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2 AUTHORS, INCLUDING:
André Malbergier
University of São Paulo
49 PUBLICATIONS 232 CITATIONS
SEE PROFILE
revisão
Resumo A infecção pelo HIV/Aids é freqüentemente associada a transtornos psiquiátricos. Dentre eles, a depressão é o
mais comum. O diagnóstico e o tratamento dos transtornos depressivos são fundamentais para melhorar a qua-
lidade de vida desses pacientes. Esta revisão tem como objetivo sintetizar e discutir os resultados mais impor-
tantes da literatura a respeito das particularidades do tratamento dos transtornos depressivos em indivíduos
infectados pelo HIV. São discutidos a epidemiologia, o quadro clínico, a influência da depressão na evolução da
infecção, o tratamento farmacológico com antidepressivos, testosterona e psicoestimulantes e a interação far-
macológica entre os antidepressivos e benzodiazepínicos e as drogas antivirais. Conclui-se que o tratamento
antidepressivo nessa população é eficaz, seguro e não promove imunossupressão nos indivíduos afetados.
Abstract HIV/AIDS infection is frequently associated with psychiatric disorders, especially depression. The diagnosis
and treatment of depression are essential to improve quality of life in these individuals. This review intends to
summarize and discuss the most important results in the literature about the treatment of depression in HIV-
infected individuals. The epidemiology, clinical presentation, contribution of depression on HIV infection,
pharmacological treatment with antidepressants, testosterone, and psychostimulant drugs, and pharmacological
interactions between antidepressants, benzodiazepines, and antiviral medications are discussed. The conclusion
drawn from this study is that the treatment of depression in this population is effective, safe and does not
promote immunosupression.
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neurocriptococose) no cérebro. A segunda situa-se nos limites O número de estudos em heterossexuais é pequeno quando
entre a psiquiatria, a psicologia e as ciências sociais e estuda as comparado ao número de estudos em homossexuais e UDI.
reações psicológicas, as complicações psiquiátricas da infecção Em um estudo na Índia, com uma amostra de homens e mulhe-
e as repercussões sociais.5 res heterossexuais infectados pelo HIV, 40% da amostra apre-
Dentre os transtornos psiquiátricos mais comumente ob- sentavam um transtorno depressivo.14
servados em indivíduos infectados pelo HIV, a depressão é Em mulheres infectadas pelo HIV, 26% a 28% da amostra já
a mais prevalente,6 merecendo investigação sistemática de haviam apresentado algum episódio de depressão de início
sintomas depressivos nessa população. Essa investigação é posterior ao conhecimento da sorologia positiva.15,16
fundamental, já que a depressão é uma patologia com alto Quando analisados prospectivamente, 10% a 25% dos ho-
índice de melhora quando tratada, inclusive em indivíduos mossexuais masculinos infectados apresentarão uma síndro-
infectados pelo HIV. me depressiva no período de 2 anos.17
Esta revisão visa discutir as particularidades do diagnóstico e A depressão maior em pacientes HIV positivos está associada
do tratamento da depressão em indivíduos infectados pelo HIV. a vários fatores: (1) descoberta da infecção, início dos sintomas
físicos, progressão da doença e das limitações por ela impostas e
Métodos as complexas questões psicossociais envolvidas; (2) invasão do
Para elaboração deste artigo, fez-se uma revisão sistemática sistema nervoso central pelo HIV, por infecções oportunistas ou
da literatura pelo “Medline”, utilizando os descritores “depres- por tumores intracranianos; (3) desencadeamento de episódio
são” e “HIV/Aids”, nos últimos sete anos (1993-2000). Foram depressivo em populações vulneráveis (homossexuais e UDI).5,18
encontrados 228 artigos, e selecionados 37. Os artigos eram A Tabela 1 resume os fatores de risco para depressão, ob-
incluídos se abordavam epidemiologia ou tratamento. Foram servados nos estudos analisados, em indivíduos infectados
excluídos artigos que não eram de língua inglesa ou que foram pelo HIV:19-21
publicados em revistas a que o Brasil não tem acesso. Artigos
anteriores a 1993 foram obtidos por meio das referências bibli- Tabela 1 - Fatores de risco para depressão em indivíduos infectados
ográficas dos artigos selecionados pelo “Medline”. pelo HIV.
