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13 e 14 de dezembro de 2018
Coordenadores:
Felipe Chiarello de Souza Pinto
Valter Moura do Carmo
Organização:
Yuri Nathan da Costa Lannes
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ISBN: 978-85-5505-743-4
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COORDENAÇÃO GERAL
Arthur Bezerra de Souza Junior (Mackenzie/UNINOVE)
Caio Augusto Souza Lara (Dom Helder Câmara/UFMG)
Elisângela Volpe dos Santos (ANPG)
Felipe Chiarello de Souza Pinto (Mackenzie)
Livia Gaigher Bosio Campello (UFMS)
Mariana Ribeiro Santiago (UNIMAR)
Marianny Alves (UFMS)
Stephanie Dettmer Di Martin Vienna (UNINOVE)
Tais Ramos (Mackenzie/UNINOVE)
Valter Moura do Carmo (UNIMAR)
Vladmir Oliveira da Silveira (UFMS)
Welington Oliveira de Souza Costa (UFMS)
Yuri Nathan da Costa Lannes (FEPODI/Mackenzie)
ORGANIZADORES
Ana Carolyne Barbosa Tutya (UFMS)
Angela Jank Calixto (UFMS)
Eduardo Buzetti Eusteaquio (UNIMAR)
Elisângela Volpe dos Santos (ANPG)
Gustavo Santiago Torrecilha Cancio (UFMS)
Hélder Marcelino (UFES)
Igor Gomes Duarte dos Santos (UFMS)
Leandro André Francisco Lima (UNINOVE)
Lucas Pires Maciel (UNIMAR)
Mariana Amaral Carvalho (UFS)
Marianny Alves (UFMS)
Roberto Kosop (UNICURITIBA)
Stephanie Dettmer di Martin Vienna (UNINOVE)
Thiago Antunes Rezende (UNINOVE)
Wagner Gundim (PUC-SP)
Wellington Oliveira Costa (UFMS)
Yasmin Dolores de Parijós Galende (Centro Universitário do Pará)
Yuri Nathan da Costa Lannes (Mackenzie)
COORDENAÇÃO CIENTÍFICA
Felipe Chiarello de Souza Pinto (Mackenzie)
Valter Moura do Carmo (UNIMAR)
CONSELHO CIENTÍFICO
Álisson José Maia Melo (UNISETI)
Elisaide Trevisam (UFMS)
Eudes Vitor Bezerra (UNINOVE)
Felipe Chiarello de Souza Pinto (Mackenzie)
Fernando Gustavo Knoerr (UNICURITIBA)
Jonathan Barros Vita (UNIMAR)
Kiwonghi Sebastiam Bizawu (Dom Helder)
Leonardo José Peixoto Leal (UNIFOR/FAVILI)
Livia Gaigher Bosio Campello (UFMS)
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A532
Anais do VI Congresso Nacional da FEPODI [Recurso eletrônico on-line] organização VI
Congresso Nacional da FEPODI – São Paulo;
Coordenadores: Yuri Nathan da Costa Lannes, Felipe Chiarello de Souza Pinto e Valter
Moura do Carmo – São Paulo, 2018.
Inclui bibliografia
ISBN: 978-85-5505-743-4
Modo de acesso: www.fepodi.org
Tema: Pós-graduação, desenvolvimento e tecnologia
CDU: 34
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Sumário
ACESSO À JUSTIÇA........................................................................................................................... 7
DIREITO ADMINISTRATIVO, PREVIDENCIARIO E SEGURIDADE SOCIAL ........................ 61
DIREITO AMBIENTAL, GLOBALIZAÇÃO E SUSTENTABILIDADE I ..................................... 107
DIREITO AMBIENTAL, GLOBALIZAÇÃO E SUSTENTABILIDADE II .................................... 170
DIREITO CIVIL I ............................................................................................................................... 232
DIREITO CIVIL II .............................................................................................................................. 279
DIREITO CONSTITUCIONAL, DEMOCRACIA E CIBERDEMOCRACIA I ............................. 328
DIREITO CONSTITUCIONAL, DEMOCRACIA E CIBERDEMOCRACIA II ............................ 370
DIREITO DO TRABALHO E PROCESSO DO TRABALHO ...................................................... 434
DIREITO EMPRESARIAL, DIREITO DO CONSUMIDOR E NOVAS TECNOLOGIAS ........ 498
DIREITO INTERNACIONAL ........................................................................................................... 561
DIREITO PENAL E CRIMINOLOGIA I .......................................................................................... 610
DIREITO PENAL E CRIMINOLOGIA II ......................................................................................... 654
DIREITO POLÍTICO E ECONÔMICO ........................................................................................... 703
DIREITO TRIBUTARIO E PROCESSO TRIBUTARIO............................................................... 758
DIREITO, EDUCAÇÃO E METODOLOGIAS DO CONHECIMENTO...................................... 778
DIREITOS DA CRIANÇA, ADOLESCENTE, IDOSO E ACESSIBILIDADE............................ 805
DIREITOS HUMANOS I .................................................................................................................. 846
DIREITOS HUMANOS II ................................................................................................................. 899
DIREITOS HUMANOS III ................................................................................................................ 961
FILOSOFIA E SOCIOLOGIA JURÍDICA/HERMENEUTICA JURIDICA/DIREITO, ARTE E
LITERATURA .................................................................................................................................. 1024
PROCESSO CIVIL ......................................................................................................................... 1096
PROCESSO PENAL ...................................................................................................................... 1152
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Grupo de trabalho:
ACESSO À JUSTIÇA
Trabalhos publicados:
Abstract: Conflicts of interest today are characterized by the urgency and the need for
fast, effective and accessible solutions that, in today's world, are enhanced by digital
means of communication. In this context, this essay, in a dialectical way, proposes the
study of online conciliation as an Electronic Environment for Conflict Resolution -
MESC, analyzing the evolution of technological means and its use by society, in
addition to the issues experienced in the day- to-day, in order to make it possible to
use it as a tool for pacification of controversies, showing, in the end, its advantages,
given the speed and accessibility provided by this method, despite the disadvantages
inherent in the communication medium necessary for the use of this digital platform.
Keywords: Access to justice. Conflict resolution. Online Conciliation.
INTRODUÇÃO
1
A exemplo da promulgação do novo Código de Processo Civil, imposta pela Lei nº 13.105, de 16 de março de 2015, a suspensão
dos débitos sucumbenciais representam forma de relativização da gratuidade da justiça e podem representar custo que, antes
da vigência da lei federal, não se impunha. Da mesma forma, a reforma trabalhista traduzida pela Lei nº 13.467, de 13 de julho
de 2017, ao estabelecer a sucumbência recíproca, aponta o esvaziamento dos fóruns trabalhistas. No entanto, o sintoma pode
indicar, na verdade, o afastamento da resolução do conflito por meio da jurisdição e o consequente aumento da tensão social
que compõe as relações trabalhistas.
2
Nesse sentido, o acesso à Justiça como um princípio constitucional pode assim ser entendido a partir da interpretação do
artigo 5º, incisos XXXV (“a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito”), XXXIV, alínea a
(“são a todos assegurados, independentemente do pagamento de taxas [...] o direito de petição aos Poderes Públcos em
defesa de direitos ou contra ilegalidade ou abuso de poder”), da Constituição Federal.
3
Artigo 170 e 193 da Constituição Federal.
10
4
Nos termos da Resolução nº 125, de 29 de novembro de 2010, do Conselho Nacional de Justiça (CNJ). “Dispõe sobre a Política
Judiciária Nacional de tratamento adequado dos conflitos de interesses no âmbito do Poder Judiciário e dá outras providências”.
5
“[...]justiça como valores supremos de uma sociedade fraterna, pluralista e sem preconceitos, fundada na harmonia social e
comprometida, na ordem interna e internacional, com a solução pacífica das controvérsias [...]”. (Preâmbulo da Constituição
Federal, grifou-se)
6
Voltada a litígios patrimoniais, regulada pela Lei nº 9.307, de 23 de setembro de 1996, a arbitragem constitui instrumento
efetivo alternativo à jurisdição. No entanto, apesar de não ser o foco do presente ensaio, verifica-se que tal instituto tem sido
utilizado como barreira à jurisdição, muitas vezes imposta ao particular em razão de adesão a determinados serviços, como
educação privada, prestação de serviços etc.
11
A CONCILIAÇÃO ON-LINE
7
Diz-se do processo de discussão conjunta entre as partes a partir dos seus méritos, em busca de um objetivo comum.
(FISHER; URY; PATTON, 2005, p.101)
8
Disponível em: < http://www.vamosconciliar.com/>. Acesso em: 12 out.2018.
9
Disponível em: <http://www.conciliadoronline.com.br/>. Acesso em: 12 out.2018.
10
Disponível em: <https://www.concilie.com.br/>. Acesso em: 12 out.2018.
13
CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS
INTRODUÇÃO
que de certo modo é incongruente com o fato de já ter sido o Brasil a 6ª maior
economia do mundo. Tal constatação reflete que o Brasil ainda não conseguiu garantir
aos seus cidadãos sequer direitos mínimos.
Os direitos sociais são direitos tidos como prestacionais e como tal, reclamam
do Estado ações positivas, contudo, sob argumento de escassez orçamentária, são
por vezes não implementados. É indiscutível que a concretização de tais direitos exige
um alto investimento do Estado, servindo a escassez de recursos como alegação para
a impossibilidade de concretização dos direitos sociais, através da chamada teoria da
reserva do possível.
Destarte, Caliendo conceitua a reserva do possível:
4
Tradução livre: “judicialização de direitos sociais - o grande e crescente volume de ações judiciais envolvendo direitos sociais
que chegam aos tribunais diariamente em todo o Brasil - alcançou significativo (e para muitos, preocupante) proporções”.
21
CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS
5
Em 2015, as despesas totais do Poder Judiciário foram de R$ 79,2 bilhões equivalente a 1,3% do PIB ou R$ 387, 56 por
habitante conforme dados do CNJ no relatório Justiça em Números 2016. Disponível em http://cnj.jus.br/programas-e-acoes/pj-
justica-em-numeros.
22
Abstract: Investigate the new paradigms established by Law 13467 of July 13, 2017
and the existence of a violation of the constitutional guarantee of access to justice,
based on the analysis of the procedural changes regarding the change of the
requirements for granting the benefit of free justice; payment of expert fees; payment
of costs in the event of dismissal due to the absence of the employee at the hearing;
implementation of the annual discharge model of the individual labor contract; signing
of the annual disbursement of labor obligations and insertion of an arbitration clause
in an individual contract for certain employees, insofar as legislative changes not only
impact on the guarantee of rights, the precariousness of labor relations and the
violation of material labor rights, but represent a social setback in terms of
guaranteeing social rights and procedural prerogatives that facilitate access to the
rights earned by workers.
Keywords: Access to Justice. Labor Reform. Labor Process.
INTRODUÇÃO
Trata-se de uma das garantias mais importantes do cidadão, uma vez que,
modernamente, a acessibilidade ao Judiciário é um direito fundamental de
qualquer pessoa para efetivação de seus direitos. De outro lado, não basta
apenas a ampla acessibilidade ao Judiciário, mas também que o
procedimento seja justo e que produza resultados (efetividade) (SCHIAVI,
2017, p.16).
porte (art. 8º, §1º, inc. II, Lei nº 9099/95) também estão isentos do pagamento de
despesas processuais.
As normas processuais trabalhistas devem ser examinadas a partir do princípio
da proteção ao trabalhador, não se podendo olvidar que as reclamações trabalhistas
são propostas, como regra, por trabalhadores hipossuficientes que devem ter
garantidos recursos para o amplo acesso à jurisdição. Suscita-se que o legislador
reformista enrijeceu os requisitos para obtenção do benefício da justiça gratuita uma
vez que, anteriormente, bastava a declaração de pobreza prestada pelo trabalhador
para que o benefício fosse concedido.
CONCLUSÃO
gratuidade da justiça, podendo ter esse valor ser abatido de créditos eventualmente
obtidos, ainda que em outros processos.
Assim, as modificações legislativas da reforma trabalhista criam barreiras ao
acesso à justiça, tornam ainda mais precária as relações de trabalho e violam direitos
materiais trabalhistas, impondo-se a discussão sobre os novos paradigmas
processuais, a fim de ser preservada a autonomia do direito processual do trabalho e
garantia dos direitos sociais, notadamente o direito material trabalhista.
REFERÊNCIAS
INTRODUÇÃO
O MULTICULTURALISMO
nos revela tal posicionamento: regula a situação jurídica dos índios ou silvícolas e das
comunidades indígena, com o propósito de preservar a sua cultura e integrá-los
(BRASIL, 1973).
Foi só através da Constituição Federal (BRASIL, 1998) que se perceberam os
primeiros contornos de uma perspectiva diferente, quando, em seu artigo 231, veio
defender reconhecidos aos índios sua organização social, costumes, línguas, crenças
e tradições, e os direitos originários sobre as terras que tradicionalmente ocupam,
tornando-se um marco importante para a introdução e aceite do multiculturalismo no
ordenamento jurídico brasileiro.
Todavia, não há como reconhecer aos índios suas organizações sociais, sem
reconhecer seus sistemas jurídicos próprios, por isso, foi só através da ratificação da
Convenção 169 da OIT, que o Brasil comprometeu-se a mudanças mais profundas.
Tal Convenção se apresenta até os dias de hoje como um dos instrumentos mais
importantes ao reconhecimento do pluralismo jurídico. Destaca-se a importância de
seu artigo 8.1, o qual define que ao aplicar-se a legislação nacional aos povos
interessados, deverão ser levados em consideração seus costumes ou seu direito
consuetudinário e, nos termos do artigo 9.1, na medida em que isso for compatível
com o sistema jurídico nacional e com os direitos humanos internacionalmente
reconhecidos, deverão ser respeitados os métodos aos quais os povos interessados
recorrem tradicionalmente a repressão dos delitos cometidos pelos seus membros
(OIT, 1989).
A inserção do pluralismo jurídico é a própria expressão da multiculturalidade de
uma nação, nas palavras de Rangel, o pluralismo jurídico é quem “acepta lo diverso,
lo distinto, pero sin perder lo esencial de la juridicidad, lo que le da sentido en última
instancia, lo que le permite ser Derecho: la justicia”1 (RANGEL, 2013).
Em seguinte, a afirmação do reconhecimento do pluralismo jurídico pelo
ordenamento brasileiro tornou-se mais expressa a partir da ratificação da Declaração
das Nações Unidas sobre os Direitos dos Povos Indígenas. Luciano Moura Maciel
(2016) aduz que tal declaração é um hodierno instrumento jurídico internacional
fundamental para o reconhecimento do direito e da justiça indígena. Sua inovação se
resume ao artigo 40, o qual garante o direito a procedimentos justos e equitativos a
solução de controvérsias entre os povos com os Estados ou outras partes, assim como
garantem que tais decisões tomarão devidamente em consideração os costumes, as
tradições, as normas e os sistemas jurídicos dos povos indígenas interessados (ONU,
2007).
Por fim, em contexto mais recente, tais políticas continuam sendo reafirmadas,
tal como assinalado em recente Declaração Americana sobre os Direitos dos Povos
Indígenas, aprovada pela Assembleia Geral da Organização dos Estados Americanos
(OEA), tendo dedicado seu artigo XXII a defesa do direito e da jurisdição indígena e o
seu reconhecimento em ordem jurídica nacional, regional e internacional (OEA,2016),
ratificando a garantia ao direito e justiça indígena no Ordenamento Jurídico Brasileiro.
O ACESSO À JUSTIÇA
1“Aceita o diverso, o distinto, mas sem perder o essencial da juridicidade, o que lhe dá sentido em última instância, o que a
permite ser Direito: a justiça”.
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conflitos em que alguém alegue lesão ou ameaça de direito. Assim, o cidadão, por
meio do direito de acesso à justiça, vale dizer, direito de ação, postulará a tutela
jurisdicional ao Estado.
Cabe ressaltar, porém, que segundo Wolkmer (2003), o pluralismo jurídico
multicultural insere tal discussão do acesso à justiça no plano da sociologia jurídica,
garantindo que ocorra a superação do anterior discurso processualista no trato do
tema: o acesso à justiça passa a funcionar, então, como instrumento ético de
realização não de ação, mas propriamente da justiça, e será dessa nova relação que
decorrerá o surgimento teórico das formas plurais de acesso à justiça.
Segundo Luciano Moura Maciel, na reflexão sobre o acesso à Justiça no Brasil,
não basta pensar tão somente no livre acesso do cidadão, especialmente no que
condiz à realidade dos povos indígenas, pois o acesso em si não significa decisões
mais justas, plurais, emancipatórias e interculturais, mas pode significar a reprodução
de uma relação do Estado-Juiz com os povos indígenas de forma colonial, monista e
preconceituosa, que pode mais vir a negar direitos, do que propriamente reconhecê-
los e efetivá-los (MACIEL,2016).
De acordo com esse novo conceito de acesso à justiça, é necessário que haja
o acesso a uma ordem jurídica justa, a importância do pluralismo jurídico enquanto
teoria para se pensar o acesso à justiça é a inserção de participação e
descentralização no plano da administração estatal jurídica, permitindo a realização
do ideal de justiça social, oportunidades equitativas às partes do processo,
participação democrática e tutela jurisdicional efetiva.
O acesso à justiça não pode se resumir à mera admissão ao processo, ou ainda
a simples possibilidade de ingresso em juízo, logo, uma esfera alternativa indígena
adquiriria uma importante dimensão nessa inter-relação entre pluralismo jurídico e
acesso à justiça, uma vez que abrange canais tradicionalmente desconsiderados pela
abordagem convencional do tema.
são os sujeitos históricos e culturais e quais são os direitos e interesses em risco, para
que se haja a proteção dos direitos coletivos pertencentes a tais grupos, ao invés da
livre interpretação de um jurista carregado de uma visão monocultural acerca, a
exemplo, da preservação da propriedade privada.
A violação do direito de acesso à justiça não se consubstancia apenas na
inexistência de uma jurisdição indígena para que os povos nativos julguem os conflitos
em suas áreas e em acordo aos seus costumes, como também, é violado por meio
do, ainda que difícil, acesso a uma justiça estatal com ínfima compreensão de tais
direitos multiculturais, sua historicidade, do processo colonial de destruição de suas
culturas, suas práticas sociais e modos de vida.
2 “As nações e povos indígenas originários campesinos exercerão suas funções jurisdicionais e sua competência através de
suas autoridades, e aplicarão seus princípios, valores culturais, normas e procedimentos próprios”.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
3 “As autoridades das comunidades, povos e nacionalidades indígenas exercerão funções jurisdicionais, com base em suas
tradições ancestrais e seu direito próprio, dentro de seu âmbito territorial, com garantia e participação e decisão das mulheres.
As autoridades aplicarão normas e procedimentos próprios para a solução de seus conflitos internos, no que não sejam contrários
a Constituição e aos direitos humanos reconhecidos em instrumentos internacionais”.
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REFERÊNCIAS
Abstract: Considering that the effectiveness of the access to justice doesn’t only
includes the possibility of appealing to the legal system, but also to provide
informations about the rights and duties, this work pursuits to analyze the jurisdicition
that has been offered to the riverside community of Bailique’s Archipelago, assisted by
the itinerant justice and promoted by the State Court of Justice of Amapá (TJAP) -
highlighted as the pioneer of the itinerant projects in Brazil. The research’s
methodology is summarized in a bibliographical and statistical survey about the
quantity and nature of the processes involving the riverside dwellers, followed by a
qualitative analysis of these processes. The evaluations indicate that 66% of the
conflits are related to family issues, while 34% are about patrimonial issues. The TJAP
has guaranteed the access to justice as a right of joining into the court, but not as an
instrument of legal capacity building and understanding of rights.
1 INTRODUÇÃO
2 O ACESSO À JUSTIÇA
1
A expressão “jornada itinerante” é utilizada no âmbito do tribunal para designar as viagens realizadas pela equipe de
servidores.
2
TJAP. Arquipélago do Bailique receberá 130ª Jornada Fluvial do Programa Justiça Itinerante na segunda-feira. Disponível em:
<http://www.tjap.jus.br/portal/publicacoes/noticias/7511-arquip%C3%A9lago-do-bailique-receber%C3%A1-130%C2%AA-
jornada-fluvial-do-programa-justi%C3%A7a-itinerante-na-segunda-feira.html>. Acesso em: 30 de agosto de 2018.
3
TJAP. 132ª Jornada Fluvial no Arquipélago do Bailique vai levar serviços jurisdicionais e de cidadania à região. Disponível
em: <http://www.tjap.jus.br/portal/publicacoes/noticias/7806-justi%C3%A7a-itinerante-inicia-calend%C3%A1rio-de-atividades-
do-2%C2%BA-semestre-com-jornada-fluvial-no-arquip%C3%A9lago-do-bailique.html>. Acesso em: 30 de agosto de 2018.
41
4
TJAP. Resolução nº 023/2005-TJAP. Disponível em:
<http://www.tjap.jus.br/portal/images/justica_itinerante_2005_023_tjap.pdf>. Acesso em: 30 de agosto de 2018.
43
4 CONCLUSÃO
Por meio da pesquisa realizada, foi possível perceber que diante da crise do
Poder Judiciário, a justiça itinerante se tornou um mecanismo bastante eficiente de
promoção do acesso à justiça, mas que ainda precisa ser aperfeiçoado pelos tribunais.
O TJAP tem assumido uma posição vanguardista nesse ponto e tem expandido
cada vez mais a prestação de seus serviços para as localidades mais longínquas do
estado do Amapá, tanto pela via terrestre quanto fluvial. A justiça itinerante fluvial, em
específico, atende uma comunidade tradicional da Região Norte, que foi
historicamente excluída da política de acesso à justiça adotada pelo estado brasileiro.
Os ribeirinhos, assim como toda e qualquer comunidade, possuem litígios
próprios e demandas reprimidas comuns ao dia a dia. O projeto de itinerância
desenvolvido pelo TJAP tem sido bastante importante para a solução dos conflitos
existentes no Arquipélago do Bailique. Não obstante, o projeto também tem
45
REFERÊNCIAS
Abstract: The present work seeks realease an approach around the area of focus of
access to justice by means of the social rights, through the use of algorithms in counter-
hegemonic perspective. It discusses to what extent technologies, in the instrumental
sense of the word, are perceived as possible ways of promoting the access to justice
and solution of conflicts. The present work also aims to verify the way in which the
perception of access to justice has been developed over the years, from its renewal
waves, and how the big data emerges as a new technology that is attuned to its
conjuncture, as well as to the algorithmic discussion.
Keywords: Access to Justice; Algorthm; Big data.
1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS
que é viável o seu uso contra hegemônico, associado à noção do acesso à justiça
pela via dos direitos sociais, por intermédio da programação de fluxos de dados que
viabilizariam a conscientização digital. Como meio tecnológico de alcançar a efetiva
justiça nas diversas áreas de efetivação dos direitos sociais percebe-se a possível
atuação do poder público. Isto seria possível a partir do desenvolvimento de
aplicativos que atuariam nos setores da educação, por exemplo, efetivando o uso
contra-hegemônico das tecnologias digitais pelos mecanismos que o big data oferece.
REFERÊNCIAS
BARROSO, Alessandra Soares; LARA, Caio Augusto Souza. O big data como uma
nova onda de acesso material à justiça. Disponível em:
>https://www.conpedi.org.br/ publicacoes/z307l234/25tf4rnv/QHR89sjIVzAwIiPc.pdf<.
Acesso em: 22/10/2018.
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Justiça”: epistemologia versus metodologia?. Disponível em: <://gajop.org.br/
justicacidada/wp-content/uploads/Lendo-as-Ondas-do-Movimento-de-Acesso-aa-
Justica .pdf>. Acesso em: 22/10/2018.
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FLORES, Paulo. O que a Cambridge Analytica, que ajudou a eleger Trump, quer
fazer no Brasil. Nexo Jornal, 2018. Disponível em: >
https://www.nexojornal.com.br/expresso/2017/12/08/O-que-a-Cambridge-Analytica-
que-ajudou-a-eleger-Trump-quer-fazer-no-Brasil<. Acesso em: 23/10/2018.
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INTERNATIONAL DATA CORPORATION. The 2011 Digital Universe Study:
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SENA, Adriana Goulart de, Orsini; LEME, Ana Carolina Reis Paes. Acesso
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(Org.). Reflexões acerca do Acesso à Justiça pela via dos direitos. 1. Ed. Belo
Horizonte: D’Plácido Editora, 2018, p. 189-210.
WITKER, Jorge. Como elaborar una tesis en derecho: pautas metodológicas y
técnicas para el estudiante o investigador del derecho. Madrid: Civitas, 1985.
51
Resumo: O tema do acesso à justiça faz repensar formalismos do processo civil junto
à ideia de uma justiça social. O processualista deve pensar não apenas no processo
isoladamente, e sim num contexto mais amplo. Deve estar voltado para a finalidade
de um processo social. Acesso à justiça não é necessariamente a prestação da tutela
estatal através do Judiciário. O verdadeiro acesso à justiça é aquele que possibilita o
acesso à dignidade do ser humano. Nesse sentido, várias causas dificultam uma real
efetividade de acesso à justiça. Em uma primeira ordem, dentre outras, temos o custo
e a duração do processo. Ainda dentro da operosidade, encontram-se instrumentos
ou meios processuais que melhor executam a produção dos resultados, e um deles é
a conciliação. Os equivalentes jurisdicionais são um meio de garantir uma rápida
solução para as partes. A conciliação, a mediação e a arbitragem se mostram eficazes
nas causas trabalhistas?
Palavras-chave: acesso à justiça; conflitos trabalhistas; soluções alternativas.
Abstract: The issue of access to justice rethinks civil process formalisms along with
the idea of social justice. The proceduralist must think not only of the process alone,
but of a broader context. It should be geared towards the purpose of a social process.
Access to justice is not necessarily the provision of state tutelage through the judiciary.
True access to justice is one that allows access to the dignity of the human being. n
this sense, several causes make it difficult to effectively access justice. In a first order,
among others, we have the cost and duration of the process. Still within the operosity,
are instruments or procedural means that better execute the production of the results,
and one of them is the conciliation. Judicial equivalents are a means of ensuring a
speedy settlement for the parties. Are conciliation, mediation and arbitration effective
in labor cases?
Key words: access to justice; labor conflicts; alternative solutions.
INTRODUÇÃO
1 MARINONI, L. G. Novas linhas de processo civil. São Paulo: Ed. Malheiros, 1996.
2 Destaca-se: “Por isso é que se diz que o processo deve ser manipulado de modo a propiciar às partes o acesso à justiça, o
qual se resolve, na expressão muito feliz na doutrina brasileira recente em “acesso à ordem jurídica justa”. ARAÚJO
CINTRA, Antônio Carlos de [et al.]. Teoria Geral do Processo. 18. ed. – São Paulo: Malheiros, 2002, p. 33.
3 Vale destacar as palavras de Kazuo Watanabe ao tratar dos Juizados Especiais: (WATANABE, Kazuo, in FIUZA, César
Augusto de Castro, SÁ, Maria de Fátima Freire de e DIAS, Ronaldo Brêtas C. (Coordenadores). Temas atuais de Direito
Processual Civil. – Belo Horizonte: Del Rey, 2001, Texto: Relevância Político-Social dos Juizados Especiais Cíveis
(sua finalidade maior), p. 207): “É importante que se firme, em todo o país, o microssistema de Juizados Especiais com as
características corretas acima mencionadas, que efetivamente proporcione a facilitação do acesso à Justiça pelo cidadão
comum, principalmente pelos mais humildes, e possibilite uma prestação jurisdicional efetiva, adequada e
tempestiva.” (grifos nossos).
4
Variação Percentual dos Processos Conciliados (site consultado em 25/10/2018: http://www.tst.jus.br/conciliacoes1).
5
Site consultado em 15/10/2018: www.tst.gov.br
53
DESENVOLVIMENTO
6
Nessa esteira de raciocínio César Augusto de Castro Fiuza (FIUZA, César Augusto de Castro, SÁ, Maria de Fátima Freire
de e DIAS, Ronaldo Brêtas C. (Coordenadores). Temas atuais de Direito Processual Civil. – Belo Horizonte: Del Rey,
2001, Texto: Formas alternativas de solução de conflitos, p. 91): “Geralmente, as partes tentam, primeiro, chegar por si
mesmas a um acordo, para só então, frustrada esta tentativa, procurar seus advogados, a fim de demandar.”
7 CAPPELLETTI, Mauro. Acesso à Justiça. Tradução de Ellen Gracie Northfleet. Porto Alegre: Fabris, 1988, p. 12 e 13.
54
Nesta esteira, em 12.01.2000 foi sancionada a Lei 9.958, que incluiu o Título
VI-A, com os artigos 625-A a 625-H na Consolidação das Leis do Trabalho, deu nova
redação ao art. 876 e ainda acrescentou o art. 877-A à CLT. Este novo Título trata das
Comissões de Conciliação Prévia. Com esta lei, foi dada a possibilidade da criação
da Comissão de Conciliação Prévia nos sindicatos, nas empresas, em grupos de
empresas ou ainda em caráter intersindical, de composição paritária, com
representantes dos empregados e dos empregadores, com a função precípua de
tentar conciliar os conflitos individuais do trabalho.
Assim como, com o advento da Reforma Trabalhista, Lei nº. 13.467/2017, foi
inserido o art. 507-A no texto da CLT, possibilitando a arbitragem para dissídios
individuais. Nos contratos individuais de trabalho cuja remuneração seja superior a
duas vezes o limite máximo estabelecido para os benefícios do Regime Geral de
Previdência Social poderá ser pactuada cláusula compromissória de arbitragem,
desde que por iniciativa do empregado ou mediante a sua concordância expressa,
nos termos previstos na Lei nº. 9.307/96.
A arbitragem é uma forma extrajudicial de solução de conflitos não obrigatória
que possui como característica principal, uma terceira pessoa operando como um juiz
privado, o árbitro, que atuará expondo o direito nas causas levadas ao seu arbítrio. A
arbitragem é regulada pela Lei nº. 9307/1996. É um meio alternativo de solução de
conflitos que consiste na escolha de um terceiro imparcial, pelos litigantes, que terá
como objetivo dirimir os litígios relativos a direitos patrimoniais disponíveis.
Não se pode esquecer que o crédito trabalhista tem natureza alimentar, razão
pela qual a parte necessita ver o seu direito satisfeito rapidamente, não podendo ficar
sujeita à morosidade do Judiciário.
Tendo em vista o número excessivo de processos, a reivindicação da criação
das Comissões de Conciliação Prévia, como forma de desafogar a Justiça do
Trabalho, é antiga na doutrina. Neste sentido, Eduardo Gabriel Saad8 observa: “Inclui-
se o novo diploma legal, no esforço de modernização do nosso Direito do Trabalho e,
ao mesmo passo, constitui-se numa louvável tentativa de descongestionar os vários
órgãos da Justiça do Trabalho.”
A criação das Comissões diminui o número de ações trabalhistas a serem
ajuizadas9. A maioria das reclamações trabalhistas não é complexa, sendo que a
maior parte delas demora anos para ser solucionada. Já em primeira audiência há a
possibilidade de serem feitos acordos nas reclamações trabalhistas. Por isso, os
empregados acabam preferindo resolver a questão naquele momento, mesmo abrindo
mão de alguns direitos, a ter de esperar muito tempo até a próxima audiência ou
sentença.
Grande parte das reclamações tem baixo valor, de modo que o custo do
processo é muito mais elevado do que o valor postulado pelo empregado.
As parcelas postuladas referem-se a um empregado dispensado que busca
apenas receber a contraprestação em relação ao trabalho já prestado. Assim sendo,
não há porque utilizar-se de uma estrutura tão burocrática, cara e demorada para
8 Saad, Eduardo Gabriel. Das comissões de conciliação prévia, Suplemento LTr, 043/00, p. 235.
9 Análise da estatística do Tribunal Superior do Trabalho dos processos trabalhistas autuados e julgados na Justiça do
Trabalho. Após a edição da Lei 9.958 no ano de 2000 o número de ações diminuiu, basta comparar com o ano de 1999:
1999 – 2.399.564, 2000 – 2.266.403, 2001 – 2.272.721 e 2002 – 2.113.533 (Site consultado em 02/03/2015: www.tst.gov.br).
Nesse sentido: “Há muito tempo se cogitava, no Brasil, da instituição de Comissões de Conciliação Prévia, sobretudo a partir
do momento em que se verificou que a Justiça do Trabalho não podia garantir a solução célere das numerosíssimas ações
perante ela ajuizadas.
As Comissões poderão, efetivamente, amenizar a calamitosa situação atual, em que a solução definitiva de um processo
trabalhista se pode arrastar, pelas várias instâncias, durante vários anos.” RUSSOMANO, Mozart Victor [et al.].
Consolidação das Leis do Trabalho Anotada. - Rio de Janeiro: Forense, 2002, p. 184.
55
julgar uma lide tão simples. Nisso reside a necessidade da criação de mecanismos
alternativos para a solução dos conflitos trabalhistas, tais como as Comissões de
Conciliação Prévia.
As Comissões de Conciliação não têm relação com a jurisdição do Estado
exercida pela Justiça do Trabalho.
É importante salientar, que o conflito trabalhista provém, em regra, da
pretensão resistida surgida da relação entre empregado e empregador. Portanto, a
lide está caracterizada quando há uma pretensão resistida.
Segundo Mozart Victor Russomano10:
10 RUSSOMANO, Mozart Victor [et al.]. Consolidação das Leis do Trabalho Anotada. - Rio de Janeiro: Forense, 2002, p.
261.
11 A corroborar com a necessária distinção, Aluisio Gonçalves de Castro Mendes (MENDES, Aluisio Gonçalves de Castro.
Ações Coletivas no direito comparado e nacional. - São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2002, p. 218): “A correta
distinção se faz necessária e é importante, na medida em que as duas categorias estão submetidas a regime diverso em
termos de coisa julgada. A sentença proferida em relação aos interesses difusos produzirá efeitos erga omnes, enquanto
na solução dos conflitos envolvendo direitos coletivos a eficácia estará adstrita ao grupo, categoria ou classe.”
12 Nesse sentido: Aluisio Gonçalves de Castro Mendes (MENDES, Aluisio Gonçalves de Castro. Ações Coletivas no direito
comparado e nacional. - São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2002, p. 220)
13 ALVIM, José Eduardo Carreira. Comentários à Lei de Arbitragem (Lei n.º 9.307 de 23/9/1996). 2.ed. atual. – Rio de
Janeiro: Editora Lumen Juris, 2004, p. 23.
14 “A tarefa da ordem jurídica é exatamente a de harmonizar as relações sociais intersubjetivas, a fim de ensejar a máxima
56
realização dos valores humanos com o mínimo de sacrifício e desgaste. O critério que deve orientar essa coordenação ou
harmonização é o critério do justo e do equitativo, de acordo com a convicção prevalente em determinado momento e lugar.”
- ARAÚJO CINTRA, Antônio Carlos de [et al.]. Teoria Geral do Processo. 18. ed. – São Paulo: Malheiros, 2002, p. 19.
15 Vale destacar as palavras de César Augusto de Castro Fiuza: “Outro ponto relevante, que devemos sempre ter em conta, é
a complexidade de nosso processo, principalmente o civil. O processo civil brasileiro tornou-se fim em si mesmo. De tão
complexo e formal, vai se distanciando, cada vez mais, do comum dos homens. Mundialmente, existe enorme tendência em
sentido contrário. Mesmo aqui no Brasil, já se atentou para o problema.” (FIUZA, César Augusto de Castro, SÁ, Maria de
Fátima Freire de e DIAS, Ronaldo Brêtas C. (Coordenadores). Temas atuais de Direito Processual Civil. – Belo Horizonte:
Del Rey, 2001, p. 79).
16 ARAÚJO CINTRA, Antônio Carlos de [et al.]. Teoria Geral do Processo. 18. ed. – São Paulo: Malheiros, 2002, p. 20.
17 Nessa esteira de raciocínio, na doutrina trabalhista, segundo Marcos Abílio Domingues (DOMINGUES, Marcos Abílio.
Introdução do direito coletivo do trabalho. São Paulo: LTr, 2000, p.53.) a solução do conflito pode se dar por
autocomposição, por heterocomposição ou por autodefesa:
autodefesa – ocorre quando há imposição da vontade de uma das partes, com o uso de meios de pressão sobre a outra.
autocomposição é a solução do conflito pelas partes, de maneira que o conflito acaba em razão da vontade convergente
dos agentes envolvidos.
heterocomposição é a solução do conflito pela ação de terceiros, que decidem segundo a própria convicção.
Em sentido contrário Sebastião Saulo Valeriano (VALERIANO, Sebastião Saulo. Comissões de Conciliação Prévia e
execução de título executivo extrajudicial na justiça do trabalho. - São Paulo: LTr, 2000, p. 15):
Solução por autodefesa ocorre quando as próprias partes procedem à defesa de seus interesses. Seriam exemplos de
autodefesa, na esfera trabalhista, a greve e o lockout.
Autocomposição é a forma de solução obtida pelas próprias partes. A composição através de mediação ou arbitragem não
deixa de ser uma forma de autocomposição. Entretanto, nestes casos há intervenção de um terceiro na solução do conflito.
Na mediação os mediadores aconselham as partes a negociarem, e na arbitragem o árbitro profere uma decisão para
resolver o conflito.
Heterocomposição ocorre quando a solução do conflito é dada por um terceiro. Seria o caso da jurisdição. No caso
específico da mediação e arbitragem a solução é dada por um terceiro escolhido pelas partes. Podemos dizer que a
arbitragem é um caso híbrido de composição decorrente da união da autocomposição e heterocomposição, pois há
autocomposição concretizada por uma heterocomposição.
18 Na doutrina nem todos os autores reconhecem essa nomenclatura heterocomposição. Em definição tem-se César Augusto
de Castro Fiuza: “Enquanto forma alternativa de solução de disputas, a heterocomposição ocorre quando terceiro intervém
na disputa, a fim de propor-lhe solução, ou seja, a fim de promover acordo entre os contendores ou de decidir a controvérsia.”
- FIUZA, César Augusto de Castro, SÁ, Maria de Fátima Freire de e DIAS, Ronaldo Brêtas C. (Coordenadores). Temas
atuais de Direito Processual Civil. – Belo Horizonte: Del Rey, 2001, p. 92.
19 FIUZA, César Augusto de Castro, SÁ, Maria de Fátima Freire de e DIAS, Ronaldo Brêtas C. (Coordenadores). Temas atuais
de Direito Processual Civil. – Belo Horizonte: Del Rey, 2001, p. 93-99.
57
20 ARAÚJO CINTRA, Antônio Carlos de [et al.]. Teoria Geral do Processo. 18. ed. – São Paulo: Malheiros, 2002, p. 21-23.
21 ARAÚJO CINTRA, Antônio Carlos de [et al.]. Teoria Geral do Processo. 18. ed. – São Paulo: Malheiros, 2002, p. 23.
22
“Ela (a terceira onda) centra sua atenção no conjunto geral de instituições e mecanismos, pessoas e procedimentos
utilizados para processar e mesmo prevenir disputas nas sociedades modernas. Nós o denominamos “o enfoque do acesso
à Justiça” por sua abrangência. Seu método não consiste em abandonar as técnicas das duas primeiras ondas de reforma,
mas em tratá-las como apenas algumas de uma série de possibilidades para melhorar o acesso.” CAPPELLETTI, Mauro.
Acesso à Justiça. Tradução de Ellen Gracie Northfleet - Porto Alegre: Fabris, 1988, p. 67-68.
23
GARCEZ, José Maria Rossani. Negociação. ADRS. Mediação. Conciliação e Arbitragem. 2 ed. - Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2003,
58
CONCLUSÃO
É notório que o Judiciário não possui meios físicos suficientes para absorver
todas as demandas judiciais. Dessa forma, conflitos que poderiam facilmente serem
resolvidos por conciliação, mediação ou arbitragem são tratados da mesma forma que
todos os demais. O abarrotamento do Poder Judiciário leva à demora na prestação
jurisdicional, retardando a solução dos conflitos.
O problema não está na conciliação ou na mediação ou até mesmo na
arbitragem, mas sim na redação atual da CLT que determina que as propostas de
acordo sejam feitas apenas pelo Juiz, bem como traz requisitos rígidos para que se
possa adotar o procedimento arbitral. Logo, só conseguiremos reduzir o número de
demandas apreciadas pelo Sr. Dr. Juiz do Trabalho se for possível a utilização dos
meios alternativos de solução dos conflitos, como efetivos garantidores do acesso à
justiça.
Empregados e empregadores não necessitam sempre da tutela do Estado ou
de sua jurisdição. Ambos podem se conciliar de forma autônoma. O que deve ser
garantido, sempre, é a possibilidade de ambos poderem recorrer ao Judiciário, caso
se sintam lesados. Com o funcionamento efetivo da Justiça do Trabalho os litigantes
serão beneficiados, uma vez que ocorrerá uma sensível diminuição no número de
causas a serem julgadas e a Justiça ficará mais livre para julgar questões mais
complexas, com mais qualidade e maior celeridade.
Portanto, os novos formatos contribuem para redução das demandas
apreciadas pelo Juiz do Trabalho e ampliam o acesso dos trabalhadores à justiça, de
maneira ágil.
A criação, dos novos métodos de solução de conflitos através da mediação, da
conciliação e da arbitragem, deve ser aceita, pois é a forma mais adequada para a
manutenção efetiva da prestação da tutela jurisdicional. Repita-se: não se pode
esquecer que justiça tardia não é justa. É necessário inovar, mas não só na lei, acima
de tudo na mentalidade de todos.
REFERÊNCIAS
p. 1.
59
ALMEIDA, André Luiz Paes de. Direito do trabalho. 7. ed. São Paulo: Rideel, 2009.
ALVIM, José Eduardo Carreira. Comentários à Lei de Arbitragem (Lei n.º 9.307 de
23/9/1996). 2.ed. atual. – Rio de Janeiro: Editora Lumen Juris, 2004.
ALVIM, José Eduardo Carreira. Elementos de teoria geral do processo. 7. ed. – Rio
de Janeiro: Forense, 2001.
ARAGÃO, Luiz Fernando Basto. Noções essenciais de direito coletivo do trabalho.
- São Paulo: LTr, 2000.
ARAÚJO CINTRA, Antônio Carlos de [et al.]. Teoria Geral do Processo. 18. ed. –
São Paulo: Malheiros, 2002.
ARAÚJO, João Carlos de. Ação Coletiva do Trabalho. São Paulo: LTr, 1993.
BATALHA, Wilson de Souza Campos. Tratado de Direito Judiciário do Trabalho. -
São Paulo: LTr, 1977
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2002. 34. ed. - Rio de Janeiro: Trabalhistas, 2003.
CALMON FILHO, Petrônio (org.). Reformas Legislativas: Mediação no Processo
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CAPPELLETTI, Mauro e GARTH, Bryant. Acesso à Justiça. Tradução de Ellen
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São Paulo: Saraiva, 2012.
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CUNHA, Maria Inês Moura Santos Alves da. A equidade e os meios alternativos de
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FIUZA, César Augusto de Castro, SÁ, Maria de Fátima Freire de e DIAS, Ronaldo
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GARCEZ, José Maria Rossani. Negociação. ADRS. Mediação. Conciliação e
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GERAIGE NETO, Zaiden. O princípio da inafastabilidade do controle
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direito de processo Enrico Tullio Liebman; v. 56). São Paulo: Editora Revista dos
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MARINONI, Luiz Guilherme. Novas linhas do processo civil. 2. ed. - São Paulo:
Malheiros, 1996.
MARTINS, Sergio Pinto. Comentários à CLT. 5. ed. – São Paulo: Atlas, 2001.
MARTINS, Sergio Pinto. Comissões de Conciliação Prévia e Procedimento
Sumaríssimo. 2. ed. – São Paulo: Atlas, 2001.
MENDES, Aluisio Gonçalves de Castro. Ações Coletivas no direito comparado e
nacional. - São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2002 (Coleção Temas Atuais
60
Grupo de trabalho:
DIREITO ADMINISTRATIVO,
PREVIDENCIARIO E
SEGURIDADE SOCIAL
Trabalhos publicados:
INTRODUÇÃO
1
SALOMÃO FILHO, Calixto, Regulação e Desenvolvimento, In: SALOMÃO FILHO, Calixto (Coord.) Regulação e
Desenvolvimento, São Paulo, Malheiros Editores, 2002, p. 47.
2
FERREIRA, Daniel, Sanções administrativas: entre direitos fundamentais e democratização da ação estatal, Revista de
Direitos Fundamentais e Democracia, Curitiba, v. 12, n. 12 p. 167-185, julho/dezembro 2012. Disponível em:
http://revistaeletronicardfd.unibrasil.com.br/index.php/rdfd/article/download/309/280, Acessado em 03 de julho de 2017, p. 168.
3
Ibid., p. 169.
64
necessária, sua própria razão de existir”4, por outro, o princípio da legalidade ainda é
não só “capital para a configuração do regime jurídico administrativo” 5, mas também
“específico do Estado de Direito, é justamente aquele que o qualifica e que lhe dá a
identidade própria”6.
A vinculação da atividade sancionadora no exercício da função administrativa
aos estritos termos da legalidade – no que diz respeito à necessária aplicação da
sanção prevista, uma vez verificada a ocorrência do ilícito prescrito na norma primária
– parece obstar qualquer análise contextualizada que vise se valer de outros princípios
para afastar este comando imperativo.
É neste contexto que, finalmente, localiza-se a questão que se pretende
responder: se, e em que medida, o princípio da função social de empresa pode (ou
deve) funcionar como um limite ao dever-poder sancionador da Administração
Pública.
Assim, uma leitura do binômio legalidade/finalidade exige a compreensão de
que se a finalidade da lei se confunde com seu espírito, sua razão de ser, e o princípio
da finalidade é uma inerência da legalidade “pois corresponde à aplicação da lei tal
qual é; ou seja, na conformidade de sua razão de ser, do objetivo em vista do qual foi
editada7, e, ainda, se justamente os princípios irradiam “sobre diferentes normas,
compondo-lhes o espírito e servindo de critério para exata compreensão e inteligência
delas (...)”8, então é possível entender que, por consequência lógica, não há norma
no ordenamento pátrio, que, ao intervir no exercício do direito de propriedade, possa
desconsiderar, como um todo, os ditames do princípio da função social, posto que
este é princípio fundamental do ordenamento.
Isto posto, em existindo uma dimensão protetiva do princípio da função social
da propriedade e, por consequência, do princípio da função social da empresa, então
passa a ser de interesse público que as empresas que cumprem sua função social
sejam protegidas. Sendo este o caso, cabe (re)lembrar que “qualquer ato
administrativo que dele [do interesse público] se desencontre será necessariamente
inválido”9.
Cabe, no entanto, novamente atentar para o alerta de Celso Antônio Bandeira
de Mello acerca do interesse público (como orientador da finalidade) contido nas leis
específicas. Se, portanto, uma eventual ponderação entre a aplicação da sanção e a
proteção da atividade empresária resultar no afastamento (por completo) da sanção,
então a finalidade e, por conseguinte, o interesse público ali positivado, a princípio em
acordo com as normas constitucionais, deixou, por completo de ser realizado (ou
mesmo perseguido). Assim, este critério não parece suficientemente adequando para,
no limite, solucionar a questão. Embora tenha sua inegável validade na apreciação do
quantum ideal da sanção a ser aplicada.
Proporcionalidade e razoabilidade no que diz respeito ao específico momento
de aplicação da sanção também não parecem sugerir uma conclusão diferente a partir
da análise da finalidade.
Ademais, embora este tema não tenha sido explorado – por uma questão de
recorte metodológico – os dois princípios, pressupõe-se, já incidiram no momento da
4
Ibid., p. 169.
5
BANDEIRA DE MELLO, Celso Antônio, Curso de direito administrativo, São Paulo, Malheiros Editores, 2009, p. 99.
6
Ibid., p. 100.
7
Ibid., p.106-107.
8
Ibid., p. 53.
9
BANDEIRA DE MELLO, Celso Antônio Grandes temas de direito administrativo, São Paulo, Malheiros Editores, 2010, p.
181.
65
autores destacam as previsões contidas, por exemplo, no artigo 38B, que determina
redução de multas aplicadas em decorrência de ausência de prestação ou incorreção
no cumprimento de obrigações acessórias devidas aos diversos órgãos dos entes
estatais em percentuais que chegam a 90%13.
Nessa esteira, também é possível mencionar a previsão do artigo 55, §7º, do
mesmo diploma legal, que determina a observância do necessário tratamento
diferenciado das microempresas e empresas de pequeno porte para fixação de
valores de multa aplicadas no âmbito da fiscalização de questões relativas a aspectos
trabalhistas, metrológicos, sanitários, ambientais, de segurança, de relações de
consumo e de uso e ocupação do solo. Isto se deve ao reconhecimento da “especial
função social das Microempresas e das Empresas de Pequeno Porte e na própria
vulnerabilidade de sua estruturação empresarial”14. E, ainda, notadamente à especial
relevância das empresas dessa natureza na geração de empregos formais no Brasil.
Lembre-se, entretanto, que o princípio da função social da empresa não
determina somente a proteção de empresas de um determinado porte. Em verdade,
o que aqui se afirma é que este princípio determina, sim, a proteção de quaisquer
empresas que o façam por merecer, especialmente cumprindo sua função social nos
moldes esmiuçados, atendendo as vulnerabilidades resultantes da falta de emprego
e renda, auxiliando na realização dos objetivos da República e na concreção de
direitos fundamentais sociais.
Destarte, o princípio de que está se tratando é o da função social da empresa,
que revela o interesse coletivo na propriedade privada, que, também, compõe seu
âmago por força do Estado social constitucional.
Ou seja, se, por um lado, o exercício da função administrativa sancionadora
encerra em si uma gama de interesses públicos, e funciona fundamental e
adequadamente na prevenção de comportamentos indesejáveis e na recomposição
do ordenamento jurídico violado – quando a prevenção não foi suficiente, por outro
ainda assim é “necessário proteger (...) a pessoa jurídica em sua utilidade coletiva” 15:
13
Ibid.
14
Ibid.
15
Ibid., p. 181.
67
resposta adequada. Afinal, é dele que parte o contundente alerta para o fato de que o
agente público que porventura deixar de apurar ou aplicar sanções – fora dos limites
legais – pode estar sujeito às “sanções correspondentes por ato de improbidade, falta
(disciplinar) grave ou mesmo condescendência criminosa”16, razão pela qual, conclui,
“pode e deve o Poder Judiciário eventualmente afastar a lei para dizer o Direito”17.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
16
Ibid., p. 182.
17
Ibid., p. 182
18
OLIVEIRA, José Roberto Pimenta, Os princípios da razoabilidade e da proporcionalidade no direito administrativo brasileiro,
São Paulo, Malheiros Editores, 2006, p. 479.
68
REFERÊNCIAS
Abstract: Brazilian Federal Law number 10,973/04, also known as the "innovation
law", has brought new instruments to stimulate innovation in companies, based on
changes introduced by Law 13243/2016, among them the contracting of technology
tasks to carry out activities of research, development, involving technological risk to
solve a specific technical problem or obtain an innovative product, service or process
not yet available in the market. On the other hand, the changes made in Law 8,666/93,
enabled the Administrator to directly hire public or private entities - through a waiver of
bidding – objects of technological tasks, which was an advance. The work will therefore
cover, from the edition of Dec. nº 9283/2018, the main characteristics of this new and
important contractual arrangement.
Key-words: administration contracts, innovation, technological task
INTRODUÇÃO
1 De acordo com Neil M. Richards & Jonathan H. King (2014, p. 393 apud OKEDIJI, 2016, p. 332), tecnologistas utilizam a
denominação big data para uma definição de 3-Vs: grande volume, alta velocidade e grande variedade de ativos de informações
que demandam formas de processamento de informação economicamente viáveis e inovadoras para visão aprimorada e tomada
de decisão. (tradução nossa).
2 “In short, despite the official rule, government at all levels can structure tules that enhance or diminish their ownership interests
in copyrighted works. This is specially the case with state and local governments, many of which are already experimenting with
how to more effectively enhance public welfare through applications of big data in areas such as education, transport, crime
prevention, sanitation, land management, and others.” (OKEDIJI, 2016, p. 338)
3 Sobre o tema v. “Particularidades nas contratações de inovação e desenvolvimento tecnológico da Administração Pública.”
CHEDIEK, ROCHA, 2018.
71
Por sua vez, as alterações realizadas na Lei nº 8.666/93 pela lei de 2016,
possibilitaram ao Administrador contratar diretamente entidades públicas ou privadas
– através de dispensa de licitação – objetos de encomenda tecnológica, o que se
mostrou um avanço.
O trabalho percorrerá, portanto, a partir da edição do Dec. nº 9283/2018, as
principais características deste novo e importante arranjo contratual.
4 Para Gustavo Binenbojm (2008, p. 341), “licitar nestes casos dispensáveis é agir contra este prévio juízo legislativo e exige um
ônus de justificação bastante robusto e específico para o caso concreto, eis que a melhor proposta, segundo a lei, será alcançada
pelo ente contratante mediante contratação direta.”
72
direta de ICT pública ou privada, entidades de direito privado sem fins lucrativos ou
empresas, isoladamente ou em consórcio, voltadas para atividades de pesquisa e de
reconhecida capacitação tecnológica no setor, com vistas à realização de atividades
de pesquisa, desenvolvimento e inovação, que envolvam risco tecnológico, para
solução de problema técnico específico ou para obtenção de produto, serviço ou
processo inovador.
Por sua vez, o art. 27, §1° do Dec. n° 9.283/18 estabelece que, serão
consideradas como voltadas para atividades de pesquisa, as entidades públicas ou
privadas, com ou sem fins lucrativos (diferentemente da exigência contida no art. 24,
XIII, na dispensa para contratação de instituição de pesquisa, na qual esta não poderá
ter fins lucrativos), que tenham experiência na realização de atividades de pesquisa,
desenvolvimento e inovação, independentemente de constar do ato constitutivo da
contratada a realização de pesquisa entre seus objetivos institucionais (exigência que
está contida no art. 24, XIII) ou que esta se dedique, exclusivamente, às atividades de
pesquisa. Parece ser mais aberta a aplicação desta hipótese de dispensa, em
comparação com a dispensa para contratação de entidade de pesquisa, do art. 24,
XIII da Lei nº 8666/935. Neste último caso, a lei estabelece maiores restrições, pois a
lei arrola três requisitos para a contratação: (i) que a instituição contratada tenha por
finalidade – prevista no seu regimento ou estatuto – pesquisa, ensino,
desenvolvimento institucional ou recuperação social de presos; (ii) que o contratado
detenha inquestionável reputação ético-profissional; (iii) instituição não tenha fins
lucrativos em seu estatuto social.
Quanto ao objeto da contratação, na encomenda tecnológica, caberá à
descrever as necessidades de modo a permitir que os interessados identifiquem a
natureza do problema técnico existente e a visão global do produto, do serviço ou do
processo inovador passível de obtenção, dispensadas as especificações técnicas
devido à complexidade da atividade de pesquisa, desenvolvimento e inovação ou por
envolver soluções inovadoras não disponíveis do mercado.
A incerteza quanto ao objeto da contratação também é uma característica de
outras modalidades de contratação administrativa, como, por exemplo, na contratação
integrada. A contratação integrada, de acordo com o art. 9°, §1° da Lei n° 12.426/11,
é uma modalidade de contratação da Administração que possui maior grau de
flexibilidade diante da incerteza sobre aspectos da prestação a ser cumprida pela
parte contratada. Embora não implique na outorga de uma “carta branca” ao particular,
esta forma de contratar implica na possibilidade do particular elaborar os projetos
básico e executivo, a execução de obras e serviços de engenharia, a montagem, a
realização de testes, a pré-operação e todas as demais operações necessárias e
suficientes para a entrega final do objeto6. Na contratação integrada é, portanto,
incumbência do contratado desenvolver os projetos básico e executivo da obra ou do
serviço a ser executado7, o que corrobora com a fluidez da descrição do objeto típica
das contratações de pesquisa e desenvolvimento. O mesmo ocorre na encomenda
tecnológica, na qual não é necessário o detalhamento de características técnicas do
objeto por envolver soluções inovadoras não disponíveis no mercado (art. 27, §3° Dec.
n° 9.283/18).
5 “Art. 24, XIII – na contratação de instituição brasileira incumbida regimental ou estatutariamente da pesquisa, do ensino ou do
desenvolvimento institucional, ou de instituição dedicada à recuperação social do preso, desde que a contratada detenha
inquestionável reputação ético-profissional e não tenha fins lucrativos”
6 O Regulamento do Procedimento Licitatório da Petrobrás também previu a modalidade “contratação integrada” no Decreto n°
2.745, de 24 de Agosto de 1998.
7 A lei de concessões admite a licitação com a mera especificação de “elementos do projeto básico” no edital (art. 18, XV, Lei n°
8.987/1995).
73
CONCLUSÕES
REFERÊNCIAS
8 Art. 28, Dec. n° 9.283/18. “O contratante será informado quanto à evolução do projeto e aos resultados parciais alcançados e
deverá monitorar a execução do objeto contratual, por meio da mensuração dos resultados alcançados em relação àqueles
previstos, de modo a permitir a avaliação da sua perspectiva de êxito, além de indicar eventuais ajustes que preservem o
interesse das partes no cumprimento dos objetivos pactuados.”
74
Resumo: Desde as últimas décadas do século XX, a busca por um meio ambiente
ecologicamente equilibrado, notadamente após a Constituição da República de 1988,
com seu art. 225, está na pauta do governo nacional, com o intuito não só de minimizar
os impactos já existentes, mas de rever os hábitos consumeristas do próprio Estado
e da sociedade. Nesse contexto, este estudo objetiva estudar as licitações
sustentáveis como uma alternativa viável às contratações públicas municipais
tradicionalmente abarcadas pela Lei nº 8.666/1993 e que, atualmente, englobam o
conceito de desenvolvimento sustentável em um necessário ciclo ético-ambiental.
Desse modo, pretende- se apresentar o resultado de uma investigação teórico-
legislativa sobre o tema e, ao final, será possível concluir que as alterações legislativas
voltadas às licitações sustentáveis se sobrepõem à mera normatização, traduzindo-
se em ferramentas sustentáveis para o ambiente público que seguem uma tendência
mundial e que prima pelo Estado Socioambiental de Direito.
Palavras-chave: Meio Ambiente; Licitações Sustentáveis; Políticas Urbanas
Municipais.
Abstract: From the last decades of the twentieth century, the search for an ecologically
balanced environment, notably after the 1988 Constitution, with its art. 225, is on the
agenda of the national government, with the aim not only of minimizing the existing
impacts, but of reviewing the consumerist habits of the state itself and of society. In
this context, this study aims to study sustainable procurement as a viable alternative
to municipal public contracting traditionally covered by Law 8,666 / 1993 and which
currently encompasses the concept of sustainable development in a necessary ethical-
environmental cycle. In this way, we intend to present the result of a theoretical-
legislative investigation on the subject and, in the end, it will be possible to conclude
that the legislative changes directed to the sustainable licitations overlap with the mere
standardization, translating into sustainable tools for the public environment which
follow a worldwide trend and that is supported by the Socioenvironmental State of Law.
Keywords: Environment; Sustainable Tenders; Municipal Urban Policies.
INTRODUÇÃO
O meio ambiente é tratado pelo artigo 225, caput, da Constituição Federal como
direito fundamental de natureza difusa, tutelado como bem de uso comum do povo e
essencial à sadia qualidade de vida, cuja titularidade é da generalidade de pessoas
que compõem as gerações atuais e futuras. Em consonância com tal disposição, é
conceituado como “o conjunto de condições, leis, influências e interações de ordem
física, química e biológica, que permite, abriga e rege a vida em todas as suas formas”,
conforme estabelece o artigo 3º, inciso I, da Lei nº 6.938/81, que instituiu a Política
Nacional do Meio Ambiente.
Da análise dessas assertivas depreende-se o intuito de atribuir ao meio
ambiente uma concepção ampla, que não o dissocia de fatores que nele influem e que
77
por ele são influenciados, e sobre os quais o Supremo Tribunal Federal (STF) já se
manifestou. Um marco jurisprudencial sobre o tema no âmbito do STF foi a ADI 3540-
MC/DF, na qual se enfatizou o caráter transindividual e multidimensional do direito ao
meio ambiente, que abarca, respectivamente, a proteção a um número indeterminado
de pessoas e as noções de meio ambiente natural, cultural, artificial (espaço urbano)
e laboral (do trabalho) (FIORILLO, 2013).
A despeito da indivisibilidade do conceito de meio ambiente, elegeu-se
fundamentalmente os aspectos natural e artificial para o desenvolvimento da presente
pesquisa, dada sua estrita relação com a política urbana e com as contratações
públicas a ela inerentes. Tais temas, em conjunto, formam o objeto deste estudo.
Feitas as considerações iniciais sobre os institutos a serem abordados no
presente trabalho, tem-se, como hipótese formulada, a indispensabilidade, pelo
Administrador, das normas que regem as contratações públicas sustentáveis para a
efetiva promoção da sadia qualidade de vida e a preservação do meio ambiente, como
consentâneos de um processo licitatório efetivamente voltado para a sustentabilidade.
Nesse contexto, a relevância deste estudo advém da necessidade de se instituir
políticas públicas que garantam a proteção do meio ambiente e o desenvolvimento
urbano, visando ao incremento da qualidade de vida da população por intermédio de
contratações públicas sustentáveis, empregadas como instrumentos de política
urbana. O problema desta pesquisa, portanto, está assim delimitado: como
estabelecer mecanismos de promoção de políticas urbanas sustentáveis, que
resultem em transformações sociais e ambientais, a partir da realização de
contratações públicas pela Administração?
Para a exploração e análise do tema proposto elegeu-se, como referencial
teórico, os ensinamentos de Ingo Sarlet, Thiago Fensterseifer, Luís Roberto Barroso
e Celso Fiorillo, que são expoentes autores que versam sobre a sustentabilidade e
sua apropriação pela Administração Pública. Ademais, já que o estudo será realizado
por meio da análise legislativa e pesquisa bibliográfica sobre os temas propostos,
utilizar-se-á o método jurídico-doutrinal e analítico.
Como objetivo geral, buscar-se-á explicitar as necessárias interseções entre a
política urbana municipal e as contratações públicas sustentáveis. São objetivos
específicos: (i) traçar um panorama do desenvolvimento sustentável; (ii) tecer breves
considerações acerca do regime jurídico administrativo para as contratações públicas
e sua transição de uma ótica tradicional para as contratações públicas sustentáveis
no Brasil; e (iii) discorrer sobre os fundamentos e a eficácia da implementação de
contratações públicas sustentáveis como instrumento de política urbana.
A partir das considerações iniciais e da metodologia adotada para o presente
trabalho, partir-se-á ao seu desenvolvimento, no sentido de traçar breves linhas
acerca da análise legislativa e teórica sobre os temas propostos para, enfim,
apresentar os resultados e as conclusões finais.
DESENVOLVIMENTO
1
Cabe ressaltar, porém, que as discussões ambientais são anteriores a esse evento, tendo-se iniciado no pós-segunda guerra
mundial, momento do surgimento dos primeiros sinais de uma preocupação pelo meio ambiente global “(...) partiendo de hitos
históricos como la Conferencia de Naciones Unidas sobre la Conservación y Utilización de los Recursos (1949), otras normas y
actos posteriores (...)”. (MARTÍNEZ, 2017, p. 121).
2
Esse conceito, apesar de amplamente utilizado, tem sofrido críticas, uma vez que não abrange adequadamente todos os fatores
que envolvem o desenvolvimento sustentável. Este não consiste apenas em garantir harmonia entre práticas e objetivos
econômicos e a manutenção da qualidade do meio ambiente para as presentes e futuras gerações, já que não se resume à
moderada utilização dos recursos naturais da Terra. Ao desenvolvimento sustentável, portanto, deve ser atribuída uma
concepção mais ampla, que abarque também os aspectos sociais. Dessa forma, no entendimento proposto deve preponderar
uma visão holística, que observa os fenômenos econômicos, ambientais e sociais em suas características convergentes para,
então, formular políticas integradas e efetivas à promoção da igualdade e qualidade de vida (MISIŪNAS; BALSYTĖ, 2009).
79
3
De acordo com o sítio eletrônico do Ministério do Meio Ambiente, o “Protocolo de Montreal sobre Substâncias que Destroem a
Camada de Ozônio, é um tratado internacional que entrou em vigor em 01 de janeiro de 1989. O documento assinado pelos
Países Parte impôs obrigações específicas, em especial a progressiva redução da produção e consumo das Substâncias que
Destroem a Camada de Ozônio (SDOs) até sua total eliminação”. Disponível em: <http://www.mma.gov.br/clima/protecao-da-
camada-de-ozonio/convencao-de-viena-e-protocolo-de-montreal.html>. Acesso em: 09 out. 2018.
81
RESULTADOS
CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS
Resumo: O presente trabalho tem por objetivo analisar de que forma a ineficiência do
poder de gestão da Administração Pública brasileira influencia na política de
desestatização de serviços públicos através de contratos de concessão. Da mesma
forma, analisar quais os pontos positivos e negativos dessa tendência
descentralizadora de competência estatal. Através do exame dos atributos
pertinentes, verificar se tais concessionárias estão, de fato, melhorando a qualidade
dos serviços públicos a elas delegados, e, portanto, atendendo ao interesse público
que os fundamentam, ou se tais contratos administrativos precarizam sua qualidade
ou dificultam o acesso da população a esses serviços, o que faz com que tais
instrumentos percam sua finalidade pública e gerem uma agressão ao princípio da
supremacia do interesse público, bem como aos princípios constitucionais que
disciplinam a atividade administrativa.
Palavras-Chave: Administração Pública. Ineficiência. Concessão de Serviço Público.
Abstract: The present study aims to analize how the ineficiency of the brazilian public
administration influences the politic of destabilization of public services through the
concession of these by public agreements. Also, the analysis of what are the positive
and negative points of this state competence descentralization tendence by the
assignment of public services to private companies. Throught the exam of the institutes
present in case, the study will analize if these dealerships are, indeed, improving the
quality of the services and attending the public interest of these contracts; or if the
public services are, actually, getting worse, which makes these agreements lose their
public goal and to be hitted the administrative foundations, like the foundament of the
supremacy of public interest.
Keywords: Public Administration. Ineficiency. Public Service Concession Agreement.
INTRODUÇÃO
relevante, motivo pelo qual também emerge no cenário do debate político a indagação
acerca da possibilidade de delegação de serviços públicos úteis à iniciativa privada.
Dessa forma, vemos que a temática que envolve a concessão de serviços
públicos advém estritamente da discussão política que cerca a prestação de tais
serviços. Isso se constata claramente, pelo fato de que tais contratos administrativos
são oriundos, imperiosamente, de uma decisão política de delegação de competência
administrativa. Há, por esse motivo, portanto, imprescindível vínculo entre o interesse
governamental, especialmente sob o aspecto da prestação de serviços públicos, e a
outorga destes por meio dos contratos de concessão.
Preceitua Marçal Justen Filho (2003, p. 11), sobre o instituto da concessão,
nesse sentido:
O que se coloca em questão aqui, e que tem sido o cerne do debate nesse
sentido, é se a delegação da execução de serviços públicos a particulares através de
contratos administrativos de concessão, consiste, de fato, em um benefício para a
coletividade, pois, afastando o encargo estatal de promoção de determinado serviço,
garante-se uma maior eficiência na prestação do mesmo, cabendo ao Estado
unicamente a atribuição de fiscaliza-lo; ou, se com a desestatização, ocorre a
precarização de sua qualidade e há, de alguma forma, prejuízo ao acesso da
população beneficiária a esses respectivos serviços.
Isto posto, versar-se-á aqui sobre os contratos de concessão correlacionando-
os com as atribuições estatais de delegação e consubstanciados com a temática dos
serviços públicos sobre o embate político; bem como as consequências dessa
delegação ao interesse da coletividade – objeto finalístico da Administração Pública.
DESENVOLVIMENTO
exposição sobre três óticas: sob a ótica do Poder Público concedente; sob a ótica do
concessionário; e, por fim, sob a ótica do usuário.
Para o gestor público, a vantagem de se admitir a delegação dos serviços de
sua obrigação prestacional consiste na simplificação dos procedimentos burocráticos
que se impõem aos atos administrativos. Acaba-se por garantir, nessa conjuntura, os
princípios de eficiência e transparência da Administração Pública, pois, atribuindo a
prestação deste ao particular concessionário, afasta-se a necessidade de observância
estrita dessas regras.
Pode-se citar o seguinte exemplo: se o Poder Público decidir fazer determina
obra em uma rodovia, precisará passar por um longo procedimento licitatório, se
submeter a diversas formalidades e, ainda, arcará com os ônus da mesma, tais como
eventuais atrasos e superfaturamentos. Tais empecilhos, no entanto, deixam de
existir, se os serviços públicos prestados naquela rodovia encontram-se sob regime
de concessão, de modo que o projeto da obra será realizado sem a burocratização
exigida em regime público de realização.
Sob o ponto de vista do empresário concessionário, o proveito da prática deste
instituto reside no fato de que, resguarda-se a este a possibilidade de lucro sobre uma
atividade econômica na qual se possui conhecimento técnico, despendendo o menor
percentual de recursos possível combinado com a prestação de um serviço da melhor
qualidade possível.
O cidadão usuário do serviço, por sua vez, possui como prerrogativa a
possibilidade de, em casos de inadequada prestação do serviço, insatisfações e
reclamações correspondentes à este, procurar a resolução de seu conflito com a
própria empresa concessionária, havendo, portanto, a possibilidade de resolução de
conflitos em âmbito material, de maneira mais efetiva. Também, o apanágio de
cobrança é mais concreto, visto que o particular paga diretamente pelo serviço
ofertado; e, da mesma forma, o adimplemento dos prazos de obras e atualizações é
mais perceptível, visto que o Poder Público atribui sanções ao particular concedente
que não os observa.
Apresentadas as circunstâncias positivas e negativas do incremento da
utilização dos contratos de concessão no exercício administrativo, e encaminhando-
se para o desfecho do presente trabalho, ponderar-se-á, adiante, acerca das
adversidades identificadas na temática, bem como para a resolução do problema
apresentado no corrente trabalho.
Frente a já superada abstração de que a Administração Pública, por consistir
na mais forte instituição vigente no ordenamento jurídico, possui capacidade de
gerenciamento das necessidades públicas em sua integralidade; os contratos de
concessão de serviços públicos figuram como ajustes de cooperação efetivos para a
concretização, não somente das atribuições constitucionais da Administração Pública,
como também da efetivação dos direitos através da prestação adequada dos serviços
de sua titularidade.
As arguições contrárias a tendência de liberalização, desconcentração estatal
e migração para um regime de “Administração Gerencial” prosperam sob alguns
pormenores. No entanto, não se sustentam certas alegações sob enfoque próprio da
natureza jurídica do instituto aplicado. Ante o aspecto da oneração, se ampara no
sentido de que há, faticamente, a aplicação de preços públicos para o acesso ao
serviço. Contudo, tal premissa se esvazia quando se constata que o preço público só
se aplica àqueles que utilizam-se do serviço, conquanto que nos serviços públicos de
prestação direta, toda a coletividade, até mesmos os não usuários, são "pagadores
indiretos” do mesmo.
91
CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS
JUSTEN FILHO, Marçal. Teoria geral das concessões de serviços públicos. São
Paulo: Dialética, 2003.
___________. As Diversas Configurações da Concessão de Serviço Público.In:
Revista de direito público da economia: RDPE. Imprenta: Belo Horizonte, Forum,
2003.
MELLO, Celso Antônio Bandeira de. Curso de Direito Administrativo. 30ª Edição. São
Paulo: Malheiros, 2013.
92
MEIRELLES, Hely Lopes. FILHO, José Emmanuel Burle Filho. BURLE, Carla Rosado.
Direito Administrativo Brasileiro. 42ª Edição. São Paulo: Malheiros, 2016.
GROTTI, Dinorá Adelaide Musetti. A experiência brasileira nas concessões de serviço
público. Interesse Público, Belo Horizonte, v. 9, n. 42, mar. 2007. Disponível em:
<http://bdjur.stj.jus.br/dspace/handle/2011/38544>. Acesso em: 15/08/2018.
93
INTRODUÇÃO
CONTEXTUALIZAÇÃO
DEFINIÇÕES E REQUISITOS
parcerias com OSCs, cujo dirigente máximo tenha parentesco em linha reta, colateral,
ou por afinidade, de até segundo grau, com dirigente de órgão ou entidade da
Administração Pública da mesma esfera governamental na qual será celebrada a
parceria. (BRASIL, 2014).
CONTROLE E MONITORAMENTO
PENANLIDADES
CONCLUSÃO
Abordar as parcerias público privadas sob a ótica do MROSC, faz concluir que
diversos foram os avanços trazidos por seu regramento desde a sua edição em 2014,
como exigência de chamamento público, equipes e custos indiretos remunerados,
atuação em rede e extinção da contrapartida financeira, prestações de contas
detalhadas, maior controle e transparência, entre outras. No entanto, como toda nova
Lei, após um período de vigência, surgem as lacunas e deficiências a serem corrigidas
na norma ou em sua aplicação. Alguns aspectos negativos dizem respeito às
exclusões de várias modalidades de contratos de parceria, alto grau de
discricionariedade dos gestores responsáveis pelos acordos e deficiência nos
mecanismos de controle. Todos estes fatores enfraquecem um a gestão institucional
de eficácia e não colabora para a garantia da segurança jurídica das parcerias.
99
REFERÊNCIAS
Abstract: This article presents the problem of the possibility of applying Arbitration in
Public Administration contracts, duly authorized as from the advent of Law no. 13.129
/ 2015 which amended the Arbitration Law n. 9.307 / 1996, which adapted the
Arbitration to the basic principles of Administrative Law overturning doctrinal dogmas
regarding the impossibility of the application of said institute in the contracting of Public
Administration. Therefore, based on the premise of the definition of administrative
contracts, the article analyzes the conflict between the principles of public
administration with the arbitration institute, its conceptual boundaries of arbitration,
types and forms, and finally the economic fundamentals of arbitration in administrative
contract
Keywords: Arbitration, Public Administration, Administrative Contracts, Unavailability
of Public Interest.
INTRODUÇÃO
DA ARBITRAGEM
1
Direitos disponíveis são aqueles direitos relativos a bens que podem ser apreciados economicamente, isto é, quantificados em
moeda. Nesse sentido, o direito disponível se refere a bens apropriáveis, alienáveis, que se encontram no comércio jurídico.
102
Aliás, não se justifica cogitar a instância recursal, haja vista que as partes têm
total liberdade e o dever de escolha do julgador, devendo ser aquele que lhes suscita
mais confiança e expertise da matéria do objeto da controvérsia, dentre outros
requisitos que podem ser avaliados pelas partes, devendo as partes acompanhar o
procedimento desde o início.
Sem contar, do histórico precedente caso “Lage”, o qual fora julgado pelo
Supremo Tribunal Federal (STF) em 1973, que envolveu a incorporação à União de
bens e direitos das empresas das Organizações Lage e, mais especificamente, a
indenização devida aos Espólios de Henrique Lage e Renaud Lage por essa
incorporação. Nos termos do Decreto-Lei 9.521/1946, o valor seria definido por
arbitragem. O STF considerou válida disposição legal que autorizava a submissão da
Administração à arbitragem, afirmando, para tanto, que rejeitar as convenções
arbitrais firmadas pela Fazenda Pública seria restringir indevidamente a autonomia
contratual do Estado. (STF, AI 52.181/GB, rel. Min. Bilac Pinto, DJ 15.02.1974).
Em 27 de maio de 2015, a Lei de Arbitragem, foi alterada pela Lei n°
13.129/2015 que entrou em vigor em 25 de julho de 2015, sendo a principal alteração
a possibilidade para a Administração Pública aplicar a arbitragem em seus contratos
para dirimir conflitos sobre direitos patrimoniais disponíveis, tal previsão, está
elencada no artigo 1°, §1°, da referida Lei de arbitragem que assim dispõe “A
administração pública direta e indireta poderá utilizar-se da arbitragem para dirimir
conflitos relativos a direitos patrimoniais disponíveis.”, o novo texto apenas consolidou
o entendimento jurisprudencial.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
que contribui para a melhor resolução das avenças que envolvem a Administração
Pública.
REFERÊNCIAS
Grupo de trabalho:
DIREITO AMBIENTAL,
GLOBALIZAÇÃO E
SUSTENTABILIDADE I
Trabalhos publicados:
Resumo: Os grandes impérios sempre serão lembrados por seus legados, independe
do passar dos séculos. Entretanto, não é incomum o desejo ardente de ser tornar o
líder extraordinário que será lembrado por levar água ao semiárido, por exemplo. No
entanto, observa-se é que as grandes obras demandam um complexo nível
organizativo e uma estruturação bem estabelecida entre todos os atores responsáveis
pelo desenvolvimento de uma política pública de larga escala. O Projeto de Integração
do Rio São Francisco é um marco como ação de desenvolvimento humano, porém
não preenche os requisitos mínimos de articulação governamental, impossibilitando
sua implementação efetiva.
Palavra-chave: Projetos de transposição de água. Política pública. Arranjos
institucionais.
Résumé: C’est certain qu’on se souviendra toujours des grands empires pour leurs
héritages, indépendamment du passage des siècles. Cependant, le désir ardent de
devenir le grand leader dont on se souviendra pour avoir amené de l'eau dans le semi-
aride, par exemple, n'est pas rare. Néanmoins, il est observé que les grandes actions
exigent un niveau organisationnel complexe et une structuration bien établie entre tous
les acteurs responsables du développement d'une politique publique à grande échelle.
Le Projeto de Integração do Rio São Francisco est un jalon historique en tant qu'action
de développement humain, mais il ne répond pas aux exigences minimales de
l'articulation gouvernementale, ce qui rend impossible sa mise en œuvre effective.
Mots-clés: Projets de transposition de l'eau. Politique publique. Arrangements
institutionnels.
INTRODUÇÃO
O PISF tem como intuito captar água em dois pontos do rio São Francisco e
levá-la ao Semiárido Nordestino para prover água às populações; assegurar safras
agrícolas, atividades industriais e o turismo; fixar a população rural na região;
promover o crescimento das atividades produtivas; diminuir gastos públicos com
medidas emergenciais durante as frequentes secas; garantir água para uma
infraestrutura de reserva e distribuição já existente (açudes, rios e adutoras), enfim,
110
Ao longo dos anos, para que o PISF fosse implementado, foram editados
diversos instrumentos normativos, dentre decretos, portarias, resoluções e relatórios
anuais há mais de 20 instrumentos. Foram utilizados como base para o presente
trabalho os 11 instrumentos descritos no quadro 1, em razão de sua maior relevância
para a análise do nível organizacional dos principais atores responsáveis pelo Projeto.
111
Sem detalhar todos os artigos do decreto, pois esse não é o objetivo desse
trabalho, o que se verifica nos dispositivos é que não está claro os papéis do SGIB
como sistema em si e do Conselho Gestor, visto que é dada a função de
gerenciamento do PISF para ambos, bem como estes são coordenados pelo
Ministério da Integração Nacional. Além disso, é nítido o acúmulo de funções ao
Ministério da Integração Nacional, como destacado no relatório Controladoria Geral
da União.
CONCLUSÕES
REFERÊNCIAS
Resumo: O presente trabalho visa fazer uma reflexão crítica acerca da potencial
colisão entre os direitos fundamentais consagrados da livre iniciativa econômica e ao
meio ambiente ecologicamente equilibrado como corolário da sadia qualidade de vida,
e positivados nos artigos 170 e 225 da Constituição da República Federativa do Brasil
(CRFB/88), respectivamente. Busca, dentro desse contexto, ressaltar a importância
da agricultura familiar e da agroecologia no processo produtivo e na concretização
dos preceitos constitucionais fundamentais. Tem como resultado esperado difundir na
sociedade a noção de responsabilidade socioambiental e provocar reflexão crítica
acerca dos hábitos de consumo. Utilizar-se-á método hipotético dedutivo, com revisão
bibliográfica.
Palavras chave: Meio ambiente ecologicamente equilibrado. Agricultura sustentável.
Livre-iniciativa.
Abstract: This work seeks to do a critical reflection about the potential collision
between the consecrated fundamental rights of free-economic initiative,
ecologically balanced environment and the healthy quality of life, recommended in
articles 170 e 225 of the Constitution of Federative Republic of Brazil (CRFB/88, in
portuguese), respectively. It seeks, within this context, to emphasize the importance
of family agriculture and agroecology in the productive process and in the
implementation of fundamental constitutional precepts. It has as expected result to
spread in society the notion of socio-environmental responsibility and to provoke
critical reflection about consumption habits. A deductive hypothetical method will be
used, with a dialectical bibliographic review.
Key-words: Ecologicaly balanced environment. Sustainable agriculture. Free-
initiative.
INTRODUÇÃO
CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS
Abstract: The article has as a priority to check the possible international actors of the
new International Environmental Law, as well as the mechanisms of action for the
effectiveness of ecologically correct and balanced environmental protection. I wanted
to interdiscipline this action as a way of guaranteeing an environmental prerogative
established, throughout history, in Human Rights being a fundamental right for all
individuals. From this analysis, the central problem of the project is to try to establish
the instruments of these new international actors, as well as to try to analyze the legal
cases related to this new international branch, in order to show if it can face more
complex issues of the environmental law. Finally, the article demonstrates how this tool
of International Environmental Law is a concrete mechanism for human rights.
Keywords: International Environmental Law, Human Rights and International Actors.
INTRODUÇÃO
1
As redes representam uma maneira coletiva de gestão participativa e monitoramento de regras e padrões ajustados a partir
de ralações não hierárquicas, com direções verticais e horizontais, entre os múltiplos participantes.
125
2
Paradiplomacia Ambiental expressa o interesse e a participação direta dos estados subnacionais nas questões ambientais
globais, bem como na promoção do desenvolvimento sustentável. (Bueno da Silva, 2010 apud REI, Fernando; CUNHA, Kamyla
Borges da; SETZER, Joana. Paradiplomacia Ambiental: a participação brasileira no regime internacional das mudanças
climáticas. In: Revista de Direito Ambiental, ano 18, vol. 71, jul. – set/2013, p. 272).
126
3
Agenda 21 Global. 3° ed. Brasília: Senado Federal, Subsecretárias de Edições Técnicas, 2003.
127
Com isso, a efetivação dos Direitos Humanos, e aqui de forma mais precisa os
Direitos ao Meio Ambiente Saudável e Equilibrado (3º geração), são de titularidade de
todos os indivíduos, e devidos a cada um, os quais tem legitimidade para exigirem a
efetividade dos mesmos com base em sua natureza ética, através de instrumentos
jurídicos e políticas concretas em um contexto universal; passando assim a gerarem
4
FERRER, Gabriel Real. La construcción del Derecho Ambiental. Revista Aranzadi de Derecho Ambiental (Pamplona,
Espanã), n. 1, 2002, págs. 73-94.
128
CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS
1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS
O decreto nº 4887 do ano de 2003 foi mais um direito assegurado aos povos
tradicionais; este regulamenta o procedimento para identificação, reconhecimento,
delimitação, demarcação e titulação das terras ocupadas por remanescentes das
comunidades dos quilombos de que trata o art. 68 do Ato das Disposições
Constitucionais Transitórias. Em seus artigos 2º e 3º, por exemplo, é assegurado o
direito de autodeterminação desses povos, assim como a garantia de sua reprodução
física, social, econômica e cultural. Este Decreto atribui ao INCRA a realização dos
procedimentos legais que visem assegurar esses direitos.
No início do ano de 2018, a ADI 3239 (Ação Direta de Inconstitucionalidade) foi
julgada improcedente pelo Supremo Tribunal Federal, declarando a
constitucionalidade do decreto nº 4887/2003. A ADI foi movida pelo partido político
Partido da Frente Liberal (PFL), atual Democratas (DEM), e apontava uma série de
inconstitucionalidades no decreto, entre elas o critério de autodefinição concedido
neste. Com 8 votos contrários a ADI, ela foi julgada improcedente, como já dito antes;
vale destacar a justificativa do voto da ministra Rosa Weber, que foi favorável ao
decreto 4887/2003:
133
Conforme o artigo 1º, inciso III da Lei 7.347/85, patrimônio cultural abrange
todos os "bens e direitos de valor artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico".
Todo bem cultural deve ter preservadas suas características essenciais. Quando isso
não é respeitado, o Ministério Público Federal entra em ação, na esfera judicial ou fora
dela. O meio ambiente, por sua vez, é definido como o "conjunto de condições, leis,
influências e interações de ordem física, química e biológica, que permite, abriga e
rege a vida em todas as suas formas". Constitucionalmente, cabe ao Ministério Público
135
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
<http://agenciabrasil.ebc.com.br/direitos-humanos/noticia/2018-09/plantio-tradicional-
de-quilombolas-recebe-titulo-de-patrimonio-do>. Acesso em: 12 out. 2018.
BRASIL. Decreto lei nº 4887/2003. Regulamenta o procedimento para identificação,
reconhecimento, delimitação, demarcação e titulação das terras ocupadas por
remanescentes das comunidades dos quilombos de que trata o art. 68 do Ato das
Disposições Constitucionais Transitórias. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Decreto/2003/D4887.htm>. Acesso em: 24 set.
2018.
BRASIL, Instrução normativa nº 57. Disponível em:
<http://www.planejamento.gov.br/ assuntos/patrimonio-da-
uniao/legislacao/instrucoes-normativas/instrucoes-normativas-arquivos-pdf/in-57-
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COMISSÃO PRÓ ÍNDIO DE SÃO PAULO. Terra de Quilombo – boletim 04. Julho,
2008. Disponível em: <http://www.cpisp.org.br/pdf/boletim02_terras.pdf>. Acesso em:
21 set. 2018.
GUSTIN, Miracy Barbosa de Sousa; DIAS, Maria Tereza Fonseca. (Re)pensando a
pesquisa jurídica: teoria e prática. 3ª. ed. Belo Horizonte: Del Rey, 2010.
INSTITUTO DO PATRIMÔNIO HISTÓRICO E ARTÍSTICO NACIONAL. Sistema
Agrícola Tradicional do Vale do Ribeira pode ser tornar Patrimônio Cultural do
Brasil. IPHAN, 2018. Disponível em:
<http://portal.iphan.gov.br/noticias/detalhes/4823>. Acesso em: 12 out. 2018.
INSTITUTO SOCIOAMBIENTAL. Inventário cultural dos quilombolas do Vale do
Ribeira. Anna Maria Andrade e Nilto Tatto. São Paulo, 2013. Disponível em:
<https://acervo.socioambiental.org/sites/default/files/publications/pdf-publicacao-
final_inventario.pdf>. Acesso em: 25 set. 2018
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Quilombola en Brasil. Quadrens. Disponível em:
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WITKER, Jorge. Como elaborar uma tesis en derecho: pautas metodológicas y
técnicas para el estudiante o investigador del derecho. Madrid: Civitas, 1985.
137
INTRODUÇÃO
O autor demonstra que o lucro é o bem maior a ser perseguido pela empresa,
e seria de fato uma responsabilidade social, pois segundo BARBIERI, (2011. p. 54).
“Todos os demais papéis que a ela vier desempenhar estão condicionados por essas
responsabilidades”. Que neste caso é obter lucro.
Assim, a critica feita pelo autor quando o Estado intervém nas leis que regulam
as relações com viés de flexibilização, tem como consequência não assegurar os
direitos e garantias fundamentais nas relações do trabalho, pois segundo ele, a
“flexibilização está prevista na Constituição Federal, no art. 7º, incisos VI, XII e XIV,
porém, estas seriam apenas alterar direitos do trabalhador que não fosse básico ou
irrenunciáveis”.
Segundo SILVA (2015. p. 117), se contrapondo a este modelo, que para o autor
não garante uma continuidade nas relações do trabalho, afirma que:
CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS
Abstract: The objective of this research was to analyze the National System of
Conservation Units - SNUC, established in Law no. 9.985 / 2000, from the point of view
of the relation between Conservation Units and the presence of native peoples in these
spaces; since there were overlaps of rights during the process of creating protected
spaces, and the rights belonging to the resident population were violated. The
methodology used in this research was that of the deductive method, and, in terms of
means, the research was bibliographical and in terms of the purposes, the research
was qualitative. The conclusion reached was that the State has the duty to elaborate
and implement public policies aimed at resolving territorial conflicts; however, the
popular participation of traditional peoples is essential to obtain better results in
conciliation.
Keywords: Protected spaces; Original Peoples; Social and Environmental Rights.
INTRODUÇÃO
A Constituição Federal de 1988, por força de seu artigo 225, assegura o direito
a um meio ambiente ecologicamente equilibrado como um direito fundamental a todos
os indivíduos, além de estabelecer como dever de todos, a sua preservação. Assim,
no bojo da Constituição, encontra-se o mandamento da conservação ecológica, que
abrange a preservação, a manutenção, a utilização sustentada, a restauração e a
melhoria do meio.
Diante disto, em no ano de 2000, foi editada e lei que passou a regular o
Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza - SNUC, a Lei nº
9.985/00, que tem como principal objetivo a proteção de espaços territoriais para
garantir a preservação da biodiversidade.
A lei contempla diversas modalidades e diferentes aspectos de criação e
utilização de espaços territoriais especialmente protegidos pelo Poder Público, dentre
eles as Unidades de Conservação, em sentido estrito, nas quais a presença e
interferência humana nesse meio são vedadas. Entretanto, existe uma parcela de
142
3 CONFLITOS E SOLUÇÕES
Pode ser até contraditório, mas ainda ocorrem no Brasil conflitos territoriais
causados por antagonismos de direitos culturais e direitos ao meio ambiente,
refletindo a dificuldade encontrada em conciliar os dois lados.
Explica Abirached, Brasil e Shiraishi (2010, p. 6) que
Isso ocorre porque o planejamento governamental desses territórios é
desarticulado. Falta maior interlocução entre os órgãos responsáveis pela criação de
áreas protegidas. Por exemplo, não é raro uma UC ser criada sobre uma terra
indígena, ou o órgão indigenista delimitar terras indígenas no interior de UC. O uso de
recursos naturais, expressão das práticas e da cultura tradicional indígena, por vezes
contradiz os objetivos pelos quais a unidade foi criada, quando esta prevê apenas o
uso indireto do território. Também há casos em que a UC, pela categoria de manejo
de proteção integral, inviabiliza as práticas agroextrativistas de quilombolas e outras
populações tradicionais, gerando conflitos na gestão ambiental e territorial.
Para melhor evidenciar o assunto, levanta-se o conhecido caso do Parque
Nacional do Jaú, no Amazonas. O Parna-Jaú localiza-se a aproximadamente 200 km
a noroeste de Manaus, no médio rio Negro. Sua criação de deu em setembro de 1980,
através de decreto presidencial, com uma área de 2.272.000 hectares, representando,
assim, a maior área de floresta tropical contínua e protegida do Estado do Amazonas.
Devido à área ter se tornado uma unidade de conservação, a população que,
principalmente, utilizava o rio Jaú para se locomover teve que migrar para outras áreas
por ter sua subsistência prejudicada. Por esta razão, vê-se que no Plano de Manejo
do Parna-Jaú possuiu um grande momento indenizatório para as famílias que teriam
migrado da região, devido à atuação do órgão gestor IBDF (Instituto Brasileiro de
Desenvolvimento Florestal).
146
CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS
Abstract: This paper discuss the relation between state, market and sustainable
development by analyzing the Amazônia Florescer program, which was created as an
Amazon’s Bank microcredit program. The region, with a low per capita income, but rich
in natural resources, is historically known by its agriculture and the agroforestry
management of the resources. The family farmers related to those activities have been
facing big challenges to keep its production on sustainable bases. In this context, the
Amazônia Florescer program aims the concession of microcredit to those small
producers to facilitate ventures, value the labor and reduce social and regional
inequalities. In conclusion, the developmental State, by intervening on economy, has
as objective the guarantee of social and fundamental rights provided for in Constitution
on the way to pursuit the sustainable development.
Keywords: Credit; Sustainable development; State.
INTRODUÇÃO
Ressalta-se que tais valores são destinados à produção, não ao consumo, uma
vez que o objetivo do programa é justamente viabilizar o investimento e o negócio de
forma a gerir melhor seus riscos e, consequentemente, acumular capital. A
importância disto reside no fato de que, a despeito do sucesso do açaí no mercado
global, a renda de seus produtores ainda é baixa, além de que estes sofrem com
várias carências, como falta de saneamento, acesso à saúde e à educação. Portanto,
a dificuldade na capitalização impede a expansão de suas atividades e,
consequentemente, as melhorias na condição de vida.
Todavia, seria utópico acreditar que a mera concessão de crédito cria, por si
só, oportunidades. Assim, o que se defende neste trabalho é a crença de que este
incentivo concedido pelos bancos permite que as pequenas propriedades possuam
viabilidade econômica para garantir o trabalho e a renda.
De acordo com Sachs (2008), o crescimento favorecido pelo emprego não se
reduz à mera sobrevivência, mas considera, acima de tudo, a geração de empregos
decentes. Ademais, reforça o autor, o desenvolvimento deve ser pensado de dentro,
partindo-se da inclusão, e tendo em vista um ambiente sustentável, buscando-se
meios para a erradicação da pobreza mediante a inclusão social para o trabalho, além
de outros direitos sociais, como a educação, a saúde e moradia.
Nesta perspectiva, ao se observar os resultados práticos de dez anos de
funcionamento do programa Amazônia Florescer, tem-se que o mesmo já movimentou
mais de trezentos milhões de reais, além de atender a mais de cento e noventa e nove
mil pessoas, de acordo com os dados fornecidos pelo Banco da Amazônia em 2017.
Desta forma, o Amazônia Florescer vai ao encontro dos ideais propostos pelo
autor, sobretudo quando se considera as metas do programa de universalização do
acesso ao crédito de forma a fomentar o empreendimento, geração de emprego e
renda, promoção e integração de políticas públicas, redução da pobreza e da
desigualdade social. Assim, tem-se que o fortalecimento da agricultura familiar é uma
forma de viabilizar o desenvolvimento sustentável, além de ser uma ferramenta de
integração social.
Em termos práticos, os resultados do programa apontam para o aumento dos
investimentos na cadeia produtiva do açaí entre os anos de 2011 e 2012. Além disto,
houve o aumento dos créditos nesta produção entre 2012 e 2013, o que resultou no
valor de um milhão e novecentos mil reais neste último ano. Somado a isto, em 2015
este montante correspondeu a 17,3% do valor aplicado e 15,2% dos indivíduos
atingidos pelo programa. Assim, tais dados apontam que este mercado é
caracterizado pela grande expansão da produção, sendo a demanda superior à oferta,
o que repercute na demanda pelo crédito (REYMÃO; SILVA, 2018).
É importante, ainda, mencionar que, nos últimos anos, os resultados mostram-
se preocupantes no que se refere à queda do número de participantes no programa,
além da concentração de recursos nesta cadeia de produção, aspecto prejudicial ao
agricultor familiar. Todavia, o programa Amazônia Florescer, longe de romantizar a
concessão do crédito, objetiva a sua disponibilização, sendo, ainda, um programa é
recente, pois iniciou suas atividades em 2007.
Isto quer dizer que, ainda que exista a necessidade de reformulações para
melhor se adequar à realidade do pequeno produtor, há muito se precisava de uma
iniciativa como esta a fim de estimular, de maneira sustentável, o empreendimento e
a extensão da pequena produção, já que isto gera impactos positivos que contribuem
ao desenvolvimento sustentável da região.
Portanto, reitera-se que o alcance de objetivos norteadores do projeto, como a
universalização do crédito, geração de emprego e renda, fortalecimento das unidades
153
CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS
INTRODUÇÃO
tipos de mediação: uma mediação criadora, outra renovadora; uma preventiva e outra
criativa. As duas primeiras dedicam-se a fazer nascer ou renascer laços relacionais,
enquanto as duas outras se destinam a administrar uma situação de conflito (seja ele
eminente ou já deflagrado). As quatro visam estabelecer ou restabelecer a
comunicação entre pessoas ou grupos: a natureza da mediação é, inequivocamente,
relacional (Six, 1990 apud C. S. Nicácio 2011) O autor se preocupa em destacar a
natureza relacional da mediação enquanto ferramenta de diálogo, porquanto o
mediador deve aliar a eventual resolução de um conflito à preservação dos laços em
questão.
Deve-se considerar estes apontamentos com especial cuidado ao procurar
solucionar conflitos entre pessoas de convívio próximo. Trazendo a reflexão proposta
por Six (1990) às pequenas e, por vezes, grandes brigas que ocorrem constantemente
entre o índio e o não-índio no centro urbano de Manaus, observamos a importância
de preservar os relacionamentos entre os vizinhos e famílias envolvidas, por exemplo.
Em Manaus, por exemplo, parte das terras destinadas à Zona Franca acabaram
ocupadas por migrantes para habitação. A forma desordenada como se deu a
urbanização de Manaus é o principal fator que ocasionou dificuldades de moradia.
Nessas ocupações irregulares, incluem-se grupos de indígenas. Migrantes em razão
de devastação de seu território original ou em busca de maiores oportunidades de
empregos na capital.
Nessas ocupações, além de, muitas vezes, conviverem com condições
degradantes de saneamento básico e enfrentarem dificuldades em razão da falta de
estrutura urbana em geral, os povos indígenas deparam-se com ocupantes não-
indígenas, levados à ocupação irregular por razões similares às suas. Ainda que o
fator da degradação ambiental influencie na migração desses povos indígenas, o fator
econômico é determinante para a migração tanto do indígena quanto do não-indígena.
De maneira que, ao depararem-se ambos com a problemática da falta de espaço para
moradia digna no espaço urbano, surgem mais conflitos.
Demonstra-se, dessa forma, que a postura do mediador que preocupa-se em
compreender a cultura de ambas as partes mediandas é decisiva para a eficácia da
mediação, tanto em sua função de método de resolução de conflitos como em seu
aspecto relacional, ao oportunizar um debate dialógico. Tal debate pode levar a uma
solução não só eficiente, como também amigável. Evidenciando a utilidade da
mediação como instrumento de interação entre alteridades.
CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS
Resumo: O artigo tem por objeto analisar a questão do pagamento por serviços
ambientais em terras indígenas, sobretudo em como esses negócios jurídicos
relacionam-se com o direito à consulta prévia, livre e informada, tratando,
pormenorizadamente, de como este direito pode servir como instrumento para a
correta decisão no que tange tais avenças. Além disso, o artigo busca expor conceitos
fundamentais para entender o problema, bem como aprofunda aspectos referentes às
consequências decorrentes do provimento de serviços ambientais por povos
indígenas. Vale ainda ressaltar que o artigo propõe a observação do direito à consulta
prévia, livre e informada como mecanismo de prevenção para os problemas
decorrentes de tais negócios, aduzindo, ainda, casos concretos de projetos de
pagamento por serviços ambientais em terras indígenas que já estão em operação no
Brasil.
Palavras-chave Pagamento por Serviços Ambientais; Povos Indígenas; Direito à
Consulta Prévia, Livre e Informada.
Abstract: This paper has as its object the analysis of the payment for environment
services in Indian lands, mostly showing how this bargains relate to the right of
previous, free and informed consultation, treating how this right can serve as
instrument for the correct decision in those bargains. Although, this paper tries to
expose fundamental concepts to understand the problem, as well as deeply focus on
aspects linked to the consequences that result from the environment services
provision. It is worth mentioning that this paper proposes the observation of the right
of previous, free and informed consultation as mechanism of prevention for the future
problems related to those kind of bargains, adding, yet, concrete cases of payment for
environment services in Indian lands projects that are already working in Brazil.
Keyword: Enviroment Services Payment; Indigenous People; Right of Previous, Free
and Informed Consultation.
INTRODUÇÃO
já estão em atividade, além de garantir renda aos sujeitos envolvidos em sua provisão,
o que tem atraído muito interesse.
No entanto, embora economicamente interessantes, os negócios jurídicos
envolvendo pagamento por serviços ambientais entre as comunidades indígenas e as
instituições do segundo setor tem acarretado consequências negativas, mormente
quando seus direitos são violados.
O presente trabalho tem como objetivo apresentar a relação entre o direito à
consulta livre, prévia e informada e o pagamento por serviços ambientais em terras
indígenas. Para tanto, intenta-se discorrer sobre os conceitos pertinentes,
confrontando o interesse econômico das comunidades indígenas e a preservação de
seu modo de vida tradicional.
A metodologia jurídica utilizada teve enfoque em fontes bibliográficas
multidisciplinares, além de técnicas de pesquisas doutrinária, legal e de notícias.
Quanto à classificação desta, o procedimento técnico adotado foi o analítico, baseado
nas teorias econômico-jurídicas e sociólogo-jurídicas, com vistas à construir o
desenvolvimento do resumo.
