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Conteudista:
Bernadete Moreira Pessanha Cordeiro– Consultora pedagógica da SENASP e Professora
da Universidade Católica de Brasília.
Apresentação
Acreditando que as formas pacíficas de resolução de conflitos, entre elas a mediação, têm
demonstrado serem eficientes instrumentos na prevenção e controle da violência e da
criminalidade, o PRONASCI tem incentivado a criação de núcleos de mediação e a SENASP
tem investido na capacitação dos profissionais da área de segurança pública em relação à
mediação. Você mesmo já fez dois cursos a distância sobre mediação de conflitos, não foi?
No curso de Mediação de Conflitos 1, você estudou os aspectos conceituais da mediação
e do mediador. Já no curso de Mediação de Conflitos 2, você estudou os modelos, as técnicas e o
passo a passo do processo de mediação. Em ambos os cursos o papel da mediação no contexto
comunitário foi sempre lembrado, mas nesse curso específico, você terá a possibilidade de
ampliar seu conhecimento sobre esse tema com aportes da experiência de Justiça Comunitária
desenvolvidos pelo Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Território – TJDFT.
Espera-se que o conteúdo desse curso possa auxiliá-lo nas suas atividades de segurança
pública e, ao mesmo tempo, inspirar outras experiências de mediação comunitária.
Bom curso!
Objetivos do curso
Mesmo que a letra não fale em mediação comunitária, ela aborda aspectos presentes nas
ações coletivas e na vida em comunidade. A compreensão desses aspectos é um dos primeiros
passos para compreender o tema que irá estudar.
Vamos lá!
Objetivos do módulo
Ao final do estudo deste módulo, você será capaz de:
Estrutura do módulo
Aula 1 – Um breve olhar sobre o cenário atual.
corrupção;
concentração de renda;
desigualdade social;
delinqüência urbana;
Os efeitos da globalização;
É importante ressaltar que a necessidade de mudança dos modelos não é tão nova assim.
A própria Constituição Federal de 1988 já trazia em seu artigo 144 o princípio de um modelo de
segurança com foco no cidadão, chamando a atenção para a “responsabilidade de todos”.
De 88 para cá muita coisa vem sendo construída e pactuada na área de segurança pública
e, como você estudou no curso de mediação de conflitos 2, hoje já é possível verificar o
delineamento de uma política de segurança que abranja políticas sociais e projetos sociais
preventivos, protagonizados pela articulação de diferentes forças e atores sociais: administrações
públicas, associações, terceiro setor, escolas etc.
A emergência e a urgência de olhar para o social, principalmente como fio condutor para
a cidadania, traz consigo a necessidade de investirmos nas potencialidades das comunidades,
“locus privilegiado para o desenvolvimento de programas de transformação social” (BRASIL,
2006, p. 26).
O capital social(fazer um hint para: o valor que os indivíduos adquirem por participar de
uma rede social) é verificado de acordo com o grau de coesão social existente na comunidade e
pode ser observado a partir das relações entre as pessoas ao se organizarem e estabelecerem
redes que facilitem a coordenação e a cooperação para promoção de benefícios mútuos.
(BRASIL, 2006)
Segundo Chaskin (s.dapud BRASIL, 2006), a coesão social de uma comunidade pode ser
aferida a partir da análise de quatro elementos:
Observe e anote os pontos comuns entre elas, pois eles auxiliarão a compreender as
características presentes para a efetividade da mediação comunitária.
2.1. Definições
Definição 1
A mediação comunitária atua visando à mudança dos padrões do comportamento dos
atores comunitários através do fortalecimento dos canais de comunicação, com vistas à
administração pacífica dos conflitos interpessoais entre os integrantes da comunidade (REDE
EAD, curso de Polícia Comunitária, módulo 5, aula 4).
Definição 2
A mediação comunitária representa o exercício real da cidadania mediante a busca da paz
social. Como forma preventiva de conflitos, promove ambientes propícios à colaboração entre as
partes, com o intuito de possibilitar que as relações continuadas perdurem de forma positiva,
criando vínculos.(DANIEL, A. et al.http://www.ua.pt/incubadora/).
Definição 3
A mediação comunitária é uma forma de pensar a resolução de problemas dentro da
própria comunidade, utilizando a sabedoria e a força dos(as) moradores(as), através de suas
lideranças. É acreditar na busca de uma cultura de paz em que as comunidades tidas como
violentas mudem as suas realidades. (SEJDH).
Definição 4
A mediação comunitária é uma importante ferramenta para a promoção do
empoderamento e da emancipação social. Por meio dessa técnica, as partes direta e indiretamente
envolvidas no conflito têm a oportunidade de refletir sobre o contexto de seus problemas, de
compreender as diferentes perspectivas e, ainda, de construir em comunhão uma solução que
possa garantir, para o futuro, a pacificação social. (BRASIL, 2006).
Você deve ter destacado vários pontos em comum, não foi? Verifique se eles aparecem
nas principais características apresentadas a seguir:
2.2. Características
Comunicação
A comunicação entre as partes é algo que deverá ser estimulado durante todo o processo
de mediação. Essa comunicação não envolve somente o diálogo, mas as condições criadas para
que as partes possam estabelecer ou restabelecê-lo (Exemplos: ambiente propício, vontade das
partes e mediador capacitado, entre outros), apresentando as suas visões, refletindo sobre o
conflito, expressando seus sentimentos, construindo uma solução solidária e executando o que
ficou acordado.
Pacificação Social
A mediação comunitária estimula a reflexão, amplia as possibilidades de diálogos,
incentiva a solidariedade e favorece a cooperação entre partes, contribuindo assim para a
mobilização social, a cidadania e a paz social.
