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Juliana Aguiar L C de Azevedo

Unicap – Processo Penal II

COMPETÊNCIA

A jurisdição é una, mas, ao mesmo tempo, há um território enorme e condutas


criminalizadas, e a partir disso devemos organizar a administração judiciaria. Essa
organização é a competência, quem tem cada poder. Se errar a competência, pode-se
anular um processo inteiro.

Para definir como no processo penal, usa-se três critérios:

1. Material.
2. Pessoal (não em relação da pessoa da vítima, mas do acusado (a)).
3. Territorial.

Obs: A atribuição policial não define a competência judicial.

- Conflito de competência: uma autoridade acima das duas autoridades tem que dizer de
quem é a competência. Pode ser positivo ou negativo. As competências materiais e
pessoais são absolutas pois são fixadas na CF, a territorial não, pois é fixada no CPP.

1. Prerrogativa de Foro?
2. Crime da justiça estadual ou Federal?
3. Onde? Qual a comarca (estadual) ou seções (federal)?

 MATERIAL

Diz respeito ao bem jurídico violado pelo crime praticado por determinado agente. Há
matérias que interessam à justiça federal, e há matérias que não a interessam. Esse é o
critério da constituição.

A competência material é fixada na CF. Essa estabelece a justiça comum e a justiça


especial, sendo eu a primeira trata do que é interesse da sociedade, e na especial do que é
coletivo.

A competência comum se divide em federal e estadual, e na competência especializada


tem militar e eleitoral (e os conexos aos eleitorais). A trabalhista não tem no processo
penal. A CF descreve no art. 109 tudo o que compete à justiça federal, e a estadual é uma
competência residual.
Juliana Aguiar L C de Azevedo
Unicap – Processo Penal II

Art. 109. Aos juízes federais compete processar e julgar:

Fala-se da primeira instância.

I - as causas em que a União, entidade autárquica ou empresa pública federal forem


interessadas na condição de autoras, rés, assistentes ou oponentes, exceto as de falência,
as de acidentes de trabalho e as sujeitas à Justiça Eleitoral e à Justiça do Trabalho;

II - as causas entre Estado estrangeiro ou organismo internacional e Município ou


pessoa domiciliada ou residente no País;

III - as causas fundadas em tratado ou contrato da União com Estado estrangeiro ou


organismo internacional;

Esses dispositivos não interessam ao direito penal.

IV - os crimes políticos e as infrações penais praticadas em detrimento de bens,


serviços ou interesse da União ou de suas entidades autárquicas ou empresas
públicas, excluídas as contravenções e ressalvada a competência da Justiça Militar e da
Justiça Eleitoral;

“Crimes políticos”: são aqueles que se revestem de uma intencionalidade de macular a


própria instituição Estado, suas próprias organizações. Evita-se dizer que aguem pratica
crime contra o Estado/democracia, coisa que ocorria muito no regime ditatorial. Onde se
opor contra o regime era um crime. Esse crime político seria de competência, obvio, da
União. A existência da própria União estaria em jogo. Temos a lei de segurança nacional
que ainda prevê, mas a incidência é raríssima. Algumas pessoas nos protestos de 2015
foram acusadas por essa lei, na JF, mas temos que ter cuidado pois podemos estar fazendo
uma repressão contra a forma de organização do Estado.

Recentemente houve um crime que surgiu no ordenamento, dentro da seara federal, que
é o crime de terrorismo. O ato de terrorismo não individualiza um sujeito, mesmo que
mate só um, a intenção sempre abrange a entidade maior, o Estado. A lei especifica ser
da seara federal, mas a constituição já fala, não precisaria.

O inciso fala somente em CRIMES, a própria CF excetua as contravenções penais. As


contravenções são condutas típicas apenadas com prisão simples. Como se fossem
condutas brandas. Até hoje temos lei de contravenção, ex: perturbação ao sossego, vias
de fato. A Justiça Federal não se importa com contravenção, mesmo que seja contra
interesse ou serviço da União. Se tratou de contravenção = JE.
Juliana Aguiar L C de Azevedo
Unicap – Processo Penal II

“EM DETRIMENTO dos bens, interesses e serviços”. É qualquer tipo de usurpação,


destruição do patrimônio. Amplia-se União + autarquias + EMPRESAS PUBLICAS (e
não sociedade de economia mista) + quaisquer serviços. Ex: fiscalização de estradas. +
interesses da União, ampliando ainda mais, tudo o que possa interessar, pode até não ser
bem ou serviço, mas é do interesse da União.

Quando um agente público federal sofre um crime, depende que o agente tenha sido morto
em função do cargo. As causas de furto na fila da Caixa Econômica Federal: JE, não foi
interesse/bem/serviço da caixa econômica.

V - os crimes previstos em tratado ou convenção internacional, quando, iniciada a


execução no País, o resultado tenha ou devesse ter ocorrido no estrangeiro, ou
reciprocamente;

Crimes internacionais, abrangência internacional. O tráfico de drogas só interessa à União


se tiver caráter internacional. Se for entre Estados é JE. Ex: tráfico de pessoas. Se for
tráfico de pessoas interno, é JE.

V-A Relativas a direitos humanos a que se refere o § 5º deste artigo;

§ 5º Nas hipóteses de grave violação de direitos humanos, o Procurador-Geral da


República, com a finalidade de assegurar o cumprimento de obrigações decorrentes de
tratados internacionais de direitos humanos dos quais o Brasil seja parte, poderá
suscitar, perante o Superior Tribunal de Justiça, em qualquer fase do inquérito ou
processo, incidente de deslocamento de competência para a Justiça Federal.

Incidente de deslocamento de competência (IDC). Deslocado da justiça Estadual para


a Federal. Precisa dos requisitos do § 5, mas esses estão incompletos. Os outros foram
disciplinados na jurisprudência do STJ, que é a quem compete esse deslocamento.

Requisitos: apenas a “grave violação de direitos humanos” é trazida pela CF. Por que é
federal e não estadual? O que justifica o deslocamento? O comprometimento dos atores
locais. A JE não se compromete a apurar ou não tem condições de apurar. Entende-se que
a JE, se atuar, vai gerar impunidade, ou porque não está se comprometendo ou não tem
condições de lidar com isso, pois o crime envolve pessoas da própria justiça.

O deslocamento é feito por decisão do STJ, mas quem faz o pedido é p PGR. Se acho que
um crime do Estado x deve ser deslocado, a sociedade manda a demanda para a PGR em
Brasília, que tem uma câmara que avalia esses pedidos, depois disso manda para o PGR
e ele decide se vai suscitar ou não. Suscitando, vai para o STJ que decide se vai ou não
deslocar. Depois de ouvir o Estado, o STJ determina o deslocamento para a JF do próprio
Estado. A autoridade que suscita é o PGR perante o STJ.
Juliana Aguiar L C de Azevedo
Unicap – Processo Penal II

VI - os crimes contra a organização do trabalho e, nos casos determinados por lei, contra
o sistema financeiro e a ordem econômico-financeira.

Crimes contra a organização do trabalho estão no CP.

VII - os habeas corpus, em matéria criminal de sua competência ou quando o


constrangimento provier de autoridade cujos atos não estejam diretamente sujeitos a
outra jurisdição;

VIII - os mandados de segurança e os habeas data contra ato de autoridade federal,


excetuados os casos de competência dos tribunais federais;

IX - os crimes cometidos a bordo de navios ou aeronaves, ressalvada a competência da


Justiça Militar;

X - os crimes de ingresso ou permanência irregular de estrangeiro, a execução de carta


rogatória, após o "exequatur", e de sentença estrangeira, após a homologação, as causas
referentes à nacionalidade, inclusive a respectiva opção, e à naturalização;

XI - a disputa sobre direitos indígenas.

Fala-se dos direitos das comunidades indígenas em sentido amplo, pois cabe à União
proteger os indígenas como etnia, nação. Se furtar um celular de um indígena é
competência da do Estado, patrimônio do indígena especifico, para violar direitos
indígenas precisa atingir a comunidade como um todo. Ex: tentativa de genocídio de uma
comunidade indígena.
Juliana Aguiar L C de Azevedo
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 PESSOAL (ou prerrogativa de foro)

STF (art. 102): CF e Constituições Estaduais; deputados federais e senadores, ministros


do TCU, presidente e vice-presidente, ministros de Estado, Comando das forças armadas,
Ministros do STF e dos tribunais superiores (STJ, TSE, TST e STM).

Obs: Presidente do Banco Central equivale à Ministro de Estado, portanto, também tem
prerrogativa de foro.

Obs: AGU e Procurador Geral da República também.

STJ (art. 105): Governador, desembargadores, conselheiros do tribunal de contas dos


Estados (TCEs) e dos municípios (TCMs), membros do MPU que atuam perante os
tribunais.

Obs: Vice-governador não é estabelecido pela CF como sendo do STJ. A Constituição


Estadual pode estabelecer que ser[a julgado pelo TJ, apenas. Na pode estabelecer que será
para o STJ.

TJ/TRF/TRE: Prefeitos, juízes e promotores, deputados estaduais

Obs: defensores públicos não são estabelecidos pela CF. Algumas Constituições
Estaduais equiparam aos juízes e promotores.

Obs: veadores também não são estabelecidos.

Obs: procurador de justiça não é estabelecido pela CF.

Não importa se o crime que o promotor/juiz praticou é da justiça estadual u federal, será
sempre julgado perante o tribunal em que ele oficia. Ex: sonegação de impostos federais,
será no TJ mesmo assim. Cabe aos TJs processar e julgar promotores, com exceção dos
crimes eleitorais. A CF só excetua o Tribunal Regional Eleitoral, e não o TRF.

Obs: Jurisprudência do STF manteve sua competência em caso de fraude pelo réu (para
que ocorra a prescrição pela demora na mudança de instancias). Até quando a renúncia
seria entendida como fraude ou não? Não há um posicionamento solido. Últimos
julgamentos: se o processo está pronto para ser julgado, não poderá haver essa renúncia.
Se estiver em fase de instrução, poderá descer.
Juliana Aguiar L C de Azevedo
Unicap – Processo Penal II

“Prerrogativa de foro = impunidade”? Gerou a restrição da prerrogativa de foro pelo


STF. Essa restrição não é da CF. AP 937: O crime a que estão sendo processados forem
relacionados à função + o crime precisa ter sido praticado na constância da função
(quando já exercia a função e relacionado à função). Essa ação penal fala da competência
do supremo para os congressistas (senadores e deputados federais), mas o entendimento
tem sido cada vez mais ampliado para outras autoridades (ministros de Estado). O STJ
adotou esse entendimento envolvendo um governador. Não é o entendimento do STJ
ainda, mas é o entendimento de uma das suas turmas.

As vezes as Constituições Estaduais geram conflito com as competências estabelecidas


na CF. Ex: Vereador que pratica um homicídio. O tribunal do júri é uma competência
constitucional, competência material absoluta. A Constituição do Estado diz que deve ser
julgado no TJPE. Será julgado no tribunal do júri ou no TJ, adotando a prerrogativa de
foro? No tribunal do júri, pois a CF está acima da CE. Prevalecerá o que a CF dispõe
(súmula do STF: competência estabelecida exclusivamente na CE não prevalece sobre
a competência estabelecida).

Ex: Senador. Duas competências estabelecidas na CF (tribunal do júri x STJ). Prevalece


a prerrogativa de foro.

 TERRITORIAL

A CF não fala nada sobre a competência territorial. Essa competência está prevista no
CPP.

Regra: Teoria do resultado – art. 70 CPP. Onde o crime se consumou é o território


responsável.

Ex: Extorsão. Quando se consuma o delito? Qual o ato? R: o pagamento do valor indevido
é mero exaurimento, a consumação é feita com o recebimento da ameaça pela vítima.

Exceções. A) Lei 9.099/95. Teoria da ação. Onde o agente agiu, independentemente de


onde tenha se dado o resultado. B) Jurisprudencial. Homicídio. Um homicídio ou
tentativa no interior poderá gerar a condução da vítima para um hospital em uma capital,
por exemplo. Se seguir a regra, implica dizer que as capitais iriam julgar todos os
homicídios do Estado, pois em regra os grandes hospitais estão nas capitais. Então, nesses
crimes, excepcionalmente, se a execução se deu em um lugar e o resultado em outro pela
prestação do socorro, será no lugar da execução dos atos.

Obs: Crimes à distância. Deveria se dar em uma comarca e por alguma razão se deu em
outra. Será julgado onde ele iniciou. Art. 70, § 1 e § 2.
Juliana Aguiar L C de Azevedo
Unicap – Processo Penal II

Não confundir com a Justiça Federal. A justiça federal é quando tem caráter internacional,
e o brasil por convenção se comprometeu a tratar daquilo. No caso de crimes à distância
não tem transnacionalidade.

Obs: Crimes plurilocais. Crimes permanentes e continuados. Ex: sequestro. Peguei a


vítima na capital e levei para o interior. Crime permanente, os efeitos se protraem no
tempo. A competência e de qualquer dos municípios, quem primeiro tomar conhecimento
e tomar um ato de justiça. O inquérito policial não é ato judicial, ainda não é prevento a
competência. Mas, se houver prisão temporária, será prevento.

Obs: Lugar do crime for desconhecido. Será o domicilio do réu. Regra subsidiária.

O flagrante no crime permanente é, na verdade, o flagrante próprio, pois o crime está se


protraindo no tempo.

Crime habitual, ex: exercício ilegal da medicina e curandeirismo. Crimes que, para
existir, precisam de habitualidade. É possível prender em flagrante? Não saberia se aquele
momento seria o inicial ou se já seria o habito. A doutrina se divide entre os que permitem,
seria possível se já houvesse uma investigação previa que tivesse certeza que não é a
primeira vez; os que entendem que não diz que não teria como registrar, na flagrância,
essa habitualidade.
Juliana Aguiar L C de Azevedo
Unicap – Processo Penal II

 REUNIÃO DE PROCESSOS

Lembrar: concurso formal e concurso material.

Por que? Facilitar e dar uma resposta única, segurança jurídica, produção de provas.
Aproveitamento dos atos instrutórios. Quando e por qual motivo? A resposta está no CPP.

a) Conexão: pluralidade de condutas e mais de um crime. Havendo mais de um crime


e várias condutas, os processos serão reunidos por conexão.

- Conexão intersubjetiva: mais de uma pessoa e mais de um crime.

1. Por simultaneidade.
Sem acordo prévio. Ex: Briga.

2. Por concurso de pessoas.


Com acordo prévio. Ex: Associação criminosa + furto.

3. Por reciprocidade.
Excesso punível (por dolo ou por culpa, na legitima defesa). Pode crime + contravenção,
salvo na JF.

