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http://dx.doi.org/10.

1590/1982-02752016000200008

Psicologia Sócio-histórica como fundamento


para a compreensão das significações
da atividade docente

Socio-historical Psychology as the basis


for understanding teaching practice

Wanda Maria Junqueira de AGUIAR1


Virgínia Campos MACHADO2

Resumo

Este artigo apresenta e discute a importância de produzir conhecimento a respeito dos aspectos subjetivos que constituem
a atividade docente, buscando compreendê-la para além de sua aparência, em suas contradições e mediações. Propõe-
-se aqui a discussão dos pressupostos teóricos da Psicologia Sócio-histórica, a qual, por sua vez, fundamenta-se no
Materialismo Histórico e Dialético. Estes dois últimos orientam as pesquisas realizadas pelo grupo “Atividade docente
e subjetividade”, o qual tem contribuído para a produção de conhecimento crítico na área da educação. Para tanto,
inicia-se discutindo categorias como: Mediação, Historicidade, Atividade, Sentidos, Significados e Subjetividade. Em
seguida, passa-se aos conceitos “real da atividade” e “atividade real” e os procedimentos de Autoconfrontação Simples
e Cruzada propostos por Yves Clot. Enfatiza-se a importância do referencial teórico em todas as etapas da pesquisa,
visto ser um critério de cientificidade do conhecimento produzido, e a necessária articulação entre todos esses momentos.
Palavras-chave: Atividade docente; Psicologia sócio-histórica; Sentidos; Significado.

Abstract

A PSICOLOGIA SÓCIO-HISTÓRICA COMO FUNDAMENTO


This article seeks to address the importance of producing knowledge about the subjective aspects of teaching practice
in order to understand it beyond its theoretical definitions, i.e., to acknowledge its contradictions and mediations.
This study presents a discussion of the theoretical assumptions of Socio-historical Psychology, which is rooted in the
dialectical and historical materialism, which, in turn, are the basis for the studies conducted by the research group
“Teaching practice and subjectivity”. These studies have made major contributions to the critical knowledge in education.
The present article initially discusses categories such as Mediation, Historicity, Activity, Senses, Meanings, and Subjectivity.
Subsequently, the concepts of “real practice” and “real life practice” are introduced, followed by the simple and
crossed self-confrontation techniques proposed by Yves Clot. It is essential to highlight the importance of the theoretical
framework to support the entire process of the research since it is a scientificity criterion of the produced knowledge
and the required coordination between all research steps.
Keywords: Teaching activity; Sociohistorical psychology; Senses; Meaning.

▼ ▼ ▼ ▼ ▼
1
Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, Faculdade de Educação, Programa de Estudos Pós-Graduados em Educação: Psicologia
da Educação. R. Monte Alegre, 984, Perdizes, 05014-901, São Paulo, SP, Brasil. Correspondência para/Correspondence to: W.M.J.
AGUIAR. E-mail: <iajunqueira@uol.com.br>.
2
Universidade Federal da Bahia, Faculdade de Nutrição, Departamento de Ciência da Nutrição. Salvador, BA, Brasil. 261