A partir dessa exposição, o problema central da pesquisa consiste em
responder à pergunta que segue: Quais as consequências da inobservância do direito
à consulta livre, prévia e informada nos negócios jurídicos envolvendo pagamento por
serviços ambientais em terras indígenas?
Com efeito, o presente artigo busca analisar de que forma os serviços
ambientais são implantados em terras indígenas e quais as consequências daí
decorrentes para as comunidades, sobretudo no que diz respeito ao direito à consulta
prévia, livre e informada, pois ainda que a prestação de serviços ambientais deva
gerar benefícios a esses povos, pode também acarretar prejuízos, quando
inobservadas as condições técnicas e socioculturais dos povos originários.
1 SERVIÇOS AMBIENTAIS
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
Grupo de trabalho:
DIREITO AMBIENTAL,
GLOBALIZAÇÃO E
SUSTENTABILIDADE II
Trabalhos publicados:
Abstract: This paper aims to verify if the lack of conclusion of the legal proceedings
initiated to question the various stages of the implementation of the Belo Monte
Hydroelectric Power Plant, primarily with regard to the indigenous peoples of the
Middle Xingu, contributes to an ethnocidal action of the Brazilian State and The Norte
Energia, responsible for the works. After analyzing the concept of ethnocide and the
progress of the public civil actions that constitutes the Belo Monte Case, filed by the
MPF/PA, that directly involve the indigenous peoples, it is observed that, as advocated
by the MPF/PA, slow and gradual ethnocide is practiced against the indigenous
peoples impacted by the project.
Keys-words: BELO MONTE, ETHNOCIDE, INDIGENOUS PEOPLES.
INTRODUÇÃO
1
A expressão utilizada no título deste artigo remete diretamente ao trabalho do Procurador da República Felício Pontes Junior
em blog com o mesmo nome criado exclusivamente para tratar sobre o caso Belo Monte, especialmente a partir da retomada
das obras em 2000, e até o ano de 2011. Cfr.: <http://belomontedeviolencias.blogspot.com/>. Acesso em: 10 de outubro de 2018.
2
Em consulta ao sítio eletrônico do Programa de Aceleração do Crescimento, a obra de Belo Monte apresenta como investimento
previsto o valor de R$28.861.480.000,00. No mais, tendo como referência a data de 30 de junho de 2018, o estágio atual da
implantação é “em obras”. Cfr.: <http://www.pac.gov.br/obra/9059>. Acesso em: 10 de outubro de 2018.
3
Somente 04 (quatro) das 25 (vinte e cinco) ações civis públicas foram definitivamente julgadas. São elas: ACP
2001.39.00.005867-6 (nova numeração: 5850-73.2001.4.01.3900); ACP 2009.39.03.000363-2 (nova numeração:
000036335.2009.4.01.3903); ACP 002022411.2012.4.01.3900 e ACP 000270866.2012.4.01.3903.
4
No site do MPF/PA, consta resumo de cada uma das ações, com atualização até março/2016. Cfr.:
<http://www.mpf.mp.br/pa/sala-de-imprensa/documentos/2016/tabela_de_acompanhamento_belo_monte_atuali
zada_mar_2016.pdf/>. Acesso em: 12 de outubro de 2018.
172
5
Cfr.: <http://www.brasil.gov.br/governo/2016/05/dilma-inaugura-usina-hidreletrica-de-belo-monte>. Acesso em: 14 de outubro
de 2018.
6
Segundo a petição inicial da ACP 3017-82.2015.4.01.3903 são 09 (nove) as etnias impactadas diretamente pela construção da
UHE de Belo Monte: Xipaya, Kuruaya, Juruna, Arara, Xikrin, Assurini, Araweté, Parakanã e Kayapó – habitantes de onze Terras
Indígenas, uma reserva indígena, uma área de restrição de uso para índios isolados (Ituna/Itatá) e inúmeras áreas desaldeadas
(pág. 7-8). Parte dessas etnias possui contato recente com a sociedade envolvente, a exemplo dos Arara, residentes da Terra
Indígena Cachoeira Seca (pág. 26-27).
173
Por conseguinte, para VIVEIRO DE CASTROS (2015, pág. 1), “toda decisão
política tomada à revelia das instâncias de formação de consenso próprias das
coletividades afetadas por tal decisão, a qual acarrete mediata ou imediatamente a
destruição do modo de vida das coletividades, ou constitua grave ameaça [...] à
continuidade desse modo de vida”, pode ser considerada como ação etnocida,
especialmente quando se trata das minorias étnicas situadas no território brasileiro.
Por conseguinte, a prática etnocida, prossegue CLASTRES (2014, pág. 80),
possui duas premissas, a saber, a existência de uma suposta hierarquia entre culturas
e a supremacia da cultura ocidental, a qual, por sua vez, denota a ideia de
integracionismo dos povos indígenas, em voga no Brasil até o marco constitucional
de 1988.
Feitas tais considerações conceituais, ainda que a ação dita etnocida tenha
seus contornos desenhados incialmente pela Antropologia, tem-se que tal ação,
enquanto violadora do que dita (a) a Constituição Federal de 1988, particularmente o
art. 231, (b) a Convenção 169 da OIT, primordialmente os arts. 2.1, 8.1 e 8.2 e (c) as
Declarações das Nações Unidas e Americana sobre os Direitos dos Povos Indígenas,
tem inquestionáveis contornos jurídicos.
Ora, a existência de normas constitucionais e internacionais internalizadas pelo
Estado brasileiro que demonstram considerável preocupação com o repúdio à
assimilação e com o direito à identidade e à integridade cultural dos povos indígenas
revelam a categorização jurídica do etnocídio, sendo certo que a diversidade étnica é
tutelada pelo ordenamento.
Assim sendo, se o etnocídio é entendido como a destruição (ou o risco da
destruição) do modo de vida dos grupos indígenas atingidos e o atual arcabouço
jurídico assegura as diversas formas de expressão e os modos de fazer, criar e viver
desses variados grupos que contribuíram para a formação da sociedade brasileira, é
indubitável que a ação etnocida, cada vez mais, trará repercussões jurídicas para
aqueles que a praticam.
Como alerta VIVEIROS DE CASTRO (2015, pág. 4), “nossa impressão é que o
conceito caminha lenta mas firmemente para seu acolhimento oficial por parte dos
organismos internacionais, apesar de uma persistente pressão contrária exercida
pelos Estados nacionais”, inclusive porque, tal como o Estado brasileiro, “têm em seu
passivo histórico e ético uma abundância de políticas inequivocamente etnocidas,
associadas ou não a ações genocidas”.
8
Definido, segundo a inicial da ACP em referência, como um conjunto de “ações emergenciais antecipatórias, de
responsabilidade do Estado e do empreendedor, que deveriam estabilizar a região para o início das obras da hidrelétrica, e de
programas de médio e de longo prazo, que devem constar de um Plano Básico Ambiental (PBA-CI), a ser elaborado pelo
empreendedor como condição para obter a Licença de Instalação” (pág. 13-14).
177
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O Poder Judiciário, apesar de ser acionado por mais de 20 (vinte) vezes, até o
momento, seja por razões processuais como os mecanismos de suspensão de
decisões previstos no ordenamento jurídico9, seja por razões fincadas na suposta
9
Sobre o assunto, tem-se que, segundo LOUREIRO E SILVA (2012, pág. 6), “por força do incidente processual de suspensão
de liminar (PSL) e do efeito suspensivo concedido em sede de recurso de agravo de instrumento, travam-se as vias recursais no
bojo das ações principais [ações civis públicas] e esta paralisia processual propicia o avanço das fases seguintes do processo
de licenciamento ambiental, sem proceder-se ao saneamento das ilegalidades apontadas na fase anterior”.
178
REFERÊNCIAS
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julho/setembro 2012, pág. 5-34.
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VIVEIROS DE CASTRO, Eduardo. Sobre a noção de etnocídio, com especial atenção
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direitos-dos-povos-indigenas/RELATORIOONU2016_pt.pdf>. Acesso em: 18 de
outubro de 2018.
180
Abstract: The objective of this research is to analyze whether there is the realization
of citizenship of traditional peoples and communities in order to expose the historical
concept to the trajectory and innovation of this right through environmental law studies
as well as analyzing how communities and peoples Traditional legitimize the idea of
environmental citizenship highlighting legal norms aimed at protecting and maintaining
the environment. The methodology used in this study was the deductive method; As
to the means the research was the bibliography with the use of the doctrine legislation
and jurisprudence; The research was qualitative for the purposes. It is concluded that
although there is legislation that is in the presence of traditional peoples and
communities, there is a lack of participation and dialogue and information between the
state powers which makes their full citizenship impossible.
Key-words: citizenship; environment; traditional peoples and communities
INTRODUÇÃO
1 CONCEPÇÃO DA CIDADANIA
Tudo isso valoriza a categoria cidadania como estratégia de luta para uma
nova sociedade. Os trabalhadores devem estar sempre em pugna por
seus interesses e direitos – a primeira exigência para isso é a manutenção
de condições democráticas mínimas, acompanhadas de uma boa
Constituição e de governantes que a respeitem. Luta que inclui pressões,
graves e desobediência civil, se necessário, mas com o fim de manter o
processo civilizatório contra um processo anárquico e bárbaro, que pode
pôr abaixo conquistas anteriores.
Alguns deles têm acesso a quase todos os bens e direitos; outros não, em
virtude do baixo salário e do não-direito à expressão, à saúde, à educação
etc. O que é cidadania para uns e o que é para outros? É importante
apreender de que cidadania se fala.
Cidadania é mais que o direito de votar e ser votado – ela demonstra condições
de nível econômico, social, político e cultural – instituto que se fundamenta na ideia
de que todos os homens são iguais. Ainda, a cidadania diz mais do que apenas um
183
Por esta perspectiva a cidadania também passou a ter uma nova roupagem.
Segundo Oliveira (2012, p. 26) busca-se a valorização da vida em meio à crise
ambiental, através do fortalecimento da ideia de dignidade humana e dos princípios
fundamentais. Além disso, o cidadão passa a ter deveres em relação ao meio
ambiente, sendo um deles a necessidade de compreensão da posição ecológica do
ser humano e das possibilidades decorrentes da sua atividade predatória.
Ressalta-se o dispositivo do art. 225 da Constituição Federal a respeito do meio
ambiente ecologicamente equilibrado, segundo o qual “todos têm direito ao meio
ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia
qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-
lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações”. Percebe-se que o bem
ambiental é de uso comum do povo. O Estado e a coletividade devem viabilizar a sua
proteção, através de mudanças de comportamento social, por meio da participação e
informação.
Segundo Oliveira (2012, p. 40), existem meios para a consecução de uma
cidadania ambiental: a participação de criação de normas ambientais, a formulação
de políticas ambientais e a participação via acesso ao Poder Judiciário. Tais
instrumentos podem ser agregados aos cidadãos através da educação ambiental.
Estes dizeres se consubstanciam em uma concepção mais ampla da cidadania,
185
CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS
Abstract: Protect the urban water is one of the central concerns of this century. This,
based on the principles of Environmental protection, this article aims by the
documental review to talk about the role of urban water protection as a human right.
For this, the development of the urban environment was analyzed as a global historical
phenomenon in the perspective of the uses and the availability of the water resource.
After, it was noticed the relationship between the many cycles of contamination and
water consumption in large urban conglomerates. Finally, it was revised the national
and international legal framework on water law, understanding the environment as a
human right.
Keywords: WATER LAW, HUMAN RIGHTS, ENVIRONMENT
1. INTRODUÇÃO
2. DESENVOLVIMENTO
1
Aqui se utiliza o termo bem da vida não como o bem da vida do código de processo civil, mas sim a compreensão da água
como um “bem” ambiental essencial para a manutenção da vida.
2
Enumenrando de maneira simplificada as bençãos da água urbana está, em primeiro lugar, o abastecimento de água potável,
indispensável para as pessoas beberem, prepararem alimentos e se higienizarem, sendo de suma relevância para a manutenção
da saúde; em segundo, por desempenhar um papel importante para a economia das regiões, uma vez que as águas urbanas
são necessárias para a manutenção das indústrias, para o fornecimento de energia elétrica e para o transporte; e em terceiro
lugar, importa salientar, por fim, o aspecto cultural das águas no meio urbano, pois a água, além de ter função recreacional,
representando meio para o lazer dos habitantes, também é um bem quase sagrado de certas sociedades, que mantém uma
relação quase religiosa com a água, a exemplo dos indígenas na região amazônica, da cultura indiana (SHIVA, 2006) e da antiga
civilização grega e egípcia (RODRIGUES DA SILVA, 1998). Em quarto lugar, as águas têm por função, juntamente com as
estradas, proporcionar facilidade de circulação, favorecendo contatos, sendo um dos fatores relacionados à criação de cidades
(GANDARA, 2013).
190
3
No entanto, ressalta-se que tal afirmação é apenas uma estimativa, pois o governo brasileiro padece de um gigantesco problema
de ausência de informações quanto à qualidade das águas, o que impossibilita o fornecimento de dados precisos sobre a situação
hídrica no Brasil (AGÊNCIA NACIONAL DE ÁGUAS, 2016 ). A exemplo do próprio informe sobre o quadro da situação hídrica
no Brasil de 2016, que não forneceu dados precisos sobre o estado da situação das águas no Brasil, justificando que dos 27
estados da Federação, apenas 17 têm pontos de monitoramento do padrão de qualidade de águas e, deles, cada um adota seus
próprios índices de monitoramento, in verbis: “É importante frisar que nem todas as redes estaduais monitoram todos os
parâmetros necessários para o cálculo do IQA. Nestes casos, o vazio de informações não permite uma avaliação da qualidade”
(AGÊNCIA NACIONAL DE ÁGUAS, 2016).
4
John Snow foi um importante médico e pesquisador britânico que descobriu a relação entre o cólera que afetava a população
londrina à época e a presença de bactérias das fezes nas águas (VINTEN-JOHANSEN, 2003). Ele publicou tal hipótese em
artigos em 1854 (Snow, 1857) e em o seu livro chamado On the mode of communication of cholera, em que realizou a relação
de causa e efeito entre a má qualidade da água e a epidemia de cólera nas cidades inglesas (SNOW, 1855).
5
Dentre as publicações científicas que afetaram tal movimento está o livro Primavera Silenciosa de Rachel Carson, que foi
considerado pelo Secretário do Interior dos Estados Unidos Stuart Udal como o marco que deflagrou o movimento ambientalista.
Além do seu livro, a autora também marcou os estudiosos sobre a proteção em um discurso ao comitê científico do presidente
Kennedy, in verbis: “the right of the citizen to be secure in his own home against the intrusion of poisons applied by other persons.
I speak not as a lawyer but as a biologist and as a human being, but I strongly feel that this is or ought to be one of the basic
human rights” (BOYD, 2012).
6
A Carta Europeia da Água é, efetivamente, um dos principais marcos legal sobre a proteção das águas em esfera mundial, pois
formalizou entre os países signatários uma direção a seguir, uma meta e um compromisso em gestão governamental.
191
8
Adota-se, no trabalho, o entendimento de que os direitos fundamentais são direitos humanos positivados. Direitos Humanos,
dessa forma, são direitos positivados na esfera internacional e direitos fundamentais são direitos humanos positivados no âmbito
do direito interno, os quais se diferenciam dos direitos naturais porque estes são os direitos não positivados, conforme
classificação exposta por Dimitri Dimoulis (2013, p. 49). Não obstante, este trabalho não se afilia ao conceito de direitos
fundamentais adotado por esse autor.
193
3. CONCLUSÕES
REFERÊNCIAS
Resumo: Até o século XIX, a proteção do meio ambiente era relegada a um segundo plano,
havendo pouca ou nenhuma consciência ecológica de respeito e preservação da natureza,
existindo uma preocupação mais com as finalidades econômicas do que com os valores
ambientais. Somente nas últimas décadas é que a proteção a um meio ambiente saudável se
tornou assunto de suma importância, tanto na esfera política e social, quanto jurídica, numa
relação estreita com a proteção da dignidade da pessoa humana. Apesar das normas de
cunho nacional e de o Brasil ser signatário de tratados internacionais sobre a proteção ao
meio ambiente, na prática não são raros os casos de nítida violação a tal direito, dentre os
quais se encontra a falta de água potável e saneamento básico em distintas regiões do país.
Para tanto, foi utilizado método descritivo e exploratório, com base na legislação nacional,
tratados internacionais, doutrinas, casos e sites.
Palavras-chave: Meio Ambiente. Desastres Ambientais. Direitos Humanos.
Abstract: Until the nineteenth century, environmental protection was relegated to the
background, with little or no ecological awareness of respect and preservation of
nature, with concern for economic purposes rather than for environmental values. Only
in the last decades has the protection of a healthy environment become a matter of
great importance, both politically and socially, as well as juridically, in a close
relationship with the protection of the dignity of the human person. Despite national
standards and Brazil being a signatory to international treaties on protecting the
environment, in practice, cases of clear violation of this right are not uncommon, among
which is the lack of drinking water and basic sanitation in different regions of the
country. For that, a descriptive and exploratory method was used, based on national
legislation, international treaties, doctrines, cases and sites.
Key-words: Environment. Environmental Disasters. Human rights.
INTRODUÇÃO
1
SILVA, José Afonso da. Direito Constitucional Ambiental. São Paulo: Malheiros, 2008, p. 2.
197
presentes, bem como as vindouras, por meio de ações estatais e não estatais, que
evitem ou ao menos mitiguem violações aos direitos da pessoa humana.
Diante dessa realidade, mister tratar o saneamento básico e a sua falta dentro
de grande parte do Estado brasileiro, direito esse reconhecidamente como um direito
humano na seara nacional e internacional, que uma vez não observado, fere o meio
ambiente, bem como a dignidade da pessoa humana.
2
Para o constitucionalista português Gomes Canotilho, o direito de terceira geração na verdade configuraria um direito de quarta
geração em razão de estar em causa direito dos povos. Para ele a primeira dimensão trata dos direitos da liberdade, a segunda
dimensão dos direitos de participação política, a terceira dos direitos sociais e dos trabalhadores e a quarta dimensão ou geração
dos direitos dos povos, no qual se incluía a proteção do meio ambiente. CANOTILHO. J.J. Gomes. Direito Constitucional e Teoria
da Constituição.7ª Edição. Coimbra: Almedina, p. 386.
198
3
MORATO LEITE, José Rubens e BELLO FILHO, Ney de Barros (org.) Direito Ambiental Contemporâneo. São Paulo: Manole,
2004, p. 639.
4
A doutrina mais moderna já trata de uma sexta de geração ou dimensão de direitos humanos, como sendo o Direito a água
potável e o saneamento básico.
5
Araújo Castro, diplomata brasileiro junto ONU de 1968 a 1971, é um exemplo dessa posição contrária ao perpetrado pelo
governo brasileiro.
6
MORATO LEITE, José Rubens. Em palestra proferida na Universidade Anhanguera/Uniderp, Campo Grande/MS, em 26 de
setembro de 2008.
7
ONU. Declaração de Estocolmo sobre o Ambiente Humano de 1972. Disponível em:
<http://www.direitoshumanos.usp.br>. Acesso: 11 de out. de 2018.
8
No Brasil, as Constituições anteriores à de 1988, não consagravam regras específicas sobre o meio ambiente. A Constituição
Federal de 1946 foi a única que trouxe menção sobre o direito ambiental, estabelecendo a competência para a União legislar
sobre a proteção da água, das florestas, da caça e pesca.
199
A preocupação inicial com a questão ambiental tem sua gênese no século XIX,
porém com um intuito preservacionista da fauna da flora e rios. Somente na década
de cinquenta do século XX é que tal ramo do direito passou a tratar não só da
preservação, mas também da prevenção do meio ambiente contra o aumento de
poluição à época, por meio de uma cooperação internacional.
Porém a internacionalização das questões relativas a proteção dos direitos
humanos frente ao meio ambiente deu-se com o advento da Carta das Nações Unidas
e outras tantas convenções internacionais, em que se destacam a Conferência das
Nações Unidas sobre o Meio Ambiente ocorrida em 1972 em Estocolmo, Suécia e
vinte anos mais tarde com a Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e
Desenvolvimento10, em 1992 no Rio de Janeiro, ampliando dessa forma o rol de
abrangência das questões a serem tratadas.
Dentre os documentos que passam a ser criados com o fito de preservar e
proteção o meio ambiente e ao mesmo tempo estimular o desenvolvimento econômico
e social com sustentabilidade, alguns se destacam sobremaneira como por e.g. a
Declaração sobre o Meio Ambiente Humano das Nações Unidas, adotada em
Estocolmo no ano de 1972, e vinte anos depois, a Conferência das Nações Unidas
sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, sediada no Rio de Janeiro em 1992, mais
conhecida como ECO-92, que reafirmou os princípios da Declaração de Estocolmo,
realizada vinte anos antes, e inseriu outros princípios acerca do desenvolvimento
sustentável, bem como a implementação do Protocolo de Quioto.
O certo é que a relação do Direito Internacional dos Direitos Humanos e do
Direito Internacional ambiental torna-se cada vez mais estreita e evidente, em que “As
normas de proteção internacional ao meio ambiente têm sido consideradas como um
complemento aos direitos do homem, em particular o direito à vida e à saúde
humana11.
As preocupações com o meio ambiente deixam de cuidar tão somente do efeito
da poluição em determinado espaço físico e passa a tratar dos problemas que
envolvem um meio ambiente saudável e sustentável em nível global, em que a
resolução de tais problemas passa ser de competência do conjunto Estado soberanos,
9
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Brasília: Senado Federal, 1988.
10
Desenvolvimento sustentável ou desenvolvimento sustentado é “aquele que não sacrifica seu próprio cenário, aquele que não
compromete suas próprias condições de durabilidade”. REZEK, Francisco. Direito Internacional Público. São Paulo: Saraiva,
2008, p. 245.
11
SOARES, Guido Fernando Silva. Direito Internacional do Meio Ambiente. São Paulo: Atlas, 2003, p. 173.
200
e um dever a ser compartilhado por toda a sociedade que na grande maioria dos casos
arca apenas com o ônus dos problemas que afligem a natureza e o ser humano.
Dentre esses problemas centrais que atingem o ser humano e o meio ambiente
está a ausência de saneamento básico nos países em desenvolvimento e
subdesenvolvidos, em que “em todo o mundo, cerca de [...] seis em cada dez — ou
4,5 bilhões — carecem de saneamento seguro, de acordo com novo relatório da
Organização Mundial da Saúde (OMS) e do Fundo das Nações Unidas para a Infância
(UNICEF)”12, sendo essa uma realidade de parcela do Estado brasileiro.
Diante dessa realidade, o saneamento básico foi reconhecimento
internacionalmente pela Assembleia Geral das Nações Unidas (AGNU) como mais um
direito humano, sendo inserido como sexta dimensão ou geração de direitos humanos.
12
ONUBR. ONU: 4,5 bilhões de pessoas não dispõem de saneamento seguro no mundo. Disponível em:
<https://nacoesunidas.org/onu-45-bilhoes-de-pessoas-nao-dispoem-de-saneamento-seguro-no-mundo/>. Acesso em: 15 de out.
2018.
13
Art. 23, IX. da Constituição Federal de 1988. BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Brasília: Senado
Federal, 1988.
14
Artigo 2º, 1 da Lei 10. 257 de 10 de julho de 2001 - Estatuto da Cidade. São Paulo: Saraiva, 2001.
15
BRASIL. Lei 11.455 de 2007
16
BRASIL. Governo do Brasil. Por que o saneamento básico é tão importante para as cidades?. Disponível
em:<http://www.brasil.gov.br/noticias/meio-ambiente/2018/03/por-que-o-saneamento-basico-e-tao-importante-para-as-
cidades>. Acesso em: 15 de out. 2018.
17
Globo. Apenas 52,5% das moradias do Brasil têm condições adequadas, diz IBGE. Disponível
em:<http://g1.globo.com/brasil/noticia/2012/10/apenas-525-das-moradias-do-brasil-tem-condicoesadequadas-diz-bge.html>.
201
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
Abstract: There are an enormous number of pets in Brazil, so, conflicts about pets
guardianship and eventual financial help for animal support have been brought to light.
Starting from these recent conflicts, it was analyzed, under the Brazilian legal system,
the institution of these beings’ guardianship, their legal nature —if they are property,
things, sencients beings or people — and observed, from jurisprudence, the legal
nature of financial help by some of the former spouses. It was noticed that, although
there are two law projects that approach the subject, none of them were incorporated
by the legal order and, therefore, used in the studied decisions. Nowadays, the courts
and Superior Justice Tribunal are using analogies and law's principles to judge the
demands, as it's seen in the three cases analyzed.
Keywords: Animals. Guard. Alimony.
1 INTRODUÇÃO
de lei acerca do tema. Também foi examinada jurisprudência dos tribunais de justiça
de São Paulo e Rio de Janeiro a fim de perceber como se comporta o tema na prática.
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Considerando que os animais são mais que bens ou meros seres vivos, surge,
no direito civil francês, a figura do ser senciente, no qual se encaixam os animais
domésticos. Seres sencientes são aqueles que têm capacidade de sentir emoções
como amor, tristeza, felicidade, prazer, dor e responder a estímulos externos
negativos ou positivos (PRADA, 2008, p 10-14).
Contudo, no direito nacional os animais domésticos ainda são considerados
como coisas. Nesse toar, há o Projeto de Lei nº 351 (ou 3670, na Câmara dos
Deputados), de 2015, do senador Antonio Anastasia, que buscou alterar o Código Civil
Brasileiro, no sentido de não mais considerar os animais como coisas e sim bens
móveis, acrescentando o parágrafo único ao artigo 82 e inciso IV ao artigo 83, ambos
do referido código (BRASIL, 2015). O projeto em questão foi aprovado no Senado
Federal e atualmente aguarda revisão na Câmara dos Deputados.
Ocorre que, mesmo que não sejam mais considerados como coisas, ao
passarmos a tratar os animais de estimação como bens, não resta resolvida a questão
da guarda, uma vez que este instituto diz respeito a pessoas e não bens ou coisas.
Anos antes do mencionado projeto de lei, em 2010 o deputado Márcio França
propôs o Projeto de Lei nº 7196, que foi arquivado, que versa justamente “sobre a
guarda dos animais de estimação nos casos de dissolução litigiosa da sociedade e do
vínculo conjugal entre seus possuidores, e dá outras providências” (BRASIL, 2010).
Apesar de demonstrar avanço no tocante à guarda, o projeto de lei se limita a
mencionar, em sua justificação, que os animais são considerados como bens no
ordenamento jurídico brasileiro e nada acrescenta tanto quanto à natureza jurídica
que os animais eventualmente adquiririam com a aprovação do projeto, tanto quanto
ao dever de prestar alimentos.
Mesmo sem legislação vigente sobre o tema, há tribunais que já se esbarraram
em conflitos acerca da guarda de animais de estimação, o que até ensejou discussão
no Superior Tribunal de Justiça. Há o caso discutido no Tribunal de Justiça de São
Paulo, onde, no processo de origem, o juiz entendeu que o tema não era da
competência da vara de família e sucessões. Em decisão agravada, o TJ-SP decidiu
que a questão da guarda de animais domésticos é sim competência da vara de família
e ainda dá o nome ao litígio de “posse compartilhada e regime de visitas” (BRASIL,
2018):
Dessa forma, mesmo que não haja uma pluralidade de decisões acerca desta
temática, não há, ainda o que se falar acerca do pagamento de pensão alimentícia
para animais, uma vez que estes não são titulares desse direito. Portanto, o que é
devido ao ex-parceiro na dissolução de união estável ou divórcio é simplesmente uma
ajuda financeira do bem semovente, mesmo que este seja dotado de afeto recíproco,
como é o animal.
3 CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS
<http://www.camara.gov.br/proposicoesWeb/prop_mostrarintegra?codteor=761274&f
ilename=PL+7196/2010>. Acesso em 24/10/2018.
BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. Recurso Especial 1713167/SP, Rel Min. Luis
Felipe Salomão. Quarta Turma, julgado em 19/06/2018. Disponível em:
<https://ww2.stj.jus.br/processo/revista/documento/mediado/?componente=ATC&seq
uencial=83443343&num_registro=201702398049&data=20181009&tipo=91&formato
=PDF >. Acesso em 24 de out. 2018.
BRASIL. Tribunal de Justiça do Estado Rio de Janeiro. Agravo de Instrumento
0056698-31.2017.8.19.0000, Rel. Min: Ricardo Couto de Castro. 7º Câmara Cível,
julgado em 11/04/2018. Disponível em:
<http://www4.tjrj.jus.br/EJURIS/VisualizaEmentas.aspx?CodDoc=3632006&PageSeq
=0>. Acesso em 24 de out. 2018.
BRASIL. Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo. Agravo de Instrumento
2052114-52.2018.8.26.0000, Rel.: José Rubens Queiroz Gomes. 7ª Câmara de
Direito Privado, julgado em 23/03/2018. Disponível
em:<https://www.conjur.com.br/dl/vara-familia-julga-guarda-compartilhada.pdf> .
Acesso em: 24 de out. 2018.
BRETAS, Valéria. STJ deve decidir ainda hoje sobre guarda compartilhada de
animais. Revista Exame, São Paulo, jun. 2018. Disponível em: <
https://exame.abril.com.br/brasil/stj-deve-decidir-ainda-hoje-sobre-guarda-
compartilhada-de-animais/>. Acesso em: 24 de out. 2018.
PARA TJ-SP, VARA DE FAMÍLIA DEVE JULGAR GUARDA COMPARTILHADA DE
ANIMAIS. Revista Consultor Jurídico, mai. 2018. Disponível em:
<https://www.conjur.com.br/2018-mai-13/tj-sp-vara-familia-julga-guarda-
compartilhada-animais>. Acesso em: 24 de out. 2018.
PRADA, Irvenia LS. Os animais são seres sencientes. I Simpósio Multidisciplinar
sobre Relações Harmônicas entre Seres Humanos e Animais. 2008.
208
Abstract: Amazon, with many peculiarities has in the water a unique preciousness,
which attracts the attention of the world. Among legends, myths and tales, indigenous
communities have a source of life in the water, closely linked to traditional culture, and
revered. It presents an overview of the natives in Brazil, presents the origin of rivers
and rituals related to water, and presents a vision of preservation of water resources.
The deductive-qualitative method was used, through bibliographical research, using
doctrine, jurisprudence and legal text. There is in the water an element of creation, of
transformation, whose relationship with man is one of solidarity, in the mythical context,
marks the beginning of relations between men and other domains, being revered as a
member of the family, bringing with it a whole symbology laden with traditions and
customs.
Keywords: Water. Origin of the Rivers. Indigenous Rituals. Preservation of water.
INTRODUÇÃO
vilipendiadas em seu modo de viver com a contaminação das águas, com a “matança
dos rios”, e consequentemente exterminando as tradições que jamais tornaram a ser
realizadas, apesar do amparo constitucional.
A Carta Magna em seu Parágrafo 1º do Artigo 231 confere aos índios a posse
permanente e o usufruto exclusivo das riquezas do solo, dos rios e dos lagos
existentes nas terras indígenas, que são as terras tradicionalmente ocupadas pelos
índios, “por eles habitadas em caráter permanente, as utilizadas para suas atividades
produtivas, as imprescindíveis à preservação dos recursos ambientais necessários ao
seu bem-estar e as necessárias a sua reprodução física e cultural, segundo seus usos,
costumes e tradições”.
Em uma breve análise este trabalho busca demonstrar a relação mística e cheia
de simbologia existente ante as comunidades indígena e a água, sob um aspecto
amplo, entendendo a origem das águas, seus rituais e perdas culturais oriundas da
degradação do meio ambiente. Enredando esta linha de ideias, tem o presente
trabalho utilizará o método dedutivo-qualitativo, através da pesquisa bibliográfica, com
uso de doutrina, jurisprudência e texto legal, sob a égide que “os povos indígenas da
Amazônia sempre tiveram uma relação de respeito com a água, que é passada de
geração para geração desde os ancestrais, sendo reverenciada” 1.
No campo das ciências, quem estuda a relação dos povos com a água é a
etnografia, que abordam as peculiaridades de um povo, sua cultura, suas atividades
e sua relação com a natureza (MAGNANI, 2009). O índio e a natureza sempre tiveram
uma relação harmoniosa e de respeito, no entanto, ao se adaptarem aos costumes
dos outros povos (“homem branco”), os indígenas mudam costumes, inclusive em
relação com a água (JUNQUEIRA, 2004). O respeito e todas as crenças em torno da
água tem se perdido, pois, os jovens muitas vezes não querem aprender sobre sua
própria cultura, preferindo as tecnologias que estão disponíveis a eles hoje em dia
(AZANHA, 2005).
1
Fala da brasileira Maria Alice Campos Freire, do Conselho Internacional das Treze Avós Indígenas, no 8º Fórum Mundial da
Água, realizado em Brasília, no período de 18 a 23 de Março de 2018.
2
Cf.dados do CIMI-2007 (www.cimi.org.br)
3
Cf. a leitura de OLIVEIRA, João Pacheco de. A problemática dos índios misturados e os limites dos estudos americanistas: um
encontro entre a antropologia e a história. In: OLIVEIRA, João Pacheco de. Ensaios em antropologia histórica. Rio de Janeiro,
UFRJ, 1999.
210
Mediante o exposto, afirma Leonardo Tocantins que este índio veio a ser um
agente do processo econômico e, portanto, a peça mais importante na colonização
amazônica, pois, foi ele quem instruiu o homem, ensinou na prática a exploração das
riquezas naturais, em um meio completamente estranho ao europeu, transmitindo a
sua técnica de trabalho, colaborando nas tarefas comuns à sociedade.
Aparecendo sempre de forma estereotipada, etnocêntrica, o índio de uma
maneira genérica, onde “o outro é o aquém ou o além, nunca o igual ao eu” (ROCHA,
2000, p.10). Em sua história tem-se por complexas as relações vividas entre o grupo
e o seu espaço físico que ocuparam, devendo sob a ótica de Guimarães, “[...] revisitar
o passado que não pode ser desvinculado das demandas e exigências de um tempo
presente” (GUIMARÃES, 2007, p. 23-42).
O estereótipo pode ser entendido como “um modelo rígido a partir da qual se
interpreta o comportamento de sujeitos sociais, sem considerar o seu contexto de
intencionalidade [...] Funciona como um padrão de significados utilizado por um grupo
na qualificação do outro” (FLEURI, 2006, p. 498).
Nesse entendimento em uma manifestação estereotipada, é possível identificar
um conjunto de descrição a grupos de sujeitos, colando-os à natureza para torná-los
fixos, como o fazemos mesmo de maneira inconsciente com os indígenas. Com base
nessa afirmação destaco algumas manifestações estereotipadas (VIEIRA, 2008, p.
73) escritas pelos estudantes, objeto do trabalho de Carlos Naguilis Vieira, os quais
são transcrito abaixo:
Índio é uma cultura que vive só nas matas que não tem comida, não tem
forno para fazer as coisas. Eles pintam a cara, vivem em tribo, dançam
todos os dias, não conhecem muitas coisas, caçam onças e etc. Se
vestem com penas, se enfeitam com dentes, peles de animais. Eles fazem
algum ritual todo dia e moram na casa de palha. (aluno, 11 anos, 6º ano –
Escola A – Material coletado no ano de 2005).
Os índios fazem arco e flecha para se defenderem e eles fazem colar e
pulseira de tudo, mas o que mais fazem é de semente de planta. Eles
fazem casa de palha e é uma cultura, mas tem gente que não gosta dessa
cultura dos índios, não sei por quê? Eu acho muito interessante a cultura
deles. (aluno, 11 anos, 6º ano – Escola A - Material coletado no ano de
2006).
Eu sei que os índios são povos antigos que vivem em floresta e eles vivem
até hoje. Os portugueses foram os primeiros a conhecer os índios e até
hoje existem aldeia no Brasil. (aluno, 12 anos, 7º ano – Escola B -Material
coletado no ano de 2007).
Que é um povo diferente, que se pintam, andam quase nus e tem um estilo
de vida diferente do nosso. Adora o sol, a lua e fazem até danças para
eles. Eles ainda moram em aldeia, em tribos e são muito unidos. Plantam,
caçam e pescam para sobreviver. (aluna, 13 anos, 8º ano – Escola A -
Material coletado no ano de 2006).
“Somos seres conectados. Para nós, a água é um ser vivo, divino de uso
e propriedade comunitária e, portanto deve ser compartilhada. Não
entendemos como se deve vendê-la. Sempre protegemos e insistimos que
nossos recursos naturais não fossem destruídos. Quando as propriedades
privadas começam o processo de destruição desses ecossistemas
ficamos sem possibilidade de coletar a água”.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A luta pela água, e sua proteção, está vinculada a vida e cultura indígena, mitos,
contos e lendas, vinculados às religiões, tem suas as alegorias sobre a água eram
relacionadas com símbolo e a origem de vida, vinculadas ao meio de purificação, com
suas significações simbólicas e místicas da água estão presentes em todas as
culturas desde as mais antigas, permeadas de conteúdos mágicos, mantendo-se
presentes através da luta pela preservação da água com representação nos
movimentos sociais.
REFERÊNCIAS
INTRODUÇÃO
A problemática que envolve esta pesquisa é: de que forma garantir aos animais
não-humanos o direito à dignidade, sem trabalho exaustivo ou cruel?
Para tanto, a justificativa dessa pesquisa consiste em analisar se com a
promulgação da EC n° 96/2017, pela qual passou a legitimar a vaquejada como
manifestação cultural de natureza imaterial, incorreu-se em afronta a preceitos
constitucionais, e, consequentemente a violação do bem-estar e dignidade dos seres
submetidos ao aludido desporto. A metodologia que se utilizará nessa pesquisa é a
dedutiva; quanto aos meios a pesquisa será bibliográfica e quanto aos fins, qualitativa.
1
O que tem o domínio de seu ato é livre em ação, - porque livre é aquele que é causa de si mesmo; no entanto, aquele que
precisa ser executado por outro , está sujeito a servidão. Assim, todas as criaturas, com exceção do sujeito intelectual estão
naturalmente sujeitas à servidão. E em qualquer regime aos livres se os provê em razão de si mesmos, e aos servos para que
sejam úteis aos livres. Assim, pois, mediante a divina providência se provê às criaturas intelectuais em razão de si mesmas e às
demais criaturas em razão daquelas (tradução nossa).
218
(I) Animais não têm status moral, pois eles não têm consciência,
racionalidade, linguagem, etc.
(II) Logo, em termos morais, não importa como os tratamos. Nenhum
tratamento é imoral – exceto pelos eventuais efeitos nocivos indiretos
sobre os humanos.
(III) Na prática, todo uso de animais por parte dos humanos está
eticamente permitido.
É com isso dizer, ainda que não sejam titulares de direitos fundamentais, tal
como aduz o sistema jurídico pátrio vigente, a ideia de dignidade e de conforto não
lhes devem ser negligenciadas, pelo simples fato de que os animais estão suscetíveis,
assim como a sociedade em geral, a experimentar sensações de suplício físico e
mental, dada sua natureza de sencientes. Corrobora esse entendimento Naconecy
(2006, p. 125) ao prescrever:
Se um animal exibe um comportamento que é consistente com aquele
observado nas pessoas quando dizem que estão sofrendo, então o animal também
deve estar sofrendo. Isso é válido principalmente frente a sinais inequívocos de dor
intensa, humana e animal, como gritos e convulsões. Para além da mera dor física,
os esforços dos animai para escapar das gaiolas, jaulas, matadouros sugerem que
eles também passam por sofrimento mental, como a angústia, medo e pavor.
Assim sendo, o fundamento da exploração animalista baseada na concepção
de que “os seres humanos possuem determinados atributos” em contraposição aos
demais seres vivos, tais como a racionalidade, a comunicação, o pensamento
abstrato, o poder de planejar o futuro, assim como a capacidade de estabelecer
relações sociais, afetivas e culturais, por exemplo, (LOURENÇO, 2018, p. 39), não
merece mais preponderar como chancela à realização de atos abusivos e que há
muito tem vigorado, especialmente nas indústrias de alimentos e cosméticos, bem
como nas manifestações de práticas culturais, pois como já defendia o filósofo
utilitarista Jeremy Bentham (1984, p. IX) “[...] a questão não é: eles podem raciocinar?
Ou então, eles podem falar? Mas, eles podem sofrer?”.
pelo qual elenca em seu art, 32 as sanções penais e administrativas impostas a quem
cometer crimes de maus-tratos contra as espécies da fauna.
Para corroborar o voto pela declaração de inconstitucionalidade, o Ministro
Relator embasou sua decisão levando em conta laudos técnicos que puderam
evidenciar:
CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS
<https://anda.jusbrasil.com.br/noticias/398816849/conselho-federal-de-medicina-
veterinaria-se-posiciona-contra-vaquejadas>. Acesso em: 20 de out.2018.
AQUINO, São Tomás de. Suma contra os gentios. Trad: Joaquim F. Pereira. São
Paulo: Ipiringa, 2015.
BRASIL. Constituição da República Federativa do. Congresso Nacional, Brasília,
1988.
_______. EC n° 96/2017. Acrescenta § 7º ao art. 225 da Constituição Federal para
determinar que práticas desportivas que utilizem animais não são consideradas
cruéis, nas condições que especifica. Congresso Nacional, Brasília, 20118.
_______. Supremo Tribunal Federal. ADIN 4.983∕CE. REl. Min. Marco Aurélio.
Disponível em:
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224
Abstract: The objective of this research was to analyze PL nº 6.299 / 02, which is
being processed by the Chamber of Deputies, with the purpose of "de-bureaucratizing"
the introduction and trade of pesticides in Brazil as a sine qua non for economic growth
and food production in Brazil. field, and verify that this speed brings food security and
the environment. The methodology used was of bibliographical research, with use of
doctrine, legislation and jurisprudence and qualitative research. The conclusion
reached was that PL 6299/02 is not the only one, nor is it the best solution for Brazilian
agribusiness demand. There are many alternatives for the viability of family and
agroecological agriculture in the production of healthy food and in building a more just,
democratic and sustainable society.
Keywords: Agrochemicals Law, Poison Package, Plant Protection Defenses.
INTRODUÇÃO
substituição do critério “análise de perigo” por “análise de risco”, justificando ser esse
o parâmetro adotado no resto do mundo.
Hodiernamente, agrotóxicos que têm potencial cancerígeno (teratogênicos,
carcinogênicos, mutagênicos) são totalmente proibidos (art. 3º, §6, alínea “c” da Lei
nº 7.802/89) no Brasil. Por meio do PL nº 6299/09, no entanto, relativiza-se o risco
destas substâncias, graduando-o como tolerável ou inaceitável; ou seja, mesmo que
exista o risco, o produto só será coibido, caso o perigo seja comprovado
cientificamente como “inaceitável”, cabendo à autoridade competente pelo registro do
produto fazer o cotejo entre seus malefícios e benefícios sob os “prismas econômicos
- fitossanitários e a disponibilidade de uso de produtos substitutos” (art. 3º, § 14 do PL
6299/02).
Nesse sentido, invocando o Princípio da Precaução, há que se perguntar:
Existe risco aceitável para uso de agrotóxico que pode causar câncer?
Para os parlamentares que representam o agronegócio e reclamam da
dificuldade de registrar novas fórmulas de agrotóxicos, o risco de provocar doenças,
per si, não compensa o atraso tecnológico para agroindústria brasileira, supostamente
causado pelos trâmites burocráticos existentes. Segundo à Empresa Brasil de
Comunicação S/A (2018), afirmou o deputado Adilton Sachetti (PRB), à rádio Agência
Nacional, no Portal EBC: “Nós estamos atrasados em relação aos outros países,
naquilo que de novo tem para ser usado neste setor. Moléculas mais seguras, mais
eficientes, menos tóxicas. Nós aqui, atrelados a burocracia, não estamos conseguindo
usar. Onde está a comprovação científica que tem produto que é cancerígino? Indícios
é uma coisa, comprovação é outra”.
Não obstante, tenta-se com o novo projeto criar a figura do “registro temporário”
que se divide em Registro Especial Temporário - RET, para produtos novos com fins
de pesquisa e experimentação, cujo registro deverá ser concluído no prazo de 30
(trinta) dias (art. 3º, § 2º do PL nº 6299/02), e do Registro Temporário - RT, ou
Autorização Temporária - AT, ambos para os produtos registrados para culturas
similares ou para usos ambientais similares em três países membros da Organização
para Cooperação e Desenvolvimento Econômico – OCDE que adotem, nos
respectivos âmbitos, o Código Internacional de Conduta sobre a Distribuição e Uso de
Pesticidas da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura – FAO
(art. 3º, § 6º e § 8º da PL nº 6299/02).
Atualmente a Lei nº 7.802/89 exige o registro prévio dos agrotóxicos para sua
produção, importação, exportação ou comercialização, de acordo com os requisitos e
diretrizes dos órgãos federais responsáveis pelos setores da saúde, do meio ambiente
e da agricultura, conforme expresso no art. 8º do Decreto nº 4.074 que regulamenta a
referida lei:
Art. 9º Compete aos Estados e ao Distrito Federal, nos termos dos arts.
23 e 24 da Constituição Federal, legislar supletivamente, desde que
cientificamente fundamentado, sobre o uso, a produção, o consumo, o
comércio e o armazenamento dos pesticidas e de controle ambiental, seus
componentes e afins, bem como fiscalizar o uso, o consumo, o comércio,
o armazenamento e o transporte interno.
Parágrafo único. Cabe ao Município, nos termos do art. 30, II, da
Constituição Federal, legislar supletivamente, desde que cientificamente
fundamentado, sobre o uso e o armazenamento dos pesticidas e de
controle ambiental, seus componentes e afins.
illustrate how standards based on the acceptability of risks fail to adequately protect
those most at risk from exposure to toxic chemicals, such as low-income communities,
minorities, workers, different genders and their children”.
CONCLUSÃO
e ao meio ambiente, o que, conforme Ministério Público Federal (2018), viola pelo
menos seis artigos da Constituição Federal.
Em movimento diametralmente oposto, tramita na Câmara dos Deputados o PL
nº 6670/16 - Política Nacional de Redução de Agrotóxicos - PNARA, proposta pela
Comissão de Legislação Participativa, que indica a redução progressiva do uso de
agrotóxicos com a ampliação da oferta de insumos de origens biológicas e naturais,
contribuindo para a promoção de saúde e sustentabilidade ambiental, e a produção
de alimentos saudáveis.
O PL nº 6299/02 não é de forma alguma a única solução para demanda da
agroindústria brasileira. Já há alternativas de manejo de pragas apresentadas pela
Embrapa e soluções rentáveis na agroecologia. A Política Nacional de Redução de
Agrotóxicos - PNARA, traz, inclusive, sugestões de incentivos fiscais para redução do
uso das substâncias, ao contrário do ocorre atualmente. Inúmeras são as alternativas
de viabilidade da agricultura familiar e agroecológica na produção de alimentos
saudáveis e na construção de uma sociedade mais justa, democrática e sustentável.
A questão cinge-se, portanto, em aceitar um caminho de desenvolvimento
sustentável para agroindústria e o agronegócio que coadune com a preservação da
saúde da coletividade e do meio ambiente, ainda que, para tanto, renuncie-se aos
lucros mercadológicos imediatos em prol da saúde desta e das gerações vindouras.
REFERÊNCIAS
https://www.ohchr.org/Documents/Issues/ToxicWastes/Communications/OL-BRA-5-
2018.pdf. Acesso em: 09 de out de 2018.
PASCHOAL, Adilson. Por que o uso de agrotóxicos aumenta o número de pragas, na
visão deste pesquisador. In.: Revista Globo Rural [online]. 2018. Disponível em:
https://revistagloborural.globo.com/Noticias/Agricultura/noticia/2018/05/por-que-o-
uso-de-agrotoxicos-aumenta-o-numero-de-pragas-na-visao-deste-pesquisador.html.
Acesso em: 09 de out de 2018.
SACHETTI, Adilton. Portal EBC In.: Rádio Agência Nacional [online]. 2018. Disponível
em: http://radioagencianacional.ebc.com.br/politica/audio/2018-06/nova-
regulamentacao-de-uso-de-agrotoxico-e-aprovada-em-comissao-da-camara. Acesso
em: 09 de out de 2018.
232
Grupo de trabalho:
DIREITO CIVIL I
Trabalhos publicados:
Abstract: The present work intends to approach aspects of reproductive and sexual
rights established by law that is incongruous with the perspectives of an existential
autonomy about disposition of the own body. The analyze of the family planning law
from the review of legal conditions for a volunteer sterilization and the limiting
interventions for the private autonomy exercise. The intention is to promote the
dialogue about limitations for free exercise of reproductive and sexual rights whose
interference reach the family planning. A deductive hypothetical method was used
focusing on dialectical further the read of articles, the discussions produced by a
research group about emerging civil law and the interpretation of law.
Key-words: Autonomy. Reproductive Rights. Family Planning.
INTRODUÇÃO
CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS
Resumo: O presente estudo tem por base um paralelo entre o viver com dignidade e
o morrer com dignidade, enfocando mais precisamente as chamadas Diretivas
Antecipadas de Vontade, declaração acerca de procedimentos médicos, cirúrgicos ou
medicamentosos que a pessoa deseja ou não se submeter; a hipótese consiste em
traçar um paralelo entre o viver e o morrer com dignidade, respondendo a questão-
problema se haveria a possibilidade de renunciar tratamentos para que a vida possa
seguir seu curso, sem entretanto, ingressar nas questões de antecipação da morte.
Utiliza-se o método hipotético-dedutivo e dialético e como instrumento de pesquisa o
material produzido por estudiosos acerca das Diretivas Antecipadas de Vontade.
Como conclusões preliminares se defende a liberdade de formas para a eficácia e
efetividade das declarações emitidas, devendo ser respeitadas independentemente
da forma pela qual externada.
Palavras-chave: Vida digna. Morte digna. Diretivas antecipadas.
Abstract: The present study is based on a parallel between living with dignity and
dying with dignity, focusing more precisely the so-called Advance Directives of Will,
statement about medical, surgical or medical procedures that the person wishes or
does not submit to; the hypothesis is to draw a parallel between living and dying with
dignity, answering the problem question if there would be the possibility of giving up
treatments so that life can follow its course without, however, joining in the questions
of anticipation of death. The hypothetical-deductive and dialectical method is used and
as a research instrument the material produced by scholars about the Advance
Directives of Will. As preliminary conclusions it is defended the freedom of forms for
the effectiveness and effectiveness of the declarations issued, and must be respected
regardless of the way in which it is issued.
Key-words: Life with dignity. Death with dignity. Advance directives.
INTRODUÇÃO
se não mais lhe interessar uma vida não-digna, consistiria então, em permitir o pleno
exercício de sua autonomia e dignidade, o que pode ser feito a partir de instrumentos
que carecem de regulamentação expressa no ordenamento jurídico brasileiro.
Por Diretivas Antecipadas de Vontade, pode ser considerado o instrumento
através do qual a pessoa declara sua vontade acerca dos procedimentos médicos,
cirúrgicos e medicamentosos que deseja ou não se submeter para o seu tratamento,
mesmo quando não estiver em condições de manifestar sua vontade em momento
posterior, configurando suas espécies o testamento vital e o mandato duradouro.
“O testamento vital é um documento escrito no qual uma pessoa dispõe acerca
da sua vontade quanto aos cuidados médicos que pretende receber ou não receber
quando perca a capacidade de exprimir os seus desejos, ou se encontrar em tal
estado de incapacidade que não possa decidir por si” (RAPOSO, 2011, p. 175).
Outra interessante espécie de Diretiva Antecipada de Vontade é o mandato
duradouro, que “constitui o documento pelo qual o paciente nomeia um ou mais
procuradores que deverão ser consultados pelos médicos, em caso de incapacidade
deste – permanente ou temporária, quando estes tiverem que tomar alguma decisão
sobre tratamento ou não tratamento” (DADALTO, 2013, p. 3).
Embora não haja regulamentação expressa no ordenamento jurídico,
disciplinando as Diretivas Antecipadas de Vontade, há um considerável esforço dos
estudiosos em emprestar a esse negócio jurídico diretrizes para que possa ser
plenamente utilizado e, respeitada a vontade da pessoa, em suas declarações quanto
ao final de vida. Essa ausência de regulação pode se constituir em obstáculo para a
existência e validade desse tipo de negócio, pois “não se pode pretender que o Poder
Legislativo que regulamente, como no passado, todos os setores da vida social” que
está “mais dinâmica e insuscetível de enquadramento por modelos de organização e
de comportamento predefinidos, especialmente no âmbito de relações existenciais”
(TEPEDINO, 2016, p. 32), como é o caso das DAVs.
Portanto, uma vez emitida a declaração de vontade quanto aos procedimentos
médicos, cirúrgicos e medicamentosos que a pessoa deseja ou não se submeter, essa
declaração deve ser respeitada e cumprida nos seus estritos rigores.
Nessa esteira, não se pode exigir que as DAVs sejam emitidas com
formalidades que o legislador não expressamente exigiu, em especial consideração
com o momento de tecnologia de informação pelo qual está passando a sociedade
hodierna. Com a devida vênia a opiniões contrárias, exigir instrumento escrito, pela
forma pública ou particular ou quaisquer outras formalidades, ao fim e ao cabo poderá
levar à impossibilidade de realização de direito existencial da pessoa que não se
submeteu a tal procedimento solene.
Ora, a contemporaneidade está a romper a fronteira do papel, da materialidade
do ato, que pode ser muito bem externada, compreendida e acessada, pelos mais
variados tipos de mídia digital. Em qualquer momento se pode declarar por vídeo ou
áudio, por exemplo, os desejos e vincular-se ao que fora deliberadamente declarado,
sem outras exigências desnecessárias.
Dessa forma, em respeito ao princípio de liberdade de forma que rege as
relações jurídicas em geral, a defesa que se faz consiste em permitir que as Diretivas
Antecipadas de Vontade possam ser externadas também por qualquer meio apto para
compreender o real querer do declarante, sem a necessidade de formalidade
específica para esse mister, “não precisam ser realizadas por escrito”, pois “se
constituem em negócios jurídicos para os quais a lei não exigiu forma específica, de
se admitir sua forma livre, embora se reconheça que a forma escrita garante maior
segurança jurídica” (MEIRELLES, 2016, p. 721).
242
CONCLUSÕES
REFERÊNCIAS
BARROSO, Luís Roberto; MARTEL, Letícia de Campos Velho. A morte como ela é:
dignidade e autonomia individual no final da vida. Revista da Faculdade de Direito
de Uberlândia. vol. 38, 2010, p. 235-274.
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[trad. Jefferson Luiz Camargo; revisão da tradução Silvana Vieira] 2ª ed. São Paulo:
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Eliana Aguiar]. 16ª ed. Rio de Janeiro: Record, 2014.
MEIRELLES, Jussara Maria Leal de. Diretivas antecipadas de vontade por pessoa
com deficiência. In: MENEZES, Joyceane Bezerra de. [Org.]. Direito das pessoas
com deficiência psíquica e intelectual nas relações privadas. Rio de Janeiro:
Editora Processo, 2016, p. 713-731.
243
Abstract: The emotional abandonment is related to the lack of the affective reference,
of what affects the human behavior, a fundamental part for the formation of the
emotional. Understanding the importance of affectivity in human life, the Law, through
the Legislative and the interpretive action of the Judiciary, regulated the protection of
children, ensuring that they are cared for as adolescent children by parents or
guardians. This obligation has nothing to do with love, but with the proper emotional,
cognitive and motor development of the person. The affective abandonment is not
necessarily related to affection as feeling, but rather to the lack of basic care that
impairs the full development of the child in its environment. The present study will
expose the importance of affectivity in human life in the psychosocial view and the
consequences of its negative apprehension by the individual and will bring to light the
legal implications of this affective abandonment for parents or guardians practicing
abandonment.
Keywords: EMOTIONAL – ABANDONMENT – FAMILY
INTRODUÇÃO
Henri Paul Hyacinthe Wallon (1879-1962), que trouxe à luz da Educação os conceitos
do desenvolvimento psíquico da criança a partir de três dimensões: motora, afetiva e
cognitiva. Na vida adulta, muitas experiências ficam guardadas no subconsciente,
todavia em dado momento algumas emergirão para o consciente, expressando-se nas
ações e decisões que tomamos.
Contudo, vemos aumentar cada vez mais os casos de abandono afetivo, seja
de pais que se divorciam; seja de pais que adotam e desistem, como se o ser humano
fosse reduzido a uma coisa da qual se pode desfazer quando não se quer mais. Se o
Direito não permite que tratemos as reais coisas assim, tampouco deve permitir que
tratemos do mesmo modo as pessoas. E, assim, o abandono afetivo passa a ter
espaço cada vez mais amplo para a proteção jurídica dos filhos perante as obrigações
dos pais.
Assim, antes de o Estado-juiz concluir o julgamento de um litígio por abandono
afetivo, importa saber quais as consequências desse ato para a vítima do abandono
não só nos termos materiais que a discussão jurídica deve abarcar, mas,
principalmente, nos aspectos biopsicossociais desse indivíduo.
1
GALVÃO, Izabel. Henri Wallon: uma concepção dialética do desenvolvimento infantil. Petrópolis: Vozes, 1995, 4. ed., p. 20
2
Idem. p. 22
246
Nesse extenso rol não consta o que talvez seja o mais importante dever
dos pais com relação aos filhos: o dever de lhes dar amor, afeto e
carinho. A missão constitucional dos pais, pautada nos deveres de
assistir, criar e educar os filhos menores, não se limita a vertentes
patrimoniais. A essência existencial do poder parental é a mais
importante, que coloca em relevo a afetividade responsável que liga pais
3
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil: texto constitucional promulgado em 5 de outubro de 1988. Brasília:
Senado Federal, Coordenação de Edições Técnicas, 2015, p. 133
4
Conselho Nacional de Justiça (CNJ). Entenda a diferença de abandono intelectual, material e afetivo. Disponível em:
<http://www.cnj.jus.br/noticias/cnj/80241-entenda-a-diferenca-entre-abandono-intelectual-material-e-afetivo>. Acesso em 17 jul
2017
5
BRASIL. Código Civil e normas correlatas. 8. ed. Brasília: Senado Federal, Coordenação de Edições Técnicas, 2017, pp. 183 e
184
6
DIAS. Maria Berenice. Manual de Direito das Famílias. 9. ed. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2009, p. 388
247
Direito. Assim como explana Rodrigo da Cunha Pereira7 (2012), presidente do Instituto
Brasileiro de Direito de Família (IBDFAM),
A cisão no relacionamento dos pais não pode levar à cisão dos direitos
parentais. O rompimento da relação de conjugalidade não deve
comprometer a continuidade da convivência com ambos os genitores. O
filho não pode se sentir objeto de vingança, em face dos ressentimentos
dos pais.8 (DIAS, 2009)
7
CUNHA PEREIRA, Rodrigo da. A afetividade como fonte de obrigação jurídica. Disponível em: <http://www.conjur.com.br/2012-
jun-26/rodrigo-cunha-pereira-afetividade-obrigacao-juridica>. Publicado em: 26/6/2012. Acesso em 17 jul 2017
8
DIAS. Maria Berenice. Manual de Direito das Famílias. 9. ed. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2009, p. 66
9
CUNHA PEREIRA, Rodrigo da. A afetividade como fonte de obrigação jurídica. Disponível em: <http://www.conjur.com.br/2012-
jun-26/rodrigo-cunha-pereira-afetividade-obrigacao-juridica>. Publicado em: 26/6/2012. Acesso em 17 jul 2017
249
A indenização via Judiciário não cura o trauma, mas responsabiliza aquele que
o provocou e não deixa cair no esquecimento o resultado desastroso de sua falha.
Muitos dos filhos vítimas do abandono afetivo conseguem tratar os traumas ao longo
da vida, por meio da psicanálise ou tratamentos psiquiátricos, mas, ainda assim, tratar
o problema não diminui a responsabilidade do pai, da mãe ou do responsável autor(a)
do abandono.
CONCLUSÃO
qualquer contato social com êxito. Por isso, muitas vítimas desse abandono afetivo
têm procurado o Judiciário para, minimamente, ter seu direito reparado. É claro que o
dinheiro não basta para resolver um trauma tão importante, mas é um meio de cobrar
do pai ou da mãe faltante, que tinha o dever de assegurar essa afetividade positiva, a
responsabilidade não cumprida.
Mais do que nunca, pela evolução das famílias na contemporaneidade, o
“Direito das Famílias”, no plural, como sugere o IBDFAM12, precisa estar atualizado,
para servir ao anseio dessa nova sociedade, que pede auxílio do Judiciário para tratar,
agora, não apenas do patrimônio, mas da emoção e do sentimento. E se o amor não
pode ser escrito em Lei nem determinado pela Justiça, o dever de respeitar a
dignidade da pessoa humana e de cuidar dos filhos pode. Filhos não são propriedade
dos pais; filhos são responsabilidade dos pais. Portanto, os pais devem cuidar
afetivamente e materialmente destes e não podem fazer com eles o que bem
entenderem. Trata-se aqui de pessoas, não de coisas, embora muitos pais tratem os
filhos como se coisas fossem. Mas não são. E o Direito está aí para garantir o
tratamento digno às “pessoas humanas”. Faz-se urgente o resgate das famílias como
tal e não como somente um aglomerado de gente que se suporta e divide o mesmo
sobrenome — a família é amor, atenção, cuidado, educação, vínculo afetivo,
segurança emocional (e não importa qual seja sua configuração — hetero ou
homoafetiva; monoparental; adotiva; socioafetiva etc.).
É preciso que haja uma reestruturação das sociedades, com reeducação
emocional, para que seja quebrada a corrente do abandono afetivo e, desse modo,
seja possível reerguer a estrutura dos núcleos familiares que hoje estão tão
ampliados, abrindo possibilidades novas de ensinar a humanidade a ser mais
compreensiva e menos intolerante. O Direito precisa, cada vez mais, compreender o
lado humano, interpretando, portanto, o ordenamento jurídico com humanidade, para
que se possa, então, tratar o indivíduo como ser social, que traz em seu núcleo a
emoção, o sentimento e a paixão.
REFERÊNCIAS
12
Instituto Brasileiro de Direito de Família.
251
Resumo: As restrições da modificação dos nomes dos nubentes pode ser uma forma
de violar o Direito ao nome. O objetivo desta pesquisa é descrever as restrições que
possam vim a ocorrer no caso específico do casamento. A metodologia jurídica
utilizada nesta pesquisa foram as pesquisas: bibliográfica, doutrinária, legal e
jurisprudencial. Nesta pesquisa, foi considerado o direito fundamental do nome e suas
crescentes possibilidades de alteração versus as regras impostas pela Corregedoria-
Geral de Justiça do Estado do Amazonas através do Manual da Atividade Extrajudicial
instituído através do provimento de nº 278 no ano de 2016, do Tribunal do Amazonas.
Há de se considerar que, restringir somente a um dos nubentes a modificação do
nome é uma violação do Direito Fundamental ao nome.
Palavras Chave: Nome. Casamento. Código Civil.
INTRODUÇÃO
A lei que trata dos registros públicos, incluindo o registro de nomes, é a lei
6.015/73, chamada Lei de Registros Públicos. Nela, são definidos formas e critérios
para o registro do nome civil e, a partir do registro, dar publicidade aos nomes como
um todo. Ademais, disciplina as possibilidades de mudança deste registro, como, por
exemplo, como ocorre com o casamento ou com a mudança de sexo.
Incluídos nesta lei, pode-se verificar múltiplas possibilidades de mudança, tanto
de sobrenome (como viuvez, casamento, divórcio) como de prenome (prenome
ridículo, erro gráfico, maioridade).
O ato do Casamento, especificamente, fica contido quase integralmente no
referido corpo normativo, possuindo capitulação destinada à habilitação, ao
casamento em si e seus registros, bem como do casório sob risco de vida iminente.
O histórico de mudanças da lei 6.015/75 permite observar a progressiva
disponibilidade do nome, já que anteriormente os casos de mudança eram mais
escassos e pontuais, enquanto hoje em dia existe a possibilidade até de transexual
que não realizou redesignação alterar seu registro (stf, 2018).
254
Art. 50. Todo nascimento que ocorrer no território nacional deverá ser
dado a registro, no lugar em que tiver ocorrido o parto ou no lugar da
residência dos pais, dentro do prazo de quinze dias, que será ampliado
em até três meses para os lugares distantes mais de trinta quilômetros da
sede do cartório.
Se a lei fala que o nascimento deve ser dado a registro, seu efeito é apenas
declaratório, ou seja, apenas atesta fato ocorrido e já perfeito, completo e em regra é
a isso que o ato se propõe. Os fatos naturais que têm relevância no mundo jurídico
terão tais características em sua essência.
As possibilidades de registro com efeito constitutivo são limitadas, dentre as
mais notáveis delas estão certos casos de mudança de nome, especialmente no que
diz respeito a mudança do prenome, como afirmam Rosenvald e Chaves (2014): “O
registro Civil serve como fonte aquisitiva do prenome”.
Dito isto, pode-se pensar nos casos em que a pessoa possui prenome que lhe
expõe ao ridículo, é inadequado a sua identidade sexual e social, além dos casos de
homonímia, já que estes podem causar complicações. Nesses casos, o registro teria
efeitos constitutivos. Somente após o assentamento, estaria concreta a mudança é
garantido o direito.
6. DO CASAMENTO
255
Vale ressaltar que, pelo menos sob força de lei, não fica permitido aos nubentes
a exclusão de sobrenomes (existindo julgados em sentido contrário, admitindo a
exclusão do nome materno), permitindo tão somente o acréscimo, podendo ele ser
acréscimo mútuo, sendo esta prática, apesar de não muito popular, crescente. A
Central de Informações do Registro Civil (CRC) diz que em 2002, apenas 3% dos
homens adotavam o sobrenome da mulher. Em 2012 esse número subiu para 8%
(TRIBUNA, 2014).
Entretanto, em 30 de junho de 2016, a Corregedoria-Geral de Justiça do Estado
do Amazonas, através de seu corregedor-geral Flávio Pascarelli Lopes, pelo
provimento de n° 278, aprovou o manual de regulamentação do serviço extrajudicial
do Estado do Amazonas (TJ-AM). O manual trata em grande parte da atividade
cartorial, estando incluídas normas que tratam desde a habilitação ao registro de
casamento.
256
CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS
257
Abstract: This bibliographic review work has a descriptive nature and aims to expose
and analyze the juridical currents on the subject "unborn child", as well as its reflexes
in brazilian’s legal system. The unborn child is the human being already conceived,
still in the womb, with expectation of birth. In Brazil, there are no legal definitions about
the beginning of the human personality nor about the extension of the rights of the
unborn child, which results in disagreements among authors and even among Judges.
The conceptionist theory guarantees rights to the unborn child since fertilization. The
natalist theory only grants human personality to the child born alive; in this case, the
birth moment would give the child the status of a person properly. The Superior
Tribunal de Justiça mostly aligns with the conceptionist theory, while the Supremo
Tribunal Federal has decided, recently, under the natalist optic.
Keywords: Unborn. Conception. Birth.
1. INTRODUÇÃO
2. CONCEITO DE NASCITURO
2
DINIZ, Maria Helena. Dicionário jurídico. 2. ed. São Paulo: Saraiva, 2005, v. 3, p. 378
3
DINIZ, Maria Helena. Curso de Direito Civil Brasileiro: teoria geral do direito civil, vol. I. São Paulo, 2018. p. 226
4
ALMEIDA, Silmara J. A. Chinelato e. Tutela civil do nascituro. São Paulo, 2000. p. 12
5
CASSETTARI, Christiano. Elementos de direito civil. São Paulo, 2018. p. 46
260
6
FARIAS, Cristiano Chaves de. Curso de direito civil: parte geral e LINDB. Salvador, 2018 p. 340
7
PEREIRA, Caio Mário da Silva. Instituições de direito civil. Rio de Janeiro, 2006. p. 2017
8
GOMES, Orlando. Introdução ao direito civil. Rio de Janeiro, 2001. p. 144
9
VENOSA, Sílvio de Salvo. Direito civil: parte geral. São Paulo, 2018. p. 134
10
Art. 5º da Lei nº 11.105/2005 (Lei de Biossegurança)
261
Defende esta teoria Francisco do Amaral, que destaca a segunda parte do art.
2° do Código Civil: “mas a lei põe a salvo, desde a concepção, os direitos do
nascituro”.11
Maria Helena Diniz alinha-se com a teoria concepcionista e faz uma distinção
entre personalidade jurídica em sentido formal (direitos da personalidade) e
personalidade material (direitos patrimoniais) para justificar a aquisição imediata de
alguns e a eventualidade de outros. Diz: “se nascer com vida adquire personalidade
material, relativa aos direitos patrimoniais, mas se tal não ocorre nenhum direito
patrimonial terá”.12
Cristiano Chaves de Farias opina:
11
AMARAL, Francisco. Direito Civil – Introdução. Rio de Janeiro, 2003.
12
DINIZ, Maria Helena. Curso de Direito Civil Brasileiro: teoria geral do direito civil, vol. I. São Paulo, 2018. p. 180
13
FARIAS, Cristiano Chaves de. Curso de direito civil: parte geral e LINDB. Salvador, 2018. p. 343
14
SILVA, José Afonso da. Curso de direito constitucional positivo. São Paulo, 2018. p. 205
15
AZEVEDO, Fábio de Oliveira. Direito Civil – Introdução e Teoria Geral. Rio de Janeiro, 2009. p. 130 e 131
16
Art. 4º. Direito à vida
262
4. DECISÕES JUDICIAIS
1. Toda pessoa tem o direito de que se respeite sua vida. Esse direito deve ser protegido pela lei e, em geral, desde o momento
da concepção. Ninguém pode ser privado da vida arbitrariamente.
17
STJ - REsp: 931556 RS 2007/0048300-6, Relator: Ministra NANCY ANDRIGHI, Data de Julgamento: 17/06/2008, T3 -
TERCEIRA TURMA, Data de Publicação: --> DJe 05/08/2008.
18
STJ - HC: 228998 MG 2011/0307548-5, Relator: Ministro MARCO AURÉLIO BELLIZZE, Data de Julgamento: 23/10/2012, T5
- QUINTA TURMA, Data de Publicação: DJe 30/10/2012.
19
STJ - REsp 1.415.727∕SC, Rel. Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO, QUARTA TURMA, julgado em 4∕9∕2014, DJe 29∕9∕2014.
20
STJ - REsp 1.487,089∕SP, Rel. Ministro Marco Buzzi, QUARTA TURMA, julgado em 23∕06∕2015, DJe 28∕10∕2015.
263
21
STJ - REsp 1629423/SP, Rel. Ministro MARCO AURÉLIO BELLIZZE, TERCEIRA TURMA, julgado em 06/06/2017, DJe
22/06/2017.
22
STJ - REsp 1.415.727∕SC, Rel. Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO, QUARTA TURMA, julgado em 4∕9∕2014, DJe 29∕9∕2014
23
Voto-vista do Ministro Luís Roberto Barroso em HC 124.306 - RJ
264
entendimento de que esses três “entes” não se confundem, mais uma evidência de
que na atual composição do Supremo Tribunal Federal prevalece a teoria natalista.
Em 2016, no julgamento de Agravo Regimental no Mandado de Injunção 6.591
- DF, o STF constatou a ausência de regulamentação dos direitos do nascituro na
Carta Maior, assim como a inexistência, em seu texto, de obrigatoriedade do legislador
infraconstitucional criar normas neste sentido. A decisão, unânime do pleno,
acompanhou o voto do relator, Ministro Luiz Fux.24
5. CONCLUSÃO
6. REFERÊNCIAS
24
“In casu, não há norma constitucional que imponha ao legislador o dever de regulamentar os direitos do nascituro. Como se
infere do art. 5º, LXXI, da CFRB/88, o mandado de injunção tem lugar quando a falta de norma regulamentadora impedir o
exercício de direitos e liberdades constitucionais e das prerrogativas inerentes à nacionalidade, à soberania e à cidadania.
Nesse passo, inexistente a previsão do direito na Constituição Federal, tampouco do dever de regulamentação, não há que se
falar em omissão legislativa que possa ser imputada às autoridades impetradas” – STF - MI: 6591 DF, Relator: Min. Luiz Fux,
Data de Julgamento: 30/08/2007, Tribunal Pleno, Data de Publicação: DJe-65 DIVULG 28/06/2016.
265
GOMES, Orlando. Introdução ao direito civil. 18ª ed. Rio de Janeiro: Forense, 2001.
MORAES, Alexandre de. Direitos constitucional. 33ª ed. São Paulo: Editora Atlas,
2017.
PEREIRA, Caio Mário da Silva. Instituições de direito civil, vol. II. Rio de Janeiro:
Forense, 2006.
SILVA, José Afonso da. Curso de direito constitucional positivo. 41ª ed. São Paulo:
Editora Malheiros, 2018.
VENOSA, Sílvio de Salvo. Direito civil: parte geral. 18ª ed. São Paulo: Atlas, 2018.
266
Summary: The reflections of the present aim to approach the constitutional principles
and the principles that derive from them, guiding current family law and being able to
solve situations brought to the Judiciary, but not faced by the Legislative Branch. It will
discuss the decoding process and the criticisms inherent in it, as well as the importance
of the principles in the area in question.
Keywords: Family right; Constitutional principles; Principles of Family Law.
1. INTRODUÇÃO
Na realidade, tal não ocorre; a tão falada crise é mais aparente do que
real. O que realmente ocorre é uma mudança nos conceitos básicos,
imprimindo uma feição moderna à família, mudança esta que atende às
exigências da época atual, indubitavelmente diferente das de outrora,
revelando a necessidade de um questionamento e de uma abertura para
pensar e repensar todos os fatos.1
Deriva do artigo 1º, III da Constituição Federal e figura não apenas como
norteador das relações humanas, mas como base do direito de família que é “o mais
humano de todos os ramos do direito”2. Toda a proteção a entidades familiares não
fundadas no casamento se dá com base nesse princípio, sendo ele intimamente
relacionado ao artigo 226 §§3º ao 8º da Constituição Federal.
Maria Helena Diniz segue no mesmo caminho de Carlos Roberta Gonçalves e
sustenta que tal princípio: “constitui base da comunidade familiar (biológica ou
sócioafetiva), garantindo, tendo por parâmetro a afetividade, o pleno desenvolvimento
e a realização de todos os membros, principalmente da criança e do adolescente (CF,
art. 277)”3.
Maria Berenice Dias, por sua vez, empresta ainda mais força e dedicação à
abordagem do tema ao afirmar que:
2
GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito civil brasileiro – direito de família. Pg. 22. 2012: Saraiva.
3
DINIZ, Maria Helena. Curso de direito civil brasileiro – direito de família. Pg. 37. 2014: Saraiva.
4
DIAS, Maria Berenice. Manual de direito das famílias. 9ª ed. rev. at. am. Pg. 65. 2013: Revista dos Trinubais.
5
DIAS, Maria Berenice. Manual de direito das famílias. 9ª ed. rev. at. am. Pg. 65. 2013: Revista dos Trinubais. Pg; 66
268
o mínimo para que cada um de seus membros tenha uma vida digna, dando atenção
especial às crianças, adolescentes e idosos.
Crianças e adolescentes precisam cultura, respeito, liberdade, comunicação,
bem como não serem expostas a violência, crueldade ou opressão. Da mesma
maneira, os idosos precisam ser valorizados como úteis e experientes, e não
marginalizados e deixados de lado como comumente acontece, especialmente
quando esses são desprovidos de posses.
Nessa seara, Rolf Madaleno leciona:
Há, ainda, por parte dos estudiosos uma dura crítica a esse princípio, sendo
ele apelidado de “princípio guarda-chuva” e comumente usado para justificar qualquer
assunto em que haja interesse da parte. Porém, apesar disso, indubitável é a
importância do princípio e de sua intenção e benefícios aos integrantes de um grupo
familiar.
6
MADALENO, Rolf. Curso de direito de família – 5ª ed. Pg.46. 2013: Forense.
7
DINIZ, Maria Helena. Curso de direito civil brasileiro – direito de família. Pg. 37. 2014: Saraiva.
269
3. CONCLUSÃO
Conforme observado, os princípios são fundamentais para dar vazão aos novos
relacionamentos, que não são propriamente novidade na vida em sociedade, porém
tem-se tornado socialmente aceitável trazer ao conhecimento de todos aquelas uniões
que se afastam do ideal tradicional de modelo familiar.
Certamente, trata-se de afronta clara aos direitos fundamentais intrínsecos ao
ser humano o fato de ter de esconder um relacionamento ou, ainda que o assumindo
à sociedade, viver às margens da legislação por completa falta de regulamentação.
A família atual, pautada em princípios e não apenas e tão somente em
estruturas pré-concebidas e pautadas em conceitos religiosos de maioria judaico-
cristã. Abre-se, portanto, um cenário capaz de unir os sujeitos através do vínculo
afetivo, sendo este superior a normas que venham a restringir relações pautadas no
amor.
Obviamente, há de se respeitar certos limites, como relações entre certos graus
de parentesco e limites de idade a serem respeitados, porém, no mais, o direito deve
sempre visar acompanhar as mudanças sociais.
4. REFERÊNCIAS
Abstract: The present research has as scope to address the problem of civil liability
for illicit acts characterized as obstetric violence. This issue has legal relevance in the
face of the emergence of new legislation that covers the rights of pregnant women or
maternity protection, as well as draft laws that seek to protect the issue of humanized
childbirth or in dignified conditions for women. Obstetric violence is a social fact that
deserves discussion, in view of the greater visibility regarding the cases occurred in
the country. The following topics will be addressed in the course of this article: the right
of women to humanized childbirth, the conceptualization and characterization of
obstetric violence and the dynamics of civil responsibility as a result of unlawful acts
resulting from obstetric violence. The research was developed through the deductive
method, with emphasis on the methodological type of bibliographic research.
Keywords: Humanized birth. Obstetric Violence. Civil responsability.
INTRODUÇÃO
mortes de mães e de bebês acontecem nas primeiras horas ou dias após o parto”
(UNICEF, 2011, p. 41).
“Ao acompanhar um parto, o profissional da saúde deve ter três objetivos:
avaliar e garantir o bem-estar da gestante; avaliar e garantir o bem-estar do bebê;
avaliar se o trabalho de parto está evoluindo bem” (UNICEF, 2011, p. 45). No entanto,
podem ocorrer procedimentos por parte da equipe profissional médica que confrontem
os referidos objetivos e os direitos a um parto em condições dignas e de respeito à
mulher.
A violência obstétrica pode ser caracterizada por condutas abusivas, ou de
desrespeito ao direito da mulher, transcorridas durante o pré-natal, trabalho de parto
ou pós-parto, causando-lhe sofrimentos físicos e psicológicos, além dos já
experimentados neste momento tão delicado da vida humana.
parturiente, bem como quanto à responsabilidade jurídica aos atos cometidos pelos
profissionais da saúde, durante o trabalho de pré-natal, parto e pós-parto, tendo em
vista o crescimento do número de casos de violência obstétrica neste país.
A partir da leitura dos referidos artigos, é possível afirmar que as práticas que
incidem em violência obstétrica violam direitos da mulher, causando-lhe danos, ainda
que exclusivamente morais, seja por ação ou omissão voluntária, negligência ou
imprudência, amoldando-se, portanto, ao conceito de ato ilícito.
Interessante ressaltar também que não só profissional médico que está sujeito
à atribuição da responsabilidade civil. O art. 932, inciso III do Código Civil ainda define
que são também responsáveis pela reparação civil, o empregador ou comitente, por
seus empregados, serviçais e prepostos, no exercício do trabalho que lhes competir,
ou em razão dele.
Entretanto, no que concerne à atribuição da responsabilidade ao médico, faz-
se necessário, nos termos do art. 186 do Código Civil, a verificação da conduta
omissiva ou comissiva deste profissional, o dano ocasionado à mulher em período
pré-natal, em trabalho de parto ou em pós-parto, o nexo de causalidade, além do
elemento volitivo culpa, para que assim se possa atribuir a Responsabilidade Civil
Subjetiva.
No entanto, se este profissional comete o ato ilícito no interior de unidade
hospitalar, atrai-se a aplicação do texto do art. 933 do Código Civil, que anuncia a
Teoria do Risco Criado, determinando que ainda que não haja culpa de sua parte, o
empregador ou comitente responderão pelos atos praticados pelos terceiros, nos
moldes do art. 932 do CC/02, atraindo assim, a Responsabilidade Objetiva.
Neste mesmo sentido há entendimento consolidado do Supremo Tribunal
Federal (STF), através da Súmula nº 341, que “É presumida a culpa do patrão ou
comitente pelo ato culposo do empregado ou preposto”.
A 4ª Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ), no Recurso Especial nº
774.963/RJ, relatado pela Ministra Maria Isabel Galloti, ac. 06.12.2012, DJe
07.03.2013, define que:
277
CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS
Grupo de trabalho:
DIREITO CIVIL II
Trabalhos publicados:
Abstract: The leasing of spaces for the placement of mobile telephone antennas is
increasing in large urban centers, being more common the lease of the top of buildings
in condominiums by virtue of better signal propagation. In this context, there is also the
interest on the part of the renter condominium to increase the collection. However,
given the time of writing of Law 8.245/91, there is no provision in the legislation for this
kind of leasing, more common in the last two decades, becoming a controversial topic
that has motivated several judicial discussions. Thus, in the absence of legal
prediction, the question arises whether the Law of tenancy is applicable to this kind of
lease, anda in positive case, It is important to understand which points of the lease
Law can be invoked, as of the commercial lease, contractual clauses and mainly of the
right or not the action renovating.
Key words: Location; antennas; renovating.
INTRODUÇÃO
acima de dez anos, com índice de reajuste limitado, que com certeza irá defasar o
contrato em pouco tempo.
Apesar de ser uma excelente fonte de renda, como em outras relações surgem
questões que necessitam de solução. Em face destes conflitos, surge a questão da
aplicação da lei 8.245/91 a essa espécie de locação, haja vista não haver previsão
especificamente dessa modalidade de locação na lei do inquilinato. Mesmo diante da
possibilidade de aplicação, onde esse contrato se enquadraria e quais aplicações
seriam possíveis? No tocante aos procedimentos especiais, como por exemplo, a
ação renovatória, seria aplicável a locação em questão? E os demais procedimentos
sofrem alguma alteração pelo entendimento dos tribunais?
Relevante salientar que não se trata de um tema pacificado surge então o
interesse de explorar a aplicação da lei do inquilinato com suas especificidades aos
contratos de locação de espaço para instalação de antenas de telefonia, o que será
demonstrado a seguir.
1
Fonte: http://mytower.com.br/blog/2016/09/aluguel-de-terreno-para-antena/ acesso em 22/10/2018
282
IV - O CONTRATO DE LOCAÇÃO
Claramente não se trata de locação residencial, então será que podemos dizer
que se enquadra na parte de locação não residencial, conforme descrito na Lei
8.245/91? Vale dizer que a lei do inquilinato como regra regula as locações urbanas
em geral com as exceções previstas na alínea ‘a’ do artigo 1º, sendo que não há
previsão da locação desses espaços na exceção regulada pelo código civil. Tampouco
seria imóvel rural uma vez que segundo a definição do INCRA :
renegociado e alterado por vontade das partes, bem como é possível inserir e
modificar cláusulas contratuais. Assim versa o artigo 18 da Lei 8.245/91: É lícito às
partes fixar de comum acordo, novo valor para o aluguel, bem como inserir ou
modificar cláusula de reajuste.
Na questão da renovação, ideal seria coibir a renovação automática, tampouco
permitir que o contrato vigore por tempo indeterminado, condicionando a renovação a
ser firmada por escrito mediante reajuste do valor locatício, que evitaria maiores
aborrecimentos.
Por fim a multa por atraso pode ser modificado, com o intuito de equalizar a
relação em virtude de longo prazo e das peculiaridades citadas, seria interessante a
instituição de multa de 10% não 2%, sendo aceita em nosso ordenamento a majoração
desde que com expressa previsão contratual nos contratos de locação e outros
contratos em geral, com exceção dos regidos pelo CDC.
5
DINIZ, Maria Helena - Lei de Locações de Imóveis Urbanos Comentada - Editora Saraiva 13. Ed. Rev. E atual. São Paulo,
2014. P. 128/130
285
No que tange a ação renovatória a conclusão não se mostra tão límpida como
nos exemplos anteriores, sequer a posicionamento pacificado neste sentido. Uma vez
que entende-se que a ação renovatória visa proteger o fundo de comércio que seria
inexistente nessa espécie de locação a renovatória não seria possível, por falta de
interesse de agir. Entretanto, o artigo 51 § 4º da Lei do inquilinato estende o direito à
renovação contratual ‘às locações celebradas por indústrias e sociedades civis com
fins lucrativo, regularmente constituída’, nesta diapasão não há questionamento
quanto à constituição e o fim lucrativo das empresas locatárias. Diante dessas
questões a controvérsia é inevitável.
CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS
INTRODUÇÃO
DESENVOLVIMENTO
1
Lei nº 9.263/1996, art. 5º.
2
Lei nº 9.263/1996, art. 2º, caput.
291
CONCLUSÃO
3
<http://www.stf.jus.br/portal/cms/verNoticiaDetalhe.asp?idConteudo=375595> Acesso em 16/10/2018.
4
Disponível em <http://www.stf.jus.br/portal/cms/verNoticiaDetalhe.asp?idConteudo=375595> Acesso em 16/10/2018.
5
Disponível em <http://bvsms.saude.gov.br/bvs/pnds/banco_dados.php> Acesso em 11/10/2018>.
6
<http://www.stf.jus.br/portal/cms/verNoticiaDetalhe.asp?idConteudo=262712&caixaBusca=N> Acesso em 16/10/2018.
7
<http://www.stf.jus.br/portal/cms/verNoticiaDetalhe.asp?idConteudo=262712&caixaBusca=N> Acesso em 16/10/2018.
294
REFERÊNCIAS
Resumo: Atualmente, no Brasil, o status jurídico dos animais não humanos é de mero
objeto do direito, dentro de uma visão patrimonialista e antropocêntrica do direito
tradicional civilista. Entretanto, depois de largo processo histórico da relação entre
seres humanos e não humanos, denota-se uma alteração paradigmática no
tratamento doutrinário e legal dos animais não humanos sendo que alguns países,
como Àustria, Nova Zelândia, Suíça, Alemanha, França e Portugal, já realizam
alterações em seu status jurídico, em especial, por influência da formação do conceito
de senciência. Neste novo cenário que se descortina, a discussão acerca da
possibilidade no mundo jurídico da mudança do status dos animais não humanos,
elevados a categoria de seres sencientes, revela-se necessária e indispensável para
o estabelecimento de um novo paradigma e, consequentemente, para a formação de
uma nova concepção do tratamento jurídico pátrio a ser aplicado aos animais não
humanos.
Palavras-chave: Animais não humanos; Status jurídico; Senciência.
Abstract: Currently, in Brazil, the legal status of non-human animals is a mere object
of law, within a patrimonialist and anthropocentric view of traditional civil law. However,
after a long historical process of the relationship between humans and non-humans,
there is a paradigmatic change in the doctrinal and legal treatment of non-human
animals. Some countries, such as Austria, New Zealand, Switzerland, Germany,
France and Portugal, already make changes in their legal status, in particular, by
influence of the formation of the concept of sentience. In this new scenario, the
discussion about the possibility in the juridical world of changing the status of
nonhuman animals, elevated to the category of sentient beings, proves to be
necessary and indispensable for the establishment of a new paradigm and,
consequently, for the new conception of the legal treatment of the country to be applied
to non-human animals.
Keywords: Non-human animals; Legal status; Senciência.
INTRODUÇÃO
somente a pessoa natural ou jurídica. Porém, há autores que sugerem que não
somente as pessoas sejam sujeitos de direito, uma vez que, ao longo do processo
natural de evolução do Direito, foi concebida a existência de pessoas não humanas,
as chamadas pessoas jurídicas. Nessa linha de pensamento, entendendo que a
personalidade é um atributo jurídico, ou seja, uma ficção jurídica, a “personificação é
uma criação do Direito que responde ao conjunto de fatos e valores advindos da
evolução da sociedade” (FIUZA; GONTIJO, 2014).
O primeiro dispositivo legal que trata da proteção aos direitos dos animais
surgiu em São Paulo, em 1886, o qual determinava uma multa a todo condutor de
carroça ou cocheiro que viesse a maltratar o animal e, pelo Decreto Federal nº 16.590,
de 1924, proibia-se que as casas de diversão públicas maltratassem os animais
(CAMPELO, 2017). A tutela jurídica aos animais não humanos foi incrementada pelo
Decreto nº 24.645, de 1934. Froehlich (2017) relata que “em seu primeiro artigo, o
documento assegura que todos os animais em território nacional são tutelados pelo
Estado, instituindo um modelo de proteção e fiscalização que iria se estender até fins
do século XX”. Esse marco na legislação em defesa dos animais introduziu uma
dimensão ética quanto a seu tratamento, definindo parâmetros que qualificam maus-
tratos a animais e, ainda, conferiu ao Estado a responsabilidade pela guarda, defesa
e proteção dos animais não humanos e deu-lhes representação jurídica através do
Ministério Público e membros de sociedades protetoras de animais (FROELICH,
2017).
O Decreto-lei nº 3.688, de 1941, a chamada Lei das Contravenções Penais,
apresentou a tipificação da conduta da prática de atos cruéis contra animais não
humanos, cominando aos infratores penas de prisão e multa conforme artigo 64 e
seus parágrafos.
Outro marco importante foi o Decreto nº 50.620, de 1961, promulgado pelo
então Presidente Jânio Quadros, que proibia as rinhas de galo e que se tornou
impopular por se tratar de uma atividade muito comum à época.
Em sequência, uma norma pretensamente protetiva foi a Lei nº 5.197, de 1967,
(Lei de Proteção à Fauna) visto que, embora dispusesse em seu artigo 1º que é
proibida a utilização, perseguição, destruição, caça ou apanha dos animais da fauna
silvestre, em seus artigos seguintes regulam o funcionamento e o exercício da caça
no país.
Somente em 1987, a Lei nº 7.643 veio atender a um clamor social proibindo a
pesca de cetáceos nas águas territoriais brasileiras tornando-se mais um instrumento
de proteção desses animais não humanos com a seguinte redação de seu artigo 1º:
“Fica proibida a pesca, ou qualquer forma de molestamento intencional, de toda
espécie de cetáceo nas águas jurisdicionais brasileiras”.
A proteção Constitucional veio a partir de 1988 que, considerando a importância
da fauna para o equilíbrio ambiental e a necessidade de coibir o sofrimento dos
animais não humanos, ampliou a proteção legal a estes conforme disposto no artigo
225, § 1º, incisos I e VII, da Constituição da República Federativa do Brasil.
Um importante marco na proteção dos animais não humanos se deu com o
advento da Lei nº 9.605, de 1998, denominada Lei de Crimes Ambientais, pois
diversas condutas de agressão ao meio ambiente e de crueldade para com os animais
foram tipificadas como crimes sendo a elas cominadas sanções penais e
299
alteração da natureza jurídica dos animais são a Àustria, Nova Zelândia, Suíça,
Alemanha, França e recentemente Portugal.
Na União Europeia, a Áustria foi um país pioneiro, ao aprovar uma lei federal,
já em 1988, sobre o estatuto jurídico do animal, onde foi reconhecido que os animais
não são coisas embora não expresse a condição de seres sencientes. O Código Civil
da Áustria (ABGB) afasta, no seu art. 285.º- A, a caracterização dos animais como
coisas, determinando a aplicação a estes de legislação especial (PEREIRA, 2015).
Nesse sentido, em 2004, foi aprovada a nova lei de Proteção Animal (Austrian animal
Welfare law) que criar padrões (standardizes) para a proteção animal no país. Ainda
que a questão da senciência não esteja presente nas supracitadas normas, vê-se a
evolução normativa quanto à mudança do status dos animais não humanos.
Em 2015 o governo da Nova Zelândia reconheceu formalmente os animais
como seres "sencientes", alterando a legislação sobre bem-estar animal (Animal
Welfare Act 1999) que já era bastante avançada em termos de proteção animal. A
dessa alteração, agora é necessário "reconhecer os animais como sencientes" e que
os proprietários devem "participar adequadamente do bem-estar desses animais".
Essa norma também altera vários dispositivos da lei de bem-estar animal (Animal
Welfare Act 1999), sendo o mais importante aquele que dispõe sobre o caráter de
animais sencientes. O texto da lei reconhece a senciência e reforça a necessidade do
bem-estar animal. Este avanço confirma a tradição da Nova Zelândia de possuir um
dos quadros legislativos mais abrangentes e progressivos do bem-estar animal no
mundo, e um impacto regulatório significativo no restante do mundo.
Na comunidade internacional destaca-se o pioneirismo suíço na proteção
constitucional aos animais não humanos, quer no seu bem-estar, quer no
reconhecimento de sua dignidade. Por meio de referendo realizado em 1992, a
Constituição suíça elevou a nação ao patamar de primeiro país a expressamente
aludir à “dignidade das criaturas” em sede constitucional. Esta previsão influenciou
decisivamente a legislação civil que, em 2003, modificou seu artigo 641, passando
com isto a determinar que os animais não são coisas, aplicando-lhes tal regime
jurídico apenas na falta de legislação especial. Desta forma contempla-se o
reconhecimento da dignidade dos animais não humanos pela norma maior deste país.
Por sua vez, na Alemanha, desde a década de 1990, o Código Civil Alemão,
em seu artigo 90, inovou ao reconhecer uma nova categoria jurídica dos animais não
humanos, sem definição apenas disposta entre "coisas" e "pessoas”. Isto é
significativamente importante porque mostra o nível de discussão sobre a questão
animal indicando que em alguns países o debate já atingiu um estágio mais avançado,
muito superior ao observado no Brasil. A Alemanha é mais uma nação que, embora
não tenha expressado o termo senciente, avança no sentido de reconhecê-lo, dado o
estágio atual referente às leis protetivas aos animais não humanos.
Recentemente, a França também reconheceu a característica da senciência
como critério para aquisição de direitos aos animais. A partir de 16 de fevereiro de
2015, no artigo 515-14 do Código Civil francês, encontra-se estabelecido que “os
animais são seres vivos dotados de sensibilidade”. O fato de os animais não humanos
não serem mais considerados coisa implica que eles não são mais definidos por um
valor de mercado ou de patrimônio, mas sim pelo seu valor intrínseco como sujeito de
direito.
Por fim, a Lei portuguesa n.º 8/2017, cuja vigência iniciou em 1° de maio de
2017, alterou o Código Civil em vários artigos e, em especial, determinou em seu
artigo 201º -B, que “Os animais são seres vivos dotados de sensibilidade e objeto de
proteção jurídica em virtude da sua natureza”. A lei é abrangente e contempla os
302
animais domésticos que usualmente vivem em residências como cães e gatos bem
como aqueles que são utilizados na pecuária. O novo status jurídico dos animais não
humanos os classifica entre uma coisa e um ser humano. Trata-se de um grande
avanço pois a despeito de existirem várias leis protetivas dos animais não humanos,
esta os coloca como seres vivos dotados de sensibilidade reconhecendo a
impossibilidade de serem considerados coisas no mundo atual.
CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS
CAMPELO, Lorena Miranda de Sá. Direito dos animais - Análise sobre o status
jurídico dos não-homens no direito brasileiro. 2017. Disponível em:
<https://www.maxwell.vrac.puc-rio.br/31440/31440.PDF>. Acesso em: 21/10/2017.
COSTA, Lorena Xavier da. Sujeito de direito e pessoa: conceitos de igualdade?
In Legis Augustus Rio de Janeiro, v. 4, n. 2, p. 75-87, jul./dez. 2013. Disponível em:
<apl.unisuam.edu.br/revistas/index.php/legisaugustus/article/view/534/445>. Acesso
em: 13/01/2018.
DICIONÁRIO ETIMOLÓGICO. Etimologia e origem das palavras. Disponível em:
<https://www.dicionarioetimologico.com.br/animal/>. Acesso em: 11/03/2018.
DICIONÁRIO ONLINE DE PORTUGÊS. Dicionário da Língua Portuguesa.
Disponível em: <https://www.dicio.com.br/.> Acesso em: 11/03/2018.
FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Mini Aurélio: o dicionário da língua
portuguesa. 8 ed. Curitiba: Positivo, 2014.
FIUZA, César Augusto de Castro; GONTIJO, Bruno Resende Azevedo. Proteção
Ambiental e Personificação dos Animais. Veredas do Direito, Belo Horizonte v.11
n.22. Julho/Dezembro de 2014. Disponível em: <www.domhelder.edu.br › Capa › v.
11, n. 22 (2014) › Fiuza>. Acesso em 10/03/2018.
303
Abstract: The present work analyzes the right to privacy and intimacy, while layers of
human personality, inside the family, in order to verify wheter there is a possibility of
State intervening in this nucleos to ensure human dignity to its members in risk
situations. Trough the bibliographical review of books on teh subject, as well as the
examination of relevant legislation, it has been concluded that the family, by being in
the private life layer, can suffer State interference exceptionally, only to ensure the
preservation of life’s goods that are preponderant to privacy, a move that is allowed
because of the rule that institutes the right to privacy is also classified as a principle.
The Maria da Penha’s Law (lei 11.340/06), the Statute of the Elderly (lei 10.741/03)
and the Statute of the Child and Adolescent (lei 8.069/90) are laws that present
hypotheses of state’s duty to intervene in the home.
Keywords: Privacy. Family. State.
1 INTRODUÇÃO
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
3 CONCLUSÃO
4 REFERÊNCIAS
ARENDT, Hannah. A condição humana. Rio de Janeiro: Editora Forense. 10ª ed.,
2007.
BRASIL. Código Civil. Brasília, DF: Senado Federal, 2002.
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, DF: Senado
Federal, 1988.
BRASIL. Lei 8.069/90 – Estatuto da Criança e do Adolescente. Brasília, DF: Senado
Federal, 1990.
BRASIL. Lei 11.340/06 – Lei Maria da Penha. Brasília, DF: Senado Federal, 2006.
BRASIL. Lei 10.741/03 – Estatuto do Idoso. Brasília, DF: Senado Federal, 2003.
CAMARGO, Rodrigo Eduardo; WINIKES, Ralph. A concepção da vida privada e de
intimidade no direito brasileiro. Niterói: XXI Conpedi, 2012, p. 8-29. Disponível em:
<http://www.publicadireito.com.br/artigos/?cod=0da474fc8e382f9c>. Acesso em: 2 de
set. 2017.
CUNHA JUNIOR, Dirley da. Curso de Direito Constitucional. Salvador: Ed.
JusPodivm, 9ª ed., 2015.
FARIAS, Cristiano Chaves de; ROSENVALD, Nelson. Curso de Direito Civil –
Famílias. Salvador: JusPodivm. 2017, 9ª ed.
MASSON, Nathalia. Manual de Direito Constitucional. Salvador: JusPodivm. 4ª ed.,
2016.
NOVELINO, Marcelo. Curso de Direito Constitucional. Salvador: JusPodivm. 11ª
ed., 2016.
SAMPAIO, José Adércio Leite. Direito à intimidade e à vida privada – uma visão
jurídica da sexualidade, da família, da comunicação e informações pessoais, da vida
e da morte. Belo Horizonte: Del Rey. 1998.
SILVA, José Afonso da. Curso de Direito Constitucional Positivo. São Paulo: Ed.
Malheiros, 2013.
308
Resumo: O presente trabalho discute a evolução do pátrio poder até os dias atuais
com a aplicabilidade da Lei 13.715 de 24/09/2018 em relação ao ECA e o Código Civil.
Assim, verificam-se as alterações sofridas pelos institutos legais no que se diz respeito
à destituição do poder familiar nos casos de prática de violência doméstica. Também
busca as transformações do Direito de Família no que tange à evolução do poder
familiar, uma vez que atualmente, deve ser exercido em igualdade por ambos os
genitores, mas prevendo tratamento desigual no caso de prática de violência
doméstica, onde o genitor poderá ser destituído do poder familiar em relação aos filhos
menores. Utiliza-se o princípio do melhor interesse da criança e do adolescente, além
do princípio da igualdade, na proteção da mulher e dos filhos menores, por comporem
o grupo de vulneráveis que integram a família, cabendo ao Estado protegê-los,
resguardando sua integridade.
Palavras-chave: Poder familiar, violência doméstica, famílias.
Resumen: El presente trabajo discute la evolución del patrio poder hasta los días
actuales con la aplicabilidad de la Ley 13.715 de 24/09/2018 en relación al ECA y al
Código Civil. Así, se verifican las alteraciones sufridas por los institutos legales en lo
que se refiere a la destitución del poder familiar en los casos de práctica de violencia
doméstica. Se buscan, también, las transformaciones del Derecho de Familia en lo
que se refiere a la evolución del poder familiar una vez que, actualmente, debe ser
ejercido en igualdad por ambos progenitores, pero previendo tratamiento desigual en
el caso de práctica de violencia doméstica, en que el progenitor podrá ser destituido
del poder familiar en relación a los hijos menores. Se utiliza el principio del mejor
interés del niño y del adolescente, además del principio de igualdad, en la protección
de la mujer y de los hijos menores, por componer el grupo de vulnerables que integran
la familia, correspondiendo al Estado protegerlos, resguardando su integridad.