- Conexão teleológica ou objetiva: quando dois crimes foram praticados para garantir a
finalidade do outro. Ex: mato uma pessoa e oculto o cadáver. Um foi praticado para
garantir a impunidade do outro, haverá a conexão dos crimes. Não é o princípio da
consunção, pois nesse um seria meio do outro, como ocorre na falsificação de documento
+ uso do documento (que é mero exaurimento).

- Conexão probatória: vários crimes têm provas em comum. Pode reunir para facilitar a
instrução probatória.
Juliana Aguiar L C de Azevedo
Unicap – Processo Penal II

b) Continência

1. Por cumulo subjetivo: pluralidade de sujeitos praticando um único crime.

2. Por cumulo objetivo: uma única ação resultando vários crimes (concurso formal,
aberratio criminis e aberratio ictus).

A + B combinam de praticar vários estelionatos, em três bancos diferentes, contra


usuários do banco (e não contra o banco), com lapso de tempo longo. Será justiça
estadual, foi contra um indivíduo comum. O que fizer o primeiro ato processual é
competente. Mas e se estiver no ato de investigação ainda?

 Federal > Estadual

 Competência do júri > competência comum

 TJPE > Juiz de primeiro grau

 Hierarquias idênticas: Juiz de 1º grau x Juiz de 1º grau x Juiz de 1º grau.

Regras:

1. Onde foi cometido o crime mais grave. (CPP)


2. Pluralidade de condutas. Onde ocorreu mais crimes?
3. Prevenção. Tomar conhecimento e atuar judicialmente primeiro.

Ex: Falsificação de CNH. Onde é emitido? Detran. Justiça estadual. Uso desse documento
falso contra policial federal. A competência passou a ser da Justiça Federal. Crime de
Falso + Crime de Uso. O juízo federal entendeu que o uso não se exauriu naquela situação,
ela usava em várias instancias. O juiz federal entendeu que não era competente, pois o
uso era mero exaurimento, o crime seria de falsificação, e esse é competência do juiz
estadual.
Juliana Aguiar L C de Azevedo
Unicap – Processo Penal II

MEDIDAS CAUTELARES E PRISÕES PROCESSUAIS

. Prisão processual ≠ Prisão pena.

Na prisão processual, mesmo não cumprindo a pena, a pessoa está presa. A prisão, aqui,
é um incidente do processo.

Para que serve uma medida cautelar no processo? Para garantir a efetividade do próprio
processo.

Natureza: instrumentalidade hipotética ou dupla instrumentalidade

. Tutela antecipada x Medida cautelar

Tutela antecipada é a antecipação do provimento final, existe urgência + demora


decorrente do processo.

Medida cautelar não antecipa o provimento final. É diversa do provimento final, mas
esse, se vier a ocorrer, pode se tornar inútil se não houver a medida cautelar.

Natureza: instrumentalidade hipotética ou dupla instrumentalidade

Ex: concurso de delitos. Réu, se condenado, existe um efeito secundário da condenação,


como perder em favor da União tudo o que lucrou com o crime, confisco sem indenização,
perdimento de bens em favor da União. É de se esperar que o indivíduo, ao saber disso,
tente se desfazer dos bens, trocar de nomes etc. A medida cautelar seria congelar esses
patrimônios. O provimento final não é isso, mas é um cuidado, cautela, segurança que se
estabelece para que no final todas as consequências da pena sejam concretizadas.

A medida cautelar visa proteger o processo; nem toca medida cautelar, porém, recai sobre
o patrimônio.

Medidas cautelares patrimoniais: arresto, sequestro e hipoteca.


Medidas cautelares pessoais: prisional ou alternativa à prisão (como o comparecimento
periódico em juízo, por exemplo).
Juliana Aguiar L C de Azevedo
Unicap – Processo Penal II

PRISÃO EM FLAGRANTE

 Por que prisão em flagrante não pode ser uma medida cautelar?

Prende-se a pessoa em flagrante não para garantir o processo. A cognição é para


proteger o bem jurídico. Necessariamente uma pessoa presa em flagrante deve
imediatamente ser submetida à decisão de um juiz.

Essa pessoa presa em flagrante responderá ao processo cumprindo uma medida cautelar
ou em liberdade plena? Ai sim, pensar a cautelaridade interessa ao caso. Ou coloca na
liberdade provisória, ou decreta uma medida cautelar, que pode ser prisão ou não.

A prisão em flagrante é pré-cautelar, não tem o condão de prender a pessoa durante todo
o processo para assegurá-lo.

 HIPÓTESES DA PRISÃO EM FLAGRANTE: art. 302, CPP.

Art. 302. Considera-se em flagrante delito quem:


I - está cometendo a infração penal;
II - acaba de cometê-la;
III - é perseguido, logo após, pela autoridade, pelo ofendido ou por
qualquer pessoa, em situação que faça presumir ser autor da infração;
IV - é encontrado, logo depois, com instrumentos, armas, objetos ou
papéis que façam presumir ser ele autor da infração.

FLAGRANTE PRÓPRIO / PROPRIAMENTE DITO / REAL


I. Quem está em flagrante quem está cometendo o crime.
II. Quem acabou de cometer o crime.

FLAGRANTE IMPRÓPRIO / FICTO


III. Quem é perseguido logo após, pela autoridade, pelo ofendido, ou qualquer pessoa,
em situação que faça presumir que ele é o autor da infração.

Dois elementos: 1. Perseguição. 2. Logo após.

O que é logo após? Imediatamente? Quantas horas? A jurisprudência não resolve. O STJ
entende que significa o tempo possível de alguém ir atrás. Mas se demorar um dia? Se a
pessoa quiser procurar a polícia apenas no outro dia? Não há prazo, é casuístico, se resolve
com a jurisprudência, dentro do caso concreto.

A perseguição tem que ser ininterrupta: até ela ser pega ou fugir de vez. Não precisa ser
pelo mesmo policial. Há casos de perseguições de uma semana, justiça estadual > justiça
federal > policia rodoviária etc., ainda havendo a situação de flagrância.
Juliana Aguiar L C de Azevedo
Unicap – Processo Penal II

FLAGRANTE PRESUMIDO
IV. Quem é encontrado logo depois com instrumentos [...] que faça presumir ser autor
da infração.

Dois elementos: 1. Logo depois. 2. Objetos do crime.

É encontrado com a arma do crime, por exemplo, e a polícia presume ser o autor do crime.

FLAGRANTE ESPERADO. Doutrina.


Flagrante licito.

Ex: investigação. Crimes que está para acontecer. A polícia pode ficar escondida, com
um carro comum, e esperam o crime acontecer. Quando ocorre, a polícia prende. A polícia
não participa, apenas espera que ocorra algo que tomou conhecimento que conseguiria.

É uma espécie de flagrante próprio, pois está acontecendo quando ocorre esse flagrante.
Só a circunstância que tem uma particularidade, de saber previamente. Obs: O que se
espera é o que se pode reverter.

FLAGRANTE RETARDADO / POSTERGADO / CONTROLADO. Doutrina.

Flagrante licito. É uma diligência probatória.

Situação em que a polícia fica sabendo que hoje está havendo um descarregamento de
armas, mas que amanhã haverá o mesmo descarregamento, mas com o triplo da carga.
Poderia fazer o flagrante hoje, mas espera para o “outro dia” p/ que o flagrante seja mais
eficaz. Deve ser comunicado ao juiz.

Lei 12. 850 – LOC – Art. 8. Ação controlada. Consiste em retardar a intervenção policial
ou administrativa relativa a uma ação praticada por organização criminosa, desde que,
mantida a organização sob controle e acompanhamento (retardo, mas estou observando,
para que a diligencia não seja infrutífera) para que a medida legal se concretize de forma
mais eficaz, formação de provas e obtenção de informações. Tem que comunicar ao juiz
que fará isso.
Juliana Aguiar L C de Azevedo
Unicap – Processo Penal II

FLAGRANTE FORJADO. Doutrina.

Flagrante ilícito.

É um flagrante montado, “plantar o flagrante”. O problema prático é provar que foi


forjado. “O policial goza de fé pública”. Uma alternativa para se evitar isso seria filmar
as abordagens em flagrante. Armadilha.

FLAGRANTE PROVOCADO / INDUZIDO / PREPARADO. Doutrina.

Flagrante ilícito.

Exige a atuação de um terceiro provocador.

Ex: clínica de vacina para febre amarela. Se o policial apenas esperasse que um paciente
fosse lá e esperasse o começo do ato para intervir, poderia. E se o policial vai como
cliente, filmando, espera que a pessoa comece a aplicar nela e o aborda? Essa última
situação é um crime impossível, pois ele não é uma vítima real, não vai sofrer uma lesão
corporal de vacina falsa.

Crime impossível (art. 17 CP). Meio ou o objeto torna impossível a consumação. Não
tem flagrante pois não tem crime, não tem crime pois a consumação é impossível.

Súmula 145 STF. Não há crime, quando a preparação do flagrante pela polícia torna
impossível a sua consumação.

Obs: O fato de não prender em flagrante não impede que seja instaurada uma investigação
contra a pessoa pelos crimes já praticados.

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OBS: crimes permanentes (cabe a qualquer momento) e crimes habituais (entende-se não
caber o flagrante, embora haja discordâncias).
Juliana Aguiar L C de Azevedo
Unicap – Processo Penal II

 SUJEITOS DO FLAGRANTE

 Sujeito ativo: art. 301 CPP. Facultativo ou obrigatório.

Art. 301. Qualquer do povo poderá e as autoridades policiais e seus


agentes deverão prender quem quer que seja encontrado em flagrante
delito.

Facultativo: A lei conferiu a possibilidade de qualquer do povo (inclusive a


própria vítima) prender aquele que for encontrado em flagrante delito. Trata-se de
flagrante facultativo, pois ao particular é dada a opção de efetuar ou não a prisão,
levando em conta risco e as consequências de sua ação. Quando qualquer do povo
prende alguém em flagrante, está agindo sob a excludente de ilicitude
denominada exercício regular de direito.

Obrigatório: Quanto ás autoridade policiais e seus agentes, a lei impôs o dever


de efetuar a prisão em flagrante, não tendo discricionariedade sobre a conveniência
ou não de efetivá-la. Cuida-se do flagrante obrigatório, devendo o agente público
efetuar a prisão sob pena de responder criminal e funcionalmente pelo seu descaso.
Nesse caso, o agente age em estrito cumprimento do dever legal.

Obs: Flagrante em caso de crime de ação pública condicionada à representação ou


privada: nesses casos, não haver a lavratura do auto de prisão em flagrante sem a
representação ou queixa.

 Sujeito passivo: Em regra, todo mundo pode ser preso em flagrante. Porém, há
exceções: CTB e imunidades processuais.

CTB. Quando o autor socorrer a vítima nos crimes de transito não permite a prisão em
flagrante.

Imunidades processuais: 1. Presidente da República 2. Deputados e Senadores 3.


Promotores de justiça e Juízes. 4. Pessoas que cometem crime de menor potencial
ofensivo. 5. Crianças e adolescentes (ECA).

Deputados e Senadores, por disposição legal, e Promotores de justiça e juízes, pelo o que
determina a lei orgânica, só podem ser presos em flagrante por crime inafiançável.

O Termo Circunstanciado de Ocorrência (TCO), nos casos de crimes de menor potencial


ofensivo, não tem o condão de permitir a prisão do indivíduo. Lei 9.099/95.

Art. 152. ECA. Encaminhado para uma delegacia especializada. Apuração da flagrância
de ato infracional e não “prisão em flagrante”. Auto de apreensão de ato infracional.
Juliana Aguiar L C de Azevedo
Unicap – Processo Penal II

Obs: PRECEDENTE POLÊMICO: AC 4036 Referendo-MC/DF, rel. Min. Teori


Zavascki, 25.11.2015. Precedente isolado de Delcidio do Amaral. Era um senador que
foi preso em flagrante e, depois, foi convertido em uma preventiva numa audiência de
custodia. O ponto era que os deputados e senadores só podem ser presos em flagrante
por crime inafiançável. Ele foi preso por organização criminosa, que não está no rol de
crimes inafiançável. O art. 328 dispõe que não será dada fiança quando couber prisão
preventiva, pois a fiança é uma cautelar alternativa, e a preventiva só é dada quando não
cabe cautelar alternativa. O STF entendeu que, se o código dispõe isso, quer dizer que
quando couber prisão preventiva significa que é inafiançável; embora organização
criminosa não esteja no rol, ela não cabe preventiva, e se não cabe preventiva, é
inafiançável. Esse raciocínio leva a dizer que qualquer crime é inafiançável, apenas
necessitando preencher os requisitos da prisão preventiva; para que serviria o rol do 327
e os dispositivos constitucionais? Ficou um precedente isolado, pois não se repetiu mais.

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Lei 9.099/95.

Art. 69. A autoridade policial que tomar conhecimento da ocorrência


lavrará termo circunstanciado e o encaminhará imediatamente ao
Juizado, com o autor do fato e a vítima, providenciando-se as requisições
dos exames periciais necessários.

Parágrafo único. Ao autor do fato que, após a lavratura do termo, for


imediatamente encaminhado ao juizado ou assumir o compromisso de a
ele comparecer, não se imporá prisão em flagrante, nem se exigirá fiança.
Em caso de violência doméstica, o juiz poderá determinar, como medida
de cautela, seu afastamento do lar, domicílio ou local de convivência com
a vítima.

Lei 9.503/97. CTB.

Art. 301. Ao condutor de veículo, nos casos de acidentes de trânsito de que


resulte vítima, não se imporá a prisão em flagrante, nem se exigirá fiança,
se prestar pronto e integral socorro àquela.
Juliana Aguiar L C de Azevedo
Unicap – Processo Penal II

 PROCEDIMENTO DA FLAGRÂNCIA

1. Detenção (ou captura, paralisação).

2. Condução à delegacia de polícia.

3. Imediata comunicação do flagrante ao juiz, MP e a um familiar (pode ser amigo ou


vizinho).

4. Oitiva do condutor.

O condutor é o que conduz àquela pessoa à delegacia de polícia. Depois de ouvido, ele
assina o termo de depoimento.

5. Serão ouvidas as testemunhas.

O plural dá a entender que é, pelo menos, duas. É comum que esse condutor já seja
contabilizado como testemunha.

6. Interrogatório do preso.

Segue as regras do interrogatório judicial (CPP): identificação e esclarecimento dos fatos.


Direito de permanecer em silencio em relação aos fatos, o policial tem o dever de
esclarecer sobre isso. Um advogado pode acompanhar esse ato? Sim! Em 2017 foi
aprovada uma lei 13.246 que versa sobre a obrigatoriedade da presença de um
defensor ou advogado no interrogatório em qualquer momento, sob pena de nulidade
absoluta do ato. Na pratica, continua não tendo defensor na delegacia.