Estudos de Psicologia I Campinas I 33(2) I 261-270 I abril - junho 2016


Este artigo tem como objetivo apresentar e de Munchhausen (Lowy, 1987), o autor apresenta
discutir o referencial teórico-metodológico que fun- o conceito de “Horizonte Intelectual” e discute o
damenta as pesquisas realizadas pelo grupo “Ati- papel da ideologia na constituição de um saber
vidade docente e subjetividade”. O grupo é parte científico, afirmando que ela circunscreve seus limi-
integrante do Programa de Estudos Pós-Graduados tes. Ele também apresenta a metáfora do mirante,
em Educação: Psicologia da Educação da Pontifícia transcrita abaixo, para discutir a questão da objetivi-
Universidade Católica de São Paulo. Esse esforço é dade das interpretações sobre a realidade:
importante, pois, por meio da explicitação dos fun- O mirante não faz senão definir uma possibi-
damentos que orientam esta pesquisa é possível lidade objetiva de visibilidade: a visão efetiva
evidenciar a necessidade da coerência em relação e a pintura de uma paisagem não depende
à concepção do objeto de estudo deste trabalho e mais dele. Mas trata-se de uma autonomia
o modo como os autores lidam com ele ao longo relativa e não de uma independência total
do processo de produção de conhecimento. (como pretende o positivismo) na medida
Este trabalho vai ao encontro das ideias de em que o papel do horizonte de visibilidade
Bourguignon (2006), que afirma que a produção é decisivo para a própria constituição do
de conhecimentos exige rigor teórico-metodológico campo cognitivo (p.207).
e vinculação orgânica com demandas concretas Lowy (1987) esclarece, portanto, que as
problematizadas pelo pesquisador a partir de sua consciências possíveis numa sociedade de classes
inserção na realidade social. Destaca-se, assim, o não se situam no mesmo plano, sendo que um único
objeto de estudo como algo construído numa rela- fato poderá ser interpretado de formas diferentes,
ção sempre mediada pela realidade e pelo referen- a partir de distintas compreensões da realidade. Já
cial teórico o qual, sendo norteador da pesquisa, Mészáros (2004a) alerta para o fato de que a ideolo-
oferece as lentes por meio das quais o pesquisador gia penetra em todos os espaços e “é constituída
enxerga o mundo e o fenômeno que investiga. objetivamente como uma consciência prática ine-
Portanto, considera-se que a produção do vitável numa sociedade de classes” (p.65). Para ele,
conhecimento se dá em contextos socialmente ninguém nem nenhuma teoria pode eleger-se como
determinados e que a construção do objeto, bem sendo puramente “consensual, objetiva, cientí-
como das interpretações feitas na tentativa de fica”, negando sua presença.
explicá-lo e de contribuir para sua transformação, É nesse sentido que defende-se a reflexão
fazem parte de um contínuo processo de cons- crítica como instrumento e resultado no processo
truções teóricas as quais permitem novas e suces- de construção do conhecimento. Em outros termos:
sivas aproximações em relação ao real. Retomando A reflexão sobre o real torna-se o momento
os escritos de Lefebvre (1979), Bourguignon (2006) em que o homem descobre as contradições
descreve como características gerais do conheci- existentes no real. Pela reflexão, a natureza
mento: ser prático, social e histórico. Para a autora, dialética do real encontra, na consciência da
Essas reflexões levam a pensar a produção contradição, sua expressão subjetiva, e tam-
W.M.J. AGUIAR & V.C. MACHADO

de conhecimento através da pesquisa como bém a possibilidade de uma interferência no


uma das modalidades da práxis, em que a real (Cury, 1985, p.32).
relação da unidade teoria/prática pode
De acordo com Cury (1985), as contradições
efetivamente ser trabalhada, a partir da pers-
estão presentes no movimento dialético das múl-
pectiva filosófica e visão de mundo que
tiplas determinações que mutuamente constituem
orienta o pesquisador e profissional em sua
a realidade. A contradição “é o momento conceitual
visão de pesquisa (p.43).
explicativo mais amplo, uma vez que reflete o mo-
Essas características gerais do conhecimento vimento mais originário do real” (1985, p.27), per-
também podem ser discutidas com base em Lowy mitindo ao analista interpretá-lo como síntese con-
262 (1987). Em Aventuras de Karl Marx contra o Barão traditória.

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O grupo de pesquisa “Atividade docente e teórico-metodológicos se mostram capazes de con-
subjetividade” tem se dedicado ao estudo dos tribuir para a apreensão do processo de constituição
aspectos subjetivos que constituem a atividade do- social da subjetividade humana.
cente, tendo como base os pressupostos da Psico-
logia Sócio-histórica. Esta, por sua vez, tem como
fundamento o Materialismo Histórico e Dialético, e O referencial teórico-metodológico
busca produzir um conhecimento que contribua
Como afirmado anteriormente, o referencial
para permitir a ruptura do cotidiano alienado; pre-
teórico-metodológico adotado pelo grupo de pes-
tende, ao captar o real em sua complexidade e
quisa baseia-se, fundamentalmente, na Psicologia
apreender suas particularidades, superar os limites
Sócio-histórica, que tem por base o Materialismo
da espontaneidade, da fragmentação e da casuali-
Histórico e Dialético. Além disso, também incorpora
dade (Oliveira, 2005). Desse modo, procura afastar-
contribuições de autores contemporâneos, como
-se de uma abordagem da realidade que fique na
Clot (2006, 2010) e seu grupo de pesquisadores do
aparência, na descrição dos fatos, não alcançando
Conservatoire National dês Arts et Métiers, que
a compreensão do seu processo de constituição.
assumem, deliberadamente, filiação ao pensamento
Para apreender os aspectos subjetivos que Vygotskiano.
constituem a atividade docente, as pesquisas desen-
No processo de produção de conhecimento
volvidas pelo referido grupo problematizam, junto
sobre o real, as categorias balizam a reprodução
aos professores, a concepção de docência, de aluno,
do concreto por meio do pensamento. Elas possuem
de processo de ensino-aprendizagem, assim como
a universalidade como um de seus principais as-
aspectos relativos à gestão escolar e ao real da ativi-
pectos (Bernardes, 2011). São, nesse sentido, cons-
dade que tem lugar na sala de aula. Ao produzir
trutos abstratos os quais orientam o pesquisador
estudos sobre a atividade docente, os quais enten-
no processo de construção de conhecimento sobre
dam essa atividade “estendida aos movimentos da
o real. Os conceitos, por sua vez, definem certa par-
subjetividade” (Clot, 2006), é possível se aproximar
ticularidade do objeto, mas são carentes de elemen-
de aspectos que não se revelam na aparência do
tos para o entendimento da universalidade (ou
fenômeno, mas são fundamentais quando se busca
totalidade) em que são compostos, levando a não
compreender a docência, bem como a possibilidade
possibilidade de apreenderem e revelarem o movi-
de transformação da sua qualidade.
mento contraditório do real.
Ao se estudar as significações da atividade
docente para o professor, procura-se realizar um As categorias permitem a apreensão da ma-
terialidade do real, de sua essência, que, por ser

