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O SURGIMENTO DA SOCIOLOGIA: cenário de seu surgimento

A sociologia propriamente dita é fruto da Revolução Industrial, e nesse sentido é chamada de "ciência da crise" - crise
que essa revolução gerou em toda a sociedade europeia. A história da civilização ocidental talvez não tenha enfrentado
período tão conturbado quanto aquele compreendido entre o fim do regime feudal europeu e o nascimento do
capitalismo. Período este que se arrasta do século XVI ao XVIII. Conturbado não apenas no sentido de conflitos
bélicos1[1]. Mas, principalmente, em relação às mudanças radicais nos aspectos econômicos, políticos e sociais.
Mudanças que ao interferir na forma como a sociedade produz e distribui suas riquezas e na forma como passam a ser
geridos os governos – e que por isso vão interferir também na forma como homens e mulheres se relacionam em seu
cotidiano – criam uma nova visão de mundo tanto em relação a expectativas individuais e coletivas quanto em relação à
compreensão dessa nova sociedade. Mudam-se hábitos e pensamentos. Muda-se a forma de agir e de como ver e
compreender o mundo.
A economia eminentemente agrária e de comércio dá lugar à produção industrial de larga escala. O poder política muda
não apenas de mãos – da nobreza para a nova classe, a burguesia – como também de forma – do regime monárquico ou
similar, baseado na hereditariedade, para um regime de representação, a democracia. No Séc. XVI desenvolve-se o
movimento que ficou conhecido por “Reforma Protestante”, propiciando tendência comportamental que contribuiu de
modo significativo para a valorização do conhecimento racional. Com essa nova maneira de se relacionar com as coisas
sagradas, a sociedade da época passou a analisar o universo de outra forma. Com isso a razão passa a ser soberana e é
colocada como elemento essencial para se conhecer o mundo. A visão mítica e mágica do mundo foi substituída aos
poucos pelo que foi chamado de razão – o homem assume seu papel como protagonista da história e o desenvolvimento
tecnológico e científico torna-se meta da sociedade.
A solidariedade comunitária dos servos camponeses do sistema feudal perde-se em meio às novas necessidades da massa
das cidades, que apesar de ocupar um mesmo espaço geográfico se individualiza e se fragmenta – agora é cada um por si
na batalha por uma vaga em uma indústria ou mineradora e na luta pela garantia da sobrevivência de seu núcleo familiar.
O avanço tecnológico e científico jamais experimentado pela humanidade num período tão curto, numa quantidade tão
grande e variada e numa qualidade até então inimaginável foi outra característica importante desse período. Mas tão
significante quanto o crescimento tecnológico e científico foram as condições a que a grande maioria da população das
cidades industrializadas foi submetida. Uma enorme massa humana – incluindo-se aí idosos, crianças de até oito anos e
mulheres grávidas – era colocada em situações completamente insalubres em fábricas ou minas de carvão2[2]. Jornadas
que chegavam a catorze ou dezesseis horas de trabalho, salários reduzidos às necessidades mínimas de compra de
alimentos, pagamentos de aluguéis (geralmente aos próprios empregadores) e aquisição de vestimentas básicas, mínima
ou nenhuma segurança no local de trabalho (encurtando a vida ou a utilidade do operário). Estas eram condições comuns
da nova classe que se formava como peça fundamental da lógica capitalista: a classe dos trabalhadores assalariados. É
neste período de nascimento e afirmação do capitalismo como relação social de produção hegemônica na Europa que
surgem movimentos filosóficos3[3], explodem acontecimentos políticos e históricos marcantes4[4] e se dão saltos
tecnológicos e científicos5[5] que reconfiguram não somente as relações econômicas, políticas e sociais como também
acabam interferindo em toda a história da humanidade.

1[1] A Guerra dos Trinta Anos (1618-48) e as Campanhas, Napoleônicas são os mais característicos exemplos.
2[2] Principal fonte energética para a maquinaria industrial.
3[3] Como o iluminismo, apostando na razão para o desenvolvimento da humanidade.
4[4] A Revolução Francesa, que deu o poder político a quem já detinha o poder econômico, a burguesia.
5[5] Sua maior expressão foi a chamada Revolução Industrial, em meados do século XVIII.
Em decorrência da complexidade da sociedade agora posta, surge a necessidade de uma ciência que possa compreender essa nova
ordem. Uma ciência que possa entender a dinâmica das relações específicas e mais gerais que mulheres e homens mantêm entre si e
com o mundo que os cerca. Nasce a sociologia em meio a um cenário enriquecido de variados e ainda incompreendidos
elementos. E, por isso mesmo, extremamente desafiador para os que se dispunham a ordenar, transformar ou simplesmente decifrar
as aparentemente caóticas relações sociais.

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