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PISO INDUSTRIAL DE CONCRETO ARMADO


ESTUDO DE CASO

Marcelo Eduardo Yukio Hokazono


Aluno do 5º ano de Engenharia Civil da Universidade Estadual de Maringá
Professor orientador: Prof. José Wilson Assunção
e-mail: marcelojp@wnet.com.br
Endereço: Rua Arapongas 181 – Bairro Aeroporto CEP 87050-420
Maringá-Pr

1- Introdução
O presente trabalho tem por principal objetivo avaliar os
fatores que propiciaram o desencadeamento de
manifestações patológicas do tipo trincas e fissuras no
piso industrial em concreto da Indústria de Margarina.
Por fim, o relatório visa ainda propor um plano de
recuperação adequado ao reestabelecimento da
integridade e durabilidade do piso.

FIGURA 1 – Vista geral da indústria

Características gerais do piso

O piso da Indústria de Margarina, tema do presente estudo, foi executado no início do mês de
janeiro de 2000 (dias 11, 12, 13 e 14), possuindo área em torno de 2.000 m2.
O concreto utilizado possui tensão característica à compressão (fck) igual a 25 MPa, com
agregados graúdos brita 1 e 2, sendo do tipo bombeável nos setores de Ante Câmara e
Câmara Fria e convencional nas demais áreas. O volume de concreto empregado foi de
291,5 m³.
Segundo informações, o piso foi assentado sobre um solo de aterro com altura média de 80
cm, compactado com rolo vibratório Dinapac CA 15, em camadas 20 cm, tendo ficado um
período de 1 ano coberto anteriormente à execução do piso.
Posteriormente foi lançado um lastro de 3 cm de brita 1, compactado com sapo mecânico e
umedecido antes da concretagem.
Ainda de acordo com os dados obtidos, foi distribuída uma malha de aço de diâmetro igual a
4,2 mm, com espaçamento de 20 cm. No entanto, falhas no posicionamento da armadura
permitiram que a mesma permanecesse na região inferior do piso em muitas áreas.
O concreto foi lançado objetivando atingir uma espessura de 12 cm. O acabamento final é do
tipo alisado.
As juntas de retração, as quais formam painéis em torno de 160 a 180 m² nos ambientes
maiores e 30 m² no caso da Ante Câmara, foram serradas após decorrido um período de 24
horas, de acordo com as informações obtidas. Além das juntas de expansão periféricas,
existe ainda uma junta de dilatação no setor de Encaixotamento / Paletização.

2- Metodologia

2.1 Coleta de Projeto :


O projeto arquitetônico da Indústria utilizado na realização dos trabalhos foi cedido pela
equipe técnica da Indústria.
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2.2 Exame Visual das Ocorrências Patológicas :


Objetivando caracterizar o estado geral do piso, foi efetuada minuciosa inspeção visual "in
loco", identificando as anomalias evidenciadas.

2.3 Determinação da Extensão / Mapeamento das Lesões Observadas:


Nesta etapa, foram determinados o comprimento das fissuras bem como o seu posicionamento
nas placas de concreto, efetuando o seu registro através de mapeamento em croquis
específicos.

2.4 Determinação da Espessura do Piso :


Empregando um equipamento do tipo extratora elétrica, foram extraídos testemunhos do
concreto com brocas adiamantadas de diâmetro iguais a 75 e 25 mm, em 5 pontos
aleatoriamente distribuídos no piso, para avaliação da sua espessura.

FIGURAS 2 e 3 - Perfuração
do concreto com broca
adiamantada de ø 75 mm e
retirada do testemunho de
concreto para avaliação da
espessura

2.5 Determinação da Resistência à Compressão :


A fim de verificar a resistência à compressão do concreto, os corpos de prova de diâmetro
igual a 75 mm extraídos do piso foram aparelhados e rompidos à compressão em laboratório.
Os resultados obtidos encontram-se em anexo.