A PSICOLOGIA SÓCIO-HISTÓRICA COMO FUNDAMENTO


movimento analítico o qual deve incluir a apreensão
dos elementos que, ao serem negados e superados, dialética, é também movimento, processo. Como
evidenciam as transformações, o surgimento do no- afirma Aguiar, as categorias “... carregam o movi-
vo, o vir a ser da atividade. Para que esse processo mento do fenômeno estudado, sua materialidade,
se realize, os esforços se concentram na apreensão suas contradições e sua historicidade” (Aguiar,
da gênese dos fenômenos, e o uso de categorias é 2001, p.95). Elas são orientadoras da forma como
fundamental. se apreende o real (sendo que não existe nada
Desse modo, o presente artigo tem como imediato) e, portanto, sua utilização garantirá a
objetivo discutir o referencial teórico-metodológico apreensão das contradições, do movimento, enfim,
da Psicologia Sócio-histórica, e algumas categorias do fenômeno concreto. E é na compreensão dessas
do Materialismo Histórico e Dialético, da maneira relações que repousa a relevância do processo de
como vêm sendo apreendido e utilizado nas pes- produção do conhecimento.
quisas desenvolvidas pelo grupo “Atividade docente A partir do entendimento de que o real é
e Subjetividade”. Acredita-se que esse esforço se contraditório e de que nada é fixo e imutável,
justifica na medida em que esses fundamentos entende-se que o pensamento também deve se 263

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colocar em movimento e ser pensamento deste a relação de mediação entre dois elementos implica
movimento, ser um pensamento consciente da entender como cada um deles pode:
contradição (Lefebvre, 1979). Em última instância, De um lado, definir a si mesmo, e de outro
acredita-se que ao se lançar mão do pensamento definir o todo; ser ao mesmo tempo produ-
categorial, criam-se possibilidades de desvelar a
tor e produto; ser revelador e ao mesmo tem-
realidade da docência, incluindo-se aí as signifi-
po determinado; ser revelador e ao mesmo
cações da atividade que são constituídas pelos pro-
tempo decifrar a si mesmo; conquistar o pró-
fessores.
prio significado autêntico e ao mesmo tem-
As investigações do grupo de pesquisa aqui po conferir um sentido a algo mais (Kosik,
mencionado são orientadas pela ideia desenvolvida 1976, p.49).
por Cury de que “os fatos só nos interessam na ex-
Na busca pela apreensão do sujeito, a cate-
pressão do seu dinamismo, da sua sucessão, da
goria Mediação ajuda na compreensão de que não
posição relativa de seus momentos” (Cury, 1985,
existem relações diretas, imediatas. Mesmo aquelas
p.32). Desse modo, as categorias norteiam a inter-
que aparentam ser assim, contém, em sua essência,
pretação, tanto dos fenômenos mais complexos,
múltiplas determinações as quais, na e pela relação
que têm maior abrangência e expressam um mo-
de contradição que mantém, engendram o processo
mento de maior abstração, de articulação com o
todo, quanto dos menos complexos, os quais, por de constituição em que cada fenômeno, “ao realizar-
sua vez, podem até estar contidos em outros, mas -se, cria o outro” (Marx, 1857/1999, p.33). Sendo
jamais poderão ser vistos como estanques, fixos, assim, deve-se buscar entender sua história.
não históricos, nem ser apreendidos na sua ime- Passa-se, então, à categoria Historicidade,
diaticidade. que tem caráter ontológico nessa perspectiva teóri-
Assim, este artigo limita-se à discussão de ca. O “ser social”, do qual trata Marx, se constitui
algumas categorias, quais sejam, Mediação, Histo- humano na sua relação com a natureza e com os
ricidade, Atividade, Subjetividade, Pensamento e outros homens e, nessas relações, constrói sua pró-
Linguagem, Sentidos e Significados. Inicia-se pela pria história. “De fato, o homem que luta e trabalha,
categoria Mediação, pois possibilita uma análise não ao se negar como animal, é um ser essencialmente
dicotômica da realidade, permitindo a apreensão histórico e é o único a sê-lo: a natureza e o animal
da relação dialética parte-todo, objetivo-subjetivo, não têm história propriamente dita” (Kojéve, 2002).
externo-interno, afetivo-cognitivo, sentido-signifi-
... . É pela história criada, vivida e relembrada
cado. Evita-se, dessa maneira, posições que consi-
eternamente como tradição que o homem
derem esses polos como sendo antagônicos ou,
se realiza ou aparece como totalidade
ainda, que se tome um ou outro de forma isolada
dialética, em vez de se aniquilar e desapa-
quando, na verdade, são polos complementares de
recer por uma negação pura ou abstrata de
um mesmo processo (Oliveira, 2005). No que tange
qualquer dado, seja ele qual for, real e pen-
ao estudo da atividade docente e da subjetividade,
W.M.J. AGUIAR & V.C. MACHADO