7. Liberação do preso ou Lavratura do auto de prisão em flagrante (APF).

O delegado irá liberar quando entender que não aconteceu o flagrante, que era flagrante
forjado, que não era hipótese de flagrante não estava nas hipóteses legais, ou que apesar
de ter ocorrido a hipótese não há indícios de que aquela pessoa praticou o crime.

* Auto de prisão em flagrância. Desacato + resistência. Ao pé da letra, pode dar mais de


2 anos, permitindo a flagrância. Pode ser alegado o princípio da consunção.

8. Depois de lavrado o auto, deverá ser enviado ao juiz competente o APF após 24h
(art. 306, § 1).

Após 24h da detenção ou da lavratura do auto de prisão em flagrante? Entende-se que é


da lavratura do APF. Na pratica, tem-se o envio, também, da pessoa, para a presença
do juiz. Audiência de custódia.
Juliana Aguiar L C de Azevedo
Unicap – Processo Penal II

9. O juiz pode considerar o flagrante licito, homologando, ou vai relaxar o flagrante,


se ilícito.

10. Se licito, poderá converter em prisão preventiva ou conceder liberdade provisória.

Aqui, irá se pensar se a pessoa é um risco ao andamento do processo, pensando nas


medidas cautelares cabíveis. Analisar o flagrante não é analisar o cabimento de uma
medida cautelar, não é observar se o processo está em risco.
Juliana Aguiar L C de Azevedo
Unicap – Processo Penal II

MEDIDAS CAUTELARES

 PRINCIPIOLOGIA

1. Excepcionalidade

Presunção de inocência. Além de um princípio, é uma regra de tratamento. Toda


medida cautelar é excecional pois a nossa justiça é fundado no princípio da presunção de
inocência.

2. Jurisdicionalidade

Quem decide sobre o cabimento ou não da cautelar é o juiz.

3. Legalidade.

Uma cautelar significa restrição de direitos. O princípio da legalidade não significa apenas
a questão da retroatividade, irretroatividade etc. Qualquer atuação restritiva de direitos
tem que estar na lei, pois são exceções aos direitos, e todas as exceções precisam estar
previstas. O juiz pode aplicar, desde que contida na lei.

Alguns autores discordam desse princípio dentro das medidas cautelares. “Poder geral
de cautela”, significa, no processo civil, que o juiz responsável pela condução daquele
processo pode tomar qualquer medida cautelar desde que vise proteger o processo, mesmo
que não previsto em lei. No processo penal, implica restrição de liberdade, e essas são
exceções constitucionais, o juiz estaria implicando em criação de exceções
constitucionais. Na pratica, acabamos vendo isso, o juiz aplicando medidas cautelares que
quiser, ex: não beber, mas isso não está no código.

4. Proporcionalidade.

Esse se fragmenta em necessidade, adequação e proporcionalidade em sentido estrito. A


proporcionalidade em sentido estrito significa que a gravidade da consequência do crime
é menor do que a consequência da medida cautelar.

5. Provisoriedade. Cautelar ↔ tempo.

Se é excepcional, deve ser provisória. Tem implicação direta na prisão preventiva. Não
poderá durar o processo inteiro. Há o princípio, mas a lei não fala nada da duração dessa
medida cautelar (exceto a prisão temporária).
Juliana Aguiar L C de Azevedo
Unicap – Processo Penal II

6. Provisionalidade. Cautelar ↔ fato que justificou.

Toda medida cautelar é aplicada por algum motivo. Depois que acabou o crime que
justificou a prisão, a pessoa seria liberada da medida cautelar. Ex: pessoa que está
destruindo provas, a lógica seria que a cautelar durasse até a instrução.
Juliana Aguiar L C de Azevedo
Unicap – Processo Penal II

PRISÃO PREVENTIVA

1. Requisitos. Art. 312 CPP.

Art. 312. A prisão preventiva poderá ser decretada como garantia da


ordem pública, da ordem econômica, por conveniência da instrução
criminal, ou para assegurar a aplicação da lei penal, quando houver
prova da existência do crime e indício suficiente de autoria.

a) Indício de autoria e Prova de materialidade.

É o fumus boni juris do processo civil. No processo penal, fumus comissi delicti, o
requisito seria melhor nomeado se referisse a o que se refere. A prova da materialidade é
a prova da existência do crime.

b) Garantia da ordem pública ou econômica.

É um requisito problemático, pois não é um conceito que se consegue definir com


precisão. Acaba que dentro da ordem pública as questões já foram ditas dentro da
jurisprudência. Tem-se ordem pública para “proteger o preso da sociedade”, “pelo clamor
social”, principalmente em crimes midiatizados etc. Aos poucos a jurisprudência tem
tentado fechar esse sentido, nem tudo seria ordem pública. Precisamos traçar o que as
jurisprudências dos tribunais superiores entendem como possível sobre o que seria ordem
pública, e o que a doutrina entende sobre isso.

Jurisprudência dos tribunais superiores. O juiz precisa justificar que, se aquela pessoa for
solta, constitui um risco à ordem pública pois, se solta ficar, irá reiterar na pratica delitiva.
O único argumento fático possível para os tribunais superiores para explicar uma
preventiva com base na ordem pública é justificar que se x continuar solto, vai continuar
na pratica delitiva. Futurologia (Aury Lopes Jr).

Busca-se a reiteração da prática criminosa, ou seja, os antecedentes criminais, bem como


a gravidade em concreto do crime. Essa última significa o modus operandi do crime, e
não a gravidade em abstrato.

c) Garantia da instrução criminal.

A instrução é a fase em que se apresentam/coletam as provas. Antes de aplicar uma


sanção, passa por essa etapa de construção de subsídios da construção judicial. Ex: a
pessoa está ameaçando as testemunhas.

d) Garantia da aplicação da lei penal.

A aplicação da lei penal é a efetividade da sanção a vir ser aplicada. Basicamente procura-
se uma ocasião de fuga. Pessoas que estão dando indícios concretos de que aquela pessoa
está querendo se evadir e frustrar a aplicação da lei penal.
Juliana Aguiar L C de Azevedo
Unicap – Processo Penal II

Então:

Indícios de autoria e prova da materialidade


+
Garantia da ordem pública e/ou
Garantia da instrução criminal e/ou = Periculum libertatis
Garantia da aplicação da lei penal.

2. Hipóteses em que pode ser aplicada. Art. 313.

Art. 313. Nos termos do Art. 312 deste Código, será admitida a decretação
da prisão preventiva:

I - nos crimes dolosos punidos com pena privativa de liberdade máxima


superior a 4 (quatro) anos;

Só se aplica a preventiva se o CRIME DOLOSO tiver pena máxima cominada


superior a 04 anos, pois os crimes com penas cominadas até 04 anos são cumpridos em
regime aberto. *Lembrar requisitos para a conversão para penas restritivas de direitos.

II - se tiver sido condenado por outro crime doloso, em sentença transitada


em julgado, ressalvado o disposto no inciso I do caput do Art. 64 do
Código Penal;

Reincidência em crime doloso. Não importa o quanto de pena possa ser aplicada à prisão
preventiva, não há limite.

III - se o crime envolver violência doméstica e familiar contra a mulher,


criança, adolescente, idoso, enfermo ou pessoa com deficiência, para
garantir a execução das medidas protetivas de urgência;

Efetividade das medidas protetivas de urgência. Também independe da pena. Crimes


praticados contra mulheres, crianças e adolescentes, idosos e deficientes. Essas medidas
de urgência são aplicadas até mesmo antes da instauração da investigação criminal. Se o
indivíduo descumpre essas medidas de urgência, na Lei Maria da Penha, ele vem a ser
preso. Não interessa o tamanho da pena, pois interessa qualquer crime. O objetivo é que
a pessoa se sinta compelida de praticar essa medida. Ex: ameaça contra a mulher. Medida
protetiva de não voltar para casa. Mesmo que tenha uma pena de 1 a 6 meses, poderá ser
decretada a prisão preventiva.
Juliana Aguiar L C de Azevedo
Unicap – Processo Penal II

Parágrafo único. Também será admitida a prisão preventiva quando


houver dúvida sobre a identidade civil da pessoa ou quando esta não
fornecer elementos suficientes para esclarecê-la, devendo o preso ser
colocado imediatamente em liberdade após a identificação, salvo se outra
hipótese recomendar a manutenção da medida.

Art. 312. Parágrafo único. A prisão preventiva também poderá ser


decretada em caso de descumprimento de qualquer das obrigações
impostas por força de outras medidas cautelares (Art. 282, § 4 o).
Juliana Aguiar L C de Azevedo
Unicap – Processo Penal II

3. Momento de aplicação.

a) Inquérito (pré-processual)
b) Processual

4. Quem aplica?

O juiz, que pode aplicar de oficio ou à requerimento (do MP, assistente de acusação ou
delegado de polícia). O juiz só pode decretar de oficio na fase processual, pois na fase
de inquérito ele não tem essa liberdade.

Portanto, de ofício, apenas no curso da ação penal. Durante o inquérito, exige-se


representação da autoridade policial ou requerimento do Ministério Público.

5. Prazo de duração. Doutrina do não-prazo.

“Até cessar os motivos que deram causa à aplicação da prisão da preventiva”. Portanto,
não há prazo. Quando se estabelece que esse prazo já não é mais razoável? Diante da falta
de critério, usa-se o critério da razoabilidade. O juiz, caso a caso, vai entender se aquele
prazo está razoável ou não.

O STF passou a aplicar a regra dos três critérios, criados na Corte Interamericana dos
Direitos Humanos e na Corte Europeia dos Direitos Humanos. Essa corte criou uma
jurisprudência dela, em que os Estados que não têm prazo para prisão preventiva precisam
verificar três critérios para ver se esse atraso justifica ou não, no caso concreto.

Regra dos três critérios

a) Complexidade do efeito.

Ex: Processo com dez réus, cada um respondendo por um crime. Cada crime significa
oito testemunhas, tendo esse processo oitenta testemunhas, o que leva, no mínimo, dois
anos para que seja processado.

b) Atividade da defesa.

Quando a defesa trabalha para protelar o processo, não pode se beneficiar da própria
torpeza. Esse advogado pode ser, inclusive, denunciado na OAB.

c) Desídia do sistema de justiça.


Juliana Aguiar L C de Azevedo
Unicap – Processo Penal II

6. Formas de cumprimento

- Estabelecimento específico. A regra do código é a de que os presos provisórios devem


ficar em estabelecimento separado dos presos condenados.

- Prisão especial. Art. 295. Essa regra só se aplica na prisão preventiva. Aplica-se para
os diplomados, ministros de Estado, governadores, magistrados etc.

- Prisão domiciliar. Art. 318 CPP. Modificações da lei 13.257 de 2016. Precedente: HC
(COLETIVO) 143.641.
Juliana Aguiar L C de Azevedo
Unicap – Processo Penal II

- Audiência de custodia. 2015.

Art. 8.2. Convenção. Toda pessoa que fosse presa teria que ser encaminhada ao juiz sem
demora. Praticamente todos os países da américa latina tinham a disciplina desse instituto
nos seus códigos. Esse “sem demora” admite interpretações.

 Prisão normativa: CADH e Resolução n. 213/2015. O CNJ pensou em uma


alternativa: como tinha previsão na convenção, vamos apenas regulamentar. Resolução
213/2015. Houve resistência dizendo ser inconstitucional da implementação das
audiências de custódia, alegando ser matéria de competência exclusiva da União. Porém,
não se trata de legislar a matéria, mas apenas regulamentar.

 Objetivos.

1. Controle da legalidade do flagrante.

Art. 310. O auto de prisão em flagrante, quando lavrado, é encaminhado a um juiz e,


segundo esse artigo, três poderiam ser as consequências: relaxamento (quando ilegal),
converter o flagrante em preventiva ou, considerando licito, determinar a liberdade
provisória. Nesse procedimento do código, o auto de prisão em flagrante é levado à
presença do juiz. Na audiência de custodia, não só o auto será encaminhado, mas também
o próprio preso. A ideia de levar a pessoa e não só o papel diz respeito, primeiramente,
ao princípio da oralidade, pois o processo tem uma linguagem complexa, ruída, que causa
incompreensões pela linguagem técnica etc. Em quase todos os países que adotam
sistemas acusatórios mais maduros tem-se o processo quase inteiro de forma oral.
Dinamismo que, de certa forma, torna o processo mais democrático.

2. Analisar se cabe medida cautelar ou não de cautelar, naquele caso concreto.

3. Controle da atividade policial – combate à tortura.

Na justiça Estadual, ocorre para presos em flagrante; na justiça Federal, para presos
preventivos e temporários, inclusive.
Juliana Aguiar L C de Azevedo
Unicap – Processo Penal II

 Procedimento.

- Encaminhamento do preso.

- Abertura da audiência pelo juiz. Protocolos I e II da Resolução. Como o juiz deve


conduzir a audiência: explicar ao preso com linguagem acessível; perguntar se foi vítima
de maus tratos; interrogar o preso (segue a mesma regra do interrogatório judicial:
identificação do preso, advertência sobre o direito ao silêncio, esclarecimento dos fatos)
apenas sobre os fatos essenciais para formular esse juízo, pois detalhes da instrução fica
para esse momento; MP se pronuncia; Defesa se pronuncia; formulação de pedidos nessa
última ordem.

- Presenças obrigatórios: preso, defesa (publica ou constituída), MP. Não aparece vítima,
testemunhas, peritos etc. Por que? Pois o objetivo não é instruir o processo, mas sim
com a legalidade da prisão, e se a pessoa irá responder em liberdade ou presa.

- Pedidos. O que o MP pode pedir nesse momento? Não pode pedir a condenação, pois
está atinente apenas à prisão processual. Poderá pedir o relaxamento da prisão (não é
apenas órgão acusatório, mas sim custo legis), homologação da prisão ou a concessão da
liberdade provisória, por estarem ausentes x requisitos que convençam que fulano deve
responder ao processo em liberdade, ou converter o flagrante em outra medida cautelar
diversa da prisão (art. 312). Depois passa a palavra à defesa, que pode pedir: relaxamento
do flagrante (se ilegal), não deve pedir a homologação da prisão preventiva (a defesa tem
vinculação àquele acusado, diferentemente do MP); solicitar a conversão por medidas
cautelares alternativas.

- Perguntas sobre maus tratos.

- Cumprimento do que foi decidido.

