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EDITORIAL
Em um período pós-eleições e pós-resultado do CACD
2018, a Edição 34 da Revista Sapientia não poderia deixar de
abordar os dois temas que dominaram o ano dos candidatos ao
concurso. Em relação ao resultado eleitoral no Brasil, o professor
Guilherme Casarões faz uma análise sobre um assunto que
gerou polêmica antes mesmo da posse do Presidente eleito: o
interesse de Jair Bolsonaro em transferir a embaixada brasileira
em Israel de Tel Aviv para Jerusalém. Casarões explica por que
esta medida, aparentemente de pouca relevância para a política
externa brasileira, ganhou tanta centralidade no discurso do
Presidente eleito.
Direção Geral
Na entrevista de capa, o tema é a mais recente biografia de
Priscila Canto Dantas do Amaral Zillo
um personagem fundamental para os aspirantes à diplomacia:
Coordenadora e Editora-Chefe o Barão do Rio Branco. Em conversa exclusiva, o Embaixador
Thatiana Diniz
Luís Cláudio Villafañe, autor da obra “Juca Paranhos, o Barão
Revisão do Rio Branco”, conta detalhes ainda pouco conhecidos da
Claudia Simionato trajetória do Barão. A Edição traz ainda uma entrevista sobre o
Agradecimentos Brexit com a Cônsul-Geral do Consulado Britânico em São Paulo,
Ana Carolina Cavalcanti Joanna Crellin.
Claudia Simionato
Felipe Maciel
Guilherme Casarões
Íris Schardt Parabéns aos aprovados e boa leitura!
Joanna Crellin
Karen Tanaka
Luís Cláudio Villafañe
Manuela Muzachio Equipe: Revista Sapientia
Riane Laís Tarnovski Sapientia Aedificat
Rodrigo Goyena
Todd Marshall
Vivian Rocha
ADVERTÊNCIA
SUMÁRIO
20 PERSPECTIVAS DA POLÍTICA
EXTERNA
39 SAPIENTIA INDICA
Professores do Sapientia dão dicas de
Jerusalém pode esperar exposições, artigos, livros, filmes e vídeos.
Guilherme Casarões (Doutor e mestre em Ciência
Política pela Universidade de São Paulo, mestre em
Relações Internacionais pela Universidade Estadual 41 CHARGE
de Campinas (Programa San Tiago Dantas) e Uma homenagem ao jornalista Jamal
especialista em História e Culturas Políticas pela Ahmad Khashoggi, morto no consulado
Universidade Federal de Minas Gerais). saudita em Istambul.
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ENTREVISTA
LUÍS CLÁUDIO
VILLAFAÑE
Direta e
indiretamente, Rio
Branco contribuiu
para construir uma
narrativa sobre sua
obra e sobre o papel
do Itamaraty que
vai perdurar por
muitas décadas.
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ENTREVISTA
Nem herói nacional, nem vilão: no livro “Juca melhor destinados a outros fins. Assim, o aporte
Paranhos, o Barão do Rio Branco”, o diplomata e objetivo do Barão já é, em si, inestimável.
historiador Luís Cláudio Villafañe vai além da visão
convencional de Paranhos Junior. Na primeira biografia Mas, além disso, Rio Branco construiu “uma certa
sobre o Barão desde as obras escritas por Álvaro ideia de Brasil”, para usar a imagem do Embaixador
Lins (1945) e Viana Filho (1959), Villafañe apresenta Rubens Ricupero. Direta e indiretamente, Rio Branco
a trajetória do emblemático personagem dentro do contribuiu para construir uma narrativa sobre sua
contexto das grandes transformações vividas no Brasil obra e sobre o papel do Itamaraty que vai perdurar
e no mundo entre a segunda metade do século XIX e o por muitas décadas. Muito antes da frase ser dita, Juca
início do XX. Paranhos já estava seguindo o preceito de Churchill
resumido em sua conhecida frase: “History will be kind
“Direta e indiretamente, Rio Branco contribuiu to me for I intend to write it”.
para construir uma narrativa sobre sua obra e sobre
o papel do Itamaraty que vai perdurar por muitas Revista Sapientia - Nesta nova biografia, surge
décadas”, disse Villafañe em entrevista exclusiva à um Barão tão humano quanto qualquer um de nós.
Revista Sapientia. Na conversa, o Embaixador discorre Vaidoso, obsessivo, ansioso, por vezes cabeça-dura e
ainda sobre a construção da imagem de intelectual frio com algumas amantes, levado pelos vícios do tabaco e
atribuída ao Barão pelo senso comum e relata casos pela gula compulsiva, o Barão parece sair do gabinete
que contribuem para uma visão mais humana desse soturno, disciplinado, de rigor acadêmico e de silêncio
emblemático personagem da história. religioso ao qual era usualmente associado. Temos,
portanto, uma obra largamente menos hagiográfica do
Revista Sapientia - Inicio a entrevista com que aquelas de Álvaro Lins ou de Luís Viana Filho, até
uma pergunta que, talvez, também pudesse ser a então os biógrafos mais aclamados do Barão. Era Rio
última. Há poucos anos, o exame de ingresso à Escola Branco uma unanimidade em seu tempo?
Nacional de Administração (ENA) – uma espécie de
equivalente francês do Instituto Rio Branco – solicitou Luís Cláudio Villafañe - Na verdade, essa
aos candidatos dissertar cinco horas sobre a epígrafe visão de uma suposta unanimidade em relação ao
que encima o Panthéon de Paris: “aux grands hommes Rio Branco foi criada depois de sua morte e reforçada
la patrie reconnaissante”, que poderia traduzir-se como pelas biografias que vêm desde a década de 1930 e,
“o reconhecimento da pátria aos grandes homens”. em especial, depois do livro do Álvaro Lins (de 1945),
Pensando no hiperbólico lugar que ainda ocupa o Barão que, a despeito de seu grande valor, é realmente quase
do Rio Branco no Itamaraty, o que seria um grande uma hagiografia. Em grande medida, as qualidades
homem para a política externa brasileira? e os defeitos da obra de Lins se explicam por sua
origem. O livro foi encomendado pelo Itamaraty como
Luís Cláudio Villafañe - A importância de Rio peça fundamental das comemorações do centenário
Branco para a política externa brasileira não pode ser do nascimento de Juca Paranhos. Em compensação,
minimizada. O saldo de erros e acertos de sua longa Lins foi o primeiro biógrafo a ter acesso livre ao
gestão, afinal, é largamente positivo, em especial na arquivo referente ao Barão e, assim, produziu um
definição das fronteiras. livro importantíssimo em termos de suporte em fontes
primárias, mas que em alguns momentos chega a,
Ter estabelecido de forma precoce e juridicamente propositadamente, induzir o leitor a erros.
