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CÓDIGO DE PROCESSO NOS TRIBUNAIS ADMINISTRATIVOS

e
ESTATUTO DOS TRIBUNAIS ADMINISTRATIVOS E FISCAIS
republicados pelo Decreto-Lei n.º 214-G/2015, de 2 de outubro (Texto da lei);

 Deliberação (extrato) n.º 2186/2015, de 1 de dezembro que fixa os critérios


de classificação das espécies de processos (Texto da lei).
Diamantino Pereira
João Virgolino
Carlos Caixeiro
Título: “Código de Processo nos Tribunais Administrativos”
e “Estatuto dos Tribunais Administrativos e Fiscais”.

Tema: O processo nos tribunais administrativos rege-se pela res-


petivo código, pelo Estatuto dos Tribunais Administrativos e Fiscais
e, supletivamente, pelo disposto na lei de processo civil, com as
necessárias adaptações.
Autor: Departamento de Formação do Sindicato dos Funcionários
Judiciais

Coordenação técnica: Diamantino Pereira

Colaboradores: João Virgolino e Carlos Caixeiro

Data: Dezembro.2015

Informações:

Sindicato dos Funcionários Judiciais


Av. António Augusto de Aguiar, 56-4.º Esq.º
1050-017 LISBOA

Telefone: 213 514 170


Fax: 213 514 178
CÓDIGO DE PROCESSO NOS TRIBUNAIS ADMINISTRATIVOS

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NOTA INTRODUTÓRIA
Com o Decreto-Lei n.º 214-G/2015, publicado no Diário da República n.º 193/2015, 4.º Suple-
mento, Série I, de 2015/10/02, são introduzidas alterações significativas ao Código de Processo
nos Tribunais Administrativos, ao Estatuto dos Tribunais Administrativos e Fiscais, ao Código dos
Contratos Públicos, ao Regime Jurídico da Urbanização e da Edificação, à Lei de Participação Pro-
cedimental e de Ação Popular, ao Regime Jurídico da Tutela Administrativa, à Lei de Acesso aos
Documentos Administrativos e à Lei de Acesso à Informação sobre Ambiente.

Face às alterações verificadas, entende-se por bem proceder à publicação do presente cader-
no, contendo o CÓDIGO DE PROCESSO NOS TRIBUNAIS ADMINISTRATIVOS (CPTA) bem como
o ESTATUTO DOS TRIBUNAIS ADMINISTRATIVOS E FISCAIS (ETAF), diplomas de extrema im-
portância para os oficiais de justiça em exercício de funções nesta área.

A maior parte das alterações ao CPTA, aprovado pela Lei n.º 15/2002, de 22 de fevereiro, alte-
rada pelas Leis n.ºs 4-A/2003, de 19 de fevereiro, 59/2008, de 11 de setembro, e 63/2011, de
14 de dezembro, só se aplicam aos processos administrativos que se iniciem após a sua entra-
da em vigor em vigor - dia 1 de Dezembro de 2015 (60 dias após a publicação).

Por sua vez, as alterações efetuadas ao Estatuto dos Tribunais Administrativos e Fiscais
(ETAF), aprovado pela Lei n.º 13/2002, de 19 de fevereiro, em matéria de organização e fun-
cionamento dos tribunais administrativos, incluindo os tribunais administrativos de círculo,
entram em vigor no dia seguinte ao da publicação do supra referido decreto-lei.

Contudo, a alteração efetuada pelo referido decreto-lei à alínea l) do n.º 1 do artigo 4.º do
Estatuto dos Tribunais Administrativos e Fiscais, aprovado pela Lei n.º 13/2002, de 19 de feve-
reiro, em matéria de ilícitos de mera ordenação social por violação de normas de direito admi-
nistrativo em matéria de urbanismo, entrará em vigor no dia 1 de setembro de 2016.

Dezembro/2015

O Departamento de Formação do SFJ

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Apontamentos:

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CÓDIGO DE PROCESSO NOS TRIBUNAIS ADMINISTRATIVOS

Republicado pelo Decreto-Lei n.º 214-G/2015, de 2 de outubro

f) O reconhecimento de situações jurídicas


TÍTULO I
subjetivas diretamente decorrentes de normas
Parte geral jurídico-administrativas ou de atos jurídicos pra-
ticados ao abrigo de disposições de direito admi-
CAPÍTULO I nistrativo;

Disposições fundamentais g) O reconhecimento de qualidades ou do


preenchimento de condições;
Artigo 1.º h) A condenação à adoção ou abstenção de
Direito aplicável comportamentos, pela Administração Pública ou
por particulares;
O processo nos tribunais administrativos rege-
se pela presente lei, pelo Estatuto dos Tribunais i) A condenação da Administração à adoção
Administrativos e Fiscais e, supletivamente, pelo das condutas necessárias ao restabelecimento de
disposto na lei de processo civil, com as necessá- direitos ou interesses violados, incluindo em situ-
rias adaptações. ações de via de facto, desprovidas de título que
as legitime;
Artigo 2.º j) A condenação da Administração ao cumpri-
Tutela jurisdicional efetiva mento de deveres de prestar que diretamente
decorram de normas jurídico-administrativas e
1 — O princípio da tutela jurisdicional efetiva não envolvam a emissão de um ato administrati-
compreende o direito de obter, em prazo razoá- vo impugnável, ou que tenham sido constituídos
vel, e mediante um processo equitativo, uma por atos jurídicos praticados ao abrigo de dispo-
decisão judicial que aprecie, com força de caso sições de direito administrativo, e que podem ter
julgado, cada pretensão regularmente deduzida objeto o pagamento de uma quantia, a entrega
em juízo, bem como a possibilidade de a fazer de uma coisa ou a prestação de um facto;
executar e de obter as providências cautelares,
antecipatórias ou conservatórias, destinadas a k) A condenação à reparação de danos causa-
assegurar o efeito útil da decisão. dos por pessoas coletivas e pelos titulares dos
seus órgãos ou respetivos trabalhadores em fun-
2 — A todo o direito ou interesse legalmente ções públicas;
protegido corresponde a tutela adequada junto
dos tribunais administrativos, designadamente l) A apreciação de questões relativas à inter-
para o efeito de obter: pretação, validade ou execução de contratos;

a) A anulação ou a declaração de nulidade ou m) A restituição do enriquecimento sem cau-


de inexistência de atos administrativos; sa, incluindo a repetição do indevido;

b) A condenação à prática de atos devidos, n) A intimação da Administração a prestar in-


nos termos da lei ou de vínculo contratualmente formações, permitir a consulta de documentos ou
assumido; passar certidões;

c) A condenação à não emissão de atos admi- o) A intimação para proteção de direitos, li-
nistrativos, nas condições admitidas neste Códi- berdades e garantias;
go; p) A extensão dos efeitos de julgados;
d) A declaração de ilegalidade de normas emi- q) A adoção das providências cautelares ade-
tidas ao abrigo de disposições de direito adminis- quadas para assegurar o efeito útil das decisões
trativo; a proferir em processo declarativo.
e) A condenação à emissão de normas devi-
das ao abrigo de disposições de direito adminis-
trativo;

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Artigo 3.º b) O pedido de declaração da ilegalidade de


uma norma com qualquer dos pedidos menciona-
Poderes dos tribunais administrativos
dos na alínea anterior;
1 — No respeito pelo princípio da separação e
c) O pedido de condenação da Administração
interdependência dos poderes, os tribunais admi-
à prática de um ato administrativo legalmente
nistrativos julgam do cumprimento pela Adminis-
devido com qualquer dos pedidos mencionados
tração das normas e princípios jurídicos que a
na alínea a);
vinculam e não da conveniência ou oportunidade
da sua atuação. d) O pedido de anulação ou declaração de nu-
lidade ou inexistência de um ato administrativo
2 — Por forma a assegurar a efetividade da
com o pedido de anulação ou declaração de nuli-
tutela, os tribunais administrativos podem fixar
dade de contrato cuja validade dependa desse
oficiosamente um prazo para o cumprimento dos
ato;
deveres que imponham à Administração e apli-
car, quando tal se justifique, sanções pecuniárias e) O pedido de anulação ou declaração de nu-
compulsórias. lidade ou inexistência de um ato administrativo
com o pedido de reconhecimento de uma situa-
3 — Os tribunais administrativos asseguram
ção jurídica subjetiva;
os meios declarativos urgentes necessários à
obtenção da tutela adequada em situações de f) O pedido de condenação da Administração à
constrangimento temporal, assim como os meios reparação de danos causados com qualquer dos
cautelares destinados à salvaguarda da utilidade pedidos mencionados nas alíneas anteriores;
das sentenças a proferir nos processos declarati-
g) Qualquer pedido relacionado com questões
vos.
de interpretação, validade ou execução de con-
4 — Os tribunais administrativos asseguram tratos com a impugnação de atos administrativos
ainda a execução das suas sentenças, designa- praticados no âmbito da relação contratual.
damente daquelas que proferem contra a Admi-
3 — Havendo cumulação sem que entre os
nistração, seja através da emissão de sentença
pedidos exista a conexão exigida, o juiz notifica o
que produza os efeitos do ato administrativo de-
autor ou autores para, no prazo de 10 dias, indi-
vido, quando a prática e o conteúdo deste ato
carem o pedido que pretendem ver apreciado no
sejam estritamente vinculados, seja providenci-
processo, sob cominação de, não o fazendo, ha-
ando a concretização material do que foi deter-
ver absolvição da instância quanto a todos os
minado na sentença.
pedidos.
Artigo 4.º 4 — No caso de absolvição da instância por
cumulação ilegal de pedidos, podem ser apresen-
Cumulação de pedidos
tadas novas petições no prazo de 30 dias a con-
1 — É permitida a cumulação de pedidos tar do trânsito em julgado, considerando-se estas
sempre que: apresentadas na data de entrada da primeira,
para efeitos de tempestividade da sua apresenta-
a) A causa de pedir seja a mesma e única ou ção.
os pedidos estejam entre si numa relação de
prejudicialidade ou de dependência, nomeada- 5 — [Revogado].
mente por se inscreverem no âmbito da mesma
relação jurídica material; Artigo 5.º
b) Sendo diferente a causa de pedir, a proce- Cumulação de pedidos em processos urgentes
dência dos pedidos principais dependa essencial-
1 — A cumulação de pedidos é possível mes-
mente da apreciação dos mesmos factos ou da
mo quando, nos termos deste Código, a algum
interpretação e aplicação dos mesmos princípios
dos pedidos cumulados corresponda uma das
ou regras de direito.
formas da ação administrativa urgente, que deve
2 — É, designadamente, possível cumular: ser, nesse caso, observada com as adaptações
que se revelem necessárias, devendo as adapta-
a) O pedido de anulação ou declaração de nu-
ções que impliquem menor celeridade do proces-
lidade ou inexistência de um ato administrativo
so cingir-se ao estritamente indispensável.
com o pedido de condenação da Administração
ao restabelecimento da situação que existiria se o 2 — Quando a complexidade da apreciação do
ato não tivesse sido praticado; pedido ou pedidos cumulados o justifiquem, o

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tribunal pode antecipar a decisão do pedido prin- Artigo 8.º


cipal em relação à instrução respeitante ao pedi-
Princípio da cooperação e boa-fé processual
do ou pedidos cumulados, que apenas tem lugar
se a procedência destes pedidos não ficar preju- 1 — Na condução e intervenção no processo,
dicada pela decisão tomada quanto ao pedido os magistrados, os mandatários judiciais e as
principal. partes devem cooperar entre si, concorrendo
para que se obtenha, com brevidade e eficácia, a
3 — Quando algum dos pedidos cumulados
justa composição do litígio.
não pertença ao âmbito da competência dos tri-
bunais administrativos, há lugar à absolvição da 2 — Qualquer das partes deve abster-se de
instância relativamente a esse pedido. requerer a realização de diligências inúteis e de
adotar expedientes dilatórios.
Artigo 6.º
3 — As entidades administrativas têm o dever
Igualdade das partes de remeter ao tribunal, em tempo oportuno, o
processo administrativo e demais documentos
O tribunal assegura um estatuto de igualdade
respeitantes à matéria do litígio, bem como o
efetiva das partes no processo, tanto no que se
dever de dar conhecimento, ao longo do proces-
refere ao exercício de faculdades e ao uso de
so, de superveniências resultantes da sua atua-
meios de defesa como no plano da aplicação de
ção, para que a respetiva existência seja comuni-
cominações ou de sanções processuais, designa-
cada aos demais intervenientes processuais.
damente por litigância de má-fé.
4 — Para o efeito do disposto no número an-
Artigo 7.º terior, incumbe, nomeadamente, às entidades
administrativas comunicar ao tribunal:
Promoção do acesso à justiça
a) A emissão de novos atos administrativos no
Para efetivação do direito de acesso à justiça, âmbito do procedimento no qual se inscreva o
as normas processuais devem ser interpretadas ato impugnado;
no sentido de promover a emissão de pronúncias
sobre o mérito das pretensões formuladas. b) A celebração do contrato, quando esteja
pendente processo de impugnação de ato admi-
Artigo 7.º-A nistrativo praticado no âmbito de procedimento
dirigido à formação desse contrato;
Dever de gestão processual
c) A emissão de novos atos administrativos cu-
1 — Cumpre ao juiz, sem prejuízo do ónus de ja manutenção na ordem jurídica possa colidir com
impulso especialmente imposto pela lei às partes, os efeitos a que se dirige o processo em curso;
dirigir ativamente o processo e providenciar pelo
seu andamento célere, promovendo oficiosamen- d) A revogação ou anulação do ato impugnado.
te as diligências necessárias ao normal prosse- 5 — Todas as entidades públicas ou privadas
guimento da ação, recusando o que for imperti- devem fornecer os elementos e prestar a colabo-
nente ou meramente dilatório e, ouvidas as par- ração necessária ao exercício da ação pública
tes, adotando mecanismos de simplificação e pelo Ministério Público, podendo este, em caso de
agilização processual que garantam a justa com- recusa, solicitar ao tribunal competente para o
posição do litígio em prazo razoável. julgamento da ação proposta ou a propor a apli-
2 — O juiz providencia oficiosamente pelo su- cação das sanções previstas na lei processual
primento da falta de pressupostos processuais civil para as situações de recusa ilegítima de co-
suscetíveis de sanação, determinando a realiza- laboração para a descoberta da verdade.
ção dos atos necessários à regularização da ins-
tância ou, quando a sanação dependa de ato que CAPÍTULO II
deva ser praticado pelas partes, convidando-as a
Das partes
praticá-lo.
3 — Das decisões referidas no n.º 1 não é Artigo 8.º-A
admissível recurso, salvo se contenderem com os
Personalidade e capacidade judiciárias
princípios da igualdade ou do contraditório, com
a aquisição processual de factos ou com a admis- 1 — A personalidade e a capacidade judiciá-
sibilidade de meios probatórios. rias consistem, respetivamente, na suscetibilida-
de de ser parte e na de estar por si em juízo.

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2 — Tem personalidade judiciária quem tenha tem à ação ou omissão de órgãos integrados nos
personalidade jurídica, e capacidade judiciária respetivos ministérios ou secretarias regionais,
quem tenha capacidade de exercício de direitos, em que parte demandada é o ministério ou mi-
sendo aplicável ao processo administrativo o nistérios, ou a secretaria ou secretarias regionais,
regime de suprimento da incapacidade previsto a cujos órgãos sejam imputáveis os atos pratica-
na lei processual civil. dos ou sobre cujos órgãos recaia o dever de pra-
ticar os atos jurídicos ou observar os comporta-
3 — Para além dos demais casos de extensão
mentos pretendidos.
da personalidade judiciária estabelecidos na lei
processual civil, os ministérios e os órgãos da 3 — Os processos que tenham por objeto atos
Administração Pública têm personalidade judiciá- ou omissões de entidade administrativa indepen-
ria correspondente à legitimidade ativa e passiva dente, destituída de personalidade jurídica, são
que lhes é conferida pelo presente Código. intentados contra o Estado ou a outra pessoa
coletiva de direito público a que essa entidade
4 — Nas ações indevidamente propostas contra
pertença.
ministérios, a respetiva falta de personalidade
judiciária pode ser sanada pela intervenção do 4 — O disposto nos n.ºs 2 e 3 não obsta a que
Estado e a ratificação ou repetição do processado. se considere regularmente proposta a ação quan-
do na petição tenha sido indicado como parte de-
5 — A propositura indevida de ação contra um
mandada um órgão pertencente à pessoa coletiva
órgão administrativo não tem consequências
de direito público, ao ministério ou à secretaria
processuais, nos termos do n.º 4 do artigo 10.º
regional que devem ser demandados.
Artigo 9.º 5 — Quando, na situação prevista no número
anterior, a citação for feita no órgão indicado na
Legitimidade ativa petição, considera-se citada a pessoa coletiva, o
1 — Sem prejuízo do disposto no número se- ministério ou a secretaria regional a que o órgão
guinte e no capítulo II do título II, o autor é con- pertence.
siderado parte legítima quando alegue ser parte 6 — Havendo cumulação de pedidos, deduzi-
na relação material controvertida. dos contra diferentes pessoas coletivas ou Minis-
2 — Independentemente de ter interesse pes- térios, devem ser demandados as pessoas coleti-
soal na demanda, qualquer pessoa, bem como as vas ou os Ministérios contra quem sejam dirigidas
associações e fundações defensoras dos interes- as pretensões formuladas.
ses em causa, as autarquias locais e o Ministério 7 — Quando o pedido principal deva ser dedu-
Público têm legitimidade para propor e intervir, zido contra um Ministério, este também tem legi-
nos termos previstos na lei, em processos princi- timidade passiva em relação aos pedidos que
pais e cautelares destinados à defesa de valores com aquele sejam cumulados.
e bens constitucionalmente protegidos, como a
saúde pública, o ambiente, o urbanismo, o orde- 8 — Nos processos respeitantes a litígios entre
namento do território, a qualidade de vida, o órgãos da mesma pessoa coletiva, a ação é pro-
património cultural e os bens do Estado, das Re- posta contra o órgão cuja conduta deu origem ao
giões Autónomas e das autarquias locais, assim litígio.
como para promover a execução das correspon-
9 — Podem ser demandados particulares ou
dentes decisões jurisdicionais.
concessionários, no âmbito de relações jurídico-
administrativas que os envolvam com entidades
Artigo 10.º públicas ou com outros particulares.
Legitimidade passiva 10 — Sem prejuízo da aplicação subsidiária,
1 — Cada ação deve ser proposta contra a ou- quando tal se justifique, do disposto na lei pro-
tra parte na relação material controvertida e, cessual civil em matéria de intervenção de tercei-
quando for caso disso, contra as pessoas ou enti- ros, quando a satisfação de uma ou mais preten-
dades titulares de interesses contrapostos aos do sões deduzidas contra uma entidade pública exija
autor. a colaboração de outra ou outras entidades, cabe
à entidade demandada promover a respetiva
2 — Nos processos intentados contra entida- intervenção no processo.
des públicas, parte demandada é a pessoa coleti-
va de direito público, salvo nos processos contra
o Estado ou as Regiões Autónomas que se repor-

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Artigo 11.º mente por se inscreverem no âmbito da mesma


relação jurídica material;
Patrocínio judiciário e representação em
juízo b) Sendo diferente a causa de pedir, a proce-
dência dos pedidos principais depende essencial-
1 — Nos tribunais administrativos é obrigató-
mente da apreciação dos mesmos factos ou da
ria a constituição de mandatário, nos termos
interpretação e aplicação dos mesmos princípios
previstos no Código do Processo Civil, podendo
ou regras de direito.
as entidades públicas fazer-se patrocinar em
todos os processos por advogado, solicitador ou 2 — Nos processos impugnatórios, é possível
licenciado em direito ou em solicitadoria com a coligação de diferentes autores na impugnação,
funções de apoio jurídico, sem prejuízo da repre- seja de um único, seja de vários atos jurídicos,
sentação do Estado pelo Ministério Público. desde que se preencha qualquer dos pressupos-
tos estabelecidos no número anterior.
2 — No caso de o patrocínio recair em licenci-
ado em direito ou em solicitadoria com funções 3 — Havendo coligação sem que entre os pe-
de apoio jurídico, expressamente designado para didos exista a conexão exigida pelo n.º 1, o juiz
o efeito, a referida atuação no âmbito do proces- notificará o autor ou autores para, no prazo de
so fica vinculada à observância dos mesmos de- 10 dias, indicarem o pedido que pretendem ver
veres deontológicos, designadamente de sigilo, apreciado no processo, sob cominação de, não o
que obrigam o mandatário da outra parte. fazendo, haver absolvição da instância quanto a
todos os pedidos.
3 — Para o efeito do disposto no número an-
terior, e sem prejuízo do disposto nos dois núme- 4 — No caso previsto no número anterior,
ros seguintes, o poder de designar o represen- bem como quando haja coligação ilegal de auto-
tante em juízo da pessoa coletiva de direito pú- res, podem ser apresentadas novas petições, no
blico ou, no caso do Estado, do ministério compe- prazo de 30 dias a contar do trânsito em julgado
te ao auditor jurídico ou ao responsável máximo da decisão, considerando-se estas apresentadas
pelos serviços jurídicos da pessoa coletiva ou do na data de entrada da primeira, para efeitos da
ministério. tempestividade da sua apresentação.
4 — Nos processos em que esteja em causa a
CAPÍTULO III
atuação ou omissão de uma entidade administra-
tiva independente, ou outra que não se encontre Da competência
integrada numa estrutura hierárquica, a designa-
ção do representante em juízo pode ser feita por SECÇÃO I
essa entidade.
Disposições gerais
5 — Nos processos em que esteja em causa a
atuação ou omissão de um órgão subordinado a Artigo 13.º
poderes hierárquicos, a designação do represen-
tante em juízo pode ser feita por esse órgão, mas Conhecimento da competência e do âmbito
a existência do processo é imediatamente comu- da jurisdição
nicada ao ministro ou ao órgão superior da pes- O âmbito da jurisdição administrativa e a
soa coletiva. competência dos tribunais administrativos, em
6 — Os agentes de execução desempenham qualquer das suas espécies, é de ordem pública e
as suas funções nas execuções que sejam da o seu conhecimento precede o de qualquer outra
competência dos tribunais administrativos. matéria.

Artigo 12.º Artigo 14.º

Coligação Petição a tribunal incompetente

1 — Podem coligar-se vários autores contra 1 — Quando a petição seja dirigida a tribunal
um ou vários demandados e pode um autor diri- incompetente, o processo é oficiosamente reme-
gir a ação conjuntamente contra vários deman- tido, se possível por via eletrónica, ao tribunal
dados, por pedidos diferentes, quando: administrativo ou tributário competente.

a) A causa de pedir seja a mesma e única ou 2 — Quando a petição seja dirigida a tribunal
os pedidos estejam entre si numa relação de incompetente, sem que o tribunal competente
prejudicialidade ou de dependência, nomeada- pertença à jurisdição administrativa e fiscal, pode

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o interessado, no prazo de 30 dias a contar do Artigo 18.º


trânsito em julgado da decisão que declare a in-
Competência em matéria de responsabilida-
competência, requerer a remessa do processo ao
de civil
tribunal competente, com indicação do mesmo.
1 — As pretensões em matéria de responsabili-
3 — Em ambos os casos previstos nos núme-
dade civil extracontratual, incluindo ações de re-
ros anteriores, a petição considera-se apresenta-
gresso, são deduzidas no tribunal do lugar em que
da na data do primeiro registo de entrada, para
se deu o facto constitutivo da responsabilidade.
efeitos da tempestividade da sua apresentação.
2 — Quando o facto constitutivo de responsabi-
Artigo 15.º lidade seja a prática ou a omissão de um ato ad-
ministrativo ou de uma norma, a pretensão é de-
Extensão da competência à decisão de ques-
duzida no tribunal competente para se pronunciar
tões prejudiciais
sobre a legalidade da atuação ou da omissão.
1 — Quando o conhecimento do objeto da
ação dependa, no todo ou em parte, da decisão Artigo 19.º
de uma ou mais questões da competência de
Competência em matéria relativa a contratos
tribunal pertencente a outra jurisdição, pode o
juiz sobrestar na decisão até que o tribunal com- 1 — As pretensões relativas a contratos são
petente se pronuncie. deduzidas no tribunal do lugar de cumprimento
do contrato.
2 — A suspensão fica sem efeito se a ação da
competência do tribunal pertencente a outra ju- 2 — Se as partes convencionarem o tribunal
risdição não for proposta no prazo de dois meses perante o qual se comprometem a deduzir as
ou se ao respetivo processo não for dado anda- suas pretensões relativas ao contrato, o tribunal
mento, por negligência das partes, durante o competente para o efeito é o tribunal convencio-
mesmo prazo. nado.
3 — No caso previsto no número anterior, de- 3 — As ações que tenham por objeto litígios
ve prosseguir o processo do contencioso adminis- emergentes de vínculos de emprego público inten-
trativo, sendo a questão prejudicial decidida com tadas por trabalhador contra o empregador públi-
efeitos a ele restritos. co podem ser propostas no tribunal do lugar da
prestação de trabalho ou do domicílio do autor.
SECÇÃO II
Artigo 20.º
Da competência territorial
Outras regras de competência territorial
Artigo 16.º
1 — Os processos respeitantes à prática ou à
Regra geral omissão de normas e de atos administrativos das
Regiões Autónomas e das autarquias locais, as-
1 — Sem prejuízo do disposto nos artigos se-
sim como das entidades por elas instituídas, e
guintes e das soluções que resultem da distribui-
das pessoas coletivas de utilidade pública são
ção das competências em função da hierarquia,
intentados no tribunal da área da sede da entida-
os processos são intentados no tribunal da área
de demandada.
da residência habitual ou da sede do autor.
2 — [Revogado].
2 — Havendo pluralidade de autores, a ação
pode ser proposta no tribunal da área da residên- 3 — O contencioso eleitoral é da competência
cia habitual ou da sede da maioria deles, ou, no do tribunal da área da sede do órgão cuja eleição
caso de não haver maioria, no tribunal da área se impugna.
da residência habitual ou da sede de qualquer
4 — O conhecimento dos pedidos de intimação
deles.
para prestação de informações, consulta de do-
cumentos e passagem de certidões é da compe-
Artigo 17.º
tência do tribunal da área onde deva ter lugar a
Processos relacionados com bens imóveis prestação, consulta ou passagem pretendida.

Os processos relacionados com bens imóveis 5 — Os demais processos de intimação são in-
ou direitos a eles referentes são intentados no tentados no tribunal da área onde deva ter lugar
tribunal da situação dos bens. o comportamento ou a omissão pretendidos.

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6 — Os pedidos dirigidos à adoção de provi- dos documentos apresentados, bem como em


dências cautelares são julgados pelo tribunal matéria de realização das citações e notificações.
competente para decidir a causa principal.
Artigo 24.º
7 — Os pedidos de produção antecipada de
prova são deduzidos no tribunal em que a prova Realização de atos processuais
tenha de ser efetuada ou da área em que se situe
o tribunal de comarca a que a diligência deva ser 1 — Os atos processuais, incluindo os atos das
deprecada. partes que devam ser praticados por escrito, e a
tramitação do processo, são efetuados, preferen-
8 — A competência territorial para os proces- cialmente, por via eletrónica, nos termos a definir
sos executivos é determinada nos termos da lei por portaria do membro do Governo responsável
processual civil. pela área da justiça.
9 — Para a execução jurisdicional de atos ad- 2 — A apresentação de peças processuais e
ministrativos que não possam ser impostos coerci- documentos por via eletrónica dispensa a sua
vamente pela Administração, o tribunal competen- remessa ao tribunal, e a dos respetivos duplica-
te é o da área da sede da residência ou sede do dos e cópias, em suporte de papel, sem prejuízo
executado ou da localização dos bens a executar. da possibilidade de o juiz exigir a apresentação
do original, nos termos da lei processual civil.
Artigo 21.º
3 — Apresentada a petição por via eletrónica,
Cumulação de pedidos a citação das entidades públicas ou dos órgãos
nela indicados é efetuada automaticamente por
1 — Nas situações de cumulação em que a
via eletrónica, sem necessidade de despacho do
competência para a apreciação de qualquer dos
juiz, salvo nos casos expressamente previstos em
pedidos pertença a um tribunal superior, este
que há lugar a despacho liminar.
também é competente para conhecer dos demais
pedidos. 4 — Na situação prevista no número anterior,
a entidade pública demandada fica obrigada a
2 — Quando forem cumulados pedidos para
apresentar as suas peças processuais, o eventual
cuja apreciação sejam territorialmente competen-
processo instrutor e demais documentos, prefe-
tes diversos tribunais, o autor pode escolher
rencialmente, por via eletrónica, nas condições a
qualquer deles para a propositura da ação, mas
definir por portaria do membro do Governo res-
se a cumulação disser respeito a pedidos entre os
ponsável pela área da justiça, devendo o autor,
quais haja uma relação de dependência ou de
sempre que possível, receber as notificações
subsidiariedade, a ação deve ser proposta no
judiciais pela mesma via, de modo automático.
tribunal competente para apreciar o pedido prin-
cipal. 5 — Os atos processuais referidos nos núme-
ros anteriores podem, ainda, ser apresentados a
Artigo 22.º juízo por uma das seguintes formas:

Competência supletiva a) Entrega na secretaria judicial, em suporte


de papel, valendo como data da prática do ato a
Quando não seja possível determinar a com- da respetiva entrega;
petência territorial por aplicação dos artigos ante-
riores, é competente o Tribunal Administrativo de b) Remessa pelo correio, sob registo, valendo
Círculo de Lisboa. como data da prática do ato a da expedição;
c) Envio através de telecópia, valendo como
CAPÍTULO IV data da prática do ato a da expedição.
Dos atos processuais
Artigo 25.º
Artigo 23.º Citações e notificações
Regime aplicável 1 — Salvo disposição em contrário, as citações
É subsidiariamente aplicável ao processo admi- editais são realizadas mediante a publicação de
nistrativo o disposto na lei processual civil em anúncio em página informática de acesso público,
matéria de entrega ou remessa das peças proces- nos termos a definir em portaria do membro do
suais, dos duplicados dos articulados e das cópias Governo responsável pela área da justiça.

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CÓDIGO DE PROCESSO NOS TRIBUNAIS ADMINISTRATIVOS
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2 — Em todas as formas de processo, todos e) Julgar extinta a instância por transação,


os articulados e requerimentos autónomos e de- deserção, desistência, impossibilidade ou inutili-
mais documentos apresentados após a notifica- dade da lide;
ção ao autor da contestação do demandado são
f) Rejeitar liminarmente os requerimentos e
notificados pelo mandatário judicial do apresen-
incidentes de cujo objeto não deva tomar conhe-
tante ao mandatário judicial da contraparte nos
cimento;
termos da lei processual civil.
g) Conhecer das nulidades dos atos processu-
3 — A notificação determinada no número an-
ais e dos próprios despachos;
terior pode realizar-se por meios eletrónicos, nos
termos de portaria do membro do Governo res- h) Conhecer do pedido de adoção de provi-
ponsável pela área da justiça. dências cautelares ou submetê-lo à apreciação da
conferência, quando o considere justificado;
Artigo 26.º
i) Proferir decisão quando entenda que a
Distribuição questão a decidir é simples, designadamente por
já ter sido judicialmente apreciada de modo uni-
1 — O sistema informático dos tribunais ad-
forme e reiterado, ou que a pretensão é manifes-
ministrativos e fiscais assegura a distribuição
tamente infundada;
diária dos processos e demais documentos sujei-
tos a distribuição, que se realiza automaticamen- j) Admitir os recursos de acórdãos, declarando
te por forma eletrónica. a sua espécie, regime de subida e efeitos, ou
negar-lhes admissão.
2 — Para o efeito do disposto no número an-
terior, são previamente introduzidos no sistema 2 — Dos despachos do relator cabe reclama-
os dados necessários, determinados no respeito ção para a conferência, com exceção dos de me-
pelos princípios da imparcialidade e do juiz natu- ro expediente.
ral, de acordo com os seguintes critérios:
Artigo 28.º
a) Espécies de processos, definidas pelo Con-
selho Superior dos Tribunais Administrativos e Apensação de processos
Fiscais, sob proposta do presidente do tribunal;
1 — Quando sejam separadamente propostas
b) Carga de trabalho dos juízes e respetiva ações que, por se verificarem os pressupostos de
disponibilidade para o serviço; admissibilidade previstos para a coligação e a
cumulação de pedidos, possam ser reunidas num
c) Tipo de matéria a apreciar, desde que, no
único processo, deve ser ordenada a apensação
tribunal, haja um mínimo de três juízes afetos à
delas, ainda que se encontrem pendentes em
apreciação de cada tipo de matéria.
tribunais diferentes, a não ser que o estado do
3 — Em tudo o que não esteja expressamente processo ou outra razão torne especialmente
regulado neste artigo, aplica-se, com as necessá- inconveniente a apensação.
rias adaptações, o disposto no Código de Proces-
2 — Os processos são apensados ao que tiver
so Civil quanto à distribuição.
sido intentado em primeiro lugar, considerando-
se como tal o de numeração inferior, salvo se os
Artigo 27.º
pedidos forem dependentes uns dos outros, caso
Poderes do relator nos processos em primeiro em que a apensação é feita na ordem da depen-
grau de jurisdição em tribunais superiores dência.
1 — Compete ao relator, sem prejuízo dos 3 — A apensação pode ser requerida ao tribu-
demais poderes que lhe são conferidos neste nal perante o qual se encontre pendente o proces-
Código: so a que os outros tenham de ser apensados e,
quando se trate de processos que estejam pen-
a) Deferir os termos do processo, proceder à dentes perante o mesmo juiz, deve ser por este
sua instrução e prepará-lo para julgamento; oficiosamente determinada, ouvidas as partes.
b) Dar por findos os processos; 4 — Importa baixa na distribuição a apensa-
c) Declarar a suspensão da instância; ção de processo distribuído a juiz diferente.

d) Ordenar a apensação de processos;

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CÓDIGO DE PROCESSO NOS TRIBUNAIS ADMINISTRATIVOS
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Artigo 29.º riu a decisão e dos juízes que a subscreveram, a


data e o sentido e os fundamentos da decisão.
Prazos processuais
4 — [Revogado].
1 — O prazo geral supletivo para os atos pro-
cessuais das partes é de 10 dias. 5 — [Revogado].
2 — [Revogado]. 6 — [Revogado].
3 — Sem prejuízo do disposto nos números 7 — [Revogado].
seguintes, são aplicáveis aos processos nos tri-
8 — [Revogado].
bunais administrativos, em primeira instância ou
em via de recurso, os prazos estabelecidos na lei
processual civil para juízes, magistrados do Mi- CAPÍTULO V
nistério Público e funcionários, com as devidas Do valor das causas e das formas do processo
consequências legais.
4 — Na falta de disposição especial, os despa- SECÇÃO I
chos judiciais são proferidos no prazo de 10 dias. Do valor das causas
5 — Na falta de disposição especial, as pro-
moções do Ministério Público são deduzidas no Artigo 31.º
prazo de 10 dias. Atribuição de valor e suas consequências
6 — Os despachos ou promoções de mero ex- 1 — A toda a causa deve ser atribuído um va-
pediente, bem como os considerados urgentes, lor certo, expresso em moeda legal, o qual repre-
devem ser proferidos no prazo máximo de dois senta a utilidade económica imediata do pedido.
dias.
2 — Atende-se ao valor da causa para deter-
7 — Decorridos três meses sobre o termo do minar se cabe recurso da sentença proferida em
prazo fixado para a prática de ato próprio do juiz primeira instância e que tipo de recurso.
sem que o mesmo tenha sido praticado, deve o
juiz consignar a concreta razão da inobservância 3 — Para o efeito das custas e demais encar-
do prazo. gos legais, o valor da causa é fixado segundo as
regras estabelecidas na legislação respetiva.
8 — A secretaria remete, mensalmente, ao
presidente do tribunal informação discriminada 4 — É aplicável o disposto na lei processual
dos casos em que se mostrem decorridos três civil quanto aos poderes das partes e à interven-
meses sobre o termo do prazo fixado para a prá- ção do juiz na fixação do valor da causa.
tica de ato próprio do juiz, ainda que o ato tenha
sido entretanto praticado, incumbindo ao presi- Artigo 32.º
dente do tribunal, no prazo de 10 dias contado da
Critérios gerais para a fixação do valor
data de receção, remeter o expediente à entida-
de com competência disciplinar. 1 — Quando pela ação se pretenda obter o
pagamento de quantia certa, é esse o valor da
Artigo 30.º causa.
Publicidade do processo e das decisões 2 — Quando pela ação se pretenda obter um
benefício diverso do pagamento de uma quantia,
1 — O processo administrativo é público, com
o valor da causa é a quantia equivalente a esse
as restrições previstas na lei, processando-se o
benefício.
acesso nos termos e condições previstos na lei
processual civil. 3 — Quando a ação tenha por objeto a apreci-
ação da existência, validade, cumprimento, modi-
2 — Os acórdãos do Supremo Tribunal Admi-
ficação ou resolução de um contrato, atende-se
nistrativo, assim como os dos Tribunais Centrais
ao valor do mesmo, determinado pelo preço ou
Administrativos e dos tribunais administrativos
estipulado pelas partes.
de círculo que tenham transitado em julgado, são
objeto de publicação obrigatória por via informá- 4 — Quando a ação diga respeito a uma coisa,
tica, em base de dados de jurisprudência. o valor desta determina o valor da causa.
3 — Do tratamento informático devem constar 5 — Quando esteja em causa a cessação de si-
pelo menos a identificação do tribunal que profe- tuações causadoras de dano, ainda que fundadas

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CÓDIGO DE PROCESSO NOS TRIBUNAIS ADMINISTRATIVOS
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em ato administrativo ilegal, o valor da causa é função administrativa, incluindo planos urbanísti-
determinado pela importância do dano causado. cos e de ordenamento do território.
6 — O valor dos processos cautelares é de- 2 — Quando o valor da causa seja indetermi-
terminado pelo valor do prejuízo que se quer nável, considera-se superior ao da alçada do
evitar, dos bens que se querem conservar ou da Tribunal Central Administrativo.
prestação pretendida a título provisório.
3 — Das decisões de mérito proferidas em
7 — Quando sejam cumulados, na mesma processo de valor indeterminável cabe sempre
ação, vários pedidos, o valor é a quantia corres- recurso de apelação e, quando proferidas por
pondente à soma dos valores de todos eles, mas tribunal administrativo de círculo, recurso de
cada um deles é considerado em separado para o revista para o Supremo Tribunal Administrativo,
efeito de determinar se a sentença pode ser nos termos e condições previstos no artigo 151.º
objeto de recurso, e de que tipo. deste Código.
8 — Quando seja deduzido pedido acessório 4 — Quando com pretensões suscetíveis de
de condenação ao pagamento de juros, rendas e avaliação económica sejam cumuladas outras
rendimentos já vencidos e a vencer durante a insuscetíveis de tal avaliação, atende-se separa-
pendência da causa, na fixação do valor atende- damente a cada uma delas para o efeito de de-
se somente aos interesses já vencidos. terminar se a sentença pode ser objeto de recur-
so, e de que tipo.
9 — No caso de pedidos alternativos, atende-
se unicamente ao pedido de valor mais elevado
SECÇÃO II
e, no caso de pedidos subsidiários, ao pedido
formulado em primeiro lugar. Das formas de processo

Artigo 33.º Artigo 35.º


Critérios especiais Formas de processo
Nos processos relativos a atos administrati- 1 — O processo declarativo nos Tribunais Ad-
vos, atende-se ao conteúdo económico do ato, ministrativos rege-se pelo disposto nos títulos II
designadamente por apelo aos seguintes crité- e III e pelas disposições gerais, sendo-lhe subsi-
rios, para além daqueles que resultam do dispos- diariamente aplicável o disposto na lei processual
to no artigo anterior: civil.
a) Quando esteja em causa a autorização ou li- 2 — [Revogado].
cenciamento de obras e, em geral, a apreciação
de decisões respeitantes à realização de empreen- Artigo 36.º
dimentos públicos ou privados, o valor da causa
afere-se pelo custo previsto da obra projetada; Processos urgentes

b) Quando esteja em causa a aplicação de san- 1 — Sem prejuízo dos demais casos previstos na
ções de conteúdo pecuniário, o valor da causa é lei, têm caráter urgente os processos relativos a:
determinado pelo montante da sanção aplicada; a) Contencioso eleitoral, com o âmbito defini-
c) Quando esteja em causa a aplicação de do neste Código;
sanções sem conteúdo pecuniário, o valor da b) Procedimentos de massa, com o âmbito de-
causa é determinado pelo montante dos danos finido neste Código;
patrimoniais sofridos;
c) Contencioso pré-contratual, com o âmbito
d) Quando estejam em causa atos ablativos definido neste Código;
da propriedade ou de outros direitos reais, o va-
lor da causa é determinado pelo valor do direito d) Intimação para prestação de informações,
sacrificado. consulta de documentos ou passagem de certi-
dões;
Artigo 34.º e) Intimação para defesa de direitos, liberda-
Critério supletivo des e garantias;

1 — Consideram-se de valor indeterminável os f) Providências cautelares.


processos respeitantes a bens imateriais e a 2 — Os processos urgentes e respetivos inci-
normas emitidas ou omitidas no exercício da dentes correm em férias, com dispensa de vistos
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CÓDIGO DE PROCESSO NOS TRIBUNAIS ADMINISTRATIVOS
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prévios, mesmo em fase de recurso jurisdicional, h) Condenação à adoção ou abstenção de


e os atos da secretaria são praticados no próprio comportamentos pela Administração Pública ou
dia, com precedência sobre quaisquer outros. por particulares;
3 — O julgamento dos processos urgentes i) Condenação da Administração à adoção das
tem lugar, com prioridade sobre os demais, logo condutas necessárias ao restabelecimento de
que o processo esteja pronto para decisão. direitos ou interesses violados, incluindo em situ-
ações de via de facto, desprovidas de título que
4 — Na falta de especificação própria quanto à
as legitime;
respetiva tramitação, os processos urgentes pre-
vistos em lei especial seguem os termos da ação j) Condenação da Administração ao cumpri-
administrativa, com os prazos reduzidos a meta- mento de deveres de prestar que diretamente
de, regendo-se, quanto ao mais, pelo disposto decorram de normas jurídico-administrativas e
nos n.ºs 2 e 3 do presente artigo e, em fase de não envolvam a emissão de um ato administrati-
recurso jurisdicional, pelo disposto no artigo vo impugnável, ou que tenham sido constituídos
147.º por atos jurídicos praticados ao abrigo de dispo-
sições de direito administrativo, e que podem ter
TÍTULO II por objeto o pagamento de uma quantia, a en-
trega de uma coisa ou a prestação de um facto;
Da ação administrativa
k) Responsabilidade civil das pessoas coleti-
CAPÍTULO I vas, bem como dos titulares dos seus órgão ou
respetivos trabalhadores em funções públicas,
Disposições gerais incluindo ações de regresso;

Artigo 37.º l) Interpretação, validade ou execução de con-


tratos;
Objeto
m) A restituição do enriquecimento sem cau-
1 — Seguem a forma da ação administrativa, sa, incluindo a repetição do indevido;
com a tramitação regulada no capítulo III do
presente título, os processos que tenham por n) Relações jurídicas entre entidades adminis-
objeto litígios cuja apreciação se inscreva no trativas.
âmbito da competência dos tribunais administra- 2 — [Revogado].
tivos e que nem neste Código, nem em legislação
avulsa sejam objeto de regulação especial, de- 3 — Quando, sem fundamento em ato adminis-
signadamente: trativo impugnável, particulares, nomeadamente
concessionários, violem vínculos jurídico-
a) Impugnação de atos administrativos; administrativos decorrentes de normas, atos ad-
b) Condenação à prática de atos administrati- ministrativos ou contratos, ou haja fundado receio
vos devidos, nos termos da lei ou de vínculo con- de que os possam violar, sem que, solicitadas a
tratualmente assumido; fazê-lo, as autoridades competentes tenham ado-
tado as medidas adequadas, qualquer pessoa ou
c) Condenação à não emissão de atos adminis- entidade cujos direitos ou interesses sejam dire-
trativos, nas condições admitidas neste Código; tamente ofendidos pode pedir ao tribunal que
d) Impugnação de normas emitidas ao abrigo condene os mesmos a adotaram ou a absterem-se
de disposições de direito administrativo; de certo comportamento, por forma a assegurar o
cumprimento dos vínculos em causa.
e) Condenação à emissão de normas devidas
ao abrigo de disposições de direito administrativo; Artigo 38.º
f) Reconhecimento de situações jurídicas sub- Ato administrativo inimpugnável
jetivas diretamente decorrentes de normas jurí-
dico-administrativas ou de atos jurídicos pratica- 1 — Nos casos em que a lei substantiva o ad-
dos ao abrigo de disposições de direito adminis- mita, designadamente no domínio da responsabi-
trativo; lidade civil da Administração por atos administra-
tivos ilegais, o tribunal pode conhecer, a título
g) Reconhecimento de qualidades ou do pre- incidental, da ilegalidade de um ato administrati-
enchimento de condições; vo que já não possa ser impugnado.

