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Ocupação e uso do solo do “Parque Municipal Jardim Botânico” reserva

R1, R2 e R3, Sinop, Mato Grosso.

Kleyton dos Santos1


Graduando em Arquitetura e Urbanismo
Silas Modesto Braz2
Graduando em Arquitetura e Urbanismo

Introdução
A ocupação de Sinop tem como idealização, as ações articuladas com os
programas de incentivos à ocupação da Amazônia na década de 70, quando os
interesses políticos, econômicos, sociais e estratégicos, contribuíram para a
formação de frentes pioneiras, diferentes em suas estruturas econômicas
internas, em atores predominantes ou também segundo sua forma de
surgimento (exploração planejada ou espontânea, estatal ou privada)
(TRUGILLO, 2018).
De acordo com o Censo Demográfico do IBGE (2016), a população
recenseada é de 132.934 habitantes e a extensão territorial é de 3.942 km²,
sendo que a área urbana ocupa cerca de 50 km² e concentra 83 % da população
municipal.
Como processo da modernização dos espaços CHIOVETO et al. (2012)
ressaltam que “[...] o crescimento demográfico é uma tendência ‘pesada’ das
tecnoestruturas de fomento agindo no sentido de uma artificialização cada vez
mais intensa dos meios naturais”, destacando que a atratividade populacional da
Região só foi possível a partir da oferta de condições para a qualidade de vida e
sobrevivência das pessoas.
Essa atratividade populacional fica evidenciada ao longo das últimas
décadas do século XX, quando houve a movimentação da população de Mato
Grosso, das áreas urbanas do Sul para o Norte do Estado, ao longo das décadas
de 1970 a 2010, conforme as regiões iam se estruturando com escolas, rodovias,
saneamento básico e infraestrutura em saúde (HIGA, 2005).

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Kleyton Adriano do Santos é graduando em Arquitetura e Urbanismo, cursando o 8º semestre na
FASIPE – FACULDADE DE SINOP-MT.
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Silas Modesto Braz é graduando em Arquitetura e Urbanismo, cursando o 8º semestre na FASIPE –
FACULDADE DE SINOP-MT.

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A atratividade populacional foi facilitada pelo acesso às terras a preços
baixos e à exploração das atividades econômicas primárias como a exploração
de madeira, minérios, pecuária extensiva e agricultura de precisão, fatores que
trouxeram problemas ambientais na contemporaneidade. O desenvolvimento
regional, porém, deve ser analisado como resultante do conjunto de eventos
principais que afetou de forma decisiva a alocação dos recursos e a distribuição
dos bens entre os membros de uma sociedade, em um dado momento histórico
(CHIAVETO, 2012).
No planejamento urbano da cidade de Sinop, Mato Grosso, o Parque
Municipal Jardim Botânico, constitui-se de uma área verde doada pela Empresa
Colonizadora Sinop, como área de proteção ambiental, porém, 68 somente em
2009 foi instituído como Patrimônio Municipal de Sinop, por meio do Artigo 104
da Lei Orgânica Municipal (LOM), nº. 1099/2009, “Parque Municipal Jardim
Botânico”.
Entende-se por uso e ocupação como a materialização das relações
socioeconômicas vigentes nas cidades, em função de condicionantes
ambientais, legais e de características de infraestrutura instalada. Dessa forma,
políticas urbanas de mobilidade como transporte urbano e sistema viário,
saneamento básico, aproveitamento dos recursos hídricos, preservação
ambiental, habitação, rede de saúde, segurança, desenvolvimento
socioeconômico, entre outras, produzem repercussões diretas no território e, por
isso, tem na regulação do uso e da ocupação do solo um de seus principais
instrumentos (VAZ, 1996).
As nascentes das áreas de reservas, denominadas R1, R2 e R3, formam
o Córrego Nilza. Seu percurso é de aproximadamente doze quilômetros, da
nascente até a foz, atravessando parte da cidade, sendo este, um dos tributários
do principal rio da Região, o Rio Telles Pires da Bacia Amazônica (SINOP/MT,
2000).
Conceitualmente, a nascente é um sistema ambiental em que o
afloramento da água subterrânea ocorre naturalmente de modo temporário ou
perene, integrando à rede de drenagem superficial.
A cidade de Sinop, além de suas áreas públicas, conta com áreas de
loteamentos privados e, a partir de 2001, a Lei Complementar nº 04/2001
requisita 10% do loteamento para área verde.