perfeita os limites do Brasil com seus muitos vizinhos
foi um ganho extraordinário, que pode ser medido, por Na verdade, o mais perto que o Barão esteve
exemplo, pela centralidade que alguns contenciosos da unanimidade foi antes de assumir o Itamaraty,
de fronteira nos países vizinhos têm em suas políticas por conta das vitórias nas arbitragens de Palmas e do
externa e interna. Esses conflitos geraram e, em alguns Amapá. Em 1902, quando voltou ao Rio de Janeiro
casos, continuam a gerar uma imensa drenagem de como chanceler, ele entrou irremediavelmente no jogo
recursos políticos e econômicos que seriam muito da política interna e aí não há unanimidade possível,
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ENTREVISTA
pois sempre haverá interesses contraditórios em sentido contrário para a qual o próprio Rio Branco
jogo. O caso mais evidente fica por conta do Tratado muito contribuiu e que eu discuto no livro.
de Petrópolis, que causou uma verdadeira guerra na
imprensa e no parlamento. Seus adversários tiveram Em uma camada mais “teórica” da questão,
motivos – que depois se mostraram equivocados – para vale lembrar que a política externa é uma política
combater o Tratado, mas moviam-se principalmente pública, uma política do Estado, e há uma extensa
por interesses da luta política interna. Porém, a despeito discussão – que ocuparia muitas páginas para resumir
de nunca alcançar verdadeiramente essa propalada minimamente – sobre o verdadeiro grau de autonomia
unanimidade, Rio Branco tornou-se o político mais do Estado em relação à sociedade ou aos fatores
popular de seu tempo, como indica, por exemplo, a estruturais. Nessa discussão, estou alinhado com Nicos
comoção que causou sua morte. Poulantzas, que propõe que, salvo em raros momentos
bonapartistas, o Estado detém apenas uma “autonomia
Revista Sapientia - Importante novidade relativa” e interage com as diversas classes e frações de
historiográfica que a biografia traz é a associação entre classes, dentro de constrangimentos estruturais, para a
política externa e política interna, visível, para citar definição final das políticas.
apenas alguns exemplos, na “campanha civilista”, nas
relações do Barão com Pinheiro Machado e durante Assim, claramente, Rio Branco não teria como
a eclosão da Revolta da Chibata. O Itamaraty parece se opor a uma política externa “do café” ou mesmo ao
deixar de pairar sobre os demais ministérios, como se americanismo da Primeira República, mas ele soube
fosse uma entidade autônoma e responsável somente negociar com esses atores internos – e com os externos
por suas idiossincrasias. Poderíamos considerar o também – e trabalhar de maneira produtiva dentro
Barão como um chanceler a serviço das oligarquias dos limites estruturais daquele momento interno e do
características da Primeira República e, assim, como cenário internacional de então.
um ministro que se curvou à política cafeeira?
Ou seja, foram decisões, políticas e discursos que,
Luís Cláudio Villafañe - Se, por um lado, um é certo, se mantiveram dentro de limites que, inclusive,
dos objetivos historiográficos do livro foi desfazer o seriam muito difíceis de contornar: os interesses
mito recorrente de uma total autonomia do Barão na centrais da oligarquia dominante e dos cafeicultores
condução da política externa durante sua gestão no foram sempre respeitados. Porém, de todo modo, as
Itamaraty, por outro, caracterizar Rio Branco como escolhas e políticas adotadas dentro do leque, ainda
“um chanceler a serviço das oligarquias da Primeira amplo, do “possível” foram guiadas por ele e, vistas
República” ou um “ministro que se curvou à política em retrospectiva, em alguns pontos foram geniais, em
cafeeira” merece uma séria qualificação. outros nem tanto e, ainda em outros, equivocadas, mas
o saldo final é reconhecido como muito positivo.
A primeira camada dessa discussão fica por
conta da real autonomia do Rio Branco como chanceler Revista Sapientia - Do ponto de vista
dentro da burocracia do Estado brasileiro de então. metodológico, a problemática embora resiliente cisão
Trata-se de uma questão mais empírica do que teórica. entre “americanismo ideológico” e “americanismo
Procurei demonstrar que ele, em especial no período pragmático” é descartada em sua análise sobre o Barão.
crucial de Rodrigues Alves, esteve longe de deter No lugar, emerge um chanceler de origem saquarema,
autonomia decisória na condução da política externa e mais passivo do que ativo diante do tempo histórico
mesmo nos assuntos internos do Ministério. Ainda que que lhe era imposto, isto é, a Era dos Impérios. Em
a percepção de êxito de sua gestão e seu fortalecimento História, diríamos que a estrutura pesou mais do que
dentro da política interna tenham, ao longo dos a eventual agência do Barão. No entanto, o lugar de
anos, lhe conferido mais e mais liberdade, esta nunca destaque conferido aos Estados Unidos durante a gestão
foi total. do Barão assim como a tônica não intervencionista
na bacia do Prata ou o reaparelhamento militar por
A política externa não se faz dissociada do jogo ele conclamado não seriam rupturas em relação ao
da política interna – a despeito de uma narrativa em pensamento diplomático próprio aos saquaremas
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ENTREVISTA
do Império? Não haveria nisso, em primeiro plano, ruptura com a política externa do Império e passou
agência do Barão? a ser apresentado como uma tradição que remontava
ao momento da Independência – uma tradição que
ele “inventa” naquele momento. O rearmamento não
deveria preocupar os vizinhos porque o Brasil sempre
teria sido “um gigante cheio de bonomia”, e por aí vai.