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CÓDIGO DE PROCESSO NOS TRIBUNAIS ADMINISTRATIVOS
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2 — Sem prejuízo do disposto no número an- Artigo 45.º


terior, não pode ser obtido por outros meios pro-
Modificação do objeto do processo
cessuais o efeito que resultaria da anulação do
ato inimpugnável. 1 — Quando se verifique que a pretensão do
autor é fundada, mas que à satisfação dos seus
Artigo 39.º interesses obsta, no todo ou em parte, a existên-
cia de uma situação de impossibilidade absoluta,
Interesse processual
ou a entidade demandada demonstre que o cum-
1 — Os pedidos de simples apreciação podem primento dos deveres a que seria condenada
ser deduzidos por quem invoque utilidade ou originaria um excecional prejuízo para o interesse
vantagem imediata, para si, na providência juris- público, o tribunal profere decisão na qual:
dicional pretendida, designadamente por existir
a) Reconhece o bem fundado da pretensão do
uma situação de incerteza, de ilegítima afirmação
autor;
por parte da Administração da existência de de-
terminada situação jurídica, como nos casos de b) Reconhece a existência da circunstância
inexistência de ato administrativo, ou o fundado que obsta, no todo ou em parte, à emissão da
receio de que a Administração possa vir a adotar pronúncia solicitada;
uma conduta lesiva, fundada numa avaliação
c) Reconhece o direito do autor a ser indemni-
incorreta da situação jurídica existente.
zado por esse facto; e
2 — A condenação à não emissão de atos ad-
d) Convida as partes a acordarem no montan-
ministrativos só pode ser pedida quando seja
te da indemnização devida no prazo de 30 dias,
provável a emissão de atos lesivos de direitos ou
que pode ser prorrogado até 60 dias, caso seja
interesse legalmente protegidos e a utilização
previsível que o acordo venha a concretizar-se
dessa via se mostre imprescindível.
dentro daquele prazo.
Artigo 40.º 2 — Na falta do acordo a que se refere a alí-
nea d) do número anterior, o autor pode reque-
Legitimidade em ações relativas a contratos
rer, no prazo de um mês, a fixação judicial da
[Revogado]. indemnização devida, mediante a apresentação
de articulado devidamente fundamentado, de-
Artigo 41.º vendo o tribunal, nesse caso, ouvir a outra parte
pelo prazo de 10 dias e ordenar as diligências
Prazos instrutórias que considere necessárias.
1 — Sem prejuízo do disposto na lei substan- 3 — Na hipótese prevista no número anterior,
tiva e no capítulo seguinte, a ação administrativa o autor pode optar por pedir a reparação de to-
pode ser proposta a todo o tempo. dos os danos resultantes da atuação ilegítima da
2 — [Revogado]. entidade demandada, hipótese na qual esta é
notificada para contestar o novo pedido no prazo
3 — [Revogado]. de 30 dias, findo o que a ação segue os subse-
quentes termos da ação administrativa.
Artigo 42.º
4 — O disposto na alínea d) do n.º 1 e nos
Tramitação n.ºs 2 e 3 não é aplicável quando o autor já tinha
cumulado na ação o pedido de reparação de to-
[Revogado].
dos os danos resultantes da atuação ilegítima da
entidade demandada, hipótese na qual o tribunal
Artigo 43.º
dá ao autor a possibilidade de ampliar o pedido
Domínio de aplicação dos processos ordiná- indemnizatório já deduzido, de modo a nele in-
rio, sumário e sumaríssimo cluir o montante da indemnização adicional que
possa ser devida pela ocorrência das situações
[Revogado]. previstas no n.º 1.

Artigo 44.º 5 — [Revogado].

Fixação de prazo e imposição de sanção pe-


cuniária compulsória
[Revogado].
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CÓDIGO DE PROCESSO NOS TRIBUNAIS ADMINISTRATIVOS
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Artigo 45.º-A situações de facto do mesmo tipo, o presidente


do tribunal deve determinar, ouvidas as partes,
Extensão de regime
que seja dado andamento apenas a um deles e
1 — O disposto no artigo anterior é aplicável se suspenda a tramitação dos demais.
quando, tendo sido deduzido pedido respeitante à
2 — O tribunal pode igualmente determinar,
invalidade de contrato por violação das regras
ouvidas as partes, a suspensão dos processos
relativas ao respetivo procedimento de formação,
que venham a ser intentados na pendência do
o tribunal:
processo selecionado e que preencham os pres-
a) Verifique que já não é possível reinstruir o supostos previstos no número anterior.
procedimento pré-contratual, por entretanto ter
3 — No exercício dos poderes conferidos nos
sido celebrado e executado o contrato;
números anteriores, o tribunal deve certificar-se
b) Proceda, segundo o disposto na lei subs- de que no processo ao qual seja dado andamento
tantiva, ao afastamento da invalidade do contra- prioritário a questão é debatida em todos os seus
to, em resultado da ponderação dos interesses aspetos de facto e de direito e que a suspensão
públicos e privados em presença. da tramitação dos demais processos não tem o
alcance de limitar o âmbito de instrução, afas-
2 — O disposto no artigo anterior também é tando a apreciação de factos ou a realização de
aplicável quando, na pendência de ação de con- diligências de prova necessárias para o completo
denação à prática de ato devido, se verifique que apuramento da verdade.
a entidade demandada devia ter satisfeito a pre-
tensão do autor em conformidade com o quadro 4 — Quando a verificação dos pressupostos
normativo aplicável, mas a alteração superveni- requeridos no número anterior apenas possa ser
ente desse quadro normativo impeça a procedên- alcançada através da seleção conjugada, para
cia da ação. efeito de decisão prioritária, de mais do que um
processo, os processos selecionados devem ser
3 — Para efeitos do disposto no número ante- apensados num único processo.
rior, a alteração superveniente só impede a pro-
cedência da ação de condenação à prática de ato 5 — Das decisões de suspensão de tramitação
devido quando se verifique que, mesmo que a ou de apensação de processos, podem as partes
pretensão do autor tivesse sido satisfeita no mo- interpor, no prazo de 15 dias, recurso com efeito
mento próprio, a referida alteração teria o alcan- devolutivo com fundamento na ausência de qual-
ce de lhe retirar a titularidade da correspondente quer dos pressupostos referidos no n.º 1.
situação jurídica de vantagem, constituindo-o no
6 — O disposto nos números anteriores tam-
direito de ser indemnizado por esse facto.
bém é aplicável quando a situação se verifique no
conjunto de diferentes tribunais, podendo o im-
Artigo 46.º pulso partir do presidente de qualquer dos tribu-
Objeto nais envolvidos ou de qualquer das partes nos
processos em causa.
[Revogado].
7 — A aplicação do regime do presente artigo
Artigo 47.º a situações de processos existentes em diferen-
tes tribunais, segundo o previsto no número an-
Cumulação de pedidos terior, é determinada pelo Presidente do Supre-
[Revogado]. mo Tribunal Administrativo, a quem compete
estabelecer qual ou quais os processos aos quais
deve ser dado andamento, com suspensão dos
Artigo 48.º
demais, oficiosamente ou mediante proposta dos
Seleção de processos com andamento priori- presidentes dos tribunais envolvidos.
tário
8 — Ao processo ou processos selecionados é
1 — Quando, num mesmo tribunal, sejam in- aplicável o disposto no n.º 4 do artigo 36.º para
tentados mais de dez processos que, embora os processos urgentes e no seu julgamento inter-
referidos a diferentes pronúncias da mesma enti- vêm todos os juízes do tribunal ou da secção.
dade administrativa, digam respeito à mesma
9 — A decisão emitida no processo ou nos
relação jurídica material ou, ainda que respeitan-
processos selecionados é notificada às partes nos
tes a diferentes relações jurídicas coexistentes
processos suspensos, podendo o autor nestes
em paralelo, sejam suscetíveis de ser decididos
processos optar, no prazo de 30 dias, por desistir
com base na aplicação das mesmas normas a
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CÓDIGO DE PROCESSO NOS TRIBUNAIS ADMINISTRATIVOS
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do pedido ou recorrer da sentença proferida no SUBSECÇÃO I


processo ou nos processos selecionados.
Da impugnabilidade dos atos administrativos
10 — O tribunal decide oficiosamente a exten-
são dos efeitos da sentença aos processos sus- Artigo 51.º
pensos em cujo âmbito não haja sido praticado,
no prazo determinado no número anterior, qual- Atos impugnáveis
quer dos atos ali previstos. 1 — Ainda que não ponham termo a um proce-
11 — Quando mereça provimento, o recurso dimento, são impugnáveis todas as decisões que,
previsto no n.º 9 produz efeitos apenas na esfera no exercício de poderes jurídico-administrativos,
jurídica do recorrente. visem produzir efeitos jurídicos externos numa
situação individual e concreta, incluindo as proferi-
das por autoridades não integradas na Administra-
Artigo 49.º
ção Pública e por entidades privadas que atuem no
Norma remissiva exercício de poderes jurídico-administrativos.
[Revogado]. 2 — São designadamente impugnáveis:
a) As decisões tomadas no âmbito de proce-
CAPÍTULO II
dimentos administrativos sobre questões que não
Disposições particulares possam ser de novo apreciadas em momento
subsequente do mesmo procedimento;
SECÇÃO I b) As decisões tomadas em relação a outros
Impugnação de atos administrativos órgãos da mesma pessoa coletiva, passíveis de
comprometer as condições do exercício de com-
Artigo 50.º petências legalmente conferidas aos segundos
para a prossecução de interesses pelos quais
Objeto e efeitos da impugnação esses órgãos sejam diretamente responsáveis.
1 — A impugnação de um ato administrativo 3 — Os atos impugnáveis de harmonia com o
tem por objeto a anulação ou a declaração de disposto nos números anteriores que não po-
nulidade desse ato. nham termo a um procedimento só podem ser
2 — Sem prejuízo das demais situações pre- impugnados durante a pendência do mesmo, sem
vistas na lei, a impugnação de um ato adminis- prejuízo da faculdade de impugnação do ato final
trativo suspende a eficácia desse ato quando com fundamento em ilegalidades cometidas du-
esteja apenas em causa o pagamento de uma rante o procedimento, salvo quando essas ilega-
quantia certa, sem natureza sancionatória, e lidades digam respeito a ato que tenha determi-
tenha sido prestada garantia por qualquer das nado a exclusão do interessado do procedimento
formas previstas na lei tributária. ou a ato que lei especial submeta a um ónus de
impugnação autónoma.
3 — A impugnação de atos lesivos exprime a
intenção, por parte do autor, de exercer o direito 4 — Se contra um ato de indeferimento ou de
à reparação dos danos que tenha sofrido, para o recusa de apreciação de requerimento não tiver
efeito de interromper a prescrição deste direito, sido deduzido o adequado pedido de condenação
nos termos gerais. à prática de ato devido, o tribunal convida o au-
tor a substituir a petição, para o efeito de deduzir
4 — Às ações de declaração de inexistência de o referido pedido.
ato administrativo é aplicável, com as devidas
adaptações, o disposto nos artigos 55.º e 57.º, 5 — Na hipótese prevista no número anterior,
em matéria de legitimidade, assim como no arti- quando haja lugar à substituição da petição, con-
go 64.º, no caso de o autor ter interesse em de- sidera-se a nova petição apresentada na data do
duzir, em substituição ou cumulação superveni- primeiro registo de entrada, sendo a entidade
ente com o pedido inicial, a impugnação de ato demandada e os contrainteressados de novo
administrativo praticado durante a pendência do citados para contestar.
processo.

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CÓDIGO DE PROCESSO NOS TRIBUNAIS ADMINISTRATIVOS
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Artigo 52.º contrar dependente de termo inicial ou de condi-


ção suspensiva cuja verificação seja provável,
Irrelevância da forma do ato
nomeadamente por depender da vontade do be-
1 — A impugnabilidade dos atos administrati- neficiário do ato.
vos não depende da respetiva forma.
3 — O disposto na alínea a) do número ante-
2 — O não exercício do direito de impugnar rior não impede a utilização de outros meios de
um ato contido em diploma legislativo ou regu- tutela contra a execução ilegítima do ato admi-
lamentar não obsta à impugnação dos seus atos nistrativo ineficaz.
de execução ou aplicação.
SUBSECÇÃO II
3 — O não exercício do direito de impugnar
um ato que não individualize os seus destinatá- Da legitimidade
rios não obsta à impugnação dos seus atos de
execução ou aplicação cujos destinatários sejam Artigo 55.º
individualmente identificados.
Legitimidade ativa
Artigo 53.º 1 — Tem legitimidade para impugnar um ato
administrativo:
Impugnação de atos confirmativos e de exe-
cução a) Quem alegue ser titular de um interesse di-
reto e pessoal, designadamente por ter sido lesa-
1 — Não são impugnáveis os atos confirmati-
do pelo ato nos seus direitos ou interesses legal-
vos, entendendo-se como tal os atos que se limi-
mente protegidos;
tem a reiterar, com os mesmos fundamentos,
decisões contidas em atos administrativos anteri- b) O Ministério Público;
ores.
c) Entidades públicas e privadas, quanto aos
2 — Excetuam-se do disposto no número an- direitos e interesses que lhes cumpra defender;
terior os casos em que o interessado não tenha
tido o ónus de impugnar o ato confirmado, por d) Órgãos administrativos, relativamente a
não se ter verificado, em relação a este ato, atos praticados por outros órgãos da mesma
qualquer dos factos previstos nos n.ºs 2 e 3 do pessoa coletiva pública que alegadamente com-
artigo 59.º prometam as condições do exercício de compe-
tências legalmente conferidas aos primeiros para
3 — Os atos jurídicos de execução de atos a prossecução de interesses pelos quais esses
administrativos só são impugnáveis por vícios órgãos sejam diretamente responsáveis;
próprios, na medida em que tenham um conteú-
do decisório de caráter inovador. e) Presidentes de órgãos colegiais, em relação
a atos praticados pelo respetivo órgão, bem co-
4 — Quando seja admitida a impugnação do mo outras autoridades, em defesa da legalidade
ato confirmativo, nos termos do n.º 2, os efeitos administrativa, nos casos previstos na lei;
da sentença que conheça do objeto do processo
são extensivos ao ato confirmado. f) Pessoas e entidades mencionadas no n.º 2
do artigo 9.º
Artigo 54.º 2 — A qualquer eleitor, no gozo dos seus di-
reitos civis e políticos, é permitido impugnar as
Impugnação de ato administrativo ineficaz
decisões e deliberações adotadas por órgãos das
1 — Os atos administrativos só podem ser im- autarquias locais sediadas na circunscrição onde
pugnados a partir do momento em que produzam se encontre recenseado, assim como das entida-
efeitos. des instituídas por autarquias locais ou que des-
tas dependam.
2 — O disposto no número anterior não exclui
a faculdade de impugnação de atos que não te- 3 — A intervenção do interessado no procedi-
nham começado a produzir efeitos jurídicos mento em que tenha sido praticado o ato admi-
quando: nistrativo constitui mera presunção de legitimi-
dade para a sua impugnação.
a) Tenha sido desencadeada a sua execução;
b) Seja seguro ou muito provável que o ato
irá produzir efeitos, designadamente por a inefi-
cácia se dever apenas ao facto de o ato se en-
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CÓDIGO DE PROCESSO NOS TRIBUNAIS ADMINISTRATIVOS
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Artigo 56.º to, a tempestiva apresentação da petição não era


exigível a um cidadão normalmente diligente, em
Aceitação do ato
virtude de a conduta da Administração ter induzi-
1 — Não pode impugnar um ato administrati- do o interessado em erro; ou
vo com fundamento na sua mera anulabilidade
c) Quando, não tendo ainda decorrido um ano
quem o tenha aceitado, expressa ou tacitamente,
sobre a data da prática do ato ou da sua publica-
depois de praticado.
ção, quando obrigatória, o atraso deva ser consi-
2 — A aceitação tácita deriva da prática, es- derado desculpável, atendendo à ambiguidade do
pontânea e sem reserva, de facto incompatível quadro normativo aplicável ou às dificuldades
com a vontade de impugnar. que, no caso concreto, se colocavam quanto à
identificação do ato impugnável, ou à sua qualifi-
3 — A execução ou acatamento por funcioná- cação como ato administrativo ou como norma.
rio ou agente não se considera aceitação tácita
do ato executado ou acatado, salvo quando de- 4 — [Revogado].
penda da vontade daqueles a escolha da oportu-
nidade da execução. Artigo 59.º
Início dos prazos de impugnação
Artigo 57.º
1 — Sem prejuízo da faculdade de impugna-
Contrainteressados
ção em momento anterior, dentro dos condicio-
Para além da entidade autora do ato impug- nalismos do artigo 54.º, os prazos de impugna-
nado, são obrigatoriamente demandados os con- ção só começam a correr na data da ocorrência
trainteressados a quem o provimento do proces- dos factos previstos nos números seguintes se,
so impugnatório possa diretamente prejudicar ou nesse momento, o ato a impugnar já for eficaz,
que tenham legítimo interesse na manutenção do contando-se tais prazos, na hipótese contrária,
ato impugnado e que possam ser identificados desde o início da produção de efeitos do ato.
em função da relação material em causa ou dos
2 — O prazo para a impugnação pelos desti-
documentos contidos no processo administrativo.
natários a quem o ato administrativo deva ser
notificado só corre a partir da data da notificação
SUBSECÇÃO III ao interessado ou ao seu mandatário, quando
Dos prazos de impugnação este tenha sido como tal constituído no procedi-
mento, ou da data da notificação efetuada em
Artigo 58.º último lugar caso ambos tenham sido notificados,
ainda que o ato tenha sido objeto de publicação,
Prazos mesmo que obrigatória.
1 — Salvo disposição legal em contrário, a 3 — O prazo para a impugnação por quaisquer
impugnação de atos nulos não está sujeita a pra- outros interessados começa a correr a partir de
zo e a de atos anuláveis tem lugar no prazo de: um dos seguintes factos:
a) Um ano, se promovida pelo Ministério Pú- a) Quando os atos tenham de ser publicados,
blico; da data em que o ato publicado deva produzir
b) Três meses, nos restantes casos. efeitos;

2 — Sem prejuízo do disposto no n.º 4 do ar- b) Quando os atos não tenham de ser publi-
tigo 59.º, os prazos estabelecidos no número cados, da data da notificação, da publicação, ou
anterior contam-se nos termos do artigo 279.º do do conhecimento do ato ou da sua execução,
Código Civil. consoante o que ocorra em primeiro lugar.

3 — A impugnação é admitida, para além do 4 — A utilização de meios de impugnação ad-


prazo previsto na alínea b) do n.º 1: ministrativa suspende o prazo de impugnação
contenciosa do ato administrativo, que só retoma
a) Nas situações em que ocorra justo impedi- o seu curso com a notificação da decisão proferi-
mento, nos termos previstos na lei processual da sobre a impugnação administrativa ou com o
civil; decurso do respetivo prazo legal, consoante o
que ocorra em primeiro lugar.
b) No prazo de três meses, contado da data
da cessação do erro, quando se demonstre, com 5 — A suspensão do prazo prevista no número
respeito pelo contraditório, que, no caso concre- anterior não impede o interessado de proceder à
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CÓDIGO DE PROCESSO NOS TRIBUNAIS ADMINISTRATIVOS
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impugnação contenciosa do ato na pendência da em que seja admitida a cumulação de impugna-


impugnação administrativa, bem como de reque- ções, a apensação dos processos deve ser orde-
rer a adoção de providências cautelares. nada no que foi intentado em primeiro lugar, nos
termos do artigo 28.º
6 — O prazo para a impugnação pelo Ministé-
rio Público conta-se a partir da data da prática do 2 — O processo impugnatório apensado é car-
ato ou da sua publicação, quando obrigatória. regado ao relator na espécie respetiva quando a
apensação se fundamente em conexão ou de-
7 — O Ministério Público pode impugnar o ato
pendência entre atos impugnados ou na circuns-
em momento anterior ao da publicação obrigató-
tância de pertencerem ao mesmo procedimento
ria, caso tenha sido entretanto desencadeada a
administrativo.
sua execução.
8 — A retificação do ato administrativo ou da Artigo 62.º
sua notificação ou publicação não determina o
Prossecução da ação pelo Ministério Público
início de novo prazo, salvo quando diga respeito
à indicação do autor, do sentido ou dos funda- 1 — O Ministério Público pode, no exercício da
mentos da decisão. ação pública, assumir a posição de autor, reque-
rendo o seguimento de processo que, por decisão
Artigo 60.º ainda não transitada, tenha terminado por desis-
tência ou outra circunstância própria do autor.
Notificação ou publicação deficientes
2 — Para o efeito do disposto no número an-
1 — O ato administrativo não é oponível ao in-
terior, o juiz, uma vez extinta a instância, dará
teressado quando a notificação ou a publicação,
vista do processo ao Ministério Público.
quando exigível, não deem a conhecer o sentido
da decisão.
Artigo 63.º
2 — Quando a notificação ou a publicação do ato
Ampliação da instância
administrativo não contenham a indicação do autor,
da data ou dos fundamentos da decisão, tem o 1 — Até ao encerramento da discussão em
interessado a faculdade de requerer à entidade que primeira instância, o objeto do processo pode ser
proferiu o ato a notificação das indicações em falta ampliado à impugnação de atos que venham a
ou a passagem de certidão que as contenha, bem surgir no âmbito ou na sequência do procedimen-
como, se necessário, de pedir a correspondente to em que o ato impugnado se insere, assim co-
intimação judicial, nos termos previstos nos artigos mo à formulação de novas pretensões que com
104.º e seguintes deste Código. aquela possam ser cumuladas.
3 — A apresentação, no prazo de 30 dias, de 2 — O disposto no número anterior é extensi-
requerimento dirigido ao autor do ato, ao abrigo vo ao caso de o ato impugnado ser relativo à
do disposto no número anterior, interrompe o formação de um contrato e este vir a ser cele-
prazo de impugnação, mantendo-se a interrupção brado na pendência do processo, como também
se vier a ser pedida a intimação judicial a que se às situações em que sobrevenham atos adminis-
refere o mesmo número. trativos cuja validade dependa da existência ou
validade do ato impugnado, ou cujos efeitos se
4 — Não são oponíveis ao interessado eventu-
oponham à utilidade pretendida no processo.
ais erros contidos na notificação ou na publicação,
no que se refere à indicação do autor, da data, do 3 — Para o efeito do disposto nos números
sentido ou dos fundamentos da decisão, bem co- anteriores, deve a Administração trazer ao pro-
mo eventual erro ou omissão quanto à existência cesso a informação da existência dos eventuais
de delegação ou subdelegação de poderes. atos conexos com o ato impugnado que venham
a ser praticados na pendência do mesmo.
SUBSECÇÃO IV
4 — A ampliação do objeto é requerida pelo
Da instância autor em articulado próprio, que é notificado à
entidade demandada e aos contrainteressados,
Artigo 61.º para que se pronunciem no prazo de 10 dias.

Apensação de impugnações
1 — Quando sejam separadamente intentados
diferentes processos impugnatórios em situações

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CÓDIGO DE PROCESSO NOS TRIBUNAIS ADMINISTRATIVOS
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Artigo 64.º 2 — O disposto no número anterior é aplicável


aos casos em que, por forma diversa da revoga-
Anulação administrativa, sanação e revogação
ção, cesse ou se esgote a produção de efeitos do
do ato impugnado com efeitos retroativos
ato impugnado, designadamente pela sua inte-
1 — Quando, na pendência do processo, o ato gral execução no plano dos factos.
impugnado seja objeto de anulação administrati-
3 — Quando a cessação de efeitos do ato im-
va acompanhada ou sucedida de nova regulação,
pugnado seja acompanhada de nova regulação
pode o autor requerer que o processo prossiga
da situação, o autor goza da faculdade prevista
contra o novo ato com fundamento na reincidên-
no artigo anterior.
cia nas mesmas ilegalidades, sendo aproveitada
a prova produzida e dispondo o autor da faculda- 4 — O disposto no n.º 1 é aplicável aos casos
de de oferecer novos meios de prova. em que o ato revogatório já tinha sido praticado
no momento em que o processo foi intentado,
2 — O requerimento a que se refere o número
sem que o autor disso tivesse ou devesse ter
anterior deve ser apresentado no prazo de im-
conhecimento.
pugnação do ato anulatório e antes do trânsito
em julgado da decisão que julgue extinta a ins-
SECÇÃO II
tância.
Condenação à prática do ato devido
3 — O disposto no n.º 1 é aplicável a todos os
casos em que o ato impugnado seja, total ou
parcialmente, alterado ou substituído por outro Artigo 66.º
com os mesmos efeitos, e ainda no caso de o ato Objeto
anulatório já ter sido praticado no momento em
que o processo foi intentado, sem que o autor 1 — A ação administrativa pode ser utilizada
disso tivesse ou devesse ter conhecimento. para obter a condenação da entidade competente
à prática, dentro de determinado prazo, de um ato
4 — Se o ato anulado pela Administração na administrativo ilegalmente omitido ou recusado.
pendência do processo só vier a ser substituído
por outro após a extinção da instância, o interes- 2 — Ainda que a prática do ato devido tenha
sado pode requerer, dentro do prazo de impug- sido expressamente recusada, o objeto do proces-
nação contenciosa, a reabertura do processo so é a pretensão do interessado e não o ato de
contra o novo ato com fundamento na reincidên- indeferimento, cuja eliminação da ordem jurídica
cia nas mesmas ilegalidades, sendo aproveitada resulta diretamente da pronúncia condenatória.
a prova produzida e dispondo o autor da faculda- 3 — A possibilidade prevista no artigo seguin-
de de oferecer novos meios de prova. te da dedução de pedidos de condenação à práti-
5 — O disposto nos números anteriores é ca de ato devido contra atos de conteúdo positivo
também aplicável aos casos de revogação do ato não prejudica a faculdade do interessado de op-
com efeitos retroativos. tar por proceder, em alternativa, à impugnação
dos atos em causa.
6 — Quando, na pendência de processo de
impugnação de ato que tenha determinado a Artigo 67.º
imposição de deveres, encargos, ónus ou sujei-
ções, a aplicação de sanções ou a restrição de Pressupostos
direitos ou interesses legalmente protegidos, for 1 — A condenação à prática de ato adminis-
proferido ato com o alcance de sanar os efeitos trativo pode ser pedida quando, tendo sido apre-
do ato impugnado, o autor pode requerer a anu- sentado requerimento que constitua o órgão
lação dos efeitos lesivos produzidos por aquele competente no dever de decidir:
ato durante o período de tempo que precedeu a
respetiva sanação. a) Não tenha sido proferida decisão dentro do
prazo legalmente estabelecido;
Artigo 65.º b) Tenha sido praticado ato administrativo de
Revogação do ato impugnado sem efeitos indeferimento ou de recusa de apreciação do
retroativos requerimento;

1 — Quando na pendência do processo, seja c) Tenha sido praticado ato administrativo de


proferido ato revogatório sem efeitos retroativos conteúdo positivo que não satisfaça integralmen-
do ato impugnado, o processo prossegue em te a pretensão do interessado.
relação aos efeitos produzidos.
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CÓDIGO DE PROCESSO NOS TRIBUNAIS ADMINISTRATIVOS
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2 — Para os efeitos do disposto na alínea a) 2 — Para além da entidade responsável pela


do número anterior, a falta de resposta a reque- situação de ilegalidade, são obrigatoriamente
rimento dirigido a delegante ou subdelegante é demandados os contrainteressados a quem a
imputada ao delegado ou subdelegado, mesmo prática do ato pretendido possa diretamente pre-
que a este não tenha sido remetido o requeri- judicar ou que tenham legítimo interesse em que
mento. ele não seja praticado e que possam ser identifi-
cados em função da relação material em causa
3 — Para os mesmos efeitos, quando, tendo
ou dos documentos contidos no processo admi-
sido o requerimento dirigido a órgão incompeten-
nistrativo.
te, este não o tenha remetido oficiosamente ao
órgão competente nem o tenha devolvido ao
Artigo 69.º
requerente, a inércia daquele primeiro órgão é
imputada ao segundo. Prazos
4 — A condenação à prática de ato adminis- 1 — Em situações de inércia da Administra-
trativo também pode ser pedida sem ter sido ção, o direito de ação caduca no prazo de um ano
apresentado requerimento, quando: contado desde o termo do prazo legal estabeleci-
do para a emissão do ato ilegalmente omitido.
a) Não tenha sido cumprido o dever de emitir
um ato administrativo que resultava diretamente 2 — Nos casos de indeferimento, de recusa de
da lei; apreciação do requerimento ou de pretensão
dirigida à substituição de um ato de conteúdo
b) Se pretenda obter a substituição de um ato
positivo, o prazo de propositura da ação é de três
administrativo de conteúdo positivo.
meses, sendo aplicável o disposto no n.º 3 do
artigo 58.º e nos artigos 59.º e 60.º
Artigo 68.º
3 — Quando, nos casos previstos no número
Legitimidade
anterior, esteja em causa um ato nulo, o pedido
1 — Tem legitimidade para pedir a condena- de condenação à prática do ato devido pode ser
ção à prática de um ato administrativo: deduzido no prazo de dois anos, contado da data
da notificação do ato de indeferimento, do ato de
a) Quem alegue ser titular de um direito ou recusa de apreciação do requerimento ou do ato
interesse legalmente protegido, dirigido à emis- de conteúdo positivo que o interessado pretende
são desse ato; ver substituído por outro, sem prejuízo, neste
b) O Ministério Público, sem necessidade da último caso, da possibilidade, em alternativa, da
apresentação de requerimento, quando o dever impugnação do ato de conteúdo positivo sem
de praticar o ato resulte diretamente da lei e dependência de prazo.
esteja em causa a ofensa de direitos fundamen-
tais, a defesa de interesses públicos especialmen- Artigo 70.º
te relevantes ou de qualquer dos valores e bens
Alteração da instância
referidos no n.º 2 do artigo 9.º;
1 — Quando a pretensão do interessado seja
c) Pessoas coletivas, públicas ou privadas, em
indeferida na pendência de processo intentado
relação aos direitos e interesses que lhes cumpra
em situação de inércia ou de recusa de aprecia-
defender;
ção de requerimento, pode o autor alegar novos
d) Órgãos administrativos, relativamente a fundamentos e oferecer diferentes meios de pro-
condutas de outros órgãos da Administração Pú- va em favor da sua pretensão.
blica, que alegadamente comprometam as condi-
2 — A faculdade conferida pelo número ante-
ções do exercício de competências legalmente
rior é extensiva aos casos em que o indeferimen-
conferidas aos primeiros para a prossecução de
to seja anterior, mas só tenha sido notificado ao
interesses pelos quais estes órgãos sejam dire-
autor após a propositura da ação.
tamente responsáveis;
3 — Quando, na pendência do processo, seja
e) Presidentes de órgãos colegiais, relativa-
proferido um ato administrativo que não satisfaça
mente à conduta do respetivo órgão, bem como
integralmente a pretensão do interessado, o au-
outras autoridades, em defesa da legalidade ad-
tor pode promover a alteração do objeto do pro-
ministrativa, nos casos previstos na lei;
cesso, para o efeito de pedir a anulação parcial
f) As demais pessoas e entidades menciona- do novo ato ou a condenação da entidade de-
das no n.º 2 do artigo 9.º
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CÓDIGO DE PROCESSO NOS TRIBUNAIS ADMINISTRATIVOS
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mandada à prática do ato necessário à satisfação 2 — Fica excluída do regime regulado na pre-
integral da sua pretensão. sente secção a declaração de ilegalidade com
força obrigatória geral com qualquer dos funda-
4 — Em todas as situações previstas nos nú-
mentos previstos no n.º 1 do artigo 281.º da
meros anteriores, o autor deve apresentar arti-
Constituição da República Portuguesa.
culado próprio no prazo de 30 dias, contado
desde a data da notificação do ato, consideran-
Artigo 73.º
do-se como tal, quando não tenha havido notifi-
cação, a data do conhecimento do ato obtido no Pressupostos
processo.
1 — A declaração de ilegalidade com força obri-
gatória geral de norma imediatamente operativa
Artigo 71.º
pode ser pedida por quem seja diretamente preju-
Poderes de pronúncia do tribunal dicado pela vigência da norma ou possa vir previsi-
velmente a sê-lo em momento próximo, indepen-
1 — Ainda que o requerimento apresentado
dentemente da prática de ato concreto de aplica-
não tenha obtido resposta ou a sua apreciação
ção, pelo Ministério Público e por pessoas e entida-
tenha sido recusada, o tribunal não se limita a
des nos termos do n.º 2 do artigo 9.º, assim como
devolver a questão ao órgão administrativo com-
pelos presidentes de órgãos colegiais, em relação a
petente, anulando ou declarando nulo o eventual
normas emitidas pelos respetivos órgãos.
ato de indeferimento, mas pronuncia-se sobre a
pretensão material do interessado, impondo a 2 — Quem seja diretamente prejudicado ou
prática do ato devido. possa vir previsivelmente a sê-lo em momento
próximo pela aplicação de norma imediatamente
2 — Quando a emissão do ato pretendido en-
operativa que incorra em qualquer dos funda-
volva a formulação de valorações próprias do
mentos de ilegalidade previstos no n.º 1 do arti-
exercício da função administrativa e a aprecia-
go 281.º da Constituição da República Portugue-
ção do caso concreto não permita identificar
sa pode obter a desaplicação da norma, pedindo
apenas uma solução como legalmente possível,
a declaração da sua ilegalidade com efeitos cir-
o tribunal não pode determinar o conteúdo do
cunscritos ao seu caso.
ato a praticar, mas deve explicitar as vincula-
ções a observar pela Administração na emissão 3 — Quando os efeitos de uma norma não se
do ato devido. produzam imediatamente, mas só através de um
ato administrativo de aplicação, o lesado, o Mi-
3 — Quando tenha sido pedida a condenação
nistério Público ou qualquer das pessoas e enti-
à prática de um ato com um conteúdo determi-
dades nos termos do n.º 2 do artigo 9.º podem
nado, mas se verifique que, embora seja devida
suscitar a questão da ilegalidade da norma apli-
a prática de um ato administrativo, não é possí-
cada no âmbito do processo dirigido contra o ato
vel determinar o seu conteúdo, o tribunal não
de aplicação a título incidental, pedindo a desa-
absolve do pedido, mas condena a entidade de-
plicação da norma.
mandada à emissão do ato em questão, de acor-
do com os parâmetros estabelecidos no número 4 — O Ministério Público tem o dever de pedir
anterior. a declaração de ilegalidade com força obrigatória
geral quando tenha conhecimento de três deci-
SECÇÃO III sões de desaplicação de uma norma com funda-
mento na sua ilegalidade, bem como de recorrer
Impugnação de normas e condenação à das decisões de primeira instância que declarem
emissão de normas a ilegalidade com força obrigatória geral.

Artigo 72.º 5 — Para o efeito do disposto no número an-


terior, a secretaria remete ao representante do
Objeto Ministério Público junto do tribunal certidão das
1 — A impugnação de normas no contencioso sentenças que tenham desaplicado, com funda-
administrativo tem por objeto a declaração da mento em ilegalidade, quaisquer normas emitidas
ilegalidade de normas emanadas ao abrigo de ao abrigo de disposições de direito administrativo
disposições de direito administrativo, por vícios ou que tenham declarado a respetiva ilegalidade
próprios ou derivados da invalidade de atos prati- com força obrigatória geral.
cados no âmbito do respetivo procedimento de
aprovação.

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CÓDIGO DE PROCESSO NOS TRIBUNAIS ADMINISTRATIVOS
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Artigo 74.º Artigo 77.º


Prazos Condenação à emissão de normas
1 — Sem prejuízo do disposto no número se- 1 — O Ministério Público, as demais pessoas e
guinte, a declaração de ilegalidade de normas entidades defensoras dos interesses referidos no
pode ser pedida a todo o tempo. n.º 2 do artigo 9.º, os presidentes de órgãos
colegiais, em relação a normas omitidas pelos
2 — A declaração de ilegalidade com funda-
respetivos órgãos, e quem alegue um prejuízo
mento em ilegalidade formal ou procedimental da
diretamente resultante da situação de omissão
qual não resulte inconstitucionalidade só pode ser
podem pedir ao tribunal administrativo compe-
pedida no prazo de seis meses, contado da data
tente que aprecie e verifique a existência de situ-
da publicação, salvo nos casos de carência abso-
ações de ilegalidade por omissão das normas
luta de forma legal ou de preterição de consulta
cuja adoção, ao abrigo de disposições de direito
pública exigida por lei.
administrativo, seja necessária para dar exequi-
bilidade a atos legislativos carentes de regula-
Artigo 75.º mentação.
Decisão 2 — Quando verifique a existência de uma si-
O juiz pode decidir com fundamento na ofensa tuação de ilegalidade por omissão, o tribunal
de princípios ou normas jurídicas diversos daque- condena a entidade competente à emissão do
les cuja violação haja sido invocada. regulamento em falta, fixando prazo para que a
omissão seja suprida.
Artigo 76.º
SECÇÃO IV
Efeitos da declaração de ilegalidade com
força obrigatória geral Ações relativas à validade e execução de
contratos
1 — A declaração com força obrigatória geral
da ilegalidade de uma norma, nos termos previs- Artigo 77.º-A
tos neste Código, produz efeitos desde a data da
entrada em vigor da norma, salvo no caso de Legitimidade
ilegalidade superveniente.
1 — Os pedidos relativos à validade, total ou
2 — O tribunal pode, no entanto, determinar parcial, de contratos podem ser deduzidos:
que os efeitos da decisão se produzam apenas a
a) Pelas partes na relação contratual;
partir da data do trânsito em julgado da sentença
quando razões de segurança jurídica, de equida- b) Pelo Ministério Público;
de ou de interesse público de excecional relevo,
c) Por quem tenha sido prejudicado pelo facto
devidamente fundamentadas, o justifiquem.
de não ter sido adotado o procedimento pré-
3 — Nos processos intentados por quem tenha contratual legalmente exigido;
sido diretamente prejudicado pela vigência de
d) Por quem tenha impugnado um ato admi-
norma imediatamente operativa, a aplicação do
nistrativo relativo ao respetivo procedimento e
disposto no número anterior não prejudica a eli-
alegue que a invalidade decorre das ilegalidades
minação dos efeitos lesivos causados pela norma
cometidas no âmbito desse procedimento;
na esfera jurídica do autor.
e) Por quem, tendo participado no procedi-
4 — A retroatividade da declaração de ilegali-
mento que precedeu a celebração do contrato,
dade não afeta os casos julgados nem os atos
alegue que o clausulado não corresponde aos
administrativos que entretanto se tenham torna-
termos da adjudicação;
do inimpugnáveis, salvo decisão em contrário do
tribunal, quando a norma respeite a matéria san- f) Por quem alegue que o clausulado do con-
cionatória e seja de conteúdo menos favorável ao trato não corresponde aos termos inicialmente
particular. estabelecidos e que justificadamente o tinham
levado a não participar no procedimento pré-
5 — A declaração a que se refere o presente
contratual, embora preenchesse os requisitos
artigo implica a repristinação das normas revo-
necessários para o efeito;
gadas, salvo quando estas sejam ilegais ou te-
nham deixado por outro motivo de vigorar. g) Pelas pessoas singulares ou coletivas titula-
res ou defensoras de direitos subjetivos ou inte-

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CÓDIGO DE PROCESSO NOS TRIBUNAIS ADMINISTRATIVOS
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resses legalmente protegidos aos quais a execu- petição inicial seja recebida na secretaria do tri-
ção do contrato cause ou possa causar prejuízos; bunal ao qual é dirigida.
h) Pelas pessoas e entidades nos termos do 2 — Na petição inicial, deduzida por forma ar-
n.º 2 do artigo 9.º ticulada, deve o autor:
2 — A anulabilidade de quaisquer contratos por a) Designar o tribunal em que a ação é pro-
falta e vícios da vontade só pode ser arguida pelas posta;
pessoas em cujo interesse a lei a estabelece.
b) Identificar as partes, incluindo eventuais
3 — Os pedidos relativos à execução de con- contrainteressados, indicando os seus nomes,
tratos podem ser deduzidos: domicílios ou sedes e, sempre que possível, não
se tratando de entidades públicas, números de
a) Pelas partes na relação contratual;
identificação civil, de identificação fiscal ou de
b) Pelas pessoas singulares e coletivas porta- pessoa coletiva, profissões e locais de trabalho;
doras ou defensoras de direitos subjetivos ou
c) Indicar o domicílio profissional do mandatá-
interesses legalmente protegidos em função dos
rio judicial;
quais as cláusulas contratuais tenham sido esta-
belecidas; d) Indicar a forma do processo;
c) Pelo Ministério Público; e) Identificar o ato jurídico impugnado, quan-
do seja o caso;
d) Pelas pessoas e entidades nos termos do
n.º 2 do artigo 9.º; f) Expor os factos essenciais que constituem a
causa de pedir e as razões de direito que servem
e) Por quem tenha sido preterido no procedi-
de fundamento à ação;
mento que precedeu a celebração do contrato.
g) Formular o pedido;
Artigo 77.º-B
h) Declarar o valor da causa.
Prazos
3 — Para o efeito do disposto na alínea b) do
1 — A invalidade dos contratos com objeto número anterior, a indicação como parte deman-
passível de ato administrativo pode ser arguida dada do órgão que emitiu ou devia ter emitido
dentro dos prazos previstos para o ato com o uma norma ou um ato administrativo é suficiente
mesmo objeto e idêntica regulamentação da situ- para que, nos processos com esse objeto, se
ação concreta. considere indicada, quando o devesse ter sido, a
pessoa coletiva, o ministério ou a secretaria regi-
2 — A anulabilidade, total ou parcial, dos demais onal, pelo que a citação que venha a ser dirigida
contratos pode ser arguida no prazo de seis meses, ao órgão se considera feita, nesse caso, à pessoa
contado desde a data da celebração do contrato, coletiva, ao ministério ou à secretaria regional a
em relação às partes, ou do respetivo conhecimen- que o órgão pertence.
to, quanto a terceiros e ao Ministério Público.
4 — Quando o autor pretenda apresentar rol
3 — A anulação de quaisquer contratos por de testemunhas e requerer outros meios de pro-
falta e vícios da vontade pode ser sempre pedida va, deve fazê-lo no final da petição, podendo
no prazo de seis meses, contado desde a data da indicar, quando seja caso disso, que os documen-
cessação do vício. tos necessários à prova constam do processo
administrativo.
CAPÍTULO III
5 — [Revogado].
Marcha do processo
Artigo 78.º-A
SECÇÃO I
Contrainteressados
Articulados
1 — Quando o autor não conheça, no todo ou
Artigo 78.º em parte, a identidade e residência dos contrain-
teressados, pode requerer à Administração, pre-
Requisitos da petição inicial viamente à propositura da ação, a passagem de
1 — A instância constitui-se com a propositura certidão da qual constem aqueles elementos de
da ação e esta considera-se proposta logo que a identificação.

