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Um Porco em Casa? Porque Não?

2008-07-02
Não é o mais vulgar dos animais de estimação mas pode ser um dos mais
extraordinários. É curioso e inteligente e com boa socialização e treino pode
tornar-se numa companhia muito apreciada, mas é preciso ter em conta as
suas características e necessidades específicas, antes de optar por animal com
uma curiosidade e um apetite insaciáveis. Em vários países do ocidente
passou rapidamente de grande moda, a meio dos anos 80, a grande problema,
quando muitos donos começaram a abandoná-los.

Ter em casa (com quintal) um porco anão, de pele preta e enrugada no focinho,
orelhas espetadas, patas curtas e uma barriga quase a roçar o chão? Pode parecer
uma ideia disparatada, mas a verdade é que muitas pessoas resolveram aventurar-se
quando perceberam que o porco, para além de ser esperto e engraçado, pode ser
eficazmente treinado. O porquinho de estimação começou então a ser muito solicitado
e, de facto, é uma óptima companhia, mas apenas para quem tem o cuidado de se
informar devidamente antes de assumir o compromisso de tomar conta de um animal
que tem hábitos de grupo e precisa de hierarquia, que pode crescer mais do que o
esperado e ultrapassar facilmente os 60kg, que precisa de fossar e que pode, quando
em pânico, atacar e morder. É por isso que o treino e a socialização são fundamentais
e indispensáveis. Bem vistas as coisas, levar em conta as características e
necessidades de um animal e dar-lhe o treino adequado é o que se faz com tantos
outros animais que trazemos para debaixo dos nossos tectos e tal como acontece com
os outros, também com o porco a boa convivência e uma relação proveitosa depende,
quase sempre, mais do dono do que do próprio animal.
O que é?

Antes de mais, a dúvida primordial – o que é um porco do Vietname? Em língua


portuguesa existe a tendência de chamar porco vietnamita a qualquer porco anão,
mas aqui começa a indefinição que rodeia estes animais: há muitos tipos de porcos
anões, ou porcos miniatura, e apenas alguns são oriundos do Vietname, ou de outro
país do sudoeste asiático. Ao contrário do que acontece com cães e gatos, não há
raças de porcos bem definidas, quando se fala de porcos de estimação e muitos
porquinhos que são vendidos como porcos vietnamitas podem não ter pinga de
sangue asiático, ou tê-lo já muito diluído por cruzamentos com outros tipos de porcos
de tamanho pequeno. Muito menos existem federações ou clubes que estabeleçam
padrões de raça e por isso os criadores de porcos não têm regras orientadoras e
quem adquire um destes animais não terá defesa alguma se o porquinho se
transformar, ao fim de dois anos, num enorme e rechonchudo ser com mais de 100 kg.
Para complicar as coisas, as porcas começam a procriar muito cedo, algumas aos 4
meses, muito antes de atingir a idade adulta e o tamanho correspondente, portanto
nem sequer conhecer a progenitora é uma garantia de que o porquinho vai mesmo
manter-se entre os 35 e os 60kg, como é desejável. A quem achar que 60 kg é já um
tamanho excessivo, convém lembrar que estes porcos são miniatura quando
comparados com os seus primos de produção, que facialmente atingem os 300 kg.

©Grenville Owen / www.potbelliedpigs.co.uk

Uma forma de tentar garantir que o seu porco anão é um porco vietnamita, para além
da barriga grande e pendurada, das pequenas orelhas espetadas (e não grandes e
caídas) e da pele preta com pouco pêlo, é verificar se a cauda é curta e direita: se for
enrolada, ainda que ligeiramente, esse porco tem já outras raças na linhagem.
O tamanho e os problemas de comportamento são as razões que mais vezes levam
ao abandono. Por isso é indispensável que quem adopta um porco conheça bem os
prós e contras de ter estes animais por companhia.

Prós

O porco vietnamita é muito esperto, é perspicaz, amigável, aprende, desde que


correctamente ensinado, a conviver harmoniosamente com toda a família, quer com os
humanos, quer com os outros animais. Muitos donos testemunham que não raras
vezes dorme na cama deles (embora não seja fácil a estes animais subir para lugares
altos, sendo-lhes mesmo penoso, muitas vezes, subir escadas, por causa do pequeno
tamanho das suas patas). O porco tem pouco pêlo e apenas o perde na altura da
muda, não cheira mal e adquire com facilidade hábitos de higiene, quer dentro de casa
quer na rua. É também conhecido, enquanto animal de estimação, por ser
hipoalergénico. Para pessoas que se empenhem num treino correcto e precoce, este
pode mesmo ser o melhor animal de companhia entre todos.