2.6 Avaliação da Configuração das Aberturas :


Objetivando averigüar a configuração da abertura das fissuras em relação à espessura total do
piso, um dos furos para avaliação da espessura (ø 3) foi realizado sobre uma fissura localizada
próxima ao pilar do canto da porta do setor de Encaixotamento / Paletização.

2.7 Determinação da Profundidade de Corte - Junta de Retração :


Paralelamente aos trabalhos de extração de testemunhos do concreto do piso, foi ainda
executado um furo de 25 mm de diâmetro em uma das juntas serradas do setor de
Encaixotamento / Paletização, localizada próxima à Sala de Processo (ø 5). Tal procedimento
foi efetuado com o intuito de verificar a profundidade de corte da junta de retração.

2.8 Determinação do Teor de Aglomerante - Reconstituição de Traço :


Utilizando a amostra referente ao furo denominado ø 3, realizado sobre a fissura, foi efetuado
um ensaio químico de reconstituição do traço do concreto, para a determinação do teor de
aglomerante empregado.
O ensaio foi realizado através do método de ataque da amostra com solução de ácido
clorídrico.

2.9 Coleta de Informações :


Foram levantados dados acerca do histórico e metodologias executivas do piso, de forma a
trazer informações disponíveis que permitissem uma investigação mais apurada acerca dos
problemas.
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2.10 Documentação Fotográfica :


Anexo na seqüência do relatório.

3- Resultados obtidos

3.1 Inspeção Visual :


Por ocasião do exame visual, foram observadas fissuras generalizadas profundas e
microfissuras superficiais nos setores da Ante Câmara, Câmara Fria, Embalagens e
Encaixotamento / Paletização:

3.2 Extensão / Mapeamento das Lesões :


A distribuição das fissuras generalizadas profundas observadas, resultou em um total
aproximado de 610 metros de extensão.

3.3 Espessura do Piso :


A Tabela 1 e as fotografias apresentadas na seqüência revelam as diferentes espessuras
obtidas para o piso de concreto, além do posicionamento das armaduras no interior do mesmo.

FIGURA 4 – Detalhe da FIGURA 5 - Indicação da


variação da espessura dos variação também no
testemunhos de concreto do posicionamento das armaduras.
piso

Variação da Espessura do Piso


TABELA 1: VALORES DE ESPESSURA DO PISO E POSICIONAMENTO DA ARMADURA

Identificação do Diâmetro Altura h Posição da Armadura em Relação à Base Superior 20


17,94
Corpo-de-Prova (mm) (cm) (cm) (em proporção) 18 Média = 13,9 MPa
16,02
D. Padrão = 3,1 MPa
Espessura Obtida (cm)

1 16,02 13,7 h / 1,2 16


13,75
2 13,75 6,7 h / 2,1 14
75 11,51
3 11,51 - - 12 10,51

4 10,51 9,7 h / 1,1 10

6 25 17,94 - -
8
6
Média 13,9 Média h / 1,5
4
Desvio-Padrão 3,1
2
Obs. : Proporção
0
recomendada = h / 3
4 3 2 1 6

Identificação do Corpo-de-Prova

3.4 Resistência à compressão: Avaliação da Resistência Mecânica do Piso

TABELA 2: VALORES DE RESISTÊNCIA À COMPRESSÃO OBTIDOS


31 30,5
Resistência à Compressão (MPa)

Identificação do Altura do c.p. Diâmetro Área Carga Resistência Relação Fator de Resistência
30
Corpo-de-Prova Aparelhado (cm) (cm) (cm²) (kgf) (MPa) h/d Correção Corrigida (MPa) Média = 28,1 MPa
D. Padrão = 2,1 MPa
1 13,00 7,36 42,54 11.600 27,3 1,77 0,9724 26,5 29

2 12,30 7,38 42,78 12.200 28,5 1,67 0,9572 27,3 28


27,3
4 9,09 7,36 42,54 14.600 34,3 1,24 0,8876 30,5
27 26,5
Média 28,1
D.-Padrão 2,1 26

25

24
1 2 4

Identificação do Corpo-de-Prova
4

3.5 Avaliação da Configuração das Aberturas :


A FIGURA 6 permite visualizar a configuração da das fissuras generalizadas em relação à
espessura total do piso, podendo-se concluir que trata-se de aberturas profundas.

