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AULA 03
SUMÁRIO PÁGINA
Questão 01 02
Questão 02 06
Questão 03 11
Questão 01
O Código Tributário Nacional disciplina os poderes da Administração
Tributária, mais especificamente aqueles inerentes às atividades de
fiscalização, as quais sujeitam os contribuintes à observância de certas
imposições do Fisco.
Com base nessa informação, discorra sobre a fiscalização tributária,
abordando os poderes conferidos pelo CTN à autoridade fiscal, os
documentos e os respectivos prazos que deverão ser mantidos pelos
sujeitos passivos, as pessoas obrigadas a prestar informações e o
entendimento dos tribunais superiores sobre o tema.
Desenvolvimento: 20 a 40 linhas
Comentários à questão
Mais uma questão que exige a abordagem de vários itens e já direciona
o aluno para o que deve ser respondido.
Logo, o aluno teria que abordar preferencialmente (eu diria
obrigatoriamente) na ordem direcionada pelo enunciado:
- os poderes conferidos pelo CTN à fiscalização
- os documentos que podem ser exigidos e o prazo legal para que o
contribuinte os mantenha
- as pessoas obrigadas a prestar informações ao fisco, quando
solicitadas
- o entendimento do STF quanto os poderes da fiscalização, quando
diante de outros direitos do contribuinte, no caso a inviolabilidade do
domicílio
PROPOSTA DE SOLUÇÃO
O Código Tributário Nacional (CTN) confere prerrogativas à
atividade de fiscalização, confirmando a supremacia do interesse
público sobre o privado, a fim de resguardar os interesses da Fazenda
Pública em prol da arrecadação e o consequente atendimento do fim
comum.
Nos termos do CTN, as autoridades fiscais, quando em
procedimento de fiscalização, podem examinar mercadorias, livros,
arquivos, documentos, papéis e efeitos comerciais ou fiscais, dos
comerciantes industriais ou produtores, não podendo as disposições
legais excluírem ou limitarem esses poderes.
Nesse sentido, a fiscalização poderá exigir os livros obrigatórios
de escrituração comercial e fiscal e os comprovantes dos lançamentos
neles efetuados, cuja guarda e conservação são deveres dos
contribuintes, que devem assim proceder até que ocorra a prescrição
dos créditos tributários.
Estabelece ainda o Código que mediante intimação escrita, são
obrigados a prestar à autoridade administrativa todas as informações
de que disponham com relação aos bens, negócios ou atividades de
terceiros os tabeliães, escrivães e demais serventuários de ofício; os
bancos; as empresas de administração de bens; os corretores,
leiloeiros e despachantes oficiais; os inventariantes; os síndicos,
comissários e liquidatários.
É permitido ainda às autoridades fiscais, requisitarem a força
policial no caso de embaraço à fiscalização. Ocorre que, não obstante
confirmar os poderes de fiscalização previstos no CTN, o STF tem
entendido que essas prerrogativas não podem prevalecer sobre os
direitos fundamentais do contribuinte, notadamente a inviolabilidade do
domicílio, cuja quebra necessitaria de ordem judicial e não simples
liberalidade administrativa em procedimento fiscal.
Questão 02
Elabore um texto dissertativo sobre a aplicação do princípio da
irretroatividade aos tributos de fato gerador complexivo, explicando a
retroatividade imprópria e comentando o entendimento sumulado pelo
STF aplicado especificamente ao imposto de renda.
Desenvolvimento: 20 a 40 linhas
Comentários à questão
Esse tipo de questão requer bastante atenção do candidato.
Ela pede o entendimento do STF sobre determinado tema, o que já
exige do aluno um conhecimento da jurisprudência.
Mas nessa questão, especificamente, foi pedido um entendimento do
STF que a própria Corte parece entender superado e em breve pode
reconhecer a superação da sua própria Súmula. Esse tema requer uma
boa revisão para entendermos todos os detalhes. Vamos lá?
O princípio da irretroatividade é confirmado pelo CTN em seu art. 105.
Ocorre que o Código estabelece a aplicação da lei nova aos fatos
geradores pendentes. Mas o que seria isso?
Primeiramente, vejamos a redação do CTN:
“Art. 105. A legislação tributária aplica-se imediatamente aos fatos
geradores futuros e aos pendentes, assim entendidos aqueles cuja
ocorrência tenha tido início mas não esteja completa nos termos do
artigo 116.”
- Doutrina:
A doutrina tem tecido acirradas críticas ao art. 105 do CTN, defendendo
que não teria sido recepcionado pela CF/88.
Segundo o entendimento dominante, aplicar a lei nova aos fatos
pendentes é o mesmo que aplicar a lei a fatos pretéritos, o que se
convencionou chamar de “irretroatividade imprópria”.
A ESAF já admitiu a impossibilidade de irretroatividade imprópria em
uma questão objetiva.