Contras

Não é de facto, ao contrário de um cão, mesmo que grande, um animal apropriado


para ter num apartamento mesmo que se leve a passear à rua todos os dias. O ideal
para qualquer porco anão e também para os porcos vietnamitas é viver na rua ou ter
acesso quase permanente ao exterior. No seu estado livre, o porco passa todo o dia
em busca de comida, por isso tem a tendência para estar permanentemente a fossar,
isto é, a escavar o chão com o focinho à procura de alimento (e não adianta que já
tenha comido e esteja satisfeito - a menos que esteja a dormir, este é o seu
comportamento natural e vai por isso continuar a fossar mesmo que seja debaixo dos
tapetes da sua sala). Se não for devidamente treinado o porco reage mal (podendo
mesmo morder) a ser manipulado por humanos e mesmo à simples presença de
visitas, por isso o treino deve começar cedo e ser bastante cuidado. Não é um animal
que suporte bem ficar sozinho em casa durante muitas horas seguidas. Finalmente
também poderá não ser fácil encontrar um veterinário disposto a acompanhar o porco
vietnamita: porque é demasiado grande e imprevisível para a maioria dos clínicos de
pequenos animais e demasiado pequeno para a maioria dos médicos veterinários que
tratam porcos de produção. Ao não ser considerado, pelo médico e pela própria lei,
nalguns países ou regiões, nem uma coisa nem outra, o porco pode constituir-se numa
dificuldade para o dono, uma vez que é bastante aconselhável recorrer ao veterinário
pelo menos para tratar da vacinação e da esterilização do animal.

Características

35 a 55cm de altura para um peso de 35 a 60kg, é o tamanho habitual de um porco


vietnamita. A cauda é curta e direita, com um pequeno tufo de pêlos na ponta. As
orelhas são pequenas e espetadas (não caídas como em tantas outras raças de
porcos). A pele é espessa e tem pouco pêlo. Não é por isso atreito a pulgas nem
carraças, mas em contrapartida é muito sensível ao sol e ao calor. O porco sofre com
o calor e com o frio e tentará defender-se das duas situações. No estado livre,
encostar-se-á aos outros quando tem frio e vai rebolar-se na lama quando tem calor.
Em cativeiro tentará reproduzir este último comportamento, entornando a água que
encontrar para poder rebolar-se nela. Por isso é fundamental que o recipiente da água
para beber seja virtualmente impossível de revirar!

©Grenville Owen / www.potbelliedpigs.co.uk

Tem um olfacto muito apurado, mas a visão não tão boa.


No estado livre vive em grupos muito hierarquizados e precisa, a todo o momento, de
saber qual é o seu lugar no grupo. A falta de líder pode fazê-lo entrar em pânico.
Também os pisos escorregadios podem ter o mesmo efeito uma vez que na natureza
a maior defesa contra predadores é a fuga e se o porco sente que não pode desatar a
correr quando precisar, sente-se inseguro.
Os elementos do grupo comunicam através de uma série bastante variada de sons.

Pode viver perto de 20 anos. O famoso actor George Clooney teve um destes animais
durante 18 anos, chamava-se Max e morreu em 2006.
Na China, o ano do porco representa prosperidade.

Alimentação

Como todos os outros porcos também estes são omnívoros e a alimentação mais
adequada é ração específica para porcos anões (fácil de encontrar em Inglaterra ou
nos Estados Unidos, mas não tão facilmente disponível noutros países). Várias
marcas fabricam este tipo de alimento e não é aconselhável dar-lhes ração concebida
para porcos de produção e muito menos comida para cão ou restos da alimentação
humana. É aconselhável fornecer-lhes com regularidade vegetais frescos, como couve
ou abóbora. Alguns frutos, como uvas ou maçãs podem ser usados como mimos,
sobretudo durante o treino. Nunca se devem oferecer petiscos para cão e muito
menos comida para gato, porque são alimentos muito tóxicos para o porco. Outros
alimentos que são tóxicos para o animal: chocolate, sal e açúcar.

©Grenville Owen / www.potbelliedpigs.co.uk

O objectivo de vida de um porco é comer e por isso, se o dono for muito generoso nas
guloseimas, corre o risco de ver o animal transformado num pedinchão. Inverter esta
tendência depois de adquirida será bastante difícil.

