, estando presa
como um ponteiro de relógio, por exemplo.

222
Figura 223 - Devido à inexistência de impedimento à rotação, o elemento irá trabalhar como um pêndulo,
podendo girar livremente

A estas estruturas, que não se sustentam, ou seja, que possuem reações em número
inferior a três, denominamos de estruturas hipostáticas. Observe que hipo é o radical
de origem grega que significa quantidade abaixo da necessária.

Agora trataremos do terceiro e último tipo de apoio. Ainda em nosso exemplo da torre
de dominó. Suponha que as peças B e C permaneceram conectadas por um pino, e
que agora entre as peças A e B você apoiou dois pedaços de palitos de dentes,
servindo como roletes, antes de também conectá-las por pinos, como sugere a Figura
224.

Figura 224 - A peça B encontra-se agora apoiada pela esquerda por um apoio móvel e pela direita por um
apoio fixo

223
Este tipo de apoio da esquerda, se diferencia do apoio fixo por permitir o movimento
em uma direção, neste caso, permitindo o deslocamento do elemento na horizontal. A
este tipo de apoio denomina-se apoio móvel, e sua simbologia é apresentada abaixo
através da Figura 225.

Figura 225 - Simbologia padrão para representação de apoios móveis

Este tipo de apoio, portanto, apenas restringe o movimento vertical, permitindo a livre
rotulação e movimento horizontal, conforme demonstrado pela Figura 226.

Figura 226 - Demonstração das reações existentes no apoio do tipo móvel

Observe que este apoio também pode ser utilizado na vertical, restringindo assim, o
movimento horizontal, da forma como apresentado na Figura 227.

Figura 227 - O apoio móvel pode ser inclusive posicionado na vertical, restringindo apenas o
deslocamento horizontal

224
Desta maneira, possibilita a livre rotação e movimento vertical, restringindo apenas,
como dito acima, e demonstrado pela Figura 228, o movimento horizontal.

Figura 228 - De forma análoga, demonstrado a reação possível para este apoio, quando posicionado na
vertical

Este tipo de apoio é geralmente encontrado em estruturas onde deseja-se permitir


pequenas deformações horizontais da estrutura, como em pontes, viadutos e
edifícios-garagem, devido à existência de constantes cargas horizontais, oriundas da
frenagem e aceleração dos veículos, ou mesmo da dilatação térmica da estrutura.

Estes apoios podem ser encontrados na prática como apoios de rolete de aço, como
eram utilizados antigamente, ou em sua versão mais moderna, como apoios do tipo
Neoprene, conforme demonstrado pela Figura 229, que permitem leves deformações
horizontais e rotações, porém impedindo o deslocamento vertical.

Figura 229 - Apoio móvel (deslizante) tipo Neoprene utilizado no encontro da vigas e pilares de uma
ponte em concreto armado

225
Desta forma, podemos conceber a modelagem da peça B, conforme apresentado pela
Figura 230, considerando um apoio móvel na esquerda e um apoio fixo em sua direita.

Figura 230 - Modelo estrutural da peça B, considerando um apoio móvel na esquerda e um apoio fixo em
sua direita

Perceba que mesmo o apoio da esquerda permitindo o deslocamento, a peça B


continua fixa, mesmo que a ela apliquemos uma força horizontal, um empurrão, pois
o apoio da direita, que é fixo, restringe o movimento horizontal, como podemos
perceber pela modelagem estrutural deste sistema, apresentado pela Figura 231.

Figura 231 - Para esta modelagem, surgem três reações de apoio que é exatamente a quantidade mínima
de reações necessárias para a estabilidade

Da mesma forma, se tentarmos deslocar a barra B na vertical, também seremos


impedidos. E por último, por possuir dois apoios, não conseguimos girar a barra, em
nenhum dos dois sentidos.

Isto também pode ser verificado matematicamente, uma vez que este sistema possui
três reações, que é o número exato de reações mínimas necessárias.

Sempre que uma estrutura possuir a quantidade mínima exata de reações para que
esteja em equilíbrio, essa estrutura será denominada isostática. Observe que iso é o

226
radical grego que significa na mesma quantidade da necessária. Da mesma forma que
os apoios anteriores, algumas bibliografias denominam como primeiro gênero.

Então, podemos resumir esta aula. Aprendemos que existem três diferentes tipos de
apoios, sendo o apoio de engaste, restringindo todos três os movimentos possíveis
(deslocamentos vertical e horizontal e rotação), o apoio fixo, restringindo apenas dois
movimentos de deslocamento, vertical e horizontal, e permitindo a rotação; e por
último o apoio móvel que apenas restringe um movimento de deslocamento, na
horizontal ou na vertical.

Antes de encerrar esta aula, faremos pequenos raciocínios juntos. Para iniciar estas
reflexões, que tipo de apoio permite o deslocamento horizontal e vertical e também
permite a rotação? Nenhum! Se permite se deslocar e rotacionar livremente é por que
esta borda do elemento está livre, como a outra extremidade de uma viga engastada,
por exemplo.

Vigas contínuas, com mais de dois apoios, como exemplificado pela Figura 232,
tendem a ser estruturas hiperestáticas, uma vez que irão possuir mais reações do que
as três mínimas necessárias.

Figura 232 - Viga contínua é aquela que possui mais de dois apoios

227
Mas este raciocínio pode nos levar a alguns enganos e iremos evitá-los agora.
Devemos observar se as três reações que surgiram em uma viga contínua garantem
realmente a estabilidade. Vamos dar um exemplo: Seja a viga apresentada abaixo
pela Figura 233, que possui três apoios.

Figura 233 - Estrutura hipostática de três apoios

Quais são as ações que ela impede? Repare através da Figura 234, que apenas
temos reações verticais. Logo, se aplicássemos uma carga horizontal, esta estrutura
estaria livre para deslizar.

Figura 234 – Reações na estrutura hipostática

E quando as forças atuantes são superiores às reações que os apoios podem


oferecer? Por exemplo, seja uma viga em balanço, onde apoiam-se outras três vigas,
que geram cargas concentradas nesta, conforme exemplificado pela Figura 235.

Figura 235 - Viga em balanço sofrendo a atuação de três cargas pontuais

228
Supondo que, devido ao material e sistema construtivo utilizados, este apoio de
engaste apenas suporte 80 kN de carga vertical. Qual a reação que ele deveria possuir
para manter o sistema em equilíbrio?

Com os conhecimentos adquiridos, podemos calcular que a reação deverá ter a soma
das ações impostas sobre o elemento, logo, de 100 kN. Mas se o apoio só consegue
ofertar 80 kN, o que ocorrerá? A ruptura, como podemos visualizar exemplos através
da Figura 236, sendo o primeiro estágio, antes do colapso, a abertura de fissuras.

Figura 236 - O aparecimento de fissuras é a primeira patologia a indicar o início do processo de colapso
da estrutura

Nem sempre as estruturas reais apresentam vínculos perfeitos, ou seja perfeitamente


articulados ou móveis. A interpretação dos vínculos é sempre um modelo teórico,
pensado de forma que se aproxime ao máximo do comportamento real.

O desenho arquitetônico pode induzir a que o modelo estrutural se aproxime de um


ou outro tipo. Na Figura 237, a seguir, são mostrados exemplos em que o desenho da
arquitetura gera uma interpretação de vínculo. No primeiro, a diminuição da espessura
do pilar junto a viga leva inevitavelmente à interpretação de um vínculo articulado. Na
base devido ao grande aumento na dimensão do pilar, a interpretação mais adequada
é de um vínculo engastado.

229
Figura 237 - Concepções arquitetônicas podem induzir a escolha de sistemas estruturais

Para finalizar esta aula, deixemos aqui a Figura 238 que ilustra o conceito de
equilíbrio, iniciado na aula anterior e debatido hoje com mais afinco.

Figura 238 - Tipos de Equilíbrio

O que você entende desta figura? Entre em contato com o professor da disciplina e
debata sobre sua interpretação.
230
Assim encerramos mais uma aula! Concluímos que estruturas hipostáticas são
estruturas instáveis e serão evitadas na concepção estrutural de uma edificação. Em
nosso próximo encontro entenderemos como um elemento estrutural responde
internamente às mais diferentes solicitações. Até lá!

Até a próxima aula!

231
/
Resumo
Nesta aula concluímos o tópico de vínculos estruturais, fortalecendo
o aprendizado quanto ao engaste, e entendendo como funcionam os apoios fixos
articulados e móvel articulado.

Aprendemos também a classificar uma estrutura quanto a sua estabilidade, sendo


hipostática, isostática ou hiperestática.

232
Complementar
Na mesma linha da ultima aula, iremos finalizar nossa sessão de cinema. Seguem
mais alguns vídeos interessantes que irão compor nosso aprendizado.

Tipos de Apoios
https://www.youtube.com/watch?v=jYyarDg0FM8

Classificação Estruturais
https://www.youtube.com/watch?v=2TVElMkULrM

Já conhece o projeto mola? Vale a pena gastar uns minutos!


https://www.youtube.com/watch?v=MTDVEwNNxBo
https://www.youtube.com/watch?v=PUmGRfxYt_Q
https://www.youtube.com/watch?v=ZdnO80eODNE
https://www.youtube.com/watch?v=QOFUwsDorQo
https://www.youtube.com/watch?v=XvYgN_kPAEk
https://www.youtube.com/watch?v=SuMmAPsKaQk&t=153s

233
Referências Bibliográficas

• A concepção Estrutural e a Arquitetura de Yopanan Rebello


• Estruturas Arquitetônicas – Composição e Modelagem de Liliana Fay
• BENEVOLO, L. História da Arquitetura Moderna.
• MITCHELL, W. J. A lógica da arquitetura: projeto, computação e cognição.
• Análise Estrutural Para Engenharia Civil e Arquitetura de Moacir Kripka
• Modelagem de Estruturas de Pedro Colmar Gonçalves da Silva Vellasco
• Fundamentos de Estruturas de Aluizio Fontana Margarido
• Análise das Estruturas de R. C. Hibbeler
• HENGEL, H. Sistemas de estruturas. Editorial Gustavo Gili, 2001. 352 p.
ISBN: 8425218004.
• SILVA, D. M. e SOUTO, A. K. Estruturas: uma abordagem arquitetônica.
Editora Ritter dos Reis, 2002. 150p. ISBN: 8524105623.
• REBELLO, Y. C. P. “A Concepção Estrutural e a Arquitetura”. Editora
Zigurate, 2000. ISBN: 8585570032
• ANELLI, R.; GUERRA A. e KON, N. Rino Levi, arquitetura e cidade. Editora
Romano Guerra, 2001. ISBN: 8588585014.
• BELLEI, I. H. Edifícios industriais em aço: projeto e cálculo. Pini, 2003. 508p.
ISBN 8572661441.
• BOTELHO, M. H. C. e MARCHETTI, O. Concreto Armado, eu te amo. Editora
Edgard Blücher Ltda, 2002. ISBN: 8521203071
• COUTINHO, E. O espaço da arquitetura. Perspectiva, 1998. 239p. ISBN
8527301660.
• CUNHA, A. J. P.; LIMA, N. A.; SOUZA, V. C. M. Acidentes Estruturais na
Construção Civil. Volume 1. PINI, 1996. ISBN: 8572660615.
• CUNHA, A. J. P.; LIMA, N. A.; SOUZA, V. C. M. Acidentes Estruturais na
Construção Civil. Volume 2. PINI, 1996. ISBN: 857266100x
• DIAS, L. A. M. Estruturas de aço: conceitos, técnicas e linguagem. Editora
Zigurate, 1997. 178 p. ISBN: 8585570024.
• “Edificações de Aço no Brasil”. Zigurate. São Paulo, 1993. ISBN: 8585570016.
• FRAMPTON, K. e BLASER, P. Santiago Calatrava. Editora Gustavo Gili,
1989. ISBN: 8881185261.
• HANAI, J. B. Construções de argamassa armada: fundamentos tecnológicos
para projeto e execução. Pini, 1999. 192p. ISBN 8572660038.
• MARGARIDO A. F. Fundamentos de Estruturas. Editora Zigurate, 2001. 334
p. ISBN: 8585570059.
• MEYER, K. F. Construções com Tubos. Karl Fritz Meyer, 2002. 224 p.
• MUNARI, B. Das coisas nascem coisas. Martins Fontes, 2000. 386p. ISBN:
8533608756
• NIEMEYER, CORBUSIER, TANGI e outros. Exemplos de arquitetura.
Coleção Enciclopédica da Construção. Hemus. 500p. ISBN: 8528902587.
234
• OTTO, F. Tensile structures: design, structure and calculation.
• RAMALHO, M. A. e CORRÊA M. R. S. Projeto de edifícios de alvenaria
estrutural. Pini, 2003. 188p. ISBN: 8572661476.
• REBELLO Y. C. P. A concepção estrutural e a arquitetura. Editora Zigurate,
2000. 271 p. ISBN: 8585570032.
• RICHARD, W. Materials, form and arquitecture. Editora Laurence King, 2003.
240p. ISBN: 1856692957.
• SCHROEDER, R. Novas tecnologias Egc arquitetura. Ateliê, 2003. 44p. ISBN:
8574802204.
• SILVA, G. G. Arquitetura do ferro no Brasil. Nobel, 1987. 248p. ISBN:
8521304641.
• SILVA, S. F. Zanine, Sentir e Fazer. Agir, 1995.ISBN: 8522003777.
• SOLOT, D.C. Paulo Mendes da Rocha: estrutura - o êxito da forma. Editora
Viana & Mosley, 2004. 124 p. ISBN: 8588721163.
• TOSCANO, J. W. João Walter Toscano. Editora Unesp, 2002. 186 p. ISBN:
8571394091.
• VASCONCELOS A. C. Estruturas da natureza um estudo da interlace entre
biologia e engenharia. Studio Nobel, São Paulo, 2000. 312 p. ISBN
8585445866.
• VASCONCELOS, A. C. Estruturas Arquitetônica: Apreciação intuitiva das
formas estruturais. Studio Nobel, 1991, 115 p.
• YAZIGI, W. A técnica de edificar. Pini, 2003. 670p. ISBN: 8572661468.
• ZANETTINI, S. Arquitetura, razão, sensibilidade. Editora da USP, 2002. 472p.
ISBN: 853140729x.
• ZANI, A. C. Arquitetura em madeira. Imprensa Oficial SP, 2003. 397p. ISBN:
8570601891.

235
Exercícios

Classifique as estruturas abaixo de acordo com seu grau de estaticidade, dizendo se


a estrutura é hipostática, isostática ou hiperestática.

236
_____________________________________________________
_____________________________________________________
_____________________________________________________
_____________________________________________________
_____________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________

237
AULA 11
ESFORÇOS INTERNOS AXIAIS

APRESENTAÇÃO DA AULA
Percebemos então como agem as forças e como estas se movem do local de
sua aplicação até seu apoio, afim de se estabilizar, denominado caminho das forças.

Nesta aula, vamos entender como se comportam os elementos construtivos


quando sob eles forem aplicados carregamentos axiais, e seus efeitos, como a
flambagem.

Antes faremos uma breve introdução de tensão.

Boa aula!
.

OBJETIVOS DA AULA

Esperamos que, após o estudo do conteúdo deste módulo, você seja capaz
de:
➢ Compreender o comportamento de um elemento quando submetido à
esforços axiais de compressão;
➢ Compreender o comportamento de um elemento quando submetido à
esforços axiais de tração;
➢ Instruir o conceito de tensão
➢ Conhecer a flambagem, sua origem e efeitos

238
Olá aluno!
Percebemos então que os elementos estruturais que irão compor
nossa estrutura sofrerão a ação de forças externas, denominada
ações. Mas como os elementos reagem à aplicação destas forças?
Esta resposta é imprescindível para iniciarmos a modelagem da
estruturas.

O equilíbrio de uma estrutura é uma condição necessária, porém não suficiente para
sua estabilidade. Mesmo uma estrutura com grande quantidade de apoios e reações,
como as estruturas hiperestáticas, pode perder a sua estabilidade, se o material da
qual é composta não for capaz de resistir às cargas a ele impostas, rompendo-se e
perdendo o equilíbrio, conforme demonstrado pela Figura 239.

Figura 239 - Os pilares desta edificação não suportaram o peso próprio e o peso da ocupação dos
pavimentos, vindo a ruir

Neste momento delineamos dois conceitos de equilíbrio, sendo o primeiro, externo,


como visto nas ultimas aulas, que surge quando se atende os critérios de estabilidade
da estrutura, onde esta não deve se mover em nenhuma direção nem tender a
rotacionar-se.

239
Agora nesta aula discutiremos o equilíbrio interno, que é a capacidade do elemento
resistir a cargas externas.

Antes de prosseguirmos, vamos relembrar o conceito de seção de uma peça.


Se seccionarmos (cortarmos transversalmente) um elemento de barra, e realizarmos
uma vista frontal dessa barra, estaremos realizando uma seção transversal da peça,
conforme Figura 240.

Figura 240 - Seção transversal de uma elemento de barra

Como não conseguimos enxergar o que acontece dentro da seção de um elemento


estrutura quando ele está sob a ação de forças externas, recorre-se a maneira como
o elemento estrutural se deforma. Existe uma relação direta entre o que ocorre dentro
do elemento estrutural e as deformações externas visíveis, e iremos estudar agora
estes efeitos.

É de comum conhecimento que o aço é um material mais resistente que, por exemplo,
o algodão. Mas esta afirmativa por si só não garante que um fio de aço resista mais
que um fio de algodão. Desde que colocada uma quantidade suficiente de algodão, o
seu fio poderá resistir inclusive mais carga que o aço, como sugere a Figura 241.

240
Figura 241 - Uma corda de algodão suporta mais peso que um fio de aço, porém o material aço é mais
resistente que o material algodão

Portanto, podemos concluir que a resistência de um elemento estrutural depende da


relação entre a força aplicada e a quantidade de material sobre a qual a força age. A
essa relação dá-se o nome de tensão.

Podemos definir tensão como a quantidade de força que atua em uma unidade de
área do material. Só podemos comparar a resistência de dois materiais comparando
as máximas tensões que eles podem resistir, ou em outras palavras, o quanto de força
por unidade de área eles suportam.

Assim podemos diferenciar o conceito de pressão e tensão, uma vez que ambas são
cargas por unidade de área. Lembre-se que a pressão é a aplicação de uma força
externa distribuída sobre uma superfície, como por exemplo o vento sobre a fachada
de um edifício, como demonstrado pela Figura 242.

