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06/02/2018 arquitextos 203.

02 espaço público: O direito ao espaço público | vitruvius

O direito ao espaço público


Princípios e exemplos
Josep Maria Montaner e Marina Simone Dias

Parque da Torre Lluc, Gavà, Catalunha, Espanha


Foto divulgação [Regesa Aparcaments i Serveis /
www.regesa.cat/actuacio_detall.php?c=PU09000]

Mais além da grande diversidade de cidades contemporâneas, há um elemento


que é a chave para a melhora da qualidade de vida, para o aumento da
sociabilidade e para a aproximação da sustentabilidade: a qualidade do
espaço público.

Na tradição das culturas mediterrâneas, sempre teve grande destaque o


carácter público do espaço urbano. As cidades italianas foram as
pioneiras: Goethe, na sua viagem à Itália, no final do século 18, tão
logo quanto visitou Verona e Vicenza, registrou a forma como os italianos
defendiam o direito ao uso público de todos os espaços abertos da cidade.
Pórticos, entradas, galerias, pátios, claustros, escadarias e interiores
de igrejas estavam sempre ocupados. Desde o Renascimento, já era costume
que os proprietários de obras de arte, jardins e pátios não impedissem o
público de aceder à visita de edifícios e objetos. Existia o direito
entrar e visitar sem convite prévio. Giovanni Battista Nolli, quando em
1748 realizou o famoso plano de Roma, deixou claro que a figura sobre o
fundo da cidade era o branco do espaço público sobre o negro da densa
construção; um branco que estava configurado tanto pelas praças, ruas,
ruelas e lotes, quanto pelos interiores das igrejas, claustros, pátios e
edifícios públicos.

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Mapa de Roma, de Giovanni Battista Nolli


Imagem divulgação [Wikimedia Commons]

As cidades mediterrâneas foram se configurando a partir dessa sábia


combinação de espaços domésticos e edifícios públicos, ruas e praças que
dão acesso a espaços de gradual transição público-privado: lugares
ambíguos onde se permite a entrada aos estranhos, observadores no espaço
residencial desde os quais participar da cidade. As línguas latinas deram
nome a muitos elementos arquitetônicos genuínos desta cultura do espaço
público dedicado às relações humanas: o átrio, o pátio, a varanda, o
pórtico, o vestíbulo, a loggia, as terraças, as galerias, o mirante, o
boulevard; inclusive a cafeteria, âmbito de encontro por antonomásia, é
um termo latino de uso internacional.

O espaço público tem um carácter essencialmente poliédrico: pode ser


entendido de muitas formas e evolui constantemente. Em primeiro lugar,
pode ser qualificado com respeito à função de edifícios públicos que os
caracterizam, ainda que foram variando com o tempo e em função do sentido
de cada espaço. Também pode ter sido gerado como espaço livre articulado
em torno a uma preexistência ou infraestrutura, como é um rio, um porto
marítimo ou uma praia. Finalmente, os novos processos de recuperação do
uso para transeuntes foi incorporando a globalidade da rua como espaço
público.

Como o artigo trata do direito ao espaço público, serão desenvolvidos


critérios que se relacionam com as necessidades de coletivos para os
quais a cidade não foi pensada, em particular: as meninas e meninos, as
mulheres e os idosos.

À altura das meninas e meninos

O modo como a cidade tenha sido pensada, planejada, articulada e


programada, condicionará o grau de autonomia das pessoas em situação de
vulnerabilidade. A partir dessa ótica, o espaço público não é diferente
em conceito, mas sim em necessidades e usos. Portanto, para que as
crianças possam utilizar e aproveitar o espaço público, deve-se levar em
consideração como o experimentam e a segurança proporcionada.

A nossa tradição do espaço público, como “contenedor” do nada público,


nasce na ágora grega. No entanto, esta era um ideal filosófico, abstrato
e irreal, dado que nem todos possuíam o direito de desfrutá-la, mas
somente poucos privilegiados. A ágora era o espaço dos homens livres,
adultos e das classes poderosas, promovendo a exclusão por classe, raça,

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idade e gênero. Desde então suscita o debate de para quê e para quem é o
espaço público.

Neste sentido, uma experiência maravilhosa de legislação a partir da


participação popular direta foi o sistema de cerca de 700 pequenas praças
distribuídas por toda a cidade de Amsterdã. Como funcionário do
escritório de serviços públicos da cidade, o arquiteto Aldo van Eyck teve
a oportunidade de projetá-las a partir de 1947 e durante 20 anos. Segundo
explica Liane Lefaivre em Ground-up City Play as a Design Tool, de 2007
(1), no momento que, Jakoba Mulder, chefe do Departamento de Planejamento
Urbano, viu da sua janela uma menina jogando num canto da rua, sem mais
recursos que a imaginação, areia e uma lata, pensou que era possível
criar espaços econômicos e plenos de possibilidades. Aldo van Eyck se
ofereceu como voluntário para o desenho de tais espaços. Uma série de
elementos simples permitiam conformar espaços de jogos/brincadeiras de
acordo com cada forma e superfície, com um resultado diferente em cada um
e, o mais importante, com grandes possibilidades de provocar a utilização
criativa dos elementos e espaços pelas crianças. O mecanismo era simples:
uma pessoa ou grupo de cidadãos identificavam e propunham lotes vazios,
esquinas, calçadas e outros pequenos terrenos urbanos não utilizados para
um desses espaços lúdicos. Uma vez comprovada sua viabilidade, a
prefeitura respondia com um projeto específico para cada caso.

Criação de espaço lúdico em Dijkstraat, Amsterdã, Holanda, 1954


Foto divulgação [MARTINHO, Joana Isabel Pereira. O espaço da criança na cidade,
p. 78]

Na atualidade, muitos dos equipamentos lúdicos nas nossas praças são


condicionantes e deixam pouca margem para a criatividade. Predomina uma
falsa ideia de segurança e limpeza, com a instalação de
fechamentos/trancas, limitação do uso e pavimentação. Em muitos espaços
falta o contato com a natureza, onde se desconsidera a visão e o
interesse da infância acerca da natureza que nos rodeia, por mais urbano
que seja o ambiente. O seu interesse está nos pombos, formigas, cães e
gatos; e também na água, areia, terra e grama. Experimentar com o
ambiente é parte do crescimento.

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Em contrapartida, no norte da Europa abundam os espaços lúdicos abertos,
com água, areia e equipamentos variados, que não se limitam a
escorregadores e balanços, que mais parecem equipamentos de academia. As
crianças aprendem e amadurecem com o tempo “perdido”, com o brincar
livre; detêm-se, olham com curiosidade, descobrem e imaginam. Portanto,
tem valor que, dentro de um parque seguro e com boa visibilidade, seja
permitido um mínimo de aventuras e esconderijos às crianças, como
metáforas de “casinhas”; que seja possível manipular os vários materiais;
que sejam utilizadas cores e exprimam sons; que ponham ênfase nas
texturas, explorando diferentes pisos, utilizando grama e areia; que a
vegetação emane perfumes, em definitiva, que potencie tudo que estimula
os sentidos e a diversidade de experiências.

Parque infantil do Forum, Barcelona


Foto Marina Simone Dias, 2016

Esta reflexão sobre a cidade e as crianças tem um referencial


contemporâneo ineludível nos textos e experiências do psicopedagogo
Francesco Tonucci, criador em Fano do projeto internacional “A cidade das
crianças” (2), que propõe às administrações das cidades do mundo pequenas
mudanças urbanas para fazê-las mais seguras, acessíveis e amistosas com a
infância, bem como parâmetros de qualidade ambiental e de
sustentabilidade. Trata-se de um pensamento e ação surgidos no final dos
anos sessenta, quando o paradigma unitário da Ilustração se fragmentou e
enfatizou a visão do outro: infância, gênero, pós-colonialismo. A partir
desse ponto de vista, a rua, a praça e a escola são os lugares de
sociabilidade para as crianças, onde desenvolvem sua autonomia e aprendem
a superar medos e dificuldades. A experiência da “cidade das crianças”,
em países como Itália, Espanha e Argentina, proporcionou o
desenvolvimento de projetos de modificação do espaço público: ruas,
praças e calçadas transformam-se segundo os desejos e ideias propostos

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pelas crianças. Neste sentido, suas demandas reclamam uma cultura do
espaço público que está desaparecendo em diversas cidades.

Parque infantil do Forum, Barcelona


Foto Marina Simone Dias, 2016

A proposta de Tonucci, herdeira de concepções urbanas biologistas de


Pattrick Geddes, Lewis Mumford, Jane Jacobs ou Christopher Alexander,
argumenta que a cidade volte a ser acolhedora para as crianças: uma
cidade na qual convivem todas as gerações e atividades, e onde umas se
enriquecem com as outras, potencializando um ciclo completo da vida
urbana, e buscando evitar os grandes desastres da especialização,
dispersão e segregação.

Seguindo seu ensinamento, algumas cidades começaram a integrar tais


ideias no planejamento de determinadas zonas. Uma das práticas mais
estendidas é a dos “caminhos escolares”, que consiste em criar percursos
seguros e agradáveis para que as crianças adquiram uma maior autonomia ao
poder deslocar-se sem acompanhantes até suas escolas e equipamentos
próximos à sua casa. São projetos a nível de bairro, que se baseiam em um
acordo compartilhado entre diferentes agentes e usuários que intervêm no
espaço público, com especial colaboração dos comerciantes que têm suas
lojas nos mencionados percursos e que podem formar uma rede de
referência, simpatia e proteção. Com o objetivo de potenciar esses
itinerários escolares, que enriquecem a própria rede social infantil, é
relevante destacar a discussão que se instaurou na comunidade educativa
sobre a possibilidade de os pátios escolares tornarem-se praças em
horário extraescolar. Tal proposta que aqui encontramos como uma novidade
ao debate, para outras sociedades, como a canadense, configura questão já
plenamente aceita: os pátios são espaços de jogos/brincadeiras além do
calendário e horário escolar. Assim, obtém-se dois importantes

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benefícios: a mobilidade e independência dos menores para fortalecer seu
entorno social, e o uso eficiente de um recurso escasso, como o caso do
solo, ao qual se lhe potencializa o máximo de utilidade.

Cidades catalãs, como Réus ou Granollers, e valencianas, como Carcaixent,


puseram em prática as ideias de Tonucci, com a criação do “bus a pé” e do
“caminho escolar”. Nos últimos anos, a cidade de Rosario, na Argentina,
busca criar uma cidadania democrática através da convivência urbana desde
a infância, para minimizar os efeitos de uma cidade em contínuo
crescimento, da privatização do projeto urbano e da especialização
funcional que entorpece a vida na rua. Em acordo com Tonucci, criou-se
ainda o Conselho das Crianças (entre 10-14 anos), também denominado “a
fábrica das ideias”, que a cada sábado se reúne nos sete conselhos
distritais. A atividade de Rosario como “cidade das crianças” foi
reconhecida em 1999 pela Unesco e em 2003 recebeu um prêmio do PNUD
(Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento) por suas práticas de
governabilidade. Entre os equipamentos criados, destacam-se a Granja da
Infância, a Ilha dos Inventos e o Jardim das Crianças: três espaços
voltados para uma educação ambiental, científica e artística através do
lúdico.

A cidade para crianças não constitui uma dádiva, mas sim um direito que
lhes permita crescer seguros, em sociedade e liberdade. Este ideal se
reflete em uma das vinhetas de Frato, o alter ego de Tonucci, no qual um
menino esclarece: “Senhor prefeito, não queremos escorregadores nem
balanços, queremos a cidade”.

“Senhor prefeito, não queremos escorregadores nem


balanços, queremos a cidade”
Charge de Frato / Francesco Tonucci [Website Città
dei bambini e delle bambine]

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Recentemente, em 2015, foi criado em São Paulo o Carona a Pé (3), uma
iniciativa que reúne a comunidade e organiza grupos de alunos de 4 a 12
anos que vão caminhando até o colégio acompanhados de adultos. Essa
prática simples traz vários benefícios ao ampliar a segurança, a
autonomia e tornar visível a presença das crianças nos espaços públicos.
Ademais, convoca a comunidade do bairro a repensar sua estrutura e a
mobilidade, e estreita os vínculos de cooperação e companheirismo entre
as famílias. Por outro lado, quanto aos espaços públicos dedicados à
infância, na maioria das grandes cidades brasileiras, estes continuam
sendo negligenciados, com a reprodução sistemática do formato de parques
infantis e equipamentos lúdicos “tradicionais” (4) que remontam à
primeira metade do século 20.

Carona a pé, São Paulo, 2015


Foto divulgação [Website Carona a pé]

A partir da experiência das mulheres

Pensar o espaço público a partir da perspectiva de gênero significa


incorporar ao projeto urbano as experiências das mulheres na cidade.
Quando nos referimos a gênero, não significa sexo: gênero é uma
construção social e cultural que atribui papéis e capacidades, direitos e
deveres, que se baseiam em imaginárias capacidades biológicas marcadas.
Dito de outra maneira, por exemplo, a capacidade biológica de dar à luz
significou para as mulheres, como gênero, a exclusão da esfera pública,
do trabalho remunerado, do reconhecimento e da visibilidade social.
Tradicionalmente foram-lhe atribuídos os afazeres derivados do cuidado do
lar e das pessoas. Com o passar do tempo, os papéis já não se repartem
tão taxativamente. Desse modo, discutir hoje o gênero feminino e as suas
responsabilidades pode não se referir exclusivamente às mulheres, dado
que, aos poucos, os homens assumem e compartilham responsabilidades
nessas atividades. No entanto, as estatísticas mostram que ainda são as
mulheres as que dedicam a maior parte do tempo a essas tarefas
invisíveis, não remuneradas e, portanto, que não são consideradas no
momento de decidir políticas urbanas e projetar espaços públicos.

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Assim, incorporar a perspectiva de gênero no projeto do espaço público
diz respeito à nossa capacidade de conhecer, registar e aportar soluções
para melhorá-lo segundo as necessidades complexas da vida quotidiana, e
para as quais as experiências das mulheres são uma fonte de conhecimento
imprescindível. Por este motivo, os projetos de espaços públicos com
perspectiva de gênero devem recorrer a metodologias diferentes das
utilizadas tradicionalmente para abordar a questão: processos de
participação que permitam conhecer outras experiências que até agora não
foram levadas em consideração; observação ativa, que implica em um
conhecimento in situ, que ajuda a relacionar usos com usuárias e
usuários, capacidades, motivos, horários; e, como elemento
imprescindível, as estatísticas segregadas por sexo, que permitem
construir um registro mais aproximado da realidade, para não planejar o
espaço público a partir de situações supostamente neutras, genéricas e
universais.

A cidade de Viena foi e é pioneira na realização de projetos de moradia e


espaço público com perspectiva de gênero. Em 1992 criou-se um
“escritório-ponte” entre a secretaria da mulher e a secretaria de
urbanismo da cidade, dirigido pela arquiteta Eva Kail, que iniciou uma
política de aplicação prática da perspectiva de gênero no planejamento e
desenho da cidade. Uma das primeiras atuações foi a chamada de concurso e
construção do conjunto de moradias Frauen Werk Stadt (“cidade das
mulheres trabalhadoras”, hoje, “Margarete Schütte Lihotzky Hof”). Pensado
a partir da experiência das mulheres e da distribuição espacial e
funcional, que facilita a conciliação da vida pessoal, familiar e
profissional. Os espaços públicos do seu interior estão previstos para
diferentes idades, onde cada zona tem usuárias e usuários reais a partir
dos quais foram elaborados. O reconhecimento da vida quotidiana e a sua
“coreografia”, tal como escreveu Jane Jacobs e como explica Franciska
Ullmann, autora do plano urbano e de parte das moradias, está na base
desse projeto.

Segundo esses critérios, a equipe dirigida por Eva Kail realizou ainda
outras intervenções nos espaços públicos, entre os quais se destacam a
reforma do bairro de Mariahilf e de praças em bairros centrais de alta
densidade populacional, onde faltavam espaços verdes. Na requalificação
do bairro pensou-se nas diferentes necessidades das pessoas que utilizam
o espaço público, considerando mais tempo para os semáforos onde havia
maior afluência de idosos. A partir do entendimento de quais são os
percursos prioritários para os transeuntes, as calçadas têm sido
alargadas diante das entradas de centros escolares para facilitar e
melhorar a espera e o encontro das crianças, o que levou à eliminação de
estacionamentos e a manutenção da capacidade de vias de veículos. O
estacionamento é recuperado em ruas de menor trânsito, colocando os
carros em diagonal. A iluminação foi homogeneizada nas calçadas, evitando
a alternância entre ofuscamentos e zonas de sombra. Os bancos foram
colocados em lugares diversos, dado que sua utilidade nem sempre é a
mesma, e que no caso dos idosos ou de pessoas que carregam peso são
imprescindíveis. As melhoras realizadas nesse bairro são indubitavelmente
um ganho na qualidade da vida quotidiana e na convivência das pessoas.
Quando se fazem bairros mais amigáveis para os transeuntes, permite-se
uma maior independência das crianças, ao mesmo tempo que se respeita e se
dá suporte à autonomia das pessoas mais velhas. Estas independências
conquistadas pela segurança do espaço público contribuem para se liberar
de tarefas; portanto, representam um ganho de tempo para as pessoas que
se responsabilizam pelo cuidado de outros, contribuindo para a
conciliação entre o tempo pessoal, profissional e familiar.

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“Igualdade sem desculpas!” Outdoors e pinturas urbanas em Sant Just Desvern,


Catalunha
Foto divulgação [Ajuntament de Sant Just Desvern]

A denominada Lei de Bairros de Catalunha (2004) incluiu, entre os tópicos


que deve cumprir em cada projeto de reforma e melhora de bairros, a
equidade de gênero no uso do espaço público e equipamentos. Apesar de que
nem sempre a perspectiva de gênero no planejamento urbano seja observada
em profundidade, nem de maneira transversal, foram alcançadas algumas
atuações exemplares, como os projetos urbanos realizados com processos de
participação, incluindo as experiências das mulheres na requalificação de
bairros: em L’Hospitalet, o bairro de Collblanc-Torrassa; em Granollers,
o bairro do Congost; e em Manlleu, o bairro do Erm.

“Igualdade sem desculpas!” Outdoors e pinturas urbanas em Sant Just Desvern,


Catalunha
Foto divulgação [Ajuntament de Sant Just Desvern]

No caso do Brasil, apesar de urgente, a perspectiva de gênero é ainda uma


novidade. Como regra geral, os espaços públicos desconsideram as

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necessidades reais das mulheres, a segurança das ruas, os carrinhos de
bebê, os banheiros públicos e uma longa lista de itens. Enquanto o
urbanismo contemporâneo brasileiro ignora estas demandas, respalda a
ideia tradicional de que o lugar da mulher é longe dos espaços públicos
(5). O feminismo ainda tem o desafio de fazer valer sua visão de mundo,
na defesa de direitos urbanos, da vida e da diversidade.

Em definitiva, incorporar a perspectiva de gênero no projeto do espaço


público consiste em tornar visíveis as necessidades derivadas da vida
quotidiana e das experiências não consideradas até hoje no seu
planejamento. Na medida que alcançamos esse objetivo, estaremos
construindo cidades e bairros mais inclusivos, que proporcionarão maior
equidade nas oportunidades de acesso e uso dos espaços públicos entre
mulheres e homens, independentemente da idade, condição social ou origem.

Espaços para idosos

Um dos critérios da diversidade do espaço público é que deve ser


utilizável pelas pessoas de distintos grupos sociais e etários. Para
conseguir tal objetivo, devem existir sistemas de espaços públicos
formados por praças e parques, e aqueles que tenham uma maior dimensão
devem acolher uma diversidade de espaços segundo os diferentes usos. Que
cada espaço tenha de tudo para todas as pessoas é impraticável; por isso,
é importante potenciar sistemas de espaços públicos. E o registro das
dinâmicas socioespaciais dos entornos, com observações ativas, permite-
nos conhecer com mais precisão as demandas dos diferentes espaços. Prover
a cidade de espaços para os coletivos mais vulneráveis, como podem ser as
crianças ou os idosos, é uma necessidade para conseguir a equidade ao
direito à cidade.

O espaço público é o lugar-chave para a promoção da convivência entre


gerações. Isto já era explicado em um dos padrões mais clássicos de
Christopher Alexander, que se intitula “Ciclo de vida”. Tomando como
referência as sete idades, desde a infância até a velhice, que
Shakespeare menciona na sua obra Como você quiser (As you like it), uma
vida social e comunitária estará melhor articulada se todas as faixas
etárias convivem e se interrelacionam em equilíbrio, aprendendo umas com
as outras, dado que cada etapa traz consigo determinadas experiências
vitais: em cada uma as pessoas têm algo insubstituível para aportar e
receber da comunidade. Nas grandes cidades, estas relações entre gerações
se romperam porque cada vez mais têm sido adjudicados espaços de relações
específicos para cada ciclo vital: creches para crianças pequenas,
universidades para jovens, residências para idosos. Portanto, é
fundamental potenciar ambientes, edifícios e espaços públicos que possam
recuperar e reforçar estas relações: espaços de jogos e esportes, de
aprendizagem e lazer, de cultura e criatividade. Este argumento da mescla
de ciclos também faz parte do pensamento urbano vitalista de Patrick
Geddes, Lewis Mumford e Jane Jacobs.

Para os idosos, ademais dos lugares tranquilos de passeios e encontros,


com sombra, é necessário que se proponham elementos que potencializem sua
motricidade. Com este objetivo, há alguns anos, começaram a aparecer em
parques e praças da Catalunha equipamentos que conformam uma cadeia de
exercícios físicos e lúdicos. Esta pequena melhora é um grande passo para
o projeto de cidade inclusiva.

Na China encontramos que, apesar da acelerada e desequilibrada


transformação urbana que o país vive, mantém-se a deferência e o respeito
pelo idoso como integrante ativo da sociedade. Tal cultura se reflete nos
espaços e nas atividades propostas nos parques urbanos. Em Shanghai há
grandes parques que preveem espaços para as diversas atividades que se
realizam tradicionalmente, assim como para a prática de atividade física
meditativa. São lugares onde os passeadores de pássaros podem levar suas
gaiolas e pendurá-las nas árvores – prática que ainda pode ser encontrada
em alguns parques de cidades espanholas. Há murais onde são expostas

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páginas dos jornais para que possam ser lidos gratuitamente, ao mesmo
tempo que aparecem propostas mais recentes, como os equipamentos de
atividades físicas para a terceira idade. E quando não há parques
próximos, estes aparelhos são colocados nas ruas das periferias.

Nos parques das cidades espanholas, pensados em função das necessidades


dos futuros usuários, começou a surgir um mobiliário para o exercício
físico, não somente para jovens atletas, mas também para pessoas mais
velhas. Um caso emblemático, que cumpre com o modelo “ciclo vital”, é o
Parque da Torre Lluc, de Gavà (Catalunha, Espanha), onde se conjugam
várias condições favoráveis que o fazem apto para múltiplos tipos de
usuários e em diferentes horários. O primeiro ponto é a localização e a
maneira como se trata o entorno: o recinto do antigo jardim de um casarão
mantém o traçado de seu muro original, sendo a alvenaria substituída por
grades para permitir a relação visual com o passeio urbano (rambla). Por
outro lado, abre-se uma pequena praça, como os squares de Londres,
próxima e a nível de vizinhança, na qual há uma residência para idosos.
Do antigo parque privado mantêm-se as suas características, que se
criaram pelo caminho de ciprestes centenários que marcam o eixo
principal, e a casa original, que hoje é sede de equipamentos públicos.
Na área limitada pelos ciprestes e a entrada, na rambla, localizam-se
várias áreas dedicadas ao brincar, segundo faixas etárias: desde a caixa
de areia para os mais pequenos até as bicicletas estáticas para os mais
velhos, sem esquecer das pirâmides de cordas para que as crianças maiores
possam trepar e aventurar-se. Trata-se de um novo parque que conserva sua
história, que articula espaços e considera a totalidade do público que
poderá utilizá-lo. É, em definitiva, um espaço de qualidade urbana
indispensável para alcançar o direito à cidade.

Parque da Torre Lluc, Gavà, Catalunha, Espanha


Foto divulgação [Regesa Aparcaments i Serveis /
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Tal como exposto, a fim de gerar estes lugares para o relacionamento


intergeracional, primeiramente é necessário incluir aqueles que estão nas
extremidades dos ciclos vitais. Se é agradável e seguro para eles, também
o será para os demais. Neste sentido, não se trata de fazer grandes
transformações, mas sim de ter cuidado e atenção com aspectos básicos
como acessibilidade, proximidade e visibilidade com relação ao
continente/espaço, e com respeito ao conteúdo/elementos, através da
colocação estratégica de ambientes de reunião, com bancos e lugares
tranquilos. Neste sentido, os 48 interiores de quarteirões do Eixample de
Barcelona (6) que foram recuperados para uso público são um grande
exemplo de espaços de proximidade, vitais tanto para as pessoas mais
velhas quanto para as crianças pequenas. Nestes espaços vitais ocorrem,
continuamente, esses diálogos, jogos e troca de olhares entre gerações.

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Interiores de quarteirões do Eixample de Barcelona reconvertidos em jardins


públicos
Foto divulgação [Lameva Barcelona / Ajuntament de Barcelona]

Interiores de quarteirões do Eixample de Barcelona reconvertidos em jardins


públicos
Foto divulgação [Lameva Barcelona / Ajuntament de Barcelona]

A Diputación de Barcelona oferece aos seus municípios (7) a instalação de


um modelo de circuito de jogos que se denomina “Espaço lúdico e de saúde
para a terceira idade”. Este é fornecido, montado e mantido gratuitamente
durante os primeiros três anos pela Diputación de Barcelona. Seu objetivo
é favorecer o exercício e melhorar o nível físico dos idosos, ainda que
também possam ser utilizados por outros coletivos, como as crianças.
Trata-se de um tipo de circuito com mais de uma dúzia de elementos, que

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favorecem os exercícios de pernas, braços e coluna, em definitiva, a
mobilidade e a agilidade, a coordenação motora e visual, a força e o
equilíbrio. Dezenas de municípios da província de Barcelona têm recebido
essas instalações e, com isto, os espaços públicos melhoram as suas
possibilidades de utilização e integração. Eles podem ser encontrados em
uma rua com passeio central, em uma praça ou, como no caso do Parque do
Mil•lenari, em Sant Just Desvern, contíguos a um centro social e centro
de moradias de interesse social para a terceira idade. Deste modo,
configura um elemento mínimo que colabora a complementar a oferta de
atividades públicas.

Espaço lúdico e de saúde para a terceira idade, província de Barcelona


Foto divulgação [Servei d'Equipaments i Espai Públic, Diputació de Barcelona /
www.diba.cat/web/seep/eludic]

Na última década, grande parte das cidades brasileiras implantaram, em


parques, praças e largos, equipamentos para a prática de exercícios
físicos, destinados aos idosos. As conhecidas “academias da terceira
idade” são, por um lado, a aposta dos governos na manutenção preventiva
da saúde dos idosos; por outro, representam um grande avanço no
reconhecimento da sua vida ativa e na sua visibilidade no espaço público.

Na medida em que o nível de envelhecimento da população aumenta nos


países ocidentais, as cidades têm que se adequar e pensar nas
necessidades de uma população que crescerá significativamente na faixa
próxima aos oitenta anos. Neste sentido, a incorporação desses espaços é
o primeiro indício de adequação dos espaços públicos, não somente
utilitários, mas também de relacionamento.

Processos de participação

Na medida que o espaço público não é uma quimera, mas sim um espaço a
construir, a participação da cidadania torna-se cada vez mais imperiosa.

O espaço público clássico foi um espaço dos cidadãos, conceito que


abarcava os habitantes privilegiados da cidade, excluídos os escravos e
as mulheres. Muitas coisas ocorreram desde então e hoje, em sociedades
cada vez mais diversas, o conceito de espaço público é extremamente
complexo. Por este motivo, é necessário pensar em novas fórmulas para
projetá-lo. Os processos de participação para defini-lo são cada vez mais
ineludíveis, dado que geram sentido de pertencimento e de apropriação.
Portanto, para que estes processos sejam eficazes, é necessário um
conjunto de atitudes e aptidões: no mínimo, a consideração mútua e a

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construção de adequados sistemas de comunicação e transmissão de ideias,
entre linguagens que podem ser diferentes ou os valores do quais se podem
compreender e interpretar de maneira diversa, segundo o repertório de
cada um.

Felizmente, cada vez temos mais exemplos de espaços públicos nos quais há
uma participação direta dos futuros usuários, seja através de
participações formais ou informais. Muitas vezes os processos informais
redundam em melhores resultados do que os processos hiperpautados e
sobrepublicitados. O mais importante de um processo de participação é o
diálogo e o respeito, questões que podem parecer banais, mas que muitas
vezes estão ausentes. Um processo de participação não implica que sejam
cidadãs e cidadãos os que realizem o projeto; no entanto, este tópico é
uma das principais travas a esse tipo de processo de democratização, no
qual se menciona a perda do papel dos profissionais e técnicos.
Poderíamos dizer que a participação consiste, em primeiro lugar, em poder
conseguir a melhor informação sobre o lugar que deve ser trabalhado, dado
que aqueles que o habitam e frequentam diariamente são os conhecedores
máximos, que podem explicar o que falha e o que é mais adequado. Em
consequência, a partir dos conhecimentos técnicos será possível oferecer
melhores soluções para os problemas e levá-los a consenso.

A participação é o exercício de um dever e de um direito, o dever de ser


responsáveis pelo nosso entorno e o direito democrático da participação
na questão pública. É essencial que essa aprendizagem ocorra desde a
infância. Nesse sentido, é necessário reconhecer o valor do programa
“Fazemos um jardim”, que está sendo implantado na cidade de Granollers
(Catalunha, Espanha), coordenado pelo vereador Albert Camps, para que os
estudantes dos dois últimos cursos do ensino básico, em cooperação com a
prefeitura e os seus serviços técnicos, colaborem para criar um espaço
público contíguo ao seu centro escolar. O projeto do espaço público é
trabalhado como parte da matéria de síntese, onde os estudantes realizam
de maneira dialogada e acordada todo o trabalho que começa com o programa
de acompanhamento do projeto e construção, chegando até os planos,
alvarás e questões prévias ao começo da obra. Trata-se de um sistema de
pequenos espaços públicos, como o Parque das Cinco, os Jardins de Fátima,
Can Gili ou o Parque da Mediterrânea, que constituem elementos essenciais
para se aproximar dos espaços do dia a dia das crianças pequenas. Para
conquistar este objetivo que promove o desenvolvimento dos jovens, seu
sentido de pertencimento e de conhecimento da história, trabalham em
contato com a comissão municipal de nomenclaturas para que seja possível
chegar a um acordo quanto aos nomes de cada novo espaço público.

Outro exemplo modelo é o da Praça de Pius XII em Sant Adrià del Besòs
(Catalunha, Espanha), no qual dois arquitetos, Eva Prados e Ricardo
Flores, aceitaram a sugestão da prefeitura de estabelecer um diálogo com
a vizinhança. Com a colaboração do secretário municipal de urbanismo,
Joan Callao, entenderam que o sucesso futuro desse espaço público como
lugar de relações dependia de que os vizinhos se apropriassem dele. A
praça, com orientação norte, tem como fachada um grande edifício
residencial que lhe faz sombra. É um espaço de conexão e passagem entre
zonas esportivas e as moradias que se situam cruzando a Gran Via. A
decisão do projeto de unir a praça ao edifício existente, como uma
transição ao espaço privado, e eliminar a rua que separava os dois
espaços, potenciou o diálogo e combinou características, usos e áreas:
uma praça sem cantos, sem barreiras arquitetônicas, com áreas infantis,
quiosques, bancos que não fossem de concreto, três zonas de
estacionamento para motos, iluminação adequada, eucaliptos, flores etc.

Dois episódios do processo de realização da Praça Pius XII demonstram,


por um lado, os valores simbólicos que inclusive um aparente não-lugar
como aquele pode representar para seus usuários e, por outro, o sentido
de pertencimento que é gerado. No primeiro caso, graças ao diálogo,
souberam que umas palmeiras que seriam retiradas da praça tinham sido
plantadas por uma moradora para comemorar o nascimento de cada um dos

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seus filhos. Por esse motivo, aquilo que parecia uma questão menor,
transformou-se em um fato simbólico de primeira importância. No segundo
caso, durante a obra, os vizinhos foram os olhos dos arquitetos in lócus,
avisando quando a construção se afastava daquilo que tinha sido
projetado. O projeto continuou sendo dos arquitetos, mas como os vizinhos
foram ouvidos e considerados desde o momento de elaboração do projeto,
apropriaram-se do espaço antes mesmo dele existir e também uma vez
acabadas as obras (8).

Praça Pius XII, Sant Adrià del Besòs, Barcelona, 2004


Foto Alex García [MASSAD, Fred; GUERRERO YESTE, Alicia. Flores e Prats.
Sensibilidade no pragmatismo]

Desde a criação do Estatuto da Cidade, em 2001, a participação


comunitária foi institucionalizada nos processos que discutem o
desenvolvimento urbano no Brasil. No entanto, na prática, muitas vezes
essa participação é mais uma formalidade do que uma realidade, dada a
maneira como é realizada. Em um contexto onde a população não compreende
o objetivo de sua participação, representantes do capital e do mercado
imobiliário não perdem a oportunidade de fazerem valer seus interesses,
os técnicos municipais temem a “interferência” dessa participação e o
governo faz vista grossa ao desenvolvimento do processo, poucos avanços
são efetivamente alcançados.