Outro grande risco que se corre é que o porco se torne obeso. Ele estará sempre
pronto a comer, portanto convém estabelecer o número de refeições diárias e as horas
a que são fornecidas e manter esse esquema, até porque este é um animal de hábitos
e gosta de comer a horas certas. Há quem recomende alguns truques para manter o
porco entretido à procura da sua comida, tal como faz na natureza, uma boa forma de
o conseguir é introduzindo alimentos, por exemplo vegetais frescos cortados
grosseiramente, numa bola com buracos, ou num qualquer objecto cilíndrico de
plástico, com orifícios por onde a comida vá caindo, a pouco e pouco, enquanto o
porco a rola e empurra.
É importante guardar as guloseimas (fruta e vegetais) para o treino do animal e dar-
lhas apenas quando a tarefa requerida for pronta e eficazmente cumprida. Também se
pode fazer depender a própria refeição habitual da obediência a um comando, como
por exemplo chamar o porco pelo nome.
O porco bebe água quando come, antes ou depois da refeição, e raramente noutras
ocasiões. Ainda assim o animal deve ter sempre água à disposição, mas atenção: é
indispensável encontrar um recipiente que ele não possa derrubar, senão vai usar a
água para se refrescar ou brincar.

Um porco em casa

As condições básicas para alojar um porco em casa não diferem muito das que são
exigidas para um cão grande: é preciso providenciar-lhe uma zona para dormir, com
um cobertor ou algumas almofadas e ter água fresca sempre à disposição no tal
recipiente que o porco não possa virar. Contudo, se o animal vai ficar sozinho em casa
por algumas horas, convém confiná-lo a uma área restrita onde não possa provocar
grandes estragos, porque a sua natureza curiosa pode levar a situações bem
desagradáveis para o dono. Desde cedo convém decidir se o porco vai fazer as suas
necessidades dentro ou fora de casa, para orientar o treino para a situação desejada.
É perfeitamente possível habituá-lo a urinar e defecar numa caixa como os gatos,
tendo em atenção, claro, que o tamanho da área e o substrato terão de ser bem
diferentes, que o porco prefere evacuar e urinar numa posição em que o corpo esteja
paralelo a uma parede, ou então num canto, de qualquer forma afastado das suas
zonas de alimentação e de repouso. Se quer treinar o porco para fazer as suas
necessidades na rua, saiba que ele vai precisar de ir ‘lá fora’ a intervalos entre duas e
quatro horas, portanto se planeia deixá-lo em casa mais de quatro horas, é preferível
que seja habituado a fazer as necessidades dentro de casa.

É muito importante saber que idade tem o pequeno porco e que cuidados recebeu
antes de vir ter às nossas mãos. Até às oito semanas as crias aprendem uma série de
normas de comportamento, com a mãe e os irmãos, e não convém separá-los do
grupo antes dessa idade. Os machos devem ser castrados antes dos três meses e as
fêmeas podem ser esterilizadas a partir das seis semanas. A idade de esterilização
das fêmeas não é decisiva, mas os machos devem ser imperativamente castrados
antes dos três meses, ou poderão entretanto desenvolver comportamentos que mais
tarde, mesmo sendo castrados, não abandonarão.

A dessensibilização à manipulação por humanos é um factor crítico que deve ser


iniciado o mais cedo possível. Muitas dificuldades resultarão de esta dessensibilização
não ser bem feita e na altura certa. As porcas não pegam nas crias pelo cachaço
como fazem as gatas ou as cadelas, por isso o pequeno animal não está habituado a
ser tocado e muito menos a que peguem nele. Quando alguém o faz, a primeira
reacção é um violento espernear acompanhado de uma série de sons ameaçadores.
Esta estratégia habitualmente afastará a maior parte dos predadores. Para poder,
mais tarde, mexer no seu porco à vontade e mesmo pegar-lhe ao colo (enquanto
conseguir) é fundamental que ele seja treinado para aceitar esta manipulação, que
também ajuda a reforçar a ligação com os humanos. A forma mais eficaz de fazer esta
aproximação é sentar o porco enquanto este se alimenta e de todas as vezes que o
faz. Progressivamente o dono pode passar de uma pequena festa no pescoço ou na
barriga do porco para umas festas mais vigorosas e finalmente poderá mesmo
começar a levantá-lo uns centímetros do chão. Sempre que o porco reagir mal, deve-
se desistir, deixar o animal acalmar-se e acabar de comer. No fim pode-se tentar de
novo uma aproximação, mas evitando os gestos que provocaram a má reacção.
O treino completo deverá ser retomado na refeição seguinte. A pouco e pouco o
animal deverá sentir-se perfeitamente à vontade quando é tocado, acariciado ou
mesmo levantado do chão e idealmente poderemos mesmo tê-lo ao colo enquanto se
alimenta. Nunca se deve pegar no animal pelas ombros ou pondo os braços à volta do
tórax mas antes pondo as mãos por baixo do peito e nas ancas. Podem dar-se
algumas guloseimas como uvas, maçã ou cereais de pequeno-almoço sem açúcar
enquanto se pega no animal, para que ele associe o contacto humano a algo
agradável. Os porcos têm tendência a sentir medo e entrar em pânico. Estas sessões
de contacto próximo e manipulação poderão ajudá-lo a aprender a manter-se calmo
quando enfrenta novos estímulos. Assim que ele deixar que lhe mexam sem
problemas, está na altura de lhe colocar uma trela, não com coleira mas sim com um
arnês, e ensiná-lo a passear.