- O juiz pode decretar a prisão mesmo que o MP e a defensoria tenham pedido a liberdade?
Sim, desde que justifique. No curso do inquérito, o juiz pode decretar, de oficio, a prisão
preventiva? Não! Pode apenas no curso do processo. Se está decretando a prisão
preventiva, na audiência de custódia (que é na fase do inquérito), não seria uma
incompatibilidade? Art. 310 e 312.
Juliana Aguiar L C de Azevedo
Unicap – Processo Penal II

PRECEDENTES:

a) Limites ao requisito da ordem pública:

Segundo remansosa jurisprudência desta Corte, não basta a gravidade do crime e a


afirmação abstrata de que os réus oferecem perigo à sociedade e à saúde pública para
justificar a imposição da prisão cautelar. HC 110132 Extn / SP - SÃO
PAULO EXTENSÃO NO HABEAS CORPUS Relator(a): Min. RICARDO
LEWANDOWSKI Julgamento: 24/04/2012 Órgão Julgador: Segunda Turma

b) Impossibilidade de vedação abstrata à liberdade provisória:

1. O Plenário do Supremo Tribunal Federal, na sessão de julgamento realizada em


10.5.2012, nos autos do HC 104.339/SP, Rel. Ministro Gilmar Mendes, decidiu, por
maioria, pela inconstitucionalidade da vedação abstrata à concessão de liberdade
provisória em crimes de tráfico de drogas, invalidando parcialmente a provisão da
espécie contida no art. 44 da Lei nº 11.343/2006. HC 105961 / RS - RIO GRANDE DO
SUL. HABEAS CORPUS Relator(a): Min. ROSA WEBER
Julgamento: 26/06/2012 Órgão Julgador: Primeira Turma

c) Atos infracionais e ordem pública:

"(...) A prevalecer o argumento de que a prática de atos infracionais na menoridade não


se comunica com a vida criminal adulta, ter-se-á que admitir o absurdo de que o agente
poderá reiterar na prática criminosa logo após adquirir a maioridade, sem que se lhe recaia
a possibilidade de ser preso preventivamente. A possibilidade real de reiteração
delituosa constitui, fora de dúvida, base empírica subsumível à hipótese legal da
garantia da ordem pública. (...)" (STF. Decisão monocrática. RHC 134121 MC, Rel.
Min. Luiz Fux, julgado em 20/04/2016)

A Terceira Seção desta Corte firmou orientação de que "os registros sobre o passado de
uma pessoa, seja ela quem for, não podem ser desconsiderados para fins cautelares. A
avaliação sobre a periculosidade de alguém impõe que se perscrute todo o seu histórico
de vida, em especial o seu comportamento perante a comunidade, em atos exteriores,
cujas consequências tenham sido sentidas no âmbito social. Se os atos infracionais não
servem, por óbvio, como antecedentes penais e muito menos para firmar reincidência
(porque tais conceitos implicam a ideia de "crime" anterior), não podem ser ignorados
para aferir a personalidade e eventual risco que sua liberdade plena representa para
terceiros" (RHC 63.855 MG, Rel. Ministro NEFI CORDEIRO, Rel. p acórdão Ministro
ROGERIO SCHIETTI CRUZ, Dje 13 6 2016).
Juliana Aguiar L C de Azevedo
Unicap – Processo Penal II

PRISÃO TEMPORÁRIA. Lei 7.960/90.

Art. 1° Caberá prisão temporária:

I - quando imprescindível para as investigações do inquérito policial;


II - quando o indicado não tiver residência fixa ou não fornecer elementos
necessários ao esclarecimento de sua identidade;
III - quando houver fundadas razões, de acordo com qualquer prova
admitida na legislação penal, de autoria ou participação do indiciado nos
seguintes crimes

[...]

Medida cautelar tipicamente, adstrita e estreita à principiologia das medidas cautelares. É


uma prisão pensada para a investigação policial. É menos abrangente que a prisão
preventiva em relação ao momento e em relação aos requisitos: só existe para crimes
específicos, em um rol taxativo. Somente nos crimes do Art. 1º, III. O pedido é feito pelo
delegado, encaminhada a um juiz

 Rol taxativo. Fumus comissi delicti (III) + imprescindibilidade para as


investigações do inquérito policial (I). Requisitos absolutamente obrigatórios.

 O requisito (II) só se justifica quando somado aos outros dois. Quando a falta dessa
residência atrapalhar as investigações.

Art. 2° A prisão temporária será decretada pelo Juiz, em face da


representação da autoridade policial ou de requerimento do Ministério
Público, e terá o prazo de 5 (cinco) dias, prorrogável por igual período
em caso de extrema e comprovada necessidade.

A prisão temporária é decretada pelo juiz, a requerimento do delegado de polícia e,


diferentemente da prisão preventiva, a prisão temporária tem prazo fixo: 5 + 5 dias.
Passado esse período, a pessoa deverá ser solta.

Art. 2º Os crimes hediondos, a prática da tortura, o tráfico ilícito de


entorpecentes e drogas afins e o terrorismo são insuscetíveis de [...]

§ 4o A prisão temporária, sobre a qual dispõe a Lei no 7.960, de 21 de


dezembro de 1989, nos crimes previstos neste artigo, terá o prazo de 30
(trinta) dias, prorrogável por igual período em caso de extrema e
comprovada necessidade.

Exceção: Art. 2º, § 4, da Lei 8.072/90. Prazo de 30 + 30 dias. Crimes de crimes hediondos.
Juliana Aguiar L C de Azevedo
Unicap – Processo Penal II

OUTRAS MEDIDAS CAUTELARES

(FALTEI ESSA AULA)

1.Requisitos: “fumus comissi delicti” e “periculum libertatis”.

Discussão: no caso de descumprimento de cautelar, é preciso fundamentar a prisão


preventiva nos requisitos do artigo 312, ou o simples descumprimento já motiva, de
antemão, a aplicação da preventiva?

PRECEDENTES: STJ, HC 229052 -> no sentido de não admitir a substituição


automática. O descumprimento das medidas cautelares previstas no artigo 319 do CPP
autoriza a decretação da prisão preventiva, mas desde que também estejam presentes os
requisitos previstos no artigo 312 do CPP.

2.Das medidas em espécie: ART. 319

PRECEDENTES: EMENTA: DIREITO CONSTITUCIONAL E PROCESSUAL


PENAL. ACÃO CAUTELAR. AGRAVO REGIMENTAL DO MINISTÉRIO
PÚBLICO. REJEIÇÃO DE PRISÃO PREVENTIVA. IMPOSIÇÃO DE MEDIDAS
CAUTELARES ALTERNATIVAS. 1. Os indícios de materialidade e autoria dos delitos
apontados na denúncia são substanciais. 2. Nada obstante, há dúvida razoável, na
hipótese, acerca da presença dos requisitos do art. 53, § 2º da Constituição, para fins de
decretação da prisão preventiva do agravado. 3. Diante disso, a Turma, por maioria,
restabeleceu as medidas cautelares determinadas pelo relator originário, Min. Luiz Edson
Fachin, consistentes em: (i) suspensão do exercício das funções parlamentares ou de
qualquer outra função pública; (ii) proibição de contatar qualquer outro investigado ou
réu no conjunto dos feitos em tela e (iii) proibição de se ausentar do País, devendo
entregar seus passaportes. 4. Além disso, também por maioria, a Turma acrescentou a
medida cautelar diversa de prisão, prevista no art. 319, V, do Código de Processo Penal,
de recolhimento domiciliar no período noturno. 5. Agravo regimental parcialmente
provido. AC 4327 AgR-terceiro-AgR/DF, rel. orig. Min. Marco Aurélio, red. p/ o ac. Min.
Roberto Barroso, julgamento em 26.9.2017.

A decisão em destaque, segundo informa o portal de notícias do Supremo Tribunal Federal,


restabeleceu as medidas cautelares impostas pelo então relator original da referida ação cautelar,
ministro Edson Fachin, que havia considerado presentes, naquela oportunidade, “[...] indícios da
prática dos crimes decorrentes do acordo de delação premiada firmado entre pessoas ligadas ao
Grupo J&F e o Ministério Público Federal”, tendo apontado a “[...] necessidade das medidas para
garantir a ordem pública e a instrução processual”.

Não cabe aqui, contudo, examinar o contexto fático-jurídico sobre a presença ou não de tais
indícios e a necessidade de se impor as já referidas medidas cautelares que estariam
consubstanciadas, na “[...] suspensão do exercício das funções parlamentares, proibição de
contatar outros investigados por qualquer meio, além da proibição de se ausentar do país, com
entrega de passaporte”, conforme veiculou o texto do portal de notícias do STF, a não ser aquelas
relacionadas, como foi dito, ao recolhimento domiciliar noturno e ao afastamento da atividade
parlamentar.
Juliana Aguiar L C de Azevedo
Unicap – Processo Penal II
O que se pretende nestas linhas, portanto, é compreender o debate à luz do que está posto na
Constituição Federal acerca das prerrogativas parlamentares, sem arroubos partidários desse ou
daquele matiz, buscando extrair a exegese mais adequada ao parâmetro constitucional.

A redação do artigo 53, § 2º da Constituição Federal estabelece: Art. 53. [...] § 2º. Desde a
expedição do diploma, os membros do Congresso Nacional não poderão ser presos, salvo em
flagrante de crime inafiançável. Nesse caso, os autos serão remetidos dentro de vinte e quatro horas
à Casa respectiva, para que, pelo voto da maioria de seus membros, resolva sobre a prisão.

As denominadas imunidades parlamentares, por intuitivo, não foram conferidas pelo constituinte
originário aos representantes do Legislativo individualmente considerados, mas em razão do cargo
que ocupam. Logo e em tese, somente a respectiva Casa legislativa à qual pertença o parlamentar
poderia decidir sobre a prisão e a suspensão do mandato, na forma prevista constitucionalmente.

Diriam, como de fato disseram alguns, que as medidas previstas no artigo 319 do Código de
Processo Penal, impostas concretamente ao parlamentar citado, são distintas da prisão, na exata
medida da dicção da lei processual penal e, por esse motivo, o STF apenas teria aplicado o que
prevê o ordenamento jurídico infraconstitucional. Assim decidido, é de se questionar se a unidade
deste ordenamento, enquanto sistema jurídico de normas, teria sido quebrada tendo como
consequência a eventual violação do princípio constitucional da separação de poderes.

Exatamente por não se tratar de prisão, mas de medidas cautelares distintas daquela – de acordo
com algumas respeitáveis opiniões favoráveis à decisão do STF – seria cabível a sua imposição,
já que estariam sendo preservados a imunidade formal e a manutenção do exercício parlamentar,
embora suspenso temporariamente, ressalte-se.

O recolhimento domiciliar noturno, uma das medidas aplicadas ao referido senador à toda
evidência – embora não tenha o caráter prisional – acaba por restringir o seu direito de liberdade.
Isto parece inegável.

Ainda que de modo parcial, a restrição da liberdade de parlamentar por força do recolhimento
domiciliar noturno, fora do ambiente carcerário e em sede cautelar, autoriza a hipótese de violação
do preceito contido no dispositivo constitucional já referido (art. 53, § 2º), que trata da sua
imunidade prisional. Nesse sentido, ao que parece, somente a Casa respectiva à qual pertence o
senador seria a competente para decidir sobre a sua imposição, após notificada pelo STF.

De outro lado, não se nega a aplicação de quaisquer das medidas cautelares previstas nos artigos
319 e 320 do Código de Processo Penal ao parlamentar em exercício da função, salvo aquelas que
possam violar a imunidade formal prevista no artigo 53, § 2º e a suspensão dos seus direitos
políticos, como ocorreu no caso concreto.

3. Liberdade provisória:

 Direito de responder em liberdade a um processo, até que transite em julgado a


sentença condenatória.
 Essa previsão está em consonância com o princípio da presunção de inocência,
basilar em ordenamentos jurídicos democráticos e garantidores de direitos.
 As hipóteses de vedação em abstrato da liberdade provisória são inconstitucionais,
consoante os entendimentos do STF.
Juliana Aguiar L C de Azevedo
Unicap – Processo Penal II

FIANÇA

(FALTEI O COMEÇO)

1.Fiança: caução de natureza real destinada a garantir o cumprimento das obrigações


processuais do réu. Pode ser apresentada em dinheiro, joias ou bens com valor (art. 330,
CPP).

- Finalidade da fiança. Em tese, é uma garantia. Em caso de condenação, a pessoa poderá


ter aquele valor indisponibilizado para o pagamento de multa, indenização pelos danos
causados à vítima e custas processuais.

2.Momento para concessão da fiança: desde o flagrante até o trânsito em julgado da


sentença

3. Inafiançáveis: racismo, hediondos e equiparados (tráfico, tortura, terrorismo), crimes


praticados por grupos armados (civis e militares) contra o Estado e outras hipóteses
previstas em leis esparsas. (CF e art. 323 e 324 do CPP) -> MAIS UMA VEZ, ATENÇÃO
AO PRECEDENTE DA AC 4036 Referendo-MC/DF, rel. Min. Teori Zavascki,
25.11.2015.

4.Valor da fiança: dependerá das condições financeiras, do crime em questão, da


personalidade do réu etc.

5.Quem concede? Delegado: quando da prisão em flagrante nos crimes cuja pena máxima
não exceda 4 anos (art. 322, CPP); Juiz: no último e nos demais casos.

Como qualquer cautelar, possui Jurisdicionalidade. Só quem aplica a medida cautelar é o


juiz e o delegado de polícia, quando, nesse último, o crime não exceder 04 anos de prisão
(art. 322 CPP). Quanto ao juiz, não há limite.

Isso gera na doutrina uma discussão: quando o delegado arbitra uma fiança, isso é uma
medida cautelar ou teria outra natureza? Seria uma cautelar com exceção à regra
da Jurisdicionalidade?

Uma parcela diz que não é medida cautelar, pois esse depende do arbitro do juiz, tanto é
que o delegado só tem a opção de arbitrar fiança ou não, só tem a opção de arbitrar a
fiança até 04 anos, ou não aplicar; seria uma medida contra-cautelar. Outra parcela diz
que é cautelar, visto que estão submetidos às mesmas regras da fiança aplicada pelo juiz.

Se foi o juiz que arbitrou, e a pessoa não pagar a fiança, ela será presa. Se foi o delegado
que arbitrou, e não foi pago, haverá a audiência de custódia.

5.Além de prestar a fiança, deve o beneficiado firmar compromissos (Art. 327 e 328 do
CPP)
Juliana Aguiar L C de Azevedo
Unicap – Processo Penal II

6. Quebra da fiança: art. 341.


- descumprimento das obrigações dos arts. 327 e 328 do CPP
- Prática de novas infrações
- Obstrução do processo ou deixa de comparecer e obedecer às ordens judiciais.
Consequência: perda da metade do valor. Art. 343 do CPP.