Os exemplos mencionados demonstram como os processos de participação são


variados e funcionam de forma ad hoc – com determinada finalidade e sobre
a realidade e circunstâncias. Não é válido um modelo que se reproduza
porque as realidades são variadas. De um bom diálogo surgem melhores
soluções: a raiz de perguntas derivadas de necessidades reais e
concretas, e de propostas pelos coletivos envolvidos diretamente no caso.
A informação obtida nesses processos não é substituível e, ainda que não
seja a única, é tão necessária como ter uma boa e atualizada base
planimétrica. A participação das pessoas que conhecem o bairro nos ensina
que esta base técnica, que se pressupõe perfeita, muitas vezes está
desfasada da realidade sociocultural do lugar. Portanto, é necessário
comprovar que as diversas experiências derivadas das diferentes pessoas
sobre um mesmo lugar determinam reconhecimentos e mapas distintos, não
contraditórios, mas sim complementares. Não há uma única maneira de
entender um lugar e os planos técnicos são somente uma das maneiras de
interpretá-lo, mas não a única, nem a mais correta, nem neutra.

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Para finalizar este texto sobre o direito ao espaço público, devemos
recordar que o espaço público está em contínua redefinição, com centenas
de soluções diferentes. Às vezes é palco de conflito e de controle, mas
também é o lugar essencial do diálogo, do intercâmbio e das relações
entre as pessoas. É o espaço urbano por excelência, sempre diverso,
sempre em evolução. E todos os cidadãos e cidadãs de qualquer idade e
cidade devem poder desfrutar plenamente desses espaços urbanos.

notas

NA – O artigo se baseia no texto de Josep Maria Montaner, “El dret a l’espai


públic: principis i exemples”, escrito em catalão, como um capítulo do livro
“El dret a la ciutat”, publicado pelo Institut de Drets Humans de Catalunya, em
2011. O presente artigo é fruto da tradução ao português, resumo, atualização,
adaptação à realidade brasileira e ilustrações de Marina Simone Dias.

1
DÖLL, Henk (Org.). LEFAIVRE, Liane. Ground-up city. Play as a design tool.
Rotterdam, 010 Publishers, 2007.

2
TONUCCI, Francesco. La città dei bambini. Un modo nuovo di pensare la città.
Bari, Laterza, 2005.

3
Website Carona a pé. Caminhando juntos até a escola. São Paulo,
2017<http://caronaape.com.br>.

4
Com “equipamentos lúdicos tradicionais”, faz-se referência aos brinquedos de
ferro tubular colorido: escorregador, balanço, gangorra, trepa-trepa etc.

5
Casos recentes de estupro coletivo reabriram o debate sobre a existência da
chamada “cultura do estupro” no Brasil. Segundo dados do IPEA de 2011, há pelo
menos 527 mil casos de estupro anualmente no país. Já a pesquisa realizada em
2015 pelo Datafolha, a pedido do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, em 84
municípios brasileiros com mais de 100 mil pessoas, revelou que 90% da
população feminina teme ser vítima de agressão sexual.

6
LAMEVA BARCELONA. Interiors d'illa. Barcelona, Ajuntament de Barcelona, 2016
<http://lameva.barcelona.cat/eixample/ca/home/interiors-dilla>

7
A Diputació de Barcelona é um órgão governamental que abarca 311 municípios da
província de Barcelona, o que representa 24% da área total da Catalunha.

8
Recentemente a Prefeitura de Sant Adrià aprovou a mudança de nome da praça Pius
XII a Germans Riules, por demanda da população recolhida pela secretária de
Participação Cidadã, Isabel Marcuello. A vontade da população foi homenagear
dois irmãos que anos atrás trabalharam na prefeitura e morreram jovens.

referências de imagens

MARTINHO, Joana Isabel Pereira. O espaço da criança na cidade: um estudo


crítico a partir da experiência de Aldo van Eyck. Dissertação de mestrado em
Arquitetura. Porto, Universidade do Porto, 2014.

MASSAD, Fred; GUERRERO YESTE, Alicia. Flores e Prats. Sensibilidade no


pragmatismo. Drops, São Paulo, ano 06, n. 013.09, Vitruvius, dez. 2005
<www.vitruvius.com.br/revistas/read/drops/06.013/1673>.

http://www.vitruvius.com.br/revistas/read/arquitextos/17.203/6517 16/17
06/02/2018 arquitextos 203.02 espaço público: O direito ao espaço público | vitruvius

sobre os autores

Josep Maria Montaner é arquiteto, doutor e catedrático e da Escola de


Arquitetura de Barcelona ETSAB UPC e autor de diversos livros sobre Arquitetura
e Urbanismo.

Marina Simone Dias é arquiteta urbanista (UFMG, 2000), doutora pela Escola de
Arquitetura de Barcelona ETSAB UPC (2014) e pesquisadora de pós-doutorado da
UFES (2015-2016).

http://www.vitruvius.com.br/revistas/read/arquitextos/17.203/6517 17/17

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