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PODER JUDICIÁRIO DO ESTADO DO PARANÁ

COMARCA DA REGIÃO METROPOLITANA DE CURITIBA - FORO CENTRAL DE CURITIBA


1ª VARA CÍVEL DE CURITIBA - PROJUDI
Rua Cândido de Abreu, 535 - Centro Cívico - Curitiba/PR

Autos nº. 0037235-89.2014.8.16.0001

Processo:0037235-89.2014.8.16.0001
Classe Processual:Usucapião
Assunto Principal:Usucapião Extraordinária
Valor da Causa: R$3.000,00
Autor(s): Joel Manoel Figueiredo
Maria de Lourdes Silva Soares Figueiredo
Réu(s): Elza Albieri Oliveira
Francisco Oliveira
Irma Maria Oliveira Michalichen
José Roberto Oliveira
João Sebastião Oliveira
Marcos Francisco Oliveira

1. Trata-se de ação de usucapião extraordinária proposta por JOEL MANOEL


FIGUEIREDO e MARIA DE LOURDES SILVA SOARES FIGUEIREDO em face de JOÃO SEBASTIÃO
OLIVEIRA, IRMA MARIA OLIVEIRA MICHALICHEN, JOSÉ ROBERTO OLIVEIRA, MARCOS FRANCISCO
OLIVEIRA, FRANCISCO OLIVEIRA e ELZA ARBIERI OLIVEIRA, no bojo da qual alegam ter posse do
imóvel objeto da matrícula nº 82.811, pertencente aos réus, desde meados de 1989, quando
avançaram sobre o lote vizinho no momento da construção de seu imóvel. Requerem a declaração,
por parte deste juízo, da propriedade dos autores sobre o imóvel usucapiendo.

Os representantes da Fazenda Pública da União, do Estado e do Município


informaram não possuir interesse na causa (seq. 216.1, 64.1 e 223.1).

À seq. 233.1 foi expedido edital de citação para os réus incertos e eventuais
interessados, sendo que à seq. 236.1 foi certificado o decurso de prazo da citação editalícia.

Houve a citação de todos os confrontantes (seq. 69.1 e 209.1), bem como de


terceiros interessados (seq. 138.1 e 139.1), não havendo qualquer manifestação por partes destes.

O Ministério Público também se manifestou no sentido de não existir causa que


justifique sua intervenção (seq. 249.1).

A terceira Terezinha de Lourdes Abanca Oliveira foi citada à seq. 138.1 e não se
manifestou.

Citados, os demais réus interpuseram contestação à seq. 99.1, no bojo da qual


alegam, preliminarmente, a ilegitimidade passiva ad causam dos réus Francisco Oliveira e Elza
Albieri Oliveira. No mérito, à luz do princípio da eventualidade, sustentam que o imóvel usucapiendo
se trata de bem público, na medida em que foi repassado pelo Município de Curitiba em razão de
uma escritura pública de desapropriação amigável mediante permuta. Asseveram que não houve
cumprimento do período de 15 (quinze) anos aplicado ao usucapião extraordinário.

À seq. 127.1 os requerentes impugnaram a contestação, reiterando os termos


lançados na peça inicial.

Intimadas para indicarem as provas que pretendem produzir (seq. 238.1), as


partes pugnaram pelo julgamento antecipado do feito (seq. 275.1 e 278.1).

É o breve relatório. Destarte, passo ao saneamento do feito.

2. As circunstâncias da causa evidenciam ser improvável composição


amigável entre as partes. Sem prejuízo, as partes poderão ofertar propostas de acordo por escrito
nos autos e até mesmo chegar a um acordo durante a instrução processual.

3. Passo a analisar a preliminar arguida em sede de defesa (seq. 99.1).

a) Da ilegitimidade passiva ad causam:

Aduz a parte ré a ilegitimidade passiva dos requeridos Francisco Oliveira e Elza


Albieri Oliveira, eis que estes apenas possuem a posse do imóvel objeto desta ação, e não a
propriedade.

Não lhe assiste razão.

O art. 337, inciso XI do CPC 2015 assim dispõe:

Art. 337. Incumbe ao réu, antes de discutir o mérito, alegar:

(...)

XI - ausência de legitimidade ou de interesse processual;

No entanto, o cumpre ressaltar que o fato de os referidos requeridos não


figurarem como proprietários na matrícula do imóvel usucapiendo (seq. 1.10) não impede que
venham a ter algum interesse na presente ação, eis que estão na qualidade de possuidores do
imóvel.
Além disso, os aludidos réus preenchem todas as nuances necessárias para
serem encarados como terceiros interessados na presente relação processual, podendo, portanto,
até mesmo alegar eventuais contratos jurídicos com os demais réus.

Isto posto, com fulcro no teor do art. 337, inciso XI do CPC/2015, afasto a
preliminar aventada.