FIGURA 6 - Detalhe da configuração da fissura


localizada no ponto de extração nº 3, no setor de
encaixotamento/paletização – abertura em toda a
profundidade do piso.

3.6 Profundidade da Ranhura - Juntas Serradas :


O furo nº 5, realizado próximo à Sala de Processo, permitiu a obtenção do valor de 3 cm para
a profundidade da ranhura da junta serrada naquele ponto.
Para a espessura do piso de 13,7 cm naquela região:
Prof. ranhura = h / 4,6
Considerando a espessura nominal de 12,0 cm do piso:
Prof. ranhura = h / 4,0
Obs.: Recomendações da literatura técnica -
h / 3, e no mínimo 40 mm
FIGURA 7 - Técnico indicando a profundidade
da ranhura da junta serrada, após a realização
de um furo com broca de 25mm.

TABELA 3: TEOR DE AGLOMERANTE


3.7 Teor de Aglomerante - Reconstituição
de Traço :
Na TABELA 3 é apresentado o resultado Identificação da Peso Inicial Peso Final Teor de Aglomerante
obtido no ensaio de reconstituição de traço
Amostra (g) (g) (%)
do concreto do piso, mediante ataque da
amostra correspondente ao furo nº 3 em 3 565 468 17,2
solução de ácido clorídrico.
Densidade do Concreto = 2.400 kg / m³

CONSUMO ESTIMADO DE CIMENTO = 412 kg / m³

4- Diagnóstico

4.1 FISSURAS GENERALIZADAS PROFUNDAS :


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Pela sintomatologia das anomalias, aliada aos resultados obtidos nos ensaios e informações
levantadas, entende-se que a causa das fissuras profundas está relacionada a uma associação
de fatores, mas tendo como efeito básico a retração volumétrica do concreto nas primeiras
idades.
É sabido que o concreto no estado fresco constitui-se em uma série de partículas, incluindo o
cimento, que estão temporariamente separadas por uma fina camada de água. Entretanto, nem
toda água adicionada é empregada na hidratação, sendo que tal quantidade excedente irá
evaporar-se, provocando uma redução no volume do concreto, denominada retração
hidráulica ou retração por secagem. Essa retração volumétrica conduz a uma retração linear,
implicando no surgimento de fissuras.
A retração é inevitável e bastante pronunciada em placas de concreto. Trata-se também de um
tema complexo, uma vez que inúmeros fatores podem afetar o fenômeno, tais como tipo de
cimento, tipo litológico dos agregados, dimensão máxima característica, propriedades físicas e
elásticas dos agregados, proporção dos materiais (em especial a quantidade de água), natureza
dos aditivos, cura do concreto, condições ambientais, dentre outros.
No entanto, no caso de pisos industriais, a boa técnica recomenda que a fissuração induzida
pela retração seja combatida por juntas de trabalho que permitam as movimentações de
contração e expansão do concreto, além de armaduras adequadamente posicionadas no
interior da seção.
No presente caso, as informações obtidas acerca da realização do corte das juntas de retração
em prazos de até 24 horas, identificam um atraso no cronograma de abertura das mesmas.
Segundo a literatura técnica, a abertura das juntas serradas deve ser realizada em um prazo de
cerca de 10 horas após o lançamento do concreto, podendo ser abreviado de acordo com as
condições intrínsecas à concretagem, em especial o tipo de cimento.
No caso da utilização de cimento CP V, de alta resistência inicial, há uma possível maior
retração hidráulica do concreto, causada por teores mais elevados de C3A (aluminato
tricálcico), além de se tratar de um cimento mais fino.
Assim, o corte das placas em prazo considerado não-hábil acarretou maior sujeição do piso a
fissuras, pela deficiência na capacidade de estabilização das tensões de tração, possivelmente
intensificadas pela utilização de cimentos do tipo CP V e associação de agregados miúdos do
tipo pó de pedra.
Ainda com relação às juntas serradas, o ponto investigado (único para maior preservação da
durabilidade e estética do piso) revelou pouca profundidade da ranhura. O corte deve ter
profundidade da ordem de 1/3 da espessura da placa, recomendando-se no mínimo 40 mm.
Com relação ao combate aos efeitos da retração através da utilização de armadura do tipo
tela soldada, as recomendações técnicas são de que a armadura de retração deva ser
posicionada mais próxima da face superior da placa, uma vez que é nesta região que as
fissuras tendem a se fazer mais presentes. Recomenda-se o posicionamento a 1/3 da altura,
em relação à face superior do piso, tendo-se como recobrimento aconselhável o valor de 5
cm.
Diante do exposto acima, conclui-se que as falhas no posicionamento das armaduras
acarretaram impossibilidade de absorção das tensões provenientes dos efeitos de retração
pelas mesmas.
Outro fator colaborador está relacionado à inexistência de lona plástica na interface placa x
sub-base, gerando rugosidade com tendências a induzir tensões adicionais no concreto.
Ademais, a heterogeneidade das seções, comprovada pelas variações significativas na
espessura do piso, contribuem para o desencadeamento do quadro patológico uma vez que há
inércias diferenciadas, além de espessuras maiores provocarem retrações mais acentuadas.
Quanto ao concreto empregado, os ensaios de resistência à compressão e reconstituição de
traço revelaram boa qualidade
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4.2 Microfissuras Superficiais - Craqueamento :