Figura 242 - A força do vento sobre a superfície da fachada do edifício causa uma pressão
241
Perceba que podemos, da mesma forma que a pressão, calcular a tensão,
simbolizada pela letra grega sigma s, como a intensidade da força sobre uma área,

logo:

𝐹
𝜎=
𝐴

A unidade de medida permanece N/m², e assim como ocorre com a pressão, pode ser
abreviada para a unidade Pa.

Tendo encerrado o prefácio necessário para esta aula, comecemos a analisar um


elemento de barra sob ação de uma força.

Considere uma seção intermediária qualquer de um elemento de barra, quando a


força é aplicada perpendicularmente à superfície resistente, a esta tensão denomina-
se tensão normal, conforme podemos observar pela Figura 243.

Figura 243 - Força axial gerando uma tensão também axial

Quando a força aplicada for paralela, ou seja, tangente à superfície da seção


resistente, a tensão denomina-se tensão de cisalhamento, e pode ser observada
através da Figura 244.

242
Figura 244 - A tensão de cisalhamento ocorre tangencialmente ao elemento

Voltaremos a tratar do cisalhamento na próxima aula, onde iremos debater o esforço


cortante.

É importante distinguir qual tipo de tensão está ocorrendo em um elemento estrutural,


pois os materiais apresentam diferentes capacidades conforme sejam solicitados.

As estruturas quando submetidas a tensões devem trabalhar com uma certa folga,
para que imprevistos, tais como falhas de material, como problemas na fabricação do
cimento, impossibilidade de uma execução ideal, como concretagem de uma laje em
um dia de chuva intensa e outros efeitos não previstos, não ponham em risco a
resistência da estrutura.

Nenhuma estrutura trabalha dentro do seu limite de resistência, mas em um regime


um pouco abaixo desse limite. A esse regime de trabalho dá-se o nome de regime de
segurança e as tensões atuantes são denominadas tensões admissíveis.

A determinação das tensões admissíveis é feita pela aplicação de um coeficiente de


segurança às tensões limites do material.

Os coeficientes de segurança variam de material para material e são obtidos,


estatisticamente, dependendo da maior ou menor confiabilidade no material: no aço
esse coeficiente é da ordem de 1,15 , no concreto armado de 1,4 e em algumas
madeiras chega a 9.

243
Todo material quando submetido a tensão apresenta uma deslocabilidade nas suas
moléculas, o que é denominado deformação. Por exemplo, ao pressionarmos uma
bloco de espuma, percebemos que este facilmente se encurta, como demonstrado
pela Figura 245.

Figura 245 - Ao pressionarmos a borracha, esta se deforma, apresentando deslocabilidade de suas


moléculas

Quanto mais solicitado o material, mais ele se deforma. Como as tensões são
invisíveis ao olho humano, uma maneira de se saber se um elemento estrutural está
mais ou menos solicitado é pela verificação do quanto ele se deformou.

Alguns materiais são mais deformáveis que outros apresentando deformações


elevadas mesmo quando solicitados por pequenas forças. A deformabilidade visível
dos materiais estruturais é uma característica bastante desejável, já que grandes
deformações podem avisar sobre problemas na estrutura, como perfis de aço,
conforme indicado pela Figura 246.

Figura 246 - Uma barra de aço sendo forçada em seu centro, visando demonstrar sua flexibilidade

244
A melhor maneira de se determinar o quanto um material resiste é submetendo-o a
um ensaio. Para isto, fabrica-se um elemento modelo, que recebe o nome de corpo
de prova, e sobre este são aplicados diversos carregamentos. Neste ensaio são
medidas as tensões a que o corpo de prova resiste e suas respectivas deformações.
Abaixo demonstramos, através da Figura 247, um exemplo de corpo de prova,
utilizando o material concreto armado.

Figura 247 - Molde e corpo de prova de concreto armado para ensaio de compressão axial

Ao submeter a peça ensaiada à um carregamento constante, como demonstrado pela


Figura 248, gradativamente aumentando a intensidade desta carga, chegaremos a um
ponto que ocorrerá a ruptura do elemento. Até que ocorra seu colapso, o material
passa por algumas estágios ou fases importantes.

245
Figura 248 - Ensaio de compressão axial de um corpo de prova de concreto armado com o auxílio de
prensa hidráulica

Enquanto as deformações forem proporcionais às forças aplicadas, ou seja, ao se


duplicar a força o material dobra sua deformação; ao se triplicar a força, sua
deformação triplica e assim por diante, o material é considerado trabalhando no
regime elástico.

Nesta fase quando se deixa de aplicar a força, o material volta a ter a sua dimensão
original.

O elástico de borracha é um elemento que representa bem essa situação, com


podemos demonstrar através da Figura 249

246
Figura 249 - O elástico de borracha trabalha em regime elástico até que se estique demais o elástico, ou
seja, aplique força excedente ao seu limite de escoamento, e o elástico entre em estágio rígido,
fissurando-se, vindo, em seguida, a colapsar-se

Se a força aplicada atingir valores acima de um determinado limite, pode-se notar que
o material muda de comportamento não mais apresentando deformações
proporcionais ao aumento da força. A esta fase dá-se o nome de regime plástico.

Nesta situação o material quando descarregado passa a apresentar uma deformação


permanente. Ao final do regime plástico, com o aumento de carga, temos a ruptura do
material. Alguns materiais apresentam na passagem do regime elástico para o
plástico, um grande aumento na deformação sem aumento na intensidade da força.
Esta situação caracteriza o fenômeno denominado escoamento do material,
fenômeno típico do aço, mas que podemos também observar em outros materiais,
conforme demonstrado pela Figura 250.

Figura 250 - Barra escoada apresentando diminuição de sua seção

Vamos fazer uma experiência?

Pegue um canudo de plástico, deste de bebidas e segure firme as duas pontas do


canudo, uma com cada mão. Comece a esticar o canudo, afastando suas mãos, sem

247
soltar este canudo, como sugere a Figura 251. Você irá perceber que a medida que
aumenta a força aplicada ao canudo, ele irá se tensionar, porém caso interrompa a
força, o canudo consegue manter sua forma original, sem deformações residuais.

Figura 251 - Estirando um canudo conseguimos entender o conceito dos regimes e patamar de
escoamento

Você poderia repetir esta operação diversas vezes que o canudo manteria seu
formato, mesmo que repetidas vezes tente estica-lo. Portanto, podemos dizer que o
canudo se encontra no regime elástico.

Mantendo a aplicação da força, aumentando gradativamente sua intensidade, irá


perceber que em um determinado momento, mesmo que você não aumente a
intensidade da força, a parte central do canudo irá diminuir de diâmetro
repentinamente, estreitando-se, enquanto ao mesmo tempo se alonga, ganhando,
inclusive coloração mais esbranquiçada. Mesmo que você interrompa a aplicação da
força, o canudo deformou-se permanentemente, não retornando ao formato original.
Este momento é o escoamento do canudo.

Caso você mantenha a aplicação da força, mesmo após o canudo ter escoado,
repentinamente ele irá se romper em algum trecho onde seu diâmetro diminuiu. Este
é o colapso do canudo.

Em nossas estruturas, dimensionaremos os materiais para que atuem no regime


elástico da estrutura. Assim, caso haja uma sobrecarga de peso sobre o elemento, ele
irá primeiro escoar antes de romper, avisando visualmente o problema estrutural,
permitindo, inclusive, a desocupação e interdição da edificação.

248
Materiais que possuem uma fase elástica bem definida, e que suportam grandes
cargas sem escoarem, ou seja, deformando e retornando a seu formato original sem
alterações permanentes, são conhecidos como dúcteis, e temos o aço como principal
representante. Ou seja, a barra de aço ao ser tracionada se deforma, alongando-se,
e ao cessar a aplicação desta força, volta a seu formato original, sem danos à barra.

Um exemplo de material dúctil usual é a borracha de caderno. Podemos apertá-la que


era irá se deformar, porém, ao pararmos a aplicação da força, a borracha volta ao seu
formato original. Isto durante a fase elástica, claro.

Se continuarmos aumentando a intensidade da aplicação da força de compressão


sobre esta borracha, ela irá deformar até que atingirá seu limite, e começará a rasgar.
Esta é a fase plástica. Outro exemplo clássico é a espuma de uma cadeira.

Já materiais que possuem pouca deformabilidade, com uma rápida fase elástica,
atuando, quando sobre a atuação constante de cargas, majoritariamente em fase
plástica, são chamados de frágeis, e temos como representante o concreto. Neste
caso, uma peça de concreto, ao ser comprimida, qualquer deformação de maior
magnitude será permanente a peça.

Da mesma forma, podemos realizar a analogia com um bolo de aniversário. Se você


aplicar uma força com a ponta do dedo indicador sobre a superfície do bolo, seu dedo
irá afundar sobre ele, deixando uma marca. Perceba que o bolo não retornará a seu
formato original, permanecendo a marca do furo do dedo. Isto se deve ao fato de que
o bolo é frágil. Outro exemplo de material frágil é o vidro.

Agora estudaremos as diferentes tensões que surgem em uma seção de um elemento


carregado.

Se uma barra está submetida a forças externas axiais, tendendo a puxar ou esticar a
barra, ocasionando um aumento (dilatação) no seu tamanho na direção do seu eixo,

249
no sentido de dentro para fora, dizemos que neste elemento está atuando uma força
de tração, conforme demonstrado pela Figura 252.

Figura 252 - Elemento de barra sobre tração

A força de tração se distribui na seção da barra provocando tensões normais de


tração, como podemos visualizar pela Figura 253.

Figura 253 - Tensão de Tração atuando internamente em um elemento de barra

Neste caso o equilíbrio interno é obtido quando o material é suficientemente resistente


para reagir às tensões que, provocadas pelas forças de tração, tendem a afastar as

250
seções. Um exemplo de elemento tracionado pode ser visualizado através da Figura
254.

Figura 254 - Os cabos de uma ponte estaiada trabalham tracionados

Neste tipo de esforço, para elementos fabricados pela composição de diferentes


materiais, a disposição dos elementos construtivos possui disposição uniforme, tendo
em vista que os esforços axiais de tração agem na seção como um todo. Um exemplo
são os cabos de aço, demonstrados pela Figura 255.

Figura 255 - Seção transversal de cabos de aço

Se em uma barra tracionada a força de tração é gradativamente aumentada, as


tensões internas aumentam, em igual magnitude, até que, ultrapassada a tensão
máxima de resistência à tração do material, a peça se rompe. Alguns tipos de seções
tendem demonstrar maior eficiência a tração, como as apresentadas pela Figura 256.

251
Figura 256 - Formatos indicados para peças que trabalharão majoritariamente à tração

Para fins matemáticos, adotamos o sentido de tração como uma força positiva,
conforme sugerido pela Figura 257.

Figura 257 - Esforços de tração possuem seu valor positivo

Como a tração está distribuída sobre a superfície da seção de forma igualitária,


podemos afirmar que o vetor força está localizado no centro de gravidade do
elemento, conforme sugere a Figura 258.

Figura 258 - A tração está localizada no centro de gravidade da seção transversal da peça

Agora, se esta barra estiver submetida a forças axiais externas que tendem a apertá-
la, pressionando-a, sofrendo, assim, uma diminuição no seu tamanho na direção do
seu eixo, de fora para dentro, dizemos que este elemento está submetido à uma carga
de compressão, conforme apresentado pela Figura 259.
252
Figura 259 - Elemento de barra sobre compressão

A força de compressão aplicada a seção da barra gera uma tensão de compressão,


conforme ilustrado pela Figura 260.

Figura 260 - Tensão de Compressão atuando internamente em um elemento de barra

Análogo ao que ocorre em uma peça tracionada, se em uma barra comprimida a força
de compressão é gradativamente aumentada, as tensões internas aumentam, em
igual magnitude, até que, ultrapassada a tensão máxima de resistência à compressão
do material, a peça se rompe.

253
Também para fins matemáticos, adotamos a compressão como uma força negativa
axial, conforme demonstrado pela Figura 261.

Figura 261 - Esforços de compressão possuem seu valor negativo

Os pilares são os elementos construtivos que trabalham majoritariamente à


compressão, como podemos observar pela Figura 262.

Figura 262 - Os pilares são elementos construtivos que trabalham majoritariamente à compressão

Da mesma forma que ocorre com as barras tracionadas, os esforços de compressão


agem nas barras comprimidas por toda superfície de sua seção, com o vetor resultante
posicionado em seu centro de gravidade. Assim, para elementos fabricados pela
composição de diferentes materiais, a disposição dos elementos construtivos também
possuirá disposição uniforme.

254
Isto pode ser observado através da seção transversal de um pilar de concreto armado,
conforme exibido pela Figura 263, que possuem barras de aço equidistantes, ou seja,
igualmente espaçadas.

Figura 263 - Demonstração esquemática de pilar de concreto armado

Porém, no caso da compressão axial, outro fenômeno pode ocorrer, gerando a perda
de estabilidade da peça, bem antes que seja atingida a tensão de ruptura a
compressão do material, denominado flambagem. Por apenas ocorrer nos casos de
barras comprimidas, estas peças irão requerer especial atenção.

Ao comprimirmos uma peça, percebemos que atingido certa intensidade, esta começa
a curvar-se em torno do próprio eixo, causando a perda da estabilidade do sistema,
como indicado pela Figura 264.

Figura 264 - Ocorrência de flambagem em elemento de barra comprimido

255
Em casos de carregamentos extremos, a flambagem pode inclusive causar o
rompimento da peça, como podemos observar pela Figura 265.

Figura 265 - Pilar em concreto armado flambado

Esta tendência de rotação da peça devido à aplicação de cargas comprimidas está


relacionada, além da intensidade da força de compressão aplicada, ao tipo de material
e geometria da peça comprimida, bem como a descentralização da aplicação da
carga.

Não entendeu? Vamos a mais uma experiência para tentar deixar claro o que
acontece em uma flambagem.

Tenha em mãos uma régua, de preferência aquela de acrílico com 30cm de


comprimento, com a exibida pela Figura 266.

Figura 266 - Régua acrílica de 30cm

Posicione-a entre as palmas de sua mão, de modo que você consiga comprimir de
modo axial as suas extremidades.
256
Comece a apertar a régua, tentando aproximar a palma de suas mãos. Irá perceber
que, com uma aplicação mínima de compressão, a régua se mantém em equilíbrio,
devolvendo a carga de compressão para você. Isto é tão verdade que a régua chega
a machucar a palma de nossas mãos.

Porém aumentando a intensidade da força, você perceberá que o meio da régua irá
curva-se para fora da linha de ação de sua mão, mesmo sem que você tenha aplicado
força alguma neste sentido. Esta tendência de giro, é a flambagem.

Se a carga que você estivesse aplicando com a palma de sua mão fosse realmente
centrada na régua, este efeito não ocorreria, porém, como garantir que a palma de
sua mão está exatamente cravada no centro de gravidade da régua?

Esta mesma dificuldade é apresentada executivamente em uma obra. Como garantir


que durante a concretagem de uma estrutura, as vigas estejam exatamente
posicionadas no centro de gravidade dos pilares, que é seu apoio?

Em um elemento comprimido, portanto, por menor que seja, existe uma variação entre
a posição da força de compressão e o centro de gravidade da peça. Desta forma,
consequentemente, existe uma distância entre a força aplicada e o centro de
gravidade, que receberá o nome de excentricidade, muita das vezes simbolizada pela
letra “e”, conforme demonstrado pela Figura 267.

257
Figura 267 - Carga P excêntrica aplicada a um elemento de barra, comprimindo-o e proporcionando a
flambagem

Aprendemos na aula anterior que uma força aplicada à um elemento a uma distância
dos apoios deste elemento, gera uma tendência de rotação. Esta é a flambagem.

Suponhamos que conseguíssemos posicionar exatamente a palma de nossa mão no


centro geométrico da régua, conseguiríamos neutralizar a flambagem?

Em elementos homogêneos, podemos garantir que o centro geométrico da peça seja


seu centro de gravidade, pois há uma distribuição igualitária de material, porém,
devemos ter em mente que dificilmente poderemos isso, uma vez que os materiais
utilizados são heterogêneos, logo, havendo pequenas falhas de distribuição de
material ao longo de seu comprimento.

Como podemos garantir que, em um pilar de concreto armado, existe exatamente a


mesma quantidade de brita, areia, cimento e água em todas as partes do pilar? Uma
simetria de distribuição seria utópica, porém, difícil de ser alcançada.

Desta forma, o centro de gravidade real da peça, por mais próximo que esteja de seu
centro de gravidade teórico da peça, resulta em uma pequena distância.

258
Assim, que mesmo que tentemos aplicar a carga centrada no CG teórico da peça,
uma excentricidade irá ocorrer, conforme podemos pela seção do pilar apresentada
através da Figura 268.

Figura 268 – Seção de um pilar demonstrando a excentricidade ocasionada por heterogeneidade na


distribuição dos materiais construtivos do elemento

Em pilares de fabricação usinada, como perfis metálicos, esta variação é menor,


porém, ainda existente.

Os pilares de uma edificação requerem especial atenção, principalmente os metálicos,


por demonstrarem grande tendência de flambagem.

Conforme pode-se observar através da Figura 269, observa-se que ao flambar, as


seções da barra, que antes eram paralelas, giram em torno dos seus eixos
aproximando-se numa das faces e afastando-se em outra.

259
Figura 269 - Quando um pilar flamba, a face externa se traciona e a face interna se comprime

Essa situação mostra que a maior ou menor possibilidade de uma barra flambar está
diretamente ligada a maior ou menor facilidade de giro das suas seções.

Voltemos em uma de nossas primeiras experiências.

Pegue uma folha de papel, sem marcas ou dobras, e tente mantê-la de pé, na vertical.
Ela mal sustenta o próprio peso, flambando assim que é liberada pela sua mão e
ruindo em seguida.

Agora dobre esta folha ao meio, de modo que crie um vinco nesta. Agora posicione
esta folha na vertical, verá que se estiver em um ambiente sem vento e sobre uma
superfície plana, agora a folha se manterá estável.

Isto se deve à uma importante propriedade de resistência ao giro de peça, e que se


aplica a flambagem: quanto mais massa estiver distante do centro de gravidade, mais
estável e mais resistente à flambagem será a peça, como demonstrado através da
Figura 270.