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CÓDIGO DE PROCESSO NOS TRIBUNAIS ADMINISTRATIVOS
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2 — Se a certidão não for passada no prazo 4 — Alegando motivo justificado, é fixado pra-
legal, o autor, na petição inicial, deve juntar pro- zo ao autor para a junção de documentos que
va de que a requereu, indicar a identidade e resi- não tenha podido obter em tempo.
dência dos contrainteressados que conheça e
5 — [Revogado].
requerer a intimação judicial da entidade deman-
dada para, no prazo de cinco dias, fornecer ao 6 — [Revogado].
tribunal a identidade e residência dos contrainte-
ressados em falta, para o efeito de poderem ser 7 — Em tudo o que não esteja expressamente
citados. regulado neste artigo, aplica-se, com as necessá-
rias adaptações, o disposto no Código de Proces-
3 — O incumprimento pela entidade deman- so Civil quanto à instrução da petição inicial.
dada da intimação referida no número anterior
sem justificação adequada determina a imposição Artigo 80.º
de sanção pecuniária compulsória, segundo o
disposto no artigo 169.º, sem prejuízo da consti- Recusa da petição pela secretaria
tuição em responsabilidade, nos termos do artigo 1 — A secretaria recusa o recebimento da pe-
159.º tição inicial, indicando por escrito o fundamento
da rejeição, quando se verifique algum dos se-
Artigo 79.º guintes factos:
Instrução da petição a) Não tenha endereço ou esteja endereçada
1 — O autor deve instruir a petição inicial com a outro tribunal ou autoridade;
o documento comprovativo do prévio pagamento b) No caso de referir a existência de contrain-
da taxa de justiça devida, da concessão do bene- teressados, não proceder à cabal indicação do
fício de apoio judiciário, ou, ocorrendo razão de respetivo nome e residência, sem prejuízo do
urgência, do pedido de apoio judiciário requerido, disposto no artigo 78.º-A;
mas ainda não concedido.
c) Omita qualquer dos elementos a que se re-
2 — Quando a petição inicial seja apresentada ferem as alíneas b), c), d) e h) do n.º 2 do artigo
por transmissão eletrónica de dados, o prévio 78.º;
pagamento da taxa de justiça ou a concessão do
benefício do apoio judiciário são comprovados d) Não tenha sido junto nenhum dos docu-
nos termos definidos por portaria do membro do mentos comprovativos previstos no n.º 1 do arti-
Governo responsável pela área da justiça. go 79.º;

3 — Sem prejuízo dos demais requisitos exigi- e) Não esteja redigida em língua portuguesa;
dos pela lei processual civil, a petição inicial deve f) Não esteja assinada;
ser instruída com a prova documental e designa-
damente: g) [Revogada].

a) Quando seja deduzida pretensão impugna- 2 — A recusa da petição pela secretaria tem
tória, com documento comprovativo da emissão os efeitos e consequências que lhe correspondem
da norma ou do ato impugnados; na lei processual civil, podendo ser objeto de
reclamação e recurso nos termos previstos na
b) Quando seja pedida a declaração de inexis- mesma lei.
tência de ato administrativo, com a eventual
prova da aparência de tal ato; Artigo 81.º
c) Quando a pretensão do autor dirigida à prá- Citação dos demandados
tica de um ato administrativo tenha sido indeferi-
da ou rejeitada, com documento comprovativo do 1 — Recebida a petição, incumbe à secretaria
indeferimento ou da rejeição; promover oficiosamente a citação dos demandados.
d) Quando a pretensão do autor dirigida à 2 — O juiz pode, a requerimento do autor e
prática de um ato administrativo não tenha sido caso o considere justificado, determinar que a
respondida, com cópia do requerimento apresen- citação seja urgente, nos termos e para os efei-
tado, ou com recibo ou outro documento com- tos previstos na lei processual civil.
provativo da entrada do original nos serviços
3 — Nos processos que tenham por objeto a
competentes.
impugnação de norma, o juiz manda publicar
anúncio da propositura da ação, pelo meio e no

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CÓDIGO DE PROCESSO NOS TRIBUNAIS ADMINISTRATIVOS
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local utilizados para dar publicidade à norma, a 4 — Mediante pedido devidamente fundamen-
fim de permitir a intervenção no processo de tado, é concedida ao Ministério Público prorroga-
eventuais contrainteressados, que é admissível ção de prazo, não superior a 30 dias, quando
até ao termo da fase dos articulados. careça de informações que não possa obter den-
tro dele ou quando tenha de aguardar resposta a
4 — [Revogado].
consulta feita a instância superior.
5 — Nos processos em que haja contrainte-
5 — [Revogado].
ressados em número superior a 10, o juiz, sem
prejuízo de outros meios de publicitação, pode
Artigo 83.º
promover a respetiva citação mediante a publica-
ção de anúncio, com a advertência de que os Conteúdo e instrução da contestação
interessados dispõem do prazo de 15 dias para
se constituírem como contrainteressados no pro- 1 — Na contestação, deduzida por forma arti-
cesso. culada, os demandados devem:

6 — Quando esteja em causa a impugnação a) Individualizar a ação;


de um ato administrativo que tenha sido publica- b) Expor as razões de facto e de direito por
do, a publicação do anúncio mencionado no nú- que se opõem à pretensão do autor;
mero anterior faz-se, sem prejuízo de outros
meios de publicitação, pelo meio e no local utili- c) Expor os factos essenciais em que se basei-
zados para dar publicidade ao ato impugnado, e, am as exceções deduzidas, especificando-as se-
se o ato não tiver sido objeto de publicação, o paradamente.
anúncio é publicado em dois jornais diários de 2 — No final da contestação, os demandados
circulação nacional ou local, dependendo do âm- devem apresentar o rol de testemunhas, juntar
bito da matéria em causa. documentos e requerer outros meios de prova.
7 — Na hipótese prevista no n.º 5, os con- 3 — Toda a defesa deve ser deduzida na con-
trainteressados que como tais se tenham consti- testação, excetuados os incidentes que a lei
tuído são citados para contestarem no prazo pre- mande deduzir em separado, devendo os de-
visto no artigo seguinte. mandados nela tomar posição definida perante os
factos que constituem a causa de pedir invocada
Artigo 82.º pelo autor.
Prazo da contestação e cominação 4 — Sem prejuízo do disposto no n.º 6 do ar-
1 — Os demandados podem contestar no pra- tigo 84.º, a falta de impugnação especificada nas
zo de 30 dias a contar da citação, começando o ações relativas a atos administrativos e normas
prazo a correr desde o termo da dilação, quando não importa confissão dos factos articulados pelo
a esta houver lugar. autor, mas o tribunal aprecia livremente essa
conduta para efeitos probatórios.
2 — Quando, por erro cometido na petição ini-
cial, na hipótese prevista no n.º 3 do artigo 78.º, 5 — Depois da contestação só podem ser de-
seja citado um órgão diferente daquele que prati- duzidas as exceções, incidentes e meios de defe-
cou ou devia ter emitido a norma ou o ato admi- sa que sejam supervenientes, ou que a lei ex-
nistrativo, o órgão citado deve dar imediato co- pressamente admita passado esse momento, ou
nhecimento àquele que o deveria ter sido, bene- de que se deva conhecer oficiosamente.
ficiando, nesse caso, a entidade demandada de 6 — É aplicável à contestação, com as neces-
um prazo suplementar de 15 dias para apresen- sárias adaptações, o disposto nos n.ºs 1 e 2 do
tar a contestação e enviar o processo administra- artigo 79.º, sendo, quanto ao mais, aplicável o
tivo, quando exista. disposto na lei processual civil sobre a apresenta-
3 — Se a um contrainteressado não tiver sido ção do documento comprovativo do pagamento
facultada, em tempo útil, a consulta ao processo da taxa de justiça.
administrativo, ele pode dar conhecimento disso 7 — Quando a contestação seja subscrita por
ao juiz do processo, podendo, nesse caso, apre- licenciado em Direito com funções de apoio jurí-
sentar a contestação no prazo de 15 dias, conta- dico, nos termos do artigo 11.º, deve ser junta
do desde o momento em que venha a ser notifi- cópia do despacho que o designou.
cado de que o processo administrativo foi junto
aos autos.

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CÓDIGO DE PROCESSO NOS TRIBUNAIS ADMINISTRATIVOS
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Artigo 83.º-A 5 — Na falta de envio do processo administra-


tivo sem justificação aceitável, pode o juiz de-
Reconvenção
terminar a aplicação de sanções pecuniárias
1 — Quando na contestação seja deduzida re- compulsórias, nos termos do artigo 169.º, sem
convenção, esta deve ser expressamente identifi- prejuízo do apuramento da responsabilidade civil,
cada e deduzida em separado do restante articu- disciplinar e criminal a que haja lugar.
lado, e conter:
6 — A falta do envio do processo administrati-
a) Exposição dos factos essenciais que consti- vo não obsta ao prosseguimento da causa e de-
tuem a causa de pedir e das razões de direito termina que os factos alegados pelo autor se
que servem de fundamento à reconvenção; considerem provados, se aquela falta tiver torna-
do a prova impossível ou de considerável dificul-
b) Formulação do pedido; dade.
c) Declaração do valor da reconvenção. 7 — Da junção aos autos do processo admi-
2 — Se na contestação não for declarado o nistrativo é dado conhecimento a todos os inter-
valor da reconvenção, a contestação não deixa venientes no processo.
de ser recebida, mas o reconvinte é convidado a
indicar o valor, sob pena de a reconvenção não Artigo 85.º
ser atendida.
Intervenção do Ministério Público
3 — Quando o prosseguimento da reconven-
1 — No momento da citação dos demandados,
ção esteja dependente de qualquer ato a praticar
é fornecida cópia da petição e dos documentos
pelo reconvinte, o reconvindo é absolvido da
que a instruem ao Ministério Público, salvo nos
instância se, no prazo fixado, tal ato não se mos-
processos em que este figure como autor.
trar realizado.
2 — Em função dos elementos que possa coligir
SECÇÃO II e daqueles que venham a ser carreados para o
processo, o Ministério Público pode pronunciar-se
Trâmites subsequentes sobre o mérito da causa, em defesa dos direitos
fundamentais dos cidadãos, de interesses públicos
Artigo 84.º especialmente relevantes ou de algum dos valores
Envio do processo administrativo ou bens referidos no n.º 2 do artigo 9.º

1 — Com a contestação, ou dentro do respeti- 3 — Nos processos impugnatórios, o Ministério


vo prazo, a entidade demandada é obrigada a Público pode invocar causas de invalidade diver-
proceder, preferencialmente por via eletrónica, sas das que tenham sido arguidas na petição
ao envio do processo administrativo, quando inicial e solicitar a realização de diligências instru-
exista, assim como todos os demais documentos tórias para a respetiva prova.
respeitantes à matéria do processo de que seja 4 — Os poderes de intervenção previstos nos
detentora, sendo que o sistema informático dos números anteriores podem ser exercidos até 30
Tribunais Administrativos e Fiscais deve garantir dias após a notificação da junção do processo
a apensação dos mesmos aos autos. administrativo aos autos ou, não tendo esta lu-
2 — Quando por razões técnicas ou por outros gar, da apresentação da última contestação, dis-
motivos justificados não for possível o envio ele- so sendo, de imediato, notificadas as partes para
trónico, nos termos do número anterior, a enti- se pronunciarem.
dade demandada deve remeter ao Tribunal os 5 — Sendo utilizada a faculdade prevista na
originais do processo administrativo e dos demais parte final do n.º 3:
documentos, que são apensados aos autos.
a) Caso as diligências instrutórias requeridas
3 — Quando o processo administrativo se en- devam ser realizadas em audiência final, nos
contre já apensado a outros autos, a entidade termos do n.º 1 do artigo 91.º, o Ministério Públi-
demandada deve dar conhecimento do facto ao co é notificado para intervir nas mesmas;
tribunal, indicando a que autos se refere.
b) Caso as diligências instrutórias requeridas
4 — O original do processo administrativo po- não devam ser realizadas em audiência final, o
de ser substituído por fotocópias autenticadas e Ministério Público é notificado para alegar, nos
devidamente ordenadas, sem prejuízo da sua termos do artigo 91.º-A.
requisição, quando tal se mostre necessário.

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Artigo 85.º-A 3 — Quando o novo articulado se funde na


junção ao processo de elementos até aí desco-
Réplica e tréplica
nhecidos ou aos quais não tinha sido possível o
1 — É admissível réplica para o autor respon- acesso, ele deve ser oferecido nos 10 dias poste-
der, por forma articulada, às exceções deduzidas riores à notificação da junção dos referidos ele-
na contestação ou às exceções perentórias invo- mentos.
cadas pelo Ministério Público no exercício dos
4 — Recebido o articulado, são as outras par-
poderes que lhe confere o artigo anterior, assim
tes notificadas pela secretaria para responder no
como para deduzir toda a defesa quanto à maté-
prazo de 10 dias.
ria da reconvenção, não podendo a esta opor
nova reconvenção. 5 — As provas são oferecidas com o articulado
e com a resposta e os factos articulados que inte-
2 — Nas ações de simples apreciação negati-
ressem à decisão da causa são incluídos nos te-
va, a réplica serve para o autor impugnar os fac-
mas da prova.
tos constitutivos que o demandado tenha alegado
e para alegar os factos impeditivos ou extintivos 6 — [Revogado].
do direito invocado pelo demandado.
SECÇÃO III
3 — A réplica em resposta a exceções é apre-
sentada no prazo de 20 dias e em resposta a Saneamento, instrução e alegações
reconvenção no prazo de 30 dias, a contar da
data em que seja ou se considere notificada a Artigo 87.º
apresentação da contestação.
Despacho pré-saneador
4 — Quando tenha havido reconvenção, o au-
tor, na réplica, deve: 1 — Findos os articulados, o processo é con-
cluso ao juiz, que, sendo caso disso, profere des-
a) Expor as razões de facto e de direito por pacho pré-saneador destinado a:
que se opõe à reconvenção;
a) Providenciar pelo suprimento de exceções
b) Expor os factos essenciais em que se ba- dilatórias;
seiam as exceções deduzidas, especificando-as
separadamente. b) Providenciar pelo aperfeiçoamento dos arti-
culados, nos termos dos números seguintes;
5 — No caso previsto no número anterior, o
autor, no final da réplica, deve apresentar o rol c) Determinar a junção de documentos com
de testemunhas, juntar documentos e requerer vista a permitir a apreciação de exceções dilató-
outros meios de prova. rias ou o conhecimento, no todo ou em parte, do
mérito da causa no despacho saneador.
6 — Só é admissível tréplica para o demanda-
do responder, por forma articulada, às exceções 2 — O juiz convida as partes a suprir as irre-
deduzidas na réplica quanto à matéria da recon- gularidades dos articulados, fixando prazo para o
venção, no prazo de 20 dias a contar da notifica- suprimento ou correção do vício, designadamente
ção da réplica. quando careçam de requisitos legais ou a parte
não haja apresentado documento essencial ou de
Artigo 86.º que a lei faça depender o prosseguimento da
causa.
Articulados supervenientes
3 — Incumbe ainda ao juiz convidar as partes
1 — Os factos constitutivos, modificativos ou ao suprimento das insuficiências ou imprecisões
extintivos supervenientes podem ser deduzidos na exposição ou concretização da matéria de
em novo articulado, pela parte a que aproveitem, facto alegada, fixando prazo para a apresentação
até ao encerramento da discussão. de articulado em que se complete ou corrija o
inicialmente produzido.
2 — Consideram-se supervenientes tanto os
factos ocorridos posteriormente ao termo dos 4 — Os factos objeto de esclarecimento, adi-
prazos estabelecidos nos artigos precedentes tamento ou correção ficam sujeitos às regras
como os factos anteriores de que a parte só te- gerais sobre contraditoriedade e prova.
nha conhecimento depois de findarem esses pra-
zos, devendo, neste caso, produzir-se prova da 5 — As alterações à matéria de facto alegada
superveniência. não podem implicar convolação do objeto do
processo para relação jurídica diversa da contro-

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CÓDIGO DE PROCESSO NOS TRIBUNAIS ADMINISTRATIVOS
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vertida, devendo conformar-se com os limites f) Proferir, após debate, despacho destinado a
traçados pelo pedido e pela causa de pedir, se identificar o objeto do litígio e enunciar os temas
forem introduzidas pelo autor, e pelos limites da prova, e decidir as reclamações deduzidas
impostos pelo artigo 83.º, quando o sejam pelo pelas partes;
demandado.
g) Programar, após audição dos mandatários,
6 — Não cabe recurso do despacho de convite os atos a realizar na audiência final, estabelecer
ao suprimento de irregularidades, insuficiências o número de sessões e a sua duração, e designar
ou imprecisões dos articulados. as respetivas datas.
7 — A falta de suprimento de exceções dilató- 2 — Para efeitos do disposto na alínea e) do
rias ou de correção, dentro do prazo estabeleci- número anterior, o juiz pode determinar a adoção
do, das deficiências ou irregularidades da petição da tramitação processual adequada às especifici-
inicial determina a absolvição da instância. dades da causa e adaptar o conteúdo e a forma
dos atos processuais ao fim que visam atingir,
8 — A absolvição da instância sem prévia
assegurando um processo equitativo.
emissão de despacho pré-saneador, em casos em
que podia haver lugar ao suprimento de exceções 3 — O despacho que marque a audiência pré-
dilatórias ou de irregularidades, não impede o via indica o seu objeto e finalidade, mas não
autor de, no prazo de 15 dias, contado da notifi- constitui caso julgado sobre a possibilidade de
cação da decisão, apresentar nova petição, com apreciação imediata do mérito da causa.
observância das prescrições em falta, a qual se
4 — Não constitui motivo de adiamento a falta
considera apresentada na data em que o tinha
das partes ou dos seus mandatários.
sido a primeira, para efeitos da tempestividade
da sua apresentação. 5 — A audiência prévia é, sempre que possí-
vel, gravada, aplicando-se, com as necessárias
9 — Em tudo o que não esteja expressamente
adaptações, o disposto sobre a matéria na lei
regulado neste artigo, aplica-se, com as necessá-
processual civil.
rias adaptações, o disposto no Código de Proces-
so Civil em matéria de despacho pré-saneador e 6 — Os requerimentos probatórios podem ser
de gestão inicial do processo. alterados na audiência prévia.

Artigo 87.º-A Artigo 87.º-B


Audiência prévia Não realização da audiência prévia
1 — Concluídas as diligências resultantes do 1 — A audiência prévia não se realiza quando
preceitua do no artigo anterior, se a elas houver seja claro que o processo deve findar no despacho
lugar, e sem prejuízo do disposto no artigo se- saneador pela procedência de exceção dilatória.
guinte, é convocada audiência prévia, a realizar
num dos 30 dias subsequentes, destinada a al- 2 — Nas ações que hajam de prosseguir, o
gum ou alguns dos fins seguintes: juiz pode dispensar a realização da audiência
prévia quando esta se destine apenas aos fins
a) Realizar tentativa de conciliação, nos ter- previstos nas alíneas d), e) e f) do n.º 1 do artigo
mos do artigo 87.º-C; anterior, proferindo, nesse caso, despacho para
os fins indicados, nos 20 dias subsequentes ao
b) Facultar às partes a discussão de facto e de
termo dos articulados.
direito, quando o juiz tencione conhecer imediata-
mente, no todo ou em parte, do mérito da causa; 3 — Notificadas as partes, se alguma delas
pretender reclamar dos despachos proferidos
c) Discutir as posições das partes, com vista à
para os fins previstos nas alíneas e), f) e g) do
delimitação dos termos do litígio, e suprir as in-
n.º 1 do artigo anterior, pode requerer, em 10
suficiências ou imprecisões na exposição da ma-
dias, a realização de audiência prévia, que, neste
téria de facto que ainda subsistam ou se tornem
caso, deve realizar-se num dos 20 dias seguintes
patentes na sequência do debate;
e destinar-se a apreciar as questões suscitadas e,
d) Proferir despacho saneador, nos termos do acessoriamente, a fazer uso do disposto na alínea
n.º 1 do artigo 88.º; c) do n.º 1 do artigo anterior, podendo haver
alteração dos requerimentos probatórios.
e) Determinar, após debate, a adequação
formal, a simplificação ou a agilização do proces-
so;

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CÓDIGO DE PROCESSO NOS TRIBUNAIS ADMINISTRATIVOS
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Artigo 87.º-C so, suspendendo-se a audiência prévia e fixando-


se logo data para a sua continuação.
Tentativa de conciliação e mediação
4 — No caso previsto na alínea a) do n.º 1, o
1 — Quando a causa couber no âmbito dos
despacho constitui, logo que transite, caso julga-
poderes de disposição das partes, pode ter lugar,
do formal e, na hipótese prevista na alínea b),
em qualquer estado do processo, tentativa de
fica tendo, para todos os efeitos, o valor de sen-
conciliação ou mediação, desde que as partes
tença.
conjuntamente o requeiram ou o juiz a considere
oportuna, mas as partes não podem ser convo- 5 — Em tudo o que não esteja expressamente
cadas exclusivamente para esse fim mais do que regulado neste artigo, aplica-se, com as necessá-
uma vez. rias adaptações, o disposto no Código de Proces-
so Civil em matéria de despacho saneador e de
2 — Para o efeito do disposto no número an-
gestão inicial do processo.
terior, as partes são notificadas para comparecer
pessoalmente ou se fazerem representar por
Artigo 89.º
mandatário judicial com poderes especiais.
Exceções
3 — A tentativa de conciliação é presidida pelo
juiz, devendo este empenhar-se ativamente na 1 — As exceções são dilatórias ou perentórias.
obtenção da solução mais adequada aos termos
do litígio. 2 — As exceções dilatórias são de conheci-
mento oficioso e obstam a que o tribunal conheça
4 — Frustrando-se, total ou parcialmente, a do mérito da causa, dando lugar à absolvição da
conciliação, ficam consignadas em ata as concre- instância ou à remessa do processo para outro
tas soluções sugeridas pelo juiz, bem como os tribunal.
fundamentos que, no entendimento das partes,
justificam a persistência do litígio. 3 — As exceções perentórias consistem na in-
vocação de factos que impedem, modificam ou
5 — A mediação processa-se nos termos defi- extinguem o efeito jurídico dos factos articulados
nidos em diploma próprio. pelo autor, são de conhecimento oficioso quando
a lei não faz depender a sua invocação da vonta-
Artigo 88.º de do interessado e importam a absolvição total
ou parcial do pedido.
Despacho saneador
4 — São dilatórias, entre outras, as exceções
1 — O despacho saneador destina-se a:
seguintes:
a) Conhecer das exceções dilatórias e nulida-
a) Incompetência do tribunal;
des processuais que hajam sido suscitadas pelas
partes, ou que, em face dos elementos constan- b) Nulidade de todo o processo;
tes dos autos, o juiz deva apreciar oficiosamente;
c) Falta de personalidade ou de capacidade
b) Conhecer total ou parcialmente do mérito judiciária de alguma das partes;
da causa, sempre que a questão seja apenas de
d) Falta de autorização ou deliberação que o
direito ou quando, sendo também de facto, o
autor devesse obter;
estado do processo permita, sem necessidade de
mais indagações, a apreciação dos pedidos ou de e) Ilegitimidade de alguma das partes, desig-
algum dos pedidos deduzidos, ou de alguma ex- nadamente por falta da identificação dos con-
ceção perentória. trainteressados;
2 — As questões prévias referidas na alínea a) f) Coligação de autores ou demandados,
do número anterior que não tenham sido apreci- quando entre os pedidos não exista a conexão
adas no despacho saneador não podem ser susci- exigida no artigo 12.º
tadas nem decididas em momento posterior do
processo e as que sejam decididas no despacho g) Pluralidade subjetiva subsidiária, salvo caso
saneador não podem vir a ser reapreciadas. de dúvida fundamentada sobre o sujeito da rela-
ção controvertida;
3 — O despacho saneador pode ser logo dita-
do para a ata da audiência prévia mas, quando h) Falta de constituição de advogado ou de
não seja proferido nesse contexto ou quando a representante legal por parte do autor e a falta,
complexidade das questões a resolver o exija, o insuficiência ou irregularidade de mandato judici-
juiz pode proferi-lo por escrito e, se for caso dis- al por parte do mandatário que propôs a ação;

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CÓDIGO DE PROCESSO NOS TRIBUNAIS ADMINISTRATIVOS
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i) Inimpugnabilidade do ato impugnado; 4 — Quando tenham sido cumulados pedidos


fundados no reconhecimento, a título principal,
j) Ilegalidade da cumulação de pretensões;
da ilegalidade da conduta administrativa e a
k) Intempestividade da prática do ato proces- complexidade da apreciação desses pedidos o
sual; justifique, o tribunal pode antecipar a decisão do
pedido principal em relação à instrução respei-
l) Litispendência e caso julgado. tante ao pedido ou pedidos cumulados, que ape-
nas terá lugar se a procedência destes pedidos
Artigo 89.º-A não ficar prejudicada pela decisão tomada quanto
Despacho de prova e aditamento ou altera- ao pedido principal.
ção do rol de testemunhas
Artigo 91.º
1 — Proferido despacho saneador, quando a
ação deva prosseguir, o juiz profere despacho Audiência final
destinado a identificar o objeto do litígio e a 1 — Há lugar à realização de audiência final
enunciar os temas da prova. quando haja prestação de depoimentos de parte,
2 — As partes podem reclamar do despacho inquirição de testemunhas ou prestação de escla-
previsto no número anterior. recimentos verbais pelos peritos.

3 — O despacho proferido sobre as reclama- 2 — Salvo em tribunal superior, a audiência


ções apenas pode ser impugnado no recurso in- decorre perante juiz singular e rege-se pelos
terposto da decisão final. princípios da plenitude da assistência do juiz e da
publicidade e continuidade da audiência, segundo
4 — Quando ocorram na audiência prévia e es- o disposto na lei processual civil, gozando o juiz
ta seja gravada, os despachos e as reclamações de todos os poderes necessários para tornar útil
previstas nos números anteriores podem ter lugar e breve a discussão e para assegurar a justa
oralmente, devendo constar da respetiva ata. decisão da causa.
5 — O rol de testemunhas pode ser aditado ou 3 — No início da audiência, o juiz procura con-
alterado até 20 dias antes da data em que se ciliar as partes, se a causa estiver no âmbito do
realize a audiência final, sendo a parte contrária seu poder de disposição, findo o que se realizam
notificada para usar, querendo, de igual faculda- os seguintes atos, se a eles houver lugar:
de, no prazo de cinco dias.
a) Prestação dos depoimentos de parte;
6 — Incumbe às partes a apresentação das
testemunhas indicadas em consequência do adi- b) Exibição de reproduções cinematográficas
tamento ou da alteração ao rol previsto no núme- ou de registos fonográficos, podendo o juiz de-
ro anterior. terminar que ela se faça apenas com assistência
das partes, dos seus advogados e das pessoas
Artigo 90.º cuja presença se mostre conveniente;

Instrução e decisão parcelar da causa c) Esclarecimentos verbais dos peritos cuja


comparência tenha sido determinada oficiosa-
1 — A instrução tem por objeto os factos rele- mente ou a requerimento das partes;
vantes para o exame e decisão da causa que
devam considerar-se controvertidos ou necessi- d) Inquirição das testemunhas;
tados de prova. e) Alegações orais, nas quais os advogados
2 — A instrução rege-se pelo disposto na lei exponham as conclusões, de facto e de direito,
processual civil, sendo admissíveis todos os mei- que hajam extraído da prova produzida, podendo
os de prova nela previstos. cada advogado replicar uma vez.

3 — No âmbito da instrução, o juiz ou relator 4 — O juiz pode, nos casos em que tal se jus-
ordena as diligências de prova que considere tifique, alterar a ordem de produção de prova
necessárias para o apuramento da verdade, po- referida no número anterior e, quando o conside-
dendo indeferir, por despacho fundamentado, re conveniente para a descoberta da verdade,
requerimentos dirigidos à produção de prova determinar a audição em simultâneo, sobre de-
sobre certos factos ou recusar a utilização de terminados factos, de testemunhas de ambas as
certos meios de prova, quando o considere cla- partes.
ramente desnecessário.

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CÓDIGO DE PROCESSO NOS TRIBUNAIS ADMINISTRATIVOS
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5 — Quando a complexidade da matéria o jus- pronúncia vinculativa dentro do processo sobre a


tifique ou qualquer das partes não prescinda da questão, no prazo de três meses.
sua apresentação, o juiz, no termo da audiência,
2 — A consulta prevista na alínea b) do núme-
determina que as alegações previstas na alínea
ro anterior não pode ter lugar em processos ur-
e) do n.º 3 sejam apresentadas por escrito pelo
gentes e pode ser liminarmente recusada, a título
prazo simultâneo de 20 dias.
definitivo, quando uma formação constituída por
6 — [Revogado]. três juízes de entre os mais antigos da secção de
contencioso administrativo do Supremo Tribunal
Artigo 91.º-A Administrativo considere que não se encontram
preenchidos os respetivos pressupostos ou que a
Alegações escritas escassa relevância da questão não justifica a
Quando sejam realizadas diligências de prova, emissão de uma pronúncia.
sem que haja lugar à realização de audiência 3 — A pronúncia emitida pelo Supremo Tribu-
final, as partes, finda a instrução, são notificadas nal Administrativo não o vincula relativamente a
para apresentarem alegações escritas pelo prazo novas pronúncias, que, em sede de consulta ou
simultâneo de 20 dias. em via de recurso, venha a emitir no futuro, so-
bre a mesma matéria, fora do âmbito do mesmo
SECÇÃO IV processo.
Julgamento 4 — [Revogado].

Artigo 92.º Artigo 94.º


Conclusão ao relator e vista aos juízes- Conteúdo da sentença
adjuntos
1 — Encerrada a audiência final ou apresenta-
1 — Nos tribunais superiores, uma vez conclu- das as alegações escritas ou decorrido o respeti-
so o processo ao relator, tem lugar a vista simul- vo prazo, quando a essa apresentação haja lugar,
tânea aos juízes-adjuntos, que, no caso de evi- o processo é concluso ao juiz, para ser proferida
dente simplicidade da causa, pode ser dispensada sentença no prazo de 30 dias.
pelo relator.
2 — A sentença começa por identificar as par-
2 — Para efeitos do disposto no número ante- tes e o objeto do litígio, enunciando as questões
rior, é fornecida a cada juiz-adjunto cópia das de mérito que ao tribunal cumpra solucionar, ao
peças processuais que relevem para o conheci- que se segue a exposição dos fundamentos de
mento do objeto da causa, permanecendo o pro- facto e de direito, a decisão e a condenação dos
cesso depositado, para consulta, na secretaria do responsáveis pelas custas processuais, com indi-
tribunal. cação da proporção da respetiva responsabilidade.

Artigo 93.º 3 — Na exposição dos fundamentos, a senten-


ça deve discriminar os factos que julga provados
Julgamento em formação alargada e consul- e não provados, analisando criticamente as pro-
ta prejudicial para o Supremo Tribunal Ad- vas, e indicar, interpretar e aplicar as normas
ministrativo jurídicas correspondentes.
1 — Quando à apreciação de um tribunal ad- 4 — O juiz aprecia livremente as provas se-
ministrativo de círculo se coloque uma questão gundo a sua prudente convicção acerca de cada
de direito nova que suscite dificuldades sérias e facto, ressalvados os factos para cuja prova a lei
possa vir a ser suscitada noutros litígios, pode o exija formalidade especial e aqueles que só pos-
respetivo presidente, por proposta do juiz da sam ser provados por documentos ou que este-
causa, adotar uma das seguintes providências: jam plenamente provados, quer por documentos,
a) Determinar que no julgamento intervenham quer por acordo ou confissão das partes.
todos os juízes do tribunal, sendo o quórum de 5 — Quando o juiz ou relator considere que a
dois terços e havendo lugar à aplicação do dis- questão de direito a resolver é simples, designa-
posto no artigo anterior; damente por já ter sido apreciada por tribunal,
b) Submeter a sua apreciação ao Supremo de modo uniforme e reiterado, ou que a preten-
Tribunal Administrativo, para que este emita são é manifestamente infundada, a fundamenta-
ção da decisão pode ser sumária, podendo con-

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34
CÓDIGO DE PROCESSO NOS TRIBUNAIS ADMINISTRATIVOS
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sistir na simples remissão para decisão preceden- essa especificação, o tribunal notifica a Adminis-
te, de que se junte cópia. tração para apresentar, no prazo de 20 dias,
proposta fundamentada sobre a matéria e ouve
Artigo 95.º em seguida os demais intervenientes no proces-
so, podendo ordenar as diligências complementa-
Objeto e limites da decisão res que considere necessárias antes de proferir a
1 — A sentença deve decidir todas as ques- sentença.
tões que as partes tenham submetido à sua 7 — Quando, tendo sido formulado pedido de
apreciação e não pode ocupar-se senão das indemnização por danos, do processo não resul-
questões suscitadas, salvo quando a lei lhe per- tem os elementos necessários à liquidação do
mita ou imponha o conhecimento oficioso de montante da indemnização devida, terá lugar
outras. uma fase complementar de audição das partes,
2 — A sentença não pode condenar em quan- por 10 dias cada, e eventual realização de dili-
tidade superior ou em objeto diverso do que se gências complementares, destinada a permitir
pedir, mas, se não houver elementos para fixar o essa liquidação.
objeto ou a quantidade, o tribunal condena no
que vier a ser liquidado, sem prejuízo de conde- Artigo 96.º
nação imediata na parte que já seja líquida.
Diferimento do acórdão
3 — Nos processos impugnatórios, o tribunal
Nos tribunais superiores, quando não possa
deve pronunciar-se sobre todas as causas de
ser lavrado acórdão na sessão em que seja jul-
invalidade que tenham sido invocadas contra o
gado o processo, o resultado é anotado, datado e
ato impugnado, exceto quando não possa dispor
assinado pelos juízes vencedores e vencidos e o
dos elementos indispensáveis para o efeito, as-
juiz que tire o acórdão fica com o processo para
sim como deve identificar a existência de causas
lavrar a decisão respetiva que, sem embargo de
de invalidade diversas das que tenham sido ale-
o resultado ser logo publicado, será lida em con-
gadas, ouvidas as partes para alegações com-
ferência na sessão seguinte e aí datada e assina-
plementares pelo prazo comum de 10 dias,
da pelos juízes que nela tenham intervindo, se
quando o exija o respeito pelo princípio do con-
estiverem presentes.
traditório.
4 — Nas sentenças que condenem à emissão TÍTULO III
de atos administrativos ou normas ou imponham
Dos processos urgentes
o cumprimento de outros tipos de deveres à Ad-
ministração, o tribunal tem o poder de fixar ofici-
osamente um prazo para o respetivo cumprimen- CAPÍTULO I
to, que, em casos justificados, pode ser prorro- Ação administrativa urgente
gado, bem como, quando tal se justifique, o po-
der de impor sanção pecuniária compulsória, Artigo 97.º
destinada a prevenir o incumprimento, segundo o
disposto no artigo 169.º Âmbito

5 — Quando no processo tenha sido deduzido 1 — Regem-se pelo disposto no presente capí-
pedido de condenação da Administração à adoção tulo e, no que com ele não contenda, pelo dis-
de atos jurídicos ou comportamentos que envol- posto nos capítulos II e III do título II:
vam a formulação de valorações próprias do a) O contencioso dos atos administrativos em
exercício da função administrativa, sem que a matéria eleitoral da competência dos tribunais
apreciação do caso concreto permita identificar administrativos;
apenas uma atuação como legalmente possível, o
tribunal não pode determinar o conteúdo do ato b) O contencioso dos atos administrativos pra-
jurídico ou do comportamento a adotar, mas ticados no âmbito de procedimentos de massa,
deve explicitar as vinculações a observar pela com o âmbito estabelecido na secção II;
Administração.
c) O contencioso dos atos relativos à formação
6 — Quando, na hipótese prevista no número dos contratos previstos na secção III.
anterior, o quadro normativo permita ao tribunal
2 — [Revogado].
especificar o conteúdo dos atos e operações a
adotar, mas da instrução realizada não resultem
elementos de facto suficientes para proceder a
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CÓDIGO DE PROCESSO NOS TRIBUNAIS ADMINISTRATIVOS
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SECÇÃO I âmbito de procedimentos com mais de 50 parti-


cipantes, nos seguintes domínios:
Contencioso eleitoral
a) Concursos de pessoal;
Artigo 98.º
b) Procedimentos de realização de provas;
Contencioso eleitoral
c) Procedimentos de recrutamento.
1 — Os processos do contencioso eleitoral são
2 — Salvo disposição legal em contrário, o
de plena jurisdição e podem ser intentados por
prazo de propositura das ações a que se refere o
quem, na eleição em causa, seja eleitor ou elegí-
presente artigo é de um mês e as ações devem
vel ou, quanto à omissão nos cadernos ou listas
ser propostas no tribunal da sede da entidade
eleitorais, também pelas pessoas cuja inscrição
demandada.
haja sido omitida.
3 — O modelo a que devem obedecer os arti-
2 — Na falta de disposição especial, o prazo
culados é estabelecido por portaria do membro
de propositura de ação é de sete dias a contar da
do Governo responsável pela área da justiça.
data em que seja possível o conhecimento do ato
ou da omissão. 4 — Quando, por referência ao mesmo proce-
dimento, sejam propostas diferentes ações em
3 — Nos processos abrangidos pelo contencioso
relação às quais se preencham os pressupostos
eleitoral, a ausência de reação contra os atos rela-
de admissibilidade previstos para a coligação e a
tivos à exclusão, inclusão ou omissão de eleitores
cumulação de pedidos, os respetivos processos
ou elegíveis nos cadernos eleitorais, e demais atos
são objeto de apensação obrigatória àquele que
com eficácia externa anteriores ao ato eleitoral,
tiver sido intentado em primeiro lugar, segundo o
assim como de cada ato eleitoral adotado no âm-
disposto no artigo 28.º
bito de procedimentos encadeados impede o inte-
ressado de reagir contra as decisões subsequentes 5 — Os prazos a observar durante a tramita-
com fundamento em ilegalidades de que enfer- ção do processo são os seguintes:
mem os atos anteriormente praticados.
a) 20 dias para a contestação;
4 — Os prazos a observar durante a tramita-
b) 30 dias para a decisão do juiz ou do rela-
ção do processo são os seguintes:
tor, ou para o despacho deste a submeter o pro-
a) Cinco dias para a contestação; cesso a julgamento;
b) Cinco dias para a decisão do juiz ou do re- c) 10 dias para os restantes casos.
lator, ou para este submeter o processo a julga-
6 — Nos processos da competência de tribunal
mento;
superior, quando não seja decidido pelo relator, o
c) Três dias para os restantes casos. processo é julgado, independentemente de vistos,
na primeira sessão que tenha lugar após o despa-
5 — Nos processos da competência de tribunal
cho referido na alínea b) do número anterior.
superior, quando o processo não seja decidido pelo
relator, é julgado, independentemente de vistos,
SECÇÃO III
na primeira sessão que tenha lugar após o despa-
cho referido na alínea b) do número anterior. Contencioso pré-contratual

SECÇÃO II Artigo 100.º


Contencioso dos procedimentos de massa Âmbito
1 — Para os efeitos do disposto na presente
Artigo 99.º
secção, o contencioso pré-contratual compreende
Contencioso dos procedimentos de massa as ações de impugnação ou de condenação à
prática de atos administrativos relativos à forma-
1 — Para os efeitos do disposto na presente
ção de contratos de empreitada de obras públi-
secção, e sem prejuízo de outros casos previstos
cas, de concessão de obras públicas, de conces-
em lei especial, o contencioso dos atos adminis-
são de serviços públicos, de aquisição ou locação
trativos praticados no âmbito de procedimentos
de bens móveis e de aquisição de serviços.
de massa compreende as ações respeitantes à
prática ou omissão de atos administrativos no 2 — Para os efeitos do disposto na presente
secção, são considerados atos administrativos os

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CÓDIGO DE PROCESSO NOS TRIBUNAIS ADMINISTRATIVOS
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atos praticados por quaisquer entidades adjudi- Artigo 103.º


cantes ao abrigo de regras de contratação pública.
Impugnação dos documentos conformado-
3 — [Revogado]. res do procedimento
1 — Regem-se pelo disposto no presente arti-
Artigo 101.º
go e no artigo anterior, os processos dirigidos à
Prazo declaração de ilegalidade de disposições contidas
no programa do concurso, no caderno de encar-
Os processos do contencioso pré-contratual gos ou em qualquer outro documento conforma-
devem ser intentados no prazo de um mês, por dor do procedimento de formação de contrato,
qualquer pessoa ou entidade com legitimidade designadamente com fundamento na ilegalidade
nos termos gerais, sendo aplicável à contagem das especificações técnicas, económicas ou finan-
do prazo o disposto no n.º 3 do artigo 58.º e nos ceiras que constem desses documentos.
artigos 59.º e 60.º
2 — O pedido de declaração de ilegalidade po-
Artigo 102.º de ser deduzido por quem participe ou tenha inte-
resse em participar no procedimento em causa,
Tramitação podendo ser cumulado com o pedido de impugna-
1 — Os processos do contencioso pré- ção de ato administrativo de aplicação das deter-
contratual obedecem à tramitação estabelecida minações contidas nos referidos documentos.
no capítulo III do título II, salvo o preceituado 3 — O pedido de declaração de ilegalidade po-
nos números seguintes. de ser deduzido durante a pendência do proce-
2 — Só são admissíveis alegações no caso de dimento a que os documentos em causa se refe-
ser requerida ou produzida prova com a contes- rem, sem prejuízo do ónus da impugnação autó-
tação. noma dos respetivos atos de aplicação.

3 — Os prazos a observar são os seguintes: 4 — O disposto no presente artigo não preju-


dica a possibilidade da impugnação, nos termos
a) 20 dias para a contestação e para as alega- gerais, dos regulamentos que tenham por objeto
ções, quando estas tenham lugar; conformar mais do que um procedimento de for-
b) 10 dias para a decisão do juiz ou relator, mação de contratos.
ou para este submeter o processo a julgamento;
Artigo 103.º-A
c) 5 dias para os restantes casos.
Efeito suspensivo automático
4 — O objeto do processo pode ser ampliado à
impugnação do contrato, segundo o disposto no 1 — A impugnação de atos de adjudicação no
artigo 63.º âmbito do contencioso pré-contratual urgente faz
suspender automaticamente os efeitos do ato
5 — Quando o considere aconselhável ao mais impugnado ou a execução do contrato, se este já
rápido esclarecimento da questão, o tribunal po- tiver sido celebrado.
de, oficiosamente ou a requerimento de qualquer
das partes, optar pela realização de uma audiên- 2 — No caso previsto no número anterior, a
cia pública para discussão da matéria de facto e entidade demandada e os contrainteressados
de direito. podem requerer ao juiz o levantamento do efeito
suspensivo, alegando que o diferimento da exe-
6 — No âmbito do contencioso pré-contratual, cução do ato seria gravemente prejudicial para o
há lugar à aplicação do disposto nos artigos 45.º interesse público ou gerador de consequências
e 45-A.º, quando se preencham os respetivos lesivas claramente desproporcionadas para ou-
pressupostos. tros interesses envolvidos, havendo lugar, na
7 — O disposto no número anterior é também decisão, à aplicação do critério previsto no n.º 2
aplicável nas situações em que, tendo sido cumu- do artigo 120.º
lado pedido respeitante à invalidade de contrato 3 — No caso previsto no número anterior, o
por violação das regras relativas ao respetivo demandante dispõe do prazo de sete dias para
procedimento de formação, o tribunal proceda, responder, findo o que o juiz decide no prazo
segundo o disposto na lei substantiva, ao afas- máximo de 10 dias, contado da data da última
tamento dessa invalidade em resultado da pon- pronúncia apresentada ou do termo do prazo
deração dos interesses públicos e privados em para a sua apresentação.
presença.
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CÓDIGO DE PROCESSO NOS TRIBUNAIS ADMINISTRATIVOS
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4 — O efeito suspensivo é levantado quando, Artigo 105.º


ponderados os interesses suscetíveis de serem
Pressupostos
lesados, os danos que resultariam da manuten-
ção do efeito suspensivo se mostrem superiores 1 — A intimação deve ser requerida contra a
aos que podem resultar do seu levantamento. pessoa coletiva de direito público, o ministério ou
a secretaria regional cujos órgãos sejam compe-
Artigo 103.º-B tentes para facultar a informação ou a consulta,
ou passar a certidão.
Adoção de medidas provisórias
2 — Quando o interessado faça valer o direito
1 — Nos processos que não tenham por objeto
à informação procedimental ou o direito de aces-
a impugnação de atos de adjudicação, pode ser
so aos arquivos e registos administrativos, a in-
requerida ao juiz a adoção de medidas provisó-
timação deve ser requerida no prazo de 20 dias,
rias, dirigidas a prevenir o risco de, no momento
a contar da verificação de qualquer dos seguintes
em que a sentença venha a ser produzida, se ter
factos:
constituído uma situação de facto consumado ou
já não ser possível retomar o procedimento pré- a) Decurso do prazo legalmente estabelecido,
contratual para determinar quem nele seria esco- sem que a entidade requerida satisfaça o pedido
lhido como adjudicatário. que lhe foi dirigido;
2 — No caso previsto no número anterior, o b) Indeferimento do pedido;
pedido da adoção de medidas provisórias é tra-
c) Satisfação parcial do pedido.
mitado como um incidente, que corre termos nos
autos do próprio processo declarativo, devendo a
respetiva tramitação ser determinada, no respei- Artigo 106.º
to pelo contraditório, em função da complexidade Efeito interruptivo do prazo de impugnação
e urgência do caso.
1 — O efeito interruptivo do prazo de impug-
3 — Nas situações previstas nos números an- nação que decorre da apresentação dos pedidos
teriores, a medida provisória é recusada quando de informação, consulta de documentos ou pas-
os danos que resultariam da sua adoção se mos- sagem de certidão, quando efetuados ao abrigo
trem superiores aos que podem resultar da sua do disposto no n.º 2 do artigo 60.º, mantém-se
não adoção, sem que tal lesão possa ser evitada se o interessado requerer a intimação judicial e
ou atenuada pela adoção de outras medidas. cessa com:

CAPÍTULO II a) O cumprimento da decisão que defira o pe-


dido de intimação ou com o trânsito em julgado
Das intimações da que o indefira;
SECÇÃO I b) O trânsito em julgado da decisão que ex-
tinga a instância por satisfação do requerido na
Intimação para a prestação de informações,
pendência do pedido de intimação.
consulta de processos ou passagem de cer-
tidões 2 — Não se verifica o efeito interruptivo quan-
do o tribunal competente para conhecer do meio
Artigo 104.º contencioso que venha a ser utilizado pelo reque-
rente considere que o pedido constituiu expedi-
Objeto
ente manifestamente dilatório ou foi injustificado,
1 — Quando não seja dada integral satisfação por ser claramente desnecessário para permitir o
a pedidos formulados no exercício do direito à uso dos meios administrativos ou contenciosos.
informação procedimental ou do direito de acesso
aos arquivos e registos administrativos, o inte- Artigo 107.º
ressado pode requerer a correspondente intima-
Tramitação
ção, nos termos e com os efeitos previstos na
presente secção. 1 — Deduzido o pedido de intimação, a secre-
taria promove oficiosamente a citação da entida-
2 — O pedido de intimação é igualmente apli-
de demandada e dos contrainteressados para
cável nas situações previstas no n.º 2 do artigo
responder no prazo de 10 dias.
60.º e pode ser utilizado pelo Ministério Público
para o efeito do exercício da ação pública. 2 — Apresentada a resposta ou decorrido o
respetivo prazo e concluídas as diligências que se
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CÓDIGO DE PROCESSO NOS TRIBUNAIS ADMINISTRATIVOS
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mostrem necessárias, o juiz profere decisão no citação da outra parte para responder no prazo
prazo de cinco dias. de sete dias.
2 — Quando a complexidade da matéria o jus-
Artigo 108.º
tifique, pode o juiz determinar que o processo
Decisão siga a tramitação estabelecida no capítulo III do
título II, sendo, nesse caso, os prazos reduzidos
1 — Se der provimento ao processo, o juiz de- a metade.
termina o prazo em que a intimação deve ser
cumprida e que não pode ultrapassar os 10 dias. 3 — Em situações de especial urgência, em
que a petição permita reconhecer a possibilidade
2 — Se houver incumprimento da intimação de lesão iminente e irreversível do direito, liber-
sem justificação aceitável, deve o juiz determinar dade ou garantia, o juiz pode optar, no despacho
a aplicação de sanções pecuniárias compulsórias, liminar, por:
nos termos do artigo 169.º, sem prejuízo do apu-
ramento da responsabilidade civil, disciplinar e a) Reduzir o prazo previsto no n.º 1 para a
criminal a que haja lugar, segundo o disposto no resposta do requerido;
artigo 159.º
b) Promover a audição do requerido através
de qualquer meio de comunicação que se revele
SECÇÃO II adequado;
Intimação para proteção de direitos, liber- c) Promover a realização, no prazo de 48 ho-
dades e garantias ras, de uma audiência oral, no termo da qual a
decisão é tomada de imediato.
Artigo 109.º
4 — [Revogado].
Pressupostos
5 — [Revogado].
1 — A intimação para proteção de direitos, li-
berdades e garantias pode ser requerida quando Artigo 110.º-A
a célere emissão de uma decisão de mérito que
imponha à Administração a adoção de uma con- Substituição da petição e decretamento pro-
duta positiva ou negativa se revele indispensável visório de providência cautelar
para assegurar o exercício, em tempo útil, de um
1 — Quando verifique que as circunstâncias do
direito, liberdade ou garantia, por não ser possí-
caso não são de molde a justificar o decretamento
vel ou suficiente, nas circunstâncias do caso, o
de uma intimação, por se bastarem com a adoção
decretamento provisório de uma providência
de uma providência cautelar, o juiz, no despacho
cautelar, segundo o disposto no artigo 131.º
liminar, fixa prazo para o autor substituir a peti-
2 — A intimação também pode ser dirigida ção, para o efeito de requerer a adoção de provi-
contra particulares, designadamente concessio- dência cautelar, seguindo-se, se a petição for
nários, nomeadamente para suprir a omissão, substituída, os termos do processo cautelar.
por parte da Administração, das providências
2 — Quando, na hipótese prevista no número
adequadas a prevenir ou reprimir condutas lesi-
anterior, seja de reconhecer que existe uma situ-
vas dos direitos, liberdades e garantias do inte-
ação de especial urgência que o justifique, o juiz
ressado.
deve, no mesmo despacho liminar, e sem quais-
3 — Quando, nas circunstâncias enunciadas quer outras formalidades ou diligências, decretar
no n.º 1, o interessado pretenda a emissão de provisoriamente a providência cautelar que jul-
um ato administrativo estritamente vinculado, gue adequada, sendo, nesse caso, aplicável o
designadamente de execução de um ato adminis- disposto no artigo 131.º
trativo já praticado, o tribunal emite sentença
3 — Na hipótese prevista no número anterior,
que produza os efeitos do ato devido.
o decretamento provisório caduca se, no prazo
de cinco dias, o autor não tiver requerido a ado-
Artigo 110.º ção de providência cautelar, segundo o disposto
Despacho liminar e tramitação subsequente no n.º 1.