sado (Kojéve, 2002, p.472).


a categoria Mediação permite entender que essas
dimensões não podem ser entendidas de maneira Deve-se estar atento para que a Histori-
dissociada. Desse modo, devem ser compreendidas cidade não seja considerada uma simples sucessão
como unidade e, portanto, considera-se que as cronológica de fatos, um movimento sem rumo,
significações compõem a atividade docente, do desgovernado (Lukács, 1979). Pelo contrário, trata-
mesmo modo que é na atividade que as signifi- -se de um movimento determinado por relações de
cações se constituem. forças dialeticamente articuladas, as quais se consti-
Essa categoria não tem a função de apenas tuíram no decurso da existência cotidiana dos acon-
ligar dois polos, mas de ser o centro organizador tecimentos, muitas vezes, triviais, comuns, mas
264 dessa relação (Aguiar & Ozella, 2013). Compreender constituídos pela totalidade histórica, entendida

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sempre como em movimento, como própria de um Enfatizando essa proposição, tem-se a con-
período determinado. tribuição de Newman e Holzman (2002), os quais
afirmam que “a qualidade única do trabalho
O sujeito, na Psicologia Sócio-histórica, é
humano, não se encontra na realização de um pro-
compreendido como aquele que se constitui na
pósito preconcebido, mas na significatividade... da
relação dialética com o social e a história. Nesse
atividade humana” e que “... . O significado deve
sentido, há necessidade de entender a relação entre
ser localizado precisamente na capacidade humana
a história de cada um, aquela que é diretamente
de alterar a totalidade histórica mesmo enquanto
experimentada pelo sujeito individual, e a história
somos determinados (em nossa particularidade
social, do mundo. Por isso, na busca por produzir social) por ela”. Essa compreensão também é re-
conhecimento sobre a realidade e o sujeito, “‘O forçada por Clot (2006, 2010), que afirma que, ao
que é’ deixa de ser a pergunta principal para dar analisar a atividade de trabalho, é preciso pensá-la
lugar à questão de ‘como surgiu’, ‘como se movi- não em termos de “atividade realizada”, como tra-
mentou e se transformou’” (Aguiar & Ozella, 2013, dicionalmente vinha sendo feito nas análises ergo-
p.303), permitindo que se apreenda a gênese e o nômicas, mas como “real da atividade”.
processo de transformação. É importante ter em
A atividade real é, segundo Clot (2006),
conta que os instrumentos que mediam a relação aquela que se torna aparente, aquilo que de fato é
dos sujeitos entre si e com o mundo, possibilitando realizado pelo trabalhador. No entanto, o autor
ao indivíduo agir nesse mundo construindo sua chama a atenção para o fato de que a atividade é
própria trajetória também conservam a história da- muito mais do que aquela que é possível de ser
queles que o precederam. observada quando da sua realização, e propõe
Nesse sentido, outra categoria importante pensá-la a partir do conceito “real da atividade”.
é a Atividade. Ela está relacionada ao próprio pro- Esse conceito envolve aquilo que se fez, mas tam-
cesso de constituição do homem e é nela e através bém aquilo que não se fez, que não se pode fazer,
dela que o homem transforma a natureza. À medida que se tentou fazer sem conseguir, que se teria
que registra essa atividade internamente vai cons- querido ou podido fazer, que se pensou ou que se
sonhou poder fazer, o que se fez para não fazer
tituindo sua subjetividade. Assim, Atividade e Subje-
aquilo que seria preciso fazer ou o que foi feito
tividade são dimensões categoriais que guardam
sem o querer.
entre si uma articulação dialética. Para Leontiev
(1978), a atividade é uma unidade de vida, mole- Inclui, portanto, a atividade contrariada co-
cular - indivisível -, não uma unidade aditiva do mo constitutiva daquilo que foi realizado, pois ela