260
Figura 270 - Quanto mais massa estiver afastada do centro de gravidade, maior será a estabilidade da
peça

Qual é o fator que faz com que uma seção se torne mais ou menos resistente ao giro?

A maior ou menor possibilidade de uma seção girar depende da maneira como o


material está distribuído em relação ao centro de gravidade da seção. Para entender
melhor esse fenômeno observe a seguinte analogia física: suponha que se queira
girar, com a mão, uma massa qualquer amarrada a ela por um fio.

Quanto mais afastada essa massa estiver da mão mais difícil será impulsioná-la
ao giro, conforme demonstrado pela Figura 271.

Figura 271 - Se você amarrar uma pedra em um barbante, quanto mais curto o barbante, mais fácil de
girá-lo

Ou seja, quanto mais longe estiver a massa do centro de giro mais difícil é tirá-la da
inércia. Coisa semelhante ocorre com a distribuição de material na seção de uma
barra. Quanto mais afastado estiver o material do centro de giro da seção da barra,

261
ou seja, do seu centro de gravidade, mais difícil será girar a seção e,
consequentemente, mais difícil será a barra flambar.

Portanto, o formato geométrico da seção de um elemento impactará diretamente em


sua resistência ao giro. A esta propriedade pode ser medida matematicamente e
recebe o nome de momento de inércia da seção.

Nos elementos de barra horizontal, devido ao fato de que as principais cargas


incidirem verticalmente, como o peso-próprio e ocupação, estes possuirão formato
alongado verticalmente, preferencialmente mantendo a maior quantidade de massa
afastada do centro de gravidade, conforme demonstrado pela Figura 272.

Figura 272 - Seções transversais típicas de elementos de barra

O momento de inércia da seção relaciona as diversas porções de áreas que compõem


a seção com suas distâncias ao centro de gravidade da seção.

Conseguimos aplicar estes conceitos em nossa experiência da régua. Podemos


concluir então, apenas por análise do que foi apresentado aqui, que a régua irá curvar-
se em torno de sua menor espessura.

Como a altura da régua, em torno de dois centímetros, há mais massa distante do


centro de gravidade, pois esta dimensão é muito superior à sua espessura, de poucos
milímetros.

Logo, se a barra irá flambar, este será em torno do eixo mais frágil, mais suscetível,
no caso, o eixo que possuir menos massa distante do centro de gravidade, como
demonstrado pela Figura 273.

262
Figura 273 - Eixo de rotação para a flambagem de uma peça retangular

Como dito anteriormente, a compressão, assim como a tração, solicita as seções das
peças estruturais com tensões uniformes. Estas tensões crescem com o aumento do
esforço de compressão, mas ao contrário da tração simples, antes de ocorrer a ruptura
da seção por compressão é bem provável que ocorra um deslocamento lateral da
peça estrutural, fazendo-a perder a estabilidade, devido à flambagem.

Através de diversas experiências e ensaios, percebeu-se que para aumentar a


resistência da seção ao efeito da flambagem é preciso que o material se distribua de
modo mais afastado possível do centro de gravidade da seção, conforme podemos
observar pela Figura 274.

Figura 274 - Quanto mais afastada a massa estiver do centro de gravidade, maior a resistência à
flambagem

263
Por este motivo, em um elemento submetido à compressão, concentrar sua massa
próxima ao seu centro de gravidade apresenta pouca eficiência contra a flambagem.
Desta forma, como objetivamos a maior economia de material possível, visando
também o alívio do peso-próprio da estrutura, deve-se escolher seções que não
apresentem material junto ao centro de gravidade, ou seja, as seções vazadas.

Como nas seções quadradas e circulares o material distribui-se uniformemente em


torno do centro de gravidade, apresenta a mesma resistência à flambagem em
qualquer direção, sendo indicada para uso também à compressão, como demonstrado
pela Figura 275.

Figura 275 - Seções quadradas e circulares resitem melhor ao flambamento se não conhecida sua
direção de curvatura

Então podemos concluir que, diferente do que ocorre na tração, na compressão não
é apenas a quantidade de material que determina sua resistência, mas também a
forma como esse material se distribui.

É importante notar que para uma mesma força, devido ao fenômeno da flambagem,
as peças submetidas a compressão serão sempre mais robustas que aquelas
submetidas à tração, mesmo o material possuindo resistências semelhantes para
ambos os esforços, como o caso do aço. Tanto física como visualmente, os elementos
comprimidos serão sempre mais pesados que as segundas, e as mais usuais estão
apresentadas pela Figura 276.

264
Figura 276 - Seções usuais à compressão

Devemos observar também que o comprimento do elemento de barra irá impactar na


intensidade da flambagem. Perceba que, quanto maior for o comprimento da peça
comprimida, maior será a curvatura possível do elemento, logo, maior será o
afastamento de seções na face que está esticando, levando a ruptura (quebra) da
peça.

Através de ensaios de laboratório, verifica-se que a flambagem da barra depende do


quadrado do seu comprimento. Em outras palavras, quando se duplica o comprimento
de uma barra, a força necessária para provocar sua flambagem ficará reduzida a
apenas um quarto. A barra ficará quatro vezes mais instável. Por isso, são de
fundamental importância as condições de travamento lateral das barras submetidas à
compressão, conforme sugerido pela Figura 277.

Figura 277 - O comprimento da peça deverá ser restrito afim de evitar a flambagem do pilar

Estes esforços podem aparecer em diversas estruturas, e agora veremos alguns


modelos estruturais para vigas e pilares. Considere uma viga apoiada em dois pilares,
sendo o apoio esquerdo articulado fixo e o apoio direito articulado móvel. Quando esta
265
viga estiver seu centro sendo puxado por uma força, ou conjunto destas, dizemos que
está sofrendo o esforço de tração, conforme exibido pela Figura 278.

Figura 278 – Viga biapoiada sendo tracionada

Já quando a viga estiver sendo apertado por uma força, ou conjunto destas, dizemos
que está sofrendo o esforço de compressão, conforme exibido pela Figura 279.

Figura 279 - Viga biapoiada sendo comprimida

Ao lado, através da Figura 280, demonstramos


respectivamente dois pilares, um tracionado e um
comprimido.

Portanto, podemos concluir que, no caso da compressão


simples o equilíbrio interno é obtido quando a barra é
suficientemente rígida, a ponto de não girar sob o efeito de
flambagem, e quando o material é suficientemente resistente
para reagir às tensões que tendem a aproximar as secções,
provocadas pelas forças de compressão simples.

Até a próxima aula!

Figura 280 - Pilares


sendo, respectivamente,
tracionados e
comprimidos

266
/
Resumo
Nesta aula compreendemos o comportamento de um elemento
quando submetido à esforços axiais de compressão e de tração.

Instruímos o conceito de tensão, diferenciando-o de pressão, abordando


inclusive o conceito de flambagem.

267
Complementar
Que tal aprendermos este assunto por outra ótica? Venha reforçar o conhecimento
adquirido através deste conteúdo selecionado exclusivamente para você.

Me Salva! TED02 - Tensões - Resistência dos Materiais


https://www.youtube.com/watch?v=_TeHdm34Hh0

Bom Estudo! Tipos de Esforços Compressão, Tração, Cisalhamento, Flexão e Torção


https://www.youtube.com/watch?v=JsrYAda0t4k

Sistemas estruturais flexão tração compressão e esforços aplicados


https://www.youtube.com/watch?v=pi-HNh3unl8

Tipos de estruturas: Hipostática, Isostática e Hiperestática


https://www.youtube.com/watch?v=VnBel53lrag

Quanto de peso um pilar aguenta?


https://www.youtube.com/watch?v=P-FMH0JXgvA

Tipos de cargas mecânicas


https://www.youtube.com/watch?v=QeVDRtQw8e8

#5 Esforços em Estruturas - Tração, compressão, cisalhamento, flexão e torção


https://www.youtube.com/watch?v=75ydRwiCBLI

268
Referências Bibliográficas

• A concepção Estrutural e a Arquitetura de Yopanan Rebello


• Estruturas Arquitetônicas – Composição e Modelagem de Liliana Fay
• BENEVOLO, L. História da Arquitetura Moderna.
• MITCHELL, W. J. A lógica da arquitetura: projeto, computação e cognição.
• Análise Estrutural Para Engenharia Civil e Arquitetura de Moacir Kripka
• Modelagem de Estruturas de Pedro Colmar Gonçalves da Silva Vellasco
• Fundamentos de Estruturas de Aluizio Fontana Margarido
• Análise das Estruturas de R. C. Hibbeler
• HENGEL, H. Sistemas de estruturas. Editorial Gustavo Gili, 2001. 352 p.
ISBN: 8425218004.
• SILVA, D. M. e SOUTO, A. K. Estruturas: uma abordagem arquitetônica.
Editora Ritter dos Reis, 2002. 150p. ISBN: 8524105623.
• REBELLO, Y. C. P. “A Concepção Estrutural e a Arquitetura”. Editora
Zigurate, 2000. ISBN: 8585570032
• ANELLI, R.; GUERRA A. e KON, N. Rino Levi, arquitetura e cidade. Editora
Romano Guerra, 2001. ISBN: 8588585014.
• BELLEI, I. H. Edifícios industriais em aço: projeto e cálculo. Pini, 2003. 508p.
ISBN 8572661441.
• BOTELHO, M. H. C. e MARCHETTI, O. Concreto Armado, eu te amo. Editora
Edgard Blücher Ltda, 2002. ISBN: 8521203071
• COUTINHO, E. O espaço da arquitetura. Perspectiva, 1998. 239p. ISBN
8527301660.
• CUNHA, A. J. P.; LIMA, N. A.; SOUZA, V. C. M. Acidentes Estruturais na
Construção Civil. Volume 1. PINI, 1996. ISBN: 8572660615.
• CUNHA, A. J. P.; LIMA, N. A.; SOUZA, V. C. M. Acidentes Estruturais na
Construção Civil. Volume 2. PINI, 1996. ISBN: 857266100x
• DIAS, L. A. M. Estruturas de aço: conceitos, técnicas e linguagem. Editora
Zigurate, 1997. 178 p. ISBN: 8585570024.
• “Edificações de Aço no Brasil”. Zigurate. São Paulo, 1993. ISBN: 8585570016.
• FRAMPTON, K. e BLASER, P. Santiago Calatrava. Editora Gustavo Gili,
1989. ISBN: 8881185261.
• HANAI, J. B. Construções de argamassa armada: fundamentos tecnológicos
para projeto e execução. Pini, 1999. 192p. ISBN 8572660038.
• MARGARIDO A. F. Fundamentos de Estruturas. Editora Zigurate, 2001. 334
p. ISBN: 8585570059.
• MEYER, K. F. Construções com Tubos. Karl Fritz Meyer, 2002. 224 p.
• MUNARI, B. Das coisas nascem coisas. Martins Fontes, 2000. 386p. ISBN:
8533608756

269
• NIEMEYER, CORBUSIER, TANGI e outros. Exemplos de arquitetura.
Coleção Enciclopédica da Construção. Hemus. 500p. ISBN: 8528902587.
• OTTO, F. Tensile structures: design, structure and calculation.
• RAMALHO, M. A. e CORRÊA M. R. S. Projeto de edifícios de alvenaria
estrutural. Pini, 2003. 188p. ISBN: 8572661476.
• REBELLO Y. C. P. A concepção estrutural e a arquitetura. Editora Zigurate,
2000. 271 p. ISBN: 8585570032.
• RICHARD, W. Materials, form and arquitecture. Editora Laurence King, 2003.
240p. ISBN: 1856692957.
• SCHROEDER, R. Novas tecnologias Egc arquitetura. Ateliê, 2003. 44p. ISBN:
8574802204.
• SILVA, G. G. Arquitetura do ferro no Brasil. Nobel, 1987. 248p. ISBN:
8521304641.
• SILVA, S. F. Zanine, Sentir e Fazer. Agir, 1995.ISBN: 8522003777.
• SOLOT, D.C. Paulo Mendes da Rocha: estrutura - o êxito da forma. Editora
Viana & Mosley, 2004. 124 p. ISBN: 8588721163.
• TOSCANO, J. W. João Walter Toscano. Editora Unesp, 2002. 186 p. ISBN:
8571394091.
• VASCONCELOS A. C. Estruturas da natureza um estudo da interlace entre
biologia e engenharia. Studio Nobel, São Paulo, 2000. 312 p. ISBN
8585445866.
• VASCONCELOS, A. C. Estruturas Arquitetônica: Apreciação intuitiva das
formas estruturais. Studio Nobel, 1991, 115 p.
• YAZIGI, W. A técnica de edificar. Pini, 2003. 670p. ISBN: 8572661468.
• ZANETTINI, S. Arquitetura, razão, sensibilidade. Editora da USP, 2002. 472p.
ISBN: 853140729x.
• ZANI, A. C. Arquitetura em madeira. Imprensa Oficial SP, 2003. 397p. ISBN:
8570601891.

270
Exercícios
Responda as questões discursivas abaixo, sobre o que acabamos de ver:

1. Quais as condições que garantem o equilíbrio externo?

2. Quais as condições para garantir o equilíbrio interno?

3. O que é a seção transversal de uma peça?

4. Para o cone apresentado abaixo, pela Figura 281, esboce as seções


indicadas por cores diferentes. Faça uma pesquisa bibliográfica e
descubra o nome destas curvas formadas.

Figura 281 - Cone seccionado por diversas seções

5. Você dispõe de duas cordas, de igual diâmetro, uma formada por


cabos de aço e outra por fios de nylon. Qual dispõe de maior
resistência à tração?

6. Classifique as forças abaixo discriminadas de acordo com o esforço


apresentado:

271
Figura 282 - Os pés de uma cadeira

Figura 283 - O cabo de sustentação de


um lustre pendente do teto

Figura 284 - Pilar apresentando curvatura devido ao


excesso de carga vertical

272
AULA 12
ESFORÇOS INTERNOS – PARTE II

APRESENTAÇÃO DA AULA
Nesta aula iremos continuar o trato dos esforços internos, porém dando
ênfase ao momento fletor, cisalhamento e momento torçor.

Ao final da aula discutiremos o conceito de distribuição de massa da seção


transversal dos elementos sob diferentes carregamentos.

Boa aula!
.

OBJETIVOS DA AULA

Esperamos que, após o estudo do conteúdo deste módulo, você seja capaz
de:
➢ Compreender o comportamento de um elemento quando submetido à
esforços fletores;
➢ Compreender o comportamento de um elemento quando submetido à
esforços de cisalhamento;
➢ Compreender o comportamento de um elemento quando submetido à
esforços de momento torçor;
➢ Instruir o conceito de distribuição de massa

273
Olá aluno!
Iniciaremos esta aula remetendo-se ao conceito de momento, onde
objetivamos um tipo especial deste, o momento fletor.
Boa aula!

Para começarmos, considere um relógio de parede, conforme sugere a Figura 285.


Este relógio possui três ponteiros, sendo, respectivamente, horas, minutos e
segundos.

Figura 285 - Relógio de parede tradicional, com ponteiro de horas, minutos e segundos

Suponha que o parafuso que prende os ponteiros ao centro do relógio está


apresentando falhas, e está permitindo a livre rotação do ponteiro dos minutos, não
mais girando-o conforme o passar do tempo.

Desta forma, podemos afirmar que o parafuso central do relógio está apresentando
características de um apoio articulado fixo, pois mantém-se restringindo o
deslocamento horizontal e vertical dos ponteiros, porém, permitindo sua rotação.

Por mais leve que possam parecer, os ponteiros possuem massa, logo, possuem peso
próprio, que irá forçar o ponteiro dos minutos para baixo, porém seu vínculo com o
parafuso central do relógio irá reagir, mantendo o ponteiro sem que se desloque
verticalmente, conforme demonstrado pela Figura 286.

274
Figura 286 - O ponteiro de minutos, que possui peso-próprio, está fixado ao centro do relógio

Como o parafuso está frouxo, logo o peso do ponteiro fará com que este gire até que
ocorra o equilíbrio com sua reação.

Enquanto as linhas de ação dessas forças não estiverem alinhadas, o ponteiro irá
girar.

Quando as forças se alinham se alinham, o ponteiro encerra seu movimento. A Figura


287 mostra como as forças encontram-se aplicadas no disco.

Figura 287 - Pelo vínculo do ponteiro de minutos estar com defeito, ele está livre para rotacionar devido a
seu peso-próprio, com isso, se alinhando à sua reação

275
Conclui-se dessa experiência que o giro ocorre enquanto estiver aplicado no ponteiro
um par de forças, de mesma direção, sendo esta paralelas e verticais, sentidos
contrários, sendo uma para cima e outra para baixo, e enquanto não estiverem
colineares.

A um par de forças nesta situação dá-se o nome de binário. Sempre que ocorrer um
binário ocorrerá um giro. E como já aprendemos neste caderno, se uma força causa
uma tendência de giro, a este movimento denominamos como momento.

Conforme foi visto nas condições de equilíbrio, o momento pode ser expresso pelo
produto da força pela sua distância ao centro de giro. Lembrar que a distância entre
uma força e um ponto é a menor distância entre sua linha de ação e o ponto, conforme
demonstrado pela Figura 288.

Figura 288 - A força F atuando em um objeto, à uma distância d com relação a seu apoio, gera um
momento

Agora vamos aplicar este conceito às edificações. Considere um elemento de barra


sobre dois suportes, onde está sendo aplicada, em seu centro, uma força
perpendicular ao seu eixo. Percebe-se que a barra, após sofrer o carregamento,
deforma-se e seu eixo, que antes era reto, passa a ter a forma curva, semelhante à
uma parábola, como demonstrado pela Figura 289.

276
Figura 289 - Deformação causada pela tendência de giro na barra devido à aplicação de uma força à uma
distância dos apoios

A Figura 290, a seguir, mostra um modelo esquemático da viga biapoiada acima, que
ao sofrer essa deformação, todas as seções da barra, que inicialmente eram paralelas,
giram em relação aos eixos horizontais que passam pelos seus centros de gravidade,
o que caracteriza a ocorrência de momento.

Figura 290 - Aplicação de força centrada em elemento de barra, visando demonstrar a contração das
fibras superiores e o estiramento das fibras inferiores

As deformações que ocorrem ao longo do eixo da barra tornando-o curvo são


denominadas flechas. Portanto o momento que ocorre na barra submetida a
carregamentos aplicados perpendicularmente ao seu eixo, além de provocarem giros
nas suas seções, também provoca flecha no seu eixo, portanto é um momento de
flecha ou momento fletor.
277
Neste momento é importante observar que o tamanho da flecha será proporcional à
rigidez do material, à intensidade da carga aplicada e à distância entre os apoios.