1 — Uma vez distribuído, o processo é conclu-


so ao juiz com a maior urgência, para despacho
liminar, a proferir no prazo máximo de 48 horas,
no qual, sendo a petição admitida, é ordenada a
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CÓDIGO DE PROCESSO NOS TRIBUNAIS ADMINISTRATIVOS
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Artigo 111.º d) Autorização provisória ao interessado para


iniciar ou prosseguir uma atividade ou adotar
Decisão e seus efeitos
uma conduta;
1 — Sem prejuízo do disposto na alínea c) do
e) Regulação provisória de uma situação jurí-
n.º 3 do artigo 110.º, o juiz decide o processo no
dica, designadamente através da imposição à
prazo necessário para assegurar o efeito útil da
Administração do pagamento de uma quantia por
decisão, o qual não pode ser superior a cinco dias
conta de prestações alegadamente devidas ou a
após a realização das diligências que se mostrem
título de reparação provisória;
necessárias à tomada da decisão.
f) Arresto;
2 — Na decisão, o juiz determina o compor-
tamento concreto a adotar e, sendo caso disso, o g) Embargo de obra nova;
prazo para o cumprimento e o responsável pelo
h) Arrolamento;
mesmo.
i) Intimação para adoção ou abstenção de
3 — A notificação da decisão é feita de ime-
uma conduta por parte da Administração ou de
diato a quem a deva cumprir, nos termos gerais
um particular por alegada violação ou fundado
aplicáveis aos processos urgentes.
receio de violação do direito administrativo naci-
4 — O incumprimento da intimação sujeita o onal ou do direito da União Europeia.
particular ou o titular do órgão responsável ao
pagamento de sanção pecuniária compulsória, a Artigo 113.º
fixar pelo juiz na decisão de intimação ou em
despacho posterior, segundo o disposto no artigo Relação com a causa principal
169.º, sem prejuízo do apuramento da responsa- 1 — O processo cautelar depende da causa
bilidade civil, disciplinar e criminal a que haja que tem por objeto a decisão sobre o mérito,
lugar. podendo ser intentado como preliminar ou como
incidente do processo respetivo.
TÍTULO IV
2 — O processo cautelar é um processo ur-
Dos processos cautelares gente e tem tramitação autónoma em relação ao
processo principal, sendo apensado a este.
CAPÍTULO I
3 — Quando requerida a adoção de providências
Disposições comuns antes de proposta a causa principal, o processo é
apensado aos autos logo que aquela seja intentada.
Artigo 112.º
4 — Na pendência do processo cautelar, o re-
Providências cautelares querente pode proceder à substituição ou amplia-
ção do pedido, com fundamento em alteração
1 — Quem possua legitimidade para intentar superveniente dos pressupostos de facto ou de
um processo junto dos tribunais administrativos direito, com oferecimento de novos meios de
pode solicitar a adoção da providência ou das prova, de modo a que o juiz possa atender à
providências cautelares, antecipatórias ou con- evolução ocorrida para conceder a providência
servatórias, que se mostrem adequadas a asse- adequada à situação existente no momento em
gurar a utilidade da sentença a proferir nesse que se pronuncia.
processo.
5 — Quando assuma a posição de autor num
2 — As providências cautelares regem-se pela processo principal, nos termos do artigo 62.º, o
tramitação e são adotadas segundo os critérios Ministério Público pode requerer o seguimento de
previstos no presente título, podendo consistir eventual processo cautelar, que, com relação a
designadamente em: esse processo, se encontre pendente, nele assu-
a) Suspensão da eficácia de um ato adminis- mindo também a posição de requerente.
trativo ou de uma norma;
Artigo 114.º
b) Admissão provisória em concursos e exa-
mes; Requerimento cautelar

c) Atribuição provisória da disponibilidade de 1 — A adoção de uma ou mais providências


um bem; cautelares é solicitada em requerimento próprio,
apresentado:

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CÓDIGO DE PROCESSO NOS TRIBUNAIS ADMINISTRATIVOS
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a) Previamente à instauração do processo requerer previamente certidão de que constem


principal; aqueles elementos de identificação.
b) Juntamente com a petição inicial do pro- 2 — A certidão a que se refere o número ante-
cesso principal; rior deve ser passada no prazo de vinte e quatro
horas pela autoridade requerida.
c) Na pendência do processo principal.
3 — Se a certidão não for passada, o interes-
2 — O requerimento é apresentado no tribunal
sado, no requerimento cautelar, junta prova de
competente para julgar o processo principal.
que a requereu, indica a identidade e residência
3 — No requerimento, deve o requerente: dos contrainteressados que conheça e requer a
intimação judicial da entidade demandada para
a) Indicar o tribunal a que o requerimento é fornecer ao tribunal a identidade e residência
dirigido;
dos contrainteressados em falta.
b) Indicar o seu nome e residência ou sede;
4 — No caso previsto no número anterior,
c) Identificar a entidade demandada; quando não haja fundamento para rejeição limi-
d) Indicar a identidade e residência dos con- nar do requerimento cautelar, o juiz, no prazo de
trainteressados a quem a adoção da providência dois dias, intima a autoridade requerida a reme-
cautelar possa diretamente prejudicar; ter, também no prazo de dois dias, a certidão
pedida, fixando sanção pecuniária compulsória,
e) Indicar a ação de que o processo depende segundo o disposto no artigo 169.º
ou irá depender;
5 — O incumprimento pela entidade deman-
f) Indicar a providência ou as providências dada da intimação referida no número anterior
que pretende ver adotadas; sem justificação adequada é constitutivo de res-
g) Especificar, de forma articulada, os funda- ponsabilidade, nos termos previstos no artigo
mentos do pedido, oferecendo prova sumária da 159.º
respetiva existência;
Artigo 116.º
h) Quando for o caso, fazer prova do ato ou
norma cuja suspensão pretende e da sua notifi- Despacho liminar
cação ou publicação; 1 — Uma vez distribuído, o processo é conclu-
i) Identificar o processo principal, quando o re- so ao juiz com a maior urgência, para despacho
querimento seja apresentado na sua pendência; liminar, a proferir no prazo máximo de 48 horas,
no qual, sendo o requerimento admitido, é orde-
j) Indicar o valor da causa. nada a citação da entidade requerida e dos con-
4 — No requerimento cautelar, o interessado trainteressados.
pode pedir que a citação seja urgente, nos ter- 2 — Constituem fundamento de rejeição limi-
mos e para os efeitos previstos na lei processual nar do requerimento:
civil, e que, no despacho liminar, o juiz proceda
ao decretamento provisório da providência, se- a) A falta de qualquer dos requisitos indicados
gundo o disposto no artigo 131.º no n.º 3 do artigo 114.º que não seja suprida na
sequência de notificação para o efeito;
5 — Na falta da indicação de qualquer dos
elementos enunciados no n.º 3, o interessado é b) A manifesta ilegitimidade do requerente;
notificado para suprir a falta no prazo de cinco c) A manifesta ilegitimidade da entidade re-
dias. querida;
6 — A falta da designação do tribunal a que o d) A manifesta falta de fundamento da pre-
requerimento é dirigido deve ser oficiosamente tensão formulada;
suprida, com remessa para o tribunal competen-
te, quando não seja o próprio. e) A manifesta desnecessidade da tutela cau-
telar;
Artigo 115.º f) A manifesta ausência dos pressupostos pro-
Contrainteressados cessuais da ação principal.

1 — Se o interessado não conhecer a identi- 3 — A rejeição com os fundamentos indicados


dade e residência dos contrainteressados, pode nas alíneas a) e c) do número anterior não obsta

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CÓDIGO DE PROCESSO NOS TRIBUNAIS ADMINISTRATIVOS
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à possibilidade de apresentação de novo reque- Artigo 118.º


rimento.
Produção de prova
4 — A rejeição com os fundamentos indicados
1 — Juntas as oposições ou decorrido o respe-
nas alíneas b), d) e e) do n.º 2 não obsta à pos-
tivo prazo, o processo é concluso ao juiz, poden-
sibilidade de apresentação de novo requerimento
do haver lugar a produção de prova, quando este
com fundamentos diferentes ou supervenientes
a considere necessária.
em relação aos invocados no requerimento ante-
rior. 2 — Na falta de oposição, presumem-se ver-
dadeiros os factos invocados pelo requerente.
5 — O juiz, oficiosamente ou a pedido deduzi-
do no requerimento cautelar, pode, no despacho 3 — O juiz pode ordenar as diligências de pro-
liminar, decretar provisoriamente a providência va que considere necessárias, não sendo admis-
requerida ou aquela que julgue mais adequada, sível a prova pericial.
segundo o disposto no artigo 131.º
4 — O requerente não pode oferecer mais de
cinco testemunhas para prova dos fundamentos
Artigo 117.º
da pretensão cautelar, aplicando-se a mesma
Citação limitação aos requeridos que deduzam a mesma
oposição.
1 — Não havendo fundamento para rejeição, o
requerimento é admitido, sendo citados para 5 — Mediante despacho fundamentado, o juiz
deduzir oposição a entidade requerida e os con- pode recusar a utilização de meios de prova
trainteressados, se os houver, no prazo de 10 quando considere assentes ou irrelevantes os
dias. factos sobre os quais eles recaem ou quando
entenda que os mesmos são manifestamente
2 — A situação prevista no n.º 3 do artigo
dilatórios.
115.º não obsta à citação da entidade requerida
e dos contrainteressados cuja identidade e resi- 6 — As testemunhas oferecidas são apresen-
dência se encontre indicada no requerimento tadas pelas partes no dia e no local designados
cautelar, sendo os demais contrainteressados para a inquirição, não havendo adiamento por
apenas citados se a resposta da entidade reque- falta das testemunhas ou dos mandatários.
rida o vier a permitir.
7 — Sem prejuízo do disposto no número an-
3 — Os contrainteressados incertos ou de re- terior, e estando a parte impossibilitada de apre-
sidência desconhecida são citados por anúncio a sentar certa testemunha, pode requerer ao tribu-
emitir pela secretaria e que o requerente deve nal a sua convocação.
fazer publicar em dois jornais diários de circula-
ção nacional ou local, dependendo do âmbito da Artigo 119.º
matéria em causa, convidando-os a intervir até
ao limite do prazo do n.º 6. Prazo para a decisão

4 — No caso previsto no número anterior, 1 — O juiz profere decisão no prazo de cinco


quando a pretensão esteja relacionada com a dias contado da data da apresentação da última
impugnação de um ato a que tenha sido dado oposição ou do decurso do respetivo prazo, ou da
certo tipo de publicidade, a mesma é também produção de prova, quando esta tenha tido lugar.
utilizada para o anúncio. 2 — O presidente do tribunal pode determinar,
5 — Se a providência cautelar for requerida por proposta do juiz do processo, que a questão
como incidente em processo já intentado e a seja decidida em conferência de três juízes.
entidade requerida e os contrainteressados já 3 — O relator pode submeter o julgamento da
tiverem sido citados no processo principal, são providência à apreciação da conferência, quando
chamados por mera notificação. a complexidade da matéria o justifique.
6 — Qualquer interessado que não tenha re-
cebido a citação só pode intervir no processo até Artigo 120.º
à conclusão ao juiz ou relator para decisão. Critérios de decisão
1 — Sem prejuízo do disposto nos números
seguintes, as providências cautelares são adota-
das quando haja fundado receio da constituição
de uma situação de facto consumado ou da pro-
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CÓDIGO DE PROCESSO NOS TRIBUNAIS ADMINISTRATIVOS
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dução de prejuízos de difícil reparação para os proferindo decisão que constituirá a decisão final
interesses que o requerente visa assegurar no desse processo.
processo principal e seja provável que a preten-
2 — O recurso da decisão final do processo
são formulada ou a formular nesse processo ve-
principal, proferida nos termos do número ante-
nha a ser julgada procedente.
rior, tem efeito meramente devolutivo.
2 — Nas situações previstas no número ante-
rior, a adoção da providência ou das providências Artigo 122.º
é recusada quando, devidamente ponderados os
interesses públicos e privados em presença, os Efeitos da decisão
danos que resultariam da sua concessão se mos- 1 — A decisão sobre a adoção de providências
trem superiores àqueles que podem resultar da cautelares determina a notificação com urgência
sua recusa, sem que possam ser evitados ou às partes para cumprimento imediato e, quando
atenuados pela adoção de outras providências. seja caso disso, às demais pessoas e entidades
3 — As providências cautelares a adotar de- que lhe devam dar cumprimento.
vem limitar-se ao necessário para evitar a lesão 2 — As providências cautelares podem ser su-
dos interesses defendidos pelo requerente, de- jeitas a termo ou condição.
vendo o tribunal, ouvidas as partes, adotar outra
ou outras providências, em cumulação ou em 3 — Na falta de determinação em contrário,
substituição daquela ou daquelas que tenham as providências cautelares subsistem até caduca-
sido concretamente requeridas, quando tal se rem ou até que seja proferida decisão sobre a
revele adequado a evitar a lesão desses interes- sua alteração ou revogação.
ses e seja menos gravoso para os demais inte-
resses públicos ou privados, em presença. Artigo 123.º

4 — Se os potenciais prejuízos para os inte- Caducidade das providências


resses, públicos ou privados, em conflito com os 1 — Os processos cautelares extinguem-se e,
do requerente forem integralmente reparáveis quando decretadas, as providências cautelares
mediante indemnização pecuniária, o tribunal caducam:
pode, para efeitos do disposto no número ante-
rior, impor ao requerente a prestação de garantia a) Se o requerente não fizer uso, no respetivo
por uma das formas previstas na lei tributária. prazo, do meio contencioso adequado à tutela
dos interesses a que o pedido de adoção de pro-
5 — Na falta de contestação da autoridade re- vidência cautelar se destinou;
querida ou da alegação de que a adoção das pro-
vidências cautelares pedidas prejudica o interes- b) Se, tendo o requerente feito uso desses
se público, o tribunal julga verificada a inexistên- meios, o correspondente processo estiver parado
cia de tal lesão, salvo quando esta seja manifesta durante mais de três meses por negligência sua
ou ostensiva. em promover os respetivos termos ou de algum
incidente de que dependa o andamento do pro-
6 — Quando no processo principal esteja ape- cesso;
nas em causa o pagamento da quantia certa,
sem natureza sancionatória, as providências cau- c) Se esse processo findar por extinção da ins-
telares são adotadas, independentemente da tância e o requerente não intentar novo proces-
verificação dos requisitos previstos no n.º 1, se so, nos casos em que a lei o permita, dentro do
tiver sido prestada garantia por uma das formas prazo fixado para o efeito;
previstas na lei tributária.
d) Se se extinguir o direito ou interesse a cuja
tutela a providência se destina;
Artigo 121.º
e) Se se verificar o trânsito em julgado da de-
Decisão da causa principal cisão que ponha termo ao processo principal, no
1 — Quando, existindo processo principal já caso de ser desfavorável ao requerente;
intentado, se verifique que foram trazidos ao f) Se ocorrer termo final ou se preencher con-
processo cautelar todos os elementos necessários dição resolutiva a que a providência cautelar
para o efeito e a simplicidade do caso ou a ur- estivesse sujeita;
gência na sua resolução definitiva o justifique, o
tribunal pode, ouvidas as partes pelo prazo de 10 g) [Revogada].
dias, antecipar o juízo sobre a causa principal,

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CÓDIGO DE PROCESSO NOS TRIBUNAIS ADMINISTRATIVOS
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2 — Quando a tutela dos interesses a que a Artigo 126.º


providência cautelar se destina seja assegurada
Utilização abusiva da providência cautelar
por via contenciosa não sujeita a prazo, o reque-
rente deve, para efeitos da alínea a) do número 1 — Sem prejuízo da possibilidade de aplica-
anterior, usar essa via no prazo de 90 dias, con- ção pelo juiz da taxa sancionatória excecional,
tado desde o trânsito em julgado da decisão. prevista no artigo 531.º do Código de Processo
Civil, o requerente responde pelos danos que,
3 — A extinção do processo cautelar ou a ca-
com dolo ou negligência grosseira, tenha causado
ducidade da providência é reconhecida pelo tri-
ao requerido e aos contrainteressados.
bunal, oficiosamente ou a pedido fundamentado
de qualquer interessado, mediante prévia audi- 2 — Quando as providências cessem por cau-
ção das partes. sa diferente da execução de decisão do processo
principal favorável ao requerente, a Administra-
4 — Apresentado o requerimento, o juiz orde-
ção ou os terceiros lesados pela sua adoção po-
na a notificação do requerente da providência
dem solicitar a indemnização que lhes seja devi-
para responder no prazo de sete dias.
da ao abrigo do disposto no número anterior, no
5 — Concluídas as diligências que se mostrem prazo de um ano a contar da notificação prevista
necessárias, o juiz decide sobre o pedido no pra- no n.º 1 do artigo anterior.
zo de cinco dias.
3 — Decorrido o prazo referido no número an-
terior sem que tenha sido pedida qualquer in-
Artigo 124.º
demnização, é autorizado o levantamento da
Alteração e revogação das providências garantia, quando exista.

1 — A decisão de adotar ou recusar a adoção


Artigo 127.º
de providências cautelares, desde que transitada
em julgado, pode ser revogada ou alterada, ofici- Garantia da providência
osamente ou mediante requerimento, com fun-
1 — A execução da decisão cautelar corre
damento em alteração dos pressupostos de facto
termos nos próprios autos do processo cautelar,
e de direito inicialmente existentes.
sob as formas previstas neste Código para os
2 — À situação prevista no número anterior é processos executivos, ou sob as formas previstas
aplicável, com as devidas adaptações, o precei- na lei processual civil, quando se trate de uma
tuado nos n.ºs 3 a 5 do artigo anterior. execução contra particulares, sendo-lhe aplicável
o regime dos processos urgentes.
3 — É, designadamente, relevante, para os
efeitos do disposto no n.º 1, a eventual improce- 2 — Quando a providência decretada exija da
dência da causa principal, decidida por sentença Administração a adoção de providências infungí-
de que tenha sido interposto recurso com efeito veis, de conteúdo posit vo ou negativo, o tribunal
suspensivo. pode condenar de imediato o titular do órgão
competente ao pagamento da sanção pecuniária
Artigo 125.º compulsória que se mostre adequada a assegurar
a efetividade da providência decretada, sendo,
Notificação e publicação para o efeito, aplicável o disposto no artigo 169.º
1 — A alteração e a revogação das providên- 3 — Sem prejuízo do disposto no número an-
cias cautelares, bem como a declaração da res- terior, os órgãos ou agentes que infrinjam a pro-
petiva caducidade, são imediatamente notificadas vidência cautelar decretada ficam sujeitos à res-
ao requerente, à entidade requerida e aos con- ponsabilidade prevista no artigo 159.º
trainteressados.
2 — A adoção de providências cautelares que CAPÍTULO II
se refiram à vigência de normas ou à eficácia de
Disposições particulares
atos administrativos que afetem uma pluralidade
de pessoas é publicada nos termos previstos para
Artigo 128.º
as decisões finais de provimento dos respetivos
processos impugnatórios. Proibição de executar o ato administrativo
1 — Quando seja requerida a suspensão da
eficácia de um ato administrativo, a autoridade
administrativa, recebido o duplicado do requeri-

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CÓDIGO DE PROCESSO NOS TRIBUNAIS ADMINISTRATIVOS
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mento, não pode iniciar ou prosseguir a execu- 3 — [Revogado].


ção, salvo se, mediante resolução fundamentada,
4 — Aos casos previstos no presente artigo
reconhecer, no prazo de 15 dias, que o diferi-
aplica-se, com as adaptações que forem necessá-
mento da execução seria gravemente prejudicial
rias, o disposto no capítulo I e nos dois artigos
para o interesse público.
precedentes.
2 — Sem prejuízo do previsto na parte final do
número anterior, deve a autoridade que receba o Artigo 131.º
duplicado impedir, com urgência, que os serviços
competentes ou os interessados procedam ou Decretamento provisório da providência
continuem a proceder à execução do ato. 1 — Quando reconheça a existência de uma
3 — Considera-se indevida a execução quando situação de especial urgência, passível de dar
falte a resolução prevista no n.º 1 ou o tribunal causa a uma situação de facto consumado na
julgue improcedentes as razões em que aquela pendência do processo, o juiz, no despacho limi-
se fundamenta. nar, pode, a pedido do requerente ou a título
oficioso, decretar provisoriamente a providência
4 — O interessado pode requerer ao tribunal requerida ou aquela que julgue mais adequada,
onde penda o processo de suspensão da eficácia, sem mais considerações, no prazo de 48 horas,
até ao trânsito em julgado da sua decisão, a de- seguindo o processo cautelar os subsequentes
claração de ineficácia dos atos de execução inde- termos dos artigos 117.º e seguintes.
vida.
2 — O decretamento provisório também pode
5 — O incidente é processado nos autos do ter lugar durante a pendência do processo caute-
processo de suspensão da eficácia. lar, com fundamento em alteração superveniente
dos pressupostos de facto ou de direito.
6 — Requerida a declaração de ineficácia dos
atos de execução indevida, o juiz ou relator ouve 3 — Quando as circunstâncias imponham que
os interessados no prazo de cinco dias, tomando o decretamento provisório seja precedido da au-
de imediato a decisão. dição do requerido, esta pode ser realizada por
qualquer meio de comunicação que se revele
Artigo 129.º adequado.
Suspensão da eficácia do ato já executado 4 — O decretamento provisório não é passível
de impugnação.
A execução de um ato não obsta à suspensão
da sua eficácia quando desta possa advir, para o 5 — O decretamento provisório é notificado de
requerente ou para os interesses que este defen- imediato às pessoas e entidades que o devam
da ou venha a defender, no processo principal, cumprir, sendo aplicável, em caso de incumpri-
utilidade relevante no que toca aos efeitos que o mento, o disposto nos n.ºs 4 a 6 do artigo 128.º,
ato ainda produza ou venha a produzir. com as adaptações que se mostrem necessárias.
6 — Mediante requerimento devidamente fun-
Artigo 130.º
damentado, os requeridos, durante a pendência
Suspensão da eficácia de normas do processo cautelar, podem solicitar o levanta-
mento ou a alteração da providência provisoria-
1 — O interessado na declaração da ilegalida- mente decretada, sendo o requerimento decidido
de de norma emitida ao abrigo de disposições de por aplicação do n.º 2 do artigo 120.º, depois de
direito administrativo cujos efeitos se produzam ouvido o requerente pelo prazo de cinco dias e de
imediatamente, sem dependência de um ato ad- produzida a prova que o juiz considere necessária.
ministrativo ou jurisdicional de aplicação, pode
requerer a suspensão da eficácia dessa norma, 7 — As decisões proferidas ao abrigo do nú-
com efeitos circunscritos ao seu caso. mero anterior são passíveis de impugnação nos
termos gerais.
2 — O Ministério Público e as pessoas e enti-
dades referidas no n.º 2 do artigo 9.º podem
Artigo 132.º
pedir a suspensão, com força obrigatória geral,
dos efeitos de qualquer norma em relação à qual Processos cautelares relativos a procedi-
tenham deduzido ou se proponham deduzir pedi- mentos de formação de contratos
do de declaração de ilegalidade com força obriga-
1 — Os processos cautelares relativos a pro-
tória geral.
cedimentos de formação de contratos não abran-

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CÓDIGO DE PROCESSO NOS TRIBUNAIS ADMINISTRATIVOS
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gidos pelo regime dos artigos 100.º a 103.º-B, c) Seja provável que a pretensão formulada
dirigidos designadamente a obter a suspensão da ou a formular nesse processo venha a ser julgada
eficácia de atos praticados no âmbito do proce- procedente.
dimento, a suspensão do próprio procedimento e
3 — As quantias percebidas não podem exce-
a proibição da celebração ou da execução do
der as que resultariam do reconhecimento dos
contrato, regem-se pelo presente Título, com
direitos invocados pelo requerente, consideran-
ressalva do disposto nos números seguintes.
do-se o respetivo processamento como feito por
2 — O requerimento cautelar deve ser instruí- conta das prestações alegadamente devidas em
do com todos os elementos de prova. função das prestações não realizadas.
3 — A autoridade requerida e os contrainte-
Artigo 134.º
ressados dispõem do prazo de sete dias para
responderem. Produção antecipada de prova
4 — A concessão da providência depende do 1 — Havendo justo receio de vir a tornar-se
juízo de probabilidade do tribunal quanto a saber impossível ou muito difícil o depoimento de cer-
se, ponderados os interesses suscetíveis de se- tas pessoas ou a verificação de certos factos por
rem lesados, os danos que resultariam da adoção meio de prova pericial ou por inspeção, pode o
da providência se mostrem superiores aos prejuí- depoimento, o arbitramento ou a inspeção reali-
zos que podem resultar da sua não adoção, sem zar-se antes de intentado o processo.
que tal lesão possa ser evitada ou atenuada pela
adoção de outras providências. 2 — O requerimento, a apresentar com tantos
duplicados quantas as pessoas a citar ou notifi-
5 — Quando, no processo cautelar, o juiz con- car, deve justificar sumariamente a necessidade
sidere demonstrada a ilegalidade de especifica- da antecipação de prova, mencionar com preci-
ções contidas nos documentos conformadores do são os factos sobre que esta há de recair, especi-
procedimento que era invocada como fundamen- ficar os meios de prova a produzir, identificar as
to do processo principal, pode determinar a sua pessoas que hão de ser ouvidas, se for caso dis-
imediata correção, decidindo, desse modo, o so, e indicar, com a possível concretização, o
mérito da causa, segundo o disposto no artigo pedido e os fundamentos da causa a propor, bem
121.º como a pessoa ou o órgão em relação aos quais
se pretende fazer uso da prova.
6 — [Revogado].
3 — A pessoa ou o órgão referido é notificado
7 — [Revogado].
para intervir nos atos de preparação e produção
de prova ou para deduzir oposição no prazo de
Artigo 133.º
três dias.
Regulação provisória do pagamento de
4 — Quando a notificação não possa ser feita
quantias
a tempo de, com grande probabilidade, se reali-
1 — Quando o alegado incumprimento do de- zar a diligência requerida, a pessoa ou o órgão
ver de a Administração realizar prestações pecu- são notificados da realização da diligência, tendo
niárias provoque uma situação de grave carência a faculdade de requerer, no prazo de sete dias, a
económica, pode o interessado requerer ao tribu- sua repetição, se esta for possível.
nal, a título de regulação provisória, e sem ne-
5 — Se a causa principal vier a correr noutro
cessidade da prestação de garantia, a intimação
tribunal, para aí é remetido o apenso, ficando o
da entidade competente a prestar as quantias
juiz da ação com exclusiva competência para os
indispensáveis a evitar a situação de carência.
termos subsequentes à remessa.
2 — A regulação provisória é decretada quan-
6 — O disposto nos n.ºs 1 a 4 é aplicável, com
do:
as necessárias adaptações, aos pedidos de ante-
a) Esteja adequadamente comprovada a situ- cipação de prova em processo já intentado.
ação de grave carência económica;
b) Seja de prever que o prolongamento dessa
situação possa acarretar consequências graves e
dificilmente reparáveis;

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CÓDIGO DE PROCESSO NOS TRIBUNAIS ADMINISTRATIVOS
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TÍTULO V determina a invalidade do ato ou decisão da au-


toridade ou tribunal incompetente.
Dos conflitos de competência jurisdicional e
de atribuições 2 — Quando razões de equidade ou de inte-
resse público especialmente relevante o justifi-
Artigo 135.º quem, a decisão pode excluir os atos preparató-
rios da declaração de invalidade.
Lei aplicável
1 — Os processos de conflito entre tribunais TÍTULO VI
da jurisdição administrativa e fiscal ou entre ór-
Dos recursos jurisdicionais
gãos administrativos regem-se pelos preceitos
próprios da ação administrativa, com as seguin-
CAPÍTULO I
tes especialidades, sendo, quanto ao mais, apli-
cável, com as necessárias adaptações, o disposto Disposições gerais
na lei processual civil:
a) Os prazos são reduzidos a metade; Artigo 140.º

b) O autor do primeiro ato é chamado ao pro- Espécies de recursos e regime aplicável


cesso na fase da resposta da entidade demanda- 1 — Os recursos das decisões proferidas pelos
da e no mesmo prazo para se pronunciar; tribunais administrativos são ordinários ou extra-
c) Só é admitida prova documental; ordinários, sendo ordinários a apelação e a revis-
ta e extraordinários o recurso para uniformização
d) Não são admissíveis alegações; de jurisprudência e a revisão.
e) Da sentença não cabe qualquer recurso. 2 — Só existe recurso de revista para o Su-
premo Tribunal Administrativo nos casos e ter-
2 — [Revogado].
mos previstos no capítulo seguinte.
Artigo 136.º 3 — Os recursos das decisões proferidas pelos
tribunais administrativos regem-se pelo disposto
Pressupostos
na lei processual civil, salvo o disposto no pre-
A resolução dos conflitos pode ser requerida sente título.
por qualquer interessado e pelo Ministério Público
no prazo de um ano contado da data em que se Artigo 141.º
torne inimpugnável a última das decisões.
Legitimidade
Artigo 137.º 1 — Pode interpor recurso ordinário de uma
decisão jurisdicional proferida por um tribunal
Resposta
administrativo quem nela tenha ficado vencido e
Não há lugar a resposta do Supremo Tribunal o Ministério Público, se a decisão tiver sido profe-
Administrativo e do Tribunal Central Administra- rida com violação de disposições ou princípios
tivo quando o conflito respeite à competência de constitucionais ou legais.
qualquer das suas secções.
2 — Nos processos impugnatórios, considera-
se designadamente vencido, para o efeito do
Artigo 138.º disposto no número anterior, o autor que, tendo
Decisão provisória invocado várias causas de invalidade contra o
mesmo ato administrativo, tenha decaído relati-
Se da inação das autoridades em conflito pu- vamente à verificação de alguma delas, na medi-
der resultar grave prejuízo, o relator designa a da em que o reconhecimento, pelo tribunal de
autoridade que deve exercer provisoriamente a recurso, da existência dessa causa de invalidade
competência em tudo o que seja urgente. impeça ou limite a possibilidade de renovação do
ato anulado.
Artigo 139.º
3 — Ainda que um ato administrativo tenha
Decisão sido anulado com fundamento na verificação de
1 — A decisão que resolva o conflito, além de diferentes causas de invalidade, a sentença pode
especificar a autoridade ou tribunal competente, ser impugnada com base na inexistência de ape-
nas uma dessas causas de invalidade, na medida

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CÓDIGO DE PROCESSO NOS TRIBUNAIS ADMINISTRATIVOS
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em que do reconhecimento da inexistência dessa 2 — Para além de outros a que a lei reconheça
causa de invalidade dependa a possibilidade de o tal efeito, são meramente devolutivos os recursos
ato anulado vir a ser renovado. interpostos de:
4 — Pode ainda recorrer das decisões dos tri- a) Intimações para proteção de direitos, liber-
bunais administrativos quem seja direta e efeti- dades e garantias;
vamente prejudicado por elas, ainda que não seja
b) Decisões respeitantes a processos cautela-
parte na causa ou seja apenas parte acessória.
res e respetivos incidentes;
Artigo 142.º c) Decisões proferidas por antecipação do juí-
zo sobre a causa principal no âmbito de proces-
Decisões que admitem recurso
sos cautelares, nos termos do artigo 121.º
1 — O recurso das decisões que, em primeiro
3 — Quando a suspensão dos efeitos da sen-
grau de jurisdição, tenham conhecido do mérito
tença seja passível de originar situações de facto
da causa é admitido nos processos de valor supe-
consumado ou a produção de prejuízos de difícil
rior à alçada do tribunal de que se recorre, quan-
reparação para a parte vencedora ou para os
do a decisão impugnada seja desfavorável ao
interesses, públicos ou privados, por ela prosse-
recorrente em valor superior a metade da alçada
guidos, o recorrente, no requerimento de inter-
desse tribunal, atendendo-se, em caso de funda-
posição de recurso, pode requerer que ao recurso
da dúvida acerca do valor da sucumbência, so-
seja atribuído efeito meramente devolutivo.
mente ao valor da causa.
4 — Quando a atribuição de efeito meramente
2 — Para os efeitos do disposto no número
devolutivo ao recurso possa ser causadora de
anterior, consideram-se incluídas nas decisões
danos, o tribunal pode determinar a adoção de
sobre o mérito da causa as que, em sede execu-
providências adequadas a evitar ou minorar es-
tiva, declarem a existência de causa legítima de
ses danos e impor a prestação, pelo interessado,
inexecução, pronunciem a invalidade de atos
de garantia destinada a responder pelos mesmos.
desconformes ou fixem indemnizações fundadas
na existência de causa legítima de inexecução. 5 — A atribuição de efeito meramente devolu-
tivo ao recurso é recusada quando os danos que
3 — Para além dos casos previstos na lei pro-
dela resultariam se mostrem superiores àqueles
cessual civil, é sempre admissível recurso, inde-
que podem resultar da sua não atribuição, sem
pendentemente do valor da causa e da sucum-
que a lesão possa ser evitada ou atenuada pela
bência, das decisões:
adoção de providências adequadas a evitar ou
a) De improcedência de pedidos de intimação minorar esses danos.
para proteção de direitos, liberdades e garantias;
Artigo 144.º
b) Proferidas em matéria sancionatória;
Interposição de recurso e alegações
c) Proferidas contra jurisprudência uniformi-
zada pelo Supremo Tribunal Administrativo; 1 — O prazo para a interposição de recurso é
de 30 dias e conta-se a partir da notificação da
d) Que ponham termo ao processo sem se
decisão recorrida.
pronunciarem sobre o mérito da causa.
2 — O recurso é interposto mediante requeri-
4 — [Revogado].
mento dirigido ao tribunal que proferiu a decisão,
5 — As decisões proferidas em despacho in- que inclui ou junta a respetiva alegação e no qual
terlocutório podem ser impugnadas no recurso são enunciados os vícios imputados à decisão e
que venha a ser interposto da decisão final, exce- formuladas conclusões.
to nos casos em que é admitida apelação autó-
3 — Recebido o requerimento, a secretaria
noma nos termos da lei processual civil.
promove oficiosamente a notificação do recorrido
ou recorridos para alegarem no prazo de 30 dias.
Artigo 143.º
4 — Se o recurso tiver por objeto a reaprecia-
Efeitos dos recursos ção da prova gravada, ao prazo de interposição e
1 — Salvo disposto em lei especial, os recur- de resposta acrescem 10 dias.
sos ordinários têm efeito suspensivo da decisão
recorrida.

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48
CÓDIGO DE PROCESSO NOS TRIBUNAIS ADMINISTRATIVOS
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Artigo 145.º impugnatório, se tenha limitado a reafirmar os


vícios imputados ao ato impugnado, sem formu-
Despacho sobre o requerimento
lar conclusões ou sem que delas seja possível
1 — Findos os prazos concedidos às partes, o deduzir quais os concretos aspetos de facto que
juiz ou relator aprecia os requerimentos apresen- considera incorretamente julgados ou as normas
tados e pronuncia-se sobre as nulidades arguidas jurídicas que considera terem sido violadas pelo
e os pedidos de reforma, ordenando a subida do tribunal recorrido, o relator deve convidá-lo a
recurso se a tal nada obstar. apresentar, completar ou esclarecer as conclu-
sões formuladas, no prazo de 10 dias, sob pena
2 — O requerimento é indeferido quando: de não se conhecer do recurso na parte afetada.
a) Se entenda que a decisão não admite re- 5 — No caso previsto no número anterior, a
curso, que este foi interposto fora do prazo ou parte contrária é notificada da apresentação de
que o requerente não tem as condições necessá- aditamento ou esclarecimento pelo recorrente,
rias para recorrer; podendo responder no prazo de 10 dias.
b) Não contenha ou junte a alegação do recor-
rente ou quando esta não tenha conclusões, sem Artigo 147.º
prejuízo do disposto no n.º 4 do artigo 146.º
Processos urgentes
3 — Do despacho do juiz ou relator que não
1 — Nos processos urgentes, os recursos são
admita o recurso pode o recorrente reclamar, se-
interpostos no prazo de 15 dias e sobem imedia-
gundo o disposto na lei processual civil, para o
tamente, no processo principal ou no apenso em
tribunal que seria competente para dele conhecer.
que a decisão tenha sido proferida, quando o
4 — Do despacho do relator que não receba o processo esteja findo no tribunal recorrido, ou
recurso interposto de decisão da Secção de con- sobem em separado, no caso contrário.
tencioso administrativo do Supremo Tribunal
2 — Os prazos a observar durante o recurso
Administrativo para o Pleno do mesmo Tribunal,
são reduzidos a metade e o julgamento pelo tri-
ou o retenha, cabe reclamação para a conferên-
bunal superior tem lugar, com prioridade sobre
cia e da decisão desta não há recurso.
os demais processos, na sessão imediata à con-
clusão do processo para decisão.
Artigo 146.º
Intervenção do Ministério Público, conclu- Artigo 148.º
são ao relator e aperfeiçoamento das alega-
Julgamento ampliado do recurso
ções de recurso
1 — O Presidente do Supremo Tribunal Admi-
1 — Recebido o processo no tribunal de recur-
nistrativo ou o do Tribunal Central Administrativo
so e efetuada a distribuição, a secretaria notifica
podem determinar que no julgamento de um
o Ministério Público, quando este não se encontre
recurso intervenham todos os juízes da secção
na posição de recorrente ou recorrido, para, que-
quando tal se revele necessário ou conveniente
rendo, se pronunciar, no prazo de 10 dias, sobre
para assegurar a uniformidade da jurisprudência,
o mérito do recurso, em defesa dos direitos fun-
sendo o quórum de dois terços.
damentais dos cidadãos, de interesses públicos
especialmente relevantes ou de algum dos valo- 2 — O julgamento nas condições previstas no
res ou bens referidos no n.º 2 do artigo 9.º número anterior pode ser requerido pelas partes
e deve ser proposto pelo relator ou pelos adjun-
2 — No caso de o Ministério Público exercer a
tos, designadamente quando se verifique a pos-
faculdade que lhe é conferida no número ante-
sibilidade de vencimento de solução jurídica em
rior, as partes são notificadas para responder no
oposição com jurisprudência anteriormente fir-
prazo de 10 dias.
mada no domínio da mesma legislação e sobre a
3 — Cumpridos os trâmites previstos nos nú- mesma questão fundamental de direito.
meros anteriores, os autos são conclusos ao rela-
3 — Determinado o julgamento por todos os
tor, que ordena a notificação do recorrente para
juízes da secção, nos termos previstos nos núme-
se pronunciar, no prazo de 10 dias, sobre as
ros anteriores, o relator determina a extração de
questões prévias de conhecimento oficioso ou
cópia das peças processuais relevantes para o
que tenham sido suscitadas pelos recorridos.
conhecimento do objeto do recurso, as quais são
4 — Quando o recorrente, na alegação de re- entregues a cada um dos juízes, permanecendo o
curso contra sentença proferida em processo
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CÓDIGO DE PROCESSO NOS TRIBUNAIS ADMINISTRATIVOS
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processo, para consulta, na secretaria do tribu- 2 — A revista só pode ter como fundamento a
nal. violação de lei substantiva ou processual.
4 — O acórdão é publicado na 1.ª ou na 2.ª 3 — Aos factos materiais fixados pelo tribunal
série do Diário da República, consoante seja pro- recorrido, o tribunal de revista aplica definitiva-
ferido pelo Supremo Tribunal Administrativo ou mente o regime jurídico que julgue adequado.
pelo Tribunal Central Administrativo.
4 — O erro na apreciação das provas e na fi-
xação dos factos materiais da causa não pode ser
CAPÍTULO II
objeto de revista, salvo havendo ofensa de uma
Recursos ordinários disposição expressa de lei que exija certa espécie
de prova para a existência do facto ou que fixe a
Artigo 149.º força de determinado meio de prova.

Poderes do tribunal de apelação 5 — Na revista de decisão de atribuição ou re-


cusa de providência cautelar, o Supremo Tribunal
1 — Ainda que declare nula a sentença, o tri- Administrativo, quando não confirme o acórdão
bunal de recurso não deixa de decidir o objeto da recorrido, substitui-o mediante decisão que decide
causa, conhecendo do facto e do direito. a questão controvertida, aplicando os critérios de
2 — Se o tribunal recorrido tiver julgado do atribuição das providências cautelares por referên-
mérito da causa, mas deixado de conhecer de cia à matéria de facto fixada nas instâncias.
certas questões, designadamente por as conside- 6 — A decisão quanto à questão de saber se,
rar prejudicadas pela solução dada ao litígio, o no caso concreto, se preenchem os pressupostos
tribunal superior, se entender que o recurso pro- do n.º 1 compete ao Supremo Tribunal Adminis-
cede e que nada obsta à apreciação daquelas trativo, devendo ser objeto de apreciação preli-
questões, conhece delas no mesmo acórdão em minar sumária, a cargo de uma formação consti-
que revoga a decisão recorrida. tuída por três juízes de entre os mais antigos da
3 — Se, por qualquer motivo, o tribunal recor- Secção de Contencioso Administrativo.
rido não tiver conhecido do pedido, o tribunal de
recurso, se julgar que o motivo não procede e Artigo 151.º
que nenhum outro obsta a que se conheça do Revista per saltum para o Supremo Tribunal
mérito da causa, conhece deste no mesmo acór- Administrativo
dão em que revoga a decisão recorrida.
1 — Os recursos interpostos de decisões de
4 — Nas situações previstas nos números an- mérito proferidas por tribunais administrativos de
teriores, há lugar, no tribunal superior, à produ- círculo são da competência do Supremo Tribunal
ção da prova que, ouvidas as partes pelo prazo Administrativo quando as partes, nas alegações,
de cinco dias, for julgada necessária, sendo apli- suscitem apenas questões de direito e o valor da
cável às diligências ordenadas, com as necessá- causa seja superior a 500.000 € ou seja indeter-
rias adaptações, o disposto quanto à instrução, minada, designadamente nos processos de decla-
discussão, alegações e julgamento em primeira ração de ilegalidade de norma ou de declaração
instância. de ilegalidade por omissão de norma.
5 — Na situação prevista no número anterior, 2 — O disposto no número anterior não se
o relator, antes de ser proferida decisão, ouve as aplica a processos respeitantes a atos adminis-
partes pelo prazo de 10 dias. trativos em matéria de emprego público ou rela-
cionados com formas públicas ou privadas de
Artigo 150.º proteção social.
Recurso de revista 3 — Os recursos previstos no n.º 1 são julga-
1 — Das decisões proferidas em segunda ins- dos como revista, sendo-lhes aplicável o disposto
tância pelo Tribunal Central Administrativo pode nos n.ºs 2 a 4 do artigo anterior.
haver, excecionalmente, revista para o Supremo 4 — Se, remetido o processo ao Supremo Tri-
Tribunal Administrativo quando esteja em causa bunal Administrativo, o relator entender que as
a apreciação de uma questão que, pela sua rele- questões suscitadas ultrapassam o âmbito da
vância jurídica ou social, se revista de importân- revista, determina, mediante decisão definitiva,
cia fundamental ou quando a admissão do recur- que o processo baixe ao Tribunal Central Admi-
so seja claramente necessária para uma melhor nistrativo, para que o recurso aí seja julgado
aplicação do direito.
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CÓDIGO DE PROCESSO NOS TRIBUNAIS ADMINISTRATIVOS
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como apelação, com aplicação do disposto no Artigo 153.º


artigo 149.º
Relator por vencimento
5 — Se o relator admitir o recurso, pode haver
1 — Quando, no pleno da secção, o relator fi-
reclamação para a conferência, nos termos gerais.
que vencido quanto à decisão ou a todos os fun-
damentos desta, o acórdão é lavrado por juiz a
CAPÍTULO III
determinar por sorteio, de entre os que tenham
Recursos extraordinários feito vencimento.
2 — Dos sorteios vão sendo sucessivamente
Artigo 152.º excluídos os juízes que já tenham relatado por
Recurso para uniformização de jurisprudência vencimento.