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ENTREVISTA
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ENTREVISTA
“desenterrei” muitas anedotas e detalhes mencionados muito, mostram-se as reações dos vizinhos envolvidos
em publicações já muito antigas e esquecidas. Enfim, há diretamente na negociação de cada trecho – às vezes
uma série de aportes em termos de fontes primárias, mas nem isso –, sem tomar em conta o jogo de interesses
creio que a contribuição mais importante fica por conta cruzados que davam o substrato dessas discussões.
da tentativa de desafiar interpretações já consolidadas
e criar uma nova visão sobre as características pessoais Revista Sapientia - Por último, e retornando
e a vida do biografado e de sua obra. um pouco à primeira pergunta, ao terminar a leitura
do livro, sabemos que o Barão não deixou um
Para ficar em um exemplo, a rediscussão corpus documental consequente no qual figure –
das tratativas de limites desafia a narrativa criada como acontece, por exemplo, com a Política Externa
por Rio Branco. Essa visão tem sido aceita de forma Independente – uma doutrina, um modus operandi
acrítica desde então, tanto pela diplomacia (o que me ou um projeto de longo prazo sobre a ação externa
parece compreensível), como pela academia (o que brasileira. O legado do Barão, contudo, é incontestado
me parece espantoso). Veja-se o caso do Acre. Em na casa que o transformou em patrono. Como explicar
termos de narrativa historiográfica, para ocultar uma essa aparente contradição?
condução da negociação que foi arriscadíssima, Rio
Branco insistiu em resumir toda a questão ao Tratado Luís Cláudio Villafañe - Justamente, a
de Petrópolis e mostrar o acordo de 1909 com o Peru contradição é apenas aparente. Muito ao contrário, o
quase como um subproduto natural e não problemático fato de o Rio Branco ter deixado apenas um acervo de
do acordo com a Bolívia. textos – de vários tipos: discursos, instruções, artigos
de jornal, etc – desconexos e muitas vezes vagos ou,
Toda a negociação com a Bolívia – o pagamento mesmo, contraditórios entre si deve ser visto como uma
de 2 milhões de libras, a construção da ferrovia das chaves de sua longa permanência como referência.
Madeira-Mamoré e a cessão de territórios brasileiros –
poderia ter sido inútil se a negociação com Peru não Seu êxito como chanceler e como “Deus Terminus
tivesse tido êxito. A discussão com Lima durou mais das fronteiras” (na expressão de Rui Barbosa) sustentou
de cinco anos e quase levou o Brasil a uma guerra o argumento da autoridade. Mas ele não deixou uma
que seria muito complicada. E vale realçar que o êxito doutrina bem definida e a junção dessa “autoridade”
nessas tratativas com o Peru se deveu parcialmente com a ambiguidade que se pode extrair da massa de
a fatores que estavam totalmente fora do controle do textos de circunstância que ele produziu se tornou uma
Rio Branco, como o resultado do laudo arbitral sobre a muleta irresistível para legitimar as políticas de seus
fronteira entre o Peru e a Bolívia. sucessores, quaisquer que fossem estas.
11
SOBRE DIPLOMACIA
ISEN, UMA
EXPERIÊNCIA ARGENTINA
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SOBRE DIPLOMACIA
13
SOBRE DIPLOMACIA
Diferentemente do IRBr, o ISEN proporciona aos uma relação de confiança. Nesse espaço, o diálogo
bolsistas disciplinas em módulos, e não em semestres. é facilitado, e a comunicação se torna cada vez mais
A dinamicidade gerada pelos módulos contrasta com fluida, independentemente da questão abordada.
o acúmulo de avaliações, sejam trabalhos práticos e Acredito que este seja um dos objetivos dessa missão.
ensaios ou artigos, sejam exames presenciais em classe. Afinal de contas, esses mesmos 25 colegas serão minhas
A carga de leitura, assim como no IRBr, é exigente. E contrapartes em diversas e inimagináveis situações
os colegas argentinos, em geral, têm um senso crítico e de trabalho em um futuro próximo e remoto. Sejam
de debate muito aguçado. Qualquer tema “es un tema” negociações bilaterais, plurilaterais, multilaterais,
e pode ser debatido. Ademais, são muito curiosos a sejam contatos diretos com a chancelaria estrangeira
respeito das opiniões dos diplomatas estrangeiros que que possam facilitar o intercâmbio de informações.
participam do curso – em 2018, somos apenas dois
brasileiros e uma chilena.
14
ESPAÇO ABERTO
SEGURANÇA ENERGÉTICA E O
DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL
15
ESPAÇO ABERTO
A relação entre energia e sustentabilidade é uma pode exigir das mulheres, geralmente, que levem
das grandes dicotomias do mundo atual. Por um lado, mais tempo buscando alternativas que substituam a
testemunhamos uma demanda crescente por energia eletricidade, e pode afetar os sistemas respiratórios de
e, por outro, a necessidade de oferta ambientalmente crianças que inalam a poluição interna proveniente de
responsável, que leve em conta a capacidade de combustíveis tradicionais.
adaptação da Terra. Como assegurar uma oferta
confiável e acessível de energia que considere os pilares
da sustentabilidade a longo prazo?
A falta de energia de qualidade pode limitar Enquanto metade do mundo tem dificuldade
a produção de um país, pode limitar também a em relação a acesso e confiabilidade de energia, a
quantidade de horas do comércio ou que uma outra parte é atendida por uma eletricidade pouco
família pode usar para educar os filhos e socializar; sustentável em termos sociais, ambientais e econômicos.
16
ESPAÇO ABERTO
A insustentabilidade do uso de energia, hoje, é uma das de políticas nacionais para o desenvolvimento
principais áreas que refletem a insustentabilidade das sustentável9, os países deveriam focar na redução da
nossas políticas atuais⁶. Os limites físicos da Terra já intensidade de carbono da energia já em uso e naquelas
estão sendo ultrapassados, e as economias continuam a serem criadas. Este é um fator-chave na consecução
operando como se eles não existissem, e essa falha dos objetivos de clima para o planeta.
17
ESPAÇO ABERTO
A previsão para geração de eletricidade é de atingir 25,8 trilhões de kWh em 2020. Os países
em desenvolvimento, como o Brasil, serão os maiores responsáveis por esse aumento
opções de energia limpa. Aumentar o acesso, melhorar para a segurança energética e para o crescimento
a qualidade e assegurar opções limpas são essenciais econômico mais sustentado como um todo16. As
para alcançar não só o ODS 7, mas muitos, se não todos energias renováveis podem reduzir a necessidade de
os outros. combustíveis fósseis, que leva à minoração da poluição
local, as emissões de dióxido de carbono e outros gases
O setor elétrico é considerado um dos mais do efeito estufa, diminuem o peso do combustível das
dinâmicos, com crescimento previsto para todo o importações na balança de pagamentos, enfraquecendo
mundo, de acordo com a Agência Internacional de a dependência a governos autocráticos, e fomentam a
Energia (AIE)14. A previsão para geração de eletricidade inovação tecnológica17 18.