É possível observar que, ao girarem, a parte superior das seções centrais se


aproximam, demonstrando a ocorrência de forças de compressão e a parte inferior
das seções se afastam, demonstrando a ocorrência de forças de tração.

O modelo mostra também que a intensidade desse giro varia ao longo do comprimento
da barra. As seções próximas ao centro giram menos que aquelas próximas aos
apoios; portanto o momento fletor aumenta do apoio para o centro da viga.

A Figura 291, abaixo, exemplifica o formato resultante que a viga irá aparentar após o
carregamento de uma força distribuída. A este desenho, denominamos deformada.

Figura 291 - Deformada da viga devido a aplicação de carga distribuída

O momento fletor provoca deformações parecidas com as causadas pela flambagem,


ou seja, flechas e giros das secções. Mas os agentes causadores são diferentes.

Enquanto a flambagem é provocada por uma força aplicada na direção do eixo da


barra (força de compressão simples), o momento fletor é provocado por forças
aplicadas perpendicularmente a esse eixo. Os dois fenômenos apresentam-se
visualmente idênticos, mas são conceitualmente bem diferentes.

278
Como a parte superior da viga está sendo comprimida e a parte inferior tracionada,
podemos dizer que há um binário interno de tração e compressão simultâneo,
provocado pelo momento fletor. Este binário é apresentado através da Figura 292.

Figura 292 - Um elemento fletido apresenta ao mesmo tempo em sua seção transversal, esforços de
compressão em uma extremidade e tração em outra

Note que os valores de tração são mais intensos na borda inferior da peça e que vão
diminuindo até se anularem, próximo ao centro da peça, onde surgem esforços de
compressão, que de forma oposta, são mais intensos na borda superior da peça.

Quanto maior for a distância entre estas forças, maior será a resistência da peça aos
esforços de momento fletor, por isto a utilização de seções retangulares para as vigas,
como demonstra a Figura 293.

Figura 293 - A viga tendo sua maior dimensão a horizontal, aproxima os vetores de compressão e tração
do momento, não possuindo eficácia

Esta linha, que passa próxima ao eixo da peça, onde não há esforços nem tração nem
de compressão, dá-se o nome de Linha Neutra, e está destacada através da Figura
294.

279
Figura 294 - Demonstração da posição da linha neutra em uma viga de concreto armado

Iremos convencionar que o sentido de rotação em que mantém as fibras inferiores


tracionadas e consequentemente as fibras superiores comprimidas, terá valores
positivos de momento, conforme Figura 295.

Figura 295 - Convenção para momento positivo

Desta forma, o sentido de rotação em que mantém as fibras inferiores comprimidas e


consequentemente as fibras superiores tracionadas, terá valores negativos de
momento, conforme Figura 296.

Figura 296 - Convenção para momento positivo

Semelhantemente ao fenômeno da flambagem, a resistência de uma seção ao


momento fletor depende do seu momento de inércia, ou seja, da maior ou menor
possibilidade de giro das seções.

280
Um elemento de barra, apresentará diferentes deformações para cada tipo e
localização da aplicação de uma carga sobre ele. Estas deformações poderão gerar
momentos positivos e negativos na peça.

Porém temos outras duas disposições dos elementos de barra, de acordo com sua
vinculação, além das vigas biapoiadas, explanadas até aqui. Para barras engastadas,
como a exibida pela Figura 297, seu peso próprio ocasiona uma deformação para
baixo, deixando-a pendente. Isto causa o aparecimento natural de tração na parte
superior da viga e compressão na parte inferior.

Figura 297 - Em barras engastadas, a parte superior da viga sofre um carregamento de tração e a parte
inferior, compressão

Já para barras contínuas, ou seja, que possuem mais de dois apoios, o sentido de
deformação irá alternar-se, conforme demonstrado pela Figura 298.

Figura 298 - Viga contínua demonstrando a ocorrência de tração (T) e compressão (C)

Repare que nos trechos centrais dos vãos, há uma deformação movimentando a viga
para baixo de seu eixo, assim, apresentando esforços de compressão em suas fibras
superiores e tração em suas fibras inferiores, assim como visto anteriormente.

281
Porém, sobre o apoio central a viga, à um comportamento diferenciado, com a viga
deformando-se para cima de seu eixo, apresentando esforços de tração em suas
fibras superiores e compressão em suas fibras inferiores.

Façamos um exemplo, agora. Seja a viga contínua, apoiada por três pilares, conforme
demonstrado pela Figura 299, recebendo um carregamento distribuído da laje, oriundo
do peso-próprio e ocupação.

Figura 299 - Viga em três apoios sofrendo carregamento distribuída

Devido a aplicação desta carga, a viga se deforma, apresentando o seguinte formato


da Figura 286, com escala aumentada para dar ênfase ao movimento.

Figura 300 - Deformada da viga tri apoiada sobre carregamento uniforme

Como o aço é mais resistente à tração do que o concreto, este é posicionado dentro
da viga exatamente nos trechos que serão mais solicitados a este esforço. Portanto,
aonde a viga estiver esticando, deverá ter uma barra de aço para resistir a esse
esforço. Na Figura 301, observa-se que no trecho central da viga à mais barras na
parte inferior da peça do que na parte superior.

282
Figura 301 - Montagem de Armadura de Aço em uma viga de concreto

Por atendimento às normas construtivas, estas preveem que deve haver uma barra
por vértice da viga, definindo, portanto, uma armadura mínima.

Assim, as seções mais usuais quando este tipo de esforço é preponderante no


elemento, estão apresentados através da Figura 302.

Figura 302 - Seções mais usuais quando este tipo de esforço é preponderante em um elemento de barra

A intensidade dos valores de momento varia ao longo de uma viga, por exemplo, e
podem ser representados através de diagramas, que serão vistos nas próximas
disciplinas como Diagrama de Momentos Fletores. Para a viga utilizada no exemplo
anterior, apresentamos através da Figura 303, este diagrama. Repare a grande
similaridade entre a intensidade do momento e a deformação apresentada pela viga.

283
Figura 303 - Diagrama de Momento Fletor

É importante neste momento frisar que, por questões culturais, os momentos que se
apresentam abaixo da linha de eixo da viga recebem a alcunha de momento positivo,
geralmente encontrados no meio do vão, e aos momentos que ocorrem acima do eixo
da viga, denomina-se momento negativo, geralmente sobre os apoios centrais ou em
vigas em balanço engastadas.

Portanto, serão nestes trechos de valores mais intensos de momento, seja positivo,
seja negativo, que deverão se localizar as barras de aço, quando utilizado o concreto
armado. Já para estruturas metálicas, definirão a posição do perfil, para que a massa
mais afastada do centro de gravidade apresente-se sempre onde estiver ocorrendo
as maiores cargas de momento.

A Figura 304 abaixo mostra respectivamente uma seção indicada para vigas
engastadas, com mais massa na parte superior, indicando que esta peça suporte
cargas maiores de momento negativo. Já a segunda peça, um perfil indicado para
vigas biapoiadas, que terão majoritariamente momentos positivos. Por último, a
terceira peça, que é utilizada para vigas contínuas, que apresentam a oscilação de
momentos positivos e negativos ao longo da peça.

284
Figura 304 - Perfis metálicos sugeridos de acordo com o tipo de momento

Agora, um esforço sempre associado à ocorrência de momento fletor é a Força


Cortante, que é um esforço de cisalhamento, conforme foi apresentado na aula
anterior.

Esse esforço recebe esse nome por que seu efeito é de corte entre as seções
longitudinais e transversais da barra, conforme demonstrado pela Figura 305,
resultante do movimento vertical entre os planos de seção da peça.

Figura 305 - Demonstração do efeito cortante nos blocos de uma viga

Da mesma forma que os demais esforços, também há uma convenção para os sinais
para indicar o sentido de rasgamento vertical da peçam conforme apresentado pela
Figura 306.

285
Figura 306 - Convenção de sinais para esforço cortante

Sempre que houver a aplicação de uma carga em uma estrutura de barra, em uma
posição diferente de seus apoios, deverá haver a transmissão horizontal desta carga
até os apoios. Toda transmissão de carga horizontal, força verticalmente a estrutura,
gerando esforços cortantes. Logo, pode-se dizer que sempre que houver a ocorrência
de momento fletor haverá a ocorrência de força cortante.

Dependendo do carregamento, o valor da força cortante varia ao longo da viga. Na


Figura 307, a seguir pode-se observar que quanto mais próximo dos apoios, maior a
carga acumulada a ser transferida para os pilares, o que mostra que o valor da força
cortante é maior nas extremidades, que irão receber todo o peso da viga.

Figura 307 - Variação da intensidade do carregamento cortante em uma viga

A força cortante se distribui nas seções transversais da barra provocando tensões de


cisalhamento verticais. No caso da força cortante o equilíbrio interno se dá quando o

286
material é suficientemente resistente para reagir às tendências de escorregamentos
verticais das seções.

Agora trataremos de outro tipo de momento. Vimos que o momento fletor é o giro que
ocorre em torno da seção transversal da peça. Mas quando ocorrer o giro em torno
de seu eixo longitudinal, conforme demonstrado pela Figura 308.

Figura 308 - Elemento de barra sob a atuação de momento torçor

A este tipo de momento que não apresenta flechas dá-se o nome de torçor.

Um outro ensaio, bastante simples, pode ser realizado com um canudo, feito com uma
folha de papel enrolada. Ao se torcer esse canudo, notar-se-á o escorregamento
longitudinal entre as folhas. Deste ensaio conclui-se que a torção provoca, além do
giro, um escorregamento das seções, provocando forças cortantes transversais.

No caso da torção o equilíbrio interno se dá, semelhantemente ao caso da força


cortante, quando o material tiver resistência suficiente para reagir às tensões de tração
e compressão resultantes da tendência de escorregamento transversal e longitudinal
das seções.

É importante salientar que a maneira como o material está distribuído na seção


transversal pode determinar o seu melhor ou pior aproveitamento, e em consequência
sua quantidade e o espaço ocupado. Diminuir o espaço ocupado pelos elementos
estruturais pode ser desejável, seja por questões estéticas, seja pela necessidade de
aumento do espaço útil da edificação. Entretanto, não é só a economia de material
287
que define uma boa escolha. A maior ou menor facilidade de execução da secção
estrutural, em algumas situações, pode ser o fator determinante, impondo muitas
vezes a escolha de uma forma que não seja, em princípio, a de menor consumo de
material.

Com isto, podemos concluir que tanto para o fenômeno da flambagem quanto para o
de momento flexão exigem uma distribuição de massas longe do centro de gravidade
da seção.

No caso da flexão, a concentração de material deve ocorrer onde se concentram os


esforços de tração e compressão, maximizando a distância entre eles. Desta forma,
para cargas verticais, seções também verticais. Na compressão, a impossibilidade de
se prever em que direção vai ocorrer a flambagem exige a necessidade de uma
distribuição uniforme de material em todas as direções.

Existem esforços mais econômicos que outros quanto ao consumo de material e


espaço ocupado pelas seções. Os esforços de tração, como visto nesta aula, exigem
menor quantidade de material e resultam em seções mais esbeltas e leves, tanto física
como visualmente, quando comparados aos de compressão. Já a flexão exige seções
que, além de apresentarem uma distribuição adequada de material, apresentem
também, grande resistência e quantidade de material.

Resumindo pode-se dizer que, em termos de dimensões das seções transversais das
peças estruturais, os esforços de tração são aqueles que demandam um menor
consumo de material, seguidos dos esforços de compressão. Já os esforços de flexão
apresentam os maiores consumos de material por comprimento de peça.

Até a próxima aula!

288
/
Resumo
Nesta aula compreendemos o comportamento de um elemento
quando submetido à esforços fletores, à esforços de cisalhamento e à esforços de
momento torçor.

Após, instruímos o conceito de distribuição de massa e hierarquia entre os diferentes


esforços.

289
Complementar
Cansado de ler? Pegue um fone de ouvido, plugue no celular e vamos a nossa sessão
semanal de cinema temático.

Calculo Sobrado Completo - Aula 1 Concepção Estrutural


Https://Www.Youtube.Com/Watch?V=Lrbdidmowea

Concepção Estrutural- Pilares


Https://Www.Youtube.Com/Watch?V=Eztbg_H8ung

Concepção Estrutural Turma Noite Aula 1 (De Novo!)


Https://Www.Youtube.Com/Watch?V=Wlguexgziry&T=229s

Concepção Estrutural Em Edifícios Altos E As Técnicas De Contraventamento – Parte I


Https://Www.Youtube.Com/Watch?V=Vixjbnadf0w

Concepção Estrutural Em Edifícios Altos E As Técnicas De Contraventamento – Parte Ii


Https://Www.Youtube.Com/Watch?V=Jbisxv_1bdo

Como Iniciar Um Projeto Estrutural


Https://Www.Youtube.Com/Watch?V=Tbwoud4vto0&List=Plvxz3lnbgpwsxukgopdqfqk_H
bumusuhx

Concepção Estrutural- Vigas


Https://Www.Youtube.Com/Watch?V=3g7_Dwgvjoc

Sistemas Estruturais
Https://Www.Youtube.Com/Watch?V=Wbsgkhal7ve&List=Pllt6k_Cxblmtywkwg2x2qkqvg
zdebu1vb

Concepção Estrutural
Https://Www.Youtube.Com/Watch?V=3dd2ktfldls

Lançamento Estrutural
Https://Www.Youtube.Com/Watch?V=Ts8vbg6m0no
290
Concepção Estrutural E Elementos Estruturais
Https://Www.Youtube.Com/Watch?V=Cy2hntn80o8

Concepção Estrutural
Https://Www.Youtube.Com/Watch?V=Jmja7jqqhg8

Fim!

291
Referências Bibliográficas

• A concepção Estrutural e a Arquitetura de Yopanan Rebello


• Estruturas Arquitetônicas – Composição e Modelagem de Liliana Fay
• BENEVOLO, L. História da Arquitetura Moderna.
• MITCHELL, W. J. A lógica da arquitetura: projeto, computação e cognição.
• Análise Estrutural Para Engenharia Civil e Arquitetura de Moacir Kripka
• Modelagem de Estruturas de Pedro Colmar Gonçalves da Silva Vellasco
• Fundamentos de Estruturas de Aluizio Fontana Margarido
• Análise das Estruturas de R. C. Hibbeler
• HENGEL, H. Sistemas de estruturas. Editorial Gustavo Gili, 2001. 352 p.
ISBN: 8425218004.
• SILVA, D. M. e SOUTO, A. K. Estruturas: uma abordagem arquitetônica.
Editora Ritter dos Reis, 2002. 150p. ISBN: 8524105623.
• REBELLO, Y. C. P. “A Concepção Estrutural e a Arquitetura”. Editora
Zigurate, 2000. ISBN: 8585570032
• ANELLI, R.; GUERRA A. e KON, N. Rino Levi, arquitetura e cidade. Editora
Romano Guerra, 2001. ISBN: 8588585014.
• BELLEI, I. H. Edifícios industriais em aço: projeto e cálculo. Pini, 2003. 508p.
ISBN 8572661441.
• BOTELHO, M. H. C. e MARCHETTI, O. Concreto Armado, eu te amo. Editora
Edgard Blücher Ltda, 2002. ISBN: 8521203071
• COUTINHO, E. O espaço da arquitetura. Perspectiva, 1998. 239p. ISBN
8527301660.
• CUNHA, A. J. P.; LIMA, N. A.; SOUZA, V. C. M. Acidentes Estruturais na
Construção Civil. Volume 1. PINI, 1996. ISBN: 8572660615.
• CUNHA, A. J. P.; LIMA, N. A.; SOUZA, V. C. M. Acidentes Estruturais na
Construção Civil. Volume 2. PINI, 1996. ISBN: 857266100x
• DIAS, L. A. M. Estruturas de aço: conceitos, técnicas e linguagem. Editora
Zigurate, 1997. 178 p. ISBN: 8585570024.
• “Edificações de Aço no Brasil”. Zigurate. São Paulo, 1993. ISBN: 8585570016.
• FRAMPTON, K. e BLASER, P. Santiago Calatrava. Editora Gustavo Gili,
1989. ISBN: 8881185261.
• HANAI, J. B. Construções de argamassa armada: fundamentos tecnológicos
para projeto e execução. Pini, 1999. 192p. ISBN 8572660038.
• MARGARIDO A. F. Fundamentos de Estruturas. Editora Zigurate, 2001. 334
p. ISBN: 8585570059.
• MEYER, K. F. Construções com Tubos. Karl Fritz Meyer, 2002. 224 p.
• MUNARI, B. Das coisas nascem coisas. Martins Fontes, 2000. 386p. ISBN:
8533608756

292
• NIEMEYER, CORBUSIER, TANGI e outros. Exemplos de arquitetura.
Coleção Enciclopédica da Construção. Hemus. 500p. ISBN: 8528902587.
• OTTO, F. Tensile structures: design, structure and calculation.
• RAMALHO, M. A. e CORRÊA M. R. S. Projeto de edifícios de alvenaria
estrutural. Pini, 2003. 188p. ISBN: 8572661476.
• REBELLO Y. C. P. A concepção estrutural e a arquitetura. Editora Zigurate,
2000. 271 p. ISBN: 8585570032.
• RICHARD, W. Materials, form and arquitecture. Editora Laurence King, 2003.
240p. ISBN: 1856692957.
• SCHROEDER, R. Novas tecnologias Egc arquitetura. Ateliê, 2003. 44p. ISBN:
8574802204.
• SILVA, G. G. Arquitetura do ferro no Brasil. Nobel, 1987. 248p. ISBN:
8521304641.
• SILVA, S. F. Zanine, Sentir e Fazer. Agir, 1995.ISBN: 8522003777.
• SOLOT, D.C. Paulo Mendes da Rocha: estrutura - o êxito da forma. Editora
Viana & Mosley, 2004. 124 p. ISBN: 8588721163.
• TOSCANO, J. W. João Walter Toscano. Editora Unesp, 2002. 186 p. ISBN:
8571394091.
• VASCONCELOS A. C. Estruturas da natureza um estudo da interlace entre
biologia e engenharia. Studio Nobel, São Paulo, 2000. 312 p. ISBN
8585445866.
• VASCONCELOS, A. C. Estruturas Arquitetônica: Apreciação intuitiva das
formas estruturais. Studio Nobel, 1991, 115 p.
• YAZIGI, W. A técnica de edificar. Pini, 2003. 670p. ISBN: 8572661468.
• ZANETTINI, S. Arquitetura, razão, sensibilidade. Editora da USP, 2002. 472p.
ISBN: 853140729x.
• ZANI, A. C. Arquitetura em madeira. Imprensa Oficial SP, 2003. 397p. ISBN:
8570601891.