Palabras-clave: Poder familiar, violencia doméstica, familias.
INTRODUÇÃO
“De qualquer modo, a noção romana, ainda que mitigada, chega até a
Idade Moderna. O patriarcalismo vem até nós pelo direito português e
encontra exemplos nos senhores de engenho e barões do café, que
deixaram marcas indeléveis em nossa história. Na noção contemporânea,
o conceito transfere-se totalmente para os princípios de mútua
1
GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito civil brasileiro, volume 6: direito de família. 15. ed. São Paulo: Saraiva Educação, 2018.
310
Assim, entende-se que os pais são responsáveis pela criação dos filhos e essa
responsabilidade é indelegável enquanto estiverem no exercício do poder familiar,
sendo as funções inerentes ao exercício do poder Familiar, descritas no artigo 1.634
do Código civil, ou seja:
5
DINIZ, Maria Helena. Curso de Direito Civil Brasileiro: Direito de família. 26. Ed. São Paulo: Saraiva, 2011.p. 539.
312
“Art. 1.634. Compete a ambos os pais, qualquer que seja a sua situação
conjugal, o pleno exercício do poder familiar, que consiste em, quanto aos
filhos: I - dirigir-lhes a criação e a educação; II - exercer a guarda unilateral
ou compartilhada nos termos do art. 1.584; III - conceder-lhes ou negar-
lhes consentimento para casarem; IV - conceder-lhes ou negar-lhes
consentimento para viajarem ao exterior; V - conceder-lhes ou negar-lhes
consentimento para mudarem sua residência permanente para outro
Município; VI - nomear-lhes tutor por testamento ou documento autêntico,
se o outro dos pais não lhe sobreviver, ou o sobrevivo não puder exercer
o poder familiar; VII - representá-los judicial e extrajudicialmente até os 16
(dezesseis) anos, nos atos da vida civil, e assisti-los, após essa idade, nos
atos em que forem partes, suprindo-lhes o consentimento; VIII - reclamá-
los de quem ilegalmente os detenha; IX - exigir que lhes prestem
obediência, respeito e os serviços próprios de sua idade e condição.”
“Art. 1.638. Perderá por ato judicial o poder familiar o pai ou a mãe que: I
- castigar imoderadamente o filho; II - deixar o filho em abandono; III -
praticar atos contrários à moral e aos bons costumes; IV - incidir,
reiteradamente, nas faltas previstas no artigo antecedente. V - Entregar
de forma irregular o filho a terceiros para fins de adoção. ”
Desta forma, verifica-se que como modo a combater o alto índice de violência
praticada dentro dos lares contra a genitora ou contra o menor, o poder familiar, que
deve ser exercido conjuntamente entre pai e mãe, em comum acordo e igualdade de
deveres e direitos em relação aos filhos menores, pode ser destituído pela prática de
crime que configure violência doméstica, demonstrando um avanço da Lei para
proteger os grupos vulneráveis que compõe as configurações familiares, quais sejam,
os menores e as mulheres.
CONCLUSÃO
pelo agente de violência doméstica, ainda que somente contra a genitora da criança
e do adolescente.
REFERÊNCIAS:
Thiago Jota
Resumo: Este trabalho foi desenvolvido para introduzir nos regimes jurídicos
aplicados na relação contratual em que o particular contrata a locação de seu imóvel
para a Administração pública. Buscou-se a abordagem dos elementos da
disponibilização do bem da Administração para contratação pelo particular, para que
contrastasse à situação em que o bem do particular é contratado em locação para a
Administração Pública. O estudo se voltou a interpretação das cláusulas oriundas da
lei do inquilinato com menção as circunstâncias de aplicação das cláusulas
exorbitantes, próprias do regime jurídico público cuja análise das características
essenciais que envolvem a Administração Pública que ainda na posição de locatária
numa eficácia horizontal não se despe de sua natureza constitucional a qual lhe
confere o interesse público social como guia de seu interesse. Atribui-se ao particular
a árdua tarefa de buscar o equilíbrio na relação contratual cujo cenário jurídico lidará
com a sobreposição do interesse social.
Palavras-chave: Administração Pública; Preceitos de Interesse Social; Regime
jurídico Privado.
1. INTRODUÇÃO
1
BRASIL. Lei n.º 8.666, de 16 de julho de 1997. Regulamenta o art. 37, inciso XXI, da Constituição Federal, institui normas
para licitações e contratos da Administração Pública e dá outras providências. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L8666cons.htm. Acesso em: 18/10/2018.
2
DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito Administrativo.12ª edição. São Paulo: Editora Atlas, 2000, Pg. 64.
317
Art. 58. O regime jurídico dos contratos administrativos instituído por esta
Lei confere à Administração, em relação a eles, a prerrogativa de:
I - modificá-los, unilateralmente, para melhor adequação às finalidades de
interesse público, respeitados os direitos do contratado;
II - rescindi-los, unilateralmente, nos casos especificados no inciso I do art.
79 desta Lei;
III - fiscalizar-lhes a execução;
IV - aplicar sanções motivadas pela inexecução total ou parcial do ajuste;
V - nos casos de serviços essenciais, ocupar provisoriamente bens
móveis, imóveis, pessoal e serviços vinculados ao objeto do contrato, na
hipótese da necessidade de acautelar apuração administrativa de faltas
contratuais pelo contratado, bem como na hipótese de rescisão do
contrato administrativo3.
3
BRASIL. Lei n.º 8.666, de 16 de julho de 1997. Regulamenta o art. 37, inciso XXI, da Constituição Federal, institui normas
para licitações e contratos da Administração Pública e dá outras providências. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L8666cons.htm. Acesso em: 18/10/2018.
318
Por este ângulo de análise, o regime jurídico privado prevalecerá diante das
características previstas expressamente no diploma legislativo do inquilinato, haja
vista que a finalidade intentada pela Administração Pública nestas situações previstas
possui regulamentação própria quanto à execução do contrato, bem como do eventual
acatamento de ordem mandamental emanada de decisão Judicial, o que nesse plano
específico, refuta-se da relação contratual todo o império do regime jurídico público.
Ao celebrar com o particular é certo que no que se relaciona aos interesses
econômicos do contrato não se exige o rigor e cautela oriunda do regime de direito
público, mas uma pacífica sujeição ao preceito normativo da lei do inquilinato, o que
diferentemente se observará ao se concernir ao objeto das disposições clausulares
que visem o uso do bem ou a utilidade do serviço final a que suposta avença locatícia
4
BRASIL. Lei n.º 8.666, de 16 de julho de 1997. Regulamenta o art. 37, inciso XXI, da Constituição Federal, institui normas
para licitações e contratos da Administração Pública e dá outras providências. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L8666cons.htm. Acesso em: 18/10/2018
5
BRASIL. Lei n.º 8.245/91, de 18 de outubro de 1991. Dispõe sobre a locação dos imóveis urbanos e os procedimentos a elas
pertinentes. Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L8245.htm. Acesso em: 18/10/2018
319
se volte, pois tais avenças estarão intimamente ligadas ao interesse público e como
tal, deverão ter resguardados os interesses atinentes ao regime administrativo.
Certamente que ainda que sujeito em parte ao regime jurídico de direito público
deve a Administração observar as regras de cumprimento do contrato, pois uma vez
inadimplido os termos negocias, haverá a sanção do despejo entre outras eficácias
que decorrem da lei do inquilinato, ainda que guardados os benefícios a cada ente
administrativo, pois o império normativo a que a Administração se fundamenta não
constitui autorização ilimitada para executar o contrato à sua conveniência, do
contrário, são preceitos de elevada estima e imprescindível guarida, mas que como
parte no contrato se faz sujeita as mesmas obrigações e sanções enquanto locatária
(art. 23 da Lei 8.245/91), havendo sobre si, tão-somente e em casos expressos do
Diploma Legislativo locatício, o uso e gozo de benefícios que abrandem a eficácia da
decisão mandamental em virtude do caráter social a que a função dessa estirpe de
contrato se reveste.
Ao particular é dada a árdua tarefa de avaliar as cláusulas que regerão essa
relação contratual com a Administração Pública, haja vista no plano se atentar para
não haver o conflito de eventuais restrições contratuais sobre princípios
indispensáveis ao Poder Público.
Art. 58. O regime jurídico dos contratos administrativos instituído por esta
Lei confere à Administração, em relação a eles, a prerrogativa de:
§ 1o As cláusulas econômico-financeiras e monetárias dos contratos
administrativos não poderão ser alteradas sem prévia concordância do
contratado6.
6
BRASIL. Lei n.º 8.666, de 16 de julho de 1997. Regulamenta o art. 37, inciso XXI, da Constituição Federal, institui normas
para licitações e contratos da Administração Pública e dá outras providências. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L8666cons.htm. Acesso em: 18/10/2018
320
aplicação do regime jurídico de direito público geral para a execução do contrato (§3º
do artigo 57 da Lei 8.666/93).
Ressalvam-se sobre as demais cláusulas ordinárias da estrutura locatícia
como: cláusula de garantia, de preço, da forma de pagamento, que observarão a
limitação conforme aquela aplicada pela sujeição ao regime da lei do inquilinato,
inferindo em eficácia horizontal sobre os figurantes da relação contratual.
Ainda haveria de se analisar eventuais cláusulas exorbitantes, sendo aquelas
que revelam todo o império presente na relação que envolve o regime jurídico de
direito público.
Entretanto, considerando que na relação contratual cuja figura da
Administração Pública se dá como locatária, referidas cláusulas exorbitantes seriam
passíveis de aplicação em casos extraordinários ou diante de situações que se
caracterizassem por casos fortuitos ou força maior. Situação contratual diversa se
verifica quando da participação da Administração Pública no campo de Locadora ou
de Contratante de serviços ou produtos (art. 23 a art. 26 da Lei 8.266/93), cuja
presença de respectivas cláusulas seriam elementos intrínsecos na estrutura de
formação e execução do contexto contratual.
Imprescindível que a interpretação contratual de relação na qual a
Administração Pública se dá como locatária e, portanto, se despe num primeiro
momento de toda a pujança característica dos preceitos que meandram o regime
jurídico de direito público, será guiada pela normativa de direito privado, regendo as
condições e elementos essenciais aplicáveis a essa classe contratual.
Impera-se que mesmo diante da análise inicial de regência do direito privado,
referida relação conta com a participação de locatário especial, cujas qualidades e
prerrogativas decorrem da lei e portanto, no plano da eficácia do princípio da
legalidade deve o particular observar para que os preceitos de interesse da
coletividade não sejam sufocados, pois diante de circunstância como tal, o caráter
constitucional a que a finalidade da Administração Pública serve se sobreporá ao
interesse privado, tornando em tais momento um sinalagma desequilibrado.
5. CONCLUSÃO
6. REFERÊNCIAS
INTRODUÇÃO
Não mais a família. Mas as famílias. Não mais aquela família patriarcal,
formada exclusivamente pelo casamento. Mas sim a existência de núcleos
familiares distintos e plurais, preferencialmente permeados pelo poderoso
elemento afetivo. Talvez o direito de família tenha sido – a escolha é difícil,
tantas são as mudanças – a parte do direito civil que mais de modificou
nas últimas décadas. Pouco ou nada, hoje, é como era há algumas
décadas. Lembramos que quando o Código Civil de 1916 foi editado – e
isso durou muitas décadas, no século passado – a mulher casada era
incluída no rol dos relativamente incapazes.
2 CONCEITUAÇÃO DE PLURIPARENTALIDADE
Trata-se, por sua vez, de uma relação de parentesco civil, na espécie atinente
à socioafetividade. Sendo este manifestado, preponderantemente, a partir da
convivência entre os indivíduos que, apesar da ausência de reconhecimento científico,
procedem segundo uma concepção familiar.
Há, nesse sentido, a existência da posse de estado do filho. Sendo esta, no
posicionamento de Maria Sanches e Silvia Arantes (2014, p.87) baseada na
convivência familiar, instituindo pela paternidade exercida pelo genitor, que em sua
guarda, se dedica ao desenvolvimento do indivíduo, independente de fator biológico
ou presunção de paternidade.
Ademais, o reconhecimento da pluriparentalidade encontra-se, de modo claro
e evidente, embasado no texto Constitucional. Primeiramente, conforme já
mencionado, pela não taxatividade dos núcleos familiares. Sendo assim, mesmo
inexistindo qualquer menção a ela seja na Constituição Federal seja nas codificações
específicas, é imperativo ao Estado, enquanto jurisdição, aboná-la.
326
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS:
Grupo de trabalho:
DIREITO CONSTITUCIONAL,
DEMOCRACIA E
CIBERDEMOCRACIA I
Trabalhos publicados:
ADPF 153 (LEI DE ANISTIA): UMA LEITURA SOBRE O USO DOS PRECEDENTES
ESTRANGEIROS PELO TRIBUNAL SUPERIOR FEDERAL
1 INTRODUÇÃO
máximo da política pós-verdade”, já que ele foi beneficiado por diversos exemplos
desse fenômeno durante as eleições. O artigo jornalístico cita como exemplo as
afirmações de Donald Trump (ao replicar histórias não comprovadas publicadas por
tabloides americanos) de que o certificado de nascimento de Barack Obama seria
falso, de que o ex-presidente seria o fundador do Estado Islâmico (IS – Islamic State),
de que os Clintons teriam matado seus pais e de que o pai de seu rival republicano
Ted Cruz teria estado com Lee Harvey Oswald antes do assassinato de John
Kennedy3.
O fenômeno contemporâneo da pós-verdade está ainda diretamente ligado ao
“fake news” (notícias falsas). O historiador Robert Darnton, professor emérito da
Universidade Harvard, em entrevista a Folha de São Paulo conta que as notícias
falsas são relatadas pelo menos desde a Idade Antiga, do século VI. O autor explica
que Procópio, um historiador bizantino, ficou famoso por escrever a história do império
de Justiniano, mas, ele também escreveu um texto secreto, chamado “Anekdota”, e
ali ele espalhou um “fake news”, arruinando completamente a reputação do imperador
e de outros. O autor afirma que tal fato é bem similar ao que aconteceu na campanha
eleitoral americana4. A repercussão das notícias falsas é tão elevada que
recentemente o vice-presidente de notícias da rede social Faacebook, Alex Hardiman,
informou que a empresa iria alterar o seu algoritmo com o objetivo de minimizar a
profusão de notícias falsas e sensacionalistas na rede5. A explicação foi uma resposta
às diversas críticas à atuação crucial da rede social na divulgação das fake news que
influenciaram diretamente as eleições americanas. Posteriormente, o prório CEO da
empresa, Mark Zuckerberg, estabeleceu como meta para 2018 o combate ao discurso
do ódio e o uso indevido do Facebook6. Ele, inclusive, foi chamado a depor no
Congresso Americano sobre questões relacionadas a utilização de dados que
influenciaram nas eleições presidenciais e no Brexit7. Sendo assim, durante o
desenvolvimento da pesquisa, será feita uma conceituação do fenômeno da pós-
verdade para, posteriormente, compará-lo aos limites constitucionais da liberdade de
expressão.
3
Acessado em 16/04/18 no site: < https://www.economist.com/news/leaders/21706525-politicians-have-always-lied-does-it-
matter-if-they-leave-truth-behind-entirely-art >
4
Acessado em 16/04/18 no site: < http://www1.folha.uol.com.br/ilustrissima/2017/02/1859726-noticias-falsas-existem-desde-o-
seculo-6-afirma-historiador-robert-darnton.shtml>
5
Acesado em 16/04/18 no site: < https://g1.globo.com/economia/tecnologia/noticia/facebook-reforca-luta-contra-o-fake-news-e-
diz-que-mudanca-no-algoritmo-e-so-o-comeco.ghtml >
6
Acesado em 16/04/18 no site: < https://g1.globo.com/economia/tecnologia/noticia/meta-para-2018-e-combater-discurso-de-
odio-e-uso-indevido-do-facebook-diz-zuckerberg.ghtml >
7
Acesado em 16/04/18 no site: <https://g1.globo.com/economia/tecnologia/noticia/zuckerberg-ceo-do-facebook-testemunha-
diante-do-congresso-dos-eua-pela-1-vez.ghtml>.
8
Acessado em 06/04/18 no site: <https://en.oxforddictionaries.com/word-of-the-year/word-of-the-year-2016>
331
4 CONCLUSÃO
manifestado com identificação do autor. Aqui cabe ressaltar que a CR/88 vedou o
anonimato para possibilitar eventual responsabilização do falante, ou seja, o indivíduo
se manifesta livremente, mas responde por sua fala. Conclui-se que o discurso deve
ser necessariamente proferido com identificação, logo, pode o Estado e o particular
impedir o fake news anônimo. Sobre a pós-verdade em si a influência da vedação do
anonimato é que o ouvinte tem direito a saber quem proferiu o discurso para
possibilitar a responsabilização de quem o externou. O direito de resposta e a
possibilidade de indenização são limitações derivadas da vedação do anonimato, uma
vez que só é possível falar nelas se houver possibilidade de identificação do falante.
A limitação do discurso do ódio também limita a pós-verdade e o fake news. Neste
sendito, se o discurso consiste na manifestação de ideias que incitem a discriminação
racial, social ou religiosa a determinados grupos há possibilidade de
responsabilização do falante e/ou da entidade que veiculou a mensagem. Nota-se que
a pós-verdade diz respeito ao julgamento dos ouvintes sobre as mensagens, mas
neste caso não se protege a mensagem de ódio, assim, impedir esse discurso impede
necessariamente a avaliação irracional.
Conclui-se que os limites constitucionais à liberdade de manifestação
(expressão) podem impedir o discurso sem identificação e/ou que veicule uma
mensagem de ódio, mas não poderá unicamente impedir a fala sob a perspectiva de
eventuais consequências sociais danosas.
5 REFERÊNCIAS
ADPF 153 (LEI DE ANISTIA): UMA LEITURA SOBRE O USO DOS PRECEDENTES
ESTRANGEIROS PELO TRIBUNAL SUPERIOR FEDERAL
ADPF 153 (AMNESTY LAW): THE ANALYSIS ON THE USE OF FOREIGN
PRECEDENTS BY THE FEDERAL SUPERIOR COURT.
Resumo: Este artigo visa refletir sobre o uso do direito internacional e direito
estrangeiro pelos juízes do Supremo Tribunal Federal, no julgamento da Argüição de
Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF 153). Para identificar a forma como
o Direito Estrangeiro e Internacional auxiliaram na fundamentação das teses,
analisaram-se os votos a partir de três quesitos: Anterioridade, Imprescritibilidade e
Legitimidade da Lei. No método, realizou-se uma análise documental de tratados
internacionais de direitos humanos e jurisprudência da Corte Interamericana de
Direitos Humanos, além de consultas a legislação brasileira e estrangeira, e revisão
bibliográfica de obras essenciais sobre o tema.
Palavras-chave: anistia, precedentes estrangeiros, direito internacional, direito
estrangeiro, direitos fundamentais, direitos humanos
Abstract: This article aims to reflect on the use of international law and foreign law by
the judges of the Federal Supreme Court, in the judgment of the ADPF 153. In order
to identify the way in which Foreign and International Law assist in the foundation of
the theses, the votes were analyzed from three points: Previousness,
Imprescritibilidade and Legitimacy of the Law. In the method, a documentary analysis
of international human rights treaties and jurisprudence of the Inter-American Court of
Human Rights, in addition to consulting brazilian and foreign legislation, and
bibliographical review of essential works on the subject.
Keywords: amnesty, foreign precedents, international law, foreign law, fundamental
rights, human rights
1. INTRODUÇÃO
1
http://www.stf.jus.br/arquivo/cms/noticianoticiastf/anexo/adpf153.pdf acessado em 28/06/2018
336
entre as principais, juntamente com o caso “Gomes Lund e outros” (Caso Guerrilha
do Araguaia), estes, julgados na Corte Interamericana de Direitos Humanos2.
Sendo assim, o objetivo deste artigo é analisar a forma como os precedentes
estrangeiros citados na ADPF 153 são utilizados, observando se há conexão histórica
e semelhança nos casos concretos, e como se dá interlocução e análise das
experiências jurídicas não nacionais nas teses dos ministros.
Na Petição Inicial a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) afirma não ser
válida a interpretação de que a Lei 6.683/79 anistiaria vários agentes públicos
responsáveis pelo cometimento de atrocidades durante o regime militar, à luz dos
preceitos fundamentais da Constituição de 1988, assim, solicita, ao STF, que seja
dada uma interpretação conforme à Constituição do artigo primeiro desta lei, de
maneira que a anistia concedida aos autores de crimes políticos e seus conexos (de
qualquer natureza) não se estenda aos crimes comuns praticados por agentes
públicos acusados de homicídio, desaparecimento forçado, abuso de autoridade,
lesões corporais, estupro e atentado violento ao pudor.
Após a admissão da ADPF, a relatoria ficou a cargo do Minstro Eros Graus, que
utilizou como principal argumento o de que em um Estado Democrático de Direito o
Poder Judiciário não está autorizado, a alterar, a dar outra redação diversa da nele
contemplada a texto normativo, cabendo a tarefa de revisão ao Poder Legislativo
porque a anistia integrou-se à nova ordem constitucional inaugurada no país pela
Emenda Constitucional no 26, de 27 de novembro de 1985, que convocou a
Assembleia Nacional Constituinte.
O caso Arellano X Chile3, é citado pelo Ministro Relator Eros Grau, para
discutir a anterioridade da Lei da Anistia. Neste Caso, o Chile, ao apresentar suas
preliminares de constetação à Corte Interamericana de Direitos Humanos, alega que
a incompetência da CIDH, uma vez que os atos praticados contra Arellano
precederam a assinatura da Convenção Americana de Direitos Humanos.
2
http://www.corteidh.or.cr/docs/casos/articulos/seriec_219_por.pdf, acessado em 20/07/2018
3
O caso Arellano vs Chile foi submetido a Corte Interamericana de Direitos Humanos e se refere a responsabilidade internacional
do Estado por falta de investigação e sanção dos responsáveis pela execução de Luis Alfredo Almonacid Arellano, assim como
a falta de reparação adequada a favor dos familiares.
http://www.corteidh.or.cr/cf/Jurisprudencia2/ficha_tecnica.cfm?nId_Ficha=335&lang=e acessado em 02/08/2018
337
4
A anistia na era da responsabilização: o Brasil em perspectiva internacional e comparada. Brasília. Disponível
http://www.dhnet.org.br/verdade/resistencia/a_pdf/livro_mj_anistia_comparada.pdf. Acesso 01/08/2018
5
Ventura, Dayse. A Intepretação judicial da Lei de Anistia Brasileira e do Direito Internacional Disponível em:
http://www.corteidh.or.cr/tablas/r30001.pdf Acessado: 28/07/2018
6
Convenção de Genebra. Disponível em: http://www.direitoshumanos.usp.br/index.php/Convenção-de-Genebra/convencao-de-
genebra-i.html. Acessado: 28/07/2018
7
ADPF 153 p. 115
338
8
São imprescritíveis, independentemente da data em que tenham sido cometidos, os seguintes crimes:
§1. Os crimes de guerra, [...]
§2. Os crimes contra a humanidade, sejam cometidos em tempo de guerra ou em tempo de paz, como tal definidos no Estatuto
do Tribunal Militar Internacional de Nuremberg [...] a evicção por um ataque armado; a ocupação; os atos desumanos resultantes
da política de "Apartheid"; e ainda o crime de genocídio, [...]
ARTIGO 2º
Sendo cometido qualquer crime mencionado no "Artigo 1º" as disposições da presente Convenção aplicar-se-ão aos
representantes da autoridade do Estado e aos particulares que nele tenham participado como autores ou como cúmplices, ou
que sejam culpados de incitamento direto à sua perpetração, ou que tenham participado de um acordo tendo em vista cometê-
lo, seja qual for o seu grau de execução, assim como aos representantes do Estado que tenham tolerado a sua perpetração.
Disponível em: http://www.direitoshumanos.usp.br/index.php/Sistema-Global.-Declarações-e-Tratados-Internacionais-de-
Proteção/convencao-sobre-a-imprescritibilidade-dos-crimes-de-guerra-e-dos-crimes-contra-a-humanidade.html. Acessado em
29/07/2018
9
Caso Gomes Lund e Outros vs. Brasil. sentença de 24 de novembro de 2010. Disponível em:
http://www.corteidh.or.cr/docs/casos/articulos/seriec_219_por.pdf. Acesso em 01/08/2017 .
339
10
Em 03.12.08, o STF através do HC 87858-TO e RE 466.343-SP reconhece que os tratados de direitos humanos valem do que
a lei ordinária. Gilmar Mendes, sustentava o valor supralegal e o Ministro Celso de Mello que lhe conferia valor constitucional.
Sendo a tese a primeira tese a vencedora. GOMES, Luiz Flávio. Controle de legalidade, de convencionalidade e de
constitucionalidade . Disponível em <http://www.lfg.com.br> Acesso em: 01.08.2018.
340
entendimento que prevaleceu no julgamento da ADPF 153, mas sim de que a lei se
manteve sobre a vigência da Emenda Constitucional. Para Rothenburg, a leitura de
que a anistia atingira tanto opositores do regime quanto os agentes públicos da
repressão, foi uma leitura imposta.
Os pressupostos acima fazem perceber como é delicado afirmar posições
concretas sobre a lei, já que o próprio Direito implica em diferentes interpretações. As
divergências devem contribuir para o aperfeiçoamento sem impedir novas
perspectivas de análise da lei. Rever a lei e criar leis adequadas fazem parte da
experiência democrática, não há uma verdade absoluta, mas uma busca por
informações, avaliações e compromisso para reparar as injustiças.
Embora as conclusões jurídicas se situem em múltiplos pontos, é preciso
compatibilizar as divergências e talvez a melhor maneira para isso ocorrer é acatar a
decisão da Corte Interamericana, invalidando a Lei de Anistia, uma vez, que pela
perspectiva dos Direitos Humanos o conteúdo da lei viola os direitos fundamentais
que caracterizam-se como crimes contra a humanidade, e que em nenhum momento
deixaram de representar um mínimo ético.
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
Abstract: This research questions the electoral quota legislation for women’s political
candidatures in the Brazilian legal system, analyzing its ineffectiveness on promoting
gender equality, and focusing on one of its main and most harmful consequences: the
frauds known as phantom candidatures. In addition, we intend to question the shortage
of female candidatures in Brazil’s elections, starting from the hypothesis that the almost
exclusivity of men in public spaces results because of a patriarchal domination that
reinforces the concept of femininity, reducing women to secondary works and social
positions in comparison to men. We used bibliographical research and the analysis of
two legal cases decides by Electoral Courts.
Key words: Electoral quota system; Phantom candidatures; Ineffectiveness.
1 INTRODUÇÃO
No Brasil, a luta pelo voto feminino iniciou em 1910 quando foi fundado, no Rio
de Janeiro, o partido Republicano Feminino, com o objetivo de debater sobre o
assunto no Congresso Nacional. Em 1928, o governador Juvenal Lamartine de Faria,
apresentou um projeto de Lei Estadual que garantiria o voto feminino no Rio Grande
do Norte, sendo este aprovado no mesmo ano. Durante o período eleitoral, Alzira
Soriano foi eleita prefeita da cidade de Lages, entretanto, a comissão de Poderes do
Senado Federal anulou os votos femininos do Estado e a posse de Alzira, alegando a
necessidade de uma lei especial que fornecesse as mulheres o direito ao voto.
Somente em 1932 Getúlio Vargas promulgou, mediante um decreto-lei, o direito de
sufrágio das mulheres (ALVES; PITANGUY, 1985).
A conquista da participação política das mulheres por meio do voto resultou em
reivindicações por mais candidaturas femininas, tendo em vista que tanto a
participação quanto a representação são fundamentais para que haja uma política
plenamente democrática. Todavia, os direitos legais básicos relacionados ao voto e à
representação política não têm sido suficientes para reverter o quadro de carência de
343
mulheres nos espaços políticos, logo, criaram-se ações afirmativas – cotas eleitorais
– para as instâncias parlamentares, estando previstas no ordenamento jurídico pátrio
pela Lei nº 9.100/95.
Essas cotas eleitorais, porém, podem ser consideradas um instrumento de
violência de gênero, tendo em vista que a figura da mulher é utilizada como um objeto
para preencher o mínimo legal de candidaturas, para que assim haja um
fortalecimento de campanhas masculinas já consolidadas. Ademais, também são
mecanismos de violação do sistema eleitoral por serem usadas a fim de burlar o
sistema jurídico e alcançar o mínimo partidário sem efetivamente promover a defesa
dos interesses políticos das mulheres, o que ocorre por meio das candidaturas-
fantasma. Ante o exposto, esse trabalho se propõe a responder o seguinte
questionamento: em que medida as cotas eleitorais para mulheres enquanto
possibilitadoras das candidaturas-fantasma não promovem a equidade política de
gênero?
A pesquisa utiliza de revisão bibliográfica das obras de Luís Felipe Miguel,
Flávia Biroli, e Iris Young, que tratam sobre o sistema de cotas eleitorais e a
representaçãopolítica de minorias. Acrescenta-se a análise das Leis nº 9.100/95 e nº
9.504/97 e da Lei da reforma do código eleitoral de 2009, bem como de dois casos
concretos – o Recurso Especial Eleitoral n-495-85.2016.6.21.0003, do Tribunal
Regional Eleitoral do Rio Grande do Sul, e o Recurso Especial Eleitoral nº 243-
42.2012.6.18.0024 decidido pelo Tribunal Regional Eleitoral do Piauí. O trabalho se
conclui no sentido de que além de serem mecanismos de violação do sistema eleitoral,
em razão das candidaturas-fantasma, e de violência de gênero, as cotas também são
ineficazes na promoção de representação de mulheres na política.
partem de uma mesma perspectiva social, com certos padrões de experiência de vida,
ainda que não compartilhem das mesmas opiniões ou interesses (YOUNG, 2000),
portanto a representação demanda a presença de mulheres na política.
Vale ressaltar que, quando as mulheres são eleitas, tendem a apresentar sua
atuação em áreas distintas do homem, como por exemplo, cuidados com a infância,
educação, pobreza, meio ambiente, em contrapartida, assuntos relacionados à crise,
economia, violência, estão inteiramente ligados ao sexo masculino, o que evidencia
que existem espaços próprios dentro do âmbito político, que são outorgados aos
sexos devido a uma construção social. Ademais, as candidatas ressaltam que suas
campanhas políticas são fortalecidas quando tratam sobre temáticas femininas,
todavia são enfraquecidas quando tendem a tratar de assuntos masculinos. “Ao
contrário dos homens na política, as mulheres precisam escolher entre enfrentar os
estereótipos, sofrendo os ônus desse enfrentamento, ou se adaptar a eles,
conformando-se com um papel secundário no jogo político” (BIROLI, MIGUEL, 2010,
p. 22). Ou seja, a defesa dos direitos das mulheres seria uma pauta específica, em
contrapartida, apenas os homens estariam aptos a falar pela coletividade em geral.
Outrossim, a diferença entre a representação feminina e masculina nos
espaços decisórios decorre de um modelo estrutural de política que não foi criado para
mulheres. Estas encontram constrangimentos para gerenciar suas carreiras, já que as
obrigações domésticas, que são exercidas concomitantemente com seus trabalhos
remunerados, lhes são impostas enquanto obrigações quase exclusivas e impedem
que haja uma dedicação à vida política similar a dos homens, haja vista que a mulher,
de uma era histórica a outra, tem sido associada ao ambiente doméstico (DAVIS,
2016, p. 228). Logo, as mulheres possuem um ônus excessivo ao assumirem cargos
políticos, e em sua maioria tendem a renunciar a vida parlamentar em prol da família,
o que não é demandado dos homens.
Em 2009, a Lei nº 12.034/09 estabeleceu que “cada partido ou coligação
preencherá o mínimo de 30% (trinta por cento) e o máximo de 70% (setenta por cento)
para candidaturas de cada sexo”,substituindo as palavras “deverá preencher” por
“preencherá”, logo, incluindo obrigatoriedade na porcentagem de mulheres nas
candidaturas. No entanto, apesar desta vinculação legal, segundo o livro “Mais
Mulheres na Política”, onde se aborda a porcentagem de candidaturas femininas no
Brasil em 2016, foram eleitas 13,51% de mulheres para as câmaras municipais, e em
relação às prefeituras, foram eleitas 641 mulheres, totalizando 11,57% (SENADO
FEDERAL, 2016), o que demonstra que não há uma efetivação das cotas
parlamentares no tocante ao aumento de representação numérica de mulheres.
Dessa forma, o fato de haver um sistema de cotas eleitorais que tenha o intuito
de ampliar as candidaturas femininas não implica em efetividade e respectivas posses
tendo em vista que o modelo de política é excludente e desfavorece a mulher no seu
sistema competitivo. Todavia, faz-se mister ressaltar que a presença obrigatória de
candidatas estimula a formação de lideranças políticas femininas, tendo em vista que
a representação, anterior a participação inclusiva, é necessária para um processo
mais democrático.
disso, nos autos, restou provado em áudio que na mesma coligação candidatou-se o
cunhado de Dirce, tendo incluído o relato que a mesma votaria nele.
As demais candidatas investigadas não foram consideradas fantasmas, pois foi
comprovado que desistiram da campanha eleitoral, mas chegaram a realizá-la por
certos dias. Além disso, relataram que não estavam preparadas para a concorrência,
o que as desestimulou a continuarem como disputáveis ao cargo de vereadoras,
preferindo ambas voltaremà sua vida profissional anterior. Todos esses fatores
convergiram para que a fraude eleitoral em relação às cotas para o percentual de
participação feminina se comprovasse na candidatura de Dirce, o que legitimou a
cassação dos eleitos ao cargo em questão nessa eleição, na decisão unânime em
dezembro de 2017, sob relatoria de Eduardo Augusto Dias Bainy.
O segundo caso analisado é o Recurso Eleitoral n° 243-42.2012.6.18.0024,
proposto pela coligação Vitória que o Povo Quer, contra a coligação Por um Novo
Tempo, etratou sobre o indeferimento da Ação de Investigação Eleitoral que tinha
como objeto o oferecimento de empregos em troca de votos e o registro de
candidaturas femininas de forma fraudulenta; o vício de consentimento de três filiadas
que desconheciam o fato de terem sido lançadas como candidatas e, assim que
souberam das candidaturas, renunciaram-nas; a apresentação de registro de
candidatura de filiada analfabeta, tendo a assinatura sido feita pelo presidente da
coligação e, por fim, as únicas duas candidatas restantes da coligação obtiveram,
respectivamente, nenhum voto e um voto, o que demonstrou que ambas não tinham
a intenção de concorrer e suas candidaturas foram lançadas para permitir o registro
de quatorze candidatos – alcançando o mínimo legal. Todavia, a decisão do
magistrado não considerou fraude eleitoral, o que gerou a impugnação parcial do
referido Recurso.
O relatordo caso, Henrique Neves, alega que o registro de candidaturas de
acordo com os percentuais mínimos previstos no ordenamento jurídico não se limita
ao mero lançamento de candidatas, pois a ação afirmativa, em regra, pretende que
haja uma efetividade do seu conteúdo jurídico. Dessa forma, eventuais vícios que
pudessem anular essa regra e a definitiva existência de candidaturas para cada
gênero previsto na legislação devem ser examinadas pela Justiça Eleitoral a fim de
atender ao comando legal durante as campanhas eleitorais, verificando se realmente
existem mulheres nos partidos políticos.
O ministro Henrique Neves decidiu conceder parcialmente o pedido, a fim de
que os autos retornassem ao juiz para serem julgados, de forma detalhada, a questão
das fraudes eleitorais. Por unanimidade, os ministros concordaram, nos termos do
voto do relator, em dar parcial provimento ao Recurso Especial, ou seja, o retorno dos
autos ao TRE/PI para analisar as alegações sobre existência de fraude em relação ao
sexo feminino, todavia julgaram improcedente o pedido quanto ao recebimento de
recursos financeiros indevidos pelo partido e quanto às ofertas de emprego efetuadas
pelos candidatos João de Deus Moreira Lima e Manoel Pereira das Neves, alegando
que as provas são frágeis, especialmente a testemunhal.
Nos sistemas políticos de sociedades patriarcais, as mulheres ocupam uma
pequena proporção dos cargos públicos, assim como estão relativamente ausentes
nas posições de poder e influência. Isso decorre do fato de que grupos que estão
inseridos em um contexto de minorias políticas tendem a carecer de voz pública
efetiva, ainda que se insiram em posições de relevância.Visualiza-se essa questão na
decisão do Recurso Eleitoral do Piauí, onde o juiz de primeiro grau não considerou a
fraude eleitoral, tendo em vista que os partidos incluíram mulheres nos seus quadros
de candidatos, portanto não se analisou a efetividade da representação, mas o mero
348
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
INTRODUÇÃO
1. REDES SOCIAIS
1
BEZERRA, Eudes Vitor. Redes sociais na participação democrática: desafios
contemporâneos na efetivação dos direitos do e-cidadão - Programa de Estudos Pós- 148 Graduados em Direito / Eudes
Vitor Bezerra. São Paulo, 2016. p. 17.
352
o ser humano fez muito mais do que lascar pedra. Ele usou também osso,
fabricou ferramentas e armas eficientes, descobriu técnicas de caça e
pesca, aprendeu a reconhecer vegetais comestíveis, produziu artes,
construiu tendas etc. Por milhares de anos, pequenos grupos paleolíticos
se espalharam por todos os continentes, lutando para suprir suas
necessidades básicas de sobrevivência.2
Assim, desde sua gênese o processo comunicatório foi base para as mudanças
que acompanharam os seres humanos ao longo dos séculos, pilar para o processo
2
LIMA, 1989, p. 9 apud BEZERRA, 2016, p.16.
3
BEZERRA, op. cit., p.18.
4
ARISTÓTELES. Política. Brasília: Universidade de Brasília, 1995. p. 1253a.
5
BEZERRA, Eudes Vitor. Redes sociais na participação democrática: desafios
contemporâneos na efetivação dos direitos do e-cidadão - Programa de Estudos Pós- 148 Graduados em Direito / Eudes
Vitor Bezerra. São Paulo, 2016. p.87
353
Posto isto, não fica difícil perceber que as redes socias serviram como
ferramenta para a participação popular poder ganhar um novo meio de participação,
através desta os usuários compartilham seus sentimentos, angustias, felicidades e
opiniões a respeito de movimentos sociais e políticos.
Plataformas virtuais de comunicação e interação em massa como o Facebook,
Instagram e o Twitter propagam informações em tempo real, esses sites de
comunicação são instrumentos poderosos na mão da população, visto que no estado
democrático de direito a principal forma de participação é através do voto e, esse
movimento que resulta na criação das redes sociais é a oportunidade que o cidadão
agora e-cidadão precisava para se manifestar contra as decisões do governo, houve,
portanto, uma revolução na forma participativa, qual seja a interação horizontal.
Percebe-se, portanto, que com a chegada das “social networks”6 o, então, e-cidadão
tem a possibilidade de participar e acompanhar ativamente as propostas e rumos
políticos do seu país.
Está, assim, desmoronando a relação verticalizada, ou seja, uma minoria
decidindo os rumos sociais e em contrapartida uma grande massa submetida aos
desejos destes.
O acesso a internet modificou substancialmente a forma com que as pessoas
interagem umas com as outras, surgem com as novas tecnologias a Geração Z, onde
a grande sacada dessa geração é zapear. Daí o Z7 . A característica dessa geração é
a facilidade com que se movimentam entre as tecnologias, da internet para o celular,
do celular para o tablet e PC, bem como a fluidez em sua visão de mundo que muda
em pouco tempo influenciados pelas redes sociais.
Essa geração é diferente da geração do seus pais que cresceram em um
ambiente onde a comunicação se dava através da fala ou escrita, hoje os Z com
facilidade manuseiam televisão, internet, radio, telefone e música sem dificuldades,
6
Redes Sociais.
7
BEZERRA, Eudes Vitor. Redes sociais na participação democrática: desafios contemporâneos na efetivação dos
direitos do e-cidadão - Programa de Estudos Pós- 148 Graduados em Direito / Eudes Vitor Bezerra. São Paulo, 2016. p.94
354
não existe assim barreiras para essa geração, pois as redes sociais proporcionaram
acesso global.
A grande conquista que essa geração obteve foi na forma como se manifestam,
imaginava-se que ficariam atrás de telas de computadores e smartphones
desapegados de interesses sociais e políticos. Todavia, provaram que com apenas
alguns clicks enviam mensagens instantâneas através do Facebook, Instagram ou
Twiter e marcam manifestações nas avenidas e ruas de todas as cidades do Brasil;
em são Paulo o lugar onde mais acontecem esses encontros são na Avenida Paulista
(polo econômico do país).
O que se observa é como essa relação e-cidadão e redes socias tem provocado
mudanças de cunho político no país, e.g, o impeachment de Dilma Roussef em 2016
que mobilizou milhões de pessoas através das redes sociais a comparecem às ruas
para se oporem ao governo do PT8.
Evidente, pois, que as redes socias inflaram as manifestações, contribuíram
para a mudança de políticos e, tudo isso através de um processo democrático.
Outro movimento importante que surge através das redes sociais são os Smart
Mobs, pessoas que cooperam entre si mesmo não se conhecendo para fazerem
manifestações de cunho político.
8
Partido dos Trabalhadores
9
LEMOS, André. Cibercultura e Mobilidade: a Era da Conexão. Revista Razón y Palabra. Disponivel em:
http://www.razonypalabra.org.mx/ateriores/n41/alemos.html>. Acesso em: 30 set. 2018.
10
CASTELLS, Manuel. A galáxia da internet: reflexões sobre a internet, os negócios e a sociedade. Rio de Janeiro: Jorge
Zahar, 2003. p. 104
355
ser mais flexível em suas tomadas de decisões, mostrando, desse modo, que a
interação cidadão/e-cidadão e Estado, torna-se horizontal.
CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS
INTRODUÇÃO
FEDERALISMO BRASILEIRO
CONCLUSÃO
Assim, resta claro que o pacto federativo, ora protegido como clausula pétrea,
não possui segurança jurídica solida. Tal situação comprova-se pelos inúmeros
projetos de lei, atos administrativos e medidas diversas que contribuem para a
deturpação do nosso modelo federativo.
REFERÊNCIAS
ARAUJO, Luiz Alberto David; JUNIOR NUNES, Vidal Serrano. Curso de Direito
Constitucional. 20ª ed. rev. e atual. São Paulo: Editora Verbatim, 2016.
HORTA, Raul Machado. Direito Constitucional. 4ª ed. rev. e atual. Belo Horizonte:
Editora DelRey, 2003.
CHEVALLIER, Jacques. O Estado de Direito. Trad. Antonio Araldo Ferraz Dal Pozzo
e Augusto Neves Dal Pozzo. Col. Fórum Brasil - França de Direito Público; 2. Belo
Horizonte: Editora Fórum, 2013.
TEMER, Michel. Elementos de Direito Constitucional. 22ª ed. 2ª tiragem. São Paulo:
Malheiros Editores LTDA, 2008.
BRASIL. Constituição (1988). Constituição da Republica Federativa do Brasil. Brasília,
DF: Senado Federal: Centro Gráfico, 1988.
PUCCINELLI JÚNIOR, André. Curso de Direito Constitucional. 3ª. ed. São Paulo:
Saraiva, 2013.
HAMILTON, Alexandre; JAY, John; MADISON, James. O Federalista. 2. ed. São
Paulo: Russel, 2005.
DÓRIA. Antônio de Sampaio. Direito Constitucional. 5ª. ed. São Paulo: Max Limonad,
1962.
FERREIRA FILHO, Manoel Gonçalves. Curso de Direito Constitucional. 38. ed. rev. e
atual. São Paulo: Saraiva, 2012.
DALLARI, Dalmo de Abreu. Elementos de teoria geral do estado. 30. ed. Saraiva: São
Paulo, 2011.
SILVA, José Afonso da. Curso de direito constitucional positivo. 24 ed. São Paulo:
Malheiros, 2005.
363
Resume: This article’s object is to criticize the State’s behavior about the effectiveness
of preventive measures for gender violence. Through the perspective of the
Constitutional Law, focusing in the Human Rights, it’s imperative to emphasize the lack
of effective preventive measures, considering the historical chaining that leads to
gender violence. Furthermore, the approach in Criminal Law must consider its real
goal, which is to bring material equality into gender relationships, being State’s duty to
notify and introduce the law’s reason of creation, in the society, not neglecting the
actual and continuous context of gender violence.
Keywords: Equality; Gender violence; Woman.
1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS
tratava de punição, elas sofriam os mesmos castigos que os homens e depois eram
estupradas, para serem reduzidas a posição de fêmeas. Isto demonstra, de forma
clara, a mulher como objeto de dominação.
Em suma, mulheres sempre foram sexualizadas e vistas como mera extensão
do homem, e esta imagem, por mais retrógrada que pareça ser, uma vez que o gênero
feminino esteja ocupando o seu lugar na sociedade, ainda está longe de ser
desconstruída. Analisando a atual conjuntura social, é notório a luta incessante pela
visibilidade feminina, visto que, a ideologia patriarcal não reconhece a mulher como
ser capaz de realizar as mesmas condutas que o homem.
Portanto, mulheres só são vistas quando a voz destas ecoam por meio de
índices de violência altíssimos por conta de uma sociedade crescida em cima de
oportunismos. Ademais, toda a trajetória pela emancipação feminina gerou
consequências fortes, como o direito ao voto, que foi uma das suas maiores
conquistas; a lei do divórcio; e a separação do CPF, os quais são os maiores marcos
da saída da mulher do estado de tutela do sexo masculino.
É dever do estado interferir nas relações sociais para prevalecer a igualdade
de gênero e fazer valer dignidade humana, que é a base dos direitos fundamentais
previstos na Constituição da República do Brasil. Entretanto, esta imagem se distorce
no momento que o Estado realiza leis de caráter punitivo, mas não buscar instruir a
população sobre os motivos destas leis estarem sendo necessárias.
Por mais que seja evidente a opressão que a mulher sofre, a violência está
acentuadamente institucionalizada que a população não consegue identificar que se
fazem necessárias medidas direcionadas, apenas, às mulheres. Não obstante, é
necessário que o Estado assuma uma posição crítica e passe a estabelecer medidas
preventivas e não somente punitivas para instruir e remediar o nível de casos e
restruturar a sociedade para enxergar a mulher como sujeito absoluto de direito
passível de ocupar qualquer lugar na sociedade.
Diante disso, esse resumo pretende demonstrar que, na sociedade brasileira
atual, mesmo com leis especiais e tentativa no judiciário de agravar penas e punir
crimes de gênero, a causa deve vir antes da consequência, sendo fundamental maior
prática de políticas públicas e medidas que atenuem o número de casos de violência
de gênero.
2. NOÇÕES GERAIS
Com essa situação, se faz, cada vez mais necessária, a existência de leis
destinadas às mulheres para garantia de uma igualdade material, na sociedade. Mas,
deve-se perceber que, necessita-se, no Brasil, de um posicionamento mais forte e
amplo em relação a todos os tipos de agressão, contra a mulher, para evitar tamanha
insegurança e ineficácia de proteção e punição.
É preciso, portanto, que o legislador considere o desejo da vítima de ser
protegida e seu agressor punido, levando em consideração as inúmeras maneiras de
uma mulher ser agredida, a frequência dos fatos e a veracidade de seus depoimentos,
sem decidir, patriarcalmente, o que acredita ser melhor para elas.
3. CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
Grupo de trabalho:
DIREITO CONSTITUCIONAL,
DEMOCRACIA E
CIBERDEMOCRACIA II
Trabalhos publicados:
Resumo: O tema dos direitos fundamentais sociais suscita debates doutrinários que
incluem a jusfundamentalidade desses e sua tutela pelo regime jurídico dos direitos
fundamentais na Constituição de 1988, tendo como característica a aplicabilidade
imediata e a limitação material ao poder reformador, constituindo estes direitos em
cláusulas pétreas. A condição pétrea, no entanto, é tema de discórdia no que diz
respeito aos direitos inclusos nesse rol por meio de Emenda Constitucional, posto que,
se estes direitos foram criados pelo Legislador Constituinte Derivado, deveriam poder
também, por meio do mesmo instrumento criador, ser excluídos do ordenamento. Este
é o entendimento de balizada doutrina. Este resumo, no entanto, apresenta uma
conclusão diferente, defendendo que os direitos fundamentais incluídos por emenda
passam a gozar da proteção de imutabilidade típica das cláusulas pétreas imaginadas
pelo Legislador Constituinte Originário, adotando, para tanto, o método dedutivo de
pesquisa, e a leitura analítico crítica de doutrina sobre o tema.
Palavras-chave: Direito Constitucional; Regime Jurídico dos Direitos fundamentais
sociais; Cláusulas Pétreas.
Abstract: The fundamental social rights excite debates that include their
fundamentability and its protection by a set of rules specifically applied to fundamental
rights in the Constitution from 1988 that has as main characteristics the immediate
applicability and the limitation to changes prevenient from the legislative power.
However, it is on debate the immutability protection, even when recognized as
fundamental, of rights included by means of a constitutional amendment, which is
controversial doe to the fact that part of the jurisprudence understands the rights
created by the ordinary legislator can also be excluded from de juridical order by the
same means. This essay presents a different possibility. A constitutional reading
suggesting that the fundamental rights included by means of an amendment can
possess the immutability protection that fundamental rights listed by the original
constituent legislators have, adopting, for this, the deductive methodology and the
analytical critical reading of the available literature.
Key words: Constitutional Rights; Legal Regime of the fundamental social rights;
Immutability Clause.
1. INTRODUÇÃO
Inseridos no citado Título estão os direitos sociais previstos no artigo 6º, que,
originalmente, elencava educação, saúde, trabalho, lazer, segurança, previdência
social, a proteção à maternidade e à infância e a assistência aos desamparados. Este
rol foi aumentado pela EC 26/2000, que acrescentou a moradia, pela EC 64/2010, que
acrescentou a alimentação e, por último, pela EC 90/2015, que incluiu o transporte.
No presente resumo, dois problemas serão abordados. O primeiro, diz respeito
à condição de direitos fundamentais dos direitos sociais, o que é essencial para
afirmar que os direitos do artigo 6º da CRFB/88 estão sujeitos ao mesmo regime
jurídico, posto que da mesma natureza, que os direitos previstos no artigo 5º da
CRFB/88. O segundo problema diz respeito à possibilidade de alteração do artigo 6º,
por meio de EC, para a exclusão de direitos que foram incluídos no rol ali previsto
também por meio de EC.
O primeiro problema se justifica pela terminologia adotada pela CRFB/88 no
artigo 60, parágrafo 4º, inciso IV, que prevê que não será objeto de deliberação a
proposta de emenda constitucional tendente a abolir os direitos e garantias individuais
o que, em um primeiro momento, da margem para uma interpretação literal do texto,
excluindo direitos e garantias de caráter coletivo da proteção criada pelo dispositivo,
bem como os direitos sociais.
Já o segundo problema deriva da compreensão doutrinária de que é faculdade
do legislador extirpar do ordenamento jurídico, por meio de EC, aquilo que foi
acrescentado da mesma forma, ou seja, se direitos foram inseridos no rol de direitos
e garantias fundamentais por meio de EC, também por este caminho é possível retirá-
los.
Postos os dois problemas, o resumo será dividido em dois tópicos. O primeiro
apresentará uma leitura que permite compreender direitos sociais como direitos
fundamentais e, portanto, sujeitos ao regime jurídico destes. O segundo tópico tratará
de analisar se é possível falar em exclusão dos direitos sociais fundamentais do rol
do artigo 6º da CRFB/88, mais especificamente aqueles que foram acrescentados
pelas EC 26/2000, 64/2010 e 90/2015.
13
HACHEM, Op. Cit., 2014, p. 135.
14
NOVAIS, Op. Cit., p. 96.
15
NOVAIS, Op. Cit., p. 109.
16
Id., p. 109.
17
Id., p. 124/125.
18
HACHEM, Daniel Wunder. A dupla titularidade (individual e transindividual) dos direitos fundamentais econômicos, sociais,
culturais e ambientais. Revista de Direitos Fundamentais e Democracia, v. 14, n. 14, Curitiba, p. 618-688, jul./dez. 2013, p.
622.
19
ALEXY, Robert, Teoria dos Direitos Fundamentais, Tradução de Virgílio Afonso da Silva, São Paulo, Malheiros, 2008, p.
86.
20
Id., p. 90.
375
21
NOVAIS, Op. Cit., p. 139.
22
HACHEM, Op. Cit. 2014, p. 139.
23
NOVAIS, Op. Cit. p. 144.
24
HACHEM, Op. Cit. 2014, p. 139.
376
Embora não se tenha falado, até o presente momento, sobre eventual diferença
entre direitos fundamentais provenientes do poder constituinte originário, e de direitos
fundamentais provenientes do poder constituinte derivado, acrescentados ao catálogo
por meio de emenda, caso não só dos direitos à moradia, alimentação e transporte no
artigo 6º da CRFB/88, mas também do direito ao processo célere, do artigo 5º, inciso
LXXVIII, também da CRFB/88, acrescentado pela EC 45/2004, há balizada doutrina
que defenda que não há que se falar em cláusulas pétreas provenientes de legislador
constituinte derivado.
Gilmar Ferreira Mendes e Paulo Gustavo Gonet Branco defendem que as
cláusulas pétreas fundamentam-se na superioridade do poder constituinte originário
frente ao poder constituinte derivado, o que permite, ao primeiro, limitar a atividade do
segundo. Entendem, os autores, no entanto, que o poder constituinte derivado não
pode limitar a si mesmo, posto que, como é o mesmo poder, não faz sentido que este
não possa alterar, disposições, ou mesmo excluir disposições às quais seriam fruto
de sua própria criação25.
Ainda, segundo os autores, “se o poder constituinte de reforma não pode criar
cláusulas pétreas, o novo direito fundamental que venha a estabelecer – diverso
daqueles que o constituinte originário quis eternizar – não poderá ser tido como um
direito perpétuo, livre de abolição por uma emenda subsequente”26.
Ocorre que, embora leve em consideração a importância singular do poder
constituinte originário, a conclusão dos citados autores parece não favorecer a
evolução histórica das dimensões de direitos fundamentais.
O rol de direitos constitucionais da CRFB/88, inegavelmente generoso, não
pode ser considerado definitivo, posto que imaginado em um momento histórico
passando, quando somente os direitos historicamente consolidados até aquela data
poderiam ser positivados pelo constituinte originário. Outros direitos hoje
considerados fundamentais por força do artigo 5º, parágrafo 2º da CRFB/88, não se
encontram topograficamente no Título II da carta política brasileira. Cabe ressaltar que
o artigo 225 da CRFB/88 que prevê o direito fundamental a um meio ambiente
equilibrado revela uma preocupação que ganhou força em um momento histórico
posterior à promulgação da CRFB/88.
A primeira crítica, portanto, a parte da doutrina que entende não serem
tutelados pelo disposto no artigo 60, parágrafo 4º, inciso IV da CRFB/88 os direitos
fundamentais incluídos por meio de EC, é a de que a história da evolução destes
direitos não se tornou estanque em 5 de outubro de 1988. Aliás, pela própria natureza
destes direitos, bem como por sua estrutura normativa de mandamento de otimização,
a tendência é, sempre, a do reconhecimento de outros aspectos fundamentais, que
podem ser positivados pelo poder constituinte derivado, que refletem seu próprio
momento histórico.
Esta posição parece fragilizar eventuais direitos fundamentais reconhecidos e
positivados pelo poder constituinte derivado, que comporiam um rol enfraquecido, por
não estarem sujeitos ao regime jurídico dos direitos fundamentais e, portanto,
estariam sujeitos à exclusão do ordenamento o que poderia, em última análise, gerar
significativos retrocessos sociais.
Em favor da extensão da proteção do regime jurídico de direitos fundamentais
aos provenientes de exercício legislativo posterior à promulgação da CFRB/88,
empresta-se, mais uma vez, o escólio de Jorge Reis Novais, embora o autor esteja
25
MENDES, Gilmar Ferreira, BRANCO, Paulo Gustavo Gonet; Curso de Direito Constitucional, 7 Ed, São Paulo, Saraiva,
2012, p. 192.
26
Id., p. 192.
377
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
27
NOVAIS, Op. Cit. p. 161.
378
Resumo: O presente resumo tem por objetivo central propor inicial discussão sobre a
privacidade do candidato a mandato político e o direito coletivo da liberdade de
informação, adjudicando ênfase na concepção de garantia fundamental. Nesse
contexto, observa-se o cerceamento do direito à privacidade, uma vez que os meios
de comunicação acabam por invadi-lo, sob o pretexto de informar a população. Pauta
o estudo por uma moldura analítico-crítica. A ideia é ultrapassar as barreiras da
dogmática estabelecida a fim de formular uma alternativa à problemática, com adoção
do princípio da proporcionalidade, responsável por resolver o conflito entre duas
garantias constitucionais, pautando a harmonia e o equilíbrio entre os direitos
fundamentais, de modo a buscar a melhor medida para todos os envolvidos.
Palavras-chave: Direito de informação. Privacidade. Candidato político.
Abstract: The main objective of this abstract is to propose an initial discussion about
the privacy of the candidate for political mandate and the collective right of information
freedom, emphasizing the concept of a fundamental guarantee. In this context, the
privacy right is controlled and reduced, as the media end up invading it, under the
pretext of informing the population. This paperwork, then, guides the study through an
analytical-critical frame. The idea is to overcome the barriers of established dogmatic
to articulate an alternative to the problematic, adopting the principle of proportionality.
Considering the mentioned principle, it is important to say that it is responsible for
resolving the conflict between two constitutional guarantees, guiding the harmony and
the balance between fundamental rights, aiming to seek the best measure for all the
parts involved.
Keywords: Right to information. Privacy. Political candidate.
INTRODUÇÃO
DESENVOLVIMENTO
Sob tal aspecto, é possível dizer que a intimidade pertinente aos políticos não
é relativa, porém deve ser analisada de maneira diferente, como, por exemplo, as
pessoas famosas, artistas e esportistas, as quais vivem de manifestações públicas
como propagandas e publicidades.
Dessa feita, ao desvelar o mecanismo doutrinário, o qual envolve a
problemática do direito à informação, liberdade de expressão e resguardo da vida
privada e seu respectivo direito de intimidade ligado às autoridades, identifica-se que
muitas vezes ocorre a hipocrisia capitalista ao encarar a vida privada como uma
mercadoria, cuja venda pode proporcionar muito dinheiro. No entanto, “esta venda
exige, como todo contrato, consentimento do vendedor” (GIANNOTTI, 1987, p. 60).
Com o advento tecnológico, existe a necessidade com extrema urgência, de se
encontrar um contraponto nesse tipo de situação, o direito de divulgar e o direito de
preservar a privacidade. E na ausência de normas específicas para este problema,
aplica-se o princípio da proporcionalidade, que proporciona uma interpretação
equilibrada e coerente na solução desses conflitos, tendo em vista que nenhuma
garantia constitucional possui valor absoluto.
Nesse método, a ponderação de interesses aplica-se somente quando
caracterizado de fato o conflito de direitos, uma vez que um direito não é mais
importante que o outro. Apenas em determinada situação, em virtude da importância
no caso em questão, um será preterido em relação ao outro.
Assim, sempre que houver conflitos entre direitos, é primordial a aplicação do
382
CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS
CALDAS, Pedro Frederico. Vida Privada, Liberdade de Imprensa e Dano Moral. São
Paulo: Saraiva, 1997.
CAMPOS, Helena Nunes. Princípio da proporcionalidade: a ponderação dos direitos
fundamentais. Cadernos de Pós-Graduação em Dir. Político e Econômico São Paulo,
v. 4, n. 1, p. 23-32, 2004.
GIANNOTTI, Edoardo. A tutela Constitucional da Intimidade. Rio de Janeiro: Forense,
1987.
GUSHIKEN, Haroldo Tayra; AMARAL, Sérgio Tibiriçá. Direito à Intimidade das
Pessoas Públicas. 2010. Disponível em:
<intertemas.unitoledo.br/revista/index.php/ETIC/article/.../2193>. Acesso em: 25 fev.
2018.
384
Abstract: The present work aims to present the violation of the fundamental rights of
street people, since our Constitution guarantees the fundamental human rights such
as the right to property, housing and after 30 years of its promulgation, we still find
people with rights. These individuals are known as "street people", from different
backgrounds, at social risk, excluded by society and abandoned by the State, violated
in their dignity and who need a State Public Policy program and a greater participation
of the State. society in order to give them the opportunity to feel valued, an integral
part of the community and with their restored dignity. The Methodology employed in
the Investigation Phase was the Inductive Method, with Cartesian Data Processing,
and the techniques of bibliographic research and of the file were triggered.
Keywords: Fundamental Rights; People in Situation of Street; State
INTRODUÇÃO
Dentre o vasto rol de direitos previstos como fundamentais, neste estudo será
dada uma particular atenção, por se entender que estes direitos estão mais
intimamente ligados ao problema, ao direito à vida, à moradia e ao trabalho. Ao se
efetivar o exercício destes direitos, a incidência dos casos de pessoas que vivem em
situação de rua seria menor e estas pessoas poderiam exercer todos os outros que
são seus, mas que dada suas realidades era inviável a prática.
O direito à vida é o primeiro direito expresso no caput do art. 5º da CRFB/88,
por razão evidente, pois sem ela não há de se falar em direitos, pois dela decorrem
todos os outros direitos.
Este direito não se restringe ao direito de estar vivo, de se manter vivo, mas
abarca o direito de ter uma vida digna. Sendo assim, para se tornar efetivo, é
necessário garantir as necessidades vitais básicas do indivíduo e proibindo tratamento
que desmereça o valor que toda pessoa tem apenas pelo simples fato de ser humano.
Neste aspecto do direito à vida, Mello (2015, p. 118) leciona:
Este viés do direito à vida tem sido tão discutido em detrimento a outros como
no que se relaciona aos estudos de célula-tronco, eutanásia, aborto. Entretanto, esta
é uma questão tão relevante quanto as outras e até mais presente do que os outros,
uma vez que ao seguir para os compromissos cotidianos, trabalho, faculdade ou
qualquer outra tarefa, podemos nos deparar com esta realidade.
Delongamo-nos um pouco mais no direito à moradia. Este é um direito que foi
inserido de modo expresso como direito social através da Emenda Constitucional nº
26/2000. A moradia deve ser o ambiente em que o indivíduo poderá exercer de forma
plena seus direitos à intimidade e à privacidade. Por isto, constitucionalmente previsto
como asilo inviolável.
Sobre o direito à moradia, Pedro Lenza discorre:
A moradia deve oferecer condições mínimas para que se desenvolva uma vida
saudável, não apenas em sentido físico, mas também mental e social. Neste sentido,
Ingo
Wolfgang Sarlet (2008, p.12) se manifesta
anos, residentes 23 capitais, e em mais 48 municípios com mais de 300 mil sendo
identificadas cerca de 31.922 (BRASIL, 2008).
Respeitante ao estar em situação de rua, o maior índice, cerca de 35,5%,
afirmam que passaram a viver e morar na rua por problemas relacionados ao uso de
álcool e/ou outras drogas, 29,8%, pela situação de desemprego, e 29,1% por
desavenças com pai/mãe/irmãos, sendo que 71,3% do total de entrevistados citaram
pelo menos um dos três motivos. A grande maioria, 69,6% costuma dormir na rua,
22,1% dormem geralmente em albergues e outras instituições, e somente 8,3%
alternam entre a rua e essas instituições acolhedoras e 48,4% estão há mais de dois
anos dormindo na rua ou em albergues (BRASIL, 2008).
As motivações, dentro do processo de rualização, são diversos, destacando-
se: a) os rompimentos familiares advindos das experiências de violências domésticas
(psicológicas, física, sexual), direcionadas principalmente às mulheres, idosos,
crianças e deficientes; b) o desemprego, é outro fator pois muitas pessoas ao não
conseguirem gerar renda o suficiente para suas necessidades de moradia,
ocasionado pela não ocupação de um posto de trabalho, ou mesmo pela realização
de trabalhos informais e/ou precários, muitos acabam por morar nas ruas, não tendo
condições de retornar para suas casas devido as distâncias ou para não lidar com o
fracasso perante seus familiares; c) pessoas que sofrem com doenças de difícil
aceitação social por parte das famílias como a Aids, hansieníase e os diversos
transtornos mentais, e mesmo as deficiências físicas e/ou mentais e as instituições
públicas ou mesmo a rua são, portanto, os possíveis destinos de muitos (Ferreira e
Machado, 2007).
Observe-se a diversidade de fatores que levam ou contribuem para que os
sujeitos se constituam como pessoas em situação de rua. Para retirá-los dessa
condição, mister que o Estado implemente programas de Políticas Públicas que
retirem essas pessoas da situação na qual se encontram e promova a sua inclusão
na sociedade e se possível, em suas famílias, devolvendo, desta forma, a dignidade
a essas pessoas e fazendo valer seus direitos fundamentais.
CONCLUSÃO
O que nos leva à conclusão de que alguns problemas relacionados aos direitos
explanados possuem um caráter mais urgente que os outros. É preciso definir
prioridades dentre as necessidades que deverão ser atendidas, dentre eles a
implantação e implementação de Programas de Políticas Públicas que retirem do
ambiente das ruas essas e promova a sua inclusão social e restabeleça os laços
familiares, devolvendo, desta forma, a dignidade a essas pessoas e fazendo valer
seus direitos fundamentais.
REFERÊNCIAS
Abstract: This paper aims to relate the ideas of contemporary constitutional theory:
Symbolic Constitutionalism and Judicial Activism related to the protection of the
applicability of constitutional norms. It is understood that the hypertrophy of the
symbolic political function of the Federal Constitution of 1988 was a factor for Judicial
Activism in Brazil. The general objective is to address the various aspects related to
the inexpressible applicability of various constitutional and legal devices that reflects
in this symbolic character, punctuating the problems in the absence of their
concretization. Conclui-se afirmando que o Ativismo Judicial, em matéria de direitos
fundamentais, quando utilizado de maneira responsável e de subsidiária, é, nos
tempos atuais, o meio constitucionalmente adequado de ser ver protegido o Estado
Democrático de Direitos e os valores a ele inerentes.
Key words: norms, symbolic constitutionalisation, judicial activism.
INTRODUÇÃO
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Para fins desse trabalho é mister definir no que consiste direitos fundamentais.
Uma série de conceitos e definições acerca do tema é encontrada em nossa doutrina.
Devido complexidade do tema optou por tomar como base o conceito de George
Marmelstein, muito embora ter consciência de que esse tema não pode ter sua
conceituação exaurida em alguma linhas. Nas palavras de Marmelstein:
assumem o papel de reforçar os direitos individuais e permitir que seja feita uma
releitura completa capaz de produzir alterações no significado destes últimos.
Faz-se necessário que haja a concretização dessas normas constitucionais. Ou
seja, a positivação isolada, desprovida de efetividade, não é o suficiente para
promoção dessa inclusão social pretendida pelos direitos sociais.
É neste cenário de baixa inexpressiva na concretização de direitos
fundamentais, muitas das vezes representada pela falta de efetividade prática dos
direitos prestacionais. Essa constante inércia Estado quanto à garantia real de tais
direitos gera na população a sensação de que o texto constitucional é algo irrealizável
tornado possível falar, no Brasil, do que Marcelo Neves denominou de
Constitucionalização Simbólica.
Tomando como base Harald Kindermann, Marcelo Neves apresenta uma
tipologia tricotômica que, em seu entendimento, seria expressiva de seu conteúdo.
Nesse diapasão, a legislação simbólica serviria aos seguintes propósitos: a) fórmula
de compromisso dilatório (adiamento de solução dos conflitos); b) confirmação de
valores sociais; c) demonstração da capacidade de ação do Estado (legislação-álibi):
A) Fórmula de compromisso dilatório: nesse tipo a legislação simbólica
serve para postergar a solução de conflitos socais.
B) Confirmação de valores sociais de um grupo sobre outro grupo: nesse
caso, exige-se do legislador, a confirmação da prevalência de determinados valores
sociais de um grupo em detrimento de outro.
C) Legislação álibi [ demonstração de capacidade de atuação do Estado]: é
aquela que ocorre quando há uma comoção pública, quando há problemas relevantes
na sociedade que choca e, diante da exigência do público aflito, o Estado reage para
tranqüilizar, para acalmar os ânimos do público.
Como conseqüência dessa constituição simbólica, Marcelo Neves chama
atenção para o fenômeno da corrupção sistêmica, que implica na relação de exclusão
e inclusão. Aqueles que precisam de saúde, de educação, ou seja, têm uma
dependência e em contra partida têm garantido pelo Estado o acesso, são abrangidos
pela relação de inclusão. Já a exclusão não significa o isolamento, mas, sim, a falta
de um dos dois lados , em outras palavras, aquele indivíduo tem a dependência porém
não tem acesso aquele direito (exclusão por baixo) , ou ainda, no caso de conseguir
ter acesso, caso deseje, porém não existe uma dependência daquela prestação
estatal (exclusão por cima). Essa relação exclusão/ inclusão gera a figura do
subincluido e o sobreincluido. No campo social isso irá resultar na sobrecidadania e
na subcidadania. O sobrecidadão se apresenta como aquele que possui certas
prerrogativas, certas regalias, porém, ele tem certa a garantia diante dos subcidadãos
e da estrutura estatal, de que não contará com as restrições dos direitos e deveres
estatais. Já o subcidadão não tem acesso às prestações do Estado, mas possui a
garantia de que o sistema funciona rigidamente contra ele.
Desse modo, com uma função político-simbólica mais forte do que a função
normativo-jurídica, resta na implosão da constituição. Com a conseqüência é a
impossibilidade de grande parte dos cidadãos terem acesso às prestações estatais e
de usufruírem da série de direitos previstos na constituição. O Estado é ineficiente na
momento de efetivar as prestações e direitos que ele mesmo se comprometeu por
meio do poder constituinte. Como exemplos podemos citar as políticas públicas
relacionadas ao direito à saúde e ao direito à moradia, dentre muitos outros, como
segurança e educação. Essas dificuldades de efetivação a políticas públicas
relacionadas à saúde, que implicam diretamente no direito a vida do indivíduo,
393
CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS
Summary: The Direct Action of Unconstitutionality No. 4277 had as its objective the
recognition of the same-sex union as a family entity, but had as its background an
issue that until then had not been dealt with by the Supreme Court, the countermajority
decisions. This question ends up making sense, since a closer reading of the case,
and when comparing with previous and subsequent decisions of the STF, it can clearly
be seen that the Court's concern is to privilege the Constitution in its simplest form, the
protection of the rights of minorities in the face of arbitrariness or the neglect of
majorities. This article aims to highlight the issue of the majority decision and its
importance in the specific issue of the rights of homosexuals, highlighting the
importance and extent of a decision of this nature.
Key words: countermajority decisions, gay marriage, judicialization, judicial activism.
Introdução
Anota-se que nesse ponto houve divergências laterais dos Ministros Ricardo
Lewandowski, Gilmar Mendes e Cezar Peluso, os quais manifestaram-se pela
impossibilidade do enquadramento da união homoafetiva nas espécies de família
estabelecidas pela Constituição. Apesar do desacordo, reconheceram a união entre
pessoas do mesmo sexo como uma nova forma de entidade familiar. Sobre o impasse,
o relator observa que a matéria é aberta à conformação legislativa, sem prejuízo do
reconhecimento da imediata auto- aplicabilidade da Constituição.
Observou-se ainda que as uniões estáveis homoafetivas possuiriam não só os
mesmos benefícios das uniões heteroafetivas, mas também os mesmos ônus,
havendo a necessidade de comprovação da convivência continua, duradoura e com
o escopo de constituição de uma entidade familiar; além da publicidade (requisito que
pode ser temperado, vez que é compreensível o segredo de muitos relacionamentos).
Inegável que esta decisão foi um avanço para a sociedade civil. É o estado
reconhecendo uma situação, que até então estava na invisibilidade e marginalidade,
para lhe dar legitimidade.
Importante reconhecer que esta decisão não seria tomado pelo Legislativo, a
questão já é abordada há muitos anos no congresso sem qualquer perspectiva de ser
pautada e votada. Pois, como disse Barroso (Barroso, 2009) “os atores políticos,
muitas vezes, para evitar o desgaste, preferem que o Judiciário decida questões
controvertidas”.
Tramita no STF outras questões importantes que terão que ser decididas com,
ou não, apoio da sociedade. São questões que por ser de cunho “eleitoreiro” não serão
pautadas no Legislativo, como dizem: “casamento gay” não dá voto! Bem como o
aborto, regularização das drogas ilícitas e até mesmo o uso de banheiros – já está em
julgamento no STF ação que pretende autorizar os transexuais a usarem o banheiro
a qual se identificam (masculino ou feminino) - entre outros temas relevantes.
Não há como negar a importância da suprema corte na vida cotidiana das
pessoas, até mesmo porque o STF já chegou aos banheiros dos centros comerciais
e não pode, como o Legislativo, deixar de analisar as questões, mesmo que isso
pareça ser contrária ao poder que emana do povo.
REFERÊNCIAS
Abstract: Suicide is a serious public health problem being debated around the world.
The increase in the use of digital technologies coincided with the growth of suicide
attempts in recent years. Based on this assumption, this work sought to investigate
through the dialectic method, qualitative and quantitative, through data published by
the World Health Organization (WHO) coadjutors in the virtual world that seek to
prevent and sensitize adolescents more exposed to electronic devices, as well as the
stimuli that provoke self-mutilation and suicide through various forms of online
activities, focusing on how the internet has become a central tool in a reality that seeks
freedom of expression and virtual independence, demonstrating the importance of
recognizing the potential of the Internet, but also its limitations in the effectiveness of
cyberdemocracy in relation to suicide in the digital sphere, thus confronting the state's
caution.
Keywords: Democracy; internet; suicide.
INTRODUÇÃO
fonte de trabalho. Porém, o uso excessivo e inadequado da internet entre jovens tem
se tornado um grande problema para o desempenho da sociedade.
Estudos apontam que os jovens da atualidade vivem, de certa forma, isolados,
por passarem maior parte de seu tempo conectados as redes sociais. Se tornando
assim, as redes sociais um dos principais fatores de decréscimo de desempenho.
Há quem diga, que a rede está revolucionando a democracia e sua efetivação,
tornando-se assim, a internet ferramenta central em uma sociedade que busca
liberdade de expressão, pluralidades de informações e independência virtual. Porém,
é imprescindível, quando se fala de adolescentes que apesar de deixá-los explorar a
potencialidade do mundo da informação, se conheça os limites das redes virtuais e
sites que integram a parte obscura da internet.
Segundo Sérgio Amadeu da Silveira, as novas tecnologias estão reinventando
o fazer democrático, com o surgimento de novas e eficazes ferramentas de
participação popular, inclusive na possibilidade da figura do e-cidadão colaborar com
o Poder Público e acompanhar suas ações, com a transparência proporcionada
pela internet (SILVEIRA, 2002).
É necessário então, o investimento na literacia digital desde os primeiros anos,
para efetivação da democracia entre todos, mas nunca deixar de observar os riscos
eminentes, tendo assim, que haver cada vez mais mecanismos para sensibilizar e
alertar estas temáticas, como em especial o suicídio entre jovens, , para que assim, o
acesso ao mundo virtual não gere desvantagens emocionais e acarrete em ideações
suicidas, conforme será abordado nos próximos tópicos.
A palavra suicídio foi criada por Desfontaines em 1937, com origem no latim
“sui (si mesmo) e caederes (ação de matar). O suicídio é uma prática efetiva que
envolve sempre uma grande dose de sofrimento, angústia, tensão e desespero.
É uma ação de buscar a morte como refúgio para um sentimento oprimido que
se torna insuportável viver com ele. Essa dor poderá ser real ou ser uma consequência
de uma crise de natureza efetiva, como por exemplo, uma depressão com sintomas
delirantes ou uma psicose em seu grau mais agudo.
De tão delicado que é o tema, tornou-se pouco debatido. A ONU, por sua vez,
por este motivo oferece capacitação para que jornalistas escrevam sobre o tema sem
remeter o efeito contágio.
E mesmo estando nítido os riscos que os jovens correm estando expostos ao
mundo digital sem preparação, é fundamental a utilização das mídias sociais para a
sociedade civil em que todos se encontram atualmente, conforme será discorrido no
próximo tópico.
deveria estar no Facebook e seguir o passo a passo", explica. "O Facebook tem uma
equipe que fica 24 horas por conta desse tipo de notificação", conta.
Em fevereiro de 2018, o Facebook em parceria com a Unicef lançou uma
parceria para ajudar adolescentes que tiveram vídeos ou fotos íntimas expostas na
internet, ou seja, foram alvos da chamada pornografia de vingança, e que
consequentemente gera ideações suicidas.
A rede social e o braço da ONU para criança e adolescente criaram um robô
que usa o Messenger para conversar sobre o compartilhamento de imagens íntimas
sem consentimento, e deram rosto e nome para o robô: Fabi Grossi. Ela também é
uma adolescente e tem uma história para contar: aos 21 anos, acabou de descobrir
que o ex-namorado, com quem se relacionou por dois anos, vazou um vídeo íntimo
dos dois.
A conversa com a personagem fictícia, conta com toda uma situação em que
muitas adolescentes atualmente se encontram “revenge porn”, ou seja, exposição
erótica e pessoal por vingança. Com áudios, imagens, prints, tornando a experiência
o mais real possível.
E o mais especial dessa comunidade é o fato de colocar os adolescentes na
qualidade de orientadores, trazendo uma reflexão que os faça questionar “E se fosse
comigo?”, “Eu seguiria as minhas próprias orientações?”
Já o twitter no dia 10 de setembro de 2018, no Dia Mundial de Prevenção ao
Suicídio, anunciou uma nova parceria com Centro de Valorização da Vida (CVV), com
o intuito de ajudar e propiciar informações a pessoas que demonstrem estar
propensas ao suicídio.
O serviço que o twitter e a CVV proporcionou #ExisteAjuda busca por termos
relacionados ao suicídio ou automutilação, e desta forma, envia ao usuário com essas
características informações sobre como contatar o CVV e ajuda.
"Você pode obter ajuda. Se você ou alguém que você conhece está passando
por um momento difícil ou em crise, vocês não estão sozinhos. Nosso parceiro CVV
pode ajudar. Ligue gratuitamente 188 de qualquer lugar do Brasil", diz a mensagem,
que tem um botão para contatar diretamente o serviço.
No instagram, os usuários que visualizarem posts de amigos que pareçam estar
passando por dificuldades e com ideações suicidas, poderão enviar u aviso anônimo
para a rede social, de forma, que a pessoa, será aconselhada, além disso, algumas
hashtags suspeitas também poderão ativar avisos automáticos da rede.
Qualquer usuário poderá usar a opção denúncia e enviar o relato para
companhia. Assim, o instagram será acionado, e uma mensagem será enviada ao
usuário “alguém viu o post e pensa que você pode estar passando por momentos
difíceis. Se precisar de suporte, podemos ajudar”.
É visível, a preocupação dos meios digitais crescendo a cada ano em relação
a esse tema, no entanto, ainda há grande resistência em abordar esse assunto dentro
dos parâmetros da democracia digital, de maneira, que seja possível uma interação
social por todos os lados, como será estendido no próximo e último tópico.
Falar sobre suicídio, é falar sobre democracia, é falar sobre vidas, é querer
cidadãos informados, com responsabilidade e respeito, é estar efetivando a
democracia. Para Durkheim, o Estado não era o resumo do pensamento popular, mas
um pensamento mediato e separado do coletivo, ou seja, não é porque alguns órgãos
acreditam que falar sobre suicídio causará efeito inverso, que não podemos pensar e
agir de forma diversa. Mas, é necessário a quebra desse tabu.
Durkheim, seguindo nessa mesma linha de pensamento, defendia a criação de
subgrupos, responsáveis por atuar como intermediários dos “demos”, povo. Ou seja,
desta forma o povo está efetivando a democracia exercida entre os cidadãos e
subgrupos e entre grupos e estado.
Trazendo a ideia de Durkheim para Era digital, entende-se, que mesmo que o
estado pense de forma diversa, o cidadãos possuem o dever e direito de abordar
pensamentos e temas que convém a integridade física e moral de cada um, e que é
importante para o avanço democrático e social. Demonstrando que o pensamento
coletivo é importante, e que através do espaço digital que hoje é atribuído a cada
cidadão se pode opinar sobre tudo, e que isso é a mais completa e correta forma de
participar e efetivar a democracia digital, a ciberdemocracia.
Acoplando ainda mais o ponto de vista que este trabalho buscou investigar e
esclarecer, Durkheim também expõe que o suicídio é um fato social e está ligado as
motivações individuais e influencias de natureza coletiva que cercam o indivíduo, ou
seja, as taxas de suicídio devem ser explicadas de acordo com as características da
sociedade em que os indivíduos se encontram.
Ficando assim, explicito a necessidade e urgência da inclusão de debates
sobre suicídio na era digital. Abordando, tudo sobre esse tema, como os geradores
de ideações suicidas, a influência das redes, a influência da sociedade atual, a
obscuridade do meio digital, os cuidados que devem ser tomados, e a forma de
identificar uma pessoa com característica suicida e entre muitos outros.
Explorando não apenas os aspectos biológicos e psicológicos como faz a
sociedade atual, mas também a sociedade e o mundo digital em que os indivíduos se
encontram, dentro de um extenso mundo virtual.
REFERÊNCIAS
Resumo: O presente estudo está voltado para a análise da efetivação dos direitos
fundamentais por meio de decisões judiciais e a eventual manipulação de recursos
públicos de maneira direta. O ativismo judicial aos poucos toma proporções, no
instante em que acende a discussão acerca da separação dos poderes e da
ingerência de um poder sobre o outro, provocando questionamentos acerca de sua
legitimidade. Utilizou-se o método dedutivo, com pesquisa bibliográfica,
principalmente em artigos científicos nacionais, como forma de embasar a pesquisa e
expor os diversos questionamentos acerca do assunto. A pesquisa, portanto, pretende
analisar a discussão do alcance dessas decisões e de que modo podem interferir nos
orçamentos públicos, causando desequilíbrio nas contas públicas.
Palavras-chave: Decisões judiciais. Ativismo Judicial. Direitos Humanos.
INTRODUÇÃO
As decisões judiciais de um modo geral, nos últimos anos, têm sido num sentido
claramente ativista. E aqui não se fala apenas de questões relativas referentes a uma
esfera de direitos fundamentais, mas aos diversos segmentos em que a efetividade
desses direitos fundamentais se encontra ameaçada.
Portanto, o ativismo judicial é uma decorrência da má gestão dos recursos
públicos, que não garantem o mínimo existencial à população e acabam
transformando questões políticas em questões de direito. Essas tais questões acabam
por receber do Judiciário medidas drásticas que se revertem de extrema violação
massiva de direitos fundamentais, ou seja, um quadro endêmico, perene, grave e de
412
abandono total por parte do Estado, que mesmo sendo chamado a dialogar (ativismo
judicial dialógico), não consegue alcançar sequer mínima efetividade.
É importante ressaltar que as questões levadas ao conhecimento do Judiciário,
como bem se sabe, só podem ser decididas no limite do que se pede. A expressão
ativismo judicial é uma cunhagem que, à primeira vista pode parecer que o Judiciário
se lança à corrida antes mesmo dos competidores, mas na verdade, reflete o contrário,
o Judiciário é apenas o convidado, chamado a se manifestar.
As autoras argumentam ainda que “[…] a questão orçamentária deve ser vista
com ressalvas. Se é certo que o Poder Judiciário, […] por outro lado, não poderá, por
determinação constitucional, se calar diante da omissão ou ineficiência dos demais
poderes.”
O que se vê, na verdade, é que o poder público deixa de cumprir uma série de
exigências constitucionais que acabam por afastar a possibilidade de alegar a
incidência do princípio da reserva do possível, pois essa, embora absurda, é
constantemente invocada para afastar a “responsabilidade” diante de violações
massivas de direitos fundamentais em matéria de saúde. Na verdade, não se cumpre
413
CONCLUSÃO
Estado Democrático de Direito significa, de toda sorte, que cada cidadão tem
direito a ter direitos, e esses, por sua vez, são direitos iguais. A relação entre o
exercício desse direito e o Estado, como principal responsável por suprir essa
necessidade, ainda se encontra permeado de diversos problemas e as soluções estão
longe de ser alinhadas aos interesses das partes. Essa inquietação foi constatada ao
longo da pesquisa, em que se observou que as violações massivas de direitos
fundamentais estão longe de ser contidas por total descaso do Estado.
Esses reflexos são fruto das mesmas manifestações feitas pelo poder público
na resposta às demandas judiciais: que o Estado não tem capacidade orçamentária
para dar efetividade à cobertura integral e irrestrita no campo da saúde pública. As
políticas públicas não podem ser seletivas. As leis orçamentárias devem contemplar
toda a população, sem seletividade, e a alegação do princípio da reserva do possível
quando não atingida como mínima existencial, acaba por ser mais que seletiva,
segregatória.
Difícil imaginar como ficaria a situação da população se esta não pudesse bater
à porta do Judiciário, estando à mercê dos gestores públicos. A ingerência do
Judiciário na esfera de atuação dos demais poderes, além de legitimada por meio do
dever de fiscalização entre eles, há inafastabilidade da prestação jurisdicional.
Portanto, quando o Judiciário chama ao diálogo os demais poderes, seja
homologando termos de ajustamento de condutas, seja julgando ações levadas a seu
conhecimento, está além de cumprir seu papel constitucional originário.
REFERÊNCIAS
Abstract: The following essay has the goal of demonstrating how fake News represent
a kind of violation of the democratic process as it mitigates the enlightened
understanding, as proposed by Robert Dahl as one of the aspects of said process. For
this purpose, foremost, the concept and motivation on the fake news must be analyzed,
as so as its occurrence in the global political outlook. Likewise, the enlightened
understanding must be analyzed from the perspective presented by Dahl, together with
the observation of informational processes and its defects, those being exposed by
Giovani Sartori. Therefore, the present research is important inasmuch as it attempts
to link the recent phenomenon of fake news with the democratic process and the
political context, highlighting fake news negative consequences to democratic
societies through the mitigation on enlightened understanding.
Keywords: Fake News. Democracy. Enlightened understanding.
1 INTRODUÇÃO
que leem, sem de fato de preocuparem com as fontes das informações ou notícias
veiculadas.
As eleições gerais de 2018 no Brasil são exemplo recentíssimo disso. Pessoas
e grupos políticos tentam sobremaneira desqualificar outros candidatos a partir da
propagação de informações sem quaisquer fontes verídicas e concretas, o que, além
de criar um cenário tenso da perspectiva política, viola determinações constitucionais
e fere preceitos da própria democracia. E é à vista disso que se faz necessária a
compreensão das consequências acarretadas pelas fake news no bojo do processo
democrático.
2 FUNDAMENTAÇÃO
3 CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS
Resumo: O presente trabalho visa empreender a importância dos estudos das teorias
de Amartya Sen, no tocante à equidade e justiça, muito embora o referido autor seja
oriundo da Economia, mas, é muito reconhecido, também, por grandes escolas
mundiais jurídicas, pela sua forte percepção sobre a questão da igualdade, equidade
e justiça, e que merecem uma análise sobre possibilidade dialógica de seus estudos
com a concretização dos Direitos Fundamentais no Brasil. A pesquisa é bibliográfica,
com uma abordagem metodológica qualitativa, de cunho dedutivo, a partir de alguns
de seus pensamentos principais envolvendo a temática anunciada, à luz de uma
argumentação racional. Os Direitos Fundamentais, assim como os pensamentos de
Amartya Sen, ganharam grande relevo no pensamento ocidental contemporâneo, o
que torna este estudo relevante e atual. Enfim, de natureza crítica, este trabalho busca
extrair um resultado analítico para reflexões sobre possível interação entre o modelo
de constitucionalismo, sobretudo, quando se trata dos Direitos Fundamentais sob
uma possível perspectiva “seniana”, de aplicação crítica, justa e equitativa.
Palavras-chave: equidade, justiça, direitos fundamentais.
Abstract: This paper aims to study the importance of the studies of Amartya Sen's
theories regarding equity and justice, even though the author originates from
Economics, but is also well known by major world legal schools for their strong
perception on the issue of equality, equity and justice, and that deserve an analysis on
the dialogical possibility of their studies with the realization of Fundamental Rights in
Brazil. The research is bibliographical, with a qualitative methodological approach, of
deductive nature, based on some of its main thoughts involving the announced theme,
in the light of a rational argumentation. Fundamental Rights, as well as the thoughts of
Amartya Sen, have gained prominence in contemporary Western thought, which
makes this study relevant and current. Finally, critically, this work seeks to extract an
analytical result for reflections on possible interaction between the model of
constitutionalism, especially when it comes to Fundamental Rights under a possible
"SEN" perspective, of critical, just and equitable application.
Keywords: equity, justice, fundamental rights.
INTRODUÇÃO
1
Peter Härbele (2002, p. 14) admite que a constituição não seja interpretada, exclusivamente, por juristas, mas, sim, que o
processo hermenêutico seja feita por qualquer membro da sociedade, por isso, ele defende a idéia de uma interpretação aberta,
assim: “Todo aquele que vive no contexto regulado por uma norma e que vive com este contexto é, indireta ou, até mesmo
diretamente, um intérprete dessa norma. O destinatário da norma é participante ativo, muito mais ativo do que se pode supor
tradicionalmente, do processo hermenêutico. Como não são apenas os intérpretes jurídicos da Constituição que vivem a norma,
não detêm eles o monopólio da interpretação da Constituição”.
2
“No processo da dinamogenesis, a comunidade social inicialmente reconhece como valioso o valor que fundamenta os direitos
humanos. Reconhecido como valioso, este valor impulsiona o reconhecimento jurídico, conferindo orientação e conteúdos novos
(liberdade, igualdade, solidariedade etc.) que expandirão o conceito de dignidade da pessoa. Essa dignidade, por sua vez, junto
ao conteúdo dos direitos humanos concretos, é protegida mediante o complexo normativo e institucional representado pelo
direito.” (SILVEIRA, ROCASOLANO, 2010, p. 199)
3
Cfe. Leciona Virgilio Afonso da Silva, sobre a efetividade e eficácia, esclarece que: “Segundo Tércio Sampaio Ferraz Jr., eficaz
é a norma (a) que tem condições fáticas de atuar, por ser adequada em relação à realidade, e (b) que tem condições técnicas
de atuar, por estarem presentes os elementos normativos para adequá-la à produção de efeitos concretos. A primeira das
acepções de Ferraz Jr. dá à eficácia corresponde àquilo, no âmbito do debate constitucional sobre o tema, se convencionou
chamar de efetividade. O próprio José Afonso da Silva parece definir o conceito nesse sentido, a comentar o objeto de outra
monografia, de autoria de Luís Roberto Barroso. Segundo José Afonso da Silva, a análise da real efetivação da norma não é
421
uma questão de eficácia jurídica, mas de efetividade. (....). E é o próprio Barroso que define a ideia de efetividade, nos seguintes
termos: “Efetividade significa (...) a realização do Direito, o desempenho concreto de sua função social.”.
422
4
Direitos fundamentais ou direitos humanos são sinônimos pacificados pela doutrina, pois, sopesa muito mais “a importância da
análise dos pensamentos formatados ao longo dos tempos sobre os direitos fundamentais ou direitos humanos. Convém
rememorar, sobre o alerta dessas terminologias jurídicas que, pacificamente pela doutrina (CAMPELLO e SILVEIRA, 2011, p.
92), não mais sobrevive qualquer distinção conceitual diante do constitucionalismo contemporâneo. Conforme bem explicada,
doutrinariamente, visando afastar eventuais discussões sobre as terminologias jurídicas mais apropriadas, entre Direitos
Humanos e Direitos Fundamentais: “não há dúvida de que a natureza da dignidade como fundamento dos direitos humanos –
ou dos direitos fundamentais, do ponto de vista das constituições contemporâneas – faz com que ela irradie seus efeitos por todo
o ordenamento jurídico, interno e/ou internacional, implicando o reconhecimento e a proteção dos direitos em todas as suas
dimensões” (CAMPELLO e SILVEIRA, 2011, p.92).
423
5
“...o sentido útil e viável de que o julgador deverá decidir na concreta realização do direito em autônoma constituição
normativa, como se fora legislador, invocando o princípio da generalização ou da universalização kantiano, hoje tão largamente
invocado como critério de validade para a razão prática” (NEVES, 1993, p. 286).
424
6
“O intérprete deve, porém, sempre buscar uma racionalização desta intuição, mediante uma análise das considerações práticas
dos efeitos presumíveis das soluções encontradas, o que exige juízos empíricos e de valor, os quais aparecem fundidos na
expressão juízo por equidade.” (FERRAZ JR., 1996, p. 304)
7
A construção da democracia, por meio do exercício da liberdade, vem desde a Antiguidade Clássica, “... no extenso arsenal de
receitas e combinações de elementos políticos que o mundo conheceu, emerge a democracia como o modelo que mais se
aproxima da perspectiva de resguardo da liberdade.” (CAGGIANO, 2011, p. 7).
425
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Diante dos estudos empreendidos, sobre a ideia de justiça e/ou equidade, por
meio do exercício das capacidades com liberdade, sem a pretensão de aqui esgotar
o tema, todavia, convém concluir, que buscou-se analisar uma das linhas mais
consentâneas à luz da equidade e justiça, com os seguintes pontos observados:
- a ideia de justiça se traduz num campo abertos e fértil para desenvolver
racionalidades que possam ser aplicadas em situações concretas de aflições, litígios
ou conflitos humanos ou sociais, com critérios de liberdade, igualdade, solidariedade,
amor, felicidade, paz, segurança jurídica, democracia e os sonhos de cada individuo
e da respectiva sociedade em que vive;
- os direitos fundamentais devem ser concretizados ou efetivados,
imediatamente, salvo quando existem casos de conflitos de dois ou mais direitos
fundamentais, inclusive, admitindo-se a teoria da restrição fundamentada para um ou
mais, em detrimento de outros de maior valoração. Na ausência de normas próprias,
a equidade é um recurso, técnica ou conhecimento que pode e deve ser utilizado, de
forma dialógica, para eficiência da jurisdição constitucional, consagrada
democraticamente;
- portanto, quanto à equidade e justiça, conceitualmente clássicas nas suas
origens, não foram extintas e servem para revigorar um espirito interpretativo crítico e
inovador8 e, sempre, de acordo com a necessidade da sociedade atual e das futuras
gerações, não em busca de uma justiça perfeita, mas, visando evitar os males
decorrentes das injustiças sociais, suas barreiras de concretude dos direitos
fundamentais, mas, para alcançarem um patamar de ética e de virtudes, igualmente
clássicas, onde a liberdade de escolha da vida que se busca, consentânea com a
realidade, como pregada por Amartya Sen, seja sempre um tesouro inestimável e
primado equidade e justiça.
REFERÊNCIAS
8
“Por serem os desenvolvimentos aqui analisados relativamente recentes, não podemos retirar conclusões confiantes em como
o uso de fontes populares e audiências públicas ou outros mecanismos similares funcionariam se adotados em larga escala.
Inovações de sucesso na tecnologia constitucional são raras, e estes caminhos podem levar a becos sem saída. No entanto,
ambos são claramente parte de uma tradição constitucionalista que faz do consentimento público uma importante parte do
fundamento constitucional. Os examinar não só nos dá alguma perspectiva sobre os processos de criação do direito
constitucional, em um aspecto geral, como também sugere a possibilidade de inovações institucionais para aprofundar o
fundamento normativo da constituição” (TUSHNET, 2015, p. 1205).
426
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TUSHNET, Mark. Novos mecanismos institucionais para a criação do Direito
Constitucional. Revista Quaestio Juris. Rio de Janeiro: UFRG, 2015, vol.08, nº. 02.
427
Abstract: This research seeks to develop a study on civil liability in case of digital
abandonment of the absolutely incapacitated, especially those under 12 years old,
considered children by our legal order. Digital evolution brought into the houses a
"virtual street", and that many parents still ignore the dangers of this street. The lack of
vigilance of parents / guardians exposes the moral, intellectual and psychological
integrity of minors. It will demonstrate the main risks and harms the digital world brings
children, when the parent or guardian does not oversee, based on national and
international research on child development. In addition to understanding the civil
liability and the characterization of digital abandonment, as well as when this
abandonment occurs, what traumas this abandonment can generate, and what its legal
consequences. For this, the hypothetical-deductive method will be used, with
contribution in the specialized doctrine, current legislation and jurisprudence.
Keywords: Digital Abandonment, Civil Liability, Parental Supervision,
INTRODUÇÃO
DESENVOLVIMENTO
deveres dos cidadãos brasileiros frente a esta nova era digital, visto que anteriormente
a internet era utilizada de forma livre, sendo as violações de direitos ocorridas
amparadas com “deficiência” pelo condigo civil, código de defesa do consumidor e leis
esparsas.1
Nos dispositivos da lei constam garantias tais como: especificidade na defesa
do direito consumidor digital; regulamentação do comércio virtual preservando a livre
iniciativa e a livre concorrência; além de regular os serviços prestados pelos
provedores de Internet tornando estes responsáveis quanto a segurança e a
funcionalidade dos serviços.2
A ampliação da internet possibilitou aos cidadãos uma nova forma de se
organizar, visto que, as redes sociais possibilitam que um maior número de pessoas
consiga se reunir em prol de um ideal, expressando suas diversas opiniões sobre a
política brasileira e a busca por direitos. Além disso, a criação da lei do marco civil da
internet contou com a colaboração da sociedade por meio de debates na internet, o
que promoveu a ideia de uma democracia de forma mais efetiva.3
Evidente que dada a expansão desta evolução digital, surgem novas
problemáticas na sociedade, e o Direito em conjunto deve evoluir, portanto, o objetivo
desta pesquisa consiste em trazer uma perspectiva com relação ao abandono do
incapaz, no âmbito digital, em especial as crianças, vislumbrando a hipótese de
reparação de danos, como de fato ocorre no caso do abandono afetivo.
A quinta edição da pesquisa TIC Kids Online Brasil do Comitê Gestor da
Internet no Brasil (CGI.br), realizada pelo Centro Regional de Estudos para o
Desenvolvimento da Sociedade da Informação (Cetic.br), do Núcleo de Informação e
Coordenação do Ponto BR (NIC.br), aponta aos seguintes dados,
1
GALO, Carlos Henrique.Lei nº 12.965/11: o Marco Civil da Internet – análise crítica. Disponível em
https://henriquegalo.jusbrasil.com.br/artigos/118296790/lei-n-12965-11-o-marco-civil-da-internet-analise-criticaAcesso em 08 de
out/18
2
GALO, Op., cit. Acesso em 08 de out/18
3
BEZERRA, Eudes Vitor. Redes Sociais na participação democrática: desafios contemporâneos na efetivação dos direitos
do e-cidadão. Disponível em <https://tede2.pucsp. br/bitstream/handle/19403/2/Eudes%20Vitor%20Bezerra.pdf>Acesso em 08
de out/18. p-125/126
4
COMITÊ GESTOR DA INTERNET NO BRASIL. Disponível em<https://www.cgi.br /noticia/releases/cresce-o-percentual-de-
criancas-e-adolescentes-que-procuraram-informacoes-sobre-marcas-ou-produtos-na-internet/>Atualizado em: 01/12/2017.
Acesso em 25 de out/18.
430
5
COSTA, Antônio Carlos Gomes da. CONSELHO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE. Conselho Estadual dos Direitos da
Criança e do Adolescente de Alagoas. Disponível em <http://www.conselhodacrianca.al.gov.br/sala-de-
imprensa/noticias/2013/marco/o-que-e-o-eca>, acesso em 12 de out/18.
6
DIAS, Maria Berenice. Direito de Família e o Novo Código Civil. 3 ed. Revista Atualizada e Ampliada. Belo Horizonte. IBDFAM,
2003. p-14
7
LOBO, Paulo Luiz Netto. Entidades Familiares Constitucionalizadas. Disponível em: <
www.egov.ufsc.br/portal/sites/default/files/anexos/9408-9407-1-PB.pdf> Acesso em: 16 de out/18.
8
ALVES, Cleber Francisco. O princípio constitucional da dignidade da pessoa humana: o enfoque da doutrina social da
igreja. Rio de Janeiro - São Paulo: Renovar, 2001, p-132
9
KANT, I. Fundamentação da Metafísica dos Costumes. Tradução Paulo Quintela. Textos Filosóficos. Ed. 70. Lisboa, 1997.