é de atingir 25,8 trilhões de kWh em 2020, e 36,5 trilhões
de kWh em 2040. Os países em desenvolvimento A taxa de investimento em energias renováveis
serão os maiores responsáveis por esse aumento, uma atualmente nunca foi maior na nossa história,
vez que o incremento populacional e a melhoria dos no entanto, ainda não é suficiente para o mundo
padrões de vida nestes países são mais significativos alcançar o nível de emissões necessário para um
se comparados com os países desenvolvidos futuro sustentável. Segundo a ONU, em 2030, o
cuja demanda por infraestrutura já atingiu uma mundo precisaria triplicar o total de investimentos
certa maturidade15. em energia sustentável do atual US$ 400 bilhões para
US$ 1,25 trilhão19.
O desenvolvimento e a utilização de energias
renováveis podem ser parte de uma estratégia Para lograr atingir os ODS estabelecidos pela
18
ESPAÇO ABERTO
ONU, os países precisarão de acesso completo a serviços CN.3/2016/2. Anais...United Nations, 2015 Disponível em: <https://
unstats.un.org/unsd/statcom/47th-session/documents/2016-2-IAEG-
energéticos confiáveis, sustentáveis e economicamente
SDGs-E.pdf>
viáveis. Embora indicadores tipicamente não
financeiros não costumam ser contabilizados nas UN ENERGY. Energy: A Brief Discussion on Goals, Targets and
11
diminuição da instabilidade econômica, respeito às perspective. Environmental Innovation and Societal Transitions, v.
comunidades afetadas pelos empreendimentos e alívio 1, n. 1, p. 89–95, 2011.
das mudanças climáticas deveriam ser contabilizados
UN ENERGY. Energy: A Brief Discussion on Goals, Targets and
13
e utilizados como parâmetros de decisão sobre o Indicators. [s.l: s.n.]. Disponível em: <http://www.se4all.org/sites/
investimento em energia. default/files/l/2014/02/Background_Note_Energy_Goals_Targets_
Indicators.pdf>.
14
IEA. World Energy Outlook 2014 Factsheet. p. 1–5, 2015.
19
PERSPECTIVAS DA POLÍTICA EXTERNA
JERUSALÉM
PODE ESPERAR
20
PERSPECTIVAS DA POLÍTICA EXTERNA
A decisão de transferir a embaixada brasileira se publicamente sobre Israel: em uma carta endereçada
em Israel de Tel Aviv para Jerusalém, uma das mais ao governo israelense, em 2014, pediu desculpas pelo
recorrentes promessas de campanha de Jair Bolsonaro, comportamento “bolivariano” do governo Dilma
trará riscos desnecessários ao novo governo, sem diante da guerra em Gaza, comparando o passado
benefícios que compensem o alto custo econômico, da presidente durante o regime militar aos atos do
político e diplomático. grupo Hamas⁶.
Por que esta medida, aparentemente de pouca O segundo diz respeito ao crescente eleitorado
relevância à política externa brasileira, ganhou tanta evangélico. Em diversas igrejas brasileiras, ganha
centralidade no discurso do Presidente eleito? Tudo força o movimento do sionismo cristão. Originado
indica que o maior objetivo da medida é aproximar nos Estados Unidos, este fenômeno se caracteriza pelo
Brasil e Israel. A admiração de Bolsonaro pelo Estado entendimento de que a profecia bíblica da segunda
judeu vem de longa data e relaciona-se com a tecnologia vinda de Jesus passa pelo retorno dos judeus à Terra
militar, apreciada pelas Forças Armadas brasileiras, Santa. A transferência da embaixada seria, nesse
e com as técnicas de irrigação, que se pretende trazer sentido, o primeiro passo para a salvação dos cristãos
ao semiárido nordestino. O novo Presidente também ao redor do mundo⁷.
parece ter em Israel um exemplo de democracia a
ser seguido1. O terceiro fator é o desejo de mimetizar o
Presidente dos EUA, Donald Trump⁸. Parte importante
De fato, o governo de Israel está entusiasmado da plataforma externa de Bolsonaro não passa de uma
com essa perspectiva. O Primeiro-ministro israelense, reprodução do que fez o governo norte-americano
Benjamin Netanyahu, ligou para o Presidente eleito nos últimos dois anos: abandonar o Acordo do
e expressou, pelas redes sociais, seu desejo de boas Clima e a Conselho de Direitos Humanos da ONU,
relações com o Brasil. Além disso, prometeu vir à hostilizar a Venezuela, provocar a China e adular o
cerimônia de posse de Bolsonaro e o convidou para Primeiro-ministro israelense⁹.
uma visita oficial, que talvez seja a primeira viagem
internacional do novo Presidente2. Ao contrário do nosso “grande vizinho”,
contudo, o custo dessas medidas é intolerável para
Trata-se de uma mudança importante de o Brasil. A reputação global do nosso país construiu-
postura. As relações bilaterais estão estremecidas se, justamente, pelo apreço ao multilateralismo, pela
desde o governo Dilma, cujos símbolos foram a infame liderança na integração regional sul-americana e pelas
crise do “anão diplomático” – apelido dado pelo porta- boas relações com todos os países do mundo, razão
voz do governo israelense após críticas brasileiras pela qual o Brasil raramente compra brigas – sobretudo
à operação militar em Gaza, em 2014 – e o silêncio as que não nos dizem respeito diretamente10. É por isso
brasileiro diante da nomeação de Dani Dayan para a mesmo que nenhum destes fatores, isolados ou em
embaixada em Brasília³. Em setembro do ano passado, conjunto, justifica a decisão intempestiva de transferir a
Netanyahu fez uma turnê pela América Latina, mas embaixada brasileira. Existem caminhos mais seguros
ignorou o Brasil4. para melhorar as relações com Tel Aviv e Washington,
consolidar o apoio das comunidades evangélicas ou
Essa aproximação, contudo, não explica toda a demarcar as diferenças diplomáticas com o PT.
história. Há, pelo menos, três outros fatores que pesam
no cálculo dessa decisão. Os riscos se apresentam em três dimensões
principais. A mais óbvia é a econômica: o novo
O primeiro deles é o antipetismo. Nos últimos governo pode colocar em xeque o comércio com os
anos, a associação dos partidos de esquerda com a países árabes, que nos lograram um superávit de 7,1
causa palestina e o mundo árabe fez que a bandeira bilhões de dólares em 2017, e com demais nações de
azul e branca se tornasse uma espécie de símbolo da maioria islâmica. Nos últimos anos, o Brasil firmou-
direita, tanto liberal quanto conservadora5. Foi nesse se como o maior exportador mundial de carne e
contexto que Bolsonaro, pela primeira vez, manifestou-
21
PERSPECTIVAS DA POLÍTICA EXTERNA
frango com certificação halal, adequado ao consumo grupos fundamentalistas da região, colocando o Brasil
dos muçulmanos11. na rota do terrorismo internacional17.
