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A Interpretação de textos Proféticos


O Caso do Livro de Apocalipse

1. Introdução
Em nosso curso de hermenêutica, trataremos da interpretação de textos
proféticos. Tomaremos como base para aplicação dos princípios de
interpretação da literatura profética, o livro de Apocalipse.

Existe uma série de razões por que é tão difícil estar "certo" a respeito da
nossa interpretação de Apocalipse. Podemos ilustrar duas das mais
importantes.

2. Palavras simbólicas.
Observe esse parágrafo de Apocalipse 1, no qual João descreve Jesus, isto
é, como este apareceu na visão de João:

“E entre os candelabros
alguém "semelhante a um
filho de homem" e, com uma
veste que chegava aos seus
pés e um cinturão de ouro ao
redor do peito.

Sua cabeça e seus cabelos


eram brancos como a lã, tão
brancos quanto a neve, e
seus olhos eram como chama
de fogo.

Seus pés eram como o bronze numa fornalha ardente e sua voz como o
som de muitas águas. Tinha em sua mão direita sete estrelas, e da sua
boca saía uma espada afiada de dois gumes. Sua face era como o sol
quando brilha em todo o seu fulgor”. (Ap 1.13-16).
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Fica claro, pela repetição da palavra "como", o fato dessa visão de Jesus
ter um significado especial. Cada elemento expressa algo além da mera
aparência. Cada um denota alguma coisa simbólica, afirmando uma
realidade além de si mesmo.

2.1 Observe que várias dicas são usadas, na tentativa de


se entender o simbolismo.

Primeiro existe uma busca de outro material bíblico para encontrar


referências similares (como os cabelos brancos), ou uso de um material
específico (como o bronze). Também há uma pesquisa do contexto (as
sete estrelas) e uma referência geral à cultura (o significado das estrelas
estarem na mão direita e o uso especial da espada mencionada no
texto).

Todavia também precisamos entender que vários dos elementos dessa


visão simplesmente não podem ser explicados, tendo como base qualquer
uma dessas fontes. E igualmente devemos lembrar não existirem garantias
das nossas explicações estarem corretas.

2.2 As Escrituras muitas vezes ensinam o sentido de


símbolos e atos.

Por exemplo, o NT explica o véu pendurado no Templo do AT entre o


santo dos santos e o recinto anterior, como significando que o caminho
para Deus ainda não estava aberto. Quando Jesus morreu, esse véu foi
milagrosamente rasgado de cima até em baixo (v. Mt 27.51; Hb 9.8).

Semelhantemente, os milagres que Deus fez levando Israel para fora do


Egito também foram explicados. Tinham como objetivo servir de
julgamento sobre os deuses do Egito e deixar claro tanto para os israelitas
quanto para os egípcios, que o Senhor verdadeiramente é Deus.

Portanto, temos uma longa tradição bíblica de explicação de símbolos,


bem como a aparição de alguns símbolos os quais não são interpretados.
Quando o texto das Escrituras não dá a entender os símbolos, não é
sábio ser dogmático a respeito do seu significado.
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Esse é um dos motivos que torna o livro de Apocalipse difícil de ser
entendido. Muitas vezes, usa linguagem simbólica, não explicada no
texto. Por essa razão, existem algumas coisas relatadas a respeito das
quais devemos permanecer incertos.

3. Visão apocalíptica.
Existe uma outra coisa: não é sábio ser dogmático demais acerca de
Apocalipse. João descreveu o que ele viu em sua visão do final dos
tempos. Ao deixar-nos essa descrição, estava limitado à linguagem e
imagens do seu tempo.

Por exemplo, imagine um dos nossos bisavôs, os qual viveu há 150


anos, fosse subitamente transportado para o nosso tempo.
Presenciaria engarrafamentos, veria um jogo de futebol (repleto de
'replays'), seria levado a bordo de um jumbo 747 e veria um filme
num cinema com ar condicionado. Aí, teria de voltar ao seu próprio
tempo, com a tarefa de explicar tudo isso aos seus
contemporâneos.

3.1 Uma testemunha primitiva faz uma descrição de fatos


futuros com uma linguagem antiga

Faltar-lhe-iam todos os termos e imagens, os quais usamos para descrever


acontecimentos comuns para nós. Experimentou algo que ninguém mais
dos seus dias, pudesse ao menos imaginar. Como seria terrivelmente
difícil tentar explicar o que viu.

Bem, essa foi exatamente a situação de João. As coisas vistas por ele eram
acontecimentos reais. E João relatou o que testemunhou. Mas se debatia
com um vocabulário inadequado e o uso de imagens, para poder
comunicar alguma coisa da sua visão para o povo dos seus dias — embora
essas imagens não descrevessem exatamente o que viu.