(KANT, 2000, p-77)
431
carências que podem durar toda a vida. Sabemos que as crianças que não recebem
afeto se tornam adultos com menor desenvolvimento cerebral”.10
O Princípio da Afetividade não consiste em mero sentimento, e sim no dever
de cuidar, ou seja, os pais/tutores não são obrigados a amar, mas estão submetidos
ao dever de vigilância, cuidado, zelo e direcionamento do caráter dos menores de
forma a propiciar condições para que estes se desenvolvam damelhor forma possível
e com segurança.11
O Princípio da Paternidade Responsável abrange os demais princípios
supracitados de forma que seja este um conjunto de deveres impostos aos pais em
busca da missão de ajudar o menor alcançar a plenitude de seus direitos previsto na
legislação. Está previsto na Constituição Federal em seu artigo 226, parágrafo 7º:
Segundo Valéria Silva Galdino Cardin, doutora em direito pela PUC-SP, “Pode-
se conceituar a paternidade responsável como a obrigação que os pais têm de prover
a assistência moral, afetiva, intelectual e material aos filhos”.12
O Princípio do Melhor Interesse da Criança e do Adolescente, apesar de não
estar expressamente no Estatuto da Criança e do Adolescente, é possível verificar
que toda a estrutura do Estatuto visa proteger o menor e garantir-lhe o seu
desenvolvimento, ou seja, visa garantir-lhe o seu melhor interesse. Assim, verifica-se
no artigo 28, ao qual compreende a importância de ouvir o menor, sempre respeitados
o seu grau de desenvolvimento e compreensão, e no artigo 6º quando para
interpretação da lei levar-se- a em consideração as condições peculiares do menor
em desenvolvimento.13
O Princípio do Poder Familiar que consiste nas relações jurídicas entre pais e
filhos, de forma que sendo os pais responsáveis cíveis pelos atos dos menores, estes
por sua vez devem respeitar algumas limitações que a lei prevê a interferência direta
dos pais, para que haja um equilíbrio nesta relação.14
As obrigações que derivam do Poder Familiar, estão elencada no artigo 1.645
do Código Civil, desta forma, o intuito deste “poder” na verdade consiste em proteger
o menor dada sua imaturidade para discernir os riscos e incapacidade para praticar
os atos da vida civil, mas apesar da obediência devida aos pais, pelas limitações, a
que se levar sempre em consideração todos os direitos que lhes são garantidos, de
forma que estes sempre estarão acima do poder família, conforme previsto as formas
de extinção do artigo 1635 e 1638 do código civil.
Após esta compreensãoacerca dos princípios reguladores dos direitos de
proteção do menor, adentremos a responsabilidade civil dos genitores/tutores.
No entendimentodo doutrinador Carlos Roberto Gonçalves aos pais/tutores
caberá o dever de vigiar para que este menor cresça sem prejudicar outrem, e ainda,
cresça devidamente amparado cabendo-lhes o dever de educar, sustentar, e
contribuir para que este cresça um cidadão de bem evitando-se por consequência que
o próprio menor se prejudique em razão de sua vulnerabilidade pela idade imatura. 15
Segundo Maria Helena Diniz, a responsabilidade Civil consiste na "aplicação
de medidas que obriguem uma pessoa a reparar o dano moral ou patrimonial causado
10
AFETO É IMPORTANTE PARA O DESENVOLVIMENTO CEREBRAL DE CRIANÇAS, DIZ ESPECIALISTA, disponível em
<http://agenciabrasil.ebc.com.br/internacional/noticia/2016-10/afeto-e-importante-para-o-desenvolvimento-cerebral-de-criancas-
diz> acesso em 12 de out/18
11
LOBO, Paulo Luiz Netto. Direito Civil – Famílias. 4 ed. São Paulo: Saraiva, 2011.p- 72
12
CARDIN ,Valéria Silva Galdino. Do Planejamento Familiar, da Paternidade Responsável e das Políticas Públicas. .
Disponível em <http://www.ibdfam.org.br/_img/congressos/anais/223.pdf.> acesso 13 de out/18. p-06
13
PUC - TESES ABERTAS. Disponível em <http://www2.dbd.puc-rio.br/pergamum/tesesabertas/0510661_07_ cap_02.pdf>
acesso em 10 de out/18
14
TAMASSIA, Maria Júlia Pimentel. O PODER FAMILIAR NA LEGISLAÇÃO BRASILEIRA. Disponível em
<http://www.eduvaleavare.com.br/wp-content/uploads/2014/07/poder_familiar.pdf> acesso em 13 de out/18
15
GONÇALVES, Carlos Roberto. Responsabilidade Civil. 8ª Ed. São Paulo: Saraiva, 2003.
432
a terceiros, em razão de ato por ela mesma praticado, por pessoa por quem ela
respondepor alguma coisa a ela pertencente ou de simples imposição legal"16
O instituto visa por meio de uma indenização em pecúnia como forma de
reparação do dano àquele que tenha seu direito lesado.
O código civil em seu artigo 932, incisos I e II, dispõe que os pais e tutores tem
o dever de vigilância sobre os menores que se acharem em sua autoridade ou
companhia, desta forma a responsabilidade civil com relação a indenização a terceiros
será objetiva, obedecendo ao artigo 927 do código civil, sem necessária comprovação
da culpa.
Segundo Patrícia Pinheiro, “Criança conectada à internet sem a supervisão de
um adulto é um menor abandonado digital”.17
O artigo 29 do Marco Civil da Internet (Lei 12.965/2014), determina que é de
responsabilidade dos pais o controle aos conteúdos acessados pelo menor.
Frente aos danos que uma criança pode sofrer quando se achar abandonada
digitalmente, entendemos que a responsabilidade civil dos pais incorrera sob a forma
subjetiva, devido a necessidade de comprovação de culpa para demonstração de
danos e prejuízos causados ao menor, conforme os artigos 186 e 927 do código civil,
trazendo a hipótese de indenização de cunho moral. Este entendimento advém da
mesma linha de raciocínio do abandono afetivo já conhecido do nosso ordenamento
jurídico.
Ainda segundo a autora, “A tecnologia não tem lado bom ou ruim, pois depende
muito de como é utilizada, mas a negligencia, sim, essa sempre gera danos, às vezes
irreversíveis. ”.18
Antigamente um pai acreditava que seu filho estaria guardado dos perigos se
estivesse dentro de casa, no entanto, hoje o perigo mora dentro das próprias casas,
quando os pais negligenciam os perigos da exposição ao mundo digital, os menores
ficam a deriva da própria sorte.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
16
DINIZ, Maria Helena. Curso de direito civil brasileiro - Responsabilidade Civil. São Paulo: Saraiva, 2009. v. 7
17
PINHEIRO, Patrícia Peck. Direito Digital Aplicado 3.0. São Paulo. Revista dos Tribunais, Ed 2018. p-238
18
PINHEIRO, Op Cit. p-239
433
Grupo de trabalho:
DIREITO DO TRABALHO E
PROCESSO DO TRABALHO
Trabalhos publicados:
Resumo: Sob nova redação atribuída pela reforma trabalhista, o artigo 790-B da CLT
encontra-se em conflito com o artigo 5º, inciso LXXIV, da Constituição Federal, em
flagrante inconstitucionalidade material, ao dispor que a parte sucumbente em perícia
trabalhista será condenada ao pagamento dos honorários periciais, ainda que
beneficiária da justiça gratuita. Tal situação de longe representa restrição do acesso
ao Poder Judiciário, comprometendo a concretização dos direitos fundamentais
existentes em nossa Constituição, resumindo em um triste retrocesso ao acesso à
justiça trabalhista. A violação à Constituição Federal, princípios constitucionais e
princípios norteadores do direito do trabalho acarreta, indubitavelmente, violação a
dignidade humana e a isonomia, uma vez que é impossível instituir igualdade das
partes, empregado e empregador, no âmbito das relações de trabalho. O presente
trabalho foi realizado sob o método dialético dedutivo, não empírico, com pesquisa
bibliográfica.
Palavras-chave: Direito do Trabalho. Inconstitucionalidade. Reforma Trabalhista.
Abstract: Under new wording attributed to the labor law reform, the article 790-B of
the CLT (Consolidation of Labor Laws) is in conflict with article 5, paragraph LXXIV, of
the Constitution of Brazil, in flagrant material unconstitutionality, providing that the loser
at the labor expertise shall be ordered to pay of expert fees, even though she is a
beneficiary of free legal aid. This situation represents a restriction of access to the
Judiciary, compromising the realization of the fundamental rights existing in our
Constitution, summarizing a sad setback to access to labor justice. Violation of the
Federal Constitution, constitutional principles and guiding principles of labor law
undoubtedly entails violation of human dignity and isonomy, since it is impossible to
establish equality of the parties, employee and employer, in the context of labor
relations. This artile was conducted under the deductive dialectical method, not
empirical, with literature search.
Keywords: Labor law. Unconstitutionality. Labor law reformn.
INTRODUÇÃO
Justiça gratuita vai muito além do que simplesmente permitir que aquela mais
parte vulnerável financeiramente possa bater as portas do Poder Judiciário de forma
gratuita. “Há grande significado quando um princípio como êste de ajudar o litigante
pobre chega a ser reconhecido pela lei. Significa que um setor importante do povo –
os seus representantes legislativos – acha o princípio relevante a ponto de assegurar
a sua implementação prática (MESSITE, p. 127).
A “reforma trabalhista”, introduzida pela Lei 13.467/2017 alterou o artigo 790-B
da CLT e introduziu a responsabilidade pelo pagamento dos honorários periciais para
a parte que for sucumbente na perícia pretendida em juízo, mesmo que lhe seja
concedida os benefícios da justiça gratuita.
Conceder os benefícios da justiça gratuita ao litigante e ao mesmo tempo
responsabilizá-lo pelo pagamento dos honorários periciais demonstra completa
incompatibilidade entre as normas do direito pátrio.
A nova redação do artigo 790-B da CLT é de grande e incontestável colisão
com o artigo 5º, inciso LXXIV, da Carta Magna, ao impor aos beneficiários de justiça
gratuita, o pagamento de honorários periciais, sem que esteja afastada a condição de
pobreza do litigante, condição esta que justifica a concessão do benefício da justiça
gratuita.
Para fins processuais trabalhista, a noção de insuficiência de recursos, como
ratio da norma de direito fundamental, encontra-se tradicionalmente conformada pelo
art. 14, § 1º, da Lei 5.584/1970, o qual trata da assistência judiciária gratuita.
Nos termos do dispositivo legal supra mencionado, a assistência judiciária
gratuita é devida ao trabalhador litigante cuja “situação econômica não lhe permite
demandar, sem prejuízo do sustento próprio ou da família”, ainda que perceba salário
superior ao patamar indicado, de dois salários mínimos.
O ato de concessão de justiça gratuita implica o reconhecimento de que o
trabalhador litigante que é beneficiário, não dispõe de recursos para pagar custas e
despesas processuais sem prejuízo de seu sustento e de sua família, na linha do art.
14, § 1º, da Lei 5.584/1970.
438
1
Relatório da comissão especial destinada a proferir parecer ao PL 6.787/2016, da Câmara dos Deputados, p. 68-69.
Disponível em: < https://bit.ly/2AfK0U1> Acesso em: 18 out. 2018.
439
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
Abstract: Brazilian labor law has undergone recent transformations, which have
significantly affected workers' fundamental rights, even reducing their dignity. The
objective of this research is to investigate which transformations had as consequence
the reduction of the labor rights, in front of the federal constitution of 1,988. The
methodology used in this research was the deductive method; as to the means the
research was bibliographical, with consultation to the legislation, doctrine and
jurisprudence; for purposes, qualitative. It is concluded that the Brazilian legislature is
breaking the federal constitution and yielding to political pressures, too much
flexibilization and to the detriment of labor rights conquered with much effort, for many
years.
Key words: labor law; Constitution; social differences.
INTRODUÇÃO
O direito trabalhista brasileiro, nos últimos anos, vem passando por uma série
de transformações. A Constituição Federal de 1988, a chamada “Constituição
Cidadã”, tem como objetivos fundamentais da República (art. 3º): construir uma
sociedade livre, justa e igualitária (inciso I); garantir o desenvolvimento nacional (inciso
II); erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e
regionais (inciso III); e promover o bem de todos (inciso IV).
Para tanto, são necessários mecanismos que assegurem condições mínimas
para que o trabalhador possa exercer suas atividades laborais com segurança e
qualidade. Entretanto, com tantas mudanças no ordenamento jurídico pátrio, vê-se a
mitigação de garantias no meio ambiente do trabalho.
O objetivo da pesquisa será o de averiguar quais transformações, e suas
consequências jurídicas no âmbito do direito constitucional e trabalhista, visto que um
está indubitavelmente associado ao outro. A problemática será investigada em torno
da diminuição dos direitos trabalhistas, frente a Constituição Federal, dentro de um
Estado Democrático de Direito; ou seja: de que forma garantir aos trabalhadores
442
3 A TERCEIRIZAÇÃO
Entendeu-se que era preciso limites a esse processo, que veio com a edição
da Súmula 331 do TST- Tribunal superior do Trabalho - que permitiu algumas
hipóteses, quais sejam: trabalho temporário, (inciso I) e serviços de vigilância e
limpeza, bem como os serviços ligados a atividade-meio do tomador (inciso III). Com
relação à Administração Pública, a contratação irregular não gera vínculo
empregatício (inciso II), devido à necessidade de prévia aprovação em concurso
público para tal (art. 37, II, CRFB/88).
Apesar de a Constituição estabelecer que não poderia haver distinção entre
trabalho manual, técnico e intelectual entre os profissionais (art. 7º, XXXII, CRFB/88),
isso poderia acontecer entre empregado e terceirizado, visto que eles não trabalham
para o mesmo empregador e os seus sindicatos são diferentes, e portanto eles
poderiam estar sujeitos a convenções e acordos coletivos diferentes, além da
diferença de tratamento, como salários e benefícios distintos.
Apesar disso, só era possível ocorrer a terceirização nas atividades não
essenciais da empresa, as chamadas “atividades-meio”. Às atividades finalísticas da
empresa não se permitia o serviço terceirizado, pois eram protegidas pela CLT e
todas as garantias trabalhistas inerentes ao contrato de trabalho.
Entretanto, o STF - Supremo Tribunal Federal, em agosto de 2018, decidiu que
é plenamente lícita a terceirização de todas as etapas do processo produtivo de uma
empresa, ao julgar a Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF)
324 e o Recurso Extraordinário (RE) 958252, sob a tese de que “é lícita a terceirização
de toda e qualquer atividade, meio ou fim, não se configurando relação de emprego
entre a contratante e o empregado da contratada”, abriu-se o precedente para juízes
e tribunais seguirem.
De acordo com as notícias do site oficial do STF, a Associação Brasileira do
Agronegócio (Abag) questionou, na ADPF 324, a constitucionalidade da interpretação
adotada sobre essa proibição, e afirma que as decisões que restringem a terceirização
com base na Súmula 331 do TST afetam a liberdade de contratação e restringe alguns
preceitos como a legalidade, a livre iniciativa e a valorização do trabalho.
A Procuradoria Geral da República, por outro lado, entendeu de modo diverso
o caso, e assim o descreveu (ADPF 324, Manifestação da PGR, p. 2):
E ainda complementa que, decidir ser lícita essa ampla “execução indireta” não
sufraga o descarte do conjunto de princípios constitucionais que regem a
administração pública, e não poderá servir como pretexto para fraude, precarização
ou quebra de isonomia constitucional.
CONCLUSÃO
446
REFERÊNCIAS
Abstract: Pará is the largest açaí producer in Brazil, inherited from traditional
communities, the fruit has become a commodity with a global production chain, their
job is precarious, and it is necessary to adopt strategies that protect and value the work
of these small producers. Therefore, this research intends to understand how the
geographical indication, as an instrument of endogenous development, would
contribute to guarantee the decent work to the traditional extractive populations in the
açaí productive chain. Working from the concept of endogenous development,
economic, social, political and cultural aspects must be observed so that anyone can
practice the acts necessary to fulfill their life plan. Through a bibliographical research,
it can be concluded that the geographical indication when relating the açaí to its
territory of origin, can valorize the work of the extractivist, protecting his culture and his
traditional knowledge, including these populations in the process of development.
Key-words: açaí; geographical indication; work.
INTRODUÇÃO
DESENVOLVIMENTO
vida, independentemente de qual plano seja, quer em relação à própria vida, quer em
relação à vida em comunidade. (BRITO FILHO, 2018b)
A noção de dignidade determina quais direitos fazem parte do conjunto de
direitos humanos. Assim, o direito ao trabalho apenas alcança todos esses objetivos
se realizado em condições dignas, do mesmo modo que a dignidade humana pode
ser definida como uma qualidade intrínseca, irrenunciável e inalienável, todos os
direitos necessários para garanti-la também o são, incluindo o direito ao trabalho
decente, que é o conjunto de direitos mínimos do homem/trabalhador (BRITO FILHO,
2018b).
O trabalho das populações tradicionais da Amazônia, donas de uma cultura
com uma relação especial entre homem-natureza, é organizado com base na
estrutura de produção de trabalho familiar ou comunitário de extrativismo. Desse
modo, na cadeia de valor do açaí, o trabalho é baseado nos conhecimentos
tradicionais, saberes e práticas acumulados pelas populações e passados de geração
a geração, sendo uma atividade que o ribeirinho aprende como uma tradição e um
meio de inclusão ao trabalho.
O açaí é fruto de uma palmeira endêmica da Amazônia, que se concentra nas
planícies úmidas, áreas de várzea, especialmente próximo aos rios. Historicamente,
o produto foi a base da alimentação de populações ribeirinhas e das camadas mais
pobres das cidades. Ainda no séc. XX, houve a popularização do produto e a sua
inclusão no cotidiano de todas as classes sociais paraenses. (DAMASCENO, 2009)
Nos últimos anos, houve um grande crescimento do mercado consumidor,
principalmente, em âmbito nacional, no Rio de Janeiro e em São Paulo. No mercado
internacional, o maior comprador são os Estados Unidos da América (EUA). O estado
do Pará é a referência da economia do açaí, por concentrar uma alta produção e um
alto consumo.
O consumo do açaí aumentou de forma que a produção extrativista não
conseguiu crescer em igual proporção. Em 2016 a produção agricola do açaí no Brasil
foi de 1,1 milhões de toneladas. O Pará produziu 98,3% do total dessa produção. O
valor arrecadado pelas exportações do açaí nesse mesmo ano foi de U$
18.130.843,00 e, em 2017 este valor cresceu para U$ 23.467.925,00. (IBGE, 2018)
A atividade produtiva do açaí passou da agricultura e extrativismo familiar para
uma cadeia de valor global, tornando-se uma commodity, que envolve mais de 120
mil familias, para as quais o açaí é a principal fonte de renda familiar. A cadeia
produtiva do açaí consiste no conjunto de operações interdependentes que visam
produzir, extrair, modificar e distribuir um produto (INSTITUTO PEABIRU, 2016).
A cadeia de valor do açaí é formada pelos extrativista agricultores familiares
que cuidam do manejo do açaizal, normalmente formado por plantas nativas, e da
colheita, atividade executada pelo peconheiro; os atravessadores que deslocam a
produção até onde ela será comercializada; as industriais e os batedores de açaí
(processadores locais) que beneficiam o produto, transformando-o em vinho (polpa) e
outros produtos derivados como bombons e sorvetes, entre outros; e os atacadistas e
os varejistas que comercializam o produto para o consumidor final (INSTITUTO
PEABIRU, 2016).
Apesar do crescimento da atividade produtiva, do surgimento de grandes
empresas de açaí e do aumento dessa economia, o trabalho nesta cadeia,
principalmente o do extrativista, agricultor familiar, ainda é dominado pela
informalidade e precariedade.
CONCLUSÃO
açaí por meio do selo da IG, auxiliaria que os extrativistas, normalmente membros de
uma cooperativa, tivessem condições de competir no mercado.
Conclui-se que a indicação geográfica serve como um mecanismo de
desenvolvimento endógeno para incluir e valorizar o trabalho do extrativista na cadeia
produtiva do açaí, protegendo a cultura e os conhecimentos tradicionais deste.
REFERÊNCIAS
INTRODUÇÃO
1
Art. 134. A Defensoria Pública é instituição permanente, essencial à função jurisdicional do Estado, incumbindo-lhe, como
expressão e instrumento do regime democrático, fundamentalmente, a orientação jurídica, a promoção dos direitos humanos e
a defesa, em todos os graus, judicial e extrajudicial, dos direitos individuais e coletivos, de forma integral e gratuita, aos
necessitados, na forma do inciso LXXIV do art. 5º desta Constituição Federal.
457
REFERÊNCIAS
Abstract: This article focuses on the fundamental rights endorsed in the Federal
Constitution of 1988 regarding the environment of work (Article 225 da CF) in relation
to the additional insanity, observing it as a fundamental right of the worker. From this
point on, it aims to demonstrate a possible misconception in the modus operandi of the
legal community, depending on the use of Regulatory Norms (NRs) to the detriment of
fundamental constitutional law. That is, even after the advent of the CF/88, the
secondary activity of the Executive Branch has been considered primary. The grounds
for the unhealthy addition seem to indicate that it is necessary to verify the work in
hazardous conditions, regardless of whether the activity is included in a list drawn up
by the Ministry of Labor and Employment (MTE). In the development of the approach
in question, they help, the normativity of the principles, as well as the search for the
effectiveness of fundamental rights. Realizing the unavailability of values such as:
dignity of the human person and health, consisting of rights of public order labor.
Keywords: Work environment, hospital, receptionist, insalubrity.
INTRODUÇÃO
2. DO PROFISSIONAL DA RECEPÇÃO
3. DO ADICIONAL DE INSALUBRIDADE
A Consolidação das Leis do Trabalho prevê, em seu artigo 191, que ocorrerá a
eliminação ou neutralização da insalubridade, quando, houver adoção de medidas que
conservem o ambiente de trabalhou ou a utilização de equipamentos de proteção
individual ao trabalhador (EPI), diminuindo, assim, a agressividade do agente.
Frisa-se que sendo fornecidos esses equipamentos, não se extingue o
pagamento do adicional, uma vez que se trata de compensação ao trabalhador quem
tem sua saúde afetada diariamente. Consoante esse tema, o Tribunal Superior do
Trabalho pacificou o entendimento jurisprudencial, na Súmula nº 289.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
BARROS, Alice Monteiro. Curso de Direito do Trabalho. 14. ed., rev., atual. e ampl.
São Paulo: Saraiva, 2009.
BRASIL. Consolidação das Leis do Trabalho. Disponível em: <
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/Del5452.htm>. Acesso em:
23/02/2018.
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm>. Acesso em:
23/02/2018.
BRASIL. Ministério do Trabalho. Disponível em: <http://trabalho.gov.br/seguranca-
e-saude-no-trabalho/normatizacao/normas-regulamentadoras>. Acesso em:
25/02/2018.
BRASIL. Tribunal Superior do Trabalho (TST). Disponível em:
<http://www.tst.jus.br/sumulas>. Acesso em: 25/02/2018.
BRASIL. Lei nº 6.938, de 31 de agosto de 1981. Política Nacional do Meio
Ambiente. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l6938.htm>.
Acesso em: 03/03/2018.
BRASIL. Orientações Jurisprudenciais. Disponível em: <http://www.tst.jus.br/ojs>.
Acesso em: 24/02/2018.
469
Abstract: The outsourcing institute consists of the possibility of hiring a third party to
transfer to the latter the activities that generally do not constitute the main object of the
company. This type of contracting may cover the production of goods and services,
such as the contracting of surveillance services, cleaning services or temporary
services. The principle of protection, in turn, can be understood as a basic principle of
Labor Law by which protects the hypersufficient part in the employment relationship,
that is, the worker. Finally, the decision of the Supreme Court in ADPF 324 / DF will be
analyzed, based on the votes of the Ministers Marco Aurélio de Mello and Luís Roberto
Barroso, through which it was signed understanding by unrestricted outsourcing and
declared the unconstitutionality of Summary 331, Superior Court of Work.
Keywords: Outsourcing; Principle of protection; Federal Court of Justice.
INTRODUÇÃO
entre os pontos de vista, posto que abordam a questão sobre viés diverso, sendo
possível, assim considerar o estudo sob duas premissas.
Ao fim, será investigado como fica tal pronunciamento jurisdicional em face do
princípio da proteção do Trabalhador que se constitui num dos pilares do Direito do
Trabalho.
DESENVOLVIMENTO
contratada.
VI – A responsabilidade subsidiária do tomador de serviços abrange todas as verbas decorrentes da condenação referentes ao
período da prestação laboral.
473
4
Barzotto, 2011, pág. 205.
5
op. cit.
474
6
Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à melhoria de sua condição social:
7
Art. 170. A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho humano e na livre iniciativa, tem por fim assegurar a todos
existência digna, conforme os ditames da justiça social, observados os seguintes princípios:
I - soberania nacional;
II - propriedade privada;
III - função social da propriedade;
IV - livre concorrência;
V - defesa do consumidor;
VI - defesa do meio ambiente;
VII - redução das desigualdades regionais e sociais;
VIII - busca do pleno emprego;
IX - tratamento favorecido para as empresas brasileiras de capital nacional de pequeno porte.
Parágrafo único. É assegurado a todos o livre exercício de qualquer atividade econômica, independentemente de autorização
de órgãos públicos, salvo nos casos previstos em lei.
475
Ministro Gilmar Mendes, e que sequer possuem data para pauta, pelo Supremo
Tribunal Federal, o que, causa espécie, acerca da preocupação em priorizar o
julgamento do RE e da ADPF que culminaram na permissão, via decisão plenária da
mais alta Corte, a respeito da terceirização irrestrita.
Os efeitos de tal entendimento serão observados diretamente pelas empresas
e pelos trabalhadores terceirizados, em razão de ter prevalecido a liberdade de
contratar como uma viés para o almejado estímulo de “novos postos de trabalho” e
ainda, no “fortalecimento da economia” e a consequente competividade, defendida no
voto do Ministro Luís Roberto Barroso.
CONCLUSÃO
Muito embora a recente decisão proferida pelo STF tenha impactado milhares
de processos e trabalhadores que ainda estão sendo regidos sobre a égide da
terceirização, verifica-se que restou assentado no mesmo julgamento que a decisão
proferida no ADPF e no RE a ele jungido não afeta automaticamente decisões
transitadas em julgado. A conclusão que se chega é que os direitos sociais encartados
na Carta Magna Vigente (CRFB/88) foram sobrepostos à liberdade de contratar
irrestrita, não se dando um maior enfoque da função social da propriedade e da
dignidade do trabalho humano.
A preocupação lançada pelo Ministro Barroso ao defender a terceirização
irrestrita seria um meio de proporcionar a retomada do crescimento econômico do
nosso país e a almejada geração de empregos, prestigiando-se esta modalidade de
contrato de trabalho irrestrita em detrimento da proteção da dignidade do trabalho
humano e dos direitos sociais.
O voto prevalecente do Ministro Barroso distanciou-se do princípio basilar do
Direito do Trabalho que é o Princípio da Proteção do trabalhador hipossuficiente.
A conclusão que se abstrai é que prevaleceu a liberdade de contratar em
detrimento dos direitos sociais mínimos dos trabalhadores que também se encontram
inseridos na Constituição Federal ao se declarar a inconstitucionalidade da Súmula
331 do Tribunal Superior do Trabalho que foi moldada à luz do princípio da proteção
do trabalhador hipossuficiente na relação de trabalho, em especial, na terceirização.
REFERÊNCIAS
Abstract: The analysis of mental disorders related to work and the work of the Public
Ministry of Labor in the defense of the working environment is related to the defense
of the health and safety of the worker. Summary 736 of the STF establishes the
competence of the Labor Court to judge actions for non-compliance with labor
standards related to safety, hygiene and health. Therefore, the Public Prosecutor's
Office has important working tools to protect the work environment and, with this, avoid
the incidence of mental disorders caused by the degradation of the work environment.
In this way, definitions of the work environment were studied and how their degradation
is responsible for the alarming statistics of occupational diseases. Finally, we discuss
the importance of the role played by MPT in the protection of the balanced working
environment.
Keywords: Mental Disorders. Work Environment. Ministry of Labor.
INTRODUCÃO
O meio ambiente de trabalho é definido por todo local em que o homem presta
serviços com a finalidade de buscar sua subsistência. Trata-se de um direito
fundamental de acordo com a Constituição Federal de 1988. O meio ambiente geral
alcança todo cidadão e o meio ambiente de trabalho todo trabalhador, uma vez que
“todos recebem a proteção constitucional de um ambiente de trabalho adequado e
seguro, necessário à saudável qualidade de vida” (MELO, 2008, p. 27).
Assim, é o local onde a pessoa passa boa parte do dia, exigindo-se esforço
físico e intelectual no desempenho de suas funções, de tal modo que acaba por
negligenciar suas relações pessoais e sacrificar, muitas das vezes, momentos de
descanso e lazer imprescindíveis ao seu refazimento.
Nesse contexto, segundo a Organização Mundial de Saúde, existem diversos
transtornos mentais, com apresentações diferentes. Eles geralmente são
478
METODOLOGIA
No entanto, a norma supracitada deve ser interpretada com o artigo 7º, inc. XXII
da Constituição, que confere aos trabalhadores o direito à “[...] redução de riscos
inerentes ao trabalho, por meio de normas de saúde, higiene e segurança.”
A definição do meio ambiente trazida pela Lei da Política Nacional do Meio
ambiente (Lei nº 6938/81) aduz o meio ambiente como “[...] o conjunto de condições,
leis, influências e intervenções de ordem física, química e biológica que permite,
abriga e rege a vida em todas as suas formas” (BRASIL, 1981).
O conceito mais defendido pelos doutrinadores compreende o meio ambiente
laboral como sendo qualquer lugar onde as pessoas desempenham suas atividades,
o qual interage com outros fatores das mais variadas ordens, ou seja, o meio ambiente
abrangeria todos os elementos, interações e condições presentes no local onde se
desenvolvem as funções que influenciam na vida do trabalhador.
Insta destacar, o conceito trazido por Fiorillo (2013, p. 53) sobre o meio
ambiente laboral:
CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS
Abstract: Programs to reduce the use of pesticides are based on food security and
protection of the environment, however, there are other actors who, despite not being
directly affected by such programs, deserve special attention, especially the rural
worker. One of the most important principles of Environmental Law, applicable to the
legal protection of the work environment, precaution must be observed in order to avoid
unreasonable use of pesticides in the field of agriculture, without the certainty that their
use be really safe. This article will analyze the PNDA - National Program of Agricultural
Defenses through the data to be collected, in order to better verify if the program is
also effective to protect workers' health, creating a bridge between the environmental
and labor areas.
Keywords: Work environment. Public Policy. Pesticides.
DESENVOLVIMENTO
1
PADILHA, Norma Sueli. Do meio ambiente do trabalho equilibrado – São Paulo: LTr, 2002. p. 37.
2
OLIVEIRA, Sebastião Geraldo de. Proteção jurídica à saúde do trabalhador. 6ª Ed., São Paulo: LTr, 2011.
3
http://www.paraiba.com.br/2017/05/08/39983-apos-suicidio-de-60-funcionarios-empresa-francesa-e-processada-por-assedio-
moral - acesso em 23/05/2018, 21h24
487
4
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Disponível em
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/_ConstituiçaoCompilado.htm>. Acesso em 7 de out. 2017
5
NASCIMENTO, Amauri Mascaro. A defesa processual do meio ambiente do trabalho. Revista LTr, São Paulo: LTr, vol.
63, n. 05, p. 584, Mai-1999
488
CONCLUSÃO
METODOLOGIA
6
MELO, Raimundo Simão. Direito Ambiental do Trabalho e a saúde do trabalhador: responsabilidades legais, dano
material, dano moral, dano estético, indenização pela perda de uma chance, prescrição. 2. Ed. São Paulo: LTr, 2006, p. 41e 42
7
BUCCI, Maria Paula Dallari. Fundamentos para uma Teoria Jurídica das Políticas Públicas. São Paulo: Saraiva, 2013.
8
VANESSA FRACARO MENCK. INTOXICAÇÃO DO(A) TRABALHADOR(A) RURAL POR AGROTÓXICOS: (sub)notificação
e (in)visibilidade nas políticas públicas. 2016, pag. 64.
9
http://www.ilo.org/public/portugue/region/eurpro/lisbon/pdf/28abril_10_pt.pdf
489
REFERÊNCIAS
10
BUCCI, Maria Paula. O conceito de políticas públicas em direito. In: BUCCI, Maria Paula Dallari (org.). Políticas Públicas:
reflexões sobre o conceito jurídico. São Paulo: Editora Saraiva, 2006.
490
Abstract: This paper discusses the working conditions in the urban fairs of Belém,
trying to identify their characteristics, based on the case study of the Açaí Fair, in the
Ver-o-Peso Complex, an important açaí selling point. The fairs are very important for
the economies of the large urban centers of the Amazon and, in the açaí economy,
they play a very important role because they are a space for the commercialization of
the fruit, whether it is destined for local consumption or the national and international
markets. The research has a qualitative approach and, as a procedure, the
bibliographic survey, case study, and in locu observation were adopted. It is concluded
that, in spite of the importance of workers working for the açaí economy, this group is
socially marginalized and invisible in the production chain. Their work occurs in
conditions that violate people's basic rights, demanding public policies to overcome
their precariousness, evidenced numerous violations to the health and safety of the
worker observed in this study.
Keywords: Urban fairs. Acai. Work. Precariousness.
1. INTRODUÇÃO
a Feira é o local para onde conflui desde os anos 1970 a maior parte da
produção de açaí da região estuarina do Pará e Amapá. No final dos anos
1990, momento anterior à transformação do açaí em artigo de exportação
para o sudeste do Brasil e o mundo, mais de 80% do açaí comercializado
em Belém passava pelo Porto do Açaí. Atualmente o papel de outros
pontos da logística da fruta em Belém cresceu muito. Aproximadamente
60% do açaí comercializado em Belém em 2015 teve como porta de
entrada a Feira do Açaí, enquanto o restante chegou por outros portos:
Porto da Palha, Porto do Açaí e porto de Icoaraci.
Assim, essa feira é muito importante para a logística dessa cadeia de produção
de alcance nacional e internacional. Nas madrugadas, especialmente durante o pico
da produção do fruto (agosto a dezembro) um elevado número de comerciantes,
vendedores e compradores do fruto frequentam o espaço.
O fruto é trazido das regiões produtoras pelos ribeirinhos, agricultores familiares
da Amazônia, em suas pequenas embarcações que, dado seu barulho característico,
são conhecidas pelo apelido de “pô-pô-pô”. São muitos os barcos que atracam na
Feira do Açaí e nela desembarcam milhares e milhares de paneiros (cestos) com o
fruto. No período em que não há produção no ciclo natural da Euterpe Oleácea, o
abastecimento é mantido em parte graças ao “açaí da estrada”, como explica Silva
(2017, p. 205): “o termo é usado pelos feirantes para se referir ao açaí que chega a
Belém por caminhões, por oposição aquele que chega à feira em embarcações,
trazido de regiões ribeirinhas na ilha e arquipélago do Marajó, ilhas de Belém e baixo
Tocantins”.
Assim, seja abastecida pelo “açaí da estrada”, proveniente de áreas de
monocultura, seja por embarcações que trazem o fruto produzido nas áreas de várzea,
cultivado em sistemas agroflorestais por famílias caboclas ribeirinhas, a Feira do Açaí
é um importante centro de comercialização do fruto, na qual opera uma espécie de
“bolsa” na qual ofertantes e demandantes negociam quantidades e definem o seu
preço.
Como explica Silva (2017, p. 208), em geral, “o ambiente é ocupado por
homens adultos, em torno de 40 ou 50 anos, e predomina a população mestiça, de
traços ameríndios marcados”. Entre os personagens que atuam nessa Feira, tem-se
os “carregadores”, os “marreteiros”, os “batedores” e os “exportadores”.
Os trabalhadores conhecidos como “carregadores” são aqueles que se ocupam
da descarga dos barcos ou da arrumação de cargas compradas pelos compradores.
Os “marreteiros” são os comerciantes que ali vendem o fruto. Os “batedores ou
maquineiros” são os comerciantes locais, assim conhecidos em função de sua
ocupação, a despolpa do açaí com o uso de máquinas despolpadoras (conhecidas
como batedeiras), em centenas de pequenas lojas que ocupam os muitos bairros de
Belém, dos endereços mais caros aos mais distantes bairros da periferia. Por fim, os
“exportadores” são os compradores do fruto para as empresas de porte variado, as
quais processam e enviam a polpa congelada para outras localidades, no Brasil e no
exterior.
Chama atenção nesse espaço que o trabalho ocorre em condições muito
difíceis, seja pela exposição às intempéries da natureza, notadamente à chuva e ao
calor que caracterizam o clima amazônico, seja pela falta de segurança pública na
área, falta de espaço, falta de cobertura, e de estruturas seguras (por exemplo, não
há rampas adequadas para o desembarque do fruto dos barquinhos até o chão da
feira) para realizar esse trabalho. Destaca-se, ainda, o peso excessivo suportado
pelos carregadores, bem como as jornadas extenuantes e a total dependência do
494
3. CONCLUSÃO
4. REFERÊNCIAS
Grupo de trabalho:
DIREITO EMPRESARIAL,
DIREITO DO CONSUMIDOR E
NOVAS TECNOLOGIAS
Trabalhos publicados:
1. INTRODUÇÃO
Fakenews significa notícias falsas, que são aquelas propagadas com o intuito
de enganar o leitor, inventando, distorcendo ou omitindo a verdade. A divulgação de
falsas notícias sempre existiu na esfera social, ocorre que, com a chegada da internet
e das redes sociais, a criação e o compartilhamento tornaram-se mais fáceis e com
maior alcance de público.
A terminologia fakenewsfoi considerada a palavra do ano de 2017 pelo
dicionário Collins, se popularizando durante as campanhas presidenciais de 2016 dos
Estados Unidas da América, onde então, o atual presidente Donald Trump, utilizou-se
da expressão para definir as notícias inventadas e propagadas pela mídia norte-
americana a seu respeito.
Acontece que, no Brasil, durante o período eleitoral, a propagação de notícias
falsas tornou-se viral e a principal ferramenta utilizada para denegrir o lado oposto,
tornando-se um empecilho a estabilidade política e democrática. Mas tal prática de
disseminar mentiras pode gerar consequências jurídicas, sejam elas nas esferas
penal, cível e eleitoral.
2. OBJETIVO
3. DESENVOLVIMENTO
A mentira pode ser um fator considerável na formação da intenção de voto do
eleitor, pois, ainda que as convicções políticas sejam frutos de experiências sociais e
500
1
Disponível em https://www.conpedi.org.br/publicacoes/6rie284y/8klb3x80/Mxx9l8G18bRkHtLz.pdf - acesso em 19.10.2018
2
http://agenciabrasil.ebc.com.br/politica/noticia/2018-10/raquel-dogde-diz-que-fake-news-nao-convem-democracia-nem-ao-
eleitor - acesso em 18.10.2018
3
https://www.conjur.com.br/dl/discurso-fux-posse-tse.pdf- acesso em 19.10.2018
501
calúnia, difamação e/ou injúria.O crime de Calúnia está previsto no art 138 do Código
Penal:
Já na esfera cível, aquele que prejudicado com a “Fake News”, pode ingressar
no judiciário com ação de indenização por danos morais. Para o doutrinador Carlos
Roberto Gonçalves o dano moral é:
“Dano moral é o que atinge o ofendido como pessoa, não lesando seu
patrimônio. É lesão de bem que integra os direitos da personalidade, como
a honra, a dignidade, intimidade, a imagem, o bom nome, etc., como se
infere dos art. 1º, III, e 5º, V e X, da Constituição Federal, e que acarreta
ao lesado dor, sofrimento, tristeza, vexame e humilhação” (GONCALVES,
2009, p.359).
4. CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS
http://www.tse.jus.br/imprensa/noticias-tse/2018/Outubro/fake-news-tse-lanca-
pagina-para-esclarecer-eleitores-sobre-a-verdade
https://www.conjur.com.br/2018-mar-11/opiniao-fake-news-procedimentos-remocao-
conteudo
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2014/lei/l12965.htm
https://www1.folha.uol.com.br/poder/2018/09/fake-news-sao-risco-a-democracia-
dizem-especialistas.shtml
http://agenciabrasil.ebc.com.br/politica/noticia/2018-10/raquel-dogde-diz-que-fake-
news-nao-convem-democracia-nem-ao-eleitor
502
http://www.tse.jus.br/legislacao-tse/res/2017/RES235512017.html
https://www.bbc.com/portuguese/internacional-41843695
http://www.tse.jus.br/imprensa/noticias-tse/2018/Outubro/ministro-do-tse-determina-
retirada-de-fake-news-contra-candidato-fernando-haddad
GONCALVES, 2009, p.359
Curso de Direito Civil Brasileiro, Editora Saraiva, SP, 1998, p. 81
503
1 INTRODUÇÃO
A privacidade, assim como os diversos sentidos que ela carrega, como será
visto adiante, não é um delírio recente. A preocupação dada a ela vem dos
primórdios1, passando por diferentes tipos de sociedades, mesmo sem tutela jurídica.
O direito voltou seus olhos para a privacidade “num período em que mudou a
percepção de pessoa humana pelo ordenamento, do qual ela passou a ocupar um
papel central e ao qual se seguiu a juridificação de vários aspectos do seu cotidiano”
(DONEDA, 2006, p. 8).
Muito além da necessidade da solidão, a direito à privacidade começou a ter
uma mudança no cenário “motivado, sobretudo, pelo crescimento da circulação de
informações, consequência do desenvolvimento exponencial da tecnologia de coleta
e sensoriamento” (CANCELIER, 2017, p. 219).
A privacidade, observada neste trabalho como um conceito amplo que se
desdobra em imagem, honra, intimidade e vida privada – direitos da personalidade,
protege as pessoas na sua individualidade e resguarda o direito de estar só, a
faculdade de se isolar, e, nos tempos da sociedade informacional, adiciona-se a
“possibilidade de cada um controlar o uso das informações que lhes dizem respeito”
(RODOTÀ, 2008, p. 24).
A evolução conceitual dos direitos da personalidade foi observada através da
construção de uma sociedade cada vez mais informatizada e comprometida com a
dignidade da pessoa humana. Com isso, os direitos da personalidade são
problematizados pela dinamização das relações enfrentadas pelos indivíduos na
sociedade da informação, na qual a velocidade do fluxo de informações sobre as
pessoas, hodiernamente, eleva a importância da proteção de tais direitos.
No atual contexto do superinformacionismo, observa-se um verdadeiro
aglomerado de informações sobre tudo e todos (RULLI JÚNIOR; RULLI NETO, 2012).
Vive-se em uma era marcada pela complexidade das relações sociais e pela evolução
dos meios tecnológicos, onde as informações podem ser compartilhadas de maneira
instantânea.
O mundo está em um processo de transformação estrutural – multidimensional
– associado ao aparecimento de um novo paradigma tecnológico na comunicação e
na informação. As necessidades, valores e interesses da sociedade dão formas às
tecnologias atuais, sendo as tecnologias de comunicação e informação
particularmente sensíveis aos efeitos do seu uso. (CASTELLS; CARDOSO, 2005)
O ciberespaço, também conhecido como virtualização da comunicação, é o
espaço aberto pela interconexão mundial de computadores e suas memórias (LÉVY,
1999). Uma simples busca na internet sobre uma pessoa, pode informar mais sobre
ela do que ela mesma poderia informar.
Esse transporte de informações de maneira rápida e eficiente é um estágio
evolutivo importante para a atual sociedade, mas ao mesmo tempo gera de maneira
negativa uma exacerbada difusão de informações que compromete em muitas vezes
a vida privada das pessoas.
Com efeito, observa Eduardo Bittar (2015, p. 279):
1
Neste sentido, Doneda (2000, p. 113): “Diversas menções à privacidade podem ser encontradas na Bíblia, em textos gregos
clássicos e mesmo da China antiga, enfocando basicamente o direito, ou então a necessidade da solidão.”
505
2
“Data is the new oil”. Expressão trazida por Shivon Zilis, sócio de uma empresa de capital de risco chamada Bloomberg Beta,
pelo aumento do valor dos dados e seu tratamento como mercadoria por governos e empresas. (GOMES, 2017)
506
3
Lei 12.965/2014: Art. 3º e Art. 7º. (BRASIL, 2014)
507
4
Lei 13.709/2018- Art. 5º, I (BRASIL, 2018)
5
Lei 13.709/2018- Art. 5º, II (BRASIL, 2018)
6
Lei 13.709/2018- Art. 5º, XII (BRASIL, 2018)
7
Lei 13.709/2018- Art. 4º (BRASIL, 2018)
509
5 CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS
<https://periodicos.ufsc.br/index.php/sequencia/article/view/2177-
7055.2017v38n76p213>. Acesso em: 24 set. 2018.
CASTELLS, Manuel; CARDOSO, Gustavo (Orgs.). A Sociedade em Rede: do
conhecimento à acção política. Belém (Por): Imprensa Nacional, 2005.
CHEHAB, Gustavo Carvalho. A privacidade ameaçada de morte. São Paulo: LTr,
2015.
DONEDA, Danilo. Considerações iniciais sobre os bancos de dados informatizados e
o direito à privacidade. In: TEPEDINO, Gustavo (Coord.). Problemas de direito
constitucional. Rio de Janeiro: Renovar, 2000.
________. Da privacidade à proteção de dados pessoais. Rio de Janeiro: Renovar,
2006.
GOMES, Rodrigo Dias de Pinho. Big Data: desafios à tutela da pessoa humana na
sociedade civil. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2017.
LÉVY, Pierre. Cibercultura. São Paulo: Editora 34, 1999.
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de proteção de dados pessoais. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2007.
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privacidade. São Paulo: All Print Editora, 2018.
PAESANI, Liliana Minardi. Direito e Internet. Liberdade de informação, privacidade e
responsabilidade civil. 7. ed. São Paulo: Atlas, 2014.
RODOTÀ, Stefano. A vida na sociedade da vigilância: A privacidade hoje. Rio de
Janeiro: Renovar, 2008.
RULLI JÚNIOR, Antonio; RULLI NETO, Antonio. Direito ao esquecimento e o
superinformacionismo: apontamentos no direito brasileiro dentro da sociedade da
informação. Revista do Instituto do Direito Brasileiro, n. 1, p. 419-434, 2012.
Disponível em:
<https://www.cidp.pt/publicacoes/revistas/ridb/2012/01/2012_01_0419_0434.pdf>.
Acesso em: 20 jun. 2018.
SARLET, Ingo Wolfgang. Dignidade da pessoa humana e direitos fundamentais
na Constituição Federal de 1988. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2001.
SCHREIBER, Anderson. Direitos da personalidade. São Paulo: Atlas, 2013.
511
Resumo: Sob o ponto de vista legal e jurisprudencial, não restam dúvidas de que o
sócio pode, sem justo motivo, retirar-se de uma sociedade empresaria Ltda por prazo
indeterminado com regência supletiva das normas da sociedade simples. Tal ação
encontra guarida no artigo 5º inciso XX da CF, bem como, no artigo 1.029 do C.C.
Ocorre que o novo CPC, positivou no artigo 602, regramento sui generis, qual seja a
possibilidade da sociedade formular pedido de indenização compensável com o valor
dos haveres a apurar. Citada norma, entretanto, se mostra precária, na medida em
que o legislador não esmiuçou o tema, fato que fez surgir várias dúvidas quanto a sua
aplicabilidade nas hipóteses de resolução da sociedade em relação a um sócio,
previstas em nosso ordenamento jurídico.
Palavras-chave: Direito Civil. Direito Empresarial. Direito Processual Civil. Direito
Societário. Resolução da Sociedade.
Abstract: From a legal and jurisprudential point of view, there is no doubt that the
partner may at any time, without just cause, withdraw from a limited company for an
indeterminate period with a supplementary regency of simple company rules. Such
action is contained in article 5, item XX of the Federal Constitution, as well as in article
1.029 of the Brazilian Civil Code. It happens that the new Code of Civil Procedure, Law
13,105 of 3/16/2015, positived in article 602, sui generis rule, that is, the possibility of
the company to formulate claim for compensation compensable with the value of the
assets to be determined. However, this rule is precarious, inasmuch as the legislature
did not elaborate on the subject, which raised several doubts as to its applicability in
the cases of resolution of the company in relation to a partner, provided for in our legal
system.
Keywords: Civil Law. Business Law. Code of civil rights. Corporate Law. Resolution
of the Company.
INTRODUÇÃO
1
(TOMAZETTE, Marlon. Curso de Direito Empresarial: Teoria Geral e Direito Societário. 3. ed. 2011 . v. 1)
2
DINIZ, Maria Helena: Curso de Direito Civil Brasileiro, volume 8: Direito de Empresa – 2 Ed. reformulada – São Paulo:
Saraiva, 2009
513
3
FERREIRA, Mariza Marques: O Princípio da Preservação da Empresa. Disponível em: <www.franca.unesp.br/mariza.pdf>
Acesso em: 15 de fevereiro 2017
4
FERREIRA, Mariza Marques: O Princípio da Preservação da Empresa. Disponível em: <www.franca.unesp.br/mariza.pdf>
Acesso em: 15 de fevereiro 2017.
5
COELHO, Fábio Ulhoa. A ação de dissolução de sociedade e o projeto de novo CPC. Valor Econômico, São Paulo, p. E-2,
dez. 2010 a
514
CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS
516
Resumo: O estudo feito tem por escopo abordar uma alternativa para viabilizar o
estabelecimento rural virtual à realidade do produtor rural hoje. Para isso, embasou-
se na metodologia já conhecida para explicar o conceito de estabelecimento
empresarial, base para o estabelecimento rural, explanando sua conceituação e
embasando um raciocínio sólido para fomentar novos conceitos e novas ideologias,
visando uma adequação da estrutura do direito, sem se destoar da doutrina e
fundamentação solidificada através dos tempos. A essência principal do presente
trabalho é a abordagem de novos contextos jurídico-tecnológicos aplicados ao
agronegócio, que avança de modo acelerado, com o ímpeto de fazer o direito
empresarial acompanhar paralelamente o crescimento da era digital.
Palavras-chave: Direito Empresarial. Estabelecimento Rural Virtual. Agronegócio.
Abstract: The study carried out has the scope of approaching an alternative to make
virtual rural establishment viable to the reality of rural producers today. For this, it was
based on the methodology already known to explain the concept of business
establishment, base for the rural establishment, explaining its conceptualization and
supporting a solid reasoning to foment new concepts and new ideologies, aiming at an
adequacy of the structure of the law, without disrespect of doctrine and foundation
solidified through the ages. The main thrust of this paper is the approach of new legal
and technological contexts applied to agribusiness, which is advancing in an
accelerated way, with the impetus to make business law parallelally to the growth of
the digital age.
Keywords: Business Law. Virtual Rural Business Store. Agribusiness.
INTRODUÇÃO
Consoante a isso, a liberdade para empreender nessa nova era é muito maior,
estendendo o âmbito físico e desafiando os parâmetros jurídicos. A avaliação da
importância desse requisito, visando sua regulamentação, torna-se fundamental ao
passo que a tecnologia melhora a cada dia. No Brasil, a regulamentação desse
segmento se deu no ano de 2013, através do Decreto 7.962 (BRASIL, 2013), no qual
é descrito como deve-se dispor em relação ao comércio eletrônico. Foi um grande
passo para a evolução das relações eletrônicas no país, principalmente por ter sido
criada a partir da Lei nº. 8.078, de 1990, ou como é conhecida, Código de Defesa do
Consumidor. A necessidade de proteção jurídica do consumidor, fez o direito se voltar
para a regulamentação da modalidade, acompanhando assim a tecnologia e a
globalização.
E, concomitantemente, com a evolução do comércio eletrônico surgiram
também os bens e serviços digitais, que se estendeu aos meios rurais. Com o avanço
da era digital, gera-se, cada vez mais, a necessidade de consumir esses “novos”
produtos. Ao passo que também se verifica uma produção maior com ênfase nesses
produtos para os consumidores que aderem ao segmento rural. Entende-se por bens
e serviços digitais tudo aquilo que é disponibilizado de maneira virtual, sendo
completamente ou quase completamente eletrônico oferecido digitalmente.
Compreende-se nesse rol de bens e serviços os livros digitais ou e-books, aulas,
palestras e consultorias virtuais, usados por consumidores com necessidades
diversas.
Adentrando nos bens e serviços rurais podemos destacar, principalmente o uso
da tecnologia para melhoramento de produção e otimização de tempo e recursos.
Ainda, mais recentemente, tem-se a extensão de prestação de serviços, por exemplo,
através de aplicativos para smartphones. Assim, há de se mencionar os novos
modelos empresariais internacionais que vêm fazendo sucesso no campo, tais quais
o aluguel de tratores via aplicativo, funcionando como um sistema de reservas que
permite aos agricultores solicitar tratores cadastrados na plataforma que estejam
próximos de sua propriedade, e a partir de sua demanda, agendar e pagar
antecipadamente os serviços.1
Nesse mesmo sentido, os agricultores na Austrália vêm controlando sua boiada
através de um aplicativo para celular, também, conhecido como eShepherd. Segundo
informações explicativas da Brookings Institution, as fronteiras são demarcadas a
partir de solicitações elétricas de transponders, ou chips elétricos, aplicadas em
coleiras individuais em cada animal. O sinal vem de uma estação base da fazenda
ligada a um rastreamento por GPS, e as zonas de pastoreio podem ser ativadas e
controladas por um aplicativo.2
Diante desses casos, é possível acompanhar a evolução do
empreendedorismo rural, observando, por exemplo, no primeiro caso narrado, a
desnecessidade de um estabelecimento físico para prestar o serviço proposto e alocar
os bens físicos, haja vista os tratores serem de propriedade dos próprios produtores.
Ou seja, o estabelecimento rural virtual nesse caso é totalmente compatível com os
estudos abordados até então.
Ante ao exposto, com a crescente injeção e demanda de bens, serviços e
conteúdos digitais, é fundamental adequar o conceito de estabelecimento virtual para
a sociedade atual, especialmente no âmbito rural, que vem evoluindo tanto quanto o
mercado industrial. O exímio professor Celso Fernandes Campilongo (2011, p. 146)
1
Informação extraída do site: https://www.agrolink.com.br/colunistas/coluna/a-revolucao-digital-e-seu-impacto-no-
agronegocio_404507.html
2
Informação extraída do site: https://www.agrolink.com.br/colunistas/coluna/a-revolucao-digital-e-seu-impacto-no-
agronegocio_404507.html
522
pontua em sua obra “O direito moderno é o direito positivo, isto é, o direito posto por
uma decisão [...] decidir é escolher entre alternativas. Quanto mais complexa a
sociedade – como é o caso da sociedade global -, maiores as opções de escolha”.
Assim pode-se constatar a célere evolução das relações jurídico-humanas na
sociedade. Ressalta-se ainda, que o direito em si não necessita da evolução
tecnológica para existir, no entanto, a recíproca se faz fundamental, sendo
imprescindível para a evolução tecnológica uma regulamentação jurídica adequada.
CONCLUSÃO
Diante de todo o estudo realizado, conclui-se que, assim como todas as áreas
se mostram em ascensão, mister se faz analisar a possibilidade de viabilizar o
cadastramento de estabelecimentos virtuais mediante apresentação de um endereço
eletrônico, não sendo necessário a apresentação de um endereço físico para
comercialização de serviços na seara rural. É um tema a ser refletido e debatido, até
chegar a sua melhor adequação ao direito empresarial na atualidade. Mas o que se
pode esperar é um grande impacto na economia, tendo em vista o setor do
agronegócio ser responsável por cerca de 22% do PIB brasileiro. A tendência é
virtualizar cada vez mais os atos e ações da vida cotidiana, bem como os atos e
deveres jurídicos, despendendo um tempo menor para essas providências, e no
campo e entre os produtores não vem sendo diferente disso. O setor rural vem
acompanhando ferrenhamente a evolução tecnológica e se adequando à novas
possibilidades de produção agropecuária.
Visando um modelo compatível com um mundo cada vez mais digital, propõe-
se estreitar a relação entre tecnologia, facilitação para empreender e direito
empresarial. Por isso, o intuito de tornar o estabelecimento rural virtual viável para os
bens e serviços do seguimento digital no agronegócio pode vir a ser concretizado,
verificando a opção da caução como alternativa viável. Além disso, vem havendo uma
predisposição cada vez maior de surgirem empresas digitais, consolidando a filosofia
idealista e globalizada do direito empresarial, estendido ao agronegócio, fazendo
surgir novas necessidades e peculiaridades constantes do mundo pós-moderno. A
motivação mais forte desse estudo foi a visão jurídica voltada ao futuro e a ampliação
da relação jurídico-tecnológica.
REFERÊNCIAS
<http://www2.camara.leg.br/legin/fed/decret/2013/decreto-7962-15-marco-2013-
775557-publicacaooriginal-139266-pe.html> Acesso em: 19 de outubro de 2018.
AGROLINK. A Revolução digital e seu impacto no agronegócio. Disponível em: <
https://www.agrolink.com.br/colunistas/coluna/a-revolucao-digital-e-seu-impacto-no-
agronegocio_404507.html> Acesso em: 19 de outubro de 2018.
CAMPILONGO, Celso Fernando. O Direito na Sociedade Complexa. 2º Edição. São
Paulo: Saraiva, 2011.
525
INTRODUÇÃO
1
“fabricación de tractores a partir de la experiencia en el diseño de tanques de combate”, así como la “fabricación de agro
tóxicos como producto colateral de una pujante industria químico-biológica dedicada a la fabricación de armas de ese tipo.
2
[…] el Tercer Mundo pasó a consumir entre 10 y 20% de la producción mundial de agro tóxicos, y su consumo tendía a
aumentar rápidamente. En Brasil, por ejemplo, el número de plagas en la agricultura aumentó, entre 1963 y 1973, de 243 a
593, mientras que el consumo de agro tóxicos se incrementó de 16 000 a 78 000 toneladas, pareciendo haber una relación
directa entre el consumo de estos productos y el surgimiento de plagas.
527
foram visíveis, criando para os anos noventa o surgimento de uma nova alternativa de
produção baseada em melhoramento dos cultivos por meio da engenheira genética.
Em outras palavras, se consolidaram os Organismos Geneticamente Modificados
(OGM) ou também conhecidos como Transgênicos como iniciativa para solucionar
problemas ambientais produzidos décadas anteriores.
Organismos geneticamente modificados que tem como complemento o uso de
agroquímicos pelos quais ajudam no controle de pragas e ervas daninhas em razão
sua extensão. Apesar do uso destes agroquímicos gerarem benefícios para os
produtores como maior preservação e cuidado dos cultivos, não obstante, os efeitos
do seu uso desmedido aumentou a probabilidade de gerar doenças e desequilíbrios
ambientais (IARC, 2015).
Nessa ordem de ideias, a Agencia Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa)
(2016, p.p) autorizou realizar uma análise dos agrotóxicos mais utilizados no Brasil
como: “Glifosato, Lactofen, Abamectina, Carbofurano e Thiram”, herbicidas,
inseticidas e fungicidas que possuem diversos níveis de toxicidade, passando de
“pouco tóxico”, “mediamente tóxico” a “extremadamente tóxico”; classificando
recentemente o glifosato “como provável carcinógeno em humanos”.
Não obstante, o glifosato é reconhecido como o herbicida mais utilizado e
vendido a nível internacional, propriedade da empresa Monsanto atualmente Bayer, o
qual “é utilizado na agricultura, na silvicultura, em áreas urbanas e domesticas”
segundo informa Anvisa (2016, pp). A sustância que aumentou significativamente
com o incremento nas variedades de culturas geneticamente modificadas resistentes
a ele incrementando suas ventas.
Destaca Monsanto (2018, p.p) que “todos os herbicidas Roundup® contêm
glifosato como ingrediente ativo e foram desenvolvidos para controlar uma ampla
variedade de ervas daninhas”. Ademais, assevera esta empresa que (2018a, p.p) o
Roundup®:
anos como granjeiro e tempos depois de ter inalado de forma acidental o herbicida
chamado Lasso apresentou uma deficiência de 50% no sistema neurológico, ação que
favoreceu a retirada do herbicida do mercado (HINCKEL, 2012).
Casos como o de Paul François surgem diariamente a nível global como
resultado do uso de agrotóxicos altamente nocivos, ao tempo que muitos outros
processos são instaurados nas instâncias judiciais sem obter decisões favoráveis,
situação que tem gerado muitas discussões sobre a importância de sua aprovação,
distribuição e toxicidade.
Patricio Eleisegui (2015, p.p) dispõe que frente a situações como estas, a
Federação Sindical de Professionais da Saúde da Republica Argentina (Fresprosa)
apresentou várias demandas ante a Agencia Internacional para a investigação do
Câncer (IARC siglas em inglês), dependente da Organização mundial da Saúde
(OMS) pelas inúmeras pesquisas sobre a toxicidade dos agroquímicos, enfatizando
que “[...] o glifosato não causa apenas câncer. Também está associado ao aumento
de abortos espontâneos, malformações genéticas, doenças de pele, doenças
respiratórias e neurológicas”, com o objetivo de estudar e regular a venda, distribuição
e registro deste agroquímico que está elevando o numero de vitimas.
Segundo o estudo do Consejo Nacional de Investigaciones Científicas y
Técnicas -Conicet-, Urdinarrain (2017, p.p) localizado na Argentina, foi considerado “o
ponto da província com o maior índice de concentração de agroquímicos3”, enquanto
Entre Rios, também da Argentina “registra níveis de acumulação de herbicida
carcinogênico glifosato, dos mais altos que existem em todo o mundo4”. O anterior
como resultado dos altos níveis de produção transgênica e uso de agrotóxicos na
Argentina, catalogada como um dos primeiros países no uso destas sustâncias.
No ano 2015 a Agencia Internacional para a investigação do Câncer (IARC
siglas em inglês) (IARC, 2018, p.p) avaliou a carcinogenicidade de alguns
agroquímicos classificando-os em cinco grupos: Grupo 1, “carcinogênicos para
humanos”; Grupo 2A, “provavelmente carcinogênico para humanos”; Grupo 2B
“possivelmente carcinogênico para humanos”; Grupo 3 “não é classificável quanto à
sua carcinogenicidade para seres humanos”; Grupo 4 “provavelmente não é
carcinogênico para humanos”5.
O Estudo feito pela IARC de maneira minuciosa sobre os agroquímicos mais
utilizados, classificação de sustâncias que permitem evidenciar e identificar o perigo
ao que se estão expostos os trabalhadores e familiares, assim como as comunidades
rurais por ser uma sustância volátil de fácil manipulação e aplicação. Analisando
também seus componentes, combinações e similitudes nas formulas com o fim de
apresentar resultados fidedignos.
A IARC (2015, p. 2) menciona que se bem o reporte indica o perigo de
exposição, não dimensiona o nível de risco diretamente da exposição, já que o nível
de risco esta associada a sua classificação e fatores como “o tipo e a extensão da
exposição e a força do efeito do agente”, existindo amplas possibilidades de que o
risco aumente de acordo ao contexto.
Nesta ordem, e segundo o estudo feito pela IARC (2018a, p.p) o “glifosato”
encontra-se no “grupo 2A” da lista de classificação junto aos demais agrotóxicos
examinados. O anterior por existir como assevera o IARC, (2015a, p.2)
3
Es el punto de la provincia con mayor índice de concentración del agroquímico.
4
registra niveles de acumulación del herbicida cancerígeno glifosato, de los más altos que existen a nivel mundial.
5
Grupo 1, carcinogénicos para humanos; Grupo 2A, probablemente carcinogénico para humanos; Grupo 2B posiblemente
carcinogénico para humanos; Grupo 3 no clasificable en cuanto a su carcinogenicidad para los seres humanos; Grupo 4
probablemente no es carcinogénico para los humanos.
529
Com a ajuda dos médicos, ele chegou à conclusão de que havia uma
conexão real que o inseticida era a causa de sua doença. Apoiado por
relatórios da Organização Mundial de Saúde (OMS) que asseguravam que
a principal substância do herbicida "Roundup", o glifosato, era
"provavelmente carcinogénico para os humanos", entrou com uma ação
em 2015 contra a "Monsanto".
Juízo que teve uma longa duração, onde se fez um estudo a profundidade
sobre os distintos documentos obtidos a nível internacional sobre a probabilidade do
6
This category is used when there is limited evidence of carcinogenicity in humans and sufficient evidence of carcinogenicity in
experimental animals. Limited evidence means that a positive association has been observed between exposure to the agent
and cancer but that other explanations for the observations (technically termed chance, bias, or confounding) could not be ruled
out.
7
“si podía matar a plantas, quizás también podría matarle a él”.
8
“de haber sabido el alto nivel de peligrosidad, nunca lo habría esparcido en mitad de un colegio”.
530
dano das sustâncias e o ingrediente ativo (glifosato) na saúde do ser humano, citando
pesquisas como a feita pela IARC no 2015. Anabel Pomar (2018, p.p) agrega que as
pesquisas permitiram ao jurado declarar à empresa Monsanto culpável, ordenando a
compensar-lhe com uma cifra de $289 milhões de dólares “por agir com malicia ao ter
conhecimento sobre os danos do Roundup e Ranger Pro e não advertir”. A decisão
que foi apelada pela empresa em seu momento, confirmando o Tribunal o dia 22 deste
de mês de agosto a condena, reduzindo a indemnização a 78 milhões encontra da
Monsanto, descendo na bolsa alemã as acções da Bayer após a confirmação,
elevando as perdas (NEGÓCIOS. 2018).
O presente caso representa um feito histórico no historial da empresa
Monsanto, pois incontáveis são as demandas interpostas em contra dela como
responsável das doenças geradas pelo uso do glifosato. J.Mounier, (2018, p.p)
assevera no relatório do CNN e Reuters:
CONCLUSÕES
REFERENCIAS
<http://www.scirp.org/Journal/PaperInformation.aspx?PaperID=74222> Acesso:
01/Oct/2018
534
INTRODUÇÃO
as linhas estruturantes de acesso à saúde nos moldes das políticas públicas contidas
na Lei 8.080/90, e nas dimensões prestacionais da Seguridade Social, saúde, a partir
dos conceitos e estruturas constitucionais e consequentemente nas novas
incorporações junto à Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias do Sistema
Único de Saúde, CONITEC, do Ministério da Saúde como opções terapêuticas
eficazes para minimizar ou evitar transfusões de sangue alogênico, evitar
propagações de doenças, e demais intercorrências, disponível no site:
http://conitec.gov.br/;
Ainda, a pesquisa tem como efeito disponibilizar a curto, médio e longo prazo
a adequação das grades curriculares dos cursos das áreas de saúde e jurídica no
Brasil, especialmente nos cursos de medicina, biomedicina, enfermagem, farmácia e
Direito para que os futuros profissionais tenham contato nos bancos universitários com
as estratégias clínicas e cirúrgicas como opções terapêuticas eficazes para minimizar
ou evitar transfusões de sangue alogênico e seus efeitos adversos nos pacientes, bem
como legislações para garantir o respeito à Dignidade da pessoa humana e o Direito
à saúde (artigo 196, CF) e ao consentimento informado (artigo 15, Código Civil e
artigos 22, 24, 31 e 32 do Código de Ética Médica).
Por fim, quanto à fundamentação teórica dos objetivos citados acima, as
referências utilizadas, um destaque para: “Efficacy of red blood cell transfusion in the
critically ill: A systematic review of the literature”, que trata de revisão sistemática da
literatura, onde foi verificada que dos 45 estudos clínicos revisados, envolvendo
272.596 pacientes, em pelo menos 42 deles o risco da transfusão de sangue não
supera o benefício proposto pelos médicos. Em 2 estudos o resultado foi neutro. O
artigo evidenciou que as transfusões de sangue estão associadas com maior risco de
morbidade e mortalidade e, além disso, a prática transfusional deveria ser reavaliada.
O Estudo finaliza dizendo que o médico transfusionista deveria avaliar o risco para o
paciente antes de aplicá-lo sangue mediante uma transfusão.
Aqui, o destaque da relação fática entre o Estado e o cidadão, nos destaques
de Canotilho, tem nos princípios (legais e constitucionais) a estrutura basilar da
segurança social e jurídica para o reconhecimento do mínimo existencial, que na
prática serão apresentados na figura de políticas públicas ou prestações de serviços
públicos nas suas diversas modalidades, e fica evidenciado pelas conclusões
apresentadas, ao final, diante da interlocução do fato social x fato jurídico, diante das
tecnologias e direitos e garantias envolvidos.
DESENVOLVIMENTO
A ordem jurídica respeita até mesmo decisões pessoais de risco que não
envolvam escolhas existenciais, a exemplo da opção de praticar esportes
como o alpinismo e o paraquedismo, ou de desenvolver atuação
humanitária em zonas de guerra. Com mais razão deverá respeitar
escolhas existenciais. Por tudo isso, é legítima a recusa de tratamento que
envolva a transfusão de sangue por parte das Testemunhas de Jeová. Tal
decisão funda-se no exercício de liberdade religiosa, direito fundamental
emanado da dignidade da pessoa humana, que assegura a todos o direito
de fazer suas escolhas existenciais. Prevalece, assim, nesse caso, a
538
CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS
539
Abstract: The present work aims to study the new paradigm of the Individual Company
of Limited Responsibility - EIRELI, introduced by Law nº 12.441 / 2011. Examining
relevant legislation, doctrines and policy instructions. Evidencing the changes of
EIRELI as an alternative way to the entrepreneur. Aiming the inherent characteristics
of EIRELI and its specificities: a single person with limited responsibility, business
name and capital. Addressing the current viability of capital; the possibility of a legal
entity to appear as holder, in more than one EIRELI; besides the hypothesis of having
foreign EIRELI and constituted by foreigner. In addition, ratifying this new paradigm,
we will analyze the Bill No. 1,523 / 2015, and its proposals to change the EIRELI
Institute.
Key words: Individual Limited Liability Company (EIRELI). Business Law.
1 INTRODUÇÃO
Portanto, apesar da redação do artigo 980-A não oferecer conceito para a nova
figura jurídica, a interpretação literal da nomenclatura do instituto abarca, em seu
âmago, o exame necessário para a EIRELI. Assim, o dispositivo legal mencionado a
caracteriza como: uma empresa, constituída por uma única pessoa, que dispões de
limitação quanto ao capital, este, totalmente integralizado, de no mínimo 100 (cem)
vezes o maior salário mínimo vigente no país.
No que tange à natureza jurídica da EIRELI, não há que se falar em atribuição
competente a sociedade ou empresário. E sim, em uma novidade dentre as
modalidades empresariais presentes no ordenamento jurídico, conforme o artigo 44,
VI do Código Civil.
Todavia, apesar das fundadas críticas se encontram referentes ao caput, §§1º
e 6º do art. 980-A, inerentes ao direito societário, a fim de solucionar as divergências,
ratificou-se a nova modalidade nos enunciados da V Jornada de Direito Civil e I
Jornada de Direito Comercial. Conforme retifica Marlon Tomazette (2017, p.95):
Por fim, há quem afirme que se trata de uma nova pessoa jurídica, como
o Enunciado 469 da V Jornada de Direito Civil que diz: “A empresa
individual de responsabilidade limitada (EIRELI) não é sociedade, mas
novo ente jurídico personificado.” De modo similar, o Enunciado 3 da I
Jornada de Direito Comercial, diz: “A Empresa Individual de
Responsabilidade Limitada – EIRELI não é sociedade unipessoal, mas um
novo ente, distinto da pessoa do empresário e da sociedade empresária.”.
2.3 CARACTERÍSTICAS
uma única empresa da modalidade. Por fim, pacifica a possibilidade do capital ser
nacional ou estrangeiro, de maneira que legisla a convergência do capital externo na
participação no mercado brasileiro. Conforme disserta Fran Martins (2017, p.334):
5 CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS
Resumo: Por meio dos institutos da disponibilidade1 que é uma das condições para
obtenção de registro de marcas no Brasil e do Aproveitamento parasitário2 oriundo da
concorrência desleal, o estudo que está em desenvolvimento identificou marcas
extintas que tornaram a existência, porém com titularidade diversa de sua origem, tais
como: Yopa, Varig e Picolé do China. Além dessas existem outras marcas que
também estão disponíveis e a qualquer momento podem ser registradas por qualquer
pessoa. O presente trabalho vem com objetivo de tentar responder a seguinte
problemática: Perante o sistema de registro de marcas no Brasil pode qualquer
empresa registrar marca disponível? Mesmo que esta já tenha sido de outro titular?
Palavras-chave: Aproveitamento Parasitário. Concorrência Desleal. Disponibilidade.
Marcas. Propriedade Industrial.
Abstract: Through the institutes of availability that is one of the conditions for obtaining
trademark registration in Brazil and the parasitic use arising from unfair competition,
the study that is in development identified extinct brands that have made existence,
however with ownership different from its origin, such as: Yopa, Varig and China's
Popsicle. In addition to these there are other trademarks that are also available and at
any time can be registered by anyone. The present work comes with the objective of
trying to answer the following problematic: Before the system of registry of marks in
Brazil can any company register trademark available? Even if it has already been
another Owner?
Key words: Parasitic use. Unfair competition. Availability. Trademarks. Industrial
property.
INTRODUÇÃO
1
Segundo Lélio Schmidt o principio da disponibilidade também pode ser chamado de principio da novidade, pois só está
disponível a marca que é nova, ou seja, aquela que não viola outro símbolo existente.
2
550
DESENVOLVIMENTO
OBJETIVOS
ABORDAGEM TEÓRICA
que detinham alguma fama entre os consumidores, é fato que um novo requerente
estaria usurpando-se da popularidade do signo antigo. Na hipótese de uma nova
empresa de comunicação requerer a marca Manchete3, a conquista de grande parte
de seus telespectadores se daria pelo sentimento gerado nas pessoas pela marca
extinta, a assistirem tal canal por nostalgia e acreditando se tratar das mesmas
características do antecedente.
E o professor Carlos Affonso Pereira de Souza assim sintetiza a questão:
Tal entendimento confirma que uma marca que já foi utilizada e ganhou
determinada fama, não está mais disponível, ao menos enquanto os consumidores
possam ligar aquela marca ao titular originário (SANTOS, 2007). A posição da
Propriedade Industrial é ambivalente uma vez que protege o direito do titular de dispor
de sua marca durante a vigência e não admite que o consumidor possa ser induzido
a erro quanto à origem do produto ou serviço que lhe será prestado. Um requisito
importante que deve ser analisado no presente assunto diz respeito à conduta de
qualquer requerente que agindo de boa-fé não se aproprie da marca do passado afim
de evitar que a memória do consumidor seja utilizada como forma de parasitismo.
Mais uma vez Schmidt ensina que “A própria LPI traz várias outras situações em que
a preferência deve ser respeitada, ao vedar que alguém registre como marca: (...) c)
marca que o depositante evidentemente não poderia desconhecer em razão de sua
atividade (art. 124, XXIII)”. Considera-se a percepção do autor para trazer à
possibilidade de uma proteção a marca extinta com alguma notabilidade. Segundo
Schmidt se por algum motivo a marca for extinta o titular perde o direito de
exclusividade, e isso caracterizaria a disponibilidade que neste caso entra em colisão
com o que é chamado de Aproveitamento Parasitário, isto é, uma empresa requerente
de uma marca extinta, portanto disponível, está aproveitando a fama e sucesso
ascendidos pela marca quando da titularidade de um outro agente. Gama Cerqueira
é ainda mais claro neste assunto, pois ele disserta que “A falta de renovação do
registro na época própria importa a perda da marca, que reverte para o domínio
público, podendo ser registrada por terceiros que dela queiram apropriar-se”. Todavia,
em contra ponto aos autores citados, tem o argumento que aquele que se aproveita
do esforço e reputação alheia está praticando uma espécie de parasitismo, que nada
mais é do que uma forma de má-fé. Além da credibilidade granjeada no mercado
algumas marcas extintas tiveram a capacidade de marcar a história de seus clientes.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
3
Esse fenômeno, de retornar ao mercado após longo período, ocorreu com algumas marcas como o chocolate Lollo, o biscoito
Mirabel e o eterno carro Fusca.
552
REFERÊNCIAS:
4
Lei 9.279 – art. 129, § 1º Toda pessoa que, de boa fé, na data da prioridade ou depósito, usava no País, há pelo menos 6 (seis)
meses, marca idêntica ou semelhante, para distinguir ou certificar produto ou serviço idêntico, semelhante ou afim, terá direito
de precedência ao registro.
5 Lei 9.279 - art. 154. A marca coletiva e a de certificação que já tenham sido usadas e cujos registros tenham sido extintos não
poderão ser registradas em nome de terceiro, antes de expirado o prazo de 5 (cinco) anos, contados da extinção do registro.
553
Abstract: Nowadays, systems based on artificial intelligence (AI) have been used in
the process of legal argumentation and judicial decision making. Despite the
pretension of using software for the solution of legal cases, we believe that it is
impossible to achieve the correction of a judicial decision without human activity. The
present work aims to investigate whether, considering the pertinent aspects of Alexy's
Theory of Legal Argumentation, it would be possible to grant an AI the activity of
judging, from the perspective of Searle's theories. Methodologically, the deductive
method is used in addition to bibliographic review to answer the introduced problem.
Key-words: Artificial intelligence; legal argumentation; judicial decision.
1 INTRODUÇÃO
2 METODOLOGIA
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
Grupo de trabalho:
DIREITO INTERNACIONAL
Trabalhos publicados:
INTRODUÇÃO
O Direito não é uma ciência da natureza, mas sim uma ciência social normativa,
significa que tem pretensão de atuar sobre a realidade, conformando-a em função de
certos valores e objetivos, para além, cria sistema ideais, onde não se limita a
descrever um determinado objeto como é, mas sim prescrever como ele deve ser.
565
CONCLUSÃO
econômico sustentável. Todavia, essa proteção só pode ser alcançada pela via
reflexa, considerando que as cortes dos sistemas regionais não podem julgar, de
forma direta, as violações ao meio ambiente.
Assim, mesmo com o “esverdeamento” dos direitos humanos, através das
sentenças proferidas em casos que envolvam danos ao meio ambiente, esta proteção
ainda permeia o status mínimo comparado a dimensão das preocupações globais na
esfera ambiental.
Conquanto, a cooperação internacional tem possibilidade uma inter-relação
maior, seja em questões econômicas, políticas e, até mesmo, ambientais. Assim, o
instituto da cooperação tornou-se condição sine qua non para a promoção do
desenvolvimento sustentável e proteção ambiental transfronteiço. Pois é fato que o
meio ambiente é um direito humano que ultrapassa os limites da territorialidade, logo,
não há outra formar de buscar a efetividade da sua tutela que não seja pela
cooperação internacional ambiental.
Deste modo, é necessário, não só o fomento da Cooperação como meio de
efetivação da tutela ambiental, mas também um diálogo entre as cortes de direitos
humanos ampliar a aplicação reflexa da proteção ambiental em suas decisões de
mérito.
Por fim, reitera-se que a cooperação internacional é peça-chave para o
enfrentamento de inúmeros problemas globais contemporâneos, dentre eles o meio
ambiente.
REFERÊNCIAS
Abstract: The present research aims to ascertain the responsibility of Brazil against
the Venezuelan immigrants found in conditions analogous to that of slave. The
importance of the topic comes primarily from the fulfillment of the international
commitments ratified by the country. To do so, it intends to use the investigative means
bibliographical and analysis of documents issued by government agencies and related
because of the eradication of work analogous to that of slave. The partial result of the
research is Brazil's responsibility vis-à-vis Venezuelan immigrants, especially to
decent working conditions, so that their subjection to slavery-like work must suffer
national legal consequences, as well as improving the mechanisms of combat.
Keywords: Brazil; Venezuela; Slavery.
INTRODUÇÃO
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
Resumo: A grande extensão fronteiriça do Brasil com o Paraguai contribui para que
os paraguaios sejam um dos maiores grupos de nacionalidade estrangeira presente
no País, em razão dessa expressividade, objetivou-se com esse trabalho estudar a
imigração paraguaia principalmente no que tange aos seus direitos específicos. O
estudo é documental e bibliográfico relacionado a legislação aplicada para os
imigrantes de nacionalidade paraguaia, tanto no que tange a lei interna quanto aos
Tratados Internacionais e do MERCOSUL. Desse modo, analisou-se a nova lei de
migrações, o Acordo de Livre Residência e a Declaração Sociolaboral do Mercosul.
Por fim, concluiu-se a condição de indocumentados é um dos maiores obstáculos a
efetivação de direitos, em razão disso, torna-se necessário a eliminação do
preconceito, os obstáculos burocráticos na emissão da documentação, além da
garantia do cumprimento de acordos internacionais e a promoção da cooperação e
integração entre os dois países.
Palavras-chave: Migrações Internacionais, Brasil/Paraguai, MERCOSUL
Abstract: The great border extension of Brazil and Paraguay contributes to the
Paraguayans being one of the largest groups of foreign nationality present in the
country, because of this expressiveness, the purpose of this work was to study
Paraguayan immigration, especially with regard to their specific rights. The study is
documentary and bibliographical, relating the legislation applied to immigrants of
Paraguayan nationality, both with respect to domestic law and to the International and
MERCOSUR Treaties. In this way, the new law on migration, the Free Residence
Agreement and the Mercosur Socio-Labor Declaration were analyzed. Finally, it was
concluded that the condition of undocumented persons is one of the greatest obstacles
to the realization of rights. Therefore, it is necessary to eliminate prejudice,
bureaucratic obstacles in issuing documentation, as well as ensuring compliance with
international agreements and the promotion of cooperation and integration between
the two countries.
Keywords: International Migrations, Brazil / Paraguay, MERCOSUR
1. INTRODUÇÃO
mesmo conceitos apontados pela doutrina jurídica que ainda não foram positivados,
mas englobam a discussão de direitos humanos relativo os fluxos migratórios
paraguaios.
A pesquisa se fez por meio de bibliografia com a análise de livros e demais
textos científicos; documental, em especial de relatórios de dados apresentados pela
diretamente da Pastoral do Migrante da Arquidiocese de Campo Grande, pelo Comitê
Estadual de Refugiados Migrantes e Apátridas do Mato Grosso do Sul (CERMA) e do
Paraguai e do Consulado da República do Paraguai em Campo Grande - MS. Além
disso, experiências em encontros promovidos na cidade de Campo Grande e
Dourados (Mato Grosso do Sul) de imigrantes para contato com a comunidade
paraguaia foi vivenciado pela pesquisa.
Desta forma o trabalho apresenta os fatos, elementos históricos que
caracterizam a imigração paraguaia no Brasil. Posteriormente, apresentação das
condições jurídicas no país de destino. Por fim, a discussão das restrições das
normas.
1
Referências ao regime fronteiriço constantes nos seguintes artigos da lei: Art. 1, IV, Art. 3, XVI, Art. 23, 24, 25 e 30.
575
2
Estrangeiro indocumentado é aquele que entra ou permanece num país sem ter os documentos necessários, nomeadamente,
entre outros: (a) alguém que não tem os documentos legalmente exigidos para entrar num país, mas consegue entrar
clandestinamente, (b) alguém que entra com documento falsos, (c) alguém que depois de entrar com os docume ntos
legalmente exigidos, permaneceu para além do período de permanência autorizado ou violou as condições de entrada e
permaneceu sem autorização. (OIM,2009, p.26) .
577
de saúde, tributária, consumo, civil e ecológico para estabelecer uma plataforma legal
para proteção desse estrangeiro fronteiriços, que proteja os bens de direitos humanos
em comum a todos ali vivendo.
5. CONCLUSÃO
6. REFERÊNCIAS:
Resumo: O presente trabalho tem por objetivo analisar o caso Ximenes Lopes x
Brasil, julgado pela Corte Interamericana de Direitos Humanos no dia 4 de julho de
2006, que se retrata a fatos de violação de Direitos Humanos, por parte do Estado
brasileiro em relação a um de seus cidadãos que se encontrava em condição de
deficiência mental, tendo sido internado em uma clínica credenciada pelo sistema
público de saúde. Será objeto de análise o mérito, bem como quais os fundamentos e
princípios aplicáveis no caso que justifiquem a decisão proferida pelo tribunal
internacional. Examinaremos de que forma os conceitos próprios da ordem
internacional como ordem pública universal, desenvolvimento progressivo,
normatividade internacional estão presentes in casu. Ainda, como os estudos de
alguns autores como Francisco de Vitoria, dentre outros, também encontram relações
ao caso.
Palavras-Chave: Ximenes Lopes x Brasil, Corte Interamericana de Direitos Humanos,
Direito Internacional.
Abstract: The present study aims to exam the case Ximenes Lopes x Brazil, judged
by the Inter-American Court of Human Rights in June 4th, 2006, which relates to the
violation of Human Rights by the Brazilian State of one of its citizens who had mental
deficiency. He was compulsorily admitted to psychiatric clinic accredited by the public
health system. The merit of the decision will be analyzed, and also the foundations and
principles that justify the international court's decision. We’ll exam how the concepts of
the international order like universal public order, progressive development,
international normativity are present in case. And also, how the studies of some
scholars like Francisco de Vitória and others are also related to the case.
Keywords: Ximenes Lopes x Brazil, Inter-American Court of Human Rights,
International Law.
INTRODUÇÃO
DESENVOLVIMENTO
Nos dias atuais, o Direito Internacional, objetiva focar em coisas que sejam um
problema da humanidade, nesse caso entra a proteção aos direitos humanos,
vedando, principalmente, a tortura. Portanto, são problemas comuns que afetam a
comunidade internacional, como foi o caso Ximenes Lopes x Brasil.
Primeiramente, é necessário declarar que a Carta Magna de 1988 não se
restringiu somente em assegurar direitos e partilhar competência, mas na efetivação
de princípios gerais, tornados a definir um sentido de mando da Constituição sob a
sociedade brasileira.
Desse modo, olha-se o caso com uma violação não só dos direitos humanos,
mas de direitos, também, constitucionais, pois no momento em que os princípios são
ditos como normas que devem reger a sociedade eles devem ser respeitados na
mesma proporção que as competências e outros direitos que são assegurados na
Constituição Federal.
Dessa forma, percebe-se que houve uma violação do princípio da prevalência
dos direitos humanos, uma vez que o mesmo é um princípio fundamental que deve
reger o convívio interno e externo. Tal violação é presente no sentido de que o Brasil
deveria opor-se aos Estados que desrespeitarem os direitos humanos, entretanto isso
não foi feito, visto que o Brasil alegou uma falta de recursos internos na instituição em
que o mesmo se encontrava internado. Portanto, se isso realmente estava
acontecendo, não se sabe por quais motivos estes vícios não foram sanados ou no
mínimo procuraram tomar providências sobre o assunto, fato que o descaso levou
uma pessoa a óbito.
Para ratificar esse pensamento de respeito ao direito Internacional e Direitos
Humanos, vale lembrar que o Brasil é signatário do Pacto de São José da Costa Rica
desde 1992, determinando o cumprimento total dos direitos disciplinados no pacto
supracitado. Somado a isso, o Brasil também é signatário do Pacto Internacional dos
Direitos Econômicos, Sociais e Culturais desde 1992 e este pacto também foi violado,
uma vez que em seu artigo 12, D do pacto supramencionado é defendido o direito à
saúde como direito humano, principalmente a asseguração de tratamentos de
assistência médica nos casos de enfermidade, algo que claramente não foi garantido
ao senhor Damião:
Diante disso, é preciso analisar a violação, também, à Convenção Americana,
posto que houve uma lesão ao direito à vida e a integridade física da pessoa. Além
disso, todos os Estados que circunscritos possuem o dever de garantir os cuidados
médicos eficientes aos que possuem algum problema mental. Devido a condição
mental, o emocional dessas pessoas fica extremamente debilitado, principalmente
pelo fato da desproporcionalidade de poderes entre os membros que trabalham na
instituição e os pacientes. Vale ressaltar, que muitos não possuem paciência e o
583
cuidado necessário com essas pessoas, como foi o caso do senhor Damião,
ocasionando em violações aos direitos humanos das mesmas, visto que sua
integridade psicológica e mental foi contrariada, tal qual o artigo 5.1 da Convenção
Americana defende:
jurista espanhol que, ao criar uma obra crítica sobre a conquista da América pela
Espanha no século XVI, acabou por, involuntariamente, fornecer um arcabouço inicial
para as noções atuais de conceitos próprios de uma ordem jurídica internacional, tal
como soberania, dignidade humana e comunidade internacional. No caso, quando
falamos do poder vinculante da decisão e o impacto que essa causa no ordenamento
interno do país, não se afasta a noção de soberania nacional.
Da mesma forma, também é de Francisco de Vitória as primeiras formulações
acerca do conceito de jus cogens no Direito Internacional. Trata-se, por definição, da
natureza das normas internacionais, elas possuem natureza jus cogens, ou seja, são
de observância obrigatória por parte dos Estados. Isso se dá, pois, normas e
regulamentos internacionais se dão através de instrumentos de debate e negociação
entre os Estados, logo, tendo sido acertadas pelos próprios Estados, estes se
comprometem em cumpri-las ou assegura-las, visto que concordaram com a edição
das mesmas.
Sobre esse vinculação normativa, ao falar dos tratados espeficamente, Mateus
Kowalski1, afirma que:
1
KOWALSKI, Mateus. A "ordem pública universal" como fim da história?. Boletim da faculdade de Direito. Coimbra, 2012. Pag.
8
585
2
KOWALSKI, Mateus. A "ordem pública universal" como fim da história?. Boletim da faculdade de Direito. Coimbra, 2012. Pag.
6
3
KOWALSKI, Mateus. A "ordem pública universal" como fim da história?. Boletim da faculdade de Direito. Coimbra, 2012.
Pag. 6
586
ainda mais a adesão dos Estados às pautas internacionais de proteção aos Direitos
Humanos, Sociais, Políticos e Civis. Não se ausenta, na realidade jurídica brasileira,
tal conjectura. Baseando-se no presente caso em análise Ximenes Lopes x Brasil,
vemos que houve violação de direitos e posterior omissão por parte do Estado
brasileiro quanto ao seu cidadão, que possuía a condição de ser deficiente mental. A
condenação do Brasil por violação a tais direitos ocasionou, ainda que indiretamente,
discussões acerca do tema e uma reorientação legislativa, que posteriormente gerou
a criação do Estatuto da Pessoa com Deficiência (Lei n. 13.146/2015) que, de acordo
com o art. 1o da própria lei:
CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS
INTRODUÇÃO
Com efeito, cabe a cada Estado velar pelo respeito à lei penal em seu
respectivo território (...). Entretanto, a internacionalização da vida atual
implica que o exercício do poder punitivo estatal pode depender de atos
praticados em outros Estados. (...). A cooperação jurídica no campo penal
é realizada por meio de institutos tradicionais, como as cartas rogatórias,
a homologação de sentenças estrangeiras e a extradição. Entretanto,
podem também os estados recorrer a novas ferramentas de cooperação
jurídica internacional como o chamado “auxílio direto”, as autoridades
centrais ou as redes de cooperação. Cabe destacar que todas essas
ferramentas podem ou não ser objeto de tratados, podendo ser reguladas
por outros instrumentos internacionais que configurem mero soft law ou
pela lei interna (PORTELA, 2016, p. 544-545).
591
1
O Código de Processo Civil de 2015, a fim de evitar controvérsias, consignou expressamente a possibilidade em seu Capítulo
II, referente à cooperação internacional: “Art. 26, § 1o Na ausência de tratado, a cooperação jurídica internacional poderá realizar-
se com base em reciprocidade, manifestada por via diplomática”.
593
CONCLUSÃO
2
Art. 15. Será executada no Brasil a sentença proferida no estrangeiro, que reúna os seguintes requisitos:
a) haver sido proferida por juiz competente;
b) terem sido as partes citadas ou haver-se legalmente verificado à revelia;
c) ter passado em julgado e estar revestida das formalidades necessárias para a execução no lugar em que foi proferida;
d) estar traduzida por intérprete autorizado;
e) ter sido homologada pelo Supremo Tribunal Federal (vide art. 105, I, “i”, CF). (BRASIL, 1942).
3
Art. 6º, §10 – “10 - Se a extradição solicitada com o propósito de fazer cumprir uma condenação, for denegada, porque o
indivíduo objeto da solicitação é nacional da Parte requerida, esta, se sua legislação assim o permitir, e de acordo com as
determinações da legislação em questão, e a pedido da parte requerente, considerará a possibilidade de fazer cumprir a
pena imposta, ou o que resta da pena ainda a cumprir, de acordo com a legislação da Parte requerente.”.
4
Art. 16, §12 - Se a extradição, pedida para efeitos de execução de uma pena, for recusada porque a pessoa que é objeto deste
pedido é um cidadão do Estado Parte requerido, este, se o seu direito interno o permitir, em conformidade com as prescrições
deste direito e a pedido do Estado Parte requerente, considerará a possibilidade de dar execução à pena que foi aplicada
em conformidade com o direito do Estado Parte requerente ou ao que dessa pena faltar cumprir.
5
Art. 44, §13 - Se a extradição solicitada com o propósito de que se cumpra uma pena é negada pelo fato de que a pessoa
procurada é cidadã do Estado Parte requerido, este, se sua legislação interna autoriza e em conformidade com os requisitos da
mencionada legislação, considerará, ante solicitação do Estado Parte requerente, a possibilidade de fazer cumprir a pena imposta
ou o resto pendente de tal pena de acordo com a legislação interna do Estado Parte requerente.
594
REFERÊNCIAS
1 INTRODUÇÃO
1
Segundo Matias e Martins, o Brasil é parte da “Convenção sobre a Migração para o trabalho de 1949 (n.º 97), baseada na
igualdade de tratamento de nacionais e imigrantes legais em matéria laboral e da Convenção n.º 19 da OIT de 1925 que versa
sobre a “igualdade de tratamento dos trabalhadores estrangeiros e nacionais em matéria de indenização por acidente de
trabalho”. Além disso, se cita a Declaração sobre os Direitos Humanos dos Indivíduos Que Não São Nacionais Do País Em Que
Vivem, aprovada pela Assembleia Geral da ONU em 1985, por meio de sua Resolução 40/144. Sem contar da também, a
Declaração dos Direitos Humanos e seus demais instrumentos que regem sobre a migração.
598
3 CONCLUSÃO
13.445/2017, que trata as migrações como fato social orientado pela ótica dos direitos
humanos.
Sendo assim, se identificou nas análises comparativas entre a convenção e a
nova Lei de Migração uma complementariedade em que a primeira poderia trazer à
segunda com a ratificação da CPDTM pelo Estado brasileiro. Ademais, tornando o
país signatário de tal do documento, haveria não somente a consolidação do
compromisso internacional com a humanização da política migratória, mas também
uma maior eficácia da Lei 13.445/2017, no que diz respeito ao amparo legal de
proteção, juntamente com a CPDTM e a Constituição Federal, em particular §3º do
art. 5º.
4 REFERÊNCIAS
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Queiroz. Os Vetos à Nova Lei de Migração Brasileira. A Interpretação como um passo
necessário. Migrações Sul-Sul, Campinas – SP, v. 2ª ed, p. 597-608, jan. 2018.
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2018/2017/Lei/L13445.htm#art124>. Acesso em: 06 set. 2018
_______. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Disponível em:
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set. 2016.
COSTA, Luiz Rosado; AMARAL, Ana Paula Martins. CONGRESSO
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16 p. No prelo.
COSTA, Luiz Rosado. A construção de uma fase de direitos humanos na política
migratória brasileira. 2018. 115 f. Dissertação (programa de pós-graduação em
Direito) – Faculdade de Direito, Universidade Federal de Mato Grosso do Sul.
LIMA, Georgia Marina Oliveira Ferreira de. A proteção dos direitos humanos dos
migrantes laborais em situação irregular no Brasil: análise do caso dos bolivianos
explorados pela Zara. 2016. 101 f. Dissertação (Mestrado em Direitos Humanos,
Cidadania e Políticas Públicas) - Universidade Federal da Paraíba, João Pessoa,
2016.
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de imigração. 1ª. ed. R. Álvaro Coutinho, 14, 1150-025, Lisboa: Alto-comissariado
Para A Imigração e Diálogo Intercultural (acidi, I.P.), 2007. 178 p. Disponível em:
<https://www.om.acm.gov.pt/documents/58428/177157/OI_25.pdf/79828442-8a2a-
4e5a-9a92-9424f3e96c2f>. Acesso em: 02 out. 2018.
ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS. Os direitos dos trabalhadores migrantes
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_______. Convenção Internacional sobre a Protecção dos Direitos de Todos os
Trabalhadores Migrantes e dos Membros das suas Famílias, adotada pela Resolução
45/158 da Assembléia Geral da ONU em 18 de dezembro de 1990. Disponível em:
<http://acnudh.org/wpcontent/uploads/2012/08/Conven%C3%A7%C3%A3oInternaci
602
onalpara-aProte%C3%A7%C3%A3o-dos-Direitos-Humanos-de-todos-os-
Trabalhadores-Migrantes-e-Membros-de-suas-Fam%C3%ADlias.pdf>. Acesso em 19
jun. 2016.
RAMOS, André de Carvalho. Direitos humanos são eixo central da nova Lei de
Migração. Revista Consultor Jurídico, 26 de maio de 2017. Disponível em:
<http://www.conjur.com.br/2017-mai-26/andre-ramos-direitos-humanos-sao-
eixocentral- lei-migracao> Acesso em 20 jun 2018
VEDOVATO, Luis Renato; ASSIS, Ana Elisa Spaolonzi Queiroz. Os Vetos à Nova Lei
de Migração Brasileira. A Interpretação como um passo necessário. Migrações Sul-
Sul, Campinas – SP, v. 2ª ed, p. 597-608, jan. 2018.
603
Abstract: This article is the result of an ongoing research project entitled "The
Migration Dynamics of Traditional Border People in the State of Mato Grosso do Sul
and the Reflexes of Veto Message No. 163/2017". The article starts with the formation
of the State and its impact on traditional populations, seeking to understand the
concepts of frontier and human mobility in a legal-anthropological bias. The research
will analyze the Brazilian land policy within the national security doctrine of Vargas
State and verify some distortions that interfered in the sphere of traditional peoples in
the border region of the State of Mato Grosso do Sul, taking into account that Brazil is
signatory of several international agreements and treaties that deal with the rights of
traditional peoples. In the hypothesis, we try to dissociate the mobility of the traditional
peoples from the idea of migration. Through bibliographic research the article will seek
to reach the goal.
Keywords: State formation. Traditional People. International Treaties.
INTRODUÇÃO
1
Princípio do Direito Romano denominado uti possidetis. (nota dos autores).
2
A Convenção n° 169, sobre povos indígenas e tribais, adotada na 76ª Conferência Internacional do Trabalho em l989, revê a
Convenção n° 107. Ela constitui o primeiro instrumento internacional vinculante que trata especificamente dos direitos dos povos
indígenas e tribais. A Convenção aplica-se a povos em países independentes que são considerados indígenas pelo fato de seus
habitantes descenderem de povos da mesma região geográfica que viviam no país na época da conquista ou no período da
colonização e de conservarem suas próprias instituições sociais, econômicas, culturais e políticas. (nota dos autores)
605
DESENVOLVIMENTO
CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS
Grupo de trabalho:
DIREITO PENAL E
CRIMINOLOGIA I
Trabalhos publicados:
Abstract: Due to the Mariana Mining Disaster, facing that there was no fortuitous
event, it was known that Samarco (a company) would be accused of environmental
crimes. This would be possible because the Constitution (article 225, §3º) and the Bill
9.605/98 (article 3º) admit corporation criminal responsibility. Thus, a question arises:
considering how important is to preserve the environment, may be granted the
corporation criminal responsibility? Since the importance of biodiversity preservation,
it was obtained the reason why it was included the corporation criminal responsibility
in the written text of the Constitution and the Bill above mentioned. Subsequently, it
was exposed the inapplicability of some elements of criminal theory to corporations.
The deductive approach, the monographic procedure method and bibliographical and
documentary research techniques were applied in this paper. It was observed that
corporation criminal responsibility cannot be admitted inasmuch as corporations are
not capable of practicing crimes by themselves.
Keywords: biodiversity; environmental crimes; criminal corporation responsibility.
INTRODUÇÃO
1
A autuação à empresa pelo fato deu-se por tornar área urbana imprópria para ocupação humana; por provocar o perecimento
de espécimes das biodiversidades (fauna e recursos pesqueiros); por causar poluição no rio Doce, nos estados de Minas Gerais
e Espírito Santo, em razão dos rejeitos de mineração de ferro, provocando a mortandade de animais e risco à saúde humana;
por lançar resíduos sólidos e líquidos na água do rio Doce, em desacordo com as exigências estabelecidas em leis ou atos
normativos; e por causar poluição hídrica com carreamento de rejeitos de mineração, gerando a interrupção do abastecimento
público de água a 50 milhões de pessoas. Todos os dados mencionados constam no laudo técnico preliminar do IBAMA (BRASIL,
2015)
2
Vide: Recurso Extraordinário nº. 548.181 do Supremo Tribunal Federal e Recurso Ordinário em Mandado de Segurança
39.173 do Superior Tribunal de Justiça.