A PSICOLOGIA SÓCIO-HISTÓRICA COMO FUNDAMENTO


sujeito material. É nela e através dela que o homem tenciona a atividade que se torna visível e garante
tanto o lugar dos aspectos subjetivos que consti-
transforma a natureza para atender suas neces-
tuem a atividade quanto sua possibilidade de de-
sidades e, ao transformá-la, registra internamente
senvolvimento. Segundo Soares (2011) “... . O estu-
essa atividade.
do do real da atividade nos possibilita apreender o
Essa categoria tem, como condição de exis- porquê e o como, isto é, a dimensão subjetiva do
tência, uma necessidade que, por sua vez, só pode conteúdo e da forma de as pessoas agirem diante
ser satisfeita quando encontra um objeto, ou seja, de situações adversas, desafiadoras” (p.72).
um motivo que supre uma necessidade específica Com a intenção de aprofundar a compreen-
do sujeito. O motivo pode ser material ou ideal, são da dimensão da subjetividade, recorre-se às
real ou imaginário. As atividades humanas podem categorias Sentido e Significado. Os Sentidos
diferir por diversas razões, mas o fundamental, constituem uma articulação particular de eventos
aquilo que distingue uma atividade da outra, é o psicológicos realizada pelo sujeito em sua relação
seu objeto. Nas palavras de Leontiev (1978, p.82): com o mundo. Como indica Leontiev (1978), “O
“o objeto da atividade é seu motivo real”. sentido pessoal representa, não uma consciência 265

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individual, mas sim minha consciência social” afirma Mitjáns (2005), é uma categoria ontológica,
(p.209). O movimento de constituição dos sentidos “... . Como forma qualitativa de existência do real
é complexo, dialético e constante, marcado por irredutível a outros níveis do real, como o biológico
zonas mais “instáveis, fluidas e profundas” (Aguiar e o social” (p.21). Ao referir-se a essa categoria fala-
& Ozella, 2013, p.304) as quais não é possível -se de um processo específico, em que o social é
apreender em sua totalidade, mas que devem ser transformado em psicológico e constitui-se nessa
mantidas como intenção no processo de análise e dimensão. Como afirmam Aguiar, Liebesny, Mar-
interpretação. chesan e Sanchez (2009, p.61) a possibilidade de
Não se pode falar de Sentidos sem incluir “... . Complexas reorganizações e arranjos, em que
seu par dialético, os Significados. Estes correspon- a vivência afetiva e cognitiva do sujeito, totalmente
dem, no campo semântico, às relações que a palavra imbricadas na forma de sentidos, é acionada e
pode manter com o(s) referente(s) ao reapresentá- mobilizada”. Acredita-se que assim se pode evi-
-lo(s). No campo psicológico é uma generalização, denciar processos os quais permitirão conhecer
um conceito; produções históricas e sociais por meio melhor o docente e suas formas de pensar, sentir e
das quais os seres humanos se comunicam e so- agir na atividade.
cializam experiências (Vygotsky, 2001). Por serem Reitera-se, com apoio na categoria Me-
mais estáveis e manterem uma relação dialética com diação, que subjetividade e objetividade jamais
os Sentidos, os Significados são o ponto de partida poderão ser entendidas dicotomicamente, e que a
nas pesquisas do grupo “Atividade docente e subje- dimensão subjetiva inclui a dimensão da objetivi-
tividade”. dade, ainda que não possa ser a ela igualada ou re-
A palavra com significado constitui a uni- duzida. Os elementos de subjetividade, os quais se
dade de análise. Para entender como isso é possível, referem ao campo individual, como sentimentos,
é preciso esclarecer, ainda que brevemente, a rela- afetos, emoções, memórias, imagens e pensa-
ção entre pensamento e palavra. Para Vygotsky mentos, têm sua origem no campo social, uma vez
(2001) “o pensamento não se expressa na palavra, que procedem de todas as vivências, inclusive de
mas nela se realiza” (p.409). Sendo assim, é impor- procedências diferentes, do sujeito. A síntese de
tante que não se considere o pensamento como todos esses elementos constitui os sentidos do indi-
sendo expresso em palavras num reflexo especular. víduo.
Não há uma relação direta entre pensamento e É a partir do referencial teórico apresentado
palavra, podendo-se dizer, no entanto, que existe que procura-se apreender o fenômeno para além
um movimento que vai “do pensamento à palavra da sua aparência e produzir um conhecimento que
e da palavra ao pensamento” (Vygotsky, 2001). seja verdadeiramente científico no sentido de revelar
O pensamento se realiza na palavra e, nesse o movimento do real, o fenômeno em sua concreti-
processo, pode-se considerar que muito do pen- cidade (Marx, 1857/1999). Deve-se atentar para
samento do sujeito fracassa e fica contido no “não que, no processo de pesquisa, a necessária arti-
dito”. O processo que permite ao pensamento se culação entre o objetivo do estudo, a teoria que o
W.M.J. AGUIAR & V.C. MACHADO