1 — As partes e o Ministério Público podem di- Artigo 154.º


rigir ao Supremo Tribunal Administrativo, no pra-
zo de 30 dias contado do trânsito em julgado do Objeto
acórdão impugnado, pedido de admissão de re-
1 — A revisão de sentença transitada em jul-
curso para uniformização de jurisprudência,
gado pode ser pedida ao tribunal que a tenha
quando, sobre a mesma questão fundamental de
proferido, sendo subsidiariamente aplicável o
direito, exista contradição:
disposto no Código de Processo Civil, no que não
a) Entre acórdão do Tribunal Central Adminis- colida com o que se estabelece nos artigos se-
trativo e acórdão anteriormente proferido pelo guintes.
mesmo Tribunal ou pelo Supremo Tribunal Admi-
2 — No processo de revisão, pode ser cumula-
nistrativo;
do o pedido de indemnização pelos danos sofridos.
b) Entre dois acórdãos do Supremo Tribunal
Administrativo. Artigo 155.º
2 — A petição de recurso é acompanhada de Legitimidade
alegação na qual se identifiquem, de forma preci-
1 — Têm legitimidade para requerer a revisão,
sa e circunstanciada, os aspetos de identidade
com qualquer dos fundamentos previstos no Có-
que determinam a contradição alegada e a infra-
digo de Processo Civil, o Ministério Público e as
ção imputada ao acórdão recorrido.
partes no processo.
3 — O recurso não é admitido se a orientação
2 — Tem igualmente legitimidade para reque-
perfilhada no acórdão impugnado estiver de
rer a revisão quem, devendo ser obrigatoriamen-
acordo com a jurisprudência mais recentemente
te citado no processo, não o tenha sido e quem,
consolidada do Supremo Tribunal Administrativo.
não tendo tido a oportunidade de participar no
4 — O recurso é julgado pelo pleno da secção processo, tenha sofrido ou esteja em vias de
e o acórdão é publicado na 1.ª série do Diário da sofrer a execução da decisão a rever.
República.
Artigo 156.º
5 — A decisão de provimento emitida pelo tri-
bunal superior não afeta qualquer decisão ante- Tramitação
rior àquela que tenha sido impugnada, nem as
situações jurídicas ao seu abrigo constituídas. 1 — Uma vez admitido o recurso, o juiz ou re-
lator manda apensá-lo ao processo a que respei-
6 — A decisão que verifique a existência da ta, que para o efeito é avocado ao arquivo onde
contradição alegada anula o acórdão recorrido e se encontre, e ordena a notificação de todos os
substitui-o, decidindo a questão controvertida. que tenham intervindo no processo em que foi
proferida a decisão a rever.
7 — O recurso de uniformização de jurispru-
dência deve ser interposto pelo Ministério Públi- 2 — O processo tem o seguimento estabeleci-
co, mesmo quando não seja parte na causa, caso do para aquele em que tenha sido proferida a
em que não tem qualquer influência na decisão decisão a rever, sendo a questão novamente
desta, destinando-se, unicamente à emissão de julgada e mantida ou revogada, a final, a decisão
acórdão de uniformização sobre o conflito de recorrida.
jurisprudência.

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CÓDIGO DE PROCESSO NOS TRIBUNAIS ADMINISTRATIVOS
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TÍTULO VII cial e faz incorrer os seus autores em responsabi-


lidade civil, criminal e disciplinar, nos termos
Do processo executivo
previstos no artigo seguinte.

CAPÍTULO I
Artigo 159.º
Disposições gerais
Inexecução ilícita das decisões judiciais

Artigo 157.º 1 — Para além dos casos em que, por acordo


do interessado ou declaração judicial, nos termos
Âmbito de aplicação previstos no presente título, seja considerada
1 — A execução das sentenças proferidas pe- justificada por causa legítima, a inexecução, por
los tribunais administrativos contra entidades parte da Administração, de sentença proferida
públicas é regulada nos termos do presente títu- por um tribunal administrativo envolve:
lo. a) Responsabilidade civil, nos termos gerais,
2 — As vias de execução previstas no presen- quer da Administração quer das pessoas que nela
te Título também podem ser utilizadas para obter desempenhem funções;
a execução de atos administrativos inimpugná- b) Responsabilidade disciplinar, também nos
veis a que a Administração não dê a devida exe- termos gerais, dessas mesmas pessoas.
cução, por quem possa fazer valer uma preten-
são dirigida à execução desses atos. 2 — A inexecução também constitui crime de
desobediência qualificada, sem prejuízo de outro
3 — Sem prejuízo do disposto em lei especial, procedimento especialmente fixado na lei, quan-
o preceituado no número anterior é, designada- do, tendo a Administração sido notificada para o
mente, aplicável para obter a emissão de senten- efeito, o órgão administrativo competente:
ça que produza os efeitos de alvará ilegalmente
recusado ou omitido. a) Manifeste a inequívoca intenção de não dar
execução à sentença, sem invocar a existência de
4 — As vias de execução previstas no presen- causa legítima de inexecução;
te título podem ser ainda utilizadas para obter a
execução de qualquer outro título executivo pas- b) Não proceda à execução nos termos que a
sível de ser acionado contra uma pessoa coletiva sentença tinha estabelecido ou que o tribunal ve-
de direito público, um ministério ou uma secreta- nha a definir no âmbito do processo de execução.
ria regional, mas, quando diga respeito a títulos
executivos emitidos fora do âmbito das relações Artigo 160.º
jurídicas administrativas, a execução corre ter-
Eficácia da sentença
mos nos tribunais judiciais.
1 — Os prazos dentro dos quais se impõe à
5 — As execuções contra particulares das sen-
Administração a execução das sentenças proferi-
tenças proferidas pelos tribunais administrativos,
das pelos tribunais administrativos correm a par-
assim como dos demais títulos executivos produzi-
tir do respetivo trânsito em julgado.
dos no âmbito de relações jurídico-administrativas
que careçam de execução jurisdicional, correm 2 — Quando a sentença tenha sido objeto de
termos nos tribunais administrativos, mas, na au- recurso a que tenha sido atribuído efeito mera-
sência de legislação especial, regem-se pelo dispos- mente devolutivo, os prazos correm com a notifi-
to na lei processual civil. cação à Administração da decisão mediante a
qual o tribunal tenha atribuído efeito meramente
Artigo 158.º devolutivo ao recurso.
Obrigatoriedade das decisões judiciais
Artigo 161.º
1 — As decisões dos tribunais administrativos
Extensão dos efeitos da sentença
são obrigatórias para todas as entidades públicas
e privadas e prevalecem sobre as de quaisquer 1 — Os efeitos de uma sentença transitada
autoridades administrativas. em julgado que tenha anulado ou declarado nulo
um ato administrativo desfavorável, ou reconhe-
2 — A prevalência das decisões dos tribunais
cido a titularidade de uma situação jurídica favo-
administrativos sobre as das autoridades admi-
rável a uma ou várias pessoas, podem ser esten-
nistrativas implica a nulidade de qualquer ato
didos a outras pessoas que, quer tenham recorri-
administrativo que desrespeite uma decisão judi-
do ou não à via contenciosa, tenham sido objeto
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52
CÓDIGO DE PROCESSO NOS TRIBUNAIS ADMINISTRATIVOS
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de ato administrativo com idêntico conteúdo ou CAPÍTULO II


se encontrem colocadas na mesma situação jurí-
Execução para prestação de factos ou de
dica, desde que, quanto a estas, não exista sen-
coisas
tença transitada em julgado.
2 — O disposto no número anterior vale ape- Artigo 162.º
nas para situações em que existam vários casos
perfeitamente idênticos, nomeadamente no do- Execução espontânea por parte da Adminis-
mínio do emprego público e em matéria de con- tração
cursos, e só quando se preencham cumulativa- 1 — Se outro prazo não for por elas próprias
mente os seguintes pressupostos: fixado, as sentenças dos tribunais administrativos
a) Terem sido proferidas por tribunais superio- que condenem a Administração à prestação de
res, no mesmo sentido, cinco sentenças transita- factos ou à entrega de coisas devem ser espon-
das em julgado ou, existindo situações de pro- taneamente executadas pela própria Administra-
cessos em massa, nesse sentido terem sido deci- ção, no máximo, no prazo procedimental de 90
didos em três casos, por sentença transitada em dias, salvo ocorrência de causa legítima de inexe-
julgado, os processos selecionados segundo o cução, segundo o disposto no artigo seguinte.
disposto no artigo 48.º; 2 — Extinto o órgão ao qual competiria dar
b) Não ter sido proferido número superior de execução à sentença ou tendo-lhe sido retirada a
sentenças, também transitadas em julgado, em competência na matéria, o dever recai sobre o
sentido contrário ao das sentenças referidas na órgão que lhe tenha sucedido ou sobre aquele ao
alínea anterior, nem serem as referidas senten- qual tenha sido atribuída aquela competência.
ças contrárias a doutrina assente pelo Supremo
Tribunal Administrativo em recurso para unifor- Artigo 163.º
mização de jurisprudência. Causas legítimas de inexecução
3 — Para o efeito do disposto no n.º 1, o inte- 1 — Só constituem causa legítima de inexecu-
ressado deve apresentar, no prazo de um ano, ção a impossibilidade absoluta e o excecional
contado desde a data em que a sentença foi profe- prejuízo para o interesse público na execução da
rida, um requerimento dirigido à entidade pública sentença.
que, nesse processo, tenha sido demandada.
2 — A causa legítima de inexecução pode res-
4 — Indeferida a pretensão ou decorridos três peitar a toda a decisão ou a parte dela.
meses sem decisão da Administração, o interes-
sado pode requerer, no prazo de dois meses, ao 3 — A invocação de causa legítima de inexe-
tribunal que tenha proferido a sentença, a exten- cução deve ser fundamentada e notificada ao
são dos respetivos efeitos e a sua execução em interessado, com os respetivos fundamentos,
seu favor, sendo aplicáveis, com as devidas dentro do prazo estabelecido no n.º 1 do artigo
adaptações, os trâmites previstos no presente anterior, e só pode reportar-se a circunstâncias
título para a execução das sentenças de anulação supervenientes ou que a Administração não esti-
de atos administrativos. vesse em condições de invocar no momento
oportuno do processo declarativo.
5 — A extensão dos efeitos da sentença, no
caso de existirem contrainteressados que não Artigo 164.º
tenham tomado parte no processo em que ela foi
proferida, só pode ser requerida se o interessado Petição de execução
tiver lançado mão, no momento próprio, da via
1 — Quando a Administração não dê execução
judicial adequada, encontrando-se pendente o
espontânea à sentença no prazo estabelecido no
correspondente processo.
n.º 1 do artigo 162.º, o interessado e o Ministério
6 — Quando, na pendência de processo im- Público, quando tenha sido autor no processo ou
pugnatório, o ato impugnado seja anulado por estejam em causa os valores referidos no n.º 2
sentença proferida noutro processo, pode o autor do artigo 9.º, podem pedir a respetiva execução
fazer uso do disposto nos n.ºs 3 e 4 do presente ao tribunal que tenha proferido a sentença em
artigo para obter a execução da sentença de anu- primeiro grau de jurisdição.
lação.
2 — Caso outra solução não resulte de lei es-
pecial, a petição de execução, que é autuada por
apenso aos autos em que foi proferida a decisão

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CÓDIGO DE PROCESSO NOS TRIBUNAIS ADMINISTRATIVOS
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exequenda, deve ser apresentada no prazo de 3 — No caso de concordar com a oposição de-
um ano, contado desde o termo do prazo do n.º duzida pela Administração, o exequente pode,
1 do artigo 162.º ou da notificação da invocação desde logo, pedir a fixação da indemnização de-
de causa legítima de inexecução. vida, seguindo-se os termos prescritos no artigo
seguinte.
3 — Na petição, o exequente pode pedir a de-
claração de nulidade dos atos desconformes com 4 — Junta a réplica do exequente ou expirado o
a sentença, bem como a anulação daqueles que respetivo prazo sem que ele tenha manifestado a
mantenham, sem fundamento válido, a situação sua concordância com a oposição deduzida pela
ilegal. Administração, o tribunal ordena as diligências
instrutórias que considere necessárias, findo o que
4 — Na petição, o exequente deve especificar
se segue a abertura de vista simultânea aos juí-
os atos e operações em que entende que a exe-
zes-adjuntos, caso se trate de tribunal colegial.
cução deve consistir, podendo requerer, para
além da indemnização moratória a que tenha 5 — A oposição é decidida no prazo máximo
direito: de 20 dias.
a) A entrega judicial da coisa devida;
Artigo 166.º
b) A prestação do facto devido por outrem, se
Indemnização por causa legítima de inexe-
o facto for fungível;
cução e conversão da execução
c) Estando em causa a prática de ato adminis-
1 — Quando o tribunal julgue procedente a
trativo legalmente devido de conteúdo vinculado,
oposição fundada na existência de causa legítima
a emissão pelo próprio tribunal de sentença que
de inexecução, ordena a notificação da Adminis-
produza os efeitos do ato ilegalmente omitido;
tração e do exequente para, no prazo de 20 dias,
d) Estando em causa a prestação de facto in- acordarem no montante da indemnização devida
fungível, a fixação de um prazo limite, com impo- pelo facto da inexecução, podendo o prazo ser
sição de uma sanção pecuniária compulsória aos prorrogado se for previsível que o acordo se pos-
titulares dos órgãos incumbidos de executar a sa vir a concretizar em momento próximo.
sentença.
2 — Na falta de acordo, o tribunal ordena as
5 — Se a Administração tiver invocado a exis- diligências instrutórias que considere necessárias,
tência de causa legítima de inexecução, segundo findo o que se segue a abertura de vista simultâ-
o disposto no n.º 3 do artigo anterior, deve o nea aos juízes-adjuntos, caso se trate de tribunal
exequente deduzir, se for caso disso, as razões colegial, fixando o tribunal o montante da indem-
da sua discordância e juntar cópia da notificação nização devida no prazo máximo de 20 dias.
a que se refere aquele preceito.
3 — Se a Administração não ordenar o paga-
6 — No caso de concordar com a invocação da mento devido no prazo de 30 dias contado da
existência de causa legítima de inexecução, o data do acordo ou da notificação da decisão judi-
exequente pode requerer, no prazo estabelecido cial que tenha fixado a indemnização devida,
no n.º 2, a fixação da indemnização devida, se- seguem-se os termos do processo executivo para
gundo o disposto no artigo 166.º pagamento de quantia certa.

Artigo 165.º Artigo 167.º


Oposição à execução Providências de execução
1 — Apresentada a petição, é ordenada a noti- 1 — Quando, dentro do prazo concedido para
ficação da entidade ou entidades obrigadas para, a oposição, a Administração não dê execução à
no prazo de 20 dias, executarem a sentença ou sentença nem deduza oposição, ou a oposição
deduzirem a oposição que tenham, podendo o deduzida venha a ser julgada improcedente, o
fundamento da oposição consistir na invocação tribunal deve adotar as providências necessárias
da existência de causa legítima de inexecução da para efetivar a execução da sentença, declarando
sentença ou da circunstância de esta ter sido nulos os atos desconformes com a sentença e
entretanto executada. anulando aqueles que mantenham, sem funda-
mento válido, a situação ilegal.
2 — O recebimento da oposição suspende a
execução, sendo o exequente notificado para 2 — Quando o órgão competente para execu-
replicar no prazo de 10 dias. tar esteja sujeito a poderes hierárquicos ou de

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CÓDIGO DE PROCESSO NOS TRIBUNAIS ADMINISTRATIVOS
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superintendência, o tribunal manda notificar o Artigo 169.º


titular dos referidos poderes para dar execução à
Sanção pecuniária compulsória
sentença em substituição desse órgão.
1 — A imposição de sanção pecuniária com-
3 — Em ordem à execução das suas senten-
pulsória consiste na condenação dos titulares dos
ças, os tribunais administrativos podem requerer
órgãos incumbidos da execução, que para o efei-
a colaboração das autoridades e agentes da enti-
to devem ser individualmente identificados, ao
dade administrativa obrigada bem como, quando
pagamento de uma quantia pecuniária por cada
necessário, de outras entidades administrativas.
dia de atraso que, para além do prazo limite es-
4 — Todas as entidades públicas estão obriga- tabelecido, se possa vir a verificar na execução
das a prestar a colaboração que, para o efeito do da sentença.
disposto no número anterior, lhes for requerida,
2 — A sanção pecuniária compulsória prevista
sob pena de os responsáveis pela falta de colabora-
no n.º 1 é fixada segundo critérios de razoabili-
ção poderem incorrer no crime de desobediência.
dade, podendo o seu montante diário oscilar en-
5 — Dependendo do caso concreto, o tribunal tre 5 % e 10 % do salário mínimo nacional mais
pode proceder à entrega judicial da coisa devida elevado em vigor no momento.
ou determinar a prestação do facto devido por
3 — Se o órgão ou algum dos órgãos obriga-
outrem, se o facto for fungível, sendo aplicáveis,
dos for colegial, não são abrangidos pela sanção
com as necessárias adaptações, as disposições
pecuniária compulsória os membros do órgão que
correspondentes do Código de Processo Civil.
votem a favor da execução integral e imediata,
6 — Estando em causa a prática de ato admi- nos termos judicialmente estabelecidos, e que
nistrativo legalmente devido de conteúdo vincu- façam registar em ata esse voto, nem aqueles
lado, o próprio tribunal emite sentença que pro- que, não estando presentes na votação, comuni-
duza os efeitos do ato ilegalmente omitido. quem por escrito ao presidente a sua vontade de
executar a sentença.
Artigo 168.º
4 — A sanção pecuniária compulsória cessa
Execução para prestação de facto infungível quando se mostre ter sido realizada a execução
integral da sentença, quando o exequente desista
1 — Quando, dentro do prazo concedido para do pedido ou quando a execução já não possa ser
a oposição, a Administração não dê execução à realizada pelos destinatários da medida, por te-
sentença nem deduza oposição, ou a oposição rem cessado ou sido suspensos do exercício das
deduzida venha a ser julgada improcedente, o respetivas funções.
tribunal, estando em causa a prestação de um
facto infungível, fixa, segundo critérios de razoa- 5 — A liquidação das importâncias devidas em
bilidade, um prazo limite para a realização da consequência da imposição de sanções pecuniá-
prestação e, se não o tiver já feito na sentença rias compulsórias, nos termos deste artigo, é
condenatória, impõe uma sanção pecuniária feita pelo tribunal, a cada período de três meses,
compulsória, segundo o disposto no artigo se- e, a final, uma vez cessada a aplicação da medi-
guinte. da, podendo o exequente solicitar a liquidação.

2 — Quando tal não resulte já do próprio teor 6 — No âmbito da liquidação, o titular do ór-
da sentença exequenda, o tribunal especifica gão pode deduzir oposição com fundamento na
ainda, no respeito pelos espaços de valoração existência de causas de justificação ou de descul-
próprios do exercício da função administrativa, o pação da conduta.
conteúdo dos atos e operações que devem ser
7 — As importâncias que resultem da aplica-
adotados, identificando o órgão ou órgãos admi-
ção de sanção pecuniária compulsória constituem
nistrativos responsáveis pela sua adoção.
receita consignada à dotação anual, inscrita à
3 — Expirando o prazo a que se refere o n.º 1 ordem do Conselho Superior dos Tribunais Admi-
sem que a Administração tenha cumprido, pode o nistrativos e Fiscais, a que se refere o n.º 3 do
exequente requerer ao tribunal a fixação da in- artigo 172.º
demnização que lhe é devida a título de respon-
sabilidade civil pela inexecução ilícita da senten-
ça, seguindo-se os trâmites estabelecidos no n.º
2 do artigo 166.º

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CÓDIGO DE PROCESSO NOS TRIBUNAIS ADMINISTRATIVOS
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CAPÍTULO III quantia devida, a entidade obrigada deve, dentro


do prazo previsto no n.º 1, dar conhecimento da
Execução para pagamento de quantia certa
situação ao tribunal, que convida as partes a
chegarem a acordo, no prazo de 20 dias, quanto
Artigo 170.º ao pagamento escalonado da quantia em dívida.
Execução espontânea e petição de execução 7 — Na ausência do acordo referido no núme-
1 — Se outro prazo não for por elas próprias ro anterior, aplica-se o disposto nos n.ºs 3 a 9 do
fixado, as sentenças dos tribunais administrativos artigo 172.º
que condenem a Administração ao pagamento de
quantia certa devem ser espontaneamente exe- Artigo 172.º
cutadas pela própria Administração, no máximo,
Providências de execução
no prazo procedimental de 30 dias.
1 — O tribunal dá provimento à pretensão
2 — Caso a Administração não dê execução à
executiva do autor quando, dentro do prazo con-
sentença no prazo estabelecido no número ante-
cedido para a oposição, a Administração não dê
rior, dispõe o interessado do prazo de um ano
execução à sentença nem deduza oposição ou a
para pedir a respetiva execução ao tribunal com-
eventual alegação da existência de factos super-
petente, podendo, para o efeito, solicitar:
venientes, modificativos ou extintivos da obriga-
a) A compensação do seu crédito com eventu- ção venha a ser julgada improcedente.
ais dívidas que o onerem para com a mesma
2 — Quando tenha sido requerida a compen-
pessoa coletiva ou o mesmo ministério;
sação de créditos entre exequente e Administra-
b) A execução do seu crédito, nos termos dos ção obrigada, a compensação decretada pelo juiz
n.ºs 3 e seguintes do artigo 172.º funciona como título de pagamento total ou par-
cial da dívida que o exequente tinha para com a
Artigo 171.º Administração, sendo oponível a eventuais re-
clamações futuras do respetivo cumprimento.
Oposição à execução
3 — No Orçamento do Estado é anualmente
1 — Apresentada a petição, é ordenada a noti- inscrita uma dotação à ordem do Conselho Supe-
ficação da entidade obrigada para pagar, no pra- rior dos Tribunais Administrativos e Fiscais, afeta
zo de 20 dias, ou deduzir oposição fundada na ao pagamento de quantias devidas a título de
invocação de facto superveniente, modificativo cumprimento de decisões jurisdicionais, a qual
ou extintivo da obrigação. corresponde, no mínimo, ao montante acumulado
2 — O recebimento da oposição suspende a das condenações decretadas no ano anterior e
execução, sendo o exequente notificado para respetivos juros de mora.
responder no prazo de 10 dias. 4 — Quando não tenha sido requerida a com-
3 — Junta a réplica do exequente ou expirado pensação de créditos entre exequente e Adminis-
o respetivo prazo sem que ele tenha manifestado tração obrigada, o tribunal dá conhecimento da
a sua concordância com a oposição deduzida pela sentença e da situação de inexecução ao Conse-
Administração, o tribunal ordena as diligências lho Superior dos Tribunais Administrativos e Fis-
instrutórias que considere necessárias, findo o cais, ao qual cumpre emitir, no prazo de 30 dias,
que se segue a abertura de vista simultânea aos a correspondente ordem de pagamento.
juízes adjuntos, caso se trate de tribunal colegial. 5 — No caso de insuficiência de dotação, o
4 — A oposição é decidida no prazo de 20 dias. Presidente do Conselho Superior dos Tribunais
Administrativos e Fiscais oficia ao Presidente da
5 — A inexistência de verba ou cabimento or- Assembleia da República e ao Primeiro-Ministro
çamental que permita o pagamento imediato da para que se promova a abertura de créditos ex-
quantia devida não constitui fundamento de opo- traordinários.
sição à execução, sem prejuízo de poder ser cau-
sa de exclusão da ilicitude da inexecução espon- 6 — Sem prejuízo do disposto no número an-
tânea da sentença, para os efeitos do disposto no terior, o exequente deve ser imediatamente noti-
artigo 159.º ficado da situação de insuficiência de dotação,
assistindo-lhe, nesse caso, em alternativa:
6 — Quando a situação de incumprimento se
deva à inexistência de verba ou cabimento orça- a) O direito de requerer que o tribunal admi-
mental que permita o pagamento imediato da nistrativo dê seguimento à execução, aplicando o

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CÓDIGO DE PROCESSO NOS TRIBUNAIS ADMINISTRATIVOS
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regime da execução para pagamento de quantia limites ditados pela autoridade do caso julgado, a
certa, previsto na lei processual civil; ou anulação de um ato administrativo constitui a
Administração no dever de reconstituir a situação
b) O direito de requerer a fixação à entidade
que existiria se o ato anulado não tivesse sido
obrigada de um prazo limite para proceder ao
praticado, bem como de dar cumprimento aos
pagamento, com imposição de uma sanção pecu-
deveres que não tenha cumprido com fundamen-
niária compulsória aos titulares do órgão compe-
to naquele ato, por referência à situação jurídica
tente para determinar tal pagamento.
e de facto existente no momento em que deveria
7 — Quando o crédito exequendo onere uma ter atuado.
entidade pertencente à Administração indireta do
2 — Para efeitos do disposto no número ante-
Estado ou à Administração autónoma, o crédito
rior, a Administração pode ficar constituída no
só pode ser satisfeito por conta da dotação orça-
dever de praticar atos dotados de eficácia retroa-
mental a que se refere o n.º 3 desde que, atra-
tiva, desde que não envolvam a imposição de
vés da prévia aplicação do regime da execução
deveres, encargos, ónus ou sujeições a aplicação
para pagamento de quantia certa regulado na lei
de sanções ou a restrição de direitos ou interes-
processual civil, não tenha sido possível obter o
ses legalmente protegidos, assim como no dever
pagamento da entidade devedora.
de anular, reformar ou substituir os atos conse-
8 — Na situação prevista no número anterior, quentes, sem dependência de prazo, e alterar as
caso se mostrem esgotadas as providências de situações de facto entretanto constituídas, cuja
execução para pagamento de quantia certa pre- manutenção seja incompatível com a execução
vistas na lei processual civil sem que tenha sido da sentença de anulação.
possível obter a execução do crédito, a secretaria
3 — Os beneficiários de boa-fé de atos conse-
do tribunal, independentemente de despacho
quentes praticados há mais de um ano têm direito
judicial e de tal ter sido solicitado, a título subsi-
a ser indemnizados pelos danos que sofram em
diário, na petição de execução, notifica imedia-
consequência da anulação, mas a sua situação
tamente o Conselho Superior dos Tribunais Ad-
jurídica não pode ser posta em causa se esses
ministrativos e Fiscais para que este emita a or-
danos forem de difícil ou impossível reparação e
dem de pagamento a que se refere o n.º 4.
for manifesta a desproporção existente entre o
9 — A satisfação do crédito pelo Orçamento seu interesse na manutenção da situação e o inte-
do Estado, na hipótese prevista no número ante- resse na execução da sentença anulatória.
rior, constitui o Estado em direito de regresso,
4 — Quando à reintegração ou recolocação de
incluindo juros de mora, sobre a entidade res-
um trabalhador que tenha obtido a anulação de
ponsável, a exercer mediante uma das seguintes
um ato administrativo se oponha a existência de
formas:
terceiros com interesse legítimo na manutenção
a) Desconto nas transferências a efetuar para de situações incompatíveis, constituídas em seu
a entidade em causa no Orçamento do Estado do favor por ato administrativo praticado há mais de
ano seguinte; um ano, o trabalhador que obteve a anulação
tem direito a ser provido em lugar ou posto de
b) Tratando-se de entidade pertencente à trabalho vago ena categoria igual ou equivalente
Administração indireta do Estado, inscrição ofici- àquele em que deveria ter sido colocado, ou, não
osa no respetivo orçamento privativo pelo órgão sendo isso imediatamente possível, em lugar ou
tutelar ao qual caiba a aprovação do orçamento; posto de trabalho a criar no quadro ou mapa de
ou pessoal da entidade onde vier a exercer funções.
c) Ação de regresso a intentar no tribunal
competente. Artigo 174.º
Competência para a execução
CAPÍTULO IV
1 — O cumprimento do dever de executar a
Execução de sentenças de anulação de atos que se refere o artigo anterior é da responsabili-
administrativos dade do órgão que tenha praticado o ato anulado.

Artigo 173.º 2 — Se a execução competir, cumulativa ou


exclusivamente, a outro ou outros órgãos, deve o
Dever de executar órgão referido no número anterior enviar-lhes os
1 — Sem prejuízo do eventual poder de prati- elementos necessários para o efeito.
car novo ato administrativo, no respeito pelos
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CÓDIGO DE PROCESSO NOS TRIBUNAIS ADMINISTRATIVOS
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3 — Extinto o órgão ao qual competiria dar incumbidos de proceder à execução, segundo o


execução à sentença ou tendo-lhe sido retirada a disposto no artigo 169.º
competência na matéria, o dever recai sobre o
5 — Quando for caso disso, o autor pode pedir
órgão que lhe sucedeu ou sobre aquele ao qual
ainda a declaração de nulidade dos atos descon-
tenha sido atribuída aquela competência.
formes com a sentença, bem como a anulação
daqueles que mantenham, sem fundamento váli-
Artigo 175.º
do, a situação constituída pelo ato anulado.
Prazo para a execução e causas legítimas de
6 — Quando a Administração tenha invocado
inexecução
a existência de causa legítima de inexecução,
1 — Salvo ocorrência de causa legítima de segundo o disposto no n.º 3 do artigo 163.º,
inexecução, o dever de executar deve ser inte- deve o autor deduzir, se for caso disso, as razões
gralmente cumprido, no máximo, no prazo pro- da sua discordância e juntar cópia da notificação
cedimental de 90 dias. a que se refere aquele preceito.

2 — A existência de causa legítima de inexecu- 7 — No caso de concordar com a invocação da


ção deve ser invocada segundo o disposto no arti- existência de causa legítima de inexecução, o
go 163.º, mas não se exige, neste caso, que as autor pode solicitar, no prazo estabelecido no n.º
circunstâncias invocadas sejam supervenientes. 2, a fixação da indemnização devida, sendo, nes-
se caso, aplicável o disposto no artigo 166.º
3 — Sem prejuízo do disposto no artigo 177.º,
quando a execução da sentença consista no pa-
Artigo 177.º
gamento de uma quantia pecuniária, não é invo-
cável a existência de causa legítima de inexecu- Tramitação do processo
ção e o pagamento deve ser realizado, no máxi-
1 — Apresentada a petição, é ordenada a noti-
mo, no prazo procedimental de 30 dias.
ficação da entidade ou entidades requeridas, bem
como dos contrainteressados a quem a satisfação
Artigo 176.º
da pretensão possa prejudicar, para contestarem
Petição de execução no prazo de 20 dias.

1 — Quando a Administração não dê execução 2 — Havendo contestação, o autor é notificado


espontânea à sentença no prazo estabelecido no para replicar no prazo de 10 dias.
n.º 1 do artigo anterior, o interessado e o Minis-
3 — No caso de concordar com a existência de
tério Público, quando tenha sido autor no proces-
causa legítima de inexecução apenas invocada na
so ou estejam em causa os valores referidos no
contestação, o autor pode pedir a fixação da in-
n.º 2 do artigo 9.º, podem exigir o cumprimento
demnização devida, seguindo-se os termos pres-
do dever de execução perante o tribunal que
critos no artigo 166.º
tenha proferido a sentença em primeiro grau de
jurisdição. 4 — Junta a réplica do autor ou expirado o
respetivo prazo sem que ele tenha manifestado a
2 — A petição, que é autuada por apenso aos
sua concordância com a eventual contestação
autos em que foi proferida a sentença de anula-
apresentada pela Administração, o tribunal orde-
ção, deve ser apresentada no prazo de um ano,
na as diligências instrutórias que considere ne-
contado desde o termo do prazo do n.º 1 do arti-
cessárias, findo o que se segue a abertura de
go anterior ou da notificação da invocação de
vista simultânea aos juízes-adjuntos, caso se
causa legítima de inexecução a que se refere o
trate de tribunal colegial.
mesmo preceito.
5 — O tribunal decide no prazo máximo de 20
3 — Na petição, o autor deve especificar os atos
dias.
e operações sem que considera que a execução
deve consistir, podendo, para o efeito, pedir a con- 6 — Caso não exista verba ou cabimento or-
denação da Administração ao pagamento de quan- çamental que permita o pagamento imediato de
tias pecuniárias, à entrega de coisas, à prestação quantia devida, a entidade obrigada deve dar
de factos ou à prática de atos administrativos. conhecimento da situação ao tribunal, que convi-
da as partes a chegarem a acordo, no prazo de
4 — Na petição, o autor também pode pedir a
20 dias, quanto aos termos em que se pode pro-
fixação de um prazo para o cumprimento do de-
ceder a um pagamento escalonado da quantia
ver de executar e a imposição de uma sanção
em dívida.
pecuniária compulsória aos titulares dos órgãos

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CÓDIGO DE PROCESSO NOS TRIBUNAIS ADMINISTRATIVOS
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7 — Na ausência do acordo referido no núme- teúdo vinculado, expire o prazo a que se refere o
ro anterior, seguem-se os trâmites dos n.ºs 3 e n.º 1 sem que a Administração o tenha praticado,
seguintes do artigo 172.º pode o interessado requerer ao tribunal a emis-
são de sentença que produza os efeitos do ato
Artigo 178.º ilegalmente omitido.

Indemnização por causa legítima de inexe- 6 — Quando, estando em causa a prestação


cução de um facto infungível, expire o prazo a que se
refere o n.º 1 sem que a Administração tenha
1 — Quando julgue procedente a invocação da cumprido, pode o interessado requerer ao tribu-
existência de causa legítima de inexecução, o nal a fixação da indemnização que lhe é devida, a
tribunal ordena a notificação da Administração e título de responsabilidade civil pela inexecução
do requerente para, no prazo de 20 dias, acorda- ilícita da sentença, seguindo-se os trâmites esta-
rem no montante da indemnização devida pelo belecidos no artigo 166.º
facto da inexecução, podendo o prazo ser prorro-
gado quando seja previsível que o acordo se pos-
TÍTULO VIII
sa vir a concretizar em momento próximo.
Tribunais arbitrais e centros de arbitragem
2 — Na falta de acordo, seguem-se os trâmi-
tes previstos no artigo 166.º
Artigo 180.º
3 — Se a Administração não ordenar o paga-
Tribunal arbitral
mento devido no prazo de 30 dias contado a par-
tir da data do acordo ou da notificação da decisão 1 — Sem prejuízo do disposto em lei especial,
judicial que tenha fixado a indemnização devida, pode ser constituído tribunal arbitral para o jul-
seguem-se os termos do processo executivo para gamento de:
pagamento de quantia certa.
a) Questões respeitantes a contratos, incluin-
do a anulação ou declaração de nulidade de atos
Artigo 179.º
administrativos relativos à respetiva execução;
Decisão judicial
b) Questões respeitantes a responsabilidade
1 — Quando julgue procedente a pretensão do civil extracontratual, incluindo a efetivação do
autor, o tribunal especifica, no respeito pelos direito de regresso, ou indemnizações devidas
espaços de valoração próprios do exercício da nos termos da lei, no âmbito das relações jurídi-
função administrativa, o conteúdo dos atos e cas administrativas;
operações a adotar para dar execução à sentença
c) Questões respeitantes à validade de atos
e identifica o órgão ou os órgãos administrativos
administrativos, salvo determinação legal em
responsáveis pela sua adoção, fixando ainda,
contrário;
segundo critérios de razoabilidade, o prazo em
que os referidos atos e operações devem ser d) Questões respeitantes a relações jurídicas
praticados. de emprego público, quando não estejam em
causa direitos indisponíveis e quando não resul-
2 — Sendo caso disso, o tribunal também de-
tem de acidente de trabalho ou de doença profis-
clara a nulidade dos atos desconformes com a
sional.
sentença e anula os que mantenham, sem fun-
damento válido, a situação ilegal. 2 — Quando existam contrainteressados, a re-
gularidade da constituição de tribunal arbitral de-
3 — Quando tal se justifique, o tribunal con-
pende da sua aceitação do compromisso arbitral.
dena ainda os titulares dos órgãos incumbidos de
executar a sentença ao pagamento de uma san- 3 — A impugnação de atos administrativos re-
ção pecuniária compulsória, segundo o disposto lativos à formação de contratos pode ser objeto
no artigo 169.º de arbitragem, mediante previsão no programa
do procedimento do modo de constituição do
4 — Quando seja devido o pagamento de uma
tribunal arbitral e do regime processual a aplicar,
quantia, o tribunal determina que o pagamento
que, quando esteja em causa a formação de al-
seja realizado no prazo de 30 dias, seguindo-se,
gum dos contratos previstos no artigo 100.º,
em caso de incumprimento, os termos do proces-
deve ser estabelecido em conformidade com o
so executivo para pagamento de quantia certa.
regime de urgência previsto no presente Código
5 — Quando, estando em causa a prática de para o contencioso pré-contratual.
um ato administrativo legalmente devido de con-
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CÓDIGO DE PROCESSO NOS TRIBUNAIS ADMINISTRATIVOS
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Artigo 181.º sobre a conveniência ou oportunidade da atuação


administrativa, nem julgar segundo a equidade.
Constituição e funcionamento
1 — O tribunal arbitral é constituído e funcio- Artigo 185.º-A
na nos termos da lei sobre arbitragem voluntária,
Impugnação das decisões arbitrais
com as devidas adaptações.
As decisões proferidas pelo tribunal arbitral
2 — [Revogado].
podem ser impugnadas nos termos e com os
fundamentos estabelecidos na Lei de Arbitragem
Artigo 182.º
Voluntária.
Direito à outorga de compromisso arbitral
Artigo 185.º-B
O interessado que pretenda recorrer à arbi-
tragem no âmbito dos litígios previstos no artigo Publicidade das decisões arbitrais
180.º pode exigir da Administração a celebração
As decisões proferidas por tribunais arbitrais
de compromisso arbitral, nos casos e termos
transitadas em julgado são obrigatoriamente
previstos na lei.
publicadas por via informática, em base de dados
organizada pelo Ministério da Justiça.
Artigo 183.º
Suspensão de prazos Artigo 186.º
A apresentação de requerimento ao abrigo do Impugnação da decisão arbitral
disposto no artigo anterior suspende os prazos de
[Revogado].
que dependa a utilização dos meios processuais
próprios da jurisdição administrativa.
Artigo 187.º
Artigo 184.º Centros de arbitragem
Competência para outorgar compromisso 1 — O Estado pode, nos termos da lei, autori-
arbitral zar a instalação de centros de arbitragem institu-
cionalizada destinados à composição de litígios
1 — A outorga de compromisso arbitral por
passíveis de arbitragem nos termos do artigo
parte do Estado é objeto de despacho do membro
180.º, designadamente no âmbito das seguintes
do Governo responsável em razão da matéria, a
matérias:
proferir no prazo de 30 dias, contado desde a
apresentação do requerimento do interessado. a) [Revogada];
2 — Nas demais pessoas coletivas de direito b) [Revogada];
público, a competência prevista no número ante-
rior pertence ao presidente do respetivo órgão c) Relações jurídicas de emprego público;
dirigente. d) Sistemas públicos de proteção social;
3 — No caso das Regiões Autónomas e das e) Urbanismo.
autarquias locais, a competência referida nos
números anteriores pertence, respetivamente, ao 2 — A vinculação de cada ministério à jurisdi-
governo regional e ao órgão autárquico que de- ção de centros de arbitragem depende de porta-
sempenha funções executivas. ria do membro do Governo responsável pela área
da justiça e do membro do Governo competente
Artigo 185.º em razão da matéria, que estabelece o tipo e o
valor máximo dos litígios abrangidos, conferindo
Limites da arbitragem aos interessados o poder de se dirigirem a esses
centros para a resolução de tais litígios.
1 — Não pode ser objeto de compromisso ar-
bitral a responsabilidade civil por prejuízos decor- 3 — Aos centros de arbitragem previstos no
rentes do exercício da função política e legislativa n.º 1 podem ser atribuídas funções de concilia-
ou da função jurisdicional. ção, mediação ou consulta no âmbito de proce-
dimentos de impugnação administrativa.
2 — Nos litígios sobre questões de legalidade,
os árbitros decidem estritamente segundo o di-
reito constituído, não podendo pronunciar-se

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60
CÓDIGO DE PROCESSO NOS TRIBUNAIS ADMINISTRATIVOS
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TÍTULO IX Artigo 190.º


Disposições finais e transitórias Prazo para os atos judiciais
[Revogado].
Artigo 188.º
Informação anual à Comissão das Comuni- Artigo 191.º
dades Europeias
Recurso contencioso de anulação
1 — Até 1 de março de cada ano, o Estado
A partir da data da entrada em vigor deste
Português informa a Comissão das Comunidades
Código, as remissões que, em lei especial, são
Europeias sobre os processos principais e caute-
feitas para o regime do recurso contencioso de
lares que tenham sido intentados durante o ano
anulação de atos administrativos consideram-se
anterior, no âmbito do contencioso pré-contratual
feitas para o regime da ação administrativa.
regulado neste Código e relativamente aos quais
tenha sido suscitada a questão da violação de
disposições comunitárias, bem como das decisões Artigo 192.º
que tenham sido proferidas nesses processos. Extensão da aplicabilidade
2 — A recolha dos elementos a que se refere o Sem prejuízo do disposto em lei especial, os
número anterior compete ao serviço do Ministério processos em matéria jurídico-administrativa
da Justiça responsável pelas relações com a Uni- cuja competência seja atribuída a tribunais per-
ão Europeia. tencentes a outra ordem jurisdicional regem-se
pelo disposto no presente Código, com as neces-
Artigo 189.º sárias adaptações.
Custas
1 — O Estado e as demais entidades públicas
estão sujeitos ao pagamento de custas.
2 — O regime das custas na jurisdição admi-
nistrativa e fiscal é objeto de regulação própria
no Código das Custas Judiciais.