Olhe, por exemplo, para esse texto. O que, realmente, João estava
descrevendo? Os acontecimentos são certamente reais. E, vão acon-
tecer. Mas, do que está falando?
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O primeiro anjo tocou a sua trombeta, e granizo e fogo misturado
com sangue foram lançados sobre a terra. Foi queimado um terço
da terra, um terço das árvores e toda a relva verde. O segundo anjo
tocou a sua trombeta, e algo como um grande monte em chamas foi
lançado ao mar. Um terço do mar transformou-se em sangue,
morreu um terço das criaturas do mar e foi destruído um terço das
embarcações. O terceiro anjo tocou a sua trombeta, e caiu do céu
uma grande estrela, queimando como tocha, sobre um terço dos
rios e das fontes de águas; o nome da estrela é Absinto. Tornou-se
amargo um terço das águas, e muitos morreram pela ação das
águas que se tornaram amargas. (Ap 8.7-11)

Fica claro por essa descrição, que João retratou um cataclismo terrível, e
isso vai atingir a terra. Alguns imaginam a visão a qual tentou descrever
como uma terrível guerra atômica, ou talvez, uma guerra espacial. Mas
na verdade não podemos dizer exatamente o que João viu.

Sabemos ter sido terrível e estava associado a um julgamento divino de


âmbito mundial. Também podemos estar certos de reconhecermos os
acontecimentos quando isso de fato ocorrer. Mas, até lá, haverá muita
incerteza.

Essas são duas das razões pelas quais não é fácil entender as visões
proféticas descritas no livro de Apocalipse. Sentimos o poder e o terror
dos últimos dias, que João descreve. Mas, não ousamos ser dogmáticos
em nossa interpretação dessas coisas.

4. A história da interpretação
Pelos séculos da história da igreja houve diversas interpretações de
Apocalipse e da profecia em geral.

O Word Bible handbook [Manual de palavras bíblicas) resume essa história


sucintamente:

4.1 A igreja primitiva

O Didaquê foi provavelmente escrito cerca de 100 d.C. Apresenta um


quadro do futuro como era entendido pela igreja pós-apostólica: "Vigiem
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suas vidas. Não deixem suas lâmpadas se apagarem, nem seus lombos
ficarem desprotegi-os; mas estejam preparados, porque não sabem a qual
hora o Senhor virá. Quando a desordem crescer, vão odiar e enganar e
perseguir uns aos outros, e então aparecerá o 'enganador do mundo' se
passando pelo Filho de Deus e fará sinais e milagres, e a terra será
entregue nas suas mãos, e ele fará coisas iníquas, as quais nunca
ocorreram desde o início. Depois, a criação dos homens passará pelo fogo
da provação e muitos acabarão tropeçando e perecerão, mas os que
persistirem na fé serão salvos debaixo da maldição. Depois, aparecerá um
sinal e o céu se abrirá; (b) a seguir, o sinal do som da trombeta; e (c) em
seguida, a ressurreição dos mortos, mas não de todos, mas como é dito: O
Senhor virá e todos os seus santos com ele. Então, o mundo verá o Senhor
vindo sobre as nuvens do céu" (Pais Antenicenos, Vol. vIII, 382).

Em 140-160 d.C, Justino, o Mártir, escreveu: "Eu e todos os cristãos


ortodoxos reconhecem que haverá uma ressurreição do corpo e uma
habitação de mil anos em Jerusalém, adornada e engrandecida, como os
profetas Ezequiel, Isaías, e outros unanimemente atestaram" (Pais, Vol.
1:239).

Irineu, um grande missionário e pai da igreja, que morreu em 202 d.C.


resumiu a imagem do futuro ensinada nos seus dias assim: "Quando o
Anticristo devastar todas as coisas neste mundo, ele vai reinar por três
anos e seis meses e sentar no Templo em Jerusalém; depois, virá o Senhor
do céu nas nuvens, e a glória do Pai, mandando esse homem — e aqueles
que o seguem — para o lago de fogo; mas para os justos, ele traz os
tempos do reino, isto é, o resto, o abençoado sétimo dia; e restaurará a
Abraão a herança prometida, na qual o reino do Senhor declarou que
'muitos vindo do oeste e do leste sentariam com Abraão, e Isaque, e Jacó'
(Pais, Vol. 1:560).

Fica claro por meio dos escritos desses pais primitivos, bem como pelas
escrituras de Tetuliano, Cipriano, Lactâncio e outros, que em certo
período, por cerca de 300 anos a igreja integrava as figuras proféticas do
AT e do NT e as interpretava no seu sentido literal. Esperavam o retorno
de Cristo preceder um tempo de bênção, prometido no AT, antes do
mundo acabar.
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4.2 Até a Reforma.

Um estudo dos comentários do livro de Apocalipse mostra uma mudança


ocorrida no entendimento da profecia depois dos primeiros séculos. Um
líder da igreja africana, Ticônio, escreveu um comentário perto de 390
d.C. no qual os acontecimentos descritos pelo Apocalipse eram
espiritualizados. Seu enfoque alegórico foi adotado e mais tarde usado
para justificar o desenvolvimento do papado, como um poder político. O
método alegórico de interpretação de Apocalipse foi copiado por
Pirimasius (cerca de 550 d.C), Alcuin (735-804 d.C), Maurus (775-836 d.C.)
e Strabo (807-859 d.C).