Os mercados islâmicos, entretanto, não estão Por fim, a decisão de Bolsonaro vai na contramão
garantidos aos produtos brasileiros. Argentina e de um importante traço de nossa política externa: o
Paraguai parecem dispostos a entrar nesse jogo. Note- respeito inequívoco ao Direito Internacional. No caso
se que o governo liberal de Mauricio Macri, aliado de do conflito israelo-palestino, isso se traduz na chamada
Washington, condenou a medida tomada por Trump12. “solução de dois Estados” – aprovada em 1947, nas
O conservador paraguaio Mario Abdo, recém- Nações Unidas, pelas mãos do diplomata brasileiro
empossado, voltou atrás da mudança da embaixada, Osvaldo Aranha. O desejo de ver Israel e Palestina
deliberada no apagar das luzes por seu antecessor, à soberanos e vivendo em paz sempre balizou a posição
custa do esfriamento das relações com Israel13. brasileira na busca de soluções para o mais longo
conflito do Oriente Médio18.
Do ponto de vista político, a reação do Egito à
questão de Jerusalém, cancelando a viagem de uma Reivindicado por israelenses e palestinos, o
comitiva de empresários brasileiros liderada pelo consenso internacional é o de que Jerusalém só poderá
chanceler Aloysio Nunes, é somente o aperitivo de um ser reconhecida como capital de qualquer um dos
arriscado processo em cadeia14. O Catar e a Organização dois países após a conclusão das negociações entre
para a Cooperação Islâmica já se posicionaram contra ambos – paralisadas desde 2000. Por isso mesmo, a
o anúncio de Bolsonaro15. ocupação da parte oriental da cidade por Israel, em
1967, e a transformação de Jerusalém na capital “una
Para um país de longa tradição universalista e indivisível” dos judeus, pelo parlamento israelense,
como o Brasil, o isolamento diplomático é um em 1980, foram consideradas medidas ilegais pelo
preço amargo a se pagar16. Ainda mais grave é a Conselho de Segurança das Nações Unidas19.
possibilidade de a decisão ferir suscetibilidades de
22
PERSPECTIVAS DA POLÍTICA EXTERNA
Isso explica por que a decisão do governo ⁸Para um argumento sofisticado em defesa da visão de mundo de
Donald Trump, orientada pelo combate ao globalismo, ver Araújo,
Trump foi tão polêmica. Ao longo das últimas décadas,
Ernesto Henrique Fraga. “Trump e o Ocidente”. Cadernos de Política
todos os países do mundo retiraram suas embaixadas Exterior, vol. 3, no. 6, 2017.
da cidade, em observância às resoluções da ONU. Se
⁹Ver, entre outros, Galsky, Henry. “A política externa de Bolsonaro”.
consumada a medida no Brasil, seremos o terceiro O Tempo, 3 de outubro de 2018. Disponível em https://www.otempo.
país a ir na contramão da comunidade internacional – com.br/blogs/carta-e-cronica-19.120/a-pol%C3%ADtica-externa-de-
atrás de EUA e Guatemala20. Mesmo que, na prática, bolsonaro-19.1511873
a postura brasileira não mude o atual estado de Ver Lafer, Celso. A identidade internacional do Brasil e a política
10
coisas entre Israel e Palestina, ela é carregada de um externa brasileira: passado, presente e futuro. São Paulo: Perspectiva,
2001.
simbolismo que põe em xeque princípios duradouros
da diplomacia brasileira. 11
https://www.infomoney.com.br/mercados/politica/
noticia/7757437/exportadores-de-carne-temem-mudanca-de-
embaixada-para-jerusalem
Ainda há tempo para o Presidente eleito mudar
de ideia. Uma das virtudes do estadista é zelar pelos https://tn.com.ar/internacional/argentina-critico-donald-trump-
12
16
Sobre a diretriz universalista da política externa brasileira,
inaugurada com a Política Externa Independente de Jânio Quadros e
Afonso Arinos, ver Nasser, Filipe. “Brasil Tous Azimuts: Um ensaio
1
No plano de governo de Jair Bolsonaro, registrado junto ao Tribunal sobre os significados do princípio do Universalismo para a política
Superior Eleitoral, lê-se: “Deixaremos de louvar ditaduras assassinas externa brasileira”, vol. 3, no. 6, 2017.
e desprezar ou mesmo atacar democracias importantes como EUA,
Israel e Itália. Não mais faremos acordos comerciais espúrios ou O risco aos Estados Unidos, a Israel e às comunidades judaicas foi
17
entregaremos o patrimônio do Povo brasileiro para ditadores apontado pela Anti-Defamation League neste artigo: https://www.
internacionais.” (p. 81). adl.org/blog/foreign-terror-organizations-respond-to-us-embassy-
relocation-to-jerusalem
2
https://brasil.elpais.com/brasil/2018/11/02/
politica/1541168533_709759.html Ver Fávero, Gustavo e Pinheiro, Lucas Frota Verri. “As relações
18
⁴Ver Casarões, Guilherme e Sochaczewski, Monique. “Em giro latino, the United Nations”, 2003. O capítulo específico sobre Jerusalém está
Netanyahu se esquiva de política do Brasil”. Folha de S. Paulo, 16 disponível no seguinte link: http://www.un.org/Depts/dpi/palestine/
de setembro de 2017. Disponível em https://www1.folha.uol.com.br/ ch12.pdf
mundo/2017/09/1918978-em-giro-latino-netanyahu-se-esquiva-de-
politica-do-brasil.shtml
20
h t t p s : / / w w w . wa s h i n g t o n p o s t . c o m / n e w s / w o r l d v i e w s /
wp/2018/05/16/why-some-latin-american-countries-are-rushing-
⁵Ver Spektor, Matias. “Israel de Bolsonaro”. Folha de S. Paulo, 21 to-open-jerusalem-embassies-too/?noredirect=on&utm_
de junho de 2018. Disponível em https://www1.folha.uol.com.br/ term=.9ade757109a5
colunas/matiasspektor/2018/06/israel-de-bolsonaro.shtml
⁶https://www.pragmatismopolitico.com.br/2014/07/bolsonaro-
elogia-israel-e-pede-desculpas-por-posicionamento-brasil.html
23
BATE-BOLA
Foto divulgação União Europeia e bandeira britânica Union Jack voando na frente do Big Ben e as casas do
Parlamento no Palácio de Westminster, em Londres, no símbolo do referendo Brexit UE
O BREXIT E AS
RELAÇÕES COMERCIAIS
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BATE-BOLA
Na entrevista, ela também falou sobre a Há oportunidades nas áreas mais diversas por
possibilidade de uma nova consulta popular antes da aqui – como infraestrutura, tecnologias agrícolas,
efetivação da saída britânica da UE e sobre o efeito das saúde e serviços financeiros – , e o Reino Unido está
renúncias de Boris Johnson e de David Davies sobre o aberto para negócios, comércio e investimento. Nós
governo de Theresa May. sempre fomos e sempre seremos uma nação global –
Londres, por exemplo, é a capital financeira do mundo
– e vamos continuar trabalhando com a América Latina,
fortalecendo ainda mais as relações comerciais entre a
região e o Reino Unido.