- Súmula do STF:
PROPOSTA DE SOLUÇÃO
A Constituição Federal estabelece o princípio da irretroatividade
ao define que é vedado à União, aos Estados, Distrito Federal e
Municípios, cobrar tributos em relação a fatos geradores ocorridos antes
da vigência da lei que os houver instituído.
O código Tributário Nacional (CTN) confirma esse princípio
disciplinando que a lei tributária é aplicável aos fatos geradores futuros
e aos pendentes. Percebe-se que houve inovação do Código em relação
à determinação constitucional.
A doutrina dominante entende que aplicar a lei nova a fatos
geradores pendentes, é, na verdade, fazer uso da chamada
retroatividade imprópria. No caso específico dos tributos de fato
gerador complexivo, ou seja, aqueles que nascem da união de diversos
fatos isolados, a aplicação do referido artigo do CTN deixaria de atender
aos preceitos constitucionais.
Tomando como exemplo o caso do imposto de renda, cujo fato
gerador apenas de aperfeiçoa no final do ano-calendário,
correspondendo à reunião de todos os fatos ocorridos no período, caso
uma lei nova fosse publicada em agosto, poderia atingir os fatos
ocorridos durante todo o ano, eis que estaria incidindo sobre um fato
pendente.
Inúmeras críticas circulam esse dispositivo do CTN, no sentido de
que seja reconhecida a não recepção pela Constituição Federal. Não
obstante, o Supremo Tribunal Federal sumulou o entendimento de que
sobre os rendimentos auferidos no ano-calendário aplica-se a legislação
vigente no ano de entrega da declaração (exercício).
Sendo assim, a Corte Suprema entendeu que é possível a
aplicação da lei nova aos fatos pendentes. Com efeito, há que se
observar que tal entendimento, apesar de não ter sido declarado pelo
STF, está sob nova análise da Corte, o que pode resultar na sua
superação.
Questão 03
O Supremo Tribunal Federal tem entendido que não se tipifica crime
material contra a ordem tributária, previsto no art. 1º, inciso I, da Lei
nº 8.137/90, antes do lançamento definitivo do tributo. Sobre o
lançamento tributário, conceitue-o, mencionando, entre outros
aspetos, a competência para efetuá-lo, seus requisitos e sua finalidade.
Desenvolvimento: 20 a 40 linhas
Comentários à questão
Essa questão foi adaptada do concurso de AFRFB em 2009, pois parte
dela já vimos em outra questão. Foi a primeira questão discursiva
aplicada no concurso da RFB.
Nunca é demais revisar sobre o lançamento, assunto de grande
importância tanto no estudo da matéria como no trabalho do auditor
fiscal.
A questão apresenta todo o roteiro de respostas, o que facilitou
bastante a vida do candidato, que deveria seguir as orientações do
próprio enunciado e responder de forma completo tudo o que se pede,
como também, usar a sequência adotada pelo examinador.
A questão se responde pela aplicação direta das normas do CTN, sem
muitas dificuldades.
O candidato deveria observar, entre outros elementos, que se pede a
finalidade do lançamento. Muitos se perderam aí. E isso é comum. Em
questões como essas é muito importante o candidato estar atento a
todos os detalhes do enunciado.
A minha recomendação é: sempre de começar sua redação anote numa
folha à parte tudo o que será preciso escrever, ou seja, tudo aquilo que
o examinador irá buscar na sua prova, ou, em outras palavras: o que
vale ponto na questão.
Nesse caso específico, o aluno deveria discorrer sobre a discussão
doutrinária acerca do caráter constitutivo ou declaratório do
lançamento e a definição do CTN sobre seu objetivo maior: a
constituição do crédito tributário.
PROPOSTA DE SOLUÇÃO
O Código Tributário Nacional (CTN)preceitua que o crédito
tributário é constituído pelo lançamento. O próprio Código o conceitua
como o procedimento administrativo tendente a verificar a ocorrência
do fato gerador da obrigação tributária, apurar o valor devido,
identificar o sujeito passivo e, sendo o caso, aplicar a penalidade
prevista em lei.
Sendo o lançamento uma atividade plenamente vinculada, sob
pena de responsabilidade funcional, sua competência é privativa da
autoridade fiscal. Dessa forma, dada a vinculabilidade, ao efetuar o
lançamento, o servidor deverá observar os requisitos previstos na
legislação.
Prevê o CTN que no lançamento devem constar: a identificação
do sujeito passivo, o valor apurado, o dispositivo legal que o
fundamenta e, sendo o caso, o número do processo administrativo ou
judicial porventura existentes.
Com efeito, não obstante as divergências doutrinárias a respeito
do caráter constitutivo do lançamento, o CTN declara expressamente a
sua finalidade ao definir que o lançamento constitui o crédito tributário.
Além disso, o lançamento marca o termo final da contagem do prazo
decadencial e o início da contagem do prazo prescricional da obrigação
tributária.