Joaquim de Fiore (cerca de 1130-1202 d.C.) desafiou a interpretação


alegórica dominante, ao introduzir uma divisão cronológica. Separou
toda a história em três períodos: o do Pai (da Criação até Cristo), o do
Filho (de Cristo até os seus dias) e o do Espírito (do seu tempo até o
julgamento final).

Quando a Reforma veio, esse enfoque cronológico foi seguido por


Lutero, Calvino e outros. A besta do Anticristo de Apocalipse 13 e a
prostituta de Apocalipse 17—18 foram interpretadas como sendo o
papado e Roma. Acontecimentos na história da Europa ocidental foram
ligados a vários selos e trombetas do livro.

Os católicos responderam com um comentário sobre Apocalipse, no qual


Francisco Ribera (1537-1591 d.C.) argumentava que o Anticristo era um
indivíduo, que viria em algum tempo futuro e não seria o papa. Outros
escritores católicos argumentavam que o Apo¬calipse se aplicava apenas a
acontecimentos antes da queda de Roma, em 476 d.C.

Os estudiosos medievais, os reformadores ou os teólogos católicos


posteriores procuraram relacionar o Apocalipse à imagem profé-tica
encontrada no AT, e procuraram também construir uma figura unificada
do futuro.
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5. As visões interpretativas do Apocalipse
Nos tempos modernos três visões diferentes do futuro têm sido expressas
em sistemas proféticos. Cada sistema tende a defender uma visão
diferente do Apocalipse. Na figura 1 estas visões estão melhor
representadas:

Figura 1: As teorias interpretativas do Apocalipse

5.1 Pré-milenarismo

É a perspectiva da igreja primitiva, retomada no século XIX pelos irmãos


Plymouth.

Os pré-milenaristas crêem que o Anticristo aparecerá realmente.

Unirá a Europa em um poder único, fazendo um tratado com Israel, como


predito por Daniel, e em seguida quebrará esse tratado e procurará
colocar-se no lugar de Deus. As profecias de invasão da Terra Santa do AT
e a destruição do exército do norte (Rússia) por Deus serão cumpridas.
Depois de sete anos de intensa tribulação, Jesus vai voltar e trucidar as
forças do Anticristo e acorrentar Satanás. Estabelecerá um Israel
redimido, como a nação mais importante do mundo, e governará
Jerusalém por mil anos.
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Depois disso, Satanás será solto e liderará uma última rebelião. Esse
universo será destruído, o julgamento final será pronunciado e Deus vai
criar um novo céu e uma nova terra.

Todos concordam que essa visão da história se encaixa no sentido literal


das palavras da profecia tanto do AT quanto do NT.

Mas nem todos concordam que o sentido literal é o sentido pretendido na


profecia.

5.2 Pós-milenarismo

Essa perspectiva, que ganhou popularidade antes da primeira guerra


mundial, vê uma conversão gradual da humanidade por meio da expansão
do evangelho. Quando o mundo for convertido, haverá uma era de paz, e
a sociedade será purificada pela maioria cristã.

Essa era de paz é predita no AT e sugerida na figura dos mil anos ("o
milénio"). Alguns pós-milenaristas esperam um irromper do mal antes da
volta de Jesus.

5.3 Amilenarismo.

Esse grupo rejeita a ideia de um tempo de bênção nessa terra. As


profecias do AT, assim como as figuras de Apocalipse, são entendidas
como simbólicas, representando as bênçãos espirituais, as quais os
cristãos experimentam por meio do relacionamento com Deus. Portanto,
essa escola não crê que as profecias devam ser entendidas literalmente.

5.4 Dentro dessas perspectivas existem atualmente dois


enfoques principais para a interpretação de Apocalipse.

Os futuristas têm uma orientação pré-milenarista e tentam entender os


acontecimentos que João descreve, como se referindo à profecia do AT e
NT.

Os historiadores modernos vêem o Apocalipse como um panorama da


própria história, mas não tentam ligá-lo a acontecimentos específicos da
história de Roma ou da Europa ocidental. O historiógrafo moderno
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geralmente acredita que as sete visões mais importantes de Apocalipse
simplesmente enxergam, de perspectivas diferentes, toda a história entre
a primeira e a Segunda Vinda.

6. Conclusão
O livro de Apocalipse vai continuar causando debates. Qualquer que seja o
nosso enfoque de interpretação, porém, não podemos deixar de ficar
aturdidos com as descrições radicais de juízo. Deus está no controle. O dia
do julgamento certamente virá e os seres humanos não poderão fazer
nada para frustrar ou mudar os propósitos do nosso Deus.

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