613
3
São eles: floresta amazônica, maior floresta tropical úmida do mundo; o Pantanal, maior planície inundável; o Cerrado, com
suas savanas e bosques; a Caatinga, composta por florestas semiáridas; os campos dos Pampas; e a floresta tropical pluvial da
Mata Atlântica.
4
São eles: recifes de corais (os quais, segundo Connel (apud SHIVA, 2003, p. 86) são comparados “a florestas tropicais em
termos de diversidade”), dunas, manguezais, lagoas, estuários e pântanos.
5
Até o presente, são mais de 103.870 espécies animais e 43.020 espécies vegetais, ao longo de uma costa marítima de 3,5
milhões de quilômetros quadrados (BRASIL, 2018).
614
não pode ser interpretado em sua literalidade, mas sim sistematicamente, ou seja, em
conjunto com todos os demais dispositivos de interesse da seara penal constantes
nos demais dispositivos da CRFB/88. Com isto, extrair-se-ia que somente estaria
autorizada a responsabilização penal de pessoas físicas. Para esta segunda corrente
de pensamento, dever-se-ia ler o artigo da seguinte forma: “as condutas e atividades
consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitarão os infratores pessoas físicas a
sanções penais e pessoas jurídicas a sanções administrativas, independentemente
da obrigação de reparar os danos causados”.
Entretanto, deve-se averiguar se a pessoa jurídica se encaixa nas categorias
da teoria do delito, cujos pressupostos foram sendo desenvolvidos ao longo dos
últimos dois séculos, a fim de posicionar-se favorável ou contrário à responsabilização
penal da primeira. Apesar de múltiplos serem os sistemas penais, adota-se, apenas
porque é majoritário na doutrina penal brasileira, o finalismo. Neste sistema penal, o
delito é formado pela união das categorias fato típico, antijuridicidade e culpabilidade
(JUNQUEIRA, 2016). Não preenchido quaisquer dos elementos que constituem estas
categorias, não haverá infração penal. Por se tratar de um resumo expandido, realizar-
se-á a análise do tema apenas sob o viés da primeira categoria, qual seja, do fato
típico, tendo por caso paradigma o rompimento da Barragem de Mariana.
De imediato, nota-se que, no caso modelo, é sobeja a presença de tipicidade
material, ou seja, ofensividade na conduta, na exata medida em que vários bens
jurídicos penalmente relevantes (em menção genérica: o meio ambiente, a vida e a
propriedade) foram atingidos em grau infinitamente superior ao tolerável. Além disto,
também se cuida a presença de resultados naturalísticos (já referidos). Estes
elementos, porém, não excluem, mas também não ratificam a responsabilidade penal
da pessoa jurídica.
Por outro lado, o mesmo não se passa quanto aos elementos mais relevantes
do fato típico, a conduta. Com efeito, o fato típico necessita que, além do resultado
jurídico dotado de ofensividade, este tenha sido ocasionado por uma conduta que
carregue o predicativo da “vontade” por parte do sujeito ativo (DÍAZ PITA, 2014, p.
09). Destarte, exige-se que, para haver conduta, o sujeito ativo pratique livremente a
ação ou omissão no pleno uso de suas faculdades mentais, autorizando, assim, uma
resposta punitiva estatal pelo ato. Pergunta-se, retoricamente: a pessoa jurídica,
qualquer que seja ela, tem este predicativo? A resposta é negativa. O ente moral tem
“existência puramente fictícia, irreal ou de pura abstração” em razão de autorização
legislativa (PRADO, 2013, p. 130), não possuindo, assim, vontade própria. Ora, se for
retirada a ação humana para criar uma pessoa jurídica, esta jamais se constituirá
sozinha; se for retirada a ação dos dirigentes para determinar a realização de uma
atividade em nome da pessoa jurídica, esta nunca tomaria uma decisão ou levaria a
cabo qualquer conduta.
Portanto, todo ato praticado a pretexto de mando da pessoa jurídica é
unicamente o efeito das deliberações de seus dirigentes. Logo, tecnicamente, para o
Direito Penal, aquela sem a força motriz dos últimos é um nada, está no limbo.
Destaque-se que, em regra, os adeptos da possibilidade da capacidade de ação da
pessoa jurídica apontam para a existência de uma vontade coletiva, firmada em
reuniões e deliberações, a qual viria a produzir o que se denomina de “ação
institucional” (SANTOS, 2013, p. 280). Entretanto, tal vontade coletiva não se
confunde e nem é sinônimo da vontade consciente e livre, a qual é parte integrante
do elemento “ação”, que pertencente à categoria da tipicidade do conceito analítico
do delito (SANTOS, 2013, p. 280). É dizer: a vontade coletiva não tem a capacidade
de outorgar ao ente moral uma capacidade psicossomática de autodeterminação para
616
agir – algo que somente pessoas físicas no uso de suas faculdades mentais têm –,
razão pela qual também não se pode querer imputar responsabilidade penal à pessoa
jurídica.
A corroborar tal posicionamento, Rodriguez Mourullo (apud PRADO, 2013, p.
132) aduz que
[...] não é a pessoa jurídica que conclui por si mesma contratos, mas sim
fica vinculada pelos contratos que celebram em seu nome as pessoas
individuais que atuam como seus órgãos. Mas o fenômeno da
representação não tem cabimento em relação aos sujeitos ativos do delito.
Para que alguém pratique delito é necessário que tenha realizado
pessoalmente a ação penalmente cominada.
A pessoa jurídica não tem consciência e nem intenção própria, não é um ente
vivo que minimamente pense ou intencione o que quer que seja de maneira que não
há forma de atribuir dolo ou culpa a ela. É dizer: ainda que seja possível que normas
penais sejam infringidas a partir de comandos dados em nome de uma pessoa
jurídica, cujos reais responsáveis são seus administradores, o ente moral não tem
nem o elemento cognitivo e nem o volitivo, motivos necessários e suficientes para se
aduzir que não tem dolo e nem culpa (PRADO, 2013, p. 137).
Portanto, em resumo, a pessoa jurídica não é capaz de praticar fato típico e,
assim, tampouco, ser autora de delito. O trabalho não comporta abordar as duas
617
outras categorias com a devida profundidade, mas vale dizer que a pessoa jurídica
também não atende aos elementos da culpabilidade e nem da antijuridicidade. Em
razão de tamanhas obviedades, tentam os defensores da responsabilização penal da
pessoa jurídica reverter a situação afirmando que se faz necessária uma nova
edificação dogmática para a teoria do delito, uma modernização em sua estrutura,
porque tal modalidade de responsabilização é uma opção política que precisa ser
respeitada (DOTTI, 2013, p. 19; ROCHA, 2013, p. 11).
Ora, verdade seja dita, o que se chamou de “modernização” não passa de uma
tentativa de legitimar o que não tem razão de ser (responsabilizar criminalmente o
ente moral). Refuta-se, portanto, está pretensa ideia de “modernização”. Ademais (e
por fim), crer que os crimes de uma sociedade são mero produto de opções políticas
é dar o primeiro passo para a positivação de tipos de autor, o que não pode ser
tolerado em uma sociedade democrática e pluralista.
Portanto, com segurança, pode-se afirmar o desajuste técnico-jurídico de
responsabilizar a pessoa jurídica na seara criminal.
CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS
618
criminal?. In: DOTTI, René Ariel; PRADO, Luiz Regis (Coord.). Responsabilidade
Penal da Pessoa Jurídica: em defesa do princípio da imputação penal subjetiva. 4.
ed. rev. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2013, p. 219-235.
SANTOS, Juarez Cirino dos. Responsabilidade Penal da Pessoa Jurídica. In: DOTTI,
René Ariel; PRADO, Luiz Regis (Coord.). Responsabilidade Penal da Pessoa
Jurídica: em defesa do princípio da imputação penal subjetiva. 4. ed. rev. São Paulo:
Revista dos Tribunais, 2013, p. 275-292.
SHECAIRA, Sérgio Salomão. Responsabilidade Penal da Pessoa Jurídica. 2. ed.
São Paulo: Método, 2003.
SHIVA, Vandana. Monoculturas da Mente: perspectivas da biodiversidade e da
bioecologia. Traduzido por Dinah de Abreu Azevedo. São Paulo: Gaia, 2003.
SIRVINKAS, Luis Paulo. Tutela Penal do Meio Ambiente. 3 ed. atual. rev. São Paulo:
Saraiva, 2004.
620
Abstract: The present study deals with the so-called "Risk Society" - theory presented
by the sociologist Urlrich Bech - and its connection with modern criminal science. To
the extent that new risks are emerging, the field of criminal science has begun to
protect new legal types, which has caused great changes in relation to classic
dogmatics. Based on the concepts of the "Risk Society", this study sought, through
analysis of the bills submitted and approved in the National Congress after the
promulgation of the current Magna Carta, to point out the presence of institutes linked
to the theory - Criminal Law of the Enemy, Criminal Expansionism, Symbolic Criminal
Law, among others - in the Brazilian legal norms in criminal matters, with the purpose
of verifying possible distancing between the "modern" criminal study and basic
principles of classic criminal dogmatics, such as legality, subsidiarity, dignity , among
others.
Key words: Risk Society, Criminal Policy, Congress.
INTRODUÇÃO
MATERIAIS E MÉTODOS
RESULTADOS E DISCUSSÃO
11 11 11 11
8 8 8
7 7
6 6 6 6
5 5 5 5 5 5
4 4 4 4
3 3 3 3 3
2 2
1
1991
1992
1988
1989
1990
1993
1994
1995
1996
1997
1998
1999
2000
2001
2002
2003
2004
2005
2006
2007
2008
2009
2010
2011
2012
2013
2014
2015
2016
2017
2018
Diferentemente do que se imaginava, a pesquisa dos projetos de lei
posteriormente aprovados não apontou de forma quantitativa um crescimento de
normas penais propostas ao passar dos anos. O que se obteve como resposta é que
as proposituras foram maiores nos primeiros anos de governo. Não necessariamente
porém, a presença de certo expansionismo das normas penais deixou de ser notada.
Na visão de Hassemer (1995), o expansionismo não só deve ser interpretado somente
como marca de um crescimento exacerbado da atividade legislativa, mas sobretudo
na proliferação de novos bens jurídicos, principalmente com a tutela de crimes de
perigo abstrato. Nesse aspecto, cabe mencionar que das 172 normas apresentadas e
aprovadas 85 diziam sobre novos crimes e formas de procedimento. Menciona-se que
a pesquisa vai ao encontro do proposto por Hassemer (1995), mas também aponta
novas configurações integradas á política penal expansionista. Em estudo
semelhante, Campos (2014, p.06) também faz referência ao que fora constatado
neste caso, qual seja, de que
A crítica aqui se faz ao crescente número de crimes enquadrados no rol, o que leva a
perspectiva de que cada vez mais a criminologia trará os sujeitos delitivos dos mais
variados tipos penais como inimigos, aumentando as sanções impostas, sem tentar
utilizar de outras políticas públicas para uma melhoria geral.
Também na esteira dos Crimes Hediondos, há aqui outro instituto vinculativo à
teoria base da pesquisa, qual seja, o crescente número de Leis penais simbólicas,
criadas como forma de resposta à sociedade, mas sem eficácia alguma. A criação do
crime de feminicídio e Homicídio funcional e a inclusão de ambos no rol de Crimes
Hediondos é exemplo notório, uma vez que tanto o homicídio em razão do gênero,
quanto em razão da atividade policial, já estão incluídos no rol desde a origem da
criação da Lei, qual seja o motivo fútil/torpe. Outras 8 normas também possuem
resquícios de simbolismo, todas elas nos últimos 10 anos, o que compreende uma
tendência a utilizar-se do referido instituo hodiernamente como forma de satisfazer a
sensação de segurança social, sem contudo solucionar os problemas.
Por fim, cabe mencionar outras considerações a respeito de outras teorias
correlacionadas à teoria do risco, como a do etiquetamento social, presente em 6
Projetos de Leis, dentre eles o de identificação criminal por diversos meios
(PL2458/11), e a criação de normas que aumentam as penas (foram 47 Projetos de
Lei), muitas vezes quando nem deveriam ser tuteladas por políticas criminais.
Constatações também devem feitas em relação à dificuldade do legislador em tipificar
os crimes de preconceito racial/religião/etnia (Foram 7 Projetos de Lei Aprovados), e
ao projeto de lei 1164/91, que possui verdadeiras aberrações jurídicas. O aumento de
pena em caso de crimes ambientais serem cometidos aos fins de semana (ao invés
de se simplesmente aumentar a fiscalização por órgãos públicos, se tutela
penalmente), o quantum de pena de pesca em período ilegal ser semelhante ao crime
de sequestro (art. 148 CP), bem como a destruição de plantas do poder público ( outra
tendência vista: a de substituição de sanções meramente administrativas por penais,
como também vistos nos crimes relacionados à tributos/economia), podem ser
exemplificados.
CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS
JAKOBS, Günther. Direito penal do cidadão e direito penal do inimigo. In: ______
e MELIÁ, Manuel Cancio. Direito penal do inimigo: noções e críticas. Porto Alegre:
Livraria do Advogado, 2009.
SILVA SÁNCHEZ, Jesús-Mariá. A expansão do direito penal: aspectos da política
criminal nas sociedades pós-industriais. Tradução de Luiz Otavio de Oliveira
Rocha. Revisão de Luiz Flávio Gomes. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2002.
Capítulo de livro: BECK, Ulrich. Sociedade de risco: rumo a uma outra modernidade.
São Paulo: editora 34, 2010.
626
Abstract: Public Policy involving public security and drug trafficking can be analyzed,
from their faction groups, according to Critical Criminology. In this sense, the objective
of this research is to present the analysis of the structure and performance of criminal
factions in Amazonas, mainly regarding the disputes between the Família do Norte
(FDN) and Comando Vermelho (CV). The research was used as a methodology in
multidisciplinary bibliographic sources; doctrinal, legal and news. Therefore, it can be
concluded that the State's omission with basic services does not exist at the moment
of penalizing, therefore, it is necessary to establish alternative control measures for
drug trafficking. It is necessary to have non-punitive social control that is prior to
punishment and to intervene in the causes of crime, for example, to better develop
quality education and reduce poverty.
Keywords: critical criminology; drug traffic; Amazonas.
INTRODUÇÃO
art. 33, essa tipifica o delito de “importar ou exportar, preparar, produzir etc. “drogas”,
sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar” (JESUS,
2011, p. 65).
A partir dessa evolução histórica do ordenamento jurídico brasileiro, deve-se
indagar sobre as consequências do delito do tráfico de drogas na sociedade. Nesse
sentido, a criminologia é essencial, pois estuda o delito como fenômeno social. Isto é,
ao analisar a forte repressão ao tráfico de drogas, essa leva em consideração
indagações como qual o conjunto de fatores que leva o sujeito a delinquir, assim como
quais os efeitos sociais do Direito Penal.
O objeto da criminologia é o estudo empírico e interdisciplinar do delito, do
delinquente, da vítima e do controle social do delito (SCHECARIA, 2012, p. 44). Logo,
é ciência empírica e interdisciplinar, que se ocupa do estudo do crime, da pessoa do
infrator, da vítima e do controle social do comportamento delitivo (MOLINA; GOMES,
2002, p. 30).
Dentre as mais significativas abordagens criminológicas, destaca-se a
revolução teórica e prática trazida pela chamada criminologia crítica, que tem origem
na obra Punição e Estrutura Social, de Rusche e Kirchheimer, publicada originalmente
em 1939. Segundo Smanio e Fabretti (2016, p. 89), a criminologia crítica pergunta
quais os critérios ou mecanismos de seleção das instâncias de controle social, que é
o conjunto articulado de instâncias de produção normativa e de estruturas de reação
da sociedade. Logo, o objeto de análise é o conjunto de relações sociais, observadas
as estruturas econômicas e jurídico-políticas do controle social.
Logo, a partir da análise empírica e interdisciplinar da criminologia crítica,
indaga-se por que o Direito Penal, apesar de ser último e mais grave instrumento de
controle social ao tráfico de entorpecentes e drogas afins, não foi suficiente para
impossibilitar a estruturação de grandes facções de narcotraficantes, tampouco para
neutralizar o poder dessas nas comunidades mais carentes, realidade vivenciada pelo
Amazonas.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
632
REFERÊNCIAS
Resumo: O presente trabalho objetiva analisar quais são os órgãos reguladores das
substâncias químicas, bem como quais as suas funções e como tais aspectos
interferiram na lei 11.343\2006. O tema central da pesquisa consiste na análise do
artigo 28 dessa lei, da manutenção da criminalização da conduta, e em que aspectos
esse artigo específico da lei pode ser inconstitucional. O trabalho traz uma análise do
artigo 28 da lei e do julgado pela 1ª Turma do Supremo Tribunal Federalque apreciou
o RE 430105/QO/RJ. De que forma a ilicitude da droga pode ser pior que a droga em
si e quais os efeitos da “guerra as drogas”. A metodologia utilizada foi a pesquisa
bibliográfica aliada à análise do referido artigo da lei. Como método de
investigação se utilizou o método dedutivo.
Palavras-chave: Lei nº 11.343\06, Direito Constitucional, Direitos e Garantias
Fundamentais.
Abstract: The present work aims to examine what are the regulatory bodies of the
chemicals, as well as their functions and how these aspects interfered with the 11.343
Act 2006. The central theme of the research consists of the analysis of article 28 of
this law, of the maintenance of the criminalization of the conduct, and in what respects
this specific article of the law can be unconstitutional. The work brings an analysis of
article 28 of the law and of the judged by the first class of the Supreme Court who
appreciated the RE 430105/QO/RJ. How the drug unlawfulness can be worse than the
drug itself and what the effects of "war on drugs". The methodology used was the
bibliographical research allied to the analysis of the aforementioned article of the LAW.
As a method of investigation, the deductive method was Used.
Key words: Law nº 11.343\06, Constitutional Law, Fundamental Rights and
Guarantees.
INTRODUÇÃO
Por fim, foi realizada uma análise dos aspectos e direitos fundamentais que
eventualmente são desrespeitados por esse artigo e como esse desrespeito pode ser
inconstitucional, inclusive, se esse fato pode ou não afetar a honra do indivíduo e
porque as pessoas procuram as drogas qual é o gatilho que pode causar tantos
problemas sociais e individuais.
DESENVOLVIMENTO
Destarte, cabe uma crítica a Lei n. 11.343/06, que trata o usuário de uma forma
diferente do traficante, mas isso se manifesta apenas como mais uma forma de
segregação e exclusão, bem como uma forma que expressa a conduta do
encarceramento maciço que segundo Nilo Batista (1990, p. 196):
CONCLUSÃO
com diversos problemas e é substituível por qualquer outra fonte de prazer como sexo
ou consumo compulsivo.
É necessário que exista conscientização de que não existe outro caminho para
salvaguardar a dignidade humana e o estado democrático de direito se o fenômeno
ingestão drogas não começar a receber um tratamento diferenciado, devemos
aprender a aceitar que já convivemos com isso.
Mudar é necessário e precisamos mudar para melhor. Resta cabalmente
comprovado que essa “guerra às drogas” está perdida há muito tempo e, precisamos
admitir que talvez a forma como o assunto foi transmitido ao mundo pode ter sido
equivocada.
Por fim, conclui-se que o referido artigo da lei é inconstitucional no tocante ao
direito a intimidade e a vida privada do indivíduo, bem como sobre a ótica do principio
da lesividade não se justificando intromissão estatal na vida privada do indivíduo.
Desta forma, fica patente a inconstitucionalidade do art. 28 da Lei de Drogas, por
violação aos princípios da igualdade (CF, art. 5, caput), da inviolabilidade da
intimidade e da vida privada e do respeito à diferença (CF, art. 5, X), razão pela qual
não há como se impor uma pena ao indivíduo que incorre em tal conduta.
REFERÊNCIAS
1 INTRODUÇÃO
1
Gabriekl Adriasola afirma que existem três tipos de modelos de regulação do aborto: O primeiro em que há prazos em que o
aborto torna-se licito por decisão da mulher ou com o cumprimento de alguns requisitos mínimos; O segundo é um modelo em
que o aborto é proibido, mas há na lei alguns casos em que se permite a prática do aborto; e o terceiro que é o chamado modelo
intermediário ou de assessoramento (ADRIASOLA, 18-19).
2
Sobre o assunto ver: L. Mirarchi, Aborto. Buenos Aires: Universidad de Buenos Aires, Facultad de Derecho em
http://bioetica.bioetica.org/mono4.htm.
3
Adotei o termo sancionar porque a lógica desse modelo é que em regra o aborto não é permitido, assim, quando não houver
permissão legal deve-se penalizar o autor. Contudo, essa pesquisa não visa fazer um estudo comparado amplo para afirmar se
essa sanção será penal ou não.
4
O livro organizado pela Organização Mundial da Saúde afirma com base em dados estatísticos que a ampla maioria dos
chamados países em desenvolvimento utilizam um sistema em que o aborto não é permitido (OMS, p.18).
5
Na Colômbia é possível o aborto em caso de violência, de perigo a saúde da mulher comprovado por um laudo medico e má
formação do feto e no México, a regulamentação fica a cargo de cada um dos entes federativos, mas, com exceção do Distrito
Federal todos os entes adotam o sistema causal (ADRIASOLA,p. 21).
6
Em Hong Kong o fato de a genitora ser adolescente é por si só uma causa que justifica o aborto já que a gravidez poderia
ensejar perigo à saúde da mãe. Na França e na Holanda é possível o aborto em caso de angústia que prejudique a saúde mental
da mulher. Na Hungria é possível o aborto para àquelas mulheres que não possuam moradia (ADRIASOLA, p20 e 21).
7
A jurisprudência brasileira traz casos diversos sobre a possibilidade do aborto, contudo, há que se ressaltar que no caso do
aborto de bebe anencéfalo o Supremo Tribunal Federal na análise da Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental nº
54 possibilitou o que ele denominou de antecipação terapêutica do parto e não o aborto. Acessado no site:
http://www.stf.jus.br/portal/geral/verpdfpaginado.asp?id=339091&tipo=TP&descricao=ADPF%2F54 em 06/06/16.
8
O Código Penal traz como permissões legais o aborto necessário e o aborto ocorrido em virtude de estupro (art. 128). Art. 128
- Não se pune o aborto praticado por médico: Aborto necessário: I - se não há outro meio de salvar a vida da gestante; Aborto
no caso de gravidez resultante de estupro: II - se a gravidez resulta de estupro e o aborto é precedido de consentimento da
gestante ou, quando incapaz, de seu representante legal.
642
nascido. O autor9 diz ainda que para alguns teóricos a adoção deste modelo se
fundamentava no artigo 4º do Pacto San José (ADRIASOLA, p. 27)10.
O modelo causal ou de permissões se fundamenta na defesa do direito
fundamental a vida. É com esse fundamento que se proíbe em regra o aborto.
Contudo, esse sistema permite o aborto em alguns casos, sendo assim, pode-se
afirmar que o sistema causal ou de permissões admite a relatividade dos direitos
fundamentais.
Gabriel Adriasola afirma que esse modelo parte da premissa básica de que a
vida começa com a concepção ou a nidação. Partindo dessa ideia o aborto não deve
ser permitido já que a vida já existe mesmo durante a gestação, contudo, a legislação
admite que em alguns casos a vida do feto seja relegável diante de interesses do ser
humano já nascido (ADRIASOLA, p. 27).
O modelo causal ou de permissões se fundamenta na defesa do direito
fundamental a vida. É com esse fundamento que se proíbe em regra o aborto.
Contudo, esse sistema permite o aborto em alguns casos, sendo assim, pode-se
afirmar que o sistema causal ou de permissões admite a relatividade dos direitos
fundamentais.
Gabriel Adriasola afirma que esse modelo parte da premissa básica de que a
vida começa com a concepção ou a nidação. Partindo dessa ideia o aborto não deve
ser permitido já que a vida já existe mesmo durante a gestação, contudo, a legislação
admite que em alguns casos a vida do feto seja relegável diante de interesses do ser
humano já nascido (ADRIASOLA, p. 27).
Interessante notar que antes da lei 18.987/2008 instaurar o sistema de
assessoramento no Uruguai vigorava o sistema causal ou de permissões, nesse
contexto alguns teóricos afirmavam que a fundamentação desse modelo era
justamente a adoção pelo Uruguai da premissa de que a vida se iniciava com a
concepção (nidação). Gabriel Adriasola11 afirma que a adoção desse modelo se
fundamentava no artigo 4º da Convenção Interamericana dos Direitos Humanos12,
conhecido como pacto Sant Jose de Costa Rica (ADRIASOLA, p. 27) que afirma:
“Artigo 4. Direito à vida: 1. Toda pessoa tem o direito de que se respeite sua
vida. Esse direito deve ser protegido pela lei e, em geral, desde o momento da
concepção. Ninguém pode ser privado da vida arbitrariamente”.
Apesar de esse não ser o objeto do trabalho cabe ressaltar que o dispositivo
afirma que o direito a vida deve ser protegido desde a concepção e não que houve
adoção do critério da concepção para o início da vida.
O autor uruguaio diz ainda que as legislações admitem a prevalência dos
direitos da genitora mesmo quando de menor valor ao do embrião, sendo assim,
conclui que há uma valoração de direitos entre a vida intrauterina e a extrauterina
(ADRIASOLA, p. 27).
Por fim, o autor uruguaio informa que o marco conceitual principal desse
sistema é a ideia de que o direito a vida é relativo, mas é tão importante que cabe
somente ao Estado e não a grávida decidir quando o aborto será possível
(ADRIASOLA, p. 28).
9
Gabriel Adriasola traz o que chama de debate sobre o artigo 4º da Convenção Americana dos Direitos humanos nos capítulos
2.3 e 2.4 de sua obra (ADRIASOLA, p. 29-38), assunto que não será trabalhado já que não é objeto dessa pesquisa.
10
Cabe ressaltar que o dispositivo afirma que o direito a vida deve ser protegido desde a concepção e não que houve adoção
do critério da concepção para o início da vida.
11
Gabriel Adriasola traz o que chama de debate sobre o artigo 4º da Convenção Americana dos Direitos humanos nos capítulos
2.3 e 2.4 de sua obra (ADRIASOLA, p. 29-38), assunto que não será trabalhado já que não é objeto dessa pesquisa.
12
Acessado em 06/06/16 no site:
< https://www.cidh.oas.org/basicos/portugues/c.convencao_americana.htm>
643
Sendo assim, pode-se afirmar que este modelo admite a relatividade do direito
à vida, mas entende que a colisão entre esse direito e outros direitos (mesmo que
menos valiosos) deve ser solucionada por toda a coletividade, ou seja, pela criação
de permissivos legais em determinadas hipóteses a realização do aborto em
detrimento da escolha autônoma da genitora.
Nota-se que em todos esses casos traça-se uma ideia de que o aborto é
permitido incondicionalmente em um determinado prazo e após esse prazo ele será
em regra sancionável. Este modelo se fundamenta em uma leitura da relatividade do
direito à vida, contudo, preserva determinada autonomia a mulher para tomar a
decisão sobre o aborto. Assim, é possível afirmar que este sistema visa preservar o
direito a vida e o direito a autonomia ao mesmo tempo.
Gabriel Adriasola afirma que o fundamento teórico desse modelo (apesar de
múltiplo) enfoca principalmente no bem jurídico protegido pelo delito do aborto. O
embrião não é pessoa15, mesmo que o ordenamento jurídico proteja a vida
intrauterina, logo, deve receber uma proteção valorativamente menor que a vida
extrauterina. Ele constrói a ideia de que há uma diferença de valores entre a vida
intrauterina e a extrauterina, já que a lei penal que traz uma pena maior para o
homicídio em detrimento do infanticídio e deste com o aborto (ADRIASOLA, p. 23).
No mesmo sentido a Corte Constitucional colombiana afirmou na sentença
355/200616 que a vida humana se manifesta em distintas etapas e diferentes formas
merecendo assim proteção jurídica distinta. Assim, o legislador deve promover
proteções distintas a essas diversas etapas e o legislador deve levar essa valoração
em consideração para fixar políticas públicas e/ou penais para o aborto.
Interessante notar que podemos depreender essa valoração também no
ordenamento brasileiro17. O homicídio simples (art. 121 do CP) possui uma pena de
reclusão de 06 a 20 anos; o Infanticídio (art. 123) tem uma pena de reclusão de 02 a
06 anos e o Aborto provocado pela gestante ou com seu consentimento (art. 124)
possui uma pena de 01 a 03 anos.
Por fim, Gabriel Adriasola afirma que há teorias que inclusive colocam em
dúvida que a vida do nascituro seja um bem jurídico penalmente tutelável
(ADRIASOLA, p. 24). Seguindo o mesmo raciocínio Dice Queralt diz que o bem
jurídico protegido no aborto é a sociedade, posto que o nascituro não é titular de bem
jurídico e também não se tutela a mãe afinal ela é a autora do delito 18 (QUERALT, p.
4).
5 MODELO DE ASSESSORAMENTO
15
Cabe ressaltar que há autores que afirmam não ser possível a negação do direito à vida do nascituro e outros que afirmam ser
possível essa negação. Sobre o assunto ver: SANTOS, Lília Nunes dos6. “Uma reflexão sobre a tutela jurídica do embrião
humano e a questão do aborto no Brasil” acessado em 01/06/16 no site:
< http://www.conpedi.org.br/publicacoes/66fsl345/nmt6dg26/NKGdp0S1B2TN30TU.pdf >
Ver ainda: AZEVEDO, André Freire. “O status constitucional da vida humana pré-natal: uma abordagem preliminar” acessado
em 01/06/16 no site:
< http://www.conpedi.org.br/publicacoes/c178h0tg/8v11nwv1/5JDaQoXIfx46wZHR.pdf >
16
“La vida humana transcurre en distintas etapas y se manifiesta de diferentes forma, las que a su vez tienem uma protección
jurídica distinta. El ordenamento jurídico, si bien es verdade que otorga protección al nasciturus, no la otorga em el mismo grado
e intesidad que la persona humana. Tatno es ello así que en la mayor parte de las legislaciones es mayor la sanción penal para
el infanticidio o el homicidio que para el aborto. Es decir, el bien jurídico tutelado no es idéntico em estos casos y, por ello, la
trascendencia jurídica de la ofensa social determina uma grado de reproche diferente y uma pena proporcionalmente distinta. De
manera que estas consideraciones habrán de ser tenidas em cuenta por el legislador, si considera conveniente fijar políticas
públicas en materia de aborto, incluídas la penal em aquellos aspectos em que la Constituición lo permita, respetando los
derechos de las mujeres” acessado em 02/06/16 no site: <http://www.corteconstitucional.gov.co/relatoria/2006/C-355-06.htm>.
17
Essa observação segue a linha de pensamento do autor, contudo, cabe apontar que a dosimetria das penas no Código Penal
é tida pela doutrina brasileira como uma valoração do desvalor do crime, ou seja, o crime com maior pena é uma conduta que
possui maior repulsa. Sendo assim, a crítica a depreensão do autor pode se dar no sentido que há um desvalor na repugnância
do crime e não necessariamente das etapas da vida.
18
[...] queda por responder la cuestión central: ¿donde está el bien jurídico? Podría responderse que ele bien jurídico em el
aborto es la vida del nasciturus y su funcionalidad social; pero, ¿cuál su funcionalidad? O, dicho de otro modo, ¿quién es el titular
de este bien jurídico? La mujer evidentemente no, puesto que no es persona tal como acertadamente acuerda el tc. Solo queda
como posible titular la sociedad. Pero la sociedad como tal solo es titular de intereses más o menos difusos, no de autênticos
derechos subjetivos”.
645
6 CONCLUSÃO
19
A OMS não foca em uma distinção dos sistemas de abortamento em causal ou por permissões, por prazos e de
assessoramento. Os dados da organização se referem aos países em que o aborto é proibido e naqueles em que a prática é
permitida. Contudo, é possível depreender na leitura do texto que quando a organização se refere a países em que se permite o
aborto ela engloba àqueles locais em que se admite o modelo por prazos ou de assessoramento (essa conclusão é retirada da
citação dos países e dos dados levantados nessa pesquisa).
646
7 REFERÊNCIAS
Resumo: Este trabalho não possui a pretensão de encontrar soluções para nenhum
dos diversos problemas no âmbito jurídico. De maneira simples, nosso propósito é
relembrar lições básicas de constitucionalismo que, apesar da importância, parecem
ter sofrido um esquecimento generalizado pela maioria dos operadores do direito,
inclusive os da mais alta corte do país. Relembraremos o novo paradigma da
democracia constitucional desenvolvido após a segunda grande guerra.
Relembraremos ainda o sistema de garantias que, contrariamente do que muitos
pensam, não se resume à seara penal, ainda que nela seja mais evidente. Nesse
sentido, a intenção é manter viva a ideia de que, gostemos ou não, vivemos sob a
égide de uma Constituição que impõe limites aos poderes constituídos e determina
um rol de direitos fundamentais que não estão suscetíveis de supressão.
Palavras-chave: Constituição – Democracia – Garantismo
1 INTRODUÇÃO
Houve um tempo da nossa história no qual a lei aplicada para punir o sujeito
que, porventura, praticasse algum ilícito, era a lei do talião. Talião significando o termo
“idêntico”, daí as leis do Código de Hamurábi se tornarem conhecidas pela máxima
“olho por olho, dente por dente”.
Bem verdade que ao longo do tempo o pensamento humano, em grande
medida o ocidental, evoluiu e não há mais espaço para a aplicação da referida lei.
A era moderna, como a concebemos hoje, iniciou-se através de um processo
lento e gradual, ainda que revolucionário, de transição de um mundo governado pelos
ensinamentos da igreja para um mundo governado pela razão. Os filósofos do
648
2 A DEMOCRACIA CONSTITUCIONAL
constitucionais devem estar voltadas à sua proteção diante da força do poder punitivo
estatal.
A Constituição enquanto programa para o futuro é um instrumento de defesa
do mais fraco, que pode mudar de sujeito diante das circunstâncias. No processo
penal, o mais fraco é o acusado e, consequentemente, um direito penal constitucional
deve priorizar a defesa de suas garantias e direitos, observando sua condição de
pessoa humana independentemente da gravidade do fato apurado.
4 O SISTEMA DE GARANTIAS
5 CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS
Grupo de trabalho:
DIREITO PENAL E
CRIMINOLOGIA II
Trabalhos publicados:
Resumo: Na presente pesquisa, realiza-se uma análise crítica sobre o direito penal
do inimigo, proposto pelo Prof. Dr. Günther Jakobs. Por esse prisma, e sem a
pretensão de esgotar o tema, questiona-se, a partir da criminologia crítica, garantismo
penal e direito penal mínimo, a introdução do conceito de inimigo no Estado
Democrático de Direito. Busca-se rebater os argumentos da proposta, com
fundamento no postulado da igualdade. Por fim, as considerações finais revelam que
o conceito de inimigo no direito penal democrático é inconcebível com a consequente
insuficiência do poder punitivo em resolver o problema no terrorismo.
Palavras-chave: Direito Penal do Inimigo; Democracia; Igualdade.
Abstract: In this research, is performed a critical analysis about the criminal law of the
enemy, proposed by Prof. Dr. Günther Jakobs. Based on this premise and without the
pretension of exhausting the subject, is questioned, starting from critical criminology,
criminal guaranteeism and minimum criminal law, the introduction of the concept of
enemy inside the Democratic State of Law. It seeks to rebut the arguments of the
proposal, based on the postulate of equality. Lastly, the final considerations reveal that
the concept of an enemy in democratic criminal law is inconceivable with the
consequent failure of the punitive power in solve the problem of terrorism.
Keywords: Criminal Law of The Enemy; Democracy; Equality.
1. INTRODUÇÃO
sistêmico), divergem no tocante aos fins do direito penal. Enquanto o primeiro defende
que a função do direito penal é a proteção de bens jurídicos, o segundo propõe como
sua missão a tutela de vigência da norma, mantendo-se incólume a expectativa
normativa do corpo social.
Jakobs apresenta uma divisão entre pessoas de não-pessoas – ponto de
análise do presente escrito. Portanto, passa-se a expor de forma um pouco mais
detalhada a visão dualista proposta pelo Professor da Universidade de Bonn.
Não obstante a proposta teória tentar idealizar uma contenção do direito penal
do inimigo dentro do Estado de Direito, de modo a não contaminar o direito penal do
cidadão – o que, de outro modo, permitira que o poder punitivo fosse ilimitado não só
quanto aos inimigos (eles), mas também quanto aos cidadãos (nós) –, um conceito
normativo de inimigo só é possível dentro do Estado Absoluto (ZAFFARONI, 2007, p.
159-161), em razão da obrigatória ruptura da espinha dorçal do Estado de Direito. Os
limites jurídicos seriam perdidos, porque o próprio instrumento de controle selecionaria
quem são os desviantes – o que já acontece ilegalmente se tornaria legal.
Ademais, com seu incremento à normatividade, os chamados inimigos podem
se transvestir de cidadãos, fazendo com que se tornem adversários do poder, tendo
a possibilidade de serem tratados “legitimamente” como tal. Do mesmo modo, ainda
conforme Eugenio Raúl Zaffaroni, aqueles membros da sociedade civil personalizada
que protegerem ou permanecerem apartidários serão abrangidos na mesma
categoria, sendo despersonalizados também. Assim, “qualquer resistência ou
limitação jurídica que se pretenda opor ao poder será considerada subversiva ou
traidora e quem a tentar correrá sérios perigos” (ZAFFARONI, 2007, p. 149).
Salo de Carvalho (2015, p. 113), referenciando Luigi Ferrajoli, leciona que a
teoria funcionalista-sistêmica de Jakobs é:
[...] o pensamento penal autoritário [...] busca construir, por meio das
vertentes opostas do determininsmo positivista e do subjetivismo idealista,
tipologias e classificações de autores e delinquentes em substituição às
tipologias e classificações de ações e delitos: antropologias e antrometrias
659
Por esse caminho, o ente soberano deixaria de se preocupar com fatos e passa
a se interessar pelos autores, ficando autorizado a punir através de uma prognose de
lesão futura à norma, isto é, punição direcionada antecipadamente aos que são
considerados propensos a delinquir, em prol, é claro, do bem coletivo – ou, adotando
o discurso, da tutela do valor normativo.
Com efeito, permitir que categorias antidemocráticas e discriminalizatórias
encontrem espaço na (já) (i)legitítima máquina de destruição – o sistema de justiça
criminal – não traria a possibilidade de conter a violência por permití-la, mas de
expandí-la de forma exponencial, consumindo toda a estrutura dos direitos e garantias
individuais.
Significa dizer que implementar no dever ser o que já ocorre no plano do ser
com o objetivo de impor limites a isso, geraria o efeito contrário, isto é, ganharia
amplitudes antes inconcebíveis, mas, dessa vez, legítimadas pelo discurso
criminalizante. Conforme Cirino dos Santos (2017, p. 18):
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
perguntam o que fazer com um conflito que ninguém sabe como resolver
e ao qual, como falsa solução, é atribuída natureza penal.
Ainda de acordo com Zaffaroni (2007, p. 185), quando se pergunta o que pode,
afinal, o direito penal fazer, “a resposta é bastante óbvia: se ninguém faz nada, o
direito penal nada pode fazer; se delitos são cometidos, seus reponsáveis devem ser
individualizados, detidos, processados, julgados condenados e levados a cumprir
pena. É isso que o direito penal pode fazer”.
Fato é que o encarceramento aliado à rigidez da legislação criminal não
reduzem a criminalidade, sendo possível, assim, de acordo com Carvalho (2015, p.
110), diferentes contextos sociais apresentarem caracteristicas criminais próprias
como “(a) altas taxas de encarceramento e expressivo índice de criminalidade; (b)
elevada taxa de encarceramento e baixo índice de criminalidade; (c) baixo nível de
prisionalização e expressivo número de delitos; ou (d) reduzidas taxas de
encarceramento e reduzido nível de delito”.
Conclusivamente, o direito penal democrático não comporta o etiquetamento
dualista de indivíduos proposto por Jakobs. O primado da igualdade não suportaria
uma desigualdade positivada. Tal fato importaria na corrosão – causada pela
ampliação da barbárie – do Estado Democrático de Direito, que se transmutaria
intermediariamente ao Estado de Polícia até atingir o Estado Absoluto (SANTOS,
2017, p. 20), sendo o inimigo um conceito manipulável pela máquina da barbárie.
REFERÊNCIAS
ABSTRACT: The study proposed to verify the purpose of the sentence in the paradigm
of the Democratic State of Law from the point of view of the theory of the Teoria do
Direito Penal Libertário and if the general positive prevention from the point provides a
purpose for criminal coercion compatible with the paradigm of Democratic state. The
general objective of the research is to analyze whether the Criminal Law of the
Liberation offers a theory of the penalty in line with the paradigm of the Democratic
State of Law. In order to reach the general objective, it had specific objectives to
investigate the Teoria do Direito Penal Libertário, and, to analyze the theory of the pen
in the paradigm of the Democratic State of Right. The work comprehensive nature,
since it sought to reconstruct the analyzed data from the perspective of the Democratic
State of Law.
Keywords: Teoria do direito penal libertário. Feather. Dignity of human person.
1 INTRODUÇÃO
2 DESENVOLVIMENTO
1
Ver mais sobre as gerações/dimensões de direito em: BONAVIDES, Paulo. Curso de Direito Constitucional. 15. ed. atual. São
Paulo: Malheiros, 2004, 206 p.; SARLET, Ingo Wolfgang. A Eficácia dos Direitos Fundamentais. 8. ed. Porto Alegre: Livraria do
Advogado, 2007, 520 p.; SARMENTO, Daniel. Direitos Fundamentais e Relações Privadas. 2ª Edição, Rio de Janeiro: Editora
Lumen Juris, 2006, 282 p.
663
se passou a considerar o homem como um fim em si mesmo, como aquele que deve
ser o destinatário de direitos: centro e finalidade de todas as instituições e
organizações políticas (ROCHA, 2004, p. 72).
O legislativo, que se revelou como representante da nação, foi elevado nessa
ocasião para o vértice da pirâmide na estrutura do Estado, haja vista que os homens
ficaram deslumbrados com a possibilidade de positivação dos costumes e tradições,
dos valores da sociedade, por meio de leis escritas (GRACCO, 2016, p. 10).
Foi nesse paradigma do Estado de Direito, chamado de Estado de Direito
Liberal, que se instalou um sistema de regras com objetivo de estabilizar as
expectativas de comportamento e garantir a esfera privada da liberdade do indivíduo,
frente aos seus iguais e, sobretudo, frente ao Estado (FERNANDES, 2012, p. 70).
Desde então, logo no nascedouro do Estado de Direito, as Constituições
impõem ao Estado um comportamento negativo, abstencionista, de não intervenção;
limitando assim a ação do Estado e daqueles que estão no exercício do poder, a fim
de garantir formalmente e efetivamente os direitos fundamentais de 1ª dimensão: em
primeiro a liberdade, juntamente com a igualdade e a propriedade (ROCHA, 2004, p.
71).
Por isso, o direito penal, desde o nascedouro do Estado de Direito, deve sempre
ser a ultima ratio, (HASSEMER, 2007, p. xvi).
Nos tempos modernos o direito penal tem se modernizado, em decorrência das
constelações e relações modernas, como se vê, por exemplo, no direito penal
econômico, direito penal ambiental, ou no direito penal tributário. São especiais soft
law que mais controlam, fiscalizam, negociam, ameaçam, do que realmente punem.
Essa burocratização do direito penal (white collars) não elimina os problemas do
direito penal sangrento (blue collars), pois enquanto houver estupros, homicídios e
roubos permanecerá atuando o direito penal com seus instrumentos de limitação da
liberdade (HASSEMER, 2007, p. xvi).
De forma diferente do controle social operado pela família, trabalho, mídia, etc.,
o direito penal atual com controle social vinculando às promessas e garantias “cuja
tarefa é, nos conflitos de normas mais difíceis entre os seres humanos, garantir e
poupar, da forma mais ampla possível, os direitos fundamentais dos envolvidos”
(HASSEMER, 2007, p. xvii).
O direito penal libertário entende e justifica a punição estatal como a forma de
garantir a resistência das normas fundamentais de um ordenamento jurídico, não
somente as vedações contidas no direito penal material, mas, também, as garantias
de liberdade que encontram espeque no processo penal que deve ser constitucional:
“a pena somente é apropriada e justificada quando da violação de bens jurídicos vitais
de direito penal, porém não para apoiar os desejos por solução de problemas vagos
e amplos demais” (HASSEMER, 2007, p. 81).
Nesse sentido a pena encontra-se justificativa e legitimidade em relação ao seu
conceito (o que significa) e em relação ao fim da sua própria instituição (para qual
finalidade), com isso, há a orientação da pena para uma direção futura, isto é, sua
finalidade.
Por isso, a pena deve ter um tom decisivamente moderno. Seria irracional a
pena ter por finalidade o acréscimo do mal, uma mera retribuição por um crime
cometido anteriormente. Essa finalidade da pena deve ser esquecida, como defende
o direito penal libertário. A pena deve conduzir o olhar ao futuro e organizar o sistema
penal de forma que as infrações penais não se repitam (HASSEMER, 2007, p. 82).
Na atualidade o direito penal e a pena são considerados o remédio para todos
os males e tem sido “promovidos à posição de portadores de esperança para a
664
solução dos grandes problemas sociais e políticos e uma ‘demanda urgente de ação’,
se associa ao aumento das vedações penais, das intervenções e das sanções”
(HASSEMER, 2007, p. 83).
Com isso, a tendência nas práxis moderna tem sido a retomada a ideia da
finalidade da retribuição do mal cometido, e na opinião de outros estudiosos, a pena
serve para ressocialização do criminoso e intimidação de criminosos potenciais, isto
é, de nós todos.
Como visto, o sentido da pena como retribuição encontra seu fundamento
teórico em Kant, no seu exemplo da Ilha: antes que os homens abandonasse a ilha
por eles habitada, antes que houvesse a dissolução daquela sociedade, o ultimo
homicida da prisão devera ser executado, não que se mostrasse uma amaça para
outros, ou, porque ele deveria ser ressocializado; mas para que ele experimentasse o
quando custaram as suas ações e, assim, a justiça seria satisfeita: “de modo que cada
um recebesse o que merecem seus atos e a culpa sangrenta não recaísse sobre o
povo, que não fez por merecer essa punição, mas poderia ser considerado cúmplice
nessa violação pública da justiça” (KANT, 2005, p. 72).
O direito penal deve apontar para o futuro, para um futuro melhor, e não para o
passado com uma atitude vingativa, que só faz tornar nebuloso o presente e dificultar
o progresso social.
Também o direito penal não se relaciona apenas com o autor e a vítima, pois
não estão sozinhos quando há violação das normas do ordenamento jurídico. Todo o
corpo social é atingido pela infração, mesmo que a violação aos bens jurídicos não
seja perceptível para todos. Isso porque
Dessa forma, a pena se orienta para o passado e para o futuro. Para o passado
porque o rompimento da norma é irrenunciável para a vida coletiva. Para o futuro
porque assegura que possíveis violações futuras encontraram a força de resistência
da normatividade. Por isso, o papel do direito penal ocupa no ordenamento jurídico,
haja vista que a tendência moderna se revela com a erosão de normas e mudança
rápida de valores, que compromete a validade das normas. O direito penal, então, se
revela como um cânon dos mandamentos fundamentais e irrenunciáveis de uma
sociedade, e, os impõe (HASSEMER, 2007, p. 90).
Para o direito penal libertário, a prevenção geral positiva, como vista e tratada
no parágrafo anterior, possui consequências relevantes importantes como se passa a
definir: (i) os objetivos da pena, no que diz respeito à recuperação do agente e
intimidação geral, tem seu lugar pois também são meios que reafirmar as normas
fundamentais; (ii) a manifestação do direito penal é um evento publico e transmite de
forma fiel e clara a estabilização das normas violadas; (iii) a imputação da pena e sua
execução devem levar em conta as peculiaridades subjetivas do o autor do fato; (iv) a
justiça criminal deve ter segurança formalizada para busca da verdade, clareza no
caso sob judice e obrigatoriedade de uma decisão fundamentada (HASSEMER, 2007,
p. 90).
Nesse sentido, Foucault em sua clássica obra “vigiar e punir” já alertava desde
o século passado sobre a realidade da falência das penas privativas de liberdade e a
necessidade de se buscar métodos diversos para manifestação da penalidade por
meio da justiça criminal (FOUCAULT, 2014, p. 264-266).
Em que pese as promessas da prevenção geral positiva, sua contribuição, do
ponto de vista Libertário, se daria pela busca incessantes de medidas que substituísse
a pena privativa de liberdade e reafirmasse as normas do sistema jurídico, sob pena
de faltar a justiça penal legitimidade e eficácia.
Nos crimes relacionados à corrupção, por exemplo, é uma das circunstâncias
que não devemos ter esperança sobre a efetividade do direito penal. Não se sabe se
a recuperação do autor do fato e a intimidação da sociedade em geral funcionariam
realmente. Seria simplista demais, também, aguardar por tanto tempo aplicação do
direito penal até que seus efeitos primários e secundários pudessem ser
empiricamente avaliados (HASSEMER, 2007, p. 93).
O grande problema é que as expectativas da atualidade de estabilização das
normas são depositadas no direito penal. Com isso, há uma verdadeira corrida para a
expansão do direito penal, com proposta de criação de novos tipos penais e proteção
de bens jurídicos que poderiam ser tutelados por outros ramos do direito 2.
Assim, o direito penal se torna simbólico. Isto é, são introduzidas no
ordenamento jurídico normas penais sem “força normativa”, distantes da realidade e,
para agravar a situação, destituídas de eficácia social3.
A visão de que com a pena nós aplicamos uma medida cujos efeitos
conhecidos perfazem, em uma análise positiva, somente uma parte deles,
curiosamente não abalou de forma alguma as doutrinas do sentido da
pena. Hoje se fala, de forma modesta, que a pena possui pelo menos força
“simbólica” da evidenciação da norma e da estigmatização da injustiça.
Isso pode estar correto. Mas é somente suportável se se trabalhar
permanente e seriamente no projeto para substituir o direito penal por algo
melhor, pois esse direto retira sua força simbólica dos ossos dos seres
humanos: pela limitação da liberdade e a sanção dos comportamentos
(HASSEMER, 2007, p. 98).
3 CONCLUSÕES
REFERÊNCIAS
Abstract: Over the years have been occurred numerous reports regarding the
subjetive responsibility of the agent for the practice of an offense, which requires that
the individual have been acted with malice or guilt. There are innumerable divergences
regarding the application of eventual malice, because is very complex to analyze
whether the agent really was able to know the unlawfulness of his conduct and
assumed the risks when practicing it. Therefore, the object of study of this work is to
expose “Willful Blindness Doctrine”, and its applications in Brazilian law, with a focus
on money laundering, being that this aspect concerns the possibility to hold the agent
who has committed a crime based in the eventual malice, that is to incriminate the
individual when he knows the risks and possible results that his action can generate
and, even so, does not change his conduct.
Keywords: Willful blindness doctrine; eventual malice; Money laundering
1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS
que existia a respeito de tal elemento do tipo, por conveniência (denominada “cegueira
deliberada em sentido estrito”); já a segunda acontece quando o agente
propositadamente fecha os olhos para o referido elemento, evitando assim o
conhecimento e sua eventual responsabilidade (denominada “ignorância deliberada”).
Portanto, é devido ao fato do agente deliberadamente não tomar conhecimento da
natureza ou extensão do ato por ele praticado, que faz-se a comparação com um
avestruz, o qual enterra a sua cabeça na terra, ficando alheio ao que acontece ao seu
redor. “Sua finalidade é a de resolver uma específica situação lacunosa criada a partir
da premissa de que o indivíduo escolhe o grau de conhecimento que deseja ter e por
tal decisão responde.” (SYDOW, 2016, pag. 22)
A Teoria da Cegueira Deliberada não tem aplicação e entendimento unânime
nas jurisprudências e doutrinas nacionais pelo fato do legislador brasileiro não tê-la
tipificado em nosso ordenamento jurídico, bem como a análise da conduta do agente,
que pode ter agido por dolo eventual ou culpa, envolver um alto grau de subjetividade.
A linha entre os conceitos de dolo eventual e culpa consciente é muito tênue. Apesar
disso, a teoria busca a possibilidade de responsabilizar o agente pela sua conduta
criminosa, com base no dolo eventual, isso pelo motivo de que nessa modalidade de
imputação subjetiva, o agente conhece os riscos e resultados possíveis que sua ação
pode gerar e, mesmo assim, não altera a sua conduta pelo fato de não se importar
com as consequências do seu ato. Portanto, a presente pesquisa, propõe expor os
primeiros contatos que o direito brasileiro teve com a referida teoria, com um enfoque
nos crimes de lavagem de dinheiro.
2.1 MENSALÃO
671
É possível extrair à partir da leitura do voto da Ministra Rosa Weber que houve
uma mistura dos institutos do dolo eventual e da cegueira deliberada. Pois o “agir com
indiferença quanto ao resultado de sua conduta”, é o caso do dolo eventual e não
cegueira deliberada propriamente dita. Esta, sob a perspectiva da “ignorância
deliberada”, acontece quando o agente tem fundadas dúvidas a respeito de uma
informação que pode dizer respeito a um crime, mas não segue adiante na
investigação de sua suspeita. Essa flagrante contradição apenas evidencia a
dificuldade de aplicação da teoria no julgado de forma concisa.
3 CONSIDERAÇÕES FINAIS
4 REFERÊNCIAS
Abstract: The aim of this study is to analyze the feasibility of the use of neuroscience
instruments to increase techniques to support the understanding of the conduct of
criminals, combining the influence of human brain functioning and social factors,
aiming at the science of neuro right to promote the evolution of the system of evaluation
of the procedural evidence and of the fulfillment of the function of ressocialization of
the sentence, avoiding the recidivism of the offender. In this sense, the research will
discuss the symbiosis between neuroscience and law, with the formation of the neuro-
right as an autonomous science and important for the conjugation of knowledge of the
human brain and the causes of criminal conduct. The study will analyze feasible
neuroscience mechanisms to instrumentalize the study of the degree of social
reprobability of the individual, making compatible the relativization of the principle of
equality with the individualization of the punishment examined in proportion to the
harmful potential of the criminal to society.
Keywords: Neuroscience, Law and Criminal Justice.
INTRODUÇÃO
DESENVOLVIMENTO
1
FERNANDEZ, Atahualpa; FERNANDEZ, Marli. Neuroética, Direito e neurociências, liberdade e racionalidade jurídica. São
Paulo: Juruá Editora, 2008.
2
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jurídica? Disponível em: <http://guteri.jusbrasil.com.br/artigos/153079525/neurodireito-modismo-ou-novo-ramo-de-pesquisa-
doutrinaria-na-area-juridica>. Acesso em: 24 de outubro de 2.018.
3
TALLIS Raymmond. Neurociência para tudo é bobagem. Entrevista. Rio de Janeiro: Revista Galileu. Disponível
em:<http://revistagalileu.globo.com/Revista/Common/0,,EMI272312-17770,00-
NEUROCIENCIA+PARA+TUDO+E+BOBAGEM.html>. Acesso em: 24 de outubro de 2.018.
678
4
JAKOBS, Günther; MELIÁ, Manuel Cancio. Direito Penal do Inimigo: noções e críticas. Org. e Trad.: André Luís Callegari e
Nereu José Giacomolli. 6. ed. Porto Alegre: Editora Livraria do Advogado, 2012.
679
da pena na sentença penal condenatória. Denota-se que até este momento coloca-se
a culpabilidade a favor do cumprimento da finalidade de prevenção geral da pena,
negativa e positiva.
A fase mais importante do processo de reabilitação do criminoso queda em
segundo plano, já que na execução da pena, em que se deve proporcionar condições
para a ressocialização do indivíduo, em verdade cumpre-se
a função preventiva negativa da inocuização dada pelo mero enclausuramento,
desacompanhado da assistência ao condenado e do fornecimento de ambiente
adequado à sua reinserção social. Diante da ineficiência na efetivação dos fins da
pena, o sistema supramencionado não consegue conter a criminalidade e ainda
corrobora a reincidência do transgressor da norma jurídica.
Compreendendo que tal sistemática não espelha os anseios constitucionais e
legais de reinserção social do criminoso e de cumprimento da pena de prisão nos
meandros da dignidade da pessoa humana, tem-se como inevitável a necessidade de
um sistema de justiça penal revigorante e prospectivo5 a fim de que o Estado possa
oferecer a tão sonhada ressocialização, extirpando da pena o caráter de vingança e
exclusão social do criminoso, sempre com olhos voltados a evitar a reincidência
delitiva.
Mister dizer que o neurodireito trabalha com experimentos e observações por
imagens a fim de estudar as funções cerebrais visando conhecer e tratar doenças
neurológicas. Para tanto, vale-se de instrumentos tecnológicos que podem prestar-se
a elucidar a fundamentação dos conceitos teóricos da criminalidade, rastreando e
mapeando o funcionamento do cérebro.
Neste ponto repousam as maiores críticas ao neurodireito, já que o
conservadorismo jurídico, sacramentado na formação dos juristas e na própria mens
legis do ordenamento positivado, cria barreiras a que a ciência do direito receba
valores de ciências diversas na crença de que fatores externos possam prejudicar a
objetividade do direito e das futuras decisões judiciais lastreadas em dados iluminados
por exames neurológicos.
Fato é que, logrando êxito em firmar bases seguras para o conhecimento da
mente do criminoso, ter-se-á o campo aberto para a incrementação dos métodos de
avaliação judicial das provas e evidências em julgamentos. O julgador poderá valer-
se, além dos meios tradicionais de prova testemunhal, de meios tecnológicos
integrados pela neurociência, como, por exemplo, o scanner cerebral, com evolução
em termos de leitura mental muito além daquele pretendida pelo polígrafo usado como
detector de mentiras, criado por William Moulton Marston.
Vale dizer que os resultados dos testes neurocientíficos não devem receber
valor probatório exclusivo e unívoco, devendo ser conjugados com as demais provas
produzidas em cada caso submetido a julgamento de um juiz.
Sem a ousadia de pretender a aplicação integral da teoria de Cesare Lombroso,
tido como fundador da antropologia criminal, todavia buscando somar esforços para
entender as causas das condutas delitivas, importa dizer que o mapeamento do
cérebro humano poderá reavivar o estudo da tese do determinismo na identificação
do criminoso nato. A teoria funda-se na ideia de que a gênese do comportamento
criminoso é inerente às características anatômicas do infrator, sem olvidar da
concorrência de fatores ambientais, sociais e educacionais.
5
Nomenclatura usada por José Erigutemberg Meneses de Lima na monografia intitulada Neurodireito - Repercussão e
Implicações da Neurociência para o Direito Penal. Disponível em: <http://www.egov.ufsc.br/portal/conteudo/neurodireito>.
Acesso em 24 de outubro de 2.018.
680
6
Relevante anotar que o Código de Processo Penal brasileiro vigente prevê em seu artigo 775 a realização de exame pericial
feito por dois médicos para aferir as condições da pessoa submetida a medida de segurança em manicômio judiciário ou em
casa de custódia e tratamento, mormente quanto à cessação ou não da periculosidade. Nesta perspectiva, as técnicas e
instrumentos da neurociência podem auxiliar para que esta avaliação seja mais fidedigna ainda ao conjugar o conhecimento
médico com as inferências tecnológicas.
681
CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS
Abstract: The purpose of this work was to demonstrate the fragility of the application
of criminal law in relation to the institute discussed and the reaction of the Brazilian
society regarding the reintegration of the individual who has already passed through
the prison system. In addition, cite the laws that address this right little known both by
society and even the former detainee who wishes to rebuild their life and take it away
from criminality. It is, above all, to argue that the violation of this right causes the
phenomenon called by the non bis in idem law, which refers to double punishment for
the same fact, in this case, incited by society itself, which without limit remembers facts
about its criminal past, causing causing psychological distress and making access to
the labor market more difficult. This is one of the causes of an increase in recidivism
in Brazil, thus perpetuating the sentence.
Keywords: Right to Forgetfulness - Secrecy of Criminal Records - Conviction
INTRODUÇÃO
DESENVOLVIMENTO
Como também, Pierina Andrea Aimone Cabrera (2016) em seu artigo conceitua
a dignidade da pessoa humana como algo inerente ao ser humano, algo que não se
pode renunciar, nem mesmo ceder, deve ser assegurada, garantida e promovida pela
ordem jurídica estatal, não podendo ser retirada do indivíduo pelo ordenamento
jurídico.
Realizada a breve introdução sobre o Direito ao Esquecimento, passa-se à
reflexão sobre a reabilitação e ressocialização do indivíduo condenado. A reabilitação
é um instituto criado com a finalidade de garantir que o indivíduo que praticou atos
delituosos no passado e já cumpriu a pena que lhe foi imposta, tenha o sigilo das
informações referente a sua condenação.
O Código Penal assegura a reabilitação, que é prevista no artigo 93 “A
reabilitação alcança quaisquer penas aplicadas em sentença definitiva, assegurando
ao condenado o sigilo dos registros sobre o seu processo e condenação.” Vemos aqui
a garantia dos condenados, após o cumprimento da pena, podemos também conferir
essa garantia em outro dispositivo na lei 7.210/84 (Lei de Execução Penal), no artigo
202:
Quando um indivíduo pratica um delito, delito este que ferem bens tutelados
pelo direito, como a vida, a honra, a propriedade entre outros, a sociedade já não o
tem mais como um cidadão, ou seja, através da indignação, da revolta, afasta esse
indivíduo do meio social.
A partir do momento que o indivíduo cumpriu a pena que lhe foi imposta, passou
pelo processo de reabilitação, uma vez que fatos relacionados ao seu passado são
trazidos à tona sem um limite temporal é uma forma de tornar a pena ad aerternum,
veementemente proibida pela Constituição Federal em seu artigo 5º, XLVII, “b”. Expor
o indivíduo de uma maneira negativa para a sociedade gera um sentimento de
exclusão, sendo um entrave para a sua ressocialização.
Evidentemente o direito ao esquecimento assume sua função, garantir que o
sigilo dos registros criminais do indivíduo não seja violado, trazendo a este tudo o que
deseja, ser deixado em paz, criando caminhos maciços para o que indivíduo
reconstrua sua vida. Para isso, há a necessidade que as leis presentes tornem-se
efetivas, que sejam aplicadas e cumpridas, só então esses indivíduos terão de volta
sua dignidade.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
Résumé: Il y a plus d'un siècle, la plupart des pays et des organisations mondiales
prenent le paradigme prohibitioniste comme politique publique de contrôle des
drogues. Cet article présente des réflexions sur les raisons pour lesquelles cette
politique a été adoptée, quels sont les bénéficiaires et le marché créé à cause du
prohibitionisme ; ainsi que propose de discuter s'il y a légitimité de l'État à appliquer le
Droit Pénal dans le contrôle des drogues. Ce texte est basé sur des prémisses
marxistes à propos de la conception de l'État pendant qu’instrument coercitif de la
classe dirigeante ratifiées par Evgeni Pachukanis dans le domaine juridique ; et aussi
il cherche ajouter des études à la théorie philosophique-pénal abolitionniste référencée
par Eugenio R. Zaffaroni en Amérique Latine.
Mots-clés : Drogues. Capitalisme. Droit Pénal.
1 INTRODUÇÃO
5 CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS
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ZAFFARONI, Eugenio Raúl et al. Direito penal brasileiro: volume I. Rio de Janeiro:
Revan, 2003.
696
Resume: This paper seeks to add contributions in the field of research, based on the
study of possible mechanisms in the Criminal Law, which may be tools to contain the
punitive power of the State with the purpose of speeding up ways to cure injuries to
the rights of persons in state jail, especially in a context where Neo-constitutionalism
is fashionable in the courts. In this sense, it is important to point out that the desire to
carry out such research was born out of studies on the Neo-constitutionalist movement,
which announces itself to be a new form of constitutional interpretation that must be
applied to all branches of law, since it is a question of interpretative technique based
on values, Fundamental Rights and principles.
Key-Word: Neo-constitutionalism; agnostic theory of punishment; unconstitutional
state of the Brazilian prison system.
INTRODUÇÃO
"Tempo virá.
Uma vacina preventiva de erros e violência se fará.
As prisões se transformarão em escolas e oficinas.
E os homens imunizados contra o crime, cidadãos de um novo mundo,
contarão às crianças do futuro estórias absurdas
de prisões, celas, altos muros, de um tempo superado."
Cora Coralina
reconhecimento de sua força normativa, que faz com que Direito e a Ética se
aproximem viabilizando a concretização de princípios, supremacia dos Direitos
Fundamentais e impulsiona uma transformação social de emancipação, pois essa
nova hermenêutica constitucional é capaz de ir além e produzir efeitos positivos sobre
na realidade (Barroso, 2003, p. 32). Ou seja, aparentemente não há limites, mesmo
diante das disposições do agir justa ou injustamente por bastar que os fins sejam:
produzir efeitos positivos sobre a realidade.
O professor Manoel, aprofundando a discussão, questiona a existência desse
novo constitucionalista ao observa que ele não é novo, mas sim resultado de uma
herança de correntes jurídicas do passado (Ferreira Filho, 2008, p.158). Tal
posicionamento é reafirmado pelo professor Carlos Bastide Horbach ao afirmar que
“dogmaticamente a nova hermenêutica em nada difere da mais tradicional doutrina
constitucionalista brasileira”, e por isso diz que as novidades apresentadas pelo
neoconstitucionalismo são conceitos centenários do Direito Constitucional pátrio
(Horbach, 2007, p. 10).
Esse movimento também tem causado corrosão da tripartição de poderes, e
segundo o professor Manoel, essa crise decorre da inflação que acometeu o judiciário
contrariando o modelo inicial o que se deu em razão da depreciação da democracia
representativa e trouxe como consequência o “descrédito” e sentimento de ausência
de representatividade nos cidadãos. O que culminou na fraqueza do produto chamado
vontade geral, abalando a primazia da lei, o que abre caminho para que o juiz,
especialmente o constitucional, se torne “ator” no jogo político, em um papel que não
lhe foi atribuído pelas regras do jogo no Estado democrático de Direito (Ferreira Filho,
2008, p.154).
Com base no exposto, o neconstitucionalismo supera a regra pelo princípio e
por isso causa insegurança jurídica, pois o aplicador pode ignorar a regra expressa
na lei, optando pelo que é mais conveniente e adequado para ao caso concreto. Ao
fazer isso o juiz aniquila e esvazia a soberania do povo que se encontra
consubstanciada na vontade geral. Por tais razões, embora o neoconstitucionalismo
tenha a pretensa valoração dos Direitos Fundamentais, ele não se coaduna com a
Declaração de Direitos do Homem e do Cidadão de 1789 que prescreve em ser artigo
6º que a lei é a expressão da vontade geral (Ferreira Filho, 2008, p. 160). O judiciário
é aplicar o que foi construído, portanto, o decidir com base em princípios viabiliza,
tanto a construção como a modificação do que outrora foi construído.
“Juízes são servos do Direito e não o contrário. Juízes são como árbitros
de esportes. Os árbitros não fazem as regras do jogo, eles as aplicam. O
papel de um árbitro ou de um juiz é crítico. Eles garantem que todos
joguem de acordo com as regras. Mas esse é um papel limitado. Ninguém
vai a uma partida para ver o árbitro. (...) Meu trabalho é marcar as bolas e
os pontos e não arremessar ou rebater” (Amaral; Horbach, 2014).
-, porque as penas na prática acabem sendo mais cruéis e aplicadas em maior escala
do que o próprio delito, bem como, ao contrário dos delitos, as penas, sem exceção,
são programadas, conscientes e organizadas pelas agências de punitivas (2010, p.
355).
Assim, o “conjunto das penas cominadas na história da humanidade tem
produzido ao gênero humano um custo de sangue, de vidas e de padecimentos
incomparavelmente superior ao produzido pela soma de todos os delitos” (Ferrajoli,
2010, p. 355). Nesse sentido, o Professor Carvalho, diz que o problema dos discursos
de justificação das penas é que eles invariavelmente naturalizam as consequências
perversas e negativas que causam, como realidade concreta (Carvalho, 2013, p. 41).
O professor Zaffaroni observa que as teorias justificadoras da pena têm como
único horizonte de resolução de conflito por meio do modelo punitivo. Entretanto, tal
modelo apenas impõe uma decisão, por isso é pouco apto para resolver problemas.
Nesse sentido, o autor observa que o aprisionar na verdade suspende a questão e
lança ao tempo a situação, afastando totalmente a vítima e o agressor na esperança
de que o tempo solucione ou apazigue a questão fazendo as esquecer do fato (2003,
p. 87).
Essa teoria observa que é impossível conhecer todas as funções que a pena
cumpre, mas, é possível depreender que as funções atribuídas pela teoria positiva
são falsas ou não generalizáveis, pois “isolar as funções reais da pena do poder
punitivo é uma formalização jurídica artificial”, pois o maior poder do sistema penal
não reside na pena, mas sim ao poder de vingar; observar; controlar movimentos,
ideias; obter dados da vida privada e pública; cessa-los arquiva-los; impor pena, sem
o controle jurídico; controlar e neutralizar as coalizões entre os desfavorecidos
(Zaffaroni, 2003, p. 98). Ou seja, a maior manifestação do poder punitivo atua nos
abusos e na ilegalidade e este espaço, as teorias positivas não alcançam, pois sua
teoria somente percebe as violências perpetradas com base na lei. Assim, quando a
violência é puramente exercida pelo Estado, por exemplo, com enforcamentos;
matanças, fora da legítima defesa, essas violências não são perceptíveis pela teoria
positiva, por isso é incapaz de rever ou conter a completa atuação do direito penal
(Zaffaroni, 2003, p. 98 e 99).
Nesse sentido, o professor Zaffaroni propõe o reconhecimento do fracasso do
modelo positivo que afirmam funções e finalidades da pena e posteriormente,
apresenta uma teoria negativa ou agnóstica que delimita o horizonte e os limites do
Direito Penal. Para trilhar tal caminho, a teoria agnóstica propõe conceituar a pena a
partir de um “caminho diverso de suas funções”, por tais razões, descarta a via formal,
pois compreende que acabaria em uma tautologia em que pena seria o que as
agências políticas definem. Portanto, tal teoria, não parte do normativo para conter o
normativo, mas sim de um conceito jurídico para limitar o poder do Estado (2003, p.
99).
Assim, a teoria agnóstica da pena é extraída por exclusão em que “a pena é o
exercício do poder que não tem função reparadora, ou restitutiva, nem é coerção
administrativa direta”, mas é uma coerção que impõe privação de direitos e imposição
de dor. Assim, tal teoria reconhece, que a pena não tem qualquer função positiva, pois
não repara, restaura ou soluciona qualquer conflito, mas simplesmente o suspende
no tempo. Por isso ela é agnóstica, pois não reconhece qualquer função a pena
(Zaffaroni, 2003, p. 100).
A teoria viabiliza conter o poder punitivo do Estado, pois ao não definir as
finalidades da pena, permite que o Direito Penal não se limite, mas puna e racionalize
tanto a violência legal e ilegalmente praticada pelos cidadãos como pelos agentes do
701
CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS
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ZAFFARONI, Eugenio Raúl; PIERANGELI, José Henrique. Manual de direito penal
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703
Grupo de trabalho:
DIREITO POLÍTICO E
ECONÔMICO
Trabalhos publicados:
Abstract: Participating in the açaí productive chain small, medium and large
producers, strategies need to be adopted for that small farmers can participate in the
market economy. Cooperatives are social organizations formed by people with
common economic objectives, based on democratic management and capable of
influencing development. The study aims to analyze how cooperativism contributes to
the valorization of work and the strengthening of small producers in the açaí value
chain. Through a qualitative approach, bibliographical survey and case study, the work
concluded that cooperativism contributed to the generation of income and the increase
in quality of life of açai extractivists in the city of Igarapé-Miri.
Key-words: Cooperativism; Açai; Development.
INTRODUÇÃO
DESENVOLVIMENTO
CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS
Resumo: O artigo traz um breve histórico dos direitos das mulheres nas eleições
brasileiras, desde a conquista do direito ao voto. Como as legislações eleitorais e
decisões de tribunais garantem, atualmente, o ingresso da mulher na política
partidária, para que seja efetivada a democracia no Brasil, com representação de
todos aqueles que fazem parte da sociedade. Buscaram-se dados que demonstram a
baixa participação das mulheres na política eletiva apesar de serem maioria no
eleitorado e como a proteção legal e jurisprudencial tem papel decisivo na postura dos
partidos políticos para buscar, formar e dar respaldo às mulheres, e a importância do
aporte financeiro para essas candidaturas.
Palavras-chave: mulher; representatividade; democracia.
Summary: The article gives a brief history of the rights of women in the Brazilian
elections, from the conquest of the right to vote. As electoral laws and court decisions
now guarantee the entry of women into party politics, so that democracy in Brazil can
be realized, with representation of all those who are part of society. Data that
demonstrate the low participation of women in elective politics have been sought
despite being a majority in the electorate and how the legal and jurisprudential
protection plays a decisive role in the political parties' stance to seek, train and support
women, and the importance of the contribution for these applications.
Key words: woman; representativeness; democracy.
INTRODUÇÃO
2
Res. nº 19.582, de 30.5.96, rel. Min. Diniz de Andrada.
3
Lei nº 13.165/2015.
712
Além das cotas quanto às candidaturas, também pode haver norma quanto ao
percentual mínimo na reserva de assentos parlamentares, mas essa regra não é
utilizada no Brasil.
Com todas essas alterações iniciou-se um novo momento para os partidos, que
passaram a perceber a importância de buscar mulheres para compor suas chapas.
Entretanto, começaram a registrar no Drap (Demonstrativo de Regularidade de Atos
Partidários) candidatas que foram denominadas popularmente como “candidatas
laranjas” ou “candidatas fantasmas”, porque eram apenas figurantes, e não
efetivamente candidatas aos cargos. Os partidos lançavam essas candidatas para
cumprirem a cota obrigatória de 30% mas não investiam em sua formação e
campanha. Muitas delas eram obrigadas pelos partidos a se candidatarem, e algumas
nem mesmo sabiam que eram candidatas, até o momento em que foram chamadas a
fazer suas declarações à Justiça, pois o Ministério Público Eleitoral tem apurado essas
irregularidades.
Como demonstrativo dessa situação, dados do Tribunal Superior Eleitoral
revelam que nas eleições de 2016, 16.131 candidatos terminaram a eleição municipal
sem ter recebido nenhum voto. Destes, 14.417 eram candidatas, e apenas 1.714
candidatos.
Em 1º de Agosto de 2017 houve uma decisão pioneira proferida por
unanimidade no TRE de São Paulo, no Recurso Eleitoral Nº 37054/SP, onde foram
cassados os registros dos vinte e dois candidatos a vereador da cidade de Santa Rosa
do Viterbo, nas eleições municipais de 2016, que incluiu dois vereadores eleitos. Esta
ação foi ajuizada pelo Ministério Público Eleitoral, que tinha como orientação propor
ação de investigação eleitoral (AIJE) e de impugnação do mandato eletivo de toda a
legenda do partido ou coligação que se beneficiasse de candidaturas fraudulentas.
Neste caso, o percentual de 30% tinha sido cumprido4, mas investigações
demonstraram que três não participaram de campanhas e não receberam nenhum
voto, e sem elas a coligação não teria cumprido o percentual determinado por lei.
Dessa decisão houve recurso, que ainda será julgado pelo TSE, mas dado o
ineditismo do acórdão, vale o destaque como marco histórico.
A Lei nº 13.165 trouxe inúmeras novidades, tal como o estabelecimento de um
percentual mínimo e máximo de recursos do Fundo Partidário para aplicação em
campanhas eleitorais de mulheres. Nas três eleições seguidas à publicação da lei os
partidos deveriam reservar no mínimo 5% e no máximo 15% do montante do Fundo
Partidário destinado ao financiamento das campanhas eleitorais para aplicação nas
campanhas de suas candidatas.
A Procuradoria Geral da República, no final do ano de 2016, propôs a Ação
Direta de Inconstitucionalidade 5.617 (ADI), que contestava essa norma da Lei nº
13.165/2015. Seu Relator foi o Ministro Edson Fachin. Segundo Rodrigo Janot,
Procurador Geral da República à época da propositura da ação, não bastava que a lei
reservasse percentual de vagas para candidatas sem garantir recursos suficientes
para disputar o pleito eleitoral em igualdade de condições com os homens.
Para ilustrar essa situação, dados do Tribunal Superior Eleitoral de 2014
revelam que, quanto aos recursos financeiros das candidatas às Assembleias
Legislativas, o quadro era o seguinte: foram 4.447 mulheres candidatas, e 120 eleitas,
com uma média de R$36.750,67 gastos em campanhas. Quanto aos homens, havia
10.828 candidatos, 942 foram eleitos e a média de gastos em campanhas foi de R$
99.719,14. E não há como sustentar uma política pública sem financiamento.
4
Eram 22 (vinte e dois) candidatos no total, sendo sete mulheres.
713
Na ADI 5617, um dos itens questionados era o artigo 9º propor um teto de 15%
para o financiamento de campanhas de mulheres, enquanto não havia limite máximo
para as campanhas masculinas, o que fere de maneira inequívoca o princípio da
igualdade, e contraria o papel da lei de estimular as mulheres na política. Além disso,
como a lei determina o mínimo de 30% para cada gênero nas chapas, é no mínimo
incongruente esse percentual de 5 a 15% para os valores de campanhas.
O principal argumento da ADI era o artigo 5º da Constituição Federal, ao
proclamar em seu inciso I que homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações,
e não há como falar em democracia representativa sem mulheres efetivamente
representadas. Por maioria, o STF entendeu que a distribuição de recursos do Fundo
Partidário destinado ao financiamento das campanhas eleitorais direcionadas às
candidaturas de mulheres deve ser feita na exata proporção das candidaturas de
ambos os sexos, respeitado o patamar mínimo de 30% de candidatas mulheres
previsto no artigo 10, § 3º, da Lei nº 9.504/1997. O Plenário decidiu também que a
fixação de prazo para esta regra, como determina a lei, é inconstitucional, e que a
distribuição não discriminatória deve perdurar enquanto for justificada a necessidade
de composição mínima das candidaturas femininas.
Em seu voto, o Relator Ministro Edson Fachin ressaltou que é próprio do direito
à igualdade a possibilidade de uma desequiparação, desde que seja pontual e tenha
por objetivo superar uma desigualdade histórica, que é o quadro que temos no país,
onde apesar de o eleitorado ter maioria de mulheres, isso não se reflete nos pleitos.
Entendeu que a fixação de 5% é manifestamente inconstitucional e poderia fazer com
que os candidatos recebessem até 95% dos recursos, salientando que o caráter
público desses valores advindos do Fundo Partidário é mais um elemento para
reforçar a ideia de distribuição igualitária.
Em Setembro de 2015, o STF decidiu proibir o financiamento empresarial das
campanhas, como uma resposta à Operação Lava Jato, que demonstrou que
empresas privadas abasteciam os partidos para que depois fossem consumados
negócios com o dinheiro público. Assim, a eleição municipal de 2016 foi realizada sem
doação empresarial, e a arrecadação caiu pela metade em relação às eleições
municipais de 2012, segundo o Tribunal Superior Eleitoral.
Dessa forma, decidiu o Congresso Nacional definir novas regras para financiar
a propaganda eleitoral e criou o Fundo Especial de Financiamento de Campanha
(FEFC) para os anos de eleições gerais e municipais5, constituído por dotações
orçamentárias da União6. As eleições de 2018 receberam R$ 1,716 bilhão do Fundo
Especial de Financiamento de Campanha.
Mas havia no FEFC uma lacuna: como esses valores seriam distribuídos às
candidaturas femininas? Assim, um grupo de congressistas formulou a Consulta
060025218 à Corte Superior Eleitoral, onde se pleiteava que o TSE aplicasse ao
Fundo Especial de Campanhas a mesma regra fixada pelo STF em relação ao fundo
partidário, determinando que no mínimo 30% do montante fossem destinados às
mulheres candidatas, e ao tempo destinado à propaganda partidária, que também é
financiada com recursos do Estado.
Em decisão unânime, o Plenário do TSE confirmou que os partidos políticos
deverão reservar no mínimo 30% dos recursos do FEFC para financiar candidaturas
femininas, e o mesmo percentual deve ser considerado em relação ao tempo
5
Lei nº 13.487, de outubro de 2017, que alterou dispositivos da Lei das Eleições e da Lei dos Partidos Políticos.
6
Distribuído da seguinte forma: 2% divididos igualitariamente entre todos os partidos registrados no Tribunal Superior Eleitoral;
49% divididos entre os partidos de acordo com a proporção de votos obtidos na última eleição para a Câmara; 34% divididos
entre os partidos na proporção de representantes na Câmara; e 15% divididos entre os partidos na proporção de
representantes no Senado.
714
CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS
7
Estudo feito por feito por Chandan Jha e Sudipta Sarangi. Disponível em: <https://g1.globo.com/olha-que-legal/noticia/paises-
onde-mais-mulheres-estao-no-governo-temmenos-corrupcao-diz-estudo.ghtml>. Acesso em Julho/2018.
716
Abstract: The purpose of this paper is to present the evolution of women's political
rights. A timeline was made for some of the most important steps taken by women in
the world until they finally won the right to vote in 1893, with New Zealand being the
first country to allow women to vote. In Brazil, it was only in 1946 that women won the
right to vote through the determination of universal suffrage, previously established by
the 1932 Electoral Code, however, with restrictions. Many years have passed and
female political participation in Brazil is still minimal if compared to the amount of the
population of women in the country. And this is due to the fact that they were not
created as political beings, and it is then up to the State to create public policies that
establish measures that influence them and participate in politics.
Keywords: Politics. Woman. Vote. Suffrage. Right.
1. INTRODUÇÃO
Muitos anos e muita luta foram necessários até que finalmente as mulheres
adquiriram seu direito ao sufrágio. Foi devido a muitas mulheres e homens que
dedicaram muitas vezes suas vidas em busca da igualdade de direitos entre homens
e mulheres. A primeira conquista, advinda da Nova Zelândia, acabou inspirando
diversos outros países a evoluírem junto com ela, entretanto, devido a heranças
infelizes do patriarcado, que representava uma dominação do homem sobre a mulher
e uma submissão nunca questionada por parte delas, fazia com que a evolução
caminhasse a passos lentos.
No Brasil, a mulher só conquistou o Direito de votar sem restrições no ano de
1936, e a partir disso, uma nova luta começou. Uma batalha para que as mulheres
colocassem a política como algo que fizesse parte de suas vidas, para que estas
começassem a ter sua independência e iniciassem o envolvimento e participação nas
decisões da gestão pública.
717
2. DESENVOLVIMENTO
Bobbio (2000) entende por democracia a forma de governo que reúne o poder
nas mãos da maioria ou de todos, contrapondo aquelas que concentram o poder nas
mãos de poucos, como a monarquia e a oligarquia. O Brasil vive atualmente num
modelo de democracia denominado de representativo, que se dá por meio da escolha
de um representante, que ficará encarregado de gerir a coisa pública, estabelecendo
e executando leis de modo a atender aos interesses daqueles que o escolheram para
estar ali exercendo seus cargos.
A escolha de um representante por meio do povo se dá a partir do sufrágio, que
no Brasil foi grande obstáculo na vida política das mulheres, já que esse direito só lhes
foi dado em 1932, contudo, ainda repleto de diversas restrições ante o seu exercício.
Esta inserção tardia gerou pouca participação e, consequentemente, baixa
representação das mulheres na política, tanto que atualmente há uma sub-
representação do gênero feminino na política brasileira. Um exemplo disto é que das
513 cadeiras que devem ser ocupadas por Deputados Federais na Câmara, apenas
51 são ocupadas por mulheres, situação que se agrava ainda mais, pois a porção de
mulheres que exercem algum cargo no legislativo brasileiro se subdivide em 3 grupos.
O primeiro é o das mulheres que tem a política como carreira e herança familiar,
o segundo é aquele composto por mulheres que são eleitas por uma comunidade
específica, e que se dedicam durante seu mandato a lutar por questões referentes a
estes que a elegeram que é o caso das evangélicas, e por fim, há a parte pequena de
mulheres que realmente representam seu gênero.
Miguel e Biroli (2010) em uma análise a Pateman (1989) vão ainda mais fundo
na questão dos motivos que levam as mulheres a sua atual sub-representatividade
quando identificam três vertentes principais que causaram esta situação. Inicialmente
eles criticam as ideias apresentadas pelo liberalismo, quando relatam que
teoricamente suas ideias apresentam-se como universais e igualmente desfrutadas
por todos, mas que, quando se parte para a observação do real, observa-se que ainda
há uma dualidade entre a convivência entre os gêneros na esfera pública e na privada,
pois enquanto na pública são tratados como iguais, na privada ainda existe muita
desigualdade entre eles, o que acaba levando, por exemplo, a uma divisão sexual do
trabalho. Outra vertente é a que analisa os padrões culturais que propagam durante
toda a evolução da sociedade que o lugar do homem é nos espaços públicos, dando
força à ideia que política não é lugar para mulher. Tal fato acaba não gerando
nenhuma influência para que as mulheres criem uma ambição política e assim tomem
seu lugar no espaço público.
A terceira vertente se assemelha as anteriores, já que trabalha em cima do
patriarcado e suas heranças, contudo tem suas particularidades. Primeiramente, eles
citam a questão da disponibilidade de recursos econômicos para as mulheres já que,
a independência econômica é fundamental para que as mulheres tenham em suas
mentes a possibilidade de se tornarem ativas politicamente. Vale ressaltar que, acerca
desta questão, de acordo com o relatório anual socioeconômico da mulher (2013),
havia uma diferença de cerca de 20% entre a quantidade de homens e mulheres que
estariam economicamente ativos no momento que a pesquisa foi realizada, fato que
causa um enfraquecimento na hipótese de ter mais mulheres envolvidas em política
devido a sua independência econômica.
Miguel e Biroli (2010) ainda comentam sobre outra herança do patriarcado que
interfere bastante no envolvimento político da mulher, a questão das jornadas duplas
ou triplas de trabalho. Já que, além do trabalho na esfera pública, elas ainda têm duas
718
funções dentro da privada, à de cuidado com o lar e com os filhos, que mesmo depois
de tanto anos da instituição do poder familiar pela Constituição Federal de 1988, poder
este que determinou em Lei a igualdade de direitos e deveres entre homens e
mulheres, ainda lhes é imposto como obrigação exclusiva.
Tal diferença na quantidade de homens e mulheres economicamente ativos
remete a existência da divisão sexual do trabalho, que faz com que as mulheres, por
acumularem mais funções e obrigações que os homens, não tenham a disponibilidade
necessária para que se envolvam em política. Envolvimento este que não se refere
apenas à candidatura, como também a entender quais são seus direitos e lutar por
ele.
A questão da candidatura é outro problema enfrentado pelas mulheres no dia
a dia. Pois a cota de gênero, uma política pública criada para solucionar o problema
do pouco envolvimento destas cidadãs na política não exerceu grande influência nos
partidos, pois estes continuaram não investindo em candidatas do sexo feminino,
influenciando mulheres a serem candidatas apenas com a intenção de cumprir com a
exigência da cota de gênero.
Atualmente há 475 proposições, que estão divididas em projetos de lei, projeto
de lei complementar, medidas provisórias, projetos de emenda a Constituição, projeto
de decreto legislativo e projeto de resolução, que envolvem mulheres e seus direitos
em tramitação na Câmara dos Deputados, e devido a atual sub-representação
feminina, tais projetos não serão apreciados como deveriam por uma quantidade
proporcional de pessoas que representam mulheres, na verdade, a porção de
mulheres, que são aquelas a quem tais projetos realmente interessam é infinitamente
menor que a de homens, resultando então numa menor apreciação de interesses
femininos no legislativo brasileiro.
As vertentes mapeadas por Miguel e Biroli (2010) já demonstram que não há
por parte da sociedade um esforço em pôr fim à sub-representação feminina na
política, fato que se comprova de diversas maneiras, inclusive por pesquisas como a
realizada por Thais Oliveira Pinheiro (2016), que se preocupou em medir os incentivos
derivados de partidos políticos para que mulheres se candidatem, além de comparar
também os investimentos feitos nas campanhas políticas de cada gênero, concluindo
se há alguma diferenciação entre os investimentos feitos em cada um. Na busca pelas
respostas das questões levantadas, Pinheiro (2016) verificou que há uma
desproporcionalidade entre os valores que são investidos nas campanhas de homens
e mulheres, concluindo inclusive que há pouquíssimos sendo feitos nas campanhas
protagonizadas por mulheres.
Não existem ações afirmativas que busquem influenciar mulheres a entrar na
política, conscientizando-as acerca da importância de terem uma representatividade
ativa que possa perante os entes políticos estar assegurando que as proposições e
os debates envolvendo seus direitos e deveres serão apreciados de modo a ter seus
pontos de vista postos em pauta e valorizados. A cota de gênero surgiu com boa
intenção, pois buscou primeiramente assegurar uma participação mínima de mulheres
na política e, consequentemente, vincular os partidos a investirem na campanha
destas de modo que mais mulheres começassem a ser eleitas, no entanto, quando se
parte para uma observação prática, como a que foi feita no estudo de Pinheiro (2016),
pode-se concluir que não foi isso que aconteceu. Os partidos continuaram a dar
prioridade às campanhas de homens, e só influenciam as mulheres a entrar na política
para cumprir o que está disposto em lei, ou seja, no mínimo 30% dos candidatos
apresentados por eles deve ser mulher, fato que prejudica ainda mais o ganho de
força na luta pelo crescimento da representatividade feminina na política brasileira.
719
CONCLUSÃO
O presente trabalho tem como principal objetivo uma análise com relação ao
envolvimento feminino na política brasileira. Trazendo uma evolução histórica de
720
REFERÊNCIAS
MIGUEL, L. F.; BIROLLI, F. (2014) Feminismo e política: uma introdução (1ª ed.).
Brasília: Boitempo.
LIMA, J. M. (2015, setembro). Democracia no Brasil e participação das mulheres
na política: algumas barreiras para o desenvolvimento democrático. Ananis do
1º Seminário Internacional de Ciência Política, Porto Alegre, RS, Brasil.
PINHERIO, Thais Oliveira. Mulheres e Dinheiro: Uma Análise dos Padrões
Regionais de Financiamento das Campanhas das Deputadas Federais Eleitas em
2014. Belo Horizonte. 2016.
722
Resumo: O presente trabalho tem como objetivo analisar a importância das políticas
públicas em um Estado Democrático de Direito, especialmente às direcionadas a
grupos familiares vulneráveis ou pouco reconhecidos juridicamente. Logo, torna-se
imprescindível averiguar a relevância e legitimidade das políticas públicas sob a ótica
da Constituição Federal. Ademais, faz-se necessário apreciar as interpretações do
conceito de filiação, possibilitadas pela Lei Maior e pelos princípios do Direito de
Família. Por fim, pretende-se indicar as políticas direcionadas a crianças,
adolescentes e famílias, bem como a possibilidade jurídica de estas serem concedidas
aos novos núcleos familiares.
Palavras-chave: Políticas Públicas; Filiação Socioafetiva; Constituição.
Abstract: The following study aims to analyze the importance of public policies in a
Democratic State of Law, especially those directed to vulnerable or not-recognized
groups. Therefore, it is essential to analyze the relevance and legitimacy of public
policies from the point of view of the Federal Constitution. In addition, it is necessary
to analyze the interpretations of the concept of sonship, by the Major Law and by the
principles of Family Law. Finally, it is intended to indicate policies aimed at children,
adolescents and families, as well as the legal possibility of these being granted to the
new families.
Keywords: Public Policies; Socioaffective Affiliation; Constitution.
INTRODUÇÃO
os meios necessários para que os filhos afetivos sejam, assim como os biológicos,
beneficiários de políticas públicas de Estado e de Governo.
Portanto, este estudo pretende apresentar concepções atuais e pertinentes ao
Direito Político. Em suma, visa buscar a efetivação, na prática, de princípios
constitucionais, nos momentos de planejamento, execução e concretização das
políticas públicas. Como metodologia, utilizou-se a técnica bibliográfico-documental,
analisando a necessidade de políticas públicas para as crianças e adolescentes de
novos núcleos familiares. Para tanto, buscou-se consulta aos sites do Governo
Federal, livros, periódicos e redes eletrônicas, identificando os princípios do Direito de
Família e do ECA presentes na Constituição Federal.
[...]
Assim, conclui-se que não se faz nos tempos atuais qualquer diferença quando
à origem da filiação, tendo os filhos concebidos no casamento, ou fora dele, tenham
eles vínculo civil ou afetivo, cabendo à todos, os mesmos direitos, tanto no que se
refere ao seu desenvolvimento sadio, quanto ao exercício de políticas públicas
efetivadas pelo Estado.
Nesse sentido, há a posse de estado do filho, caracterizada pela exteriorização
familiar, na qual – mesmo que não haja vínculo biológico ou científico- um indivíduo
exerce o papel de mãe ou de pai em face de outro, que assume o lugar de filho, ou
vice-versa.
Nas palavras de Maria Berenice Dias:
2
Belmiro Pedro Welter, Igualdade entre as filiações biológicas e socioafetivas. p.168.
725
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
Vivian Leinz
Daniel Francisco Nagao Menezes
Abstract: Brazilian companies, in order to raise funds, issue shares in Brazil and also
abroad, especially in the United States of America. If investors suffer any losses, they
are able to sue the company. Actions originated from bonds issued in north american
territory will be decided by north american courts, and shareholders who got the papers
elsewhere are not able to litigate in the USA, because there is a decision that
forbiddens it. The fact is that north american and brasilian jurisprudence give different
solutions to the same case, and ADR holders have a greater incentive to litigate in the
US. That can affect the capital flow and the shares´s issue in brazilian territory.
Therefore, the brazilian legislation has to be changed in order to allow more protection
to these shareholders.
Keywords: shareholders; class action; comparative law
Nos Estados Unidos existe a class action, espécie de ação coletiva que
permite a uma classe composta por pessoas que sofreram o mesmo prejuízo e que
possuem, portanto, um interesse comum, que demandem em conjunto uma
indenização pelos prejuízos sofridos1. Escritórios de advocacia especializados em
class actions patrocinam esse tipo de causa por meio da reunião de pequenas causas
individuais.
No Brasil não existe essa figura, havendo somente a ação civil pública, que
possui legitimidade restrita (Ministério Público, Defensoria Pública, União, Estados,
Distrito Federal e Municípios, autarquias, empresas públicas, fundações e sociedades
de economia mista, além de associações constituídas há pelo menos um ano e que
incluam a proteção a alguns determinados direitos entre suas finalidades – art. 5º da
Lei 7.347/85) e se presta somente à defesa de alguns direitos elencados no art. 1º da
Lei 7.347/85.
O problema para os investidores brasileiros já tem início com a inexistência de
figura similar à class action americana, tornando mais árdua a defesa de seus direitos:
dificilmente o Ministério Público, legitimado ativo para a ação civil pública, patrocinará
uma causa envolvendo investidores, uma vez que essa não está entre as suas
atribuições. Já no que tange às associações civis, os requisitos exigidos por lei para
que possam patrocinar essas demandas acabam sendo empecilhos à sua atuação.
Mas não é só: a jurisprudência brasileira, nos casos que envolvem prejuízos
causados por corrupção, entende que a empresa que lançou os papéis no mercado
também é vítima, não podendo, portanto, indenizar os investidores lesados. E isso
não ocorre nos Estados Unidos, onde as cortes americanas normalmente dão ganho
de causa aos investidores lesados2.
Assim, os investidores brasileiros tem duplo prejuízo: além de não conseguirem
ressarcimento pelos prejuízos que lhes foram causados, ainda tem o ônus de arcar
indiretamente com a reparação dos danos ocasionados pela sociedade aos
investidores americanos3. E foi justamente isso que ocorreu no caso da Petrobrás: os
investidores brasileiros que foram prejudicados pelos atos de corrupção dos diretores
da estatal nada receberam, enquanto que a Petrobrás realizou acordo bilionário com
os investidores americanos4, apesar de todos, brasileiros e estrangeiros, terem sido
lesados pelo mesmo fato.
1
“The second formal point of similarity between derivative suits and shareholder class actions—their representative character—
also exposes itself as a point of dissimilarity upon deeper inspection. In particular, these two procedural mechanisms differ in the
kind of representation they entail. In derivative suits, the plaintiffs represent a party other than themselves and to whom they relate
as investors. In shareholder class actions, they represent themselves along with other, similarly positioned stockholders”.
(OQUENDO, 2013).
2
“The US is famous for allowing direct compensation of shareholders in cases where misrepresentation, fraud or management
failure has caused losses to investors. In Brazil the system is different. Shareholders are not allowed to receive direct
compensation for losses caused by bad management or misrepresentation. According to Brazilian rules, the main victims of such
acts are not the shareholders, but the company itself. Thus, any lawsuit should be directed at obtaining compensation for the
company. The company may, in the future, cause this compensation to flow to the shareholders in the form of dividends, but there
is no direct connection between the shareholder’s future dividends and the compensation to be paid to the corporate entity. [...]
Taking those differences in consideration, it is clear that ADR holders have a greater incentive to litigate in the US, where the
financial compensation can be received directly. The class action filed in the US, however, only covers the losses regarding the
trading of Petrobras ADRs. The vast majority of the company’s shares are traded in Brazil only, where direct compensation is not
available. (MARTINS, 2015).
3
Segundo reportagem publicada no Valor Econômico, “no caso da Petrobras, se a estatal vier a ser condenada a pagar algum
tipo de indenização aos investidores que se sentiram lesados, apenas os detentores de ADR poderão ser ressarcidos. Isso
acontece porque o juiz Jed Rakoff, que cuida do julgamento nos Estados Unidos, definiu que apenas os titulares desse tipo de
papel estão enquadrados na classe de acionistas. Assim, além de absorver os prejuízos causados pela própria corrupção, que
deteriorou substancialmente o valor de mercado da Petrobras e a levou a realizar baixas contábeis bilionárias, o investidor do
papel no Brasil não terá acesso a uma eventual indenização cujos custos devem sair do caixa da própria companhia”.
(MACHADO, 2016).
4
O acordo realizado pela Petrobrás foi de 2,95 bilhões de dólares, a ser pago pela sociedade de economia mista aos
investidores em duas parcelas, uma de 983 milhões e a outra de 984 milhões. (ROMERO, 2018).
728
REFERÊNCIAS
Abstract: The female presence as voters and in the basic social movements constitute
majority. Today, 51% of the Brazilian electorate is composed of women, but its
reflection in the Chamber of Deputies is still low. This difference between genders is
based, in short, on machismo and patriarchy. As a way of reducing this inequality, the
quota law, number 9.100/95, was created, which has undergone several changes over
the years. This work, therefore, seeks to question the limitation of the presence of
women in politics, considering the quota law, through a historical survey of the feminine
role in society, also observing the results and modifications suffered by said law over
the years, for qualitative, quantitative, and bibliographical review. From its observation
it is possible to verify the insufficiency of this public policy of inclusion of women, given
the small number of elected Members.
Keywords: Women; politics; quotas
INTRODUÇÃO
Ano da 1 1 1 1 2 2 2 2 2
Eleição 1986 1990 1994 1998 2002 2006 2010 2014 2018
Câmara dos 2 2 3 2 4 4 4 5 6
Deputados 26 29 32 29 42 46 45 51 69
Fonte: TSE. Acessado em 23/10/2018
o homem sempre esteve à frente nesse contexto, e sempre foi tido como comum a
participação masculina em espaços públicos, gerando reflexo no cenário atual.
Alguns determinantes para a sub-representação feminina são apresentados
por PINHEIROS (2007), como a resistência e o preconceito presente nas
organizações partidárias, o acesso seletivo aos recursos econômicos e sociais, os
papéis de gênero e a socialização diferenciada, por meio da divisão sexual do
trabalho, que pela formação educacional e da cultura dominante, que não favorece a
preparação da mulher para a disputa política.
Além de uma imponente cultura machista, o exercício solitário do poder é
também fator determinante, principalmente para o cargo de Deputada Federal.
PINHIEIRO (2007) aponta que no caso dos políticos homens, o peso emocional do
exercício do poder é compartilhado, na maioria das vezes, com suas companheiras,
mas o inverso não acontece, uma vez que 39,8% das deputadas eleitas são solteiras,
separadas ou divorciadas, enquanto que 77,1% dos homens são casados (FEITOSA,
2012). A ocupação de cargos eletivo bem como a competição eleitoral implicam uma
terceira jornada de trabalho.
