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1- Introdução
O presente trabalho tem por principal objetivo avaliar os
fatores que propiciaram o desencadeamento de
manifestações patológicas do tipo trincas e fissuras no
piso industrial em concreto da Indústria de Margarina.
Por fim, o relatório visa ainda propor um plano de
recuperação adequado ao reestabelecimento da
integridade e durabilidade do piso.
O piso da Indústria de Margarina, tema do presente estudo, foi executado no início do mês de
janeiro de 2000 (dias 11, 12, 13 e 14), possuindo área em torno de 2.000 m2.
O concreto utilizado possui tensão característica à compressão (fck) igual a 25 MPa, com
agregados graúdos brita 1 e 2, sendo do tipo bombeável nos setores de Ante Câmara e
Câmara Fria e convencional nas demais áreas. O volume de concreto empregado foi de
291,5 m³.
Segundo informações, o piso foi assentado sobre um solo de aterro com altura média de 80
cm, compactado com rolo vibratório Dinapac CA 15, em camadas 20 cm, tendo ficado um
período de 1 ano coberto anteriormente à execução do piso.
Posteriormente foi lançado um lastro de 3 cm de brita 1, compactado com sapo mecânico e
umedecido antes da concretagem.
Ainda de acordo com os dados obtidos, foi distribuída uma malha de aço de diâmetro igual a
4,2 mm, com espaçamento de 20 cm. No entanto, falhas no posicionamento da armadura
permitiram que a mesma permanecesse na região inferior do piso em muitas áreas.
O concreto foi lançado objetivando atingir uma espessura de 12 cm. O acabamento final é do
tipo alisado.
As juntas de retração, as quais formam painéis em torno de 160 a 180 m² nos ambientes
maiores e 30 m² no caso da Ante Câmara, foram serradas após decorrido um período de 24
horas, de acordo com as informações obtidas. Além das juntas de expansão periféricas,
existe ainda uma junta de dilatação no setor de Encaixotamento / Paletização.
2- Metodologia
FIGURAS 2 e 3 - Perfuração
do concreto com broca
adiamantada de ø 75 mm e
retirada do testemunho de
concreto para avaliação da
espessura
3- Resultados obtidos
6 25 17,94 - -
8
6
Média 13,9 Média h / 1,5
4
Desvio-Padrão 3,1
2
Obs. : Proporção
0
recomendada = h / 3
4 3 2 1 6
Identificação do Corpo-de-Prova
Identificação do Altura do c.p. Diâmetro Área Carga Resistência Relação Fator de Resistência
30
Corpo-de-Prova Aparelhado (cm) (cm) (cm²) (kgf) (MPa) h/d Correção Corrigida (MPa) Média = 28,1 MPa
D. Padrão = 2,1 MPa
1 13,00 7,36 42,54 11.600 27,3 1,77 0,9724 26,5 29
25
24
1 2 4
Identificação do Corpo-de-Prova
4
4- Diagnóstico
Pela sintomatologia das anomalias, aliada aos resultados obtidos nos ensaios e informações
levantadas, entende-se que a causa das fissuras profundas está relacionada a uma associação
de fatores, mas tendo como efeito básico a retração volumétrica do concreto nas primeiras
idades.
É sabido que o concreto no estado fresco constitui-se em uma série de partículas, incluindo o
cimento, que estão temporariamente separadas por uma fina camada de água. Entretanto, nem
toda água adicionada é empregada na hidratação, sendo que tal quantidade excedente irá
evaporar-se, provocando uma redução no volume do concreto, denominada retração
hidráulica ou retração por secagem. Essa retração volumétrica conduz a uma retração linear,
implicando no surgimento de fissuras.
A retração é inevitável e bastante pronunciada em placas de concreto. Trata-se também de um
tema complexo, uma vez que inúmeros fatores podem afetar o fenômeno, tais como tipo de
cimento, tipo litológico dos agregados, dimensão máxima característica, propriedades físicas e
elásticas dos agregados, proporção dos materiais (em especial a quantidade de água), natureza
dos aditivos, cura do concreto, condições ambientais, dentre outros.
No entanto, no caso de pisos industriais, a boa técnica recomenda que a fissuração induzida
pela retração seja combatida por juntas de trabalho que permitam as movimentações de
contração e expansão do concreto, além de armaduras adequadamente posicionadas no
interior da seção.
No presente caso, as informações obtidas acerca da realização do corte das juntas de retração
em prazos de até 24 horas, identificam um atraso no cronograma de abertura das mesmas.
Segundo a literatura técnica, a abertura das juntas serradas deve ser realizada em um prazo de
cerca de 10 horas após o lançamento do concreto, podendo ser abreviado de acordo com as
condições intrínsecas à concretagem, em especial o tipo de cimento.
No caso da utilização de cimento CP V, de alta resistência inicial, há uma possível maior
retração hidráulica do concreto, causada por teores mais elevados de C3A (aluminato
tricálcico), além de se tratar de um cimento mais fino.
Assim, o corte das placas em prazo considerado não-hábil acarretou maior sujeição do piso a
fissuras, pela deficiência na capacidade de estabilização das tensões de tração, possivelmente
intensificadas pela utilização de cimentos do tipo CP V e associação de agregados miúdos do
tipo pó de pedra.
Ainda com relação às juntas serradas, o ponto investigado (único para maior preservação da
durabilidade e estética do piso) revelou pouca profundidade da ranhura. O corte deve ter
profundidade da ordem de 1/3 da espessura da placa, recomendando-se no mínimo 40 mm.
Com relação ao combate aos efeitos da retração através da utilização de armadura do tipo
tela soldada, as recomendações técnicas são de que a armadura de retração deva ser
posicionada mais próxima da face superior da placa, uma vez que é nesta região que as
fissuras tendem a se fazer mais presentes. Recomenda-se o posicionamento a 1/3 da altura,
em relação à face superior do piso, tendo-se como recobrimento aconselhável o valor de 5
cm.
Diante do exposto acima, conclui-se que as falhas no posicionamento das armaduras
acarretaram impossibilidade de absorção das tensões provenientes dos efeitos de retração
pelas mesmas.
Outro fator colaborador está relacionado à inexistência de lona plástica na interface placa x
sub-base, gerando rugosidade com tendências a induzir tensões adicionais no concreto.
Ademais, a heterogeneidade das seções, comprovada pelas variações significativas na
espessura do piso, contribuem para o desencadeamento do quadro patológico uma vez que há
inércias diferenciadas, além de espessuras maiores provocarem retrações mais acentuadas.
Quanto ao concreto empregado, os ensaios de resistência à compressão e reconstituição de
traço revelaram boa qualidade
6
5- COMENTÁRIO FINAL
BIBLIOGRAFIA