realizar em palavras (ou fracassar) certamente é embasa e o método se dê de maneira adequada e


tensionado e constituído pela subjetividade. Nessa coerente. A seguir, serão apresentados os proce-
medida, considera-se que, partindo das falas do dimentos utilizados para produção e análise de
indivíduo, pode-se, num esforço analítico, empreen- dados da presente pesquisa, bem como sua arti-
der um caminho em que mediações e contradições culação com o referencial teórico discutido.
(sempre com o apoio das categorias) são desveladas,
de modo que “a face oculta da lua” possa surgir,
Procedimentos
que os sentidos possam ser apreendidos.
Para finalizar a apresentação das categorias, Como afirmado acima, as pesquisas reali-
266 afirma-se que, para os autores, Subjetividade, como zadas pelo referido grupo têm “a palavra com

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significado” como unidade de análise. Sendo assim, Nas entrevistas, o sujeito é convidado a falar
para produção dos dados, optou-se por adotar pro- sobre sua atividade a partir das perguntas e inter-
cedimentos que primassem pelo uso da linguagem venções feitas pelo pesquisador. Para a realização
e que tivessem o potencial de produzir informações das sessões das ACS e ACC, um importante ele-
ricas em conteúdo, de modo a permitir a qualidade mento é adicionado: o diálogo se dá a partir da
de análise e interpretação pretendida. Dessa ma- observação que o sujeito faz de si mesmo, em
neira, foram utilizadas entrevistas e sessões de Auto- atividade, num episódio previamente gravado e
confrontação Simples (ACS) e Autoconfrontação editado pelo pesquisador. Quando descreve sua
Cruzada (ACC). atividade nas Autoconfrontações, o indivíduo busca
As entrevistas são um procedimento tradi- fazer com que o outro compreenda o que ele reali-
cionalmente usado pelo grupo. No momento da zou, procurando, para isso, ver sua atividade com
realização das mesmas, o pesquisador e o parti- os olhos do outro. Nesse momento, encontra algu-
cipante colocam-se em um diálogo que não é des- ma coisa de novo em si mesmo.
pretensioso ou desinteressado. Acredita-se, no
Para explicar cada um desses procedimentos
entanto, que a seriedade e a constante atenção do
é suficiente afirmar que a ACS consiste em apre-
pesquisador em manter o foco nas informações im-
sentar os episódios ao sujeito, na presença do pes-
portantes para alcançar seu objetivo devem estar
quisador, e solicitar que descreva, comente, faça
atreladas a um ambiente amigável, permitindo ao
questionamentos, ou seja, analise a atividade. Na
sujeito sentir-se à vontade para falar o mais aber-
ACC, por sua vez, os mesmos episódios são assisti-
tamente possível sobre as temáticas abordadas.
dos novamente pelo sujeito da atividade, agora
Neste caso, as entrevistas realizadas focaram acompanhado também por um especialista ou
parte da história de vida - principalmente aspectos alguém que conheça em profundidade o cotidiano
referentes à escolarização, escolha profissional e
da profissão.
formação docente -, e de forma mais direcionada,
a atividade docente. Duarte (2004) aponta, como Além do impacto causado pela imagem,
uma possibilidade das entrevistas, permitir que o outro aspecto que parece agregar qualidade à
pesquisador faça: informação obtida é a mudança na direção das falas
do indivíduo. Como ficou explicitado pela descrição
Uma espécie de mergulho em profundidade,
dos procedimentos, durante a realização da entre-
coletando indícios dos modos como cada
vista, este fala da sua atividade para o pesquisador
um daqueles sujeitos percebe e significa sua
sem o impacto de sua própria imagem em ação.
realidade e levantando informações consis-
Depois, na ACS, é convidado a discursar sobre um
tentes que lhe permitam descrever e com-

A PSICOLOGIA SÓCIO-HISTÓRICA COMO FUNDAMENTO


aspecto mais específico, vendo-se no vídeo e, por
preender a lógica que preside as relações
conta disso, elabora justificativas para si num pri-
que se estabelecem no interior daquele gru-
meiro momento. Em seguida, estas são direcionadas
po (p.215).
ao pesquisador que questiona sobre aspectos con-
Os procedimentos de Autoconfrontação siderados relevantes em relação ao objetivo da pes-
Simples e Cruzada são propostas de Clot (2006), as quisa. Na ACC o participante se dirige a um colega
quais coadunam os pressupostos estabelecidos pelo
de trabalho. Dessa forma, a direção das justificativas
grupo de pesquisa. Assim, ambos têm contribuído
é, então, modificada mais uma vez. Nesse processo
com os estudos desenvolvidos nesse âmbito por
de construção e reconstrução de argumentos, as-
produzir uma qualidade de dados que favorece
pectos constitutivos da atividade podem ser revi-
maior aproximação com conteúdos os quais per-
sitados, revistos, reelaborados e, portanto, trans-
mitem apreender os sentidos da atividade docente.
formados.
Os procedimentos em tela favorecem a ruptura de
discursos calcados na reiteração, a reprodução de Considera-se que, nas Autoconfrontações,
“discursos vazios” que, muitas vezes, limitam o na medida em que o sujeito assiste à sua própria
potencial das pesquisas. imagem e fala sobre ela, cria-se um espaço profícuo 267