O acesso diferenciado de homens e mulheres a recursos econômicos e sociais,
ou seja, o acesso privilegiado a tarefas socialmente valorizadas e a habilidades sociais
que capacitam os indivíduos a competir nos vários campos da sociedade, são outro
fator (BOURDIEU apud PINHEIROS, 2007). Pela formação educacional diferenciada,
algumas pessoas possuem maiores possibilidades de acesso a recursos políticos, na
estrutura social. O número de mulheres presentes em direções de sindicatos, partidos
é diferente da masculina. Como alternativa, as mulheres passam a integrar outros
campos, como movimentos sociais, movimentos de bairros, e similares, para se
apresentar no espaço público e adquirir visibilidade, a muito custo.
Há ainda, a falta de estímulo dos partidos políticos às candidaturas femininas,
bem como a falta de apoio financeiro e estrutural para o desenvolvimento das
campanhas eleitorais. Parte dessa ausência de prioridade por parte dos partidos é
explicada pelos determinantes citados anteriormente: a cultura machista, ainda muito
presente; e a justificativa do fato das mulheres serem recém-chegadas na arena
política formal (PINHEIRO, 2007).
Para além dos fatores sociais e culturais, o sistema eleitoral brasileiro também
deve ser levado em consideração na conquista de uma representatividade feminina.
O país adota, na eleição de Deputado Federal, o sistema proporcional, de acordo com
a votação obtida pelos partidos/coligações, com lista aberta. Ocorre que este sistema
possui profundas críticas sobre a efetividade de representatividade, pois há distorções
nos candidatos eleitos. Os candidatos que receberam significativa votação por vezes
não são eleitos por não atingirem o quociente eleitoral, ao passo que quando um
candidato recebe votação expressiva, atingindo o quociente várias vezes, carrega
consigo a eleição de candidatos com votação ínfima.
O atual sistema possui impactos nas eleições de mulheres. Ainda que o sistema
proporcional seja o que garanta maior representatividade e mais benéfico para a
eleição de mulheres, a lista aberta é um limitador, posto que ao votar na pessoa
individualmente, “as mulheres só serão beneficiadas na medida em que forem
realmente capazes de se fazerem escolher individualmente pelo eleitorado"
(ARAÚJO, 1998). A alternativa para este primeiro problema, seria a adoção da lista
fechada, com alternância de gênero, assim os eleitores votariam na chapa, e os eleitos
já estariam previamente ordenados.
Portanto, os limitadores para o maior ingresso de mulheres na política
perpassam por problemas culturais, sociais, e também da dinâmica do sistema
735
CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS
INTRODUÇÃO
1. DEMOCRACIA
738
2. FINANCIAMENTO ELEITORAL
1
Hanks, Abraham Lincoln. Discurso proferido na cerimônia de inauguração do Cemitério Militar de Gettysburg em 19 de
novembro de 1863.
2
TSE, Recurso Especial Eleitoral n° 8.715/AL, Rel. Min. Octávio Gallotti, DJ 04.04.1990.
3
MENDES, Gilmar Ferreira; COELHO, Inocêncio Mártires; BRANCO, Paulo Gustavo Gonet..Curso de direito constitucional. 5.
ed. rev. atual. São Paulo: Saraiva, 2010, p. 893.
739
3. DADOS E NÚMEROS
4
Artigos 24 da Lei n. 9.504/97 e 31 da Lei dos Partidos Políticos.
5
STF, ADI 4650/DF, Rel. Min. Luiz Fux, DJE 04.03.2016.
741
6
http://www.justicaeleitoral.jus.br/arquivos/tse-distribuicao-fundo-partidario-duodecimo-agosto-2018 e
http://www.justicaeleitoral.jus.br/arquivos/tse-fundo-especial-de-financiamento-de-campanha
7
GOMES, José Jairo. Direito Eleitoral. 12 ed. São Paulo: Atlas, 2016, p. 388.
742
meramente moral, pois não geram nenhuma consequência que inviabilize futura
candidatura, nem implicam no pagamento de multa.
A ação por captação ou uso ilícito de recurso para fins eleitorais tem
fundamento legal no artigo 30-A da Lei das Eleições e visa tutelar a higidez da
campanha e a igualdade na disputa, bem como tem por objeto direto a negação da
diplomação ou sua cassação e, por objeto indireto, a inelegibilidade por oito anos (art.
1º, I, j, Lei das Inelegibilidades). O objetivo desta ação é fazer com que as campanhas
eleitorais se desenvolvam e sejam financiadas de forma escorreita e transparente, a
fim de possibilitar uma disputa saudável entre os candidatos, razão pela qual basta a
existência da gravidade do evento e das circunstâncias que o cercam para a
caracterização da hipótese legal em apreço, sendo irrelevante que o fato tenha
potencialidade para desequilibrar as eleições ou o resultado delas.
CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS
ALMEIDA, Roberto Moreira de. Curso de direito eleitoral. 8 ed. Salvador: Juspodivm,
2014.
BRASIL. Supremo Tribunal Federal. Disponível em:
<http://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=4136819> Acesso em: 25
out. 2018.
________. Tribunal Superior Eleitoral. Disponível em:
<http://www.justicaeleitoral.jus.br/arquivos/tse-distribuicao-fundo-partidario-
duodecimo-agosto-2018> Acesso em: 25 out. 2018.
________. Tribunal Superior Eleitoral. Disponível em:
<http://www.justicaeleitoral.jus.br/arquivos/tse-fundo-especial-de-financiamento-de-
campanha> Acesso em: 25 out. 2018.
GALIZIA, Paulo Sergio Brant de Carvalho. O financiamento das campanhas eleitorais
e as doações de pessoas jurídicas. In: Cadernos Jurídicos. Direito eleitoral\ Escola
743
Abstract: The research deals with the relationship between corruption, competitive
markets and antitrust policy. Through indirect documentary research and a
functionalist type procedure, it brings the understanding of regulatory functions into a
complex of structure and organization, analyzing the system of defense of competition
and its relation with anti-corruption policy. It is possible to observe an argumentative
line regarding the defense of competition, which discusses the need to establish
optimal points of competitive regulation and anticorruption. With a view to discussing
whether the expansion of anti-corruption policies brings benefits to the world's social
welfare or would function as a trade defense structure, it has been observed that the
convergence of anti-corruption policies at the global level has proved to be sound in
promoting competition and that compliance. It was possible to conclude that the
increase in anti-corruption policies at the global level should seek a minimum
standardization to avoid regulatory confusion.
Keywords: Defense of competition; compliance; antitrust
1. INTRODUÇÃO
2. DESENVOLVIMENTO
1
Charles Tiebout produziu a “teoria dos gastos locais” que trata da forma pela qual devem ser providos os bens públicos de
acordo com as preferências dos habitantes de diferentes localidades, de forma que se consiga “forçar o eleitor a revelar suas
preferências, satisfazê-lo da mesma forma que o mercado de bens privados o faz e, também, taxá-lo adequadamente” (TIEBOUT,
1956, p. 417-418).
747
Outro problema que pode ser tratado por meio da pesquisa analisada versa
sobre os campeões nacionais. A política de campeões nacionais pode ser
particularmente problemática para a regulação antitruste, de modo que os Estados
teriam incentivos para propor as políticas regulatórias que melhor acomodassem seus
campeões e criassem desvantagens para seus rivais. Entretanto, o próprio Stephan
já oferece um contraponto a este argumento, que aqui reiteramos, na medida em que
a necessidade de acessar mercados internacionais, potencialmente mais rígidos em
matéria regulatória, torna inócua qualquer tentativa de o Estado “facilitar a vida” do
seu campeão nacional (STEPHAN,2012).
Observemos, por exemplo o caso da vigência do General Data Protection
Regulation (GDPR) na União Europeia. Na medida em que tratou do mercado digital
– claramente transfronteiriço – e criou uma série de exigências para a gestão, coleta
e tratamento de dados dos consumidores europeus, o regulamento, somado ao poder
econômico da união de estados que o propôs, tornou absolutamente inócua a
existência ou não de regulação neste sentido em outros países. Como todas as
empresas que propõe serviços digitais em nível mundial necessitam acessar o
mercado europeu, a regulação ganhou contornos de enforcement mundial.
Sobre esta discussão, ainda é possível fazer menção às características do
Regulatory Leveraging no ambiente regulatório antitruste, tratado por Kovacic e
Hyman (2016) de modo que o regulador deve estar consciente dos riscos e custos
legais de utilizar a alavancagem regulatória – como, por exemplo, utilizar a política
anticorrupção ou antitruste em âmbito internacional para fins protecionistas – de modo
incorreto ou indisciplinado. Neste sentido, Kovacic e Hyman (2016, p.27) afirmam:
2
Traduzido livremente do excerto: “ Regulators like leverage—and some of the time, it is the only available solution to a particular
problem. But regulatory leverage raises very real risks and costs, which counsel for considerably greater caution than regulatory
agencies have shown to date. Unless properly disciplined, regulatory leveraging becomes lawlessness.Some of the time,
regulatory leveraging is a problem. And, some of the time, regulatory leveraging is the only available solution.”
748
3
Traduzido livremente do excerto: “ If the industry is sufficiently competitive (i.e. the number of firms in the industry is above a
certain threshold level n ∗ ) then all firms in the industry will be corrupt”
4
De forma bem simplificada o equilíbrio de Cournot é um modelo matemático no qual a estrutura de mercado se baseia na
quantidade produzida pelos seus concorrentes, existindo uma grande interdependência nas decisões dos agentes. Para fins de
análise do artigo proposto, é suficiente observar que o ponto ótimo do modelo econômico é aquele no qual as firmas fazem com
que o produto total exceda o produto total ofertado por um suposto monopólio enquanto o preço, é menor do que o de monopólio.
Por outro lado a produção seria menor do que o de uma indústria competitiva, onde os preço tendem ao custo marginal. Em
outras palavras, os autores do artigo demonstraram que há um ponto ótimo – que não é a concorrência perfeita – e que
ultrapassado este ponto, as empresas apenas teriam lucro se agissem de forma corrupta.
749
3. CONCLUSÃO
7
Lewis apresenta o conceito conforme o texto: “ The standard neo-classical definition of ‘economic rent’ is that portion of income
paid to a factor of production in excess of that which is needed to keep it employed in its current use. However, for present
purposes the Ricardian definition of rent as the return generated by an element of fixity of supply in a factor of production, though
broadly similar to the standard neo-classical definition, is more on point” (LEWIS, 2014,p.4)
8
Lewis apresenta o conceito conforme o texto:” ‘Rent seeking’ is commonly defined as an attempt to obtain economic rent by
manipulating the environment in which economic activity occurs, rather than by creating new wealth” (LEWIS, 2014,p.5)
9
SOKOL, D. Tensions Between Antitrust and Industrial Policy. 22 Geo. Mason L. Rev. 1247, 2015.
10
FOX, E. HEALEY, D. When the State Harms Competition—The Role For Competition Law. NYU Law and Economics
Research Paper No. 13-11, 2014.
751
4. REFERÊNCIAS
Abstract: This paper studies the relation between induction tax rules and the
sustainable development in the Amazon region through the analysis of the decree
1.522/2016 and the resolution 039/2017. Thus, the paper approaches the
Constitutional Economic, as well as the ways of State’s intervention on economy. In
conclusion, the State, by creating induction tax rules, which means an intervention on
the economic camp, has the capacity to control its financials’ activities not only aiming
the public interest, but the sustainable development protected by the Constitution.
Key words: sustainable-development; state-intervention, induction-rules;
1. INTRODUÇÃO
domínio econômico. Nesta última hipótese, podem-se citar como exemplo as normas
tributárias indutoras, as quais são incentivos fiscais, sem caráter sancionatório,
destinadas a promover determinada atividade econômica. Neste artigo, utiliza-se
como exemplo desta atuação Estatal o Decreto-Lei nº 1.522/2016 e da Resolução nº
039/2017.
Por fim, partindo-se da ideia de desenvolvimento includente e sustentável,
abordar-se-á a referida legislação com base na argumentação teórica de Violeta
Refkalefsky Loureiro (2009) e Ignacy Sachs (2008; 2009), buscando-se chegar ao
desenvolvimento sustentável por vias alternativas à lógica do lucro, já que as
peculiaridades regionais devem ser respeitadas diante da realidade da globalização e
da internacionalização dos mercados.
1
O Vale do Açaí Importação e Exportação Indústria e Comércio LTDA é uma empresa de pequeno porte constituída nos moldes
das leis brasileiras, com sede no Estado do Pará. Sendo assim, o uso de incentivos fiscais pelo Governo do Estado do Pará
encontra base principiológica constitucional, especificamente no que se refere à Ordem Econômica, pois que dois de seus
princípios são o tratamento diferenciado de acordo com os impactos ambientais do produto, bem como o tratamento concedido
às empresas de pequeno porte.
755
3. CONCLUSÃO
4. REFERÊNCIAS
Grupo de trabalho:
DIREITO TRIBUTARIO E
PROCESSO TRIBUTARIO
Trabalhos publicados:
Rafael Rizzi
Resumo: O presente estudo tem como objetivo a análise critica das justificativas
adotadas para a alta tributação incidente nos jogos de videogames no Brasil, partindo
de uma perspectiva histórico-social, por meio do paradigma do pânico moral em
relação a associação dos primeiros jogos eletrônicos operados por moedas com os
jogos de azar, principalmente a partir do governo Dutra e, em que medida, as
correlações ali originadas comprometem o desenvolvimento deste segmento.
Abordando-se, ainda, a necessidade de um rigor terminológico para a tributação dos
jogos e os impactos gerados pela instituição da Zona Franca de Manaus e as
potencialidades da Proposta de Emenda à Constituição n° 51, de 2017, conhecida
popularmente como “PEC dos Games”, a partir da metodologia hipotética-dedutiva.
Palavras-chave: Tributação, Pânico moral, Indústria de games
Abstract: The present study aims to critically analyze the justifications adopted for the
high taxation of video games in Brazil, starting from a historical-social perspective,
through the moral panic paradigm in relation to the association of the first coin operated
games with gambling, mainly from the president Dutra government and, to what extent,
the correlations originated therein jeopardize the development of this segment. In
addition, the need for a strict terminology for the taxation of videogames and the
impacts generated by the establishment of the Manaus Free Trade Zone and the
potential of the Proposed Amendment to Constitution No. 51, of 2017, popularly known
as "PEC dos Games", based on a hypothetical-deductive methodology.
Key-words: Taxation, Moral panic, Game industry
INTRODUÇÃO
Um dos possíveis critérios para solucionar esta dicotomia seria a ação humana
executada na fruição de seus conteúdos (SCHMIDT, GONÇALVES, 2014), assim, ao
fazer uso de uma obra audiovisual se tem uma postura notadamente passiva diante
do aparelho que reproduzirá o conteúdo ali contido, entretanto, no caso dos
videogames há a presença marcante da ação humana em conduzir o desenvolvimento
daquele conteúdo, uma das razões que os torna tão atrativos, portanto a série de
comandos e escolhas que o jogador adota ao longo da narrativa proposta pelo
videogame o leva a funcionar de um modo específico podendo gerar inúmeros
resultados. A partir desta análise, percebe-se que os videogames se assemelham
mais a softwares do que a obras puramente audiovisuais, havendo ainda a
possibilidade de, em alguma medida, serem considerados como produtos híbridos.
CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS
763
Resumo: O trabalho em espeque tem como escopo a ascensão dos limites sociais e
legais da elisão fiscal precária ilegal, demonstrando-os como margem legal para o
planejamento tributário, com analise dos tributos em espécie protagonizando o
imposto como balizador da força tributante do Estado por este ser de não vinculado e
de arrecadação não afetada. Invoca-se para a construção compreensiva, analise
interpretativa dos escândalos políticos que norteiam a administração pública no ensejo
de demonstrar o fundamento da descrença popular sobre a finalidade dos recursos
angariados pelos tributos. Verifica-se como legislações fundamentais deste estudo a
Constituição Federal de 1988, Código Tributário Nacional de 1941 e a Lei nº 8.137, de
27 de dezembro de 1990. E por derradeiro porquanto do conceito da moral, questiona-
se a eficácia da carga tributária frente ao condicionamento limitador legal das práticas
elesivas.
Palavras-chaves: Planejamento tributário, limitação das práticas elesivas, Reação do
contribuinte.
Abstract: The work in question has as scope the rise of the ethical, moral and legal
limits of illegal precarious tax avoidance, demonstrating them as legal margin for tax
planning, with analysis of the taxes in kind leading to the tax as a marker of the taxing
force of the State by this being of non-bound and of unaffected collection. It is invoked
for the comprehensive construction of an interpretative analysis of the political
scandals that guide public administration in order to demonstrate the basis of popular
disbelief on the purpose of the resources raised by the taxes. The Federal Constitution
of 1988, the National Tax Code of 1941 and the (Tax Crimes Law) are verified as
fundamental legislation of this study. Finally, through the concept of morality, the
effectiveness of the tax burden is questioned in the face of the legal limiting
conditioning of the legal practices.
Key-words: Tax planning, limiting the practices of the taxpayer, Taxpayer reaction.
INTRODUÇÃO
DESENVOLVIMENTO
765
Pela sombra interpretativa da leitura avulsa do art. 4º, II, do CTN/41 é legível o
entendimento superficial de que o recurso adquirido pelos tributos tem destinação
certa, ou seja, predefinida, entrementes é de interesse de uma compreensão assertiva
e coerente perceber que: 1º Tributo é Gênero, 2º São espécies de Tributos: Impostos,
Taxas, Contribuição de Melhoria, Empréstimo Compulsório e Contribuição Especial,
conforme art. 5º do CTN/41 c/c art. 148 e 149 CFRB/88.
Pela concepção da Teoria Pentapartida, detemos cinco espécies de tributos,
entrementes o entendimento de outrora era sob a Teoria Tripartida onde apenas
Impostos, Taxas e Contribuição de melhoria faziam parte do arcabouço das espécies
de tributário.
A par dessa compreensão podemos falar sobre a afetação da arrecadação
tributária, pois não é douto conjecturar que todo tributo tem destinação de seus
recursos previamente estabelecidos. Os Tributos de arrecadação vinculada/afetada
são aqueles que previamente a sua arrecadação já existe trilha orçamentária
estabelecida, tem-se como tributo afetado as Taxas, Empréstimo Compulsório,
Contribuição de Especial e Contribuição de Melhoria, doutro modo e por seu turno o
Imposto não tem arrecadação vinculada, ou seja, os recursos provenientes a este são
de livre aplicação orçamentária, assim assevera Ricardo Alexandre in verbis infra:
suscitados pela liberdade administrativa do poder executivo seja ele federal, estadual
ou municipal, em manipular seus proventos ainda que prima facie em consonância
com a lei.
Pelos dados desta pesquisa o Brasil é o 13º país com mais problemas para o
desenvolvimento da nação, defronte a esta realidade fática é de se considerar uma
insegurança não somente por parte de outras nações, bem como também dos
concidadãos da nação em espeque. Frente a tais fatos invoca-se preceitos morais e
éticos nos termos infra:
sua subsunção entre fato e norma, para que não haja o nascimento da obrigação
tributária, daí por tanto denomina-se tal comportamento de Planejamento Tributário.
PLANEJAMENTOS TRIBUTÁRIOS
CONCLUSÃO
semelhante, que objetive melhoria para o contribuinte ora lesado pelo atual cenário
brasileiro.
REFERENCIAS
INTRODUÇÃO
1. COMPLEXIDADE TRIBUTÁRIA
1
INSTITUTO BRASILEIRO DE PLANEJAMENTO E TRIBUTAÇÃO. Quantidade de normas editadas no Brasil: 29 anos da
Constituição Federal de 1988. Disponível em: <https://d335luupugsy2.cloudfront.net/cms/files/61974/1539622689estudo-ibpt-
normas-30-anos.pdf>. Acesso em: 15 out. 2018.
2
INSTITUTO BRASILEIRO DE PLANEJAMENTO E TRIBUTAÇÃO, op. cit.
3
WORLD BANK. Doing Business 2018. Disponível em: <http://portugues.doingbusiness.org/data/exploretopics/paying-taxes>.
Acesso em: 11 out. 2018.
4
Ibid.
774
10
MINISTÉRIO DA FAZENDA. Nota fiscal eletrônica. Disponível em:
<http://www.nfe.fazenda.gov.br/portal/perguntasFrequentes.aspx?tipoConteudo=47FIo72z99s=>. Acesso em: 13 out. 2018.
11
PORTAL ESOCIAL. Conheça o eSocial. Disponível em: <http://portal.esocial.gov.br/institucional/conheca-o>. Acesso em: 13
out. 2018.
12
FÓRUM DE SIMPLIFICAÇÃO E INTEGRAÇÃO TRIBUTÁRIA, ago. 2017, Brasília. Disponível em:
<http://idg.receita.fazenda.gov.br/sobre/acoes-e-programas/forum-de-simplificacao-e-integracao-tributaria>. Acesso em 11. Out.
2018.
13
CHICARINO, Vanessa R. L. et al. Uso de blockchain para privacidade e segurança em internet das coisas. In: SIMPÓSIO
BRASILEIRO EM SEGURANÇA DA INFORMAÇÃO E DE SISTEMAS COMPUTACIONAIS, 17., nov. 2017, Brasília.
Minicursos... Distrito Federal: Universidade de Brasília, 2017. p. 2. Disponível em:
<https://www.researchgate.net/publication/321966650_Uso_de_Blockchain_para_Privacidade_e_Seguranca_em_Internet_das
_Coisas>. Acesso em: 12 out. 2018.
14
BATISTA, Alex Oliveira Abreu; DIAS, Emillie Rebecca Bastos; SILVA, Murilo Borges. Identificação digital baseada em
blockchain: um conceito disruptivo no ciberespaço. In: SIMPÓSIO INTERNACIONAL DE INOVAÇÃO EM MÍDIAS INTERATIVAS,
5., 2018, Goiânia: Anais... Goiás: Universidade Federal de Goiás, 2018. p. 307. Disponível em:
<https://siimi.medialab.ufg.br/up/777/o/28_-_Alex_Batista.pdf>. Acesso em 12 out. 2018.
776
CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS
15
BATISTA, Alex Oliveira Abreu; DIAS, Emillie Rebecca Bastos; SILVA, Murilo Borges, op.cit., p. 307.
16
BICHARA, Luiz Gustavo A. S.; MONTENEGRO, Rafaela Monteiro. A relação entre blockchain e obrigações acessórias: os
desafios da simplificação tributária no brasil. Revista dos Tribunais, on line, v. 994, p. 1-11, ago. 2018. p. 7. Disponível em:
<http://www.bicharalaw.com.br/uploads/biblioteca/ee73756a6e3f9f7438afca7252d145cd.pdf>. Acesso em: 13 out. 2018.
777
BATISTA, Alex Oliveira Abreu; DIAS, Emillie Rebecca Bastos; SILVA, Murilo Borges.
Identificação digital baseada em blockchain: um conceito disruptivo no ciberespaço.
In: SIMPÓSIO INTERNACIONAL DE INOVAÇÃO EM MÍDIAS INTERATIVAS, 5.,
2018, Goiânia: Anais... Goiás: Universidade Federal de Goiás, 2018. p. 307-320.
Disponível em: <https://siimi.medialab.ufg.br/up/777/o/28_-_Alex_Batista.pdf>.
Acesso em 12 out. 2018.
BICHARA, Luiz Gustavo A. S.; MONTENEGRO, Rafaela Monteiro. A relação entre
blockchain e obrigações acessórias: os desafios da simplificação tributária no brasil.
Revista dos Tribunais, on line, v. 994, p. 1-11, ago. 2018. p. 7. Disponível em:
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5cd.pdf>. Acesso em: 13 out. 2018.
BRASIL. Decreto nº 6.022, de 22 de janeiro de 2007. Institui o Sistema Público de
Escrituração Digital - Sped. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 22 jan. 2007.
Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-
2010/2007/Decreto/D6022.htm>. Acesso em: 13 out. 2018.
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em internet das coisas. In: SIMPÓSIO BRASILEIRO EM SEGURANÇA DA
INFORMAÇÃO E DE SISTEMAS COMPUTACIONAIS, 17., nov. 2017, Brasília.
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for its impact. Disponível em: <https://www.pwc.com/gx/en/issues/technology/tech-
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SCHWAB, Klaus. A quarta revolução industrial. Tradução Daniel Moreira Miranda.
São Paulo: Edipro, 2016.
SECRETARIA DA RECEITA FEDERAL DO BRASIL. Sped: sistema público de
escrituração digital. Disponível em: <http://sped.rfb.gov.br/pagina/show/967>. Acesso
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WORLD BANK. Doing Business 2018. Disponível em:
<http://portugues.doingbusiness.org/data/exploretopics/paying-taxes>. Acesso em:
11 out. 2018.
778
Grupo de trabalho:
DIREITO, EDUCAÇÃO E
METODOLOGIAS DO
CONHECIMENTO
Trabalhos publicados:
Abstract: This summary, extracted from research in development, has the purpose of
evidencing how the Gender and Sexual Diversity Education is predicted in the State
Plan of Education of Mato Grosso do Sul (2014-2024), analyzing, qualitatively, its
importance for the construction of citizenship (ARENDT, 1991, p.22), aimed at the
consecration of justice as equity (RAWLS, 2009, §17, p.112). In this way, based on a
bibliographical and documentary research and applying the deductive method, this
work, taking advantage of its descriptive and exploratory character, aims to gather
information that allows a future analysis of the actions, programs and other public
policies eventually created to the special purpose of applying the Education in Gender
and Sexual Diversity in the school environments (basic education) of Mato Grosso do
Sul State, as proposed by the PEE-MS (2014-2024).
Keywords: Citizenship. Education in Gender and Sexual Diversity. State Plan for
Education of Mato Grosso do Sul.
CONSIDERAÇÕES INICIAIS
com as diversidades e é lá, também, que ele poderá aprender sobre como respeitá-
las, pautando-se, para tanto, na Educação em Direitos Humanos.
Seguindo-se essa perspectiva, portanto, a educação vincula-se à construção
da cidadania, aqui entendida como “direito a ter direitos” (ARENDT, 1991, p. 22), pela
sua importância na formação psicossocial dos indivíduos notadamente pela sua
capacidade de gerar autorreflexão. Ao permitir que o aluno, especialmente, o que
desconhece e transgrede as prerrogativas de Direitos Humanos, especialmente no
tocante às temáticas de gênero e diversidade sexual, possa alcançar o
reconhecimento de seu papel social enquanto membro da coletividade, a educação
estabelece-se, também, como de fundamental importância na construção do ideal de
Justiça como equidade, proposto por Ralws (2009, §17, p. 121).
Nesse sentido, é o que também dispõe Ranieri:
[...] cidadania tem a ver com a prática, com o exercício de direitos e não
apenas com uma forma de conhecimento. Ser cidadão ou cidadã é ter
garantidos os seus direitos e ter consciência de que se devem cumprir os
seus deveres. Para exercer a cidadania, o primeiro passo está no
conhecimento dos direitos, para colocá-los em prática.
[...] temos o direito a ser iguais quando a nossa diferença nos inferioriza;
e temos o direito a ser diferentes quando a nossa igualdade nos
descaracteriza. Daí a necessidade de uma igualdade que reconheça as
diferenças e de uma diferença que não produza, alimente ou reproduza
as desigualdades.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
784
REFERÊNCIAS
Abstract: This article’s project intend to analyze if the school mediation when used in
the area of Education can contribute to human formation. In the year 2015, was
approved in Brazil the Law no. 13.140 / 2015, the Law of mediation, regulating the use
of the autocompositive mechanism of conflict resolution named mediation. The
regulation include the use in extrajudiciaries environments, as well as in the judiciaries.
And the this Law sets the using of rules, in what apply, to school mediations. In this
way, the research problematizes if the use of the school mediation can contribute to
the human formation, besides being conceived and used as a mechanism of no
adjudication and an adequate means of conflict resolution, guidelines propagated
before the sanction of the mentioned Law. Because it is understood that the school
environments have specific objectives and procedures purposed at learning, but also
aim at human formation.
Keywords: School mediation; Education; Human Formation.
INTRODUÇÃO
CONSIDERANDO que o direito de acesso à Justiça, previsto no art. 5º, XXXV, da Constituição Federal além da vertente formal
perante os órgãos judiciários, implica acesso à ordem jurídica justa e a soluções efetivas;
CONSIDERANDO que, por isso, cabe ao Judiciário estabelecer política pública de tratamento adequado dos problemas jurídicos
e dos conflitos de interesses, que ocorrem em larga e crescente escala na sociedade, de forma a organizar, em âmbito nacional,
não somente os serviços prestados nos processos judiciais, como também os que possam sê-lo mediante outros mecanismos
de solução de conflitos, em especial dos consensuais, como a mediação e a conciliação;
[...]
CONSIDERANDO que a conciliação e a mediação são instrumentos efetivos de pacificação social, solução e prevenção de
litígios, e que a sua apropriada disciplina em programas já implementados no país tem reduzido a excessiva judicialização dos
conflitos de interesses, a quantidade de recursos e de execução de sentenças;
5
Publicada no DOU 29.06.2015
6
Publicada no DOU 17.03.2015
7
Texto da Lei: Art.1o Esta Lei dispõe sobre a mediação como meio de solução de controvérsias entre particulares e sobre a
autocomposição de conflitos no âmbito da administração pública.
Parágrafo único. Considera-se mediação a atividade técnica exercida por terceiro imparcial sem poder decisório, que, escolhido
ou aceito pelas partes, as auxilia e estimula a identificar ou desenvolver soluções consensuais para a controvérsia.
8
Texto da Lei: Art. 4o O mediador será designado pelo tribunal ou escolhido pelas partes.
§ 1o O mediador conduzirá o procedimento de comunicação entre as partes, buscando o entendimento e o consenso e facilitando
a resolução do conflito.
9
Apesar de o objeto deste estudo ser a mediação, esta pesquisa informa que o referido Código definiu os dois mecanismos e
uniformizou no Brasil a terminologia destes, pois nem sempre houve uma combinação terminológica na literatura (CALMON,
2013, p. 86).
10
Texto da Lei: Art. 165. Os tribunais criarão centros judiciários de solução consensual de conflitos, responsáveis pela realização
de sessões e audiências de conciliação e mediação e pelo desenvolvimento de programas destinados a auxiliar, orientar e
estimular a autocomposição.
[...]
§ 3o O mediador, que atuará preferencialmente nos casos em que houver vínculo anterior entre as partes, auxiliará aos
interessados a compreender as questões e os interesses em conflito, de modo que eles possam, pelo restabelecimento da
comunicação, identificar, por si próprios, soluções consensuais que gerem benefícios mútuos.
11
Idem a nota explicativa n.02
12
Texto da Lei: Art. 42. Aplica-se esta Lei, no que couber, às outras formas consensuais de resolução de conflitos, tais como
mediações comunitárias e escolares, e àquelas levadas a efeito nas serventias extrajudiciais, desde que no âmbito de suas
competências.
13
Idem a nota explicativa n. 02.
789
do conflito interno pertencente aos envolvidos, pois pode contribuir para as práticas
do diálogo e da cooperação no meio social14.
E somando-se as inovações legislativas às pesquisas acadêmicas que trazem
uma abordagem sistêmica sobre a mediação, é possível conceber esse mecanismo
como algo que age nas relações sociais transformando-as. Como bem apontam
Zapparolli e Krähenbühl (2012, p. 38), “[...], a mediação age com o sujeito
interrelacionado no mundo”. Por isto, entende-se que a utilização do mecanismo pode
oferecer novas possibilidades de gestão de conflitos sociais ao atuar na convivência
humana no meio social, indo além de ser algo para a solução de uma disputa pontual
entre as partes envolvidas, bem como, promover a desjudicialização e o acesso à
justiça.
14 Neste sentido, Zapparolli e Krähenbühl (2012, p.31): Os meios adjudicatórios de administração de conflitos, disputas,
demandas, problemas, prevenção e gestão de crises nos sistemas podem contribuir de forma significativa no campo
intersubjetivo e também oferecer espaços de construção coletiva, promovendo o fortalecimento comunitário e trazendo aos atores
as ferramentas para a gestão dos conflitos não só intersubjetivos, mas comunitários e sociais.
15
Texto do artigo 6º: São direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, o trabalho, a moradia, o transporte, o lazer, a
segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos desamparados, na forma desta
Constituição.
16
Texto do artigo 205: A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a
colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua
qualificação para o trabalho.
17
Texto da Lei: Art. 1º A educação abrange os processos formativos que se desenvolvem na vida familiar, na convivência
humana, no trabalho, nas instituições de ensino e pesquisa, nos movimentos sociais e organizações da sociedade civil e nas
manifestações culturais.
18
Texto da Lei: Art. 2º A educação, dever da família e do Estado, inspirada nos princípios de liberdade e nos ideais de
solidariedade humana, tem por finalidade o pleno desenvolvimento do educando, seu preparo para o exercício da cidadania e
sua qualificação para o trabalho.
19
Texto da Lei: Art. 35 O ensino médio, etapa final da educação básica, com duração mínima de três anos, terá como finalidades:
[...]
III - o aprimoramento do educando como pessoa humana, incluindo a formação ética e o desenvolvimento da autonomia
intelectual e do pensamento crítico;
20
Texto da Lei: Art. 3º - O ensino será ministrado com base nos seguintes princípios:
[...]
XI - vinculação entre a educação escolar, o trabalho e as práticas sociais.
[...]
790
21
Art. 1º. A Justiça Restaurativa constitui-se como um conjunto ordenado e sistêmico de princípios, métodos, técnicas e
atividades próprias, que visa à conscientização sobre os fatores relacionais, institucionais e sociais motivadores de conflitos e
violência, e por meio do qual os conflitos que geram dano, concreto ou abstrato, são solucionados de modo estruturado na
seguinte forma:
[...]
791
CONCLUSÃO
22
As informações aqui expostas foram obtidas por meio de consulta ao site do CNJ, conforme indicado nas Referências.
792
REFERÊNCIAS
Resumo: O artigo objetiva realizar uma breve análise histórica das políticas públicas
de educação profissional e tecnológica (EPT) no Brasil, passando, para tanto, pela
República Velha, Estado Novo e Ditadura Militar de 1964. Assim, inicia-se a análise
pela criação de 19 Escolas de Aprendizes e Artífices pelo Presidente Nilo Peçanha,
em 1909, fato que é considerado um marco à criação da Rede Federal de Educação
Profissional e Tecnológica. A abordagem histórica demonstra que a EPT foi marcada,
durante o século XX, por um caráter assistencialista e por uma dualidade estrutural,
que oferecia ensino propedêutico aos filhos da classe dirigente e educação técnica às
camadas populares da população. O método utilizado para alcançar os objetivos foi a
revisão bibliográfica. Por fim, para sabermos com mais clareza onde estamos na EPT
é necessário compreendermos de onde viemos, fato que é melhor esclarecido a partir
de uma análise história sobre a educação profissional.
Palavras-chave: Educação profissional; políticas públicas; dualidade estrutural
Abstract: The article aims to carry out a historical analysis of the public policies of
vocational and technological education (VTE) in Brazil, passing, for that, by the Old
Republic, Estado Novo and Dictatorship of 1964. The analysis is initiated by creation
of 19 Schools of Apprentice and Artificers by Nilo Peçanha in 1909, a fact that is
considered a milestone in the creation of the Federal Network of Vocational Education.
The historical approach demonstrates that the VTE was marked during the 20th
century by a charitable and structural duality that offered propedeutic teaching to the
children of the ruling class and technical education to the poor population. The method
used to reach the objectives was the bibliographic review. Finally, to know more clearly
where we are at VTE, it is necessary to understand where we have come from, a fact
that is best clarified from a historical analysis of vocational education.
Key-words: Vocational education; public policies; structural duality
1. INTRODUÇÃO
1
MOURA, Dante Henrique. Educação Básica e Educação Tecnológica: dualidade histórica e perspectiva de integração. Holus,
ano 23, vol. 2. Natal: 2007. Disponível em: <http://goo.gl/tPBJV>. Acesso em: 15 de Maio de 2018.
794
Regime Militar de 1964, buscando desvelar as marcas que essa formação deixou na
educação profissional do país.
2. METODOLOGIA
3. DESENVOLVIMENTO
O caráter assistencialista da EPT era tão forte que o Juizado de Órfãos era o
órgão responsável pela supervisão da educação profissional até 1889. Todavia, cinco
meses após a proclamação da República, foi criado o Ministério da Instrução Pública,
Correio e Telégrafos, que mantinha funções relacionadas à instrução pública e ao
ensino profissional, ocupando o lugar do Juizado de Órfãos.
Vale destacar que essa alteração de comando institucional revela alguma
mudança na visão dos governantes em relação a esse segmento do ensino. Embora
ainda houvesse forte influência do caráter assistencialista do ensino técnico no país,
começou a surgir uma preocupação com a qualificação dos trabalhadores para a
indústria que começava, a passos curtos, a ser criada.3
Nilo Peçanha teve enorme importância para a EPT no século XX. Já em 1909,
como Presidente da República, foi responsável pelo decreto 7.566 de 23 de setembro,
que criou 19 escolas de Aprendizes e Artífices, uma em cada estado do país. Essas
escolas possuíam uma sistemática própria, com metodologia, processo seletivo para
2
CUNHA, Luiz Antônio. O ensino de ofícios nos primórdios da industrialização. São Paulo: Editora UNESP, 2000.
3
CORDÃO, Francisco Aparecido. Educação profissional no Brasil: síntese histórica e perspectivas. São Paulo: Editora SENAC
São Paulo, 2017
795
4
CUNHA, Op. Cit.
5
CUNHA, Luiz Antônio. O ensino de ofícios nos primórdios da industrialização. São Paulo: Editora Unesp, 2000
6
CUNHA, Luiz Antônio. O ensino de ofícios nos primórdios da industrialização. São Paulo: Editora Unesp, 2000
796
7
BOURDIEU, Pierre; PASSERON, Jean-Claude. A reprodução: elementos para uma teoria do sistema de ensino. Petrópolis:
Vozes, 2008 [1970].
8
CUNHA, Luiz Antônio. O ensino de ofícios nos primórdios da industrialização. São Paulo: Editora Unesp, 2000
797
Assim, o ensino de 1º grau teria uma parte majoritária do currículo voltada para
a educação geral, mas já com algum grau de formação especial, enquanto o 2º grau
focaria especificamente na formação especial, termo usado para se referir ao ensino
profissional. A LDB de 1971 ainda apontava que a parte de formação especial do
currículo “terá o objetivo de sondagem de aptidões e iniciação para o trabalho, no
ensino de 1º grau, e de habilitação profissional, no ensino de 2º grau” (art. 5º, §2º, a).
Dermeval Saviani aponta que essa ideia de educação, elaborada pela ditadura
civil militar, tinha forte inspiração na Teoria do Capital Humano (TCH), pautada nos
9
CUNHA, L. A. O legado da ditadura para a educação brasileira. Educação e Sociedade, Campinas, v. 35, n. 127, p. 357 –
377, abr-jun. 2014. Disponível em: www.cedes.unicamp.br
798
CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS
10
SAVIANI, Dermeval. O legado educacional no regime militar. Caderno Cedes, vol. 28, n. 76, pag. 291-312. Campinas, 2008.
11
PIMENTEL, F. C.; MORAES, R. A. A teoria do capital humano e a concepção produtivista na educação brasileira: EAD em
foco. Revista Contrapontos – Eletrônica. V. 17. N. 2 - Itajaí, Abr-Jun. 2017
12
MARX, Karl. Manuscritos econômico-filosóficos; tradução Jesus Ranieri. São Paulo: Boitempo, 2010.
13
MOURA, Dante Henrique. Educação Básica e Educação Tecnológica: dualidade histórica e perspectiva de integração. Holus,
ano 23, vol. 2. Natal: 2007. Disponível em: <http://goo.gl/tPBJV>. Acesso em: 15 Nov. 2015.
14
MOURA, Dante. Op. Cit.
799
Abstract: The pursue for broad access to education is the central element of the
strengthening of the Federative Republic of Brazil. Not only as a structuring axis for
the promotion of citizenship, but also a fundamental element of social, economic,
cultural and scientific development. This research is proposed to study a theme that
composes the orbit of higher education, the teaching methodologies and, within this
universe, the application of playful methodologies for the development of knowledge
of university students and adults. These pedagogical practices are widely used in early
childhood education and present very positive results in the development of children
both at a technical and social level. The proposal of this study, therefore, is to
understand what would be the main difficulties encountered by higher education
educators when using playful methodologies as a learning method? The problem to be
developed in this work is supported by a hypothetical-deductive methodology with a
bibliographic procedure in order to allow the concrete conclusion that the present study
proposes.
Key words: playful methodologies; higher education; teaching methodologies.
INTRODUÇÃO
DESENVOLVIMENTO
Segundo Almeida, o lúdico tem sua origem na palavra latina ‘ludus’ que significa
‘jogo’. O estudo do lúdico em sua essência passou a ser reconhecido como um
aspecto essencial da psicofisiologia do comportamento humano, de modo que a
definição da palavra passou abranger não somente a atividade lúdica em si como
também um estudo das próprias variantes do comportamento humano.2
1
COVOS, Jacqueline Sardela; COVOS, José Fernando; RODRIGUES, Fernanda Ribeiro Rodrigues; OUCH, Janaina Daniel. O
Novo Perfil de Alunos no Ensino Superior, e a Utilização de Jogos Lúdicos para Facilitação do Ensino
Aprendizagem. Teresina: Revista Saúde em Foco, 2018. Disponível em:
<http://unifia.edu.br/revista_eletronica/revistas/saude_foco/artigos/ano2018/007_O_NOVO_PERFIL_DE_ALUNOS_NO_ENSIN
O_SUPERIOR.pdf>. Acesso em: 25 out. 2018.
2
ALMEIDA, Anne. Ludicidade como instrumento pedagógico. Cooperativa do Fitness, Belo Horizonte, jan. 2009. Seção
Publicação de Trabalhos. Disponível em: <http://www.cdof.com.br/recrea22.htm>. Acesso em: 21 out. de 2018.
802
3
ALMEIDA, Paulo Nunes. Educação lúdica: técnicas e jogos pedagógicos. São Paulo: Loyola, 2003
4
ONU - Organização das Nações Unidas no Brasil, Declaração Universal dos Direitos Humanos. Disponível em:
<https://nacoesunidas.org/wp-content/uploads/2018/10/DUDH.pdf>. Acesso em 24 de out. de 2018.
5
BRASIL. Constituição (1990). Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990. Dispõe sobre o Estatuto da Criança e do Adolescente e
dá outras providências. Brasília. Disponível em: < http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L8069Compilado.htm>, acesso em
24 out. de 2018.
6
FREIRE, Paulo. Educação e Mudança. São Paulo Paz e Terra, 1979. FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia. São Paulo:
Paz e Terra, 1996.
7
GHELLI, Guilherme Marcos. A Construção do saber no ensino superior. Cadernos FUCAMP, v. 3, n. 3, 2004.
Disponível em: <http://www.fucamp.edu.br/wp-content/uploads/2010/10/5-A-
constru%23U00c3%23U00a7%23U00c3%23U00a3o-do-saber-Guilherme.pdf>. Acesso em: 24 out. 2018.
8
MILITÃO, Albigenor; MILITÃO, Rose. Jogos, dinâmicas e vivências grupais. Rio de Janeiro: Qualimark, 2000, p. 27.
803
CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS
9
PINTO, Felipe Chiarello de Souza; JUNQUEIRA, Michelle Asato. Educação para o desenvolvimento: objetivo do Estado
Democrático e Social de Direito. Revista Direito e Justiça (URI), v. 14, p. 77, 2014. p. 78.
10
JUNQUEIRA, Michelle Asato. Educação para o desenvolvimento: o desafio do ensino técnico e tecnológico. 2016. 171f.
Tese (Doutorado em Direito Político e Econômico) - Universidade Presbiteriana Mackenzie, São Paulo, SP, 2016. p. 15.
11
PINTO, Felipe Chiarello de Souza; JUNQUEIRA, Michelle Asato. Educação para o desenvolvimento: objetivo do Estado
Democrático e Social de Direito. Revista Direito e Justiça (URI), v. 14, p. 77, 2014. p. 78.
804
Grupo de trabalho:
DIREITOS DA CRIANÇA,
ADOLESCENTE, IDOSO E
ACESSIBILIDADE
Trabalhos publicados:
pois com a Constituição de 1937 e Estado Novo Ditatorial, vários artigos foram
suprimidos.
Foi a Constituição de 1946 que proporcionou a primeira grande reforma do
ensino no Brasil. Com o Golpe Militar que culminou com a ditadura em nosso País,
veio a Constituição de 1969 que determinou a educação como direitos de todos e
dever do Estado.
A Ditadura Militar começou a demonstrar seus insucessos, fracassos e os
movimentos populares intensificaram-se no País caminhando para a promulgação da
Constituição Federal de 1988, que garantiu a educação como Direito Fundamental.
A Constituição Federal de 1988 incluiu a Educação no capítulo referente aos
Direitos Sociais no art. 6º e no art. 205 garantindo a Educação como direitos de todos
e dever do Estado e da Família, devendo ser incentivada pela sociedade, para que
haja o pleno desenvolvimento da pessoa, com o seu preparo para o exercício da
cidadania e trabalho, podendo-se afirmar que é um verdadeiro direito natural, pois é
inerente à pessoa humana, independentemente de sua idade ou condição social. No
dizer de José Celso Mello Filho:
A grande parcela da população pobre de nosso país fica à parte desta garantia
constitucional da Educação para todos, pois sabemos que não basta que o poder
público ofereça vagas para o ensino público, necessário se faz que sejam criados
mecanismos para que as famílias carentes tenham condições de manter seus filhos
nos bancos escolares.
O desemprego e a luta pela sobrevivência, normalmente, levam a evasão
escolar e ao trabalho infantil, grandes chagas de nosso país que estampa em cada
sinaleira de nossas ruas as desigualdades sociais.
Esta população que não teve acesso à educação na idade ideal, bem como em
idade posterior acaba sem oportunidade de profissionalizar-se, aumentando o número
da grande massa de mão-de-obra desqualificada de nosso País, pois não possui o
mínimo necessário de educação para qualificação de seu trabalho.
Por fim, considerando a breve narração introdutória procedida alhures, de
natureza histórica educacional em sua contextualização, torna-se imperioso
esclarecer que o tipo de pesquisa utilizado foi a bibliográfica por intermédio da
investigação doutrinária relativa ao tema, a partir do uso de livros, artigos científicos e
legislações específicas. Com isso, tem-se a finalidade de compreender e analisar, por
intermédio de uma abordagem qualitativa, os motivos que têm levado para discussão
acerca da análise do direito fundamental à educação, com base no ordenamento
constitucional e do ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente), e sua implicação
perante o cumprimento de medidas socioeducativas em prol do adolescente infrator.
Para auxiliar esse estudo, o método utilizado é o comparativo, cuja função é discutir e
comparar importantes posicionamentos doutrinários relativos à temática central
proposta.
4. CONCLUSÃO
5. REFERÊNCIAS
BRASIL, Constituição (1988). Lex: Legislação Federal. São Paulo: Editora Saraiva,
2010.
BRASIL, Estatuto da Criança e do Adolescente. Lex: Legislação Federal. São Paulo:
Editora Saraiva, 2010
CURY, M; GARRIDO, P; MARÇURA, J. Estatuto da Criança e do Adolescente
Anotado. 2ª Edição. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2000.
CURY, M. et al (Coord.). Estatuto da Criança e do Adolescente Comentado. 3ª Edição,
2ª tiragem. São Paulo: Malheiros Editores, 2009.
FIRMO, Maria de Fátima. A Criança e o Adolescente no Ordenamento Jurídico
Brasileiro. Rio de Janeiro: Editora Renovar, 1999.
ISHIDA, Valter. Estatuto da Criança e do Adolescente. Doutrina e Jurisprudência. São
Paulo: Editora Atlas S.A, 2010.
LIBERATI, Wilson. Comentários ao Estatuto da Criança e do Adolescente. São Paulo:
Malheiros Editores Ltda., 2002.
_______ . (Coord). Direito à Educação: Uma Questão de Justiça. São Paulo:
Malheiros Editores, 2004.
LIMA, Maria Cristina. A Educação como Direito Fundamental. Rio de Janeiro: Editora
Lumen Júris, 2003.
SILVA, Antônio Fernando. O Controle Judicial da Execução das Medidas Sócio-
educativas. Políticas Públicas e estratégias de atendimento sócio-educativo ao
adolescente em conflito com a lei. Série Subsídios. Tomo II. Ministério da Justiça,
Secretaria Nacional dos Direitos Humanos e Departamento da Criança e do
Adolescente. Brasília: 1999.
VERONESE, Josiane. Interesses Difusos e direitos da Criança e do Adolescente. 1ª
Edição. Belo Horizonte: Editora Del Rey, 1997.
814
Resumo: O presente trabalho tem por objetivo analisar o possível perfil do alienador
do menor, como meio principal de garantir a proteção do menor, nesse sentido busca
se uma conceituação e caracterização desse possível alienador. Intenta ainda
primordialmente aplicar o princípio da dignidade da pessoa humana, e do melhor
interesse do menor como forma de argumentação irrefutável na garantia e aplicação
de tal segurança. A metodologia utilizada para o desenvolvimento desse tema foi à
pesquisa bibliográfica aliada à análise da legislação nacional, e como método de
investigação para confirmação de tais argumentos aqui aplicados se utilizou dados de
casos concretos.
Palavras-chave: Direitos da personalidade; Proteção do Menor; Alienação parental.
Summary: The objective of this work is to analyze the possible profile of the alienator
of the minor, as the main means of guaranteeing the protection of the minor, in this
sense he seeks a conceptualization and characterization of this possible alienator. It
also seeks primarily to apply the principle of the dignity of the human person and the
best interest of the minor as a form of irrefutable argumentation in guaranteeing and
applying such security. The methodology used for the development of this topic was
the bibliographic research allied to the analysis of the national legislation, and as a
research method to confirm these arguments applied here, concrete case data were
used.
Keywords: Personality rights; Child Protection; Parental alienation.
1. INTRODUÇÃO
2. DIVORCIO
815
(a) LEGISLAÇÃO
Hoje tendo em vista que a sociedade evoluiu, de forma que em alguns casos é
difícil fazer andar em harmonia a evolução social e as leis, podemos dizer que tivemos
avanços significativos, quando se desrespeita a proteção do menor, no entanto , ainda
temos aspectos que precisam urgentemente de uma reestruturação, de adaptação
das leis ao seu tempo, de leis que se façam expressamente clara ao seu tempo, para
que haja melhor compreensão daqueles que a tiverem de usar.
As crianças precisam de maior proteção real, e que deixemos de ser
garantidores de direito na teoria e passemos a executar atos que não visem nossos
próprios interesses, mas que garantam uma sociedade mais solidaria, liberta de
individualismo, onde os menores não se sintam oprimidos e sem harmonia, inclusive
no próprio âmbito familiar.
3. DA PROTEÇÃO DO MENOR
cada vez mais tentado garantir essa proteção ao menor, assegurando as crianças e
adolescentes, métodos para garantir a eles os direitos fundamentais inerentes à
pessoa humana, sendo que estes devem ser respeitados prioritariamente não apenas
pela família e pela sociedade, como também pelo Estado, estando ambos sob pena
de responder pelos danos causados.
Até o inicio do século XX não se tem muitos relatos sobre politicas sociais
brasileiras, as populações carentes economicamente eram entregues aos cuidados
da igreja católica que através de algumas instituições como a Santa casa de
Misericórdia, acolhia órfãos e doentes, e por meio de donativos aparavam esses
desfavorecidos, esse era um sistema vindo da Europa que objetivava o amparo de
crianças abandonadas.
Em 1927 houve algumas mudanças, o que garantiu que o registro das crianças
entregue essas instituições agora fossem obrigatórias. Só em 1954 que o ensino
também tornou se obrigatório, porém ainda tinha suas restrições, pois os escravos, os
não vacinados não podiam ter acesso ao ensino, deste modo podemos observar que
essas restrições apenas se aplicavam a famílias de classes baixas, pois estas não
possuíam meios de obter tais recursos.
Quanto ao trabalho realizado pelo menor, houve um Decreto de nº 1.313, no
ano de 1891 que estipulou idade mínima de 12 anos para o trabalho, porém isso não
teve aplicabilidade na prática, pois fabricas e trabalhos voltados para a agricultura,
constantemente contavam com mão de obra infantil.
No inicio do século XX (entre 1900 – 1930), no Brasil houve o inicio das lutas
sociais lideradas pelo proletariado urbano. Em 1917 durante a greve geral foi criado o
comitê de defesa do proletariado, que entre muitas reivindicava a proibição do trabalho
por menores de 14 anos. No ano de 1927 teve se a promulgação do primeiro
documento legal para o menor de 18 anos, conhecido como Código Mello Mattos.
Nos anos que ficou conhecido como Estado Novo, houve grandes mudanças
no senário, como a revolução de 30 que representou a derrubada das oligarquias
rurais do poder politico, esse período deu se entre aos anos de 1937 e 1945, e ficou
marcado por seu autoritarismo alargado, alcançando até a assistência ao menor com
a criação da SAM, um órgão ligado a justiça equivalente ao sistema penitenciário para
a população menor de idade, esse sistema previa tratamento diferenciado para
adolescentes autores de atos infracionais, bem como menores carentes e
abandonados.
O Governo Vargas é deposto em 1945 e uma nova constituição é promulgada
em 1946, nesse momento histórico e politico do país é também momento de uma nova
organização social. Foi em meio a esse cenário no ano de 1950, que instalou se o
primeiro escritório do UNICEF no Brasil, na cidade de João Pessoa, na Paraíba e o
primeiro projeto destinou-se a proteção da criança e da gestante. E o inicio da década
de 60 foi marcada por uma sociedade civil mais organizada.
Em 64, com o golpe militar, o Brasil tornou se o cenário principal diante do
panorama internacional, a ditadura foi instituída e nesse momento interrompeu se por
20 anos a democracia de todo uma nação. Só em 1967 foi elaborada uma nova
constituição, que deu novas diretrizes para a vida civil.
No período do governo militar, dois documentos foram criados para a área da
infância:
A Lei que criou a Fundação Nacional do Bem-Estar do Menor (Lei 4.513
de 1/12/64)
O Código de Menores de 79 (Lei 6697 de 10/10/79)
817
(a) LEGISLAÇÃO
4. O PERFIL DO ALIENADOR
Talvez por tais motivos hoje possamos observar que traços de um alienador já
se fazia presente nas famílias em séculos passados.
(b) LEGISLAÇÃO
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
Abstract: The present work aims to present the different actions of coping with cyber-
pedophilia, consisting of pedophilia that uses the virtual world for the practices arising
from sexual preference disorder, where the sexual attraction of an adult individual
occurs, directed at prepubescent children or at the beginning of puberty, in order to
protect, guarantee and ensure the fundamental rights of children and adolescents, so
that they develop in a comprehensive way. The Methodology employed in the
Investigation Phase was the Inductive Method, with Cartesian Data Processing, and
the techniques of bibliographic research and of the file were triggered.
Keywords: Child; Adolescent; Cybertopophilia; Cyberpedophile; Protection and
Coping.
INTRODUÇÃO
Os pedófilos sentem atração tanto por meninas quanto por meninos, com
preferência por meninas, em regra, com menos de 13 anos de idade, cujas atividades
incluem: despir a criança e olhá-la, expor-se para elas, masturbar-se na sua presença,
acariciá-la, engajar-se em sexo oral com a criança e penetrar-lhe a vagina, a boca ou
o ânus com os dedos ou com o pênis, com uso ou não de força (a criança não estar
ciente da natureza inapropriada da ação) ou ameaças de punições para impedi-las de
relatar aos outros as atividades (HOLMES, 1997).
A Organização Mundial da Saúde (OMS), por meio de sua Classificação
Internacional de Doenças – CID, apresenta a seguinte classificação: CID 10 – F65 =
Transtorno da preferência sexual; CID 10 – F65.4 = Pedofilia (MEDICINANET, 2018).
Questão interessante é quanto à existência ou não de tratamento os pedófilos.
Muitas técnicas vêm sendo aplicadas, como tratamento com medicamentos que
alteram o impulso sexual, terapias comportamentais e psicoterapias, terapia cognitivo-
comportamental, choques elétricos, “castração química judicial” - tratamento imposto
por condenação judicial -, utilização, em homens, de medicamentos disponíveis para
o câncer de próstata, e hormônios femininos, para diminuir a libido, e evitando-se
abusos sexuais antes que aconteçam (OLIVEIRA, 2015).
Não é necessário que o indivíduo coloque seus desejos em prática para que
o mesmo seja identificado como pedófilo. Ao abordar a questão conceitual, sobre o
indivíduo a ser considerado pedófilo, Salter esclarece:
Há quem defenda que a pedofilia não é crime e sim uma doença, podendo o
pedófilo nunca praticar o crime. Neste ponto é relevante citar os dispositivos do nosso
Código Penal – CP que falam sobre os crimes sexuais, que violam a dignidade, como
o estupro (art. 213), molestamento, coação sexual (art. 216-A) e estupro de vulnerável
(art. 217-A).
A despeito de ser crime ou enfermidade, França (2004, p. 141) pontua que a
referida doença em indivíduos de baixa renda, quase sempre vem acompanhada do
consumo de bebidas alcoólicas e em muitos casos envolvem contatos incestuosos
com filhos, enteados ou parentes próximos, por vezes associado aos maus-tratos às
crianças e divulgação de imagens em sítios nas redes sociais, visitados por
pervertidos.
Destarte, segundo a norma do nosso país, aquele que pratica ato criminoso
deve ser punido, como dispõe o art. 227, §4º da Constituição Federal1 que prevê
punição severa para o abuso, a violência e a exploração sexual de crianças e
adolescentes, bem como o art. 240 da Lei 8.069/90 que pretende punir a produção,
reprodução, filmagem, registro de cenas entre outros meios que contenham sexo
explícito ou pornográfico envolvendo crianças e adolescentes, com pena de reclusão
de quatro a oito anos.
É preciso que a sociedade tenha em mente que o crime está sempre à frente
da polícia, e o que define se essa polícia é eficiente, ou não, é a distância
entre o crime e a polícia, para que diminua o crime deve-se maximizar a
cooperação entre as policias nacionais e internacionais, treinando policiais
com técnicas atualizadas de investigações que sejam rápidas e eficientes
como exige a era digital. Há algum tempo o FBI vem formando os Cybercops,
isto é, policiais especializados para o combate desses crimes considerados o
desafio criminal do século. (KAMINSKI, 2008)
1
Art. 227, § 4º A lei punirá severamente o abuso, a violência e a exploração sexual da criança e do adolescente.
824
3. ENFRENTAMENTO À CIBERPEDOFILIA.
Desta feita, qualquer informação postada nas redes sociais pode circular o
mundo todo, inclusive com exposição indevida de imagens de conteúdo sexual,
potencializando danos em diferentes áreas, principalmente em crianças e
adolescentes que estão em desenvolvimento integral, ou seja, físico, mental, social,
espiritual e moral.
Em nosso país, a ONG Safernet Brasil2 realizou levantamento, considerando
dados fornecidos pela Polícia Federal e Ministério Público, onde constatou que o
compartilhamento de fotos íntimas em endereços eletrônicos e aplicativos de
smartphone dobrou nos últimos anos. O levantamento releva que em 2013, a
organização assistiu 101 casos, enquanto no ano de 2012, contabilizou 48 denúncias
em que pessoas tiveram imagens íntimas disseminadas ilegalmente na Internet
(TOMAZ, 2015).
Em outra pesquisa, realizada pela Safernet, no ano de 2013, constatou-se que
20% de 2.834 jovens brasileiros entrevistados declararam ter recebido conteúdo
2
Organização não governamental, sem fins lucrativos, que reúne profissionais com a missão de defender e promover os direitos
humanos na Internet.
826
Segundo Morais (2018, s. p), a SaferNet define algumas medidas que podem
ser tomadas pelos pais para evitarem que seus filhos sejam assediados por
ciberpedófilos, entre elas estão:
1. Usar o computador e a internet junto com a criança, criando condições para
que lhe mostre os sites por que navega;
2. Instalar o computador em um cômodo comum da casa;
3. Sempre que puder, verificar as contas dos e-mails das crianças;
4. Procurar saber quais os serviços de segurança usado nos computadores
das escolas e das lan houses frequentadas por seus filhos;
5. Orientar para que não se encontrarem com pessoas que conheceram pela
internet;
6. Instruir as crianças a não postarem fotos pela internet;
7. Ensinar as crianças a não divulgarem dados pessoais (idade, endereço e
telefone) em salas de bate-papo;
8. Dizer às crianças para nunca responderem a mensagens insinuantes ou
agressivas;
9. Explicar para as crianças os perigos da pedofilia na internet;
10.Conhecer os amigos que a criança faz no mundo virtual. Assim como
podem surgir boas amizades, também podem aparecer pessoas com más intenções;
3
O termo sexting, que advém da aglutinação das palavras sex (sexo) e texting (enviando mensagens – usualmente por meios
eletrônicos), representa o envio unilateral ou recíproco de conteúdo sexual na rede mundial de computadores
827
11.Explicar à criança que muitas coisas vistas na Internet podem ser verdade
ou não. Porém a principal delas é que os pais tenha uma comunicação com os filhos,
essa conversa entre pais e filhos é a melhor arma contra os perigos da pedofilia na
internet.
Os meios ainda são poucos em número e eficácia; acredita-se que a
consciência e divulgação da relevância do combate à ciberpedofilia está conseguindo
cada vez mais adeptos, o que facilitará o papel e a atuação do Estado frente a esta
situação e aplicabilidade da legislação susomencionada como meios de coibir a
prática dos ciberpedófilos.
CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS
Abstract: This summary aims to analyze the right to family of the children living with
their parents in cases of dissolution of marriage or stable union, based on full protection
and in the best interests of the child and adolescent. On the other hand the son who
wants to live with both parents and the other parents who do not keep another affective
relationship, but who have the right/duty of looking out for their children. From the
Institute's analysis of the guard, with the mode of joint custody or joint that will be
applied where possible, concluding by the prevalence of family living with the parents
whenever possible.
Keywords: Child and adolescent; Family Living; Guard.
INTRODUÇÃO
§ 4º (VETADO).
§ 5º A guarda unilateral obriga o pai ou a mãe que não a detenha a
supervisionar os interesses dos filhos, e, para possibilitar tal supervisão,
qualquer dos genitores sempre será parte legítima para solicitar
informações e/ou prestação de contas, objetivas ou subjetivas, em
assuntos ou situações que direta ou indiretamente afetem a saúde física
e psicológica e a educação de seus filhos.
1
STJ. REsp 1.629.994 - RJ, Rel. Ministra Nancy Andrighi. Brasília, 06 de dezembro de 2016. Ementa: CIVIL. PROCESSUAL
CIVIL. RECURSO ESPECIAL. DIVÓRCIO. GUARDA COMPARTILHADA. NÃO DECRETAÇÃO. POSSIBILIDADES. Julgado em:
06/12/2016. Publicado em: DJe 15/12/2016.
833
Segundo Rodrigo da Cunha Pereira (2016) não é qualquer afeto que estabelece
ou compõe o núcleo familiar, o mesmo deve ser acompanhado de outros elementos
como solidariedade, responsabilidade, cumplicidade, convivência e vivência. Gagliano
e Pamplona Filho (2018, p. 1152) por sua vez asseveram que é na afetividade que
forma e justifica o vínculo entre os membros da família, construindo-a.
E mesmo com o fim do casamento ou da união estável o afeto e a
responsabilidade dos pais para com os filhos permanece.
CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS
AMORIM, Ana Mônica Anselmo de. Manual de direito das famílias. Curitiba: Juruá,
2016.
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil, de 5 de outubro de 1988.
Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm>.
Acesso: 15/10/2018.
_______. Lei 8.069, de 13 de julho de 1990. Dispõe sobre o Estatuto da Criança e do
Adolescente e dá outras providências. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L8069.htm>. Acessado em 15/10/2018.
_______. Lei 10.406, de 10 de janeiro de 2002. Institui o Código Civil. 2002.
Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/L10406.htm>. Acesso:
15/10/2018.
CAVALCANTI, Camilla de Araújo. Famílias pós-modernas: a tutela constitucional
à luz do princípio da dignidade da pessoa humana. Curitiba: Juruá, 2016.
GAGLIANO, Pablo Stolze; PAMPLONA FILHO, Rodolfo. Manual de Direito Civil. 2.
ed. São Paulo: Saraiva, 2018.
834
LÔBO, Paulo. Direito civil: famílias. 8. ed. São Paulo: Saraiva, 2018.
MADALENO, Rolf. Repensando o direito de família. Porto Alegre: Livraria do
Advogado, 2007.
_______. Direito de família. 8. ed. rev., atual. e ampl. Rio de Janeiro: Forense, 2018.
VENOSA. Silvio de Salvo. Direito Civil: direito de família. 18. ed. São Paulo: Atlas,
2018. V.
835
INTRODUÇÃO
1
GIANNETTI, Eduardo. Felicidade. Diálogos sobre o bem estar da civilização. São Paulo: Companhia das Letras, 2002, p.10.
Disponível em: <http://baixardownload.jegueajato.com/Eduardo%20Giannetti/Felicidade%20(461)/Felicidade%20-
%20Eduardo%20Giannetti.pdf> Acesso em: 10.ago.2018.
837
Declaração Universal dos Direitos Humanos de 1948 reconhece que a criança, para
o pleno e harmonioso desenvolvimento de sua personalidade, deve crescer no seio
da família, em um ambiente de felicidade, amor e compreensão, que deve estar
plenamente preparada para uma vida independente na sociedade e ser educada
especialmente com espírito de paz, dignidade, tolerância, liberdade, igualdade e
solidariedade.
Ademais, a Declaração dos Direitos da Criança de 1959 da Organização das
Nações Unidas declarou expressamente que “a criança tenha uma infância feliz e
possa gozar, em seu próprio benefício e no da sociedade, dos direitos e das
liberdades”.
A Organização das Nações Unidas, em assembleia realizada em 13 de julho
de 2011, conceituou a busca da felicidade como meta fundamental humana, cabendo
citar:
4
BUARQUE, Cristovam. Felicidade e política. Disponível em:<http://www.lexml.gov.br>. Acesso em: 07 set. 2018.
5
LEAL, Saul Tourinho. Direito à Felicidade. São Paulo: Almedina, 2017, p.271.
839
CONCLUSÕES
6
STF, RE 898060, Relator(a): Min. LUIZ FUX, Tribunal Pleno, julgado em 21/09/2016, PROCESSO ELETRÔNICO
REPERCUSSÃO GERAL - MÉRITO DJe-187 DIVULG 23-08-2017 PUBLIC 24-08-2017.
7
STF. RE 477554 AgR, Relator(a): Min. CELSO DE MELLO, Segunda Turma, julgado em 16/08/2011, DJe-164 DIVULG 25-08-
2011 PUBLIC 26-08-2011 EMENT VOL-02574-02 PP-00287 RTJ VOL-00220-01 PP-00572.
840
REFERÊNCIAS
Abstract: The purpose of this expanded summary is to demonstrate that the Principles
of Prevention and Participation in the Child and Adolescent Statute guarantee trans-
individual rights of paramount importance not only for children and adolescents, but for
society as a whole, since the well-being of children and adolescents is in everyone's
interest, as well as indispensable for the maintenance, development and improvement
of the fundamental rights and guarantees of present and future generations, whose
harm to these rights, even in a reflexive way, can affect all indistinctly. To that end,
based on the analysis of healthy development and fundamental rights, it presents the
protection of children and adolescents and the application of the principles of
prevention and participation, responsibility for the effectiveness of the fundamental
rights of children and adolescents, and finally, the Statute of the Child and Adolescent
as an instrument of participation in the policies directed to children and adolescents.
Keywords: Statute of the Child and Adolescent; Principles; Prevention and
Participation. Fundamental rights; Transindividual rights.
INTRODUÇÃO
impossível, haja vista uma de suas características e sua indivisibilidade, desta forma
trata-se de um interesse de todos.
Todavia tecnicamente o conceito de direito difuso é encontrado no código de
defesa do consumidor em seu artigo 81, parágrafo único I do Código de Defesa do
Consumidor, sendo aqueles transindividuais (metaindidividuais, supraindividuais,
pertencentes a uma coletividade), de natureza indivisível (só podem ser considerados
como um todo), e cujos titulares sejam pessoas indeterminadas (ou seja,
indeterminabilidade dos sujeitos não havendo individualização, ligadas por uma
situação de fato e não existindo um vínculo comum de natureza jurídica. (Diddier
Junior, 2002, fl.76).
Portanto, tratando-se de direito difuso, o interesse no bem-estar de todas as
crianças e adolescentes é imprescindível a toda sociedade sua efetividade.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Neste momento, só nos resta concluir que o tema é vasto e garante uma
pesquisa mais profunda, porém com base nas alegações trazidas afirmamos que não
devemos nos distanciar do pensamento que os adultos, que hoje estão nos cargos de
845
REFERÊNCIAS
Grupo de trabalho:
DIREITOS HUMANOS I
Trabalhos publicados:
INTRODUÇÃO
A Constituição Federal de 1988 traz como fundamento, em seu artigo 1°, inciso
III, a Dignidade da Pessoa Humana, e tem como princípio fundamental a igualdade,
prevista em seu artigo 5° caput. Partindo dessas premissas, no que tange a promoção
dos direitos e garantias para a minoria sexual, mais precisamente para as pessoas
LGBTIs (gays, lésbicas, bissexuais, transexuais, travestis e intersexuais), o Brasil
ainda se encontra entre os países que mais violam os direitos dessas pessoas, tanto
por ações quanto por omissões, o que enseja a marginalização e maior
vulnerabilidade dessa pequena comunidade. Isso porque, os direitos LGBTI ainda são
pouco debatidos no campo político, midiático e social, o que gera cada vez mais
violações à honra, à integridade física ou à vida dessas pessoas.
Esse cenário demonstra que não há, no País, legislação protetiva penal que
vise proibir e erradicar as violações supramencionadas, o que, de maneira indireta,
contribui com a prática de crimes cometidos por aversão a orientação sexual ou
848
identidade de gênero, distintas da tradicional. Isso faz com que esse grupo social viva,
em sua maioria, em situação de marginalização e subalternização em relação aqueles
que se enquadram no padrão tradicional ou, para alguns, heteronormativo.
O Direito como ciência social aplicada tem o papel de acompanhar e tutelar as
mudanças que a sociedade sofre ao longo do tempo, seja regendo situações para
toda uma sociedade, seja para resguardar a honra, a vida e a integridade física de
grupos específicos, a exemplo da comunidade LGBTI. Assim, a omissão legislativa
mencionada, enseja no aumento dos índices de crimes cometidos em face dessa
comunidade.
Somente pelos altos índices de violações auferidos, como consequência da
omissão legislativa, tem-se a certeza de que a criminalização e uma maior
reprovabilidade das condutas lgbtifobicas são necessárias, para que a igualdade e a
dignidade da pessoa humana sejam eficazes, eficientes e efetivas no País.
No entanto, tal política penal impõe variada gama de intervenções, fazendo
com que a cultura de preconceito, discriminação e intolerância seja cada vez mais
desestimulada, fazendo da igualdade e dignidade humana fatores que fomentam e
movem o respeito ao próximo.
Deve o Poder legislativo criar e alterar normas que visem propiciar um efetivo
controle social das condutas discriminatórias, mais precisamente lgbtifobicas, uma vez
que há no País a Lei n°. 7.716 de 1989, denominada Lei do Racismo, a qual proíbe
qualquer manifestação discriminatória em razão de religião, cor e raça ou etnia, porém
não abarca as condutas supramencionadas, nesse sentido:
Assim, diante dos altos índices de crimes cometidos contra as pessoas LGBTIs,
ensejados pela aversão à orientação sexual e à identidade de gênero, as quais fogem
dos padrões tradicionais, pergunta-se: Seria necessária a tipificação dos crimes
cometidos por aversão à orientação sexual ou à identidade de gênero? Diante dessa
problemática, objetiva-se analisar eventual necessidade de mutação da norma penal,
a fim de reger a problemática dos crimes motivados pela intolerância e discriminação
em razão de gênero e orientação sexual.
Para desenvolvimento da pesquisa, a metodologia de trabalho centrou-se nos
principais aspectos estabelecidos para uma pesquisa interdisciplinar, a qual envolve
temas de Direito Penal, Direitos Humanos e Direito Constitucional.
Para análise do tema proposto, foi utilizada como técnica de pesquisa a revisão
bibliográfica doutrinária e legal, bem como estudos especializados, principalmente em
1
Maria Helena Diniz. A homofobia e a omissão do legislador, 2012, p.1. Disp. em:
http://mariaberenice.com.br/uploads/a_homofobia_e_a_omiss%E3o_do_legislador_-_rlatorio_azul.pdf, data de acesso
07/10/2017.
849
DESENVOLVIMENTO
CONCLUSÃO
Postos tais esforços acima, não se pode mais o Poder Legislativo omitir-se e
não garantir proteção penal para a minoria sexual LGBTI, uma vez que, enquanto
minoria, essas pessoas merecem uma proteção penal específica, que lhes garanta
segurança, inviolabilidade a sua orientação sexual e identidade de gênero, punindo
todas as condutas preconceituosas, discriminatórias e intolerantes, que desrespeitem
a sua honra e imagem, assim como as que ofendam a integridade física e psíquica ou
até mesmo a vida das pessoas que pertencem ao grupo.
850
Deve-se, ainda, intensificar e buscar cada vez mais iniciativas para um contínuo
aprimoramento e adaptação da legislação e demais normatizações em vigor, visando
à superação do componente cultural, arraigado à tradição das antigas práticas, com a
educação e capacitação das pessoas para o respeito ao próximo, de sorte a facilitar
as pessoas LGBTIs viverem em igualdade com os demais membros da sociedade,
bem como para que vivam com o mínimo de dignidade humana possível de modo que
não sejam obrigados a viver em condição de marginalidade e subalternização social.
Ora, não pode os legisladores se omitirem de forma a privilegiar um modelo ou
grupo social pelo simples fato de se enquadrarem no padrão tradicional, que sempre
foi bem visto pela sociedade, de modo que exclua as pessoas que não se enquadram
no padrão denominado de heteronormativo, pois, ao agir de tal forma, eles estariam
violando princípios e fundamentos esculpidos na Carta Maior do ordenamento jurídico
pátrio.
Por sua vez, deve-se ainda facilitar o controle social e a participação popular
nas políticas públicas, dando maior eficiência e efetividade na busca de promoção dos
direitos e garantias constitucionais.
Assim, conclui-se como necessária a mutação da norma penal vigente, para
que se adequem a novas práticas, novas formas de orientação sexual e identidade de
gênero, de modo que o Estado Democrático de Direito cumpra o seu papel, conforme
determina o texto constitucional, bem como os tratados de direitos humanos
ratificados pelo país.
REFERÊNCIAS
Resumo: Neste trabalho discute-se a evolução do conceito de refugiado por meio dos
principais documentos internacionais e domésticos sobre o assunto. Considerando o
amadurecimento legislativo brasileiro, trabalha-se com a hipótese de que o conceito
de refugiado foi ampliado gradativamente para se adequar aos novos fluxos
migratórios existentes. Dessa forma, o presente estudo tem por objetivo descrever e
analisar as principais conceituações advindas com os instrumentos internacionais
acerca dos refugiados e o que a Lei n. 13.445 de 2017 aborda a respeito, com escopo
de refletir se o conceito restou entendido ou restringido. Por se tratar de um estudo
descritivo e exploratório, utiliza-se o método dedutivo, bem como a revisão
bibliográfica e histórica dos temas em questão.
Palavras chave: Estatuto dos Refugiados; Lei de Migração; Fluxos Migratórios.
INTRODUÇÃO
mas, também, deixar expresso um acordo que protegesse esse grupo específico de
pessoas, visto que ao saírem de suas nações poderiam ou não ser recebidos em
outras e permaneciam em situação jurídica instável. Destarte, tem-se que a
conceituação e a proteção inicial dos refugiados estão diretamente ligadas à
quantidade de pessoas que se deslocaram ante os conflitos armados da Segunda
Guerra Mundial.
2
Convenção da Organização da Unidade Africana de 1969. Preâmbulo: 1 - Registramos com inquietação a existência de um
incessante número crescente de refugiados em África e, desejosos de encontrar os meios de atenuar a sua miséria e sofrimento
e de lhes assegurar uma vida e um futuro melhores. (BRASIL, UFMG)
856
como, do apregoado pela Convenção Africana de 1969. Para Liliane Jubilut (2007, p.
135):
3
“A dignidade é um valor espiritual e moral inerente à pessoa, que se manifesta singularmente na autodeterminação consciente
e responsável da própria vida e que traz consigo a pretensão ao respeito por parte das demais pessoas, constituindo-se um
mínimo invulnerável que todo estatuto jurídico deve assegurar, de modo que, somente excepcionalmente, possam ser feitas
limitações ao exercício dos direitos fundamentais, mas sempre sem menosprezar a necessária estima que merecem todas as
pessoas enquanto seres humanos45 e a busca ao Direito à Felicidade”. (MORAES, 2017, p.18).
858
Diante do que até aqui foi exposto, pode-se afirmar que, se o solicitante do
refúgio, no Brasil, não se enquadrar nas hipóteses previstas no Estatuto dos
Refugiados de 1997, como, por exemplo, a categoria de refugiados ambientais,
poderá se valer da Lei de Migração na condição de acolhido humanitário para adentrar
legalmente em solo brasileiro.
CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS
Abstract: This article is the result of an ongoing research project entitled "The
Migration Dynamics of Traditional Border People in the State of Mato Grosso do Sul
and the Reflexes of Veto Message No. 163/2017". The article intends to investigate
the formation of the sovereign state based on the thought of Egídio Romano and his
contributions to the formation of the State to understand the concepts of frontier and
human mobility arising from the origin of the State, besides analyzing the theme in an
anthropological perspective. The research will seek to understand borders and human
mobility as having its genesis in the State origin, whose distortions are reflected until
now in the sphere of the traditional peoples of the MS, because for the indigenous
there are no borders, seeking to untie the mobility of traditional peoples of the idea of
migration. Through bibliographic research and concepts the article will seek to reach
the expected result.
Keywords: State formation. Human Mobility. National Borders.
INTRODUÇÃO
2
Isidoro de Sevilha, Etymologias, XV, 2.ed. v.82. Paris: 1878, Sp. 536 (nota dos autores)
3
Princípio do Direito Romano denominado uti possidetis. (nota dos autores).
862
DESENVOLVIMENTO
A partir do momento em que o Estado passa a ser visto como uma ordenação
do povo com o fim de alcançar objetivos políticos, registra-se uma grande e decisiva
mudança no século XIV, desenvolvendo-se o Estado e a comunidade de Estados
conforme se verifica na atualidade, porém a partir de uma hierarquia orgânica e
multifacetada das ligas senhoriais, cujo maior degrau terreno e bicéfalo é o império e
a Igreja, corporificados nas pessoas do imperador e do papa (HEYDTE, 2014, p. 55).
De acordo com De Boni (1995, p. 227), o conceito domínio era o conceito-chave
para Egídio, o qual elabora uma teoria desse termo com o intuito de explicar a relação
entre os dois poderes. Egídio Romano desenvolveu uma interpretação própria, em
vários pontos de seu postulado, em relação às fontes que lhe deu inspiração. O termo
dominium era utilizado por ele tanto para indicar a propriedade no sentido de
superioridade entre os homens e as coisas tanto quanto designar o senhorio, isto é,
dominação de um homem sobre o outro.
Segundo as ideias de Egídio Romano, haverá um Estado nacional e um outro
Estado mundial, que irão interagir de forma que não existirá mais a figura de um único
príncipe para afastar o perigo, mas a presença de vários reis e comunidades com os
mesmos direitos, que se juntam, resultando em um equilíbrio de vontades que irão ser
controladas por uma nova unidade de poder, representada pelo Estado centralizado
(ROMANO, 1989, p. 12).
Comparando o raciocínio de Sayad (1998, p. 105) com a mobilidade dos povos
tradicionais, baseada no costume e na cosmologia desses povos, deduz-se que esse
tipo de mobilidade não faz parte de um sistema de ideias pré-concebidas pela
instituição “Estado”.
Nesse panorama, a mobilidade dos povos tradicionais acaba sendo rechaçada
por não integrar um sistema em que o cidadão migrante é visto como um clandestino
onde suas práticas sociais e costumes são resumidas ao fator trabalho, haja vista os
povos tradicionais não encaixarem no senso comum, ou seja, a lógica do trabalho e
do capital imposta pelo Estado quando se fala em migração.
Com isso, é necessário estabelecer dois parâmetros a partir de então.
Primeiramente, compreender que os povos tradicionais não representam uma massa
de indivíduos que migram em busca de trabalho. Em segundo, entender que os povos
tradicionais baseiam sua mobilidade na cosmologia, nas relações de parentesco e
outros fatores antropológicos, cuja lente do Estado e do senso comum são incapazes
de alcançar.
O povo Guarani, que vivia a centenas de anos em toda essa região (bacia do
Rio da Prata e do Rio Paraguai, nas fronteiras entre Brasil, Paraguai e Argentina),
simplesmente é desconsiderado em suas especificidades e direitos de autonomia
sobre seu território e, aos poucos, foram sendo “empurrados” e separados pela lógica
da colonização, além de serem destituídos da quase totalidade dos seus territórios
tradicionais.
863
Carvalho (2013, p. 102) lembra que essa constante mobilidade espacial ocorre
por conta das relações sociais de “reciprocidade” mantidas entre membros de aldeias
localizadas tanto próximas, quanto distantes umas das outras. Acontecem
basicamente por dois determinantes socioculturais: – um, pelas próprias relações de
parentesco, que envolvem vários fatores: – a busca de casamentos com indivíduos
pertencentes a outras aldeias; – a formação de famílias numa ou outra aldeia; as
visitas aos parentes em outras aldeias que podem durar meses ou anos; e ainda, a
mudança pelas famílias de uma para outra aldeia; nesse contexto trocam-se também
informações, pajelanças, medicamentos, sementes, também se dá os encontros de
lideranças, dentre outras formas de reciprocidade.
Na ótica da mobilidade, Mura (2006, p.121) ressalta que a relação entre os
Guarani-Kaiowá e a terra ganha outro significado. Enfatizando-se a noção de tekoha
enquanto espaço que garantiria as condições ideais para efetuar essa relação, os
índios procuram reconquistar e reconstruir espaços territoriais étnica e religiosamente
exclusivos a partir dessa relação umbilical que entretêm com a terra (elemento que se
sobressai das demandas fundiárias dos Kaiowá do Mato Grosso do Sul), ao passo
que flexibilizam e diversificam a organização das famílias extensas.
Nos dizeres de Barbosa (1995, p.117), a América Latina é o reflexo de sua
realidade histórica e social: na verdade, um amontoado de espelhos partidos.
Sociedades forjadas pela cruz e pela espada, na coragem desmedida do colonizador
na sua crueldade e intolerância, plasmadas na cobiça, na aventura e no desejo pela
conquista desenfreada do território, da exploração desmedida dos metais preciosos,
seguida de genocídios e demais violações à vida humana em todos os sentidos.
Nessa lógica, as terras indígenas são alvo dos plantadores de soja e
madeireiros, mas também objetos de invasão pelos camponeses paraguaios. Assim,
as principais vítimas da expansão capitalista nessa região são os indígenas. O
processo de modernização agrícola do agronegócio de monocultura para exportação,
tem sido acompanhado de práticas sociais extremamente injustas como o esbulho e
a escravidão indígena.
Constata-se, dessa forma, que as frentes de expansão no Paraguai
reproduzem quase os mesmos processos contraditórios do Brasil, na relação com
seus povos tradicionais, em que essas fronteiras agrícolas e comerciais dão origem a
diversas violações legais e aos Direitos Humanos, como expropriação dos territórios
tradicionais, escravidão indígena, conflitos, tentativas de integração e destruições
étnicas.
Cabe destacar que as memórias coletivas dos povos tradicionais, em especial
os indígenas, foram formadas a partir das interações sociais, tendo como substrato a
questão territorial, com o qual eles mantêm a sua vinculação resultante de fatores
como as relações de parentesco e a ancestralidade, de forma similar aos nacionais
de um Estado.
Contudo, essas peculiaridades não foram respeitadas no decorrer do processo
de expansão das fronteiras nacionais na América do Sul, sobretudo na região
fronteiriça do Mato Grosso do Sul, dominada sem regras ou limites.
A partir do Estado Novo de Vargas surge em relação às fronteiras a ideologia
de segurança nacional, criada a partir da figura do “inimigo interno”, capaz de se opor
ao “regime”, que infelizmente persiste até os dias de hoje como justificativa da política
empreendida pelo Estado nas regiões fronteiriças (SPRANDEL, 2005, p.174).
De acordo com Volkmer (2003, p. 45), desde o início da colonização, além da
marginalização e do descaso pelas práticas costumeiras de um Direito nativo e
864
CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS
Resumo: Este trabalho tem como objeto o Sistema Penitenciário Federal no Estado
Brasileiro, considerando o regime de isolamento e as consequências para o preso. A
justificativa: a inobservância das garantias constitucionais e de direitos humanos. A
inclusão e manutenção de presos em estabelecimentos penais federais de segurança
máxima deveria ser medida excepcional. Inúmeros são os casos de suicídios e morte
no Sistema. A metodologia de pesquisa utilizada é bibliográfica e de campo. Dentre
os objetivos deste trabalho: expandir o debate acerca do tema a fim de colaborar com
a expansão de medidas administrativas que garantam a efetivação dos direitos em
comento e compreender a evolução histórica de conquistas. A custódia nesse Sistema
gera danos psíquicos, submetendo os presos a malefícios que não se limitam à
privação de liberdade. Sendo fundamental, o desrespeito ao direito à saúde macula
uma conquista histórica, garantida constitucionalmente.
Palavras-chave: Direito Humano; Saúde Mental; Presídios Federais
INTRODUÇÃO
1
2011, ONU, pg.09, parágrafo 29
2
MENDES DE SOUZA, 2009, p.63.
869
A dicção da lei aduz que o período de permanência não poderá ser superior a
360 (trezentos e sessenta) dias. Ou seja, o prazo de permanência não é de 360 dias,
mas de até 360 dias, prorrogáveis, excepcionalmente.
A inclusão em presídio federal é uma medida excepcional e assim deve ser
entendida. É uma medida drástica deslocar um preso da unidade em que ele está
recolhido para outro local longínquo, em um país das dimensões continentais como é
o caso do Brasil.
Em 1990, a Assembleia Geral adotou a resolução 45/111, contendo os
Princípios Básicos Relativos ao Tratamento de Reclusos e em seu Princípio 7º
estabelece que devem ser empreendidos e encorajados esforços com vistas a abolir
ou restringir o regime de isolamento, como medida punitiva.
O Comitê de Direitos Humanos, no parágrafo 6º de seu Comentário Geral Nº
20, ressaltou que o regime de isolamento prolongado da pessoa detida ou presa pode
equivaler a um dos atos proibidos pelo artigo 7º do Pacto Internacional sobre Direitos
Civis e Políticos.
Já o Subcomitê de Prevenção da Tortura e Outros Tratamentos ou Penas
Cruéis, Desumanos ou Degradantes recordou que: “o regime de isolamento
prolongado pode equivaler a um ato de tortura e outros tratamentos ou penas cruéis,
desumanos ou degradantes...” 3
Não obstante, a Corte Europeia de Direitos Humanos tem enfatizado
reiteradamente que o regime de isolamento, mesmo quando é apenas parcial, não
pode ser imposto a um preso por tempo indeterminado 4
No Relatório Conselho de Direitos Humanos sobre tortura e outros tratamentos
ou penas cruéis, desumanos ou degradantes, o Relator especial se pronunciou no
parágrafo 76: “o Relator Especial reitera que, em sua opinião, qualquer imposição de
regime de isolamento que exceda 15 dias constitui tortura ou outro tratamento ou pena
cruel, desumano ou degradante, dependendo das circunstâncias” 5
Nessa toada, o Relatório do Conselho de Direitos Humanos sobre tortura e
outros tratamentos ou penas cruéis, desumanos ou degradantes explicita: “O uso de
regime de isolamento somente pode ser aceito em circunstâncias excepcionais,
quando sua duração for a mais breve possível e por um período determinado
devidamente anunciado e informado” 6
Devido ao seu isolamento, presos mantidos em regime de isolamento por
tempo indeterminado ou prolongado podem facilmente ser esquecidos pelo sistema
judiciário e, portanto, proteger seus direitos se torna ainda mais difícil, mesmo em
Estados com alto grau de respeito ao estado de direito. 7
E segue: “No entanto, quanto maior for a duração do regime de isolamento ou
mais incerta a sua duração, maior será o risco de dano grave e irreparável à pessoa
3
CAT/OP/PRY/1, para. 185.
4
Ramírez Sanchez v. França, Petição Nº 59450/00, Corte Europeia de Direitos Humanos. p.145.
5
Juan Mendez, 2011, ONU
6
Juan Mendez , 2011, ONU
7
SMITH, Peter Scharff . “Solitary Confinement: An introduction to the Istanbul Statement on the Use and Effects of Solitary
Confinement”, p.1.
870
8
Disponível em: http://www.justica.gov.br/seus-direitos/politica-penal/cnpcp-1/relatorios-de-inspecao-1/relatorios-de-inspecao
2010/2010relatorio_ms.pdf.
871
9
A obra foi escrita em 4 volumes e sem o capítulo final, pois o autor faleceu antes de poder concluir.
10
Memórias do Cárcere é o testemunho de quem viveu em porões imundos, sofreu com torturas e privações provocadas por um
regime ditatorial (denominado Estado Novo, no Brasil).
11
Disponível em: https://www.passeiweb.com/estudos/livros/memorias_do_carcere. Acesso em 10 de julho de 2018.
872
CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS
12
Disponível em: https://www.lfg.com.br/conteudos/artigos/geral/direitos-fundamentais-de-primeira-segunda-terceira-e-quarta-
geracao. Acesso em 10 de julho de 2018.
873
1. INTRODUÇÃO
1 Trata-se do reconhecimento da união estável homoafetiva como entidade família, através do julgamento da Ação Direta de
Inconstitucionalidade 4277 e da Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental 132, no ano de 2011, pelo Supremo
Tribunal Federal; bem como da Resolução nº 175 de 2013 do Conselho Nacional de Justiça, que obriga os cartórios não
oficiosos a realizarem a escritura pública de união estável vivida por casais homossexuais que a requererem.
2 Trata-se do julgamento realizado pelo Supremo Tribunal Federal em sede do Recurso Extraordinário nº 646721/RS, no ano
de 2017.
3 Dados retirados do “Mapa dos Assassinatos de Travestis e Transexuais no Brasil em 2017”, elaborado pela Associação
Nacional de Travestis e Transexuais.
875
4 São eles o Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Goiás – GO, o Hospital das Clínicas de Porto Alegre, da
Universidade Federal do Rio Grande do Sul – RS, o Hospital Universitário Padre Ernesto, da Universidade Estadual do Rio de
Janeiro – RJ, e o Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Pernambuco, em Recife – PE, conforme informação
constante do site do Governo do Brasil.
876
5 Dispõe que “o casamento pode ser anulado por vício de vontade, se houver por parte de um dos nubentes, ao consentir, erro
essencial quanto à pessoa do outro”.
6 Dispõe que “considera-se erro essencial sobre a pessoa do outro cônjuge: I – o que diz respeito à sua identidade, sua honra
e boa fama, sendo esse erro tal que o seu conhecimento ulterior torne insuportável a vida em comum ao cônjuge enganado”.
877
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Partindo das considerações tecidas ao longo desse texto, conclui-se que não
se mostra razoável a aceitação da alegação de erro de pessoa por motivo de
transexualidade, uma vez que não há nenhum engano quanto ao outro cônjuge. A
identidade de gênero engloba aspectos sociais e psicológicos da construção social
dos gêneros, sendo responsável por situar o indivíduo na sociedade, e não pode
continuar sendo considerada como equivalente ao sexo biológico, definido pela
morfologia sexual no momento do nascimento e/ou a designação cromossômica.
A descoberta de simples realização de uma cirurgia de mudança de sexo em
nada altera a convivência do casal ou a personalidade e identidade da pessoa
879
operada, se não pelo preconceito do consorte, que não pode ser referendado pelo
mesmo ordenamento jurídico que se dispõe a promover a dignidade, a liberdade e a
igualdade.
Uma vez garantido o direito potestativo ao divórcio, a anulabilidade não poder
ser utilizada para livrar o cônjuge que discrimina a pessoa transexual – e, só por isso,
considera insuportável continuar casado – dos efeitos decorrentes do casamento,
porquanto viola direitos tutelados tanto pela Constituição Federal quanto por tratados
internacional de direitos humanos. Pelos mesmos motivos, a conduta de omitir a
realização da cirurgia não pode ser aceita como ensejadora da retaliação na esfera
penal.
A plena inclusão da comunidade transexual na sociedade, com a qual o Estado
brasileiro formalmente se comprometeu, deve começar pela extinção de toda e
qualquer restrição, civil ou criminal, que a pessoa possa sofrer por essa sua condição.
5. REFERÊNCIAS
em:<http://www.stf.jus.br/portal/cms/verNoticiaDetalhe.asp?idConteudo=342982>.
Acesso: 07 maio 2018.
LAVOR, Thays. ‘Meu filho vivia sendo humilhado’: caso Dandara expõe tragédia
de viver e morrer travesti no Brasil. 2017. Disponível em:
<https://www.bbc.com/portuguese/brasil-39227148>. Acesso: 31 ago. 2018.
NUCCI, Guilherme de Souza. Código Penal Comentado. 17ª edição. Rio de Janeiro:
Forense, 2017.
PALHARES, Isabela, DIÓGENES, Juliana. Mudança de sexo demora até 12 anos
no Brasil. Estadão. 2016. Disponível em:
<https://brasil.estadao.com.br/noticias/geral,mudanca-de-sexo-demora-ate-12-anos-
no-brasil,10000053963>. Acesso: 17 ago. 2018.
RIOS, Roger Raupp. Direito da antidiscriminação: discriminação direta, indireta e
suas subdivisões. Porto Alegre: Editora Livraria do Advogado, 2008.
RIOS, Roger Raupp, RESADORI,Alice Hertzog, LEIVAS, Paulo Gilbero Cogo,
SCHAFER, Gilberto. O Sistema Interamericano de Direitos Humanos e a
discriminação contra pessoas LGBTTI: panorama, potencialidade e limites. Revista
Direito e Práxis, vol. 08, n. 2, p. 1545-1576. Rio de Janeiro: 2017. Disponível em:
<http://www.scielo.br/pdf/rdp/v8n2/2179-8966-rdp-8-2-1545.pdf>. Acesso: 18 ago.
2018.
Supremo reconhece união homoafetiva. Notícias STF. 2011. Disponível em:
<http://www.stf.jus.br/portal/cms/verNoticiaDetalhe.asp?idConteudo=342982>.
Acesso: 07 maio 2018.
TARTUCE, Flávio. Direito Civil v. 5 – Direito de Família. 12ª edição. Rio de Janeiro:
Editora Forense, 2017.
Cirurgias de mudança de sexo são realizadas pelo SUS desde 2008. 2017. Disponível
em: <http://www.brasil.gov.br/cidadania-e-justica/2015/03/cirurgias-de-mudanca-de-
sexo-sao-realizadas-pelo-sus-desde-2008>. Acesso: 17 ago. 2018.
881
Abstract: The history of mankind is a great progressive narrative that is confused with
the ideals of rights and, above all, the notion of human rights. However, the dream of
progress of humanity was responsible for some monstrosities. Therefore, the present
investigation performed a bibliographical and documentary review whose objective
was to rethink the universal belief in human rights. Therefore, a critical review was
performed, guided by the post-colonial studies perspective, to the great progressive
narrative of human rights in order to discuss the efficacy of international human rights
law problem. In addition, based on the perspective of the post-colonial studies the
present investigation was a reasonable contribution to the following discussions aiming
to promote an inclusive human rights perspective development, namely, capable of
raising peripheral regions peoples` voices.
Key-words: Human Rights, Critical Legal Studies, Postcolonial studies.
1. INTRODUÇÃO
2. DESENVOLVIMENTO
Se a igualdade de dos direitos é tão auto evidente, por que essa afirmação
tinha de ser feita e por que só era feita em tempos e lugares específicos?
Como podem os direitos humanos ser universais se não são
universalmente reconhecidos? (HUNT, 2009, p. 18).
p. 133). A linguagem dos direitos humanos serviria, agora, para refundar a ideia de
Estado.
Neste tocante, os movimentos revolucionários, marcos solenes e iniciais de
uma virada universalista, manifestam em suas declarações o hiato existente entre o
real e o ideal, sendo que “a declaração é falsa, mas a distância entre sua realidade
inexistente e sua futura aplicação é o espaço onde os direitos humanos se
desenvolvem” (DOUZINAS, 2009, p. 110). Mesmo em seu contínuo progresso, o
espectro declaratório não abandonaria o corpo errante da humanidade, sendo
elemento constantemente presente nos idos do século XIX, curso do século XX e na
fase legislativa dos direitos humanos.
O fim da Primeira Grande Guerra deixou evidente que a o ideário kantiano e o
projeto de uma paz perpétua universal (KANT, 1989) seriam sepultados nos termos
do tratado de Versalhes (VERSAILLES, 1919). Assim, o sonho da razão produziriam
monstros mais uma vez. O que se veria nas décadas seguintes seria o abandono da
razão e uma verdadeira escalada à violência sistemática, isto é, à ferocidade antiga
seria adicionada a astúcia (SOREL, 1992, p. 216). Os fantasmas do affaire Dreyfus
voltariam com força às vésperas da Segunda Grande Guerra. Dessarte, no interstício
entre as duas guerras, fica claro que “não se deve examinar os efeitos da violência
partindo dos resultados imediatos que ela pode produzir, mas de suas consequências
remotas” (SOREL, 1992, p. 65). Talvez não tão remota assim.
Se, após a Primeira Grande Guerra, ainda existia um resquício de crença no
crescente progresso da humanidade, brevemente o que restaria dela deveria ser
liquidado. Os tribunais ad hoc, as bombas atômicas e a justiça dos vencedores seriam
marcas evidentes da grande contradição que perfaz o caminho do homem em
sociedade rumo ao progresso. A carta da ONU de 1945 e a Declaração Universal dos
Direitos Humanos de 1948 compreendem o novo grito universalista progressista – o
retorno às declarações afirmativas das verdades universais e auto evidentes – cujas
bases ainda guardam estreita relação com os motes iluministas revolucionários
(HUNT, 2009, p. 201).
Neste tocante, o persistente desejo/necessidade em declarar direitos faz com
que os revolucionários franceses e norte-americanos do século XVIII sejam
reavivados pelos legisladores internacionais sem considerar os mais de 150 anos que
separam ambos os momentos. Assim, segundo Douzinas, “é como comparar um
romance de Jane Austen à sua adaptação com costumes de época para a televisão”
(2009, p. 128), isto é, o uso de formulas antigas protegidas sob o verniz da
universalidade.
Por seu turno, os Pactos de 1966 representariam muito mais que organização
sistemática dos direitos humanos. Compreenderiam a negação de sua indivisibilidade,
complementariedade, interdependência e inter-relacionariedade, nos termos do
parágrafo 5º da Declaração e Programa de Ação de Viena de 1993 (CONFERÊNCIA
MUNDIAL SOBRE DIREITOS HUMANOS, 1993); na medida em que, ao separar o
complexo de direitos civis, políticos, econômicos, sociais e culturais em dois
documentos, foi possível estabelecer mecanismos de aplicação, fiscalização e
controle diversos. Assim, restava claro que:
Dessa forma, era evidente que os sujeitos situados à margem das discussões
“globais”, que antecederam as grandes cartas e declarações do século XX, cobrariam
o seu momento de fala. Viu-se, portanto, que “les pays du sud ne sont homogènes ni
par leur ressources ni par leur culture et leurs habitants, ni par leurs organisations
politique” (HOURS, 1998, p. 128)2. Sendo assim, era preciso repensar, em nível
regional, os valores euro-norte-americanos pretensamente universal. A moralidade
dos direitos humanos deveria ser alçada a um novo nível, mais próximo dos Estados
e dos indivíduos, com estruturas que facilitassem o law enforcement desses direitos.
Diante disso, o que falar dos direitos humanos? A fim de chegar a resposta para
estas questões, é preciso lançar mão de outras duas balizas ou critérios: “o da
observância e o da punição da não observância” (ALEXY, 2009, p. 101); centrados,
ambos, na exigência de que as normas jurídicas incluem o exercício da coação a qual,
nos atuais sistemas jurídicos, é organizada e instituída pelo Estado (ALEXY, 2009, p.
102).
