Algumas instituições do Estado ignoram recomendações do Provedor da
Justiça
O Provedor da Justiça, Isac Chande, diz que algumas instituições do Estado
continuam a não implementar as recomendações que lhes são apresentadas. Com efeito, segundo Isac Chande, das 32 recomendações formuladas, apenas dez foram acatadas, e 21 não foram implementadas e uma aguarda resposta. De acordo com a agencia de Informação de Moçambique ( AIM), os dados vêm contidos no relatório deste ano do Provedor da Justiça apresentado nesta 4ª feira, em Maputo, na Assembleia da República (AR), cobrindo o período de Abril de 2017 a Março de 2018. As instituições envolvidas permanecem silenciosas, apesar da exigência legal de responder ao Provedor em 15 dias. As recomendações que não foram acatadas dizem respeito ao Ministério da Administração Estatal e Função Pública; da Agricultura e Segurança Alimentar; da Defesa Nacional; da Cultura e Turismo; da Terra, Ambiente e Desenvolvimento Rural; Tribunal Administrativo da Província de Inhambane; Comando-Geral da Polícia; Conservatória dos Registos Centrais; Conselho Municipal da Cidade de Maputo; Conselho Municipal da Matola, entre outras entidades. Uma recomendação ainda aguarda resposta pela entidade visada, a Autoridade Tributária de Moçambique (ATM). Um dos constrangimentos mencionados pelo Provedor da Justiça é a falta de poder de decisão, imposição das recomendações ou mesmo iniciar um processo-crime. Alguns deputados da oposição, caso de António Muchanga, da Renamo, entendem que o escritório do Provedor da Justiça “é desperdício de tempo e dinheiro”. “Qual é o valor do seu relatório, senhor Provedor, se tudo o que você faz é chorar, e que tudo o que você diz é ignorado?”, questionou Muchanga. Para o Provedor, é responsabilidade dos moçambicanos, incluindo deputados, fortalecer as instituições do Estado. “Partilhar o que foi feito é sempre um instrumento que nos permite perceber como é que funciona a nossa administração pública”, disse Isac Chande. Entretanto, o Provedor prometeu pronunciar-se sobre casos de sucesso no próximo informe. “Há casos de sucesso que prometo trazer na próxima informação anual”, afirmou. Dos constrangimentos, Chande mencionou a ausência de representações locais, cuja existência poderia garantir a continuidade da actividade de divulgação e dinamização da acção do Provedor da Justiça; realização atempada de diligências processuais; exiguidade do orçamento alocado; entre outros.