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BATE-BOLA
enormes quantias de dinheiro para a União Europeia trabalhando juntos para garantir o melhor acordo
todos os anos. possível para todas as partes. Devemos concentrar
nossas energias agora nas negociações com a
O plano também delineia um caminho ambicioso União Europeia.
fora da União Europeia, focando no aumento da nossa
prosperidade e em segurança que funcione para todos Revista Sapientia - Quais os efeitos das
no Reino Unido. renúncias de Boris Johnson e de David Davies sobre
o processo negociador e sobre o próprio governo de
Revista Sapientia - A saída do Reino Unido Theresa May?
da União Europeia não poderá ser prejudicial para
a unidade do Reino, por exemplo, pelo eventual Joanna Crellin - Conforme pronunciamento
fortalecimento do movimento independentista escocês, da Primeira-ministra Theresa May, o trabalho e afinco
pelos arranjos que precisarão ser feitos para garantir de Boris Johnson e de David Davies é reconhecido,
fronteiras flexíveis na ilha da Irlanda e pelo efeito assim como o compromisso com um Reino Unido
divisivo que está causando em todo país, inclusive no global e com a criação de um novo departamento,
atual governo? presenciando a passagem de legislações cruciais para
a história do Reino Unido - possivelmente muitas das
Joanna Crellin - Nada é mais importante para mais importantes em muito tempo. Contudo, o foco
nós, nesse momento, do que buscar o êxito do Reino agora reside no trabalho que temos de realizar com
Unido como um todo. A união das nossas nações a União Europeia, que continua sendo o centro dos
é historicamente muito bem-sucedida e estamos nossos esforços e preparativos.
Fonte: AFP
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Hello, Hello!! And welcome to the next level!! IRBr exam focus on their own content, i.e. Geography
These seemingly sarcastic words actually reveal the focuses on geographic content; History, both Brazilian
true profound nature of the Concurso para Admissão à and World, focuses on historical content; Economics
Carreira Diplomática, more colloquially known as the focuses on economic content; International Law focuses
Instituto Rio Branco (IRBr) exam, especially as regards on international legal principles, and so forth. The
the English section of the 2nd phase of this astute English exam, by contrast, has no clear focus of topic,
examination. I commonly call this the ‘post-proficiency as it can bring information from Geography, History,
exam’, as the required level of English language Economics, and even International Law, all under the
knowledge far exceeds that of any other standardized umbrella of International Relations topics formulated
English language examination offered by Cambridge, in English. Therefore, candidates must be aware that
Michigan, ETS, among others. their studies of all other topics for the IRBr exam may,
in fact, be of utmost relevance for the English sections
The foundational principle of the IRBr exam of the examination as well. Hence, candidates must
goes beyond simple grammar and lexical knowledge be well-versed in all of the aforementioned topics …
of English, and ventures into the academic world of in English!
International Relations. Hence, a candidate with a
high knowledge of English, but with little knowledge Nowhere has this been more evident than in
of International Relations, will almost certainly fail the English section of the 2nd phase of the IRBr exam.
the IRBr exam. Likewise, a candidate with a high The information I presented to you in the previous
knowledge of International Relations, but without an two paragraphs may seem to be old news, but I am
advanced knowledge of English will also be doomed constantly surprised at how many people put off their
to fail. The key is to find a plausible meld between English studies until the final moment, believing that
International Relations and English so as to have a a one-year study abroad program would be enough
formidable chance of passing the exam. to pass the IRBr exam. Sorry to burst your bubble,
but it is not. There are topics to be learned in English
that you will not learn in a normal English school,
whether in Brazil or abroad. Many English (native
and non-native) teachers are unable to debate themes
like Trump and world diplomacy, terrorism and ISIS,
Paris Agreement and the environment, China and the
authoritarian use of technology, the EU and Brexit,
among a plethora of others. The key is to study all of
the IRBr topics in English in an ongoing manner, so that
when an unexpected topic appears on the examination,
candidates will have the upper hand in answering any
question in English, at the highest level.
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difficult to discern, possibly a reference to the chaotic whaleship Essex in 1820. The detailed and realistic
nature of the world today and the New Political Divide descriptions of whale hunting and of extracting
whale oil, as well as life aboard a ship among
(to quote the Economist from July 2017). This division,
a culturally diverse crew, are mixed with the
however, did not downgrade nor upgrade any given exploration of class and social status, good and
section; it merely placed a barrier between the sections, evil, and the existence of God.
not allowing the candidate to use information from the
first three sections within the composition topic, as had As you can see from this description, the overall
been the case in previous years. plot of the novel was only minimally necessary in this
translation, as the text itself does not refer specifically to
To better understand what happened in the 2018 whales or to whale hunting. It simply presents a poetic
IRBr 2nd Phase Exam – English Section, let’s take a brief description of the fear of the unknown and aggressive
look at each section, what they proposed as the writing cannibalism beneath the surface of the ocean waters,
activity, the key pitfalls, and the strategies candidates and contrasts this image with the seemingly calm and
should have taken to pass this exam. tame green Earth.