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Com a criação legal do Parque Municipal Jardim Botânico e a revitalização
das áreas de reservas, são visíveis os reflexos do crescimento urbano provocado
pelo setor imobiliário, com a abertura de novos bairros em seu entorno.
Assim, a conservação da reserva e a revitalização da área, são processos
ambíguos marcados por disparidades socioespaciais, ineficiência e levando a
outros processos de degradação ambiental na Região. Fácil concordar com
RAUBER (2011), quando ela sentencia que o Parque Municipal Jardim Botânico,
até o momento não teve uma gestão eficaz no que tange a sua conservação.
A nascente que forma o Córrego Nilza tem águas correntes, considerando
a situação topográfica e o processo de degradação ambiental, comparando-se a
área ao tempo de evolução, ainda dentro do Parque, recebe poluentes em
considerável quantidade. Ao se correlacionar as modificações causadas pelo
homem no meio em que vive, muitas vezes, de forma desordenada, percebe-se
que elas são consequências da falta do conhecimento, de ações e atitudes que
causam desagravos ao espaço em que estão inseridos.
THOMAZIELLO (2007) afirma que a sintonia na reserva florestal resulta
da ocupação e da representatividade desse ambiente para o homem,
principalmente pela forma do processo histórico e da ocupação de uma
determinada região.
O projeto específico aprovado pelo Conselho Municipal de
Desenvolvimento Rural e Defesa do Meio Ambiente e autorizado pelo Poder
Legislativo (SINOP, 1990), § 2º com redação dada pela Emenda à LOM nº 13,
de 16.08.04, ressalta em seu Art. 226:
“Sem prejuízo de outras áreas, são consideradas terras
públicas indisponíveis do Município de Sinop e, portanto,
de preservação permanente as reservas, no projeto de
loteamento urbano da cidade de Sinop, denominados R1,
R2, R3, [...], que deverão permanecer intocados
respeitando-se totalmente sua fauna e flora incumbindo ao
Poder Público Municipal sua guarda e proteção. Excetua-
se da intocabilidade as áreas denominadas R1, R2, R3, [...]
que servirá para ocupação racional como Parque Ecológico
com fins de promover o desenvolvimento da pesquisa e do
ensino”.

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Dessa forma, buscou-se aprofundar o conhecimento sobre
o Parque Municipal Jardim Botânico, do município de
Sinop, Mato Grosso, e os problemas socioambientais que
o afetam, considerando a área em estudo como fragmento
florestal urbano que, além de manter representantes de
espécies nativas da Região, atua diretamente no controle
da temperatura e na umidade do ar, influenciando o clima
e o meio urbano.

Desenvolvimento

Segundo TRUGILLO (2018), o uso e ocupação das nascentes urbanas do


Parque Municipal Jardim Botânico, do município de Sinop, Mato Grosso, as
nascentes dependem de alguns fatores importantes, entre eles, as espécies de
vegetação que estão sendo cultivadas em suas margens.
O manejo e os tipos de solo pertencentes a bacia hidrográfica, a
pluviosidade, a temperatura, entre outros, pois as nascentes são manifestações
superficiais de lençóis subterrâneos que originam cursos d’água, e se o local
oferecer condições ideais de absorção, o lençol será abastecido e irá garantir o
fluxo das águas nas nascentes. O Plano Diretor do Município de Sinop (SINOP,
2006, p. 47), capítulo III - da Política Ambiental, que trata dos Objetivos,
Princípios e Diretrizes, mostra que:
“Art. 73. A Política Ambiental objetiva garantir a todos o
direito a um ambiente ecologicamente equilibrado,
regulando a ação do Poder Público Municipal e sua relação
com os munícipes e instituições públicas e privadas e
constituindo a plataforma de orientação e referência dos
agentes para viabilizar formas de desenvolvimento
sustentável, a fim de preservar o meio ambiente para as
presentes e futuras gerações.
Art. 75. São objetivos da Política Ambiental:
I - implementar as diretrizes contidas na Política Nacional
do Meio Ambiente, Política Nacional de Recursos Hídricos,
Política Nacional de Saneamento, Programa Nacional de