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de desenvolvimento de novos e inusitados recursos, cussão apresentada sobre a necessidade de produ-
afetivos e cognitivos, possibilitando ao professor ção de um conhecimento que apreenda os movi-
refletir sobre sua prática e superar a cotidianidade. mentos, “as transições... a ligação interna e neces-
O diálogo entabulado pode promover oportu- sária das partes no todo” (Cury, 1985, p.21). Um
nidades para que o sujeito recorra à sua história, à conhecimento que tenha o potencial de, ao iluminar
história social e às próprias condições concretas em a realidade e produzir conhecimento sobre ela,
que está inserido como elementos explicativos, contribuir para sua transformação. Frente a isso,
afastando-se do imediato, das explicações costu- reitera-se que o Materialismo Histórico e Dialético
meiras, cotidianas. Nesse sentido, chama-se a aten- não se contenta em afirmar que as contradições
ção para a importância do pesquisador, que tem a existem, mas que o fundamental é captar a ligação,
tarefa de conduzir a reflexão para a atividade reali-
a unidade, o movimento que engendra os contra-
zada de modo a ampliá-la.
ditórios. E destaca-se, a partir de Lefebvre (1979),
Para esse movimento reflexivo e crítico acon- que não existe contradição em geral, mas contra-
tecer é necessário que o pesquisador tenha a dições com conteúdos específicos, concretos e com
intencionalidade da crítica, que introduza elementos movimento próprio.
os quais favoreçam esse movimento, de modo a
Somente em uma orientação positivista pro-
ampliar as possibilidades de desvelamento das
paga-se a ideia de uma pesquisa pautada no prin-
mediações constitutivas da atividade do sujeito.
cípio da neutralidade, disposta a revelar uma ver-
Assim, o pesquisador utilizará não somente pergun-
tas sobre aquilo que se tornou aparente (a atividade dade pura, exigindo, para tanto, que o pesquisador
real), mas recorrerá às contribuições teóricas e meto- seja neutro e imparcial. No Materialismo Histórico
dológicas que, de algum modo, possam trazer novos e Dialético, ao contrário, assume-se a contradição
recursos de reflexão para o indivíduo. Com isso, como propriedade essencial da realidade.
critica-se a ideia de reflexão esvaziada dos con- Ao assumir as noções de historicidade, diale-
teúdos historicamente acumulados referentes e ticidade e materialidade, o grupo de pesquisa aqui
constituintes da atividade, no caso, do professor. discutido não pode sucumbir a concepções que con-
Aponta-se, ainda, a importância de serem incluídas gelam o real, nem crer numa alienação totalizante,
às reflexões as informações relativas à realidade fixa, inerte ou insuperável. Avalia-se, assim, ser fun-
social, econômica e institucional que conformam a damental a intencionalidade de produzir um tipo
atividade em questão. de conhecimento que favoreça uma educação
A superação de explicações falseadas, natu- denominada emancipadora. Nessa direção, Freire
ralizantes e simplistas também é determinada, sem (1996) afirma que “a educação como prática política
dúvida, pela participação do colega ou especialista da liberdade, ao contrário daquela que é prática da
da profissão que é convidado para a ACC. No en- dominação, implica a negação do homem abstrato,
tanto, trata-se aqui especificamente da qualidade isolado, solto, desligado do mundo, assim, como
da mediação constituída pelo pesquisador porque, também a negação do mundo como uma realidade
W.M.J. AGUIAR & V.C. MACHADO

como afirmado anteriormente, sua atividade deve ausente dos homens” (Freire, 1996, p.70).
ser carregada de uma intencionalidade crítica, não Quando se afirma a necessidade de transfor-
necessariamente compartilhada pelo primeiro. mação da educação, busca-se indicar a importância
de incrementar processos de desalienação e de
O compromisso com a transformação constituição de práticas as quais permitam ao ho-
da realidade como princípio mem romper com a pseudoconcreticidade e com a
teórico-metodológico desmistificação ideológica de acesso aos conheci-
mentos socialmente produzidos pela humanidade.
De forma coerente à proposição teórico- Como afirma Mészáros (2004b) “o homem alienado
268 -metodológica aqui apresentada, retoma-se a dis- não se apropria de sua essência total como um