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61
ESTATUTO DOS TRIBUNAIS ADMINISTRATIVOS E FISCAIS
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Apontamentos:

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ESTATUTO DOS TRIBUNAIS ADMINISTRATIVOS E FISCAIS
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ESTATUTO DOS TRIBUNAIS ADMINISTRATIVOS E FISCAIS

Republicado pelo Decreto-Lei n.º 214-G/2015, de 2 de outubro

TÍTULO I Artigo 4.º


Tribunais administrativos e fiscais Âmbito da jurisdição
1 — Compete aos tribunais da jurisdição ad-
CAPÍTULO I
ministrativa e fiscal a apreciação de litígios que
Disposições gerais tenham por objeto questões relativas a:
a) Tutela de direitos fundamentais e outros di-
Artigo 1.º reitos e interesses legalmente protegidos, no
Jurisdição administrativa e fiscal âmbito de relações jurídicas administrativas e
fiscais;
1 — Os tribunais da jurisdição administrativa e
fiscal são os órgãos de soberania com competên- b) Fiscalização da legalidade das normas e
cia para administrar a justiça em nome do povo, demais atos jurídicos emanados por órgãos da
nos litígios compreendidos pelo âmbito de jurisdi- Administração Pública, ao abrigo de disposições
ção previsto no artigo 4.º deste Estatuto. de direito administrativo ou fiscal;

2 — Nos feitos submetidos a julgamento, os c) Fiscalização da legalidade de atos adminis-


tribunais da jurisdição administrativa e fiscal não trativos praticados por quaisquer órgãos do Esta-
podem aplicar normas que infrinjam o disposto do ou das Regiões Autónomas não integrados na
na Constituição ou os princípios nela consigna- Administração Pública;
dos. d) Fiscalização da legalidade das normas e
demais atos jurídicos praticados por quaisquer
Artigo 2.º entidades, independentemente da sua natureza,
Independência no exercício de poderes públicos;

Os tribunais da jurisdição administrativa e fis- e) Validade de atos pré-contratuais e interpre-


cal são independentes e apenas estão sujeitos à tação, validade e execução de contratos adminis-
lei e ao Direito. trativos ou de quaisquer outros contratos cele-
brados nos termos da legislação sobre contrata-
Artigo 3.º ção pública, por pessoas coletivas de direito pú-
blico ou outras entidades adjudicantes;
Garantias de independência
f) Responsabilidade civil extracontratual das
1 — Os juízes da jurisdição administrativa e pessoas coletivas de direito público, incluindo por
fiscal são inamovíveis, não podendo ser transfe- danos resultantes do exercício das funções políti-
ridos, suspensos, aposentados ou demitidos se- ca, legislativa e jurisdicional, sem prejuízo do
não nos casos previstos na lei. disposto na alínea a) do n.º 4 do presente artigo;
2 — Os juízes da jurisdição administrativa e g) Responsabilidade civil extracontratual dos
fiscal podem incorrer em responsabilidade pelas titulares de órgãos, funcionários, agentes, traba-
suas decisões exclusivamente nos casos previstos lhadores e demais servidores públicos, incluindo
na lei. ações de regresso;
3 — Os juízes da jurisdição administrativa e h) Responsabilidade civil extracontratual dos
fiscal estão sujeitos às incompatibilidades estabe- demais sujeitos aos quais seja aplicável o regime
lecidas na Constituição e na lei e regem-se pelo específico da responsabilidade do Estado e de-
estatuto dos magistrados judiciais, nos aspetos mais pessoas coletivas de direito público;
não previstos nesta lei.
i) Condenação à remoção de situações consti-
tuídas em via de facto, sem título que as legiti-
me;

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63
ESTATUTO DOS TRIBUNAIS ADMINISTRATIVOS E FISCAIS
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j) Relações jurídicas entre pessoas coletivas centes a outras ordens de jurisdição, assim como
de direito público ou entre órgãos públicos, regu- das correspondentes ações de regresso;
ladas por disposições de direito administrativo ou
b) A apreciação de litígios decorrentes de con-
fiscal;
tratos de trabalho, ainda que uma das partes
k) Prevenção, cessação e reparação de viola- seja uma pessoa coletiva de direito público, com
ções a valores e bens constitucionalmente prote- exceção dos litígios emergentes do vínculo de
gidos, em matéria de saúde pública, habitação, emprego público;
educação, ambiente, ordenamento do território,
c) A apreciação de atos materialmente admi-
urbanismo, qualidade de vida, património cultural
nistrativos praticados pelo Conselho Superior da
e bens do Estado, quando cometidas por entida-
Magistratura e seu Presidente;
des públicas;
d) A fiscalização de atos materialmente admi-
l) Impugnações judiciais de decisões da Admi-
nistrativos praticados pelo Presidente do Supre-
nistração Pública que apliquem coimas no âmbito
mo Tribunal de Justiça.
do ilícito de mera ordenação social por violação
de normas de direito administrativo em matéria
de urbanismo; Artigo 5.º

m) Contencioso eleitoral relativo a órgãos de Fixação da competência


pessoas coletivas de direito público para que não 1 — A competência dos tribunais da jurisdição
seja competente outro tribunal; administrativa e fiscal fixa-se no momento da
n) Execução da satisfação de obrigações ou propositura da causa, sendo irrelevantes as mo-
respeito dificações de facto e de direito que ocorram pos-
teriormente.
por limitações decorrentes de atos administra-
tivos que não possam ser impostos coercivamen- 2 — Existindo, no mesmo processo, decisões
te pela Administração; divergentes sobre questão de competência, pre-
valece a do tribunal de hierarquia superior.
o) Relações jurídicas administrativas e fiscais
que não digam respeito às matérias previstas nas Artigo 6.º
alíneas anteriores.
Alçada
2 — Pertence à jurisdição administrativa e fis-
cal a competência para dirimir os litígios nos 1 — Os tribunais da jurisdição administrativa e
quais devam ser conjuntamente demandadas fiscal têm alçada.
entidades públicas e particulares entre si ligados 2 — A alçada dos tribunais tributários corres-
por vínculos jurídicos de solidariedade, designa- ponde a um quarto da que se encontra estabele-
damente por terem concorrido em conjunto para cida para os tribunais judiciais de 1.ª instância.
a produção dos mesmos danos ou por terem
celebrado entre si contrato de seguro de respon- 3 — A alçada dos tribunais administrativos de
sabilidade. círculo corresponde àquela que se encontra estabe-
lecida para os tribunais judiciais de 1.ª instância.
3 — Está nomeadamente excluída do âmbito
da jurisdição administrativa e fiscal a apreciação 4 — A alçada dos tribunais centrais adminis-
de litígios que tenham por objeto a impugnação trativos corresponde à que se encontra estabele-
de: cida para os tribunais da Relação.

a) Atos praticados no exercício da função polí- 5 — Nos processos em que exerçam compe-
tica e legislativa; tências de 1.ª instância, a alçada dos tribunais
centrais administrativos e do Supremo Tribunal
b) Decisões jurisdicionais proferidas por tribu- Administrativo corresponde, para cada uma das
nais não integrados na jurisdição administrativa e suas secções, respetivamente à dos tribunais
fiscal; administrativos de círculo e à dos tribunais tribu-
c) Atos relativos ao inquérito e instrução cri- tários.
minais, ao exercício da ação penal e à execução 6 — A admissibilidade dos recursos por efeito
das respetivas decisões. das alçadas é regulada pela lei em vigor ao tem-
4 — Estão igualmente excluídas do âmbito da po em que seja instaurada a ação.
jurisdição administrativa e fiscal:
a) A apreciação das ações de responsabilidade
por erro judiciário cometido por tribunais perten-
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ESTATUTO DOS TRIBUNAIS ADMINISTRATIVOS E FISCAIS
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Artigo 7.º mais de três juízes, pressupõe habilitação prévia


com curso de formação próprio ministrado pelo
Direito subsidiário
Centro de Estudos Judiciários, com identificação
No que não esteja especialmente regulado, das respetivas áreas de competência, nos termos
são subsidiariamente aplicáveis aos tribunais da a definir por portaria do membro do Governo
jurisdição administrativa e fiscal, com as devidas responsável pela área da justiça, que aprova o
adaptações, as disposições relativas aos tribunais respetivo regulamento.
judiciais.
6 — No caso previsto no n.º 3, o tribunal ad-
ministrativo e fiscal dispõe de um único presiden-
CAPÍTULO II te, designado pelo Conselho Superior dos Tribu-
Organização e funcionamento dos tribunais nais Administrativos e Fiscais.
administrativos e fiscais 7 — Mediante decreto-lei, podem ser criadas
secções especializadas ou tribunais especializa-
Artigo 8.º dos.
Órgãos da jurisdição administrativa e fiscal
Artigo 9.º-A
São órgãos da jurisdição administrativa e fis-
cal: Desdobramento dos tribunais tributários

a) O Supremo Tribunal Administrativo; 1 — Os tribunais tributários podem ser desdo-


brados, por decreto-lei, quando o volume ou a
b) Os tribunais centrais administrativos; complexidade do serviço o justifiquem, em juízos
c) Os tribunais administrativos de círculo e os especializados e estes podem funcionar em local
tribunais tributários. diferente da sede, dentro da respetiva área de
jurisdição.
Artigo 9.º 2 — Podem ser criados os seguintes juízos de
Constituição, desdobramento e agregação competência especializada tributária:
dos tribunais administrativos a) Juízo de pequena instância tributária;
1 — Os tribunais administrativos de círculo b) Juízo de média instância tributária;
podem ser desdobrados em juízos e estes podem
funcionar em local diferente da sede, dentro da c) Juízo de grande instância tributária.
respetiva área de jurisdição. 3 — Aos juízos de competência especializada
2 — Os tribunais administrativos de círculo e tributária pode ser atribuída, por decreto-lei,
os tribunais tributários podem também funcionar jurisdição alargada em função da complexidade e
de modo agregado, assumindo, cada um deles, a do volume de serviço.
designação de tribunal administrativo e fiscal. 4 — Podem ser criados juízos de média e pe-
3 — O desdobramento ou agregação previstos quena instância tributária, quando o volume do
nos números anteriores são determinados por serviço o aconselhar.
portaria do Ministro da Justiça, sob proposta do 5 — Podem ainda ser criados, por decreto-lei,
Conselho Superior dos Tribunais Administrativos secções especializadas em função da matéria ou
e Fiscais. valor das ações, nos tribunais superiores.
4 — Os presidentes dos tribunais administrati-
vos de círculo são nomeados pelo Conselho Su- Artigo 10.º
perior dos Tribunais Administrativos e Fiscais, Turnos
para um mandato de três anos, que pode ser
renovado por uma só vez, mediante avaliação A existência e organização de turnos de juízes
favorável, resultante de auditoria sobre os ter- para assegurar o serviço urgente rege-se, com as
mos em que foram exercidos os poderes de ges- devidas adaptações, pelo disposto na lei a respei-
tão do movimento processual do tribunal, a reali- to dos tribunais judiciais.
zar por entidade externa, designada para o efeito
pelo Conselho Superior dos Tribunais Administra-
tivos e Fiscais.
5 — A nomeação a que se refere o número
anterior, para o exercício de funções de presiden-
te dos tribunais administrativos de círculo com
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ESTATUTO DOS TRIBUNAIS ADMINISTRATIVOS E FISCAIS
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CAPÍTULO III nal, pelo respetivo vice-presidente e pelos res-


tantes juízes para ela nomeados.
Supremo Tribunal Administrativo
2 — Cada uma das secções pode dividir-se por
SECÇÃO I subsecções, às quais se aplica o disposto para a
secção respetiva.
Disposições gerais
Artigo 15.º
Artigo 11.º
Preenchimento das Secções
Sede, jurisdição e funcionamento
1 — Os juízes são nomeados para cada uma
1 — O Supremo Tribunal Administrativo é o das secções e distribuídos pelas subsecções res-
órgão superior da hierarquia dos tribunais da petivas, se as houver.
jurisdição administrativa e fiscal.
2 — O Presidente do Tribunal pode determinar
2 — O Supremo Tribunal Administrativo tem que um juiz seja agregado a outra secção, a fim
sede em Lisboa e jurisdição em todo o território de acorrer a necessidades temporárias de servi-
nacional. ço, com ou sem dispensa ou redução do serviço
da secção de que faça parte, conforme os casos.
Artigo 12.º
3 — A agregação pode ser determinada para o
Funcionamento e poderes de cognição exercício integral de funções ou apenas para as
1 — O Supremo Tribunal Administrativo funci- de relator ou de adjunto.
ona por secções e em plenário. 4 — O juiz que mude de secção mantém a sua
2 — O Supremo Tribunal Administrativo com- competência nos processos já inscritos para jul-
preende duas secções, uma de contencioso admi- gamento em que seja relator e naqueles em que,
nistrativo e outra de contencioso tributário, que como adjunto, já tenha aposto o seu visto para
funcionam em formação de três juízes ou em pleno. julgamento.

3 — O plenário e o pleno de cada secção ape- Artigo 16.º


nas conhecem de matéria de direito.
Sessões de julgamento
4 — A Secção de Contencioso Administrativo
conhece apenas de matéria de direito nos recur- 1 — As sessões de julgamento realizam-se nos
sos de revista. mesmos termos e condições que no Supremo
Tribunal de Justiça, sendo aplicável, com as devi-
5 — A Secção de Contencioso Tributário co- das adaptações, o disposto quanto a este Tribunal.
nhece apenas de matéria de direito nos recursos
diretamente interpostos de decisões proferidas 2 — O Presidente do Supremo Tribunal Admi-
pelos tribunais tributários. nistrativo pode determinar que em certas sessões
de julgamento intervenham todos os juízes da
Artigo 13.º secção, quando o considere necessário ou conve-
niente para assegurar a uniformidade da juris-
Presidência prudência.
1 — O Supremo Tribunal Administrativo tem 3 — Na falta ou impedimento do Presidente e
um presidente, que é coadjuvado por dois vice- dos vice-presidentes, a presidência das sessões é
presidentes, eleitos de modo e por períodos idên- assegurada pelo juiz mais antigo que se encontre
ticos aos previstos para aquele. presente.
2 — Um vice-presidente é eleito de entre e pelos 4 — Quando esteja em causa a impugnação de
juízes da Secção de Contencioso Administrativo, deliberação do Conselho Superior dos Tribunais
sendo o outro vice-presidente eleito de entre e Administrativos e Fiscais ou decisão do seu Presi-
pelos juízes da Secção de Contencioso Tributário. dente, a sessão realiza-se sem a presença do Pre-
sidente do Supremo Tribunal Administrativo, sen-
Artigo 14.º do presidida pelo mais antigo dos vice-presidentes
que não seja membro do Conselho Superior dos
Composição das secções
Tribunais Administrativos e Fiscais ou pelo juiz
1 — Cada Secção do Supremo Tribunal Admi- mais antigo que se encontre presente.
nistrativo é composta pelo presidente do Tribu-

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ESTATUTO DOS TRIBUNAIS ADMINISTRATIVOS E FISCAIS
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Artigo 17.º 4 — Em caso de empate, são admitidos a se-


gundo sufrágio os dois juízes mais antigos que
Formações de julgamento
tenham sido mais votados e, verificando-se novo
1 — O julgamento em cada secção compete empate, considera-se eleito o juiz mais antigo.
ao relator e a dois juízes.
Artigo 20.º
2 — O julgamento no pleno compete ao rela-
tor e aos demais juízes em exercício na secção. Duração do mandato
3 — O pleno da secção só pode funcionar com 1 — O mandato do Presidente e dos vice-
a presença de, pelo menos, dois terços dos juízes. presidentes do Supremo Tribunal Administrativo
tem a duração de cinco anos, sem lugar a reelei-
4 — Salvo no caso de recurso para a uniformi-
ção.
zação de jurisprudência ou quando tal seja ne-
cessário à observância do disposto no número 2 — O Presidente e os vice-presidentes man-
anterior, não podem intervirno julgamento no têm-se em funções até à tomada de posse dos
Pleno os juízes que tenham votado a decisão novos eleitos.
recorrida.
Artigo 21.º
5 — As decisões são tomadas em conferência.
Substituição do Presidente e dos vice-
6 — Nos processos da competência do Pleno
presidentes
da Secção, dos despachos do relator que versem
apenas sobre questões processuais e não po- 1 — O Presidente é substituído pelo vice-
nham termo ao processo cabe reclamação para presidente mais antigo.
uma formação de cinco juízes, designados anu-
almente de entre os mais antigos pelo Presidente 2 — Na ausência, falta ou impedimento do
do Tribunal. Presidente e dos vice-presidentes, a substituição
cabe ao juiz mais antigo no Tribunal.
Artigo 18.º
Artigo 22.º
Adjuntos
Gabinete do Presidente
1 — Entre os juízes que integram cada forma-
ção de julgamento deve existir uma diferença de 1 — Junto do Presidente funciona um gabinete
três posições quanto ao lugar que lhes corres- dirigido por um chefe de gabinete e composto por
ponde na escala da distribuição no Tribunal ou na adjuntos e secretários pessoais, em número e
secção, sendo a contagem dos lugares realizada com estatuto definidos na lei.
a partir da posição que corresponde ao relator. 2 — O Gabinete coadjuva o Presidente no exer-
2 — Cada adjunto é substituído, em caso de cício das suas funções administrativas e presta-lhe
falta ou impedimento, pelo juiz que imediata- assessoria técnica.
mente se lhe segue.
Artigo 23.º
Artigo 19.º Competência do Presidente
Eleição do Presidente e dos vice-presidentes 1 — Compete ao Presidente do Supremo Tri-
1 — O Presidente do Supremo Tribunal Admi- bunal Administrativo:
nistrativo é eleito, por escrutínio secreto, pelos a) Representar o Tribunal e assegurar as suas
juízes em exercício efetivo de funções no Tribunal. relações com os demais órgãos de soberania e
2 — Os vice-presidentes são eleitos, por es- quaisquer autoridades;
crutínio secreto, pelos juízes que exerçam fun- b) Dirigir o Tribunal, superintender nos seus
ções na secção respetiva e de entre os que se serviços e assegurar o seu funcionamento nor-
encontrem nas condições referidas no número mal, emitindo as ordens de serviço que tenha por
anterior. necessárias;
3 — É eleito o juiz que obtenha mais de meta- c) Propor ao Conselho Superior dos Tribunais
de dos votos validamente expressos e, se ne- Administrativos e Fiscais os critérios que devem
nhum obtiver esse número de votos, procede-se presidir à distribuição, no respeito pelo princípio
a segunda votação, apenas entre os dois juízes do juiz natural;
mais votados.

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ESTATUTO DOS TRIBUNAIS ADMINISTRATIVOS E FISCAIS
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d) Planear e organizar os recursos humanos SECÇÃO II


do Tribunal, assegurando uma equitativa distri-
Secção de Contencioso Administrativo
buição de processos pelos juízes e o acompa-
nhamento do seu trabalho;
Artigo 24.º
e) Providenciar pela redistribuição equitativa
dos processos, no caso de alteração do número Competência da Secção de Contencioso Ad-
de juízes; ministrativo

f) Determinar os casos em que, por razões de 1 — Compete à Secção de Contencioso Admi-


uniformização de jurisprudência, no julgamento nistrativo do Supremo Tribunal Administrativo
devem intervir todos os juízes da secção; conhecer:

g) Fixar o dia e a hora das sessões; a) Dos processos em matéria administrativa


relativos a ações ou omissões das seguintes enti-
h) Presidir às sessões e apurar o vencimento dades:
nas conferências;
i) Presidente da República;
i) Votar as decisões, em caso de empate;
ii) Assembleia da República e seu Presidente;
j) Assegurar o andamento dos processos no
respeito pelos prazos estabelecidos, podendo iii) Conselho de Ministros;
determinar a substituição provisória do relator, iv) Primeiro-Ministro;
por redistribuição, em caso de impedimento pro-
longado; v) Tribunal Constitucional, Supremo Tribunal
Administrativo, Tribunal de Contas, Tribunais
l) Dar posse aos juízes do Supremo Tribunal Centrais Administrativos, assim como dos respe-
Administrativo e aos presidentes dos tribunais tivos Presidentes;
centrais administrativos;
vi) Conselho Superior de Defesa Nacional;
m) Solicitar o suprimento de necessidades de
resposta adicional através do recurso à bolsa de vii) Conselho Superior dos Tribunais Adminis-
juízes; trativos e Fiscais e seu Presidente;

n) Estabelecer a forma mais equitativa de in- viii) Procurador-Geral da República;


tervenção dos juízes-adjuntos; ix) Conselho Superior do Ministério Público;
o) Agregar transitoriamente a uma secção juí- b) Dos processos relativos a eleições previstas
zes de outra secção, a fim de acorrerem a neces- nesta lei;
sidades temporárias de serviço;
c) Dos pedidos de adoção de providências
p) Fixar os turnos de juízes; cautelares relativos a processos da sua compe-
q) Exercer a ação disciplinar sobre os funcioná- tência;
rios de justiça em serviço no Tribunal, relativa- d) Dos pedidos relativos à execução das suas
mente a penas de gravidade inferior à de multa; decisões;
r) Dar posse ao secretário do Tribunal; e) Dos pedidos cumulados nos processos refe-
s) Elaborar um relatório anual sobre o estado ridos na alínea a);
dos serviços; f) Das ações de regresso, fundadas em res-
t) Exercer as demais funções que lhe sejam ponsabilidade por danos resultantes do exercício
atribuídas por lei. das suas funções, propostas contra juízes do
Supremo Tribunal Administrativo e dos tribunais
2 — O Presidente pode delegar nos vice – centrais administrativos e magistrados do Minis-
presidentes a competência para a prática de de- tério Público que exerçam funções junto destes
terminados atos ou sobre certas matérias e para tribunais, ou equiparados;
presidir às sessões do pleno da secção e no se-
cretário do Tribunal a competência para a corre- g) Dos recursos dos acórdãos que aos tribu-
ção dos processos. nais centrais administrativos caiba proferir em
primeiro grau de jurisdição;
h) Dos conflitos de competência entre tribu-
nais administrativos;

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ESTATUTO DOS TRIBUNAIS ADMINISTRATIVOS E FISCAIS
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i) De outros processos cuja apreciação lhe se- e) Dos pedidos relativos à execução das suas
ja deferida por lei. decisões;
2 — Compete ainda à Secção de Contencioso f) Dos pedidos de produção antecipada de
Administrativo do Supremo Tribunal Administrati- prova, formulados em processo nela pendente;
vo conhecer dos recursos de revista sobre maté-
g) Dos conflitos de competência entre tribu-
ria de direito interpostos de acórdãos da Secção
nais tributários;
de Contencioso Administrativo dos tribunais cen-
trais administrativos e de decisões dos tribunais h) De outras matérias que lhe sejam deferidas
administrativos de círculo, segundo o disposto na por lei.
lei de processo.
Artigo 27.º
Artigo 25.º
Competência do pleno da Secção
Competência do pleno da Secção
1 — Compete ao pleno da Secção de Conten-
1 — Compete ao pleno da Secção de Conten- cioso Tributário do Supremo Tribunal Administra-
cioso Administrativo do Supremo Tribunal Admi- tivo conhecer:
nistrativo conhecer:
a) Dos recursos de acórdãos proferidos pela
a) Dos recursos de acórdãos proferidos pela Secção em 1.º grau de jurisdição;
Secção em 1.º grau de jurisdição;
b) Dos recursos para uniformização de juris-
b) Dos recursos para uniformização de juris- prudência.
prudência.
2 — Compete ainda ao pleno da Secção de
2 — Compete ainda ao pleno da Secção de Contencioso Tributário do Supremo Tribunal Ad-
Contencioso Administrativo do Supremo Tribunal ministrativo pronunciar-se, nos termos estabele-
Administrativo pronunciar-se, nos termos estabe- cidos na lei de processo, relativamente ao sentido
lecidos na lei de processo, relativamente ao sen- em que deve ser resolvida, por um tribunal tribu-
tido em que deve ser resolvida, por um tribunal tário, questão de direito nova que suscite dificul-
administrativo de círculo, questão de direito nova dades sérias e se possa vir a colocar noutros
que suscite dificuldades sérias e se possa vir a litígios.
colocar noutros litígios.
SECÇÃO IV
SECÇÃO III
Plenário
Secção de Contencioso Tributário
Artigo 28.º
Artigo 26.º
Composição
Competência da Secção de Contencioso Tri-
butário O plenário do Supremo Tribunal Administrati-
vo é composto pelo Presidente, pelos vice-
Compete à Secção de Contencioso Tributário presidentes e pelos três juízes mais antigos de
do Supremo Tribunal Administrativo conhecer: cada uma das secções.
a) Dos recursos dos acórdãos da Secção de
Contencioso Tributário dos tribunais centrais ad- Artigo 29.º
ministrativos, proferidos em 1.º grau de jurisdi- Competência
ção;
Compete ao Plenário do Supremo Tribunal Ad-
b) Dos recursos interpostos de decisões dos ministrativo conhecer dos conflitos de competência
tribunais tributários com exclusivo fundamento entre tribunais administrativos de círculo e tribu-
em matéria de direito; nais tributários ou entre as Secções de Contencio-
c) Dos recursos de atos administrativos do so Administrativo e de Contencioso Tributário.
Conselho de Ministros respeitantes a questões
fiscais; Artigo 30.º

d) Dos requerimentos de adoção de providên- Funcionamento


cias cautelares respeitantes a processos da sua 1 — O plenário só pode funcionar com a pre-
competência; sença de, pelo menos, quatro quintos dos juízes

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69
ESTATUTO DOS TRIBUNAIS ADMINISTRATIVOS E FISCAIS
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que devam intervir na conferência, com arredon- a categoria de conselheiro que exerçam funções
damento por defeito. no tribunal.
2 — A distribuição dos processos é feita entre 3 — À eleição do presidente e dos vice-
os juízes, incluindo os vice-presidentes. presidentes são aplicáveis, com as necessárias
adaptações, as disposições estabelecidas para
3 — Não podem intervir os juízes que tenham
idênticos cargos no Supremo Tribunal Adminis-
votado as decisões em conflito, sendo nesse caso
trativo.
chamado, para completar a formação de julga-
mento, o juiz que, na respetiva secção, se siga 4 — O mandato do presidente e dos vice-
ao último juiz com intervenção no plenário. presidentes dos tribunais centrais administrativos
tem a duração de cinco anos, não sendo permiti-
CAPÍTULO IV da a reeleição.

Tribunais centrais administrativos 5 — A substituição do presidente é assegura-


da pelos vice-presidentes, a começar pelo mais
SECÇÃO I antigo.

Disposições gerais 6 — Os vice-presidentes substituem-se reci-


procamente e a substituição destes cabe ao juiz
Artigo 31.º mais antigo da respetiva secção.

Sede, jurisdição e poderes de cognição Artigo 34.º


1 — São tribunais centrais administrativos o Composição, preenchimento das secções e
Tribunal Central Administrativo Sul, com sede em regime das sessões
Lisboa, e o Tribunal Central Administrativo Norte,
com sede no Porto. 1 — As secções dos tribunais centrais admi-
nistrativos são compostas pelo presidente do
2 — As áreas de jurisdição dos tribunais cen- tribunal, pelo vice-presidente respetivo e pelos
trais administrativos são determinadas por decre- restantes juízes.
to-lei.
2 — São aplicáveis aos tribunais centrais ad-
3 — Os tribunais centrais administrativos co- ministrativos, com as necessárias adaptações, as
nhecem de matéria de facto e de direito. disposições estabelecidas para o Supremo Tribu-
4 — Os tribunais centrais administrativos são nal Administrativo quanto ao preenchimento das
declarados instalados por portaria do Ministro da secções e ao regime das sessões de julgamento.
Justiça, que fixa os respetivos quadros.
Artigo 35.º
Artigo 32.º Formação de julgamento
Organização 1 — O julgamento em cada secção compete
1 — Cada tribunal central administrativo com- ao relator e a dois outros juízes.
preende duas secções, uma de contencioso ad- 2 — As decisões são tomadas em conferência.
ministrativo e outra de contencioso tributário.
3 — É aplicável aos adjuntos o disposto no ar-
2 — Cada uma das secções pode dividir-se por tigo 18.º
subsecções, às quais se aplica o disposto para a
secção respetiva. Artigo 36.º

Artigo 33.º Competência dos presidentes dos tribunais


centrais administrativos
Presidência dos tribunais centrais adminis-
trativos 1 — Compete ao presidente de cada tribunal
central administrativo:
1 — Cada tribunal central administrativo tem
um presidente, coadjuvado por dois vice- a) Representar o tribunal e assegurar as rela-
presidentes, um por cada secção. ções deste com os demais órgãos de soberania e
quaisquer autoridades;
2 — Salvo se não existirem juízes com essa
categoria, os presidentes dos tribunais centrais b) Dirigir o tribunal, superintender nos seus
administrativos são eleitos de entre os juízes com serviços e assegurar o seu funcionamento nor-

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ESTATUTO DOS TRIBUNAIS ADMINISTRATIVOS E FISCAIS
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mal, emitindo as ordens de serviço que tenha por 3 — O presidente pode delegar nos vice-
necessárias; presidentes a competência para a prática de de-
terminados atos ou sobre certas matérias e no
c) Nomear, no âmbito do contencioso adminis-
secretário do tribunal a competência para a cor-
trativo, os árbitros que, segundo a lei de arbitra-
reção dos processos.
gem voluntária, são designados pelo presidente
do tribunal da Relação;
SECÇÃO II
d) Propor ao Conselho Superior dos Tribunais
Secção de Contencioso Administrativo
Administrativos e Fiscais os critérios que devem
presidir à distribuição, no respeito pelo princípio
do juiz natural; Artigo 37.º

e) Planear e organizar os recursos humanos Competência da Secção de Contencioso Ad-


do tribunal, assegurando uma equitativa distri- ministrativo
buição de processos pelos juízes e o acompa- Compete à Secção de Contencioso Administra-
nhamento do seu trabalho; tivo de cada tribunal central administrativo co-
f) Providenciar pela redistribuição equitativa nhecer:
dos processos, no caso de alteração do número a) Dos recursos das decisões dos tribunais
de juízes; administrativos de círculo para os quais não seja
g) Determinar os casos em que, por razões de competente o Supremo Tribunal Administrativo,
uniformização de jurisprudência, no julgamento segundo o disposto na lei de processo;
devem intervir todos os juízes da secção; b) Dos recursos de decisões proferidas por tri-
h) Fixar o dia e a hora das sessões; bunal arbitral sobre matérias de contencioso ad-
ministrativo, salvo o disposto em lei especial;
i) Presidir às sessões e apurar o vencimento
nas conferências; c) Das ações de regresso, fundadas em res-
ponsabilidade por danos resultantes do exercício
j) Votar as decisões em caso de empate; das suas funções, propostas contra juízes dos
tribunais administrativos de círculo e dos tribu-
l) Assegurar o andamento dos processos no
nais tributários, bem como dos magistrados do
respeito pelos prazos estabelecidos, podendo
Ministério Público que prestem serviço junto des-
determinar a substituição provisória do relator,
ses tribunais;
por redistribuição, em caso de impedimento pro-
longado; d) Dos demais processos que por lei sejam
submetidos ao seu julgamento.
m) Solicitar o suprimento de necessidades de
resposta adicional através do recurso à bolsa de
juízes; SECÇÃO III

n) Estabelecer a forma mais equitativa de in- Secção de Contencioso Tributário


tervenção dos juízes-adjuntos;
Artigo 38.º
o) Agregar transitoriamente a uma secção juí-
zes de outra secção, a fim de acorrerem a neces- Competência da Secção de Contencioso Tri-
sidades temporárias de serviço; butário

p) Fixar os turnos de juízes; Compete à Secção de Contencioso Tributário


de cada tribunal central administrativo conhecer:
q) Exercer a ação disciplinar sobre os funcioná-
rios de justiça em serviço no tribunal, relativa- a) Dos recursos de decisões dos tribunais tri-
mente a penas de gravidade inferior à de multa; butários, salvo o disposto na alínea b) do artigo
26.º;
r) Dar posse ao secretário do tribunal;
b) Dos recursos de atos administrativos res-
s) Elaborar um relatório anual sobre o estado peitantes a questões fiscais praticados por mem-
dos serviços; bros do Governo;
t) Exercer as demais funções que lhe sejam c) Dos pedidos de declaração de ilegalidade de
atribuídas por lei. normas administrativas de âmbito nacional, emi-
2 — O presidente é apoiado administrativa- tidas em matéria fiscal;
mente por um secretário pessoal, nos termos a
fixar em diploma complementar.
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71
ESTATUTO DOS TRIBUNAIS ADMINISTRATIVOS E FISCAIS
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d) Dos pedidos de adoção de providências Artigo 42.º


cautelares relativos a processos da sua compe-
Substituição dos juízes
tência;
1 — Os juízes são substituídos pelo que ime-
e) Dos pedidos de execução das suas deci-
diatamente se lhes segue na ordem de antigui-
sões;
dade em cada tribunal.
f) Dos pedidos de produção antecipada de
2 — Quando não se possa efetuar segundo o
prova formulados em processo nela pendente;
disposto no número anterior, designadamente
g) Dos demais meios processuais que por lei para a formação de coletivos em tribunais com
sejam submetidos ao seu julgamento. reduzido número de juízes, a substituição defere-
se a juízes de qualquer dos outros tribunais ad-
CAPÍTULO V ministrativos e tributários.

Tribunais administrativos de círculo 3 — Nos tribunais localizados nas Regiões Au-


tónomas dos Açores e da Madeira, verificando-se
Artigo 39.º a impossibilidade de substituição nos termos do
número anterior, a substituição defere-se, suces-
Sede, área de jurisdição e instalação sivamente, ao juiz do tribunal judicial, ao conser-
1 — A sede dos tribunais administrativos de vador do registo predial, ao conservador do re-
círculo e as respetivas áreas de jurisdição são gisto comercial ou ao conservador do registo civil
determinadas por decreto-lei. em serviço nos tribunais ou conservatórias sedia-
dos na mesma localidade.
2 — O número de juízes em cada tribunal ad-
ministrativo de círculo é fixado por portaria do Artigo 43.º
Ministro da Justiça.
Presidente do tribunal
3 — Os tribunais administrativos de círculo
são declarados instalados por portaria do Ministro 1 — Os presidentes dos tribunais administrati-
da Justiça. vos de círculo são nomeados pelo Conselho Su-
perior dos Tribunais Administrativos e Fiscais
Artigo 40.º para um mandato de três anos.

Funcionamento 2 — O mandato pode ser renovado uma vez,


mediante avaliação favorável, resultante de audi-
1 — Exceto nos casos em que a lei processual toria sobre os moldes em que foram exercidos os
administrativa preveja o julgamento em forma- poderes de gestão do movimento processual do
ção alargada, os tribunais administrativos de tribunal, a realizar por entidade externa, desig-
círculo funcionam apenas com juiz singular, a nada para o efeito pelo Conselho Superior dos
cada juiz competindo a decisão, de facto e de Tribunais Administrativos e Fiscais.
direito, dos processos que lhe sejam distribuídos.
3 — Os presidentes dos tribunais administrati-
2 — [Revogado]. vos de círculo com mais de três juízes são nome-
3 — [Revogado]. ados em comissão de serviço, que não dá lugar à
abertura de vaga, de entre juízes que:
Artigo 41.º a) Exerçam funções efetivas como juízes de-
sembargadores e possuam classificação não infe-
Intervenção de todos os juízes do tribunal
rior a Bom com distinção; ou
1 — Quando à sua apreciação se coloque uma
b) Exerçam funções efetivas como juízes de
questão de direito nova que suscite dificuldades
Direito e possuam 10 anos de serviço efetivo nos
sérias e se possa vir a colocar noutros litígios,
tribunais administrativos e classificação não infe-
pode o presidente do tribunal determinar que o
rior a Bom com distinção.
julgamento se faça com a intervenção de todos
os juízes do tribunal, sendo o quórum de dois 4 — A nomeação para o exercício das funções
terços. de presidente em tribunais administrativos de
círculo com mais de três juízes pressupõe a habi-
2 — O procedimento previsto no número ante-
litação prévia com curso de formação próprio, o
rior tem obrigatoriamente lugar quando esteja
qual inclui as seguintes áreas de competências:
em causa uma situação de seleção de processos
com andamento prioritário, nos termos previstos a) Organização e atividade administrativa;
na lei de processo.

______________________________________________________________________________
72
ESTATUTO DOS TRIBUNAIS ADMINISTRATIVOS E FISCAIS
______________________________________________________________________________

b) Organização do sistema judicial e adminis- g) Elaborar, para apresentação ao Conselho


tração do tribunal; Superior dos Tribunais Administrativos e Fiscais,
um relatório semestral sobre o estado dos servi-
c) Gestão do tribunal e gestão processual;
ços e a qualidade da resposta, dando conheci-
d) Simplificação e agilização processuais; mento do mesmo à Procuradoria-Geral da Repú-
blica e à Direção-Geral da Administração da Jus-
e) Avaliação e planeamento; tiça (DGAJ).
f) Gestão de recursos humanos e liderança; 3 — O presidente do tribunal possui as se-
g) Gestão dos recursos orçamentais, materiais guintes competências funcionais:
e tecnológicos; a) Dar posse aos juízes e funcionários;
h) Informação e conhecimento; b) Elaborar os mapas e turnos de férias dos
i) Qualidade, inovação e modernização. juízes e submetê-los a aprovação do Conselho
Superior dos Tribunais Administrativos e Fiscais;
5 — O curso de formação a que se refere o
número anterior é ministrado pelo Centro de c) Autorizar o gozo de férias dos funcionários
Estudos Judiciários com a colaboração de outras e aprovar os respetivos mapas anuais;
entidades formadoras, nos termos definidos por d) Exercer a ação disciplinar sobre os funcio-
portaria do membro do Governo responsável pela nários em serviço no tribunal, relativamente a
área da justiça, que aprova o respetivo regula- pena de gravidade inferior à de multa e, nos res-
mento. tantes casos, instaurar processo disciplinar, se a
infração ocorrer no respetivo tribunal;
Artigo 43.º-A
e) Nomear um juiz substituto, em caso de im-
Competência do presidente do tribunal pedimento do substituto legal.
1 — Sem prejuízo da autonomia do Ministério 4 — O presidente do tribunal possui as se-
Público e do poder de delegação, o presidente do guintes competências de gestão processual:
tribunal administrativo de círculo possui poderes
de representação e direção, de gestão processu- a) Implementar métodos de trabalho e objeti-
al, administrativas e funcionais. vos mensuráveis para cada unidade orgânica,
sem prejuízo das competências e atribuições
2 — O presidente do tribunal possui os se- nessa matéria por parte do Conselho Superior
guintes poderes de representação e direção: dos Tribunais Administrativos e Fiscais, designa-
a) Representar e dirigir o tribunal; damente na fixação dos indicadores do volume
processual adequado;
b) Acompanhar a realização dos objetivos fi-
xados para os serviços do tribunal por parte dos b) Acompanhar e avaliar a atividade do tribu-
funcionários; nal, nomeadamente a qualidade do serviço de
justiça prestado aos cidadãos;
c) Promover a realização de reuniões de pla-
neamento e de avaliação dos resultados do tribu- c) Acompanhar o movimento processual do
nal, com a participação dos juízes e funcionários; tribunal, designadamente assegurando uma equi-
tativa distribuição de processos pelos juízes e
d) Adotar ou propor às entidades competentes identificando os processos pendentes por tempo
medidas, nomeadamente, de desburocratização, considerado excessivo ou que não são resolvidos
simplificação de procedimentos, utilização das em prazo considerado razoável, e informar o
tecnologias de informação e transparência do Conselho Superior dos Tribunais Administrativos
sistema de justiça; e Fiscais, propondo as medidas que se justifi-
e) Ser ouvido pelo Conselho Superior dos Tri- quem, designadamente o suprimento de necessi-
bunais Administrativos e Fiscais, sempre que seja dades de resposta adicional através do recurso à
ponderada a realização de sindicâncias relativa- bolsa de juízes;
mente ao tribunal; d) Promover a aplicação de medidas de sim-
f) Ser ouvido pelo Conselho dos Oficiais de plificação e agilização processuais, designada-
Justiça, sempre que seja ponderada a realização mente determinando os casos em que, para uni-
de inspeções extraordinárias quanto aos funcio- formização de jurisprudência, devem intervir no
nários do tribunal ou de sindicâncias relativamen- julgamento todos os juízes do tribunal, presidin-
te às respetivas secretarias; do às respetivas sessões e votando as decisões
em caso de empate;

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73
ESTATUTO DOS TRIBUNAIS ADMINISTRATIVOS E FISCAIS
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e) Propor ao Conselho Superior dos Tribunais trativa e cuja competência, em primeiro grau de
Administrativos e Fiscais a especialização de sec- jurisdição, não esteja reservada aos tribunais
ções; superiores.
f) Propor ao Conselho Superior dos Tribunais 2 — Compete ainda aos tribunais administra-
Administrativos e Fiscais a reafetação dos juízes, tivos de círculo satisfazer as diligências pedidas
tendo em vista uma distribuição racional e efici- por carta, ofício ou outros meios de comunicação
ente do serviço; que lhes sejam dirigidos por outros tribunais
administrativos.
g) Proceder à reafetação de funcionários, den-
tro dos limites legalmente definidos; 3 — Os agentes de execução desempenham
as suas funções nas execuções que sejam da
h) Solicitar o suprimento de necessidades de
competência dos tribunais administrativos.
resposta adicional, nomeadamente através do
recurso ao quadro complementar de juízes.
CAPÍTULO VI
5 — O presidente do tribunal possui as se-
Tribunais tributários
guintes competências administrativas:
a) Elaborar o projeto de orçamento; Artigo 45.º
b) Elaborar os planos anuais e plurianuais de Sede, área de jurisdição e instalação
atividades e relatórios de atividades;
1 — A sede dos tribunais tributários, e as res-
c) Elaborar os regulamentos internos do tribu- petivas áreas de jurisdição, são determinadas por
nal; decreto-lei.
d) Propor as alterações orçamentais conside- 2 — O número de juízes em cada tribunal tribu-
radas adequadas; tário é fixado por portaria do Ministro da Justiça.
e) Participar na conceção e execução das me- 3 — Os tribunais tributários são declarados
didas de organização e modernização dos tribu- instalados por portaria do Ministro da Justiça.
nais;
f) Planear as necessidades de recursos huma- Artigo 46.º
nos. Funcionamento
6 — O presidente exerce ainda as competên- 1 — Os tribunais tributários funcionam com
cias que lhe forem delegadas pelo Conselho Su- juiz singular, a cada juiz competindo o julgamen-
perior dos Tribunais Administrativos e Fiscais. to, de facto e de direito, dos processos que lhe
7 — As competências referidas no n.º 5 são sejam distribuídos.
exercidas por delegação do presidente, sem pre- 2 — Quando à sua apreciação se coloque uma
juízo do poder de avocação e de recurso. questão de direito nova que suscite dificuldades
8 — Dos atos administrativos praticados ao sérias e se possa vir a colocar noutros litígios,
abrigo dos n.ºs 3 e 4 cabe recurso necessário, no pode o presidente do tribunal determinar que o
prazo de 20 dias, para o Conselho Superior dos julgamento se faça com a intervenção de todos
Tribunais Administrativos e Fiscais. os juízes do tribunal, sendo o quórum de dois
terços.
9 — Para efeitos do acompanhamento da ati-
vidade do tribunal, incluindo os elementos relati- 3 — O procedimento previsto no número ante-
vos à duração dos processos e à produtividade, rior tem obrigatoriamente lugar quando esteja
são disponibilizados dados informatizados do em causa uma situação de processos com anda-
sistema judicial, no respeito pela proteção dos mento prioritário, nos termos previstos na lei de
dados pessoais. processo.

