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A ação de improbidade é ação civil que visa punir os agentes

públicos e particulares que atuem em colaboração ou se


beneficiando da atuação do agente, por atos de improbidade.
Pode ser proposta pela Pessoa Jurídica lesada- ou seja, uma
das entidades elencadas no art. I o da lei 8429/92 que tenha
sofrido o ato de improbidade - ou pelo Ministério Público.

As sanções de improbidade serão aplicadas mediante a


propositura da Ação Civil Pública por ato de improbidade (ou,
simplesmente, Ação de Improbidade). Não obstante tenha
natureza de Ação Civil Pública, a Ação de Improbidade não é
regulamentada pela lei de ACP (lei 7347/85). Isso porque a
própria lei 8429/92 define os contornos dessa ação.

Sendo assim, por tratar-se de lei que define sanções


administrativas àqueles que causam dano direto ou não ao
erário público, entende-se que compete privativamente à União
legislar acerca de improbidade administrativa e, dessa forma, a
lei 8429/92 tem abrangência nacional e não somente federal.

Dever de Prestar Contas pelo Chefe


do Executivo
Por Gustavo Pamplona
Mestre em Direito Público
Especialista em Políticas Públicas e Gestão Governamental

Com o escopo de definir os pontos de debate separa-se cada aspecto por tópicos. Senão
vejamos.

1.1 – Da titularidade do dever de prestar contas

Para a compreensão do tema, primeiramente, cumpre examinar o art. 70, parágrafo único,
da Constituição do Brasil, lavrado nos seguintes termos:

Art. 70: a fiscalização contábil, financeira, orçamentária, operacional e patrimonial da


união e das entidades da administração direta e indireta, quanto à legalidade, legitimidade,
economicidade, aplicação das subvenções e renúncias de receitas, será exercida pelo
Congresso nacional, mediante controle externo, e pelo sistema de controle interno de cada
poder.

Parágrafo único. Prestará contas qualquer pessoa física ou jurídica, pública ou privada,
que utilize, arrecade, guarde, gerencie ou administre dinheiros, bens e valores públicos
ou pelos quais a União responda, ou que, em nome desta, assuma obrigações de natureza
pecuniária.

Da leitura do dispositivo observa-se que a prestação de contas pode ser exigida de tanto
da pessoa física ou da pessoa jurídica. A titularidade do dever de acentar contas dependerá
basicamente da relação jurídica existente entre as partes.

Em que pese a consulta versar sobre recursos municipais, no que se refere à obrigação de
dar contas anuais, primeiramente deve-se reproduzir o previsto na Constituição em seu
artigo 84, XXIV:

Art. 84. Compete privativamente ao Presidente da República:


[…]

XXIV – prestar, anualmente, ao Congresso Nacional, dentro de sessenta dias após a


abertura da sessão legislativa, as contas referentes ao exercício anterior; Tal obrigação
estende-se ao Prefeitos Municipais, conforme o §2º, art. 31 da Constituição, a qual é
norma de repetição obrigatória na Lei Orgânica.

Destarte (Desta maneira), o dever de prestar contas – na espécie prevista na


Constituição – é do Chefe do Executivo, e não, a pessoa jurídica de direito público
interno, a saber, a União, o Estado ou o Município.

A conclusão primeira que se chega é que é a pessoa física do Prefeito que deve prestar
contas. Nesse caso, o Prefeito age em nome próprio, e não em nome do Município. Tal
obrigação é ex lege.

Com efeito, trata-se de obrigação personalíssima (intuitu personae), que só o mandatário


pode realizar. Portanto, não é legítima a prestação de contas apresentada pelo Município
– pessoa jurídica – perante o Poder Legislativo ou mesmo ao Tribunal de Contas, sob
pena de configuração de omissão na prestação de contas.

Por essa razão, é necessário que haja a separação das contas – devendo, inclusive,
serem processadas em autos distintos – quando ocorrer que o cargo de Prefeito tenha
sido ocupado por mais de uma pessoa durante o exercício financeiro. Com efeito,
cada mandatário será responsável pelo respectivo período.