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homem total, mas limita sua atenção à esfera do É importante destacar que os processos de
cotidiano, da simples utilidade. Isso provoca extremo transformação citados implicam a construção de
empobrecimento dos sentidos humanos” (p.182). espaços democráticos, de colaboração e, principal-
mente, ancorados na reflexão crítica dos conheci-
Utilizando as contribuições de Heller (1977),
mentos advindos do conjunto da produção humana.
pode-se dizer que ao observar a prática do professor
Sendo assim, a reflexão pretendida, seguindo o
é a cotidianidade que salta aos olhos. Para essa
raciocínio de Cury (1985, p.32), deverá alcançar/
autora, a vida cotidiana é o espaço da alienação,
apreender as contradições existentes no real, de
da mesmice, da não reflexão. No entanto, reafir-
modo que “... . A natureza dialética do real en-
mando o movimento dialético, considera-se que a
contre, na consciência da contradição, sua expres-
realidade, da maneira como se apresenta, é formada
são subjetiva, e também a possibilidade de uma
pela unidade dos contrários, ou seja, por elementos
interferência no real”. Os autores concordam com
que contém sua própria negação. Compreendê-los
Carvalho (2012) quando afirma que “... . A reflexão,
para transformá-los implica na necessidade de
quando dialética, tem potencial teórico-metodo-
considerar os fenômenos em sua historicidade, em
lógico para abrir e expandir zonas de desenvolvi-
seu devir.
mento profissional que gestam possibilidades de
A alienação contém a desalienação como transformar o professor em ‘ser para si’, consti-
elemento negado. Do mesmo modo, a não-reflexão tuindo-se, assim, instrumento (mediação) e resul-
contém a reflexão. Assim, o processo de desaliena- tado (capacidade psicológica) da formação crítica
ção não é algo inatingível, mágico. Recorre-se a de professores” (Carvalho, 2012).
Mészáros (2004b) quando afirma que: As reflexões aqui apresentadas são parciais.
Tal como a alienação não é um ato único A identificação de momentos de transformação da
(uma queda misteriosa, resultado mecânico) atividade dos sujeitos participantes da pesquisa tem
sem seu oposto, a superação da atividade se mostrado difícil: como identificar os momentos
alienada através da atividade autocons- de superação? Como saber que aquilo que se obser-
ciente, só pode ser concebida como um va durante o processo de pesquisa será duradouro?
processo complexo de interação, que produz Como saber se aquela mudança que se dá na apa-
modificações estruturais em todas as partes
rência revela uma mudança na essência do fenô-
meno? Não existem garantias. Mas, com base no
da totalidade humana (p.164).
referencial teórico, buscam-se saídas não na neutra-
Pode-se, dessa forma, implementar proces- lidade, nem nas posições dúbias e fugídias, mas em
sos junto a educadores que, por meio de um conhe-

A PSICOLOGIA SÓCIO-HISTÓRICA COMO FUNDAMENTO


um posicionamento pautado na busca da revelação
cimento científico e crítico, possam questionar, co- das determinações e contradições que compõem a
mo Mészáros (2004b) indica, “tendências à atividade docente por meio de um pensamento
alienação”. A possibilidade de transformação tam- crítico.
bém é apontada por Heller (1977), para quem pode Acredita-se que, dessa forma, pode-se
existir, na vida cotidiana, o espaço das “rebeliões contribuir para uma educação que mantenha, em
sadias” em que o sujeito compreende melhor a si seu bojo, a articulação dialética entre teoria e
mesmo e ao outro. Reitera-se, assim, que essa ideia prática, que não se esgote na negação unilateral
de transformação jamais pode ser concebida des- da realidade, que apresente objetivos sustentáveis
colada das condições sociais, políticas e econômicas e seja mediadora dos conhecimentos historicamente
próprias do momento histórico vivenciado, incluídas acumulados. Essa educação deve, além disso, criti-
aí as condições de classe. Como ensina Pinto (1979, car radicalmente a ordem social e econômica ba-
p.208), “cada objeto contém interiormente a liga- seada na desigualdade, no cotidiano alienado, ar-
ção dialética com o conjunto de condições que o regimentando, desse modo, condições para uma
precedem e das quais procede”. educação transformadora e emancipatória. 269

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Colaboradores Heller, A. (1977). Sociologia de la vida cotidiana. Bar-
celona: Península.
O presente artigo foi concebido, planejado e Kojéve, A. (2002). Introdução à leitura de Hegel. Rio de
organizado por ambas as autoras, e a leitura final foi Janeiro: Contraponto.
feita por W.M.J. AGUIAR. Kosik, K. (1976). Dialética do concreto. Rio de Janeiro:
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