7. Cassação da fiança: arts. 338 e 339 do CPP.


Consequência: devolução do valor dado.

8. Perda da fiança: art. 344.


Consequência: perda do valor total.

9. Reforço da fiança: art. 340.

Quando o Estado pediu a fiança no valor aquém, ou foi dado bens que estão perecendo.
O valor daquela fiança está se reduzindo. O Estado tem o direito de cobrar o reforço pela
fiança estar perdendo o valor que tinha sido inicialmente arbitrado.
Juliana Aguiar L C de Azevedo
Unicap – Processo Penal II

MEDIDAS ASSECURATÓRIAS. Art. 125 CPP.

São medidas de natureza cautelar; estão sujeitas aos requisitos de fumus comissi delicti e
periculum libertatis. São cautelares patrimoniais, evitando que a pessoa
venda/doe/esconda o patrimônio, enquanto as outras caem sobre a própria liberdade da
pessoa.

 Informativo recente do STF. Não é indícios de materialidade, mas sim de autoria.


A materialidade tem que estar comprovada.

1. Sequestro

Medida adotada para bens de natureza móvel ou imóvel de origem ilícita. Esses bens
precisam ter sido adquiridos com os proventos do crime, ou seja, com o lucro/resultado
patrimonial do crime. Poderá estar na posse de terceiros, inclusive.

Tem como objetivo que a pessoa se desfaça desse patrimônio. É uma medida que visa
que você não disponibilize esse bem; ao fim do processo, se condenado, deixará de ser da
esfera de disponibilidade do condenado, será desapropriado para a União.

- Embargos de terceiro.
- Embargos do próprio imputado.

2. Hipoteca

Medida adotada para bens de natureza imóvel.

Enquanto o sequestro visa assegurar o objetivo de assegurar que o bem seja


indisponibilizado, adquirido pelos proventos do crime, a hipoteca tenta assegurar o
pagamento da indenização em favor da vítima. Não é a expropriação que o Estado fará
naquele bem, mas para garantir que no fim do processo em eventual condenação o valor
devido à indenização será pago.

Pode ser determinada por iniciativa da vítima ou do juiz, de oficio.

No fim do processo, não apenas vai ver a condenação daquela pessoa, mas quer reaver o
seu prejuízo. A sentença condenatória criminal pode determinar, também, essa
indenização.

Ex: Congele esse apt pois é o único bem que ele tem. Isso não significa que a pessoa irá
ganhar um apartamento no final do processo, mas que terá um bem a garantir a venda ao
final e eventual indenização, por exemplo.
Juliana Aguiar L C de Azevedo
Unicap – Processo Penal II

3. Arresto

Medida adotada para bens de natureza móvel.

Mesma lógica da hipoteca; evita que a pessoa se desfaça do patrimônio e a pessoa não
consiga obter a indenização ao final do processo.

Obs: se for fruto dos proventos do crime, não será arresto nem hipoteca, mas sim
sequestro!

 Arresto preparatório da hipoteca. Recai sobre bens imóveis. É uma medida de


urgência. A hipoteca é um procedimento lento, pois a vítima indica o imóvel e indica o
valor que a indenização provavelmente será e a estimativa do valor do imóvel. Em razão
da demora, o código estabelece que poderá haver um arresto preparatório, constrangedor,
até que se decida se haverá hipoteca ou não. Só dura 15 dias, não prorrogável, prazo em
que o juiz poderá diligenciar para decidir se haverá a hipoteca. Passado o prazo, o bem
ficará livre de novo.
Juliana Aguiar L C de Azevedo
Unicap – Processo Penal II

PROCEDIMENTO

1. Conceito

Sequência de atos previamente contidos na lei mediante os quais se processa e julga


alguém criminalmente.

2. Espécies: Art. 394.

Art. 394. O procedimento será comum ou especial.

§ 1º O procedimento comum será ordinário, sumário ou sumaríssimo.

I - ordinário, quando tiver por objeto crime cuja sanção máxima cominada
for igual ou superior a 4 (quatro) anos de pena privativa de liberdade;

II - sumário, quando tiver por objeto crime cuja sanção máxima cominada
seja inferior a 4 (quatro) anos de pena privativa de liberdade;

III - sumaríssimo, para as infrações penais de menor potencial ofensivo,


na forma da lei..

- Procedimento comum ou procedimento especial. Depende da natureza do crime, e não


da gravidade ou da pena. Ex: crimes dolosos contra a vida; crimes contra a honra etc.

- Procedimento comum. Três espécies. Depende da pena máxima cominada. Implica na


velocidade que irá durar o processo.

a) Ordinário: p.m.c igual o superior a 4 anos. CPP.


b) Sumário: p.m.c maior de 02 até 04 anos. CPP.
c) Sumaríssimo: p.m.c igual ou menor que 02 anos. Lei 9.099/95.
Juliana Aguiar L C de Azevedo
Unicap – Processo Penal II

PROCEDIMENTO ORDINÁRIO

Quando o crime acontece, o primeiro ato a se tomar é registrar a notícia-crime. Esse


registro forma um boletim de ocorrência, que pode fazer com o que o delegado instaure
ou não um inquérito policial. Se virar inquérito, ele é indisponível, terá que ser finalizado.
Ao terminar, o inquérito será encaminhado ao titular da ação penal que é, em geral, o
Ministério Público, que poderá arquivar, requerer diligencias complementares ou oferecer
a denúncia.

- Primeiro ato de qualquer procedimento: Denúncia ou queixa-crime. Descrição,


circunstanciação e imputação do crime. Art. 41, CPP.

- Depois de ofertada e distribuída a denúncia/queixa no juízo, o juiz irá rejeitar ou aceitar


a denúncia. Juízo de admissibilidade. Se rejeita, o processo está extinto (SRM); se aceita,
ocorrerá a citação do réu, significa chamar quem ainda não está integrado na relação
processual, para que apresente a Resposta à acusação.

Hipóteses:

Denúncia → Juiz → Juízo de admissibilidade negativo → Extinção SRM.

Denúncia → Juiz → Juízo de admissibilidade positivo → Resposta à acusação →


Instrução → Sentença.

Denúncia → Juiz → Juízo de admissibilidade positivo → Resposta à acusação →


Absolvição sumária (julgamento antecipado) → Sentença.
Juliana Aguiar L C de Azevedo
Unicap – Processo Penal II

 Oferecimento da petição inicial

 Recebimento ou rejeição. Decisão fundamentada.

O que se analisa na rejeição não é o mérito da imputação, mas a possibilidade e


formalidade da acusação. Na denúncia ou na queixa aponta-se uma pessoa identificada e
a conduta delituosa, pois a pessoa irá se defender ao longo do processo e, para isso, precisa
ter conhecimento do que está sendo imputada.

 Hipóteses de rejeição (Art. 395 CPP).

a) Inépcia. Art. 41, CPP.

A denúncia ou queixa conterá exposição do fato criminoso, todas suas circunstâncias,


qualificação do acusado, classificação do crime e rol de testemunhas, quando possível.
Quando não possuir esses requisitos, como no caso de denúncias genéricas (cita pessoas
sem citar quem fez o que), a denúncia será inepta.

Se o juiz determinar a inépcia o autor da ação penal poderá corrigir através de outra
denúncia. Não há, portanto, prazo para o aditamento; o papel do juiz é rejeitar,
fundamentando. Se estiver dentro do prazo prescricional, o autor poderá oferecer
novamente.

a) Ausência de pressupostos do processo e condições da ação.

Precisa conter um conflito real, existente. Lide remete uma ideia de pretensão resistida;
no pp não importa se a pessoa resistiu ou não, irá ter processo de qualquer forma. O que
importa é a existência de um crime, e não de uma lide. Será valido com um juízo
competente, ausência de litispendência e coisa julgada etc. Exemplo: denunciar por um
crime que já está sendo processado.

Condições da ação: interesse de agir (quando não há outra forma de resolver esse conflito;
quase sempre se trata de um pressuposto no processo penal), legitimidade ad causam
(sujeito ativo e passivo são os que deveriam mesmo constar naquela ação), possibilidade
jurídica do pedido (imputação de um fato típico).
Juliana Aguiar L C de Azevedo
Unicap – Processo Penal II

b) Ausência de justa causa

Prova da materialidade e indícios de autoria. A denúncia precisa apenas de uma


probabilidade/possibilidade da autoria. A justa causa também é uma condição da ação.
Existem condições especificas da ação, ex: ação penal pública condicionada à
representação, em que essa última é uma condição específica. O juiz não está dizendo
quem é culpado ou inocente; as condições formais estão presentes? Ao rejeitar, ele
extingue o processo.

Da decisão que rejeita a denúncia, cabe o recurso em sentido estrito pelo autor da ação
penal. Da decisão que recebe a denúncia, a pessoa que está sendo acusada, não existe
recurso. Só existe recurso da decisão que rejeita a denúncia. O meio de impugnação, por
não existir recurso, é a ação de habeas corpus, pois há um risco iminente de perda da
liberdade.

Recebida a denúncia, essa decisão tem uma importância na prescrição, pois é uma
hipótese de interrupção do prazo prescricional.

--------
- A discussão sobre a hipótese de anulação do ato de recebimento da denúncia e da
impossibilidade de se aplicar a regra de preclusão pro judicato:
1. O recebimento da denúncia não impede que, após o oferecimento
da resposta do acusado (arts. 396 e 396-A do Código de Processo Penal),
o Juízo reconsidere a decisão prolatada e, se for o caso, impeça o
prosseguimento da ação penal.
2. A possibilidade de o acusado "arguir preliminares" por meio de
resposta prévia, segundo previsto no art. 396-A do Código de Processo
Penal, por si só, incompatibiliza o acolhimento da tese de preclusão pro
judicato, dada a viabilidade de um novo exame de admissibilidade da
denúncia.
3. Desse modo, permite-se ao Magistrado, após o oferecimento da
defesa prévia, a revisão da sua decisão de recebimento da exordial, tal
como ocorreu na presente hipótese.
AgRg no REsp 1218030 / PR AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO
ESPECIAL2010/0199211-2 (Ministra LAURITA VAZ T5 - QUINTA
TURMA DJe 10/04/2014).
Se na resposta à acusação você arguir na preliminar um vício da denúncia que implicaria
a sua rejeição, o juiz poderá anular o ato de recebimento e, consequentemente, anular o
recebimento da denúncia. Quando decreta-se a nulidade de um ato, o procedimento volta
para um ato anterior à esse. É como se tudo após ao ato nulo serão também anulados. Se
a defesa disser que é inepta a denúncia, poderá arguir em forma de arguição de nulidade.
Sustenta-se a inépcia, se acolhido, o juiz rejeitará a denúncia e o processo irá voltar e ser
extinto SRM.
Juliana Aguiar L C de Azevedo
Unicap – Processo Penal II

 Citação

Recebida a denúncia, é preciso ter a relação completamente formada. A citação é baseada


no rito do processo civil.

a) Pessoal

Será feita por oficial de justiça, que deverá levar a cópia da denúncia, ler e entregar a
contrafé. Deve ser a regra. Em alguns casos, é obrigatória, ex: réus presos. Nesse último
caso, deve ser feito pois não se tem como exigir que aquela pessoa esteja acompanhando
os meios de comunicação para saber da imputação.

b) Hora certa

O oficial de justiça vai à casa da pessoa e ela não se encontra, além de haver a presunção
de que ela está se esquivando/fugindo para não ser citado. O oficial de justiça terá que
descrever os elementos que fazem ele entender que a pessoa está fugindo. Na segunda
vez, comunicará que no dia útil seguinte irá naquele lugar para cita-lo por hora certa. Não
existe a obrigação de citação por hora certa. Essa ocorre quando você tem certeza que
aquela pessoa mora ali. Depois que o oficial de justiça comparece duas vezes, na terceira
essa pessoa será considerada citada. Assim sendo, o processo segue o curso normalmente.

Uma parcela dos doutrinadores entendia que essa forma de citação não é possível no
processo penal, pois é incerto permitir processar uma pessoa que não foi vista; a citação
por hora certa pode ser um engano do oficial de justiça, achando que a pessoa se esconde,
mas que na verdade ela não mora ali.

A citação por hora certa estava em discussão no Supremo, no RE 635.145, no qual foi
reconhecida repercussão geral em 2013. No RE, alega-se que a hipótese de citação por
hora certa fere o princípio da ampla defesa e do contraditório, pois o réu poderá ser
julgado e condenado mesmo através de uma citação tipicamente ficta. STF considerou a
modalidade constitucional em 2016.
Juliana Aguiar L C de Azevedo
Unicap – Processo Penal II

c) Edital

É o lançamento público de uma citação. Há casos em que a pessoa nem aparece, nem
constitui advogado. Assim, a relação processual não está formada. A saída do art. 366
CPP é a suspensão do processo, assim como a suspensão do prazo prescricional. Não
significa a extinção.

Se citou por hora certa, hipótese anterior, tem processo, pois houve citação.

Art. 366. Se o acusado, citado por edital, não comparecer, nem constituir
advogado, ficarão suspensos o processo e o curso do prazo prescricional,
podendo o juiz determinar a produção antecipada das provas
consideradas urgentes e, se for o caso, decretar prisão preventiva, nos
termos do disposto no Art. 312.

Essa suspensão do prazo prescricional deveria ter limite? Até quando fica suspensa? A
doutrina falava que, ao adotar essa regra em 2008, o código estaria adotando uma nova
forma de imprescritibilidade. A jurisprudência começou a se tornar sensível a isso, deverá
ter um limite. A sumula 415 do STJ decidiu que a suspensão do prazo prescricional,
nessa hipótese, dura até o prazo máximo da prescrição da pena em abstrato do
delito.

Prescrição retroativa x Prescrição da pena máxima cominada em abstrato.

Na prescrição da pena máxima cominada ao caso, tem que ir no artigo 109 do CP para
saber qual o prazo prescricional, de acordo com os intervalos dessas penas máximas. Ex:
Homicídio. Pena – de 6 a 20 anos. Art. 106: pena máxima cominada maior que 12 = 20
anos de prescrição.

Segundo a sumula, se fui citada por edital e não apareço, o juiz suspende o processo, o
processo ficará suspenso em 20 anos no caso de homicídio. Não quer dizer que, após esse
prazo, o crime estará prescrito, mas que não estará mais suspenso. O prazo prescricional
voltará a correr, ou seja, mais 20 anos.

A suspensão do processo e a suspensão do prazo prescricional são regras obrigatórias.