English to Portuguese Translation: Moby The candidate, therefore, needed to pay close
Dick (1851) by Herman Melville attention to the literary and almost poetic style of
the original text to try to convey this same style in
The first reaction of many IRBr candidates when Portuguese. If the candidates can visualize the scene
they saw Moby Dick as the text for translation into English of a person on an exotic beach looking out into the
may well have been “AAAAAHHHHHHHH!!!!!” But unknown of the ocean before him/her and feeling
those who have taken my CRE courses have come across the docile feeling of the land behind him/her, then
a wide range of classic literature from Ralph Waldo candidates will be able transmit this wondrous scene
Emerson to Edgar Allan Poe to Jack London, all from of the fear of the unknown vs. the tranquility of one’s
the nineteenth to early twentieth centuries; therefore, own comfort zone. The trick was to pay close attention
an author from this time period, Herman Melville, to false cognates and the overuse of direct translation.
should not have caused such a shock. Moreover, it
has always been my warning to all candidates that the The grammar pitfall comes in what the author
English to Portuguese translation tends to be a more from Wikipedia terms as “literary inspirations, such
literary text, especially since you are native speakers of as Shakespeare and the Bible.” The ending of the
the Portuguese language and have the ability to adapt translation text uses this exact language style in such
and mold, both grammatically and semantically, the old English expressions as “God keep thee” (‘thee’
ideas of the original text into Portuguese. = informal ‘you’) and “thou canst never return” (in
modern English = “you can never return” or “you
The real question at hand is: “Did you have to cannot return”). If the candidates understood this
have read this novel to be able to translate it?”. To use of old, almost Biblical language, then they had no
which the answer is: “Absolutely not!” Sure, I will not problem in translating these expressions. However, I
deny, if you had read the book beforehand, then you have seen a number of candidates who mistranslated
would have the basic background information to make these exact expressions and who will see the penalties
better sense of the narrative. Basically, as we can see in accrue in their final score. The key is to have a broad,
a short description in Wikipedia (https://en.wikipedia. atemporal knowledge of English language structures
org/wiki/Moby-Dick): and to pay close attention to detail when conveying
these structures and ideas into the target language.
The basis for the work is Melville’s 1841
whaling voyage aboard the Acushnet. The novel Portuguese to English Translation: Raízes
also draws on whaling literature, and on literary do Brasil (1936) by Sérgio Buarque de Hollanda
inspirations, such as Shakespeare and the Bible.
The white whale is modeled on the notoriously
hard-to-catch albino whale Mocha Dick, and The big surprise of this examination was that
the book’s ending is based on the sinking of the the CESPE examiners, for the first time, repeated
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the same source for translation from a previous lied more in the comprehension of the concept in this
examination: Raízes do Brazil. Although this repetition small excerpt, so as to convey the proper information
was unexpected, the sociological account of Brazilian in the target language, avoiding the traps of false
identity is a classic work in Brazilian philosophy and cognates and direct translation from Portuguese
a must-read for all IRBr candidates. Sérgio Buarque to English (eg. “mais distante” = “further” (not
de Hollanda, Darcy Ribeiro, Gilberto Freyre, and “more distant); “padronização” = “standardization”
Antônio Cândido are Brazilian philosophers of the (not “patternization”); “implica” = “implies” (not
twentieth century that all IRBr candidates must have “implicates”); etc.).
on their shelves. Their most important works have all
been translated into English and offer the high-level, What will weigh even more heavily here will
intellectual language demanded by this examination. be the language imposition, especially as regards
missing subjects, word order, word form, modal verbs,
Those who claim that this is not what diplomats and even verb tenses. The candidates who pay close
work with in their careers are sorrowfully misguided attention to detail and avoid a mere word for word
in their studies for the IRBr exam. All candidates must translation will be more successful in this section.
have an in-depth knowledge of both Brazil’s role in This text was not as difficult in overall language as the
the world scenario as well as a profound knowledge excerpt from the 2015 IRBr 3rd phase exam, but it is
of the key literature and philosophy from Brazil. Do still full of tricks of the trade that can kill a candidate’s
not simply overlook the classics in favor of modern- chances of success. As always, attention to detail was of
day journalism. What must be accomplished is a blend utmost importance.
between the modern current events and the traditional
Brazilian philosophy from all fields relevant to the IRBr Summary: “Diplomacy in the Digital Age”
exam. Never forget that the English section is the most by Jan Melissen
interdisciplinary exam of them all.
The summary section was by far the most
The text itself is centered around the concept of predictable section on the examination. First of all, the
“o Homem Cordial”, which is the core theme of Raízes size of the text had already been established in a broad
do Brasil. The main idea conveyed in this sociological sense in the official announcement – 35-50% of the
account is the formation of the Brazilian identity as original text. I had been predicting a summary length
a submissive being, lost in the imitation of European of between 250 and 300 words or 25 to 30 lines. My
ways and values, maintaining a certain heritage of estimate was not so far off, as the exam itself defined a
Portuguese colonialization in Brazil. As we can see in minimum of 280 words and a maximum of 400 words.
a superficial understanding from Wikipedia (https:// I was a bit surprised with the large maximum length,
pt.wikipedia.org/wiki/Raízes_do_Brasil): given that it was nearly as long as the composition
topic and given the fact that the original text was only
(…) a adjetivação do homem brasileiro como one typewritten page in length. But this actually gave
cordial teria sido colocada como uma característica
candidates even more leeway in which develop their
nata da chamada “raça brasileira”. O que Sérgio
Buarque de Holanda fez foi destrinchar as causas ideas and include pertinent examples. Thus, the length
desta cordialidade e a partir daí explicar como of the text was not a major issue.
ela, que é enraizada no perfil psicossociológico do
povo brasileiro, contribuiu para todas as mazelas
The concept treated on the exam was also quite
que conviveram e ainda convivem com as relações
sociais no Brasil. predictable if one paid attention to who the examiners
were and what their backgrounds entailed. In my Hora
Therefore, did IRBr candidates need to have H presentation at Sapientia on the Friday night before
read Raízes do Brasil before taking this exam? Not the 1st phase of the exam, I made a point to highlight the
entirely, but it would have helped in understanding background of one examiner, Mr. Manuel Adalberto
the principle presented in the concept of “O Homem Carlos Montenegro Lopes da Cruz, and his final paper
Cordial”. Nevertheless, the key to this translation for the completion of the IRBr course in 2006, entitled
“O Brasil e a sociedade da informação: a construção de
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uma estratégia para a CMSI (Cúpula Mundial sobre a It is my opinion that, since the organization and
Sociedade da Informação)”. reproduction should be fairly simple, the reviewers
will most likely have a heavy hand on the grammar
Later, when the names of the 2nd phase and word choice errors. If they follow my own scoring
examiners were released, Mr. Thiago Blanch Pires, system, which is based on that of the composition,
whose Ph.D. dissertation for the Department of then each error will be penalized in 1 point, with
Information Sciences focused on translation errors punctuation and spelling being penalized in ½ point
that occur in online translation mechanisms, was also each, up to a maximum of 10 errors. The final five
named to the examiner’s board. The backgrounds points will be referent to your ability to convey the key
of these two examiners produced a clear indication elements to the reader in a logical and comprehensive
of the probability of the topic of Information and manner. Once again, attention to detail is the key
Communication Technology (ICT) and its impacts on to success.