⇒ Distúrbio de personalidade e transtorno depressivo prévio
⇒ História familiar de depressão
Epidemiologia e fatores de risco ⇒ Uso de álcool e drogas
Um estudo com homossexuais masculinos infectados pelo ⇒ Sexo feminino
⇒ Desemprego
HIV e assintomáticos observou que 35,5% dos indivíduos ava- ⇒ Sintomas relacionados à Aids (emagrecimento, diarréia, manchas na pele)
liados apresentavam o diagnóstico de depressão ao longo da ⇒ Múltiplas perdas
⇒ Pouco suporte social (solidão, conflito social)
vida.7 Outros estudos também encontraram prevalências ao ⇒ Luto
redor de 30% a 35% de depressão ao longo da vida entre ho- ⇒ Doença avançada
⇒ Falha terapêutica
mossexuais masculinos HIV positivos e assintomáticos. É im-
portante destacar que esses estudos não encontraram diferen-
ças nas taxas de prevalência entre homossexuais masculinos Indivíduos com Aids, com pouco suporte social, que tinham
infectados e não infectados. A prevalência, no momento da um animal de estimação referiam menos sintomas depressivos
avaliação, de depressão maior em homossexuais infectados pelo do que indivíduos que não tinham animais de estimação. Esse
HIV é em torno de duas vezes maior do que na população geral estudo levanta a hipótese de que animais podem também ali-
e está dentro da variação encontrada em outras doenças crôni- viar sentimentos de solidão e carência de relações pessoais nessa
cas (5% a 8%). Em pacientes hospitalizados, essa prevalência população. Todavia, outros estudos são necessários para in-
é maior, variando de 30% a 40%.8,9 vestigar uma relação causal entre os dois fatores.22
Em estudo realizado com uma amostra de usuários de dro-
gas injetáveis (UDI), observou-se que 43% dos pacientes do Quadro clínico
sexo masculino infectados pelo HIV e assintomáticos apresen- O diagnóstico de depressão em pacientes infectados pode
taram o diagnóstico de depressão ao longo da vida.10 Em dois ser dificultado pelo fato de que alguns dos indicadores de de-
outros estudos, ao serem admitidos para tratamento, os UDI pressão (anorexia, fadiga, fraqueza e perda de peso) são de
apresentavam maior freqüência de episódios depressivos do pouca valia como critério diagnóstico em algumas fases da
que homossexuais masculinos.11,12 doença (especialmente na fase avançada), já que os sintomas
Em estudo que avaliou depressão e transtornos de personali- físicos debilitantes podem mimetizar tais indicadores. Portan-
dade, observou-se que, entre os sem diagnóstico de transtorno to, a avaliação dos sintomas de depressão deve ser criteriosa e
de personalidade, 28% dos homossexuais masculinos HIV po- atenta ao estágio da doença.
sitivos e 29% dos HIV negativos apresentaram o diagnóstico A Tabela 2 mostra os sintomas afetivos que devem ser valo-
de depressão ao longo da vida. Esse número cresce para 48% rizados na elaboração do diagnóstico de depressão e os sinto-
entre os HIV positivos e 40% entre os HIV negativos quando mas somáticos que podem ser resultado da infecção.23
apresentam pelo menos um transtorno de personalidade.13 Ou A dificuldade de distinguir sintomas depressivos de sinto-
seja, os homossexuais masculinos com algum transtorno de mas decorrentes da infecção pelo HIV é discutida em vários
personalidade apresentaram taxas similares aos UDI. estudos. Perkins et al24 concluíram que queixas de fadiga e in-
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Tabela 2 - Sintomas depressivos observados em indivíduos infectados pelo nos infectados pelo HIV, Lyketsos et al30 não observaram evi-
HIV.