293
Exercícios

1. Diferencie momento fletor de momento torçor.

___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________

2. Defina esforço cortante.

___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________

3. Para as estruturas abaixo, supondo que todas estão sofrendo a ação de seu
peso-próprio, pinte de verde os esforços de tração e de vermelho os esforços
de compressão. Após, circule de preto os trechos que possuirão maior
intensidade de esforço cortante.

a.

294
b.

c.

d.

e.

4. Através de uma pesquisa por imagens, ilustre elementos construtivos que


estejam sendo solicitados aos esforços abaixo:

a. Compressão

b. Tração

c. Momento Fletor

d. Momento Torçor

e. Flambagem

_____________________________________________________
_____________________________________________________
_____________________________________________________
_____________________________________________________
_____________________________________________________

295
AULA 13
MODELAGEM ESTRUTURAL

APRESENTAÇÃO DA AULA
Nesta aula alcançaremos o objetivo principal desta disciplina, a modelagem
da estrutura.

Observando o caminho das forças, iremos discutir a locação dos elementos


estruturais e suas dimensões usuais, propiciando ao aluno o conhecimento necessário
para continuar os estudos de estruturas ao longo do curso.

Boa aula!
.

OBJETIVOS DA AULA

Esperamos que, após o estudo do conteúdo deste módulo, você seja capaz
de:
➢ Pré-dimensionar pilares;
➢ Pré-dimensionar vigas
➢ Pré-dimensionar lajes
➢ Sugerir o tipo de vínculo mais eficiente entre os elementos estruturais
➢ Locar as vigas
➢ Locar os pilares
➢ Locar as lajes
➢ Classificar as vigas como principais e secundárias.

296
Olá aluno!
Nesta aula iremos aprofundar nosso conhecimento sobre o caminho
das forças, discutir o pré-dimensionamento dos elementos
estruturais, e argumentar a locação destes elementos dentro do
projeto arquitetônico. Boa aula!

Após entendermos quais são as estruturas que compõe os mais diversos sistemas
construtivos e quais são as ações que incidem sobre uma edificação, nós
compreendemos na aula passada como os elementos construtivos irão reagir a estes
esforços.

A partir deste momento iremos abordar os diferentes conceitos que abrangem a


concepção da estrutura. Partiremos do conceito de que conceber uma edificação é
compreender, entender e ser capaz de explicar sua função. Portanto, a concepção da
estrutura é a etapa que iremos entender o projeto de arquitetura e sermos capazes de
estabilizá-lo, propondo soluções construtivas e locando os elementos permanentes.

Desta forma, a concepção é a etapa anterior ao dimensionamento da estrutura. É


nesta fase que iremos delinear o traçado dos elementos estruturais, bem como
quantificá-los.

Para conceber uma estrutura é preciso possuir a consciência de sua existência e


perceber a sua relação com o espaço gerado e o sistema de forças capaz de transmitir
as cargas ao solo, da forma mais natural e objetiva. É neste momento que se identifica
os materiais que, de maneira mais adequada, se adaptarão a este sistema.

A estrutura e a forma são um só objeto, e, assim sendo, conceber uma estrutura


implica em conceber sua forma e vice-versa. A forma e a estrutura, portanto, nascem
juntas, e logo, quem cria a forma cria a estrutura, como percebemos pela Figura 309.

297
Figura 309 - Estrutura esboça a forma, e a forma determina a estrutura

Mas antes de continuarmos, paremos para refletir:

Qual é esta diferença entre forma e estrutura?

Podemos iniciar a definição de forma como o invólucro ou o aglomerado de um objeto


ou elemento. A forma descreve as qualidades espaciais e volumétricas da edificação.
Forma não necessariamente relaciona-se com a maneira com que é construída a obra,
mas evoca possíveis sugestões.

Já a estrutura é a configuração de elementos, definindo não apenas como o objeto


aparece, mas como ele irá se estabilizar mantendo seu formato arquitetônico, ou seja,
mantendo sua forma. Tanto forma quanto estrutura definem construções dimensionais
que possuem características espaciais como massa, volume e centro de gravidade.

Então, cada estrutura deve possuir uma forma, e cada forma deve possuir uma
estrutura. Um exemplo simples é através de uma fôrma de gelo, conforme ilustrada
pela Figura 310, onde para atender à forma retangular para o gelo, instituída como
princípio e premissa por quem concebeu a peça, é necessária uma estrutura plástica
envoltória.

298
Figura 310 - A fôrma de gelo dá a forma de cubo à água, para isso, contando com uma estrutura de
plástico

Por outro lado, a relação da forma com a estrutura é subjetiva, e o formato do objeto
não deve ser determinado por sua montagem. Para exemplificar, uma cadeira será
sempre uma cadeira seja ela construída de madeira, aço ou plástico.

A descoberta da estrutura ideal para a forma desejada, comprovando e corrigindo o


conceito inicial, é conhecida como cálculo estrutural. Não é a modelagem estrutural
que concebe uma forma, mas sim o esforço idealizador de seu projetista.

Associações de sistemas estruturais básicos ocorrem como resultado natural da


concepção arquitetônica: das funções, dos espaços e intenções formais. A criação de
linhas e planos que se harmonizam na criação das formas arquitetônicas e que se
integram ao meio em que se inserem, está intimamente ligada às possibilidades de
associações entre os sistemas estruturais básicos.

Esta associação pode ocorrer de modo discreto, quando os sistemas estruturais


básicos se inter-relacionam originando um novo sistema, formado por elementos que
se podem distinguir, e até mesmo, separá-los. O exemplo da Figura 311 demonstra
dois pilares e uma estrutura de telhado. Mesmo que se retire todo o telhado para
manutenção, os pilares continuam cumprindo seu papel, inclusive propiciando a
instalação de novo portal.

299
Figura 311 - "Guarde no coração o afeto deste povo acolhedor"

Isto não acontece em associações contínuas, como as tendas, conforme demonstrado


pela Figura 312, uma tenda não pode ser um sistema de membrana sem uma pele
tensionada por pilares comprimidos.

Figura 312 - Tenda com tecido tensionado e pilar central comprimido

Retirando o pilar central ou mesmo o tecido tensionado, a tenda perde sua função,
não podendo segregar seus elementos.

A concepção estrutural deve levar em conta a finalidade da edificação e atender, tanto


quanto possível, às condições impostas pela arquitetura. O projeto arquitetônico
representa, de fato, a base para a elaboração do projeto estrutural. Este deve prever
o posicionamento dos elementos de forma a respeitar a distribuição dos diferentes
ambientes nos diversos pavimentos. Mas não se deve esquecer de que a estrutura
deve também ser coerente com as características do solo no qual ela se apoia.

Tendo concluído esta explanação, iremos prosseguir em nossa aprendizagem,


tratando agora da modelagem da estrutura. Para tal irmos obedecer a ordem

300
empregada pelo conceito de caminho das forças, notem através da Figura 313, que
agora, enfim, podemos entender como a edificação reagirá conforme a aplicação das
cargas sobre sua estrutura.

Figura 313 - Demonstração do trajeto de uma carga ao incidir a estrutura de uma edificação, até ser
dissipada pelo solo através da fundação

A primeira fase consiste de perceber, baseado no conceito da forma, a quais ações a


estrutura estará sujeita, sendo as principais as ações verticais, como o peso-próprio
da estrutura e a ocupação por pessoas e mobília.

Nossa primeira fase consiste de posicionar os níveis de utilização da edificação, ou


seja, consiste de definirmos a localização dos elementos de placa da construção.

Os edifícios podem ser constituídos, por exemplo, pelos seguintes pavimentos:


subsolo, térreo, tipo, cobertura e casa de máquinas, além dos reservatórios inferiores
e superiores.

Existindo pavimento-tipo, o que em geral ocorre em edifícios de vários andares, inicia-


se pela estruturação desse pavimento. Caso não haja pavimentos repetidos, parte-se
da estruturação dos andares superiores, seguindo na direção dos inferiores.
301
Definido as ações, estas irão incidir como forças distribuídas sobre a superfície da laje
de cada pavimento. A espessura desta laje irá variar de acordo com o sistema
construtivo, mas, como exemplo, para lajes maciças de concreto armado, é possível
obter vãos até 40 vezes maiores que sua espessura.

Ou seja, para distâncias entre seus apoios de cinco metros, uma laje precisa
ter entorno de doze centímetros.

Continuando o caminho das forças, portanto, esta laje deverá estar apoiada por
suportes, e como definimos anteriormente, serão os elementos de barra. Estes
elementos, denominados vigas, recebem o peso da laje como uma força distribuída
linear.

Façamos o seguinte raciocínio: a alvenaria cerâmica possui um massa específica em


torno de 1.300 kg/m³. Seja uma parede de alvenaria de tijolos cerâmicos, construída
com seus blocos na vertical (meia vez), possuindo, assim, 13 cm de espessura, já
considerando eventual emboço. Se esta alvenaria for executada em um pavimento
típico, com pé-direito, ou seja, a distância entre o fundo da laje superior e o topo da
laje inferior, valendo 3,00m, quanto esta parede pesa a cada metro de seu
comprimento ao longo de um cômodo?

Para obter o peso da alvenaria a cada metro, devemos calcular o volume de alvenaria
a cada um metro de comprimento. Se esta alvenaria possui 0,13 m de espessura e
3,00 m de altura, podemos dizer que em 1,00 m de comprimento, essa alvenaria
possui 0,13 * 3,00 * 1,00 = 0,39 m³ de volume.

Logo se a cada um metro cúbico a alvenaria possui 1300 kg de massa, qual será a
massa de 0,39 m³? Com uma simples regra de três podemos perceber que a cada
metro, esta parede pesa 507 kg.

302
Isto mesmo, cada metro na horizontal de parede em sua sala ou quarto pesa mais de
meia tonelada. Dois metros de parede pesam mais que um carro Gol 1.0, com duas
pessoas dentro!

Afim de evitar este elevado peso apoiado diretamente sobre a laje, prioriza-se que
abaixo de todas as paredes existam vigas. Porém se nas extremidades de cada viga
tivermos um pilar, como demonstrado pela Figura 314, isto demandaria um excesso
de pilares na edificação, que resultaria em dificuldades construtivas, desde a
fundação, trazendo maior consumo de materiais e consequentemente aumento do
custo de execução da obra, além de um impacto significativo na arquitetura.

Figura 314 - Extremidades de vigas sobre pilares

Sendo assim, poderemos apoiar as vigas menores do projeto em outras vigas, desde
que mais robustas, e principalmente, desde que previsto este peso no
dimensionamento e detalhamento das estruturas, conforme ilustrado pela Figura 315.

Figura 315 - Vigas menores se apoiam em vigas maiores afim de evitar a poluição de pilares

Mas aí faremos nossa principal pergunta: qual então a distância ideal entre pilares?
303
Quem irá comandar esta decisão são as vigas. De acordo com a altura de viga que
se deseja permitir dentro do projeto de arquitetura, de modo que não impacte na
experiência visual do utilizador.

Por exemplo, para vigas biapoiadas de concreto armado, em média consegue-se vãos
dez vezes maiores que sua altura. Um exemplo, se desejamos vencer um vão de seis
metros com uma viga biapoiada, esta deverá possuir altura com valores no entorno
de sessenta centímetros.

Já para vigas contínuas, ou seja, com mais de dois apoios, também de concreto
armado, obtém-se vãos doze vezes maiores que a altura da viga utilizada. Seguindo
o mesmo exemplo, para o mesmo vão de seis metros, é possível vencê-lo com uma
viga de cinquenta centímetros.

Percebam então que propiciando a criação de longas vigas, torna-se interessante à


estrutura, uma vez que é possível reduzir a altura das vigas. As relações favoráveis
entre balanços e vãos são as que apresentam valores de momentos negativos iguais
aos positivos para um carregamento uniformemente distribuído, conforme
demonstrado pela Figura 316.

Figura 316 - Balanços propositais em vigas favorecem a estrutura, pois diminuem os momentos positivos
no meio do vão

304
Observe através a imagem acima que projetar em balanço cerca de 2/7 (28%) do
comprimento da viga, apenas de um lado, é favorável a estrutura, uma vez que
diminuirá o quanto essa viga irá afundar no meio do vão.

Da mesma forma, caso o balanço ocorra em ambos os lados da viga, balancear


1/5 (20%) do comprimento da viga, para cada lado, também favorece a estrutura,
reduzindo o consumo de material, e, de forma indireta, reduzindo o peso próprio da
edificação, aliviando, inclusive, o solo. Este mecanismo está demonstrado através da
Figura 317.

Figura 317 - Demonstração do alívio na deformação imposta pela existência dos balanços

Através de ensaios de laboratório, podemos compilar ábacos que relacionam o vão


necessário a ser vencido pelo elemento, de acordo com a altura da peça, para larguras
habituais. O primeiro ábaco, apresentado através da Figura 318, demonstra esta
relação para vigas de concreto armado.

Figura 318 - Ábaco de dimensionamento de vigas de concreto armado

305
Através da Figura 319 podemos comparar com a relação de vão e altura de peça para
vigas metálicas. Perceba que para o mesmo vão de seis metros, uma viga de concreto
necessita de sessenta centímetros de altura, enquanto vigas de aço apenas a metade,
cerca de trinta centímetros.

Figura 319- Ábaco de dimensionamento de vigas de metálicas (aço)

Também podemos realizar a mesma comparação, mostrada através da Figura 320,


só que agora com vigas de madeira. Da mesma forma, ao contrário que um primeiro
raciocínio pode demandar, por tratar-se de material perecível, perceba que a viga de
madeira possui maior eficiência que a viga de concreto. Esta afirmativa pode ser
observada através de ensaios de resistência, onde alguns tipos de madeira podem
apresentar resistências três vezes maior que peças de concreto.

Figura 320- Ábaco de dimensionamento de vigas de madeira

Como última comparação, até para justificar o amplo uso do arco ao longo da história
na construção de estruturas, através da Figura 321 demonstramos que com os
mesmos sessenta centímetros de demandados para a viga de concreto, quando
utilizamos o formato de arco, devido ao aparecimento exclusivo de forças de
306
compressão na estrutura, não apresentando cargas de flexão, é possível vencer vãos
de doze metros, ou seja, o dobro do comprimento anterior.

Figura 321- Ábaco de dimensionamento de arcos de concreto armado

Tendo definido os limites mínimos e máximos de vãos, a definição da forma estrutural


parte da localização dos pilares e segue com o posicionamento das vigas e das lajes,
nessa ordem, sempre levando em conta a compatibilização com o projeto
arquitetônico.

Recomenda-se iniciar a localização dos pilares pelos cantos e, a partir daí, pelas áreas
que geralmente são comuns a todos os pavimentos (área de elevadores e de escadas)
e onde se localizam, na cobertura, a casa de máquinas e o reservatório superior. Em
seguida, posicionam-se os pilares de extremidade e os internos, buscando embuti-los
nas paredes ou procurando respeitar as imposições do projeto de arquitetura.

Deve-se, sempre que possível, dispor os pilares alinhados, a fim de formar pórticos
com as vigas que os unem. Os pórticos, assim formados, contribuem
significativamente na estabilidade global do edifício

A prática demonstra que os vãos ideais entre pilares estão entre 4 e 6 metros, por
demonstrarem maior economia de material, sendo recorrente a utilização de 5 metros
para disposição inicial dos pilares e compatibilização com a proposta de arquitetura.
Porém, vãos acima de 12 metros não são indicados pois produzem vigas com
307
dimensões incompatíveis e acarretam maiores custos à construção (maiores seções
transversais dos pilares, maiores taxas de armadura, dificuldades nas montagens da
armação e das formas etc.).

A NBR 6118, exclusiva para projeto de estruturas de concreto, exige que os pilares
tenham no mínimo 19 cm de largura, porém, isto de forma recorrente impacta na
arquitetura de nossas edificações, uma vez que a alvenaria tem entre 12 e 15
centímetros de espessura.

Porém, esta mesma norma nos permite executar os pilares com dimensões mínimas
de 12 cm, não abrindo mão de 360 cm² de área de seção, desde que o carregamento
sobre este pilar seja majorado.

A localização dos pilares também irá impactar em seu dimensionamento, tendo em


vista que pilares de canto e de borda da edificação sofrem uma tendência de serem
puxados para dentro da construção, em direção ao centro de gravidade da obra,
devido a aplicação de cargas. Pilares internos, como devidamente demonstrado
através da Figura 322, tendem a sofrer menos a aplicação deste momento.

Figura 322 - A localização de um pilar dentro da edificação impacta nos esforços atuantes sobre este

Neste momento, devemos ter em mente que pilares do entorno da escada e


elevadores de um edifício, bem como os que sustentarão a caixa d’água, deverão ter
suas dimensões majoradas e sua rigidez garantida, tendo em vista que suportarão
cargas maiores e deverão suportar ações excepcionais, como incêndios, uma vez que
tratam da rota de fuga da edificação.

308
Posicionados os pilares no pavimento-tipo, deve-se verificar suas interferências nos
demais pavimentos que compõem a edificação. Assim, por exemplo, deve-se verificar
se o arranjo dos pilares permite a realização de manobras dos carros nos andares de
garagem ou se não afetam as áreas sociais, tais como recepção, sala de estar, salão
de jogos e de festas etc.

Na impossibilidade de compatibilizar a distribuição dos pilares entre os diversos


pavimentos, pode haver a necessidade de um pavimento de transição. Nesta situação,
a prumada do pilar é alterada, empregando-se uma viga de transição, que recebe a
carga do pilar superior e a transfere para o pilar inferior, na sua nova posição. Nos
edifícios de muitos andares, devem ser evitadas grandes transições, pois os esforços
na viga podem resultar exagerados, provocando aumento significativo de custos.

Após esta etapa, a estruturação segue com o posicionamento das vigas nos diversos
pavimentos. Além daquelas que ligam os pilares, formando pórticos, outras vigas
podem ser necessárias, seja para dividir um painel de laje com grandes dimensões,
seja para suportar uma parede divisória e evitar que ela se apoie diretamente sobre a
laje.