Diplomacy. And this is exactly what the summary
topic treated: “Diplomacy in the Digital Age”. Composition: World War I & Its
Major Causes
As the original text was set up in four main
sections, the formatting of the summary text was a no- The format of the composition topic followed
brainer. All the candidate needed to do was to find the the same structure as that seen in previous years:
key element defended in each section, develop this idea a background quote together with a command
in one’s own words, and use any supporting examples explaining what main issue should be developed in
that would be pertinent to the development of the idea the candidate’s composition. The surprise that came
and the link to the subsequent idea. In this case, a four- about in this year’s topic was the seemingly isolationist
paragraph text would be the most advisable format to structure of the command, in which the candidate could
reproduce the original article in a reduced form. not use information directly from the translations or
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PROFESSOR SAPIENTIA COMENTA
summary exercises. The command focused its attention World War I and prove how they were inevitable, thus
directly on the quote and the issue of the “inevitability justifying statesmen’s commentaries regarding the
of the First World War” and the circumstances that led inevitability of war in that time period.
the statesmen of this time period to this conclusion.
Hence, as the topic was limited to a purely historical Once again, if we simply refer to a superficial
perspective of the causes of World War I, the other look at the causes of World War I, as presented by
sections of the examination became null and void for Wikipedia (http://www.historyhome.co.uk/europe/
this specific composition topic. causeww1.htm), we can see:
However, it is my belief that all IRBr candidates The direct cause of WWI was the assassination
who have been studying for the 2nd and 3rd phases of the of Archduke Franz Ferdinand at Sarajevo on 28 June
IRBr exam will necessarily have studied international 1914. However, historians feel that a number of factors
history, in which two major historical issues are World contributed to the rivalry between the Great powers
Wars I and II. Since the topic was so specific and clearly that allowed war on such a wide-scale to break out.
told the candidate what to write, then the candidates
needed to merely find key precursors that led to Europe Before 1914: The Main Powers
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PROFESSOR SAPIENTIA COMENTA
The conclusion, therefore, would reaffirm Those candidates who studied the Sapientia
what you have defended in your historical analysis course materials and who took the writing strategies
throughout the composition. The outlook that I seriously should have found the examination clearly
constantly demand in students’ compositions, in a accessible. The trick of the trade was to know how to
topic of this nature, would become optional. As the express oneself clearly and effectively in each section
command focuses clearly on historical information, in English. Therefore, it is my opinion that the IRBr
there is no absolute need for a future perspective on the exam was within the predicted parameters of the
issue. However, if one wished to put in an outlook, then Brazilian diplomacy exam, and it is my hope that many
the perspective should be connected to the present-day candidates will have applied their knowledge in an
chaotic political moment in global society, focusing on efficient and effective manner.
the lessons that can be learned from the causes and
results of World War I.
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INICIATIVAS SAPIENTIA
INICIATIVAS
SAPIENTIA
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INICIATIVAS SAPIENTIA
Você deve ter muitas dúvidas sobre o edital, seja com relação à regrinhas do concurso,
ou mesmo sobre qual bibliografia básica de cada disciplina, certo? Quando a gente começa
a entrar no universo do concurso da diplomacia, fica se sentindo até um pouco perdido,
por conta do número de informações. Mas não se preocupe, estamos aqui para isso! A
melhor indicação para quem está começando é passar pelo Programa Primeiros Passos,
nosso projeto específico para candidatos de primeira viagem.
#FICAADICA
Para quem está começando agora, a combinação mais
perfeita é juntar o Programa Primeiros Passos com o Curso
Regular Extensivo (CRE). Há descontos especiais para a
contratação do COMBO! Entre em contato com o nosso time
de atendimento e saiba mais!
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INICIATIVAS SAPIENTIA
Há alguns tópicos que tiram o sono dos candidatos. Muitas vezes, você
não precisa fazer um curso geral de novo para sanar essas dificuldades. Para
um tratamento cirúrgico, procure os módulos temáticos do Curso Regular de
Aprofundamento (CRA). Você pode contratar módulos separadamente ou fazer
um pacote que faça mais sentido na sua preparação. Seguem alguns temas quentes
trabalhados no CRA:
▪▪ Curso de literatura para o CACD, com o professor Ivo Yonamine
▪▪ Intensivão de Economia, com o professor Emanuel Sebag
▪▪ História da Política Externa Brasileira, com o professor Rodrigo Goyena
▪▪ Pensamento Diplomático Brasileiro, com o professor Rodrigo Goyena
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INICIATIVAS SAPIENTIA
E-mail: querosabermais@cursosapientia.com.br
Telefone: (11) 3871-2484
WhatsApp: (11) 99459-7860
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SAPIENTIA INDICA
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SAPIENTIA INDICA
Confira:
Ana Carolina Cavalcanti (Profa de Direito Interno) Claudia Simionato (Profa de Português)
Recomendo aos candidatos um livro e um artigo: A revista Quatro Cinco Um é uma revista de
crítica de livros, com publicação mensal – exceto nos
Livro: Cidadania no Brasil, de José Murilo de meses de janeiro e fevereiro –, lançada em maio de 2017.
Carvalho. A obra faz uma boa relação entre história do O nome da revista é baseado no romance distópico
Brasil e história do direito. Fahrenheit 451, de Ray Bradbury, que imagina um
mundo em que ler não é permitido (na primeira edição
Artigo: Judicialização, ativismo judicial e da revista, o livro de Bradbury foi tema de ensaio do
legitimidade democrática. BARROSO, Luís Roberto. crítico cultural Sérgio Augusto). Em tempos em que
Anuário Iberoamericano de Justiça Constitucional, n. ficção e realidade parecem confundir-se, e bota-se mais
13, p. 17-32, 2009. O artigo esclarece bem o fenômeno lenha na fogueira de livros, uma revista voltada para o
mais discutido no direito constitucional atual. público leitor faz-se mais que pertinente.
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