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COMUNICAÇÃO
Titulo: Educação sexual nas escolas: como agarrar o desafio
A Educação para a Sexualidade em meio escolar tem sido alvo de várias propostas e
decisões, mas só actualmente é que assume carácter de obrigatoriedade através da Lei
Nº60/2009 de 6 Agosto. Passou a constituir uma realidade no campo da educação e da
pedagogia. Este é o desafio posto aos pais, professores e alunos.
Tem a escola e os pais oportunidade de se juntarem e reflectirem sobre o que foi feito
até agora, o que resultou, o que não resultou e descobrir uma nova linguagem uma
nova forma de educar para a sexualidade, para uma nova geração, para um nova
sociedade.
Poderíamos fazer uma análise sobre a necessidade, pertinência e interesse desta lei ou
mesmo quais as objecções que se podem ou devem levantar sobre esta realidade, mas
não é o âmbito desta comunicação nem considero que possa ter utilidade no contexto
actual de agilização da sua aplicação. Refiro só um aspecto que considero discutivel: o
da obrigatoriedade. É importante que seja obrigatório para as escolas terem esta área
não disciplinar disponível à comunidade escolar, disponível para os alunos que a
queiram frequentar e que dela necessitem, mas não concordo que seja de frequência
obrigatória, independentemente de sentirem necessidade ou de se sentirem
confortáveis em a frequentar ou os pais concordarem. Neste aspecto a liberdade
individual encontra-se pouco cuidada e a família posta num lugar que não é o seu.
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Esta abordagem apresenta-se atractiva e motivadora, embora na prática o processo
logístico seja complicado, não se conseguindo homogeneizar nem conteúdos nem
avaliações, apresentando dificuldades na discussão dos conteúdos entre os
professores e também com os pais. Por outro lado verifica-se que programas bem
definidos e com tempos próprios apresentam resultados mais consistentes.
Partindo destas premissas apresento ao longo desta comunicação alguns pontos que
ponho à vossa consideração:
1. Que objectivos a definir para uma educação para a sexualidade nas escolas?
1. Que objectivos a definir para uma educação para a sexualidade nas escolas?
Durante várias décadas os programas e as intervenções feitas nesta área nas escolas
visavam indicar comportamentos que se estabeleceram ser saudáveis. Fortemente
marcados pelo modelo médico-preventivo, evitar gravidezes e prevenir doenças, não
os enquadrando na fase de construção da personalidade que os nossos adolescentes e
jovens atravessam, na procura do conhecimento sobre si, sobre os outros e sobre o
mundo. Os resultados não foram os melhores. A incidência das doenças de
transmissão sexual aumentaram, a idade diminui, as gravidezes mantiveram-se, a
contracepção de emergência passou a ser uma realidade com implicação na saúde das
jovens e o aborto é uma opção que se verifica. Não é este percurso que pretendemos
para os nossos jovens, de forma nenhuma, mas é necessário encontrar novas formas e
modelos de intervir em educação para a sexualidade.
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Consideramos que podemos apresentar três objectivos para a educação para a
sexualidade que resultam orientadores para professores e pais, mas também
fomentadores de consensos e geradores de confiança mútua.
Primeiro objectivo:
Segundo objectivo:
A sexualidade vista ao longo de todo o ciclo de vida com etapas e metas específicas em
cada fase, objectivos e competências próprias de cada etapa. A vida vive-se por etapas
nas quais nos vamos estruturando, atingindo objectivos a que nos propomos e
desenvolvendo tarefas próprias fazendo escolhas conforme o percurso que
pretendemos. Só assim é que podemos perceber qual a altura de fazer escolhas e
passar para as etapas seguintes.
Terceiro objectivo:
Quando se enfrenta uma população muito diversificada como a que pertence a uma
escola com professores, pais e alunos com histórias pessoais e familiares muito
diversos e quando o tema que se pretende desenvolver tem formas diferentes de se
compreender e de se valorizar, as estratégias surgem como o centro da preocupação
pedagógica. As estratégias são o denominador do sucesso ou do insucesso num
programa de educação da sexualidade.
1
Teresa Tomé Ribeiro – “Educação da sexualidade em meio escolar: os valores comuns” livro
de actas do Encontro Luso-Brasileiro de Bioética, Porto, 2008.
2
Teresa Tomé Ribeiro – “Educação da Sexualidade em meio escolar: um treino de competências
individuais” Casa do Professor, Braga, 2006.
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das emoções, à construção de sentimentos perspectivando os momentos de confronto
e tendo em vista a manutenção de relacionamentos estáveis.
E para terminar ter presente que a educação da sexualidade se faz com tempo, ao
longo do tempo, para o tempo e em tempo útil. Com ritmo e espaçamento para que o
aluno vá dialogando e reflectindo, em movimento de espiral, no qual os conteúdos ao
longo do percurso escolar vão sendo sobreponíveis, mas com um maior
aprofundamento. Ao longo do percurso escolar, os conteúdos são os mesmos mas com
níveis de aprofundamento superiores. É importante criar momentos descontraídos,
sem formalismos e mostrando aos alunos que o centro da razão de ali estarmos são
eles.
Estamos convencidos que um percurso assim feito vai dar espaço para que os nossos
adolescentes e jovens adquirem ferramentas para a compreensão da sexualidade em
todas as suas componentes e como uma dimensão que constrói a pessoa em todos os
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seus níveis. Não pretendemos indicar comportamentos pretendemos sim que se
tornem adultos responsáveis, equilibrados, autónomos e intervenientes na sociedade,
valorizando-se a si e aos outros.