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II Congresso Internacional de Pedagogia

Sexualidade e Educação para a Felicidade


6 e 7 de Novembro de 2009

COMUNICAÇÃO
Titulo: Educação sexual nas escolas: como agarrar o desafio

Palavras chave: educação, programas, pais, educadores, sexualidade, valores

A Educação para a Sexualidade em meio escolar tem sido alvo de várias propostas e
decisões, mas só actualmente é que assume carácter de obrigatoriedade através da Lei
Nº60/2009 de 6 Agosto. Passou a constituir uma realidade no campo da educação e da
pedagogia. Este é o desafio posto aos pais, professores e alunos.

Tem a escola e os pais oportunidade de se juntarem e reflectirem sobre o que foi feito
até agora, o que resultou, o que não resultou e descobrir uma nova linguagem uma
nova forma de educar para a sexualidade, para uma nova geração, para um nova
sociedade.

Poderíamos fazer uma análise sobre a necessidade, pertinência e interesse desta lei ou
mesmo quais as objecções que se podem ou devem levantar sobre esta realidade, mas
não é o âmbito desta comunicação nem considero que possa ter utilidade no contexto
actual de agilização da sua aplicação. Refiro só um aspecto que considero discutivel: o
da obrigatoriedade. É importante que seja obrigatório para as escolas terem esta área
não disciplinar disponível à comunidade escolar, disponível para os alunos que a
queiram frequentar e que dela necessitem, mas não concordo que seja de frequência
obrigatória, independentemente de sentirem necessidade ou de se sentirem
confortáveis em a frequentar ou os pais concordarem. Neste aspecto a liberdade
individual encontra-se pouco cuidada e a família posta num lugar que não é o seu.

Para que se aplique o carácter obrigatório é essencial que se tenha em atenção


algumas pontos que se nos apresentam como fundamentais: os programas deverão
ser elaborados em conjunto por pais e professores, e no ideal, a escola deverá
disponibilizar mais do que um programa, para que seja possível aos pais escolherem
aquele que se ajusta mais ao seu estilo educativo, valores e filosofia de vida.

A interdisciplinaridade dos programas de educação sexual e a sua abordagem


transversal, continua a ser consensual, embora para que possa ser possível, seria
necessário existir em cada escola, um grupo responsável pela aplicação desses
programas, constituído por pais e professores que se mostrassem interessados e
disponíveis.

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Esta abordagem apresenta-se atractiva e motivadora, embora na prática o processo
logístico seja complicado, não se conseguindo homogeneizar nem conteúdos nem
avaliações, apresentando dificuldades na discussão dos conteúdos entre os
professores e também com os pais. Por outro lado verifica-se que programas bem
definidos e com tempos próprios apresentam resultados mais consistentes.

A educação para a sexualidade em meio escolar pela sua importância na formação do


adolescente e jovem merece que se procure um modelo conceptual e estratégias que
se comportem como as mais assertivas para intervir e que os resultados atingidos
contribuam para o desenvolvimento integral da Pessoa.

Partindo destas premissas apresento ao longo desta comunicação alguns pontos que
ponho à vossa consideração:

1. Que objectivos a definir para uma educação para a sexualidade nas escolas?

2. Como podemos atingir os objectivos que seleccionamos?

3. Quais os actores da intervenção?

Comecemos por reflectir no ponto 1

1. Que objectivos a definir para uma educação para a sexualidade nas escolas?

Ao intervimos em Educação para a Sexualidade nos adolescentes e jovens, não


pretendemos que se verifiquem mudanças de comportamentos, o que pretendemos é
que os alunos estruturem comportamentos, baseados num conceito de sexualidade
alargado que contemple todas as dimensões, que assumam comportamentos
saudáveis, promotores de relações afectivas estáveis e duradouras, assentes em
compromissos vividos em liberdade.

Durante várias décadas os programas e as intervenções feitas nesta área nas escolas
visavam indicar comportamentos que se estabeleceram ser saudáveis. Fortemente
marcados pelo modelo médico-preventivo, evitar gravidezes e prevenir doenças, não
os enquadrando na fase de construção da personalidade que os nossos adolescentes e
jovens atravessam, na procura do conhecimento sobre si, sobre os outros e sobre o
mundo. Os resultados não foram os melhores. A incidência das doenças de
transmissão sexual aumentaram, a idade diminui, as gravidezes mantiveram-se, a
contracepção de emergência passou a ser uma realidade com implicação na saúde das
jovens e o aborto é uma opção que se verifica. Não é este percurso que pretendemos
para os nossos jovens, de forma nenhuma, mas é necessário encontrar novas formas e
modelos de intervir em educação para a sexualidade.
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Consideramos que podemos apresentar três objectivos para a educação para a
sexualidade que resultam orientadores para professores e pais, mas também
fomentadores de consensos e geradores de confiança mútua.

Primeiro objectivo:

A construção de um conceito de sexualidade que integre todas as dimensões da


Pessoa: biológica, psicológica, afectiva, social e transcendental ou espiritual. A
sexualidade como elemento estruturante da personalidade da Pessoa e contribuindo
para o seu desenvolvimento integral.

Segundo objectivo:

A sexualidade vista ao longo de todo o ciclo de vida com etapas e metas específicas em
cada fase, objectivos e competências próprias de cada etapa. A vida vive-se por etapas
nas quais nos vamos estruturando, atingindo objectivos a que nos propomos e
desenvolvendo tarefas próprias fazendo escolhas conforme o percurso que
pretendemos. Só assim é que podemos perceber qual a altura de fazer escolhas e
passar para as etapas seguintes.

Terceiro objectivo:

Que os adolescentes e jovens ao longo do seu percurso integrem um quadro de


valores relacionados com a vivencia da sexualidade que com a educação para a
sexualidade formem um quadro de valores próprio comum a todos e independente de
convicções político e/ou religiosas. Os valores que verificamos que emergem ao longo
do trabalho que desenvolvemos são:

I. Responsabilidade – referida às decisões e às escolhas pessoais; à repercussão


das escolhas que faço da forma que faço e do que terei que assumir.
II. Relação de paridade – como o olhar para o outro ao mesmo nível. Que os
interesses do outro, os seus problemas e questões com que se confronta sejam
valorizadas ao mesmo nível que as minhas. Tenham o mesmo peso de
importância.
III. Intimidade – vinculada ao acto sexual. A sexualidade como um lugar de
compreensão e vivência da intimidade.
IV. Respeito por si e pelo outro – como norma da convivência a dois. O respeito do
outro como ele é, o respeito pelas decisões que toma, pelas escolhas que faz. O
respeito por mim pelo que sou e pelo que pretendo ser.
V. Fidelidade ao projecto de vida – ligada aos objectivos pessoais e às tarefas a
desenvolver para os atingir.
VI. Liberdade – como componente essencial duma vivência autónoma aceitando-
se e desenvolvendo o que se é, e aceitando o outro como é.
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Passemos ao ponto 2 da nossa reflexão:

2. Como podemos atingir os objectivos que seleccionamos?

Quando se enfrenta uma população muito diversificada como a que pertence a uma
escola com professores, pais e alunos com histórias pessoais e familiares muito
diversos e quando o tema que se pretende desenvolver tem formas diferentes de se
compreender e de se valorizar, as estratégias surgem como o centro da preocupação
pedagógica. As estratégias são o denominador do sucesso ou do insucesso num
programa de educação da sexualidade.

Se não utilizamos a estratégia pedagógica correcta não podemos assegurar a


compreensão da mensagem. “Quando é vasto o campo de abordagem e estamos ao
mesmo tempo a apelar a referenciais pessoais, podemos chegar ao final e os alunos, a
quem nos dirigimos, terem interpretado exactamente ao contrário aquilo que
dissemos”. 1

No decurso de um trabalho anteriormente desenvolvido por nós 2 , verificamos que


estruturar os conteúdos de toda a intervenção num programa de 3 módulos:
componente biológica, componente psico-afectiva e componente de construção do
projecto de vida, facilita a compreensão dos alunos, dos professores e dos pais. As 3
componentes são desenvolvidas em tempos lectivos iguais. Os conteúdos ao longo
destas 3 componentes vão sucessivamente avançando e apelando a referências de
conhecimentos anteriormente desenvolvidos.

Simultaneamente vamos integrando os valores anteriormente escolhidos e assim o


adolescente verifica que na compreensão da sexualidade existem 3 níveis: a base
biológica, que tem a ver com o conhecimento do meu corpo e do outro, a psico-
afectiva, que tem a ver com a construção do que é ser homem e mulher, com o
significado próprio de cada acontecimento e situação e tudo se relaciona com o valor
que atribuo, os valores que identifico e que dão sentido às decisões e às escolhas do
percurso que se faz.

Em cada componente deve dar-se ênfase ao treino de competências, com especial


atenção à tomada de decisão, à auto-estima e ao auto-controlo, associadas à gestão

1
Teresa Tomé Ribeiro – “Educação da sexualidade em meio escolar: os valores comuns” livro
de actas do Encontro Luso-Brasileiro de Bioética, Porto, 2008.
2
Teresa Tomé Ribeiro – “Educação da Sexualidade em meio escolar: um treino de competências
individuais” Casa do Professor, Braga, 2006.

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das emoções, à construção de sentimentos perspectivando os momentos de confronto
e tendo em vista a manutenção de relacionamentos estáveis.

A aplicação do programa deve ter como pilar estratégico duas indicações:

• que todos os conteúdos a desenvolver até aos 10 anos estejam referenciados


ao contexto familiar – contexto pai, mãe, filhos e casa - por serem referências
estruturantes para a criança
• e que a partir da adolescência todos os conteúdos sejam referenciados num
contexto de projecto de vida a construir.

E chegamos ao terceiro ponto:

3. Quais os actores da intervenção?

Na Educação da Sexualidade em meio escolar quem deve intervir são os professores.


São eles os actores principais na aplicação de um programa que deve estar em sintonia
com os pais, mas são os professores os que melhor conhecem os seus alunos. Os pais
têm um espaço central na realização de tarefas solicitadas para casa com os filhos e na
organização de actividades em conjunto. Estes programas devem incluir tarefas que
levem a familia a colaborar e a integrar-se no programa que está a decorrer. A escola
não deve antecipar-se à familia, por isso a família terá que estar atenta aos tempos
escolares para que ajustes os seus.

A participação de agentes externos à escola tem interesse em situações pontuais, para


enriquecimento do projecto que se está a desenvolver. Estes tem que estar dentro do
projecto e dos seus objectivos para que não introduzam confusão no percurso que os
alunos estão a fazer.

E para terminar ter presente que a educação da sexualidade se faz com tempo, ao
longo do tempo, para o tempo e em tempo útil. Com ritmo e espaçamento para que o
aluno vá dialogando e reflectindo, em movimento de espiral, no qual os conteúdos ao
longo do percurso escolar vão sendo sobreponíveis, mas com um maior
aprofundamento. Ao longo do percurso escolar, os conteúdos são os mesmos mas com
níveis de aprofundamento superiores. É importante criar momentos descontraídos,
sem formalismos e mostrando aos alunos que o centro da razão de ali estarmos são
eles.

Estamos convencidos que um percurso assim feito vai dar espaço para que os nossos
adolescentes e jovens adquirem ferramentas para a compreensão da sexualidade em
todas as suas componentes e como uma dimensão que constrói a pessoa em todos os
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seus níveis. Não pretendemos indicar comportamentos pretendemos sim que se
tornem adultos responsáveis, equilibrados, autónomos e intervenientes na sociedade,
valorizando-se a si e aos outros.

O grande desafio que se põem é o de aproveitarmos o momento actual para darmos


aos nossos adolescentes e jovens os instrumentos para que sejam eles a escolher o
mundo que pretendem vir a ter e a pessoa que pretendem ser.

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