O craqueamento observado é uma manifestação da retração hidráulica que ocorre somente na
superfície do concreto, formando uma malha de fissuras interligadas em rede. Possivelmente
são decorrentes a supervibração, com acúmulo de materiais finos na superfície das placas.

5- COMENTÁRIO FINAL

Frente ao quadro patológico instaurado, originário de uma seqüência de falhas executivas


(atraso no corte das juntas, mau posicionamento da armadura de retração, inexistência de lona
plástica, falta de uniformidade da espessura das placas, excesso de vibração, etc.), indica-se a
seguinte solução de reparo:
1 - Revisão completa das juntas serradas, com verificação da profundidade da ranhura,
de modo a garantir que seja superior a 1/3 h e não menor que 40 mm. Obs.: nas juntas
serradas, a profundidade do corte não deve variar mais do que 5 mm com relação à
profundidade de projeto.
Em caso de necessidade, as juntas deverão ser aprofundadas e colmatadas com selantes à base
de poliuretano.
2 - Cicatrização das fissuras profundas por meio de injeção e selagem com produtos à base
de resina epóxica.
3 - Colmatação das microfissuras superficiais através da reaplicação de endurecedor de
superfície (impregnação de soluções de fluosilicato de sódio ou de zinco sobre a superfície do
concreto endurecido).

BIBLIOGRAFIA

PITTA, Márcio Rocha. Projeto de sub-bases para pavimentos de concreto.Associação


Brasileira de Cimento Portland. São Paulo (SP), 1987.
PITTA, Márcio Rocha & Carvalho, Marcos Dutra de e Rodrigues, Públio Penna Firme.
Materiais para Pavimentos de Concreto Simples. Associação Brasileira de Cimento
Portland, São Paulo. SP, 1981.
BUCHER, Hans Roman Edmundo e Rodrigues, Públio Penna Firme. Correlações entre as
resistências mecânicas do concreto. São Paulo, Ibracon in Seminário Sobre Controle da
Resistência do Concreto, 1983.
SCANDIUZZI, Luércio & Andriolo, Francisco Rodrigues. Concreto e seus Materiais –
Propriedades e ensaios. Editora Pini Ltda. São Paulo, SP, 1986.
RODRIGUES, Públio Penna Firme & Cassaro, Caio Frascino. Pisos Industriais de Concreto
Armado. IBTS, São Paulo, SP, 1999.
TECHNÉ, Revista da Tecnologia da Construção. Jul/Ago 94, nº 11, Ano 2 – Editora Pini.

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