É comum, por questões estéticas e com vistas às facilidades no acabamento e ao


melhor aproveitamento dos espaços, adotar larguras de vigas em função da largura
das alvenarias, estando esse valor no entorno de quinze centímetros. As alturas das
vigas ficam limitadas pela necessidade de prever espaços livres para aberturas de
portas e de janelas, porém, devemos prezar por alturas padronizadas afim de
favorecer o escoramento. Em edifícios residenciais, é conveniente que as alturas das
vigas não ultrapassem 60cm, para não interferir nos vãos de portas e de janelas.

Como as vigas delimitam os painéis de laje, suas disposições devem levar em


consideração o valor econômico do menor vão das lajes. A construção civil brasileira
usualmente adota, para lajes maciças, de 3,50 m a 5,00 m. O posicionamento das
lajes fica, então, praticamente definido pelo arranjo das vigas.

309
De posse do arranjo dos elementos estruturais, podem ser feitos os desenhos
preliminares da modelagem da estrutura, com as dimensões baseadas no projeto
arquitetônico.

A seguir, apresentaremos alguns exemplos de projetos arquitetônicos e seu


procedimento usual para modelagem estrutural, para que sirva de exemplo e
inspiração. Seja o projeto arquitetônico apresentado através da Figura 323.

Figura 323 - Projeto arquitetônico modelo para demonstração da modelagem da estrutura

O primeiro passo é limparmos o projeto, mantendo apenas os elementos de interesse,


como escadas e paredes e seus vãos. A seguir, demarcamos o traçado sugerido de
vigas. Iniciamos com o contorno da edificação, que por apresentar alvenarias, sugere
a locação de vigas neste perímetro, conforme Figura 324.

310
Figura 324 - Demarcação do perímetro de alvenaria

Após, devemos subdividir a edificação em um eixo longitudinal, priorizando a


passagem pelo maior número de paredes possíveis, respeitando os vãos definidos
conforme comprimentos mínimos e máximos estipulados. Iniciaremos pelo eixo
vertical, conforme apresentado pela Figura 325.

Figura 325 - Divisão em dois vãos longitudinais

Continuamos o mesmo processo, dividindo agora no eixo horizontal, seccionando os


vãos de acordo com os mesmos limites de comprimento de vão, conforme Figura 326,
também buscando os alinhamentos das paredes demarcadas no projeto arquitetônico.

311
Figura 326 - Divisão em três vãos transversais, ocasionando seis panos de laje

Por último posicionamos os pilares, na Figura 327, demarcados através de um


quadrado azul, nos vértices da edificação e nos cruzamentos dos eixos das vigas,
traçados em vermelho.

Perceba que, conforme dito anteriormente, a escada e elevadores, quando existirem,


devem ser enrijecidos, visando uma maior concentração de pilares. Este princípio
aumenta a resistência da estrutura como um todo, conhecido como núcleo rígido,

Nesta etapa, avaliamos as paredes que não estarão apoiadas diretamente sobre estas
vigas principais. Quando se tratarem de pequenos trechos, podemos considerar que
as paredes estarão apoiadas diretamente sobre a laje, desde que consideradas no
cálculo da armadura de aço deste elemento.

Porém, quando as paredes tiverem comprimento relevante, seu peso sobre a laje é
prejudicial e antieconômico. Assim, devemos traçar vigas para suportar estas
alvenarias. Afim de evitar a concentração desnecessárias de pilares, apoiamos estas
vigas secundárias e auxiliares diretamente nas vigas principais.

312
Figura 327 - Locação dos elementos estruturais em uma edificação, com a demarcação de vigas e pilares

Afim de reforçar nosso entendimento, faremos agora um segundo exemplo. Seja o


projeto arquitetônico proposto através da Figura 328.

Figura 328 - Projeto arquitetônico para modelagem estrutural (Planta Baixa)

Isolando apenas as informações pertinentes, como alvenaria, vãos e escadas,


obtemos o croqui apresentado através da Figura 329.

313
Figura 329 - Demarcação das alvenarias

Podemos seguir o mesmo roteiro anterior, delineando o contorno da edificação e


apoiando as alvenarias, obtemos a Figura 330. Porém note que se todas as alvenarias
possuírem vigas, como proposto, os vãos das lajes estarão reduzidos, aumentando o
consumo de materiais e logo, mão de obra, devido ao excesso de vigas.

Figura 330 - A solução com vigas suportando todas as alvenarias é antieconômica

Para isso, adotaremos algumas alvenarias diretamente sobre a laje, evitando que
estejam posicionas nas regiões centrais dos panos delineados. É preferível optar por
paredes que possuam esquadrias, como janelas e portas, por serem mais leves.
Assim, podemos propor a seguinte solução econômica, conforme Figura 331.

314
Figura 331 - Solução econômica de locação das vigas

Tendo este croqui aprovado, lançamos os pilares, permitindo que vigas secundárias
se apoiem em vigas principais, obedecendo a hierarquia concebida, conforme Figura
332.

Figura 332 - Lançamento dos pilares da edificação modelo

Conforme veremos nas próximas disciplinas de estruturas, os projetos resultantes


serão desta modelagem, já definidos tecnicamente, serão apresentados através de
projetos de fôrmas, conforme ilustrado pela Figura 333, que encerra nossa prática.

315
Figura 333 - Planta de fôrmas para a edificação modelo

Os modelos estruturais são melhores visualizados em três dimensões, e portanto, de


forma recorrente, recursos como maquetes são utilizados, como demonstrado pela
Figura 334.

Figura 334 - Modelagem estrutural de edificação através de montagem de maquete com cartolina

Atualmente há diversos softwares que nos auxiliam na modelagem de estruturas,


desde as bidimensionais de pequeno porte, como o Ftool por exemplo, até estruturas
de edifícios de múltiplos pavimentos, através de softwares como Cype 3D ou Eberick.
Na Figura 335, a seguir, apresentamos um edifício residencial modelado através
destes programas, e sua respectiva impressão 3D.
316
Figura 335 - Edifício residencial modelado através do software Eberick, e sua respectiva impressão 3D

Encerrando a modelagem, é importante ter em mente que os pilares descarregarão


as cargas no solo, e como já discutido neste caderno, cada pilar deverá ter uma
solução para tal, denominada fundação. Para minimizar recalques diferenciais, deve-
se priorizar uma solução que atenda a todos os pilares, evitando associar dentro de
uma mesma edificação pilares com sapatas e pilares com estacas, permitindo, assim,
que o prédio trabalhe de modo uniforme.

Como diversas variáveis impactarão na modelagem, requerendo do arquiteto, além


de uma boa instrução acadêmica, prática e experiência, torna-se de difícil resolução
a montagem de um roteiro único para a modelagem da estrutura.

O que nos cabe neste primeiro período é propiciar ao aluno ferramentas para que este
desenvolva metodologia própria, cabendo ao professor direcionar e orientar a
montagem da forma e estrutura, regulando excessos e apontando falhas.

Na próxima aula discutiremos como a observação dos elementos da natureza


impactam na modelagem de nossas estruturas e na concepção de nossas formas.

Até a próxima aula!

317
Resumo
Nesta aula alcançamos o objetivo principal desta disciplina, a
modelagem da estrutura.

Observando o caminho das forças, discutimos a locação dos elementos


estruturais e suas dimensões usuais, propiciando ao aluno o conhecimento necessário
para continuar os estudos de estruturas ao longo do curso.

Além disto, pré-dimensionar pilares, vigas e lajes, sugerindo o tipo de vínculo


mais eficiente entre os elementos estruturais.

Após, locamos estes elementos, classificando as vigas como principais e


secundárias.

318
Complementar
Para esta aula reservamos seleta literatura disponível na internet, de forma gratuita,
visando complementar os estudos até aqui alcançados.

https://www.archdaily.com.br/br/891672/aprenda-a-pre-dimensionar-uma-
estrutura-em-concreto-armado

https://www.youtube.com/watch?v=qUw5J1yMlmc

https://www.ebah.com.br/content/ABAAAfEY0AH/apostila-sistemas-
estruturais?part=5

https://www.youtube.com/watch?v=zpmlmt9_OP8

https://www.youtube.com/watch?v=SVJRjoAk2XE

http://www.lem.ep.usp.br/pef2303/Aula2A_Claudius.pdf

https://notedi1.files.wordpress.com/2010/06/estruturas.pdf

https://www.meiacolher.com/2018/06/distancia-entre-pilarescoluna-vao-
passo.html

http://comoprojetar.com.br/como-projetar-utilizando-estruturas-em-
concreto-armado-07/

https://marcelosbarra.com/2016/09/07/pre-dimensionamento-estrutural/

http://www.vitruvius.com.br/revistas/read/arquitextos/18.214/6931

http://maisengenharia.altoqi.com.br/estrutural/quais-informacoes-preciso-
dispor-para-comecar-um-projeto-estrutural/

319
Referências Bibliográficas

• A concepção Estrutural e a Arquitetura de Yopanan Rebello


• Estruturas Arquitetônicas – Composição e Modelagem de Liliana Fay
• BENEVOLO, L. História da Arquitetura Moderna.
• MITCHELL, W. J. A lógica da arquitetura: projeto, computação e cognição.
• Análise Estrutural Para Engenharia Civil e Arquitetura de Moacir Kripka
• Modelagem de Estruturas de Pedro Colmar Gonçalves da Silva Vellasco
• Fundamentos de Estruturas de Aluizio Fontana Margarido
• Análise das Estruturas de R. C. Hibbeler
• HENGEL, H. Sistemas de estruturas. Editorial Gustavo Gili, 2001. 352 p.
ISBN: 8425218004.
• SILVA, D. M. e SOUTO, A. K. Estruturas: uma abordagem arquitetônica.
Editora Ritter dos Reis, 2002. 150p. ISBN: 8524105623.
• REBELLO, Y. C. P. “A Concepção Estrutural e a Arquitetura”. Editora
Zigurate, 2000. ISBN: 8585570032
• ANELLI, R.; GUERRA A. e KON, N. Rino Levi, arquitetura e cidade. Editora
Romano Guerra, 2001. ISBN: 8588585014.
• BELLEI, I. H. Edifícios industriais em aço: projeto e cálculo. Pini, 2003. 508p.
ISBN 8572661441.
• BOTELHO, M. H. C. e MARCHETTI, O. Concreto Armado, eu te amo. Editora
Edgard Blücher Ltda, 2002. ISBN: 8521203071
• COUTINHO, E. O espaço da arquitetura. Perspectiva, 1998. 239p. ISBN
8527301660.
• CUNHA, A. J. P.; LIMA, N. A.; SOUZA, V. C. M. Acidentes Estruturais na
Construção Civil. Volume 1. PINI, 1996. ISBN: 8572660615.
• CUNHA, A. J. P.; LIMA, N. A.; SOUZA, V. C. M. Acidentes Estruturais na
Construção Civil. Volume 2. PINI, 1996. ISBN: 857266100x
• DIAS, L. A. M. Estruturas de aço: conceitos, técnicas e linguagem. Editora
Zigurate, 1997. 178 p. ISBN: 8585570024.
• “Edificações de Aço no Brasil”. Zigurate. São Paulo, 1993. ISBN: 8585570016.
• FRAMPTON, K. e BLASER, P. Santiago Calatrava. Editora Gustavo Gili,
1989. ISBN: 8881185261.
• HANAI, J. B. Construções de argamassa armada: fundamentos tecnológicos
para projeto e execução. Pini, 1999. 192p. ISBN 8572660038.
• MARGARIDO A. F. Fundamentos de Estruturas. Editora Zigurate, 2001. 334
p. ISBN: 8585570059.
• MEYER, K. F. Construções com Tubos. Karl Fritz Meyer, 2002. 224 p.
• MUNARI, B. Das coisas nascem coisas. Martins Fontes, 2000. 386p. ISBN:
8533608756

320
• NIEMEYER, CORBUSIER, TANGI e outros. Exemplos de arquitetura.
Coleção Enciclopédica da Construção. Hemus. 500p. ISBN: 8528902587.
• OTTO, F. Tensile structures: design, structure and calculation.
• RAMALHO, M. A. e CORRÊA M. R. S. Projeto de edifícios de alvenaria
estrutural. Pini, 2003. 188p. ISBN: 8572661476.
• REBELLO Y. C. P. A concepção estrutural e a arquitetura. Editora Zigurate,
2000. 271 p. ISBN: 8585570032.
• RICHARD, W. Materials, form and arquitecture. Editora Laurence King, 2003.
240p. ISBN: 1856692957.
• SCHROEDER, R. Novas tecnologias Egc arquitetura. Ateliê, 2003. 44p. ISBN:
8574802204.
• SILVA, G. G. Arquitetura do ferro no Brasil. Nobel, 1987. 248p. ISBN:
8521304641.
• SILVA, S. F. Zanine, Sentir e Fazer. Agir, 1995.ISBN: 8522003777.
• SOLOT, D.C. Paulo Mendes da Rocha: estrutura - o êxito da forma. Editora
Viana & Mosley, 2004. 124 p. ISBN: 8588721163.
• TOSCANO, J. W. João Walter Toscano. Editora Unesp, 2002. 186 p. ISBN:
8571394091.
• VASCONCELOS A. C. Estruturas da natureza um estudo da interlace entre
biologia e engenharia. Studio Nobel, São Paulo, 2000. 312 p. ISBN
8585445866.
• VASCONCELOS, A. C. Estruturas Arquitetônica: Apreciação intuitiva das
formas estruturais. Studio Nobel, 1991, 115 p.
• YAZIGI, W. A técnica de edificar. Pini, 2003. 670p. ISBN: 8572661468.
• ZANETTINI, S. Arquitetura, razão, sensibilidade. Editora da USP, 2002. 472p.
ISBN: 853140729x.
• ZANI, A. C. Arquitetura em madeira. Imprensa Oficial SP, 2003. 397p. ISBN:
8570601891.

321
Exercícios
Para os exercícios de hoje, não podemos deixar de treinar a modelagem estrutural,
conforme proposto durante a aula.

Para o projeto arquitetônico abaixo, apresentado através da Figura 336, treine os


conceitos adquiridos durante esta disciplina, e proponha a locação das vigas e pilares,
delineando os panos de laje.

Figura 336 - Arquitetura proposta para exercício

Após, através de palitos de picolé, construa o modelo estrutural sugerido por você.
O resultado obtido será semelhante ao obtido nas figuras ilustrativas abaixo, através

322
de prática semelhante aplicada em outras turmas, através da Figura 337, Figura 338
e Figura 339.

Figura 337 - Modelagem estrutural com palitos de madeira (Foto 1)

Figura 338 - Modelagem estrutural com palitos de madeira (Foto 2)

Figura 339 - Modelagem estrutural com palitos de madeira (Foto 3)

323
AULA 14
ANALOGIA COM OS ELEMENTOS DA NATUREZA

APRESENTAÇÃO DA AULA

Uma maneira de se aprimorar no entendimento do comportamento das estruturas


é a observação da natureza. A natureza tende a resolver seus problemas de ordem
física e biológica da maneira mais simples, econômica e bela.

O estudo sério de como a natureza resolve seus problemas de subsistência tem


levado o ser humano a inventar, ou melhor, a reproduzir soluções naturais,
construindo os mais diversos tipos de objetos úteis para a nossa existência.

OBJETIVOS DA AULA

Esperamos que, após o estudo do conteúdo deste módulo, você seja capaz
de:
➢ Compreender o processo de mimetismo dos elementos da natureza
dentro da concepção das estruturas;
➢ Perceber que através da observação da natureza, soluções estruturais
são identificadas;

324
Olá aluno!
Nesta nossa última aula teórica, estudaremos as analogias entre
sistemas estruturais existentes na natureza e os realizados nas
edificações. O intuito dessa é demonstrar como o homem
desenvolveu suas teorias através da observação dos elementos da
natureza, e também como ainda temos muito a aprender. Boa aula!

Nossa primeira e mais intuitiva observação é de como que se comportam as estruturas


na natureza, inicia-se pela análise dos galhos secos de árvores, onde percebemos
através da Figura 340, que existe uma diminuição do diâmetro do galho à medida que
nos afastamos da raiz.

Figura 340 - Galhos de árvores diminuem seu diâmetro à medida que alcançam as folhas

Como o galho é composto por um material único, no caso a madeira, a sua resistência
é igual em todas as partes. Se o galho tivesse a mesma seção, o tronco central não
suportaria o peso adicional, e qualquer variação de seu formato, poderia tombar a
árvore, uma vez que seu centro de gravidade seria facilmente impactado pelo formato
dos galhos.

Para que todas os seguimentos de galhos sejam solicitados de forma


aproximadamente igual, a arvore aumenta a seção do galho proporcionalmente à
intensificação dos esforços. Logo, galhos de extremidade, o menor diâmetro possível
325
para suportar o peso das folhas, evitando o sobrepeso no tronco. Já os ramos e
troncos principais, robustos para suportar o peso de todos acima.

Análogo ao que acontece com uma árvore, podemos observar o mesmo processo
ocorrendo em uma asa de inseto, como a libélula, demonstrado pela Figura 341. Esta
asa apresenta uma malha, de veias mais grossas perto do tronco, e à medida que vão
se afastando, vão reduzindo sua espessura e consequentemente aumentando sua
ramificação. Este sistema, de entrelaçamento de elementos, é conhecido como
grelha, e é recorrentemente utilizado por propiciar maior estabilidade do sistema.

Figura 341 - Asa de um inseto demonstra a grande resistência da grelha formada pela malha de veias e
também a diminuição da seção das veias à medida que se afastam do corpo do inseto, visando a
diminuição do seu peso

Por mais que a maioria das árvores apresentem comportamento similar, de diminuição
da área da seção do galho à medida que se ramifica, nem todas as árvores
apresentam o mesmo mecanismo. O galho da palmeira possui uma quantidade de
material aproximadamente constante, da extremidade ao tronco, variando apenas seu
formato, como podemos observar pela Figura 342.

326
Figura 342 - A folha da palmeira altera seu formato sem perder massa, para garantir maior resistência
contra momentos fletores

Para aumentar a resistência da seção à “quebra” da folha, causada pelo momento


fletor, a natureza modificou a distribuição de material ao longo da folha. No extremo
do galho, onde o peso é menor, a massa de madeira se concentra junto ao centro de
gravidade. Quanto mais se aproxima do tronco, mais o material se afasta do centro
da folha, diminuindo sua espessura. Assim, quanto mais próxima do tronco maior é
capacidade de resistência à rotação do galho.

Já a araucária, que é uma árvore de galhos quase horizontais, não apresentam


variação nas dimensões das suas seções e nem alteração de formato, como podemos
observar pela Figura 343.

Para resistir à aos esforços de momento na junção do galho ao tronco, a natureza


desenvolveu o ‘nó’ ou como é conhecido neste caso, ‘nó de pinho’, que tem resistência
mecânica muito maior que o restante do galho, garantindo assim o engastamento.

327
Figura 343 - A araucária possui galhos horizontais visando expandir a área de atuação de sua copa, e
para isso, provém importante mecanismo de engaste de seus galhos ao seu tronco, conhecido como nó

Observa-se também a ocorrência de fibras mais resistentes na parte de cima do galho,


que fazem o combate ao momento negativo que surge devido ao peso-próprio.

Analisemos agora o tronco do pé de oliveira, que é sinuoso e quando velho parte-se


em dois, cada um desenvolvendo um sistema radicular próprio. Este processo tem
propósito de garantir maior estabilidade à arvore, mesmo com o enfraquecimento de
sua estrutura pela idade, com os troncos assumindo a forma, muitas vezes de um ‘K’,
como pode ser percebido através da análise da Figura 344.

328
Figura 344 - É comum a ocorrência de árvores duplas, primitivamente próximas, que com o tempo podem
separar-se cerca de dois metros

Neste momento estudaremos como algumas espécies de bambu conseguem alcançar


a marca de 45 m de altura, como podemos observar pela ilustração da Figura 345. O
caule, cilíndrico, longo e oco apresenta nós localizados a distâncias idênticas entre si.
A garantia da forma da seção transversal é mantida pelos nós (sob ação do vento o
bambu sofre flexão, tendo parte de suas fibras submetidas a esforços de tração e
parte de compressão), que trabalham contraventando a estrutura.

Figura 345 - Os nós funcionam como elementos de rigidez, impedindo a deformação da seção do caule e
mantendo sua resistência.

329
O pé de chuchu nos traz importante analogia construtiva. Ao se fixar sobre uma
superfície, projeta próximo às suas hastes rígidas, outras hastes, de menos tamanho
e flexíveis, em formato de mola, como podemos observar pela ilustração da Figura
346. Este ramo auxiliar tem a função absorver e amortecer as vibrações aplicadas à
planta, como ventos ou passagem de animais.

Figura 346 - Hastes menores e em formato de mola possuem a função de amortecedores à estrutura

De forma análoga, conforme foi dito em nossas primeiras aulas, em regiões sujeitas à
abalos sísmicos, amortecedores são colocados em estruturas para que absorvam
vibrações e não entrem em ressonância. A ressonância é um fenômeno que ocorre
quando um determinado objeto sofre uma vibração externa, cuja frequência é igual a
sua própria frequência. Se as estruturas vibrarem na mesma frequência da fonte
emissora podem entrar em estado de ruína.

Pássaros, como o tinhorão e o tecelão, executam seu ninho com toda a espécie de
materiais a sua disposição, como capim seco, fios artificiais, palha e penas, dentro de
uma forquilha de um galho de árvore, como podemos observar pela Figura 347. O
tecelão usa seu corpo como molde e gabarito para a montagem do ninho, com a fêmea
assumindo importante papel de inspetora de sua resistência do ninho, antes de chocar
os ovos.

330
Figura 347 - Ninhos são compostos por materiais que sozinhos são frágeis

O ninho, que é composto por elementos que sozinhos são frágeis e não proporcionam
resistência, é um excelente exemplo de como a correta montagem e posicionamento
dos elementos construtivos podem resultar em um sistema com grande capacidade
de carga.

Inspirado por este conceito, o Estádio Nacional de Pequim foi concebido. Não à toa
ele recebeu o apelido de Ninho de Pássaro e pode ser observado através da Figura
348.

Figura 348 - Estádio Nacional de Pequim, também conhecido como Ninho de Pássaro

331
Outro exemplo de ninho que é bastante copiado nas construções atuais, sendo de
forma recorrente utilizado como inspiração é a casa do João de barro, que é
apresentada pela Figura 349. Ela é construída com fibras vegetais misturadas com
barro úmido da beira de córregos. Como o barro é um material que resiste bem a este
esforço, o João de Barro prepara seu abrigo em formato de cúpula.

Figura 349 - A forma final do ninho do João de Barro é uma cúpula, onde predomina o esforço de
compressão simples

Este é um exemplo onde o material disponível no local define o sistema estrutural que
será adotado, porém temos que ter em mente, que em muitos casos a concepção do
projeto partirá da escolha primária do sistema estrutural, e portanto, conhecendo bem
os esforços envolvidos, deverá ser escolhido o material mais adequado.

Na construção de sua habitação, não apenas pássaros utilizam seu corpo como
molde. As abelhas usam seu corpo como gabarito para o tamanho de cada alvéolo,
como podemos observar pela Figura 350.

332
Figura 350 - Os favos da colmeia são compostos por alvéolos justapostos, moldados de acordo com o
tamanho médio das abelhas

Interessante notar que, em vista do processo construtivo, a forma mais adequada do


casulo seria a circular, entretanto ao serem agrupados deixariam um espaço entre si,
significando um consumo maior de cera. As três únicas formas que agrupadas entre
si não deixariam espaços são o triângulo, o quadrado e o hexágono. Porém, o
hexágono é a forma que apresenta maior área por menor perímetro, logo, consumindo
menos cera para fabricá-los.

Continuando com a observação do mundo animal, a teia de aranha é construída


inicialmente por fios radiais, partindo do centro da teia até serem fixados em pontos
rígidos. Após é tecida os tramos intermediários, anelares à teia até que se complete a
malha.

333
Figura 351 - Obras executadas na direção dos esforços principais, que seguem a geometria das teias,
tornam o sistema mais resistente e econômico

Voltando ao reino vegetal, o cogumelo, não comestível chamado de amanita, possui


uma base denominada volva, uma haste, denominada pé, e a parte superior
denominada chapéu. A estrutura de sustentação do chapéu é formada por uma série
de nervuras radiais, denominadas lamelas, que apesar de esbeltas são capazes de
garantir a rigidez e a resistência do chapéu. As nervuras, por estarem em balanço,
necessitam ter sua maior altura junto ao apoio e reduzir seu tamanho até extremidade,
como podemos observar pela

Figura 352 - As lamelas do cogumelo se assemelham ao sistema estrutural de lajes nervuradas

334
Diversos tipos de estruturas são baseados nessa forma, como as lajes-cogumelo, que
conforme visto em nossa terceira e quarta aula, são estruturas em que a laje se apoia
diretamente sobre os pilares, sem o uso de vigas. Este é muito comum em locais onde
o pé direito livre é importante, pois a ausência de vigas facilita a execução da laje,
principalmente para coberturas em formas muito irregulares.

Tendo em vista a distribuição dos esforços, a espessura da laje deve ser maior junto
aos pilares e mais fina nas extremidades. Para grandes vãos, a laje pode ser
nervurada, o que a aproxima ainda mais da forma do cogumelo.

Agora analisando as conchas marinhas que abrigam os moluscos, estas são


submetidas a grandes pressões provocadas pelo peso de água. O formato
semelhante a uma cúpula, com seu tampo arqueado, permite o desenvolvimento de
esforços predominantemente de compressão sob sua estrutura, aos quais o material
da concha resiste bem, por ter a mesma origem do cimento, o calcário. Desta forma,
o molusco garante que sua concha tenha a menor espessura possível, facilitando sua
locomoção.

Por possuir formato côncavo, os esforços de compressão e a esbeltez da concha


podem causar flambagem, o que é combatido pelas nervuras de sua superfície, que
a enrijecem sem aumento significativo do seu peso, como pode ser observado pela
Figura 353.

Figura 353 - Dobraduras aumentam a rigidez das seções dos elementos estruturais, ou seja, quanto mais
material longe do centro de gravidade mais rígida será a seção e portanto mais difícil de flambar

335
A casca do ovo é formada por cálcio, material de boa resistência à compressão e
baixa resistência à tração. Quando sujeita predominantemente à compressão simples,
sua resistência é muito grande, devido a seu formado oval, similar à cúpula. Quando
é tracionada ou flexionada (tração e compressão concomitantes) sua resistência cai
muito e sua casca é facilmente danificada..

Se a casca for comprimida por uma força concentrada na direção do seu eixo maior,
o ovo oferece uma resistência muito grande, entretanto se for comprimida na direção
do menor eixo, quebra-se com facilidade, como apontado pela Figura 354.

Figura 354 - Ao apertar um ovo, dependendo de como fazemos, podemos observar grandes e pequenas
resistências, devido a seu formato oval

Arcos mais pontiagudos, com formas que se aproximam do funicular de uma única
força, apresentam boa resistência à compressão uma vez que estarão pouco sujeitos
à flexão, predominando a força de compressão simples. Já arcos mais abatidos, o
funicular se afastará bem da forma do arco e ocorrerá grande flexão, comprometendo
a resistência da casca. Essa comparação pode ser realizada visualmente através da
Figura 355.

336
Figura 355 - Arcos sujeitos a cargas concentradas no meio do vão devem ter sua conformação alterada,
aproximando-a da forma triangular, mais próxima do funicular isolada

Encaminhando-se para o final de nossa aula, considere a carapaça que protege uma
tartaruga da pressão da água e de seus predadores. Além do formato de cúpula
(favorável ao predomínio de forças de compressão), dispõe de linhas definindo uma
trama com aspecto de gomos e formando dobraduras que aumentam sua rigidez,
como visualizamos na Figura 356.

Figura 356 - Exoesqueleto da tartaruga marinha em formato de gomos, aumentando a sua rigidez

Encerrando nosso estudo do comportamento das estruturas na natureza, observemos


o desenvolver de uma árvore. Enquanto possui baixa estatura, a raiz se desenvolve
337
como um pinhão, uma espécie de pino. Quando cresce e não pode mais suportar os
efeitos do vento sem que tombe, desenvolve outras raízes, superficiais e menores, na
direção radial a seu tronco, enquanto a raiz principal para de crescer. Normalmente o
círculo abrangido pelas raízes superficiais é igual ao círculo da copa, garantido a
estabilidade da árvore, conforme podemos avaliar pela Figura 357.

Figura 357 - Visando garantir a estabilidade, a arvore aumenta sua base, através da dispersão de suas
raízes

É importante entendermos que temos muito ainda a aprender através da observação


dos elementos da natureza, e que grandes soluções que ainda estão por serem
desenvolvidas já estão presentes no nosso cotidiano, escondida em florestas e mares.

Assim concluímos nosso estudo de modelagem de estruturas. Espero que tenha


compreendido os principais conceitos da concepção e modelagem de estruturas. Até
uma próxima oportunidade. Dúvidas? Entre em contato comigo através do e-mail
mathrocha@hotmail.com e terei prazer em atende-lo.

338
Resumo
Nesta aula compreendemos como continuamente a humanidade
projeta sua criatividade arquitetônica no mimetismo aos elementos
estruturais encontrados na natureza.

Aprendemos como diversas vantagens estruturais foram desenvolvidas por árvores e


animais e como cada solução foi adaptada devidamente às nossas edificações.

Nesta aula abordamos:

339
Complementar
Que tal enriquecermos nossa leitura com outros artigos sobre a analogia dos
elementos estruturais encontrados na natureza? Seguem os links!

https://www.homify.com.br/livros_de_ideias/21901/arquitetura-e-as-formas-
inspiradas-na-natureza

https://www.anparq.org.br/dvd-enanparq-4/SESSAO%2002/S02-06-
YUNES,%20G;%20FERRARO,%20L;%20MORELATTO,%20N.pdf

https://0201.nccdn.net/4_2/000/000/06b/a1b/Edifica----es-Analogia-Natureza.pdf

http://au17.pini.com.br/arquitetura-urbanismo/149/artigo26861-1.aspx

https://www.bbc.com/portuguese/noticias/2015/09/150921_vert_earth_arquitetura
_natureza_ml

Por último, nosso guia da Prof.ª. Liliana Fay, da UFRRJ, que baseada no prof. Yopanan,
compilou importante ferramenta de auxílio ao estudo da modelagem de estruturas e pode
ser obtido através do link:
http://www.civilnet.com.br/Files/Sistemas%20Estruturais/APOSTILA_IT_829.pdf

340
Referências Bibliográficas

• A concepção Estrutural e a Arquitetura de Yopanan Rebello


• Estruturas Arquitetônicas – Composição e Modelagem de Liliana Fay
• BENEVOLO, L. História da Arquitetura Moderna.
• MITCHELL, W. J. A lógica da arquitetura: projeto, computação e cognição.
• Análise Estrutural Para Engenharia Civil e Arquitetura de Moacir Kripka
• Modelagem de Estruturas de Pedro Colmar Gonçalves da Silva Vellasco
• Fundamentos de Estruturas de Aluizio Fontana Margarido
• Análise das Estruturas de R. C. Hibbeler
• HENGEL, H. Sistemas de estruturas. Editorial Gustavo Gili, 2001. 352 p.
ISBN: 8425218004.
• SILVA, D. M. e SOUTO, A. K. Estruturas: uma abordagem arquitetônica.
Editora Ritter dos Reis, 2002. 150p. ISBN: 8524105623.
• REBELLO, Y. C. P. “A Concepção Estrutural e a Arquitetura”. Editora
Zigurate, 2000. ISBN: 8585570032
• ANELLI, R.; GUERRA A. e KON, N. Rino Levi, arquitetura e cidade. Editora
Romano Guerra, 2001. ISBN: 8588585014.
• BELLEI, I. H. Edifícios industriais em aço: projeto e cálculo. Pini, 2003. 508p.
ISBN 8572661441.
• BOTELHO, M. H. C. e MARCHETTI, O. Concreto Armado, eu te amo. Editora
Edgard Blücher Ltda, 2002. ISBN: 8521203071
• COUTINHO, E. O espaço da arquitetura. Perspectiva, 1998. 239p. ISBN
8527301660.
• CUNHA, A. J. P.; LIMA, N. A.; SOUZA, V. C. M. Acidentes Estruturais na
Construção Civil. Volume 1. PINI, 1996. ISBN: 8572660615.
• CUNHA, A. J. P.; LIMA, N. A.; SOUZA, V. C. M. Acidentes Estruturais na
Construção Civil. Volume 2. PINI, 1996. ISBN: 857266100x
• DIAS, L. A. M. Estruturas de aço: conceitos, técnicas e linguagem. Editora
Zigurate, 1997. 178 p. ISBN: 8585570024.
• “Edificações de Aço no Brasil”. Zigurate. São Paulo, 1993. ISBN: 8585570016.
• FRAMPTON, K. e BLASER, P. Santiago Calatrava. Editora Gustavo Gili,
1989. ISBN: 8881185261.
• HANAI, J. B. Construções de argamassa armada: fundamentos tecnológicos
para projeto e execução. Pini, 1999. 192p. ISBN 8572660038.
• MARGARIDO A. F. Fundamentos de Estruturas. Editora Zigurate, 2001. 334
p. ISBN: 8585570059.
• MEYER, K. F. Construções com Tubos. Karl Fritz Meyer, 2002. 224 p.
• MUNARI, B. Das coisas nascem coisas. Martins Fontes, 2000. 386p. ISBN:
8533608756

341
• NIEMEYER, CORBUSIER, TANGI e outros. Exemplos de arquitetura.
Coleção Enciclopédica da Construção. Hemus. 500p. ISBN: 8528902587.
• OTTO, F. Tensile structures: design, structure and calculation.
• RAMALHO, M. A. e CORRÊA M. R. S. Projeto de edifícios de alvenaria
estrutural. Pini, 2003. 188p. ISBN: 8572661476.
• REBELLO Y. C. P. A concepção estrutural e a arquitetura. Editora Zigurate,
2000. 271 p. ISBN: 8585570032.
• RICHARD, W. Materials, form and arquitecture. Editora Laurence King, 2003.
240p. ISBN: 1856692957.
• SCHROEDER, R. Novas tecnologias Egc arquitetura. Ateliê, 2003. 44p. ISBN:
8574802204.
• SILVA, G. G. Arquitetura do ferro no Brasil. Nobel, 1987. 248p. ISBN:
8521304641.
• SILVA, S. F. Zanine, Sentir e Fazer. Agir, 1995.ISBN: 8522003777.
• SOLOT, D.C. Paulo Mendes da Rocha: estrutura - o êxito da forma. Editora
Viana & Mosley, 2004. 124 p. ISBN: 8588721163.
• TOSCANO, J. W. João Walter Toscano. Editora Unesp, 2002. 186 p. ISBN:
8571394091.
• VASCONCELOS A. C. Estruturas da natureza um estudo da interlace entre
biologia e engenharia. Studio Nobel, São Paulo, 2000. 312 p. ISBN
8585445866.
• VASCONCELOS, A. C. Estruturas Arquitetônica: Apreciação intuitiva das
formas estruturais. Studio Nobel, 1991, 115 p.
• YAZIGI, W. A técnica de edificar. Pini, 2003. 670p. ISBN: 8572661468.
• ZANETTINI, S. Arquitetura, razão, sensibilidade. Editora da USP, 2002. 472p.
ISBN: 853140729x.
• ZANI, A. C. Arquitetura em madeira. Imprensa Oficial SP, 2003. 397p. ISBN:
8570601891.

342
Exercícios
Nesta aula treinaremos nossa capacidade de assimilação e
correlação entre os elementos da natureza e as edificações. Serão
exibidas algumas imagens de edificações existentes e cabe ao
aluno identificar ou mesmo através de rápida pesquisa, sugerir à
qual analogia o projetista fixou-se para a concepção da estrutura.

Figura 358 - Sagrada Família, Espanha

___________________________________________________________________

Figura 359 - Museu de Arte de Milwaukee, Estados Unidos

___________________________________________________________________
343
Figura 360 - Kunsthaus Graz, Áustria

___________________________________________________________________

Figura 361 - Teatro Nacional de Taichung, Taiwan

___________________________________________________________________

344
Figura 362 - 'The Gherkin', Grã-Bretanha

___________________________________________________________________

Figura 363 - Eden Project, Grã-Bretanha

___________________________________________________________________

345
Figura 364 - Eastgate, Zimbábue

___________________________________________________________________

Figura 365 - Downland Gridshell, Grã-Bretanha

___________________________________________________________________

346
Figura 366 - Votu Hotel, Bahia, Brasil

___________________________________________________________________

Figura 367 - Turning Torso de Santiago Calatrava

347
__________________________________________________________________

348
AULA 15
PRÁTICA

APRESENTAÇÃO DA AULA
Nesta aula iremos desenvolver nossa criatividade, sendo o aluno posto a
desenvolver seu primeiro modelo estrutural.

O aluno é convidado a interagir com um cliente e, através de um bate-papo,


conceber a modelagem da edificação desejada.

Esta atividade expande os conhecimentos adquiridos ao longo do curso, e


fortalece o interesse do aluno às estruturas.

Boa prática!
.

OBJETIVOS DA AULA

Esperamos que, após o estudo do conteúdo deste módulo, você seja capaz
de:
➢ Expandir a criatividade;
➢ Aprimorar os conceitos de estabilidade
➢ Fundamentar os elementos estruturais necessários para uma
edificação
➢ Potencializar o objetivo ecológico e sustentável das edificações
➢ Treinar a analogia com elementos da natureza

349
Olá aluno!
Nesta nossa penúltima aula fugiremos do tradicional texto corrido
para uma atividade prática.

Você está trabalhando em um renomado estúdio de arquitetura, em


São Paulo, e atende a um cliente que acaba chegar à recepção.

Ele inicia a conversa dizendo que possui uma chácara em Bonito, Mato
Grosso do Sul (https://goo.gl/maps/ce9Z1gwufNo) de cerca de 2
hectares e que deseja transformá-la em um parque com hotel e
restaurante para atender ao turismo da região.

Ele precisa coletar investidores, e portanto precisa do projeto da sede do


parque. Seu trabalho é modelar a edificação principal deste parque,
concebendo e desenhando sua casca externa, representando-a, em
pelo menos, em sua principal vista de projeto.

O cliente precisa de uma estrutura que tenha tamanho suficiente para


abrigar a recepção, banheiros, espaço para museu, e pelo menos duas
salas de administrativo. As outras edificações que por ventura existirão
no parque serão vistas em outro momento.

Por ser uma região extremamente arborizada, próximo de grutas e


lagoas, o cliente deseja uma sede que tenha alguma conexão com a
natureza, de preferência à temas tropicais e analogia aos elementos da
natureza.

Ele mencionou alguns conceitos que gostaria que a edificação


transmitisse, como a fluidez dos rios, contato com a natureza e
intimismo.

350
Pense nas dimensões necessárias de uma edificação para que contenha
estes cômodos, não sendo necessário demonstrar a edificação
internamente..

O trabalho final a ser entregue deverá ser um vídeo contendo a


apresentação do desenho, a analogia com elementos da natureza
adotada, concepção dos elementos estruturais e outros assuntos que
julgar necessário. É de praste da empresa elaborar estes vídeos com a
duração mínima de dois minutos e máxima de cinco minutos.

Alguns softwares de desenho poderão te auxiliar nesta tarefa, como o


Sketch Up, Rhino 3D, 3D Studio, Blender Paint ou qualquer outro
programa que domine.

Se preferir, poderá recorrer inclusive ao desenho à mão, para


representar a modelagem da estrutura proposta, desde que a fotografia
possua qualidade. Neste caso, sugerido a utilização de scanners ao
invés de câmeras de celular.

Durante o vídeo, o aluno deverá apresentar uma imagem contendo os elementos


estruturais da edificação na cor vermelha, destacando-os e os elementos de vedação,
que deverão estar em azul mais claro, afim de ser possível diferenciá-los. No restante
do vídeo, poderá utilizar as cores originais da sua concepção, se preferir.

Como exemplo e orientação para a elaboração do trabalho,


https://www.youtube.com/watch?v=GKrAEHan1Nw
https://www.youtube.com/watch?v=7HRG42At9Bo
https://www.youtube.com/watch?v=6kmgOP_m8-Y

Devido ao grande esforço, energia demandada e tempo disponível que esta atividade
requer, ela irá nos consumir duas aulas como prazo para sua execução.

351
/
Resumo
Nesta aula expandimos nossa criatividade, aprimoramos os
conceitos de estabilidade e vínculos de uma edificação e fundamentamos os
elementos estruturais necessários para esta estabilidade.

Através da prática potencializamos o objetivo ecológico e sustentável das


edificações e treinamos a analogia com elementos da natureza.

352
Complementar
Nesta penúltima aula deixo aqui uma dica de como os aplicativos e programas de
computador podem facilitar a nossa vida. Vale a pena conferir!

Programas de arquitetura online: 6 opções totalmente gratuitas!


https://www.vivadecora.com.br/pro/tecnologia/programas-de-arquitetura-online/

4 aplicativos que todo arquiteto deveria ter | ArchDaily Brasil


https://www.archdaily.com.br/br/01-75195/4-aplicativos-que-todo-arquiteto-
deveria-ter

10 programas para projetar a casa dos seus sonhos - TecMundo


https://www.tecmundo.com.br/casas/12915-10-programas-para-projetar-a-casa-
dos-seus-sonhos.htm

Os 11 melhores softwares para engenharia e construção civil


https://constructapp.io/pt/melhores-softwares-para-engenharia-construcao-civil/

353
Referências Bibliográficas

• A concepção Estrutural e a Arquitetura de Yopanan Rebello


• Estruturas Arquitetônicas – Composição e Modelagem de Liliana Fay
• BENEVOLO, L. História da Arquitetura Moderna.
• MITCHELL, W. J. A lógica da arquitetura: projeto, computação e cognição.
• Análise Estrutural Para Engenharia Civil e Arquitetura de Moacir Kripka
• Modelagem de Estruturas de Pedro Colmar Gonçalves da Silva Vellasco
• Fundamentos de Estruturas de Aluizio Fontana Margarido
• Análise das Estruturas de R. C. Hibbeler
• HENGEL, H. Sistemas de estruturas. Editorial Gustavo Gili, 2001. 352 p.
ISBN: 8425218004.
• SILVA, D. M. e SOUTO, A. K. Estruturas: uma abordagem arquitetônica.
Editora Ritter dos Reis, 2002. 150p. ISBN: 8524105623.
• REBELLO, Y. C. P. “A Concepção Estrutural e a Arquitetura”. Editora
Zigurate, 2000. ISBN: 8585570032
• ANELLI, R.; GUERRA A. e KON, N. Rino Levi, arquitetura e cidade. Editora
Romano Guerra, 2001. ISBN: 8588585014.
• BELLEI, I. H. Edifícios industriais em aço: projeto e cálculo. Pini, 2003. 508p.
ISBN 8572661441.
• BOTELHO, M. H. C. e MARCHETTI, O. Concreto Armado, eu te amo. Editora
Edgard Blücher Ltda, 2002. ISBN: 8521203071
• COUTINHO, E. O espaço da arquitetura. Perspectiva, 1998. 239p. ISBN
8527301660.
• CUNHA, A. J. P.; LIMA, N. A.; SOUZA, V. C. M. Acidentes Estruturais na
Construção Civil. Volume 1. PINI, 1996. ISBN: 8572660615.
• CUNHA, A. J. P.; LIMA, N. A.; SOUZA, V. C. M. Acidentes Estruturais na
Construção Civil. Volume 2. PINI, 1996. ISBN: 857266100x
• DIAS, L. A. M. Estruturas de aço: conceitos, técnicas e linguagem. Editora
Zigurate, 1997. 178 p. ISBN: 8585570024.
• “Edificações de Aço no Brasil”. Zigurate. São Paulo, 1993. ISBN: 8585570016.
• FRAMPTON, K. e BLASER, P. Santiago Calatrava. Editora Gustavo Gili,
1989. ISBN: 8881185261.
• HANAI, J. B. Construções de argamassa armada: fundamentos tecnológicos
para projeto e execução. Pini, 1999. 192p. ISBN 8572660038.
• MARGARIDO A. F. Fundamentos de Estruturas. Editora Zigurate, 2001. 334
p. ISBN: 8585570059.
• MEYER, K. F. Construções com Tubos. Karl Fritz Meyer, 2002. 224 p.
• MUNARI, B. Das coisas nascem coisas. Martins Fontes, 2000. 386p. ISBN:
8533608756

354
• NIEMEYER, CORBUSIER, TANGI e outros. Exemplos de arquitetura.
Coleção Enciclopédica da Construção. Hemus. 500p. ISBN: 8528902587.
• OTTO, F. Tensile structures: design, structure and calculation.
• RAMALHO, M. A. e CORRÊA M. R. S. Projeto de edifícios de alvenaria
estrutural. Pini, 2003. 188p. ISBN: 8572661476.
• REBELLO Y. C. P. A concepção estrutural e a arquitetura. Editora Zigurate,
2000. 271 p. ISBN: 8585570032.
• RICHARD, W. Materials, form and arquitecture. Editora Laurence King, 2003.
240p. ISBN: 1856692957.
• SCHROEDER, R. Novas tecnologias Egc arquitetura. Ateliê, 2003. 44p. ISBN:
8574802204.
• SILVA, G. G. Arquitetura do ferro no Brasil. Nobel, 1987. 248p. ISBN:
8521304641.
• SILVA, S. F. Zanine, Sentir e Fazer. Agir, 1995.ISBN: 8522003777.
• SOLOT, D.C. Paulo Mendes da Rocha: estrutura - o êxito da forma. Editora
Viana & Mosley, 2004. 124 p. ISBN: 8588721163.
• TOSCANO, J. W. João Walter Toscano. Editora Unesp, 2002. 186 p. ISBN:
8571394091.
• VASCONCELOS A. C. Estruturas da natureza um estudo da interlace entre
biologia e engenharia. Studio Nobel, São Paulo, 2000. 312 p. ISBN
8585445866.
• VASCONCELOS, A. C. Estruturas Arquitetônica: Apreciação intuitiva das
formas estruturais. Studio Nobel, 1991, 115 p.
• YAZIGI, W. A técnica de edificar. Pini, 2003. 670p. ISBN: 8572661468.
• ZANETTINI, S. Arquitetura, razão, sensibilidade. Editora da USP, 2002. 472p.
ISBN: 853140729x.
• ZANI, A. C. Arquitetura em madeira. Imprensa Oficial SP, 2003. 397p. ISBN:
8570601891.

355
AULA 16
PRÁTICA

APRESENTAÇÃO DA AULA
Nesta aula continuaremos a desenvolver nossa criatividade, tendo o aluno a
oportunidade de apresentar o trabalho já produzido, bem como sanar a dúvidas com
o professor da disciplina acerca do andamento da atividade.

Você foi convidado a interagir com um cliente e, através de um bate-papo,


conceber a modelagem da edificação desejada.

Esta atividade tem o objetivo de expandir os seus conhecimentos adquiridos


ao longo desta disciplina, e fortalecendo o interesse pelo ramo das estruturas.

Boa prática!
.

OBJETIVOS DA AULA

Esperamos que, após esta atividade prática, você seja capaz de:
➢ Expandir a criatividade;
➢ Aprimorar os conceitos de estabilidade
➢ Fundamentar os elementos estruturais necessários para uma
edificação
➢ Potencializar o objetivo ecológico e sustentável das edificações
➢ Treinar a analogia com elementos da natureza

356
Olá aluno!
Como está o desenvolvimento do modelo estrutural?

Na aula de hoje o aluno é convidado a interagir com o professor da


disciplina, estando presente na instituição de ensino, no horário
disponibilizado para atendimento presencial, ou mesmo entrando em contato via
outros canais, como Skype, telefone, videochamada via WhatsApp ou uma simples
troca de e-mail.

O objetivo deste contato é refinar a elaboração do trabalho apresentado na aula 15,


elucidando eventuais dúvidas e direcionando para uma boa apresentação.

Note que é uma excelente oportunidade de interação e troca de ideia do jovem


estudante com um profissional experiente da área e deve ter este momento valorizado.

Engaje-se nesta atividade e se permita participar de um brainstorming, como sugerido


pela Figura 368.

Figura 368 - Brainstorming para desenvolvimento de projeto de modelagem de estrutura

357
/
Resumo
Nesta aula trocamos informações valiosas a respeito da concepção
e modelagem de estruturas não apenas com o professor da disciplina, mas sim com
o profissional por trás dele, enriquecendo nossa jornada acadêmica.

358
Complementar
Nesta última aula finalizo as dicas de como os aplicativos e programas de computador
podem facilitar a nossa vida. Algum software da última aula lhe interessou? Confere
esta listagem!

7 aplicativos para Construção Civil que você precisa conhecer


https://constructapp.io/pt/aplicativos-para-construcao-civil/

8 aplicativos para quem está construindo ou reformando a casa | CASA.COM.BR


https://casa.abril.com.br/profissionais/8-aplicativos-para-quem-esta-construindo-
ou-reformando-a-casa/

12 softwares de dimensionamento e desenho de estruturas metálicas | AECweb


https://www.aecweb.com.br/cont/m/rev/12-softwares-de-dimensionamento-e-
desenho-de-estruturas-metalicas_17440_10_0

26 apps para arquitetos que vão TURBINAR seu dia a dia!


https://www.vivadecora.com.br/pro/tecnologia/apps-para-arquitetos/

Aplicativos facilitam a vida de engenheiros e arquitetos


http://blogaecweb.com.br/blog/aplicativos-facilitam-a-vida-de-engenheiros-e-
arquitetos/

359
Referências Bibliográficas

• A concepção Estrutural e a Arquitetura de Yopanan Rebello


• Estruturas Arquitetônicas – Composição e Modelagem de Liliana Fay
• BENEVOLO, L. História da Arquitetura Moderna.
• MITCHELL, W. J. A lógica da arquitetura: projeto, computação e cognição.
• Análise Estrutural Para Engenharia Civil e Arquitetura de Moacir Kripka
• Modelagem de Estruturas de Pedro Colmar Gonçalves da Silva Vellasco
• Fundamentos de Estruturas de Aluizio Fontana Margarido
• Análise das Estruturas de R. C. Hibbeler
• HENGEL, H. Sistemas de estruturas. Editorial Gustavo Gili, 2001. 352 p.
ISBN: 8425218004.
• SILVA, D. M. e SOUTO, A. K. Estruturas: uma abordagem arquitetônica.
Editora Ritter dos Reis, 2002. 150p. ISBN: 8524105623.
• REBELLO, Y. C. P. “A Concepção Estrutural e a Arquitetura”. Editora
Zigurate, 2000. ISBN: 8585570032
• ANELLI, R.; GUERRA A. e KON, N. Rino Levi, arquitetura e cidade. Editora
Romano Guerra, 2001. ISBN: 8588585014.
• BELLEI, I. H. Edifícios industriais em aço: projeto e cálculo. Pini, 2003. 508p.
ISBN 8572661441.
• BOTELHO, M. H. C. e MARCHETTI, O. Concreto Armado, eu te amo. Editora
Edgard Blücher Ltda, 2002. ISBN: 8521203071
• COUTINHO, E. O espaço da arquitetura. Perspectiva, 1998. 239p. ISBN
8527301660.
• CUNHA, A. J. P.; LIMA, N. A.; SOUZA, V. C. M. Acidentes Estruturais na
Construção Civil. Volume 1. PINI, 1996. ISBN: 8572660615.
• CUNHA, A. J. P.; LIMA, N. A.; SOUZA, V. C. M. Acidentes Estruturais na
Construção Civil. Volume 2. PINI, 1996. ISBN: 857266100x
• DIAS, L. A. M. Estruturas de aço: conceitos, técnicas e linguagem. Editora
Zigurate, 1997. 178 p. ISBN: 8585570024.
• “Edificações de Aço no Brasil”. Zigurate. São Paulo, 1993. ISBN: 8585570016.
• FRAMPTON, K. e BLASER, P. Santiago Calatrava. Editora Gustavo Gili,
1989. ISBN: 8881185261.
• HANAI, J. B. Construções de argamassa armada: fundamentos tecnológicos
para projeto e execução. Pini, 1999. 192p. ISBN 8572660038.
• MARGARIDO A. F. Fundamentos de Estruturas. Editora Zigurate, 2001. 334
p. ISBN: 8585570059.
• MEYER, K. F. Construções com Tubos. Karl Fritz Meyer, 2002. 224 p.
• MUNARI, B. Das coisas nascem coisas. Martins Fontes, 2000. 386p. ISBN:
8533608756

360
• NIEMEYER, CORBUSIER, TANGI e outros. Exemplos de arquitetura.
Coleção Enciclopédica da Construção. Hemus. 500p. ISBN: 8528902587.
• OTTO, F. Tensile structures: design, structure and calculation.
• RAMALHO, M. A. e CORRÊA M. R. S. Projeto de edifícios de alvenaria
estrutural. Pini, 2003. 188p. ISBN: 8572661476.
• REBELLO Y. C. P. A concepção estrutural e a arquitetura. Editora Zigurate,
2000. 271 p. ISBN: 8585570032.
• RICHARD, W. Materials, form and arquitecture. Editora Laurence King, 2003.
240p. ISBN: 1856692957.
• SCHROEDER, R. Novas tecnologias Egc arquitetura. Ateliê, 2003. 44p. ISBN:
8574802204.
• SILVA, G. G. Arquitetura do ferro no Brasil. Nobel, 1987. 248p. ISBN:
8521304641.
• SILVA, S. F. Zanine, Sentir e Fazer. Agir, 1995.ISBN: 8522003777.
• SOLOT, D.C. Paulo Mendes da Rocha: estrutura - o êxito da forma. Editora
Viana & Mosley, 2004. 124 p. ISBN: 8588721163.
• TOSCANO, J. W. João Walter Toscano. Editora Unesp, 2002. 186 p. ISBN:
8571394091.
• VASCONCELOS A. C. Estruturas da natureza um estudo da interlace entre
biologia e engenharia. Studio Nobel, São Paulo, 2000. 312 p. ISBN
8585445866.
• VASCONCELOS, A. C. Estruturas Arquitetônica: Apreciação intuitiva das
formas estruturais. Studio Nobel, 1991, 115 p.
• YAZIGI, W. A técnica de edificar. Pini, 2003. 670p. ISBN: 8572661468.
• ZANETTINI, S. Arquitetura, razão, sensibilidade. Editora da USP, 2002. 472p.
ISBN: 853140729x.
• ZANI, A. C. Arquitetura em madeira. Imprensa Oficial SP, 2003. 397p. ISBN:
8570601891.

361

Vous aimerez peut-être aussi