Artigo 44.º Artigo 47.º

Competência dos tribunais administrativos Substituição dos juízes


de círculo 1 — Os juízes são substituídos pelo que ime-
1 — Compete aos tribunais administrativos de diatamente se lhes segue na ordem de antigui-
círculo conhecer, em primeira instância, de todos dade em cada tribunal.
os processos do âmbito da jurisdição administra- 2 — Quando não se possa efetuar segundo o
tiva e fiscal que incidam sobre matéria adminis- disposto no número anterior, designadamente
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74
ESTATUTO DOS TRIBUNAIS ADMINISTRATIVOS E FISCAIS
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para a formação de coletivos em tribunais com atos lesivos, bem como de todas as questões
reduzido número de juízes, a substituição defere- relativas à legitimidade dos responsáveis subsi-
se a juízes de qualquer dos outros tribunais ad- diários, levantadas nos processos de execução
ministrativos e tributários. fiscal;
3 — Nos tribunais localizados nas Regiões Au- e) Dos seguintes pedidos:
tónomas dos Açores e da Madeira, verificando-se
i) De declaração da ilegalidade de normas
a impossibilidade de substituição nos termos do
administrativas de âmbito regional ou local, emi-
número anterior, a substituição defere-se, suces-
tidas em matéria fiscal;
sivamente, ao juiz do tribunal judicial, ao conser-
vador do registo predial, ao conservador do re- ii) De produção antecipada de prova, formula-
gisto comercial ou ao conservador do registo civil dos em processo neles pendente ou a instaurar
em serviço nos tribunais ou conservatórias sedia- em qualquer tribunal tributário;
dos na mesma localidade.
iii) De providências cautelares para garantia
de créditos fiscais;
Artigo 48.º
iv) De providências cautelares relativas aos
Presidente do tribunal
atos administrativos impugnados ou impugnáveis
1 — É aplicável, quanto à nomeação e compe- e as normas referidas na subalínea i) desta alínea;
tências dos presidentes dos tribunais tributários,
v) De execução das suas decisões;
o disposto no presente Estatuto para os presiden-
tes dos tribunais administrativos de círculo. vi) De intimação de qualquer autoridade fiscal
para facultar a consulta de documentos ou pro-
2 — [Revogado].
cessos, passar certidões e prestar informações;
3 — [Revogado].
f) Das demais matérias que lhes sejam deferi-
4 — [Revogado]. das por lei.
2 — Compete ainda aos tribunais tributários
Artigo 49.º
cumprir os mandatos emitidos pelo Supremo
Competência dos tribunais tributários Tribunal Administrativo ou pelos tribunais cen-
trais administrativos e satisfazer as diligências
1 — Sem prejuízo do disposto no artigo se- pedidas por carta, ofício ou outros meios de co-
guinte, compete aos tribunais tributários conhe- municação que lhe sejam dirigidos por outros
cer: tribunais tributários.
a) Das ações de impugnação: 3 — Os agentes de execução desempenham
i) Dos atos de liquidação de receitas fiscais es- as suas funções nas execuções que sejam da
taduais, regionais ou locais, e parafiscais, inclu- competência dos tribunais tributários, sem preju-
indo o indeferimento total ou parcial de reclama- ízo das competências próprias dos órgãos da
ções desses atos; administração tributária.

ii) Dos atos de fixação dos valores patrimoniais Artigo 49.º-A


e dos atos de determinação de matéria tributável
suscetíveis de impugnação judicial autónoma; Competência das instâncias especializadas

iii) Dos atos praticados pela entidade compe- 1 — Quando tenha havido desdobramento,
tente nos processos de execução fiscal; nos termos do disposto no artigo 9.º-A, compete
ao juízo de grande instância tributária decidir:
iv) Dos atos administrativos respeitantes a
questões fiscais que não sejam atribuídos à com- a) Das ações de impugnação, cujo valor ultra-
petência de outros tribunais; passe 10 vezes o valor da alçada dos Tribunais
da Relação:
b) Da impugnação de decisões de aplicação de
coimas e sanções acessórias em matéria fiscal; i) Dos atos de liquidação de receitas fiscais es-
taduais, regionais ou locais, e parafiscais, inclu-
c) Das ações destinadas a obter o reconheci- indo o indeferimento total ou parcial de reclama-
mento de direitos ou interesses legalmente pro- ções desses atos;
tegidos em matéria fiscal;
ii) Dos atos de fixação dos valores patrimoni-
d) Dos incidentes, embargos de terceiro, re- ais e dos atos de determinação de matéria tribu-
clamação da verificação e graduação de créditos,
anulação da venda, oposições e impugnação de
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75
ESTATUTO DOS TRIBUNAIS ADMINISTRATIVOS E FISCAIS
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tável suscetíveis de impugnação judicial autóno- duas vezes o valor da alçada dos Tribunais da
ma; Relação;
iii) Dos atos administrativos respeitantes a c) Dos incidentes, embargos de terceiro, re-
questões fiscais que não sejam atribuídos à com- clamação da verificação e graduação de créditos,
petência de outros tribunais; anulação da venda, oposições e impugnação de
atos lesivos, bem como de todas as questões
b) Das ações destinadas a obter o reconheci-
relativas à legitimidade dos responsáveis subsi-
mento de direitos ou interesses legalmente prote-
diários, levantadas nos processos de execução
gidos em matéria fiscal, cujo valor ultrapasse 10
fiscal, cujo valor ultrapasse duas vezes o valor da
vezes o valor da alçada dos Tribunais da Relação;
alçada dos Tribunais da Relação;
c) Dos incidentes, embargos de terceiro, re-
d) De providências cautelares para garantia
clamação da verificação e graduação de créditos,
de créditos fiscais, cujo valor ultrapasse duas
anulação da venda, oposições e impugnação de
vezes o valor da alçada dos Tribunais da Relação;
atos lesivos, bem como de todas as questões
relativas à legitimidade dos responsáveis subsi- e) De declaração da ilegalidade de normas
diários, levantadas nos processos de execução administrativas de âmbito regional ou local, emi-
fiscal, cujo valor ultrapasse dez vezes o valor da tidas em matéria fiscal;
alçada dos Tribunais da Relação;
f) Dos seguintes pedidos:
d) Dos seguintes pedidos:
i) De produção antecipada de prova, formula-
i) De produção antecipada de prova, formula- dos em processo neles pendente ou a instaurar
dos em processo neles pendente ou a instaurar que seja da sua competência;
que seja da sua competência;
ii) De providências cautelares relativas a atos
ii) De providências cautelares relativas a atos administrativos cuja ação de impugnação, pen-
administrativos cuja ação de impugnação, pen- dente ou a instaurar, seja da sua competência;
dente ou a instaurar, seja da sua competência;
iii) De execução das suas decisões;
iii) De execução das suas decisões;
g) Dos pedidos que não recaiam no âmbito de
iv) Das demais matérias que lhes sejam defe- competência definido nos n.ºs 1 e 3 e das demais
ridas por lei. matérias que lhes sejam deferidas por lei.
2 — Quando tenha havido desdobramento, 3 — Quando tenha havido desdobramento,
nos termos do disposto no artigo 9.º-A, compete nos termos do disposto no artigo 9.º-A, compete
ao juízo de média instância tributária: ao juízo de pequena instância tributária decidir:
a) Das ações de impugnação, cujo valor ultra- a) Das ações de impugnação, cujo valor não
passe duas vezes o valor da alçada dos Tribunais ultrapasse duas vezes o valor da alçada dos Tri-
da Relação: bunais da Relação:
i) Dos atos de liquidação de receitas fiscais es- i) Dos atos de liquidação de receitas fiscais es-
taduais, regionais ou locais, e parafiscais, inclu- taduais, regionais ou locais, e parafiscais, inclu-
indo o indeferimento total ou parcial de reclama- indo o indeferimento total ou parcial de reclama-
ções desses atos; ções desses atos;
ii) Dos atos de fixação dos valores patrimoniais ii) Dos atos de fixação dos valores patrimoniais
e dos atos de determinação de matéria tributável e dos atos de determinação de matéria tributável
suscetíveis de impugnação judicial autónoma; suscetíveis de impugnação judicial autónoma;
iii) Dos atos praticados pela entidade compe- iii) Dos atos praticados pela entidade compe-
tente nos processos de execução fiscal; tente nos processos de execução fiscal;
iv) Da impugnação de decisões de aplicação de iv) Da impugnação de decisões de aplicação de
coimas e sanções acessórias em matéria fiscal; coimas e sanções acessórias em matéria fiscal;
v) Dos atos administrativos respeitantes a v) Dos atos administrativos respeitantes a
questões fiscais que não sejam atribuídos à com- questões fiscais que não sejam atribuídos à com-
petência de outros tribunais; petência de outros tribunais;
b) Das ações destinadas a obter o reconheci- b) Das ações destinadas a obter o reconheci-
mento de direitos ou interesses legalmente pro- mento de direitos ou interesses legalmente pro-
tegidos em matéria fiscal, cujo valor ultrapasse tegidos em matéria fiscal, cujo valor não ultra-
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ESTATUTO DOS TRIBUNAIS ADMINISTRATIVOS E FISCAIS
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passe duas vezes o valor da alçada dos Tribunais Artigo 52.º


da Relação;
Representação
c) Dos incidentes, embargos de terceiro, re-
1 — O Ministério Público é representado:
clamação da verificação e graduação de créditos,
anulação da venda, oposições e impugnação de a) No Supremo Tribunal Administrativo, pelo
atos lesivos, bem como de todas as questões Procurador-Geral da República, que pode fazer-se
relativas à legitimidade dos responsáveis subsi- substituir por procuradores-gerais-adjuntos;
diários, levantadas nos processos de execução
fiscal, cujo valor não ultrapasse duas vezes o b) Nos tribunais centrais administrativos, por
valor da alçada dos Tribunais da Relação; procuradores-gerais-adjuntos;

d) De providências cautelares para garantia c) Nos tribunais administrativos de círculo e


de créditos fiscais, cujo valor não ultrapasse duas nos tribunais tributários, por procuradores da
vezes o valor da alçada dos Tribunais da Relação; República e por procuradores-adjuntos.

e) Dos seguintes pedidos: 2 — Os procuradores-gerais-adjuntos em ser-


viço no Supremo Tribunal Administrativo e nos
i) De produção antecipada de prova, formula- tribunais centrais administrativos podem ser co-
dos em processo neles pendente ou a instaurar adjuvados por procuradores da República.
que seja da sua competência;
3 — Na colocação e provimento dos magistra-
ii) De providências cautelares relativas a atos dos nesta jurisdição, deve ser ponderada a for-
administrativos cuja ação de impugnação, pen- mação especializada, de acordo com o disposto
dente ou a instaurar, seja da sua competência; nos n.ºs 1 e 2 do artigo 136.º do Estatuto do
Ministério Público.
iii) De execução das suas decisões;
iv) De intimação de qualquer autoridade fiscal CAPÍTULO VIII
para facultar a consulta de documentos ou pro-
cessos, passar certidões e prestar informações; Fazenda Pública

f) Das demais matérias que lhes sejam deferi- Artigo 53.º


das por lei.
Intervenção da Fazenda Pública
4 — O juízo de pequena instância tributária
funciona sempre com juiz singular. A Fazenda Pública defende os seus interesses
nos tribunais tributários através de representan-
5 — As competências referidas no n.º 2 do ar- tes seus.
tigo anterior consideram-se deferidas ao juízo de
média instância tributária. Artigo 54.º

Artigo 50.º Representação da Fazenda Pública

Competência territorial 1 — A representação da Fazenda Pública com-


pete:
À determinação da competência territorial dos
tribunais tributários são subsidiariamente aplicá- a) Nas secções de contencioso tributário do
veis os critérios definidos para os tribunais admi- Supremo Tribunal Administrativo e dos tribunais
nistrativos de círculo. centrais administrativos, ao diretor-geral da Au-
toridade Tributária e Aduaneira que pode ser
CAPÍTULO VII representado pelos respetivos subdiretores-
gerais ou por trabalhadores em funções públicas
Ministério Público daquela Autoridade licenciados em Direito;
b) [Revogada];
Artigo 51.º
c) Nos tribunais tributários, ao diretor-geral
Funções
da Autoridade Tributária e Aduaneira, que pode
Compete ao Ministério Público representar o ser representado pelos diretores de finanças e
Estado, defender a legalidade democrática e diretores de alfândega da respetiva área de juris-
promover a realização do interesse público, exer- dição ou por funcionários daquela Autoridade
cendo, para o efeito, os poderes que a lei lhe licenciados em Direito.
confere.
2 — Os diretores de finanças e os diretores de
alfândega podem ser representados por funcioná-
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ESTATUTO DOS TRIBUNAIS ADMINISTRATIVOS E FISCAIS
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rios da Autoridade Tributária e Aduaneira licenci- 3 — O gabinete de apoio em cada tribunal é


ados em Direito. dirigido pelo respetivo presidente.
3 — Quando estejam em causa receitas fiscais 4 — A criação do gabinete de apoio em cada
lançadas e liquidadas pelas autarquias locais, a tribunal da jurisdição administrativa e fiscal é
Fazenda Pública é representada por licenciado em efetuada por portaria conjunta dos membros do
Direito ou por advogado designado para o efeito Governo responsáveis pelas áreas das finanças,
pela respetiva autarquia. da Administração Pública e da justiça, que fixa
igualmente o número de especialistas com for-
Artigo 55.º mação científica e experiência profissional ade-
quada que constitui o gabinete.
Poderes dos representantes
5 — O recrutamento do pessoal a que se refe-
Os representantes da Fazenda Pública gozam re o número anterior é efetuado pelo Conselho
dos poderes e faculdades previstos na lei. Superior dos Tribunais Administrativos e Fiscais,
através de comissão de serviço.
CAPÍTULO IX
6 — Os níveis remuneratórios do pessoal pre-
Serviços administrativos visto no presente artigo são os fixados no Regu-
lamento da Lei de Organização e Funcionamento
Artigo 56.º dos Tribunais Judiciais, aprovado pelo Decreto-
Administração, serviços de apoio e assessores Lei n.ºs 28/2009, de 28 de Janeiro, sendo os
respetivos encargos suportados pelo Conselho
1 — Nos tribunais administrativos de círculo e Superior dos Tribunais Administrativos e Fiscais.
nos tribunais tributários com mais de uma deze-
na de magistrados existe um administrador do TÍTULO II
tribunal, sendo aplicável o disposto a propósito
dos tribunais judiciais. Estatuto dos juízes

2 — No Supremo Tribunal Administrativo e CAPÍTULO I


nos tribunais centrais administrativos existe um
conselho de administração, constituído pelo pre- Disposições gerais
sidente do tribunal, pelos vice-presidentes, pelo
secretário do tribunal e pelo responsável pelos Artigo 57.º
serviços de apoio administrativo e financeiro,
Regras estatutárias
sendo aplicável o disposto a propósito dos tribu-
nais judiciais. Os juízes da jurisdição administrativa e fiscal
formam um corpo único e regem-se pelo disposto
3 — Os tribunais da jurisdição administrativa e
na Constituição da República Portuguesa, por
fiscal dispõem de serviços administrativos de
este Estatuto e demais legislação aplicável e,
apoio, regulados na lei.
subsidiariamente, pelo Estatuto dos Magistrados
4 — Sem prejuízo do disposto no artigo se- Judiciais, com as necessárias adaptações.
guinte, os tribunais da jurisdição administrativa e
fiscal dispõem de assessores que coadjuvam os Artigo 58.º
magistrados judiciais.
Categoria e direitos dos juízes
Artigo 56.º-A 1 — O Presidente, os vice-presidentes e os ju-
ízes do Supremo Tribunal Administrativo têm as
Gabinetes de apoio
honras, precedências, categorias, direitos, ven-
1 — É criado, na dependência orgânica do cimentos e abonos que competem, respetiva-
Conselho Superior dos Tribunais Administrativos mente, ao Presidente, aos vice-presidentes e aos
e Fiscais, um gabinete de apoio aos magistrados juízes do Supremo Tribunal de Justiça.
da jurisdição administrativa e fiscal.
2 — Os presidentes, os vice-presidentes e os
2 — Cada tribunal de jurisdição administrativa juízes dos tribunais centrais administrativos têm
e fiscal pode ser dotado de um gabinete de apoio as honras, precedências, categorias, direitos,
destinado a assegurar assessoria e consultadoria vencimentos e abonos que competem, respeti-
técnica aos magistrados e ao presidente do res- vamente, aos presidentes, aos vice-presidentes e
petivo tribunal, nos termos definidos para os aos juízes dos tribunais da Relação.
gabinetes de apoio dos tribunais das comarcas
judiciais.
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ESTATUTO DOS TRIBUNAIS ADMINISTRATIVOS E FISCAIS
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3 — Os juízes dos tribunais administrativos de b) Anteriores classificações de serviço, no ca-


círculo e dos tribunais tributários têm as honras, so de o candidato ser um magistrado;
precedências, categorias, direitos, vencimentos e
c) Graduação obtida em concurso;
abonos que competem aos juízes de direito.
d) Currículo universitário e pós-universitário;
4 — A progressão na carreira dos juízes da ju-
risdição administrativa e fiscal não depende do e) Trabalhos científicos ou profissionais;
tribunal em que exercem funções.
f) Atividade desenvolvida no foro, no ensino
5 — Os juízes dos tribunais administrativos e jurídico ou na Administração Pública;
dos tribunais tributários ascendem à categoria de
juiz de círculo após cinco anos de serviço nesses g) Antiguidade;
tribunais com a classificação de Bom com distinção. h) Entrevista;

Artigo 59.º i) Outros fatores relevantes que respeitem à


preparação específica, idoneidade e capacidade
Distribuição de publicações oficiais do candidato para o cargo.
1 — Os juízes da jurisdição administrativa e 3 — As vagas de juízes dos tribunais adminis-
fiscal têm direito a receber gratuitamente o Diá- trativos de círculo e dos tribunais tributários são
rio da República, 1.ª e 2.ª séries e apêndices, o preenchidas por transferência de outros tribunais
Diário da Assembleia da República e o Boletim do administrativos de círculo ou tribunais tributários,
Ministério da Justiça, ou, em alternativa, têm bem como por concurso nos termos da lei que
acesso eletrónico gratuito aos suportes informáti- define o regime de ingresso nas magistraturas e
cos das publicações referidas. de formação de magistrados.
2 — Os juízes dos tribunais sediados nas Re-
giões Autónomas também têm direito a receber Artigo 62.º
as publicações oficiais das Regiões ou a ter aces- Permuta
so eletrónico gratuito aos respetivos suportes
informáticos. 1 — É permitida a permuta entre juízes dos
tribunais administrativos de círculo e dos tribu-
CAPÍTULO II nais tributários, bem como, nos tribunais supe-
riores, entre juízes de diferentes secções do
Recrutamento e provimento mesmo tribunal, quando tal não prejudique direi-
tos de terceiros nem o andamento dos processos
SECÇÃO I que lhes estejam distribuídos, e desde que te-
nham mais de dois anos de serviço no respetivo
Disposições comuns
lugar.
Artigo 60.º 2 — Em casos devidamente justificados, pode o
Conselho Superior dos Tribunais Administrativos e
Requisitos e regime de provimento Fiscais autorizar a permuta com dispensa do re-
[Revogado]. quisito temporal referido no número anterior.

Artigo 61.º Artigo 63.º

Provimento das vagas Quadro complementar de juízes

1 — As vagas de juízes dos tribunais superio- 1 — Na jurisdição administrativa e fiscal existe


res são preenchidas por transferência de outra uma bolsa de juízes para destacamento em tri-
secção ou de outro tribunal de idêntica categoria bunais, quando se verifique uma das seguintes
da jurisdição administrativa e fiscal, bem como circunstâncias e o período de tempo previsível da
por concurso. sua duração, conjugado com o volume de servi-
ço, desaconselhem o recurso ao regime de subs-
2 — A admissão ao concurso, quando se trate tituição ou o alargamento do quadro do tribunal:
do provimento das vagas referidas no número
anterior, depende de graduação baseada na pon- a) Falta ou impedimento de titular do tribunal
deração global dos seguintes fatores: ou vacatura do lugar;

a) Classificação positiva obtida em prova es- b) Necessidade pontual de reforço do número


crita de acesso; de juízes no tribunal para acorrer a acréscimo
temporário de serviço.

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ESTATUTO DOS TRIBUNAIS ADMINISTRATIVOS E FISCAIS
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2 — Cabe ao Conselho Superior dos Tribunais Artigo 66.º


Administrativos e Fiscais efetuar a gestão da
Avaliação curricular, graduação e preenchi-
bolsa de juízes.
mento de vagas
3 — O destacamento é feito por período certo
1 — Ao concurso para juiz do Supremo Tribu-
a fixar pelo Conselho, renovável enquanto se
nal Administrativo podem candidatar-se:
verifique a necessidade que o ditou, podendo
cessar antes do prazo ou da sua renovação, a a) Juízes dos tribunais centrais administrativos
requerimento do interessado ou em consequência com cinco anos de serviço nesses tribunais;
de aplicação de pena disciplinar de suspensão ou
superior. b) Juízes dos tribunais da Relação que tenham
exercido funções na jurisdição administrativa e
4 — À matéria do presente artigo é aplicável, fiscal durante cinco anos;
com as devidas adaptações, o disposto no domí-
nio da organização e funcionamento dos tribunais c) Procuradores-gerais-adjuntos com 10 anos
judiciais. de serviço, 5 dos quais junto da jurisdição admi-
nistrativa e fiscal, no Conselho Consultivo da
Procuradoria-Geral da República ou em auditorias
Artigo 64.º
jurídicas;
Posse
d) Juristas com pelo menos 10 anos de com-
1 — O Presidente do Supremo Tribunal Admi- provada experiência profissional, na área do di-
nistrativo toma posse perante os juízes do Tribu- reito público, nomeadamente através do exercício
nal. de funções públicas, da advocacia, da docência
no ensino superior ou da investigação, ou ao
2 — Tomam posse perante o Presidente do
serviço da Administração Pública.
Supremo Tribunal Administrativo:
2 — A graduação faz-se segundo o mérito re-
a) Os vice-presidentes e os restantes juízes do
lativo dos concorrentes de cada classe, tomando-
Tribunal;
se globalmente em conta a avaliação curricular,
b) Os presidentes dos tribunais centrais admi- com prévia observância do disposto no número
nistrativos. seguinte e, nomeadamente, tendo em considera-
ção os seguintes fatores:
3 — Tomam posse perante o presidente do
tribunal central administrativo da respetiva juris- a) Anteriores classificações de serviço;
dição os vice-presidentes e os restantes juízes do
b) Graduação obtida em concursos de habili-
tribunal.
tação ou cursos de ingresso em cargos judiciais;
4 — Os juízes dos tribunais administrativos de
c) Currículo universitário e pós-universitário;
círculo e dos tribunais tributários tomam posse
perante os respetivos presidentes e estes perante d) Trabalhos científicos realizados;
os seus substitutos.
e) Atividade desenvolvida no âmbito forense
ou no ensino jurídico;
SECÇÃO II
f) Outros fatores que abonem a idoneidade
Supremo Tribunal Administrativo
dos requerentes para o cargo a prover.

Artigo 65.º 3 — Os concorrentes defendem publicamente


os seus currículos perante um júri com a seguinte
Provimento composição:
O provimento de vagas no Supremo Tribunal a) Presidente do júri — o Presidente do Su-
Administrativo é feito: premo Tribunal Administrativo, na qualidade de
a) Por transferência de juízes de outra secção presidente do Conselho Superior dos Tribunais
do Tribunal; Administrativos e Fiscais;

b) Por nomeação de juízes do Supremo Tribu- b) Vogais:


nal de Justiça, a título definitivo ou em comissão i) O juiz conselheiro mais antigo na categoria
permanente de serviço; que seja membro do Conselho Superior dos Tri-
c) Por concurso. bunais Administrativos e Fiscais;

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ESTATUTO DOS TRIBUNAIS ADMINISTRATIVOS E FISCAIS
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ii) Um membro do Conselho Superior dos Tri- c) Um magistrado, dos referidos na alínea c)
bunais Administrativos e Fiscais, não pertencente do n.º 1 do artigo 66.º;
à magistratura, a eleger por este órgão;
d) Um jurista, de entre os referidos na alínea
iii) Um membro do Conselho Superior do Mi- d) do n.º 1 do artigo 66.º
nistério Público, a eleger por este órgão;
2 — Na impossibilidade de observar a ordem
iv) Um professor universitário de Direito, com indicada, são nomeados candidatos de outra alí-
a categoria de professor catedrático, escolhido, nea, sem prejuízo do restabelecimento, logo que
nos termos do n.º 6, pelo Conselho Superior dos possível, mas limitado ao período de quatro anos,
Tribunais Administrativos e Fiscais; da ordem estabelecida.
v) Um advogado com funções no Conselho 3 — O disposto no número anterior não é apli-
Superior da Ordem dos Advogados, cabendo ao cável às vagas não preenchidas nos termos da
Conselho Superior dos Tribunais Administrativos alínea d) do n.º 1, que não podem ser preenchi-
e Fiscais solicitar à Ordem dos Advogados a res- das por outros candidatos.
petiva indicação.
4 — O disposto nos n.ºs 3 a 5 do artigo 67.º
4 — O júri emite parecer sobre a prestação de do Estatuto dos Magistrados Judiciais é aplicável
cada um dos candidatos, a qual deve ser tomada ao exercício de funções no Supremo Tribunal
em consideração pelo Conselho Superior dos Administrativo.
Tribunais Administrativos e Fiscais na elaboração
do acórdão definitivo sobre a lista de candidatos, SECÇÃO III
devendo fundamentar a decisão sempre que
houver discordância face ao parecer do júri. Tribunais centrais administrativos

5 — As deliberações são tomadas por maioria Artigo 68.º


simples de votos, tendo o presidente do júri voto
de qualidade em caso de empate. Provimento

6 — O Conselho Superior dos Tribunais Admi- O provimento de vagas nos tribunais centrais
nistrativos e Fiscais solicita, a cada uma das uni- administrativos é feito:
versidades, institutos universitários e outras es- a) Por transferência de juízes de outra secção
colas universitárias, públicos e privados, que do tribunal;
ministrem o curso de Direito, a indicação, no
prazo de 20 dias úteis, do nome de um professor b) Por concurso.
de Direito, com a categoria de professor catedrá-
tico, procedendo, subsequentemente, à escolha Artigo 69.º
do vogal a que se refere a subalínea iv) da alínea
Concurso
b) do n.º 3, por votação, por voto secreto, de
entre os indicados. 1 — Ao concurso para juiz dos tribunais cen-
trais administrativos podem candidatar-se juízes
7 — O concurso é aberto para cada uma das
dos tribunais administrativos de círculo e dos
secções e tem a validade de um ano, prorrogável
tribunais tributários com cinco anos de serviço
até seis meses.
nesses tribunais e classificação não inferior a
Bom com distinção.
Artigo 67.º
2 — A graduação faz-se segundo o mérito dos
Quotas para o provimento concorrentes de cada classe, tomando-se global-
1 — O provimento de lugares no Supremo Tri- mente a avaliação curricular, com prévia obser-
bunal Administrativo é efetuado por cada grupo vância do disposto no número seguinte, e, nome-
de seis vagas em cada secção, pela ordem se- adamente, tendo em consideração os seguintes
guinte: fatores:

a) Um juiz, de entre os referidos na alínea b) a) Anteriores classificações de serviço;


do artigo 65.º e na alínea b) do n.º 1 do artigo b) Graduação obtida em concursos de habili-
66.º, preferindo os primeiros aos segundos; tação ou cursos de ingresso em cargos judiciais;
b) Três juízes de entre os indicados na alínea c) Currículo universitário e pós-universitário;
a) do artigo 65.º e na alínea a) do n.º 1 do artigo
66.º, preferindo os primeiros aos segundos; d) Trabalhos científicos realizados;

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ESTATUTO DOS TRIBUNAIS ADMINISTRATIVOS E FISCAIS
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e) Atividade desenvolvida no âmbito forense SECÇÃO IV


ou no ensino jurídico;
Tribunais administrativos de círculo e tribu-
f) Outros fatores que abonem a idoneidade nais tributários
dos requerentes para o cargo a prover.
Artigo 70.º
3 — Os concorrentes defendem os seus currí-
culos perante um júri com a seguinte composi- Provimento
ção:
O provimento de vagas nos tribunais adminis-
a) Presidente do júri — o Presidente do Su- trativos de círculo e nos tribunais tributários é
premo Tribunal Administrativo, podendo fazer-se feito:
substituir por um dos vice-presidentes ou por
outro membro do Conselho Superior dos Tribu- a) Por transferência de juízes de qualquer da-
nais Administrativos e Fiscais com categoria igual queles tribunais com mais de 2 anos de serviço
ou superior à de juiz desembargador. no lugar em que se encontrem;

b) Vogais: b) Por concurso.

i) Um magistrado membro do Conselho Supe- Artigo 71.º


rior dos Tribunais Administrativos e Fiscais com
categoria não inferior à de juiz desembargador; Concurso

ii) Dois membros do Conselho Superior dos Ao concurso para juiz dos tribunais adminis-
Tribunais Administrativos e Fiscais, não perten- trativos de círculo e dos tribunais tributários são
centes à magistratura, a eleger por aquele órgão; aplicáveis as normas previstas na lei que define o
regime de ingresso nas magistraturas e de for-
iii) Um professor universitário de Direito, com mação de magistrados.
categoria não inferior à de professor associado,
escolhido, nos termos do n.º 5, pelo Conselho Artigo 72.º
Superior dos Tribunais Administrativos e Fiscais.
Formação dos juízes administrativos e fiscais
4 — O júri elabora parecer sobre a prestação
de cada um dos candidatos, a qual deve ser to- À formação, inicial e contínua, dos juízes ad-
mada em consideração pelo Conselho Superior ministrativos e fiscais são aplicáveis as normas
dos Tribunais Administrativos e Fiscais na elabo- previstas na lei que define o regime de ingresso
ração do acórdão definitivo sobre a lista de can- nas magistraturas e de formação de magistrados.
didatos, devendo fundamentar a decisão sempre
que houver discordância face ao parecer do júri. Artigo 73.º
5 — O Conselho Superior dos Tribunais Admi- Formação complementar periódica dos juí-
nistrativos e Fiscais solicita, a cada uma das uni- zes administrativos e fiscais
versidades, institutos universitários e outras es-
[Revogado].
colas universitárias, públicos e privados, que
ministrem o curso de Direito, a indicação, no
TÍTULO III
prazo de 20 dias úteis, do nome de um professor
de Direito, com categoria não inferior à de pro- Conselho Superior dos Tribunais Administra-
fessor associado, procedendo, subsequentemen- tivos e Fiscais
te, à escolha do vogal a que se refere a subalínea
iii) da alínea b) do n.º 3, por votação, por voto Artigo 74.º
secreto, de entre os indicados.
Definição e competência
6 — O concurso é aberto para cada uma das
secções e tem a validade de um ano, prorrogável 1 — O Conselho Superior dos Tribunais Admi-
até seis meses. nistrativos e Fiscais é o órgão de gestão e disci-
plina dos juízes da jurisdição administrativa e
fiscal.
2 — Compete ao Conselho:
a) Nomear, colocar, transferir, promover, exo-
nerar e apreciar o mérito profissional dos juízes da
jurisdição administrativa e fiscal e exercer a ação
disciplinar relativamente a eles;

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ESTATUTO DOS TRIBUNAIS ADMINISTRATIVOS E FISCAIS
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b) Apreciar, admitir, excluir e graduar os can- 3 — O Conselho pode delegar no presidente, ou


didatos em concurso; em outros dos seus membros, a competência para:
c) Conhecer das impugnações administrativas a) Praticar atos de gestão corrente e aprovar
interpostas de decisões materialmente administra- inspeções;
tivas proferidas, em matéria disciplinar, pelos pre-
b) Nomear os juízes para uma das secções do
sidentes dos tribunais centrais administrativos,
Supremo Tribunal Administrativo e dos tribunais
pelos presidentes dos tribunais administrativos de
centrais administrativos;
círculo e pelos presidentes dos tribunais tributá-
rios, bem como de outras que a lei preveja; c) Ordenar inspeções extraordinárias, averi-
guações, inquéritos e sindicâncias.
d) Ordenar averiguações, inquéritos, sindicân-
cias e inspeções aos serviços dos tribunais da
jurisdição administrativa e fiscal; Artigo 75.º

e) Elaborar o plano anual de inspeções; Composição

f) Elaborar as listas de antiguidade dos juízes; 1 — O Conselho Superior dos Tribunais Admi-
nistrativos e Fiscais é presidido pelo Presidente
g) Suspender ou reduzir a distribuição de pro- do Supremo Tribunal Administrativo e composto
cessos aos juízes que sejam incumbidos de outros pelos seguintes vogais:
serviços de reconhecido interesse para a jurisdição
administrativa e fiscal ou em outras situações que a) Dois designados pelo Presidente da Repú-
justifiquem a adoção dessas medidas; blica;

h) Aprovar o seu regulamento interno, con- b) Quatro eleitos pela Assembleia da República;
cursos e inspeções; c) Quatro juízes eleitos pelos seus pares, de
i) Emitir os cartões de identidade dos juízes, harmonia com o princípio da representação pro-
de modelo idêntico aos dos juízes dos tribunais porcional.
judiciais; 2 — É reconhecido de interesse para a jurisdi-
j) Propor ao Ministro da Justiça providências ção administrativa e fiscal o desempenho de fun-
legislativas com vista ao aperfeiçoamento e à ções de membro do Conselho.
maior eficiência da jurisdição administrativa e 3 — O mandato dos membros eleitos para o
fiscal; Conselho é de quatro anos, só podendo haver
l) Emitir parecer sobre as iniciativas legislati- lugar a uma reeleição.
vas que se relacionem com a jurisdição adminis- 4 — A eleição dos juízes a que se refere a alí-
trativa e fiscal; nea c) do n.º 1 abrange dois juízes suplentes,
m) Fixar anualmente, com o apoio do depar- que substituem os respetivos titulares nas suas
tamento do Ministério da Justiça com competên- ausências, faltas ou impedimentos.
cia no domínio da auditoria e modernização, o 5 — Para a eleição dos juízes referidos na alí-
número máximo de processos a distribuir a cada nea c) do n.º 1 têm capacidade eleitoral ativa
magistrado e o prazo máximo admissível para os todos os juízes que prestem serviço na jurisdição
respetivos atos processuais cujo prazo não esteja administrativa e fiscal e capacidade eleitoral pas-
estabelecido na lei; siva só os que nele se encontrem providos a títu-
n) Gerir a bolsa de juízes; lo definitivo ou em comissão de serviço.

o) Estabelecer os critérios que devem presidir 6 — Quando necessidades de funcionamento o


à distribuição nos tribunais administrativos, no exijam, o Conselho pode afetar, em exclusivo, ao
respeito pelo princípio do juiz natural; seu serviço um ou mais dos seus membros refe-
ridos na alínea c) do n.º 1, designando para
p) Nomear, de entre juízes jubilados que te- substituir cada um deles, no tribunal respetivo,
nham exercido funções nos tribunais superiores um juiz auxiliar.
da jurisdição administrativa e fiscal, o presidente
do órgão deontológico no âmbito da arbitragem Artigo 76.º
administrativa e tributária sob a organização do
Centro de Arbitragem Administrativa; Funcionamento

q) Exercer os demais poderes conferidos no 1 — O Conselho reúne ordinariamente uma


presente Estatuto e na lei. vez por mês e extraordinariamente sempre que
convocado pelo presidente, por sua iniciativa ou

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ESTATUTO DOS TRIBUNAIS ADMINISTRATIVOS E FISCAIS
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a solicitação de pelo menos um terço dos seus Artigo 80.º


membros.
Funções da secretaria
2 — O Conselho só pode funcionar com a pre-
À secretaria do Conselho Superior dos Tribu-
sença de dois terços dos seus membros.
nais Administrativos e Fiscais incumbe prestar o
apoio administrativo e a assessoria necessários
Artigo 77.º
ao normal desenvolvimento da atividade do Con-
Presidência selho e à preparação e execução das suas delibe-
rações, nos termos previstos em diploma com-
1 — O presidente do Conselho Superior dos plementar e no regulamento interno.
Tribunais Administrativos e Fiscais é substituído
pela ordem seguinte:
Artigo 81.º
a) Pelo mais antigo dos vice-presidentes do
Competência do secretário
Supremo Tribunal Administrativo que faça parte
do Conselho; Compete ao secretário do Conselho:
b) Pelo mais antigo dos juízes do Supremo Tri- a) Orientar e dirigir os serviços da secretaria,
bunal Administrativo que faça parte do Conselho. sob a superintendência do presidente e conforme
o regulamento interno;
2 — Em caso de urgência, o presidente pode
praticar atos da competência do Conselho, sujei- b) Submeter a despacho do presidente os as-
tando-os a ratificação deste na primeira sessão. suntos da sua competência e os que justifiquem
a convocação do Conselho;
Artigo 78.º
c) Propor ao presidente a elaboração de ins-
Competência do presidente truções de execução permanente;

Compete ao presidente do Conselho Superior d) Promover a execução das deliberações do


dos Tribunais Administrativos e Fiscais: Conselho e das ordens e instruções do presidente;

a) Dirigir as sessões do Conselho e superin- e) Preparar a proposta de orçamento do Con-


tender nos respetivos serviços; selho;

b) Fixar o dia e a hora das sessões ordinárias f) Elaborar os planos de movimentação dos
e convocar as sessões extraordinárias; magistrados;

c) Dar posse aos inspetores e ao secretário do g) Assistir às reuniões do Conselho e elaborar


Conselho; as respetivas atas;

d) Dirigir e coordenar os serviços de inspeção; h) Promover a recolha junto de quaisquer en-


tidades de informações ou outros elementos ne-
e) Elaborar, por sua iniciativa ou mediante cessários ao funcionamento dos serviços;
proposta do secretário, as instruções de execu-
ção permanente; i) Dar posse ou receber a declaração de acei-
tação do cargo quanto aos funcionários ao servi-
f) Exercer os poderes que lhe sejam delega- ço do Conselho;
dos pelo Conselho;
j) Exercer as demais funções que lhe sejam
g) Exercer as demais funções que lhe sejam deferidas por lei.
deferidas por lei.
Artigo 82.º
Artigo 79.º
Inspetores
Serviços de apoio
1 — O Conselho Superior dos Tribunais Admi-
1 — O Conselho Superior dos Tribunais Admi- nistrativos e Fiscais dispõe de inspetores com
nistrativos e Fiscais dispõe de uma secretaria quadro a fixar em diploma próprio.
com a organização, quadro e regime de provi-
mento do pessoal a fixar em diploma comple- 2 — O provimento de lugares de inspetor é
mentar. feito por nomeação e em comissão de serviço,
por três anos, renovável, de entre juízes conse-
2 — O Conselho tem um secretário, por si de- lheiros com mais de dois anos na categoria.
signado, de preferência entre juízes que prestem
serviço nos tribunais administrativos de círculo 3 — A comissão de serviço rege-se pelo dis-
ou nos tribunais tributários. posto no Estatuto dos Magistrados Judiciais.
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ESTATUTO DOS TRIBUNAIS ADMINISTRATIVOS E FISCAIS
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4 — Os inspetores são apoiados pelos serviços Artigo 86.º


do Conselho Superior dos Tribunais Administrati-
Quadros
vos e Fiscais.
São fixados em diploma próprio os quadros
Artigo 83.º dos magistrados e dos funcionários dos tribunais
da jurisdição administrativa e fiscal.
Competência dos inspetores
1 — Compete aos inspetores: Artigo 87.º
a) Averiguar do estado, necessidades e defici- Tempo de serviço
ências dos serviços dos tribunais da jurisdição
1 — O tempo de serviço prestado pelo Presi-
administrativa e fiscal, propondo as medidas
dente do Supremo Tribunal Administrativo é con-
convenientes;
tado a dobrar para efeitos de jubilação.
b) Colher, por via de inspeção, elementos es-
2 — O disposto no número anterior aplica-se
clarecedores do serviço e do mérito dos magis-
às situações constituídas à data da entrada em
trados e em função deles propor a adequada
vigor da presente lei.
classificação;
c) Proceder à realização de inquéritos e sindi- Artigo 88.º
câncias e à instrução de processos disciplinares.
Presidência dos tribunais superiores
2 — O processo será dirigido por inspetor de
categoria superior à do magistrado apreciado ou O disposto no n.º 1 do artigo 20.º, no n.º 4 do
de categoria igual mas com maior antiguidade. artigo 33.º e no n.º 1 do artigo 43.º é apenas
aplicável aos mandatos que se iniciem a partir da
3 — Quando no respetivo quadro nenhum data da entrada em vigor da presente lei.
inspetor reúna as condições estabelecidas no
número anterior, é nomeado juiz que preencha Artigo 89.º
tais requisitos.
Funcionamento transitório do Conselho Supe-
Artigo 84.º rior dos Tribunais Administrativos e Fiscais

Recursos 1 — O Conselho Superior dos Tribunais Admi-


nistrativos e Fiscais mantém a sua composição
1 — As deliberações do Conselho Superior dos anterior até ao 90.º dia posterior à data do início
Tribunais Administrativos e Fiscais relativas a de vigência desta lei.
magistrados são impugnáveis perante a Secção
de Contencioso Administrativo do Supremo Tri- 2 — Até ao início de funcionamento da secreta-
bunal Administrativo. ria, os serviços do Conselho são assegurados pela
secretaria do Supremo Tribunal Administrativo.
2 — São impugnáveis perante a mesma Sec-
ção as decisões do presidente do Conselho profe- 3 — O expediente pendente na secretaria des-
ridas no exercício de competência delegada, sem te Tribunal transita naquela data para a secreta-
prejuízo da respetiva impugnação administrativa ria do Conselho.
perante o Conselho, no prazo de 15 dias.
Artigo 90.º
TÍTULO IV Inspetores
Disposições finais e transitórias 1 — Até à criação do quadro de inspetores, as
respetivas competências são exercidas por juízes
Artigo 85.º designados pelo Conselho Superior dos Tribunais
Administrativos e Fiscais.
Competência administrativa do Governo
2 — Os processos que se encontrem penden-
A competência administrativa do Governo, re-
tes naquela data transitam para os inspetores.
lativa aos tribunais da jurisdição administrativa e
fiscal, é exercida pelo Ministro da Justiça.
Artigo 91.º
Estatística
Os tribunais da jurisdição administrativa e fis-
cal remetem ao respetivo Conselho Superior, nos

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ESTATUTO DOS TRIBUNAIS ADMINISTRATIVOS E FISCAIS
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termos por ele determinados, os elementos de Artigo 93.º


informação estatística que sejam considerados
Salvaguarda de direitos adquiridos
necessários.
1 — Os juízes dos tribunais administrativos de
Artigo 92.º círculo e dos tribunais tributários em funções à
data da entrada em vigor do presente Estatuto
Publicações
conservam a categoria de juízes de círculo.
1 — Os tribunais da jurisdição administrativa e
2 — Os juízes do Supremo Tribunal Adminis-
fiscal recebem gratuitamente o Diário da Repúbli-
trativo e dos tribunais centrais administrativos
ca, 1.ª e 2.ª séries, e apêndices, o Diário da As-
que venham a ser nomeados presidentes dos
sembleia da República, as publicações jurídicas
tribunais administrativos de círculo e dos tribu-
da Imprensa Nacional e as publicações jurídicas
nais tributários conservam aquele estatuto, po-
periódicas dos serviços da Administração Pública
dendo continuar a exercer funções nos primeiros,
ou, em alternativa, têm acesso eletrónico gratui-
nos termos a determinar pelo Conselho Superior
to aos suportes informáticos das publicações
dos Tribunais Administrativos e Fiscais.
referidas.
2 — Os tribunais sediados nas Regiões Autó-
nomas recebem também as publicações oficiais
das Regiões.

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Decreto-Lei n.º 214-G/2015, de 2 de outubro
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Decreto-Lei n.º 214-G/2015


de 2 de outubro

(extrato)

1 — A Lei n.º 15/2002, de 22 de fevereiro, que aprovou o Código de Processo nos Tribunais Admi-
nistrativos (CPTA), previa, no seu artigo 4.º, que este Código seria revisto no prazo de três anos, a con-
tar da data da sua entrada em vigor, que veio a ocorrer em 1 de janeiro de 2004.
Embora tenham sido, entretanto, recolhidos elementos sobre a aplicação do CPTA, designadamente
no âmbito de uma discussão pública cuja realização foi promovida em 2007, e, desse modo, identificados
muitos pontos carecidos de alteração, a verdade é que essa revisão não ocorreu até hoje.
Por outro lado, o Código de Processo Civil (CPC) foi recentemente objeto de uma reforma profunda,
com a qual se impõe harmonizar o CPTA. E também a revisão do Código do Procedimento Administrativo,
em diversos aspetos, se repercute no regime do CPTA.
É, pois, o momento de empreender uma revisão que não podia ser mais adiada. Aproveita-se, en-
tretanto, a ocasião para introduzir modificações também julgadas oportunas e necessárias ao Estatuto
dos Tribunais Administrativos e Fiscais (ETAF), assim como a alguns diplomas avulsos que disciplinam
matéria processual administrativa ou que com esta são conexas.
2 — Os aspetos mais significativos da presente revisão do CPTA dizem respeito à estrutura das
formas do processo e ao respetivo regime.
Com efeito, o CPTA, no respeito pela tradição mais recente do contencioso administrativo portu-
guês, assente na contraposição entre o recurso contencioso e o processo declarativo comum do CPC,
tradicionalmente seguido no contencioso das ações, optou por estruturar os processos declarativos não-
urgentes sobre um modelo dualista, de acordo com o qual, para além dos tipos circunscritos de situações
de urgência, objeto de regulação própria, as causas deviam ser objeto da ação administrativa especial ou
da ação administrativa comum, consoante, no essencial, se reportassem ou não a atos administrativos ou
a normas regulamentares.
A solução prestava-se a reparos, que se prendiam com a relativa incoerência e com a reduzida pra-
ticabilidade do modelo adotado.
Desde logo, relativa incoerência, na medida em que, embora a tramitação que o CPTA estabeleceu
para a ação administrativa especial tenha sido, de algum modo, a sucessora daquela que, no regime pre-
cedente, correspondia ao recurso contencioso, a verdade é que, nos seus aspetos fundamentais, ela foi
configurada por referência ao regime do processo declarativo comum do CPC, ao qual, por sua vez, tam-
bém se reconduzia a forma da ação administrativa comum.
Esta circunstância tem várias explicações, mas a principal radica no princípio, que o Código assu-
miu como fundamental, nos artigos 4.º e 5.º, da livre cumulabilidade de pedidos. Com efeito, a introdu-
ção da possibilidade da dedução e apreciação, em cumulação de pedidos, de todos os pedidos que cor-
respondem à ação administrativa comum no âmbito da ação administrativa especial, tornou inevitável a
aproximação da tramitação desta última ao processo civil, indispensável para que tal fosse possível. Por
isso, mais do que a sucessora do anterior recurso contencioso, a ação administrativa especial foi configu-
rada como uma forma de processo primacialmente direcionada a harmonizar o modelo do CPC às especi-
ficidades próprias do processo administrativo.
Ora, uma forma de processo com estas características é suficiente, sem necessidade de um modelo
dualista, para dar resposta a todos os processos declarativos não-urgentes do contencioso administrati-
vo. Justifica-se, por isso, submeter todos os processos não-urgentes do contencioso administrativo a um
único modelo de tramitação, que corresponde ao da anterior ação administrativa especial.
No sentido da consagração de um modelo único de tramitação dos processos não-urgentes concor-
re, por outro lado, do ponto de vista da praticabilidade do sistema, a conveniência em dar resposta a
dificuldades que a delimitação do âmbito de intervenção da ação administrativa comum e da ação admi-
nistrativa especial colocava. Basta pensar na dificuldade que, em muitas situações concretas, se coloca
de saber se a Administração está investida do poder de praticar um ato administrativo impugnável, ou se
o interessado pode propor uma ação de reconhecimento dos seus direitos ou interesses sem dependência
da emissão desse ato. E na incoerência de se enquadrar o contencioso dos contratos no âmbito da ação
administrativa comum e o dos atos administrativos no da ação administrativa especial, num contexto, tão
diferente do tradicional, em que é admitida uma relativa fungibilidade entre as figuras do ato administra-
tivo e do contrato.
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Decreto-Lei n.º 214-G/2015, de 2 de outubro
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Estas razões determinaram a opção de se abandonar o modelo dualista que o CPTA consagrava,
extinguindo-se a forma da ação administrativa comum e reconduzindo-se todos os processos não-
urgentes do contencioso administrativo a uma única forma de processo, a que é dada a designação de
«ação administrativa».
Esta nova forma de processo é submetida ao regime que, até aqui, correspondia à ação adminis-
trativa especial, mas com as profundas alterações que decorrem da sua harmonização com o novo regi-
me do CPC.
3 — É no regime da nova «ação administrativa» que mais claramente se refletem as implicações no
CPTA da recente reforma do CPC. O novo regime da «ação administrativa» introduz, assim, diversas ino-
vações decorrentes do novo regime do CPC, sem deixar, no entanto, de procurar corresponder às especi-
ficidades do contencioso administrativo, que estão na base da existência de um Código próprio, procu-
rando dar resposta a problemas que não se colocam em processo civil e, nos restantes domínios, consa-
grando, quando tal se justifica, soluções diferenciadas, em que o regime do CPTA pontualmente se afasta
daquele que resulta do CPC.
Deste ponto de vista, merecem, desde logo, referência o regime do novo artigo 78.º-A, que procu-
ra reforçar a tutela da posição do autor perante o encargo que lhe é imposto de indicar os contrainteres-
sados na petição inicial, e a revisão do artigo 85.º, que procura consagrar um regime mais coerente no
que respeita à intervenção do Ministério Público nos processos em que não é parte.
Por outro lado, devem ser mencionados os regimes do n.º 4 do artigo 83.º, que preserva a solução
tradicional da não imposição do ónus de impugnação especificada, mas impõe o ónus de contestar, do
artigo 85.º-A, que prevê a existência de réplica e, havendo reconvenção, de tréplica, dos artigos 87.º-A a
87.º-C, que introduzem adaptações pontuais ao regime da audiência prévia e do saneador, bem como
dos artigos 91.º e 91.º-A, que clarificam os termos em que se procede à realização de audiência final e
em que pode haver lugar à apresentação de alegações escritas.
4 — Ainda no que respeita às formas do processo, é introduzida nos artigos 97.º e 99.º a previsão
de uma nova forma de processo urgente, dirigida a dar resposta célere e integrada aos litígios respeitan-
tes a procedimentos de massa, em domínios como os dos concursos na Administração Pública e da reali-
zação de exames, com um elevado número de participantes. O novo regime dos procedimentos de massa
visa assegurar a concentração num único processo, a correr num único tribunal, das múltiplas pretensões
que os participantes nestes procedimentos pretendam deduzir no contencioso administrativo.
5 — Nas restantes matérias, são três os domínios em que assumem maior relevo as alterações in-
troduzidas no regime do CPTA.
5.1 — O primeiro deles diz respeito ao novo regime do artigo 73.º, em matéria de impugnação das
normas regulamentares, que, indo ao encontro das múltiplas críticas de que tinha sido objeto o regime
anterior, procede à respetiva simplificação e clarificação, designadamente no que respeita às situações de
dedução do incidente da invalidade de normas regulamentares em processos cujo objeto principal não
lhes diz respeito. As alterações introduzidas neste domínio repercutem-se, naturalmente, no regime da
suspensão da eficácia de normas regulamentares, previsto no artigo 130.º, que também é revisto em
conformidade.
5.2 — O segundo diz respeito ao contencioso pré-contratual urgente, regulado nos artigos 100.º e
seguintes, cujo âmbito de aplicação é, desde logo, alargado, de modo a abranger o contencioso relativo à
formação de todos os tipos contratuais compreendidos pelo âmbito de aplicação das diretivas da União
Europeia em matéria de contratação pública.
No regime do contencioso pré-contratual urgente, é, desde logo, introduzida uma série de clarifica-
ções, que visam dar resposta a múltiplas questões que se vinham colocando na prática jurisprudencial,
designadamente no que diz respeito ao regime a aplicar nas situações de cumulação de pedidos (artigo
100.º), à aplicabilidade do regime do artigo 45.º (artigo 102.º) e ao contencioso de impugnação do pro-
grama e demais documentos conformadores do procedimento pré-contratual, cujo regime era particular-
mente insuficiente e é, agora, objeto de regulação própria no artigo 103.º
O aspeto mais relevante reside, no entanto, no novo artigo 103.º-A, que, no propósito de proceder
finalmente à transposição das Diretivas Recursos, associa um efeito suspensivo automático à impugnação
dos atos de adjudicação e introduz um regime inovador de adoção de medidas provisórias no âmbito do
próprio processo do contencioso pré-contratual.
6 — O terceiro diz respeito aos processos cautelares, domínio no qual são introduzidas importantes
inovações.
Assim, nos n.ºs 4 e 5 do artigo 113.º é introduzida a previsão da possibilidade da modificação
objetiva ou subjetiva da instância, por alteração superveniente das circunstâncias ou por substituição do
Ministério Público ao requerente primitivo.