Presentes estão os pressupostos processuais de desenvolvimento válido e


regular do processo. Não há nulidades a serem reconhecidas.

Destarte, reputo saneado o feito.

4. Para a produção da prova, fixo como pontos controvertidos o lapso


temporal, a posse mansa, pacífica, ininterrupta e o animus domini dos autores sobre o imóvel
usucapiendo.

Por força do grande número de processos que tramitam neste Juízo, com
designação de várias audiências, a prestação jurisdicional do processo de usucapião acaba ficando
comprometida pelo decurso de tempo, fazendo com que algumas partes, sequer, consigam usufruir
do direito de propriedade conquistado ao longo dos anos pela posse mansa, pacífica e ininterrupta.

Não se pode olvidar que o rito processual da usucapião é um dos mais rigorosos
constantes na legislação vigente, pois exige que ocorram citações de confrontantes, da União, do
Estado, do Município, na pessoa de quem estiver registrado o imóvel, além de terceiros incertos e
desconhecidos.

Todos os citados têm oportunidade, dentro do prazo legal, de se insurgir


(contestação) contra a pretensão esboçada na peça inaugural pela parte autora.

Na audiência de instrução destes processos, quando ausente o litígio, as


testemunhas são conduzidas em juízo somente para ratificar a versão dada pela parte autora.

A audiência antes mencionada acaba mobilizando advogados, partes,


testemunhas e ocasiona um inchaço na pauta porque são muitos processos desta espécie que
tramitam, conforme afirmado alhures, razão pela qual, necessário encontrar uma alternativa visando
simplificar os atos processuais para que a finalidade seja atingida sem prejuízo, nos termos do art.
188 do Código de Processo Civil/2015.

Diante destas constatações, bem como considerando a ausência de interesse


das partes na produção de provas (seq. 275.1 e 278.1), determino que as declarações sejam
prestadas perante um Tabelião deste Foro Central, as quais terão efeitos similares para o desiderato
do processo por força da fé pública que lhe é inerente, além de ocorrer inúmeras vantagens
processuais, tais como: simplificação dos atos processuais, economia processual, menor trauma às
testemunhas, as quais de regra são pessoas humildes e com idade avançada, e, principalmente,
agilidade na prestação jurisdicional e efetividade do julgado.

4.1. Ante ao exposto, para comprovar posse mansa, pacífica e ininterrupta dos
autores, determino que sejam ouvidas no mínimo 03 (três) testemunhas perante qualquer Tabelião
(extrajudicialmente) onde se localiza o imóvel, o qual deverá exigir comprovante de residência e
demais exigências necessárias.

4.2. No ato, o tabelião deverá questionar à testemunha entre outros


esclarecimentos: A) há quanto tempo conhece a parte autora e o imóvel objeto da ação de
usucapião? Qual a sua localização?; B) há quanto tempo a parte autora exerce a posse?; C) quem
exercia a posse do imóvel antes do autor? Por quanto tempo o antecessor exerceu a posse? Como a
parte autora adentrou no imóvel? Qual a forma de aquisição do imóvel (compra e
venda/herança/outro meio)?; D) como era o imóvel quando a parte autora entrou na posse e
atualmente? A parte autora construiu benfeitorias? Quais?; E) o imóvel é cercado? Em caso negativo,
qual é o meio de delimitação da propriedade? F) a parte autora utiliza o imóvel para qual finalidade?
Mantém residência no local ou nele desenvolve atividade econômica/produtiva?; G) a parte autora
tem outros imóveis? H) a posse da parte autora sempre foi mansa, pacífica e ininterrupta?; I) alguma
vez tomou conhecimento de terceiros importunando a posse do autor? Ou de ação possessória que
envolva o imóvel?; J) quem são os vizinhos/confrontantes do autor (lado direito, esquerdo, fundos,
frente)?; K) o autor paga impostos sobre o imóvel? Paga água e luz?; L) o autor é considerado dono
do imóvel pelos vizinhos? M) outros esclarecimentos necessários.

5. Apresentadas as declarações, intime-se o patrono dos requeridos para se


manifestarem, caso queiram, no prazo de 10 (dez) dias.

5.1. Sobrevindo insurgência quanto à prova apresentada, intimem-se os


requerentes para se manifestarem, no prazo de 10 (dez) dias.

5.2. Após, tornem conclusos para decisão.

6. Todavia, transcorrido o prazo do item “2” sem insurgências sobre a prova


produzida ou sem manifestação dos réus, dou por encerrada a instrução processual e contados e
preparados, tornem conclusos para sentença.

7. Caso à parte autora entenda existir ou encontre algum obstáculo para a


obtenção destas declarações, deverá se manifestar sobre a realização de audiência de instrução e
julgamento a ser designada.

Diligências necessárias.

Curitiba, data da assinatura digital.


Débora Demarchi Mendes de Melo

Juíza de Direito Substituta

III

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