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2008-07-02
Não é o mais vulgar dos animais de estimação mas pode ser um dos mais
extraordinários. É curioso e inteligente e com boa socialização e treino pode
tornar-se numa companhia muito apreciada, mas é preciso ter em conta as
suas características e necessidades específicas, antes de optar por animal com
uma curiosidade e um apetite insaciáveis. Em vários países do ocidente
passou rapidamente de grande moda, a meio dos anos 80, a grande problema,
quando muitos donos começaram a abandoná-los.
Ter em casa (com quintal) um porco anão, de pele preta e enrugada no focinho,
orelhas espetadas, patas curtas e uma barriga quase a roçar o chão? Pode parecer
uma ideia disparatada, mas a verdade é que muitas pessoas resolveram aventurar-se
quando perceberam que o porco, para além de ser esperto e engraçado, pode ser
eficazmente treinado. O porquinho de estimação começou então a ser muito solicitado
e, de facto, é uma óptima companhia, mas apenas para quem tem o cuidado de se
informar devidamente antes de assumir o compromisso de tomar conta de um animal
que tem hábitos de grupo e precisa de hierarquia, que pode crescer mais do que o
esperado e ultrapassar facilmente os 60kg, que precisa de fossar e que pode, quando
em pânico, atacar e morder. É por isso que o treino e a socialização são fundamentais
e indispensáveis. Bem vistas as coisas, levar em conta as características e
necessidades de um animal e dar-lhe o treino adequado é o que se faz com tantos
outros animais que trazemos para debaixo dos nossos tectos e tal como acontece com
os outros, também com o porco a boa convivência e uma relação proveitosa depende,
quase sempre, mais do dono do que do próprio animal.
O que é?
Uma forma de tentar garantir que o seu porco anão é um porco vietnamita, para além
da barriga grande e pendurada, das pequenas orelhas espetadas (e não grandes e
caídas) e da pele preta com pouco pêlo, é verificar se a cauda é curta e direita: se for
enrolada, ainda que ligeiramente, esse porco tem já outras raças na linhagem.
O tamanho e os problemas de comportamento são as razões que mais vezes levam
ao abandono. Por isso é indispensável que quem adopta um porco conheça bem os
prós e contras de ter estes animais por companhia.
Prós
Contras
Características
Pode viver perto de 20 anos. O famoso actor George Clooney teve um destes animais
durante 18 anos, chamava-se Max e morreu em 2006.
Na China, o ano do porco representa prosperidade.
Alimentação
Como todos os outros porcos também estes são omnívoros e a alimentação mais
adequada é ração específica para porcos anões (fácil de encontrar em Inglaterra ou
nos Estados Unidos, mas não tão facilmente disponível noutros países). Várias
marcas fabricam este tipo de alimento e não é aconselhável dar-lhes ração concebida
para porcos de produção e muito menos comida para cão ou restos da alimentação
humana. É aconselhável fornecer-lhes com regularidade vegetais frescos, como couve
ou abóbora. Alguns frutos, como uvas ou maçãs podem ser usados como mimos,
sobretudo durante o treino. Nunca se devem oferecer petiscos para cão e muito
menos comida para gato, porque são alimentos muito tóxicos para o porco. Outros
alimentos que são tóxicos para o animal: chocolate, sal e açúcar.
O objectivo de vida de um porco é comer e por isso, se o dono for muito generoso nas
guloseimas, corre o risco de ver o animal transformado num pedinchão. Inverter esta
tendência depois de adquirida será bastante difícil.
Outro grande risco que se corre é que o porco se torne obeso. Ele estará sempre
pronto a comer, portanto convém estabelecer o número de refeições diárias e as horas
a que são fornecidas e manter esse esquema, até porque este é um animal de hábitos
e gosta de comer a horas certas. Há quem recomende alguns truques para manter o
porco entretido à procura da sua comida, tal como faz na natureza, uma boa forma de
o conseguir é introduzindo alimentos, por exemplo vegetais frescos cortados
grosseiramente, numa bola com buracos, ou num qualquer objecto cilíndrico de
plástico, com orifícios por onde a comida vá caindo, a pouco e pouco, enquanto o
porco a rola e empurra.
É importante guardar as guloseimas (fruta e vegetais) para o treino do animal e dar-
lhas apenas quando a tarefa requerida for pronta e eficazmente cumprida. Também se
pode fazer depender a própria refeição habitual da obediência a um comando, como
por exemplo chamar o porco pelo nome.
O porco bebe água quando come, antes ou depois da refeição, e raramente noutras
ocasiões. Ainda assim o animal deve ter sempre água à disposição, mas atenção: é
indispensável encontrar um recipiente que ele não possa derrubar, senão vai usar a
água para se refrescar ou brincar.