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Merecem maior destaque as soluções dirigidas a promover a agilidade dos processos cautelares,
evitando a respetiva sobrecarga com produção desproporcionada e injustificada de prova. Inscrevem-se
nessa perspetiva, as modificações introduzidas no artigo 118.º e, sobretudo, a eliminação do critério de
atribuição de providências cautelares que se encontrava previsto na alínea a) do n.º 1 do artigo 120.º, e
vinha sendo objeto de críticas e de uma aplicação jurisprudencial muito restritiva. Neste contexto, o novo
regime previsto no artigo 120.º consagra um único critério de decisão de providências cautelares, quer
estas tenham natureza antecipatória ou conservatória, as quais poderão ser adotadas quando se de-
monstre a existência de um fundado receio da constituição de uma situação de facto consumado ou da
produção de prejuízos de difícil reparação para os interesses que o requerente pretende acautelar no
processo principal, e seja provável que a pretensão formulada ou a formular nesse processo venha a ser
julgada procedente.
Revê-se, ainda, o regime do artigo 131.º, clarificando diversos aspetos, relacionados com o mo-
mento e condições em que o decretamento provisório pode ocorrer e com a possibilidade de decretamen-
to oficioso, e simplificando o regime do incidente.
7 — São, entretanto, introduzidas outras inovações dignas de nota no regime do CPTA.
No n.º 4 do artigo 20.º, consagra-se a solução que parece mais adequada a assegurar a proximi-
dade territorial do tribunal em relação ao litígio.
No artigo 30.º, promove-se a publicidade do processo administrativo.
No artigo 48.º, para além de se proceder à clarificação de determinados aspetos de regime, proce-
de-se à flexibilização e à ampliação do respetivo âmbito de aplicação.
No n.º 2 do artigo 58.º, é retomado o regime anterior ao CPTA, que assegura maior segurança e
certeza num domínio tão importante como é o da contagem do prazo de impugnação dos atos adminis-
trativos, eliminando uma solução que não tinha racionalidade que a justificasse.
Nos artigos 64.º e 74.º procede-se à harmonização do CPTA com o novo regime introduzido pela
revisão do CPA dos regimes respeitantes, respetivamente, à anulação e à sanação do ato administrativo
impugnado durante a pendência do processo impugnatório, e aos prazos de impugnação das normas
regulamentares.
Nos artigos 77.º-A e 77.º-B, procede-se à harmonização do regime da legitimidade e prazos para a
impugnação de contratos com o novo regime que, por outro lado, é introduzido no artigo 285.º do Código
dos Contratos Públicos, no sentido de se clarificar o regime de invalidade aplicável às situações de falta e
vícios da vontade dos contratos administrativos.
No novo artigo 110.º-A, é regulada a possibilidade, sobre a qual o CPTA era, até aqui, omisso, da
convolação dos processos de intimação para proteção de direitos, liberdades e garantias em processos
cautelares, quando não se preencham os exigentes pressupostos de que depende a admissibilidade dos
primeiros.
No artigo 121.º, os pressupostos são flexibilizados no sentido de promover a economia processual.
No regime dos recursos jurisdicionais (artigos 140.º e segs.), procede-se à harmonização com o
novo regime do CPC e à clarificação de um conjunto de aspetos, em matéria de legitimidade para recor-
rer (artigo 141.º), sucumbência (artigo 142.º), despacho de admissão de recurso (artigos 144.º e 145.º),
extensão dos poderes de cognição dos juízes de apelação e possibilidade da produção de prova no tribu-
nal de recurso (artigo 149.º) e extensão dos poderes de pronúncia do tribunal de revista (artigo 150.º).
No artigo 151.º, flexibilizam-se os pressupostos do recurso per saltum, no sentido de ampliar o
âmbito da sua aplicação.
No artigo 172.º, flexibilizam-se as condições em que se pode processar o pagamento da quantia
devida no âmbito dos processos de execução para pagamento de quantia certa.
8 — Procede-se, por outro lado, à clarificação de um conjunto de aspetos do regime do CPTA, em
múltiplos domínios, desde há muito identificados na prática jurisprudencial, em que a sua aplicação susci-
tava dúvidas. Na maioria dos casos, as dúvidas eram devidas ao facto de o Código não prever situações
que, na prática, se verificavam e, por isso, careciam de resposta. Mas também à existência de previsões
ambíguas, cujo sentido urgia clarificar, ou à necessidade de harmonizar a redação de diferentes precei-
tos, desse modo eliminando equívocos.
Nesta perspetiva se inscrevem as alterações introduzidas nos n.ºs 2, 5 e 7 do artigo 10.º, relacio-
nadas com a legitimidade passiva das Regiões Autónomas e dos Ministérios, em caso de cumulação de
pedidos, no artigo 14.º, quanto ao procedimento a adotar por tribunal incompetente, no artigo 16.º,
quanto à determinação do tribunal da residência ou sede de diferentes autores, no artigo 19.º, quanto ao
tribunal competente para as ações sobre contratos, no n.º 1 do artigo 20.º, quanto ao âmbito de aplica-
bilidade desta norma, nos n.ºs 8 e 9 do artigo 20.º, quanto ao tribunal territorialmente competente para
os processos de execução de sentenças e de atos administrativos dependentes de execução jurisdicional,
no artigo 29.º, quanto aos prazos a observar por juízes e funcionários judiciais, no artigo 36.º, quanto ao
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regime a aplicar aos processos urgentes previstos em legislação avulsa, no artigo 39.º, quanto ao inte-
resse qualificado em agir exigível nas ações de condenação à abstenção da prática de atos administrati-
vos, nos artigos 45.º e 45.º-A, quanto aos pressupostos e ao âmbito de aplicação do regime do artigo
45.º, no artigo 51.º, quanto aos requisitos gerais de impugnabilidade dos atos administrativos, no artigo
53.º, quanto ao regime de impugnabilidade dos atos confirmativos, no artigo 54.º, quanto ao regime de
impugnabilidade dos atos ineficazes, nos artigos 55.º e 68.º, quanto ao âmbito da legitimidade para im-
pugnar atos administrativos, tanto do Ministério Público, como de órgãos em relação a atos de outros
órgãos da mesma entidade pública, no artigo 56.º, quanto ao âmbito de aplicação do instituto da aceita-
ção do ato administrativo, no n.º 1 do artigo 59.º, quanto ao momento a partir do qual corre o prazo de
impugnação dos atos administrativos ineficazes, nos artigos 67.º e 69.º, quanto aos pressupostos de que
depende a propositura da ação de condenação à prática de ato devido nos casos de ter havido um ato
negativo nulo ou de se pretender a substituição de um ato de conteúdo positivo, e no artigo 70.º, quanto
à hipótese de a pretensão dirigida à substituição do ato de conteúdo positivo surgir na pendência de ação
inicialmente proposta em situação de silêncio da Administração.
9 — No que respeita ao ETAF, clarificam-se, desde logo, os termos da relação que se estabelece
entre o artigo 1.º e o artigo 4.º, no que respeita à determinação do âmbito da jurisdição administrativa e
fiscal, e, por outro lado, dá-se mais um passo no sentido, encetado pelo atual ETAF, de fazer correspon-
der o âmbito da jurisdição aos litígios de natureza administrativa e fiscal que por ela devem ser abrangi-
dos. Neste sentido, estende-se o âmbito da jurisdição administrativa e fiscal às ações de condenação à
remoção de situações constituídas pela Administração em via de facto, sem título que as legitime, e de
impugnação de decisões que apliquem coimas no âmbito do ilícito de mera ordenação social por violação
de normas de direito administrativo em matéria de urbanismo. Entendeu-se, nesta fase, não incluir no
âmbito desta jurisdição administrativa um conjunto de matérias que envolvem a apreciação de questões
várias, tais como as inerentes aos processos que têm por objeto a impugnação das decisões da Adminis-
tração Pública que apliquem coimas no âmbito do ilícito de mera ordenação social noutros domínios. Pre-
tende-se que estas matérias sejam progressivamente integradas no âmbito da referida jurisdição, à me-
dida que a reforma dos tribunais administrativos for sendo executada.
Dando resposta a anseio já antigo, eliminam-se, no artigo 40.º, as exceções à regra de que os tri-
bunais administrativos de círculo funcionam com juiz singular, a cada juiz competindo a decisão, de facto
e de direito, dos processos que lhe sejam distribuídos.
Quanto ao mais, procede-se a diversos ajustamentos pontuais na estrutura do Supremo Tribunal
Administrativo e no regime dos concursos para tribunais superiores, e procede-se à redefinição do regime
aplicável aos presidentes dos tribunais de primeira instância.
10 — As alterações a outros diplomas legais têm, em primeiro lugar, por objeto os artigos 85.º,
95.º e 112.º do Decreto-Lei n.º 555/99, de 16 de dezembro, com o objetivo de clarificar algumas regras
procedimentais e de competência e de eliminar dúvidas que se têm colocado sobre o objeto do processo
de intimação que neles se encontra previsto, clarificando a profunda diferença que separa este processo
da ação de condenação à prática de ato devido, que se encontra consagrada no CPTA.
As alterações aos artigos 12.º, 16.º e 19.º da Lei n.º 83/95, de 31 de agosto, visam adequar o
respetivo regime à estrutura das formas de processo que foi introduzida pelo CPTA.
A alteração do artigo 15.º da Lei n.º 27/96, de 1 de agosto, é orientada pelo propósito simplifica-
dor de deixar de fazer corresponder uma forma de processo específica às ações de declaração de perda
de mandato ou de dissolução de órgãos autárquicos ou entidades equiparadas, submetendo essas ações,
por remissão, aos termos do processo do contencioso eleitoral, previstos no CPTA.
As alterações aos artigos 14.º, 23.º e 31.º da Lei n.º 46/2007, de 24 de agosto, e ao artigo 14.º
da Lei n.º 19/2006, de 12 de junho, estão relacionadas com as alterações introduzidas no CPTA ao regi-
me da intimação para prestação de informação, consulta de processos e passagem de certidões.
Foram ouvidos o Conselho Superior da Magistratura, o Conselho Superior do Ministério Publico, o
Conselho Superior dos Tribunais Administrativos e Fiscais, o Conselho dos Oficiais de Justiça, a Ordem
dos Advogados, o Sindicato dos Magistrados do Ministério Público, o Sindicato dos Funcionários Judiciais,
a Associação Sindical dos Juízes Portugueses e a Câmara dos Solicitadores.
Foi promovida a audição do Conselho Distrital da Madeira da Ordem dos Advogados, do Conselho
Distrital dos Açores da Ordem dos Advogados, do Conselho Distrital de Lisboa da Ordem dos Advogados,
do Conselho Distrital do Porto da Ordem dos Advogados, do Conselho Distrital de Coimbra da Ordem dos
Advogados, do Conselho Distrital de Évora da Ordem dos Advogados, do Conselho Distrital de Faro da
Ordem dos Advogados, da Associação dos Oficiais de Justiça, do Sindicato dos Oficiais de Justiça e do
Movimento Justiça e Democracia.
Assim:

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No uso da autorização legislativa concedida pelo artigo 1.º da Lei n.º 100/2015, de 19 de agosto, e
nos termos das alíneas b) e c) do n.º 1 do artigo 198.º da Constituição, o Governo decreta o seguinte:

Artigo 1.º
Objeto
O presente decreto-lei procede:
a) À quarta alteração ao Código de Processo nos Tribunais Administrativos, aprovado pela Lei n.º
15/2002, de 22 de fevereiro, alterada pelas Leis n.ºs 4-A/2003, de 19 de fevereiro, 59/2008, de 11 de
setembro, e 63/2011, de 14 de dezembro;
b) À décima primeira alteração ao Estatuto dos Tribunais Administrativos e Fiscais, aprovado pela
Lei n.º 13/2002, de 19 de fevereiro;
c) À sétima alteração ao Código dos Contratos Públicos, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 18/2008, de
29 de janeiro;
d) À décima quarta alteração ao Decreto-Lei n.º 555/99, de 16 de dezembro;
e) À primeira alteração à Lei n.º 83/95, de 31 de agosto;
f) À segunda alteração à Lei n.º 27/96, de 1 de agosto, alterada pela Lei Orgânica n.º 1/2011, de
30 de novembro;
g) À primeira alteração à Lei n.º 19/2006, de 12 de junho.

Artigo 2.º
Alteração ao Código de Processo nos Tribunais Administrativos
Os artigos 2.º a 5.º, 8.º a 12.º, 14.º, 16.º, 19.º, 20.º, 23.º a 27.º, 29.º a 31.º, 35.º a 39.º, 41.º,
45.º, 48.º, 50.º, 51.º, 53.º a 56.º, 58.º, 59.º, 61.º, 63.º, 64.º, 66.º a 71.º, 73.º, 74.º, 76.º a 105.º,
107.º, 110.º a 124.º, 126.º e 127.º, 130.º a 132.º, 135.º, 140.º a 145.º, 149.º a 152.º, 157.º, 159.º,
161.º a 164.º, 169.º a 173.º, 175.º, 176.º, 180.º, 182.º, 184.º, 185.º, 187.º e 191.º do Código de Pro-
cesso nos Tribunais Administrativos, aprovado pela Lei n.º 15/2002, de 22 de fevereiro, alterada pelas
Leis n.ºs 4-A/2003, de 19 de fevereiro, 59/2008, de 11 de setembro, e 63/2011, de 14 de dezembro,
passam a ter a seguinte redação:

Artigo 3.º
Aditamento ao Código de Processo nos Tribunais Administrativos
São aditados ao Código de Processo nos Tribunais Administrativos, aprovado pela Lei n.º 15/2002,
de 22 de fevereiro, alterada pelas Leis n.ºs 4-A/2003, de 19 de fevereiro, 59/2008, de 11 de setembro, e
63/2011, de 14 de dezembro, os artigos 7.º-A, 8.º-A, 45.º-A, 77.º-A, 77.º-B, 78.º-A, 83.º-A, 85.º-A,
87.º-A a 87.º-C, 89.º A, 91.º-A, 103.º A, 103.º-B, 110.º-A, 185.º-A e 185.º-B, com a seguinte redação:

Artigo 4.º
Alteração ao Estatuto dos Tribunais Administrativos e Fiscais
Os artigos 1.º, 2.º, 4.º, 9.º, 13.º, 14.º, 17.º, 24.º, 29.º, 40.º, 41.º, 43.º, 44.º, 46.º, 48.º, 49.º,
51.º, 52.º e 74.º do Estatuto dos Tribunais Administrativos e Fiscais, aprovado pela Lei n.º 13/2002, de
19 de fevereiro, passam a ter a seguinte redação:

Artigo 5.º
Aditamento ao Estatuto dos Tribunais Administrativos e Fiscais
É aditado ao Estatuto dos Tribunais Administrativos e Fiscais, aprovado pela Lei n.º 13/2002, de 19
de fevereiro, o artigo 43.º-A, com a seguinte redação:

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Artigo 6.º
Alteração ao Código dos Contratos Públicos
O artigo 285.º do Código dos Contratos Públicos, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 18/2008, de 29 de
janeiro, passa a ter a seguinte redação:

Artigo 7.º
Alteração ao Decreto-Lei n.º 555/99, de 16 de dezembro
Os artigos 85.º, 95.º e 112.º do Decreto-Lei n.º 555/99, de 16 de dezembro, passam a ter a se-
guinte redação:

Artigo 8.º
Alteração à Lei n.º 83/95, de 31 de agosto
Os artigos 12.º, 16.º e 19.º da Lei n.º 83/95, de 31 de agosto, passam a ter a seguinte redação:

Artigo 9.º
Alteração à Lei n.º 27/96, de 1 de agosto
O artigo 15.º da Lei n.º 27/96, de 1 de agosto, alterada pela Lei Orgânica n.º 1/2011, de 30 de
novembro, passa a ter a seguinte redação:

Artigo 10.º
Alteração à Lei n.º 46/2007, de 24 de agosto
Os artigos 14.º, 23.º e 31.º da Lei n.º 46/2007, de 24 de agosto, passam a ter a seguinte redação:

Artigo 11.º
Alteração à Lei n.º 19/2006, de 12 de junho
O artigo 14.º da Lei n.º 19/2006, de 12 de junho, passa a ter a seguinte redação:

Artigo 12.º
Alterações sistemáticas ao Código de Processo nos Tribunais Administrativos
São introduzidas ao Código de Processo nos Tribunais Administrativos as seguintes alterações sis-
temáticas:
1 — O título II passa a integrar os atuais títulos II e III, com a epígrafe: «Da Ação Administrativa»
e é composto:
a) Pelo capítulo I com a epígrafe «Disposições gerais», que integra os artigos 37.º a 49.º;
b) Pelo capítulo II com a epígrafe «Disposições particulares», que integra os artigos 50.º a 77.º-B e
as seguintes secções e subsecções:
i) A secção I com a epígrafe «Impugnação de atos administrativos», que integra o artigo 50.º, a
subsecção I com a epígrafe «Da impugnabilidade dos atos administrativos», composta pelos artigos 51.º
a 54.º, a subsecção II com a epígrafe «Da legitimidade», composta pelos artigos 55.º a 57.º, a subsec-
ção III com a epígrafe «Dos prazos de impugnação» composta pelos artigos 58.º a 60.º, e a subsecção
IV com a epígrafe da instância» composta pelos artigos 61.º a 65.º;
ii) A secção II com a epígrafe «Condenação à prática do ato devido» que integra os artigos 66.º a
71.º;
iii) A secção III com a epígrafe «Impugnação de normas e condenação à emissão de normas» que
integra os artigos 72.º a 77.º;
iv) A secção IV com a epígrafe «Ações relativas à validade e execução de contratos» que integra os
artigos 77.º-A a 77.º-B;
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c) Pelo capítulo III com a epígrafe «Marcha do processo», que integra os artigos 78.º a 96.º e as
seguintes secções:
i) A secção I com a epígrafe «Articulados» composta pelos artigos 78.º a 83.º-A;
ii) A secção II com a epígrafe «Trâmites subsequentes» composta pelos artigos 84.º a 86.º;
iii) A secção III com a epígrafe «Saneamento, instrução e alegações» composta pelos artigos 87.º
a 91.º-A;
iv) A secção IV com a epígrafe «Julgamento» composta pelos artigos 92.º a 96.º;
2 — O atual título IV passa a ser o título III, com a epígrafe: «Dos processos urgentes» e é com-
posto:
a) Pelo capítulo I com a epígrafe «Ação administrativa urgente», que integra os artigos 97.º a
103.º-B e as seguintes secções:
i) Secção I com a epígrafe «Contencioso eleitoral» composta pelo artigo 98.º;
ii) Secção II com a epígrafe «Contencioso de procedimentos de massa» composta pelo artigo 99.º;
iii) Secção III com a epígrafe «Contencioso pré-contratual» composta pelos artigos 100.º a 103.º-B;
b) Pelo capítulo II com a epígrafe «Das intimações», que integra os artigos 104.º a 111.º e as se-
guintes secções:
i) A secção I com a epígrafe «Intimação para a prestação de informações, consulta de processos ou
passagem de certidões» composta pelos artigos 104.º a 108.º;
ii) A secção II com a epígrafe «Intimação para proteção de direitos, liberdades e garantias» com-
posta pelos artigos 109.º a 111.º;
3 — Os atuais títulos V, VI, VIII e X passam a ser, respetivamente os títulos IV, V, VII e IX.
4 — O atual título VII passa a ser o título VI e o respetivo capítulo III passa a ter a epígrafe «Re-
cursos extraordinários».
5 — O atual título IX passa a ser o título VIII, com a epígrafe «Tribunais arbitrais e centros de arbi-
tragem».

Artigo 13.º
Norma revogatória
São revogados:
a) Os n.ºs 2 e 3 do artigo 16.º da Lei n.º 83/95, de 31 de agosto;
b) Os n.ºs 2 a 8 do artigo 15.º da Lei n.º 27/96, de 1 de agosto, alterada pela Lei Orgânica n.º
1/2011, de 30 de novembro;
c) Os n.ºs 2 e 3 do artigo 40.º, os n.ºs 2 a 4 do artigo 48.º e os artigos 60.º e 73.º do Estatuto dos
Tribunais Administrativos e Fiscais, aprovado pela Lei n.º 13/2002, de 19 de fevereiro;
d) O n.º 5 do artigo 4.º, o n.º 2 do artigo 20.º, o n.º 2 do artigo 29.º, os n.ºs 4 a 8 do artigo 30.º,
o n.º 2 do artigo 35.º, o n.º 2 do artigo 37.º, o artigo 40.º, os n.ºs 2 e 3 do artigo 41.º, os artigos 42.º,
43.º e 44.º, o n.º 5 do artigo 45.º, os artigos 46.º, 47.º e 49.º, o n.º 4 do artigo 58.º, o n.º 5 do artigo
78.º, os n.ºs 5 e 6 do artigo 79.º, o n.º 5 do artigo 82.º, o n.º 6 do artigo 86.º, o n.º 6 do artigo 91.º, o
n.º 4 do artigo 93.º, o n.º 2 do artigo 97.º, o n.º 3 do artigo 100.º, os n.ºs 4 e 5 do artigo 110.º, a alí-
nea g) do n.º 1 do artigo 123.º, o n.º 3 do artigo 130.º, os n.ºs 6 e 7 do artigo 132.º, o n.º 2 do artigo
135.º, o n.º 4 do artigo 142.º, as alíneas a) e b) do n.º 1 do artigo 187.º, e o artigo 190.º do Código de
Processo nos Tribunais Administrativos, aprovado pela Lei n.º 15/2002, de 22 de fevereiro, alterada pelas
Leis n.ºs 4-A/2003, de 19 de fevereiro, 59/2008, de 11 de setembro, e 63/2011, de 14 de dezembro;
e) O n.º 3 do artigo 14.º da Lei n.º 19/2006, de 12 de junho.

______________________________________________________________________________
93
Decreto-Lei n.º 214-G/2015, de 2 de outubro
______________________________________________________________________________

Artigo 14.º
Republicação
1 — É republicado no anexo I ao presente decreto-lei, que dele faz parte integrante, o Código de
Processo nos Tribunais Administrativos, aprovado em anexo à Lei n.º 15/2002, de 22 de fevereiro, com a
redação atual.
2 — É republicado no anexo II ao presente decreto-lei, que dele faz parte integrante, o Estatuto
dos Tribunais Administrativos e Fiscais, aprovado em anexo à Lei n.º 13/2002, de 19 de fevereiro, com a
redação atual.

Artigo 15.º
Entrada em vigor
1 — Sem prejuízo do disposto nos números seguintes, o presente decreto-lei entra em vigor 60 di-
as após a sua publicação.
2 — As alterações efetuadas pelo presente decreto-lei ao Código de Processo nos Tribunais Admi-
nistrativos, aprovado pela Lei n.º 15/2002, de 22 de fevereiro, alterada pelas Leis n.ºs 4-A/2003, de 19
de fevereiro, 59/2008, de 11 de setembro, e 63/2011, de 14 de dezembro, só se aplicam aos processos
administrativos que se iniciem após a sua entrada em vigor.
3 — As alterações efetuadas pelo presente decreto-lei ao Decreto-Lei n.º 555/99, de 16 de dezem-
bro, e às Leis n.ºs 83/95, de 31 de agosto, 27/96, de 1 de agosto, alterada pela Lei Orgânica n.º 1/2011,
de 30 de novembro, 46/2007, de 24 de agosto, e 19/2006, de 12 de junho, só se aplicam aos processos
administrativos que tenham início após a sua entrada em vigor.
4 — As alterações efetuadas pelo presente decreto-lei ao Estatuto dos Tribunais Administrativos e
Fiscais, aprovado pela Lei n.º 13/2002, de 19 de fevereiro, em matéria de organização e funcionamento
dos tribunais administrativos, incluindo dos tribunais administrativos de círculo, entram em vigor no dia
seguinte ao da publicação do presente decreto-lei.
5 — A alteração efetuada pelo presente decreto-lei à alínea l) do n.º 1 do artigo 4.º do Estatuto
dos Tribunais Administrativos e Fiscais, aprovado pela Lei n.º 13/2002, de 19 de fevereiro, em matéria
de ilícitos de mera ordenação social por violação de normas de direito administrativo em matéria de ur-
banismo, entra em vigor no dia 1 de setembro de 2016.
Visto e aprovado em Conselho de Ministros de 27 de agosto de 2015. — Paulo Sacadura Cabral
Portas — Maria Luís Casanova Morgado Dias de Albuquerque — Rui Manuel Parente Chancerelle de Ma-
chete — Paula Maria von Hafe Teixeira da Cruz — Leonardo Bandeira de Melo Mathias — Jorge Manuel
Lopes Moreira da Silva — Maria de Assunção Oliveira Cristas Machado da Graça — Fernando Serra Leal da
Costa.
Promulgado em 25 de setembro de 2015.
Publique-se.
O Presidente da República, ANÍBAL CAVACO SILVA.
Referendado em 28 de setembro de 2015.
O Primeiro-Ministro, Pedro Passos Coelho.

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94
Deliberação n.º 2186/2015, de 1 de dezembro
______________________________________________________________________________

CONSELHO SUPERIOR DOS TRIBUNAIS ADMINISTRATIVOS


E FISCAIS

Deliberação (extrato) n.º 2186/2015,


Diário da Republica 235/2015, Série II de 2015/12/01

Por deliberação do Conselho Superior dos Tribunais Administrativos e Fiscais de 24 de novembro de


2015:
Ao abrigo do disposto no artigo 26.º, n.º 1, alínea a), do Código de Processo nos Tribunais Admi-
nistrativos (CPTA), e, designadamente, na sequência das modificações introduzidas nesta matéria pelo
Decreto-Lei n.º 214-G/2015, de 2 de outubro, reformulam-se os critérios de classificação das espécies de
processos, sendo renumeradas as restantes espécies em função desta alteração, cujos efeitos se repor-
tam à data da entrada em vigor citado Decreto-Lei n.º 214-G/2015 (cf. artigo 15.º, n.ºs 1 e 2), nos se-
guintes termos:

Tribunais Administrativos e Fiscais de 1.ª instância:

A) Tribunais administrativos

1.ª espécie — Ação administrativa


2.ª espécie — Processo de contencioso eleitoral
3.ª espécie — Procedimentos de massa
4.ª espécie — Processo de contencioso pré-contratual
5.ª espécie — Intimação para prestação de informações, consulta de processos ou passagem de
certidões
6.ª espécie — Intimação para a proteção de direitos, liberdades e garantias
7.ª espécie — Processos cautelares relativos a procedimentos de formação de contratos
8.ª espécie — Outros processos cautelares
9.ª espécie — Outros processos urgentes
10.ª espécie — Execuções
11.ª espécie — Cartas precatórias
12.ª espécie — Outros processos

B) Tribunais fiscais

1.ª espécie — Processo de impugnação


2.ª espécie — Ação administrativa
3.ª espécie — Intimação para um comportamento
4.ª espécie — Execução de julgados
5.ª espécie — Outros meios processuais acessórios
6.ª espécie — Processos cautelares
7.ª espécie — Oposição
8.ª espécie — Embargos de terceiro

______________________________________________________________________________
95
Deliberação n.º 2186/2015, de 1 de dezembro
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9.ª espécie — Verificação e graduação de créditos


10.ª espécie — Reclamação de atos do órgão de execução fiscal
11.ª espécie — Outros incidentes da execução fiscal
12.ª espécie — Recurso de contra-ordenação
13.ª espécie — Derrogação de sigilo bancário
14.ª espécie — Outros processos urgentes
15.ª espécie — Outros processos

Tribunais Centrais Administrativos

A) Secção de Contencioso Administrativo

1.ª espécie — Recursos jurisdicionais de ações administrativas


2.ª espécie — Recursos de decisões arbitrais em matéria administrativa
3.ª espécie — Ações contra magistrados
4.ª espécie — Recursos jurisdicionais em processos urgentes
5.ª espécie — Outros processos

B) Secção de Contencioso Tributário

1.ª espécie — Recursos jurisdicionais


2.ª espécie — Ações administrativas
3.ª espécie — Pedidos de declaração de ilegalidade de normas
4.ª espécie — Processos cautelares
5.ª espécie — Execuções
6.ª espécie — Recursos de contra -ordenações
7.ª espécie — Recursos jurisdicionais em processos urgentes
8.ª espécie — Outros processos

Supremo Tribunal Administrativo

A) Secção de Contencioso Administrativo

1.ª espécie — Ações administrativas de atos dos órgãos superiores do Estado


2.ª espécie — Processos de contencioso eleitoral
3.ª espécie — Processos cautelares
4.ª espécie — Ações de regresso contra magistrados dos tribunais superiores
5.ª espécie — Execuções de julgados
6.ª espécie — Recursos jurisdicionais de acórdãos dos Tribunais Centrais Administrativos em 1.ª
instância
7.ª espécie — Recursos de revista de acórdãos dos Tribunais Centrais Administrativos
8.ª espécie — Recurso de revista per saltum
9.ª espécie — Conflitos de competência
10.ª espécie — Outros processos urgentes
______________________________________________________________________________
96
Deliberação n.º 2186/2015, de 1 de dezembro
______________________________________________________________________________

11.ª espécie — Outros processos

A.1.) Pleno da mesma Secção

1.ª espécie — Recursos jurisdicionais


2.ª espécie — Recursos para uniformização de jurisprudência
3.ª espécie — Pronúncia em consulta prejudicial
4.ª espécie — Outros processos urgentes
5.ª espécie — Outros processos

B) Secção de Contencioso Tributário

1.ª espécie — Recursos jurisdicionais


2.ª espécie — Ações administrativas
3.ª espécie — Processos cautelares
4.ª espécie — Execuções
5.ª espécie — Conflitos
6.ª espécie — Outros processos urgentes
7.ª espécie — Outros processos

B.1) Pleno da mesma Secção

1.ª espécie — Recursos jurisdicionais;


2.ª espécie — Recursos para uniformização de jurisprudência
3.ª espécie — Pronúncia em consulta prejudicial
4.ª espécie — Outros processos urgentes
5.ª espécie — Outros processos

C) Plenário

Única espécie — Conflitos

25 de novembro de 2015. — O Presidente do Conselho Superior dos Tribunais Administrativos e


Fiscais, António Francisco de Almeida Calhau.

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97
Deliberação n.º 2186/2015, de 1 de dezembro
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Apontamentos:

______________________________________________________________________________
98
ÍNDICE

______________________________________________________________________________

ÍNDICE

Competência do pleno da Secção _____________________ 69


A
Competência do presidente _________________________ 84
Ação administrativa _______________________________ 15 Competência do Presidente _________________________ 67
Aceitação do ato __________________________________ 20 Competência do presidente do tribunal ________________ 73
Ações relativas à validade e execução de contratos ______ 25 Competência do secretário __________________________ 84
Adjuntos ________________________________________ 67 Competência dos inspetores _________________________ 85
Administração, serviços de apoio e assessores __________ 78 Competência dos presidentes dos tribunais
Alçada _________________________________________ 64 centrais administrativos ______________________ 70
Alegações escritas _________________________________ 34 Competência dos tribunais administrativos
Alteração da instância ______________________________ 23 de círculo __________________________________ 74
Alteração e revogação das providências _______________ 44 Competência dos tribunais tributários _________________ 75
Âmbito da jurisdição _____________________________ 9, 63 Competência em matéria de responsabilidade civil _______ 10
Ampliação da instância _____________________________ 21 Competência em matéria relativa a contratos ___________ 10
Anulação administrativa, sanação e revogação Competência para a execução ________________________ 57
do ato impugnado com efeitos retroativos _______ 22 Competência para outorgar compromisso
Apensação de impugnações _________________________ 21 arbitral ____________________________________ 60
Apensação de processos ____________________________ 12 Competência supletiva _____________________________ 11
Articulados ______________________________________ 26 Competência territorial _____________________________ 77
Articulados supervenientes _________________________ 30 Composição ______________________________________ 83
Ato administrativo inimpugnável _____________________ 15 Composição das secções ____________________________ 66
Atos impugnáveis _________________________________ 18 Composição, preenchimento das secções e
Atribuição de valor e suas consequências ______________ 13 regime das sessões __________________________ 70
Audiência final ____________________________________ 33 Concurso ______________________________________ 81, 82
Audiência prévia __________________________________ 31 Condenação à emissão de normas ____________________ 25
Avaliação curricular, graduação e Condenação à prática do ato devido ___________________ 22
preenchimento de vagas _____________________ 80 Conflitos de competência jurisdicional e
de atribuições ______________________________ 47
C Conselho Superior dos Tribunais Administrativos
e Fiscais ___________________________________ 82
Caducidade das providências ________________________ 43
Constituição e funcionamento _______________________ 60
Categoria e direitos dos juízes _______________________ 78
Constituição, desdobramento e agregação dos
Causas legítimas de inexecução ______________________ 53
tribunais administrativos _____________________ 65
Centros de arbitragem _____________________________ 60
Contencioso dos procedimentos de massa ______________ 36
Citação _________________________________________ 42
Contencioso eleitoral _______________________________ 36
Citação dos demandados ___________________________ 27
Contencioso pré-contratual __________________________ 36
Citações _________________________________________ 11
Conteúdo da sentença ______________________________ 34
Código de Processo nos Tribunais Administrativos ________ 5
Conteúdo e instrução da contestação __________________ 28
Coligação _________________________________________ 9
Contrainteressados __________________________ 20, 26, 41
Competência ______________________________________ 9
Critério supletivo __________________________________ 14
Competência administrativa do Governo ______________ 85
Critérios de decisão ________________________________ 42
Competência da Secção de Contencioso
Critérios especiais _________________________________ 14
Administrativo __________________________ 68, 71
Critérios gerais para a fixação do valor _________________ 13
Competência da Secção de Contencioso
Cumulação de pedidos ____________________________ 6, 11
Tributário ______________________________ 69, 71
Cumulação de pedidos em processos urgentes ___________ 6
Competência das instâncias especializadas _____________ 75
Custas __________________________________________ 61

______________________________________________________________________________
99
ÍNDICE

______________________________________________________________________________

D Execução de sentenças de anulação de


atos administrativos _________________________ 57
Da competência territorial __________________________ 10
Execução espontânea e petição de execução ____________ 56
Decisão ______________________________________ 25, 39
Execução espontânea por parte da Administração _______ 53
Decisão da causa principal __________________________ 43
Execução para pagamento de quantia certa _____________ 56
Decisão e seus efeitos ______________________________ 40
Execução para prestação de facto infungível ____________ 55
Decisão judicial ___________________________________ 59
Execução para prestação de factos ou de coisas _________ 53
Decisões que admitem recurso ______________________ 48
Extensão da competência à decisão de questões
Decretamento provisório da providência ______________ 45
prejudiciais ________________________________ 10
Decreto-Lei n.º 214-G/2015 _________________________ 87
Extensão de regime ________________________________ 17
Definição e competência ___________________________ 82
Extensão dos efeitos da sentença _____________________ 52
Deliberação n.º 2186/2015__________________________ 95
Desdobramento dos tribunais tributários ______________ 65
F
Despacho de prova e aditamento ou alteração
do rol de testemunhas _______________________ 33 Fixação da competência_____________________________ 64
Despacho liminar _________________________________ 41 Formação de julgamento ____________________________ 70
Despacho liminar e tramitação subsequente ___________ 39 Formação dos juízes administrativos e fiscais ____________ 82
Despacho pré-saneador ____________________________ 30 Formações de julgamento ___________________________ 67
Despacho saneador ________________________________ 32 Formas de processo ________________________________ 14
Dever de executar _________________________________ 57 Funcionamento _____________________________ 72, 74, 83
Dever de gestão processual __________________________ 7 Funcionamento e poderes de cognição ________________ 66
Diferimento do acórdão ____________________________ 35 Funcionamento transitório do Conselho Superior
Direito à outorga de compromisso arbitral _____________ 60 dos Tribunais Administrativos e Fiscais __________ 85
Direito aplicável ___________________________________ 5 Funções _________________________________________ 77
Direito subsidiário _________________________________ 65 Funções da secretaria ______________________________ 84
Disposições finais e transitórias ______________________ 61
Disposições fundamentais ___________________________ 5 G
Disposições gerais _________________________________ 15
Gabinete do Presidente _____________________________ 67
Disposições particulares ____________________________ 44
Gabinetes de apoio ________________________________ 78
Distribuição ______________________________________ 12
Garantia da providência _____________________________ 44
Distribuição de publicações oficiais ___________________ 79
Garantias de independência _________________________ 63
Do valor das causas ________________________________ 13
Dos atos processuais _______________________________ 11
I
Duração do mandato ______________________________ 67
Igualdade das partes ________________________________ 7
E Impugnação das decisões arbitrais ____________________ 60
Impugnação de ato administrativo ineficaz _____________ 19
Efeito interruptivo do prazo de impugnação ____________ 38
Impugnação de atos administrativos __________________ 18
Efeito suspensivo automático________________________ 37
Impugnação de atos confirmativos e de execução ________ 19
Efeitos da decisão _________________________________ 43
Impugnação de normas e condenação à emissão
Efeitos da declaração de ilegalidade com força
de normas _________________________________ 24
obrigatória geral ____________________________ 25
Indemnização por causa legítima de inexecução _________ 59
Efeitos dos recursos _______________________________ 48
Indemnização por causa legítima de inexecução
Eficácia da sentença _______________________________ 52
e conversão da execução _____________________ 54
Eleição do Presidente e dos vice-presidentes ___________ 67
Independência ____________________________________ 63
Envio do processo administrativo ____________________ 29
Inexecução ilícita das decisões judiciais ________________ 52
Espécies de recursos e regime aplicável _______________ 47
Informação anual à Comissão das Comunidades
Estatística _______________________________________ 85
Europeias __________________________________ 61
Estatudo dos Tribunais Administrativos e Fiscais ________ 63
Início dos prazos de impugnação _____________________ 20
Estatuto dos juízes ________________________________ 78
Inspetores _____________________________________ 84, 85
Exceções ________________________________________ 32
______________________________________________________________________________
100
ÍNDICE

______________________________________________________________________________

Instrução da petição _______________________________ 27 P


Instrução e decisão parcelar da causa _________________ 33
Patrocínio judiciário _________________________________ 9
Interesse processual _______________________________ 16
Permuta _________________________________________ 79
Interposição de recurso e alegações __________________ 48
Personalidade e capacidade judiciárias __________________ 7
Intervenção da Fazenda Pública ______________________ 77
Petição a tribunal incompetente _______________________ 9
Intervenção de todos os juízes do tribunal _____________ 72
Petição de execução ____________________________ 53, 58
Intervenção do Ministério Público ____________________ 29
Plenário _________________________________________ 69
Intervenção do Ministério Público, conclusão ao
Poderes de pronúncia do tribunal _____________________ 24
relator e aperfeiçoamento das alegações
Poderes dos representantes _________________________ 78
de recurso _________________________________ 49
Poderes dos tribunais administrativos __________________ 6
Intimação para a prestação de informações,
Posse __________________________________________ 80
consulta de processos ou passagem
Prazo __________________________________________ 37
de certidões _______________________________ 38
Prazo da contestação e cominação ____________________ 28
Intimação para proteção de direitos, liberdades
Prazo para a decisão _______________________________ 42
e garantias ________________________________ 39
Prazo para a execução e causas legítimas de
Irrelevância da forma do ato ________________________ 19
inexecução _________________________________ 58
Prazos ______________________________ 16, 20, 23, 25, 26
J
Prazos processuais _________________________________ 13
Julgamento ______________________________________ 34 Preenchimento das Secções _________________________ 66
Julgamento ampliado do recurso _____________________ 49 Presidência ____________________________________ 66, 84
Jurisdição administrativa e fiscal _____________________ 63 Presidência dos tribunais centrais administrativos________ 70
Presidência dos tribunais superiores ___________________ 85
L Presidente do tribunal ___________________________ 72, 75
Pressupostos __________________________________ 22, 24
Legitimidade _____________________________________ 23
Princípio da cooperação e boa-fé processual _____________ 7
Legitimidade ativa _______________________________ 8, 19
Processo executivo_________________________________ 52
Legitimidade passiva ________________________________ 8
Processos cautelares _______________________________ 40
Limites da arbitragem ______________________________ 60
Processos cautelares relativos a procedimentos
de formação de contratos _____________________ 45
M
Processos relacionados com bens imóveis ______________ 10
Ministério Público _________________________________ 77 Processos urgentes __________________________ 14, 35, 49
Modificação do objeto do processo ___________________ 16 Produção antecipada de prova _______________________ 46
Produção de prova _________________________________ 42
N Proibição de executar o ato administrativo _____________ 44
Promoção do acesso à justiça _________________________ 7
Não realização da audiência prévia ___________________ 31
Prossecução da ação pelo Ministério Público ____________ 21
Notificação e publicação ____________________________ 44
Providências cautelares _____________________________ 40
Notificação ou publicação deficientes _________________ 21
Providências de execução ________________________ 54, 56
Notificações ______________________________________ 11
Provimento _________________________________ 80, 81, 82
Provimento das vagas ______________________________ 79
O
Publicações _______________________________________ 86
Obrigatoriedade das decisões judiciais ________________ 52 Publicidade das decisões arbitrais _____________________ 60
Oposição à execução____________________________ 54, 56 Publicidade do processo e das decisões ________________ 13
Organização e funcionamento dos tribunais
administrativos e fiscais ______________________ 65 Q
Órgãos da jurisdição administrativa e fiscal _____________ 65
Quadro complementar de juízes ______________________ 79
Outras regras de competência territorial _______________ 10
Quadros _________________________________________ 85
Quotas para o provimento___________________________ 81

______________________________________________________________________________
101
ÍNDICE

______________________________________________________________________________

R Sede, área de jurisdição e instalação _______________ 72, 74


Sede, jurisdição e funcionamento _____________________ 66
Realização de atos processuais_______________________ 11
Sede, jurisdição e poderes de cognição ________________ 70
Reconvenção _____________________________________ 29
Seleção de processos com andamento prioritário ________ 17
Recrutamento e provimento ________________________ 79
Serviços administrativos ____________________________ 78
Recurso contencioso de anulação ____________________ 61
Serviços de apoio __________________________________ 84
Recurso de revista _________________________________ 50
Sessões de julgamento______________________________ 66
Recurso para uniformização de jurisprudência __________ 51
Substituição da petição e decretamento
Recursos ________________________________________ 85
provisório de providência cautelar ______________ 39
Recursos extraordinários ___________________________ 51
Substituição do Presidente e dos vice-presidentes _______ 67
Recursos jurisdicionais _____________________________ 47
Substituição dos juízes ___________________________ 72, 74
Recursos ordinários________________________________ 50
Supremo Tribunal Administrativo __________________ 66, 80
Recusa da petição pela secretaria ____________________ 27
Suspensão da eficácia de normas _____________________ 45
Regime aplicável __________________________________ 11
Suspensão da eficácia do ato já executado ______________ 45
Regras estatutárias ________________________________ 78
Suspensão de prazos _______________________________ 60
Regulação provisória do pagamento de quantias ________ 46
Relação com a causa principal _______________________ 40
T
Relator nos processos em primeiro grau de
jurisdição em tribunais superiores _____________ 12 Tempo de serviço __________________________________ 85
Relator por vencimento ____________________________ 51 Tentativa de conciliação e mediação __________________ 32
Réplica _________________________________________ 30 Tramitação do processo_____________________________ 58
Representação ___________________________________ 77 Tréplica __________________________________________ 30
Representação da Fazenda Pública ___________________ 77 Tribunais administrativos de círculo ___________________ 72
Representação em juízo _____________________________ 9 Tribunais administrativos de círculo e
Requerimento cautelar _____________________________ 40 tribunais tributários _________________________ 82
Requisitos da petição inicial _________________________ 26 Tribunais arbitrais e centros de arbitragem _____________ 59
Revista per saltum para o Supremo Tribunal Tribunais centrais administrativos_____________________ 70
Administrativo _____________________________ 50 Tribunais tributários ________________________________ 74
Revogação do ato impugnado sem efeitos Tribunal arbitral ___________________________________ 59
retroativos ________________________________ 22 Tribunal de apelação _______________________________ 50
Turnos __________________________________________ 65
S Tutela jurisdicional efetiva ____________________________ 5

Salvaguarda de direitos adquiridos ___________________ 86


U
Sanção pecuniária compulsória ______________________ 55
Secção de Contencioso Administrativo _____________ 68, 71 Utilização abusiva da providência cautelar ______________ 44
Secção de Contencioso Tributário _________________ 69, 71

______________________________________________________________________________
102

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