1.2 – Da prestação de contas para a Câmara de Vereadores e para o Tribunal de


Contas

A apresentação das contas anuais pelo Prefeito ao Tribunal de Contas, não o libera do
encargo de prestar contas imediatamente na Câmara de Vereadores, dado que a
Constituição Federal, artigo 31, § 3º, em combinação com a Lei de Responsabilidade
Fiscal, art. 49, impõe que as contas apresentadas pelo Chefe do Poder Executivo ficarão
disponíveis, durante todo o exercício, no respectivo Poder Legislativo e no órgão técnico
responsável pela sua elaboração, para consulta e apreciação pelos cidadãos e instituições
da sociedade.

Vale a citação dos artigos referenciados acima:

Art. 31. A fiscalização do Município será exercida pelo Poder Legislativo Municipal,
mediante controle externo, e pelos sistemas de controle interno do Poder Executivo
Municipal, na forma da lei.

§ 1º – O controle externo da Câmara Municipal será exercido com o auxílio dos Tribunais
de Contas dos Estados ou do Município ou dos Conselhos ou Tribunais de Contas dos
Municípios, onde houver.

§ 2º – O parecer prévio, emitido pelo órgão competente sobre as contas que o Prefeito
deve anualmente prestar, só deixará de prevalecer por decisão de dois terços dos
membros da Câmara Municipal.

§ 3º – As contas dos Municípios ficarão, durante sessenta dias, anualmente, à disposição


de qualquer contribuinte, para exame e apreciação, o qual poderá questionar-lhes a
legitimidade, nos termos da lei.

A previsão na Lei de Responsabilidade Fiscal – Lei Complementar nº 101 de 4 de maio


de 2000 – é:

Art. 49. As contas apresentadas pelo Chefe do Poder Executivo ficarão disponíveis,
durante todo o exercício, no respectivo Poder Legislativo e no órgão técnico responsável
pela sua elaboração, para consulta e apreciação pelos cidadãos e instituições da sociedade.

1.3 – Da prestação de contas em razão de convênio

No caso de prestação de contas, em razão de convênio celebrado entre a União e o


Município, surge uma obrigação ex contractu. A União exige do Município, na forma
estabelecida no convênio, a prestação de contas dos recursos transferidos
voluntariamente.
Assim, a prestação de contas deve ser apresentada pelo Município, ainda que este ente
seja administrado por outro Prefeito. Com efeito, neste caso específico, não se trata de
obrigação personalíssima de prestar contas.

Na eventualidade do Município não preste contas, ou o faça insatisfatoriamente, a


responsabilização será do Prefeito pela aplicação dos recursos recebidos da União, que
pode ser quem assinou o convênio ou mesmo quem o sucedeu, administrando tais
recursos, ou parte deles.

Cabe nota que por se tratar de uma obrigação oriunda de vínculo contratual o ente
fiscalização é aquele que transfere o recurso. Logo, ser o recurso é federal será o ente
concedente federal que irá tomar contas e com o auxílio do Tribunal de Contas da União.
No mesmo sentido, se o concedente é estadual, a prestação de contas deverá ser feita por
este com o auxílio do respectivo Tribunal de Contas.

Não obstante, vale relembrar que estar “em dia quanto […] à prestação de contas de
recursos anteriormente dele recebidos” é um dos requisitos para celebração de novo
convênio nos termos da alínea “a”, inciso IV, §1º, art. 25 da Lei Complementar nº
101/2001.

Art. 25. Para efeito desta Lei Complementar, entende-se por transferência voluntária a
entrega de recursos correntes ou de capital a outro ente da Federação, a título de
cooperação, auxílio ou assistência financeira, que não decorra de determinação
constitucional, legal ou os destinados ao Sistema Único de Saúde.

§ 1o São exigências para a realização de transferência voluntária, além das estabelecidas


na lei de diretrizes orçamentárias:

IV - Comprovação, por parte do beneficiário, de:

a) que se acha em dia quanto ao pagamento de tributos, empréstimos e


financiamentos devidos ao ente transferidor, bem como quanto à prestação de contas de
recursos anteriormente dele recebidos;

b) cumprimento dos limites constitucionais relativos à educação e à saúde;

c) observância dos limites das dívidas consolidada e mobiliária, de operações de


crédito, inclusive por antecipação de receita, de inscrição em Restos a Pagar e de despesa
total com pessoal;

d) previsão orçamentária de contrapartida.

2. DO DECRETO-LEI Nº 201

Um dos principais regramentos legais no Brasil sobre o dever da prestação de contas é o


Decreto-Lei nº 201 de 27 de fevereiro de 1967, que dispõe sobre a responsabilidade dos
Prefeitos e Vereadores, e dá outras providências.

Senão vejamos os artigos referente ao tema deste parecer.


Art. 1º São crimes de responsabilidade dos Prefeitos Municipal, sujeitos ao
julgamento do Poder Judiciário, independentemente do pronunciamento da Câmara dos
Vereadores:

[…]

VI – deixar de prestar contas anuais da administração financeira do Município a


Câmara de Vereadores, ou ao órgão que a Constituição do Estado indicar, nos
prazos e condições estabelecidos;

VII – Deixar de prestar contas, no devido tempo, ao órgão competente, da aplicação de


recursos, empréstimos subvenções ou auxílios internos ou externos, recebidos a qualquer
título;

O dispositivo é de clareza solar, constata-se que é mais que mero dever, pois perfaz
conduta tipificada, a omissão do Chefe do Executivo de prestar contas à Câmara de
Vereadores bem como aos órgão competentes.

3. DA PRESTAÇÃO DE CONTAS DA LEI DE RESPONSABILIDADE FISCAL

Especificamente sobre a arrecadação, metas fiscais e congêneres há a disciplina específica


da Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) – Lei complementar nº 101, de 4 de maio de
2000 – referente a apresentação de contas e prazos. Vale a citação dos artigos.

Art. 9º

[…]

§ 4º Até o final dos meses de maio, setembro e fevereiro, o Poder Executivo demonstrará
e avaliará o cumprimento das metas fiscais de cada quadrimestre, em audiência pública
na comissão referida no § 1o do art. 166 da Constituição ou equivalente nas Casas
Legislativas estaduais e municipais.

Noutros termos, o Poder Executivo deverá prestar contas comprovando e expondo análise
referente ao cumprimento de metas fiscais em audiência pública na comissão específica
da Câmara Municipal. A periodicidade é até o final dos meses de maio, setembro e
fevereiro. Em suma, deverão ser realizadas três audiências por ano que analisará as metas
fiscais do município.

Especificamente, sobre as despesas com pessoal e seus limites, conforme o art. 19 e 20,
deverão ser realizadas ao final de cada quadrimestre, segundo o art. 22 da LRF.

Art. 22. A verificação do cumprimento dos limites estabelecidos nos arts. 19 e 20 será
realizada ao final de cada quadrimestre.

Art. 19. Para os fins do disposto no caput do art. 169 da Constituição, a despesa total
com pessoal, em cada período de apuração e em cada ente da Federação, não poderá
exceder os percentuais da receita corrente líquida, a seguir discriminados:

I - União: 50% (cinqüenta por cento);


II - Estados: 60% (sessenta por cento);

III - Municípios: 60% (sessenta por cento).

§ 1o Na verificação do atendimento dos limites definidos neste artigo, não serão


computadas as despesas:

I - de indenização por demissão de servidores ou empregados;

II - relativas a incentivos à demissão voluntária;

III - derivadas da aplicação do disposto no inciso II do § 6o do art. 57 da


Constituição;

IV - decorrentes de decisão judicial e da competência de período anterior ao da


apuração a que se refere o § 2o do art. 18;

V - Com pessoal, do Distrito Federal e dos Estados do Amapá e Roraima, custeadas


com recursos transferidos pela União na forma dos incisos XIII e XIV do art. 21 da
Constituição e do art. 31 da Emenda Constitucional no 19;

VI - com inativos, ainda que por intermédio de fundo específico, custeadas por
recursos provenientes:

a) da arrecadação de contribuições dos segurados;

b) da compensação financeira de que trata o § 9o do art. 201 da Constituição;

c) das demais receitas diretamente arrecadadas por fundo vinculado a tal finalidade,
inclusive o produto da alienação de bens, direitos e ativos, bem como seu superávit
financeiro.