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Controle da Qualidade do Ar, Lei Orgânica do Município,
Lei da Política Ambiental do Município e demais normas
correlatas e regulamentares da legislação federal, da
legislação estadual e da legislação municipal no que
couber;
II - proteger e recuperar o meio ambiente e a paisagem
urbana;
III - controlar e reduzir os níveis de poluição e de
degradação em quaisquer de suas formas;
IV - pesquisar, desenvolver e fomentar a aplicação de
tecnologias orientadas ao uso racional e à proteção dos
recursos naturais;
V - incentivar a adoção de hábitos, costumes, posturas,
práticas sociais e econômicas que visem à proteção e
restauração do meio ambiente;
VI - preservar os ecossistemas naturais e as paisagens
notáveis;
VII - garantir a produção e divulgação do conhecimento
sobre o meio ambiente por um sistema de informações
integrado”.
É fundamental conhecer como o planejamento urbano está vinculado às
políticas públicas ambientais, o incentivo ao desenvolvimento econômico e às
atitudes conscientes relacionadas à preservação ambiental, pois, do contrário, o
processo de urbanização se tornará irrefreável, causando danos irreversíveis ao
organismo urbano (TRUGILLO, 2018).
Conforme TRUGILLO (2018) em relação a necessidade da instituição de
políticas territoriais na escala regional, o Plano Diretor Regional deveria ser um
guia para os Planos Diretores Municipais, integrando os diferentes níveis
governamentais e, com isso, revertendo o quadro de isolamento, na esfera do
planejamento, que limita as ações dos municípios brasileiros.
O uso irregular da área foi causando danos tanto para a vegetação natural
e para o solo e nascentes, como exposto na (Figura 01) a situação da Reserva
R3.

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Figura 01. Área no interior do Parque
Municipal Jardim Botânico, município de
Sinop, Mato Grosso, reserva urbana R3,
utilizada como depósito de ferro velho as
margens da nascente. Fonte: Arquivo
pessoal Edneuza Trugillo (2016).

O ambiente constituído de fragmentos de floresta urbana foi diminuindo,


e cada vez mais se degradando devido às ações irregulares da sociedade que
se apropria de recursos naturais para atender às suas particularidades.
Há na área a necessidade de recuperação e execução do reflorestamento
da mata ciliar, principalmente, o cumprimento da legislação atual que determina
uma preservação da vegetação no entorno da nascente, porém, isso não tem
acontecido conforme prescrito em lei.
Considerando a atual situação da área de nascente na Reserva R3
(Figuras 03, 04), o processo de degradação ambiental ocorre devido o
desinteresse das instituições públicas responsáveis pela preservação do
Parque, fator agravante para a proteção e abundância dos recursos hídricos.

Figura 02 e 03. Área no interior do Parque Municipal Jardim Botânico, município de


Sinop, Mato Grosso, reserva urbana R3, degradação da nascente do Córrego Nilza,
desmatamento da mata ciliar e imensas voçorocas. Fonte: Arquivo pessoal Edneuza Trugillo
(2016).
Com o intenso crescimento populacional, a cidade não consegue
acompanhar a demanda, em termos de infraestrutura básica como saneamento,
educação e planejamento do uso e ocupação do solo. As agressões ambientais