O código faculta ao juiz, ainda a prisão preventiva, terá um mandato de prisão circulando,
pois entende-se que a pessoa está fugindo, hipótese que autoriza a prisão preventiva; e a
antecipação da produção de provas reputadas urgentes, hipótese em que, mesmo a relação
processual não estando completa, o juiz mandará produzir as provas. Nesse último caso,
o defensor constituirá para representar o acusado, pois se tivesse constituído advogado a
relação estaria completa. Só pode ocorrer se a prova for urgente, o juiz precisa justificar
a necessidade dessa produção.
Juliana Aguiar L C de Azevedo
Unicap – Processo Penal II

Se o processo tem três réus, na hipótese em que um é encontrado e os outros não são, o
processo seguirá em relação a quem é encontrado, e suspenso em relação a quem não é
encontrado.

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Local incerto e não sabido → Citação por Edital

Citação pessoal

Tentando fugir → Citação por Hora Certa

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Produção antecipada de prova e pressupostos

A Segunda Turma iniciou julgamento de “habeas corpus” no qual se pretende reconhecer


a ilegalidade de audiência realizada em ação penal em que o paciente figura como réu.
No caso, ele foi denunciado pela suposta prática de homicídio culposo na direção de
veículo automotor, delito previsto no art. 302 da Lei 9.503/1997. Por estar foragido, foi
citado por edital, com a consequente suspensão do processo [Código de Processo Penal
(CPP), art. 366]. O juízo determinou, em seguida, a realização de audiência de produção
antecipada de prova.

Na impetração, sustenta-se haver cerceamento de defesa em virtude da mencionada


audiência. A produção antecipada de prova teria como único fundamento o decurso do
tempo, o que, no caso, seria justificativa insuficiente.

O ministro Ricardo Lewandowski (relator), acompanhado pelo ministro Dias Toffoli,


concedeu a ordem. Entendeu não haver fundamento concreto a indicar a
imprescindibilidade da produção antecipada de prova. Afinal, a justificativa oferecida
pelo juízo — de que o decurso do tempo poderia implicar a imprestabilidade dos
depoimentos das testemunhas — foi genérica, ao arrepio da norma processual penal.

O relator reputou, ainda, que, para a produção antecipada de prova, é preciso combinar o
art. 156, I, com os arts. 225 e 366 do CPP. Nesse sentido, somente se justificaria nas
hipóteses em que a testemunha houver de ausentar-se, ou haja receio de que, ao tempo da
instrução criminal, já não exista. No caso, entretanto, o juízo justificou a necessidade de
produção antecipada de prova somente na possibilidade de as testemunhas não serem
localizadas e no fato de uma delas ser policial militar.

Em seguida, o ministro Gilmar Mendes pediu vista dos autos. HC 135386/DF, rel. Min.
Ricardo Lewandowski, 18.10.2016. (HC-135386). Neste sentido: Súmula 415, STJ: “O
período de suspensão do prazo prescricional é regulado pelo máximo da pena cominada”.
Juliana Aguiar L C de Azevedo
Unicap – Processo Penal II

PENAL E PROCESSUAL PENAL. HABEAS CORPUS SUBSTITUTIVO DE


RECURSO ORDINÁRIO. FUNDAMENTAÇÃO IDÔNEA DO DECRETO
PRISIONAL. DESCUMPRIMENTO DOS REQUISITOS JUDICIAIS DA
LIBERDADE PROVISÓRIA. CITAÇÃO POR EDITAL. SUSPENSÃO DO PRAZO
PRESCRICIONAL. PRESCRIÇÃO QUE VOLTA A FLUIR APÓS O PRAZO
PREVISTO NO ART. 109 DO CP, CONSIDERADA A PENAMÁXIMA. VERBETE
N. 415 DA SÚMULA DO STJ. PRAZO PRESCRICIONAL NÃO TRANSCORRIDO.1.
Ressalvada pessoal compreensão diversa, uniformizou o Superior Tribunal de Justiça ser
inadequado o writ quando utilizado em substituição a recursos especial e ordinário, ou de
revisão criminal (HC 213.935/RJ, Rel. Ministro GILSON DIPP, QUINTA TURMA, DJe
de 22/8/2012; e HC 150. 499, Rel. Ministra MARIA THEREZA DE ASSIS MOURA,
SEXTA TURMA, DJe de 27/8/2012), não obstante, nada impede o direto exame do tema
por esta Corte, na constatação de ilegalidade flagrante, abuso de poder ou teratologia. 2.
O decreto prisional apresenta fundamentação idônea em elementos concretos, advindos
do contexto probatório, quando, no gozo da liberdade provisória, o paciente deixa de
cumprir com determinações judiciais, dentre elas o dever de comparecer em juízo, e
informar endereço atualizado em caso de mudança. 3. O prazo de suspensão da
prescrição, nos termos do art. 366 do CPP, será regulado pelo máximo da pena cominada,
conforme Enunciado n. 415 da Súmula do STJ, com observância do artigo 109 e seguintes
do Código Penal, voltando a fluir o prazo da prescrição da pretensão punitiva após
escoado o período. 4. Ordem de habeas corpus denegada. (DJe 08/09/2015)
Juliana Aguiar L C de Azevedo
Unicap – Processo Penal II

 Resposta à acusação.

Depois da citação ocorrer, constituindo as três partes do processo, o réu irá apresentar a
sua versão dos fatos, na chamada resposta à acusação, que tem um prazo de 10 dias
CORRIDOS para ser apresentada, contada da CITAÇÃO, e não da juntada do mandato
de citação. Começa a contar do próximo dia útil à citação: exclui o dia do início e inclui
o dia do vencimento.

Essa peça é a primeira manifestação do réu no processo, devendo a parte arrolar


testemunhas. No caso da defensoria pública a pessoa não tem condições de encontrar com
a pessoa antes de oferecer essa resposta; não há, pois, como arrolar testemunhas nessa
ocasião. No caso de advogados constituídos, deverá apontar as testemunhas e provas que
pretende produzir em juízo.

Estrategicamente falando, talvez não seja o ideal que a parte antecipe as suas teses de
defesa nessa peça

Art. 396. Nos procedimentos ordinário e sumário, oferecida a denúncia ou


queixa, o juiz, se não a rejeitar liminarmente, recebê-la-á e ordenará a
citação do acusado para responder à acusação, por escrito, no prazo de
10 (dez) dias.

Parágrafo único. No caso de citação por edital, o prazo para a defesa


começará a fluir a partir do comparecimento pessoal do acusado ou do
defensor constituído.

Art. 396-A. Na resposta, o acusado poderá arguir preliminares e alegar


tudo o que interesse à sua defesa, oferecer documentos e justificações,
especificar as provas pretendidas e arrolar testemunhas, qualificando-as
e requerendo sua intimação, quando necessário.

§ 1 o A exceção será processada em apartado, nos termos dos arts. 95 a


112 deste Código.

§ 2 o Não apresentada a resposta no prazo legal, ou se o acusado, citado,


não constituir defensor, o juiz nomeará defensor para oferecê-la,
concedendo-lhe vista dos autos por 10 (dez) dias.
Juliana Aguiar L C de Azevedo
Unicap – Processo Penal II

Depois da resposta à acusação, ocorrerá a fase de instrução e julgamento ou a


absolvição sumária.

 Absolvição sumária. Art. 397, CPP.

Art. 397. Após o cumprimento do disposto no Art. 396-A, e parágrafos,


deste Código, o juiz deverá absolver sumariamente o acusado quando
verificar:

I - a existência manifesta de causa excludente da ilicitude do fato;


II - a existência manifesta de causa excludente da culpabilidade do agente,
salvo inimputabilidade;
III - que o fato narrado evidentemente não constitui crime; ou
IV - extinta a punibilidade do agente.

a) Excludente de ilicitude.
b) Excludente de culpabilidade. Obs: a menoridade gera a nulidade do processo
desde o seu recebimento. No caso da inimputabilidade ser no sentido de que a pessoa
padece de doença mental, não receberá desde logo uma medida de segurança, pois precisa
de uma instrução e, se for o caso, será absolvido impropriamente recebendo uma medida
de segurança.
c) Atipicidade.
d) Extinção de punibilidade: prescrição, decadência, morte, abolitio criminis.

Às vezes, no momento e resposta à acusação, o juiz já se convence da inocência do


acusado, pois o que fica contido nessa resposta traz elementos suficientes para que ele
entenda que aquele fato não é típico, há excludente de ilicitude ou culpabilidade etc.,
decidirá pela absolvição sumária, que é um julgamento antecipado do processo, sem
instrui-lo. Art. 397.

Quanto ao art. 397, IV (extinta a punibilidade do agente) há uma problemática: essa


hipótese não é propriamente de ABSOLVIÇÃO, posto que não analisa o mérito da
questão, mas apenas declara extinto o direito de punir do Estado.
Juliana Aguiar L C de Azevedo
Unicap – Processo Penal II

 Instrução. Art. 400 CPP.

Art. 400. Na audiência de instrução e julgamento, a ser realizada no prazo


máximo de 60 (sessenta) dias, proceder-se-á à tomada de declarações do
ofendido, à inquirição das testemunhas arroladas pela acusação e pela
defesa, nesta ordem, ressalvado o disposto no art. 222 deste Código, bem
como aos esclarecimentos dos peritos, às acareações e ao reconhecimento
de pessoas e coisas, interrogando-se, em seguida, o acusado.

§ 1º As provas serão produzidas numa só audiência, podendo o juiz


indeferir as consideradas irrelevantes, impertinentes ou protelatórias.

§ 2o Os esclarecimentos dos peritos dependerão de prévio requerimento


das partes.

1. Declaração do ofendido.
2. Oitiva das testemunhas (primeiro a acusação; depois a defesa). Máximo de 08.
3. Esclarecimento dos peritos.
4. Acusação.
5. Reconhecimento de pessoas ou coisas
6. Interrogatório (primeiro identificação; depois esclarecimento).
7. Diligencias complementares.
8. Alegações finais.
9. Sentença.

O código faculta ao juiz, após tudo isso, fazer diligencias complementares caso tenha
ficado alguma dúvida, requerida pelas partes ou de oficio. Não existindo essas diligencias,
passa para a fase de alegações finais, que também é uma peça, trata das últimas
manifestações da acusação e da defesa antes da sentença. Em regra, as alegações finais
são orais, ao término da audiência; em outros casos, poderá ser de forma escrita, os
chamados memoriais.
Juliana Aguiar L C de Azevedo
Unicap – Processo Penal II

PROCEDIMENTO SUMÁRIO

Crimes com pena maior que 02 anos e menor que 04 anos.

É praticamente igual ao procedimento ordinário, com algumas diferenças:

 Prazo para marcar a audiência de instrução e julgamento: 30 dias (≠ ordinário, que


é 60 dias).
 Alegações finais somente orais.
 Impossibilidade de fazer diligencias complementares.
 Máximo de 05 testemunhas.
Juliana Aguiar L C de Azevedo
Unicap – Processo Penal II

PROCEDIMENTO DO JURI

1. Competência: crime doloso contra a vida e conexos.

Crime de genocídio não vai para o Júri. O código é dividido em capítulos “dos crimes
(...)” e, dentro dos dolosos contra a vida, tem-se o aborto, homicídio, infanticídio.
Genocídio é competência de uma vara comum.

O júri é uma previsão constitucional; garantia de direito fundamental escrito no art. 5 da


CF. É uma cláusula pétrea. Surgiu como forma de consagrar a participação do povo na
justiça.

2. Princípios:

- Soberania dos veredictos.


- Sigilo das votações. Gera a regra da incomunicabilidade dos jurados.
- Plenitude de defesa. É como se fosse a ampla defesa, mas, para alguns doutrinadores,
vai além; significa mais do que isso, trazendo a implicação de que, nos debates orais,
quem fala primeiro é o MP, depois a defesa. Existe a prerrogativa do MP pedir réplica,
para tentar contraditar alguma coisa dita pela defesa ao longo da sua manifestação oral.
Entretanto, se ele pede réplica, a defesa teria direito à tréplica. Teríamos uma fase oral
em quatro fases. A defesa poderia trazer uma tese nova na tréplica? Sim. É isso o que
Guilherme Nucci chama da plenitude de defesa. No procedimento ordinário isso não seria
possível; no júri, permite-se inovação de tese na tréplica sem que o ministério público
possa contraditar. O risco de deixar nova tese para a tréplica é o MP não pedir a réplica.

3. Procedimento bifásico.

a) 1ª Fase.

- Competência do juiz togado.


- Judicium accusationis; juízo sobre a acusação.
- Não se condena.

b) 2ª Fase.

- Competência dos jurados.


- Judicium causae; juizado da causa.
Juliana Aguiar L C de Azevedo
Unicap – Processo Penal II

O procedimento do júri começa com a denúncia, que será distribuída, acolhida ou


rejeitada, ocorrerá a citação, resposta à acusação e a instrução. A diferença é que, ao final
da primeira fase (juízo sobre a acusação) o juiz não condena, verifica se a denúncia faz
sentido e se deve ter os elementos suficientes de indícios probatórios para conduzir as
pessoas para a segunda fase do júri, em que será levado à julgamento em plenário.

A pronuncia é a decisão tomada pelo juiz togado, investido naquela vara, que diz que a
denúncia procede, existe indícios de autoria e materialidade e, portanto, a pessoa acusada
deverá ir para a segunda fase, submetida a julgamento de mérito pelos jurados.

Até chegar no plenário do júri, a pessoa passará por um procedimento de duas fases. Na
primeira, é como um procedimento ordinário, mas, ao fim, ao invés de condenar, dará a
decisão de pronuncia e abre a próxima fase. Pode ser que no final da primeira fase ele
entenda que não tem indícios suficientes de autoria, possibilitando ao juiz dar a decisão
de impronuncia. Há, também, a possibilidade de decisão de absolvição ou de decisão
de desclassificação, quando o crime deixa de ser entendido como crime doloso contra a
vida (ex: tentativa de homicídio x lesão corporal gríssima). É um momento de filtragem,
só passará para o júri quem terá possibilidade de ser julgado.

A segunda fase é propriamente o júri: intimação das partes, sorteio dos jurados, fase de
instrução etc. Ao final, decide-se sobre a procedência ou não da imputação.
Juliana Aguiar L C de Azevedo
Unicap – Processo Penal II

 PRIMEIRA FASE: Fase judicium accusationis.

É um juízo sobre a acusação, devendo verificar se a denúncia procede. É como se fosse


uma peneira, vendo se tem indícios de autoria e provas de materialidade. No mais,
corresponde aos ATOS DO PROCEDIMENTO ORDINÁRIO.

Finalizada, pode o juiz:

a) Pronunciar. Art. 413 do CPP.

- Não antecipa a culpa


- Proibição de excesso de linguagem. §1.