O treino de um porco deve ser então desenvolvido para que ele reconheça o dono
como o líder em todas as circunstâncias. Tudo o que o animal quiser, desde ir à rua a
subir para o sofá só deve ser concedido se ele obedecer a um comando. Truques
como fazê-lo sentar, deitar ou parar em resposta a uma palavra de comando devem
ser ensinados e repetidos. Também se deve, durante as primeiras semanas,
familiarizar o porco com o maior número de pessoas e situações que seja possível,
incluindo a andar de carro, porque mais tarde pode ser difícil convencê-lo a entrar no
automóvel, para ir ao veterinário, por exemplo, se entretanto não se habituou.

Durante todo o tempo temos de ter em mente que o porco é agressivo por natureza e
fará tudo o que for necessário para obter o que quer. Desde que nasce o animal
compete ferozmente pela melhor teta, lutando com os irmãos. Uma vez estabelecido o
lugar de cada um, cada leitão mama sempre na mesma teta. Por isso é fundamental
que em nenhum momento o porco tenha dúvidas de que o dono é o líder do grupo.
Assim ele sente-se seguro e é controlável.

Há que ter em conta que embora o treino deva assentar em recompensas para o
comportamento desejado e não em gritos, agressões ou castigos, que só causam
medo e má relação com os humanos, devem usar-se gestos que são normais entre os
da sua espécie como uma pancada seca no ombro, por exemplo. Esta atitude
dominante por parte do dono não deve ser um soco para magoar, mas um encontrão
que faça o porco perder o equilíbrio por um momento. O gesto deve ser acompanhado
de uma palavra, por exemplo “Não!” que poderá mais tarde funcionar sozinha com o
mesmo efeito. Este tipo de treino destina-se a deixar bem claro que o líder do grupo é
o dono e não o porco e só deve ser utilizado em situações em que o animal esteja, por
exemplo, a ameaçar uma pessoa.

A imensa curiosidade do porco pode vir a ser um problema porque o animal vai natural
e incansavelmente investigar tudo, mas mesmo tudo o que encontrar pelo chão.
Muitos donos atribuem este frenesim a fome, mas não se trata disso, apenas da
curiosidade natural da espécie e não se deve, por isso, dar comida em resposta a este
comportamento ou em breve terão em mãos um porco obeso.

Também na rua este comportamento pode ser destrutivo e indesejável e se o porco


pode andar livremente no jardim, diga adeus a um relvado impecável e prepare-se
para um grau de destruição assinalável. Uma hipótese de contenção de estragos é
reservar uma área do quintal ou jardim para os passeios exploratórios do seu singular
animal de estimação.

©JPMartins

Há quem coloque anéis no nariz dos porcos pensando que isto evita que eles
explorem o chão com o nariz, mas a verdade é que isso não acontece. Não interessa
se tem um, dois ou três piercings no focinho: porco que é porco não vai deixar de
fossar!

É natural que o porco “ataque” as plantas da casa ou vá comer a comida do cão e do


gato. É aconselhável dizer “Não!” mas o mais eficaz é mesmo tirar-lhe essas coisas do
alcance e encorajá-lo a explorar o seu próprio cobertor e brincar com os seus
brinquedos (uma boa quantidade de bolas macias que ele não consiga engolir são
uma boa escolha). Quando ele brinca com os seus próprios objectos deve ser
recompensado com uma guloseima.

Atenção: muitas plantas de interior e de jardim são tóxicas para o porco, tal como
muitas delas são também venenosas para cães ou para gatos. É o caso do loureiro
rosa (Nerium oleander) e de muitas outras tão utilizadas para embelezamento de
espaços públicos. Evite que o seu animal tenha acesso a plantas sobre as quais não
tem suficiente informação.

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