1
“o desenvolvimento global se apresenta como um sistema econômico, uma ordem econômica mundial, uma ideologia
humanitária de universalidade dos direitos do homem a qual é o embrião de uma ordem politica dita democrática, uma ideologia
ou uma inquietude ecológica da comunidade global que reafirma o efeito unificador” (Tradução livre).
2
“Os países do Sul não são homogêneas, quer nos seus recursos ou a sua cultura e seu povo nem suas organizações políticas”
(Tradução livre).
885
3. CONCLUSÃO
3
"Oriente-Oeste, primitivo-civilizado, mágico / mítico-científico, irracional-racional, tradicional-moderno" (Tradução livre).
4
"Modernidade / colonialidade são dois lados da mesma moeda. A colonialidade é constitutiva da modernidade; sem
colonialidade há - não pode haver - modernidade" (Tradução livre).
887
4. REFERÊNCIAS
ALEXY, Robert. Conceito e validade do direito. São Paulo: Martins Fontes, 2009.
BONNICI, Thomas. Introdução ao estudo das literaturas pós-coloniais. Mimesis. Vol.
19, n. 1, p. 07-23, 1998.
BRAGATO, Fernanda. Para além do discurso eurocêntrico dos direitos humanos:
contribuições da descolonialidade. Revista Novos Estudos Jurídicos. Vol. 19, n. 1,
2014.
BHABHA, Homi. O local da Cultura. UFMG: Belo Horizonte, 1998.
CONFERÊNCIA MUNDIAL SOBRE DIREITOS HUMANOS. Declaração e Programa
de Acção de Viena. Disponível em:
https://www.oas.org/dil/port/1993%20Declara%C3%A7%C3%A3o%20e%20Program
a%20de%20Ac%C3%A7%C3%A3o%20adoptado%20pela%20Confer%C3%AAncia
%20Mundial%20de%20Viena%20sobre%20Direitos%20Humanos%20em%20junho
%20de%201993.pdf Acesso em 03 ago. 2017.
COSTA, Sérgio. Desprovincializando a sociologia: a contribuição pós-colonial.
Revista Brasileira de Ciências Sociais, vol. 21, n.. 60, p. 117-183.
DOUZINAS, Costas. O fim dos direitos humanos. São Leopoldo: Unisinos, 2009.
888
Abstract: This summary, drawn from research in development, aims to highlight the
impact of homophobic bullying as an obstacle to the development of citizenship
(ARENDT, 1991, p.22) and respect for equality that recognizes differences (SANTOS,
2003, p. 56), and to demonstrate how prejudice precludes the purposes established
by Human Rights Education. From a bibliographical and documentary research and
applying the deductive method, it is proposed to demonstrate that homophobic bullying
can harm the person's full development, his preparation for the exercise of citizenship
and his qualification for work (BRASIL, 1998). This descriptive and exploratory work
aims to gather information for future research on the subject, as well as to raise the
importance of creating actions and public policies to confront discriminatory practices
in classrooms, considering that this is also one of the effects of Human Rights
Education.
Keywords: Education in Human Rights. Homophobic Bullying. Citizenship.
CONSIDERAÇÕES INICIAIS
1
No que se refere à discriminação por orientação sexual e identidade de gênero, os dados de violência contra a comunidade
LGBT constatam que no Brasil morreram 445 pessoas em 2017 vítimas da homotransfobia: 387 assassinatos e 58 suicídios. Um
aumento de 30% em relação a 2016, quando registraram-se 343 mortes. (Grupo Gay da Bahia, 2017)
891
[...] temos o direito a ser iguais quando a nossa diferença nos inferioriza;
e temos o direito a ser diferentes quando a nossa igualdade nos
descaracteriza. Daí a necessidade de uma igualdade que reconheça as
diferenças e de uma diferença que não produza, alimente ou reproduza
as desigualdades.
meio social, mas também a aplicação da igualdade pela diferença, tal como proposto
por Santos (2003, p. 56), isto é, transfigurando a noção de cidadania enquanto “direito
a ter direitos” (ARENDT, 1991, p. 22).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
Abstract: The present study analyzes the limits of the State's obligations to guarantee
the right to health in the distribution of high-cost medicines to people receiving
treatment of malignant neoplasia. Its purpose is to define the State's responsibility in
the distribution of these remedies in a fair and distributive manner, taking into account
the need of all those who seek, in some way, to ensure their right to life. The right to
health belongs to the list of social rights provided for in the 1988 Constitution, which
recognizes that it is a fundamental right of all and that the State must address and
ensure that it is implemented through public policies that can preserve universal
access and equal to all of this right, in the light of John Rawls's ideal of Distributive
Justice.
Keywords: Right to health. Supply of Medications. Malignant neoplasm.
INTRODUÇÃO
acessível, como moradia, saúde, educação, trabalho lazer e outros. Neste sentido,
Flávia Piovesan (2000, p. 54) diz que:
O Direito à Saúde foi disposto em lei pela primeira vez na Carta Magna de 1988
como um dos direitos sociais, que têm o objetivo de garantir melhorias nas condições
de vida dos hipossuficientes, visando a igualdade social e a consagração das
condições básicas para que as pessoas possam cumprir seus projetos de vida.
Assim, a valorização do direito à saúde se deve ao fato de ele ser
essencialmente um direito fundamental do ser humano, tendo em vista que a saúde é
“um dos principais componentes da vida, seja como pressuposto indispensável para
sua existência, seja como elemento agregado à sua qualidade. Assim, a saúde se
conecta ao direito à vida” (SCHWARTZ, 2001, p. 52).
Diante disso, o legislador constitucional, no artigo 196 da CRFB de 88, previu
que “a saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais
e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao
acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e
recuperação” (texto digital). Ou seja, o Estado é o maior garantidor da saúde pública
e deve atender aos anseios da população.
No entanto, o Estado constantemente alega a dificuldade que encontra em
cumprir com o dever de garantia deste direito, principalmente em se tratando de
efetivar a prestação de concessão de medicamentos de alto custo, em especial para
pacientes em tratamento de neoplasia maligna.
PROBLEMA
OBJETIVO
METODOLOGIA
DISCUSSÃO E RESULTADOS
897
REFERÊNCIAS
Grupo de trabalho:
DIREITOS HUMANOS II
Trabalhos publicados:
INTRODUÇÃO
1 O BIODIREITO
Nesse sentido Pereira (2018, p. 3) esclarece que “a Bioética é matéria que atua
diretamente sobre a conduta dos indivíduos, no sentido de trazer parâmetros éticos e
profissionais de atuação, enquanto que o Biodireito é conseqüência desta matéria,
pois cria normas jurídicas que visam à proteção dos indivíduos dentro deste contexto”.
Na mesma linha de raciocínio, Leite (2018, p. 3) esclarece:
2 O BIODIREITO E A TRANSEXUALIDADE
Tais garantias são genéricas, mas também são essenciais ao ser humano,
e sem elas a pessoa humana não pode atingir sua plenitude e, por vezes,
sequer pode sobreviver. Nunca se pode esquecer da vital importância do
art. 5º da CF/1988 para o nosso ordenamento jurídico, ao consagrar as
cláusulas pétreas, que são direitos fundamentais deferidos à pessoa.
Ainda nas lições de Tartuce (2016, p. 101), o mesmo ressalta que os direitos
da personalidade abarcam os modos de ser de cada indivíduo: características físicas
e morais, sendo o nome um dos institutos de prestígio dos direitos da personalidade,
com proteção nos artigos 16 a 19 do Código Civil, além da Lei de Registros Públicos
- Lei nº 6.015/1973.
CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS
1
A partir do julgamento da ADI 4.275, proposta pela Procuradoria Geral da República, O Supremo Tribunal Federal (STF)
entendeu ser possível a alteração de nome e gênero no assento de registro civil mesmo sem a realização de procedimento
cirúrgico de redesignação de sexo.
907
Abstract: Among the new regional integration projects, is the Latin American
Integration Route (RILA), whereby Brazil, Paraguay, Argentina and Chile agreed to
create a bioceanic corridor that allows better access to different markets. This paper
seeks to demonstrate that the States parties in the agreement to create the RILA
should be responsible, together with private companies that are directly benefited from
it, for the protection and promotion of human rights within the Route. The relevance of
this research is justified by the need for protection and promotion of human rights
directed to the inhabitants of the regions affected by the project. The research method
was the deductive, with bibliographical and documentary research.
Keywords: Regional integration. Latin American Integration Route. Human rights.
INTRODUÇÃO
1
CALDANI, Miguel Ángel Ciuro. Aportes metodológicos para la integración del MERCOSUR. In Revista de la Secretaría del
Tribunal Permanente de Revisión. Assunção: MERCOSUR, 2013, p. 109.
2
MELLADO, Noemí B.. Regionalismo sudamericano: sus características. In Revista de la Secretaría del Tribunal
Permanente de Revisión. Assunção: MERCOSUR, 2013, p. 139.
3
Apesar da nomenclatura do projeto se referir à América Latina, o âmbito de seu desenvolvimento se restringe a quatro países
da América do Sul: Brasil, Paraguai, Argentina e Chile.
910
4
RIBEIRO, Maria de Fátima; MACIEL, Lucas Pires. Direitos fundamentais do contribuinte: Efetividade e limitações. In
MENEZES, Wagner (org.). Direito Internacional em expansão – Volume X. Belo Horizonte: Arraes Editores, 2017, p.184.
911
6
Dentre estes grupos, uma rede universitária – UNIRILA – é a responsável por boa parte dos estudos de viabilidade técnica do
projeto. Maiores informações podem ser encontradas no endereço eletrônico de divulgação da Rede:
<http://www.uems.br/midiaciencia/unirila/> Acesso em: 07/05/2018
7
Disponível em: <http://www.itamaraty.gov.br/pt-BR/sem-categoria/588-aviso-as-redacoes/14183-acordo-entre-o-brasil-e-o-
paraguai-para-a-construcao-de-uma-ponte-rodoviaria-sobre-o-rio-paraguai-entre-porto-murtinho-e-carmelo-peralta> Acesso
em: 10/05/2018.
8
Disponível em: <https://www12.senado.leg.br/noticias/audios/2018/04/cae-debate-criacao-da-rota-de-integracao-latino-
americana> Acesso em: 10/05/2018.
9
BOBBIO, Norberto. A era dos direitos. Trad. COUTINHO, Carlos Nelson. Rio de Janeiro: Elsevier, 2004, p. 94.
10
Ibidem, p. 94.
912
11
SILVEIRA, Vladmir Oliveira da; ROCASOLANO, Maria Mendez. Direitos Humanos: conceitos, significados e funções. São
Paulo: Saraiva, 2010, p. 175.
12
LAFER, Celso. A reconstrução dos direitos humanos: um diálogo com o pensamento de Hannah Arendt. São Paulo:
Companhia das Letras, 1988, p. 127.
13
COMPARATO, Fábio Konder. A Afirmação Histórica dos Direitos Humanos. 8. Ed. – São Paulo: Saraiva, 2013, p. 66.
14
Ibidem, p. 293.
15
RAMOS, André de Carvalho. The counter-majoritarian essence of the international human rights processes: how to achieve
the dialogue among courts?. In Boletim da Sociedade Brasileira de Direito Internacional – Volume 103. Belho Horizonte:
Arraes Editores, 2017, p. 331.
16
BORGES, José Souto Maior. Curso de Direito Comunitário. São Paulo: Saraiva, 2009, p.326.
17
Ibidem, p. 329-330.
913
18
PIOVESAN, Flávia. Direitos humanos e justiça internacional: um estudo comparativo dos sistemas regionais europeu,
interamericano e africano. 6. ed. Ver. ampl., e atual,. – São Paulo:
Saraiva, 2015, p. 62.
19
PIOVESAN, Flávia. Globalização econômica, integração regional e direitos humanos. In: Interesse Público. Belo Horizonte,
2002. Disponível em: <http://bdjur.stj.jus.br/dspace/handle/2011/31236>. Acesso em: 21/04/2018, p. 63.
20
Ibidem, p. 66.
21
SILVEIRA, Vladmir Oliveira da; SANTOS, Queila Rocha Carmona dos. Responsabilidade corporativa na perspectiva da
sustentabilidade. In: MACHADO, Ednilson Donisete; BENACCHIO, Marcelo (coord.). Direitos humanos e teoria jurídica do
desenvolvimento sustentável: reflexões sobre empresa e estado. 1. Ed. – São Paulo: Letras Jurídicas, 2015, p. 24.
914
CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS
Abstract: This article deals with euthanasia, bringing debates about the dignity of the
human person, the right to life and the treatment given by Brazilian law to the subject.
The dignity of the human person is a fundamental principle of the federative republic
of Brazil, expressly recognized in the constitution, also the right to life is recognized as
a fundamental right, but it is necessary to establish the limits and the concept of these
rights in an appropriate way, and the experience of other countries to know to what
extent there is a divergence between the right to life and human dignity around
euthanasia.
Keywords: Euthanasia. Dignity. life.
1. INTRODUÇÃO
2. CONCEITO DE EUTANÁSIA
3. CONTEXTO HISTÓRICO
5. DIREITO À VIDA
morte não se consume e o paciente sofra lesões graves, à 30 anos. Caso a eutanásia
seja enquadrada no tipo penal de homicídio e seja qualificado por conta do meio
empregado, a exemplo, veneno.
Porém, deve incidir em favor do réu a causa de diminuição prevista no §1º do
art. 121 do Código Penal. O dispositivo prevê a diminuição de 1/3 (um terço) a 1/6 (um
sexto) se o agente comete o homicídio impelido por relevante valor moral ou social,
como defende a doutrina majoritária, o qual utilizamos como expoente Rogerio Greco:
10. CONCLUSÃO
11. REFERÊNCIAS
Abstract: The article analyzes the recognition of rights for LGBTI families in Brazilian
Higher Courts and aims to investigate how the access to and debate on these rights
occur, taking into account the Brazilian social plurality, the majority participation of
private advocacy in these processes, the role of Public Defender offices and the
intersectionality of oppressions that act upon these populations. The methodology
used is the analysis of decisions published between 2011 and 2018 and collected on
the courts' websites, along with bibliographic review. Thus, we propose initial
mechanisms for a complex recognition of the rights of LGBTI families in Brazil.
Keywords: LGBTI Families, High Courts, Recognition of Rights.
INTRODUÇÃO
DESENVOLVIMENTO
homoafetivo formado por dois homens, o MP alegou que eles não constituíam uma
família. No entanto, o STF acabou por reconhecer pela primeira vez o direito de
adoção por casal homossexual com o julgamento ocorrido em 05 de março de 2015
A análise feita sobre os 24 acórdãos e 192 decisões monocráticas pesquisados
para este artigo nos tribunais superiores brasileiros, indica uma totalidade de decisões
afastadas de argumentações jurídicas voltadas para um campo interdisciplinar entre
o direito e demais ciências sociais e humanas, sendo os argumentos jurídicos voltados
exaustivamente para princípios basilares como a igualdade e liberdade, assim como
para o uso expressivo de menções ao conteúdo do julgamento da ADI 4.277 e da
ADPF 132, o que demonstra na amostra coletada, a reiteração de uma estrutura
argumentativa comum entre os casos envolvendo relações homoafetivas.
Segundo Judith Butler (2018), a precariedade vivenciada por indivíduos nas
estruturas sociais está estritamente ligada às normas de gênero, uma vez que aqueles
que não cumprem as expectativas heteronormativas e não vivem seu gênero de
formas inteligíveis estão expostos a um risco mais elevado de assédio, patologização
e violência, o que leva a autora a questionar a proteção legal, indicando uma tendência
institucional de privação de direitos civis e estigmatização para indivíduos não
heteronormativos, o que ocasiona, por exemplo, em barreiras para assistência à
saúde perante a lei e invisibilidade de relações íntimas e de parentesco. Sendo assim,
a autora expressa a importância da questão do reconhecimento pela presunção de
que todos os sujeitos humanos são igualmente reconhecíveis, mas aponta que a
normatividade de gênero cria uma condição de aparecimento no meio social, o que
restringe o campo do reconhecível.
Nancy Fraser (2007) concebe o reconhecimento como uma questão de justiça.
Na luta de grupos através dos movimentos como o LGBTI; o “reconhecimento da
diferença” emergiu como o principal conflito contra a dominação cultural do século.
Nesse contexto, distinguem-se duas formas de compreensão da injustiça: a primeira
seria a injustiça econômica, estabelecida na estrutura política e econômica da
sociedade; e a segunda, a injustiça cultural ou simbólica, contida nos padrões sociais
de representação, interpretação e comunicação (FRASER, 2006).
E, diante da complexidade que tal reconhecimento envolve, as reflexões sobre
as demandas pelo reconhecimento da diferença ocorrem por meio do caso a caso e
acaba por considerar identidades específicas e as particularidades dos indivíduos.
Assim, torna-se essencial a construção de um paradigma de justiça que recupere
padrões institucionalizados de reconhecimento e de valoração cultural, com o objetivo
de assegurar a real igualdade de oportunidade de estima social. Trata-se da “condição
intersubjetiva” de paridade participativa, no intuito de excluir normas
institucionalizadas que sistematicamente depreciam algumas categorias de pessoas
e as características associadas a elas (FRASER, 2007).
Nos casos de grupos historicamente oprimidos, como os LGBTI, direitos
diferenciados de proteção e de benefício configuram-se como estratégias
necessárias, e podem ser legitimados no intento de equilibrar desigualdades
historicamente constituídas, para dar espaço social a esses indivíduos, com a devida
visibilidade de suas questões e, por conseguinte, acesso aos bens sociais. Sendo
assim, estes direitos diferenciados se justificariam em um novo sentido de justiça,
estritamente correlacionado com uma política verdadeiramente democrática,
orientada para uma dissolução das desigualdades historicamente institucionalizadas
que determinam a opressão distributiva (YOUNG, 2000). Assim, a constituição de
uma política democrática que insira pessoas LGBTI por meio de manifestações,
esforços legislativos ou demandas por políticas públicas precisam fazer reivindicações
927
em nome desses sujeitos, mas este processo não pode ocorrer sem uma atitude
crítica, que desnaturalize a ideia de sujeito político, como descritivo de uma essência
previamente dada, pois deve reconhecer o caráter contingente de sua construção,
salientando as exclusões que perpassam a constituição desses sujeitos (BUTLER,
1998, 2002).
Dentre os diversos aspectos da pluralidade brasileira que podemos visualizar
efeitos na realidade LGBTI, a pesquisa empreendida, destaca-se como resultado
retirado da amostra de onze (11) acórdãos analisados do STF e treze (13) do STJ,
que em ambos os tribunais não existem acórdãos oriundos de processos em que as
partes tenham sido patrocinadas pela Defensoria Pública. Em relação às decisões
monocráticas, o Supremo Tribunal Federal tem oito (8) processos em que os sujeitos
LGBTI foram representados pela Defensoria Pública, de um total de sessenta e oito
(68) decisões monocráticas analisadas. Ao passarmos a análise para os dados
coletados no Superior Tribunal de Justiça, identificamos onze (11) decisões
monocráticas, nas quais os direitos foram tutelados pela Defensoria Pública, em um
total de cento e vinte e quatro (124) decisões. Tais resultados demonstram que a
advocacia privada assume papel majoritário nos tribunais superiores brasileiros em
casos envolvendo direitos previdenciários, casamento, união estável, dentre outros
direitos oriundos de uniões homossexuais.
Nesse sentido, adentra-se no aspecto da Defensoria Pública Brasileira como
agente transformador da realidade social e ao qual incumbe a defesa de direitos às
minorias marginalizadas, visto que a Defensoria Pública no Brasil foi criada dentre
outras finalidades, para a implementação de políticas inclusivas como estipula a
Constituição Federal em seu art. 5º que assegura a igualdade entre todos perante a
lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se direitos como a liberdade e
igualdade. O inciso LXXIV do mesmo artigo ainda afirma que o Estado prestará
assistência jurídica integral e gratuita aos que comprovarem insuficiência de recursos.
No que tange a definição de indivíduos hipossuficientes, entende-se sem
recursos financeiros, bem como abrange a insuficiência organizacional para
implementação dos direitos de categorias que do ponto de vista estrutural são
hipossuficientes. Pode-se afirmar então que a Defensoria Pública também é um meio
pelo qual o indivíduo conhece e reconhece seus direitos, suas obrigações,
abrangendo assim, assistência e consultoria, nutrindo-se os aspectos democráticos
no meio jurídico, como prevê a Carta Magna.
Dessa forma, a Defensoria Pública tem como missão a orientação jurídica, a
promoção dos direitos fundamentais e a defesa dos direitos individuais e coletivos, de
forma integral e gratuita aos necessitados. Assim, a Defensoria Pública deve expandir
seu papel, no sentido de o cumprir da forma mais ampla possível no processo de
reconhecimento de direitos e garantias para pessoas LGBTI.
Assim, a introdução de um debate acerca da interseccionalidade ganha espaço
nas questões de pluralidade social. A interseccionalidade, refere-se a uma teoria
transdisciplinar, cujo objetivo é entender a complexidade das identidades e das
desigualdades sociais por intermédio de um enfoque integrado. Assim, a
interseccionalidade refuta o enclausuramento e a hierarquização dos grandes eixos
da diferenciação social que são as categorias de sexo/gênero, classe, raça,
etnicidade, idade, deficiência e orientação sexual. O enfoque interseccional ultrapassa
o limite do simples reconhecimento das múltiplas opressões que operam por meio
dessas categorias, ao visualizar uma interação entre essas categorias na produção e
na reprodução das desigualdades sociais.” (BILGE, 2009; HIRATA, 2014).
Nesse sentido, de acordo com Prado e Machado (2008), o papel da sociedade
928
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
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DIAS, Maria Berenice. A União Homossexual: Preconceito e Justiça. Porto Alegre:
Advogado Editora, 2000.
930
Summary: The articulation of the LGBTTT movement, and in the same way the
Transgender Movement, stems from social battles fought that triggered the
dissemination of collective ideas of protection, consequently in society these
movements took shape and were structured to the point that they are currently inserted
in transnational, being bearer of an agenda of struggles against the discriminations of
such groups. The objective is to reflect on the emergence of new transsexual identities,
thinking about how the international associations and networks of the Transgender
Movement can contribute to the constitution of new trans identities, taking into account
the local and the global, and the confrontation of discrimination against transgenders.
Keywords: Transsexuality; Trans Historicity; Transgendered
1 INTRODUÇÃO
2 DEFINIÇÃO DE TRANSEXUALIDADE
1
Mulheres que se identificam com o gênero masculino através da nominação, vestimenta e transformações corporais como
pertencentes ao gênero masculino.
933
3 MOVIMENTO TRANS
934
2
O Tratado de Amsterdam foi assinado em 2 de Outubro de 1997 e é o resultado de dois anos de estudos e negociações no
âmbito de uma Conferência dos representantes dos governos dos Estados-membros. Entrou em vigor após ter sido ratificado
pelos quinze Estados-membros da União Européia, segundo as respectivas regras constitucionais. O objetivo deste tratado foi
criar as condições políticas e institucionais necessárias para permitir à União Européia enfrentar os desafios do futuro, face, entre
outras circunstâncias, à rápida evolução da situação internacional, à globalização da economia e suas repercussões no emprego,
936
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
na luta contra o terrorismo, na criminalidade internacional e no tráfico de droga, nos desequilíbrios ecológicos e nas ameaças
para a saúde pública.
937
Resume: The present research aims to understand the gender and race arrangements
in the Court of Justice of the State of São Paulo TJ-SP between 1874 and 2017. To do
so, it outlines gender issues, the figure of the black in society and the consequence of
meeting these two categories in one person. Based on this scenario, the study aims to
understand the possibilities of access of women in the TJ-SP invested in top positions
and the space of white and black women. In order to respond to such concerns, the
study was based on data provided by the National Justice Council-CNJ and TJ-SP,
which enabled the elaboration of charts and tables that demonstrate who are the
members and how to promote men and women white and black in this space.
Bibliographic and documentary research, case study and statistical analysis are used
as methodology.
Key words: Mobility, Court of Justice of the State of São Paulo, Gender and Race.
INTRODUÇÃO
1
Informação adquirida pelo serviço de informações ao cidadão em cumprimento à Lei 12.527/11. Disponível no site:
<http://www.tjsp.jus.br/CanaisAtendimentoRelacionamento/FaleConosco>
939
O trecho da canção acima faz emergir uma reflexão referente à dicotomia que
o tempo propõe, no sentido de que apesar de todo dia o tempo ser novo ele é ao
mesmo que sempre existiu. Apesar de todos os dias haver oportunidade de viver
novas coisas, rotineiramente a sociedade reproduz os mesmos vícios que fluem das
velhas formas de viver. A extensão deste raciocínio para o ser mulher e o ser homem
em sociedade ainda é impregnada por sentidos que reportam a uma velha forma de
viver o qual corrobora a repetição de vícios passados ao determinar a forma de ser
desses sujeitos, seus espaços, deveres, papeis e direitos.
Exemplo disso é o TJ-SP que foi formado em 1874, mas o ingresso de mulheres
na magistratura paulista só veio ocorrer em razão de pressão da comissão de
mulheres advogadas da OAB/SP que questionou a necessidade de identificação das
candidatas (Melo, 2005, p. 4) o que culminou na lei 9351/96 a qual previa no artigo 1°
que no concurso de ingresso na magistratura da justiça comum será “vedada, nas
duas primeiras fases, que haja a identificação do candidato” (Lei Estadual n° 9.351,
1996). Ou seja, o ingresso de mulheres na magistratura de São Paulo só se deu 106
anos após a criação do Tribunal.
A ausência de medidas legais que inviabilizavam a discriminação em razão do
sexo trouxe reflexos, segundo dados do TJ-SP apenas em 1997 foi nomeada a
primeira mulher ao tribunal2. Entre 1997 a 2017 a segunda instância do TJ-SP foram
nomeados 213 homens e 28 mulheres. E desde a criação do TJ-SP em 1874 a 2017
passaram pelo TJ-SP 1.219 desembargadores e 35 desembargadoras ao todo, sendo
que dessas até a presente data, 6 dessas mulheres se aposentaram.
2
Luzia Galvão da Silva, nomeada desembargadora do TJSP em 1997, critério de ingresso: quinto constitucional. (TJSP livro
digital do Tribunal de justiça do Estado de São Paulo e seus desembargadores)
940
Quanto a presidência do TJ-SP até 2017 foram eleitos apenas homens brancos
(Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo – TJSP, 2017). Segue tabela, formulada
pela autora, com base em dados do TJ-SP que informam o ingresso de mulheres ao
Tribunal por ano desde 1874 a 2017 (tabela 1) assim como a quantidade de homens
e mulheres ingressantes no TJ-SP em 2017 (tabela 2).
TABELA 1
N° de ingressantes mulheres Ano de ingresso no TJ-SP
0 1874 a 1996
1 1997
1 2003
12 2005.
2 2010.
2 2011.
2 2012.
4 2013
6 2014
2015.
2 2016.
2 2017.
Total: 35 Quantidade de anos: 143
(3Fonte: livro digital do Tribunal de justiça do Estado de São Paulo e seus desembargadores).
TABELA 2
N° de Mulheres ingressantes em 2017 N° de Homens ingressantes em 2017
2 10
(4Fonte: livro digital do Tribunal de justiça do Estado de São Paulo e seus desembargadores).
De acordo com o Ministério das Relações Exteriores o Brasil é o país que tem
a maior população negra, atrás apenas da Nigéria (AZEVEDO. 2010) com percentual
de 54% de população negra (Secretária de combate ao Racismo – CUT, 2010, p.2).
3
Disponível no site: <http://www.tjsp.jus.br/Download/Biblioteca/Curriculum/Curriculum.pdf>. Acessado em: 09/08/2017
4
Disponível no site: <http://www.tjsp.jus.br/Download/Biblioteca/Curriculum/Curriculum.pdf>. Acessado em: 09/08/2017
5
Pesquisadora que estudou, sob um olhar histórico, dificuldade das mulheres no acesso a magistratura da França.
941
TABELA 3
Tabela do Quadro da Magistratura Paulista 2017
CAPITAL
Juízes 340
Juízas 373
Juízes Substitutos em 2º Grau 61
Juízas Substitutas em 2º Grau 21
Desembargadores 361
Desembargadoras 28
Total de Magistrados da Capital 1184
INTERIOR
Juízes 904
Juízas 459
Total de Magistrados do Interior 1363
Total Geral 2547
(Fonte: Sic-TJ/SP, 2017).
TABELA 4
Tabela de quadro de magistratura paulista preta em 2017
Cargo/Raça Negra Parda
Desembargadora 1 3
Juíza de Direito 6 10
geral só acessou educação básica muito depois. Dados do IBGE de 2010 da Cidade
de São Paulo, dão conta de evidenciar que esse abismo criado ainda se mantém na
realidade ao informar que 186.952 pessoas que se auto declaram brancas entre 18 e
24 anos de idade estavam frequentando o ensino superior e 50.069 que se declararam
pretos com igual idade estavam frequentando a universidade em 2010, ou seja, a
população branca é quase quatro vezes superior à população negra nas
universidades (IBGE, 2010). Este abismo é corroborado nos dados do TJ-SP que
informam ser a primeira instância majoritariamente composta majoritariamente por
mulheres, mas quem são essas mulheres?
Gráfico 3.1
CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS
Abstract: This paper proposes an analysis of the process of effecting the Fundamental
Human Right to dwelling , which emerges from the proclamation of the Dignity of the
Human Person as a constitutional guarantee provided for in the list of Social Rights of
the Brazilian Federal Constitution of 1988. It is verified the theory of existential
minimum under the prism of the constitutional principle of equality and the historical-
constitutional evolution of the fundamental guarantee to housing and its annexation in
legal systematics, when analyzing the judicial treatment as to its yours characteristics.
In this abstract, the notion of existential minimum correlates with the dignity of the
human person in conformity with its otherness. And it is up to the public power as agent
of the production of the urban public space and responsible for the execution and
control of public policies that base and offer criteria for the implementation of housing
policies. They public policies aimed at housing when they are omitted find in the
Judiciary the possibility of realization.
Keywords: Federal Constitution; Minimum Existential; Fundamental Right to Housing.
INTRODUÇÃO
1
Trabalho resultante de pesquisa pelo Programa Institucional De Iniciação Científica Voluntária – PIVIC.
947
2
Por força da PEC nº 60/98, Deputada Federal Almerinda Carvalho, relatora.
948
3
Subscrita em San José, Costa Rica, em 22 de novembro de 1966.
4
Instituto originário da experiência da Corte Constitucional alemã (Vorbehalt des Möglichen), em 1970. Versou sobre a
pretensão dos estudantes em aumentar a quantidade de vagas ofertadas nas universidades públicas daquele país.
949
CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS
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GAZOLA, Patrícia Marques. Concretização do direito à moradia digna: teoria e
prática. Belo Horizonte: Fórum, 2008.
951
Abstract: The present works, whose research line supported the elaboration of the
project entitled “Challenges for the inclusion of refugees in Brazilian society" aims,
through statistical and informational data, testimonials and researches show the main
difficulties faced by refugees when they entering in the Brazilian territory. For being a
signatory country of the 1951 convention, Brazil has received a considerable number
in the territory. It was evident the difficulties that exist in the reception of these people,
although the absence of programs and state action. The proposed research belongs
to the juridical-sociological methodological aspects and the type of research chosen
was, in the Witker (1985) and Gustin (2010) classification, the juridical-interpretative
type.
Keywords: Refugee Crisis; Challenges; Inclusion.
1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS
2. O REFÚGIO
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Com base no exposto acima é notório que existem uma série de problemas que
dificultam a inserção do refugiado na nossa sociedade. Essas dificuldades resultam
de diversos segmentos, como a burocracia inerente ao aparato Estatal, o preconceito
e a xenofobia intrínseca na comunidade e as avenças culturais encontradas em
diversas condutas, mesmo que diárias.
Verifica-se ainda que, mesmo o país sendo signatário de diversos tratados
internacionais e possuir a própria Lei do Refúgio, apresenta diversos casos graves de
violação à essas leis e aos direitos humanos. Logo, fica claro que apenas a redação
de um texto legal não é suficiente, devendo haver uma maior fiscalização de
organismos de proteção aos direitos humanos.
Ademais, foi trabalhado durante o texto problemas derivados diretamente dos
trâmites administrativos como a expedição de certificados e a tentativa de inclusão no
ensino superior. De fato, é evidente que uma relativização desses procedimentos
poderia contribuir para a diminuição do problema relativo a contratação dos
refugiados, visto que eles possuiriam um diploma emitido diretamente pelo governo
brasileiro.
Percebe-se por fim que a inserção em um grupo social também é um problema,
mas como abordado no trabalho, é minimizado graças a diversas instituições, como
as ONG´s e igrejas, presentes em diversos estados brasileiros, que contribuem com
956
5. REFERÊNCIAS
Abstract: The present research aims to present and discuss the effectiveness of
public policies to prevent slave labor in Brazil. It aims to show that through prevention
it is possible to achieve the eradication of the practice and to comply with the
established by ILO Convention 105, whose ratification was made by Brazil. Analytical
research will be used as a methodology, as for the technical procedure used, the
research will be done by a combination of research proposals, being the bibliographic
research added to the data analysis, since it is aimed at extracting more information to
ascertain the existence and effectiveness of these policies. The partial result of the
research is the existence of public policies to prevent slave-like work in the country,
with a satisfactory level of eradication through education and information.
Keywords: Public Policies; Prevention; Slavery
INTRODUÇÃO
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
CONSIDERAÇÕES FINAIS
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Políticas Públicas. México. Porrua Editores. Pp.15-84, 1996.
961
Grupo de trabalho:
Resumo: O trabalho discute a importância que o caso Bacszkowski teve para o direito
internacional uma vez que tratou de temas relacionados à liberdade de expressão e à
inserção da população LGBTQIA+ na sociedade. Utilizou-se o método dedutivo, com
pesquisa bibliográfica, principalmente em artigos científicos internacionais, como
forma de embasar a pesquisa e expor os diversos questionamentos acerca do
assunto. Tratou do fato em si, desde os acontecimentos e argumentos usados pelas
partes até a decisão do Tribunal Europeu dos Direitos Humanos. Segue-se discutindo
como os fatores históricos, tangentes às sentenças reiteradas da Corte Europeia,
auxiliaram na resolução desse caso. Ressalta-se o papel “iluminista” que os juízes
detêm porque a partir de seus ditames, mesmo confrontando a ideologia
predominante em uma nação, conseguem fazer com que novos valores sejam
enraizados na sociedade. Conclui-se, que o veredito de Bacszkowski v. Polônia retrata
um marco para o direito, potencializando os princípios norteadores da justiça.
Palavras-chave: Direito Internacional. Liberdade de Expressão. Inclusão.
Abstract: This paper discusses the importance that the Bacszkowski Case had for
international law, since it addressed issues related to freedom of expression and the
insertion of the LGBTQIA+ population in society. The deductive method was used, with
bibliographical research, mainly in international scientific articles, as a way to base the
research and to expose the various questions on the subject. We addressed the fact
itself, from the events and arguments used by the parties to the decision of the
European Court of Human Rights. This was followed by a discussion on how the
historical factors related to the repeated rulings of the European Court helped in the
resolution of this case. We highlight the "enlightenment" role that judges hold, because
from their judgment, even when confronting the prevailing ideology in a nation, they
are able to make new values be rooted in society. We concluded that the verdict of
Bacszkowski vs. Poland portrays a milestone for law, by enhancing the guiding
principles of justice.
Keywords: International Law. Freedom of Expression. Inclusion.
INTRODUÇÃO
Os direitos das minorias por vezes não são respeitados e o presente trabalho
tem por objetivo estudar um caso relevante no Direito Internacional, que confirmou os
direitos comunidade LGBTQIA+ (Lésbicas, Gays, Bissexuais, Transexuais,
Queer/Questionando, Intersexo, Assexuais/Arromântiques/Agênero, Pan/Poli e mais).
Utilizou-se no estudo o método dedutivo, com pesquisa bibliográfica, tendo como
marco referencial o pesquisador Daniel Borrillo. Quanto ao caso em comento, Tomasz
Baczkowski, juntamente com outros quatro participantes organizavam uma
manifestação pacífica pelas ruas de Varsóvia em nome da fundação a qual faziam
parte, a “Fundação para a Igualdade” (Fundacja Równsci). Manifestação essa
denominada “Dias de Igualdade” que aconteceria entre os dias 10, 11 e 12 de junho
de 2005, contando com marchas pelas principais avenidas da capital polaca e
963
DESENVOLVIMENTO
1
Artigo 8, Convenção Europeia dos Direitos dos Homens, 1950. Com as modificações introduzidas pelos Protocolos nos 11 e
14 acompanhada do Protocolo adicional e dos Protocolos nos 4, 6, 7, 12, 13 e 16.
2
Artigos 8 e 14, Convenção Europeia dos Direitos dos Homens, 1950. Com as modificações introduzidas pelos Protocolos nos
11 e 14 acompanhada do Protocolo adicional e dos Protocolos nos 4, 6, 7, 12, 13 e 16.
965
O caso foi dissecado por um grupo de seis juízes 3, presididos por Nicolas
Bratza. A importância desse seleto grupo de aplicadores do direito torna-se clara
quando Barroso (LENZA, 2018, p. 87) elucida que em nome da razão e da justiça,
contra o senso comum dos integrantes da sociedade, o Poder Judiciário empurra-nos
para o progresso social. Assim torna-se nítido o uso da terminologia “iluminista”, pois
mediante à razão e aos princípios norteadores fundamentais do direito que o Judiciário
age muitas vezes. O mesmo autor ainda destaca que tal protagonismo desse papel
deve ser moderado, afinal apresenta um certo risco ao regime democrático pois a
decisão cabe, nesse caso, apenas ao Poder conferido aos magistrados.
CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS
Resumo: Durante certo período de tempo, a relação entre médico e paciente foi
regida pelo paternalismo médico. Essa postura, legitimada, por gerações pela própria
sociedade, no atual estágio de desenvolvimento humano e social, não representa
mais a complexidade que envolve tratamentos médicos. As diretivas antecipadas de
vontade são, portanto, instrumentos capazes de blindar a autonomia da vontade e a
dignidade do paciente. Compreendendo tal contexto, esse trabalho busca analisar as
diretivas, examinar suas características, assim como o tratamento normativo conferido
dentro do Brasil para esses documentos. Além disso, tem-se como objetivo uma
reflexão, sob um viés cultural, da própria concepção da sociedade brasileira sobre tal
tema.
Palavras-chave: Diretivas antecipadas de vontade, dignidade humana, autonomia da
vontade
Abstract: Over a period of time, the doctor-patient relationship was ruled by medical
paternalism. This posture, legitimated during generations by society itself, in the
current stage of human and social development, no longer represents the complexity
that involves medical treatments. Advance directives of will are, therefore, instruments
capable of shielding the autonomy of the will and the dignity of the patient.
Understanding this context, this work aims to analyze the directives, examine their
characteristics, as well as the normative treatment conferred within Brazil for these
documents. In addition, the objective is also to reflect, under a cultural bias, on the very
conception of brazilian society on such a theme.
Key words: Advance directives of will, human dignity, autonomy of the will
1. INTRODUÇÃO
Luís Roberto Barroso e Letícia de Campos Velho Martel (2010, p. 241), ao tratar
sobre dignidade e autonomia no fim da vida, também dispõem que “a retirada de
suporte vital (RSV), a não-oferta de suporte vital (NSV) e as ordens de não-
ressuscitação ou de não-reanimação (ONR) são partes integrantes da limitação
consentida de tratamento”.
Vale o destaque obviamente de que o conteúdo previsto na Diretiva versará
sobre tratamentos extraordinários e sua aceitação ou negação. Dessa forma, tanto a
previsão de que devem ser realizados ou que não devem são abarcadas pela figura
da DAV.
Por fim, por ser negócio jurídico, para a produção de regulares efeitos, uma
Diretriz Antecipada deverá cumprir os requisitos de validade previstos no Código Civil.
Por ter regulação normativa esparsa no país, entretanto, há ainda significativa
insegurança quanto aos requisitos de necessária obediência para validade uma
Diretiva Antecipada de Vontade.
Na Resolução do Conselho Federal de Medicina (CFM) n. 1.995/2012,
documento mais próximo de uma regulação federal que possuí o país, as diretivas
poderão ser, inclusive, transmitidas oralmente ao profissional de saúde, que anotará
tais disposições no prontuário do paciente, conforme prevê seu art. 2º. §4º.
970
4. CONCLUSÃO
Nas palavras de Ronald Dworkin (2003, p. 280), “é uma obviedade afirmar que
vivemos toda nossa vida à sombra da morte; também é verdade que morremos à
sombra de toda nossa vida”. De tal afirmação um tanto poética, pode-se retirar o
entendimento de que, mesmo próximo à morte, um indivíduo conserva os vestígios do
que foi no ápice de sua vida. Dessa forma, não constitui raciocínio lógico forçado a
constatação de que a dignidade do homem o segue até o último instante.
Essa aderência à condição de pessoa humana denota a importância do tema
ora exposto dentro do universo médico e jurídico. Os avanços da medicina podem
permitir, por tempo indeterminado, um prolongamento artificial da vida biológica.
Entretanto, sob a perspectiva de um ser autônomo e digno, é certo acatar a vontade
daqueles que entendem que essa vida plástica não corresponde ao que projetaram
para si mesmos.
Por tal razão as Diretivas Antecipadas de Vontade são mais do que meras
construções jurídicas. Dentro da atual fase de desenvolvimento científico e social, as
DAV representam a concretização da autodeterminação inerente a cada indivíduo.
Representam assim uma nova fase da relação entre médico, paciente e sociedade.
Pois bem mais do que um assistencialismo paternal e absoluto, busca-se, no atual
momento, a conservação da qualidade de vida que aquele indivíduo teve garantida
por toda sua existência.
A experiência do ser humano e do corpo social com a morte mudou. A medicina
possibilita hoje prorrogação praticamente ad eternum da existência de um indivíduo.
Entretanto, bem mais do que uma continuação arbitrária, precisa-se visar a dignidade
e a autonomia do paciente.
A obstinação terapêutica, assim, configurada nos tratamentos extraordinários e
fúteis que apenas prolongam o sofrimento de uma pessoa, mas não necessariamente
importam em uma melhora em seu quadro é certamente matéria sobre o qual o
paciente que a suporta pode versar. O respeito às decisões do paciente é justamente
o principal objetivo das Diretivas Antecipadas de Vontade.
Alguns desejam continuar vivos pelo maior tempo que puderem, enquanto
outros não entendem da mesma maneira. A pluralidade que cerca o fim da vida é
perfeitamente abarcada pelas Diretivas que possibilitam o sim e o não de alguém que,
como durante toda a sua vida, merece, no fim dela, também ser respeitada.
5. REFERÊNCIAS
INTRODUÇÃO
Os relatórios sobre segurança pessoal elaborados tanto pela OEA quanto pelo
Mercosul apontam que a violência decorrente de práticas delituosas aumenta ano a
ano. O quadro é ainda mais preocupante nas fronteiras do Mercosul, por conta da
atuação de organizações criminosas transnacionais, responsáveis por vários
homicídios ligados a atividades de narcotráfico, tráfico de armas e contrabando. Em
contrapartida, as condutas de prevenção e repressão a esse tipo de atividade, que
põem em risco os habitantes dessas regiões, são escassas ou pouco efetivas.
1 O IDESF “é uma instituição sem fins lucrativos que objetiva a criação de mecanismos que promovam a igualdade e a integração
entre as regiões de fronteira, o fortalecimento das relações políticas, sociais e econômicas e o combate aos problemas próprios
destas regiões, por meio de estudos, ações e projetos” (http://www.idesf.org.br/).
979
[...] Por isso mesmo, deu margem ao aparecimento de uma tão farta
bibliografia e à formulação de uma tal multiplicidade de teorias que acabou
sendo prejudicado, tornando-se cada vez menos preciso e dando margem
a todas as distorções ditadas pela conveniência. Essas distorções têm
sido uma consequência, sobretudo, da significação política do conceito,
que se encontra na base de seu nascimento e que é inseparável dele,
apesar de todo o esforço, relativamente bem-sucedido, para discipliná-lo
juridicamente. Atualmente, porém, não obstante a imprecisão ou as
controvérsias, a expressão soberania vem sendo largamente empregada
na teoria e na prática, às vezes até mesmo para justificar as posições de
duas partes opostas num conflito, cada uma alegando defender sua
soberania. Daí a observação feita por Kaplan e Katzenbach, de que não
há no Direito Internacional um termo mais embaraçoso que soberania,
parecendo-lhes que o seu uso impreciso e indisciplinado talvez se deva
ao fato de haver-se tornado um “símbolo altamente emocional”,
amplamente utilizado para conquistar simpatias em face das tendências
nacionalistas que vêm marcando nossa época. (DALLARI, 2009, p.74).
CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS
CARVALHO, Luciani Coimbra de; ARAUJO, Ana Paula Correia de; CONCEIÇÃO,
Orsolina Fernandes da. A Escola no Brasil para brasileiros e bolivianos. In: AGUILERA
URQUIZA, Antonio Hilario. Fronteira dos Direitos Humanos – Direitos Humanos
nas Fronteiras. Ed. UFMS: Campo Grande, 2016.
COMISSÃO INTERAMERICANA DE DIREITOS HUMANOS. CIDH. Relatório sobre
segurança cidadã e direitos humanos. OEA, 2010. Disponível em:
<https://cidh.oas.org/pdf%20files/SEGURIDAD%20CIUDADANA%202009%20PORT
.pdf>. Acesso em: 04 jul. 2018.
DALLARI, Dalmo de Abreu. Elementos de Teoria Geral do Estado. Saraiva: São
Paulo, 2009.
HÄBERLE, Peter. Estado Constitucional Cooperativo. Tradução: Marcos Augusto
Maliska e Elisete Antoniuk. Renovar: Rio de Janeiro, 2007.
MERCOSUL. Produção e gestão da informação e do conhecimento no campo da
segurança cidadã: os casos da Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai. Instituto de
Políticas Públicas em Direitos Humanos (IPPDH). 2012. Disponível em:
<http://www.ippdh.mercosur.int/pt-br/producao-e-gestao-da-informacao-e-do-
conhecimento-no-campo-da-seguranca-cidada-os-casos-da-argentina-brasil-
paraguai-e-uruguai/>. Acesso em: 04 jul. 2018.
Operações de Segurança nas Áreas de Fronteira. Instituto de Desenvolvimento
Econômico e Social de Fronteiras. IDESF, 2016. Disponível em:
<http://www.idesf.org.br/wp-content/uploads/2016/08/Opera%C3%A7%C3%B5es-
de-seguran%C3%A7a-nas-%C3%A1reas-de-fronteira.pdf>. Acesso em: 30 jul. 2018.
ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS. Declaração Universal dos Direitos
Humanos-1948. ONU. Disponível em:
<http://www.onu.org.br/img/2014/09/DUDH.pdf>. Acesso em: 04 jul. 2018.
SILVEIRA, Vladmir Oliveira da. ROCASOLANO, Maria Mendez. Direitos Humanos:
conceitos, significados e funções. Saraiva: São Paulo, 2010.
982
Resumo: O Brasil faz fronteira com quase todos países da América do Sul, o que
proporciona uma intensa circulação de pessoas, aproximação e trocas culturais.
Assim, esta pesquisa, descritiva e exploratória, por meio dos métodos bibliográfico e
documental, visa a analisar o regime jurídico aplicável aos residentes fronteiriços, que
têm a peculiaridade de circular constantemente entre duas jurisdições nacionais por
residirem em um país, mas exercerem algumas atividades da vida civil em outro
limítrofe. Analisa-se ainda, à luz do objetivo constitucional de se formar uma
comunidade latino-americana de nações, quais direitos lhes são conferidos pela
legislação brasileira e pelos instrumentos internacionais no âmbito do MERCOSUL.
Palavras-chave: Fronteira. Direitos humanos. MERCOSUL
Abstract: Brazil boards with most of the countries in South America which provides
an intense course of citizens alongside with strong cultural exchanges. Thus, the
present research, descriptively and exploratory aims to analyse by the means of the
methods bibliographical and documental the juridical regimen applicable to the frontier
residents which have the peculiarity of floating between two national jurisdictions
considering the fact that those population reside in a country but exercise the rights of
civil life in distinct patria. In conjunction with the presented, this work also analyzes
under the scope of the constitutional objective of forming a Latin America community
of nations, which rights are those cross-border workers entitled by the Brazilian law
and by the international apparatus within the purview of the MERCOSUL.
Key-words: Border. Human Rights. MERCOSUL
1 INTRODUÇÃO
O residente fronteiriço é definido pelo art. 1º, IV, da Lei 13.445/2017 como “a
pessoa nacional de país limítrofe ou apátrida que conserva a sua residência habitual
em município fronteiriço de país vizinho” (BRASIL, 2017).
Por sua peculiaridade de circular entre duas jurisdições nacionais (residem em
um país, mas exercem algumas atividades da vida civil em outro, limítrofe), o
fronteiriço goza de um regime jurídico especial. Lopes (2009, p. 350) destaca que: “ao
fronteiriço é atribuído um regime especial porque vivem em uma região de jurisdições
divididas ou sobrepostas: uma zona de transição entre duas realidades nacionais”.
Nos moldes da Lei 13.445/2017 e dos acordos do MERCOSUL, os fronteiriços
poderão pedir, mediante requerimento à Polícia Federal, o documento de fronteiriço
e, assim, poderão exercer, no Brasil e no âmbito da cidade-gêmea, atividades da vida
civil.
Destaca-se, neste sentido, a diferença de regime jurídico entre o imigrante e o
fronteiriço: o imigrante, ao contrário do fronteiriço, não transita por duas jurisdições
diariamente, ele vive no país com ânimo de permanência, sem preservar uma rotina
de vida no outro de origem, ainda que com ele mantenha contato.
O documento de fronteiriço só o autoriza a praticar seus atos da vida civil no
local designado em seu documento, enquanto que o documento do imigrante tem
validade em todo território nacional.
Dessa maneira, fica evidente que os fronteiriços, por estarem situados em
condições limítrofes complexas, detêm direitos que coadunam com as suas
particularidades. Essa proteção especial é necessária haja vista a grande
complexidade do efeito-fronteira que se acentua quando olhamos para os inúmeros
problemas decorrentes da invisibilidade fronteiriça, que passam pela informalidade e
a consequente negação aos direitos trabalhistas e previdenciários e chegam a graves
violações de direitos tais como: trabalho infantil, trabalho escravo, as diversas formas
de discriminação e os desrespeitos à saúde.
Nessa perspectiva, tendo em vista essa peculiaridade e necessidade de
proteção, os próximos tópicos, com base na legislação pátria e internacional de
proteção ao fronteiriço, buscarão fazer uma análise dos direitos humanos e
fundamentais conferidos a esse migrante especial.
Isso pode ser percebido, por exemplo, quando analisam-se seus objetivos
primordiais a serem perseguidos, que são: a) construir uma sociedade livre, justa e
solidária; b) garantir o desenvolvimento nacional; c) erradicar a pobreza e a
marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais; d) promover o bem de
984
todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas
de discriminação (BRASIL, 1988).
Além destes, a Constituição traz como princípios, em seu art. 4º, que regem o
Brasil em suas relações internacionais, diretrizes como a prevalência dos direitos
humanos e a busca pela integração econômica, política, social e cultural dos povos
da América Latina, visando à formação de uma comunidade latino-americana das
nações (BRASIL, 1988).
Dessa maneira, por meio desses diversos institutos, fica claro que a dinâmica
constitucional está pautada em garantir proteção a todos, sem qualquer tipo de
discriminação. Por isso, além dos nacionais, estariam também cobertos de garantias
todos os estrangeiros submetidos à jurisdição brasileira.
Vale ressaltar que esse reconhecimento não se destina somente ao estrangeiro
que resida no país, situação que poderia ser erroneamente percebida em uma análise
literal e descontextualizada do artigo 5º, caput: “art. 5º Todos são iguais perante a lei,
sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros
residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à
segurança e à propriedade, nos termos seguintes (BRASIL, 1988, destaque nosso).
José Afonso da Silva (2005, p. 339) ao analisar esse dispositivo assevera que:
“por esse lado, o texto do art. 5º não é bom, porque abrange menos do que a
Constituição dá”.
Neste mesmo sentido, inclusive, já se posicionou o Supremo Tribunal Federal,
quando no julgado, em 4 de agosto de 2009, do habeas corpus nº 97.147, de relatoria
do Ministro Cezar Peluso, asseverou que:
previamente comprovados, o que também muda com a nova lei, que não exige
comprovação.
O novo diploma estabeleceu, também, que, ao requerer o documento, o
fronteiriço indicará o município ao qual deseja usufruir dessas atribuições, gozando
das garantias e dos direitos assegurados pelo regime geral de migração previstos em
lei no limite geográfico ao qual se submeteu. Dentre outros direitos, a eles também é
concedido cumprimento de obrigações legais e contratuais trabalhistas (art. 4º, XI,
NLM); Tolerância quanto ao uso do idioma por parte das autoridades brasileiras (art.
112, NLM) e Igualdade de tratamento em relação ao acesso à justiça e tramitação de
processos (art. 26, II, CPC).
Todas essas considerações da lei ressignificaram a política migratória
brasileira, pois a visão para o residente fronteiriço não é mais a de um olhar voltado
para a segurança nacional, como fora num passado recente, mas a de um instrumento
de integração regional, pautado pela livre circulação. Por isso, a lei brasileira ao deixar
de colocar o fronteiriço como questão de preocupação nacional dignifica o ser humano
que antes poderia ser tratado com violência, preconceito e ou como criminoso. Isso
significa um grande avanço na garantia de direitos humanos e fundamentais a esses
sujeitos que desejam circular, trabalhar e viver nas cidades limítrofes, o que é a
inevitável à livre circulação de pessoas nesses locais.
Ainda, tomando como base a norma mais favorável ao migrante a lei
13.445/2017 estabelece, em suas Disposições Finais e Transitórias, (Art. 111) que ela
“não prejudica direitos e obrigações estabelecidos por tratados vigentes no Brasil e
que sejam mais benéficos ao migrante e ao visitante, em particular os tratados
firmados no âmbito do Mercosul.” (BRASIL,2017). Nesse sentido, tendo por base que
a fronteira é um verdadeiro laboratório de integração regional (NETO; PENHA, 2016)
analisaremos alguns dos documentos firmados, no âmbito do Mercado Comum do Sul
na proteção dos fronteiriços.
trabalhadores no bloco. Antes de sua adoção, sendo o Mercosul uma união aduaneira
imperfeita, Camargo (2010) nos ensina que:
4 CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS
INTRODUÇÃO
Nos tempos primórdios, não havia o que se dizer sobre a formação familiar, pois o que
existia era o acasalamento entre os seres vivos, seja em decorrência do instinto de
perpetuação da espécie, seja pela verdadeira aversão que todos tinham a solidão.2
E assim ocorreu até o momento em que passa a existir o advento da
propriedade e a “necessidade” de um herdeiro. No Direito Romano a noção de família
ultrapassa a ideia de agrupamento voltado a sobrevivência e
1
Esse trabalho resulta da pesquisa “Namoro, namoro qualificado e noivado: intervencionismo estatal na formalização de modelos
pré-definidos das relações afetivas, desenvolvida no Programa Institucional de Iniciação Científica da UMC, edição 2018.
2
DIAS, M.B. Manual de Direito das Famílias. 12.ed. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2017. cit.p. 37.
991
3
GONÇALVES, C. R. Direto de Família. 14.ed. São Paulo: Editora Saraiva Jur, 2017. cit.p. 31.
4
SILVA, C. E. História e Desenvolvimento do Conceito de Família. 2005. Dissertação em Direito das Relações Sociais –
Pontíficia Universidade Católica de São Paulo, São Paulo. cit. p. 26-30.
5
SILVA, C. E. História e Desenvolvimento do Conceito de Família. 2005. Dissertação em Direito das Relações Sociais –
Pontíficia Universidade Católica de São Paulo, São Paulo. cit. p. 43.
6
Bíblia de Estudo das Profecias. Belo Horizonte e Barueri, Editora Atos e Sociedade Bíblica do Brasil, 2001. cit. p. 1290-1291.
7
SILVA, C. E. História e Desenvolvimento do Conceito de Família. 2005. Dissertação em Direito das Relações Sociais –
Pontíficia Universidade Católica de São Paulo, São Paulo. cit. p. 37.
8
PRIORE, M. Del. HISTÓRIA DO AMOR NO BRASIL. 3.ed. São Paulo: Editora Contexto, 2015. cit.p.26
9
FOUCAULT, M. História da Sexualidade 1: A vontade do saber; Tradução Maria Thereza da Costa Albuquerque e J. A.
Guilhon Albuquerque. 5.ed. São Paulo: Editora Paz e Terra, 2017. cit. p. 37.
10
MALUF, A. C. R. F. D. Novas Modalidades de Família na Pós-Modernidade. 2010. Tese em Direito – Universidade de São
Paulo, São Paulo. cit. p. 26-32.
11
PRIORE, M. Del. HISTÓRIA DO AMOR NO BRASIL. 3.ed. São Paulo: Editora Contexto, 2015. cit.p.157-164
992
Filipinas, e em seguida, o Código Civil de 1916, que reconheceu como natural a família
legítima, o divórcio, a autoridade marital, entre outras coisas. 12
Com a crescente mudança social, houve a promulgação da Constituição da
República Federativa do Brasil em 1988, que concedeu às relações a pluralidade de
modelos de família, igualdade entre filhos (independente da origem) e entre cônjuges.
Tais mudanças foram reconhecidas na atualização do Código Civil em 2002,
visto que o Código Civil de 1916 não foi recepcionado. Todavia, o atual Código Civil
vigente não se apresenta como uma ferramenta completa, atualizada e moderna para
regular todas as mudanças ocorridas na sociedade em relação à família.13 Pois, desde
2002, vêm-se evidenciando diversas outras formas de constituição de família,
sobretudo, baseadas no afeto, o que gera a necessidade de mudança da postura do
Estado, uma vez que ele regula tais relações no que diz respeito à patrimônio e
consequentemente o afeto, que é algo estritamente pessoal.
DISCUSSÃO
12
MALUF, A. C. R. F. D. Novas Modalidades de Família na Pós-Modernidade. 2010. Tese em Direito – Universidade de São
Paulo, São Paulo. cit. p. 35-36.
13
CARVALHO, D.M. Direito das Famílias. 5.ed. São Paulo: Editora Saraiva Jur, 2017. cit.p. 37
14
BAUMAN, Z. Amor líquido: Sobre a fragilidade dos laços humanos. Rio de Janeiro: Editora Jorge Zahar LTDA., 2014.
cit.p. 1-46.
15
BAUMAN, Z. Amor líquido: Sobre a fragilidade dos laços humanos. Rio de Janeiro: Editora Jorge Zahar LTDA., 2014.
cit.p.17.
16
Para essa investigação, foi reunido um grupo de 27 (vinte e sete) pessoas, no qual apresentam seus motivos para se casar ou
não, regras entre os parceiros para o relacionamento e o significado de fidelidade para cada um, entre outras qualificações.
17
CARVALHO, D.M. Direito das Famílias. 5.ed. São Paulo: Editora Saraiva Jur, 2017. cit.p.149
993
cumprimento não acarreta ônus jurídico moral ou material de imediato (salvo se não
houver o dano comprovado).18
Hodiernamente, muito se discute sobre a poliafetividade, juridicamente
denominada concubinato impuro. Judicialmente o Conselho Nacional de Justiça
– CNJ, por meio do processo n° 0001459-08.2016.2.00.0000, impossibilitou a
lavratura de escritura pública no caso de união poliafetiva. Choca saber que existem
outros países como a Colômbia, que reconheceram a união estável entre pessoas do
mesmo sexo apenas no ano de 201619, adoção também entre casais do mesmo sexo
em 2018, abre vantagem no avanço social quanto à possibilidade dos, referidos por
eles, triejas escriturarem sua situação de fato resguardando questões importantes
como pensão por morte ou até mesmo sobre o direito da morte digna.20
Em contrapartida, embora existam aqueles que queiram aderir ao casamento e
não o conseguem, existem aqueles que não querem modelos para sua relação e que
não querem que um instituto ligue a união, somente o sentimento21, mas não têm sua
liberdade resguardada, pois são designados a união estável, já que o sistema jurídico
obriga os conviventes a obter tal status que os equipara a casados.
O Legislativo acompanha (as vezes) as modificações sociais existentes das
relações, mas não tem como antecipá-las, com isso, as pessoas não se sentem
atendidas pelo Estado (ou por se enquadrarem onde não querem ou por não se
enquadrarem na forma que gostaria). Salientando que, por vezes, uma pessoa que
não definiu o que quer viver ou não tomou decisões sobre seu relacionamento que
poderia se enquadrar num mero namoro, namoro qualificado, noivado ou em nenhum
desses (já que existem pessoas que não gostariam de aderir a nenhum tipo de modelo
por questões filosóficas e pessoais)22, pode se confundir com a união estável e,
consequentemente, equiparar-se a casado. Ou uma pessoa que já decidiu optar por
se casar com os parceiros que deseja, é coibido por delimitações do Código Civil, o
que é inaceitável. Contudo, conforme dito por Maria Berenice Dias, (...) não lograram
coibir o surgimento de relações afetivas extrapatrimoniais. Não há lei, nem o Deus que
for, nem dos homens, que proíba o ser humano de buscar a felicidade23, tendo assim
o Estado que se adaptar, não as pessoas.24
As escolhas afetivas devem, portanto, serem pessoais e guiadas apenas pela
vontade de cada um. Ninguém deveria ser estimulado a se entregar a escolhas cujo
o qual seu afeto não condiz, bem como a optar por um regime que delimite este afeto
por preocupação puramente patrimonialista do Estado caso não queiram.
Numa tentativa de transformar o fato social em norma - com sanções punitivas
(como por exemplo artigo 1564 CC/2002) para os que de fato não as seguirem –
acaba-se por regular as relações interpessoais, sendo que a norma escrita não tem o
18
EMENTA: APELAÇÃO CÍVEL-ROMPIMENTO DE NOIVADO – INDENIZAÇÃO POR DANOS MATERIAIS E MORAIS – NÃO
CABIMENTO – AUSÊNCIA DE DANO MORAL – FALTA DE PROVA DE DANO MATERIAL (TJMG, Apelação n°
1.0480.12.016815-2/001, Des. Rel. Evandro Lopes da Costa Teixeira. 15.12.2015)
19
G1. Colômbia aprova casamento entre pessoas do mesmo sexo. Disponível em
<http://g1.globo.com/mundo/noticia/2016/04/colombia-aprova-casamento-entre-pessoas-do-mesmo-sexo.html>. Acesso no dia
23 de junho de 2018.
20
Os entrevistados Manuel José Bermudez Andrade, John Alejandro Rodriguez Ramirez e Victor Hugo Prada Ardila
contaram sobre a luta judicial travada do trieja para conseguir a escritura pública na Colômbia e o desejo da constituição
do casamento futuramente.
21
Entrevistados A.M.B. e T.D. contam que “(...)não se casam pois são contra sentir-se amarrados um ao outro por um instituto
em vez de serem ligados por sentimentos.”
22
Os entrevistados B. S. Z. e S.C.C. dizem que “Optaram por não se casar devido a uma questão filosófica, pois para
ambos o casamento, cível e religioso, retira das partes a liberdade individual e objetifica o relacionamento.”
23
DIAS, M.B. Manual de Direito das Famílias. 12.ed. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2017. cit.p.253.
24
Recomendo a reportagem disponível em <http://www.migalhas.com.br/Quentes/17,MI283759,31047-
Juiz+reconhece+existencia+de+unioes+estaveis+simultaneas>.
994
CONCLUSÃO
25
DIAS, M.B. Manual de Direito das Famílias. 12.ed. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2017. cit.p.36
26
DIAS, M.B. Manual de Direito das Famílias. 12.ed. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2017. cit.p.39
27
STJ, 3ª. TURMA, REsp1.281.236-SP, rel. Min. Nancy Andrighi, j. 19.03.2013
28
CARVALHO, D.M. Direito das Famílias. 5.ed. São Paulo: Editora Saraiva Jur, 2017. cit.p. 95
995
REFERÊNCIAS
BAUMAN, Z. Amor líquido: Sobre a fragilidade dos laços humanos. Rio de Janeiro:
Editora Jorge Zahar LTDA., 2014.
Bíblia de Estudo das Profecias. Belo Horizonte e Barueri, Editora Atos e Sociedade
Bíblica do Brasil, 2001.
BRASIL. Código Civil de 2002. Disponível em
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/2002/l10406.htm>. Acesso em 07.08.2018
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Disponível em
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm>. Acesso em
07.08.2018.
CARVALHO, D.M. Direito das Famílias. 5.ed. São Paulo: Editora Saraiva Jur, 2017.
29
Consonante ao esclarecido pelos entrevistados Manuel José Bermudez Andrade, John Alejandro Rodriguez Ramirez e Victor
Hugo Prada Ardila é possível compreender a luta judicial travada do trieja para conseguir a escritura pública e o desejo da
constituição do casamento futuramente.
30
A introdução histórica desse trabalho, dá base a entrevista do casal A. M. B. e T.D. que entende o casamento como uma
imposição religiosa e patrimonial.
31
DINIZ, M.H. Curso de Direito Civil Brasileiro: Teoria das Obrigações Contratuais e Extracontratuais. 33.ed. São Paulo:
Editora Saraiva Jur, 2017. cit.p. 56-60.
32
Leia a reportagem de um casal que já aderiu ao contrato de namoro em: https://oglobo.globo.com/ela/gente/cultura-em-
gente/casais-tem-feito-contratos-de-namoro-para-proteger-bens-num-possivel-termino-22758598. Acesso em: 23.10.2018
33
Por meio da entrevista de campo, foi possível visualizar como cada história de cada relacionamento é vivenciada de maneira
diferente, por pessoas com características diferentes, com desejos e escolhas totalmente diversas uma das outras, tornando
como único meio de igualdade o motivo de envolvimento que são os sentimentos de amor.
996
DIAS, M.B. Manual de Direito das Famílias. 12.ed. São Paulo: Editora Revista dos
Tribunais, 2017.
DINIZ, M.H. Curso de Direito Civil Brasileiro: Direito De Família. 31.ed. São Paulo:
Editora Saraiva Jur, 2017.
DINIZ, M.H. Curso de Direito Civil Brasileiro: Teoria Das Obrigações Contratuais e
Extracontratuais. 33.ed. São Paulo: Editora Saraiva Jur, 2017.
ENGELS, F. A Origem da Família, da Propriedade Privada e do Estado. 2.ed. Rio de
Janeiro: Editora BestBolso, 2016
FOUCAULT, M. História da Sexualidade 1: A Vontade do Saber; Tradução Maria
Thereza da Costa Albuquerque e J. A. Guilhon Albuquerque. 5.ed. São Paulo: Editora
Paz e Terra, 2017
G1. Colômbia Aprova Casamento Entre Pessoas Do Mesmo Sexo. Disponível em
<http://g1.globo.com/mundo/noticia/2016/04/colombia-aprova-casamento-entre-
pessoas-do-mesmo-sexo.html>. Acesso no dia 23 de junho de 2018.
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em Direito – Universidade de São Paulo, São Paulo.
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SARLET, I. W.; MARINONI, L.G.; MITIDIERO, D. Curso de Direito Constitucional.
6.ed. São Paulo: Editora Saraiva Jur, 2017.
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TRATADO INTERNACIONAL. Declaração Universal dos Direitos Humanos de 1948.
Disponível em
<http://www.pge.sp.gov.br/centrodeestudos/bibliotecavirtual/instrumentos/2decla.htm
>. Acesso em: 07 de ago. de 2018.
997
Abstract: This project discusses the laws and normative measures to protect women
against gender-based violence in the nine member countries of the Community of
Portuguese Speaking Countries (CPLP), promoting the 25th anniversary of the first
United Nations General Assembly Decision on Elimination of Violence Against Women
(Declaration on the Elimination of Violence Against Women), through a comparative
analysis, seeking to raise the similarities and dissimilar social and normative between
these States, in order to map the legal paths that the issue of violence against women
has been drawing on this political cut, in order to point out the achievements
Keywords: laws; violence based on gender; CPLP.
1. INTRODUÇÃO
6.1. ANGOLA
6.2. BRASIL
6.6. MOÇAMBIQUE
da maior parte do texto utilizar a expressão “mulher” ao se referir à vítima, o artigo 36º
assegura iguais direitos aos homens.
6.7. PORTUGAL
7. CONCLUSÃO
1003
8. REFERÊNCIAS
Disponível em <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1414-
98932010000300009&lng= pt&nrm=iso>. Acesso em: 20 ago. 2018.
SOUZA, Suellen André de. Leis de Combate a Violência contra a Mulher na
América Latina: uma breve abordagem histórica. Natal: Anais do XXVII Simpósio
Nacional de História. Disponível em:
<http://www.snh2013.anpuh.org/site/anaiscomplementares>. Acesso em: 18 ago.
2018.
TIMOR LESTE. Lei n.º 7/2010, de 07 de julho de 2010. Aprova a Lei Contra a
Violência Doméstica. Disponível em:
<http://www.mj.gov.tl/jornal/public/docs/2010/serie_1/serie1_ no25.pdf>. Acesso em:
21 set. 2018.
_____________. Decreto-Lei 19/2009, de 18 de abril de 2009. Aprova o Código
Penal. Disponível em: <http://www.mj.gov.tl/jornal/?q=node/1271>. Acesso em: 21
set. 2018.
VARIKAS, Helene. Pensar o sexo e o gênero. Campinas: Editora da Unicamp, 2016.
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<http://apps.who.int/iris/bitstream/handle/10665/272596/9789241565585eng.pdf?ua=
1>. Acesso em: 02 ago 2018.
1006
Abstract: The objective of this research is to study the jurisprudential evolution of the
Inter-American Court of Human Rights regarding the recognition of collective subjects
as victims of human rights violations, selecting cases involving indigenous peoples,
their ancestral lands and natural resources. In the current stage of its jurisprudence,
regarding the exercise of its jurisdiction for the adjudication of contentious cases,
among the proposed line of study, we must highlight the last event, referring to the
Brazilian indigenous people called Xucuru and its members. In this lawsuit, Brazil was
internationally declared responsible for violating the right to a judicial guarantee with a
reasonable term, as well as for violating the rights of judicial and collective property
protection. In order to reach the objectives of the research project, we opted to carry
out mainly a research of the bibliographic type, with jurisprudential analysis, and
National and Foreign doctrine; finally, this research seeks to analyze the repercussion
in Brazil of the decision of the Inter-American Court of Human Rights concerning the
Xucuru community, and verify the effectiveness of this decision in the Brazilian
scenarios of indigenous territorial demands.
Keywords: Inter-American Court of Human Rights. Human Rights. Indigenous People
Xucuru.
INTRODUÇÃO
DESENVOLVIMENTO
de ensino. Quanto ao Sistema de Saúde apresentado aos indígenas que estão dentro
da referida reserva de proteção, estes têm atendimento médico pois ocupam e se
colocam dentro do das limitações territoriais.
Com todos estes dados apresentados, vemos nitidamente que os
povos indígenas, aqui representados pelo povo Xucuru, aparentemente são
sociedades autônomas, visto que os próprios se colocam em sentido extremamente
reservado, conservando suas tradições e costumes, esses são organizados,
fornecendo estruturas e dignidade para os indígenas, e para os que não eram
naturais da reserva e que ali vivem. Porém, é preciso deixar nítido que estes, ainda
com todas as características mencionadas anteriormente, são absolutamente ligados
ao Estado brasileiro, pois pertencem ao território Nacional.
Os dois aspectos apresentados na sentença declaratória referentes à
Comissão como os representantes alegaram um agravo ao direito de propriedade
coletiva pela falta de segurança jurídica em duas vertentes; Por um lado, sobre o
direito de propriedade a respeito do território Xucuru e a falta de eficácia das ações
realizadas pelo Estado para efetuar o registro e titulação do território e por outro,
referente a falta de segurança jurídica no uso e gozo da propriedade, em decorrência
da demora na desintrusão do território.
Em virtude do exposto, a Corte realizou considerações sobre o alcance das
obrigações decorrentes do dever geral de garantia a respeito do artigo 21 da
Convenção bem como sua relação com a noção de “segurança jurídica”, à luz do
Direito Internacional dos Direitos Humanos, com o objetivo de determinar se as ações
e as alegadas omissões do Estado brasileiro comprometem sua responsabilidade
internacional pelo descumprimento da obrigação geral antes citada, bem como pela
ineficácia dos processos administrativos.
A Corte estabeleceu que sua Sentença constitui por si mesma uma forma de
reparação e, adicionalmente, então ordenou ao Estado a garantir, de maneira imediata
e efetiva, o direito de propriedade coletiva do Povo Indígena Xucuru sobre seu
território, de modo que não sofram nenhuma invasão, interferência ou dano, por parte
de terceiros ou agentes do Estado que possam depreciar a existência, o valor, o uso
ou o gozo de seu território e concluir o processo de desintrusão do território indígena
Xucuru, com extrema diligência.
Tendo que efetuar os pagamentos das indenizações por benfeitorias de boa-fé
pendentes e remover qualquer tipo de obstáculo ou interferência sobre o território em
questão, de modo a garantir o domínio pleno e efetivo do povo Xucuru sobre seu
território, em prazo não superior a 18 meses; realizar as publicações indicadas na
Sentença; pagar as quantias fixadas, a título de custas e indenizações por dano
imaterial e no prazo de um ano, contado a partir da notificação desta, e apresentar ao
Tribunal um relatório sobre as medidas adotadas para seu cumprimento.
CONCLUSÃO
na qual destaca atingir diversos objetivos, como criar diálogos entre as culturas,
promover o respeito entre elas.
A ONU, ciente dos casos contenciosos que atentam com a gravidade
destes, fazendo a Declaração da Nações Unidas, sobre o Direito dos povos indígenas,
aprovada pela a Assembleia da ONU em 07 de setembro de 2007, na qual declarando
alguns aspectos como o direito dos povos indígenas, ou pessoas desfrute a plena
garantia dos Direitos Humanos, e Liberdades Fundamentais, entre outros aspectos
ressaltados na destinada declaração.
Vista a ação da Corte Interamericana em Direitos Humanos com a demanda
territorial do povo Xucuru, e sua sentença favorável aos indígenas, colocando o Brasil
internacionalmente responsável pela falta de segurança Jurídica e territorial da
reserva outrora conquistada pelos indígenas.
REFERÊNCIAS
Abstract: The purpose of this study is to study the principle of the dignity of the human
person. In addition, the general objective of this article is to analyze the right to a decent
gestation and, as a specific objective, seeks to verify the delivery conditions of women
who are incarcerated. As a research methodology, the hypothetical deductive method
is used to arrive at a scientifically valid conclusion. The theoretical framework of this
work is the rules of Bangkok, a document that deals with the human dignity of pregnant
women in situations of private jail. In this step, we intend to analyze in this work the
effectiveness of national and international legal institutes that aim to protect women
who are serving their sentence in the penitentiary system.
Keywords: Human Rights; Parturient; Woman.
INTRODUÇÃO
DESENVOLVIMENTO
O Brasil é o país com a terceira maior popular carcerária do mundo com mais
de 700 mil presos, evidencia-se que há a necessidade de aplicação de Leis não só
para a pretensão punitiva estatal, mas também para a proteção das pessoas humanas
que estão encarcerados, em especial as mulheres gravidas.
Cumpre ressaltar que é de conhecimento popular que alguns estados
brasileiros as mulheres presas dão à luz em condições precárias, inclusive não tendo
o devido acompanhamento (pré-natal). Logo, faz-se necessário o Estado garantir o
direito da mulher de dar à luz ao seu filho em condições salubres e dignas para o ser
humano.
Diante da conduta omissiva do Estado, constata-se que embora os Direitos
Humanos possua o chamado efeito “clique” devendo sempre avançar e nunca
retroagir, para algumas camadas da sociedade ele é desconhecido e pouco difundido.
Assim, observa-se a necessidade de criação de leis para ampliar à proteção do direito
à maternidade das mulheres encarceradas.
1013
CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS
AREAL, Mônica; FETZNER, Néli; TAVARES, Nelson. A mãe presa e a relação com
os direitos da criança: a falta de aplicabilidade dos direitos constitucionais, supralegais
e infraconstitucionais; 2018.
CERNEKA, Heidi Ann. Regras de Bangkok: está na hora de fazê-las valer. Boletim
IBCCRIM, 2012, 20.232: 1-4.
NASCIMENTO, Sônia Aparecida Costa. O trabalho da mulher: das proibições para o
direito promocional. Editora LTr, 1996.
SILVANA SOUZA NETTO MANDALOZZO, in A Maternidade no direito do trabalho,
Juruá, Curitiba, 1996.
SILVESTRIN, Sara Helena Piccoli, et al. As violações aos direitos das mulheres mães
e gestantes nas penitenciárias femininas brasileiras. 2017.
1016
INTRODUÇÃO
2016). Porém, o país não melhorou seus índices, pois a taxa aumentou de 44%
(UNICEF, 2011) para 56% (UNICEF, 2016), apesar da recomendação da Organização
Mundial da Saúde de que a taxa ideal de cesarianas esteja entre 10-15% (OMS,
2014).
A realização de procedimentos desnecessários durante o atendimento ao parto
é algo corriqueiro no país e a altíssima taxa de cesáreas no Brasil é mais um reflexo
dessa assistência inadequada ao parto. Esse tipo de práticas hospitalares pode ser
caracterizado como violência obstétrica já que acaba por atentar contra a dignidade,
integridade, liberdade e saúde da mulher, bem como contra o seu direito à informação
(BARROS, RUVIARO e RICHTE, 2017).
Isto posto, o presente trabalho tem como objetivo contextualizar a violência
obstétrica no Brasil, bem como identificar os possíveis direitos fundamentais violados
durante a assistência ao parto. Para tanto, foi utilizado o método dedutivo realizando-
se pesquisa bibliográfica para caracterizar a violência obstétrica no Brasil, bem como
se realizou um levantamento dos direitos fundamentais previstos na Constituição
Federal de 1988 que possivelmente são violados durante a assistência ao parto na
prática brasileira. O referencial teórico está correlato aos conceitos de saúde sobre o
tema, além de matérias constitucionais e de biodireito.
A discussão existente acerca dessa matéria no âmbito jurídico brasileiro ainda
se apresenta de forma inexpressiva. Por esta razão, busca-se demonstrar a
magnitude dessa forma de violência de gênero em nosso país para que políticas
públicas sejam implementadas para minimizar a sua ocorrência.
DESENVOLVIMENTO
1
“Entende-se por violência obstétrica a apropriação do corpo e processos reprodutivos das mulheres por profissionais da saúde,
que se expressa em um tratamento desumanizador, com abuso de medicalização e patologização dos processos naturais,
trazendo consigo perda da autonomia e capacidade de decidir livremente sobre seus corpos e sexualidade, impactando
negativamente na qualidade de vida das mulheres” (tradução livre).
2
Posição de litotomia – variação mais extrema do decúbito dorsal (abdome voltado para cima), na qual os membros inferiores
são elevados e flexionados para expor a região perineal (região entre a vulva e o ânus). É uma postura não natural com grande
potencial de traumas para o paciente. Os riscos aumentam quando a posição é acentuada para atos operatórios na região da
vulva (assim como ocorre no parto) (CARVALHO e BIANCHI, 2016).
1019
3
A manobra de Kristeller consiste em pressionar a parte superior do útero para facilitar (e acelerar) a saída do bebê, o que pode
causar lesões graves, como deslocamento de placenta, fratura de costelas e traumas encefálicos. Essa prática é perigosa tanto
para a mãe quanto para o bebê, e não há evidências científicas de sua utilidade (GUEDES, BORGES, 2017).
4
A aplicação de soro com ocitocina sintética para acelerar o trabalho de parto é outro procedimento comum na prática
obstétrica, mas que deve ser evitado. A ocitocina é um hormônio produzido naturalmente pelo corpo da mulher, preparando o
feto para o parto, aumentando a resistência dos tecidos à falta de oxigênio e ao trauma do nascimento. No entanto, a aplicação
de ocitocina sintética aumenta o risco de hemorragia pós-parto e as fortes dores causadas pela sua utilização acabam, muitas
vezes, por desencadear mais intervenções, como o pedido de analgesia para superar as dores, a necessidade de um fórceps e
até mesmo uma cesárea para abreviar o parto (GUEDES, BORGES, 2017).
5
A episiotomia consiste no corte na região do períneo feito com a intenção de facilitar a saída do bebê, visando a reduzir a
probabilidade de lacerações graves no períneo e minimizar o risco de trauma fetal, reduzindo a duração do período expulsivo.
No entanto, não há evidências de que esses benefícios realmente aconteçam. Ademais, estudos demonstram que a episiotomia
traz diversas consequências negativas para a vida sexual da mulher, pois pode ocasionar a dispareunia, ou seja, dor nas relações
sexuais, interferindo na excitação sexual e no orgasmo da mulher (GUEDES, BORGES, 2017).
6
Em um parto normal, para a verificação da dilatação do colo do útero, é feito o procedimento conhecido como exame de toque.
Em hospitais escola, é comum ter várias pessoas juntas ou em sequência para realizar exame de toque vaginal. A mulher não é
informada dos nomes, da qualificação, da necessidade e riscos do procedimento, ou mesmo das informações sobre a progressão
do seu próprio trabalho de parto. Ela também não é consultada a permitir ou negar o procedimento (PARTO DO PRINCÍPIO,
2012).
1020
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
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Acesso em 16 set 2018.
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2014. Disponível em
<http://apps.who.int/iris/bitstream/handle/10665/134588/WHO_RHR_14.23_por.pdf;js
essionid=EF2EB0B071378013814998994D967A87?sequence=3>. Acesso em 18 set
2018.
PARTO DO PRINCÍPIO / FÓRUM DE MULHERES DO ESPÍRITO SANTO. Violência
Obstétrica é Violência Contra a Mulher: Mulheres em luta pela abolição da violência
obstétrica. 1ª ed. São Paulo: Parto do Princípio; Espírito Santo: Fórum de Mulheres
do Espírito Santo, 2014. Disponível em
<http://www.sentidosdonascer.org/wordpress/wp-content/themes/sentidos-do-
nascer/assets/pdf/controversias/Violencia-obstetrica-e-violencia-contra-a-
mulher.pdf>. Acesso em 26 ago 2018.
PARTO DO PRINCÍPIO – Mulheres em rede pela maternidade ativa. Violência
Obstétrica “Parirás com dor”. Dossiê elaborado pela Rede Parto do Princípio para
a CPMI da Violência Contra as Mulheres, 2012.
SARLET, Ingo Wolfgang; MARINONI, Luiz Guilherme; MITIDIERO, Daniel. Curso de
Direito Constitucional. 6ª ed. São Paulo: Saraiva, 2017.
SOARES, Ricardo Maurício Freire. O princípio constitucional da dignidade da
pessoa humana: em busca do direito justo. São Paulo: Saraiva, 2010.
UNITED NATIONS CHILDREN’S FUND (UNICEF). The State of the World's
Children 2016: A fair chance for every child. New York, jun. 2016. Disponível em
<https://www.unicef.org/publications/files/UNICEF_SOWC_2016.pdf>. Acesso em 18
set 2018.
VENEZUELA. Ley orgánica sobre el derecho de las mujeres a una vida libre de
violência. Caracas, 23 abr 2007.
1024
Grupo de trabalho:
FILOSOFIA E SOCIOLOGIA
JURÍDICA/HERMENEUTICA
JURIDICA/DIREITO, ARTE E
LITERATURA
Trabalhos publicados:
Abstract: This research deals with the different ways in which legal professionals
interpret it, based on the organizations to which they belong, as well as on the
existence of asymmetries among such organizations. Therefore, a study will be carried
out on the work of Niklas Luhmann, regarding organizations in autopoietic systems. In
addition, an empirical research using the Collective Subject Discourse Analysis (DSC)
method, developed by Lefèvre and Lefèvre, is based on the theory of social
representations, elaborated by Moscovici and continued by Jodelet. This research
therefore has as its scope the joint analysis between theory and practice of law. Thus,
we will seek to analyze the social representations of law in legal, center and periphery
organizations, in Pouso Alegre / MG. As well as to ascertain the possible existence of
asymmetries between such organizations, based on the common sense existing within
each organization, being they the Judiciary, the Public Ministry and the Law.
Keywords: organization, decision, social representations.
1 INTRODUÇÃO
2 OBJETIVOS
3 METODOLOGIA
4 DESENVOLVIMENTO
Por muito tempo, o estudo da interpretação jurídica teve como foco de análise
as condições subjetivas do intérprete presentes no ato de decidir. Já a dimensão
organizacional foi deixada em segundo plano. Ainda que as exigências do estudo da
interpretação jurídica voltem-se para as consequências práticas, para as convicções
morais e políticas intrínsecas ao ato de decidir e para os seus impactos na democracia
e nos direitos fundamentais (SIMIONI, 2015, p. 145), é preciso atentar-se para o fato
de que não é fácil responder o que é o conhecimento do direito, seus pressupostos
teóricos e sentidos sociais tidos oficialmente como discurso dos juristas (WARAT,
1982, p. 48). Porém, um estudo da interpretação jurídica precisa ater-se ao fato de
que interpretar não é apenas descobrir o direito, é construí-lo, porque decidir implica
em escolhas entre alternativas, o que significa que interpretar tem duas vias, a escolha
por uma alternativa e a não escolha por outra. Porém, o que determina a interpretação
muda conforme o tempo, valores éticos, morais e políticos, pela dogmática jurídica e
não há ordenamento jurídico que possa prever e controlar este universo de influências
(SIMIONI, 2015, p. 138), até porque o foco da dogmática ainda é a análise da resposta
e não da pergunta quando se trata de observar as estruturas que compõem a
observação da interpretação jurídica (ROCHA, 2011, p. 194).
1028
ela precisa, a todo o tempo, mostrar o que é e o que não é (ROCHA e AZEVEDO,
2012, p. 204).
A tese central da teoria dos sistemas de organização, de Niklas Luhmann, é a
de que as organizações reproduzem-se sobre uma base de comunicação de decisões,
fechando-se operacionalmente. Elas não representam o mundo de forma ontológica
e, como sistemas autopoiéticos, operam em uma forma de observação de segunda
ordem, pois observam a si próprias observando. E mais, as incertezas; provenientes
do ambiente, que é mais complexo que o sistema; são a condição de possibilidade da
autopoiese, pois ela se realiza na absorção de incertezas (ROCHA e AZEVEDO,
2012, p. 203). No sistema organizacional ocorre a reprodução da diferença entre
autorreferência e heterorreferência. O ambiente da organização é um constructo da
própria organização a partir da autorreferência. Isso é o que possibilita ao ambiente
validar as decisões das organizações, oferecer os contextos que permitem comprovar
como se decidiu (ROCHA e AZEVEDO, 2012, p. 203). Nesse sentido, há que se
elucidar o uso da teoria como forma de dissolver o paradoxo da observação, e o uso
da observação empírica como forma de adentrar nas organizações para elucidar suas
operações.
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
Susana Gercwolf
Abstract: This work deals with the historical-structural aspects regarding cultural
appropriation, based on the notion of world-culture developed by Lipovetsky and
Serroy, highlighting the country’s sociocultural diversity and the need to preserve the
national culture - once it integrates the cultural heritage. Therefore, it was used the
deductive method, through bibliographical research carried out from the theoretical and
normative survey concerning the matter. At the end, it is concluded that the expansion
of the academic discussion regarding this subject is necessary, given the need to
safeguard the fundamental right to preserve the cultural heritage, as well as to ensure
the process of formation of memory and collective identity.
Key-words: world-culture; cultural appropriation; Lipovetsky and Serroy.
INTRODUÇÃO
1
Expressão decorrente da noção de cosmopolitismo, nascida na Grécia Antiga, tendo posteriormente sido utilizada no
cristianismo e mais à frente tomou um novo relevo no iluminismo, com a exaltação do homem e da razão, além de valores como
a liberdade e o progresso. Conforme apontam Lipovetsky e Serroy, essa noção de cultura-mundo identifica-se com o ideal ético
e liberal, com um humanismo universal que se recusa a ver nos outros povos figuras inferiores e considera o amor pela
humanidade superior ao amor pela cidade.
2
Mais informações podem ser obtidas através do sítio virtual do Plano Nacional de Cultura, disponível em <
http://pnc.cultura.gov.br/>. Acesso em 09/10/2018.
1034
econômica3. Também não satisfaz a divisão entre cultura sob a ótica antropológica e
da cultura clássica ou humanista4.
Assim, por ser um termo que se presta às mais diversas finalidades e por
possuir significados históricos distintos, adotou-se a noção de “cultura-mundo”, uma
vez que esta abarca essas perspectivas de maneira ainda mais ampla, demonstrando
ainda uma forte relação com a apropriação cultural, temática que posteriormente será
ventilada.
Nesse sentido:
3 Por meio das metas do Plano Nacional da Cultura, o Ministério da Cultura trabalha a concepção de cultura articulada em três
dimensões: simbólica, cidadã e econômica. A dimensão simbólica aborda o aspecto da cultura que considera que todos os seres
humanos têm a capacidade de criar símbolos que se expressam em práticas culturais diversas como idiomas, costumes,
culinária, modos de vestir, crenças, criações tecnológicas e arquitetônicas, e também nas linguagens artísticas: teatro, música,
artes visuais, dança, literatura, circo, etc. A dimensão cidadã considera o aspecto em que a cultura é entendida como um direito
básico do cidadão. Assim, é preciso garantir que os brasileiros participem mais da vida cultural, criando e tendo mais acesso a
livros, espetáculos de dança, teatro e circo, exposições de artes visuais, filmes nacionais, apresentações musicais, expressões
da cultura popular, acervo de museus, entre outros. A dimensão econômica envolve o aspecto da cultura como vetor econômico.
A cultura como um lugar de inovação e expressão da criatividade brasileira faz parte do novo cenário de desenvolvimento
econômico, socialmente justo e sustentável. Disponível em <http://www.cultura.gov.br/o-ministerio>. Acesso em 09/10/2018.
4
Segundo M´hammed Mellowki e Clermont Gauthier (2004, p.539), “a primeira acepção do conceito de “cultura”, que se pode
chamar de antropológica, remete aos modos de pensar, de ser e de se comportar de uma coletividade, à sua maneira de
representar e de interpretar o mundo, à sua percepção com relação ao Outro e às maneiras de entrar em contato e de se
comunicar com ele. As pessoas passam a vida inteira mergulhadas nessa cultura imediata. (...) A segunda acepção que se pode
denominar de clássica ou humanista, designa o conjunto de conhecimentos, dos mais variados campos, que contribuem para a
formação do senso crítico, do gosto e da capacidade de julgar do indivíduo que os adquire.”.
5
Em Modernidade líquida (2001) e Amor líquido (2004), o sociólogo e filósofo polonês Zygmunt Bauman (1925 – 2017) discorreu
acerca das condições do mundo, no intuito de compreender a complexidade da vida humana. Em particular tratou da fluidez
atinente às relações sociais e à vida política, abordando aspectos como o imediatismo, o individualismo e o consumismo que
demarcam a modernidade.
1035
6
O linguista Noam Chomsky aduz que a finalidade do artista é transferir o que está retratado para a “esfera da nova percepção”:
“Viktor Shklovskij, no começo da década de 1920, desenvolveu a ideia de que a função da arte poética é “tornar estranho” o
objeto descrito. “Quem vive na beira da praia acostuma-se tanto ao murmúrio das ondas que nunca as ouve. E a prova disso é
que dificilmente ouvimos as palavras que proferimos... Olhamos uns para os outros, mas nem por isso vemo-nos uns aos outros.
Nossa percepção do mundo desfez-se; o que ficou é o simples reconhecimento.” Referido excerto, extraído de Linguagem e
pensamento (1977), reflete em alguma medida a algumas das inquietações que Bauman posteriormente descreveria em
Modernidade líquida.
1036
CONCLUSÕES
REFERÊNCIAS
Abstract: The interpretation of constitutional norms was understood as the search for
the will of the law, seeking to unveil the meaning of the norm. As a reaction to a literal
interpretation, judicial activism sought to grant ample freedom to magistrates, with the
purpose of doing justice, and, in order to do so, to meet the positive text. The new
hermeneutics seeks to concretize the constitutional norm, revealing a creative process,
starting and being limited by the normative text, based on the experiences of the
interpreter. To do so, we will use the technique of literature review and the historical
method.
Keywords: Exegesis; Judicial activism; Implementation.
1. INTRODUÇÃO
1 Segundo Luís Roberto Barroso, haveria hoje uma “fluidez da fronteira entre política e justiça no mundo contemporâneo,
documentando que nem sempre é nítida a linha que divide a criação e a interpretação do Direito” (BARROSO, 2015, p. 438).
1041
conflitos, atuando como “ultimo guardião das promessas, tanto para o indivíduo
quanto para a comunidade política” (GARAPON, 1996, p. 23).
Dessa forma, passou-se a esperar do Poder Judiciário mais do que
simplesmente julgar, ante a constatação de que, hoje, tudo se espera da justiça. Isso
porque os magistrados passaram a estipular “o bem e o mal, além de fixar a injustiça
na memória coletiva” (GARAPON, 1996, p. 23).
Há, entretanto, uma diferença marcante entre o ativismo judicial e a
judicialização da política, sendo aquele uma judicialização da política em que há uma
atitude proativa do magistrado. Há um exercício deliberado de jurisdição política. Ativa
no sentido de tomar para si a responsabilidade de efetivar valores e concretizar
direitos (SCHMITZ, 2015, p. 192).
Com efeito, observa-se que, no ativismo judicial, a vontade do julgador vem se
sobrepondo à antiga vontade do legislador e ao próprio direito. Assim, sob o pretexto
de efetivar uma decisão jurídica justa, os magistrados vêm tomando decisões, muitas
vezes, sem qualquer fundamentação jurídica adequada e que divergem frontalmente
ao texto escrito pelo legislador, em uma nítida atividade política. Há, portanto, uma
aposta e confiança na vontade do legislador como critério de definição de justiça.
Essa corrente, extremamente sedutora, defende essa postura ativa por parte
dos juízes em oposição àquele magistrado exegeta, considerado frio e alheio à
realidade. Surge daí a ideia de “bom” ativismo, que é aquele que vai corrigir as
imperfeições da lei e, dessa forma, evitar a perpetuidade de injustiças.
O problema é que, nesse modelo, há a substituição da vontade do legislador
pela do magistrado, de modo que o direito passa a ser definido pelas concepções e
vontades do juiz. E se antes o magistrado era um mero porta-voz dos mortos (REIS,
2012, p. 156), passou a ditar o direito, o qual ficou submetido unicamente às suas
concepções pessoais e, podemos dizer, voluntariedades.
Reside aí a grande falha do ativismo judicial. Ao submeter o direito a uma
grande incerteza jurídica, uma vez que o submete unicamente às suas concepções
pessoais, não traz a mínima segurança que a sociedade precisa. Com efeito, não se
pode falar de bom ou mau ativismo haja vista não haver qualquer compromisso
ideológico por parte desse movimento com uma dentre as várias escolhas
valorativamente possíveis. Afinal, o que efetivamente caracteriza o ativismo é a
substituição da legalidade vigente e do texto constitucional pelo senso de justiça e
pelas convicções pessoais do magistrado (ABBOUD, 2014, ps. 425-426).
Desta feita, consoante sua demanda seja apreciada por este ou aquele
magistrado, a depender do viés ideológico do mesmo, haverá uma decisão
completamente diferente. Magistrados, incluindo os integrantes da Corte Suprema,
elegeram o princípio da proporcionalidade como chave mestra para decidir consoante
seu entendimento pessoal, apontando-o nas decisões, mas se esquecendo de
promover uma fundamentação adequada no que tange à ponderação. Os princípios
constitucionais, neste quadro, converteram-se em verdadeiras ‘varinhas de condão’,
de modo ao julgador conseguir fundamentar se acordo com o seu posicionamento
pessoal (SARMENTO, 2006, p. 200).
Eis, então, o pesadelo descrito por Hart, no qual as decisões judiciais decorrem
de fatores como intuição, personalidade do magistrado e preconceitos políticos. As
regras, por si sós, não seriam capazes de determinar resultado algum, de modo que
o direito é aquilo que os juízes determinam que ele seja (HART, 1983, p. 130).
Depreende-se, portanto, que o ativismo judicial falhou como forma de
superação da aplicação mecanizada da letra fria da lei no processo hermenêutico.
Procurou-se superar um modelo extremamente exegeta por outro, baseado na ideia
1042
Diante das falhas acima apontadas pela escola da exegese e pelo ativismo
judicial no que tange à interpretação de normas jurídicas, cabe então indagar como
esse processo hermenêutico poderia se dar sem esses sobressaltos.
Este trabalho adotará a visão de Konrad Hesse no que tange à interpretação
da norma constitucional como solução para essa questão. Para o referido autor, a
interpretação seria o processo em que as normas constitucionais adquirem efetiva
vigência (HESSE, 1992, p. 25), não sendo possível falar em descobrimento da
vontade do legislador ou do magistrado.
O fim da interpretação não é a descoberta da vontade da lei, mas sim encontrar
o resultado constitucionalmente correto por meio de um processo de concretização da
norma constitucional, que será racional e controlável, gerando certeza e
previsibilidade jurídicas (HESSE, 1992, p. 26)
A interpretação seria, portanto, um ato criativo, superando-se a busca do
sentido da norma. É bem verdade que a nova hermenêutica compreende uma vertente
valorativa, uma vez que o intérprete não analisa a norma com a mente completamente
vazia, mas a partir de uma pré-compreensão da realidade em que vive.
Dessa forma, a concretização da norma constitucional depende da
incorporação das circunstâncias da realidade que essa norma procura regular, em um
processo hermenêutico racional e controlável. Nesse processo, diferentemente do que
ocorre no ativismo judicial, o texto da norma Constitucional é o limite da interpretação
(GUERRA, 2007, p. 35).
Nem se alegue que a hermenêutica, tomando por base os valores ínsitos ao
intérprete, estaria apartada de uma objetividade. Ora, a objetividade da ciência
repousa na objetividade do método crítico (POPPER, 2004, p. 22), não dependendo
da objetividade do cientista.
Nesse sentido, cabe ressaltar que a isenção de valores, tão propagada pela
escola da exegese, necessária para a obtenção da objetividade nas ciências sociais
é, praticamente, inatingível. Com efeito, a atitude do cientista natural é semelhante à
do social, ambos dotados de valores e percepções, pois a objetividade científica
advém da crítica recíproca, da divisão hostil-amistosa entre cientistas ou de sua
cooperação/competição (POPPER, 2004, p. 23).
Um bom processo interpretativo, destarte, não pode descartar da norma
constitucional o aspecto político (da realidade) nem o fator jurídico, cabendo ao
hermeneuta a ponderação e equilíbrio nesses dois campos.
É o que Richard Posner denomina de abordagem pragmática. Para ele, nossos
valores mais arraigados situam-se abaixo do pensamento e fundamentam nossas
ações, de modo que não haveria como dissociar os valores pessoais como fatores
agentes no ato de julgar. O que poderia ser feito, a fim de evitar o arbítrio já
mencionado, é unir essa vivência do julgador a dados empíricos (POSNER, 1992, p
447).
1043
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
1044
Abstract: Citizenship, built by political participation, aside from allowing the defense
and promotion of interests of the many groups who compose the population could also
enable the immigrant citizen to become an interlocutor and not solely an object of
public policies. The 1998’s Federal Constitution, in spite of its advances in the
fundamental rights field, denies those citzens the right to electoral enrollment. Thus
the present study, descriptively and exploratory, aims to analyze from the tale “The
return of the prodigal husband”, by João Guimarães Rosa and through bibliographical
and documentary methods the process of exclusion of immigrants in Brazilian society
and the democratic shortfall created by those individuals not being able to exercise the
rights of political citizenship.
Key-words: 1988 Federal Constitution. Guimarães Rosa. Law and litterature.
1 INTRODUÇÃO
cidadania política aos estrangeiros e de que maneira ela impede que eles possam se
integrar efetivamente à sociedade brasileira.
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza,
garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a
inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à
propriedade, nos termos seguintes (BRASIL, 1988, destaque nosso).
1
As Constituições de 1891, 1934, 1937, 1946 e 1967 usaram a expressão “estrangeiros residentes no País” ao se referir a
seus direitos, o que fizeram, respectivamente, em seus arts. 72, 113, 122, 141 e 150.
1047
2
PEC 14/2007, 88/2007 e 25/2012 (BRASIL, 2014).
3
As constituições da Argentina, Paraguai, Uruguai, Venezuela e Chile autorizam e/ou regulam o direito a voto por estrangeiros
em seus arts. 20, 120, 78 e 64, 14, respectivamente.
1048
Para tornar concreto seu sonho, foi capaz de vender além dos seus poucos
bens, sua esposa, Maria Rita, a um homem espanhol chamado Ramiro, que, segundo
os rumores da cidade tinha interesse na mulher.