A decisão de pronuncia não significa condenar, mas sim reconhecer que existem indícios
de autoria e prova de materialidade suficientes para conduzir aquela pessoa para a
segunda fase do procedimento do júri. É a única que abre a porta da segunda fase.

O juiz não poderá condenar, mas poderá pronunciar se reconhecer os requisitos acima,
mas não antecipa a culpa: não dirá que é evidente que o acusado é culpado. Apenas dirá
que há bons indícios de autoria e prova da materialidade suficientes para conduzir ao Júri.

O CPP proíbe que o juiz seja muito incisivo na decisão de pronuncia, proíbe o excesso de
linguagem, ex: “não deixou dúvidas que é o autor do fato”. Esse tipo de pronuncia que
antecipa demais a culpa é proibida, sob pena de serem anulados, pois isso contamina o
julgamento dos jurados. A tendência seria os jurados seguir o entendimento do juiz
togado. Os jurados não podem estar sugestionados para uma decisão ou para outra.

Pronúncia: art. 413 - decisão interlocutória mista. Diante da existência de provas de


materialidade e indícios de autoria delitiva. O LIMITE DA ACUSAÇÃO EM
PLENÁRIO É A PRONUNCIA (ex: o MP não poderá sustentar a qualificadora não
acatada pelo juiz na decisão de pronuncia).

No caso de delitos conexos, eles serão referidos na pronúncia, mas sem que o magistrado
teça maiores considerações sobre o mérito de admissibilidade sobre eles.
Juliana Aguiar L C de Azevedo
Unicap – Processo Penal II

RECURSO ESPECIAL. TRIBUNAL DO JÚRI. PRONÚNCIA.


DESISTÊNCIA VOLUNTÁRIA. AFASTAMENTO DA TESE. EXCESSO DE
LINGUAGEM. INEXISTÊNCIA.RECURSO ESPECIAL NÃO PROVIDO. 1. A
fundamentação da pronúncia deve ser comedida, devendo se limitar a apontar
a existência de um mero juízo de probabilidade e não de certeza, sob pena de
invadir a competência constitucional do Tribunal do Júri. 2. Não incorre em
excesso de linguagem a pronúncia que, com espeque nas provas até então
colhidas, a par de sintetizar bem os fatos, para destacar os indícios de autoria,
a prova da materialidade delitiva e as circunstâncias em que supostamente se
deu o crime - homicídio qualificado, na forma tentada, pelo meio cruel e pelo
emprego de recurso que dificultou a defesa da vítima -, refuta tese defensiva de
desistência voluntária. 3. Recurso especial não provido. (STJ, REsp 1542332 /
TO, DJe 12/03/2018)
Juliana Aguiar L C de Azevedo
Unicap – Processo Penal II

b) Impronunciar. Art. 414.

- Decisão que não faz coisa julgada formal.

Se, no final da primeira fase, o juiz não se convence sobre os indícios de autoria e provas
de materialidade, ele determinará diligencias. Em um processo normal, se o juiz continuar
sem se convencer, o juiz absolveria o réu, tendo em vista o princípio do in dubio pro réu.
Porém, no júri, quando o juiz não se convence, não irá absolver, mas sim
impronunciar, que é o contrário de pronunciar. Essa impronuncia não significa
absolvição, mas sim que extinguirá o processo SRM, até que possam surgir provas
mais conclusivas desse fato. Normalmente, a dúvida absolverá; aqui, irá suspender,
que significa extinguir sem resolver o mérito. O prazo em que ficaria “suspenso” seria o
limite da prescrição.

Casos em que NÃO HÁ, SEQUER, INDÍCIOS DA AUTORIA.

c) Absolver sumariamente. Art. 415.

- Não confundir com a absolvição sumária do art. 397. Lembrar: o juiz poderá seguir à
instrução ou decidir pela absolvição sumária (art. 397) depois da resposta à acusação,
quando há fato atípico, excludente te ilicitude, excludente de culpabilidade, extinção de
punibilidade. Se decidir pela instrução, poderá pronunciar, impronunciar ou decidir pela
absolvição sumária (art. 415).

Casos em que há elementos de mérito que concluem pela culpa. São quatro as
possibilidades:

I. Provado que o fato não existiu.


II. Provada a negativa de autoria.

Tem provas suficientes que o fato não existiu. TRATA-SE DE PROVAS. Obs: essa
hipótese não está presente no art. 397. Se tem INDÍCIOS de que é autor + prova da
materialidade, irá pronunciar. Aqui, tem CERTEZA de ambos.

III. Fato atípico. Ex: erro de tipo.


IV. Excludente de ilicitude ou de culpabilidade.

Ex: juiz tem dúvida quanto a legítima defesa, irá pronunciar, pois tem indícios de autoria,
mas há dúvidas quanto a materialidade; só iria impronunciar se tivesse duvidas inclusive
quanto à autoria. Ex: dúvida quanto ao dolo eventual ou culpa consciente, portanto irá
pronunciar se tiver indícios de autoria.
Juliana Aguiar L C de Azevedo
Unicap – Processo Penal II

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Existe uma discussão sobre a aplicabilidade ou não do artigo 397 (absolvição sumária)
no rito do júri. O STJ, no final de 2014, entendeu que não:

RECURSO ORDINÁRIO EM HABEAS CORPUS. HOMICÍDIO QUALIFICADO.


NULIDADE DO PROCESSO EM FACE DA INOBSERVÂNCIA DO ARTIGO 397
DO CÓDIGO DE PROCESSO PENAL. ADOÇÃO DO PROCEDIMENTO
ESPECIAL PREVISTO PARA A APURAÇÃO DE CRIMES DOLOSOS CONTRA
A VIDA. MÁCULA INEXISTENTE. DESPROVIMENTO DO RECLAMO.

1. Os artigos 406 e seguintes do Código de Processo Penal regulamentam o


procedimento a ser seguido nas ações penais deflagradas para a apuração de
crimes dolosos contra a vida, assim, rito especial em relação ao comum
ordinário, previsto nos artigos 394 a 405 do referido diploma legal.

2. Por conseguinte, e em estrita observância ao princípio da especialidade,


existindo rito próprio para a apuração do delito atribuído ao recorrente, afastam-
se as regras do procedimento comum ordinário previstas no Código de Processo
Penal, cuja aplicação pressupõe, por certo, a ausência de regramento específico
para a hipótese.

3. Se as normas que regulam o processo e o julgamento dos crimes dolosos contra


a vida determinam que o exame da viabilidade de absolvição sumária do réu só
deve ocorrer após o término da fase instrutória, não há dúvidas de que deve ser
aplicado o regramento específico, pois, como visto, as regras do rito comum
ordinário só têm lugar no procedimento especial quando nele houver omissões
ou lacunas.

4. Recurso desprovido.

(RHC 52.086/MG, Rel. Ministro JORGE MUSSI, QUINTA TURMA, julgado em


18/12/2014, DJe 03/02/2015)

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Juliana Aguiar L C de Azevedo
Unicap – Processo Penal II

Parágrafo Único. Suponha que uma pessoa padece de uma doença mental que o torna
inimputável. Essa pessoa mata outra; irá se submeter a uma medida de segurança. No
ponto de vista para o processo, irá passar pelo procedimento como qualquer pessoa: o MP
irá denunciar (poderá haver o incidente de insanidade, mas mesmo assim irá ser
denunciado pois tem direito ao devido processo legal igual a qualquer um pois poderia,
inclusive, ter agido em legitima defesa; no final, o MP pede a medida de segurança); juiz
recebe, cita no nome do representante legal, a resposta à acusação é oferecida, o juiz vai
para a instrução. No final da instrução, o juiz se convence que a pessoa agiu em legitima
defesa: irá absolver sumariamente (art. 415, IV).

O juiz poderá NÃO TER CERTEZA que agiu em legitima defesa. O inimputável pode
ser submetido ao procedimento do júri? Pois o juiz não absolveu por não ter se convencido
que agiu em legitima defesa. O júri julga pessoas inimputáveis? SIM, quando houver
duas teses defensivas. Inclusive, isso gera uma dificuldade quanto a quesitação. Se tem
uma tese de legitima defesa + tese de inimputabilidade, tem que ir pro júri, pois esse
inimputável tem direito a ser absolvido por legitima defesa. A legitima defesa é
perguntada antes, pois se os jurados absolverem o fato de ser inimputável é indiferente,
sairá de lá absolvido.

Porém, se a pessoa não tem a tese subsidiária melhor, que só terá a tese de ser
inimputável, o juiz poderá absolver sumariamente por excludente de culpabilidade
(art. 415, IV), não precisa levar para o Júri para dizer que é inimputável.

Então, quando a inimputabilidade é a única tese de defesa, existe a absolvição


sumária; se, porém, houver mais teses de defesa, o juiz irá pronunciar e o júri irá
fazer o julgamento.

Outras excludentes de culpabilidade poderão ser hipótese de absolvição sumária do art.


397, exceto a inimputabilidade. Toda pessoa inimputável tem direito ao devido
processo legal.
Juliana Aguiar L C de Azevedo
Unicap – Processo Penal II

d) Desclassificar.

Quando o juiz reconhece que aquele crime doloso contra a vida na verdade era outro
crime não doloso contra a vida.

Ex: facada no vento x facada no braço. O ministério público entendeu que estava
querendo matar a pessoa. Se der uma facada no braço poderá ser uma tentativa de
homicídio. Não é o resultado da lesão que define homicídio ou não, mas sim o dolo.
Durante o processo, ficou evidenciado que não era tentativa de homicídio, mas sim uma
lesão corporal (leve, grave ou gravíssima, dependendo das consequências). Se estiver em
dúvida se é homicídio ou lesão corporal, irá pronunciar se tiver indícios de autoria e
provas da materialidade, tendo dúvidas sobre o elemento subjetivo do tipo: dolo de matar
ou dolo de lesionar.
Juliana Aguiar L C de Azevedo
Unicap – Processo Penal II

 SEGUNDA FASE: quando há pronuncia.

Nucci diz que o procedimento do júri tem três fases, e não duas. Diz que a segunda fase
se divide em preparação e o dia de julgamento em plenário.

a) Preparação para o plenário. Art. 422 e seguintes.

- Verificar se as partes querem produzir provas no plenário.

É um julgamento oral, pode haver oitiva de testemunhas e pericias etc. pode ser que tenha
instrução em plenário. O juiz perguntará se o MP e defesa vão querer produzir provas em
plenário. No plenário, tem o número máximo de oitiva de 05 testemunhas. Indicará a
prova e o juiz permitirá ou não, dependendo se for licito ou ilícito.

- Sorteio dos jurados que irão compor o julgamento.

São 25 jurados sorteados; o conselho de sentença se formará no número de 07. No dia,


deverão comparecer, no mínimo, 15.

Poderá ser qualquer cidadão acima de 18 anos; não há obrigação de formação, basta ser
cidadão brasileiro.

Os 25 jurados sorteados vêm da inscrição livremente, pois todo ano a comarca sorteia um
número de sorteio para os jurados. Se estiver no listão, poderá ser sorteado para participar
dos 25. É normal que a lista venha do TRE para ser mesário. É um perfil de classe média,
e não popular, pois geralmente são chamados funcionários públicos.

Suspeição e impedimento também são aplicáveis aos jurados. No momento do sorteio, o


MP ou a defesa poderão impugnar imotivadamente, até 03. Motivadamente, por motivos
de suspeição e impedimento, não tem limite para a impugnação.

- Designação da data. Intimação de todas as partes.


Juliana Aguiar L C de Azevedo
Unicap – Processo Penal II

b) Sessão de julgamento.

É preciso verificar a presença de todas as partes. Quem tem que estar presente?

1. Juiz

2. Ministério Público.

Se não estiver presente, irá adiar. O promotor intimado que não estiver presente poderá
ser processado internamente no órgão.

3. Advogado constituído.

Se não estiver presente, o júri só será adiado se apresentar uma justificativa formal.
Designará uma nova data. Nessa data, acontecerá o júri com ou sem ele. Só pode gerar
01 (um) adiamento. Se não comparecer nessa segunda data, será nomeado defensor
público.

4. Réu.

Terá que estar presente dependendo da condição do réu. Se estiver preso, sua presença
é obrigatória; se estiver solto e tiver sido regularmente intimado, mas não
compareceu porque não quis, o júri poderá acontecer sem a sua presença, mas
apenas sob a condição de ter sido intimado

5. Jurados.

Dos 25 sorteados, no dia terá que estar presente no mínimo 15.


Juliana Aguiar L C de Azevedo
Unicap – Processo Penal II

 Sessão

(PERDI O INICIO DA AULA)

- Sorteio do Conselho de sentença (07 jurados). Art. 467. Lembrar da dispensa imotivada
de 03 jurados.

- Juramento. Art. 472.

- Depoimento da vítima.

- Testemunhas.

- Interrogatório.

- Debates. Art. 746.

1h30 – 1º sustentação.

1h – Réplica e tréplica.

Art. 477, §2 - +1h para pluralidade de acusados.

 O que pode ser dito e o que é vedado nos debates? Art. 479.

Art. 478. Durante os debates as partes não poderão, sob pena de nulidade,
fazer referências:

I – à decisão de pronúncia, às decisões posteriores que julgaram


admissível a acusação ou à determinação do uso de algemas como
argumento de autoridade que beneficiem ou prejudiquem o acusado;

II – ao silêncio do acusado ou à ausência de interrogatório por falta de


requerimento, em seu prejuízo.
Juliana Aguiar L C de Azevedo
Unicap – Processo Penal II

Decisões no STJ a respeito:

PROCESSUAL PENAL. HABEAS CORPUS SUBSTITUTIVO DE RECURSO


PRÓPRIO. INADEQUAÇÃO. HOMICÍDIO. SESSÃO DE JULGAMENTO PELO
TRIBUNAL DO JÚRI.MENÇÃO À PRONÚNCIA. ART. 471, I, DO CPP. NULIDADE.
INOCORRÊNCIA.REFERÊNCIAS NÃO UTILIZADAS COMO ARGUMENTO DE
AUTORIDADE. PREJUÍZO NÃO DEMONSTRADO. WRIT NÃO CONHECIDO. 1.
Esta Corte e o Supremo Tribunal Federal pacificaram orientação no sentido de que não
cabe habeas corpus substitutivo do recurso legalmente previsto para a hipótese,
impondo-se o não conhecimento da impetração, salvo quando constatada a existência
de flagrante ilegalidade no ato judicial impugnado. 2. O reconhecimento de nulidades
no curso do processo penal reclama uma efetiva demonstração do prejuízo à parte,
sem a qual prevalecerá o princípio da instrumentalidade das formas positivado pelo
art. 563 do Código de Processo Penal (pas de nullité sans grief). 3. Na hipótese, a
menção a trechos da pronúncia não induz à nulidade do julgamento, tendo em vista
que eles foram utilizados pela magistrada apenas para fundamentar o indeferimento do
pleito defensivo de exclusão de quesitos relativos a qualificadoras, sob o
argumento de que não foram descritos na pronúncia nem no acórdão que a confirmou.
4. Não há falar em violação do art. 471, I, do CPP, tendo em vista que a referência à
sentença que determinou a submissão do paciente ao Tribunal do Júri não se revestiu
de argumento de autoridade, capaz de influenciar no convencimento dos jurados.
Prejuízo não demonstrado. 5. Habeas corpus não conhecido. (HC 323474 CORPUS
2015/0109792-3, DJe 01/12/2017)

PROCESSO PENAL. RECURSO ESPECIAL. TENTATIVA DE HOMICÍDIO


QUALIFICADO. SUPOSTA VIOLAÇÃO DO ART. 478 DO CPP. MENÇÃO A
ACÓRDÃO QUE ANULOU JULGAMENTO ANTERIOR POR DECISÃO
MANIFESTAMENTE CONTRÁRIA À PROVA DOS AUTOS. ARGUMENTO DE
AUTORIDADE. NULIDADE CONFIGURADA NA ORIGEM. ACÓRDÃO
IMPUGNADO EM HARMONIA COM O ENTENDIMENTO DO STJ. RECURSO
IMPROVIDO. 1. A norma processual penal relativa ao procedimento adotado no
Tribunal do Júri é bastante particular e regrada. Em plenário, tais normas possuem
grande relevância no desfecho do julgamento e visam assegurar a imparcialidade dos
jurados, cidadãos leigos, que têm o dever, sob juramento, de examinar a causa e
decidir segundo sua consciência e razão, sem qualquer influência do tecnicismo da
justiça togada. 2. Na hipótese, a acusação, na tréplica, foi muito além de fazer
referência ao acórdão proferido pelo Tribunal a quo. A Promotora de Justiça, ao
afirmar ter sido aluna do Desembargador, relator do feito, assegurou aos jurados que
ele não teria assinado um documento sem examinar as provas dos autos e que, se a
Câmara decidiu haver sido a decisão contrária à prova dos autos, era para ser
respeitado (argumento ad verecundiam), violando, assim, a regra inserta no art. 478, I,
do Código de Processo Penal.3. O acórdão impugnado está em harmonia com o
entendimento pacificado nesta Corte de Justiça. 4. Recurso especial improvido. REsp
1408359 / RS, DJe 24/08/2017
Juliana Aguiar L C de Azevedo
Unicap – Processo Penal II

Art. 479. Durante o julgamento não será permitida a leitura de documento


ou a exibição de objeto que não tiver sido juntado aos autos com a
antecedência mínima de 3 (três) dias úteis, dando-se ciência à outra parte.

- Esse dispositivo não inclui doutrina.

- É possível apresentar um organograma?

O organograma nada mais é que um roteiro, conferindo maior clareza à exposição


dos fatos constantes dos autos, o qual, por óbvio, não configura documento, não
sendo necessária assim, a observância de antecedência de 3 dias úteis para a sua
juntada e ciência à parte contrária (art. 479, parágrafo único).

A utilização de recurso de informática, como o power point, ou a exibição de


organograma explicitando de forma sucinta os acontecimentos vislumbrados
durante a marcha processual, no plenário, constitui exercício de liberdade de
manifestação, de modo a facilitar a intelecção do Conselho de Sentença, não
configurando ofensa ao contraditório. (HC 174006 / MS, DJe 27/08/2012).

A antecedência deve garantir o contraditório?

O debate jurídico cuida da melhor interpretação a ser dada ao disposto no art. 479
do Código de Processo Penal: se a lei exige apenas que, para que determinado
documento seja lido no júri, deve este ser juntado aos autos até 3 dias úteis antes
da sua realização, podendo a parte ser cientificada até o seu início, ou que não só
a juntada, mas também a ciência da parte interessada deve ocorrer até 3 dias antes
do início do júri. Com efeito, de nada serviria esta exigência legal se a ciência se
desse apenas, por exemplo, às vésperas da sessão de julgamento, sem que a parte
tivesse tempo suficiente para conhecer a fundo o documento e colher elementos
para, se for o caso, refutá-lo. A lei seria inócua. De nada adiantaria a exigência de
que o documento seja juntado em tempo razoável se não vier acompanhada da
necessidade de que a parte contrária seja cientificada também em tempo razoável
da juntada. Nessa linha de raciocínio, a doutrina ratifica que “não se trata de mera
juntada do documento aos autos, mas sim a efetiva ciência da parte contrária, no
mínimo três dias úteis antes do julgamento”. Sendo assim, considerando que a
intensão do legislador é garantir o julgamento justo, permitindo às partes (defesa
e acusação) conhecer de documento relevante para o julgamento e, em tempo
hábil, se manifestar sobre ele, é de suma importância que a ciência da parte
contrária e a juntada do documento ou exibição de objeto se dê no tríduo legal.
(Informativo n. 610) - REsp 1.637.288-SP, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, Rel.
para acórdão Min. Sebastião Reis Júnior, por unanimidade, julgado em 8/8/2017,
DJe 1/9/2017.
Juliana Aguiar L C de Azevedo
Unicap – Processo Penal II

 Sala secreta e quesitação. Art. 483.

- Ordem de quesitação.

I. Materialidade.

É o fato de o crime existir. Ex: “No dia tal, em tal lugar, fulana foi assassinada? O crime
ocorreu? Fulana foi vítima dos disparos? Sim ou não?”. Se responderem não, o
julgamento acaba ali. Não tem materialidade delitiva.

II. Autoria.

“Fulano foi o autor dos disparos que mataram fulana?”. Se houver a negativa de autoria,
o julgamento acaba ali.

III. Absolvição.

Chama-se o que o código denomina de quesito genérico de absolvição: “O jurado


absolve o acusado?”. Pode ser, aqui, por exemplo, por motivos de excludente de ilicitude,
pois não há perguntas anteriores que contenha essa questão. Gera uma discussão
jurisprudencial: o jurado pode absolver mesmo que não tenha havido nenhuma tese que
sustente isso? “Por ter piedade”, por exemplo? O quesito genérico independe das teses
levantadas? Abre margem para problemas de tornar o réu o herói porque matou um
bandido. O jurado absolve porque entende que bandido bom é bandido morto. Se não
absolve, o processo segue.

IV. Causa de diminuição de pena alegada pela defesa.

Ex: relevante valor social ou moral (privilégio). Se os jurados disserem sim, será
considerado na dosimetria. Obs: qualificadoras e causas de diminuição,
concomitantemente, apenas se forem de ordem subjetiva + ordem objetiva. Se for
levantada, aqui, o relevante valor social, e a acusação levantar o motivo torpe + meio que
tornou difícil a defesa da vítima; se nesse ponto for dado resposta positiva quanto ao
relevante valor social, na próxima quesitação não irá ter a pergunta quanto ao motivo
torpe, mas apenas quanto ao meio que tornou difícil a defesa da vítima.

V. Qualificadoras e causas de aumento constantes na pronúncia.

O veredicto trata-se da tipificação final, ex: art. 121, §1 do CP. A dosimetria não é feita
pelos jurados. Acabada a quesitação, ocorre a formação da sentença condenatória. O juiz
só irá dizer o que ocorreu e colocará o dispositivo, onde determinará a pena.
Juliana Aguiar L C de Azevedo
Unicap – Processo Penal II

QUESTÕES ESPECIAIS.

 Tentativa: na tentativa a interrupção dos atos se dá por motivos alheios à vontade


do autor. Difere da desistência voluntária, em que a interrupção se dá por vontade do
próprio autor. Nesse último, a pessoa só responde pelos atos praticados até então.

Onde se insere a quesitação quanto à tentativa? A pergunta será a seguinte: “Fulano não
alcançou seus objetivos por questões alheias à sua vontade?”. Se sim, será tentativa. Só
não seguiu por razoes alheias. Até essa pergunta, estará condenado tentativa de homicídio.

A tentativa se insere ANTES DA ABSOLVIÇÃO, após o segundo quesito. Se disserem


não, NÃO alcançou seus objetivos por questões alheias à sua vontade, significa dizer que
o crime não se consumou por RAZOES DA PRÓPRIA VONTADE. Aqui, estará se
reconhecendo o instituto da DESISTÊNCIA VOLUNTÁRIA; não responderá mais por
homicídio, mas por lesões corporais, por ex. Nesse momento, lembrar que o Júri não é
competente para julgar lesão corporal. A quesitação será interrompida e os autos colhidos
para o juiz julgar.

1. Materialidade.
2. Autoria.
3. Tentativa.
4. Absolvição.
5. Causa de diminuição de pena alegada pela defesa.
6. Qualificadoras e causas de aumento constantes na pronúncia.

Se não se consumou por razões alheias à vontade = TENTATIVA.


Se não se consumou por razões da própria vontade = DESISTENCIA VOLUNTÁRIA.

“Fulano não alcançou seus objetivos por questões alheias à sua vontade? ”
SIM = Tentativa.
NÃO = Desistência voluntária.
Juliana Aguiar L C de Azevedo
Unicap – Processo Penal II

 Desclassificação:

- Se for colocado apenas uma tese de desclassificação por lesão corporal, ex: “foi lesão
corporal e não tentativa de homicídio”, essa quesitação será inserida antes da
absolvição, ou seja, depois da pergunta 2. Será perguntado se a pessoa teve a intenção de
matar antes de dar a facada. Se não, será classificado como lesão corporal. Como é uma
tese apenas, será perguntada depois da segunda pergunta.

1. Materialidade.
2. Autoria.
3. Desclassificação (se houver uma tese).
4. Absolvição.
5. Causa de diminuição de pena alegada pela defesa.
6. Qualificadoras e causas de aumento constantes na pronúncia.

- Se coloca duas teses, por ex. absolvição por legitima defesa + desclassificação por crime
de lesão corporal, nesse caso, a desclassificação será depois de perguntar acerca da
absolvição (III); se não funcionar, irá perguntar acerca da desclassificação.

1. Materialidade.
2. Autoria.
3. Absolvição.
4. Desclassificação (se houver duas teses, sendo a anterior referente à legitima defesa).
5. Causa de diminuição de pena alegada pela defesa.
6. Qualificadoras e causas de aumento constantes na pronúncia.

Própria: afasta a existência de crime doloso contra a vida sem apontar outro (após o 2º)

Imprópria: afasta a existência de crime doloso contra a vida apontando outro (após o 3º)

Homicídio doloso pra culposo: após o 2º

Excesso culposo na legítima defesa: após o 3º quesito

- Dolo eventual x Culpa consciente. Também tem relação com a desclassificação. Onde
se inseriria?
Juliana Aguiar L C de Azevedo
Unicap – Processo Penal II

Desclassificação para crime de menor potencial ofensivo: § 1o Se houver


desclassificação da infração para outra, de competência do juiz singular, ao presidente do
Tribunal do Júri caberá proferir sentença em seguida, aplicando-se, quando o delito
resultante da nova tipificação for considerado pela lei como infração penal de menor
potencial ofensivo, o disposto nos arts. 69 e seguintes da Lei no 9.099, de 26 de setembro
de 1995.

RECURSO ESPECIAL. DIREITO PROCESSUAL PENAL. TRIBUNAL DO JÚRI.


TESES ABSOLUTÓRIA E DESCLASSIFICATÓRIA. ORDEM DOS QUESITOS.
PRIMAZIA DA TESE PRINCIPAL. PLENITUDE DA DEFESA. 1. Estando a
defesa assentada em tese principal absolutória (legítima defesa) e tese subsidiária
desclassificatória (ausência de animus necandi), e havendo a norma processual
permitido a formulação do quesito sobre a desclassificação antes ou depois do
quesito genérico da absolvição, a tese principal deve ser questionada antes da
tese subsidiária, pena de causar enorme prejuízo para a defesa e evidente
violação ao princípio da amplitude da defesa. 2. Recurso provido. (STJ, REsp nº
1509504/SP, 2016)
Juliana Aguiar L C de Azevedo
Unicap – Processo Penal II

 Inimputabilidade:

Ex: a tese é que, de fato, o indivíduo é inimputável, mas que, apesar disso, praticou o
crime em legitima defesa. A quesitação de inimputação será depois da legitima defesa
(lembrar que a legitima defesa insere-se na quesitação sobre a absolvição, número 3).
Agiu em legitima defesa? Se não, pergunta-se se é inimputável. Se decidirem que não é
inimputável, será condenada como um imputável.

Se for a única tese, o juiz poderá, na instrução mesmo, aplicar a medida de segurança; se
houver outra tese, quem irá julgar será os jurados.

A quesitação terá que compreender duas perguntas: legitima defesa (vocês absolvem?) e
a outra é sobre a inimputabilidade. A legitima defesa será mais favorável, pois não
responderá por medida de segurança, será absolvido. Se não acatar a legitima defesa, será
perguntado sobre a inimputabilidade. Assim como o juiz não está vinculado ao laudo, o
jurado também não está.

Quando houver duas ou mais teses, começa-se sempre pelo mais favorável ao réu para
depois partir para as próximas. Se absolver for melhor que desclassificar, pergunta
primeiro sobre a absolvição.
Juliana Aguiar L C de Azevedo
Unicap – Processo Penal II

 Desaforamento. Art. 427.

Em alguns casos um júri pode ser deslocado de uma cidade para outra: desaforar. É tirar
o foro originário e deslocar para outro foro.

Poderá ser pedido por qualquer das partes, incluindo o juiz, de oficio. Pede-se ao tribunal;
tem que instruir o pedido que faz sugerir a necessidade de desaforar.

- Requisitos

a) Interesse da ordem

Pensam-se aqueles casos em que o julgamento em si gera tanto clamor que pode gerar
desavenças e confusões. Quem pede o desaforamento acha melhor que deslocar gerará
maior controle.

b) Dúvida sobre a imparcialidade dos jurados

Mais incidente, na pratica. Tem-se receio que os jurados naquela cidade serão
comprometidos com um dos lados do processo. Ocorre muito nas comarcas do interior,
onde tem poucas pessoas. Ex: casos de grupos de extermínio em cidades pequenas.

c) Segurança pessoal do acusado.

d) Art. 428. Excesso de serviço.

OBS: Não confundir com o IDC (incidente de deslocamento de competência). No


desaforamento o deslocamento é de foro, no IDC é competência material (da Estadual
para a Federal). No IDC quem pede é o PGR; aqui, são as partes.

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