Para saber mais sobre esse assunto e, principalmente, compreender os aspectos sociais e
políticos presentes no conceito de redes, leia no material do relato da experiência de Justiça
Comunitária, o TJDFT, no texto intitulado “O locus: a comunidade”, o trecho sobre as redes
sociais.
Para funcionar, uma rede tem que ser dinâmica e atuante e, por isso necessita de membros
que a ajudem a movimentá-la. Em alguns programas e projetos são utilizados agentes
comunitários – pessoas capacitadas da própria comunidade – para manter a rede viva.
Finalizando...
Neste módulo, você estudou que:
Para funcionar, uma rede tem que ser dinâmica e atuante e, por isso necessita de
membros que a ajudem a movimentá-la. Em alguns programas e projetos são utilizados agentes
comunitários – pessoas capacitadas da própria comunidade – para manter a rede viva.
Módulo 2 – O Espaço e a equipe da mediação comunitária
Apresentação do Módulo
Neste módulo você estudará sobre o espaço adequado para a mediação comunitária e
sobre a equipe envolvida.
Objetivos do Módulo
Ao final do estudo deste módulo, você será capaz de:
Estrutura do Módulo
Este módulo é formado por duas aulas:
O que são?
É um espaço destinado à realização da prática da mediação e a outras atividades
desenvolvidas pelos agentes comunitários, como as reuniões entre agentes comunitários, bem
como com a comunidade.
No trecho a seguir, você lerá sobre a estrutura de dois centros comunitários que fazem
parte do Programa Justiça Comunitária – TJDFT. Durante a leitura, procure observar os prós e os
contras das estruturas físicas apresentadas. Contudo, como o próprio programa chama a atenção,
a falta de recursos não deverá inviabilizar a implementação da ação. (BRASIL, 2006).
Grupo – Equipe – Time – Rede de pessoas: palavras que possuem elementos comuns,
mas não são sinônimas. Muitas vezes representam o estágio em que um grupo de pessoas se
encontra.
Pesquisas e estudos têm demonstrado que nem todo mundo trabalha bem em conjunto;
demonstram até mesmo que algumas pessoas produzem mais quando trabalham isoladamente.
Mas estudos também comprovam que em um futuro bem próximo, que temos certeza que já
começou, as equipes passarão a ser vistas como imprescindíveis.
Parece um paradoxo? Sim. Mas é aí que reside o grande desafio. Uma equipe não se
forma aleatoriamente. Seja em organizações formais ou informais, presenciais ou virtuais, faz-se
necessário que a equipe esteja preparada para atuar frente aos objetivos a serem alcançados.
Sendo assim, espera-se que as pessoas possam atender aos seguintes requisitos:
Conhecimentos
- da comunidade;
Habilidades
- para o diálogo;
- para ouvir;
Atitudes
- Iniciativa;
- Ação voluntária;
- Carisma;
- Criatividade;
- Entusiasmo;
- Ética e Sigilo;
- Compromisso;
Importante
É recomendável que as pessoas possuam ensino médio completo, não tenham envolvimento
político-partidário e nem passagem pela polícia.
Antes de terminar o estudo desse módulo, leia as atividades (Veja o arquivo “agente
comunitário” em anexo na plataforma) do agente comunitário e o papel da equipe interdisciplinar
no âmbito do Programa de Justiça e Cidadania.
Finalizando...
Neste módulo, você estudou que:
As pessoas que forem atuar como mediadores deverão ter formação específica, ou
realizarem capacitação antes de exercerem este papel.
Módulo 3 – Pensando na capacitação da equipe
Apresentação do Módulo
É importante considerar que agir de forma comunitária, principalmente em rede, é algo
novo para algumas pessoas. Além disso, muitas vezes as pessoas da comunidade possuem boa
vontade, mas não necessariamente conhecimento sobre o tema. Daí a importância de investir
num processo de capacitação da equipe.
Neste módulo você estudará sobre os principais aspectos que devem orientar a
capacitação da equipe envolvida na mediação comunitária.
Objetivos do Módulo
Ao final do estudo deste módulo, você será capaz de:
Estrutura do Módulo
Assim, para elaborar o mapa de competências, a primeira ação é fazer uma lista dos
conhecimentos, habilidades e atitudes que serão desenvolvidos pela equipe, considerando:
A segunda pista diz respeito aos conteúdos e as possibilidades de abordagens sobre eles.
Uma boa orientação para a seleção daqueles que devam compor a malha curricular da ação de
capacitação é selecioná-los a partir do mapa de competências, categorizando-os como conteúdos
conceituais, procedimentais e ou atitudinais. Sendo:
Importante – Esse trabalho não precisa ser feito por apenas uma pessoa. Alguns
membros da equipe poderão ajudar a pensar nos temas.
CORDEIRO, Bernadete M. P.; SILVA, Suamy. S. Direitos humanos: referencial prático para
docentes do ensino policial. 2. ed. Brasília: CICV, 2005.
CORDEIRO, Bernadete M. P. Estado da arte: estudo sobre as idéias de estudiosos, instituições
nacionais e internacionais, bem como organismos governamentais e não governamentais, sobre a
elaboração de uma agenda de temas e ações de treinamento “comuns” para diminuir as cifras de
violência e de criminalidade na América Latina. Brasília: PNUD, 2008. (Projeto 04/29: relatório
técnico).
LIBÂNEO. José Carlos. Didática. São Paulo: Cortez, 1994. (Coleção Magistério).
SCHÖN, Donald. Formar professores como profissionais reflexivos. Porto Alegre: ARTMED,
2001.