Ao descrever, na ficção, a trajetória de um mineiro no Rio de Janeiro,
Guimarães Rosa (2015) pontua que “as aventuras de Lalino Salãthiel na capital do
país foram bonitas, mas só podem ser pensadas e não contadas, porque no meio
houve demasia de imoralidade”. E como na narração bíblica da parábola do filho
pródigo, descrita no Evangelho de Lucas, que inspirou a construção da narrativa,
Lalino, após desfrutar seis meses dos mais variados prazeres que a capital federal lhe
oferecia, regressou ao interior mineiro na mais completa saudade e pobreza.
Tendo retornado, o marido pródigo viu frustrada sua tentativa de reaver sua
esposa, que a essa altura morava com o espanhol, Ramiro. Assim, ao buscar um novo
rumo para sua trajetória, o mulato, famoso pela sua esperteza e maestria em inventar
estórias, foi convidado por Oscar para atuar na campanha eleitoral do chefe político
do distrito, Major Anacleto.
Esse homem, caracterizado pelos seus princípios rígidos, foi relutante ao
aceitar a assessoria de Lalino. No entanto, após as considerações de Oscar e de seu
irmão, Laudônio, para quem um mulato desses poderia “valer ouro”, o candidato se
rendeu e aceitou o serviço de Eulálio em sua campanha política, com reservas.
Para o Major, a aversão de Lalino aos espanhóis, pessoas importantes na
cidade por serem possuidoras de terras e com quem mantinha relações comerciais,
poderia prejudicar sua campanha, e já na primeira conversa entre os dois o político
alertou-o: “Não me cace briga com pessoa nenhuma, e nem passe perto da casa dos
espanhóis. Eles são meus amigos, está entendendo?” (GUIMARÃES ROSA, 2015)
Foi como se o Major nada tivesse dito. Eulálio, pouco tempo depois da
conversa, passou em frente à casa de Ramiro dando um “viva o Brasil” e jogando
beijos para Maria Rita, na intenção de provocar o espanhol. Ao saber do acontecido,
indignado, o Major Anacleto queixou-se com Lalino e reafirmou para que cumprisse
suas ordens e não implicasse mais com os espanhóis.
Em resposta, Eulálio falou da importância do patriotismo e mudou de assunto,
destacando os feitos que tinha realizado para a ascensão política do candidato e por
fim, já cansado da insistência do Major nos “galegos azedos” como os chamava,
concluiu com uma assertiva que segundo Carvalho (2013) seria capaz de preocupar
os interesses do candidato:
Está vendo, seu Major, que eu andei muito ocupado com os negócios do
senhor, e não ia lá ter tempo p’ra gastar com espanhol nenhum? Gente
que p’ra mim até não tem valor, seu Major, pois eles nem não votam!
Estrangeiros... Estrangeiro não tem direito de votar em eleição”
(GUIMARÃES ROSA, 2015, grifo nosso).
O Major, intrigado com a resposta do mulato, teve que confirmar com seu irmão,
Laudônio, a veracidade da informação e, mais uma vez, obteve a mesma resposta:
“Não. Não podem. São estrangeiros...” (GUIMARÃES ROSA, 2015)
Essa segunda afirmação a respeito da ausência de cidadania política dos
estrangeiros parece ter sido a causa para a repentina mudança de tratamento do
Major Anacleto a eles e, no desfecho do conto, os direcionamentos do político aos
espanhóis, que antes eram amistosos, se tornaram agressivos e violentos:
já,daqui!... Pago a eles o valor do sítio. Mando levar o cobre. Mas é para
irem p’ra longe! (GUIMARÃES ROSA, 2015)
3 CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS
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2006.
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_______. Supremo Tribunal Federal. Habeas Corpus nº 94.016, Rel. Min. Celso de
Mello, data de julgamento: 07/04/2008. Disponível em:
http://www.stf.jus.br/portal/jurisprudencia/visualizarEmenta.asp?s1=000003151&bas
e=baseMonocraticas. Acesso em: 10 set. 2018.
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Linguagens-UFMS, v. 17, n. 34, p. 45-58, 2013.
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digital.
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direitos fundamentais na perspectiva constitucional. 12ª ed. Porto Alegre: Livraria do
Advogado, 2015. Livro digital.
SILVA, José Afonso da. Curso de direito constitucional positivo. 25ª ed. São Paulo:
Malheiros, 2005.
1051
Abstract: The Brazilian legal interpretation has taken into account a decontextualized
image of its own identity and the idea of modernity. However, we must address to new
possibilities of interpretation. One is the need for a concept of argumentation that can
ask about the conditions of possibility and the function of a legal basis that could be
able to handle a view of interpretation based on problems from the periphery to the
periphery. On the other hand, when analyzing the interpretation of law based on
distinctions as center /periphery, as well as the systems of functions in the organization
of law, we are faced with the need to reassess the point at which modernity is inscribed
in a Latin American perspective. As paradigmatic framework, we follow Enrique Dussel,
allied to Niklas Luhmann's theory of systems to understand the interpretation of law by
the bias of the systems of organization allied to the center/periphery distinction. For
that, we use the idea that, in order to construct a theory of interpretation and decision
from the periphery to the periphery, it is necessary to carry out a transversal
intercultural dialogue between those who are at the border between the center and the
periphery.
Keywords: Organization and decision; center and periphery; intercultural dialogue.
mas a maior parte de suas estruturas de valores foram excluídas, negadas ou que
aniquiladas.
O propósito do uso da filosofia da libertação, como crítica cultural, e da teoria
dos sistemas como crítica estrutural, é gerar uma nova elite cuja ilustração não se
articule ao centro, mas sim à periferia, aos oprimidos. Essa cultura periférica oprimida
pela cultura imperial deve ser o ponto de partida para o diálogo intercultural (DUSSEL,
2016, P. 53) para, a partir dele, em um diálogo da periferia para a periferia realizar a
construção de conhecimento liberta do centro.
REFERÊNCIAS
Abstract: This article intends to discuss the marriage contract under John Locke's and
Carole Pateman’s perspectives. To accomplish that objective, through bibliographical
research, we analyzed Locke’s main ideas regarding the marriage contract, specifically
in what he lectures about the differentiation of powers between the husband and the
wife in the contract, as well as Pateman’s theory about the idea of the matrimonial
contract to be, actually, a sexual contract of marriage. It is looked for to build, at the
end, the idea that the formalization of the marriage comes in way radically different for
women, who are demeaned and submissive to the husbands, even in liberal and
allegedly equalitarian societies.
Key words: matrimonial contract; social-sexual contract; gender inequality.
1 INTRODUÇÃO
Leciona a cientista política britânica Carole Pateman (1993, p. 15) que “a mais
famosa e influente história política dos tempos modernos se encontra nos escritos dos
teóricos do contrato social”. Essa história descreve como a sociedade civil e suas
principais instituições governamentais, políticas e sociais foram formadas a partir da
elaboração de um contrato social original, de sorte que a “autoridade legal do Estado,
a legislação civil e a própria legitimidade do governo civil moderno são explicadas
como apreensões de nossa sociedade de referenciais desse contrato” (PATEMAN,
1993, p. 15). No entanto, a autora adverte que tal história vinha sendo contada apenas
pela metade, de maneira que o pacto social se configura na realidade como um acordo
sexual-social, mas a sua primeira parte fora sistematicamente ocultada nas análises
das teorias políticas dominantes na filosofia e na tradição jurídica ocidentais.
Nesta senda, o contrato no pensamento liberal possuiria três expressões
principais que traduzem uma sistemática de dominação sobre a mulher: o contrato
social, o contrato de trabalho e o contrato de casamento, estando presentes em todas
estas relações a subordinação e a consequente sobreposição entre os contratantes.
Este trabalho optou por enfocar, dentre tais expressões, na instituição do casamento
1056
civil1 tal qual disposto, em sua literalidade legislativa, como um ato contratual de
registro público que estabelece uma sociedade conjugal de comunhão plena de vida,
esta que deveria ser pautada na igualdade de direitos e deveres dos cônjuges, nos
termos dos arts. 1.511 e ss. do Código Civil Brasileiro, e no art. 226 da Constituição
Federal de 1988.
A igualdade de direitos e deveres entre os cônjuges de um casamento
heteroafetivo assume crucial relevância no ordenamento jurídico brasileiro, tendo em
vista que neste, independentemente de raça, sexualidade ou gênero, todos os
indivíduos são considerados formalmente iguais, inclusive em suas relações
contratuais livremente estabelecidas. Desta feita, a importância da pesquisa se
justifica em razão da necessidade de uma análise concreta da relação matrimonial, a
fim de averiguar se a igualdade entre os cônjuges está sendo efetivamente alcançada,
considerando os aspectos sociológicos que envolvem os papeis assumidos pela
esposa e pelo marido após a contratação matrimonial.
O presente trabalho, então, inicia tratando sobre o contrato social de
casamento, a partir da teoria contratualista liberal de John Locke e, em seguida,
analisa-se a perspectiva crítica da teórica feminista Carole Pateman a fim de
compreender o contrato liberal como, em verdade, um contrato de nuance social-
sexual, e avaliar a efetividade dos direitos fundamentais, mais precisamente liberdade
e igualdade, no contexto do casamento entre homem e mulher.
1
O presente trabalho optou por tratar tão somente do casamento enquanto união heteroafetiva para analisar a relação de
submissão da mulher em relação ao homem, tendo em vista também que o casamento homoafetivo apresenta diferentes
nuances e repercussões a partir da sociedade civil e sobre a vida dos contratantes.
1057
Vê-se que Locke não atribui ao poder do marido o mesmo poder absoluto que
possui um monarca, ressaltando inclusive que ambos os cônjuges têm poderes iguais
sobre a vida um do outro. Isso porque o contratualista faz severas críticas ao modelo
de organização social absolutista, logo, em razão de comparar a organização da
sociedade familiar enquanto uma pequena esfera de poder do homem à esfera política
como a maior esfera do poder masculino, notadamente o filósofo não iria defender a
existência de um poder absoluto, mas tão somente por isto. Outrossim, ele enfatiza
que ao analisar o poder do homem no ambiente doméstico considera o “(...) chefe de
família em todas estas relações que mantém com os subordinados que reúne debaixo
do governo doméstico de uma família: a mulher, os filhos, os criados e os escravos”
(LOCKE, 2007, p. 105) (grifos no original).
Conclui-se, a partir disso, que o poder do homem sobre a mulher não é somente
uma condição necessária para a efetivação do contrato de casamento, mas atribuição
natural daquele pela sua mera existência enquanto tal, uma vez que a ele pertence o
exercício do poder na sociedade civil instituída nos termos do contrato social original.
Nota-se que o paterfamilias, como se viu, não possui um poder absoluto nessa
pequena sociedade, porque o núcleo familiar não deve ser assemelhado a uma
monarquia, e porque a dona de casa (papel atribuído por Locke à mulher na sociedade
conjugal) também exerce a sua própria cota de poder no lar, mas esta deve ser sempre
obediente à palavra final do chefe da família – o marido.
Um dos inúmeros problemas que se apresenta ante o exposto é que a tradição
do pensamento liberal e das sociedades ocidentais se estabeleceu sobre o
sustentáculo das premissas de um estado de natureza que é também um “estado de
igualdade perfeita” entre os indivíduos (LOCKE, 2007, p. 35), e o contrato social é
realizado justamente para que esse estado permaneça em voga e não se torne
desigual. No entanto tal igualdade não se estende a todos os indivíduos que
pertencem a esta comunidade civil, uma vez que as relações de poder são
severamente desiguais e tendem para o lado da liderança masculina sobre a mulher.
Ademais, vê-se que o poder exercido na relação conjugal é politicamente
irrelevante para Locke, posto que o ambiente doméstico pertence à esfera privada, e
não à esfera pública (MOURA, 2014). Essa separação dicotômica entre o público e o
privado foi historicamente prejudicial às mulheres, que demandaram séculos de lutas
e reivindicações sociais para conquistarem o acesso mais básico aos espaços
públicos e aos direitos de cidadania, relação esta que até os dias atuais não se
encontra totalmente satisfeita.
De tal maneira, em antecipação ao argumento da injustiça contextual histórica
da escrita da teoria no contexto do século XVII, o que ora se problematiza são
justamente os impactos negativos nas configurações sociais modernas decorrentes
de tal teoria contratualista liberal, uma vez que em razão da determinação do espaço
público e político como pertencente somente aos homens, a socialização das
mulheres, dentro da esfera privada e familiar, é feita para que desde a infância estas
aprendam e normalizem em seus comportamentos a atribuição de um papel de
inferioridade e de submissão, vinculado predominantemente às tarefas domésticas e
às ideias de maternidade compulsória e casamento heteroafetivo (BEAUVOIR, 1967).
1058
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
dedicar suas existências enquanto tais para encontrarem e servirem a um marido, pois
assim se tornarão verdadeiramente mulheres, como se ouve nas tradicionais
celebrações de casamento onde os nubentes se tornam ao final “marido e mulher”.
Este questionamento abre portas para futuras discussões sobre a temática, uma vez
que o presente trabalho não pretende esgotá-la.
Constata-se, portanto, que o contrato de casamento não é equitativo. Os papéis
assumidos pelo marido e pela esposa são completamente distintos nos casamentos
tradicionais, pois como supracitado, as mulheres nascem com lugares
predeterminados em suas vidas: de casarem e serem submissas aos seus maridos.
Para que a esposa seja efetivamente livre nesta relação, deveria haver a
desconstrução dos papéis patriarcais socialmente atribuídos à mulher quando esta
ingressa em uma relação contratual matrimonial com um homem.
REFERÊNCIAS
Cristiano de Oliveira
Vanderlei Garcia Júnior
Resumo: O presente estudo possui caráter analítico, tendo como objetivo investigar
teorias da Semiologia e Semiótica, com a finalidade de uma possível aproximação
entre Semiótica e Direito. Com isso, por meio de uma Semiótica Jurídica, busca-se
fornecer subsídios através de métodos e técnicas construídas e dotadas de rigor
científico, para que dessa forma, o intérprete e aplicador do direito tenham pilares
sólidos no decorrer do processo de interpretação de decodificação do discurso
jurídico. Para tanto, utilizou-se o método hipotético-dedutivo, a partir de revisões
bibliográficas. No mais, a pesquisa propõe-se a investigar os sistemas de significação
jurídica e sua aplicação nos discursos jurídicos.
Palavras-Chave: Semiótica Jurídica; Interpretação do Direito; Direito.
INTRODUÇÃO
DESENVOLVIMENTO
De acordo com Lúcia Santaella (1983), a Semiótica enquanto ciência tem como
objeto de sua investigação todas as linguagens disponíveis, isto é, examina o modo
de constituição de todo e qualquer fenômeno que produz significado e sentido.
Para Umberto Eco:
Conforme acentua Eduardo Bittar (2017, p. 55) “a Semiótica Jurídica não é uma
ciência recente, mas sua estruturação metodológica ainda se encontra em pleno
processo de desenvolvimento”.
Pode-se dizer, com arrimo em Kalinowski, que as primeiras manifestações
sobre Semiótica Jurídica se deram no trabalho de F. Oppenheim, em 1944, intitulado
Outline of logical analysys of law. (BITTAR, 2017)
A Semiótica Jurídica ocupa-se das diversas formas de significação que detém
efeito jurídico, tendo como dimensão o universo do sistema cultural humano e, como
tarefa, investigar os sistemas de significação jurídica.
Esse campo de investigação encontra sua justificativa no próprio Direito. Isto
porque, a exemplo de outras formas de linguagem, o direito manifesta-se por signos,
que para sua aplicação, necessitam de interpretação. É nesse campo que se afloram
as complicações do Direito, isto é, interpretar a norma jurídica de forma objetiva,
garantindo segurança jurídica e estabilidade nas relações jurídicas.
A propósito, este problema de dificuldade de uma interpretação objetiva é
confirmada por Tércio Sampaio Ferraz Júnior (1994, p. 270-271), para quem “[...] a
participação do arbítrio humano é, pois, o que torna difícil a tradução e a interpretação.
A realidade, o mundo real, não é um dado, mas uma articulação linguística mais ou
menos uniforme num contexto existencial”.
Ademais, cumpre lembrar que as dificuldades de uma interpretação objetiva do
conjunto de normas jurídicas não se dão somente pelos limites de linguagem e
compreensão do intérprete, vez por outra, o legislador introduz palavras em textos
normativos que não exprimem o significado desejado.
De qualquer forma, por mais incompreensível que possa parecer o conteúdo
de determinado enunciado jurídico, não cabe ao intérprete omitir-se de sua tarefa de
interpretar e aplicar à norma jurídica, sob pena de torná-la letra morta.
Contudo, isto não autoriza interpretações com base no juízo de conveniência e
oportunidade. Cabe ao intérprete, diante de tal dificuldade, valer-se de critérios
objetivos, dotados de rigor científico, a fim de compreender os sistemas de
significação jurídica.
Assim, nesse ambiente de incerteza e diante da necessidade de impor uma
base segura no processo de interpretação dos discursos jurídicos, desponta a
Semiótica Jurídica, fornecendo ao intérprete um caminho sólido para o percurso no
processo de decodificação e interpretação dos discursos jurídicos.
Justificar o diálogo entre Semiótica e Direito não é tarefa fácil, isso porque há
uma certa compreensão de que o processo de interpretação se reduz ao estudo da
normatividade, marginalizando, portanto, todo o restante do discurso jurídico.
Todavia, como alerta Eduardo Bittar (2017), para investigar os sistemas de
significação jurídica deve-se ir além, tendo a juridicidade como parâmetro, visto que o
microssistema de normatividade é somente um dos elementos da juridicidade.
A juridicidade, no conceito elaborado por Eduardo Bittar, compõe-se de uma
realidade de textos, chamada textualidade jurídica, com potencialidade de produzir
sentidos. São partes da juridicidade: o conjunto de práticas textuais jurídico
burocráticas (burocraticidade); as práticas textuais jurídico-decisórias (decisoriedade)
e, ainda, o conjunto de práticas textuais jurídico-científicas (cientificidade).
Como se vê, o método de investigação da Semiótica justifica sua inter-relação
com o Direito.
CONCLUSÃO
1065
REFERÊNCIAS
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BITTAR, Eduardo C.B. Linguagem jurídica: semiótica, discurso e direito. 7. ed. São
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Perspectiva, 2008.
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POPPER, Karl Raymund. Lógica da pesquisa científica. 2.ed. Tradução Leonidas
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______. Os dois problemas fundamentais da teoria do conhecimento. 1.ed.
Tradução Antonio lanni Segatto. São Paulo: Editora Unesp, 2013.
1066
Abstract: The purpose of this study is to analyze the similarities between the functions
of the judges of Mega City One, fictional city of the film Judge Dredd, and Brazilian
judges. It’s questioned if the Brazilian criminal procedure system is mixed and if there
is a real separation of the functions of accusing and judging. The method used in the
research was hypothetico-deductive, developed based on bibliographical research and
the analysis of the film Judge Dredd. It’s concluded that, although the Brazilian doctrine
points the Brazilian criminal procedural system as mixed, there is an accumulation of
the functions of accusing and judging in the hands of the Brazilian judges, making
possible the classification of the criminal procedural system as a (neo) inquisitorial.
Keywords: Criminal procedural system. Criminal proceedings. Judge Dredd. (Neo)
inquisitorial.
INTRODUÇÃO
DESENVOLVIMENTO
Dá-se início, então, ao plano de dominação de Mega City One, até então
encabeçado pelo Juiz Griffin, interpretado por Jürgen Prochnow, e por Rico,
interpretado por Armand Assante, um Juiz que, após ter sido muito amigo de Dredd,
por este foi julgado e condenado. No entanto, Rico trai o Juiz Griffin, o mata, e põe em
prática seu plano de dominar Mega City One e implantar seus clones como Juízes
para se tornar o imperador da cidade.
Realizada esta breve introdução sobre a obra cinematográfica em análise,
passa-se à reflexão sobre a relação entre o Direito brasileiro e a película comentada,
limitando-se tal reflexão à atuação dos juízes brasileiros no atual sistema processual
penal pátrio em relação à atuação dos Juízes de Mega City One, no que se refere à
acumulação dos poderes de acusar e julgar.
Inicialmente cumpre destacar que o sistema processual penal é o conjunto de
princípios e regras constitucionais que estabelece as diretrizes a serem seguidas
quanto à aplicação do direito penal a cada caso concreto de acordo com o momento
político de cada Estado. (RANGEL, 2015, p. 46).
Tem-se, portanto, duas realidades distintas, pois, enquanto Mega City One vive
tempos caóticos, nos quais a violência impera nas ruas e a ordem só pode ser mantida
mediante a atuação rigorosa e violenta dos Juízes, no Brasil, embora a violência seja
uma preocupação constante, há, de certa forma, controle social, diferentemente do
caos constante da cidade fictícia.
Em razão disso, em Mega City One o sistema processual penal é, de certa
forma, inquisitivo, pois os Juízes que atuam nas ruas acumulam as funções de acusar
e julgar, somadas às funções de polícia ostensiva e de carrasco. O julgamento é
realizado logo após a abordagem do suspeito pelo Juiz e a pena, se for de morte,
executada no local dos fatos, pelo próprio Juiz.
Quanto aos sistemas processuais penais, a doutrina brasileira aponta três: o
inquisitivo, o acusatório e o misto. Para Guilherme de Souza Nucci (2016, p. 46), o
sistema inquisitivo é aquele no qual há concentração de poder nas mãos do juiz, que
também acusa; o sistema acusatório apresenta nítida separação entre acusador e
julgador; e o sistema misto, defendido pelo autor como o sistema brasileiro, que possui
duas fases, uma inquisitiva, a fase policial, e outra acusatória, a fase judicial.
Aury Lopes Junior (2013, p. 118) afirma que a doutrina brasileira defende a
posição de que os sistemas puros são históricos, não guardando correlação com os
modelos atuais e que a divisão do processo penal em duas fases, pré-processual e
processual propriamente dita, possibilita o predomínio da forma inquisitiva na fase
preparatória e a acusatória na fase processual, dando-lhe o caráter misto. No entanto,
para o autor, o modelo brasileiro é o (neo) inquisitório, pois não basta a mera
separação das funções de acusar e julgar para que o sistema seja acusatório, se,
após iniciado o processo, permite-se ao juiz agir de ofício.
Tendo o processo penal, como uma de suas funções, a reconstrução de um
fato histórico, a prova apesenta-se como a espinha dorsal do processo penal, ou seja,
estrutura e funda o sistema.
Nesse sentido, importante destacar o art. 156, do Código de Processo Penal:
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
Abstract: The objective of this article is to demonstrate how Brazilian judicial courts
have the power to influence taxation by simply belonging to a social fabric wrapped in
power, to the detriment of other institutions that have specialized knowledge in the tax
area. It is not a matter of ascertaining which social institution has more power, but
rather investigating the power structures in which they are inserted and evaluating the
possible consequences in the taxation of this framework. To complete this objective,
will be analyze some of the precedents of the Superior Court of Justice in which this
court manifests itself on tax matters.
Key words: Taxation, Power, Society, Superior Court
1 INTRODUÇÃO
4
Aqui, adota-se o termo ‘política’ contextualizado no ‘agir humano estratégico’, tal como ensina Pugliesi: “A ação humana, por
via de estratégias consolidadas em políticas, estabelece o vínculo entre os dois campos e adquire assim, intrinsecamente, uma
natureza política”. (PUGLIESI, 2015, p. 2423-2424).
1073
Esses arestos foram verberados, entre e sob outras razões, por fazer inserir
atividade empresarial estranha ao objeto social da pessoa jurídica no conceito de
‘receita operacional’. O Comitê de Pronunciamentos Contábeis- CPC, cuja precípua
missão é emitir opinião técnica em matéria de contabilidade5, estatui o conceito de
receita sendo aquela que decorre das atividades usuais da entidade, aquelas que não
são usuais ganham qualificação diversa, são ganhos- não operacional6. Definições
contábeis divergentes que, como se vê facilmente pela leitura dos acórdãos do STJ
transcritos, tratam-nos como convergentes em absoluto.
Não se fita aqui pôr à prova a idoneidade jurídica dos fundamentos das
decisões acima transcritas, esse não é o desiderato da exposição. Esse sistema
adotado no ensaio- ponto da decisão judicial e contraponto contábil- fora feito apenas
para explicitar que, a despeito de estruturas científicas bem fixadas conceitualmente
por órgão com competência e especialização para tanto, o STJ deu a elas roupagem
diversa e será essa que regulará as relações intersubjetivas que exsurgem do
contexto social. Como se verá adiante, essa ‘sobreposição institucional’ não se dá
apenas em razão de caber ao judiciário a tarefa de ‘dizer o direito’ conforme o preceito
constitucional da separação tripartide do poder, como ingenuamente possa se pensar,
mas porque essas cortes figuram numa estrutura social de poder que as privilegia,
cuja análise mais detida será feita no tópico seguinte.
Tomando por empuxo a primeira frase que principia este ensaio, partiremos da
premissa de que se tudo é construído, toda essa construção requer uma ação. A força
motriz da construção é o ‘agir’. Uma corte de justiça, por exemplo, ao interpretar-
construir, portanto- um texto legal e prolatar um acórdão determinando que ‘a’ deve
dinheiro a ‘b’ exerce claramente uma ação interventiva no mundo social. Nesse
contexto, interpretar é agir interventivamente e construir num determinado espaço
social. Esse encadeamento de ideias é melhor apreendido com a leitura da letra
filosófica de Pugliesi ao traçar uma correspondência entre teorização, interpretação e
construção:
5
O CPC fora criado pelo Conselho Federal de Contabilidade, por meio da Resolução nº 1.055/2005, cuja missão precípua,
segundo os artigos 13 e 14 do seu Regimento Interno, é estudar, pesquisar, discutir, elaborar e deliberar sobre o conteúdo e a
redação de Pronunciamentos Técnicos em matéria contábil. Esses pronunciamentos técnicos estabelecem conceitos
doutrinários, estrutura técnica e procedimentos a serem aplicados na área contábil.
6
Itens 4.29, 4.30 e 4.31 dos Pronunciamentos Técnicos Contábeis de 2012.
1074
São esses agentes sócio-culturais que, como se infere das citações de Pugliesi,
possuem a capacidade, interesse e poder de influir no mundo social, de alterá-lo e,
portanto, de ingerir na cultura de uma dada sociedade. Volvendo-se para o binômio
interpretar (agir)/ construir alhures levantado, a ele adere-se um terceiro elemento: o
poder. Imprescindível, neste momento, aludir-se a Giddens ao estabelecer um
paralelo entre agir e poder:
Fica claro, à luz de tais disposições científicas, que a alteração do mundo social
apenas se dá mediante categorias de intervenção por aqueles detentores de poder
entendido aqui na acepção de Giddens, ou seja, como a “capacidade transformadora
da ação humana – a capacidade dos seres humanos de intervir em uma série de
acontecimentos de modo a alterar seu curso.”. Por ora, dessume-se que alteração ou
construção do mundo social se dá em determinadas atmosferas semântico-
pragmáticas por meio de categorias interventivas imbricadas de poder. O nascimento
de um sistema normativo, por exemplo, como objeto de construção da realidade
social, nasce a partir de práticas humanas – interpretação, invenção e convenção- no
processo sócio-histórico. Mais uma vez, importante citar Pugliesi que elucida como se
processa essa construção de realidade social:
(...) a ‘realidade’, quer natural, quer social são textos construídos por uma
atmosfera semântico-pragmática a partir de sua visada e por seus meios:
1075
7
No caso do Direito, ele não sobrexiste sem a hermenêutica. Como Sanchís ensina: “O direito é lacunoso e não pode dar
respostas a todo problema mediante o único auxílio da lógica de conceitos, mas o juiz, guiado por uma obediência reflexiva,
dispõe dos valores ou interesses que motivaram ou estimularam as disposições normativas para decidir os interesses em litígio.”
(SANCHÍS, 1993, p.120).
8
Pugliesi, sobre este ponto, ensina que ação é uma categoria situacional, variará com base na situação em que é analisada.
Com a ação que é, pode-se afirmar, então, que a interpretação de textos legais seguem essa lógica, ou seja, variarão com base
no contexto em que é produzida. Nas firmes palavras do Professor:
“A situação (de situ = lugar e actione = ação) representa não apenas a localidade, inclusive discursiva, em que se exerce a
atividade, mas, ainda, o tempo em que se executa a ação, vez que esta não é instantânea, e constituirá, em nosso modelo, uma
função implícita da (s) estratégia(s) desenvolvidas no tempo, isto é: S = f.”. (PUGLIESI, 2015, p. 3912).
E mais:
“Ressalte-se, a ação é uma categoria situacional e não tem significado absoluto – apenas ao contemplar a totalidade dos jogos
em que participa o ator pode-se compreender a racionalidade ou irracionalidade de seus atos. A ação só pode ser interpretada
situacionalmente (...)”. (Ibid., p. 3930-3932).
1076
importante trecho da obra do Professor em referência donde fora retirado esse rol não
exaustivo de itens que caracterizam a construção dos ‘mundos’ da realidade social:
9
O STJ tem posicionamento consolidado no sentido de aceitar a relativização da coisa julgada, como pode se perceber pela
leitura do acórdão a seguir transcrito:
AGRAVO INTERNO NO AGRAVO INTERNO NO AGRAVO (ART. 544 DO CPC/73) - EMBARGOS À EXECUÇÃO - DECISÃO
MONOCRÁTICA QUE, RECONSIDERANDO O DECISUM ANTERIOR, CONHECEU DO AGRAVO PARA NEGAR
PROVIMENTO AO RECURSO ESPECIAL. IRRESIGNAÇÃO DA EMBARGANTE/EXECUTADA. 1. Em sede de agravo interno,
não é viável a adição de teses não expostas no recurso especial, por importar em inadmissível inovação recursal. 2. Segundo a
jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça, a relativização da coisa julgada só tem cabimento em situações
excepcionalíssimas, nas quais a segurança jurídica tiver que ceder em favor de outros princípios ou valores mais importantes, o
que não ocorre na hipótese de honorários advocatícios fixados em eventual inobservância dos ditames previstos no artigo 20,
§§ 3º e 4º, do CPC/1973. Frente a mero erro de julgamento, a correção deve ser requerida oportunamente por meio dos recursos
cabíveis ou da ação rescisória, procedimentos não tomados pela parte devedora. 3. Agravo interno conhecido em parte e, nessa
extensão, desprovido. (AgInt no AgInt no AREsp 172.277/AL, Rel. Ministro MARCO BUZZI, QUARTA TURMA, julgado em
16/05/2017, DJe 23/05/2017).
1078
Esse caminhar por entre as lições de Bordieu fez-se para demonstrar a força
simbólica do Direito que outras instituições carecem dela, o que explica, de certa
forma, a sobreposição institucional que cortes de justiça como o STJ possuem ao
impor seus conceitos jurídicos próprios contrastantes a definições científicas
elaboradas por entidades notadamente especializadas num determinado assunto. Os
exemplos trazidos neste ensaio entremostram esse fenômeno: ‘receita operacional’
engloba atividades que não sejam fins da pessoa jurídica para o STJ, noutra banda,
nas formulações conceituais contábeis, apenas ingressa nesse instituto aquilo que
decorre das atividades circunscritas ao objeto social da entidade, mas é a coercitiva
manifestação judicial que regulará as relações entre o fisco e o contribuinte. O ‘mundo
tributário’ dessas cortes se impõe antes a sistemas despidos da estrutura própria
existente nos sistemas simbólicos, como o contábil formado pela atuação permanente
do CPC, CFC e outros, remanescendo estes em posição periférica e servindo apenas
como instrumento ancilar do contabilista para formatar informação contábil dirigidas
ao Estado fiscal.
4 À GUISA DE CONCLUSÃO
5 REFERÊNCIAS
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Portugal) – 2ªed. Rio de Janeiro: Ed. Bertrand Brasil, 1998.
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PUGLIESI, Marcio. Teoria do Direito: Aspectos Macrossistêmicos. SapereAude Grupo
Editorial. Kindle Edition, 2015.
PUGLIESI, Marcio. Questão de Método. No prelo 2017.
SANCHÍS, Luis Pietro. Ideologia e interpretación juridica. Madrid: Tecnos, 1993.
1080
INTRODUÇÃO
Por outro lado, é pertinente observar o cenário jurídico dos direitos das
mulheres no ano de 1943, considerando o desenvolver do enredoda obra nominada
de “Perto do Coração Selvagem”. A princípio, é válido ressaltar que a primeira
Constituição brasileira que tratou de igualdade, destacando a proibição de diferenças
em razão do sexo, foi a de 1934. Todavia, a obra exordial de Clarice foi elaborada sob
a égide da Constituição Federal de 1937 e tal informação é de suma importância para
este estudo, uma vez que a Constituição é “um espelho da publicidade e da realidade”
conforme entendimento do doutrinador Peter Häberle(1997, p. 34).
A Constituição de 1937 é resultado de golpe de que instituiu o Estado Novo de
Estado. Assim, não abordava o termo “igualdade entre homens e mulheres” em seu
teor e os direitos garantidos ao gênero feminino foram dispostos de forma diversa
quando comparada à Constituição de 1934 que possuía uma redação mais protetiva
à mulher. Como exemplo pode ser citada a questão do voto feminino confirmada no
artigo 108 do referido texto constitucional, que também inaugurou os seguintes
preceitos de proteção ao trabalho da mulher: isonomia salarial, proibição de trabalho
da mulher em local insalubre e concessão de descanso no período anterior e pós-
parto.
Numa síntese jurídica, sob uma análise em paralelo das Constituições de 1934
e 1937, tem-se que esta última se apresentou como evidente retrocesso quanto aos
ganhos conquistados em 1934.
Assim, da atenta análise da referida obra literária, denota-se que a autora
buscava alcançar não somente a igualdade entre homens e mulheres meramente
formal, consubstanciada na máxima “igualdade perante a lei”, mas também, a material
que leva em consideração as especificidades de cada cidadão.
Neste aspecto, é válido citar as palavras de Boaventura de Sousa Santos: “As
pessoas e o grupos sociais têm direito a ser iguais quando a diferença os inferioriza,
e o direito a ser diferentes quando a igualdade os descaracteriza.”A protagonista da
obra assimila talconvicção e, de forma indireta, apresenta uma nova percepção sobre
o papel da mulher na sociedade, como no trecho abaixo transcrito:
Um filho nasceria. Sim, mas antes que nascesse ela reclamaria seus
direitos. “Reclamar seus direitos” parecia-lhe uma frase que dormia desde
1083
sempre dentro dela, à espera. À espera de que ela tivesse força. Queria
que a criança brotasse entre os pais. E no fundo disso tudo, desejava para
si mesma “a pequena família”. (LISPECTOR, 1980, p. 121)
É nesta passagem que Joana constata que foi traída por seu marido, Otávio,
com Lídia: sua antiga namorada que apresentava características como, delicada,
pura, bela e que tencionava casar. Esta é a personagem que representava o
estereótipo da mulher“ideal”da época que se contrapõe com Joana: fria, livre, forte e
que não admirava o instituto do casamento.
Seguindo tal linearidade,Lispector expõe a descrição da personagem Lídia com
as seguintes palavras:
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza,
garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a
inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à
propriedade, nos termos seguintes:
I - homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações, nos termos
desta Constituição;
No dia que for possível à mulher amar-se em sua força e não em sua
fraqueza; não para fugir de si mesma, mas para se encontrar; não para se
renunciar, mas para se afirmar, nesse dia então o amor tornar-se-á para
ela, como para o homem, fonte de vida e não perigo mortal. (BEAUVOIR,
1946)
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
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promulgada em 5 de outubro de 1988: atualizada até a Emenda Constitucional n. 91
de 2016. Disponível em: <
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm>. Acesso em: 22
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MELLO, Celso Antônio Bandeira de. O conteúdo jurídico do princípio da igualdade.
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fundamentais-igualdade-de-genero-na-constituicao-federal-os-direitos-civis-e-
politicos-das-mulheres-do-brasil> Acesso em: 29 set. 2018.
1087
Abstract: The objective is to present ethics in the consumer society linked to piracy.
This ethic today is relativized by creating a way of living in an individualistic society.
The so-called consumerists are directly manipulated by a cult that presses them into
an unnecessary "having" doing something that ends up enslaving man. In this context,
consumption emerges as a regulator of social life that is currently practiced to display
a desired status unnecessarily. Piracy in this case is seen as an attitude that even
being illicit is practiced by all and therefore "accepted" by society without taking into
account the ethics and morals we should have with our neighbor. In this scenario, it is
necessary to show a problematic that reflects in social life, the objective is to
understand that the relativized ethics at any moment or stage of the community,
relativizes its own structure.
Keywords: Consumer Society, Ethics, Morals, Piracy.
INTRODUÇÃO
de consumo pirata já estão tão inseridas no contexto de muitos que, mesmo sendo
definida como ato ilícito, diante das fáceis possibilidades, e a necessidade de
satisfazer a vontade de ter determinada coisa, e a dificuldades de fiscalização, faz
com que a maioria das pessoas pratique sem maiores preocupação sobre a própria
ilegalidade do ato.
A ética neste caso que foi tem sido deixada ao longo do tempo se faz
necessária para que as pessoas regulem seus atos por terem principio norteadores,
já que a fiscalização é ineficaz e as possibilidades de contribuírem para a pirataria são
imensas. É o caso da pirataria digital, onde vemos que a pratica dessa pirataria ocorre
com o consumidor estando dentro de sua própria casa sem que possa ser visto por
alguém.
Assim, o objetivo é retratar que a relativização da ética na sociedade de
consumo, implica na ausência da própria estrutura coletiva. A falta que essa ética faz
no contexto atual para que seja possível resgatar valores passados visando uma
melhor vida social.
2. ÉTICA
2
Doutrina ética defendida principalmente por Jeremy Bentham e John Stuart Mill que afirma que as ações são boas quando
tendem a promover a felicidade e más quando tendem a promover o oposto da felicidade.
1092
digital de filmes, música e softwares foi de US$ 231 bilhões (Frontier Economics,
2016). (Freestone & Mitchell, 2004)
Os motivos para tamanho consumo estão relacionados a baixo custo de
mercadoria que se vendida oficialmente seria de valor mais elevado, a facilidade de
acesso, aceitação social, e principalmente o entendimento de que a conduta
considerada ilícita já não traz as consequências legais que deveriam trazer.
São exatamente estes pontos que mostram, com muita clareza, o
comportamento ético deixado de lado, atitudes como comprar os produtos piratas,
copiar materiais com direitos autorais reservados, devolver roupas que já foram
usadas e tantas outras condutas refletem como as decisões, que deveriam ser
baseados em princípios éticos visando manutenção de relacionamentos que guiam e
julgam as decisões individuais ou coletivas e ações intencionadas, são deixadas de
lado gerando um prejuízo financeiro e social, simplesmente em busca do consumo.
Em suma o indivíduo deixa de lado a consideração dos impactos éticos e legais
no momento de efetuar um download e se fundamento no fato de que isso já é algo
tão comum e aceitável na sociedade que fazê-lo não trará mal algum. Aqui vemos a
figura da percepção individual do consumidor de pirataria. É possível enxergar ainda
que, o comportamento de buscar a desculpa pela “liberdade” dada pela internet para
a prática do consumo deixando de lado o comportamento ético comprova a forma
individualista dos atos praticados já que não é levado em consideração o próximo que
será afetado com tal conduta (Freestone & Mitchell, 2004).
Os aspectos comportamentais em relação à economia, ética e legal, são de
extrema importância na tomada de decisão ante ao ato de fazer parte da pratica pirata
ou não. A pratica de comprar ou baixar filmes, músicas ou softwares são mais
incidentes naqueles que já fazem isso costumeiramente por já ter essa atitude
“cauterizada” como conceito de que não há problemas, nem éticos ou legais e quanto
a economia, esta é aplicada de forma individual, ou seja, se for mais barato para o
consumidor, consumir é melhor ainda. Isso acontece porque as pessoas não têm a
mentalidade de que o crime para uma ação de roubar um DVD numa loja é eticamente,
moralmente e economicamente igual do que comprar um DVD pirata, e no caso, a
menor culpa recai sobre a pirataria.
Deve-se, portanto, reconstruir o pensamento ético na sociedade de consumo.
Refletir que condutas “rotineiras” de consumo implicam em um cadeia de decisões e
posicionamentos não-éticos. Ainda que a conduta final seja “simplista”, do consumo
imediato, a decisão ofende o coletivo, e deve ser evitada. Uma sociedade pode exigir
honestidade e ética de sua classe política, justamente quando não consegue atuar de
maneira ética no consumo?
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
A partir deste estudo foi possível entender que tais relações de consumo têm
grande importância na vida em sociedade, pois estas diretamente regulam o
relacionamento das pessoas.
Atualmente tais relações são pautadas no entendimento que se deve agir de
acordo com aquilo que é melhor para o indivíduo excluindo a possibilidade de pensar
naquele que serão afetados por tais praticas. As decisões de consumir são inseridas
na sociedade por meio de um forte marketing onde as pessoas, por diversas vezes,
consomem produtos deixando de lado a ética e sem se preocupar com os reflexos
dessas atitudes que são sempre pautadas no “eu” e nunca na relevância que esta terá
na sociedade.
1094
Neste contexto vemos que o imperativo categórico apresentado por Kant não
existe, pois os atos não são mais baseados na aplicação daquilo que é melhor para a
sociedade toda, vemos apenas o consumismo advindo da vontade que escraviza o
homem na busca incessante pelo ter. A ética nos dias atuais se encontra relativizada
na sociedade, ela é tratada de forma subjetiva e ilíquida como fundamento por
Bauman, desta forma os atos da vida em sociedade são egoístas. As pessoas são
inseridas em uma cultura que a moral e a ética, por serem questionáveis, estão
sempre sendo niveladas por baixo, ou seja, já que não existe um padrão ético moral
para regular a sociedade e o homem faz aquilo que beneficia apenas ele.
Diante disso a figura da pirataria digital é apresentada como um fato que mostra
como o comportamento consumista sobrepõe qualquer ética ou moral. A internet
mesmo sendo um marco positivo, mostra a sua face negativa por possibilitar a o
aumento relevante no que tange a pirataria. O fato de existir a possibilidade de fazer
parte de atos ilícitos de pirataria sem que ninguém saiba ou precisa sair de dentro da
sua casa, aumenta consideravelmente esta pratica que no final acaba por afetar a
economia e principalmente a ética social, pois ao praticar tais atos, terceiros são
prejudicados diante de atos que os consumidores já não se preocupam mais se estes
são certos e errados por se tratar de uma pratica “comum”.
A relativização da ética na sociedade de consumo embora tenha grande
relevância para regular a vida social, tem pouca atenção e estudo. Isso acontece por
que, estudar formas de combater a pirataria, implica diretamente em uma renuncia
pessoal para que o próximo seja valorizado e o “eu priorizado” seja colocado abaixo
do outro. Essa situação torna o individualismo desconfortável já que isso implicaria
em renúncia pessoal, porém cabe salientar que tal desconforto acontece devido a uma
cultura que sugere o individualismo como forma de vida.
Sendo assim, embora possa parecer difícil lutar contra essa cultura, é nítido
que valores que foram deixados no passado podem ser alcançados se as condutas
descritas, embora “legalizadas pela sociedade”, forem combatidas fundamentadas
pelo principio da ética. Pode parecer distante, mas diante da situação atual, é valido
“financiarmos” um futuro social melhor.
REFERÊNCIAS
Grupo de trabalho:
PROCESSO CIVIL
Trabalhos publicados:
Resumo: O estudo a seguir tem como tema central a compreensão da exceção dos
créditos alimentícios frente impenhorabilidade do bem de família à luz da Constituição
Federal e da jurisprudência que o Superior Tribunal de Justiça tem pacificado no
decorrer dos anos, julgados estes prolatados após a promulgação da lei que trata da
impenhorabilidade. A pesquisa busca uma compreensão da exceção e da
impenhorabilidade pelo confronto direto aos princípios constitucionais por uma análise
histórica jurisprudencial, e para tanto apresenta um estudo da exceção à
impenhorabilidade, sob a ótica do direito de família e direitos fundamentais, com
observância a princípios constitucionais que permeiam as relações alimentícias e o
bem de família.
Palavras-chave: Impenhorabilidade; Bem de família; Alimentos.
Abstract: The main subject of this study is the understanding of the exception of
alimony in the light of the Federal Constitution and the jurisprudence that the Superior
Court of Justice has pacified over the years, which are considered to have been
proclaimed after the enactment of the law which deals with unattachable. The research
seeks an understanding of the exception and unnattachable by the direct confrontation
to the constitutional principles by a historical analysis jurisprudencial, and for this it
presents a study of the exception to the unattachable, from the point of view of the right
of family and fundamental rights, observing to constitutional principles that they
permeate the alimentary relations and the family property.
Keywords: Unattachable; Family property; Alimony.
INTRODUÇÃO
O bem de família, como instituto garantista1, tem suas raízes nos princípios
constitucionais de nossa República. Através da Lei do Bem de Família, o Estado
exerce a proteção do mínimo existencial, como efetivação da Dignidade da Pessoa
Humana, atuando na lei processual mediante a limitação da execução, protegendo a
moradia do devedor contra a utilização de medidas que o onerem em demasia, a ponto
de que os direitos fundamentais básicos sejam afetados.
Neste contexto, a Lei nº 8.009/1990 apresenta uma das grandes ressalvas
legais no âmbito Executivo, estabelecendo um limite ao credor, caso venha deparar-
se com um único imóvel residencial de propriedade do exequente, e que nele resida
com sua família: este bem estará recoberto de impenhorabilidade legal, ou também
chamada de obrigatória.
Entretanto, a impenhorabilidade não é absoluta, e há de ceder, caso estejam
presentes circunstâncias que autorizam a constrição do bem, conforme preconiza o
art. 3º da respectiva Lei específica ao bem de família. Dentre essas circunstâncias,
1
O garantismo se dá quando o Estado assumindo um papel ativo, eminentemente intervencionista e assistencialista,
comprometendo-se em proporcionar proteção integral e efetiva à dignidade da pessoa humana, colocando o homem como centro,
sujeito, objeto, fundamento e fim de toda atividade pública (SLAIBI FILHO, 2009. p.128).
1098
2
Art. 226. A família, base da sociedade, tem especial proteção do Estado. [...] § 3º Para efeito da proteção do Estado, é
reconhecida a união estável entre o homem e a mulher como entidade familiar, devendo a lei facilitar sua conversão em
casamento. § 4º Entende-se, também, como entidade familiar a comunidade formada por qualquer dos pais e seus descendentes.
3
Art. 6º São direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, o trabalho, a moradia, o transporte, o lazer, a segurança, a
previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos desamparados, na forma desta Constituição.
4
Art. 3º A impenhorabilidade é oponível em qualquer processo de execução civil, fiscal, previdenciária, trabalhista ou de outra
natureza, salvo se movido: II - pelo titular do crédito decorrente do financiamento destinado à construção ou à aquisição do
imóvel, no limite dos créditos e acréscimos constituídos em função do respectivo contrato; III – pelo credor da pensão alimentícia,
resguardados os direitos, sobre o bem, do seu coproprietário que, com o devedor, integre união estável ou conjugal, observadas
as hipóteses em que ambos responderão pela dívida; IV - para cobrança de impostos, predial ou territorial, taxas e contribuições
devidas em função do imóvel familiar; V - para execução de hipoteca sobre o imóvel oferecido como garantia real pelo casal ou
pela entidade familiar; VI - por ter sido adquirido com produto de crime ou para execução de sentença penal condenatória a
ressarcimento, indenização ou perdimento de bens. VII - por obrigação decorrente de fiança concedida em contrato de locação.
1100
5
LXVII - não haverá prisão civil por dívida, salvo a do responsável pelo inadimplemento voluntário e inescusável de obrigação
alimentícia e a do depositário infiel;
6
Art. 528. No cumprimento de sentença que condene ao pagamento de prestação alimentícia ou de decisão interlocutória que
fixe alimentos, o juiz, a requerimento do exequente, mandará intimar o executado pessoalmente para, em 3 (três) dias, pagar o
débito, provar que o fez ou justificar a impossibilidade de efetuá-lo. [...] § 3o Se o executado não pagar ou se a justificativa
apresentada não for aceita, o juiz, além de mandar protestar o pronunciamento judicial na forma do § 1o, decretar-lhe-á a prisão
pelo prazo de 1 (um) a 3 (três) meses.
1101
CONCLUSÃO
Muito se ouve de que “a lei é mais lenta que a sociedade”. Nas palavras de
Sérgio Cavalieri Filho (2002. p.63) “Adequar o Direito à Justiça é obra perene do
operador do direito, por melhor que seja a lei.”. O direito empírico segue largos passos
à frente do direito positivo, tocando na necessidade constante de revisão dos
entendimentos e da própria legislação.
Exemplo disto, a Lei nº 8.009, que trata da impenhorabilidade do bem de
família, foi promulgada em 1990, ou seja, há dezesseis anos antes da Súmula 309 e
há cinco anos antes do julgamento do REsp 57579, ambos do STJ. Logo, a questão
subjacente da existência de dois tipos de débitos não possuía notoriedade para
influenciar o legislador na época de promulgação.
Isto nos revela a necessidade de uma reavaliação dos efeitos do art. 3º, III da
Lei do Bem de Família sobre os créditos alimentícios pretéritos, considerando que, no
decorrer dos anos em que a Lei encontra-se vigente, houve modificações radicais no
direito de família, colocando em xeque a excepcionalidade da lei aos débitos
desprovidos de urgência.
O debate aqui proposto já suscitou posicionamento do Superior Tribunal de
Justiça, conforme Agravo em Recurso Especial nº 342.262, de Relatoria do Ministro
1103
Marco Buzzi. O recurso não prosperou, não havendo assim análise do mérito e
estando longe de se firmar algum entendimento.
Contudo, nas palavras do Ministro, não há, ao menos neste momento, a certeza
de que a “a impenhorabilidade prevista na Lei 8009/90 não se opõe à dívida
alimentícia e que o transcurso de tempo (que, registre-se, o recorrente não especificou
de quanto é) não possui o condão, a princípio, de transmutar sua natureza.”(grifo
nosso)
Necessita-se, portanto, que haja o enfrentamento do tema para a
compreensão quanto a aplicabilidade da exceção à impenhorabilidade aos casos cujo
crédito de alimentício esteja desprovido de urgência e atualidade, conforme os novos
entendimentos adotados pela jurisprudência, posteriores à promulgação da lei do bem
de família. Ademais, importa dizer que a interpretação, antes apenas jurisprudencial
e doutrinária, recebeu guarida no CPC/2015, o que importa em uma nova
interpretação do art. 3º, III da Lei do Bem de Família.
Por fim, resta salientar que a discussão pauta-se pelo confronto de direitos
sociais que estão coligados por uma mesma espinha dorsal: a dignidade da pessoa
humana. Portanto, com o afastamento da natureza de urgência da verba alimentícia
pretérita, a proteção ao direito de moradia do alimentante sobrepõe-se a verba de
natureza indenizatória, importando em mantença da impenhorabilidade e respeito
constitucional à moradia do devedor.
REFERÊNCIAS
do. Ministro Nilson Naves. Terceira Turma, julgado em 12 de junho de 1995, publicado
em 18 de setembro de 1995, p. 29959)
BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. Agravo em Recurso Especial. AREsp
nº342.262. Relator Ministro Marco Buzzi. julgado em 25 de fevereiro de 2014,
publicado em 27 de fevereiro de 2014.
BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. Agravo em Recurso Especial. Civil.
Processual civil. Habeas corpus. Prisão civil por alimentos. Imposição acima do
máximo legal. Impossibilidade. HC nº347.560. Relator Ministra Nancy Andrighi.
Terceira Turma. julgado em 26 de junho de 2018, publicado em 29 de junho de 2018.
CALMON, Rafael. Direito das famílias e processo civil: interação, técnicas e
procedimentos sob o enfoque do Novo CPC. – São Paulo: Saraiva, 2017.
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Acesso em 22.09.2018.
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Saraiva, 2010.
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- de acordo com a Lei n. 12.874/2013. 11. ed.São Paulo: Saraiva, 2014.
LOURENÇO, Haroldo. Processo Civil: Sistematizado. 4. ed. rev., atual. e ampl. Rio
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MADALENO, Rolf. Curso de direito de família. 6. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2015.
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princípio da dignidade da pessoa humana. Revista Di@logus - Volume 3 - nº 1.
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<http://revistaeletronica.unicruz.edu.br/index.php/Revista/issue/archive> Acesso em
21 de setembro de 2018 as 15:00hs.
MONTEIRO, Washington de Barros. Curso de direito civil, v. 2: direito de família.
39ª ed. por Regina Beatriz Tavares da Silva, de acordo com o novo Código Civil (Lei
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VENOSA, Sílvio de Salvo. Direito civil: direito de família 14. ed. São Paulo: Atlas,
2014.
1105
Michelle Melo
Liandro Faro
Abstract: This article deals with the regulation of possessory actions involving land
conflicts, especially regarding the performance of Agrarian Wand of the State of Pará.
The central objective is to make a approach of the socioeconomic reality that is in the
State of Pará, which shows a sad reality marked by the latifundia dynamics and deep
violence in the countryside, resulting mainly from conflicts involving land. That kind of
violence is legitimized by the State through the implementation of policies that
overestimate capital, ignoring the reality of the small peasant. Another legitimating
factor consists in the privatist interpretation that is given to the procedural norms that
regulate the possessory actions. A different interpretation of Article 561 of the Code of
Civil Procedure is being proposed here, which propose to considered that involving
land conflicts should consider agrarian ownership instead of civil possession.
Keywords: Possessory action. Land conflict. Agrarian Wand. State of Pará.
1. INTRODUÇÃO
poder exercido por quem não o é. Destarte, rejeita-se veemente a premissa de que a
posse é absorvida pelo direito de propriedade.
O referido autor discorre, ainda, que tanto a posse como a propriedade
desempenham funções, sendo a principal delas a satisfação dos interesses de seu
titular (2013, p. 12569). Em relação aos bens imóveis, especificamente, sustenta que
possui funções para além daquelas voltadas ao interesse do titular, mas que se
projetam em benefício à sociedade como um todo (função econômica, ambiental,
laboral e humano-social). Ao conjunto dessas várias funções denominou “função
social”.
A função social da propriedade rural tem suas diretrizes estabelecidas no artigo
186 da Constituição da República, que exige o aproveitamento racional e adequado
do solo, utilização dos recursos naturais de maneira sustentável, observância das
normas trabalhistas e do bem-estar dos trabalhadores.
Em se tratando de posse agrária, tem-se que esta seria o elemento legitimador
da propriedade, com efeito, o direito de propriedade somente deve ser reconhecido
através do cumprimento de sua função social, caracterizado pela posse agrária. Essa
percepção permite “excluir o domínio estéril do meio social” e atende aos interesses
das classes sociais excluídas do acesso à terra (ROCHA; TRECCANI; et al., 2010, p.
71).
No âmbito do direito agrário, o trabalho sobre a terra é o fator que legitima a
posse, e não a propriedade (ROCHA; TRECCANI; et al., 2010, p. 76). Isto é, a posse
é verificada pela produtividade. É pelo exercício da posse agrária, por sua vez, que se
cumpre com a função social, sendo esta o fator que legitima o direito de propriedade.
É preciso, portanto, abandonar a concepção civilista de posse, centrada no
exercício do direito de propriedade, e dar ênfase à posse agrária, em respeito ao
direito social de moradia, cultura e trabalho (ROCHA; TRECCANI; et al., 2010, p. 79).
É possível conceber que a posse agrária, desse modo, é qualificada pela sua
destinação produtiva e projeção social.
O Código de Processo Civil regula nos artigos 560 e seguintes o trâmite das
ações possessórias. O artigo 561 exige ao autor o ônus de instruir a exordial com os
requisitos probatórios elencados em seus incisos, sendo o primeiro deles o dever de
provar a posse. Questiona-se: tipo de posse o Código de Processo Civil se refere?
Em uma análise perfunctória, seria uma posse meramente civilista.
Importante observar que existe uma hipótese de reprodução de certos padrões
judicias entre categorias de litigantes que frequentemente se enfrentam na justiça, o
que possibilita a pensar que certos atores talvez possuam maior confiança no sistema
de justiça para a defesa dos seus interesses (SANTOS, 2009).
Geralmente as ações do poder judiciário pendem a manutenção da “ordem” e
não resolvem algo que, a princípio, não é da sua função (...) e acirram a tragédia social
causada pela concentração de terra” (MITIDIERO, 2008, p.389). “O Judiciário tem sido
largamente utilizado pelos donos de terras para bloquear situações ou para
encaminhá-las de acordo com suas conveniências” (BENATTI, 2006, p.41). Em sendo
assim, os modelos institucionais criados são o reflexo da necessidade de se manter a
estrutura vigente, sem provocar rupturas sociais capazes de reverter à lógica
hegemônica, abrindo espaço para um diálogo intercultural.
1109
Para Eduardo Cambi e Eduardo Galduróz (2015, p. 3), por outro lado, o direito
deve ser instrumento para promover mudanças na realidade, de modo a combater as
injustiças. Isto é, o direito não pode ser utilizado meramente como ferramenta de
manutenção da ordem social estabelecida, levando em consideração que esta é
marcada por grandes desigualdades, caso contrário, estar-se-ia garantindo apenas as
prerrogativas das classes mais favorecidas, em detrimento das menos favorecidas.
Viu-se que a zona rural é marcada por intensos e violentos conflitos, resultantes
de uma ordem social em que predomina a dinâmica da dominação de classes.
Destarte, ao considerar que o Código de Processo Civil se refere apenas à posse
comum, ignora-se que, nas ações possessórias envolvendo conflitos fundiários, está
em jogo a posse qualificada, produtiva, que cumpre com a função social.
Assim, propõe-se aqui uma interpretação extensiva do artigo 561, inciso I, do
CPC, de modo que, nas ações possessórias em conflitos agrários, leia-se posse
agrária e não somente posse. Isto é, ao ingressar com a ação possessória, o autor
deve comprovar que exerce posse agrária, cumprindo com sua finalidade produtiva e
todos os seus fundamentos, sobretudo no que diz respeito à função social.
Impende destacar que o processo civil sempre andará conjuntamente com uma
finalidade material. O direito processual civil, com o advento do CPC de 2015, sofreu
uma mudança paradigmática, em que se deixou de lado a preocupação direcionada
ao trâmite processual em si e voltou-se os olhos àqueles que afirmam seus direitos
em juízo. Somente com esta visão é possível cumprir com a finalidade última do
processo civil, que é precisamente servir de instrumento ao acesso à justiça.
Humberto Theodoro Júnior (2016, p. 89) afirma que a lei não se limita ao texto
escrito pelo legislador. Antes de ser aplicada, a norma jurídica terá de ser interpretada,
de modo que deverá ser perquirido o sentido compatível com o sistema normativo que
a lei se insere, terá de ser considerado o fim desejado pelo legislador e terá de ser
analisado o modo pelo qual essa norma abstrata incidirá ao caso concreto. Durante
essa análise, ao juiz será incumbida a tarefa de complementar a norma criada pelo
legislador, o que resultará na “norma do caso concreto”, esta, por sua vez, terá as
características do caso sub iudice, sequer cogitadas pelo legislador. Segundo o
referido autor, é nessa conjuntura que se insere o artigo 8º do CPC, que determina
atenção aos fins sociais e ao bem comum ao aplicar a norma.
Defende-se aqui que, ao exercer esse papel criativo que adequa a norma em
abstrato ao caso concreto, em se tratando de ação possessória em conflito fundiário,
cabe ao magistrado partir da perspectiva que o que se discute é a posse agrária, com
todos os seus fundamentos. Contudo, há de se destacar que não é assim que se
posiciona a jurisprudência dominante sobre a questão. O poder judiciário, de uma
forma geral, concede o mesmo tratamento à posse agrária e à posse civil, com
algumas exceções, como é o caso da atuação inovadora dos magistrados das Varas
Agrárias do Estado do Pará, como se passará a expor.
Nesse caso, verificou-se que o autor jamais exerceu posse direta sobre o
imóvel, vez que, quando o adquiriu, o mesmo já se encontrava ocupado pelos réus.
Com efeito, constatou-se que, além do direito de propriedade, o autor tinha tão
somente a posse indireta do bem, haja vista que a posse direta já havia sido perdida
pelo proprietário anterior e encontrava-se com os requeridos. Não tendo sido
demonstrada a posse agrária do imóvel, o pleito de reintegração de posse é ilegítimo,
razão pela qual a ação foi julgada improcedente e extinta com resolução de mérito.
Impende salientar que, infelizmente, a maioria das decisões das Varas Agrárias
do Pará que negam a tutela possessória por ausência de cumprimento da função
social é reformada em segunda instancia, pelo Tribunal de Justiça do Estado do Pará.
Isto porque, segundo o entendimento do juízo ad quem, o CPC jamais menciona a
função social como um requisito para ingressar com ação possessória, e, exigir outros
requisitos para além daqueles previstos no artigo 561 representaria um risco à
segurança jurídica e ao devido processo legal.
Aqui, discorda-se desse posicionamento, pois, como já afirmado, o processo
civil jamais se dissocia do direito material, sendo sua finalidade última o acesso à
justiça. Assim, tem-se que a aplicação das normas jurídicas deve assumir a feição que
melhor se adeque à realidade socioeconômica à qual se coloca, servindo de
instrumento transformador e garantidor dos direitos sociais e não de manutenção de
uma realidade privatista, que só perpetua as prerrogativas das classes mais
favorecidas.
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS
É possível constatar uma triste realidade no meio rural, no Brasil como um todo
e, especificamente, no Estado do Pará, marcado por profundas desigualdades
socioeconômicas, em que há uma grande concentração de terras nas mãos de
poucos, historicamente favorecidos, e o pior, tais terras muitas vezes são improdutivas
e/ou obtidas ilegalmente por meio da prática da grilagem.
Essa realidade é marcada ainda pela violência, exteriorizada pela pistolagem,
ou mesmo institucionalizada, por meio da implementação de políticas que ignoram a
realidade socioeconômica do camponês e vê a exploração da terra com fins de
subsistência como uma prática primitiva e ultrapassada. Essas políticas, ao
superestimarem o capital e a exploração da terra voltada para a agroexportação,
acaba perpetuando todas as formas de violência que se vê hoje no campo e
legitimando a dinâmica de dominação entre os detentores de capital e os posseiros
rurais.
Tais formas de violência ainda são acentuadas pelo judiciário ao conceder às
normas que regulam as ações possessórias uma interpretação puramente civilista,
ignorando que, no campo, deve-se levar em conta a posse agrária, que difere da
posse civil por ser qualificada pela produtividade e projeção social (função social).
As Varas Agrárias do Estado do Pará, dessa forma, vem inovando na
interpretação dos instrumentos normativos que regulam as ações possessórias, sob
a luz da finalidade social das normas processuais, em consonância com o artigo 8º do
CPC, e concedendo, dessa forma, acesso à justiça àqueles que são historicamente
marginalizados, rompendo com a institucionalização da violência no campo e
voltando-se à realidade do pequeno camponês, que tem a terra como provedora da
própria dignidade, à medida que exigem ao autor a demonstração não de posse civil,
mas posse agrária, com consequente cumprimento de sua função social.
1112
REFERÊNCIAS
Abstract: The present study deals with the Incident of Resolution of Repetitive Claims
(IRDR) a new procedure provided for in articles 976 to 987 of Law 13,105 of 2015. The
purpose is to present its main characteristics and to study within this procedure its
hypotheses of appropriateness, rules of legitimacy, competence, as well as the effects
deriving from its admissibility, the possible consequences and effects of the legal thesis
signed, to clarify the society if it is a procedure that achieves effectiveness and celerity
for the Judiciary. The research was carried out from the descriptive and explanatory
method, developed from bibliographical research and analysis of articles 976 to 987 of
the Code of Civil Procedure.
Keywords: Incident of Resolution of Repetitive Claims, procedure, judicial power.
INTRODUÇÃO
DESENVOLVIMENTO
Isso quer dizer que a tese jurídica adotada pelo órgão colegiado competente
incidira sobre todas as lides em andamento que foram suspensas e nas futuras
demandas que discutam a mesma controvérsia de direito suscitada no IRDR dentro
da área de jurisdição do respectivo tribunal. Este efeito atinge também as causas que
tramitem nos juizados especiais do respectivo Estado ou região. O efeito vinculante
possibilita até mesmo que o juiz julgue liminarmente improcedente os pedidos que
forem contrários ao entendimento firmado no Incidente de Resolução de Demandas
Repetitivas, nas causas que dispensem a fase instrutória de acordo com o inciso III
do artigo 332 do Código Processual Civil.
A tese jurídica fixada não é imutável, o dispositivo 986 da lei processual
possibilita a revisão da tese jurídica fixada através de ofício ou mediante requerimento
dos legitimados no inciso III do artigo 977 (Defensoria Pública ou Ministério Público).
A revisão será feita pelo mesmo tribunal julgador do incidente de modo que este,
2
BUENO, Cassio Scarpinella, Novo código de processo civil anotado / Cassio Scarpinella Bueno. – 3. Ed. – São Paulo:
Saraiva, 2017, pg. 901
1116
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAIS
Abstract: This summary aims to analyze the procedures laid down by the Statute of
children and adolescents relating to Adoption, to press for the best interest of the infant
and the right to family and community living. On the other hand the sponsor that wants
to have a baby and the other a child or teenager who yearns for parents, a family.
Highlights the need for entry in the national register of Adoption, if the coexistence
stage is the adopted minor and of a judicial process that tramitará before the Special
of childhood and youth after the sentence will result in the cancellation of the original
birth record, passing the child or teenager to have the name of their new parents in
your document.
Keywords: Child and adolescent; National Register of Adoption; Living stage.
INTRODUÇÃO
1. O PROCESSO DE ADOÇÃO
1119
1
Tradução livre: uma medida de proteção a criança e ao adolescente por meio da qual, sob a supervisão do Estado, se
estabelece de maneira irrevogável a relação paterno-filial entre pessoas que não a tem por natureza. Como resultado, o
adotado adquire a qualidade de filho do adotante e deixa de pertencer a sua família consanguínea.
1120
2
STJ. HC 404.545/CE, Rel. Ministro Ricardo Villas BôasCueva. Brasília, 29 de agosto de 2017. Ementa: HABEAS CORPUS.
DIREITO DE FAMÍLIA. GUARDA E ADOÇÃO. MENOR IMPÚBERE (10 MESES DE VIDA). CASAL HOMOAFETIVO. ENTREGA
PELA MÃE. ADOÇÃO. PROCEDIMENTO FORMAL INICIADO. ACOLHIMENTO INSTITUCIONAL. MEDIDA TERATOLÓGICA.
MELHOR INTERESSE DO MENOR. ORDEM CONCEDIDA DE OFÍCIO. 1. A potencial possibilidade de ocorrência de dano grave
e irreparável aos direitos da criança, ora paciente, que foi recolhida em abrigo após longo convívio com a família que o recebeu
como filho, impõe afastar de plano o óbice formal da Súmula nº 691/STF. 2. O menor, então com 17 (dezessete) dias de vida, foi
deixado espontaneamente pela genitora na porta dos interessados, fato descoberto após a conclusão de investigação particular.
3. A criança vem recebendo afeto e todos os cuidados necessários para seu bem-estar psíquico e físico desde então, havendo
interesse concreto na sua adoção formal, procedimento já iniciado, situação diversa daquela denominada adoção "à brasileira".
4. A observância do cadastro de adotantes não é absoluta porque deve ser sopesada com o princípio do melhor interesse da
criança, fundamento de todo o sistema de proteção ao menor. 5. Ordem concedida. (HC 404.545/CE, 3ª Turma do STJ, Rel.
Ministro Ricardo Villas BôasCueva. Julgado em: 22/08/2017, Publicado no DJe: 29/08/2017).
1121
CONCLUSÃO
A família hodierna baseada no afeto e com diversos arranjos, a cada dia ganha
mais espaço e importância na esfera jurídica.
A adoção nasce no desejo de se ter um filho e se inicia com a vontade das
partes em querer adotar uma criança ou adolescente.
Adotar é muito mais do que criar e educar uma criança que não possui a mesma
carga genética, é um ato legal e definitivo de tornar filho, alguém que foi concebido
por outras pessoas. Trata-se também do ato jurídico, que tem por finalidade criar entre
duas pessoas relações jurídicas idênticas às que resultam de uma filiação de sangue.
No entanto, poucas pessoas conhecem profundamente o processo adotivo, e
essa falta de informação acaba transformando procedimentos relativamente simples
numa maratona jurídica.
Por fim o Estatuto da Criança e do Adolescente que prima pelo melhor interesse
do infante, pelo direto a convivência familiar e comunitária, dispõe sobre os
procedimentos necessários e que devem ser seguidos para que o processo de adoção
atinja a finalidade pretendida, a felicidade e realização dos envolvidos.
REFERÊNCIAS
Abstract: This work aims to analyze the National Judicial Policy for the Adequate
Treatment of Conflicts of Interests within the Judiciary Power and its impacts in
the current Brazilian civil procedure system. It also seeks to reflect on the
adequacy of the public policy to the central justification of the Civil Procedure
Code, namely, the harmonization between the law and the constitutional
guarantees of the Democratic State of Law, as a focus on simplification, legal
security, encouragement of non-judicial methods of dispute resolution
such as conciliation and mediation, procedural income and the balance between
conservation and innovation.
Keywords: Judicial Policy, Adequate Treatment of Conflicts, Civil Procedure
Code
INTRODUÇÃO
CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS
Cristiano de Oliveira
Vanderlei Garcia Júnior
Abstract: The current study has an analytical character, aiming to investigate the
over-indebtedness populational, as well as the procedural instruments existing in
the Brazilian legal system, that allow the debtors a patrimonial rehabilitation.
Thereby, through an interpretation in the light of constitutional values and
procedural principles, it is sought to provide subsidies that allow the application
of institutes of "voluntary insolvency" and "civil concordata", regulated by arts.
748 to 786 of CPC / 1973 and maintained by art. 1.052 of CPC / 2015. For this,
the hypothetical-deductive method was used, based on bibliographic reviews. In
addition, the research proposes to give the maximum effectiveness of the norm
in art. 1,052 of CPC.
Keywords: Over-Indebtedness; Civil Bankruptcy; Procedure Law.
INTRODUÇÃO
O estudo sobre Insolvência civil é sempre uma tarefa difícil. Isso porque,
doutrinariamente, pouco se discute sobre o tema. Indiretamente, isso demonstra
o desprezo do ordenamento jurídico ao devedor em situação patrimonial crítica.
No Código de Processo Civil de 2015 (CPC/2015), é notório a repulsa ao
tema, visto que o legislador quando pôde adequar o procedimento de insolvência
adotado pelo Código de Processo Civil de 1973 (CPC/1973) aos anseios da
sociedade de consumo, diga-se, endividada, não o fez, limitou-se até edição de
lei especial, a manter no art. 1.052 do CPC/2015 o conteúdo normativo dos arts.
748 a 786 do CPC/1973.
Dessa forma, pode-se dizer que no tocante a insolvência civil, adotou-se
um texto antigo para um código novo.
1130
DESENVOLVIMENTO
1
O acesso ao relatório detalhado está disponível em: <https://www.spcbrasil.org.br/pesquisas/indice/5226>. Acesso em:
23 set. 2018.
1131
reorganização patrimonial. Para tanto, dispõe o art. 759, CPC/73 que “é lícito ao
devedor ou ao seu espólio, a todo tempo, requerer declaração de insolvência”.
Importa destacar, que que por essa via, o devedor impossibilitado de solver suas
obrigações sem comprometimento de seu mínimo existencial, terá de requerer
judicialmente sua insolvência.
A insolvência voluntária, destaca Edson Ubaldo traz algumas vantagens
ao devedor, visto que:
CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS
1134
Abstract: The purpose of this study is to analyze the current recursal system of
interlocutory decisions, foreseen in CPC / 15, and what their effects are in the
knowledge phase, with emphasis on the probative phase. Article 1015 of CPC /
15, composed of thirteen paragraphs and its single paragraph, includes in its role
the hypotheses of the admissibility of an instrument of grievance, considering the
majority doctrine and jurisprudence of numerical nature (numerus clausus). In
this sense, it can be seen that the only prediction, at the probative stage, of the
challenge is the case provided for in item XI of article 1015 dealing with the
dynamic distribution of the burden of proof. Based on this, it is proposed in this
study the increase in the use of the probate phase, under penalty of severe
restriction of the principle of ample defense, directly facing the due constitutional
process. The theory of the Constitutional Process, by Ronaldo Bretas, is used as
theoretical framework. The research is bibliographical, through the hypothetical
legal deductive method.
Key-words: Civil Procedure Law; interlocutory appeal; mitigation.
1 INTRODUÇÃO
conceito de sentença, ou seja, que não põe fim à fase cognitiva do procedimento
comum, bem como extingue a execução.
São esses, portanto, os três atos definidos na seção IV dos Atos
Processuais, referindo-se aos pronunciamentos do Juiz. Ponto interessante de
debate surge quando o CPC/15, diferentemente do CPC de 1973, altera as
hipóteses de cabimento do recurso do Agravo de Instrumento. A novidade,
agora, está na previsão de um rol (taxativo) descrevendo os casos em que será
possível a interposição do Agravo de Instrumento, definido no artigo 1015 do
CPC de 2015.
A primeira observação a ser feita está no fim do Agravo Retido, espécie
recursal que, na sistemática do CPC de 1973, alterado em 2005 pela Lei 11.187,
passou a ser regra. Em síntese, no caso de decisões interlocutórias desafiadoras
do agravo retido, ficava este exatamente “retido” nos autos e o seu debate se
dava quando do recurso de Apelação, como preliminar.
Ao Agravo de Instrumento restavam as hipóteses de urgência cuja
decisão interlocutória poderia causar, às partes, lesão grave ou de difícil
reparação, além do seu cabimento nos casos de inadmissão do recurso de
apelação ou sobre os efeitos em que esta (apelação) era recebida. Concluindo:
a regra era o agravo retido. Some-se a isso o fato de que, caso não fosse
identificada na interposição do Agravo de Instrumento a urgência alegada pelo
agravante, era este, o Agravo de Instrumento, convertido em Agravo Retido.
Notadamente na fase de conhecimento, quando da produção das provas,
podia-se dizer que a existência de um instrumento recursal imediato para atacar
decisões, como o agravo retido, favorecia sobremaneira o Princípio da
Oralidade. Além disso, a decisão interlocutória era objeto de debate imediato,
tornando a fase processual probatória mais dinâmica.
Todavia, na atualidade, o Agravo de Instrumento encontra-se restrito à
taxatividade do rol do artigo 1015 do CPC/15, fato que tem gerado debates tanto
na doutrina, quanto na jurisprudência, sobre a possibilidade da interpretação
extensiva ou até do uso do Mandado de Segurança, quando se averiguar nos
casos práticos a existência de ameaça a direito liquido e certo.
Com isso, no que tange às provas, busca-se destacar no presente
trabalho a limitação dada à fase probatória já que apenas é cabível a utilização
do Agravo de Instrumento para os casos em que o Magistrado distribui, de modo
dinâmico, o ônus da prova. Há que se destacar que inúmeros outros casos
podem surgir, dentre eles o possível indeferimento da produção de uma prova 1
1
Nesse sentido, vale destacar decisão do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro sobre o assunto, veja: AGRAVO DE
INSTRUMENTO. AÇÃO ANULATÓRIA. DECISÃO QUE INDEFERIU A PRODUÇÃO DE PROVA ORAL. A MATÉRIA
NÃO SE ENCONTRA NO ROL TAXATIVO DO ART. 1015 DO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL E PODERÁ SER
DEVIDAMENTE APRECIADA EM MOMENTO PROCESSUAL OPORTUNO. ART. 1009 §§ 1º E 2º DO CPC/15. O ART.
1015, III APENAS PERMITE O MANEJO DO AGRAVO DE INSTRUMENTO DE DECISÃO QUE VERSE SOBRE
REJEIÇÃO DE CONVENÇÃO DE ARBITRAGEM, NÃO SE PODENDO APLICAR ANALOGIA PARA PERMITIR SEU
USO, COM O FIM DE DISCUTIR SE APENAS INCOMPETÊNCIA, MORMENTE SE NÃO DECORRENTE DE
CONVENÇÃO DE ARBITRAGEM. PRECEDENTES DESSE E.TRIBUNAL DE JUSTIÇA. RECURSO NÃO CONHECIDO,
NA FORMA DO ART. 932, IIIDO CPC/15. AGRAVANTE:DINIZ CORREA AGRAVANTE: ESPÓLIO DE ALMERINDA
BARBOSA AGRAVADO: TELEMO BARBOSA CORREA MAIA AGRAVADO: MARIA MADALENA CORREA MAIA
AGRAVADO: ALCIDES RODRIGUES DA COSTA AGRAVADO: MARFISA RODRIGUESRELATORA:DES. INÊS
DA TRINDADE CHAVES DE MELO. Disponível em:
<http://www1.tjrj.jus.br/gedcacheweb/default.aspx?UZIP=1&GEDID=0004AFCC97847096D6EBF3200F91CB62F6FCC
5070B634D21&USER=> (acesso em 24 out. 2018)
1137
5 CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS
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prova devido à confusão entre os planos de admissibilidade e valorização do
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MACÊDO, Lucas Buril de; PEIXOTO, Ravi. A dinamização do ônus da prova
sob a ótica do novo Código de Processo Civil. In: Novas tendências do
1142
Abstract: The present work intends to analyze the draft Law No. 757 that is
processed in the Federal Senate under the perspective that, if approved, will
cause considerable retrocession to the rights guaranteed in the Convention on
the Rights of Persons with Disabilities, incorporated into the Brazilian system with
a quorum qualified by the Decree No. 6.949 / 09, which grants it a position of
equivalence to the constitutional amendments, according to article 5, paragraph
3, of the Federal Constitution of 1988, thus distorting the Brazilian Law of
Inclusion. The research is developed in the Research Group of Emerging Civil
Law, using the hypothetical-deductive and dialectical method, using
bibliographical and documentary studies on the subject.
Key-words: Desability. Bill n° 757 of the Federal Senate. Inclusion.
INTRODUÇÃO
pode ser utilizado apenas com relação a alguns atos da vida civil, como por
exemplo aqueles que dizem respeito ao patrimônio destas pessoas, sendo
plenamente possível que a pessoa com deficiência possa ser amparada com a
tomada de decisão apoiada para os demais atos da vida civil, como por exemplo
aqueles que dizem respeito a questões existenciais, como os direitos
reprodutivos e sexuais destas pessoas.
Assim, como dispõe a citada CDPD, se deve aproveitar, ao máximo, a
autonomia das pessoas com deficiência quanto ao discernimento que dispõe
para decidir acerca de algumas questões de sua vida civil, sendo, deste modo,
plenamente possível a coexistência entre a curatela e a tomada de decisão
apoiada (MENEZES, 2017, p. 153-154). Dentre as demais alterações propostas
pelo projeto de Lei nº 757/2015, ressalta-se a proposta de repristinação dos
artigos 1.768, 1.770, 1.771 e 1.773 do Código Civil, os acréscimos dos artigos
1.768-A, 1.768-B e 1.768-C e a alteração do artigo 85 do Estatuto da Pessoa
com Deficiência.
Tais alterações visam restaurar o antigo e ultrapassado instituto da
curatela, sendo um dos maiores riscos de retrocesso e, além disso, de uma
possível inconstitucionalidade, pois, com o completo retorno da curatela nos
termos que se propõe, anula-se por completo a autonomia e a autodeterminação
das pessoas com deficiência que passam a depender, exclusivamente, da
vontade de seus curadores/familiares (MENEZES, 2017, p. 154).
Verifica-se, de modo pontual, que há um risco aos direitos destas pessoas
quaisquer limitações em constituir uma família e a decisão acerca de suas
questões existenciais, sendo totalmente ao contrário do modelo idealizado pela
EPD, sob os princípios da CDPD, haja vista que a curatela passou a ser
entendida somente aos casos patrimoniais, não devendo ser estendida à esfera
personalíssima das pessoas com deficiência (MENEZES, 2017, p. 154 e 157).
Deste modo, verifica-se que não é possível que esta lei ordinária
modifique e apresente incompatibilidades com a norma constitucional, à
Convenção, pois a mesma não está sendo processada sob o quórum qualificado
do § 3º do artigo 5º da Constituição Federal, apresentando, portanto, vício
legislativo inconstitucional formal.
Além do mais, o presente projeto de lei visa diversas modificações que
são totalmente contrárias aos direitos fundamentais apresentados pela
Convenção dos Direitos das Pessoas com Deficiência, sendo, portanto,
inconstitucionais materialmente, pois são contrários e incompatíveis com o
conteúdo de suas disposições.
CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS
Grupo de trabalho:
PROCESSO PENAL
Trabalhos publicados:
1 INTRODUÇÃO
1
A verdade real que é utilizada atualmente no Processo Penal Brasileiro é influência do Sistema Inquisitorial, e tem como
fundamento que deve ser buscado dentro o processo a verdadeira realidade dos fatos, de forma que até mesmo juiz
pode ir atrás e produzir provas de ofício, em nome da busca da verdade real, para a formação do seu convencimento.
1156
2
Tem o intuito de coibir ou excessos provenientes das condutas estatais, por meio da verificação na adequação dos
meios com o fim que se pretende alcançar. É utilizado ainda, no casos em que há a colisão de princípios e direitos,
visando a maior aplicação de um, em menor detrimento de outro.
1157
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
Abstract: This essay sought to carry out a legal study of the unprecedented
"Denilson Case". The precedent brings with it a problem related to the possibility
of coexistence between sanctioning decisions handed down by indigenous
groups and those coming from state power. This issue was appreciated by the
judiciary at first and second instance, where the absence of the State right to
punish was recognized, but under different grounds. Through an empirical-
dialectical methodological analysis, the factual elements involved in the case and
the decisions made with the national criminal legislation and international treaties
were confronted, thus leading, at the end of the work, to criticisms and reflections
about the decisions and grounds given.
Key-words: Jus Puniendi; Indigenous Law; Jurisdiction.
INTRODUÇÃO
Mesmo que ainda raros no acervo dos diversos tribunais brasileiros, casos
envolvendo delitos cometidos por e em contexto de indígenas se mostram
inafastáveis no debate acadêmico, seja pelo peculiar tratamento dado pelas
legislações às sanções impostas pelas tribos nativas, seja pela inovação jurídica
trazida quando da deliberação judicial sobre os conflitos.
A problemática envolvendo casos de punição tribais por crimes cometidos
por indígenas e sua conformação com a clássica jurisdição estatal, tal como é o
Caso Denilson, cinge-se a perquirir sobre a coexistência ou sua impossibilidade
de duas sanções pelo mesmo fato: aquela oriunda do poder da tribo e aquela
proveniente do poder estatal.
De tal sorte, o Caso Denilson oferece substrato para uma análise das
legislações atinentes à temática, dos institutos jurídicos-penais incidentes em
1162
O CASO DENILSON
1
SANTIAGO, Rayandria Maria Carvalho. “Caso Denilson”: O Reconhecimento Estatal da Juridicidade da Punição
Tribal. Universidade do Federal de Roraima. Boa Vista/Roraima. 2016.
2
Originalmente do tupi tuwi’xawa, tuxaua é um substantivo do regionalismo brasileiro, cuja a datação nos dicionários é
de 1685. Em dicionários encontramos os seguintes significados para este termo: ‘capitão ou qualquer pessoa que tiver
mando’, ‘chefe temporal’, ‘indivíduo influente no lugar em que mora’, ‘indivíduo valentão’, ‘manda-chuva’. Mas sabemos
que antes de ganhar uma classificação simbólica na língua portuguesa, o termo tuxaua já era muito utilizado no Brasil.
Disponível em: http://culturadigital.br/tuxauaveridiananegrini/o-que-e-um-tuxaua/. Acesso em 04 de Outubro de 2018.
3
Art. 121. Matar alguém. § 2° Se o homicídio é cometido: I - mediante paga ou promessa de recompensa, ou por outro
motivo torpe; II - por motivo fútil; III - com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura ou outro meio insidioso ou
cruel, ou de que possa resultar perigo comum; IV - à traição, de emboscada, ou mediante dissimulação ou outro recurso
1163
que dificulte ou torne impossível a defesa do ofendido; V - para assegurar a execução, a ocultação, a impunidade ou
vantagem de outro crime:
4
Ação Penal nº 0090.10.000302-0
5
Vedação à dupla incriminação do réu, ensejando que ninguém possa ser processado ou condenado mais de uma vez
pelo mesmo fato.
6
Revista Consultor Jurídico. Estado não pode punir índio que já foi condenado por sua tribo, decido TJ-RR. 2016.
Disponível em: https://www.conjur.com.br/2016-fev-20/estado-nao-punir-indio-foi-condenado-tribo. Acesso em 05 de
Outubro de 2018.
7
Art. 57. Será tolerada a aplicação, pelos grupos tribais, de acordo com as instituições próprias, de sanções penais ou
disciplinares contra os seus membros, desde que não revistam caráter cruel ou infamante, proibida em qualquer caso a
pena de morte.
8
Artigo 9º. 1. Na medida em que isso for compatível com o sistema jurídico nacional e com os direitos humanos
internacionalmente reconhecidos, deverão ser respeitados os métodos aos quais os povos interessados recorrem
tradicionalmente para a repressão dos delitos cometidos pelos seus membros. 2. As autoridades e os tribunais solicitados
para se pronunciarem sobre questões penais deverão levar em conta os costumes dos povos mencionados a respeito
do assunto.
9
Direito Consuetudinário é aquele criado através dos costumes e tradições, não sendo gerado através de um processo
legislativo formal.
1164
10
Fazendeiro são condenados em MT por matar índio em disputa de terras. 2016. Disponível em:
http://g1.globo.com/mato-grosso/noticia/2017/04/fazendeiros-sao-condenados-em-mt-por-matar-indio-em-disputa-de-
terras.html. Acesso em 06 de Outubro de 2018.
11
Júri indígena absolve réu de tentativa de homicídio. 2015. Disponível em:
http://g1.globo.com/rr/roraima/noticia/2015/04/juri-indigena-absolve-reu-de-tentativa-de-homicidio-e-condena-outro-em-
rr.html. Acesso em 06 de Outubro de 2018.
12
fenômeno do direito tributário que ocorre quando dois entes cobram cada um dois tributos sobre o mesmo fato gerador.
1165
13
LIMA, Fernando Antônio Negreiros. Teoria Geral do Processo Judicial. 2ª ed. São Paulo: Atlas. 2015. Página 16-17.
14
BITTAR, Eduardo C. B; de ALMEIDA, Guilherme de Assis. Curso de Filosofia do Direito. 13ª ed. rev. atual e ampl.
São Paulo: Atlas. 2018. Capítulo 13 e 14.
15
ROCHA, José Manuel de Sacadura. Antropologia Jurídica: geral e do Brasil - para uma filosofia antropológica
do direito. 4ª ed. rev e atual. Rio de Janeiro: Forense. 2015. Página 28.
16
Ibid. Página 29.
1166
sociedade faz. Podemos afirmar assim que a sentença proferida possui um leve
equívoco em equiparar a organização daquela sociedade indígena com a
organização da sociedade brasileira. Observa-se que não estamos afirmando
que não possa existir um Estado indígena, ou estes não possam se reconhecer
como um Estado autônomo, ou como parte de nosso Estado, mas sim discutindo
sobre as possibilidades futuras e reflexos do precedente objeto deste resumo.
Posto isto, ainda é possível sustentar uma vedação ao “duplo jus puniendi” para
se declarar a ausência do direito de punir do Estado brasileiro? Essa pergunta
mais uma vez apresenta a resposta: depende.
Neste ponto precisamos realizar, por motivos exclusivamente didáticos,
uma divisão levemente polarizada. Do ponto de vista juspositivista, como foi
apresentado acima, a resposta é não, pois havendo o pressuposto que o Estado
é o único detentor do iuris dicere, tecnicamente sua existência precede a
existência da jurisdição. Porém de outro modo, por uma visão jusnaturalista,
devemos observar o caso sob uma lente contrária a um etnocentrismo-jurídico.
Não reconhecer que outra sociedade possa resolver seus conflitos de forma
diferente da nossa apenas por esta não possuir o conceito técnico de “jurisdição
penal” é, no mínimo, violar o seu direito à autodeterminação e capacidade de
auto resolução de conflitos. Assim, através de um resgate acadêmico da escola
jusnaturalista conclui-se que tal capacidade/poder indígena não
necessariamente seja chamada de “jurisdição”, mas que tal poder seja no
mínimo reconhecido como uma forma de resolução de conflitos alternativa
àquela apresentada pelo nosso Estado, e plenamente legítima para aqueles que
a utilizam.
Sob outra perspectiva, o posicionamento e fundamentação do Tribunal de
Justiça de Roraima, apesar de apresentar voto de conteúdo igual ao da
Sentença, rejeitou, em parte, a fundamentação do Juiz sentenciante e declarou
que a ausência do direito de punir estatal decorreria do princípio non bis in idem,
e não de uma vedação ao “Duplo Jus Puniendi”.
O Desembargador-Relator Mauro Campello em seu voto se posicionou
no sentido de que a violação ao brocardo Nemo debet bis vexari pro una et
eadem causa17, citado em sentença, não ensejar em um Duplo Jus Puniendi,
mas sim encontrar-se correspondido ao non bis in idem. O Relator sustenta que
este último implica que além da vedação à dupla punição do mesmo fato pelo
mesmo ente, mas como também a garantia processual penal ampla do indivíduo,
que este não pode ser punido duas vezes por um/pelo mesmo fato, qualquer que
seja o ente que o pune. Entretanto logo a seguir o Relator apresenta aparente
empatia pela fundamentação apresentada em sentença, argumentando que
percebe ser violado o princípio “non bis in idem” no presente caso, porém não
porque este seja refratário de novos institutos que possam ser reconhecidos na
casuística judicial, mas apenas porque, do ponto de vista do Relator, o “Duplo
Jus Puniendi” poderia “acender um debate paralelo acerca do conflito de
jurisdições, além de não suplantar adequadamente o argumento da acusação de
que se havia violado o princípio da inafastabilidade da jurisdição estatal. A certo
ponto o Relator denomina o princípio “non bis in idem” como a via menos
problemática.
17
Ninguém deve ser sancionado mais de uma vez por um mesmo fato.
1167
CONCLUSÃO
18
10.2. Dever-se-á dar preferência a tipos de punição outros que o encarceramento.
1168
REFERÊNCIAS
Abstract: This paper proposes to analyze the role of the victim in the traditional
criminal process, opposing a new model of justice, called restorative justice that
represents a transformation of the current punitive system of punishment, due to
its principles based on respectful listening, empowerment of the victim and
reparation of the damage. As a problem, one has: How does restorative justice
innovate the traditional penal system regarding the role of the victim in the
process? In this way, the main objective is to identify the possibilities of
participation of the victim in the criminal process and in the restorative model.
Through the hermeneutic method based on the bibliographic review on
restorative practices, the use of restorative justice will be shown during the
research as a process of dialogue between the parties - offender, victim and
community - to repair the damage caused by the infraction and if possible, restore
the relationship between the parties and, most important, the active participation
of the victim.
Key words: Restorative Justice; Victimology; Criminal Process
INTRODUÇÃO
DESENVOLVIMENTO
CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS
Resumo: O estudo tem por objetivo analisar os critérios utilizados pelo Tribunal
de Justiça do Estado de São Paulo para a verificação da dilação indevida da
prisão preventiva. Questiona-se se a jurisprudência do Tribunal de Justiça do
Estado de São Paulo se utiliza dos critérios apontados pela doutrina. O método
utilizado na pesquisa foi o hipotético-dedutivo, desenvolvido com base em
pesquisa bibliográfica, principalmente doutrinas, e na pesquisa de
jurisprudência. Conclui-se que, embora a doutrina pátria aponte os critérios para
a verificação da dilação indevida da prisão preventiva, com vistas a se garantir o
direito à razoável duração do processo, o Tribunal de Justiça do Estado de São
Paulo não os adota em todas as suas decisões, bem como adota conceitos
vagos que permitem o decisionismo judicial.
Palavras-chave: Razoável duração do processo. Processo Penal. Prisão
preventiva. Critérios. Dilação indevida.
Abstract: The purpose of this study is to analyze the criteria used by the Court
of Justice of the State of São Paulo to verify the undue delay of preventive
custody. It’s questioned whether the jurisprudence of the Court of Justice of the
State of São Paulo uses the criteria pointed out by the doctrine. The method used
in the research was hypothetico-deductive, developed based on bibliographical
research, mainly doctrines, and in the research of jurisprudence. It’s concluded
that, although the national doctrine points out the criteria for verifying the undue
delay of preventive detention, in order to guarantee the right to the reasonable
length of the proceedings, the Court of Justice of the State of São Paulo doesn’t
adopt them in all its decisions, as well as adopts vague concepts that allow
judicial decision making.
Keywords: Reasonable length of process. Criminal proceedings. Pre-trial
detention. Criteria. Undue delay.
INTRODUÇÃO
DESENVOLVIMENTO
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
Abstract: This project has succinctly sought to demonstrate the motive of some
pedophiles being perpetrators of sexual crimes, explaining clearly and concisely
what is pedophilia and the different perspectives on the application of chemical
castration, a method that consists of a way of depriving the patient of sexual
impulses, through hormonal drugs, as a punitive way for those who commit
sexual crimes. This presenting the main ideas against the application of the
system and the main aspects favorable to legislative change, using the dialectical
method, using the facts to a social context, where opinions diverge, thus giving
rise to new questions that require efficient solutions and appropriate to this
problem.
Keywords: Pedophilia and chemical castration.
INTRODUÇÃO
I. PEDOFILIA
V. CONCLUSÃO
VI. REFERÊNCIAS
Abstract: The collection of testimony during a criminal prosecution still is, today,
one of the most used tools for elucidating authorship and materiality of crimes
against sexual dignity. The present work seeks to observe the effects of
dissociative disorders on memory and, consequently, on testimony in court;
seeks to explore, from the point of view of victimology, the possible alternatives
capable of assisting in the extraction of fragments retained in the memory of
victims affected by such psychological conditioning, triggered as a defense
mechanism against experiences of physical or emotional suffering. It will be
verified that this summary proposes an interdisciplinary approach between
Criminology, Legal Psychology and Criminal Procedural Law, analyzing
questions related to the memorial integrity of the victim and the main challenges
to be overcome in testimony and criminal procedure.
Keywords: Psychology of Eyewitness Testimony; Criminal Procedural Law;
Victimology.
INTRODUÇÃO
tormento, a angústia, o medo sentido ao ter sua segurança posta em risco. Não
chega a ser um equívoco pensar de tal forma. Entretanto, não pode se afirmar
que se trata de uma regra; todo indivíduo, todo sistema cognitivo, seguramente,
reage de forma diferente frente a um estímulo.
Não há como iniciar a abordagem deste resumo sem antes repisar a
crucial importância dos estudos empreendidos pelas ciências biológicas, em
especial à neurociência, quanto a tema, sem os quais não poderíamos,
primeiramente, conceituar “memória”.
Podemos afirmar, graças a esses estudos, que a memória é resultado de
um processo que envolve estímulos tanto endógenos quanto exógenos,
associando aspectos biológicos e empíricos, capazes de originar uma ordem de
resgate consistente na “construção de uma imagem mental” (ALTOÉ; ÁVILA,
2017, p.258). Os autores, sobre o tema, trazem lição
de Iván Antonio Izquierdo, Jociane de Carvalho Myskiw, Fernando Benetti e
Cristiane Regina Guerino Furini (2013, p.12):
Todas as memórias são associativas: se adquirem através da ligação
entre um grupo de estímulos (um livro, uma sala de aula) e outro grupo de
estímulos (o material lido, aquilo que se aprende; algo que causa prazer ou
penúria). O do segundo grupo, que é de maiores consequências biológicas,
chama-se estímulo condicionado ou reforço. Em algumas formas de
aprendizado, associa-se um grupo de estímulos com a ausência do outro ou de
qualquer outro.
Tão intrigante e enigmático quanto o processo de composição de uma
memória, é o que resulta no esquecimento dela. Gustavo Noronha Ávila e Rafael
Altoé (2017, p.259) asseveram:
De maneira ainda não elucidada, mas certo que de forma inata (alheia aos
controles racionais), o ser humano tem a aptidão natural de bloquear
determinados eventos traumáticos em certas ocasiões, permitindo que sejam
acessados apenas em raras oportunidades, ou por vezes sejam completamente
bloqueados.
Atualmente, o Processo Penal brasileiro padece de certa deficiência com
relação ao tratamento oferecido a vítimas durante a oitiva, olvidando-se que,
além de estar à mercê da morosidade, a memória do entrevistado sofre
significativas alterações e distorções cada vez que encorajado a reviver certas
lembranças.
É com base nesses estudos que podemos ponderar que não há que se
falar em colhimento de testemunho sem considerar os impactos que os eventos
relatados causaram na psiqué da vítima, especialmente em se tratando de
crimes contra sua dignidade sexual. Não é incomum que pessoas submetidas a
abusos sexuais, especialmente crianças, passem a criar válvulas de escape
psíquicas que bloqueiam funções cognitivas e desencadeiam distúrbios
relacionados à consciência, memória, identidade ou percepção do ambiente.
Desta feita, o presente trabalho busca conceituar, em especial, duas das
principais consequências desses transtornos, nomeadamente a amnésia
dissociativa e a memória ilusória, comumente conhecia como “falsa
memória”. Contará, para tanto, com o auxílio da Criminologia, enquanto ciência
empírica cujos objetos de estudo são também a vítima e o comportamento
social, para além do crime e do criminoso.
1191
1. MEMÓRIA
Aury Lopez Jr. e Cristina Carla Di Gesu (2007, p.103) prelecionam que os
estudos relacionados ao fenômeno da memória ilusória são bastante recentes,
remontando ao início do Século XX. Os primeiros experimentos foram realizados
em crianças, por BINET, em 1900, na França, e com STERN, em 1910, na
Alemanha. Somente em 1932, foram feitos os primeiros testes em adultos.
Trata-se de uma condição extremamente comum, consistente na
“inserção” de uma falsa informação que passa a compor a memória que precisa
ser resgatada. Pode acontecer corriqueiramente, durante uma conversa, ao ler
uma reportagem de um evento que a própria pessoa vivenciou, ou,
especialmente, durante um interrogatório.
A pessoa interrogada, dependendo das perguntas feitas e o modo como
são apresentadas, pode facilmente ser levada a alterar sua própria memória,
tanto inconsciente, como espontaneamente, por meio de sugestões que se
entranham na mente do interrogado como resultado do processo normal de
compreensão.
2. VITIMOLOGIA
2.1. A VÍTIMA
Com bem coloca Aury Lopez Jr. e Cristina Carla Di Gesu (2007), “não há
soluções simples para problemas complexos”. Certamente, lidar com traumas
1194
CONSIDERAÇÕES FINAIS
que não pode tão facilmente descartar outras ciências sociais. As partes
envolvidas no processo penal não podem simplesmente ser consideradas como
objetos de um liame jurídico, indiferentes ao tratamento oferecido, tanto pelos
agentes da administração como pelos atores da ação penal. Hão de ser
considerados integralmente quanto a sua humanidade, como seres detentores
de suas particularidades que precisam ser apreciadas pelos profissionais
capacitados para tanto.
Desta feita, faz-se necessário recorrer à humanização do processo penal,
sobretudo no que diz respeito ao interrogatório da vítima. A carência
de profissionais qualificados é evidente, em especial no que diz respeito
a perguntas que não prestem um desserviço à integridade emocional de vítimas
acometidas de amnésia dissociativa, ao mesmo tempo em que não incitem a
produção de memórias falsas, demasiadamente prejudiciais à lisura e à
segurança jurídica da persecução penal.
REFERÊNCIAS
Abstract: The research talk about the application of restorative justice to cases
of spousal abuse. The first chapter deals with historical and cultural aspects
about violence against women and the rising data of report and cases of
feminicide, that should reduce with the advento f Maria da Penha Legislation, in
this way we intends to prove that resolution of gender violence is not restricted to
the law for many aspects psychodynamic in reference of relationship between
man and woman, with approach on spousal relationship. In the section we talk
about restorative justice that by means of the dialogue aim mitigate the conflict
spawn if these parts agree awareness, empathy and understanding about what
happened. The last section we talk about the ausence of differentiated
intervention for domestic violence and against women, taking into account the
ineffectiveness of the treatment provided in the criminal justice field which entails
the victims' dissatisfaction with the system, thus analyzing the restorative
practices as a means of resolving violence against the woman in whom
arguments and positions favorable to this method are found. Therefore, it is
concluded that there is space in Brazil to implement it.
Keywords: Spousal Abuse; Restorative Justice; Gender.
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1. INTRODUÇÃO
CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS