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a) Delírio de perseguição:
Muda-se o verbo “eu não o amo, eu o odeio”, e converte-se, por projeção, em
“ele me odeia”. A explicação dada é: “eu não o amo - eu o odeio - porque ele me
persegue”.
b) Erotomania:
Muda-se o objeto da proposição que é contradito: “não é a ele que amo, é a
ela”, e transforma-se, também por projeção, em “é ela que me ama”. A
explicação dada é: “eu não o amo – é a ela que eu amo - porque ela me ama”.
c) Delírio de Ciúme:
Muda-se o sujeito da proposição: “não sou eu que amo o homem, é ela que o
ama.” Vem então o delírio de ciúme.
d) Delírio de Grandeza:
A frase é rejeitada por completo: “eu não amo absolutamente, não amo
ninguém” e, uma vez que a libido tem que ser depositada em algum lugar, é
equivalente a “eu amo apenas a mim”.
Freud afirma que a maioria dos casos de paranoia exibe algum delírio de
grandeza, quando a libido liberada retorna ao Eu, engrandecendo-o, sendo
atingido novamente o estágio do narcisismo. Segundo Freud (1911), “por causa
desse testemunho clínico supomos que os paranoicos trazem uma fixação no
narcisismo, e dizemos que o recuo da homossexualidade sublimada ao
narcisismo indica o montante da regressão característica da paranoia”.
Freud (1917) aponta como características fundamentais dos parafrênicos:
a megalomania e o abandono do interesse pelo mundo externo. Histéricos e
neuróticos obsessivos também abandonam sua relação com a realidade, mas
mantêm a relação erótica com pessoas e coisas na fantasia. Já os parafrênicos
retiram das pessoas e coisas do mundo externo a sua libido, sem substituição
na fantasia. A megalomania própria desses estados aponta o destino da libido
retirada dos objetos: o Eu. Com efeito, a estrutura clínica em questão demonstra
os principais apontamentos acerca da teoria da libido: a) a possibilidade que a
libido tem de reinvestir o ego ao desinvestir o objeto; b) princípio de conservação
da energia libidinal: há uma oposição entre libido do Eu e libido de objeto, “quanto
mais se emprega uma, mais empobrece a outra”.