§ 2o Observado o disposto no inciso IV do § 1o, as despesas com pessoal decorrentes


de sentenças judiciais serão incluídas no limite do respectivo Poder ou órgão referido no
art. 20.

Art. 20. A repartição dos limites globais do art. 19 não poderá exceder os seguintes
percentuais:

I - na esfera federal:

a) 2,5% (dois inteiros e cinco décimos por cento) para o Legislativo, incluído o
Tribunal de Contas da União;

b) 6% (seis por cento) para o Judiciário;

c) 40,9% (quarenta inteiros e nove décimos por cento) para o Executivo, destacando-
se 3% (três por cento) para as despesas com pessoal decorrentes do que dispõem os incisos
XIII e XIV do art. 21 da Constituição e o art. 31 da Emenda Constitucional no 19,
repartidos de forma proporcional à média das despesas relativas a cada um destes
dispositivos, em percentual da receita corrente líquida, verificadas nos três exercícios
financeiros imediatamente anteriores ao da publicação desta Lei Complementar; (Vide
Decreto nº 3.917, de 2001)

d) 0,6% (seis décimos por cento) para o Ministério Público da União;

II - na esfera estadual:

a) 3% (três por cento) para o Legislativo, incluído o Tribunal de Contas do Estado;

b) 6% (seis por cento) para o Judiciário;

c) 49% (quarenta e nove por cento) para o Executivo;

d) 2% (dois por cento) para o Ministério Público dos Estados;

III - na esfera municipal:

a) 6% (seis por cento) para o Legislativo, incluído o Tribunal de Contas do


Município, quando houver;

b) 54% (cinqüenta e quatro por cento) para o Executivo.

§ 1o Nos Poderes Legislativo e Judiciário de cada esfera, os limites serão repartidos


entre seus órgãos de forma proporcional à média das despesas com pessoal, em percentual
da receita corrente líquida, verificadas nos três exercícios financeiros imediatamente
anteriores ao da publicação desta Lei Complementar.

§ 2o Para efeito deste artigo entende-se como órgão:

I - o Ministério Público;

II - no Poder Legislativo:

a) Federal, as respectivas Casas e o Tribunal de Contas da União;

b) Estadual, a Assembléia Legislativa e os Tribunais de Contas;

c) do Distrito Federal, a Câmara Legislativa e o Tribunal de Contas do Distrito


Federal;

d) Municipal, a Câmara de Vereadores e o Tribunal de Contas do Município, quando


houver;

III - no Poder Judiciário:

a) Federal, os tribunais referidos no art. 92 da Constituição;

b) Estadual, o Tribunal de Justiça e outros, quando houver.


§ 3o Os limites para as despesas com pessoal do Poder Judiciário, a cargo da União
por força do inciso XIII do art. 21 da Constituição, serão estabelecidos mediante aplicação
da regra do § 1o.

§ 4o Nos Estados em que houver Tribunal de Contas dos Municípios, os percentuais


definidos nas alíneas a e c do inciso II do caput serão, respectivamente, acrescidos e
reduzidos em 0,4% (quatro décimos por cento).

§ 5o Para os fins previstos no art. 168 da Constituição, a entrega dos recursos


financeiros correspondentes à despesa total com pessoal por Poder e órgão será a
resultante da aplicação dos percentuais definidos neste artigo, ou aqueles fixados na lei
de diretrizes orçamentárias.

4. CONSEQUÊNCIAS JURÍDICAS DA NÃO APRESENTAÇÃO DE CONTAS

Registrem-se que a não apresentação das contas anuais devidas pelo Prefeito enseja várias
consequências jurídicas.

A uma, ato de improbidade administrativa, ficando o responsável sujeito às seguintes


cominações: ressarcimento integral do dano, se houver; perda da função pública;
suspensão dos direitos políticos de três a cinco anos; pagamento de multa civil de até cem
vezes o valor da remuneração percebida pelo agente; e proibição de contratar com o Poder
Público ou receber benefícios ou incentivos fiscais ou creditícios, pelo prazo de três anos
(Lei nº 8.429, artigos 11, VI, e 12, III).

Art. 12. Independentemente das sanções penais, civis e administrativas previstas na


legislação específica, está o responsável pelo ato de improbidade sujeito às seguintes
cominações, que podem ser aplicadas isolada ou cumulativamente, de acordo com a
gravidade do fato:

III- na hipótese do art. 11, ressarcimento integral do dano, se houver, perda da função
pública, suspensão dos direitos políticos de 3 (três) a 5 (cinco) anos, pagamento de
multa civil de até 100 (cem) vezes o valor da remuneração percebida pelo agente e
proibição de contratar com o Poder Público ou receber benefícios ou incentivos fiscais
ou creditícios, direta ou indiretamente, ainda que por intermédio de pessoa jurídica da
qual seja sócio majoritário, pelo prazo de 3 (três) anos.

Art. 11. Constitui ato de improbidade administrativa que atenta contra os princípios da
administração pública qualquer ação ou omissão que viole os deveres de honestidade,
imparcialidade, legalidade, e lealdade às instituições, e notadamente:

VI- deixar de prestar contas quando esteja obrigado a fazê-lo;

A duas, é crime comum, sujeito ao julgamento do Poder Judiciário, independentemente


do pronunciamento da Câmara de Vereadores, estando o inadimplente passível de pena
de detenção de três meses a três anos, além da perda do cargo e a inabilitação, pelo prazo
de cinco anos, para o exercício de cargo ou função pública, eletivo ou de nomeação, sem
prejuízo da reparação civil do dano causado ao patrimônio público ou particular (Decreto-
lei nº 201/67, artigo 1º, VI, § 1º e 2º).

Art. 1º São crimes de responsabilidade dos Prefeitos Municipal, sujeitos ao


julgamento do Poder Judiciário, independentemente do pronunciamento da Câmara dos
Vereadores:

VI- deixar de prestar contas anuais da administração financeira do Município a Câmara


de Vereadores, ou ao órgão que a Constituição do Estado indicar, nos prazos e
condições estabelecidos;

§1º Os órgãos federais, estaduais ou municipais, interessados na apuração da


responsabilidade do Prefeito, podem requerer a abertura do inquérito policial ou a
instauração da ação penal pelo Ministério Público, bem como intervir, em qualquer
fase do processo, como assistente da acusação.

§2º Se as previdências para a abertura do inquérito policial ou instauração da ação penal


não forem atendidas pela autoridade policial ou pelo Ministério Público estadual,
poderão ser requeridas ao Procurador-Geral da República.

A três, cabe ao Tribunal de Contas do Estado instaurar imediatamente Tomada de Contas


Especial, tendo como parâmetro a Instrução Normativa nº 006 – TCE/MA, de 14 de
agosto de 2002. Por disposição expressa da Constituição Federal, artigo 35, II, deve o
Estado intervir em seus Municípios, quando não forem prestadas as contas devidas.

Art. 35. O Estado não intervirá em seus Municípios, nem a União nos Municípios
localizados em Território Federal, exceto quando:

II- não forem prestadas contas devidas, na forma da lei;

A quatro, o pedido de intervenção do Estado no Município, nesse caso, tem-se revelado


a medida mais adequada para coagir os Prefeitos Municipais a cumprirem o princípio da
prestação de contas.

5. JURISPRUDÊNCIAS

Para completar o tema em análise vale a citação de alguns trechos de julgados


paradigmáticos sobre a matéria.

STF. ELEIÇÕES 2012. RECURSO ESPECIAL. DEFERIMENTO. REGISTRO DE


CANDIDATO. REJEIÇÃO DE CONTAS. TRIBUNAL DE CONTAS. AÇÃO
CIVIL PÚBLICA. IMPROCEDÊNCIA. JUSTIÇA COMUM. AFASTAMENTO.
ATO DE IMPROBIDADE. AUSÊNCIA.

Recurso Especial Eleitoral nº 205-33/SP


Relator: Ministro Dias Toffoli

ELEIÇÕES 2012. RECURSO ESPECIAL. DEFERIMENTO. REGISTRO DE


CANDIDATO. REJEIÇÃO DE CONTAS. TRIBUNAL DE CONTAS. AÇÃO CIVIL
PÚBLICA. IMPROCEDÊNCIA. JUSTIÇA COMUM. AFASTAMENTO. ATO DE
IMPROBIDADE. AUSÊNCIA. EDIÇÃO. DECRETO LEGISLATIVO. NÃO
INCIDÊNCIA. INELEGIBILIDADE. ALÍNEA g DO INCISO I DO ART. 1º DA LC Nº
64/90. FUNDAMENTO NÃO ACOLHIDO. POSSIBILIDADE. ALEGAÇÃO.
CONTRARRAZÕES.

1. Afastada pela Justiça Comum, em sede de ação civil pública, a prática de ato de
improbidade em relação aos mesmos fatos que ensejaram a rejeição de contas pelo
Tribunal de Contas, não há falar na incidência da inelegibilidade da alínea g do inciso I
do art. 1º da LC nº 64/90, que pressupõe a rejeição de contas por decisão irrecorrível
proferida pelo órgão competente, decorrente de irregularidade insanável que configure
ato doloso de improbidade administrativa.

2. A falta de edição de decreto legislativo pela Câmara Municipal constitui óbice à


incidência da inelegibilidade do art. 1º, I, g, da LC nº 64/90. Precedentes.

3. “O eventual não acolhimento de um fundamento pela Corte de origem suscitado pelo


autor da impugnação não o torna parte vencida e não o legitima para recorrer, nos termos
do art. 499 do CPC, o que não impede, todavia, de que possa a questão ser arguida em
contrarrazões a eventual recurso da parte contrária” (REspe nº 35.395/MG, Rel. Min.
Arnaldo Versiani, DJe de 2.6.2009). No mesmo sentido, o REspe nº 96-64/RJ, PSESS de
4.12.2012, Relª. Min. Luciana Lóssio.

4. Recurso Especial desprovido.

Acordam os ministros do Tribunal Superior Eleitoral, por unanimidade, em desprover o


recurso, nos termos das notas de julgamento.

Brasília, 27 de agosto de 2013.

MINISTRO DIAS TOFFOLI – RELATOR

STJ. ACP. PREFEITO. DL. N. 201/1967. LEI N. 8.429/1992.

Cuida-se de ação civil pública (ACP) ajuizada contra ex-prefeito pela falta de prestação
de contas no prazo legal referente a recursos repassados pelo Ministério da Previdência e
Assistência Social. Nesse panorama, constata-se não haver qualquer antinomia entre o
DL n. 201/1967 (crimes de responsabilidade), que conduz o prefeito ou vereador a um
julgamento político, e a Lei n. 8.429/1992 (Lei de Improbidade Administrativa – LIA),
que os submete a julgamento pela via judicial pela prática dos mesmos fatos. Note-se não
se desconhecer que o STF, ao julgar reclamação, afastou a aplicação da LIA a ministro
de Estado, julgamento de efeito inter pars. Mas lá também ficou claro que apenas as
poucas autoridades com foro de prerrogativa de função para o processo e julgamento por
crime de responsabilidade, elencadas na Carta Magna (arts. 52, I e II; 96, III; 102, I, c;
105, I, a, e 108, I, a, todos da CF/1988), não estão sujeitas a julgamento também na Justiça
cível comum pela prática da improbidade administrativa. Assim, o julgamento, por esses
atos de improbidade, das autoridades excluídas da hipótese acima descrita, tal qual o
prefeito, continua sujeito ao juiz cível de primeira instância. Desinfluente, dessarte, a
condenação do ex-prefeito na esfera penal, pois, conforme precedente deste Superior
Tribunal, isso não lhe assegura o direito de não responder pelos mesmos fatos nas esferas
civil e administrativa. Por último, vê-se da leitura de precedentes que a falta da notificação
constante do art. 17, § 7º, da LIA não invalida os atos processuais posteriores, a menos
que ocorra efetivo prejuízo. No caso, houve a citação pessoal do réu, que não apresentou
contestação, e entendeu o juiz ser prescindível a referida notificação. Portanto, sua falta
não impediu o desenvolvimento regular do processo, pois houve oportunidade de o réu
apresentar defesa, a qual não foi aproveitada. Precedentes citados do STF: Rcl 2.138-DF,
DJe 18/4/2008; Rcl 4.767-CE, DJ 14/11/2006; HC 70.671-PI, DJ 19/5/1995; do STJ:
EDcl no REsp 456.649-MG, DJ 20/11/2006; REsp 944.555-SC, DJe 20/4/2009; REsp
680.677-RS, DJ 2/2/2007; REsp 619.946-RS, DJ 2/8/2007, e REsp 799.339-RS, DJ
18/9/2006. REsp 1.034.511-CE, Rel. Min. Eliana Calmon, julgado em 1º/9/2009.

STJ. PROCESSUAL CIVIL. TÍTULO EXECUTIVO FORMADO NO TCE EM


RAZÃO DE IRREGULARIDADES NA PRESTAÇÃO DE CONTAS DE
PREFEITO. PESSOA JURÍDICA QUE MANTÉM A CORTE DE CONTAS.

1. De fato, entendia-se que a legitimidade para executar título executivo do Tribunal de


Contas que condena Prefeito ao pagamento de multa em razão de irregularidades de
prestação de contas era do Município.

2. No entanto, a questão foi revista por esta Turma e passou-se a considerar que as multas
deverão ser revertidas ao Estado ao qual a Corte está vinculada, mesmo se aplicadas
contra gestor municipal.

3. Dessarte, a legitimidade para ajuizar a ação de cobrança relativa ao crédito originado


de multa aplicada a gestor municipal por Tribunal de Contas é do ente público que
mantém a referida Corte – in casu, o Estado do Rio Grande do Sul -, que atuará por
intermédio de sua Procuradoria. Precedentes: AgRg no REsp 1181122/RS, Rel. Ministro
HUMBERTO MARTINS, Rel. p/ Acórdão Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES,
SEGUNDA TURMA, julgado em 06/05/2010, DJe 21/05/2010; AgRg no Ag
1333402/RS, Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN, SEGUNDA TURMA, julgado em
16/11/2010, DJe 04/02/2011. 4. Recurso especial provido.

STJ – REsp: 1238258 RS 2011/0030292-6, Relator: Ministro MAURO CAMPBELL


MARQUES, Data de Julgamento: 07/04/2011, T2 – SEGUNDA TURMA, Data de
Publicação: DJe 15/04/2011

STJ. PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO REGIMENTAL. TÍTULO EXECUTIVO


FORMADO NO TCE EM RAZÃO DE IRREGULARIDADES NA PRESTAÇÃO
DE CONTAS DE PREFEITO. PESSOA JURÍDICA QUE MANTÉM A CORTE
DE CONTAS.

1. De fato, entendia-se que a legitimidade para executar título executivo do Tribunal de


Contas que condena Prefeito ao pagamento de multa em razão de irregularidades de
prestação de contas era do Município.
2. No entanto, a questão foi revista por esta Turma e passou-se a considerar que as multas
deverão ser revertidas ao Estado ao qual a Corte está vinculada, mesmo se aplicadas
contra gestor municipal.

3. Dessarte, a legitimidade para ajuizar a ação de cobrança relativa ao crédito originado


de multa aplicada a gestor municipal por Tribunal de Contas é do ente público que
mantém a referida Corte – in casu, o Estado do Rio Grande do Sul -, que atuará por
intermédio de sua Procuradoria. 4. Agravo regimental provido.

STJ – AgRg no Ag: 1286719 RS 2010/0046274-4, Relator: Ministro MAURO


CAMPBELL MARQUES, Data de Julgamento: 21/09/2010, T2 – SEGUNDA TURMA,
Data de Publicação: DJe 08/10/2010

Abaixo algumas notícias divulgadas sobre processos interpostos pelo Ministério Público
em face a não prestação de contas.

MPMA – Ministério Público oferece denúncia contra ex-prefeito por falta de


prestação de contas

A 6ª Promotoria de Justiça de Imperatriz ofereceu denúncia, no dia 14 de outubro, contra


Edival Batista da Cruz, ex-prefeito de Vila Nova dos Martírios, no período de 2005 a
2008. O denunciado deixou de realizar a prestação de contas em convênio do município
com a Secretaria de Estado das Cidades.

A conduta é tipificada como crime de responsabilidade e sujeita o ex-prefeito ao


julgamento do Poder Judiciário, independentemente do pronunciamento da Câmara dos
Vereadores, conforme dispõe o decreto-lei 201/1967.

Firmado em 2005, o convênio, no valor de R$ 350 mil, que tinha o objetivo de construir
50 casas populares, estabelecia a prestação de contas até 60 dias após a data de liberação
da última parcela transferida.

Devido ao descumprimento da obrigação, o município de Vila Nova dos Martírios, que é


termo judiciário da Comarca de Imperatriz, foi incluído no cadastro de inadimplentes da
Secretaria de Estado das Cidades, o que lhe impede de realizar outros convênios, além de
obrigar-lhe a ressarcir os valores não apresentados.

Diante da situação, a atual administração do município ajuizou Ação Civil de Reparação,


que constatou a responsabilidade de Edival Batista pela inadimplência do convênio. As
investigações demonstram, ainda, que o réu quedou-se inerte, demonstrando seu profundo
desrespeito pelo ordenamento jurídico, argumentou o promotor de justiça Albert Lages
Mendes.

Fonte: Ministério Público do Maranhão

MPMA oferece Denúncia contra ex-prefeito por ausência de prestação de contas

O Ministério Público do Maranhão (MPMA), representado pelo promotor de justiça


Joaquim Ribeiro de Souza Junior, da Comarca de Imperatriz, ingressou com Ação Penal,
em 14 de outubro, contra o ex-prefeito de Davinópolis, Francisco Pereira Lima, mais
conhecido como Chico do Rádio.

Segundo as investigações do MPMA, o ex-prefeito tinha prazo até 3 de abril de 2013 para
prestar contas ao Tribunal de Contas do Estado (TCE), sobre as receitas e despesas
realizadas pela Prefeitura de Davinópolis durante o exercício de 2012, mas não o fez.

Ainda de acordo com a Promotoria de Justiça da Comarca de imperatriz, tal descaso do


réu pode ser demonstrado com diversos documentos, dentre os quais, a Resolução nº
194/2013 do TCE, que declarou o referido ex-gestor inadimplente, após superado o prazo
legal para apresentação das contas .

Ao não prestar contas dos recursos recebidos, o réu incidiu na prática do crime previsto
no artigo 1º, VI, do Decreto-Lei nº 201/67. Se condenado, poderá cumprir pena de três
meses a três anos de detenção, além da inabilitação, pelo prazo de cinco anos, para o
exercício de cargo ou função pública, eletivo ou de nomeação, sem prejuízo da reparação
civil do dano causado.

Fonte: Ministério Público do Maranhão

6. POSSÍVEIS SOLUÇÕES

A provocação oficial da Câmara municipal ao Chefe do Executivo pela sua omissão é o


expediente imediato que deve ser adotado.

Em face ao embargos à prestação de contas deve ser adotado, portanto, pedidos de exames
dos livros oficiais e demais informações, mediante ofício da Câmara.

Sua recusa tipificaria o previsto no artigo 4º e seus incisos:

Art. 4º São infrações político-administrativas dos Prefeitos Municipais sujeitas ao


julgamento pela Câmara dos Vereadores e sancionadas com a cassação do mandato:

[…]

II – Impedir o exame de livros, folhas de pagamento e demais documentos que devam


constar dos arquivos da Prefeitura, bem como a verificação de obras e serviços
municipais, por comissão de investigação da Câmara ou auditoria, regularmente
instituída;

III – Desatender, sem motivo justo, as convocações ou os pedidos de informações da


Câmara, quando feitos a tempo e em forma regular;

Com efeito, impedir exame de livros ou desatender informações da Câmara são infrações
político-administrativas que podem resultar na cassação do mandato do Prefeito.

7. CONCLUSÕES

Diante do exposto o dever de prestar contas é do prefeito devendo observar tanto a


Constituição quanto da Lei de Responsabilidade Fiscal.
As consequências pela não apresentação de contas incorre em crime de responsabilidade,
cassação de mandato, sem prejuízo da devida ação por improbidade administrativa.

Por fim, trata-se de dever legal dos mais sensíveis e sério e não poderia ser de outra forma,
pois trata-se de recursos públicos oriundos da contribuições dos munícipes.

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