Um porco em casa
As condições básicas para alojar um porco em casa não diferem muito das que são
exigidas para um cão grande: é preciso providenciar-lhe uma zona para dormir, com
um cobertor ou algumas almofadas e ter água fresca sempre à disposição no tal
recipiente que o porco não possa virar. Contudo, se o animal vai ficar sozinho em casa
por algumas horas, convém confiná-lo a uma área restrita onde não possa provocar
grandes estragos, porque a sua natureza curiosa pode levar a situações bem
desagradáveis para o dono. Desde cedo convém decidir se o porco vai fazer as suas
necessidades dentro ou fora de casa, para orientar o treino para a situação desejada.
É perfeitamente possível habituá-lo a urinar e defecar numa caixa como os gatos,
tendo em atenção, claro, que o tamanho da área e o substrato terão de ser bem
diferentes, que o porco prefere evacuar e urinar numa posição em que o corpo esteja
paralelo a uma parede, ou então num canto, de qualquer forma afastado das suas
zonas de alimentação e de repouso. Se quer treinar o porco para fazer as suas
necessidades na rua, saiba que ele vai precisar de ir ‘lá fora’ a intervalos entre duas e
quatro horas, portanto se planeia deixá-lo em casa mais de quatro horas, é preferível
que seja habituado a fazer as necessidades dentro de casa.
É muito importante saber que idade tem o pequeno porco e que cuidados recebeu
antes de vir ter às nossas mãos. Até às oito semanas as crias aprendem uma série de
normas de comportamento, com a mãe e os irmãos, e não convém separá-los do
grupo antes dessa idade. Os machos devem ser castrados antes dos três meses e as
fêmeas podem ser esterilizadas a partir das seis semanas. A idade de esterilização
das fêmeas não é decisiva, mas os machos devem ser imperativamente castrados
antes dos três meses, ou poderão entretanto desenvolver comportamentos que mais
tarde, mesmo sendo castrados, não abandonarão.
O treino de um porco deve ser então desenvolvido para que ele reconheça o dono
como o líder em todas as circunstâncias. Tudo o que o animal quiser, desde ir à rua a
subir para o sofá só deve ser concedido se ele obedecer a um comando. Truques
como fazê-lo sentar, deitar ou parar em resposta a uma palavra de comando devem
ser ensinados e repetidos. Também se deve, durante as primeiras semanas,
familiarizar o porco com o maior número de pessoas e situações que seja possível,
incluindo a andar de carro, porque mais tarde pode ser difícil convencê-lo a entrar no
automóvel, para ir ao veterinário, por exemplo, se entretanto não se habituou.
Durante todo o tempo temos de ter em mente que o porco é agressivo por natureza e
fará tudo o que for necessário para obter o que quer. Desde que nasce o animal
compete ferozmente pela melhor teta, lutando com os irmãos. Uma vez estabelecido o
lugar de cada um, cada leitão mama sempre na mesma teta. Por isso é fundamental
que em nenhum momento o porco tenha dúvidas de que o dono é o líder do grupo.
Assim ele sente-se seguro e é controlável.
Há que ter em conta que embora o treino deva assentar em recompensas para o
comportamento desejado e não em gritos, agressões ou castigos, que só causam
medo e má relação com os humanos, devem usar-se gestos que são normais entre os
da sua espécie como uma pancada seca no ombro, por exemplo. Esta atitude
dominante por parte do dono não deve ser um soco para magoar, mas um encontrão
que faça o porco perder o equilíbrio por um momento. O gesto deve ser acompanhado
de uma palavra, por exemplo “Não!” que poderá mais tarde funcionar sozinha com o
mesmo efeito. Este tipo de treino destina-se a deixar bem claro que o líder do grupo é
o dono e não o porco e só deve ser utilizado em situações em que o animal esteja, por
exemplo, a ameaçar uma pessoa.
A imensa curiosidade do porco pode vir a ser um problema porque o animal vai natural
e incansavelmente investigar tudo, mas mesmo tudo o que encontrar pelo chão.
Muitos donos atribuem este frenesim a fome, mas não se trata disso, apenas da
curiosidade natural da espécie e não se deve, por isso, dar comida em resposta a este
comportamento ou em breve terão em mãos um porco obeso.
©JPMartins
Há quem coloque anéis no nariz dos porcos pensando que isto evita que eles
explorem o chão com o nariz, mas a verdade é que isso não acontece. Não interessa
se tem um, dois ou três piercings no focinho: porco que é porco não vai deixar de
fossar!
Atenção: muitas plantas de interior e de jardim são tóxicas para o porco, tal como
muitas delas são também venenosas para cães ou para gatos. É o caso do loureiro
rosa (Nerium oleander) e de muitas outras tão utilizadas para embelezamento de
espaços públicos. Evite que o seu animal tenha acesso a plantas sobre as quais não
tem suficiente informação.