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aumentam em função de vários tipos de serviços proporcionados à população,
as quais apontam para uma tendência preocupante em relação ao meio
ambiente.
Vale ressaltar que a situação atual das nascentes se classifica como
impactadas. FELIPPE et al. (2011) apresentam que a ocupação urbana ocasiona
inúmeras alterações espaciais e ambientais e, consequentemente, a dinâmica
dos recursos hídricos também é alterada, pois drenar nascentes, muitas vezes,
ocasiona a redução da vazão, resultando em graves impactos.
Esta foi uma prática executada por vários anos nas nascentes das
Reservas R1, R2 e R3. A captação de água era usada para molhar as ruas no
período de estiagem quando não eram pavimentadas e também para molhar as
mudas do viveiro existente dentro da Reserva R3.
Ao considerar a percentualidade de proteção da nascente na R3, em
relação ao parâmetro do Código Florestal, percebeu-se que ela se apresenta
totalmente desprotegida, uma vez que a área de entorno tem sido usada como
depósito de ferro velho e descarte de outros tipos de resíduos, afetando também
o pouco de fragmento arbóreo original que ainda existe. Dessa forma, está
totalmente vulnerável às pressões de uso no entorno e descaracterizada como
bem ambiental.
Outro fator que pode influenciar a qualidade da água é a cobertura
vegetal, pois as áreas de matas são mais cobertas e estáveis com maior
capacidade de infiltração e armazenamento de água no solo, reduzindo o
escoamento superficial. Com as chuvas, a vegetação natural das reservas
protege e contribui para a redução do carreamento de solo e outros elementos
ligados a este.
Um dos fatores degradantes nas Reservas R1, R2 e R3 do Parque
Municipal Jardim Botânico é o escoamento das águas pluviais dos bairros do
entorno. A organização espacial urbana foi pensada para que valetões fossem
abertos nos centros das avenidas e estes canalizados na direção do Córrego
Nilza no interior do Parque (RAUBER, 2011), provocando abertura de erosões e
resultando em voçorocas.
A área de reservas do Parque Municipal Jardim Botânico, foi por vários
anos depósito provisório de lixo urbano, pois sem nenhuma proteção efetiva da
reserva, o local era usado como verdadeiro lixão, desde entulhos de construção,

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lixo doméstico e rejeitos sólidos das indústrias madeireiras. Outra prática comum
era o vandalismo no período da seca, provocando queimadas periódicas no local
e destruindo a cobertura vegetal de praticamente toda a área.
A cobertura vegetal nativa principalmente da R2 foi afetada pela prática
da extração de cascalho para a manutenção das vias públicas quando ainda não
havia a pavimentação asfáltica na cidade.
O planejamento urbano e ambiental é um instrumento relevante para a
conservação e recuperação dessas áreas degradadas, portanto, pondera-se o
desenvolvimento econômico e, no entorno do Parque, as edificações vão
ocupando lugar e se apropriando desses espaços.

Conclusão

Em virtude da ocupação urbana no entorno do Parque Municipal Jardim


Botânico, em crescente urbanização, sobretudo, pela especulação imobiliária na
comercialização de novos loteamentos propiciou para:
A intensificação de mudanças no entorno refletiu nas características
físicas, químicas biológicas nas nascentes e na qualidade da água, indicando
que sejam implantadas medidas de planejamento mais efetivas, a fim de
conservar as áreas de maior sensibilidade ambiental e determinar certas
fragilidades quanto à constituição do uso e da ocupação do solo, para não
descaracterizar o ambiente natural existente.
Além dessa mudança, ao observar o uso e ocupação das nascentes
urbanas do Parque Municipal Jardim Botânico, do município de Sinop, Mato
Grosso, constatou-se uma forte pressão antrópica na área em estudo o que pode
estar influenciando a qualidade da água, principalmente com a presença de
coliformes totais elevados o que sugere a contaminação de fontes poluidoras
dentro e no entorno do Parque.
Ao analisar o uso e a ocupação no entorno das nascentes urbanas do
Parque Municipal Jardim Botânico, ao longo de três décadas, constatou-se que
ocorreram alterações no ambiente vinculado às várias atividades desenvolvidas
no entorno do parque, em especial a expansão urbana na Região. Resultando
na redução da floresta que foi ocupada por pastagens e diminuição dos recursos

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hídricos nas três Reservas R1, R2 e também com substituição da floresta por
solo exposto.
Com isso, fica evidente que, no Parque Municipal Jardim Botânico, do
município de Sinop, Mato Grosso, as Reservas R1, R2 e R3 se encontram
comprometidas, necessitando que se intensifiquem ações junto às instituições
de pesquisas e aos órgãos gestores, para promover a recuperação das áreas e
assegurar a estabilidade e compromisso na preservação desse ambiente.

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