dências de que sintomas depressivos fossem fatores de mau
Afetivos Somáticos
prognóstico. Entretanto, Burack et al31 observaram que “sin-
Humor depressivo Alterações do apetite, perda de peso tomas depressivos eram fatores preditivos de um declínio mais
Perda de interesse Alterações de sono rápido dos níveis de linfócitos T CD4+ (um dos marcadores
Culpa, desvalorização Agitação/retardo
Desesperança Fadiga de progressão da doença)”. Esse estudo foi realizado também
Ideação suicida em uma população de homossexuais masculinos por um perí-
odo de 5 anos. Estudos mais recentes têm mostrado que a de-
sônia em pacientes HIV positivos assintomáticos são, prova- pressão pode ter um impacto na progressão da infecção pelo
velmente, relacionadas a transtornos psíquicos, possivelmente HIV, já que indivíduos com sintomas depressivos apresenta-
depressão maior, sugerindo que essa patologia seja extensa- ram, após 2 anos de seguimento, alterações imunológicas que
mente investigada na presença desses sintomas. Baker et al25 podem apresentar implicações clínicas nessa população.32
ressaltam que, apesar de haver múltiplos elementos psicosso- Outro estudo em indivíduos infectados pelo HIV, mas sem
ciais, etiologias orgânicas devem sempre ser consideradas em Aids, acompanhados por mais de 7 anos, mostrou associação
casos de pacientes em estágios avançados. entre progressão mais rápida para Aids e maior número de
Em pesquisa visando avaliar marcadores de comprometimen- eventos estressantes. Também indivíduos com mecanismos de
to orgânico e depressão, Perkins et al,26 em uma amostra de negação de problemas e baixa satisfação com seu suporte so-
homossexuais masculinos, tentaram correlacionar a depressão cial evoluíram mais rapidamente para Aids. Todavia, esse es-
maior a indicadores de ação do HIV no SNC e à deficiência de tudo não conseguiu demonstrar associação entre sintomas
vitamina B12 – em estudos anteriores, a deficiência de vitami- depressivos e progressão da doença.33
na B12 foi associada à depressão27 e à infecção pelo HIV.28 Ao A literatura também é controversa a respeito da associação
final do estudo, concluíram: “na fase assintomática da infec- entre os estágios da infecção e os transtornos depressivos. Em
ção pelo HIV, depressão maior não parece ser secundária aos estudo transversal, não se encontraram diferenças na prevalên-
efeitos do HIV no SNC ou à deficiência de vitamina B12”. En- cia dos transtornos depressivos entre os pacientes nas diversas
tretanto, à medida que a infecção evolui, cresce a probabilida- fases da infecção.9
de de aparecimento de síndromes mentais orgânicas. Em outro estudo, 112 pacientes infectados pelo HIV foram
O diagnóstico diferencial entre depressão e quadros cognitivos/ acompanhados por 4 anos em avaliações semestrais, e não se
demenciais pode ser de difícil realização. O vírus HIV produz observou incremento das taxas de depressão, apesar de ter ha-
mudanças em estruturas como gânglios da base, tálamo e lobo vido evolução do quadro da infecção com o aparecimento e/ou
frontal que podem levar a transtornos da motivação e do humor. piora de sintomas físicos e também com mortes.34
Esse processo, no início da infecção, tende a ser contido pelo pró- No entanto, em estudo realizado com UDI, o diagnóstico de
prio organismo, porém, com o avançar da doença, o próprio siste- depressão e a gravidade dos sintomas depressivos mostraram-
ma imune, pela liberação de citocinas, pode contribuir para o apa- se associados ao estágio sintomático da infecção pelo HIV em
recimento dos sintomas de uma síndrome caracterizada por: apa- homens e mulheres.15 Outros dois estudos encontraram uma
tia, inércia, irritabilidade, alterações da memória, lentidão cogni- associação significativa entre sintomas depressivos e sintomas
tiva, sintomas depressivos, abandono das atividades habituais, físicos relacionados à infecção pelo HIV.30,31
mudanças na personalidade e dificuldade em administrar conhe- É difícil concluir definitivamente sobre a questão. Anali-
cimentos adquiridos.29 Esse quadro é conhecido como demência sando os resultados dos estudos, alguns não encontraram as-
associada ao HIV-1, e os sintomas, principalmente nos estágios sociação entre sintomas depressivos/depressão e evolução da
iniciais, podem ser semelhantes ao quadro depressivo. infecção, enquanto outros encontraram aumento da freqüên-
Na infecção pelo HIV, deve-se atentar também para a indu- cia e da gravidade de transtornos depressivos à medida que a
ção de sintomas depressivos por medicamentos. A Tabela 3 infecção evolui.
lista os medicamentos mais comumente associados ao desen- Essas diferenças e contradições, observadas nos resultados dos
cadeamento de sintomas depressivos.23 estudos acima descritos, revelam a dificuldade de generalização
dos achados ao se estudar as alterações psicopatológicas em pa-
Tabela 3 - Medicações utilizadas no tratamento da infecção pelo HIV que cientes com comportamento de risco ou infectados pelo HIV.
podem induzir sintomas depressivos.
Além do estágio da infecção em que se encontra a casuística, a
⇒ Esteróides: mania ou depressão
⇒ Interferon: depressão
heterogeneidade dos indivíduos que apresentam comportamento
⇒ Interleucina 2: depressão, desorientação, confusão mental de risco para a infecção pelo HIV têm sempre de ser levada em
⇒ Zidovudine: mania, depressão conta. O indivíduo infectado pelo HIV pode ser usuário de drogas
⇒ Efavirenz: alteração de concentração, depressão, nervosismo, pesadelos
injetáveis, homossexual ou bissexual masculino, homem ou mu-
lher heterossexual que não utiliza preservativos em suas relações
A depressão e a progressão da infecção pelo HIV sexuais, mulher monogâmica infectada pelo seu parceiro, além
A influência da depressão na evolução da infecção pelo HIV de receptor de sangue ou hemoderivados. As prevalências de trans-
é objeto de vários estudos, sem todavia haver um consenso. tornos depressivos nessas populações são diferentes, independen-
Em acompanhamento por 8 anos de homossexuais masculi- temente dos indivíduos estarem infectados ou não.35
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timulação (18%), náusea (14%), tontura (14%) e insônia Preenche os critérios para
(14%). Vale destacar que a dose média da sertralina foi 120 depressão maior DSM - IV
mg, não se diferenciando dos estudos em pacientes não in- Sim Não preenche critérios para
fectados pelo HIV.43 depressão mas apresenta sintomas
depressivos
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Tabela 4 - Características dos antidepressivos mais utilizados no tratamento da depressão em pacientes HIV positivos.
sido considerado seguro e eficaz nessa população.42 Citalopram, coterápicas de indivíduos infectados pelo HIV de forma gené-
sertralina e mirtazapina parecem ser drogas seguras devido ao rica, citando dinâmicas, dificuldades e características comuns
baixo potencial de interação farmacológica. a essa população, sem especificar a eficácia e a indicação da
Entre os tricíclicos, as aminas terciárias (amitriptilina, psicoterapia para o tratamento da depressão em si.
imipramina e clomipramina) são metabolizadas (desmetiladas) Um dos estudos avaliados comparou a psicoterapia interpes-
pelas enzimas da família CYP3A3/4 e devem ser usadas com soal (mais diretiva) e a de suporte. Ambas foram capazes de
cautela. A nortriptilina é potencialmente mais segura. reduzir significativamente os escores de escalas de sintomas
A erva de São João e a carbamazepina são indutores do me- depressivos, embora os resultados obtidos pela psicoterapia
tabolismo pela família CYP 3A3/4, podendo diminuir o nível interpessoal tenham sido superiores. Existe uma tendência da
sérico dos inibidores de protease. literatura de considerar que estratégias específicas de como li-
O uso de benzodiazepínicos, se indispensável para o tratamento dar com a doença são mais eficazes na redução de sintomas
da depressão, deve ser recomendado por períodos breves (2 a 3 ansiosos e depressivos do que outras modalidades.55,56 As in-
semanas).53 A interação dos benzodiazepínicos com os inibido- tervenções específicas caracterizam-se por técnicas de solução
res de protease é outro fator limitante do uso desses medicamen- de problemas, educação em saúde, treinamento de técnicas de
tos, conforme pode ser observado na Tabela 5, sendo que o relaxamento e suporte emocional.
lorazepam parece ser o mais seguro nessa população.54 Outro estudo comparou a eficácia de quatro modalidades te-
rapêuticas diferentes para o tratamento de sintomas depressi-
O tratamento psicoterápico da depressão em indivíduos vos em pacientes infectados pelo HIV: psicoterapia interpes-
infectados pelo HIV soal, cognitiva-comportamental, suportiva e suportiva com o
Existe um número muito menor de estudos a respeito do tra- uso de imipramina por um período de 16 semanas. Pacientes
tamento psicoterápico da depressão em pacientes infectados tratados com psicoterapia interpessoal e com psicoterapia
pelo HIV. Vários estudos discutem técnicas e abordagens psi- suportiva com imipramina tiveram resultados significativamente
AZT DDI DDC D4T 3TC Indinavir Nelfinavir Ritonavir Saquinavir Delavirdina Efavirenz Nevirapina
Alprazolam • • • • • ♦ + ♦ + ♦ + +
Clonazepam • • • • • + + ♦ + + + +
Diazepam • • • • • + + ♦ + + +
Estazolam • • • • • + + ♦ + + + +
Flurazepam • • • • • + + ♦ + + +
Midazolam • • • • • ♦ ♦ ♦ ♦ ♦ ♦ +
Trizolam • • • • • ♦ ♦ ♦ ♦ ♦ ♦ +
Zolpidem • • • • • + + ♦ + + + +
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superiores aos obtidos por outras modalidades terapêuticas.57 Grupos de mulheres têm sido considerados mais eficazes
Alguns autores consideram a terapia de grupo como a moda- para abordagem dessa subpopulação devido a particularidades
lidade mais indicada em pacientes infectados pelo HIV. Esse quanto ao gênero e aos cuidados com os filhos.59
conceito surgiu baseado nas semelhanças entre as reações psi- No Brasil, Schöffel et al60 discutem os objetivos e as téc-
cológicas de pacientes infectados pelo HIV. O grupo propicia nicas de tratamento psicoterápico em pacientes infectados
tentativas saudáveis de lidar com a estigmatização e a desespe- pelo HIV.
rança por meio do contato com outros que estão passando por
situações semelhantes e que podem ter desenvolvido estratégi- Conclusões
as mais positivas e saudáveis que podem servir com exemplo. Diante das evidências discutidas neste artigo, conclui-se que:
Os objetivos do tratamento psicoterápico são:58 1. a prevalência dos transtornos depressivos em homossexuais
• ajudar o paciente a manter o controle sobre sua vida e as- masculinos infectados pelo HIV não difere da observada
sisti-lo no processo de desenvolver habilidades para lidar em homossexuais masculinos não infectados;
de forma positiva com os desafios e as complicações de 2. usuários de drogas injetáveis infectados pelo HIV apresen-
sua doença; tam prevalência de transtornos depressivos maior do que
• auxiliar o paciente a lidar com os sentimentos de raiva, ne- homossexuais masculinos também infectados;
gação, pânico e desespero observados em alguns momen- 3. sintomas decorrentes da infecção pelo HIV podem
tos da infecção; mimetizar sintomas depressivos nos estágios avançados da
• trabalhar os sentimentos de respeito próprio, culpa, auto- infecção;
acusação e vergonha; 4. estudos a respeito da eficácia do tratamento dos transtor-
• auxiliar os pacientes a estabelecer um canal de comuni- nos depressivos em pacientes infectados pelo HIV demons-
cação com familiares, parceiros, amigos, emprego a res- tram que os resultados obtidos não diferem dos observa-
peito de sua doença e do medo de rejeição, abandono e dos em amostras de indivíduos não infectados pelo HIV;
isolamento; 5. atentando-se para as interações farmacológicas, o tratamento
• ajudar os pacientes a lidar com as prováveis crises com os antidepressivos estudados tem se mostrado seguro,
(agudizações) de sua doença; não promovendo imunossupressão;
• propiciar um espaço para o paciente expor suas questões a 6. metilfenidato e testosterona podem ser úteis no tratamento
respeito do desfecho de sua doença e da morte. de pacientes que não respondem à terapêutica tradicional.
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